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TREINAMENTO EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA MEDIDORES NUCLEARES – Parte II

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TREINAMENTO EM PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

MEDIDORES NUCLEARES – Parte II

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AULA 7 – EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO

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EFEITOS BIOLÓGICOS

A radiação ionizante atua nas células humanas através dainteração física com os átomos o moléculas que aconstituem.

Neste sentido, devido à intensidade de sua energia, asradiações ionizantes não fazem distinção entre tecidobiológico e matéria inanimada: irá provocar o mesmo tipo dereações químicas.

Quando atinge o tecido humano, o primeiro que ocorre é aionização e a excitação desses átomos. Em decorrênciadisso, ocorrem rupturas de ligações químicas que poderãoresultar em lesões observáveis. Como o corpo humanopossui a capacidade de regenerar suas células, muitas vezesos efeitos dessas lesões não chegam nem a ser detectados.

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A célula é a menor unidade dos organismos vivos capaz derealizar processos vitais. Podemos dividir as células doorganismo humano em dois grandes grupos, as célulassomáticas que formam a estrutura do organismo como ossose músculos e as células germinativas que são responsáveispela transmissão das características hereditárias do indivíduo.

CÉLULA ANIMAL

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EFEITOS BIOLÓGICOS

A ação da radiação ionizante no organismo humanoocorre em quatro estágios: primeiro, a radiação transfereenergia para os átomos que compõem o organismo fazendoque possa ocorrer ionização ou excitação deles. Seguindo aeste, ocorre a ruptura das ligações químicas nas moléculaspossibilitando o surgimento de radicais livres.

Esses radicais livres ligam-se a outras moléculasgerando os efeitos bioquímicos e fisiológicos nas células ouno organismo que elas compõe. É por este motivoque pode haver um intervalo de tempo até que lesõessejam observáveis e, como as células humanas são capazesde se regenerar, de acordo com a dose recebida, oorganismo pode conseguir recuperar-se sozinho.

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EFEITOS BIOLÓGICOS

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Como as moléculas de água compõem cerca de 70% dacélula, a maior parte da radiação incidente é absorvida porela.

Quando exposta à radiação ionizante a molécula de águapresente nos tecidos pode sofrer radiólise, que consiste nadecomposição da água e formação de produtos tóxicos àcélula como água oxigenada além de radicais livres que, porsua vez, podem formar outras substâncias nocivas.

Os principais produtos resultantes da irradiação da águapodem, por sua vez, reagir com o DNA presente no núcleo.

Cabe ressaltar que embora a interação ocorremajoritariamente com as moléculas de água presentes nacélula, a radiação também pode interagir com qualquermolécula presente na célula.

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EFEITOS DAS RADIAÇÕES NO INTERIOR DA CÉLULA

A radiação pode interagir com qualquer molécula presente na célula

A radiação pode interagir diretamente no DNA

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Especificidade: Os efeitos biológicos das radiações podem ser provocados por outros agentes físicos, químicos ou biológicos que podem causar os mesmos efeitos.

Tempo de latência: É o intervalo de tempo entre o momento da irradiação e o surgimento do dano biológico visível ou detectável. Esse tempo é tanto maior quanto menor for a dose recebida.

Reversibilidade: Dependendo do tipo de célula afetada, os efeitos biológicos causados pela exposição à radiação ionizante pode ser reversível. Entretanto, para efeito de segurança em proteção radiológica, considera-se que o efeito biológico produzido por radiação é cumulativo. Existem porém danos irreversíveis como câncer e necroses.

CARACTERÍSTICAS DOS EFEITOS BIOLÓGICOS

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Transmissibilidade: Os danos causados em uma célula só serãotransmitidos a outras células se a radiação ionizante causar danos aomaterial genético em células presentes nos ovários, no caso dasmulheres, ou nos testísculos, no caso dos homens, pois essas célulastransmitem suas características através da reprodução. Todas as outrascélulas do corpo humano não transmitem seu dano a outras células eorganismos.

Limiar: Existe um valor mínimo para que alguns efeitos biológicos semanifestem. O eritema, tipo de ferida causada pela radiação aparecepara uma dose limiar da ordem de 3,5 Sv e o limiar para anemia é de 1Sv. Todas as formas de câncer, porém, não apresentam dose limiar.

Radiosensibilidade: É a sensibilidade da célula à radiação ionizante.Essa sensibilidade da célula é tanto maior quanto maior for suacapacidade de reprodução e menor quanto maior for seu grau deespecialização.

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São as alterações que ocorrem nas células e que podem serobservadas no indivíduo irradiado. Esses efeitos dependemda dose absorvida, da taxa de absorção da energia daradiação, da região e da área do corpo irradiada.

Efeitos são chamados de imediatos quando manifestam-seem horas, dias ou semanas após a irradiação. Efeitos tardiosocorrem após longos períodos depois de uma irradiaçãoaguda ou quando um indivíduo é sujeito a doses baixas deradiação por um longo intervalo de tempo.

Se essa exposição for localizada, o dano também tenderá asê-lo. Se todo o corpo for irradiado, os efeitos se estenderãotambém por todo o organismo.

EFEITOS SOMÁTICOS

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EFEITOS SOMÁTICOS PARA IRRADIAÇÃO DE CORPO INTEIRO

FORMA DOSE (Gy) SINTOMAS

Infra-Clínica < 1 Ausência de sintomas na maioria dos adultos

Reações Gerais Leves 1 – 2 Astenia, náuseas, vômitos.

Hematopoiética Leve 2 – 4

Função medular atingida:linfopenia, leucopenia,trombopenia, anemia.Recuperação em 6 meses.

Hematopoiética Grave 4 – 6 Função medular gravemente atingida.

Gastro-Intestinal 6 – 7 Diarréia, vômitos.Morte em 5-6 dias.

Pulmonar 8 – 9 Insuficiência respiratória, coma.Morte entre 14-36 horas.

Cerebral > 10 Colapso do sistema nervoso central.Morte em poucas horas.

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PELE

Destruição das células, resultando em ulceração superficial(radiodermite) com limiar de dose acima de 3 Gy. Irradiações quelesem camadas mais profundas, produzem radiodermite profundacom dificuldades de cicatrização com doses acima de 15 Gy enecrose (morte celular) com doses acima de 20Gy.

MEDULAÓSSEA

A medula óssea é responsável pela produção dos glóbulos brancos evermelhos do sangue. Sob a ação da radiação há diminuição desseselementos (leucopenia) o que expõe a pessoa irradiada ao risco deinfecções, sem defesa às doenças. O limiar da síndrome nessestecidos é estimado em 1 Gy e o tempo de latência é de 2 a 3semanas.

SISTEMA VASCULAR

As irradiações produzem lesões nos vasos sanguíneos, surgindo hemorragias.

EFEITOS SOMÁTICOS PARA IRRADIAÇÃO DE ÓRGÃOS

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INTESTINOS

Reações inflamatórias, descamação do tecido que o reveste(epitélio) resultando em ulcerações. O limiar é deaproximadamente 3 Gy com período de latência de 3 a 5dias. Os sintomas são vômitos, diarréia, desidratação,anorexia.

SISTEMAREPRODUTOR

No órgão reprodutor masculino , a irradiação pode provocaresterilidade temporária (doses da ordem de 3 Gy) ouesterilidade permanente (doses da ordem de 6 Gy).No sistema reprodutor da mulher , os ovários são maissensíveis às radiações , e podem provocar esterilidade comdoses da ordem de 1,7 Gy que aparece aos 90 dias, podendoperdurar de 1 a 3 anos e doses acima de 3 Gy, esterilidadepermanente.Não há indícios que a exposição à radiaçãocause impotência ou qualquer disfunção sexual.

EFEITOS SOMÁTICOS PARA IRRADIAÇÃO DE ÓRGÃOS

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São efeitos que surgem na descendência (até duasgerações) da pessoa irradiada e são resultado do danoproduzido pela radiação em células dos órgãosreprodutores (testículos nos homens e ovários nasmulheres). Tem caráter cumulativo e independe da taxa deabsorção da dose. Esses efeitos observáveis somente nosdescendentes de vítimas da irradiação, podem ser listadoscomo daltonismo, hemofilia, síndrome de Down etc.

Cabe ressaltar que o dano biológico produzido em umapessoa não se transmite. O que eventualmente pode sertransmitido é um efeito de doses elevadas que, lesandosignificativamente células reprodutivas, pode resultar emdescendência portadora de anomalia genética. Não existerelação entre a parte irradiada e local de aparecimento dedefeitos genéticos na descendência.

EFEITOS GENÉTICOS

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LIMITAÇÃO DA DOSECada faixa de exposição aguda terá seus efeitoscorrespondentes no organismo, deste modo, na faixa letal éque se encontram os valores recebidos pelas vítimas deacidentes radiológicos, como o de Chernobyl ou Goiânia.

Vale ressaltar que em situações clínicas as doses são elevadas,mas o acompanhamento médico se faz necessário e estetratamento é indicado somente nas situações em os benefíciosfuturos advindos serão maiores que os desconfortos imediatos.

A faixa infra clínica (≤ 1 Sv) corresponde à dose anualacumulada que não provoca efeitos biológicos imediatos no serhumano. Como visto, ela é 50 vezes maior que a determinadapara exposição ocupacional.

Vale dizer que se os IOE seguirem todas as determinações doserviço de proteção radiológica, nunca estarão expostos ariscos desnecessários por uma larga margem de segurança.

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AULA 8 – FUNDAMENTOS DE RISCO

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Existe risco em toda atividade humana. A proteçãoradiológica atua para que o risco inerente à utilização daradiação ionizante seja mínimo e a sociedade possa sebeneficiar das vantagens que a sua utilização nos oferece.Precisamos colocar na correta perspectiva os reais riscosassociados à ela e nos apropriar dos requisitos de segurançae proteção radiológica a serem adotados de modo a fazercom que esse riscos sejam, cada vez mais, insignificantes.

Para atingir essa finalidade, foram estabelecidos trêsprincípios básicos da proteção radiológica foramestabelecidos: Justificação, Limitação de Dose e Otimização.

O CONCEITO DE RISCO

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É o primeiro princípio da Proteção Radiológica e nos diz quequalquer prática que envolva radiação ionizante, seja emmateriais, seja em pessoas, deve produzir benefícios, para osindivíduos expostos ou para a sociedade, que supere qualquerdano possível. No caso de exposição médica de pacientes,deve-se levar em consideração os riscos e benefícios detécnicas que não envolvam exposição.

Por exemplo, a adição de materiais radioativos emprodutos de uso doméstico ou pessoal tais como brinquedos,cosméticos, alimentos e bebidas são proibidos na maioria dospaíses, inclusive o Brasil e práticas consideradas frívolas como,por exemplo, o uso de jóias ou adornos contendo pedrastornadas radioativas, para fins de indução de cor, podem,também, não ser justificadas.

PRINCÍPIO DA JUSTIFICAÇÃO

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Este princípio restringe a exposição normal dos indivíduos detal modo que nem a dose efetiva nem a dose equivalente nosórgãos ou tecidos de interesse, causadas pela possívelcombinação de exposições originadas por práticasautorizadas, excedam o limite de dose seguro.

No caso das radiações ionizantes, são estabelecidosLimites de dose Anuais Máximos Admissíveis (LAMA), que sãovalores de dose às quais os indivíduos podem ficar expostos,sem que isto resulte em um dano à sua saúde, durante todasua vida. Para o estabelecimento dos limites máximosadmissíveis para trabalhadores foram considerados os efeitossomáticos tardios, principalmente o câncer.

PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DE DOSE

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PRINCÍPIO DA OTIMIZAÇÃO

Ainda que a aplicação de radiação ionizante estejajustificada e que os limites de dose sejam respeitados,este princípio estabelece que todas as exposições deindivíduos devem ser mantidas tão baixas quantoracionalmente exequível (do inglês ALARA: As Low AsReasonably Achievable) levando-se em consideraçãofatores sociais e econômicos.

A aplicação deste princípio requer a otimização daproteção radiológica em todas as situações possíveis eviáveis, de maneira que as doses individuais, o númerode pessoas expostas e as probabilidades de ocorrênciade exposição sejam mínimos.

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AULA 9 – NORMAS DE SEGURANÇA

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O órgão federal de regulamentação das instalaçõesradiativas no Brasil é a Comissão Nacional de EnergiaNuclear (CNEN), responsável por estabelecer os limitesaceitos de exposição ocupacional e pelo intercâmbio deinformações com suas congêneres internacionais.

A CNEN publica normas e posições regulatórias quedisciplinam as instalações radiativas em todo o territórionacional e estas normas tem força de lei. Elas estãoestruturadas em torno da norma NN 3.01 – “DiretrizesBásicas de Proteção Radiológica” e suas posiçõesregulatórias que traz todos os limites a serem empregadosna aplicação das demais.

NORMAS REGULATÓRIAS

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As normas brasileiras seguem as diretivas de órgãosinternacionais que regulam a fabricação, comércio,transporte, operação e a destinação final de fontesradioativas. Estes grupos elaboram recomendações a seremseguidas pelos países membros, como é o caso do Brasil.

Desta forma, a norma brasileira básica de proteçãoradiológica NN 3.01 incorpora os preceitos da norma BSS115 (Basic Safety Series 115). Nela encontramos não só oslimites a serem adotados, como também as diretivas aserem seguidas por fabricantes, usuários finais e organismosregulatórios nacionais no tocante à segurança operacional deinstalações radiativas.

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O serviço de proteção radiológica é definido no plano de proteçãoradiológica, deve ter uma localização física na instalação. Aí devem sermantidos os registros de usos, ocorrências e doses individuais dostrabalhadores, atualizados além os instrumentos de mediçãodevidamente calibrados. São suas responsabilidades:

•O controle dos trabalhadores, através do monitoração individuale avaliação das doses recebidas pelos trabalhadores em seu períodode trabalho, além de acompanhar a supervisão médica dessestrabalhadores;

•O controle das áreas, através da avaliação e classificação periódicadestas e pela execução de um programa de monitoração e do controlede acesso e sinalização dessas áreas;

•O controle das fontes, através de um programa de verificação deintegridade quanto a possíveis vazamentos

O SERVIÇO DE PROTEÇÃO RADIOLÓGICA

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No Serviço de Proteção Radiológica (SPR) de uma indústria, as normas mais comumente utilizadas são:

NN 3.01 – “Diretrizes Básicas de Proteção Radiológica” e suas posições regulatórias;

NE 3.02 – “Serviços de Radioproteção”;

NE 5.01 – “Transporte de Materiais Radioativos” e sua posição regulatória;

RES 112/11 – “Licenciamento de Instalações Radiativas”

NORMAS DO SPR

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Este conjunto normativo, aliado à cultura de segurança dainstalação, é que é o que dá origem ao mais importantedocumento do SPR que é o Plano de ProteçãoRadiológica, no qual são estabelecidos os procedimentosoperacionais e de intervenção em situação de emergência.

Em muito poucas oportunidades será necessário se ocupardo transporte de material radioativo, basicamente quando daaquisição do aparelho que contém a fonte radioativa, parasua destinação final ou em alguma eventual manutenção aolongo de sua vida útil. Nestas situações o mais recomendávelé contratação de empresas especializadas neste tipo deserviço.

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RESUMO DA NORMA NN 3.01"DIRETRIZES BÁSICAS DE RADIOPROTEÇÃO"

•Estabelece os requisitos básicos de proteção radiológica daspessoas e do meio ambiente em relação à exposição àradiação ionizante. Especifica o manuseio, produção, possee utilização de fontes radiativas, bem como transporte,armazenamento e deposição de materiais radioativos,abrangendo todas as atividades relacionadas que envolvamou possam envolver exposição à radiação.

•Especifica os requisitos que se aplicam às exposiçõesocupacionais, médicas e do público, em situações deexposições normais ou exposições potenciais bem como assituações de intervenção como emergência, situações deexposições crônicas e as decorrentes de exposições aresíduos oriundos de atividades não submetidas ao sistemaregulatório da CNEN.

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De acordo com a Norma CNEN NN3.01:2011, as áreas detrabalho de uma instalação radiativa podem serclassificadas em:

� áreas controladas,

� áreas supervisionadas;

� áreas livres.

CL CLASSIFICAÇÃO DAS ÁREAS

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Uma área deve ser classificadacomo área controlada quando fornecessária a adoção de medidasespecíficas de proteção e segurançapara garantir que as exposiçõesocupacionais normais estejam emconformidade com os requisitos deotimização e limitação de dose,bem como prevenir ou reduzir amagnitude das exposiçõespotenciais. Tais áreas devem estarsinalizadas com o símbolointernacional de radiação ionizante,acompanhando um textodescrevendo o tipo de material,equipamento ou uso relacionado àradiação ionizante.

ÁREA CONTROLADA

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Uma área é classificada como supervisionada quandonão requer a adoção de medidas específicas de proteçãoe segurança. Neste caso, porém, é necessário que sejamfeitas reavaliações regulares das condições deexposições ocupacionais (monitoração de área). Essasáreas devem ser sinalizadas como tal em seus acessos.

São consideradas áreas livres todas as demais áreasda instalação. As pessoas que se encontram em áreaslivres estão sujeitas somente à exposição da radiaçãonatural.

Numa indústria com medidores nucleares fixosusualmente somente o seu entorno imediato éconsiderado área supervisionada e todas as demais sãoáreas livres, sem a necessidade de áreas controladas.

ÁREAS SUPERVISIONADA E LIVRE

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"Serviços de Radioproteção"

•Estabelece os requisitos relativos à implantação e aofuncionamento do Serviços de Proteção Radiológica (SPR) eminstalações nucleares e radiativas.•Apresenta a estrutura necessária à implantação do SPR noque se refere às instalações, pessoal e equipamentos.•Especifica as qualificações as quais os técnicos de nívelsuperior e de nível médio, bem como os auxiliares devempossuir para exercerem suas funções em uma instalaçãonuclear ou radiativa.• Determina as atividades a serem desempenhadas pelo SPRno tocante ao controle dos trabalhadores, de áreas, do meioambiente e da população, de fontes de radiação e de rejeitose de equipamentos.•Estabelece as diretrizes para os treinamentos necessários aostrabalhadores da instalação e dos registros a serem mantidos.

RESUMO DA NORMA NE 3.02

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RESUMO DA NORMA NE 5.01

"Transporte de Materiais Radioativos"

•Estabelece os requisitos de Radioproteção e Segurançareferentes ao transporte de materiais radioativos.•Apresenta os fatores para a seleção do tipo de embalado a serutilizado para o transporte de determinado conteúdo radioativo,por um determinado meio de transporte, bem como os requisitosde projeto para Embalagens.•Especifica a documentação necessária e os requisitos deRadioproteção e Segurança que devem ser levados emconsideração para o planejamento e a realização de transporte demateriais radioativos.•Determina as Responsabilidades do Expedidor, os documentos detransporte que devem ser providenciados, as informações quedevem ser transmitidas pelo expedidor ao transportador, asresponsabilidades do transportador e as notificações que devemser feitas às Autoridades Competentes.

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"Licenciamento de Instalações Radiativas" (Em substituição à NE 6.02, revogada em 09/2011)

•Estabelece as diretrizes para o licenciamento de instalaçõesradiativas referente a localização, construção, operação emodificações e retirada de operação de Instalações Radiativas.•Apresenta a classificação das referidas instalações em funçãoda utilização de fontes seladas e fontes não seladas, asinformações que devem ser prestadas à CNEN necessárias paraa avaliação com vista à aprovação prévia, licença deconstrução, autorização para aquisição de material radioativo eautorização para operação.•Determina os requisitos mínimos a serem cumpridos para aemissão de autorização para modificação e retirada deoperação e define os limites de isenção do processo delicenciamento, em função da atividade específica das fontesradioativas a serem utilizadas em uma Instalação.

RESUMO DA RES 112/11

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AULA 10 – APLICAÇÕES INDUSTRIAIS

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Os medidores nucleares estão entre as mais antigas aplicaçõesde fontes radiativas desenvolvidas. Sua primeira aplicação foi amedição de nível de reatores químicos em 1967 na Inglaterra.

Seu funcionamento se baseia em ser possível estabeleceruma relação entre a diferença de intensidade de um feixe deradiação e a espessura de material por ele atravessada, comofoi visto no tópico sobre interação da radiação com a matéria.

A seleção da fonte de radiação e do material a ser avaliadosão primordiais para garantir operação confiável e segura.

PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

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Apesar de haver outros métodos de medição, em muitoscasos ainda não se atingem os patamares de precisão,reprodutibilidade e robustez destes medidores, seja nasaplicações para medição de espessura, nível ou teor deumidade dos mais diferentes materiais: de filmespoliméricos finos a cobertura asfáltica, passando porlíquidos corrosivos.

As figuras a seguir mostram princípios de funcionamentode medidores nucleares, com a fonte emitindo radiação eum medidor que capta a intensidade do feixe. É a partir detal intensidade que se obtém a grandeza desejada:espessura, densidade, massa, fluxo de material, nível etc...

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Medidor de espessura defilmes poliméricos poratenuação do feixe deradiação.

Detector e fonte ficam noslados opostos do materialinspecionado.

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Medidor de espessura de chapas metálicas por retroespalhamento.

Detector e fonte do mesmo lado.

Medidor de nível. A intensidade do sinal é proporcional à quantidade de material no tanque.

Detector e fonte em lados opostos do material a ser medido.

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Medidor deespessura porespectro de Raios Xcaracterísticos.

Detector está domesmo lado que afonte

Medidor de espessura para controle de revestimento de superfícies.

Detector e fonte em lados opostos do material.

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AULA 11 – OPERAÇÃO SEGURA E PROVÁVEIS ACIDENTES

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Como em outras atividades de risco, é sempre fundamentalsaber como proceder em situações de emergência, aindaque estas tenha poucas chances de ocorrer.

Novamente, devemos nos referenciar nos procedimentosdescritos no Plano de Radioproteção, que instruirá comoagir e a quem informar para o caso específico de suainstalação radiativa.

SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA

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Em linhas gerais, independente do tipo de fonte de seumedidor de espessura, ao perceber alguma anomalia,seja ela uma ausência de leitura ou situação adversa,como incêndio na fábrica, a primeira atitude a ser tomadadeverá ser isolar a área em torno da fonte e informar aoServiço de Proteção Radiológica, que instruirá ospróximos passos a seguir.

Após o isolamento é que se poderá realizar as mediçõesde área para se determinar a existência de uma situaçãode emergência radiológica, caracterizada pelo aumentoda taxa de exposição ambiental, ou pela constatação deperda da fonte radioativa, ou mesmo pela contaminaçãode um trabalhador.

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Não há relatos de acidentes com medidores nuclearesfixos na literatura especializada, porém este fato por si sónão indica que eles não possam vir a ocorrer.

Se traçarmos uma analogia com outros equipamentosgeradores de radiação ionizante, vemos que uma situaçãocrítica e propensa à ocorrência de falhas é no caso demanutenção. Isso se deve por conta da falsa sensação desegurança advinda do grau mais elevado de instrução dopessoal, o que não necessariamente se reflete emtreinamento específico seja em radioproteção, seja nosdetalhes operacionais do equipamento específico. Por issomesmo recomenda-se fortemente que as manutençõessejam realizadas somente por pessoal especializado, depreferência o próprio fabricante.

ACIDENTES COM MEDIDORES

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Temos basicamente três tipos de fontes de radiação nestetipo de aparelho e para cada um avaliaremos os possíveisacidentes:

Fonte sólida (como Am-241, Co-60 e Ir-92), podeocorrer fracionamento da fonte, ou seja, uma parte dafonte ser alijada da blindagem;

Fonte gasosa (como Kr-85), pode haver a ruptura de seucilindro de contenção, com dispersão do conteúdo peloambiente;

Ampola de Raios X, quebra do invólucro externo.

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Nos dois primeiros casos deve ser feita uma avaliaçãocriteriosa das atividades remanescentes, assim como umestudo particularizado da eventual exposição de algumtrabalhador, porém ressaltamos que as atividades paraeste tipo de aplicação industrial são baixas, especialmenteno caso de medição de espessuras finas de materiaispoliméricos e de papel, de modo que as consequênciasnão serão graves.

No último caso, o medidor simplesmente deixará deoperar e não haverá exposição à radiação, uma vez que sóhá feixe enquanto a ampola de Raios X estiver energizada.

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A operação segura de medidores nucleares demanda a estritaobservância aos procedimentos operacionais do fabricante,assim como das instruções específicas do Supervisor deProteção Radiológica, que estão descritas no Plano deRadioproteção.

De acordo com as normas internacionais, o fabricante deequipamentos radiativos é o primeiro responsável pela suaoperação segura, uma vez que deve incorporar uma série dedispositivos de segurança. Assim se repararmos com maisdetalhes os medidores de espessura verificaremos que via deregra incorporam:

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•Sistema de obturador "normalmente fechado”, isto é,somente expõe a fonte quando energizado;•Feixe de radiação direcionado para o chão, para minimizaras possibilidades de exposição de órgãos vitais em caso de"vazamento" de radiação;•Espaço reduzido entre fonte e medidor, para dificultar oacesso de pessoas ou partes vitais do corpo diretamente aofeixe de radiação;•Sistema de retorno automático à blindagem, nos casos defalha de energia;•Indicação de operação.

Todos estes itens somados permitem a operação segurae já previnem a maior parte dos possíveis acidentes comeste tipo de equipamento, uma vez que sua manutençãodeverá ser feita somente por pessoal especializado enormalmente pelo próprio fabricante em sua sede.

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•Executar todos os procedimentos recomendados para a práticaespecífica;•Utilizar equipamento de proteção individual adequado, caso eleconste no regulamento da instalação ou no plano de proteçãoradiológica;•Utilizar sempre equipamentos de monitoração durante todo otrabalho, tanto de área quanto individual;•As áreas devem estar sinalizadas e isoladas, quando for o caso;•Manter o supervisor de radioproteção informado sobre todo equalquer transporte de radioisótopos;•Ter sempre em mente os três princípios básicos de proteçãoradiológica: distância, tempo e blindagem;•Não permitir que pessoas não treinadas operem equipamentos comfontes de radiação;•Qualquer evento relevante, em desconformidade com osprocedimentos operacionais deve ser registrado e informado aoSPR;

PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO SEGURA