Trilhas intervales

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Análise da Visitação e seus Impactos nas Trilhas e Atrativos da Sede do Parque Estadual Intervales

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Trilhas intervales projeto FFA bio isp ibusp

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  • Anlise da Visitao e seus Impactos nas Trilhas e Atrativos da Sede do

    Parque Estadual Intervales

  • GOVERNO DO ESTADO DE SO PAULO

    SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE

    FUNDAO FLORESTAL

    PARQUE ESTADUAL INTERVALES

    Contrato de Prestao de Servios n 7008-1-01-13. Termo de Referncia Contratao de Servios Especializados para Monitoramento de Impactos da Visitao na Sede do Parque Estadual Intervales.

    PRODUTO 2: RELATRIO FINAL

    Elaborao Anna Jlia Passold INSTITUTO EKOS BRASIL Colaborao Cedric J. M. P. S. de Ville de Goyet

    So Paulo 06 de maro de 2008

  • SUMRIO

    Pgina LISTA DE TABELAS................................................................................... vii

    LISTA DE FIGURAS.................................................................................... ix

    LISTA DE ANEXOS..................................................................................... xi

    1. INTRODUO ........................................................................................1

    2. CARACTERIZAO ATUAL DO PARQUE ......................................................3

    2.1 Caracterizao do Visitante .................................................................3

    2.2 Caracterizao do Sistema de Trilhas....................................................9

    2.2.1 Histrico de Abertura das Trilhas e seus Objetivos.............................9

    2.2.2 Passeios Existentes e Suas Caractersticas .......................................9

    2.2.3 Passeios Mais Utilizados............................................................... 10

    2.2.4 Concesso de Uso ...................................................................... 13

    2.2.5 Manejo Atual das Trilhas.............................................................. 13

    2.3 Segurana ...................................................................................... 14

    2.4 Sistema de Monitoria........................................................................ 14

    2.5 Agncias / Escolas ........................................................................... 16

    2.6 Estruturas Atuais de Orientao ao Pblico .......................................... 16

    3. AVALIAO DOS IMPACTOS DA VISITAO ............................................. 17

    3.1 Trilhas............................................................................................ 17

    Indicadores de Impactos Fsicos............................................................ 18

    Indicadores de Impactos Biolgicos ....................................................... 18

    Indicadores de Impactos Sociais ........................................................... 18

    3.2 Infra-estrutura ................................................................................ 24

    3.3 Satisfao do Visitante ..................................................................... 26

    3.4 Monitoria ........................................................................................ 28

    4. PROPOSTAS DE AO........................................................................... 31

    4.1 Trilhas............................................................................................ 31

    4.2 Segurana e Equipamentos ............................................................... 32

    4.3 Moradias ........................................................................................ 32

    4.4 Questionrios .................................................................................. 33

    4.5 Monitoria ........................................................................................ 33

    4.6 Novas Programaes ........................................................................ 34

    4.7 Outras Sugestes ............................................................................ 35

    5. BIBLIOGRAFIA ..................................................................................... 38

    ANEXOS ................................................................................................. 39

  • vi

  • LISTA DE TABELAS

    Pgina Tabela 1. Dados de visitao sistematizados pela administrao do Parque, de

    1997 a 2006, classificados quanto ao tipo de grupo. .......................................3

    Tabela 2. Nmero de visitantes em relao ao nmero de hspedes no PEI, de

    1997 a 2006. ............................................................................................4

    Tabela 3. Origem dos visitantes no PEI entre 2001 e 2006. ..............................8

    Tabela 4. Histrico de abertura das trilhas do PEI. ..........................................9

    Tabela 5. Trilhas do PEI e suas principais caractersticas. ............................... 10

    Tabela 6. Nmero de visitantes, mdias anuais e porcentagem de visitantes em

    relao ao total nos atrativos do PEI, de 1998 a 2007. .................................. 12

    Tabela 7. Opes de roteiros e freqncia de visitantes na Trilha Autoguiada.... 13

    Tabela 8. Indicadores avaliados no monitoramento do uso pblico no PEI em

    1999 e 2001. .......................................................................................... 17

    Tabela 9. Lista de indicadores quantitativos e qualitativos.............................. 19

    Tabela 10. Presena de indicadores de impacto nas trilhas do PEI. .................. 20

    Tabela 11. Percentual de cada percurso que apresenta os indicadores de impactos

    avaliados. ............................................................................................... 21

    Tabela 12. Sugesto de padro dos indicadores de impacto (mximo/mnimo

    aceitvel) para cada uma das trilhas do PEI em termos de percentual de

    percurso. ................................................................................................ 22

    Tabela 13. Localizao dos impactos da visitao nas trilhas do PEI................. 23

    Tabela 14. Percepo dos visitantes quanto s condies de itens relacionados s

    atividades de visitao no PEI. ................................................................... 26

    Tabela 15. Percepo dos visitantes quanto capacidade de lotao do PEI. .... 27

    Tabela 16. Pretenses dos visitantes em relao ao retorno ao PEI. ................ 28

    Tabela 17. Sugesto de Estratgias de Manejo em funo dos impactos

    detectados e suas causas provveis............................................................ 32

  • viii

  • LISTA DE FIGURAS

    Pgina

    Figura 1 Total de hspedes e visitantes no PEI entre 1997 e 2006..................5

    Figura 2 Quantidade de visitantes no PEI, entre 1997 e 2006 ........................6

    Figura 3 Visitao mdia mensal no PEI, no perodo de 1998 e 2006...............6

    Figura 4 Perfil dos visitantes no PEI no perodo de 1997 e 2006 .....................7

    Figura 5 Nmero de observadores de aves no perodo de 2004 e 2006............7

    Figura 6 Roteiros utilizados no PEI entre 1998 e 2007. ............................... 11

    Figura 7 - Nmero de passeios realizados por cada monitor entre 1998 e 2007. 15

    Figura 8 (A) Aparncia e (B) quantificao do lixo recolhido nas 31 trilhas. .... 22

    Figura 9 - Impactos do uso pblico relacionados s estruturas do PEI. ............. 25

    Figura 10 (A) Lixo depositado ao lado da composteira, em local de passagem de

    visitantes. (B) Restos de alimentos misturados com lixo reciclvel................... 25

  • x

  • LISTA DE ANEXOS

    Pgina Anexo 1 Fichas de Registro de Hspedes/Pesquisadores na lngua portuguesa e

    inglesa. .................................................................................................. 41

    Anexo 2 Ficha de Registro de Hspede utilizada por escolas......................... 42

    Anexo 3 Ficha de Registro de Visitantes que passam o dia, isentos ou pagantes.

    ............................................................................................................. 43

    Anexo 4 Ficha de Registro de Escolas que passam o dia, isentos ou pagantes.44

    Anexo 5 Totais de visitantes de acordo com perfil, entre 1997 e 2006........... 45

    Anexo 6 Nmero de visitantes nos atrativos do PEI, entre 1998 e 2007......... 46

    Anexo 7 Ficha de Controle de Uso Pblico, utilizada pelos monitores ambientais

    do PEI. ................................................................................................... 47

    Anexo 8 - Descrio e Detalhamento das Trilhas do PEI................................. 48

    Anexo 9 Questionrio disponvel na recepo do PEI................................... 57

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  • 1

    1. INTRODUO O Parque Estadual Intervales (PEI), Unidade de Conservao de Proteo Integral, com rea total de 41.704,27 hectares, foi criado em 5/6/1995, atravs do Decreto n 40.135/95. Sua gesto realizada integralmente pela Fundao Florestal, rgo vinculado Secretaria do Meio Ambiente do Estado de So Paulo. A sede do Parque localiza-se no municpio de Ribeiro Grande e dista cerca de 30 km da sede municipal. Esta rea da Unidade recebe atualmente entre 8.000 a 9.000 visitantes por ano. Cerca de 50% desses visitantes (rea da sede) refere-se a pblico regional e os outros 50% de visitantes que se utilizam dos servios de hospedagem. Neste ano de 2007, o Parque Estadual Intervales ser contemplado com o principal instrumento de gesto previsto para as unidades de conservao brasileiras: o Plano de Manejo. No mbito do Plano de Manejo, os levantamentos e anlises previstos neste contrato subsidiaro o planejamento e a tomada de decises quanto ao manejo para a minimizao dos impactos do uso pblico, nas trilhas utilizadas pela visitao na regio da sede do Parque Estadual Intervales. Foram considerados os levantamentos realizados em dois trabalhos sobre a visitao e seus impactos no PEI: Levantamento dos Impactos do Uso Pblico e Suas Limitaes para o

    Aumento da Visitao no PEI, 1999, Relatrio de consultoria; Seleo de Indicadores para o Monitoramento do Uso Pblico em reas

    Naturais Protegidas, 2002, Dissertao de Mestrado, ESALQ/USP. A anlise dos dados obtidos na avaliao dos impactos do uso pblico traz uma descrio das atividades atuais, relata os resultados dos impactos biofsicos e sociais e apresenta propostas de ao ou estratgias de manejo.

  • 2

  • 3

    2. CARACTERIZAO ATUAL DO PARQUE 2.1 Caracterizao do Visitante Tomando como base o levantamento realizado por Freixdas-Vieira et al. (1999) observam-se mudanas nas caractersticas da visitao no PEI ao longo destes ltimos dez anos, que englobam desde a insero de novos grupos de visitantes no Parque, como os observadores de aves, at a excluso de atividades outrora permitidas, como a pesca nos lagos. Estas mudanas podem ser observadas nas planilhas de dados de visitao do PEI obtidas junto administrao, que passaram a incluir novos grupos e detalhar outros que antes eram agrupados em um nico perfil de visitante. Na Tabela 1 apresentada a forma de classificao dos visitantes quanto ao tipo de grupo, e como foram sistematizadas as informaes de 1997 a 2006. Tabela 1. Dados de visitao sistematizados pela administrao do Parque, de 1997 a 2006, classificados quanto ao tipo de grupo. TIPO DE VISITANTE 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    Hspedes Hspedes isentos Visitante regional Visitante regional pagante Visitante regional isento Escolas Escola hspede Escola regional pagante Escola regional isenta Famlias Observadores de aves Pesquisa Pesca Outros

    Em 1997 e 1998 apenas trs tipos de visitantes eram classificados pela recepo do Parque: a) hspedes, que passavam mais de um dia no Parque e utilizavam-se das instalaes hoteleiras existentes; b) visitantes regionais, que vinham para passar o dia e permaneciam grande parte do tempo na rea dos quiosques; c) pessoas que vinham ao Parque para realizar atividades de pesca nos lagos. A partir de 1999 o tipo de visitante hspede no foi mais registrado, passando a ser distribudo em trs grupos distintos: escolas, famlias e pesquisa. De 2004 em diante, passou-se a registrar uma categoria denominada hspedes isentos, que incluem: a) crianas de zero a cinco anos de idade; b) motoristas de nibus que esto conduzindo hspedes; c) cortesias para grupos grandes (duas cortesias a cada grupo de quarenta pessoas), d) funcionrios da Fundao Florestal e IF trabalho; e) consultores trabalho e outras isenes concedidas pela administrao. Algumas destas isenes de taxa de hospedagem j eram praticadas pelo PEI antes de 2004, apenas no eram registradas de forma detalhada.

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    A categoria escolas tambm passou a ser registrada em maior detalhe a partir de 2004, em trs grupos: a) escola hspede; b) escola regional pagante e c) escola regional isenta. Esta iseno refere-se taxa de ingresso ao Parque. A categoria visitante regional foi melhor detalhada a partir de 1999, sendo diferenciada em dois grupos, conforme a iseno ou no da taxa de entrada ao Parque: a) visitante regional pagante e b) visitante regional isento. As atividades de pesca nos lagos foram suspensas a partir de 1999, no aparecendo mais nos dados de visitao do Parque. De 2004 em diante comeou a ser registrado um novo perfil de visitante no Parque, os observadores de aves, cuja freqncia vem crescendo ao longo dos ltimos anos. Durante a sistematizao das fichas pela administrao do Parque, quando determinados grupos de visitantes no se enquadram em nenhum dos outros listados, so ento registrados no grupo denominado outros, que incluem pessoas que participaram de reunies, eventos como, por exemplo, congressos, seminrios, oficinas, ou datas festivas, como a comemorao dos dez anos do PEI em junho de 2005, semana da rvore, festa junina, etc. Atualmente h duas formas de coleta de dados sobre a visitao no PEI, sendo uma realizada pela recepo na chegada do visitante ao Parque e outra pelos monitores ambientais antes da sada dos passeios. O visitante que chega ao PEI dirige-se recepo onde preenche uma das seguintes fichas, basicamente de acordo com sua hospedagem ou no no Parque: a) Ficha de Registro de Hspede/Pesquisador, utilizada para os diversos tipos de hspedes, sejam eles visitantes desacompanhados, famlias, pesquisadores, isentos ou pagantes. H uma verso desta ficha na lngua inglesa, comumente utilizada pelos observadores de aves. As duas fichas so apresentadas no Anexo 1; b) Ficha de Registro de Hspedes, para Escolas, preenchida pela agncia ou responsvel pelo grupo, onde so solicitadas informaes como nome, sexo, data de nascimento, profisso e documento de identidade dos alunos, instrutores e responsveis (Anexo 2); c) Ficha de Registro de Visitantes Regionais, utilizada pelos visitantes que passam o dia no Parque, seja para passeios, uso dos quiosques, uso da piscina de pedra e/ou almoo (Anexo 3). Apesar de aparecer intitulada como visitantes regionais, no se refere apenas aos moradores da regio, mas ao registro de todo visitante que no se hospeda no Parque; d) Ficha de Registro de Regionais, para Escolas, preenchida pelo responsvel pelo grupo de escola, seja isento ou pagante, sendo solicitadas informaes como nome, sexo, data de nascimento, profisso e documento de identidade dos alunos e responsveis (Anexo 4).

    Partindo-se dos dois grandes blocos de visitantes que freqentam o Parque, ou seja, aqueles que se hospedam e os que apenas passam o dia, pode-se observar que ao longo dos ltimos anos o nmero de hspedes aumentou em relao ao nmero de visitantes. A Tabela 2 apresenta o nmero total de hspedes e visitantes que passam o dia, nos anos de 1997 a 2006.

    Tabela 2. Nmero de visitantes em relao ao nmero de hspedes no PEI, de 1997 a 2006.

    1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 TOTAIS

    Hspedes 3.232 3.515 5.233 5.054 5.296 4.570 3.386 5.549 5.093 4.692 42.388

    Visitantes 4.530 6.624 7.324 7.611 6.596 4.549 3.936 3.175 3.584 3.208 46.375

    TOTAIS 7.761 10.139 12.557 12.665 11.892 9.119 7.322 8.724 8.677 7.900 96.756

    Nota: Hspedes refere-se a escolas, hspedes, famlias, hspedes isentos, observadores de aves, pesquisa e outros; Visitantes refere-se escolas regionais pagantes e isentas e visitantes regionais pagantes e isentos

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    O grupo de hspedes corresponde s escolas hspedes, famlias, hspedes isentos, observadores de aves, pesquisa e outros, enquanto o grupo de visitantes corresponde s escolas regionais pagantes, escolas regionais isentas, visitantes regionais pagantes e visitantes regionais isentos. Conforme os dados de visitao ilustrados na Figura 1, at o ano de 2001, mesmo com o nmero de hspedes aumentando a cada ano, o nmero de visitantes no PEI era maior. Em 2002 o total de hspedes e visitantes praticamente se equilibrou, e a partir de ento se observa um aumento no nmero de hspedes entre 2004 e 2006, alcanando os totais registrados nos anos de 1999 a 2001. O ano de 2000 foi o que recebeu o maior nmero de visitantes que passam o dia, apresentando um total de 7.611. E o ano de 2004 foi marcado pela maior demanda de pernoites, com um total 5.549 de hspedes.

    2.000

    3.000

    4.000

    5.000

    6.000

    7.000

    8.000

    Total de hspedes Total de visitantes

    Total de hspedes 3.231 3.515 5.233 5.054 5.296 4.570 3.386 5.549 5.093 4.692

    Total de visitantes 4.530 6.624 7.324 7.611 6.596 4.549 3.936 3.175 3.584 3.208

    1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    Figura 1 Total de hspedes e visitantes no PEI entre 1997 e 2006 A oscilao entre o nmero de visitantes e hspedes ao longo dos anos no PEI pode estar relacionada a diversos fatores, como divulgao, comportamento da economia nacional, qualidade dos servios e infra-estrutura, no sendo porm possvel atribuir estas mudanas a um ou outro fator ou evento, sem a realizao de estudos mais aprofundados. Considerando-se todos os perfis de visitantes, como hspedes, visitantes de um dia, grupos de escola, observadores de aves, pesquisadores, entre outros, Intervales recebeu o total de 96.756 visitantes entre 1997 e 2006 (Anexo 5). Na Figura 2 apresentado o total de visitantes ano a ano, desde 1997 at 2006. O ano que apresentou o maior nmero de visitantes no PEI foi 2000, com 12.665, ao lado dos anos de 1999 e 2001 que registraram a maior visitao nos ltimos nove anos. Apesar de apresentar um sistema de hospedagem diferenciado dos outros parques paulistas, com o maior nmero de pousadas gerenciadas pelo Estado, e contar com um grande nmero de atrativos e monitores especializados, Intervales no recebe mais visitantes do que, por exemplo, seu vizinho Parque Estadual Carlos Botelho (PECB). Conforme os dados apresentados no recm concludo Plano de Manejo, entre 2000 e 2006, o PECB recebeu o mximo anual de 15.589 visitantes (2001) e o mnimo anual de 12.434 em 2006.

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    7.761

    10.139

    12.557 12.66511.892

    9.119

    7.322

    8.724 8.6777.900

    0

    2.000

    4.000

    6.000

    8.000

    10.000

    12.000

    14.000

    1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

    N

    me

    ro d

    e v

    isit

    an

    tes

    Figura 2 Quantidade de visitantes no PEI, entre 1997 e 2006

    De 1998 a 2006 a demanda da visitao no PEI se apresentou bem distribuda ao longo dos meses, apresentando o perodo de maior pico no ms de novembro, sendo o grupo visitante regional isento o mais freqente (Figura 3). O ms de fevereiro aparece como o menos visitado, o que pode ser resultado do baixo nmero de escolas durante o perodo.

    836

    612

    708

    904 897

    993

    754718

    1002 1011

    1276

    1014

    0

    200

    400

    600

    800

    1000

    1200

    1400

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    m

    dia

    me

    nsa

    l

    Figura 3 Visitao mdia mensal no PEI, no perodo de 1998 e 2006 O ms de junho aparece em segundo lugar como o ms mais visitado, porm os dados mostram um nmero elevado para o grupo outros nos anos de 2004 e 2005, que podem ter elevado a mdia de visitao deste ms. O nmero elevado de visitantes do ano de 2005 que aparece no grupo outros pode ser atribudo comemorao dos 10 anos do PEI, realizada no ms de junho. O grupo mais freqente entre 1997 e 2006, representando 48% de toda a visitao do PEI, foram os visitantes regionais, que compreendem aqueles que passam o dia no Parque, sejam eles da regio ou no (Figura 4).

  • 7

    Escolas 15%

    Escolas regionais 4%

    Visitantes hspedes 24%

    Pesquisa 1,80%

    Pesca 0,60%

    Outros 6%Visitante regional

    48%

    Observadores de Aves 0,30%

    Figura 4 Perfil dos visitantes no PEI no perodo de 1997 e 2006

    Em segundo lugar aparecem os visitantes hspedes com 24% do total, cuja freqncia corresponde a somatria dos hspedes isentos (2004 a 2006), dos hspedes (1997 e 1998) e das famlias (1999 a 2006). Neste grupo de visitantes hspedes o que mais se destaca so as famlias, com 67% do total de freqncia, seguido do grupo de hspedes com 29% e hspedes isentos com 6%. O terceiro grupo de visitantes mais representativo no PEI so as escolas, com 15% do total, e correspondem aos dados de 1999 a 2006, j que em 1997 e 1998 foram somados ao grupo de hspedes. Na seqncia aparece o grupo denominado outros com 6% da freqncia, escolas regionais com 4%, pesquisa com 1,8%, e autorizaes de pesca no mais permitidas que totalizaram 0,6% (1997 e 1998). E por ltimo, mas no menos importante, aparece o grupo de observadores de aves representando 0,3% da visitao total do Parque, que comeou a ser registrada a partir de 2004. Este grupo merece destaque pelo grande crescimento que vem apresentando, como mostra a Figura 5. Em 2004 foram registrados 60 observadores de aves e em 2006 este nmero chegou a 169, representando 182% de crescimento desta atividade em apenas trs anos.

    60

    102

    169

    40

    60

    80

    100

    120

    140

    160

    180

    2004 2005 2006

    Figura 5 Nmero de observadores de aves no perodo de 2004 e 2006

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    Como a totalidade dos observadores de aves que visitam o PEI costuma se hospedar nas pousadas do Parque, na estimativa geral de nmero de hspedes e visitantes este grupo foi adicionado ao grupo de hspedes, e no em um grupo separado como demonstrado na Figura 4. Em funo do novo perfil de visitantes, composto em sua maioria por estrangeiros, foi elaborada uma Ficha de Hspedes na lngua inglesa. O monitor ambiental Luiz Avelino Ribeiro possui um conhecimento singular quanto s espcies locais, fruto de sua curiosidade e do contato com os pesquisadores brasileiros e internacionais, que lhe permitiram a memorizao de nomes cientficos de plantas, animais e especialmente aves. Atualmente este monitor acompanha exclusivamente os grupos de observadores de aves, que j o solicitam quando fazem o agendamento. Ainda quanto ao perfil de visitantes, a anlise dos dados sistematizados pela administrao do PEI revelou que os usurios mais freqentes entre 2001 e 2006 so provenientes da cidade de So Paulo, com 41% de um total (Tabela 3) de 122 cidades registradas, seguidos das cidades de Capo Bonito (12%) e Sorocaba e Ribeiro Grande (7%). Tabela 3. Origem dos visitantes no PEI entre 2001 e 2006. ORIGEM JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL %

    So Paulo 982 657 691 1656

    1652

    1306 902

    1713

    1455

    1008 868 472 13.362 41

    Capo Bonito 421 278 341 318 311 384 310 158 272 235 539 403 3.970 12

    Sorocaba 262 58 261 100 664 71 354 53 178 161 161 59 2.382 7

    Ribeiro Grande 104 99 66 191 122 238 381 58 301 269 184 271 2.284 7

    Guapiara 240 131 191 109 107 167 149 69 57 34 270 440 1.964 6

    Itapetininga 282 60 129 96 21 85 26 39 246 220 325 28 1.557 5

    Itapeva 113 108 179 186 33 15 70 33 57 108 102 212 1.216 4

    Campinas 86 35 77 21 20 40 113 13 21 18 4 0 448 1

    Piracicaba 15 12 11 58 1 209 38 12 17 53 4 1 431 1

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    2.2 Caracterizao do Sistema de Trilhas 2.2.1 Histrico de Abertura das Trilhas e seus Objetivos O Parque Estadual Intervales possui uma extensa rede de trilhas e estradas, muitas delas provenientes da poca da administrao do Banespa. Em funo do potencial de minerao da regio, a maior parte das cavernas j era conhecida por meio de sondagens realizadas, sendo algumas trilhas e estradas utilizadas para atividades administrativas e outras, ainda, eram caminhos histricos utilizados por moradores da regio para atividades como lavoura e caa. Os caminhos e trilhas existentes na poca da Fazenda Banespa, foram aproveitados pela administrao da Fundao Florestal para propiciar aos visitantes o conhecimento de ambientes de caverna, interao da vegetao com as rochas, afloramentos de calcrio, etc. Alm disso, novas trilhas foram abertas e outras reformuladas em parte de seus percursos, visando incorporar outros atrativos como cachoeiras e mirantes. As trilhas e seus histricos de abertura podem ser observados na Tabela 4. Tabela 4. Histrico de abertura das trilhas do PEI. TRILHAS J EXISTENTES TRILHAS ABERTAS - PEI TRAADOS

    MISTOS ANTIGAS ESTRADAS

    Gruta Colorida Cip/Caadinha Nova Caadinha** Caminho do Lago Negro Gruta dos Meninos Mirante da Anta Caminho dos Lagos Mirante Velho Gruta doTatu Trilha da Barra da Macaca Gruta do Minotauro Roda Dgua Gruta da Mo/Fendo Trilha da Reciclagem do Lixo Gruta Z Maneco Gruta do Fogo Gruta da Santa Gruta Jane Mansfield Gruta do Paiva* Trilha do Pano Amarelo

    Cachoeira da Barra Grande

    Mirante da Barra Grande

    Cachoeira da gua Comprida

    Gruta do Moqum

    Cachoeira do Arco

    Cachoeira das Pedrinhas

    * Trilha aberta na dcada de 70 ** Trilha aberta na dcada de 40. O principal objetivo da implantao deste sistema de trilhas, porm, a sensibilizao do visitante quanto importncia da conservao ambiental. Dentro desta perspectiva, mesmo que o visitante no chegue ao ponto final onde se encontram os atrativos citados (grutas, cachoeiras, etc.), ele deve ter a oportunidade de apreciar as peculiaridades e caractersticas existentes durante o trajeto. O servio de monitoria, atravs da interpretao ambiental, fundamental para que este objetivo seja atingido, aumentando a qualidade da visita. 2.2.2 Passeios Existentes e Suas Caractersticas A Tabela 5 mostra os principais passeios existentes no PEI e algumas de suas caractersticas, como extenso do percurso de ida, tempo de percurso saindo da Monitoria, grau de dificuldade, atrativos e histrico de interveno.

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    Tabela 5. Trilhas do PEI e suas principais caractersticas.

    Trilhas Percurso (ida) 1

    Tempo (ida) 2

    Grau de dificuldade

    Atrativos

    Cachoeira das Pedrinhas 2.071 m 2 h - mata primria e cachoeira

    Autoguiada (Caminho dos Lagos, Castelo de Pedra, Capela Santo Igncio, Trilha do Palmito

    3.753 m 2 h Baixo cruzeiro, lago, piscina,

    construes, capela, floresta

    Mirante da Anta 1.970 m 1 h Alto mirante

    Roda Dgua - 1,5 h Baixo construo antiga

    Caadinha 1.457 m 2 h Mdio floresta

    Cachoeira do Mirante 800 m 40 min Baixo cachoeira e mata primria

    Cachoeira da gua Comprida 89 m 1,5 h Baixo cachoeira

    Gruta Colorida 474 m 30 min Mdio caverna

    Gruta do Fogo 1.321 m 40 min Mdio caverna

    Gruta do Minotauro 347 m 2 h Mdio caverna

    Gruta da Mozinha/sada Fendo 275 m 1,5 h Baixo caverna

    Gruta dos Paiva 263 m - - caverna

    Gruta do Fendo Votorantim 387 m 2 h - caverna

    Acesso Gruta Minotauro/Mo 1.042 m - - figueira centenria e caverna

    Gruta Jane Mansfield 724 m 1,5 h Alto caverna

    Gruta dos Meninos 47 m 15 min Baixo caverna

    Grutas Cip 430 m 20 min Baixo caverna

    Gruta do Tatu 15 m 15 min Baixo caverna

    Cachoeirinha 10 m 5 min Baixo cachoeira

    Gruta do Z Maneco - 2 h Alto caverna e cachoeira

    Cachoeira Luminosa 1.133 m - - caverna e cachoeira

    Cachoeira do Arco 1.400 m - - cachoeira

    Gruta da Santa 167 m 1 h Baixo caverna 1 Informaes obtidas mediante medio em campo. Referem-se apenas aos percursos onde no circulam veculos. 2 Informaes retiradas do folder do Parque Estadual Intervales Algumas opes de trilhas ou parte delas avaliadas em 1999, no so mais utilizadas, como o trecho da Trilha da Espia, cuja torre no se apresenta em condies de uso. A Trilha da Reciclagem no aparece mais entre os registros de dados de visitao e tambm no aparece nos roteiros bsicos da Ficha de Controle de Uso Pblico da monitoria. A administrao avaliou que deve ser realizada uma revitalizao na rea onde ocorre o processo de separao do lixo reciclvel, e enquanto isso no for feito este passeio permanecer suspenso. Na sistematizao de roteiros realizados entre 1998 e 2007, aparecem a partir de 2003, locais que j eram visitados mas no oficialmente registrados, como o Mirante Velho, Estrada da Barra Grande, Trilha do Mirante da Barra Grande, Trilha da Barra Grande e rea do Entorno, assim como passeios espordicos ou com autorizaes especiais, entre eles a Gruta Monjolo, Cachoeira Bulha, Mirante Capela Alto, Trilha Trs Crregos, Trilha dos Encanados, Estrada do Alecrim. 2.2.3 Passeios Mais Utilizados A Figura 6 mostra os roteiros utilizados no perodo compreendido entre 1998 e 2007. Os dados completos dos quarenta locais visitados, com os totais anuais de visitantes nos atrativos do PEI durante este perodo so apresentados no Anexo 6.

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    27831

    23280

    22945

    12872

    6521

    5546

    5507

    5209

    4690

    4278

    4090

    4064

    3900

    3849

    1864

    1681

    1012

    978

    968

    680

    608

    603

    251

    184

    166

    75

    52

    44

    18

    13

    13

    6

    5

    4

    4

    0 5000 10000 15000 20000 25000 30000 35000

    GRUTA COLORIDA

    GRUTA DOS PAIVA

    CACHOEIRA MIRANTE

    AUTOGUIADA

    GRUTA DO FENDO

    GRUTA DO FOGO

    CACHOEIRA GUA COMPRIDA

    CACHOEIRA ARCO

    TRILHA DA CAADINHA

    MIRANTE DA ANTA

    GRUTA DA SANTA

    CACHOEIRA A LUMINOSA

    GRUTA DO MINOTAURO

    GRUTA DA MOZINHA

    GRUTA DO CIP

    TRILHA RODA DGUA

    GRUTA DOS MENINOS

    ESTRADA CARMO E BOCAINA

    GRUTA TATU

    CACHOEIRA PEDRINHAS

    MIRANTE VELHO

    GRUTA JANE MANSFIELD

    LAJEADO

    ESTRADA BARRA GRANDE

    GRUTA Z MANECO

    REA ENTORNO

    TRILHA DO LAGO NEGRO

    GRUTA MONJOLO *

    TRILHA MIRANTE BARRA GRANDE

    CACHOEIRA BULHA *

    TRILHA BARRA GRANDE

    MIRANTE CAPELA ALTO *

    TRILHA TRS CRREGOS

    TRILHA DOS ENCANADOS*

    ESTRADA DO ALECRIM

    Figura 6 Roteiros utilizados no PEI entre 1998 e 2007.

    Analisando os dados completos de visitao (Tabela 6), como nmero de visitantes, mdias anuais e porcentagem de visitantes em relao totalidade de atrativos, percebe-se que apenas trs trilhas concentram 51% das dos passeios realizados no PEI, sendo elas a Trilha da Gruta Colorida em primeiro lugar, a Trilha da Gruta dos Paiva em segundo e a Trilha da Cachoeira do Mirante em terceiro. Um dos motivos da Trilha da Gruta Colorida receber muita visitao deve-se principalmente ao fcil acesso.

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    Tabela 6. Nmero de visitantes, mdias anuais e porcentagem de visitantes em relao ao total nos atrativos do PEI, de 1998 a 2007.

    Roteiros utilizados - 1998 a 2007 N de pessoas

    Mdia anual

    % em relao ao total de pessoas*

    Gruta Colorida 27831 2783 19%

    Gruta dos Paiva 23280 2328 16%

    Cachoeira do Mirante 22945 2295 16%

    Autoguiada 12872 1073 9%

    Gruta do Fendo 6521 652 5%

    Gruta do Fogo 5546 555 4%

    Cachoeira gua Comprida 5507 551 4%

    Cachoeira do Arco 5209 521 4%

    Trilha da Caadinha 4690 469 3%

    Mirante da Anta 4278 428 3%

    Gruta da Santa 4090 409 3%

    Cachoeira gua Luminosa 4064 406 3%

    Gruta do Minotauro 3900 390 3%

    Gruta da Mozinha 3849 385 3%

    Gruta do Cip 1864 186 1%

    Trilha Roda Dgua 1681 168 1%

    Gruta dos Meninos 1012 101 1%

    Estrada do Carmo e Bocaina 978 98 1%

    Gruta do Tatu 968 97 1%

    Cachoeira das Pedrinhas 680 68 0%

    Mirante Velho 608 61 0%

    Gruta Jane Mansfield 603 60 0%

    Lajeado 251 25 0%

    Estrada Barra Grande 184 18 0%

    Gruta do Z Maneco 166 17 0%

    rea Entorno 75 8 0%

    Trilha do Lago Negro 52 5 0%

    Gruta Monjolo * 44 4 0%

    Trilha Mirante da Barra Grande 18 2 0%

    Cachoeira Bulha dgua* 13 1 0%

    Trilha da Barra Grande 13 1 0%

    Mirante Capela Alto * 6 1 0%

    Trilha Trs Crregos 5 1 0%

    Trilha dos Encanados* 4 0 0%

    Estrada do Alecrim 4 0 0%

    * O nmero zero refere-se utilizao com menos de 1% de freqncia

    J a Gruta dos Paiva, considerada a terceira maior gruta calcria do Estado de So Paulo, muito procurada pelos visitantes por se tratar da maior gruta dentre as opes oferecidas no PEI. A rea pertence s Indstrias Votorantim S/A, estando liberada para visitao com acompanhamento dos monitores de campo e tcnicos de Intervales. A Cachoeira do Mirante aparece entre as mais visitadas tambm em funo do fcil acesso e baixo grau de dificuldade. Este atrativo muitas vezes realizado como um roteiro integrado com a Gruta Colorida, e tambm por este motivo pode aparecer como o terceiro atrativo mais visitado no PEI.

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    O quarto atrativo mais visitado no Parque a Trilha Autoguiada, composta por seis trechos distintos, geralmente realizados de forma independente. Na Tabela 7 apresentada a freqncia de visitao em cada trecho, sendo a Espia, atualmente desativada por falta de manuteno, a mais visitada entre 1997 e 2006. A Capela Santo Igncio aparece como o segundo trecho mais visitado, porm estes dados podem ser atribudos alta freqncia de visitantes durante festividades religiosas. Tabela 7. Opes de roteiros e freqncia de visitantes na Trilha Autoguiada.

    Roteiros da Autoguiada N de pessoas

    Mdia anual

    % em relao ao total de pessoas*

    Espia 3662 366 3%

    Capela Santo Igncio 3481 348 2%

    Castelo de Pedra 2792 279 2%

    Trilha do Palmito 2475 248 2%

    Caminho dos Lagos 263 26 0%

    Autoguiada 199 20 0%

    * O nmero zero refere-se utilizao com menos de 1% de freqncia

    2.2.4 Concesso de Uso Existem alguns locais de visitao bastante procurados pelos visitantes e que no se encontram na rea do Parque, mas sim na propriedade das Indstrias Votorantim S/A, que cede o uso das trilhas ao PEI. So eles a Trilha da Gruta dos Paiva, a Trilha da Cachoeira do Arco, a Trilha da Cachoeira Luminosa e uma das entradas da Gruta do Fendo. 2.2.5 Manejo Atual das Trilhas Alm das trilhas existentes no PEI j citadas anteriormente, existem tambm diversos acessos que possibilitam a passagem de uma trilha outra. Estes acessos muitas vezes so criados pelos prprios monitores, com o intuito de facilitar o percurso para os visitantes ou evitar trechos que consideram em mal estado de conservao. Muitos destes acessos no so mais utilizados. Outra caracterstica do manejo refere-se ao objetivo de no permitir a circulao de veculos em diversos trechos de antigas estradas, para que se tornem trilhas mais estreitas em funo da regenerao da vegetao. Os monitores realizam a manuteno das trilhas, geralmente em perodos de menor visitao, mas nota-se que ainda no dada a devida importncia para esta atividade fundamental visitao no PEI. As principais aes de manejo nas trilhas continuam sendo a roada, retirada de obstculos naturais, como galhos, manuteno e construo de alguns canais de drenagem e implantao de degraus, utilizando-se de rvores e xaxim morto encontrados na mata. Aps duas capacitaes sobre planejamento, implantao e manuteno de trilhas, os monitores demonstram atravs destas iniciativas, conhecimento e habilidade, faltando, no entanto, materiais, ferramentas e estabelecimento de priorizao desta atividade na rotina do Parque.

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    2.3 Segurana A segurana um importante indicador de impactos sociais da visitao. Trabalhamos aqui basicamente com o histrico de acontecimentos ocorridos no PEI, uma vez que no h registros escritos de ocorrncias envolvendo acidentes. O Caderno de Registro de Ocorrncias (Passold & Magro, 2001) apresenta fichas para anotar acidentes e detalhar suas causas, para serem preenchidas pelos monitores. Foram entregues cadernos aos monitores, mas at o momento no foi adotada uma rotina de preenchimento e o PEI ficou estes anos sem registrar sistematicamente os acidentes. Os funcionrios relatam os seguintes episdios envolvendo problemas de segurana: Um acidente envolvendo um carro que capotou na estrada que volta da Cachoeira

    gua Comprida, onde o motorista fraturou o brao. Trs acidentes na Gruta dos Paiva - as trs ocorrncias foram devido a quedas

    dentro da caverna. 1. A primeira vez houve uma fratura, a pessoa foi levada para a casa de um

    morador prximo e resgatado com uma Toyota. 2. A segunda vez o visitante foi socorrido com um cavalo. 3. A terceira ocorreu no primeiro dia de 1999, onde a vtima foi socorrida com

    uma maca improvisada. Houve fissura de um osso da bacia e leso do rim (acidente presenciado pela nossa equipe).

    Um acidente na Gruta Fendo, onde um visitante mdico teve um corte profundo

    na perna por estar de bermuda. Um acidente na piscina de pedra com um visitante regional no segundo dia de

    1999. O visitante cortou a cabea e foi socorrido apenas quando o agente de sade do PEI, que tambm monitor, chegou ao local (acidente presenciado pela nossa equipe).

    Um acidente no lago bote de madeira virou com visitante embriagado hoje no mais permitido o uso de barcos no local.

    Um resgate de funcionrio do PEI que teve problemas de lcera na Base Alecrim. Em 2007 houve um acidente envolvendo a queda de um visitante do paredo

    rochoso externo da Gruta Colorida. Segundo relatos da equipe do PEI, o visitante estava alterado devido ao consumo excessivo de bebidas alcolicas e possivelmente drogas, e j havia manifestado mau comportamento durante o passeio anterior em que os monitores do PEI e seus prprios colegas chamavam sua ateno. O visitante subiu em uma pedra e no obedecendo aos alertas das pessoas presentes, acabou caindo, o que resultou em traumatismo craniano, e seqelas permanentes. O Parque prestou toda a assistncia possvel, acompanhando o caso durante todo o tempo, e mesmo assim foi movido um processo contra o PEI.

    2.4 Sistema de Monitoria O grupo de monitores do parque, encarregados de acompanhar turistas, visitantes e pesquisadores, ao contrrio da tendncia dominante poca em que foi formado, no tem formao universitria (So Paulo, 1998). Ele se constitui por pessoas que conhecem a regio, e antes do trabalho de monitoria podem ter sido agricultores, palmiteiros e caadores. O que se buscou e, como hoje j est constatado, foi transformar estes homens da terra em formadores de opinio, multiplicadores de conceitos e prticas conservacionistas e agentes de difuso de informaes sobre o parque. O contato

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    destes com pesquisadores aprimora o seu conhecimento, permitindo-lhes servir melhor aos visitantes, o que acaba gerando benefcios para todos e enriquecendo a vivncia proporcionada com o trabalho desenvolvido no Parque. Atualmente, o PEI conta com cinco monitores da Fundao Florestal e seis monitores autnomos, entre eles alguns que prestavam servio atravs da Coopervales. Exceto a Trilha Autoguiada, todas as visitas cavernas, cachoeiras e trilhas devem obrigatoriamente ser percorridas com o acompanhamento de monitores ambientais. Para isso, o visitante faz a sua inscrio nos passeios diretamente na monitoria, preenchendo a Ficha de Controle de Uso Pblico Roteiros Monitorados (Anexo 7), de onde partem os grupos organizados. Existem duas opes de horrios para sada dos grupos: s 9:30h ou s 14:30h e o limite de visitantes por grupo de quinze pessoas. A orientao para divulgao e escolha dos passeios tem sido a de ter apenas um grupo por perodo em cada uma das trilhas, evitando encontros. A Figura 7 mostra o nmero de passeios que cada monitor realizou entre 1998 e 2007, segundo a anlise das fichas de acompanhamento, preenchidas pelos prprios guias e que contm dados sobre o grupo de visitantes e o roteiro realizado.

    0 5000 10000 15000 20000 25000

    Elizeu

    Faustino

    Luiz

    J Floido

    A Lima

    Aparicio

    Gerson

    B Alves

    Gilberto

    Andr

    Renato

    Robison

    Joo

    Claudemir

    Cristian

    Aparecido

    Jairo

    Paulo

    B Amaral

    Ricardo

    Figura 7 - Nmero de passeios realizados por cada monitor entre 1998 e 2007

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    2.5 Agncias / Escolas O Parque Estadual Intervales possui grande potencial, tanto para o chamado ecoturismo, quanto para "estudos do meio" realizados por escolas. Alguns colgios tm com freqncia realizado esse tipo de atividade em que, acompanhados por professores, instrutores e pelos prprios monitores do PEI, os alunos percorrem trilhas e exploram grutas a fim de conhecerem a realidade atual da Mata Atlntica. H, inclusive, programaes de passeios que so preparadas de forma a orientar e organizar esse estudo, como excurses organizadas pelas agncias Mais Eventos Turismo e a Meeting Way, ambas locadas em So Paulo. Em geral, o material de estudo fornecido pelo prprio colgio ou agncia responsvel pela vinda dos estudantes. Outras agncias de ecoturismo atuam principalmente na cidade de So Paulo, levando grupos de visitantes nos finais de semana e nos meses de frias. No h um trabalho especfico realizado com esses turistas e a programao dos passeios feita pelas agncias e pelos prprios visitantes de forma particular. 2.6 Estruturas Atuais de Orientao ao Pblico O Parque conta atualmente uma recepo e uma sala de projeo com capacidade para 50 pessoas, onde so exibidos filmes ambientais para orientao dos visitantes. O Centro de Convivncia localizado prximo Hospedaria um espao destinado a cursos e palestras para grupos maiores. Existe um pequeno espao destinado venda de souvenirs do Parque, localizado no restaurante. Seu gerenciamento realizado pela Coopervales.

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    3. AVALIAO DOS IMPACTOS DA VISITAO Para avaliar os impactos biofsicos e sociais da visitao no Parque Estadual Intervales, realizaram-se diversas atividades: i) medio e avaliao biofsicas das trilhas; ii) avaliao de moradias e estruturas; iii) aplicao de questionrios aos visitantes para levantamento de sua percepo e iv) entrevistas, observaes e coleta de dados na administrao. O mtodo utilizado para este trabalho foi o VIM Visitor Impact Management (Kuss et al, 1990), sendo os resultados apresentados a seguir. 3.1 Trilhas Em janeiro de 1999 foi realizado o primeiro levantamento de impactos do uso pblico no PEI, sendo que 22 trilhas e 32 indicadores foram avaliados e analisados com base no mtodo VIM. Mas para que a efetividade das aes de manejo sugeridas nas etapas finais do mtodo VIM possa ser avaliada, necessria a implantao de um programa de monitoramento. Alm do monitoramento, reconheceu-se a necessidade de revisar os indicadores, j que os resultados de 1999 sugeriam uma considervel subjetividade na avaliao. Assim, em janeiro e fevereiro de 2001 realizou-se o monitoramento dos impactos nas trilhas da Sede do PEI, apoiado pela Fundao O Boticrio de Proteo Natureza, utilizando-se dos mesmos indicadores avaliados em 1999 (Tabela 8). Este projeto embasou a dissertao de mestrado (Passold, 2002) que descreve o processo de avaliao de indicadores atravs de critrios de qualidade, e a seleo destes para o monitoramento do uso pblico. Tabela 8. Indicadores avaliados no monitoramento do uso pblico no PEI em 1999 e 2001.

    Indicadores quantitativos e qualitativos

    VEGETAO NAS TRILHAS FAUNA N de razes expostas Nmero de indcios de fogo N de rvores com bromlias ou orqudeas Presena de Espcies Exticas N de rvores ou arbustos com galhos quebrados

    Mudana de comportamento animal Audio ou viso de aves Vestgio de fauna na trilha Fauna de caverna

    VEGETAO FORA DOS CAMINHOS OFICIAIS DANOS rea de vegetao degradada (m) Composio Densidade Serrapilheira N de trilhas no oficiais Motivo aparente (trilhas no oficiais)

    Vandalismo em estruturas Inscries em rochas N de rvores com inscries/danos Danos a espeleotemas Escurecimento de espeleotemas

    LEITO DA TRILHA SANEAMENTO Presena de lixo na trilha Lixo fora dos lates Problemas de saneamento

    IMPACTO SONORO

    N de pedras expostas Eroso Drenagem Largura (m) Profundidade (m) Problema de risco Tipo de risco

    N de percepes de som de veculo N de sons de exploses (pedreira)

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    O objetivo da dissertao foi selecionar indicadores de impacto recreacional utilizando-se trs formas de anlise, onde os mesmos deveriam: 1) responder ao manejo, 2) se adequar aos critrios estabelecidos, 3) no apresentar diferena significativa na avaliao por diferentes indivduos. De acordo com estas trs formas de anlise, foram selecionados os seguintes indicadores: presena de serrapilheira, nmero de rvores com razes expostas, rea de vegetao degradada, nmero de trilhas no oficiais, presena de lixo, nmero de rvores danificadas. Desta forma, a avaliao conduzida em 2007 considerou estes resultados, sendo realizado o monitoramento com os novos indicadores de impactos fsicos, biolgicos e sociais, cuja forma de medio descrita a seguir. Indicadores de Impactos Fsicos Indicador 1 - Presena de serrapilheira. Avaliar a quantidade de serrapilheira no ponto amostral (0,25 m) atribuindo-se os valores: (1) nenhuma ou menos que uma mo cheia (2) mo cheia ou quantidade suficiente para encher at meio balde de 5 litros (3) quantidade suficiente para encher meio balde um balde (4) quantidadade suficiente para encher mais que um balde de 5 litros. Indicador 2 Nmero de trilhas no oficiais. Observar o nmero de trilhas no oficiais e descrever a causa: (1) lama (2) acesso gua (3) obstculo natural (4) outros. Indicadores de Impactos Biolgicos Indicador 3 - rea de vegetao degradada. Identificar se a rea caracterizada como rea degradada, ou seja onde ainda h presena de vegetao, ou se a rea de solo nu. A rea ento medida, selecionando-se uma das formas mais adequadas para represent-la (1=retngulo, 2=tringulo, 3=crculo) para incluso no clculo de rea, que poder ser feito em escritrio, representado em metros quadrados (m). Descrever a causa: Causas: (1) lama (2) acesso gua (3) obstculo natural (4) outros. Indicador 4 - Nmero de rvores danificadas. Contar o nmero de rvores que apresentam inscries, como nomes de pessoas, escrito na casca da rvore. Indicador 5 - Nmero de rvores com razes expostas. Contar o nmero de rvores (no devem ser includos arbustos) com as razes mais grossas expostas ao seu redor, at uma distncia de mais que 40 cm da base. Indicadores de Impactos Sociais Indicador 6 - Presena de lixo. Registrar a presena ou ausncia de lixo visvel do ponto amostrado. Pode-se descrever o tipo e a disposio do lixo, para auxiliar na identificao da causa. Os levantamentos de agosto de 2007 foram realizados em 31 trilhas ou trechos de trilhas, utilizando-se uma combinao entre dois mtodos de avaliao de mltiplos parmetros, descritos por Hammit & Cole (1998), incluindo medies quantitativas e tambm medies rpidas baseadas em classes (avaliao qualitativa), uma alternativa adequada, tendo em vista que agrega preciso e rapidez.

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    A Tabela 9 apresenta a lista de indicadores quanto forma de avaliao qualitativa ou quantitativa. Tabela 9. Lista de indicadores quantitativos e qualitativos.

    INDICADORES QUANTITATIVOS INDICADORES QUALITATIVOS

    Nmero de trilhas no oficiais Presena de serrapilheira

    rea de vegetao degradada Presena de lixo

    Nmero de rvores danificadas

    Quanto abordagem, foram utilizados os mtodos de amostragem, quando so estabelecidas distncias fixas entre pontos ao longo da trilha e censo, com a avaliao sendo feita em toda a seo da trilha. O mtodo de amostragem foi aplicado para o Indicador 1 - Quantidade de serrapilheira, e o censo para todos os demais indicadores. A Tabela 10 apresenta a presena ou ausncia de indicadores de impactos biofsicos e sociais, e a Tabela 11 indica o percentual de cada percurso que apresenta os indicadores de impactos avaliados. Estas tabelas permitem, portanto, visualizar os principais problemas e caractersticas de cada local de uso pblico e as condies gerais do Parque quanto ao seu sistema de trilhas. A partir destas informaes foi possvel traar estratgias de manejo, apresentadas na Tabela 17. O Anexo 8 apresenta a caracterizao geral das trilhas avaliadas, alm de descries espeleolgicas, baseadas em GNASPINI & TRAJANO (1992). A presena de serrapilheira foi observada em 100% das trilhas, indicando que o estado geral de conservao das trilhas timo. Deve ser considerado que o clima seco pode ter influenciado no bom resultado, j que sem o escoamento superficial intenso as folhas permanecem no leito da trilha, mesmo quando apresenta profundidade. Novos estudos devem ser conduzidos para verificar a relao efeito-causa deste indicador com problemas como eroso, drenagem, fisionomia da floresta, etc. Observado em 16% dos levantamentos, as trilhas no oficiais so muitas vezes abertas para diminuir o percurso, cortar caminho; ir ao encontro de lagos ou rios; usar sanitrios improvisados, etc. O mesmo corte de caminho localizado na decida em zigue-zague na Trilha da Cachoeira do mirante, continua presente, sem no entanto, apresentar uma rea degradada maior. Grande parte dos locais com algum tipo de problema, como eroso, drenagem, falta de manuteno ou mesmo comportamento do visitante, podem ocasionar a presena de reas de vegetao degrada, observada em 19% das trilhas avaliadas. O nmero de rvores danificadas foi registrado em 9,7% das reas, mais freqentemente em locais de descaso ou espera como na entrada da Gruta Colorida. Em 16% dos percursos foram observadas rvores com razes expostas por pisoteio. Este outro indicador que deve ser avaliado, pois muitas vezes no foi possvel concluir se as razes estavam realmente expostas pelo pisoteio ou pela eroso, ou mesmo se as razes eram de uma ou mais rvores.

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    Tabela 10. Presena de indicadores de impacto nas trilhas do PEI. INDICADORES IMPACTOS

    FSICOS IMPACTOS

    BIOLGICOS IMPACTOS SOCIAS

    Verificador LOCAIS DE USO PBLICO

    Pre

    sen

    a d

    e se

    rrap

    ilheira

    Trilh

    as n

    o

    oficia

    is

    re

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    o

    deg

    rad

    ad

    a

    No d

    e

    rvo

    res d

    an

    ificad

    as

    No d

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    m ra

    zes e

    xp

    osta

    s

    Pre

    sen

    a d

    e lix

    o

    T. Cachoeirinha y y T. Cachoeira do Mirante y y y y y T. Cachoeira do Arco y y T. Gruta Luminosa y y T. Opo Cabeceira-Base da Cachoeira do Arco y y T. Opo Base da Cachoeira do Arco-Cabeceira da Gruta Luminosa

    y y y

    T. Gruta dos Meninos y T. Gruta do Minotauro y y y y y T. Ligao Gruta do Minotauro e Mzinha y y T. Gruta Fendo (entrada-rea Votorantim) y T. Cachoeira das Pedrinhas y y T. Cachoeira da Barra Grande y T. Gruta Colorida y y y y y y T. Gruta do Tatu y y y T. Cachoeira gua Comprida y T. Gruta Jane Mansfield y T. Opo Jane Mansfield Gruta da Santa y T. Gruta da Santa y y T. Gruta dos Paiva y y y T. Opo Gruta dos Paiva Fendo (entrada) y y T. Gruta da Mozinha y T. Trecho sada Fendo-Intervales y y T. Gruta da Fogo y T. Caadinha y y T. Mirante da Anta y y y y T. Roda dgua y y T. Autoguiada - Caminho dos Lagos y y T. do Palmito y T. Acesso Comum - inicia ao lado da Pousada Ona-Pintada

    y

    T. Acesso comum Colorida, Cachoeira do Mirante, continuao Acesso Pousada Ona-Pintada

    y

    T. Cip y y

  • 21

    Tabela 11. Percentual de cada percurso que apresenta os indicadores de impactos avaliados. INDICADORES IMPACTOS

    FSICOS IMPACTOS

    BIOLGICOS IMPACTOS SOCIAS

    Verificador LOCAIS DE USO PBLICO

    Pre

    sen

    a d

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    rrap

    ilheira

    Trilh

    as n

    o

    oficia

    is

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    o

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    No d

    e

    rvo

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    ificad

    as

    No d

    e

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    m ra

    zes e

    xp

    osta

    s

    Pre

    sen

    a d

    e lix

    o

    T. Cachoeirinha 100 0 0 0 0 100 T. Cachoeira do Mirante 100 22 11 22 0 22 T. Cachoeira do Arco 100 0 0 0 14 0 T. Gruta Luminosa 83 0 0 0 0 33 T. Opo Cabeceira-Base da Cachoeira do Arco 100 0 0 0 33 0 T. Opo Base da Cachoeira do Arco-Cabeceira da Gruta Luminosa

    100 0 20 0 20 0

    T. Gruta dos Meninos 100 0 0 0 0 0 T. Gruta do Minotauro 100 17 8 8 0 8 T. Ligao Gruta do Minotauro e Mzinha 100 0 0 0 0 9 T. Gruta Fendo (entrada-rea Votorantim) 100 0 0 0 0 0 T. Cachoeira das Pedrinhas 100 10 0 0 0 0 T. Cachoeira da Barra Grande 100 0 0 0 0 0 T. Gruta Colorida 100 27 36 18 9 55 T. Gruta do Tatu 100 100 0 0 0 100 T. Cachoeira gua Comprida 75 0 0 0 0 0 T. Gruta Jane Mansfield 100 0 0 0 0 0 T. Opo Jane Mansfield Gruta da Santa 100 0 0 0 0 0 T. Gruta da Santa 100 0 0 0 0 25 T. Gruta dos Paiva 100 0 33 0 0 17 T. Opo Gruta dos Paiva Fendo (entrada) 100 0 0 0 0 25 T. Gruta da Mozinha 100 0 0 0 0 0 T. Trecho sada Fendo-Intervales 100 0 0 0 0 100 T. Gruta da Fogo 100 0 0 0 0 0 T. Caadinha 100 0 0 0 0 11 T. Mirante da Anta 100 0 17 0 17 17 T. Roda dgua 100 0 0 0 0 11 T. Autoguiada - Caminho dos Lagos 95 0 0 0 0 10 T. do Palmito 100 0 0 0 0 0 T. Acesso Comum - inicia ao lado da Pousada Ona-Pintada 100 0 0 0 0 0

    T. Acesso comum Colorida, Cachoeira do Mirante, continuao Acesso Pousada Ona-Pintada 100 0 0 0 0 0

    T. Cip 100 0 0 0 0 17

  • 22

    Dentre as 31 trilhas e/ou trechos avaliados, observou-se presena de lixo em 52% das mesmas, tratando-se a maior parte, no entanto, de pequenas amostras compostas por pedaos de sacolas plsticas, fitas de aberturas de embalagens, papis de bala (Figura 7A), concluindo-se que a grande parte do lixo observado por ter sido abandonado no propositadamente, mas por descuido ou distrao. O lixo encontrado foi recolhido e quantificado pelo mesmo mtodo de medio da quantidade de serrapilheira, resultando em at meio balde de cinco litros.

    (A) (B)

    Figura 8 (A) Aparncia e (B) quantificao do lixo recolhido nas 31 trilhas. A Tabela 12 traz sugestes de padres (mximo/mnimos aceitveis) para cada um dos indicadores, enquanto a Tabela 13 apresenta, uma vez relacionadas as condies atuais com os padres estabelecidos, onde esto localizados os impactos da visitao nas trilhas analisadas. Tabela 12. Sugesto de padro dos indicadores de impacto (mximo/mnimo aceitvel) para cada uma das trilhas do PEI em termos de percentual de percurso.

    INDICADOR/Verificador MXIMO

    TOLERVEL

    MNIMO

    ACEITVEL

    IMPACTOS FSICOS

    Presena de serrapilheira - 100%

    Nmero de trilhas no oficiais 5% -

    IMPACTOS BIOLGICOS

    rea de vegetao degradada 0% -

    Nmero de rvores danificadas 0% -

    Nmero de rvores com razes expostas 0% -

    IMPACTOS SOCIAIS

    Presena de lixo 20% -

    De acordo com Kuss et al. (1990), o mtodo VIM enfoca principalmente a capacidade de carga e o impacto da recreao e objetiva prover diversos tipos de informao para assistir a difcil tarefa de controlar ou reduzir impactos indesejados da visitao. Tambm sugere abordagens de manejo desenvolvidas com base no conhecimento cientfico, para que no sejam repetidos os erros de programas de manejo do passado. O processo proposto no mtodo consiste em um abordagem bsica para prover um veculo de identificao sistemtica de problemas do impacto de visitao, as causas destes problemas e as solues potenciais para eles.

  • 23

    Tabela 13. Localizao dos impactos da visitao nas trilhas do PEI. INDICADORES IMPACTOS

    FSICOS IMPACTOS

    BIOLGICOS IMPACTOS SOCIAS

    Verificador LOCAIS DE USO PBLICO

    Pre

    sen

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    Trilh

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    No d

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    xp

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    Pre

    sen

    a d

    e lix

    o

    T. Cachoeirinha y T. Cachoeira do Mirante y y y y T. Cachoeira do Arco y T. Gruta Luminosa y y T. Opo Cabeceira-Base da Cachoeira do Arco y T. Opo Base da Cachoeira do Arco-Cabeceira da Gruta Luminosa

    y y

    T. Gruta dos Meninos T. Gruta do Minotauro y y y T. Ligao Gruta do Minotauro e Mzinha T. Gruta Fendo (entrada-rea Votorantim) T. Cachoeira das Pedrinhas y T. Cachoeira da Barra Grande T. Gruta Colorida y y y y y T. Gruta do Tatu y y T. Cachoeira gua Comprida y T. Gruta Jane Mansfield T. Opo Jane Mansfield Gruta da Santa T. Gruta da Santa y T. Gruta dos Paiva y T. Opo Gruta dos Paiva Fendo (entrada) y T. Gruta da Mozinha T. Trecho sada Fendo-Intervales y T. Gruta da Fogo T. Caadinha T. Mirante da Anta y T. Roda dgua T. Autoguiada - Caminho dos Lagos y T. do Palmito T. Acesso Comum - inicia ao lado da Pousada Ona-Pintada

    T. Acesso comum Colorida, Cachoeira do Mirante, continuao Acesso Pousada Ona-Pintada

    T. Cip Pode-se observar que a trilha que mais apresentou impactos que ultrapassaram o limite mximo tolervel foi tambm a trilha mais visitada, ou seja, a Cachoeira do Mirante. Em segundo lugar aparecem as trilhas da Gruta Colorida (terceira mais visitada no PEI) e a Gruta do Minotauro.

  • 24

    A Gruta dos Paiva, apesar de ser a segunda trilha mais percorrida, no apresentou o maior ndice de impactos que ficaram fora do padro. O principal papel da pesquisa no VIM identificar, to claro quanto possvel, as relaes entre indicadores chaves de impacto e variados aspectos dos padres de uso de visitao. Fatores que determinam a durabilidade de uma rea e sua auto regulao so vitalmente importantes para determinar como ela deve ser melhor manejada. O manejo de reas dentro de um sistema, deve ser gerenciado por um conceito de no degradao que preza pela manuteno das condies atuais, se elas excedem ou igualam a um padro mnimo e restaurao quando as condies encontrarem-se abaixo do padro. Isto , padres mnimos devem especificar um limite de mudana aceitvel, mas no implicar na permisso de que dada rea venha a se deteriorar para este nvel. 3.2 Infra-estrutura Foram realizadas dezessete avaliaes em estruturas do PEI relacionadas com as atividades de uso pblico, como locais para hospedagem, alimentao, manejo da visitao, manuteno e recreao, conforme segue:

    1. Quiosques 2. Centro de Visitantes Regionais 3. Casa Tcnica 4. Oficina/Lavanderia/Almoxarifado 5. Clube - atual Restaurante 6. Casa da Rita 7. Restaurante - em reforma 8. Pousada Pica-Pau 9. Pousada Ona-Pintada 10. Pousada Esquilo 11. Pousada Capivara 12. Recepo/Monitoria/Administrao 13. Piscina de Pedra 14. Sede de Pesquisa 15. Composteira 16. Pousada Mono-Carvoeiro 17. Casa Administrador

    Os impactos nas estruturas foram avaliados atravs de indicadores/verificadores de saneamento (cheiro de lixo, cheiro de fossa/esgoto, lixo fora dos lates, lixo ao redor das estruturas, entulho), comportamento danoso (vandalismo em estruturas), conflito de uso/convvio social (msica alta), impacto sonoro (sons de veculos), fauna (mudana de comportamento animal), animais domsticos (presos ou soltos), danos vegetao (nmero de indcios de fogo, presena de espcies exticas). Dos doze verificadores avaliados, dez foram registrados durante a avaliao, sendo os principais problemas encontrados e suas porcentagens de ocorrncias relacionadas na Figura 9.

  • 25

    82

    72 72

    29

    116 6 6 6 6

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    Porcentagem

    Lixo ao redor das estruturasSons de veculosPresena de espcies exticasEntulhoNmero de indcios de fogoCheiro de lixoLixo fora dos latesCheiro de fossa/esgoto Animais domsticos (presos/so ltos)Vandalismo em estruturas

    Figura 9 - Impactos do uso pblico relacionados s estruturas do PEI.

    O principal problema observado foi de lixo ao redor das construes, localizado em 82% das estruturas avaliadas. Apesar do alto ndice registrado, o volume encontrado foi pequeno e por vezes pouco evidente. Sons de veculo e presena de espcies exticas ocorrem em segundo lugar, podendo ser percebidos em 72% das estruturas. Na avaliao realizada em 1999, as espcies exticas apareceram como o problema mais freqente no PEI, sendo sugeridas aes de manejo para substituio por espcies nativas. A diminuio do porcentual registrado de 83% (1999) para 72% (2007), no reflete necessariamente uma melhoria no paisagismo do Parque, podendo ser atribudo forma subjetiva de avaliao, mas que ainda assim mostra uma dimenso real do problema existente na rea. Entulho ocorre em quarto lugar, em 29% das estruturas. Neste aspecto nota-se que houve melhorias, j que em 1999 foram observados 61% de entulho nas estruturas avaliadas. O verificador cheiro de lixo foi registrado apenas uma vez, e em um local onde esta ocorrncia era previsvel, ou seja, na rea da composteira. Sua localizao inadequada, j que se encontra em local de passagem dos visitantes seja p ou de carro (Figura 10A). Alm do mau cheiro, o lixo que deveria ser composto apenas por material orgnico, trazia lixo reciclvel, como latinha de alumnio, plsticos e latas de conservas (Figura 10B).

    (A) (B) Figura 10 (A) Lixo depositado ao lado da composteira, em local de passagem de

    visitantes. (B) Restos de alimentos misturados com lixo reciclvel.

  • 26

    No momento da avaliao foram observados exemplares de jacutingas vasculhando o lixo, afugentadas pela nossa proximidade. A freqncia de indcios de fogo foi pequena, localizado em apenas duas estruturas, nas Pousada Esquilo e Pousada Capivara, que segundo informaes de um monitor um foi solicitada por um visitante e autorizada, e outros no se sabe se foi visitante ou pedreiro quando da reforma da Pousada Esquilo. Lixo fora dos lates foi observado em apenas um ponto, no Clube onde atualmente funciona o restaurante. Cheiro de fossa/esgoto foi registrado na Pousada Esquilo. Animais domsticos (presos ou soltos), foi observado um cachorro sem dono em frente ao Clube atual restaurante. E vandalismo em estruturas foi observado na rea dos quiosques, com nomes escritos com carvo nos tijolos das churrasqueiras, telhas e na estrutura de madeira. No foi constatada msica alta e nem mudana de comportamento animal durante a avaliao das estruturas. 3.3 Satisfao do Visitante A satisfao do visitante um importante indicador de impacto sobre a qualidade da visita, tambm chamado de impacto social. Com o intuito de identificar a percepo do visitante quanto s influncias da visitao sobre os recursos naturais do PEI, e sobre a lotao ou congesto de uso, foram aplicados questionrios no perodo de 16 a 21 de agosto de 2007. A forma de aplicao do questionrio ficou delimitada a uma pessoa por grupo, e abrangeu um total de dez questionrios, correspondendo a dez grupos de uma a noventa pessoas, em um total de 192 visitantes. Destes, trs eram instrutores de duas agncias que acompanham escolas, a Mais Eventos Turismo e a Meeting Way, ambas locadas em So Paulo. A Tabela 14 apresenta o resumo das respostas obtidas com relao ao primeiro item, ou seja, a percepo da influncia da visitao sobre os recursos naturais do PEI. Tabela 14. Percepo dos visitantes quanto s condies de itens relacionados s atividades de visitao no PEI.

    A condio que voc viu era

    Ruim Aceitvel Bom Excelente

    Danos vegetao 0% 10% 40% 50%

    Vandalismo 0% 10% 30% 60%

    Trilhas 10% 20% 20% 50%

    Limpeza 0% 0% 30% 70%

    Sons 10% 10% 30% 50%

    Animais 0% 0% 20% 80%

    Infra-estrutura e Servios 0% 10% 40% 50%

    Fonte: Questionrio de avaliao scio-ambiental aplicado em agosto de 2007.

  • 27

    A maior parte das pessoas avalia que os danos ocorridos vegetao no so preocupantes, considerando a situao vista como boa ou excelente (90% das pessoas), o mesmo ocorrendo em relao ao vandalismo (90%). Porm a percepo se altera com relao s trilhas, que apesar de 50% consider-las excelentes, 40% dos visitantes avaliaram-nas como boas e aceitveis, e 10% chegaram a considerar ruim. Comparando-se com a avaliao realizada em 1999, na opinio dos visitantes a situao das trilhas melhorou. Em 1999 as trilhas foram consideradas aceitveis ou ruins por 60% dos visitantes. Deve-se observar que em janeiro de 1999, no perodo em que os questionrios foram aplicados, houve muita chuva o que evidenciou os problemas de drenagem nas trilhas, aumentando os riscos de escorregamentos e acidentes mais srios. Em 2007, os visitantes responderam aos questionrios em uma condio de clima seco, quando os problemas nas trilhas no ficam to evidentes, tornando o caminhamento mais fcil. A grande maioria dos visitantes ficou satisfeita com os servios oferecidos pelo Parque, infra-estrutura das pousadas, restaurante e demais instalaes, e com a limpeza dos mesmos, incluindo lixo nas trilhas, o que sugere a adequao das instalaes e servios ao tipo de visitante que freqenta o Parque. No item sons, considerou-se todos os tipos de percepo: sons de animais (em sua grande maioria pssaros ao longo das trilhas), rudos de carros, exploses de pedreira, rdio, televiso, etc. e novamente a maioria dos visitantes considera a situao boa ou excelente (80% das observaes), o que revela novamente a satisfao do pblico que freqenta o Parque. Com relao capacidade de lotao do Parque, no perodo de seis dias que abrangeu cerca de 192 visitantes, a percepo foi a de um ambiente no lotado, com 80% das respostas. interessante notar que em janeiro de 1999, com um nmero bem menor de pessoas, cerca de 74 durante um perodo de dez dias, a percepo de 64% dos visitantes foi a de um ambiente moderadamente lotado. A percepo de lotao se deve muito mais s condies observadas em ambientes como o restaurante, pousadas e demais instalaes do que nas trilhas, onde a monitoria do Parque realiza a distribuio dos grupos para que no ocorra o encontro de turistas ao longo das caminhadas e passeios. Os dados esto na Tabela 15. Tabela 15. Percepo dos visitantes quanto capacidade de lotao do PEI.

    Voc considera o Parque No de respostas Porcentagem

    No lotado 8 80%

    Pouco lotado 1 10%

    Moderadamente lotado 1 10%

    Extremamente lotado 0 0%

    Fonte: Questionrio de avaliao scio-ambiental aplicado em agosto de 2007 A pergunta final avalia o quanto eventuais problemas e insatisfaes influem no comportamento do visitante em relao ao retorno ao PEI. Nesse item, as respostas foram unnimes, sendo que todos os visitantes voltariam ao Parque para desfrutar de suas instalaes e passeios (Tabela 16).

  • 28

    Tabela 16. Pretenses dos visitantes em relao ao retorno ao PEI.

    Voc voltaria ao Parque Estadual Intervales? No de respostas Porcentagem

    Voltaria 10 100%

    No voltaria 0 0%

    Fonte: Questionrio de avaliao scio-ambiental aplicado em agosto de 2007 Foi identificado um questionrio na recepo do PEI (Anexo 9), que j foi aplicado mas no sistematizado, portanto, no foi possvel avaliar as opinies dos visitantes atravs desta fonte. 3.4 Monitoria Com base na anlise de dados das fichas de acompanhamento de visitao e nas observaes realizadas durante nossa permanncia no PEI, constatou-se uma srie de caractersticas positivas e negativas que so descritas abaixo. No h impactos sociais nas trilhas decorrentes do encontro com pessoas e grupos durante o trajeto, em funo do sistema de monitoria adotado pelo Parque. Alm disso, notou-se que este sistema um fator de integrao entre os visitantes que fazem parte de um mesmo grupo durante os passeios. Isto porque estas pessoas permanecem juntas nos horrios de refeio e procuram fazer novos passeios em conjunto. A limitao imposta quanto ao nmero de pessoas de no mximo 15 turistas por grupo, mas, em dias de maior movimento, este nmero, segundo relatos dos monitores, algumas vezes pode chegar a mais de 20 pessoas. Isso interfere na qualidade da visita, pois os turistas no conseguem ouvir as explicaes do monitor durante a caminhada e o trabalho de interpretao fica condicionado ao interesse do grupo, com o monitor explicando apenas o que lhe perguntado. Tambm devido ao tamanho dos grupos, no possvel que todas as pessoas entrem em uma gruta de uma s vez, sendo assim, uma parte dos turistas visita a caverna e outra fica do lado de fora esperando. Em certos casos isso representa um fator de estmulo para atos de vandalismo e explorao de reas em volta das entradas das cavernas (fora das trilhas), causando problemas de degradao da vegetao (pisoteio), eroso e conseqentemente aumento do risco para os prprios visitantes. Constatou-se ainda a existncia de problemas em relao grande concentrao de visitantes em algumas poucas atraes oferecidas pelo Parque, como a Cachoeira do Mirante, a Gruta dos Paiva e a Gruta Colorida. Isto deve-se principalmente a dois motivos: a ausncia de um Centro de Visitantes mais elaborado, com fotos e informaes dos roteiros; e tambm falta de orientao aos monitores no sentido de divulgar outros roteiros menos procurados. Deve ser realizado um treinamento dos monitores quanto ao exerccio da capacidade de liderana em grupo, j que s vezes ocorrem problemas devido falta de autoridade, pois os interesses particulares dos visitantes so diferentes, como o caso do visitante que se acidentou na Gruta Colorida, e sem a coordenao e liderana do monitor, esses interesses tornaram-se conflitantes, prejudicando o trabalho de interpretao e a visitao em si.

  • 29

    Alm disso, os monitores atuais encontram-se sobrecarregados em termos de horas de trabalho. A falta de monitores disponveis gera problemas de vandalismo em algumas reas mais prximas administrao, por grupos que passam o dia no Parque e que fazem percursos sem autorizao e acompanhamento dos monitores. H ainda grupos de turistas que visitam o Parque freqentemente e que escolhem, alm do passeio a ser feito, o monitor que os acompanhar, privando outros grupos de conhecerem alguns dos monitores e seus trabalhos, como o caso do monitor Luiz que atualmente acompanha quase que exclusivamente observadores de aves. Enfim, ocorrem diversos tipos de problemas no atual sistema de monitoria, mas isso contrabalanado pelo excelente nvel de conhecimento das atraes e trilhas do Parque por parte dos monitores, e pela enorme simpatia e dedicao com eles realizam seu trabalho. Assim, a opinio dos visitantes a respeito da monitoria reflete satisfao e admirao em boa parte dos casos.

  • 30

  • 31

    4. PROPOSTAS DE AO Com base em todas as anlises descritas nos resultados do Item 3 - Avaliao dos Impactos da Visitao, so apresentadas propostas visando a melhoria de alguns servios e infra-estrutura. 4.1 Trilhas Como demonstrado nos resultados da Avaliao de Impacto da Visitao, o estado geral de conservao das trilhas do PEI se mostra satisfatrio. No entanto, atividades de manuteno, conservao e melhorias devem ser implantados como rotina, visto que as trilhas formam o principal recurso oferecido aos visitantes do Parque, devendo, portanto, ser objeto de maior ateno por parte da administrao. Os indicadores que mais refletiram a necessidade de interveno nas trilhas foram presena de lixo, rea de vegetao degrada e trilhas no oficiais. Algumas aes de recuperao da vegetao ao longo das trilhas fazem-se necessrias, assim como a interveno corretiva, ou seja, mudana de traado em alguns trechos, e ainda desenvolvimento de infra-estruturas. Infra-estrutura refere-se colocao de elementos de segurana, como escada, corda, corrimo, e outros ligados melhoria dos aspectos de conforto do usurio. A passagem das trilhas por reas de solo frgil deve ser evitada, quando possvel. De forma contrria, quando no puderem ser evitados, deve haver interveno corretiva, pois em pouco tempo tem-se a formao de reas degradadas e de difcil trnsito pelos usurios. Estas atividades de definio e recuperao de trilhas requerem um estudo mais detalhado, para que possam ser estimados seus custos de implantao. Algumas placas de sinalizao, principalmente em alguns pontos da Trilha Autoguiada, devem ser substitudas e recolocadas. Sugere-se que sejam feitas maior quantidade de placas interpretativas. As reas mais visitadas no PEI so, respectivamente, Trilha da Gruta Colorida, Trilha da Gruta dos Paiva e Trilha da Cachoeira do Mirante. A Tabela 17 apresenta sugestes de estratgias de manejo em funo dos impactos detectados, e devem ser prioritariamente implantadas em funo da quantidade de uso de cada uma das trilhas. O atual manejo que tem sido realizado, isto , o abandono de certos trechos e abertura de novos acessos deve ser repensado, pois estes apresentam os mesmos problemas das trilhas analisadas. Recomenda-se que seja realizado um planejamento para manuteno das trilhas, aquisio de ferramentas exclusivas para o uso pelos monitores, assim como materiais para pequenas intervenes, como construo e manuteno de degraus e corrimo. Deve haver orientao aos monitores, ou das pessoas contratadas por pesquisadores, na abertura de novas trilhas, para que no sejam excessivamente alargadas, j que so temporrias.

  • 32

    Tabela 17. Sugesto de Estratgias de Manejo em funo dos impactos detectados e suas causas provveis. INDICADOR DE

    IMPACTOS VERIFICADOR CAUSA PROVVEL

    ESTRATGIA DE

    MANEJO POTENCIAL

    Presena de serrapilheira poca do ano, com queda

    das folhas e clima seco.

    Monitorar na poca das

    chuvas, para observar se

    a quantidade de

    serrapilheira mantida FSICOS

    Nmero de trilhas no

    oficiais

    Mau comportamento,

    falta de manuteno Orientar os visitantes

    rea de vegetao

    degradada

    Mau comportamento,

    planejamento e manejo

    da trilha, tamanho dos

    grupos

    Orientar os visitantes,

    recuperar as reas, avaliar

    tamanho de grupos

    Nmero de rvores

    danificadas

    Mau comportamento,

    planejamento e manejo

    da trilha, tamanho dos

    grupos

    Orientar os visitantes,

    avaliar tamanho de grupos

    BIOLGICOS

    Nmero de rvores com

    razes expostas Eroso, pisoteio

    Monitorar para verificar

    causas

    SOCIAIS Presena de lixo Descuido, distrao, mau

    comportamento Orientar os visitantes

    4.2 Segurana e Equipamentos Os equipamentos e facilidades de pronto atendimento no socorro s eventuais

    vtimas necessitam de maior ateno e coordenao por parte da administrao. Deve ser elaborado um Plano de Gerenciamento de Risco.

    Para um adequado atendimento do usurio em casos de acidentes graves,

    necessita-se de cordas de alpinismo, maca e sobretudo rdios de comunicao para todos os guias, fundamental na localizao das vtimas.

    O Caderno de Registro de ocorrncias deve relatar todos as ocorrncias, para

    que se tenha ao final de cada ano uma estatstica das trilhas mais problemticas, dos acidentes mais freqentes e das medidas corretivas a serem tomadas.

    A conservao de estradas que permitem o acesso das trilhas fundamental

    para que se tenha baixos nveis de acidentes, e para que, em casos graves, se possa chegar ao local mais prximo para resgate da vtima.

    4.3 Moradias Melhorias do paisagismo em moradias e estruturas existentes devem priorizar

    o uso de espcies locais. Na medida do possvel, as reas abertas sem uso justificado deveriam ser reconduzidas condio de floresta, utilizando-se do plantio de mudas de espcies nativas pioneiras, que poderiam acelerar o processo de regenerao da vegetao.

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    A separao de estruturas de uso administrativo e de visitao pode ser feita por meio de cercas vivas. Existem reas prximas ao restaurante que encontram-se em processo de regenerao. Apesar de seu aspecto, no devem ser suprimidas ou subsistudas por outras espcies consideradas paisagsticas.

    A ceva de animais com o objetivo de aumentar a sua visualizao pelos

    turistas, no recomendada, pois causa impacto na fauna pela dependncia do alimento oferecido. Outras Unidades de Conservao enfrentam problemas como a invaso de animais em reas residenciais e de visitao em busca de alimento, causando diversos acidentes como mordidas, arranhes, etc.

    Funcionrios e visitantes devem ser melhor orientados quanto ao lixo e

    deposio de entulho em estruturas e moradias. Apesar da baixa freqncia de indcios de fogo, os funcionrios e visitantes

    devem ser orientados sobre o risco de sua utilizao. 4.4 Questionrios necessrio implementar uma rotina de sistematizao de dados sobre os

    visitantes. 4.5 Monitoria O nmero ideal de pessoas por grupo em caminhadas nas trilhas e

    principalmente cavernas, de 7 pessoas. Este nmero foi citado pos funcionrios, guias e pelos prprios visitantes, pois consenso que tamanhos de grupos menores refletem em um aumento da qualidade da visita devido a fatores como: i) facilidade de ouvir os comentrios e instrues do guia; ii) maior possibilidade de observao de animais1 e iii) diminuio/controle dos impactos biofsicos.

    O nmero mximo de encontros de um grupo com outro em trilhas, no deve

    exceder a dois, a fim de no causar um impacto social negativo. necessrio, portanto, uma planificao detalhada das atividades dos monitores. Esta estratgia pode ser facilitada pela extensa rede de trilhas que o Parque possui.

    O uso de uniformes pelos monitores imprescindvel, pois alm de identific-

    los como funcionrios do Parque, facilita o reconhecimento de sua autoridade. Alm disso, um treinamento com relao coordenao de grupos deve ser priorizada, uma vez que a falta de autoridade dos monitores, devido ao perfil dos mesmos, foi detectada como um problema na conduo dos grupos.

    Uma melhor divulgao dos roteiros e organizao no momento de escolha

    dos passeios pelos visitantes foi identificada como relevante, possibilitando

    1 De acordo com o pesquisador VIVO (1997), a maioria das espcies tem hbitos noturnos, tornando bastante difcil sua visualizao. O observador casual pode ter sucesso em encontrar diversas espcies se tomar alguns cuidados bsicos: andar bem devagar (cerca de 1 Km por hora), em completo silncio, e parar de quando em quando para escutar. Quanto menor o nmero de pessoas, menor o rudo e maior o sucesso. noite valem as mesmas regras, alm da recomendao de que as lanternas sejam acesas apenas quando necessrio.

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    um melhor gerenciamento das funes de preparo de equipamentos e preenchimento de informaes das fichas de acompanhamento de visitas monitoradas.

    4.6 Novas Programaes

    Levando-se em considerao os objetivos do Zoneamento do Parque Estadual Intervales, pode-se concluir: As reas onde esto localizadas todas as estruturas de apoio do Parque Estadual Intervales, podem sofrer melhorias quanto ao aspecto paisagstico, desde que sejam utilizadas espcies nativas do Parque; reas degradadas podem ser incrementadas com espcies arbreas pioneiras;

    Na rea onde est localizada a base Saibadela no sero permitidas atividades de ecoturismo, por tratar-se de Zona de Preservao. Cado isto acontea o zoneamento do Parque deve ser revisto;

    A rea denominada Barra Grande est classificada dentro da Zona de Uso Especial, onde permitida a visitao pblica. Nesta rea, assim como em praticamente toda a rea do Parque, tambm deve-se permitir a visitao apenas com o acompanhamento de guias. Trata-se de uma rea bastante preservada, do ponto de vista de integridade de ecossistemas, e portanto seu uso para visitao dever ser mais restritivo, inclusive levando-se em considerao a capacidade das instalaes j existentes; Em uma segunda etapa do trabalho de restruturao do programa de visitao, estudos mais detalhados podem indicar novas oportunidades de passeios no PEI. Os funcionrios do Parque citaram alguns deles relacionados abaixo: Trilha da Caadinha - recuperando um antigo traado, foi reaberta uma trilha de 10 km de extenso que ainda no foi utilizada pelo visitantes. Trilha da Cachoeira das Mortes - trilha localizada na Barra Grande, de cerca de 20 km de extenso, leva a uma cachoeira de aproximadamente 60 m. Barra Grande - a sede de pesquisa localizada na Barra Grande representa uma nova possibilidade de passeio com pernoite e atrativos diferenciados, como habitao sem energia eltrica, mas com todo o conforto necessrio, em uma rea de floresta bastante conservada. Por se tratar de uma rea mais isolada, a possibilidade de observao de animais torna-se maior. Este tipo de programa muito procurado por turistas estrangeiros. Vantagem econmica: adicional de custo pelo servio diferenciado. Equipamento de segurana bsico: rdio. Grutas da regio da Bocaina - o Parque possui diversas cavernas localizadas na regio chamada Bocaina, mas ainda sem opes de trilhas, bases de hospedagem e estradas de acesso. Rota dos Tropeiros e Rota dos Jesutas - trilhas histricas que passam pela regio e que representam passeios de maior grau de dificuldade (caminhadas de 2 a 3 dias). Existe uma rea contgua ao Parque, que possui cerca de trinta mil hectares sendo de propriedade da Agro-Industrial Eldorado S/A. Esta rea, denominada Fazenda Colnia Nova Trieste Eldorado, j possui uma proposta de Manejo Sustentvel, elaborada pelo Departamento de Cincias Florestais da ESALQ-USP, que indica um grande potencial para ecoturismo.

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    A conservao de estradas que do acesso a estes locais fundamental para a continuidade dos passeios existentes e de futuras programaes. A estrada Sede-Barra Grande tem graves problemas devido a um grande desmoronamento, assim como a estrada Sede-Carmo. Diversos passeios estaro interditados se o problema vier a se agravar. A estrada de acesso Trilha da Gruta dos Paiva encontra-se com srios problemas de drenagem, impossibilitando a passagem de veculos que no possuam trao nas quatro rodas. Todos os acidentes ocorridos no local foram agravados pela dificuldade na remoo das vtimas. Deve ser verificado a possibilidade de conservao inclusive do trecho que localiza-se na propriedade das Indstrias Votorantim S/A. Trs dos maiores atrativos do PEI encontram-se na rea das Indstrias Votorantim S/A. A continuidade da concesso de uso destes locais fundamental para o Programa de Visitao. 4.7 Outras Sugestes Na implantao de infra-estruturas deve-se priorizar alternativas que s podem ser oferecidas por um Parque Estadual, sem repetir oportunidades que podem ser desenvolvidas em outros locais. Gostaramos de relembrar aqui os objetivos de manejo de um Parque Estadual j citados na Parte I deste relatrio, retirados do Plano de Gesto (1997). Parque Estadual um espao territorial terrestre e/ou aqutico para proteo ambiental, dotado de atributos naturais ambientalmente relevantes a serem preservados em carter permanente. Os Parques Estaduais tm como objetivo bsico a conservao in situ da biodiversidade, de sua dinmica funcional e dos processo ecolgicos fundamentais, bem como dos seus atributos paisagsticos, culturais e histricos, destinando-se a fins cientficos , educaticvos, recreativos e ecotursticos, de acordo com as diretrizes de seus planos de gesto ambiental (ou plano de manejo), resguardando a rea de quaisquer alteraes que os desvirtuem para garantir a preservao dos seus ecossistemas. Os Parques Estaduais devem atender s seguintes exigncias: possuir trechos de um ou mais ecossistemas totalmente inalterados ou parcialmente alterados pela ao do homem, nos quais as espcies vegetais e animais, os stios geomorfolgicos e os habitats, ofeream interesse especial do ponto de vista cientfico, cultural, educativo, recreativo e ecoturstico, ou onde existam paisagens naturais de grande valor cnico. Estes objetivos tornam um Parque Estadual uma rea completamente distinta de outras tambm chamadas de parques, como parques de diverses e parques aquticos; ou mesmo clubes e hotis fazenda. Isto torna-se ainda mais relevante quando relacionado rica biodiversidade existente na rea, como foi exposto na Parte 1.5 Pesquisa. Portanto, atividades e estruturas como ceva de animais, centro de esportes, entre outras, devem ser evitadas. Listamos abaixo uma srie de possibilidades pertinentes a uma Unidade de Conservao como o Parque Estadual Intervales.

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    Centro de Visitantes Segundo Hardt (1998), entre os principais componentes das estruturas e infra-estruturas em Unidades de Conservao, o Centro de Visitantes serve de apoio ao visitante que procura a UC na busca de atividades de recreao, interpretao, educao, turismo e relaes pblicas, devendo estar situado de tal forma que seja facilmente localizado do acesso rea, sendo convidativo ao pblico. Ainda de acordo com o autor, os principais componentes de um Centro de Visitantes so: Sala de recepo com balco de informaes Sala de exposies (permanente/temporria) Sala de conferncias Sala de projees Sala para funcionrios/preparao de material Lanchonete Restaurante Servios de apoio (inclusive guarda-volume) Lojas Museu (com pequenos laboratrios com peas de histria natural) Biblioteca Fototeca Sanitrios Trilha Suspensa Como j utilizado com sucesso em alguns parques, como na Costa Rica e at mesmo no Estado da Bahia, a trilha suspensa ou "Canopy Walk" torna-se um atrativo a mais para o Parque, trazendo muitos visitantes. O fator limitante o alto custo de implantao. Torre de Observao de Aves Utilizado em alguns parques americanos e da Europa, uma estrutura simples, de madeira, podendo ser construda em diversas alturas, onde observa-se a organizao das aves quanto ocupao dos diversos estratos da floresta. De uma torre na altura do dossel da floresta (copa das rvores mais altas), poderia-se observar tambm grande quantidade de orqudeas e bromlias, assim como toda a fauna associada a este ecossistema. Alternativas para dias chuvosos Exibio de filmes e realizao de palestras/cursos no centro de visitantes Passeios at cavernas mais prximas (Gruta dos Meninos) Passeios que podem ser feitos com guarda-chuva: praticamente toda a trilha

    Auto-guiada; na Trilha do Palmito podem ser observadas rvores que exalam odor caracterstico apenas nos dias de chuva

    A atividade na Torre de Observao de Aves tambm uma tima opo para os dias chuvosos, uma vez que a mesma coberta.

    Jipes com carretas cobertas O uso de veculos para transporte de turistas em percursos de longa distncia uma alternativa vivel, citado como interessante pelos prprios funcionrios, pois evitaria circulao indevida de veculos particulares.

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    O Parque Nacional do Iguau possui um exemplo de jipe com motores de baixo nvel de rudo puxando carretas que comportam at 20 passageiros. Devido maior circulao de veculos, deve ser institudo um controle de animais atropelados.A intensificao na circulao de veculos deve considerar o impacto sonoro que os mesmos iro causar nas trilhas e moradias.

    Venda de souvenirs Comprovadamente a venda de produtos relacionados ao tema natureza, tem sido uma das maiores fontes de sustentao de parques, como alguns parques americanos, e tambm cita-se o exemplo de uma reserva no Brasil, cuja venda destes produtos cobre todas as despesas com os funcionrios da Unidade de Conservao. Publicaes sobre o Parque Sugere-se que sejam publicados materiais didticos, informativos, livros e outros, utilizando-se as informaes geradas pela pesquisa, como anteriormente citado nos objetivos das diretrizes do programa de Pesquisa Cientfica, para venda e divulgao do Parque Estadual Intervales. Novas exposies de divulgao Diante do sucesso da exposio real