TROCA TARDIA DA VALVA PULMONAR APÓS CORREÇÃO DE ... · empregada circulação extra-corpórea...

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TROCA TARDIA DA VALVA PULMONAR APÓS CORREÇÃO DE CARDIOPATIA CONGÊNITA Introdução: após correção de algumas cardiopatias a valva pulmonar pode se deteriorar tardiamente. Sua substituição na fase adulta, segundo a literatura, ocorre com pouca frequência. Objetivo: relatar dois casos operados na infância com evolução de insuficiência pulmonar importante tardiamente, com necessidade de troca valvar pulmonar. Relato do caso: Caso 1 R.P., masc. 29 anos, aos cinco anos de idade (1991) foi submetido à correção total de Tetralogia de Fallot. Apresentava cansaço aos médios e pequenos esforços. Estudo ecocardiográfico demonstrou aumento importante do VD (30 mm) com função comprometida e regurgitação pulmonar grave. Ressonância Magnética do Coração (RNM) revelou disfunção sistólica discreta do VD, aumento das dimensões e volume e sem sinais de fibrose. Em agosto de 2014 foi submetido à troca da valva pulmonar por prótese porcina (Hancock- Medtronic®) tamanho 23 e ampliação da VSVD e artéria pulmonar (AP) com placa de pericárdio bovino (PB). Caso 2 R.L.C., 36 anos, aos nove anos de idade (1988) foi submetido ao fechamento de CIA e comissurotomia pulmonar. Apresentava cansaço e menos “disposição” bem como edema de face. Estudo ecocardiográfico revelou aumento importante do VD (39 mm) e valva pulmonar com insuficiência severa. RNM revelou ausência de fibrose do VD. Em dezembro de 2016 foi submetido à troca da valva pulmonar por prótese biológica de PB (Magna-Ease Edwards®) tamanho 27 (com sutura contínua) e ampliação da AP e VSVD com placa de PB. Em ambos os casos foi empregada circulação extra-corpórea (CEC) com pinçamento aórtico. Os dois pacientes apresentaram boa evolução. O tempo de pinçamento aórtico e CEC foram de 58 e 67 minutos para o caso 1, respectivamente. Para o caso 2 foi de 67 e 78 minutos, respectivamente. No caso 2 a orientação da prótese foi pouco mais inclinada, ou seja, sua abertura ficou na direção da AP. Como detalhe técnico, os pontos de fixação da prótese foram passados pouco abaixo do anel valvar englobando o mesmo. Neste local tomou-se o cuidado de não lesar artéria coronária esquerda. Ambos pacientes estão assintomáticos. No caso 2 houve regressão total do edema de face. O tamanho do VD diminuiu (caso 1 de 30 mm para 22 mm) e caso 2 (de 39 mm para 26 mm). Hospital Nossa Senhora das Graças – Curitiba – PR - Brasil AUTORES: Roberto Gomes de Carvalho, Remulo José Rauen Júnior, Gabriel Salles Ottoboni e Vinicius Nesi Cavicchioli. Conclusão: A insuficiência valvar pulmonar é rara devida às técnicas de preservação da valva na correção da cardiopatia congênita. Pelo aumento do VD sugere-se realizar RMN do coração para afastar fibrose difusa. Detalhes da técnica operatória como inclinação da prótese e cuidados com o trajeto da artéria coronária esquerda são pontos importantes para boa evolução. Exame de imagem para planejamento pre-op. Radiografia pos-operatoria demonstra protese em posição pulmonar

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TROCA TARDIA DA VALVA PULMONAR APÓS CORREÇÃO DE CARDIOPATIA CONGÊNITA

Introdução: após correção de algumas cardiopatias a valvapulmonar pode se deteriorar tardiamente. Sua substituição nafase adulta, segundo a literatura, ocorre com poucafrequência.

Objetivo: relatar dois casos operados na infância comevolução de insuficiência pulmonar importante tardiamente,com necessidade de troca valvar pulmonar.

Relato do caso: Caso 1 R.P., masc. 29 anos, aos cinco anos de idade

(1991) foi submetido à correção total de Tetralogia de Fallot. Apresentava cansaço aos médios e pequenos esforços. Estudo ecocardiográfico demonstrou aumento importante do VD (30 mm) com função comprometida e regurgitação pulmonar grave. Ressonância Magnética do Coração (RNM) revelou disfunção sistólica discreta do VD, aumento das dimensões e volume e sem sinais de fibrose. Em agosto de 2014 foi submetido à troca da valva pulmonar por prótese porcina (Hancock- Medtronic®) tamanho 23 e ampliação da VSVD e artéria pulmonar (AP) com placa de pericárdio bovino (PB).

Caso 2 R.L.C., 36 anos, aos nove anos de idade (1988) foi submetido ao fechamento de CIA e comissurotomiapulmonar. Apresentava cansaço e menos “disposição” bem como edema de face. Estudo ecocardiográfico revelou aumento importante do VD (39 mm) e valva pulmonar com insuficiência severa. RNM revelou ausência de fibrose do VD. Em dezembro de 2016 foi submetido à troca da valva pulmonar por prótese biológica de PB (Magna-EaseEdwards®) tamanho 27 (com sutura contínua) e ampliação da AP e VSVD com placa de PB. Em ambos os casos foi empregada circulação extra-corpórea (CEC) com pinçamentoaórtico. Os dois pacientes apresentaram boa evolução. O tempo de pinçamento aórtico e CEC foram de 58 e 67 minutos para o caso 1, respectivamente. Para o caso 2 foi de 67 e 78 minutos, respectivamente. No caso 2 a orientação da prótese foi pouco mais inclinada, ou seja, sua abertura ficou na direção da AP. Como detalhe técnico, os pontos de fixação da prótese foram passados pouco abaixo do anel valvar englobando o mesmo. Neste local tomou-se o cuidado de não lesar artéria coronária esquerda. Ambos pacientes estão assintomáticos. No caso 2 houve regressão total do edema de face. O tamanho do VD diminuiu (caso 1 de 30 mm para 22 mm) e caso 2 (de 39 mm para 26 mm).

Hospital Nossa Senhora das Graças – Curitiba – PR - Brasil

AUTORES: Roberto Gomes de Carvalho, Remulo José Rauen Júnior, Gabriel Salles Ottoboni e Vinicius Nesi Cavicchioli.

Conclusão: A insuficiência valvar pulmonar é rara devida às técnicas de preservação da valva na correção da cardiopatia congênita. Pelo aumento do VD sugere-se realizar RMN do coração para afastar fibrose difusa.Detalhes da técnica operatória como inclinação da prótese e cuidados com o trajeto da artéria coronária esquerda são pontos importantes para boa evolução.

Exame de imagem para planejamento pre-op.

Radiografia pos-operatoria demonstra proteseem posição pulmonar