Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

5
14/3/2014 Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2792,1.shl 1/5 Vida nua, vida besta, uma vida Por Peter Pál Pelbart Ao reduzir a existência ao seu mínimo biológico, o biopoder contemporâneo nos transforma em meros sobreviventes O contexto contemporâneo se caracteriza por uma nova relação entre o poder e a vida. Por um lado, uma tendência que poderia ser formulada como segue: o poder tomou de assalto a vida. Isto é, ele penetrou todas as esferas da existência, e as mobilizou inteiramente, pondo-as para trabalhar. Desde os gens, o corpo, a afetividade, o psiquismo, até a inteligência, a imaginação, a criatividade, tudo isso foi violado, invadido, colonizado, quando não diretamente expropriado pelos poderes. Mas o que são os poderes? Digamos, para ir rápido, com todos os riscos de simplificação: as ciências, o capital, o Estado, a mídia. Sabemos, no entanto, que os mecanismos diversos pelos quais eles se exercem são anônimos, esparramados, flexíveis, rizomáticos. O próprio poder tornou-se "pós- moderno": ondulante, acentrado, reticular, molecular. Com isso, ele incide diretamente sobre nossas maneiras de perceber, de sentir, de amar, de pensar, até mesmo de criar. Se antes ainda imaginávamos ter espaços preservados da ingerência direta dos poderes (o corpo, o inconsciente, a subjetividade) e tínhamos a ilusão de preservar em relação a eles alguma autonomia, hoje nossa vida parece integralmente subsumida a tais mecanismos de modulação da existência. Até mesmo o sexo, a linguagem, a comunicação, a vida onírica, mesmo a fé, nada disso preserva já qualquer exterioridade em relação aos mecanismos de controle e monitoramento, se é que alguma vez tal exterioridade fosse cabível. Para resumi-lo numa frase: o poder já não se exerce desde fora, nem de cima, mas como que por dentro, pilotando nossa vitalidade social de cabo a rabo. Não estamos mais às voltas com um poder transcendente, ou mesmo repressivo, trata-se de um poder imanente, produtivo. Como o mostrou Foucault, um tal biopoder não visa barrar a vida, mas tende a encarregar-se dela, intensificá-la, otimizá-la. Daí nossa extrema dificuldade em situar a resistência, já mal sabemos onde está o poder, e onde estamos nós, o que ele nos dita, o que nós dele queremos, nós nos encarregamos de administrar nosso controle, e o próprio desejo está inteiramente capturado. Nunca o poder chegou tão longe e tão fundo no cerne da subjetividade e da própria vida como nessa modalidade contemporânea do biopoder. É onde intervém o segundo eixo que seria preciso evocar, sobretudo em autores provenientes da autonomia italiana. Resumo tal tendência da seguinte maneira. Quando parece que “está tudo dominado”, como diz um rap brasileiro, no extremo da linha se insinua uma reviravolta: aquilo que parecia submetido, controlado, dominado, isto é, “a vida”, revela no processo mesmo de expropriação, sua potência indomável. Tomemos apenas um exemplo. O capital precisa hoje não mais de músculos e disciplina, porém de inventividade, de imaginação, de criatividade, de força-invenção. Mas essa força-invenção, de que o capitalismo se apropria e que ele faz render em seu benefício próprio,

Transcript of Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

Page 1: Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

14/3/2014 Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2792,1.shl 1/5

Vida nua, vida besta, uma vidaPor Peter Pál Pelbart

Ao reduzir a existência ao seu mínimo biológico, o biopoder contemporâneo nostransforma em meros sobreviventes

O contexto contemporâneo se c arac teriza por uma nova relação entreo poder e a vida. Por um lado, uma tendênc ia que poderia serformulada como segue: o poder tomou de assalto a vida. Isto é, elepenetrou todas as esferas da existênc ia, e as mobilizou inteiramente,pondo-as para t rabalhar. Desde os gens, o c orpo, a afet ividade, opsiquismo, até a inteligênc ia, a imaginação, a c riat ividade, tudo issofoi violado, invadido, c olonizado, quando não diretamente expropriadopelos poderes. Mas o que são os poderes?

Digamos, para ir rápido, c om todos os risc os de simplif ic ação: asc iênc ias, o c apital, o Estado, a mídia. Sabemos, no entanto, que osmecanismos diversos pelos quais eles se exercem são anônimos,esparramados, f lexíveis, rizomát ic os. O próprio poder tornou-se "pós-moderno": ondulante, acentrado, ret ic ular, molecular. Com isso, eleinc ide diretamente sobre nossas maneiras de perceber, de sent ir, deamar, de pensar, até mesmo de c riar. Se antes ainda imaginávamoster espaços preservados da ingerênc ia direta dos poderes (o c orpo, oinconsc iente, a subjet ividade) e t ínhamos a ilusão de preservar emrelação a eles alguma autonomia, hoje nossa vida pareceintegralmente subsumida a tais mecanismos de modulação daexistênc ia.

Até mesmo o sexo, a linguagem, a c omunicação, a vida oníric a,mesmo a fé, nada disso preserva já qualquer exterioridade em relaçãoaos mecanismos de controle e monitoramento, se é que alguma veztal exterioridade fosse c abível. Para resumi- lo numa frase: o poder jánão se exerce desde fora, nem de c ima, mas como que por dentro,pilotando nossa vitalidade soc ial de c abo a rabo. Não estamos mais àsvoltas c om um poder t ranscendente, ou mesmo repressivo, t rata- sede um poder imanente, produt ivo. Como o mostrou Foucault , um talbiopoder não visa barrar a vida, mas tende a encarregar- se dela,intensif ic á- la, ot imizá- la. Daí nossa ext rema dif ic uldade em situar aresistênc ia, já mal sabemos onde está o poder, e onde estamos nós,o que ele nos dita, o que nós dele queremos, nós nos encarregamosde administ rar nosso controle, e o próprio desejo está inteiramentecapturado. Nunca o poder chegou tão longe e tão fundo no c erne dasubjet ividade e da própria vida como nessa modalidade contemporâneado biopoder.

É onde intervém o segundo eixo que seria prec iso evocar, sobretudoem autores provenientes da autonomia italiana. Resumo tal tendênc iada seguinte maneira. Quando parece que “está tudo dominado”, c omodiz um rap brasileiro, no ext remo da linha se insinua uma reviravolta:aquilo que parec ia submet ido, c ontrolado, dominado, isto é, “a vida”,revela no processo mesmo de expropriação, sua potênc ia indomável.

Tomemos apenas um exemplo. O capital prec isa hoje não mais demúsculos e disc iplina, porém de invent ividade, de imaginação, dec riat ividade, de força- invenção. Mas essa força- invenção, de que ocapitalismo se apropria e que ele faz render em seu benefíc io próprio,

Page 2: Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

14/3/2014 Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2792,1.shl 2/5

não só não emana dele, c omo no limite poderia até presc indir dele. Éo que se vai c onstatando aqui e ali: a verdadeira fonte de riquezahoje é a inteligênc ia das pessoas, sua c riat ividade, sua afet ividade, etudo isso pertence, c omo é óbvio, a todos e a c ada um. Tal potênc iade vida disseminada por toda parte nos obriga a repensar os própriostermos da resistênc ia.

Poderíamos resumir esse movimento do seguinte modo: ao poder sobrea vida responde a potênc ia da vida, ao biopoder responde abiopotênc ia, mas esse “responde” não signif ic a uma reação, já que oque se vai c onstatando é que tal potênc ia de vida já estava lá desdeo iníc io. A vitalidade soc ial, quando iluminada pelos poderes que apretendem vampirizar, aparece subitamente na sua primaziaontológic a. Aquilo que parec ia inteiramente submet ido ao capital, oureduzido à mera passividade, a “vida”, aparece agora comoreservatório inesgotável de sent ido, mananc ial de formas deexistênc ia, germe de direções que ext rapolam as est ruturas decomando e os c álculos dos poderes c onst ituídos.

Seria o c aso de percorrer essas duas vias maiores c omo numa fita deMoebius, o biopoder, a biopotênc ia, o poder sobre a vida, as

potênc ias da vida1 . Mas aqui isto será feito sob um c rivo part ic ular, odo corpo. Pois tanto o biopoder c omo a biopotênc ia passamnecessariamente, e hoje mais do que nunca, pelo c orpo. Assim,proponho t rabalhar aqui t rês modalidades de "vida", isto é, t rêsnoções de vida, acompanhados de sua dimensão corporalc orrespondente, percorrendo de um lado a outro a banda de Moebiusmenc ionada.

O "muçulmano"

É prec iso c omeçar pelo mais ext remo -o "muçulmano". Retomobrevemente à desc riç ão feita por Giorgio Agamben a respeito daquelesque, nos c ampos de concentração, recebiam essa designação

terminal2 . O "muçulmano" era o c adáver ambulante, uma reunião de

funções f ísic as nos seus últ imos sobressaltos3 . Era o morto-vivo, ohomem-múmia, o homem-concha. Encurvado sobre si, esse serbest if ic ado e sem vontade t inha o olhar opaco, a expressãoindiferente, a pele c inza pálida, f ina e dura como papel, já c omeçandoa descascar, a respiração lenta, a fala muito baixa, e feita a umgrande custo...

O "muçulmano" era o det ido que havia desist ido, indiferente a tudoque o rodeava, exausto demais para compreender aquilo que oesperava em breve, a morte. Essa vida não humana já estava

excessivamente esvaziada para que pudesse sequer sofrer4 . Por queos det idos dos c ampos chamavam de “muçulmano” aqueles que t inhamdesist ido de viver, já que se t ratava sobretudo de judeus? Porqueentregava sua vida ao dest ino, c onforme a imagem simplória,preconceituosa e c ertamente equivocada de um suposto fatalismoislâmico: o “muslim” seria aquele que se submete sem reserva àvontade divina.

Em todo caso, quando a vida é reduzida ao contorno de uma merasilhueta, c omo diziam os nazistas ao referir- se aos prisioneiros,chamando-os de “Figuren”, f iguras, manequins, aparece a perversãode um poder que não elimina o c orpo, mas o mantém numa zona

Page 3: Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

14/3/2014 Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2792,1.shl 3/5

intermediária ent re a vida e a morte, ent re o humano e o inumano: osobrevivente. O biopoder c ontemporâneo, c onc lui Agamben, reduz avida à sobrevida biológic a, produz sobreviventes. De Guantánamo àAfric a, isso se c onfirma a c ada dia.

Ora, quando cunhou o termo de biopoder, Foucault tentavadisc riminá- lo do regime que o havia precedido, denominado desoberania. O regime de soberania c onsist ia em fazer morrer e deixarviver. Cabia ao soberano a prerrogat iva de matar, de maneiraespetacular, os que ameaçassem seu poderio, e deixar viverem osdemais. Já no contexto biopolít ic o, surge uma nova preocupação. Nãocabe ao poder fazer morrer, mas sobretudo fazer viver, isto é, cuidarda população, da espéc ie, dos processos biológic os, ot imizar a vida.Gerir a vida, mais do que exigir a morte.

Assim, se antes o poder c onsist ia num mecanismo de subtração ouextorsão, seja da riqueza, do t rabalho, do corpo, do sangue,

culminando com o privilégio de suprimir a própria vida5 , o biopoderpassa agora a func ionar na base da inc itação, do reforço e davigilânc ia, visando a ot imização das forças vitais que ele submete. Aoinvés de fazer morrer e deixar viver, t rata- se de fazer viver, e deixarmorrer. O poder investe a vida, não mais a morte -daí odesinvest imento da morte, que passa a ser anônima, insignif ic ante.Claro que o nazismo consiste num c ruzamento ext remo entre asoberania e o biopoder, ao fazer viver (a "raça ariana") e fazer morrer(as raças ditas "inferiores"), um em nome do outro.

O biopoder c ontemporâneo, segundo Agamben -e nisso ele pareceseguir, mas também "atualizar" Foucault - já não se incumbe de fazerviver, nem de fazer morrer, mas de fazer sobreviver. Elec riasobreviventes. E produz a sobrevida. No cont ínuo biológic o, elebusca até isolar um últ imo subst rato de sobrevida. Como dizAgamben: "Pois não é mais a vida, não é mais a morte, é a produçãode uma sobrevida modulável e virtualmente infinita que const itui aprestação dec isiva do biopoder de nosso tempo. T rata- se, no homem,de separar a c ada vez a vida orgânic a da vida animal, o não-humanodo humano, o muçulmano da testemunha, a vida vegetat iva,prolongada pelas técnic as de reanimação, da vida consc iente, até umponto limite que, c omo as fronteiras geopolít ic as, permaneceessenc ialmente móvel, recua segundo o progresso das tecnologiasc ient íf ic as ou polít ic as. A ambição suprema do biopoder é realizar nocorpo humano a separação absoluta do vivente e do falante,

de zoè e biós, do não-homem e do homem: a sobrevida"6 .

Fiquemos pois, por ora, nesse postulado inusitado que Agambenencontra no biopoder c ontemporâneo: fazer sobreviver, produzir umestado de sobrevida biológic a, reduzir o homem a essa dimensãoresidual, não humana, vida vegetat iva, que o chamado "muçulmano"dos c ampos de concentração, por um lado, e o neomorto das salas deterapia intensiva, por out ro, encarnam.

A sobrevida é a vida humana reduzida a seu mínimo biológic o, à suanudez últ ima, à vida sem forma, ao mero fato da vida, à vida nua.Mas engana-se quem vê vida nua apenas na f igura ext rema do"muçulmano", sem perceber o mais assustador: que de c ertamaneirasomos todos "muçulmanos". Até Bruno Bet telheim,sobrevivente de Dachau e Buchenwald, quando desc reve ocomandante do campo, qualif ic a-o como uma espéc ie de "muçulmano","bem alimentado e bem vest ido". Ou seja, o c arrasco é ele também,

Page 4: Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

14/3/2014 Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2792,1.shl 4/5

igualmente, um cadáver vivo, habitando essa zona intermediária ent reo humano e o inumano, máquina biológic a desprovida de sensibilidadee exc itabilidade nervosa. A condiç ão de sobrevivente, de"muçulmano", é um efeito generalizado do biopoder c ontemporâneo,ele não se rest ringe aos regimes totalitários, e inc lui plenamente ademoc rac ia oc idental, a soc iedade de consumo, o hedonismo demassa, a medic alização da existênc ia, em suma, a abordagembiológic a da vida numa escala ampliada.

O corpo

Tomemos a t ítulo de exemplo o superinvest imento do corpo quecarac teriza nossa atualidade. Desde algumas décadas, o foco dosujeito deslocou-se da int imidade psíquic a para o próprio c orpo. Hoje,o eu é o c orpo. A subjet ividade foi reduzida ao corpo, a suaaparênc ia, a sua imagem, a sua performance, a sua saúde, a sualongevidade. O predomínio da dimensão corporal na const ituiç ãoident itária permite falar numa "bioident idade". É verdade que já nãoestamos diante de um corpo doc ilizado pelas inst ituiç ões disc iplinares,como há cem anos at rás, c orpo est riado pela máquina panópt ic a, ocorpo da fábric a, o c orpo do exérc ito, o c orpo da escola. Agora c adaum se submete voluntariamente a uma ascese, c ient íf ic a e estét ic a a

um só tempo. É o que Franc isco Ortega chama de bioascese7 . Por umlado, t rata- se de adequar o c orpo às normas c ient íf ic as da saúde,longevidade, equilíbrio, por out ro, t rata- se de adequar o c orpo àsnormas da cultura do espetáculo, c onforme o modelo dascelebridades.

Como o diz Jurandir Freire Costa, a obsessão pela perfec t ibilidadefísic a, c om as infinitas possibilidades de t ransformação anunc iadaspelas próteses genét ic as, químicas, elet rônic as ou mecânic as, essacompulsão do eu para c ausar o desejo do outro por si, mediante aidealização da imagem corporal, mesmo às custas do bem-estar, c omas mut ilações que o c omprometem, subst ituem finalmente a sat isfação

erót ic a que prometem pela mort if ic ação auto- imposta8 . O fato é queabraçamos voluntariamente a t irania da corporeidade perfeita, emnome de um gozo sensorial c uja imediat ic idade torna ainda maissurpreendente o seu custo em sofrimento.

A bioascese é um cuidado de si, mas, à diferença dos ant igos, cujocuidado de si visava a bela vida, e que Foucault c hamou de estét ic ada existênc ia, o nosso cuidado visa o próprio c orpo, sua longevidade,saúde, beleza, boa forma, felic idade c ient íf ic a e estét ic a, ou o queDeleuze chamaria a "gorda saúde dominante". Não hesitamos emqualif ic á- lo, mesmo nas condiç ões moduláveis da coerçãocontemporânea, de um corpo fasc ista -diante do modelo inalc ançável,boa parcela da população é jogada numa condiç ão de inferioridadesub-humana. Que, ademais, o c orpo tenha se tornado também um

pacote de informações9 , um reservatório genét ic o, um dividualestat íst ic o, c om o qual somos lançados ao domínio dabiossoc iabilidade ("faço parte do grupo dos hipertensos, dossoroposit ivos" etc .), isto só vem fortalecer os risc os da eugenia.Estamos às voltas, em todo caso, c om o regist ro da vida biologizada…Reduzidos ao mero corpo, do corpo exc itável ao corpo manipulável, docorpo espetáculo ao corpo automodulável, é o domínio da vida nua.Cont inuamos no âmbito da sobrevida, da produção mac iç a de"sobreviventes", no sent ido amplo do termo.

Page 5: Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

14/3/2014 Trópico - Vida nua, vida besta, uma vida

http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2792,1.shl 5/5

Sobrevivencialismo

1 - No ras tro de Foucault, Deleuze, Negri, Lazzarato e outros , tal mapeamento foi tentado em “V ida C apital”, São P aulo, I luminuras ,

2003.

2 - G. A gamben, "C e Q ui Res te d´A uschwitz", P aris P ayot & Rivages , 1999.

3 - J. A méry, "P ar Delà le C rime et le C hatiment", A rles , A c tes Sud, 1995

4 - P . Levi, “É Is to um Homem?”, Rio de Janeiro, Rocco, 2000.

5 - M . Foucault, "La V olonté de Savoir", P aris , Gallimard, 1976, p 179.

6 - G. A gamben, "C e Q ui Res te d´A uschwitz", op. c it, p. 205.

7 - Franc isco O rtega, "Da A scese à Bioascese, O u do C orpo Submetido à Submissão do C orpo", in “Imagens de Foucault e

Deleuze”, Rio de Janeiro, DP&A , 2002.

8 - Jurandir Freire C os ta, “O V es tígio e a A ura: C orpo e C onsumismo na Moral do Espetáculo”, Rio de Janeiro, Garamond, 2004.

9 - P aula Sibília, “O Homem Pós-orgânico”, Rio de Janeiro, Relume-Dumará, 2002.