Trovadorismo (2)

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TROVADORISMO POESIA Flagelação de Cristo na igreja alemã de Essligen

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@Diego Prezia

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TROVADORISMO

POESIAFlagelação de Cristo na igreja alemã de Essligen (1320)

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CONTEXTO HISTÓRICO

A Idade Média teria seiniciado no século V eterminado no século XV.

A Idade Média tambémpode ser subdividida em

doisperíodos menores:

Alta Idade MédiaDo século V ao século X

Baixa Idade MédiaDo século XI ao século XV

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A IDADE DAS TREVAS...

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Por volta de 1.110 d. C.percebeu-se umarevolução que combinou:

Renascimento urbano ecomercial Ampliação de culturas efronteiras agrícolas

Crescimento econômico

Desenvolvimento intelectuale grandes evoluçõestecnológicas

Baixa Idade Média

Do século V ao século X

Começam a ser abertas novas escolas ao longo de todo o continente, inclusive em cidades e vilas menores. Por volta de 1.200, são fundadas as primeiras universidades – Paris, Coimbra, Bolonha e Oxford.

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A SOCIEDADE FEUDAL

O padre, o cavaleiro e ocamponês são as três figurasque exprimem o essencialda Idade Média em termosde organização social.

Estas três ordens equivalema três atividades distintas:Os que rezam;O que combatem;Os que trabalham.

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O CLERO

Formado pelos sacerdotes,o clero era a camada maisimportante.

Por que o clero era importante?

Porque acreditava-se que ossacerdotes possuíam opoder de comunicar-se comDeus.

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OS CAVALEIROS

Eram os nobres, osaristocratas e osproprietários de terrasque combatiam os árabes.

Entre eles era comum avassalagem, que serefletiu nas cantigastrovadorescas.

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OS PLEBEUS

Responsáveis pelo cultivo da terra, os servos se submetiam à exploração de seu senhor feudal em troca de proteção – em tempos difíceis, como guerras, invasões, inimigos.

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O PENSAMENTO MEDIEVAL

Esta estrutura social se manteve por muito tempo, afinal, configurava-se por atender aos desígnios e desejos de Deus.

“Para ajudar o homem a se salvar a Igreja passou a condenar o comércio que visava lucros,

pois , segundos os ensinamentos da Igreja, os bens materiais foram dados ao homem como meios para facilitar sua salvação e não para o seu enriquecimento. A finalidade do trabalho não era, portanto, a riqueza. Assim, cada um deveria ficar na posição em que se encontrava e não desejar ser mais do que era ao nascer.”

ARRUDA. José J. História Integrada - vol 2. São Paulo. Ática. 1997.

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TEOCENTRISMO

A Igreja era a responsávelpela vida cultural e religiosa,e, portanto, controlava osvalores morais, éticos eartísticos, evitando ainfluência de culturas pagãs( grega e latina) sobre opovo ignorante.

Toda e qualquermanifestação artística eravoltada para o louvor a Deus.

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AS MANIFESTAÇÕES DO POVO

As primeiras produções literárias e artísticas vindas do povo foram as cantigas.

A importância da cantiga encontra-se em dois aspectos:

Mudança de língua: utilização do galego-português em vez do latim.

Mudança de assunto: da liturgia católica para o cotidiano das pessoas.

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TROVADORISMO EM PORTUGAL

As primeiras cantigastrovadorescas lusitanas datamdo final do século XII e sãoescritas em galego-português.

A cantiga considerada o marcoinicial da literatura portuguesaé a Cantiga da Ribeirinha(também chamada de Cantigada Guarvaia), composta porPaio Soares de Taveirós (1189ou 1198).

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Cantiga da Ribeirinha

“No mundo non me seiparelha, mentre me for‘como me vai, ca ja moiropor vós – e ai –

Mia senhor branca evermelha, queredes que vosretraia quando vos eu vi emsaia!

Mao dia me levantei,que vos enton non vi fea!”

No mundo ninguém se assemelha a

mim, enquanto a vida continuar como

vai, porque morro por vós e - ai! -

Minha senhora alva e de pele rosadas,

Quereis que vos retrateQuando eu vos vi sem manto.

Maldito seja o dia em que me levantei

E então não vos vi feia!

Composta por Paio Soares de Taveirós para a Sra. Maria Paes Ribeiro ( a Ribeirinha).

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Registro Histórico

As cantigas medievaisportuguesa se encontramreunidas em livrosmedievais denominadoscancioneiros, dos quais

sedestacam:

Cancioneiro da Ajuda Cancioneiro do Vaticano Cancioneiro da Biblioteca

Nacional de Lisboa

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Os artistas da época medieval

Trovadores: poetas cultos que compunham as letras e a música das canções.

Menestréis: músicos-poetas sedentários, pois viviam na casa de um fidalgo.

Jograis: cantores e tangedores ambulantes, geralmente de origem plebéia

Segréis: trovadores profissionais, geralmente fidalgos desqualificados, que iam de corte em corte, na companhia de um jogral.

Jogralesa e Soldadeira: moças que acompanhavam, tocando pandeiro e dançando.

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Organização das Cantigas

Cantigas Líricas

CantigasSatíricas

de Amor

deAmigo

de Escárnio

de Maldizer

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Cantigas Líricas

“Ai, ai flores do verde pinho

Se sabedes novas do meu amigo,

Ai, Deus, e u é?”

Essas cantigas tratavam de temas amorosos e de aventuras de cavaleiros em busca da honra e do amor de uma donzela.

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de Amor de Amigo

Cantigas Líricas

Eu-lírico femininoIndireta (fala com um confidente)Presença de refrão, paralelismo e leixa-prenAssunto: lamento da moça cujo amado está longe (saudade, dúvida)Ambiente ruralLinguagem: discreta, recatadaHumanização de elementos da natureza.

Eu-lírico masculinoDireta (fala com a amada)Ausência de paralelismo e leixa-prenAssunto: sofrimento por amor não correspondido (coita)Ambiente da corteLinguagem: ousada, conquistadoraInferiorização do homem,Vassalagem X Superioridade feminina.

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O que é paralelismo?

Ai, flores, ai, flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo? Ai, Deus, e u é?

Ai, flores, ai, flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado? Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo? Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi à jurado? Ai, Deus, e u é?

Paralelismo é a repetiçãoquase total de um verso. Aalteração ocorre no final deum verso repetido, masmantém-se o ritmo enormalmente usam-sesinônimos nesta alteração.

O que é refrão?É a repetição do mesmo trecho ao final de cada estrofe

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O que é Leixa-pren?

Ao pé da letra, “leixa-pren” significa “deixa e pega de volta” , mas na poesia medieval é a estratégia de pegar o 2° verso de uma estrofe, e repeti-lo em outra posição (1° verso) na estrofe intercalada.

Ai, flores, ai, flores do verde pino, se sabedes novas do meu amigo? Ai, Deus, e u é?

Ai, flores, ai, flores do verde ramo, se sabedes novas do meu amado? Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo, aquel que mentiu do que pôs comigo? Ai, Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado, aquel que mentiu do que mi à jurado? Ai, Deus, e u é?

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Pois nossas madres van a San

Simonde Val de Prados candeas queimar,nós, as meninhas, punhemos de andarcon nossas madres, e elas entonqueimen candeas por nós e por sie nós, meninhas, bailaremos i.

Nossos amigos todos  lá iránpor nos veer, e andaremos nósbailando ante eles, fremosas en cós,e nossas madres, pois que alá van,queimen candeas por nós e por sie nós, meninhas, bailaremos i.

Nossos amigos irán por cousircomo bailamos, e podem veerbailar moças de bon parecer,e nossas madres pois lá  queren ir,queimen candeas por nós e por sie nós, meninhas, bailaremos i.

Pero de Viviãez, CV 336, CBN 698

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A dona que eu am'e tenho por mia Senhor mostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,

se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,

se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecerde quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,

se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,mostrade-me-a algo possa con ela falar,

se non dade-me-a morte."             

Bernal de Bonaval

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Cantigas Satíricas

São verdadeiros documentos da vida social, principalmente da corte. Fazem ecoar reações públicas a certos fatos políticos: revelam detalhes da vida íntima da aristocracia, dos trovadores e dos jograis, trazendo até nós os mexericos e os vícios ocultos da fidalguia medieval portuguesa.

Com o tempo, essas cantigas passaram a ser usadas para cantar gozações e maledicências

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Indiretas Ambíguas Uso da ironia leve Intenção de brincadeira

Diretas, revelam o nome de seu alvo.

Sem equívocos Ofensivas Uso de palavrões e xingamentos Intenção difamatória

de Maldizer

de Escárnio

Cantigas Satíricas

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Cantiga de Escárnio Ai, dona fea, foste-vos queixar

que vos nunca louv'en [o] meu cantar;mais ora quero fazer um cantaren que vos loarei toda via;e vedes como vos quero loar:dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus me perdon,pois avedes [a] tan gran coraçonque vos eu loe, en esta razonvos quero já loar toda via;e vedes qual será a loaçon:dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loeien meu trobar, pero muito trobei;mais ora já un bon cantar farei,en que vos loarei toda via;e direi-vos como vos loarei:dona fea, velha e sandia!

• Joan Garcia de Guilhade, CV 1097, CBN 1486

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Cantiga de Maldizer

Conheceis uma donzelaPor quem trovei e a que um diaChamei dona Berinjela?

Nunca tamanha porfiaVi nem mais disparatada.Agora que está casadaChamam-lhe Dona Maria.

Algo me traz enojado,Assim o céu me defenda:Um que está a bom recato(negra morte o surpreendae o Demônio cedo o tome!)quis chamá-la pelo nomee chamou-lhe Dona Ousenda.

Pois que se tem por formosaQuanto mais achar-se pode,Pela Virgem gloriosa!Um homem que cheira a bodeE cedo morra na forcaQuando lhe cerrava a bocaChamou-lhe Dona Gondrode.

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fin