TÍTULO: PARAMETRIZAÇÃO E DESIGN ASSOCIATIVO EM...
Transcript of TÍTULO: PARAMETRIZAÇÃO E DESIGN ASSOCIATIVO EM...
16°
TÍTULO: PARAMETRIZAÇÃO E DESIGN ASSOCIATIVO EM SOFTWARE CAD 3D PARA AUTOMAÇÃODE PROJETOS MECÂNICOSTÍTULO:
CATEGORIA: CONCLUÍDOCATEGORIA:
ÁREA: ENGENHARIAS E ARQUITETURAÁREA:
SUBÁREA: ENGENHARIASSUBÁREA:
INSTITUIÇÃO: FACULDADE DE TECNOLOGIA TERMOMECÂNICAINSTITUIÇÃO:
AUTOR(ES): VANDEILSON LIMA NOBREAUTOR(ES):
ORIENTADOR(ES): ANDRÉ FERRUS FILHO, FABIO RUBIO, NILSON YUKIHIRO TAMASHIRO, VALDIRCOSTAORIENTADOR(ES):
1
1. RESUMO
No Brasil, a maioria dos equipamentos mecânicos modelados em
softwares CAD 3D se utilizam de uma metodologia tradicional denominada
Bottom Up, que gera grande esforço para alteração de desenhos, que é feita
manual e individualmente e não permite o compartilhamento de dados entre
peças e submontagens, podendo conter referências cruzadas, o que torna a
montagem suscetível a erros e eleva o tempo na elaboração dos desenhos. Foi
proposto um roteiro de planejamento a ser aplicado em equipamentos
mecânicos de forma a possibilitar o uso de uma metodologia de modelamento
onde há a troca de informações entre as diversas peças do produto, permitindo
a automação dos processos de modelamento 3D e montagem virtual. Com
isso, se consegue uma drástica redução no tempo necessário para alteração
do equipamento, eliminação de erros dimensionais, de posição e interferências
entre peças, permitindo a personalização do tamanho e configuração do
equipamento através de um celular, notebook ou tablet remoto ao software de
desenho.
2. INTRODUÇÃO
Atualmente a tecnologia CAD 3D é fator obrigatório para as empresas se
manterem competitivas, proporcionando o aumento da produtividade industrial
e confiabilidade de um projeto, que é validado virtualmente e lançado no
mercado com menor custo, tempo e de forma a satisfazer as necessidades dos
clientes (FACHINELLO, 2006). Os softwares CAD 3D atuam na fase de projeto
promovendo sua otimização de tempo em diversos segmentos industriais,
como na análise de estruturas e componentes mecânicos, análises de
vibração, térmica e de tolerâncias em montagens. No entanto, os atuais
softwares podem ser integrados a outros processos informatizados, como PDM
(Gerenciamento de Dados do Produtos), ERP (Planejamento de Recursos
Empresariais) e PLM (Gerenciamento de Ciclo de Vida de Produtos)
promovendo melhoria na comunicação entre os setores e do sistema produtivo
como um todo (KANITAR, 2005).
Araújo (2013) relata sobre o custo final de um produto, afirmando que a
fase de projeto representa 5% dos custos, enquanto os 95% são atribuídos à
2
etapa de manufatura. Todavia, cerca de 80% do custo de manufatura pode ser
influenciado pelas decisões da etapa de projeto, ou seja, são decisões que
podem inviabilizar a produção. Deming (apud GUELBERT, 2008) afirma que
promover uma redução no retrabalho de peças, atrasos e erros de produção
implica no aumento da qualidade final e confiabilidade do produto.
Na pesquisa de Bremer e Lenza (2000) há um estudo sobre tipologias
para referência de produção, afirmando que há uma tendência para as
empresas basearam sua manufatura padronizando parte de seus produtos,
agilizando sua produção, contudo permitindo que seus clientes personalizem
partes específicas de interesse, focando na satisfação do mercado, semelhante
a indústria automobilística.
São poucos os trabalhos recentes abordando esse assunto. Santos
(2011) propôs a parametrização de um subsistema mecânico para geração
automática de listas de materiais, fichas de corte e mapas de solda. Lima
(2010) realizou a automação de modelamento de um componente mecânico a
partir de uma tabela .xml por meio da programação de um aplicativo. O uso de
celulares e notebooks com acesso a internet está cada vez mais comum para
compartilhamento de informações, download de arquivos e apoio a tarefas
cotidianas. O serviço de computação em nuvem se mostra uma tendência e
agrega valor à empresa trazendo um ambiente colaborativo e simultâneo de
instituições geograficamente distantes.
A presente pesquisa atua em cima da importância da fase de projeto, da
necessidade do uso de software CAD 3D para trabalhar na otimização desse
processo e na tendência do uso da computação em nuvem para trazer mais
agilidade à empresa manufaturar seus produtos baseados em seus clientes,
com confiabilidade e qualidade.
3. OBJETIVOS
Elaboração de um roteiro de planejamento para produtos mecânicos em
software CAD 3D a fim de promover um aumento da confiabilidade e redução
no tempo gasto de projetos.
3.1 – Objetivos Específicos
3
Elaborar o roteiro de planejamento, realizar a automação dos processos
de modelamento e montagem no software e torná-lo configurável através de
um smartphone remoto às instalações da empresa.
4 - METODOLOGIA
O método realizado nessa pesquisa será abordado em 3 partes. A
primeira faz referência ao estudo do produto mecânico a fim de estabelecer sua
estrutura completa, com submontagens, peças e estabelecer os pontos a
serem personalizados pelo cliente em uma compra. A segunda parte diz
respeito a definição dos parâmetros necessários para criação de todas as
partes e peças do produto e a criação de um arquivo de Excel® para realizar
seu controle dimensional. A última parte relata sobre a automação do projeto
via software Autodesk® Inventor 2016 e a configuração do equipamento
através de um smartphone.
A metodologia será validada a partir da aplicação e resultados obtidos
em uma família de vasos de pressão horizontais em função da experiência do
autor com a venda e projeto desse equipamento.
Figura 1: Vaso de pressão horizontal
4. DESENVOLVIMENTO
4.1 Estrutura do equipamento mecânico
Foi definido a estrutura geral do equipamento em submontagens e
subpartes, incluindo todas as peças que fazem parte do conjunto. Em seguida,
foi determinado sua estrutura padronizada e quais pontos possíveis de
personalização. Essa etapa demanda um estudo aprofundado por parte da
empresa em relação a sua capacidade de fabricação, incluindo normas de
4
projeto do produto e possibilidades de variações do mesmo de forma a atender
seus diversos clientes.
A estrutura do vaso de pressão pode ser vista na figura 2. O
equipamento será composto de 5 modelos de diferentes tamanhos, cada um
com valores fixos de diâmetro externo, comprimento do corpo e distância do
centro do vaso em relação ao chão. Os pontos personalizáveis são:
Seleção dos diâmetros dos bocais (Entrada e Saída);
Ângulo dos bocais (0, 45, ou 90 graus em relação a horizontal);
Distância da face externa do Flange ao centro do vaso;
Distâncias dos bocais em relação a linha de tangência do tampo
inferior.
Figura 2: estrutura definida do vaso de pressão
4.2 Arquivo de Excel® para controle
Uma vez a estrutura definida foram estabelecidos todos os parâmetros
necessários para a modelagem de cada peça e os de posicionamento das
submontagens. Uma planilha estruturada no Excel® foi elaborada, sem
cabeçalho e com 3 colunas conforme figura 3. A primeira coluna da esquerda
faz referência ao nome do parâmetro, a segunda se trata do valor que a
primeira assume e a terceira representa a unidade de medida adotada. No total
foram utilizados 56 parâmetros para o mapeamento completo do vaso.
Figura 3: planilha estruturada com 3 colunas
5
Foi desenvolvida uma planilha para servir de interface com o usuário.
Deve ser clara e intuitiva de forma a não gerar dúvidas além de permitir a
escolha do modelo do vaso e a personalização dos pontos mencionados no
capítulo 5.1, semelhante a um catálogo virtual de um produto, conforme figura
4. Na interface apreentada as dimensões vermelhas com fundo amarelo são os
padrões fixados para cada modelo do vaso e o cliente pode fazer a sua
configuração digitando os valores nas células com fundo azul, conforme a
necessidade de sua instalação.
Figura 4: Planilha que servirá de interface com o usuário
Dentro do arquivo de controle foi criado uma terceira planilha que serve
de banco de dados, apresentada na figura 5. Foram incluídas tabelas
dimensionais de peças normatizadas e os valores pré-fixados dos modelos do
vaso para serem consultadas através de fórmulas do Excel®.
Figura 5: planilha de banco de dados
4.3 Modelamento e montagem
A partir do gerenciador de parâmetros do Inventor 2016 foram
importados todos os dados alocados na tabela do item 5.2 para um arquivo de
6
peça denominado Arquivo Esqueleto. Nele foram elaborados 6 Sketchs (corpo,
tampo superior, tampo inferior, tubulação de entrada, tubulação de saída e
dreno) contendo linhas de centro, círculos de referência, planos, eixos e pontos
a partir dos parâmetros importados. O arquivo pode ser visualizado na figura 6.
Figura 6: Arquivo esqueleto do vaso de pressão
Após montar o Arquivo Esqueleto foram elaboradas as submontagens e
suas peças individuais, onde todos seus parâmetros de modelagem foram
derivados do Esqueleto através do recurso Derive do Inventor. Uma vez
modelados todos os componentes, os mesmos foram inseridos no arquivo final
do vaso de pressão e aterrados à sua posição de origem, dispensando o uso
de qualquer restrição de montagem, como pode ser observado na figura 7.
Figura 7: montagem final do equipamento
7
Em seguida o arquivo de controle foi compartilhado na plataforma
Dropbox® para que pudesse ser acessado e configurado através de um
smartphone. O dispositivo necessita de acesso à internet e o aplicativo Excel
instalado e atualizado.
5.4 Teste de validação
O teste que se segue é necessário como comprovação da eficiência da
automação dos processos de modelamento e montagem em relação à
economia de tempo no projeto. Para tal foi proposto um comparativo no tempo
gasto para modelar e montar o produto completo, partindo de dois arquivos de
projeto do vaso de pressão, um parametrizado e seguindo o roteiro de
planejamento apresentado no capítulo anterior e o outro seguindo
metodologias convencionais de modelamento. As condições do teste seguem
na Tabela 1
Diâmetro Externo
Comprimento
Centro ao chão
Bocal entrada
Distância Tampo
Bocal saída
Distância Tampo
Flange ao
centro
Vaso Inicial
1000 1400 650 3" @ 0º 600 3" @ 0º 550 800
Vaso Final
1000 1400 650 4" @ 90º 545 5" @ 0º 650 775
Tabela 1: condições iniciais e finais para teste de eficiência
5. Resultados
Comparando os tempos gastos para os vasos na Tabela 1, nota-se que
o equipamento automatizado requereu 87% a menos de tempo em relação ao
vaso modelado e montado convencionalmente. No primeiro caso, todo o tempo
gasto resulta da configuração do equipamento pela planilha de Excel®, contudo
seu modelamento e montagem foram realizados instantaneamente, sem a
necessidade de restrições de posicionamento e sem erros. No segundo caso,
as alterações tiveram de ser feitas manualmente e embora tenha feito uso dos
componentes de biblioteca padrão do software, houveram pequenas
dificuldades em relação a alteração dos ângulos dos bocais no ambiente de
montagem, sendo necessário excluir algumas restrições para acrescentar
outras no lugar, e na determinação do comprimento do tubo das tubulações de
8
entrada e saída que hora ficava pequeno hora extenso, sendo necessário mais
tempo para ajustar o comprimento ideal. A tabela 2 apresenta o comparativo de
tempo.
O sistema mobile funcionou da mesma maneira que em um notebook
convencional, permitindo a completa configuração do vaso, conforme figura 8.
Figura 8: Acesso à planilha de controle através de dispositivo celular
6. Considerações finais
A metodologia proposta utiliza os recursos básicos de softwares CAD 3D
paramétricos, podendo ser aplicada em outros softwares do mercado como
CATIA, Solidworks, NX. Como resultado, a montagem do equipamento não
apresentou inconsistências ou restrições de posição e pôde ser empregada
Modelamento
3D Montagem
Tempo Total
(mm:ss)
Vaso Parametrizado
01:13 00:00 01:13
Vaso não parametrizado
04:03 06:05 09:08
Tabela 2: resultado de teste de eficiência do modelamento proposto, apresentando 87% de redução no tempo.
9
sem o uso de arquivos da biblioteca padrão do software, reduzindo a
capacidade computacional requerida e ampliando sua penetração no mercado
atual. O roteiro de planejamento pode ser seguido para qualquer equipamento
mecânico, seja em sua totalidade ou um subconjunto, para a automação de
modelagem 3D e montagem. Contudo é necessário grande conhecimento do
produto por parte da empresa, bem como de seus processos de fabricação e
preferência dos clientes para que o resultado do trabalho seja de fato eficaz.
Por fim a redução do tempo gasto, quando feita em comparação ao
método convencional de desenho foi visível, entretanto a porcentagem da
eficiência pode ser maior ou menor dependendo da habilidade do projetista ao
manusear o software CAD ou em seu conhecimento de como o projeto foi
desenhado. O sistema de compartilhamento pela plataforma Dropbox®
demandou uma conta logada em um smartphone, além de ter o aplicativo da
plataforma e do Excel instalados no aparelho; contudo uma vez cumpridos
esses requisitos o arquivo permitiu que o usuário faça as alterações desejadas.
7. Fontes Consultadas
BALASTRERO JUNIOR, José Orlando; NUNES, Luiz Eduardo Nicolini
do Patrocínio. Modelagem e otimização de componentes em sistemas cad 3d
com a utilização de geometrias paramétricas. Sinergia, São Paulo, v. 12, n. 1,
p.84-92, abr. 2011. Quadrimestral. Disponível em:
<http://www2.ifsp.edu.br/edu/prp/sinergia/complemento/sinergia_2011_n1/pdf_
s/segmentos/artigo_09_v12_n1.pdf>. Acesso em: 23 mar. 2016.
BORBA, Rodrigo. Sistemática para gerenciamento de projetos em
pequenas empresas do setor metal mecânico que operam com engenharia sob
encomenda e pressão sob prazos. 2011. 58 f. TCC (Graduação) - Curso de
Engenharia de Produção e Sistemas, Universidade do Estado de Santa
Catarina, Joinville, 2011.
BREMER, Carlos Frederico; LENZA, Rogério de Paula. Um modelo de
referência para gestão da produção em sistemas de produção Assembly to
Order: ATO e suas múltiplas aplicações. In: BREMER, Carlos Frederico;
10
LENZA, Rogério de Paula. Um Modelo de Referência para Gestão da
Produção. São Carlos: [s.n.], 2000. p. 269-282.
BURATO, Carlos Umberto; SANTOS, Alan Garcia. Parametrização com
Abordagem Top-Down e Uso de Skeletal Modeling para Equipamentos
Mecânicos. In: AUTODESK UNIVERSITY BRASIL, 4., 2014, São
Paulo. Sessões de Indústria - Manufatura e design. São Paulo: [s.n.], 2014. p. 1
- 10.
FACHINELLO, Tatiana. Análise da implantação de um sistema de
gestão do ciclo de vida do produção no processo de desenvolvimento de
produtos de uma empresa de tecnologia: um estudo de caso. 2006. 150 f.
Dissertação (Mestrado) – Curso de Engenharia de Produção, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
GUELBERT, Marcelo. GEM – Gestão estratégica da
manufatura: proposta para integração de ferramentas na produção em médias
empresas. 2008. 248 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Produção,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.
KANITAR, Fátima Passos. Análise do desenvolvimento dos sistemas
CAD/CAE/CAM no Brasil nos diversos setores do conhecimento sob a ótica da
propriedade industrial. 2005. 168 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Tecnologia, Centro Federal de Educação Tecnológica Calso Suckow da
Fonseca, Rio de Janeiro, 2015.
LIMA, Jeovano de Jesus Alves de. Uma Contribuição para a Integração
entre Sistemas CAE e CAD com o Desenvolvimento de um Aplicativo. 2010.
102 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia de Produção,
Universidade Metodista de Piracicaba, Santa Bárbara D'oeste, 2010.
SANTOS, Alan Garcia. Desenvolvimento de metodologia para
parametrização de equipamentos mecânicos pressurizados. 2011. 141 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Mecânica, Universidade de São
Paulo, São Carlos, 2011.