bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001)....

17

Transcript of bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001)....

Page 1: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número
Page 2: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número
Page 3: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número
Page 4: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

Título: A segurança dos alimentos em casa Coordenação: Álvaro Mendonça Edição: Instituto Politécnico de Bragança · 2014 5300-253 Bragança · Portugal Tel. (+351) 273 303 200 · Fax (+351) 273 325 405 Design: Serviços de Imagem do Instituto Politécnico de Bragança Tiragem: 5000 exemplares Impressão: EscolaTipográfica–Bragança Depósito legal: 377319/14 ISBN: 978-972-745-171-5 Editor: InstitutoPolitécnicodeBragança–2014 Versão digital: http://hdl.handle.net/10198/9351

Relatório do Projecto POCTEP, Projecto 0441_ZOONOSIS_2_E

Ilustrações das páginas 16, 33, 37, 39, 45, 64, 99, 125, 152, 154, 155, 173 e capa:Atilano Suarez

Page 5: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

5

Projeto Zoonoses

ÍndiceIntrodução ................................................................................................... 9

I • Grupos de alimentos

Abates caseiros ........................................................................................... 15Doenças veiculadas pelos animais doentes .................................................. 17Perigos decorrentes da contaminação das carnes obtidas em matan-ças caseiras .................................................................................................... 21Bibliografia ..................................................................................................... 24

Alergias e Intolerâncias Alimentares ........................................................ 25O que são alergias e intolerâncias alimentares? ........................................... 25Quais são os sintomas das alergias e intolerâncias alimentares? ................ 26Quais os alimentos que podem provocar alergias alimentares? ................. 27Quais os alimentos que podem provocar intolerâncias alimentares? ........ 27Como são diagnosticadas as alergias e intolerâncias alimentares? ............ 27Que cuidados ter em caso de alergias e intolerâncias alimentares? ........... 28Bibliografia ..................................................................................................... 28

Alimentos secos .......................................................................................... 29Introdução ...................................................................................................... 29Tipos de alimentos secos ............................................................................... 30Microrganismos nos alimentos secos: tipos, incidência e persistência ...... 30Cuidados na conservação e preparação de alimentos secos ....................... 32

Armazenamento, preparação e confeção de alimentos seguros ............ 35Higiene Pessoal .............................................................................................. 35Armazenamento dos alimentos .................................................................... 36Armazenamentoabaixastemperaturas–RefrigeraçãoeCongelação ...... 37Preparação dos alimentos ............................................................................. 42Confeçãodosalimentos ................................................................................ 43Outras práticas importantes.......................................................................... 45Referências ..................................................................................................... 46

Carne de caça selvagem: cuidados a ter na sua preparação em casa ..... 47Introdução ...................................................................................................... 47Acesso a peças de caça selvagem para consumo ........................................ 48

Page 6: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

35

Armazenamento, preparação e confeção de alimentos seguros

Elsa Ramalhosa

Departamento da Produção e Tecnologia VegetalEscola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança

Álvaro Mendonça

Departamento de Ciência Animal Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Bragança

É conhecido que a manipulação inadequada de alimentos, o armazena-mentoemfrioincorreto,aconfeçãoinsuficiente,amáhigienedasáreasdetrabalho,equipamentoseutensílios,ousodepanosdaloiçaouesponjasuti-lizadosemdiversasatividades,sãoexemplosdefatoresquepodemcontri-buir para a ocorrência de doenças alimentares. Nesse sentido, neste capítulo pretende-se descrever algumas práticas que devem ser seguidas no dia-a-dia deformaaevitaraocorrênciadestesproblemas.

Higiene PessoalAntes de proceder à manipulação de géneros alimentares, deve retirar

asjoias(ex.anéis)eoutrosadornos,dadooriscodepequenaspeçassepo-deremsoltare constituíremumperigo físicooucriar condiçõesaodesen-volvimento demicrorganismos. Alémdisso, qualquer pessoa é uma fontepotencial de microrganismos causadores de doenças alimentares, tais como Escherichia coli e Staphylococcus aureus, sendo de extrema importância lavar corretamenteasmãosantesdeiniciarastarefasnacozinhaeasmãosnãoapresentarem cortes ou queimaduras, uma vez que são zonas que podem permitir o desenvolvimento de microrganismos. Durante a preparação e con-feçãodosalimentoséimportantelavarfrequentementeasmãos,devendoestas ser higienizadas após a utilização da casa de banho, após tocar no cai-xote do lixo, depois de preparar e manipular alimentos crus e antes de ma-nipular alimentos cozinhados, depois de mexer em detergentes, depois de tocar no nariz, boca, cabelo, olhos e ouvidos, depois de comer, depois de se assoar,tossirouespirrar,edepoisdefumarecomer.

Além disso, é muito importante que se lave corretamente as mãos, usan-doprodutosadequados,nãosendosuficiente“passa-lasporágua”(UNIHS-NOR,2001).Defacto,verifica-sequeaszonasjuntoaopolegar,espaçosinter-digitaisepontasdosdedossãoasáreasmaisfrequentementemallavadas.

Page 7: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

36

Projeto Zoonoses

Também não se deve manipular alimentos quando existirem sintomas de diarreia, reações alérgicas ou de outras doenças, por se tratar de situa-ções que podem acarretar a contaminação dos alimentos manipulados. Além disso, se existirem cortes nas mãos, estes deverão ser protegidos com pen-sosimpermeáveisedecoresvivasdeformaaseremfacilmentevisíveis.

Duranteapreparaçãoeconfeçãodealimentosocabelocompridodeveserapanhadodeformaaevitaraquedadecabelosparaosalimentos,bemcomodasuacontaminaçãopormicrorganismosquepossamcairjuntocomo cabelo. Além disso, é uma questão de segurança para o manipulador, uma vezqueocabelocompridopodetocarembicosdegásouficarpresoemalgum equipamento, podendo por em causa a segurança da própria pessoa.

Armazenamento dos alimentosAs zonas onde se procede ao armazenamento de alimentos, tais como

despensas, devem ser limpas periodicamente, terem iluminação e ventilação adequadas,eapresentaremumambientefrescoeseco.Aquandodaaqui-sição dos produtos, o armazenamento dos alimentos perecíveis, como por exemplo, carne, peixe e laticínios, deve ser prioritário, devendo estes produ-tosserimediatamentearmazenadossobrefrigeraçãooucongelação.

Durante o armazenamento dos produtos deve-se:• agruparosgénerosalimentíciospor famílias (ex.bebidas, conser-

vas,batatas/cebolas,massas)deformaapreveniraocorrênciadecontaminaçõescruzadasefacilitaroacessoaosmesmos;

• osprodutosalimentaresdevemestarseparadosdosnãoalimenta-res;

• os produtos não devem ser colocados diretamente sobre o pavi-mentoedevemestarpreferencialmenteafastadosdaparede;

• seguir a regra“primeiro a entrar –primeiro a sair (“first in –first out”),deformaagarantirqueosprodutosmaisantigossejamosprimeiros a ser utilizados. Esta regra também deve ser seguida no armazenamentodeprodutosrefrigeradosecongelados;

• verificarasdatasdevalidadedosprodutosaarmazenar,deformaagarantirqueosprodutoscomprazosdevalidademaiscurtossejamos primeiros a serem consumidos (“first end–first out”). Esta situ-açãodeve-seaofactodeemalgumasocasiõesosnovosprodutospoderemterprazosdevalidademaiscurtosdoqueosjáexistentesnadespensaounosequipamentosdefrio,taiscomofrigoríficosoucongeladores;

• rejeitar imediatamente os produtos que se apresentem em latasopadas,amolgadasecomsinaisdeferrugem;

Page 8: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

37

Projeto Zoonoses

• rejeitarimediatamenteosprodutosqueindiciemapresençadepra-gas(ex.roedores,baratas,etc.);

• nuncaacondicionaralimentosemembalagensdeprodutosnãoali-mentares,evice-versa;

• procederàdescartonagemporqueascaixasexteriorespodemtrans-portar poeiras e microrganismos e, eventualmente, pequenos animais queirãocontaminarointeriordoespaçodearmazenamento;

• casoocorraderramedealgumproduto,procederàsua imediatalimpeza.

Ai, sinto-me tão inchada...

será do calor?

Armazenamento a baixas temperaturas – Refrigeração e Con-gelação

Ofrioéumaformadeconservarosalimentosporperíodosmaisoume-nos prolongados. O seu modo de atuação visa diminuir o desenvolvimento dosmicrorganismoseaatividadedeenzimasprópriasdosalimentos,defor-ma a prolongar a vida útil dos produtos. Para isso devemos ter alguns conhe-cimentos práticos e gerir bem os aparelhos.

Umprimeirocuidadoaternaaquisiçãodosequipamentosdefrioéaescolhadosmodelosmaiseficientesdeformaapouparnacontadaluz.Alémdisso, a localização destes equipamentos na cozinha também é de particular importância,devendoestarafastadosdefontesdecalor(ex.fogãoe/oufor-no)edepreferêncianumcompartimentooulocalondenãoestejamsujeitosàluzsolardireta,deformaaevitaroaquecimentodasparedes,quesetradu-zirá num maior consumo de energia.

Page 9: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

38

Projeto Zoonoses

Em relação aos alimentos a conservar, em primeiro lugar deve-se esco-lherosprodutosmais frescos.Umprodutodeteriorado, colocadono frio,não ganha nenhuma propriedade nova, mantendo-se deteriorado. Logo após aaquisiçãooucolheita,oprodutoaconservardeveserrefrigeradoomaisra-pidamente possível, a menos que se trate de produtos que não necessitam derefrigeraçãoousejamparaconsumirimediatamente.Apóscolocaçãonofrigorífico,oprodutodevemanter-serefrigeradodurantetodaasuavidaútil.

Os produtos refrigeradosdevemserarmazenadosemfrigoríficos,regu-lados a uma temperatura entre os 1 °C e os 4 °C (Baptista e Linhares, 2005). É frequenteencontrarfrigoríficosaumatemperaturaigualousuperiora8°C.Contudo, esta situação reduz a validade dos alimentos, em especial os mais perecíveis como a carne e o peixe.

Os frigoríficosdevem ser periodicamentehigienizadosporque infeliz-menteháalgunsmicrorganismosquesemultiplicamfacilmenteàtempera-turaderefrigeração,eaospoucosvão-nocolonizando.Dessemodoapráticade higienização periódica destes equipamentos é de extrema importância.

Além disso, é importante que não se exceda a capacidade do equipa-mento, para que o ar circule no interior do mesmo, evitando a criação de zonas de calor. Nas situações em que os alimentos se encontrem acondicio-nados em embalagens de materiais absorventes, como por exemplo cartão, estas devem ser previamente removidas. Também nunca se deve introduzir alimentosquentesnofrigoríficoporqueatemperatura internadestepodeaumentar(podendoestimularocrescimentomicrobiano)eocorreraforma-çãodecondensação,aqualpodefavoreceracontaminaçãocruzadaeobrigaoequipamentoa fazerumesforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bémpelasmesmas razões,aportado frigoríficodeveserabertaomenornúmero de vezes possível e pelo menor período de tempo possível.

Geralmente,os alimentosdevemser colocadosno frigoríficopela se-guinte ordem:

• prateleirasuperior–alimentoscozinhados;• prateleirasintermédias–carnesepeixescrus;• prateleirasinferiores/gavetas–produtosemfasededescongelação

/ vegetais.

Deste modo, evita-se que sangue, líquidos de descongelação e partícu-las de terra caiam sobre comida pronta a ser consumida (Baptista e Linhares, 2005). É de extrema importância assegurar que os alimentos crus não en-trememcontactocomalimentosconfecionados.

Tambémédeparticular relevância não armazenar no frigorífico latasabertas com alimentos, em especial alimentos ácidos, tais como, tomate,

Page 10: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

39

Projeto Zoonoses

sumosoufrutas,porquepodeexistirmigraçãodecomponentesdaembala-gem para o alimento e causar a sua contaminação. Estes produtos devem ser colocados em recipientes plásticos providos com tampa.

Emrelaçãoaoarmazenamentode frutosehortícolassob refrigeraçãoéimportanteteremconsideraçãoqueháfrutossensíveisaofrio,taiscomoo ananás, banana, manga, melancia, melão e citrinos que quando armazena-dosatemperaturasbaixassofremlesõespelofrio(BaptistaeLinhares,2005).Tambémfrutosqueproduzamgrandesquantidadesdeetileno,taiscomoamaçãeapera,nãodevemsermisturadoscom frutos sensíveisaestegás,como por exemplo, o kiwi (Baptista e Linhares, 2005). Os vegetais não deve-rãoserarmazenadosemsacosplásticos,anãoserquesejamapropriadosparatal,taiscomosacosperfurados,quepermitamoarejamentodosprodutos.

Seoseufrigoríficoapresentarumcompartimentodecongelação,des-congele-o periodicamente. A acumulação de gelo nas paredes reduz a sua eficiênciadearrefecimentoeaumentaoconsumodeenergiaelétrica.Nuncasedevemutilizarsuperfíciesdurasouaguçadaspararasparocongeladordeumfrigorífico,poispodeperfurarassuastubagensedanificá-lopermanente-mente, sem hipóteses de reparação.

Page 11: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

40

Projeto Zoonoses

Em relação às arcas de congelação,asuautilizaçãoémuitofrequenteerepresentaumaboaformadeteralimentosàmão,muitasvezesprontosaconsumir.Operíododetempodeconservaçãoémuitoaumentadofaceao frigorífico,masnãodeve ser esquecidoquea conservaçãonãoéeter-na. Embora muito lentamente, os microrganismos continuam a estar viáveis, massãoalgumasreaçõesquímicas,dotipodarancificação,quenoslimitammaisoprazodeconservação.Deumaformageral,osalimentoscommaiorteor em gordura têm um prazo de validade muito mais baixo que os alimen-tos magros. Peixes gordos e carne com maior teor em gordura e outros (ex. queijos,margarinasemanteigas)têmvalidadesdepoucosmeses.Osrótuloscomerciaisdevemsersempreconsultados,quandoforocaso.

Osprodutoscongeladosdevemsermantidosatemperaturasinferioresou iguais a -18 °C, devendo também o ar circular livremente entre os produtos. Desse modo é importante que as arcas congeladoras não se encontrem sobre-lotadas e deve-se proceder à descongelação periódica destes equipamentos, deformaaevitaraformaçãodegeloexcessivonointerior,situaçãoqueori-gina um aumento do gasto de energia e acarretar a contaminação dos produ-tosarmazenados(BaptistaeLinhares,2005).Relativamenteàamplitudedetemperaturas, isto é, entre o ligar e desligar do motor, esta deve ser reduzida. Quantomaiorforestaamplitudedetemperaturas,maioréaprobabilidadededescongelações parciais, seguida de recongelações, num processo que retira grande quantidade de água aos alimentos, tornando-os secos e baixando-lhes a qualidade. Esta água acumula-se nas paredes da arca ou dentro das embala-gensplásticas,factoquedenunciaumacongelaçãodeficiente.

Os alimentos congelados devem ser acondicionados em embalagens adequadas de modo a individualizá-los e evitar a ocorrência de “queima-durasde frio”,que secama superfíciedoalimento, formandoumacrostaesbranquiçada. Quando congelar alimentos, uma excelente prática consiste emidentificá-loscomotipodeprodutoeadatadecongelação,paraevitaraexistência de alimentos muito atrasados no interior da arca.

Acongelaçãodeumalimentosignificaqueaáguaqueocompõepas-saaoestadocongelado,emmaioroumenorquantidade,formandocristaiscom dimensão microscópica até alguns centímetros de comprimento. A di-mensãodestescristaiséumfatormuitoimportantepoisoscristaissãores-ponsáveispordanosaosalimentos,sendoestesmaioresquantomaiorforadimensãodoscristais.Decertojánotouquealgunsalimentosnãopodemser congelados, sob pena de perderem toda a sua textura característica e pareceremtotalmenteesmagados.Estefactodeve-seàformaçãodecristais

Page 12: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

41

Projeto Zoonoses

degelo,muitoafiados,quedanificammuitoasestruturasorgânicas.Estescristaissãotantomaioresquantomaislentaforavelocidadedecongelação,favorecendoaformaçãodecristaisdegelodemaioresdimensões.Quandoda descongelação, a destruição das estruturas orgânicas permitirá a saída da água para o exterior, com enormes perdas de peso por libertação de água eoutroscomponentesdoproduto.Estasituaçãoémuitofrequenteembi-fescongeladosemcasa,quelibertamumagrandequantidadedeáguaedeoutros componentes quando da sua descongelação. Por outro lado, a apli-caçãodeumatemperaturamuitobaixafavoreceráaformaçãodeummaiornúmero de cristais, de dimensões muito reduzidas, e portanto, sem tamanho paradanificardemasiadoasestruturasorgânicas.Dessemodo,oprodutocongeladomanteráassimumaestruturaparecidacomaquetinhaemfresco.Infelizmente,asarcascaseiras,deformageral,nãoconseguemcongelarosalimentosmuitodepressa,sobretudoseforemmuitovolumososousecolo-carmos diversos volumes, em simultâneo, e encostados uns aos outros. Para obviar isto, podemos sempre optar por volumes de menor dimensão e ao seu afastamento,encostando-osàsparedesfriasdoequipamento.A“chegadadofrio”àsarcascongeladorasfaz-seatravésdealgumasparedes(identifi-cam-sefacilmentepoissãoasquefixammaisgelo),ondepassamtuboscomumfluidopróprio,responsávelpeloarrefecimento.Nofimdoprocessodecongelação deverá proceder à sua arrumação por tipo de produto.

Oslegumesverdesquepretendacongelar,deverãosofrerumprocessode“escaldão”queconsistenasuapassagemporáguaaferverduranteunsminutos ou segundos, operação seguida de um escorrimento e embalagem. Este procedimento destina-se a reduzir os microrganismos presentes e a ina-tivar enzimas, permitindo uma conservação mais prolongada e em melhores condições. Muitos legumes podem também ser cozidos previamente à con-gelação, sem perda de qualidade.

Emrelaçãoàcongelaçãodacarne,estanuncadeveráserfeitaantesdequarenta e oito horas depois do abate do animal, sob pena de perder muita águaenutrienteseapósadescongelaçãoficarmuitodura.

Também é importante descongelar a arca periodicamente, sem utilizar utensíliospontiagudosoumetálicos,umavezqueoseuusopodedanificaraarca,sempossibilidadedereparação,casoseperfureostubosdaspare-des. Enquanto se procede à descongelação da arca, os alimentos deverão ser protegidos da descongelação, quer utilizando arcas de transporte, quer acondicionando-osbemjuntos.Deve-seabreviarotempodedescongelaçãoe limpeza, utilizando água quente.

Tambémémuitoimportanteverificaroestadodeconservaçãodasbor-rachasdasportasdosequipamentosdefriodeformaagarantirqueasmes-

Page 13: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

42

Projeto Zoonoses

masseencontramembomestadodeconservaçãoevedameficientemente.Em caso de avaria, deve-se evitar ao máximo a abertura das portas.

Preparação dos alimentosDurante a preparação dos alimentos também devem ser seguidas algu-

mas práticas, tais como:• na bancada não devem existir simultaneamente alimentos crus e

confecionados,ouprodutosalimentarespróximosdelixosouobje-tossujos,deformaaevitaracontaminaçãocruzada;

• osalimentosdevemserpreparadosdeformacontínua,seminter-rupções, devendo evitar-se deixar estes sobre a bancada por longos períodos de tempo. Desse modo, deve-se evitar a preparação de ali-mentoscomdemasiadaantecedênciaàsuaconfeçãoouconsumo;

• apreparaçãodepeixe,carneevegetaisdeveserseparadanotempoapóshigienizaçãodassuperfícies;

• apósutilizarumaplacade corte, facasououtrosutensílios, estesdevem ser devidamente higienizados antes de serem utilizados na preparaçãodeoutrosalimentos;

• apósapreparaçãoosalimentosdevemsercolocadosnofrigorífico,devidamenteacondicionados,atéàsuaconfeção;

• nocasodealgumaembalagemdeumprodutoseraberta,e casonão se gaste a totalidade do produto, deve-se proceder à sua trans-ferênciaparaumaembalagemdeplásticocomtampa;

• napreparaçãodecarnesembaladasemvácuo,estasdevemserre-tiradas 2 horas antes da sua preparação de modo a que a carne re-tome a sua cor natural e o odor a vácuo desapareça. Durante este períodoacarnedeveráestararmazenadanofrigorífico;

• ao usar ovos, devemos previamente coloca-los num recipientecomágua,rejeitandoimediatamenteaquelesquevieremàsuper-fície, sinal indicativodedesenvolvimentodegás.Sódeverãoserutilizadososovosquepermaneçamnofundodorecipiente.Pos-teriormente,asuaquebranãodeveráserefetuadanosbordosdorecipiente onde o conteúdo vai ser colocado. Além disso, os ovos deverão ser partidos um a um, num recipiente à parte, antes de serem adicionados aos restantes, de modo a que na situação de umovoparecerestarestragado,possaserrejeitado,semnecessi-dade de se eliminar todos os outros. As cascas devem ser coloca-dasimediatamentenolixoeasuperfícieutilizadaparaquebrarosovosdeveser lavadaedesinfetadanofinaldaoperação.Apósaquebradosovos,deve-sehigienizarasmãos.Deveserreferidoque

Page 14: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

43

Projeto Zoonoses

os ovos para cozer devem ser lavados antes de serem colocados na água de cozedura.

A descongelaçãodealimentosdeveserrealizadasobrefrigeração,ouquando necessário, poder-se-á utilizar o programa de descongelação do mi-cro-ondas,desdequeconfecionadosimediatamenteaseguir.Adescongela-ção não deve ser realizada à temperatura ambiente ou em água quente por-queasbactériaspatogénicasexistentesàsuperfíciedosalimentospodemencontrar condições para o seu desenvolvimento, multiplicação e produção de toxinas. Também é importante assegurar que o interior dos alimentos descongelenatotalidade,deformaagarantirquenasoperaçõesculináriasseguintes se consiga destruir prováveis microrganismos patogénicos presen-tes. Existem algumas exceções, tais como alimentos de pequena dimensão, taiscomorissóis,pastéisdebacalhauelegumes,quepoderãoserconfecio-nados imediatamente após serem retirados do congelador. Também é im-portanteevitarqueoalimento,duranteeapósadescongelação,estejaemcontacto com o líquido de descongelação, devendo, por isso, o alimento ser colocado em grelhas de plástico ou inox, ou em tabuleiros adequados, que permitam que os sucos escorram. Os alimentos descongelados devem ser confecionados e consumidos no períodomáximode 24 horas.Os alimen-tos após terem sido descongelados, nunca devem voltar a ser congelados porque um alimento descongelado atingiu uma temperatura que permitiu a multiplicação de microrganismos e até ao momento do alimento voltar a congelar, pode ainda ocorrer crescimento microbiano. Desse modo, quando o produto voltar a descongelar, poder-se-ão atingir níveis inaceitáveis de mi-crorganismos que podem por em causa a saúde do consumidor.

Confeção dos alimentosAconfeçãodosalimentoséumaetapamuitoimportante,umavezque

poderão ser eliminadas bactérias como a Salmonella, Campylobacter, L. mo-nocytogenes e Y. enterocolitica. As condições necessárias à sua eliminação são o centro térmico (interior) do alimento manter-se a 70 °C durante pelo menos2minutosouqueseatinjaatemperaturadepelomenos75°C(Boltone Maunsell, 2002). Contudo, na preparação de alguns pratos essas tempera-turas não são atingidas. Nessa situação, esses alimentos devem ser consumi-dosnumperíodomáximode30minutosapósconfeção(BoltoneMaunsell,2002).

Duranteaconfeçãodasrefeições,nuncasedeveprovarosalimentoscomosdedos,podendo-seutilizarumacolherparaoefeito,devendoestaserimediatamentehigienizadaapósuso.Oprocessodeconfeçãonãodeve

Page 15: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

44

Projeto Zoonoses

ser interrompido, devendo-se tentar reduzir ao mínimo toda a manipulação deumprodutoapósasuaconfeção,demodoaevitarumaposteriorrecon-taminação do produto cozinhado.

Tambémsedeveevitaraconfeçãodealimentosdevéspera.Contudo,quandofornecessáriorealizá-la,apósaconfeçãoosprodutosdevemserra-pidamentearrefecidosatéumatemperaturamáximade3 °C,devendosercolocadosemrecipientestapadoseacondicionadosnofrigorífico.

Existemdiversas técnicasdeconfeçãoquesãoutilizadasnodia-a-dia,taiscomo,assar,fritar,cozeregrelhar.Refira-sequeaorecorreràassadura,umaquecimentorápidodarálugaràformaçãodeumacrostaquevaipermi-tir a retenção da humidade e da gordura, impedindo a degradação de vários nutrientes ou componentes aromáticos (Baptista e Linhares, 2005). Se pelo contrário,oaquecimentofor lento,aperdadeáguaserámaioratésefor-mar a crosta, tornando-se a parte interna do alimento mais seca (Baptista eLinhares,2005).Aofritaréimportantequeotermostatodafritadeiranãoultrapasse os 180 °C, uma vez que o uso de temperaturas elevadas produz alterações nos óleos ao nível da viscosidade, aroma e sabor. Contudo, se são pretendidosalimentoscomumacrostasuperficial,masuminteriormole,es-sesprodutosdevemserfritosatemperaturaselevadas(BaptistaeLinhares,2005).Noentanto,estasdevemsersempreinferioresaovalorreferidoan-teriormente. Se só se pretender provocar a desidratação do alimento, este jádeveserfritoatemperaturamaisbaixa(BaptistaeLinhares,2005).Assim,serápossívelremoverumamaiorquantidadedeáguaantesdeseformaracrostasuperficial(BaptistaeLinhares,2005).

Deformaaprolongaradurabilidadedosóleosdefritura,deve-se:• usaróleosdeboaqualidade,resistentesaaltastemperaturas(ex.

óleodeamendoim);• substituirregularmenteoóleo.Nuncasedevemisturaróleonovo

comusado,oudoistiposdeóleosdiferentes;• regularotermostatoaumatemperaturainferiorouiguala180°C;• filtraroóleoapósutilizaçãoeapósarrefecimento,removendopartí-

culassólidas,quepodemcarbonizarealteraraqualidadedoóleo;• nãoultrapassaronúmerodefriturasqueumóleopodesuportar;• protegerosóleosdefrituradocontactodoaredaluz,tapando-os

nofinaldoprocesso;• esvaziarelimparascubasdasfritadeirasapósutilização.

Quandofornecessárioarrefeceralimentoscozinhados,estesdeverãoserguardadosnumequipamentodefrio,dentrode90minutos,apóscon-feção(BoltoneMaunsell,2002),edeverãopassarde70a10°Cnomáximo

Page 16: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

45

Projeto Zoonoses

em 2 horas (Baptista e Linhares, 2005). Dividir os alimentos cozinhados em pequenasporções,facilitaráoarrefecimento.

Outras práticas importantesÉfrequenteusar-seumpano de cozinhaparatodasastarefas.Contudo,

esta prática é de todo desaconselhada e não deve ser realizada porque os panosdecozinhapodemserumafontedecontaminação,resultadodapre-sençaderesíduosdealimentosquepoderãofavorecerodesenvolvimentomicrobiano. Desse modo, os panos de cozinha devem ser periodicamente higienizados(lavagem+desinfeção),devendo-seidealmenteusarpanosdecozinha de uma só utilização.

Quando há necessidade de manter os alimentos quentes, resultado, por exemplo, de uma demora no seu consumo, estes devem ser colocados em banho-maria ou num equipamento que permita manter a temperatura igual ousuperior a63 °C (BoltoneMaunsell, 2002).De facto,o incumprimentodestes limites térmicos poderá causar o crescimento de algumas bactérias e a produção de toxinas.

Também o reaquecimento de alimentos pré-confecionados é uma eta-pa importante. Os alimentos devem ser reaquecidos imediatamente após se-remretiradosdofrigorífico,devendoastemperaturasnuncasereminferio-res a 70 °C (Bolton e Maunsell, 2002). Além disso, os alimentos só devem ser

Oi! Então como vamos

de bactérias?

Eu, uma semaninha!

e tu? Eu, duas.Até ando sozinho!

Page 17: bibliotecadigital.ipb.pttulo.pdfo equipamento a fazer um esforço suplementar (UNIHSNOR, 2001). Tam-bém pelas mesmas razões, a porta do frigoríficodeve ser aberta o menor número

46

Projeto Zoonoses

reaquecidosumavez.Apráticadereaquecerevoltararefrigerarédetodoinaceitável (Baptista e Linhares, 2005).

Em relação às sobras(alimentosqueforamconfecionadosemexcesso),estas podem ser reaproveitadas, desde que:

• seassegureacadeiadefrio.Destemodo,assobrasqueestiverammuito tempo à temperatura ambiente ou próximas de equipamen-tosquelibertemcalornãodevemserconsumidas;

• oacondicionamentodassobrasdeveserfeitolivrandoasmesmasdemolhoseacompanhamentos;

• arrefecerrapidamenteassobras,devendoestasseracondicionadasecolocadasnofrigorífico;

• nãosedevereaproveitarsobrasemconjuntocomnovosprodutos;• rejeitarassobrasquenãoforamutilizadas.

Uma correta limpeza e desinfeção do espaço, bancadas e utensílios, utilizadosnamanipulaçãodealimentos,éfundamentalparaquesegarantaa qualidade e segurança dos géneros alimentícios produzidos. Desse modo, deve-seprocederdaseguinteforma:

• eliminarasujidade;• lavarcomáguamorna,àqualfoiadicionadodetergentenadosagem

indicadanaembalagem;• enxaguarcomáguaquente;• se necessário, desinfetar (respeitando a dosagem e o tempo de

ação indicados no rótulo do produto) e enxaguar abundantemente com água potável para retirar possíveis restos do detergente e de-sinfetante.

Porfim, seestas regrasgerais foremcumpridas, seremoscapazesdeconfecionaralimentosseguros.

ReferênciasBaptistaPeLinharesM(2005).HigieneeSegurançaAlimentarnaRestau-

ração–VolumeI–Iniciação,Forvisão(Ed.),p.128.BoltonDJeMaunsellB(2002).Guiaparacontrolodasegurançaalimentarem

restauranteseuropeus.AmorimJeNovaisMR(Tradutoreserevisores).InstitutoNacionaldeSaúdeDr.RicardoJorge,Lisboa,Portugal,p.27.

UNIHSNOR(2001).CódigodeBoasPráticasdeHigieneparaaRestauração.InstitutoUNIHSNOR–InstitutodeHotelaria,RestauraçãoeTurismodoNorte de Portugal, Porto, Portugal, p. 104.