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MÔNICA SANTANNA DE VARGAS TURISMO CULTURAL E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: uma análise das políticas públicas em São Miguel das Missões/RS BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2017

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MÔNICA SANTANNA DE VARGAS

TURISMO CULTURAL E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: uma análise das políticas públicas em São Miguel das Missões/RS

BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2017

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NOME DO ACADÊMICO

UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH

Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

TURISMO CULTURAL E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: uma análise das políticas públicas em São Miguel das Missões, RS

Dissertação apresentada ao colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria – área de concentração: Planejamento e Gestão do Turismo e da Hotelaria – (Linha de Pesquisa: Planejamento do Destino Turístico)

Orientador: Dr. Luciano Torres Tricárico

BALNEÁRIO CAMBORIÚ (SC) 2017

MÔNICA SANTANNA DE VARGAS

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UNIVALI UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

Vice-Reitoria de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Graduação em Turismo e Hotelaria - PPGTH

Curso de Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

MÔNICA SANTANNA DE VARGAS

TURISMO CULTURAL E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL: uma análise das políticas públicas em São Miguel das Missões/RS

Dissertação avaliada e aprovada pela Comissão Examinadora e referendada pelo Colegiado do PPGTH como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Turismo e Hotelaria.

Balneário Camboriú (SC), 21 de fevereiro de 2017.

Membros da Comissão: Presidente: _____________________________________

Dr. Luciano Torres Tricárico Membro Externo: _________________________________

Dra. Susana de Araújo Gastal (UCS)

Membro Interno: _____________________________________ Dr. Paulo dos Santos Pires

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Este trabalho é dedicado ao meu pai, Eusébio, que nunca desistiu de mim e que sempre me apoiou e me ajudou em todas as minhas pesquisas de campo –

graduação, especialização e agora no mestrado.

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AGRADECIMENTOS

- Agradeço a UNIVALI, na pessoa do Coordenador do Programa de Pós-graduação em Turismo e Hotelaria, professor Dr. Francisco dos Anjos pela oportunidade de ter realizado o meu sonho em uma das melhores instituições do país. Em nome dele, gostaria também de agradecer todos os professores do programa por não terem medido esforços para propiciarem a troca de conhecimento. Um agradecimento especial aos professores Yolanda Flores e Silva e Paulo dos Santos Pires, que mais que professores, foram amigos no momento em que mais precisei; - Ao meu orientador, professor Dr. Luciano Torres Tricárico, que embarcou nesse sonho comigo desde quando fui sua “aluna especial”, o que me permitiu entrar no programa já com orientador e projeto definidos. Obrigada por sua paciência, tolerância e por todos os conhecimentos compartilhados; - A CAPES pela bolsa de estudos concedida. Somente assim foi possível sonhar e realizar meu sonho; - À secretaria do programa, nas pessoas da secretária Núbia Marchiori e Raísa Homse, sempre prontas para ajudar no que fosse possível; - À equipe da Revista Turismo Visão e Ação, da qual fiz parte da equipe editorial. Aprendi muito com vocês. Obrigada pela oportunidade. - Aos meus colegas do mestrado e doutorado, sejam eles da minha turma ou de outras turmas. Vocês foram muito importantes para o meu crescimento pessoal e profissional. Alguns eu levarei para sempre no meu coração e nas minhas lembranças, pois se tornaram amigos; - Aos amigos que conquistei em Balneário Camboriú, em especial à Andréia Pacher, que por dois anos dividiu o apartamento comigo, sendo um suporte extremamente necessário durante o processo; - Ao município de São Miguel das Missões e aos entrevistados, citando aqui o apoio constante das seguintes instituições: Prefeitura Municipal de São Miguel das Missões, IPHAN, IBRAM, Ponto de Memória Missioneira e Pousada das Missões; - À minha família, que apesar de todos os problemas por mim enfrentados, foi incansável no apoio para que eu conseguisse chegar até o fim. Meus pais, Eusébio e Tânia, meu esposo Flávio e meu irmão Alex (e família) obrigada por tudo; - Deus é o responsável por eu ter conseguido chegar até o fim. Ele me deu força, me iluminou, secou as minhas lágrimas e me mostrou que eu conseguiria. E eu acreditei!

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“Esta terra tem dono”.

Sepé Tiaraju

Herói Guarani Missioneiro Rio-grandense

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RESUMO

As Missões Jesuíticas-Guaranis estão presentes em três países que possuem remanescentes das obras deixadas pelos jesuítas – Argentina, Paraguai e Brasil e que formaram os Trinta Povos das Missões. Juntos, esses países possuem sete patrimônios da Humanidade reconhecidos pela UNESCO. A Educação Patrimonial trabalhada enquanto política pública pode contribuir com a valorização e a preservação do patrimônio cultural desses lugares. Esta pesquisa tem como foco o município de São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul, o único remanescente missioneiro reconhecido pela UNESCO no Brasil. Este trabalho tem como principal objetivo compreender o papel da Educação Patrimonial no desenvolvimento do turismo cultural no município selecionado. Optou-se utilizar entrevistas semiestruturadas para avaliar o posicionamento das instituições que atuam com educação patrimonial e quais ações estão sendo realizadas, bem como verificar a existência de políticas públicas de educação patrimonial e sua contribuição para o turismo e posteriormente descrever as ações levantadas. O material coletado foi organizado sob a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). Foi possível compreender que em São Miguel das Missões existem políticas públicas sistematizadas de educação patrimonial criadas por entidades presentes no município, mas não existe um trabalho em conjunto realizado por essas instituições. Percebe-se também, na opinião dos entrevistados, que a educação patrimonial contribui para o desenvolvimento do turismo. Palavras-chave: Turismo Cultural. Educação Patrimonial. Políticas Públicas. Missões Jesuíticas. São Miguel das Missões/RS.

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ABSTRACT The Jesuit-Guarani Missions were present in three countries; Argentina, Paraguay and Brazil. The ruins of those Jesuit missions together form the so-called Trinta Povos das Missões (Thirty Peoples of the Missions). Together, these countries have seven World Heritage Sites recognized by UNESCO. Heritage Education, as a public policy, can contribute to enhancing the value and preservation of the cultural heritage of these sites. This research focuses on the municipality of São Miguel das Missões, in the state of Rio Grande do Sul, which is the only mission ruin to be recognized by UNESCO in Brazil. The main objective of this work is to understand the role of Heritage Education in the development of cultural tourism in the municipality in question. We opted to use semi-structured interviews to evaluate the positions of the institutions that offer heritage education and the actions being carried out, and to determine the existence of public policies for heritage education, and their contribution to tourism. This work then goes on to describe the actions carried out. The material gathered was organized using the method of Discourse of the Collective Subject (DCS).It was perceived that in São Miguel das Missões, although there are organized public policies for heritage education, created by entities in the municipality, there is no joint effort between these institutions. It is also perceived that heritage education contributes to the development of tourism. Keywords: Cultural Tourism. Heritage Education. Public Policies. Jesuit Missions. São Miguel das Missões/RS.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Contextualização da pesquisa................................................................... 14

Figura 2 Localização dos Trinta Povos das Missões, com São Miguel das

Missões/RS em destaque.......................................................................... 19

Figura 3 Distribuição urbanística em São Miguel das Missões no tempo dos

índios........................................................................................................ 37

Figura 4 San Ignacio Miní........................................................................................ 60

Figura 5 Nuestra Señora de Loreto......................................................................... 61

Figura 6 Santa Ana.................................................................................................. 62

Figura 7 Santa María la Mayor............................................................................... 62

Figura 8 Santísima Trinidad del Paraná.................................................................. 63

Figura 9 Jesús del Tavarangue............................................................................... 64

Figura 10 São Miguel Arcanjo.................................................................................... 66

Figura 11 Pórtico de entrada do município de São Miguel das Missões................... 67

Figura 12 Procedimentos metodológicos................................................................... 68

Figura 13 Temas para análise dos discursos............................................................ 78

Figura 14 Artesanato indígena................................................................................... 93

Figura 15 Alunos assistindo ao vídeo educativo que antecede a visita ao sítio

histórico São Miguel Arcanjo..................................................................... 96

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 Capítulos da revisão teórica e autores........................................... 16

Quadro 02 Lacuna linguística entre turismo e cultura...................................... 26

Quadro 03 Etapas metodológicas para Educação Patrimonial........................ 51

Quadro 04 Tópicos da entrevista..................................................................... 71

Quadro 05 Resultados dos periódicos científicos............................................ 76

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LISTA DE SIGLAS

AC - Ancoragem

BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento

CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino

Superior

CNMMYLH - Comisión Nacional de Museos y Monumentos y Lugares

Históricos

CTG/CTN - Centro de Tradições Gaúchas/ Centro de Tradições Nativistas

DSC - Discurso do Sujeito Coletivo

ECH - Expressões-chave

ENACED - Encontro Nacional de Educação

FCGTurH - Fórum Científico de Gastronomia, Turismo e Hotelaria

FIT - Fórum Internacional de Turismo do Iguassu

IBRAM - Instituto Brasileiro de Museus

IC - Ideias centrais

IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

MERCOSUL - Mercado Comum do Sul

OMT - Organização Mundial do Turismo

SEBRAE - Serviço Brasileiro de apoio às pequenas e micro empresas

SENATUR - Secretaria Nacional de Turismo del Paraguay

SEMINTUR - Seminário de Turismo

SPHAN - Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

UNESCO - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e

a Cultura

UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí

UNWTO - World Tourism Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 13

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................... 13

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA........................................................................ 20

1.3 OBJETIVOS................................................................................................. 22

1.3.1 Objetivo Geral............................................................................................ 22

1.3.2 Objetivos Específicos................................................................................ 22

1.4 JUSTIFICATIVA........................................................................................... 22

1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO................................................................ 24

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................. 25

2.1 TURISMO E TURISMO CULTURAL........................................................... 25

2.1.1 Roteiros Culturais na Região Missioneira.............................................. 30

2.2 PATRIMÔNIO CULTURAL.......................................................................... 34

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E DE PATRIMÔNIO CULTURAL... 40

2.4 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL....................................................................... 48

2.4.1 Educação Patrimonial e Turismo............................................................. 52

2.5 MISSÕES JESUÍTICAS NA REGIÃO PLATINA DA AMÉRICA DO SUL.... 55

2.5.1 Comunidade indígena na região missioneira da Argentina.................. 60

2.5.2 Comunidade indígena na região missioneira do Paraguai.................... 63

2.5.3 Comunidade indígena na região missioneira do Brasil – foco da

pesquisa: Rio Grande do Sul..................................................................

64

3 METODOLOGIA.......................................................................................... 68

3.1 TIPO DE PESQUISA................................................................................... 69

3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA E COLETA DE DADOS........................ 70

3.2.1 Pesquisa bibliométrica.............................................................................. 74

3.3 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS........................................................ 78

4 DISCUSSÕES E RESULTADOS............................................................... 80

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 99

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REFERÊNCIAS.......................................................................................... 103

APÊNDICE A............................................................................................... 114

APÊNDICE B............................................................................................. 145

APÊNDICE C............................................................................................... 146

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1 INTRODUÇÃO Este trabalho proporcionará aos leitores uma visão geral da dissertação,

apresentando primeiramente, uma contextualização do tema de pesquisa bem

como os critérios adotados para tal escolha. Essa parte inicial do trabalho

abordará o contexto, o problema de pesquisa, os objetivos e a justificativa que

nortearão o desenvolvimento desta pesquisa, bem como sua organização.

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO Esta dissertação tem como tema principal o Turismo Cultural relacionado às

Missões Jesuítico-guaranis, mais especificamente nos locais onde os jesuítas1

chegaram com o objetivo de catequizar os indígenas que ali viviam, formando as

reduções2. O trabalho faz parte da grande área do Turismo, tendo em vista que

esses lugares possuem um potencial histórico e cultural ainda por ser

desenvolvido e podem se unir através da realização de atividades de Educação

Patrimonial que possam despertar na comunidade e nos visitantes a valorização

do patrimônio cultural existente, preparando-os para o desenvolvimento turístico.

Destaca-se nesse estudo a perspectiva de investimentos no Turismo Cultural, que

pode vir a se desenvolver através de políticas públicas de preservação do

patrimônio cultural existente nessa região transfronteiriça3.

Os estudos foram realizados dentro do Programa de Mestrado em Turismo

e Hotelaria da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI), campus Balneário

Camboriú, junto ao grupo de pesquisa Hospitalidade e Turismo, na linha de

pesquisa Hospitalidade, Patrimônio e Turismo, obtendo financiamento da CAPES

1São os padres da Companhia de Jesus, que foram considerados verdadeiros “soldados” de Cristo,

atuando na educação e no ensino e na catequização dos índios (ROSÁRIO; MELO, 2015). 2 “(...) compostos por espaços de moradias, de lazer e para o culto religioso, seguindo as tradições

católicas européias da época” (PIRES; NUNES; PATRÍCIO, 2015, p.1400). 3“(...) constituem territórios privilegiados, onde as políticas de desenvolvimento local devem ser

desenvolvidas de forma integrada, contando com a participação das autoridades e das populações dos diferentes lados da fronteira” (CARNEIRO FILHO; DOS SANTOS, 2013, p. 151).

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(Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior) durante todo

seu desenvolvimento.

Na figura 01 apresenta-se a contextualização desse estudo, representado

através da técnica da Pirâmide Invertida.

Figura 01: Contextualização da pesquisa.

F

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Na pirâmide invertida é possível analisar o Turismo como sendo a grande

área deste estudo, acompanhada pelo segmento de Turismo Cultural, que se

utiliza do patrimônio para a promoção das localidades. A Educação Patrimonial

perpassa por todos os temas da pesquisa por ser uma importante ferramenta de

valorização do patrimônio, necessitando de políticas públicas que auxiliem na

preservação e divulgação desses bens patrimoniais para fins turísticos.

O tema Missões Jesuíticas vêm sendo estudado há anos por alguns

pesquisadores e em diferentes áreas do conhecimento – história, antropologia,

sociologia, turismo, arquitetura e urbanismo, e outros (STELLO, 2013). A

Educação Patrimonial é um tema mais recente e que vem ocupando um

importante espaço nas ações de planejamento do turismo, já que contribui

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significativamente para a valorização e a preservação do patrimônio cultural,

preparando as comunidades para receber os visitantes.

O Turismo é uma atividade que vem crescendo consideravelmente, fato

este comprovado pelos estudos divulgados pela UNWTO (World Tourism

Organization) (FLORES; MENDES, 2014) e é capaz de promover o

desenvolvimento econômico e social nos lugares onde há planejamento, pois é um

gerador de emprego e renda (BOTTI; CAMPRUBI; TORRÈS, 2008).

O Turismo Cultural é uma segmentação do mercado turístico capaz de

incorporar uma variedade de formas culturais, incluindo museus, galerias, eventos,

arquitetura, sítios históricos e apresentações artísticas, que quando aproximadas

com uma cultura em particular, fazem parte de um conjunto que identifica uma

comunidade e que atrai visitantes interessados em conhecer as características

singulares do lugar (DIAS, 2006).

Um dos benefícios socioculturais que se percebe com o desenvolvimento

do turismo em uma localidade é a valorização do patrimônio histórico pela própria

população local, que passa a ver os imóveis antigos de outra maneira (DIAS,

2006). Isso se consegue através da sensibilização da comunidade acerca do

patrimônio cultural existente no local.

Educar patrimonialmente uma comunidade é fazer com que as pessoas que

ali residem percebam a significativa importância do bem patrimonial que possuem

e passem a contemplar a paisagem com respeito e consciência de sua existência,

sensibilizando-se para a atividade turística e sentindo-se pertencente ao lugar. É

possível educar também os visitantes que se deslocam para conhecer tal destino

turístico.

Entende-se a educação patrimonial como um tipo de atividade que leva a

um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização da herança

cultural, capacitando a comunidade para uma melhor utilização destes bens e

propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos (ITAQUI,1998). Para

se efetivar, ela deve ser um processo permanente e sistemático, centrado no

patrimônio cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento do

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indivíduo consigo mesmo e no coletivo (HORTA; GRUMBERG; MONTEIRO,

2009).

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), órgão que

trabalha com as questões ligadas ao patrimônio brasileiro e também com a

educação acerca do mesmo, em seu sítio na internet, apresenta um conceito

bastante esclarecedor, afirmando que a Educação Patrimonial são todos os

processos educativos formais e não formais com foco principal no patrimônio

cultural, colaborando para o reconhecimento, a valorização e a preservação das

referências culturais e sua manifestação (IPHAN, 2015).

A fim de sustentar as teorias dessa pesquisa, foram consultados artigos e

livros de alguns autores ligados aos temas aqui presentes e que estão

apresentados no quadro 01:

Quadro 01: Capítulos da revisão teórica e autores

CAPÍTULOS AUTORES UTILIZADOS

TURISMO E TURISMO CULTURAL

Roteiros turísticos na Região Missioneira

Avila (2009), Bahl (2004), Barretto (2000), Barroco; Barroco (2009), Brasil (2005, 2010), Brito (2009), Camargo (2009a e 2009b), Caminho das Missões (2016), Costa (2014), De Stefani (2014), Dias (2006), Lohmann; Panosso Netto (2008), Lucas (2014), Moesch (2000), Moletta (2002, 2004), Nogueira (1999), Nogueira; Burkhard (2008), Paraguay (2016), Pires (2002), Richards (2009), Simões (2009).

PATRIMÔNIO CULTURAL Aguiar; Chuva (2014), Barretto (2002), Batista Neto (2009), Brasil (1988), Choay (2001), Da Silva; De Moraes (2016), Europa Nostra (2015), Fonseca (1997), Horta; Grunberg; Monteiro (2009), Moletta (2004), Moser (2014), Oliveira (2011), Padilha; Trentin (2009), Pires (2002), Santos; Carvalho (2013), Su; Wall (2011), UNESCO (1972).

POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E

PATRIMÔNIO CULTURAL

Aguiar; Chuva (2014), Ávila (2009), Azevedo (2002), Beni (2003), Brasil (2009, 2010, 2012, 2013, 2015) Bomfim (2009), Carvalho; Simões (2011), Conceição (2010), Dias (2006), Gastal (2003), Gastal; Moesch (2007), Guedes; Santos (2002), Hall (2001), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (2010), Lemos (2013), Moser (2014), Nogueira; Burkhard (2008), Paraguay (2015), Pozzer (2011), Richards (1996), Santos; Carvalho (2013), Silva (2015), Velasco Gonzáles (2011)

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Educação Patrimonial e Turismo

Abbagnano (2000), Beni (2006), Brandão (1993), César; Dhein; Uez (2011), Costa (2014), Camargo (2009a), Gomes et. al. (2015), Grever; Boxtel (2011), Horta; Grunberg; Monteiro (2009), Libâneo (1994), Moletta

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(2004), Moser (2014), Murta; Albano (2002), Pimentel; De Carvalho; De Oliveira (2016).

MISSÕES JESUÍTICAS NA REGIÃO

PLATINA DA AMÉRICA DO SUL

Barcelos (2013), Costa; Martins (2010), Flores (1996), Grunberg (2008), Kern (1994), Nogueira (2007), Oliveira (2011), Oliveira (2016), Pivatto; Bahl (2011), Porto (2015), Rocha (2011), Stello (2013), Venturini (2011a, 2011b, 2011c, 2013), Viñuales (1990).

Fonte: elaborado pela autora, 2015.

No quadro anterior (Quadro 01) se pode observar os temas e os autores

que ajudaram a construir a fundamentação teórica deste trabalho, sendo possível

observar que muitos dos autores se fazem presentes em mais de um tema, dada a

proximidade dos assuntos aqui desenvolvidos.

O presente estudo explorou a história da região internacional missioneira,

mais especificamente no centro-sul da América do Sul, abrangendo a Argentina, o

Brasil e o Paraguai, países transfronteiriços onde os jesuítas e os índios guaranis

deixaram um conjunto de remanescências materiais dos “Trinta Povos das

Missões” durante os séculos XVII e XVIII (CARNEIRO FILHO; DOS SANTOS,

2013).

Em 1983 o Brasil, através do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico

Nacional (IPHAN), fez a formalização junto à UNESCO (Organização das Nações

Unidas para Educação, a Ciência e a Cultura) para reconhecimento enquanto

Patrimônio da Humanidade das Ruínas de São Miguel Arcanjo, que acabou

englobando as missões jesuíticas edificadas na América do Sul. A UNESCO

concedeu o título de Patrimônio da Humanidade, sendo inscritas na lista em 1985

São Miguel das Missões (Brasil), Santa Ana, San Ignácio Miní, Nuestra Señora de

Loreto e Santa Maria La Mayor (Argentina). Em 1990 passaram a integrar a lista a

de Chiquítos (Bolívia) e em 1993 as de Trinidad e Jesus de Tavarangue

(Paraguai) (PEREIRA, 2013).

Para fins de critérios de seleção, nesse estudo será abordada apenas a

redução de São Miguel Arcanjo, localizada no município de São Miguel das

Missões - Rio Grande do Sul, o único sítio missioneiro do Brasil reconhecido pela

UNESCO, ficando os outros dois países para estudos futuros, tendo em vista que

possuem grande importância no desenvolvimento do turismo no MERCOSUL

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(Mercado Comum do Sul) e dada a necessidade de desenvolvimento de um

trabalho em conjunto.

São Miguel das Missões se localiza numa região chamada Rota Missões,

pertencente ao estado do Rio Grande do Sul, conforme novo mapa estabelecido

pelo Ministério do Turismo (BRASIL, 2016). Possui uma população estimada em

2016 de 7.742 habitantes (IBGE, 2016). O município possui IDH (Índice de

Desenvolvimento Humano) de 0,667 em 2010, considerado de médio

desenvolvimento (PNUD, 2017). O local foi elevado à categoria de município em

1988, desmembrando-se de Santo Ângelo e São Luiz Gonzaga (PREFEITURA DE

SÃO MIGUEL DAS MISSÕES, 2017). Percebe-se que, antes mesmo de ser

município (1988) ele já possuía o título concedido pela UNESCO (1983).

Com relação à base econômica do município, toda a região das missões

possui seu alicerce na exploração da agricultura e da pecuária (AMMISSÕES,

2017). Em São Miguel das Missões, além dessas duas culturas, destaca-se

também o comércio, os serviços e o turismo (SÃO MIGUEL DAS MISSÕES RS,

2017).

Sobre o patrimônio cultural existente em São Miguel das Missões Biesek

(2004, p.4) relata:

O antigo templo de São Miguel Arcanjo guarda ainda a grandiosidade arquitetônica e o simbolismo imaterial da epopéia missioneira. As Ruínas de São Miguel são palco, ao anoitecer, do espetáculo de Som e Luz, para reviver a saga das Missões. O Museu das Missões, projetado pelo arquiteto Lúcio Costa, abriga a maior coleção pública da estatuária missioneira, com várias obras que retratam a originalidade do barroco missioneiro.

Conforme observado, São Miguel das Missões possui importantes

patrimônios culturais que despertam o interesse de turistas. Além do que foi

observado por Biesek (2004), cita-se também aqui a presença dos índios

guaranis, que residem em uma aldeia próxima, mas estão sempre junto às ruínas

comercializando seu artesanato, além do Ponto de Memória, local onde é possível

conhecer a história missioneira e a fonte jesuítica.

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A figura a seguir (Figura 02) apresenta o Circuito Internacional Missioneiro,

localizando os Trinta Povos, na Argentina, no Brasil e no Paraguai, destacando o

município de São Miguel das Missões, o foco desta pesquisa.

Figura 02: Localização dos Trinta Povos das Missões, com São Miguel das

Missões/RS em destaque

Fonte: BRUM, 2017.

É possível perceber na Figura 02 os limites da Região Missioneira, bem

como a proximidade dos Sete Povos no Rio Grande do Sul e também a divisa com

o Rio Uruguai, fazendo fronteira com a Argentina e o Paraguai, o que poderia

facilitar a realização de trabalhos em conjunto para a sensibilização ao patrimônio

cultural e a criação de roteiros nacionais e internacionais para divulgação e

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posterior comercialização, proporcionando com essa ação, uma demanda turística

maior para todos os envolvidos.

1.2 PROBLEMA DE PESQUISA

O filme A Missão (The Mission - 1986), sob direção de Roland Joffé mostra

como se deu a conquista dos indígenas pelos jesuítas, mais focado, nesse caso,

na região dos Sete Povos das Missões, no Rio Grande do Sul. O filme faz um

relato da história, que ainda faz parte do cotidiano em virtude dos patrimônios

edificados deixados por índios e jesuítas e que ainda se conservam na Argentina,

Brasil e Paraguai. Por essa referência, percebe-se que essa região era vista

antigamente como única, ou seja, um corredor missioneiro unificado.

Concomitante ao acervo patrimonial das missões jesuíticas e do conjunto

arquitetônico edificado, também é possível destacar a presença, ainda hoje, dos

Guaranis, com sua tradição oral, identidade, alteridade e memória social

(PEREIRA, 2013). Observando-se a importância desse patrimônio cultural

existente na região, faz-se necessário “educar” patrimonialmente as comunidades

a fim de que as mesmas reconheçam a importância desses bens e estejam

preparadas para o desenvolvimento turístico local. Sabe-se que algumas ações

são realizadas por determinadas instituições, especialmente nas escolas,

conforme registros observados nas redes sociais, nas páginas das escolas

urbanas, uma municipal e uma estadual. Porém é necessário pesquisar se existe

um trabalho de educação patrimonial que reforce a importância do turismo cultural

no município e na região onde está inserido.

A educação patrimonial surgiu inicialmente na Europa, enquanto

modalidade de intervenção pedagógica, tendo se comprometido com políticas de

conservação e administração de patrimônios históricos edificados, principalmente

estatais (DA SILVA, 2015). Posteriormente espalhou-se para outros países,

sempre visando desenvolver políticas que preservem e valorizem o patrimônio

histórico e cultural mundial.

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A educação patrimonial acaba sendo a responsável por interligar os sujeitos

sociais portadores das tradições e dos saberes e fazeres, capazes de se constituir

como atrativos geradores de significados e integradores da identidade cultural. É

de sua responsabilidade também a sensibilização e a conscientização das

comunidades a respeito de seus valores e tradições, inserindo práticas

sustentáveis na vida em sociedade, procurando resgatar e preservar o imaginário

coletivo e o patrimônio representativo dessa cultura no tempo e no espaço

(FARIAS, 2002).

As diferentes combinações entre a cultura e o turismo formam o segmento

do Turismo Cultural, onde a principal motivação do turista é vivenciar os aspectos

e situações peculiares da cultura (BRASIL, 2010). Sendo assim, destaca-se que:

A experiência turística verdadeiramente cultural envolve a comunidade como protagonista, compreende a dimensão da preservação e da interpretação de bens culturais (patrimônio cultural), traduzindo seu sentido e valor para quem os visita. A interpretação, associada aos princípios da educação patrimonial, é mais do que informar, em sua essência, ela deve ter a capacidade de convencer as pessoas do valor e dos significados do patrimônio, promovendo assim uma relação de respeito, atitudes conscientes de conservação (BRASIL, 2010, p. 60).

Conforme observado, desenvolver educação patrimonial no município é

condição indispensável para preparar a comunidade para o desenvolvimento da

atividade turística, fazendo com que os moradores locais valorizem o patrimônio e

demonstrem isso aos visitantes.

Em pesquisas anteriores da autora (DE VARGAS; TRICÁRICO, 2015),

entrevistando professores e planejando metodologias de trabalho, foi possível

perceber que o município de São Miguel das Missões/RS, considerado turístico,

ainda não realiza atividades de Educação Patrimonial de forma organizada,

contando apenas com algumas ações das escolas, o que pode, no futuro, vir a

prejudicar o desenvolvimento do setor. Por esta preocupação constante com a

educação voltada à preservação e valorização do patrimônio cultural que a autora

chegou a questão problema desta pesquisa: existem políticas públicas de

educação patrimonial em São Miguel das Missões e como elas contribuem com o

desenvolvimento do turismo cultural?

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1.3 OBJETIVOS

1.3.2 Objetivo Geral

Compreender o papel da Educação Patrimonial no desenvolvimento do

Turismo Cultural em São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul.

1.3.2 Objetivos Específicos

- Identificar instituições que atuem com educação patrimonial e quais ações estão

sendo desenvolvidas em São Miguel das Missões;

- Verificar a existência de políticas públicas de educação patrimonial propostas

pelas instituições selecionadas e qual sua contribuição no desenvolvimento do

turismo cultural;

- Descrever o papel das ações levantadas à luz de uma lógica que compreenda a

importância da educação patrimonial para o desenvolvimento turístico.

1.4 JUSTIFICATIVA

O tema escolhido para ser estudado se justifica sob diferentes contextos do

conhecimento. Inicialmente, a escolha se deu por afinidade da pesquisadora, que

já trabalhou com projetos práticos na área quando ocupava cargos na gestão

pública municipal na cidade de Santiago, Rio Grande do Sul. Posteriormente o

tema “educação patrimonial” foi objeto de pesquisa em uma especialização, tendo

sido apresentado em evento da área de educação (Encontro Nacional de

Educação – ENACED 2013, em Ijuí, RS) e publicado em seus anais. Um resumo

expandido foi apresentado em evento da área do Turismo (SEMINTUR 2015, em

Caxias do Sul, RS), já envolvendo o município participante desse estudo. Outro

artigo completo foi apresentado no III FCGTURH (UNIVALI, Balneário Camboriú,

2015) fazendo parte dos anais deste evento. Por último, um trabalho mais focado

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para a metodologia de educação patrimonial foi apresentado no Fórum

Internacional de Turismo do Iguassu de 2016 (FIT – Foz do Iguaçu, PR),

constando em seus anais.

É importante destacar que envolvendo o tema educação patrimonial e

missões jesuíticas não foi encontrado um número relevante de estudos

(comparando-se com outros temas), conforme poderá ser acompanhado no

estudo bibliométrico realizado para esta pesquisa, e que se encontra junto à

metodologia. Na área do turismo, existem diversos estudos envolvendo o

município de São Miguel das Missões e região do entorno, versando sobre o

patrimônio cultural, a demanda, a oferta, dentre outros. Na área de história e de

educação também é possível encontrar diversos trabalhos de pesquisa.

Para constatar a importância acadêmica deste estudo, foi realizada uma

pesquisa bibliométrica nas bases de dados Scielo, Science Direct, HEBSCO Host

e Google Acadêmico, além de um levantamento em 30 revistas relacionadas ao

tema turismo e avaliadas pela CAPES com Qualis A e B. Unindo os dois assuntos

– Educação Patrimonial e Região Missioneira, pode-se informar que nenhum

artigo foi encontrado, o que pode tornar este trabalho inédito.

Como contribuição social e política, acredita-se que esta pesquisa, após

seus resultados e as diretrizes que serão apontadas para a potencialização das

atividades de educação patrimonial, poderá despertar o interesse de união por

parte das entidades do município na implementação de políticas públicas

consolidadas, capazes de despertar a auto-estima da comunidade e gerar fluxo de

turismo cultural. Também poderá contribuir com o surgimento de políticas públicas

para o desenvolvimento de um turismo regional e de fronteira, porém

internacionalizado, abrangendo os três países envolvidos através da roteirização e

comercialização de seus patrimônios culturais turísticos, tornando-os mais

competitivos.

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1.5 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Esta pesquisa está organizada da seguinte maneira: após a introdução,

onde a pesquisadora situa o leitor a respeito do contexto da pesquisa, objetivos e

justificativa segue-se para o primeiro capítulo, onde é apresentada uma revisão

teórica sobre os temas envolvidos nesse estudo, com destaque para o Turismo e

o Turismo Cultural, Políticas Públicas de Turismo e Patrimônio Cultural, Patrimônio

Cultural, a Educação Patrimonial e a História das Missões Jesuíticas na região

Platina da América do Sul.

No segundo capítulo são apresentados os procedimentos metodológicos

deste trabalho. No terceiro capítulo serão apresentados os resultados e

discussões deste estudo. Por fim, no quarto capítulo apresentam-se as

considerações finais e alguns encaminhamentos. No apêndice A o leitor poderá

encontrar a transcrição das entrevistas e a aplicação da técnica do Discurso do

Sujeito Coletivo (DSC). No apêndice B e C encontram-se trabalhos apresentados

em eventos ligados ao tema deste trabalho.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste capítulo serão apresentadas as temáticas importantes para a

construção das bases teóricas deste estudo, conduzindo a pesquisa para a

discussão de seu objetivo geral e de seus objetivos específicos. Trabalhar-se-á

com temas ligados ao Turismo Cultural, Patrimônio Cultural, Políticas Públicas,

Educação Patrimonial e às Missões Jesuíticas, cada um desses com

desdobramentos fundamentais para a compreensão da pesquisa como um todo.

Para esse estudo, foram pesquisados livros e artigos de autores nacionais e

internacionais, tentando-se mostrar a relação entre patrimônio, turismo e a

educação patrimonial no contexto do estudo. Uma parte da teoria presente no

desenvolvimento dessa fundamentação foi coletada em bases de dados, através

de pesquisa bibliométrica que será apresentada na metodologia.

2.1 TURISMO E TURISMO CULTURAL

Na visão contemporânea sobre o tema, o turismo é um termo universal

utilizado para descrever o movimento de pessoas que se deslocam de sua

residência permanente para um local em que permanecerão temporariamente,

acrescentando, nesse contexto, toda a infraestrutura material e humana

necessária ao setor de bens e serviços a fim de atender a demanda dos que

viajam – transporte, alojamento, alimentação, diversão, informações, e outros.

Barretto (2000) explica que o turismo possui um aspecto social tão

importante quanto o econômico, pois dá possibilidades de o ser humano se

expandir, se divertir e conhecer novas culturas. A autora afirma ser uma atividade

que merece atenção por parte do poder público por trazer divisas e lazer tanto

para quem pratica como para quem recebe.

Reconhece-se a atividade turística como trânsito, tendo relação direta com

o setor de serviços e atividades econômicas, sem esquecer que se trata de uma

atividade humana interpretativa e que se realiza em um determinado contexto do

mundo (SIMÕES, 2009). Na mesma linha temos o conceito de Moesch (2000, p.

9):

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Uma combinação complexa de inter-relacionamentos entre produção e serviços, em cuja composição integra-se uma prática social com base cultural, com herança histórica, a um meio diverso, cartografia natural, relações sociais de hospitalidade e troca de informações interculturais.

Por se tratar de um processo de interações contínuas entre diferentes

comunidades que ocupam espaços distintos, o turismo é considerado uma

atividade fundamentalmente cultural, tendo em vista que atrai pessoas que viajam

para conhecer novos locais, para descansar e espairecer em ambientes diferentes

do seu de rotina (DIAS, 2006).

Mesmo assim, existe uma dificuldade grande de entendimento entre os dois

setores – turismo e cultura, já que falam línguas diferentes, conforme percebe-se

no quadro abaixo:

Quadro 02: Lacuna lingüística entre turismo e cultura

CULTURA TURISMO

Consumo Produção

Criatividade Marketing

Identidade Imagem

Desenvolvimento de longo prazo Reação de curto prazo

Valores Valor

Fonte: RICHARDS (2009, p. 39).

A falta de cooperação e entendimento entre esses dois setores pode reduzir

seriamente o potencial dos benefícios do turismo cultural e até impedir seu

desenvolvimento (RICHARDS, 2009). Conforme posicionamento do Ministério do

Turismo (BRASIL, 2010, p. 11):

(...) a relação entre a cultura e a atividade turística não pode ocorrer sem a necessária compreensão das formas de caracterização e estruturação pertinentes ao segmento. O desenvolvimento desse tipo de turismo deve ocorrer pela valorização e promoção das culturas locais e regionais, preservação do patrimônio histórico e cultural e geração de oportunidades de negócios no setor, respeitados os valores, símbolos e significados dos bens materiais e imateriais da cultura para as comunidades.

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Com isso, não se pode separar o turismo da cultura, pois a diversidade

cultural é um dos principais ingredientes para desenvolver o setor, sendo a

principal atividade em algumas regiões, gerando emprego e renda nas

comunidades. No setor de serviços, a participação do turismo aumenta

significativamente, acompanhando o comércio e o setor financeiro e crescendo

mais que setores tradicionais, como a indústria automobilística, a eletrônica e a

petrolífera (DIAS, 2006), somando-se também os químicos e alimentícios

(CAMARGO, 2009a).

É necessário salientar que o turismo gera alguns impactos, que podem ser

negativos ou positivos e que envolvem mudanças, diretas ou indiretas, provocadas

na sociedade receptora, nos visitantes e no território como um todo, envolvendo

questões econômicas, ambientais ou sociais (CAMARGO, 2009a). Em se tratando

do patrimônio cultural, “essa preocupação ganha contornos ainda mais definidos

quando, em nome de sua proteção, o acesso a esse patrimônio é restringido ou,

dependendo do caso, impossibilitado”, dificultando o desenvolvimento da atividade

turística (BRITO, 2009, p. 227).

O turismo cultural é uma prática muito antiga, não tendo sido criada pela

sociedade atual. Os romanos podem ser citados como exemplo, pois percorriam a

Grécia com o objetivo de enriquecimento cultural (MOLETTA, 2004).

Embora sendo uma prática antiga, o Turismo Cultural emergiu no início do

século XX, mas foi somente no final de 1980 que ele passou a ganhar mais

atenção, a partir da ampliação da oferta de recursos culturais bem estruturados,

capazes de atrair visitantes através de pacotes turísticos (COSTA, 2014). As

tipologias de turismo cultural, turismo histórico e turismo de patrimônio estão

presentes em locais com um passado significativo, carregado de importância

histórica e cultural, com arquitetura diferenciada, onde há interação de pessoas

(LOHMANN; PANOSSO NETTO, 2008).

Sobre o crescimento dessa tipologia de turismo e o forte poder de atração

de turistas Costa (2014, p. 35) explica:

O direcionamento do atual interesse para o turismo cultural está calcado em sua crescente popularidade como fonte de atração de visitantes, supostamente donos de um perfil procurado por todo o trade turístico.

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Alia-se a este fato a crença comum de que o turismo cultural é a atividade ideal para auxiliar na preservação dos bens do patrimônio cultural (já que, ao menos em tese, ao mesmo tempo que gera receitas, dedicadas à própria conservação do bem, educa os visitantes para o respeitar), e a chave para o crescimento da simpatia pelos destinos encontra-se na possível exploração de seu potencial.

O turismo consegue transformar em produto comercializável tanto os

recursos naturais como o patrimônio cultural tangível e intangível, englobando

todos os aspectos da existência humana e seu entorno natural (DIAS, 2006).

Paisagens, lendas e mitos, música, dança, histórias são recursos disponíveis para

um mercado consumidor que busca conhecimento, novidade e diversidade (ibid).

Cabe ressaltar a importância dessa tipologia de turismo, inclusive do ponto

de vista econômico, já que em muitos casos não depende das condições

climáticas, possuindo uma sazonalidade menor, ao contrário de outras tipologias

(PIRES, 2002). No turismo cultural, as pessoas se deslocam por inúmeros

motivos, dentre eles estão a gastronomia, o artesanato, as festas folclóricas e as

cidades históricas (MOLETTA, 2004).

Os produtos e atrativos culturais devem primeiro ser desfrutados pela

comunidade local, antes de ser utilizados com finalidade turística, pois os

visitantes estão cada vez mais exigentes e querem o autêntico. Se o atrativo não

convencer a própria comunidade, será aceito momentaneamente pelos turistas,

mas logo declinará (CAMARGO, 2009b).

Diz-se que o turismo cultural não proporciona apenas lazer e repouso, mas

motiva o turista a conhecer regiões onde o seu alicerce está baseado na história

de um povo, nas suas manifestações culturais, históricas e religiosas e nas

tradições (MOLETTA, 2004). Sobre o perfil do turista cultural, diz-se que ele

possui maior poder aquisitivo, gasto médio em viagens mais alto, maior tempo de

permanência em um local, nível cultural e de escolaridade mais altos,

predominância de mulheres com faixa de idade mais elevada (COSTA, 2014).

Para planejar o turismo cultural em determinado destino, é necessário que o

desenvolvimento turístico esteja voltado para a sustentabilidade, seja ela

econômica, social, ambiental e do patrimônio em questão. Esse planejamento

deverá assegurar que as gerações futuras tenham acesso a esses mesmos

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recursos, sendo necessário a integração de ações de setores público e privado e

da comunidade (MOLETTA, 2004). Essa sustentabilidade no turismo cultural

baseia-se no desenvolvimento da atividade em determinada comunidade sem

comprometer os hábitos e costumes dos moradores locais (MOLETTA, 2004).

A partir do momento que a comunidade está envolvida no processo de

planejamento, passará a conhecer melhor e valorizar a sua cultura. Para Avila

(2009, p. 119):

A união dos atores no processo de desenvolvimento turístico de uma localidade pode representar um avanço significativo no difícil desafio de obter evolução econômica com desenvolvimento social, em um ambiente democrático e participativo. Agindo desta forma, busca-se a satisfação dos interesses de todos os interessados e não apenas dos interesses das classes dominantes.

Sendo assim, a busca da excelência na administração patrimonial e

turística procura garantir que conflitos entre a presença de turistas e a

conservação do bem se conciliassem por meio de um balanceamento das

necessidades de um e de outro, explorando o patrimônio cultural como recurso

turístico rentável, porém esforçando-se para manter sua conservação e

características fundamentais (COSTA, 2014). Pode-se conseguir isso através da

sensibilização de atores locais e visitantes.

Em seu livro Turismo e Patrimônio Cultural, Costa (2014) apresenta

diferentes enfoques para as conceituações de turismo cultural: visões distorcidas

sobre essa tipologia, o contato e o aprendizado sobre os recursos visitados e o

aprendizado independente da natureza do objeto visitado. A partir desses

enfoques, Costa (2014) separa os conceitos em quatro núcleos:

- Núcleo 1: Turismo cultural como visitação a recursos de origem cultural, onde os

autores defendem que esse tipo de turista se interessa somente pelos recursos

culturais de uma localidade;

- Núcleo 2: Visões distorcidas de turismo cultural, que são defendidas por autores

como sendo um turismo de “alta cultura”, “de elite” ou de lugares exóticos;

- Núcleo 3: Turismo cultural como ferramenta para o aprendizado cultural, onde os

autores se posicionam que a vivência e o contato direto com outras culturas e a

visitação de bens patrimoniais geram um aprendizado para o visitante e;

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- Núcleo 4: Turismo cultural como ferramenta de aprendizagem, onde os autores

defendem que o turismo gera uma aprendizagem independentemente do bem

visitado.

Como visto, o patrimônio cultural é considerado um pilar para o processo de

desenvolvimento do turismo cultural, histórico e patrimonial, pois representa os

bens materiais e imateriais, reconhecidos como potenciais econômicos e sociais e

que expressam a memória e identidade das comunidades. Porém é necessário

que sejam rentáveis para que as atividades possam ser fomentadas, necessitando

de financiamento com recursos públicos e/ou privados para sua conservação e

desenvolvimento (BARROCO; BARROCO, 2009).

O turismo, conforme teorias apresentadas anteriormente é uma atividade

capaz de desenvolver economicamente e socialmente determinadas

comunidades. A demanda pelo turismo cultural vem crescendo e cada vez

atraindo mais adeptos, turistas esses que se mostram diferenciados, pois são

capazes de passar tempo estudando, admirando e interagindo com a comunidade

visitada. Na região missioneira, da qual faz parte o objeto de estudo desta

pesquisa – São Miguel das Missões, é possível perceber a existência de alguns

roteiros turísticos que enfatizam a importância dos atrativos culturais.

2.1.1 Roteiros culturais na região missioneira

As viagens passaram a ser organizadas e comercializadas pela primeira

vez em 1841, com a cobertura da agência de viagens Thomas Cook & Son. Seu

fundador iniciou parcerias com os prestadores de serviços necessários para uma

viagem acontecer, tendo sido pioneiro também em outras situações, como a

criação do cupom-hotel e a nota circular, que ainda é utilizada no mundo

contemporâneo. Na atualidade, conhecemos o cupom-hotel pelo nome de

voucher, e a nota circular é o documento que antecedeu o traveller’s check (DE

STEFANI, 2014). A autora (DE STEFANI, 2014, p. 23) também destaca que:

(...) as características das viagens mudam ao longo dos anos de acordo com o avanço tecnológico, com a abertura dos mercados e com a organização das localidades para receber turistas. No caso das viagens

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organizadas, essa relação ainda pode ser complementada com as características dos turistas, pois Thomas Cook começou a criar roteiros para grupos com interesses específicos – em sua primeira viagem, levou mais de quinhentas pessoas para um evento antialcoolismo.

Para Moletta (2002, p.40) roteiro turístico é “um pequeno plano de viagem

em que o turista tem a descrição de todos os pontos a serem visitados, bem como

o tempo de permanência em cada local e a noção dos horários de parada”. Já

Bahl (2004, p. 32) acrescenta mais alguns detalhes em sua conceituação,

destacando que o roteiro é a ordenação dos elementos que efetivarão uma

viagem e pode estabelecer as diretrizes para a circulação turística de acordo com

os trajetos sugeridos, possibilitando um aproveitamento dos atrativos a visitar.

Conforme já detalhado acima, o turista que opta realizar um roteiro de

turismo cultural tem um perfil diferenciado. Apesar de se perceber nas agências de

viagens e operadoras a dominante utilização da repetição e ausência da inovação

nos roteiros, surge aos poucos uma nova tendência na oferta de turismo cultural:

algumas empresas têm disponibilizado pacotes com experiências diferenciadas,

nas quais o turista participa não apenas como espectador, mas como protagonista

dessas experiências (COSTA, 2014).

Para sair da falta de inovação, é possível criar roteiros bem-sucedidos se

for levado em conta a relação entre as viagens e os avanços tecnológicos, o

comportamento diferenciado dos turistas, a infraestrutura da comunidade

receptora, a criatividade de quem organiza o roteiro e o contexto econômico,

ambiental e sociocultural mundial (DE STEFANI, 2014).

Sobre as diversas possibilidades de roteirização envolvendo os destinos

turísticos, afirma-se que:

contribui para o aumento da visitação, do tempo de permanência e do gasto médio do turista, nos destinos brasileiros. Possibilita, também, em médio prazo, melhor distribuição de renda, favorece a geração e ampliação de postos de trabalhos, a promoção da inclusão social e a redução das desigualdades regionais e sociais. Além disso, cria condições para alcançar os objetivos propostos para a regionalização do turismo (BRASIL, 2005, p. 1).

Ao longo dos anos, a fim de desenvolver a região missioneira, muitos

programas e projetos voltados para o turismo surgiram. Na maioria deles, São

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Miguel das Missões, objeto deste estudo, é participante, podendo ser considerado

um dos principais atrativos a ser visitado.

O Circuito Internacional das Missões Jesuíticas foi implantado em 1995

integrando Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, sendo o produto cultural mais

importante do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul), sendo considerado pela

UNESCO como um dos principais roteiros históricos internacionais do mundo

(NOGUEIRA; BURKHARD, 2008). O produto congrega os atrativos patrimoniais

da Argentina, Brasil e Paraguai, além da Colônia do Sacramento, no Uruguai. Os

principais objetivos desse circuito são: divulgação da história dos 30 Povos

Missioneiros; resgate das obras jesuítico-guaranis; consolidação da região como

pólo turístico internacional; resgate e transmissão dos valores culturais regionais

às futuras gerações; valorização e preservação do patrimônio regional e constituir-

se em uma alternativa para o desenvolvimento regional, levando em consideração

a forte crise econômica naqueles países (NOGUEIRA, 1999).

Sobre circuitos, Lucas (2014, p.53-54) esclarece:

A ideia de circuito turístico está associada diretamente a um tipo de planejamento turístico específico que se pauta no aproveitamento dos atrativos regionais associados à oferta de determinados serviços e infraestrutura (atividades de lazer e recreação, rede hoteleira, atividades comerciais, etc.) que permitam à área turística maximizar os benefícios econômicos (crescimento) e sócio-culturais (desenvolvimento) advindos com o fluxo turístico.

Esse produto ainda não se efetivou como um Produto Turístico Missioneiro,

funcionando mais como um órgão de fomento e de associação dos países. Ainda

hoje os gestores públicos e empresários dos países se reúnem para reuniões de

planejamento e delineamento de novas ações.

Outra iniciativa é o Caminho das Missões que é um produto turístico

brasileiro e seu lançamento se deu em 2001, tendo sido inspirado no Caminho de

Santiago de Compostela. Possui um percurso de 325 Km, abrangendo os Sete

Povos Missioneiros e procurando seguir o mesmo percurso das antigas trilhas

guaranis, percorrido à pé ou de bicicleta (NOGUEIRA; BURKHARD, 2008). No

sítio da internet do roteiro, é possível perceber diferentes combinações para os

turistas: à pé (14, 8, 6 3 dias), de bicicleta (6, 5, 4 e 3 dias), além de Missões

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Escolares, Reveillon, Rodoviário, trilhas e o Rodoviário Internacional, que abrange

os sete Patrimônios da Humanidade (CAMINHO DAS MISSÕES, 2016). Esses

roteiros estão funcionando com freqüência e pode-se afirmar que é um dos

empreendimentos que mais deu certo. Funciona hoje como uma agência de

viagens de administração privada, onde os turistas podem a qualquer momento

adquirir seu pacote e realizar o percurso.

A Rota Missões é outro produto brasileiro, tendo surgido em maio de 2003,

envolvendo o SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas),

Conselhos Municipais de Turismo, Monitores do Programa Nacional de

Municipalização do Turismo (que na época estava em vigor no Ministério do

Turismo) e empreendedores da região. Seu principal objetivo era funcionar como

eixo de integração da Região Missioneira, nas áreas de turismo, artesanato e

agronegócio, fomentando os arranjos produtivos locais (NOGUEIRA; BURKHARD,

2008). A Rota Missões funciona mais como uma associação de municípios que

busca o desenvolvimento dos segmentos ligados ao turismo e não como um

roteiro propriamente dito, tanto que seu sítio na internet está fora do ar, sendo

direcionado para a Associação dos Municípios das Missões (AMM).

O Roteiro Iguassu-Misiones surgiu em função do Programa de

Regionalização do Turismo, do Ministério do Turismo brasileiro. Ministério e

SEBRAE criaram um programa para capacitar a oferta de turismo nos três países

com remanescentes jesuítico-guarani e também na cidade de Foz do Iguaçu, onde

se localizam as Caratatas do Iguaçu (NOGUEIRA; BURKHARD, 2008). Esse

produto é comercializado por empresas privadas e possui várias combinações de

roteiros, estando ainda em funcionamento, sendo comercializado por agências de

viagens.

Destaca-se também a criação do Grupo de Operadores Turísticos da Rota

Jesuítica, formado por cinco países da América do Sul - Argentina, Bolívia, Brasil,

Paraguai e Uruguai. O documento oficial foi assinado durante a Feira Internacional

de Turismo do Paraguai e ressalta que juntos, esses países possuem 15

Patrimônios Mundiais da Humanidade que são atrativos potenciais para os

mercados regionais e internacionais. Em uma parceria público-privada, o grupo

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ficará responsável por divulgar e comercializar essa histórica região ainda pouco

desbravada (PARAGUAY, 2016).

A região transfronteiriça possui uma riqueza histórica e uma identidade

cultural muito forte, cuja área é coberta de peculiaridades que podem atrapalhar a

interligação turística, dentre elas as condições impostas por cada país, diferenças

lingüísticas, culturais e raciais, relações políticas e as disparidades econômicas

(CARNEIRO FILHO; DOS SANTOS, 2012). Mesmo assim ainda existem roteiros e

associações que continuam tentando desenvolver turisticamente os três países

missioneiros. Mas percebe-se que o que foi criado e ainda continua em

funcionamento está sob a responsabilidade do setor privado, ou seja, sendo

divulgado e comercializado por agências de viagens.

Todos esses roteiros turísticos visualizados anteriormente possuem

diversos atrativos que fazem parte do patrimônio cultural que compõe a região

missioneira, do qual falaremos a seguir.

2.2 PATRIMÔNIO CULTURAL Para essa pesquisa cabe abordar questões relativas ao patrimônio histórico

e cultural, já que é também através dele que o turismo se desenvolve. Barretto

(2002) afirma que os conceitos de patrimônio cultural estão mais amplos em

virtude da revisão da literatura voltada à cultura. Antigamente, patrimônio histórico-

cultural eram somente obras monumentais, obras de arte, propriedades luxuosas.

Atualmente essa noção é bem mais ampla, pois engloba não apenas os bens

tangíveis, mas também os intangíveis, não só as manifestações artísticas, mas

todo o fazer humano, e não só aquilo que representa a cultura das classes mais

abastadas, mas também a dos menos favorecidos. Para Moletta (2004, p. 9), os

bens culturais podem ser:

(...) o conjunto de bens móveis e imóveis cuja conservação seja de interesse social, quer por sua ligação com fatos históricos, quer por seu excepcional valor artístico, arqueológico, etnográfico, bibliográfico, compreendendo os monumentos naturais, os sítios e as paisagens que seja importante conservar e proteger, pela feição notável com que tenham sido dotadas pela natureza ou agenciadas pelas mais diversas sociedades.

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É importante destacar que o Patrimônio Cultural não se resume aos objetos

históricos, artísticos, monumentais ou aos centros históricos protegidos pelos

órgãos governamentais. Existem mais formas de expressão cultural, consideradas

o “patrimônio vivo” das comunidades: artesanato, maneiras de caçar e pescar, as

formas de cultivo da terra, a culinária, as danças, as músicas, as roupas, os

rituais, os eventos populares são reveladores de aspectos que assumem a “cultura

viva e presente de uma comunidade” (HORTA; GRUNBERG e MONTEIRO, 2009,

p. 7). Independente das dimensões, a excelência desse patrimônio cultural está

ligada ao seu significado e importância, pois ele carrega uma mensagem

intrínseca de seu tempo para as futuras gerações (MOSER, 2014). Estando de

frente para cada fragmento material deixado pelos guaranis e jesuítas “o

observador precisa de um esforço imaginativo para reconstituir o ambiente vivo

dessas realidades” (OLIVEIRA, 2011, p. 210).

A UNESCO, em 1970, emitiu diversos documentos normatizadores ou

orientadores referentes à diversidade cultural, ao mesmo tempo em que diversos

grupos sociais passaram a questionar as relações de dominação econômica e

social sofrida por alguns indivíduos e coletividades, principalmente de mulheres

indígenas e trabalhadoras rurais (DA SILVA; DE MORAES, 2016), tendo em vista

a valorização, até então, somente da cultura material.

No Brasil e na Argentina, os órgãos responsáveis pela proteção do

patrimônio histórico cultural foram criados em 1937 e 1938, respectivamente.

Atualmente, no Brasil esse órgão se chama IPHAN (Instituto do Patrimônio

Histórico e Artístico Nacional) e na Argentina se chama CNMMYLH (Comisión

Nacional de Museos y Monumentos y Lugares Históricos) (AGUIAR; CHUVA,

2014). No Brasil, dentro da estrutura do Ministério da Cultura, além do IPHAN

(mencionado anteriormente) existe o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) que é

responsável pelas questões museológicas do país. No Paraguai foi encontrado

somente o Ministério de Cultura como responsável pelo patrimônio cultural.

No Brasil, Fonseca (1997) afirma que a temática do patrimônio começou a

ser trabalhada com mais relevância e uma preocupação em salvaguardar os

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vestígios do passado da nação, protegendo monumentos e objetos de valor

artístico e histórico a partir da década de 20 do século passado.

Na Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, existe um artigo

que trata dos aspectos patrimoniais, no que segue seu texto (BRASIL, 1988):

Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I. As formas de expressão; II. Os modos de criar, fazer e viver; III. As criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV. As obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V. Os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

Na lista de Patrimônios da Humanidade, estabelecida pela UNESCO, é

possível perceber que eles não são somente edifícios individuais, mas

aglomerados de edificações e a malha urbana, através de casa, bairros, cidades

inteiras e até conjuntos de cidades (CHOAY, 2001).

Pensar nos cuidados com o patrimônio não deve ser uma tarefa somente

dos poderes públicos municipais, estaduais e federal, mas de uma união de

esforços de toda a comunidade. Percebe-se no art. 216, § 1º da Constituição da

República Federativa do Brasil (BRASIL, 1988) que o poder público deverá

promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro com a colaboração da

comunidade. Vale ressaltar que os patrimônios culturais se encontram cada vez

mais ameaçados, tanto pelo homem, como também pelos fatores naturais

(SANTOS; CARVALHO, 2013).

Choay (2001) fala sobre a valorização ligada ao patrimônio, destacando que

existe muita destruição, principalmente do patrimônio edificado, para dar lugar à

modernização das cidades. Não é o caso da cidade objeto deste estudo. O

município de São Miguel das Missões possui um atrativo que já é considerado

Patrimônio da Humanidade pela UNESCO e que necessita de ações de

planejamento e preservação, principalmente no seu entorno.

A fim de cumprir seu papel, o Patrimônio Cultural precisa ser preservado. A

preservação, muitas vezes necessita de uma intervenção legal no bem histórico,

chamada de tombamento, sendo tão importante a ponto de justificar sua

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permanência à posteridade, recebendo proteção legal, integrando o inventário dos

bens culturais (PIRES, 2002). Essa preservação pode ser proposta em diferentes

níveis, como por exemplo, na esfera internacional (UNESCO), na esfera nacional

(IPHAN), na esfera dos estados e também dos municípios.

O objeto de estudo possui um modelo urbanístico diferenciado a partir da

conquista dos guaranis pelos jesuítas. No primeiro período missioneiro as

construções eram em madeira e desapareceram por completo, dando lugar a uma

proposta arquitetônica mais consistente conforme se estabeleciam em locais

definitivos. A escolha dos locais era estudada, levando em conta o clima, a

fertilidade do solo, as vantagens estratégicas para defesa. Alguns templos

constituem-se provas objetivas e materiais, nos três países, do que os

missioneiros jesuítas conseguiram realizar durante os séculos XVII e XVIII

(OLIVEIRA, 2011).

Figura 03: Distribuição urbanística em São Miguel das Missões no tempo dos

índios

Fonte: Portal das Missões, s/d.

Na figura 03 é possível perceber como os índios e os jesuítas construíram a

Igreja de São Miguel Arcanjo e seu entorno. Pela tradição das igrejas

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missioneiras, Batista Neto (2009) afirma que ela deveria ser colorida e com uma

ornamentação bastante rica, constituída por imagens sacras. O templo começou a

ser construído em 1745 por mais ou menos seis mil índios e levou cerca de dez

anos para ser concluído (PADILHA; TRENTIN, 2009).

Vários são os componentes que integram uma cidade histórica: a cultura

material, os complexos históricos, os costumes e práticas comuns da comunidade

(PIRES, 2002), e não só aquilo que representa a cultura das classes mais

abastadas, mas também dos menos favorecidos (MOSER, 2014).

Com relação ao exposto acima, afirma-se que os 30 Povos Missioneiros

possuem muitas manifestações artísticas, ligadas principalmente à arquitetura, à

escultura, à música, à dança e ao teatro (OLIVEIRA, 2011). Algumas dessas

manifestações permanecem até os dias atuais e é possível percebê-las em visita

aos países.

No caso do patrimônio missioneiro, pode-se considerá-lo como um

complexo histórico, conjunto dos componentes orgânicos de um bem ou o

conjunto de bens em que cada um desempenha ou já desempenhou uma função

complementar ao outro. A monumentalidade desse bem pode aumentar a

atratividade, porém estando dentro de um complexo, sua importância turística

aumenta (PIRES, 2002).

A UNESCO, na Conferência Geral que determinou a Convenção sobre a

Salvaguarda do Patrimônio Mundial, Cultural e Natural em 1972, definiu o

patrimônio cultural como (UNESCO, 1972):

Os monumentos - Obras arquitetônicas, de escultura ou de pintura monumentais, elementos de estruturas de caráter arqueológico, inscrições, grutas e grupos de elementos com valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; Os conjuntos - Grupos de construções isoladas ou reunidos que, em virtude de sua arquitetura, unidade ou integração na paisagem têm valor universal excepcional do ponto de vista da história, da arte ou da ciência; Os locais de interesse - Obras do homem, ou obras conjugadas do homem e da natureza, e as zonas, incluindo os locais de interesse arqueológico, com um valor universal excepcional do ponto de vista histórico, estético, etnológico ou antropológico.

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Para esta pesquisa foi escolhido estudar o Sítio Arqueológico jesuítico-

guaranis de São Miguel Arcanjo, no Brasil. Para Horta; Grunberg e Monteiro,

2009, p. 32, sítio arqueológico:

É um lugar onde se encontram vestígios da vida e da cultura material dos povos do passado. Estes vestígios podem estar sobre a superfície do solo – uma aldeia indígena abandonada, uma fortaleza do século XVIII, as ruínas de uma igreja, ou enterradas – um sambaqui, por exemplo, locais à beira do mar onde se acumularam conchas, ossos, restos de alimentos e utensílios utilizados por grupos humanos que ali viveram.

No caso missioneiro, existem sete Patrimônios da Humanidade

reconhecidos pela UNESCO, distribuídos entre a Argentina, o Brasil e o Paraguai,

sendo possível observar restos dos remanescentes das igrejas, de algumas casas

e outras construções, existindo ainda muitos estudos voltados para a arqueologia

nesses lugares.

O patrimônio cultural de uma localidade pode ser considerado como um

recurso a serviço do desenvolvimento sustentável, pois tem valor por si só,

constituindo a memória coletiva da população e um potencial recurso para o futuro

(MOSER, 2014). Embora o objetivo principal da lista do Patrimônio da

Humanidade da UNESCO seja promover a compreensão e a gestão dos sítios

com valores patrimoniais universais, a inclusão na lista é amplamente reconhecida

como uma poderosa ferramenta de marketing (EUROPA NOSTRA, 2015), pois

trás demanda turística para a localidade e aumenta a auto-estima da comunidade

local.

Destaca-se que, na atualidade, um dos grandes desafios é planejar a

integração de ações de proteção e de valorização do patrimônio cultural numa

abordagem local de desenvolvimento, garantindo sua viabilidade, sustentabilidade

patrimonial e cultural e seu aproveitamento coerente (MOSER, 2014). Ou seja, é

necessário haver um equilíbrio entre a preservação e a utilização dos recursos

patrimoniais (SU; WALL, 2011).

A fim de manter os bens e os sítios patrimoniais, os administradores

necessitam que os mesmos se tornem auto-sustentáveis e para isso, o turismo

adquire um caráter fundamental entre as diversas possibilidades de ações que

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geram recursos financeiros (COSTA, 2014). As últimas décadas têm

testemunhado grandes desenvolvimentos conceituais e também avanços nas

políticas públicas internacionais que reconheceram os múltiplos benefícios que o

patrimônio cultural trás para a sociedade (EUROPA NOSTRA, 2015). O próximo

item tratará sobre as políticas públicas e sua importância no desenvolvimento do

turismo.

2.3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E DE PATRIMÔNIO CULTURAL

As políticas públicas definem como a função administrativa pode ser

executada em conformidade com a missão e a constituição das entidades. São

ferramentas de gestão que norteiam o trabalho diário, permitindo um melhor

controle das ações. São o conjunto de atividades das instituições governamentais,

agindo diretamente ou por meio de agentes, com objetivo de influenciar a vida dos

cidadãos (PARAGUAY, 2015). Para Hall (2001, p. 75) “política pública é bem

simples de entender, pois é tudo que os governos determinam ou fazem em prol

da sociedade”.

Diz-se que as políticas públicas são caracterizadas pela democratização do

acesso e da gestão, estimulando a sociedade a se organizar para a deliberação e

distribuição desses bens. Também é importante que uma política seja articuladora

e integradora de diversas secretarias, atendendo o cidadão de uma forma mais

ampla (GASTAL; MOESCH, 2007).

Sobre os estudos e pesquisas a respeito de políticas públicas no Brasil,

Conceição (2010) afirma:

Ao longo da história do Brasil, pode-se falar das políticas públicas como um tema de grande discussão entre o meio acadêmico, governamental, e/ou profissional no que tange seu surgimento, aplicabilidade, interferência e implementação, seja em âmbito nacional, estadual ou municipal.

Na última década, o Brasil vem enfrentando diversas mudanças políticas,

institucionais e econômicas, tendo a taxa do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro

crescido acima da média mundial, atraindo um aumento expressivo de

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investimentos por parte do governo, da iniciativa privada e de instituições

multilaterais, levando o país a crescer envolto em desafios e problemas

(INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 2010).

Ainda de forma ampla, a política pública corresponde ao posicionamento do

governo em relação a um determinado setor e está diretamente interligada com o

processo de planejamento, considerado um produto da política. No caso do

turismo, esse planejamento deve ser elaborado tendo como base o modelo de

desenvolvimento que os setores público, privado e os representantes da

sociedade desejam para o destino (AVILA, 2009).

Embora seja o turismo uma das expressões mais significativas da economia

globalizada e um ator dinâmico no processo de integração mundial, as políticas

públicas relativas à atividade estão sendo deixadas em segundo plano em todos

os níveis de organização (federal, estadual e municipal), sendo ignoradas as

diretrizes da Organização Mundial do Turismo (OMT) que utilizam a atividade na

luta contra a pobreza e desigualdade social (DIAS, 2006). Segundo Beni (2003, p.

153):

O governo tem dificuldade em compreender exatamente o impacto das mudanças da economia no setor de turismo. Isso decorre de dois motivos: o primeiro é a não-inclusão ainda do turismo na estratégia das políticas macroeconômicas oficiais; e o segundo é a crônica ausência de dados referentes ao desempenho de um setor com problemas intrínsecos de delimitação e, portanto, de mensuração.

Não é raro escutarmos a todo o momento que o turismo “não gera votos” e

que com relação aos investimentos em estados e municípios fica sempre em

último lugar. Isso se deve inclusive por não estar a atividade turística na

preferência dos munícipes, sendo os investimentos em educação, saúde e

segurança a prioridade.

Sendo assim, para se desenvolver, o turismo depende da população, tanto

em relação à hospitalidade como aos investimentos. Com isso, é necessário que o

planejamento do turismo inicie com a conscientização da comunidade a respeito

da sua importância: os empresários devem ser engajados nas questões políticas,

os estudantes devem conhecer o turismo e o mercado de trabalho (BOMFIM,

2009).

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Velasco González (2011) afirma que a política de turismo de um país é

resultado da combinação dos diversos instrumentos (organizativos, programáticos,

normativos ou de ordenamento do setor, financeiros, de investigação e

prospectiva e de comunicação) que podem ser usados concomitante ou

alternadamente.

O Ministério do Turismo no Brasil possui pouco mais de 13 anos de

existência, tendo sido criado em 2003. O órgão possui um amplo espectro de

responsabilidades e papéis dentro do Sistema Nacional de Turismo, em especial o

estabelecimento da Política Nacional de Turismo e o planejamento, fomento,

coordenação, regulamentação e fiscalização do setor, tendo uma atuação voltada

para a gestão descentralizada (LEMOS, 2013). Sobre esse ministério, Beni (2003)

explica que ele foi criado com o objetivo de atender uma antiga aspiração do setor

do turismo; atualmente tem a missão de articular com os demais ministérios, com

os governos estaduais e municipais, com o poder legislativo, com o setor

empresarial e a sociedade organizada a necessária ação estratégica e

intersetorial, integrando as políticas públicas de turismo com a iniciativa privada.

O Ministério do Turismo passou a trabalhar com planos, sendo que o último

foi o Plano Nacional de Turismo 2013-2016, que consolida a política de turismo do

país, apresentando as estratégias para o desenvolvimento da atividade. Foi criado

através da integração entre governo federal, iniciativa privada e o terceiro setor,

sob a coordenação do Conselho Nacional de Turismo. Com relação a chegada de

turistas internacionais no Brasil em 2011, o maior mercado emissor foi o sul-

americano, com uma taxa de 48,38% visitantes (BRASIL, 2013). A Argentina foi o

principal emissor, com 33% e o Paraguai vem em 4º lugar, com 4,8% (BRASIL,

2015).

A gestão descentralizada, estratégia para a implementação de políticas e

do Plano Nacional de Turismo, tem somado esforços e recursos e reunido talentos

em favor do turismo, envolvendo instituições públicas e privadas vinculadas ao

setor. As diretrizes do plano são: 1 – Geração de oportunidades de emprego e

empreendedorismo; 2 – Participação e diálogo com a sociedade; 3 – Incentivo à

inovação e ao conhecimento; 4 – Regionalização. Esse documento também

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possui alguns objetivos elencados: 1 – Preparar o turismo brasileiro para os

megaeventos; 2 – Incrementar a geração de divisas e a chegada de turistas

estrangeiros; 3 – Incentivar o brasileiro a viajar pelo Brasil e 4 – Melhorar a

qualidade e aumentar a competitividade do turismo brasileiro (BRASIL, 2013).

Analisando superficialmente alguns documentos sobre política turística

produzidos por alguns governos nacionais e regionais da Europa a partir da

década de 80, é possível afirmar que o turismo cultural é, nos dias atuais, o

principal responsável pela demanda turística, estando seus planejadores ansiosos

pelo desenvolvimento sustentável que ele poderá gerar (RICHARDS, 1996). A

partir disso, infere-se que o Turismo Cultural também necessita de políticas

públicas que o consolidem.

Nesse sentido, Moser (2014, p. 18) destaca:

(...) busca-se uma maneira correta de aproveitamento, manejo e oferta de bens culturais edificados (Patrimônio Material) objetivando a sua otimização e uso no contexto de oferta para o turismo, tendo como alicerce a preocupação constante com a sustentabilidade da integridade física e cultural desse bem, respeitando limites de uso de forma mensurável em sua capacidade de carga e que não comprometa o uso futuro.

O turismo cultural é uma atividade que engloba diferentes interesses e o

seu desenvolvimento só será possível se estiver pautado em políticas públicas

que valorizem o patrimônio cultural e cujo usufruto para o turismo seja compatível

com as necessidades dos consumidores e com os interesses das comunidades

locais (AVILA, 2009). Nesse sentido, o turismo cultural pode contribuir na

valorização do patrimônio, através da implementação de projetos e ações de

revitalização que tentem incorporar a dinâmica contemporânea, e aumentar a

consciência das pessoas sobre a importância da história, da cultura e das

tradições como elementos de reafirmação da identidade local (CARVALHO;

SIMÕES, 2011).

Sendo assim, o turismo cultural é hoje uma realidade em muitos municípios

que buscam o desenvolvimento sustentável, agregando valor à cidade. Ao

valorizar as manifestações culturais, a arquitetura, o folclore e o artesanato, o

turismo cultural contribui para elevar a autoestima da comunidade. Mas para isso,

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a comunidade deve estar envolvida, não só pelo desenvolvimento econômico

local, mas também pelo aproveitamento da cultura como propulsora na melhoria

da qualidade de vida da população (SILVA, 2015).

Fica claro que o poder público e os demais atores sociais precisam

desenvolver um trabalho de maneira conjunta, participativa e democrática, tendo

em vista a superação de problemas que ainda são comuns nas políticas públicas

locais: “a concentração de benefícios para os mais poderosos, o paternalismo, o

clientelismo e o autoritarismo” (AVILA, 2009, p. 123). Existe uma publicação do

Ministério do Turismo que versa especificamente sobre o Turismo Cultural,

definindo conceitos, normas e demais aditivos importantes para dinamizar a

atividade no país (BRASIL, 2010). Segundo esse manual (BRASIL, 2010, p. 43):

O adequado desenvolvimento do Turismo Cultural depende da observância de questões legais relacionadas aos atrativos turísticos e ao patrimônio, ao território e à prestação de serviços, entre outras. Tratam-se de dispositivos que orientam as ações, estruturam procedimentos e ordenam o território, considerando os anseios e as necessidades da população brasileira.

Conforme indicação do Ministério do Turismo, a atividade precisa ser

organizada através de leis, decretos e regras. Além do MTur, muitos municípios e

estados possuem leis que regulamentam a cultura e que se ligam ao turismo,

direta e indiretamente. Inclusive é possível observar que em municípios onde o

Turismo Cultural é mais forte, as políticas públicas passam a ser pensadas em

conjunto e as secretarias de Turismo e Cultura sofrem uma fusão.

Em pesquisa ao Turismo Cultural, na Argentina e no Paraguai a questão

missioneira está presente nos documentos oficiais. Já no Brasil não foi encontrado

menção ao Patrimônio Missioneiro no Plano Nacional de Turismo (BRASIL, 2013)

e também no Ministério da Cultura, apenas nos documentos do IPHAN e do

IBRAM.

O Turismo Cultural se forma através da existência de uma série de atrativos

culturais e históricos, que formam o Patrimônio Cultural de uma localidade.

É importante destacar a restrita biografia envolvendo os países da América

do Sul no que tange às políticas públicas de patrimônio cultural. Aguiar e Chuva

(2014, p. 69) confirmam tal afirmação:

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Ainda que se promovam hoje ações transnacionais de preservação de bens culturais, com a preservação de bens de modo compartilhado por diferentes países da América do Sul, estudos comparativos sobre as práticas de preservação do patrimônio cultural nos países sul-americanos e suas políticas não tem sido realizados.

É notável que a região missioneira (Argentina, Brasil e Paraguai) tem um

patrimônio cultural com grande potencial de atratividade local e regional. Mas é

necessário a realização de ações públicas que desenvolvam essas

potencialidades, envolvendo os municípios, os empreendedores locais

(NOGUEIRA; BURKHARD, 2008), além das comunidades.

Esse patrimônio (do qual fala esta pesquisa) é inscrito na lista de

Patrimônios da Humanidade, sob a responsabilidade da UNESCO. Sobre essa

proteção, Santos e Carvalho (2013, p. 11) destacam:

A proteção internacional do patrimônio mundial, cultural e natural se efetiva pela ação de um sistema de cooperação e de assistência internacional que vise auxiliar os Estados-Parte da Convenção nos esforços para preservar e identificar o referido patrimônio. Por isso, foram constituídos um comitê intergovernamental e um secretariado nomeado pelo diretor-geral da UNESCO e esta convenção define todo o funcionamento do Comitê do Patrimônio Mundial, desde a forma de eleição de seus membros e os termos de mandato destes até os deveres e utilização e administração, assim como as condições e modalidades da assistência financeira internacional.

Ainda falando da Convenção sobre a proteção do Patrimônio Mundial

(cultural e natural), de 1972, Azevedo (2002) afirma que a UNESCO passou a

estimular os países a assinarem a Convenção e garantirem a proteção de seus

patrimônios, bem como a encorajar os signatários a proporem a inscrição de bens

patrimoniais na Lista do Patrimônio Mundial. Ao lado do estímulo de cooperação

internacional, recomendou a apresentação, pelos Estados Nacionais, de relatórios

sobre o estado de conservação dos bens do patrimônio mundial localizado em

seus territórios. Com a preservação desse bens, a UNESCO prestaria ajuda aos

países com assistência técnica e formação profissional (AZEVEDO, 2002).

O apoio de órgãos financeiros internacionais para os países envolvidos

significa, em termos políticos, um reconhecimento para além das fronteiras da

qualidade cultural arquitetônica, reforçando o orgulho local. Esse suporte pode

contribuir para a existência de políticas públicas de preservação nessas

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localidades (GASTAL, 2003). Também existem diversos órgãos públicos e

privados, tanto federais quando estaduais e municipais que financiam projetos

para preservação do patrimônio cultural.

O Comitê do Patrimônio Mundial costuma examinar o estado de

conservação dos bens. Caso não se encontrem conforme o esperado, isso será

prejudicial à imagem do país (SANTOS; CARVALHO, 2013), sendo portanto

fundamental a existência de políticas públicas de preservação desse patrimônio

cultural.

No Brasil, a primeira iniciativa de proteção de bens patrimoniais de que se

tem notícia é do século XVIII, no período colonial, especialmente preservando

palácios construídos pelos holandeses no nordeste. No século XIX há registros de

algumas iniciativas isoladas de proteção ao patrimônio cultural, durante o império.

A partir dos anos 30 do século XX foi instituído no país o Serviço de Patrimônio

Histórico Nacional (SPHAN), iniciativa pioneira na América Latina (AZEVEDO,

2002), “que teria como principal função cuidar dos bens que fossem tombados

como monumentos” (GUEDES; SANTOS, 2002, p. 89).

Em 1946 o SPHAN se tornou diretoria e recebeu a denominação de

Diretoria do Patrimônio Histórico Nacional (DPHAN), fase que durou 30 anos e vai

até a Ditadura Militar. Na segunda fase entre 1967 e o final da década de 70 a

diretoria se transformou em Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(IPHAN) (GUEDES; SANTOS, 2002), tendo a instituição vivido diversas crises,

mas conseguido sobreviver até os dias atuais.

Porém, diz-se que o marco divisório em termos de interpretação do

Patrimônio Cultural foi estabelecido na Constituição Federal de 1988, onde o

artigo 216 define patrimônio cultural material e imaterial (AZEVEDO, 2002).

Atualmente as políticas públicas de patrimônio cultural são trabalhados no

Ministério da Cultural, mais especificamente nas autarquias conhecidas como

IPHAN e IBRAM. São elas que desenvolvem leis e decretos a respeito do

patrimônio existente no Brasil, sendo que o IBRAM se responsabiliza mais pelos

museus brasileiros.

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A fim de incrementar as políticas voltadas ao patrimônio cultural no Brasil,

foi criado um Programa chamado Mais Educação (hoje chamado de Novo Mais

Educação), instituído pela Portaria nº 1.144, de 10 de outubro de 2016,

observando as determinações da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) – Lei nº 9.394,

de 20 de dezembro de 1996 – com relação ao desenvolvimento da capacidade de

aprender, tendo como meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do

cálculo. Atende ainda ao fixado pela referida Lei quanto a progressiva ampliação

do período de permanência na escola. Essa política do Ministério da Educação

tem o objetivo de ampliar progressivamente a jornada escolar do ensino

fundamental. Também possui a finalidade de enfrentar as desigualdades sociais e

educacionais e qualificar as escolas públicas brasileiras (BRASIL, 2009). Com as

mudanças das políticas ao longo do programa, foi criado um macrocampo

chamado “Cultura, artes e educação patrimonial”, que dá ênfase ao patrimônio

cultural brasileiro, como consta no documento:

Incentivo à produção artística e cultural, individual e coletiva dos estudantes como possibilidade de reconhecimento e recreação estética de si e do mundo, bem como da valorização às questões do patrimônio material e imaterial, produzido historicamente pela humanidade, no sentido de garantir processos de pertencimentos ao local e à sua história. (BRASIL, 2012, p. 17).

As políticas públicas de patrimônio cultural poderão carregar consigo as

dimensões da cidadania e da democracia, desempenhando um papel civilizatório,

embora essa perspectiva seja rival da ideia de transformar a cultura e o patrimônio

em mercadorias, muitas vezes por obra de processos danosos para as

comunidades que protagonizam as políticas (POZZER, 2011), vindo assim, as

ações em prol do turismo.

Esse programa possui uma linha possível de ser trabalhada nas escolas

voltada para a Educação Patrimonial, que estabelece o seguinte:

Promover ações educativas para a identificação de referências culturais e fortalecimento dos vínculos das comunidades com seu patrimônio cultural e natural, com a perspectiva de ampliar o entendimento sobre a diversidade cultural (BRASIL, 2016, p. 9).

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Diante disso, dá-se a necessidade de desenvolver programas de educação

patrimonial nos municípios, sensibilizando a comunidade local para a importância

do patrimônio cultural e preparando-a para a recepção aos visitantes.

2.4 EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Antes de dar início ao tema Educação Patrimonial, um dos focos deste

trabalho, é necessário pensar em uma educação mais abrangente, fenômeno

social que engloba os processos de ensino e aprendizagem dos cidadãos. Não é

possível compreender a educação como algo estático. Ela é vivenciada pelas

pessoas no dia a dia, dentro e fora da sala de aula, se caracterizando por uma

troca constante de conhecimentos e vivências.

Libânio (1994, p. 22) destaca alguns aspectos relevantes sobre a educação,

no que trata:

A educação corresponde, pois, a toda modalidade de influências e inter-relações que convergem para a formação de traços de personalidade social e do caráter, implicando uma concepção de mundo, ideais, valores, modos de agir, que se traduzem em convicções ideológicas, morais, políticas, princípios de ação frente a situações reais e desafios da vida prática.

Esses traços e esse caráter vão sendo formados na medida em que a

pessoa vai interagindo consigo mesmo, com os outros e com o mundo. Brandão

(1993) explica que de acordo com os diferentes grupos humanos existentes, são

criadas e desenvolvidas situações, recursos e métodos para serem utilizados no

ensino com crianças, adolescentes e adultos, mostrando os saberes, a crença e

os gestos que o tornarão um modelo de homem ou mulher presente no imaginário

da sociedade.

Nas mais diferentes áreas de ensino/aprendizagem, o processo educativo

tem como principal objetivo levar os alunos a utilizarem suas capacidades

intelectuais para a compreensão de conceitos e aquisição de habilidades,

colocando-os em uso na prática. Grever e Boxtel (2011) afirmam que professores

de diversos países conduzem os alunos para visitar locais históricos, museus e

explorar vestígios do passado, inclusive levando acervos para a sala de aula a fim

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de despertar a curiosidade dos estudantes. Mas estudar patrimônio não quer dizer

inserir uma disciplina curricular distinta, e sim se utilizar do hibridismo e trabalhá-lo

em diversas matérias (geografia, história, antropologia, ciência, tecnologia, arte)

de diversas formas, com públicos distintos.

Cada grupo aplica metodologias distintas de ensino e aprendizagem. Na

escola as crianças aprendem de forma diferente da utilizada em casa, pela família.

Mas é o encontro dessas múltiplas maneiras de ensinar que acaba produzindo o

cidadão do futuro. É importante que, no início da construção dessa personalidade,

a criança já crie consciência da importância do lugar onde reside e por que deve

valorizá-lo, levando em conta o passado, o presente e o futuro. É por isso que

muitas instituições têm investido em trabalhar a Educação Patrimonial nas

escolas, como forma de despertar o interesse pelos locais históricos desde o início

da construção da personalidade. A Educação Patrimonial desperta nos alunos o

interesse em descobrir mais sobre questões significativas da sua própria vida e do

coletivo onde vivem (HORTA; GRUNBERG e MONTEIRO, 2009). Mas esse

trabalho também pode ser desenvolvido com os mais variados públicos, sejam

crianças, adultos, idosos e até grupos específicos.

Diz-se que a Educação Patrimonial é considerada um processo permanente

e sistemático de trabalho educacional voltado para a valorização do Patrimônio

Cultural como fonte primária de conhecimento e enriquecimento individual e

coletivo. Partindo da experiência e do contato direto com as manifestações

culturais em todos os seus aspectos, sentidos e significados, a Educação

Patrimonial leva as pessoas a um processo ativo de conhecimento, apropriação e

valorização de sua herança cultural, tornando-os pessoas responsáveis no

usufruto dos bens e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos

(HORTA; GRUNBERG e MONTEIRO, 2009).

Considera-se que a Educação Patrimonial é um instrumento de

“Alfabetização Cultural”, permitindo aos indivíduos o reforço da auto-estima e o

fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania através da valorização

da cultura e da preservação sustentável dos bens patrimoniais (HORTA;

GRUNBERG e MONTEIRO, 2009; MOLETTA, 2004). Ações educacionais

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voltadas para o fortalecimento de hábitos culturais tornam possível o

desenvolvimento sustentável das localidades (MOSER, 2014).

É necessário a implementação de programas de Educação Patrimonial

como forma de incentivar o aprendizado sobre os lugares onde estão inseridos:

Consiste em provocar situações de aprendizado sobre o processo cultural e seus produtos e manifestações, que despertem nos indivíduos o interesse em resolver questões significativas para sua vida pessoal e coletiva (MOLETTA, 2004).

Essas situações podem ser criadas através de uma conscientização ou de

uma sensibilização. Segundo Abbagnano (2000, p. 185 e 872), ter consciência é

“dar atenção aos próprios modos de ser e às próprias ações, bem como de

exprimi-los com a linguagem” e a sensibilidade está ligada à “capacidade de

receber sensações e de reagir aos estímulos”. A conscientização é interna, mas

pode ser imposta, levando a pessoa a ter consciência sobre a importância do

patrimônio e não colocar em prática ações voltadas à sua preservação e

valorização. Já a pessoa sensibilizada, poderá criar e ou participar de ações

concretas relacionadas ao patrimônio histórico e cultural e sua participação poderá

motivar outras pessoas de seu convívio a fazerem o mesmo. Pensa-se ser mais

fácil sensibilizar as crianças, cuja consciência está sendo formada em detrimento

dos adultos, que já possuem opinião formada.

Quando bem planejado e implantado, um programa de educação

patrimonial permite a reapropriação de lugares, histórias, objetos, monumentos e

tradições que representam uma determinada região. Para que isso ocorra, os

educadores promovem propostas didáticas buscando atrair a atenção de toda a

comunidade e também dos visitantes, permitindo-lhes um conhecimento novo

sobre a localidade e uma nova relação de mais respeito entre turistas e moradores

com os bens patrimoniais (MOLETTA, 2004). Porém na prática, a educação

patrimonial não é uma realidade, já que muitos sítios patrimoniais ainda se

apresentam ao público de maneira não convidativa (COSTA, 2014).

Em 1976, na XIX Sessão da Conferência Geral da UNESCO, organizada

em Nairóbi (Quênia), houve uma defesa para que fosse incluído no ensino de

todos os níveis o estudo dos conjuntos históricos, utilizando as visitas realizadas a

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esses lugares como uma atividade complementar ao ensino formal e à educação

global dos visitantes (COSTA, 2014).

Para desenvolver programas de Educação Patrimonial, é necessário

possuir uma metodologia, que deverá ser diferente levando em conta os grupos

que irá atingir: crianças, jovens, adultos, idosos, dentre outros. Uma vez definido o

objeto/fenômeno/tema que será estudado, a ação educativa seguirá as seguintes

etapas metodológicas:

Quadro 03: Etapas metodológicas para Educação Patrimonial

ETAPAS RECURSOS/ATIVIDADES OBJETIVOS

1) Observação Exercícios de percepção visual/sensorial, com perguntas, manipulação, experimentação, medição, anotações, comparação, dedução, jogos.

- Identificação do objeto/função/significado; - Desenvolvimento da percepção visual e simbólica.

2) Registro Desenhos, descrição verbal ou escrita, gráficos, fotografias, maquetes, mapas e plantas baixas.

- Fixação do conhecimento percebido, aprofundamento da observação e análise crítica; - Desenvolvimento da memória, pensamento lógico, intuitivo e operacional.

3) Exploração Análise do problema, levantamento de hipóteses, discussão, questionamento, avaliação, pesquisas em outras fontes (bibliotecas, arquivos, cartórios, instituições, jornais, entrevistas).

- Desenvolvimento das capacidades de análise e julgamento crítico, interpretação das evidências e significados.

4) Apropriação Recriação, releitura, dramatização, interpretação em diferentes meios de expressão (pintura, escultura, dança música, poesia, texto, filme e vídeo).

- Envolvimento afetivo, internalização, desenvolvimento da capacidade de auto-expressão, apropriação, participação criativa, valorização do bem cultural.

Fonte: adaptado de HORTA; GRUNBERG e MONTEIRO, 2009, p. 11.

Quando essa metodologia de Educação Patrimonial é utilizada em sala de

aula, os objetos patrimoniais, os monumentos, sítios e centros históricos se

tornam um recurso importante, já que permitem um avanço nos limites de cada

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disciplina e o aprendizado de habilidades e temas que serão importantes para a

vida de cada aluno (HORTA; GRUNBERG e MONTEIRO, 2009). Na teoria, a

educação patrimonial reconhece como princípio básico uma melhor aprendizagem

dos indivíduos por meio da vivência de experiências diretas com patrimônios

culturais (COSTA, 2014).

Por ser um importante instrumento de trabalho pedagógico, a metodologia

de Educação Patrimonial deverá ser multiplicada, afim de que mais pessoas

possam desenvolvê-la em escolas, associações de bairros ou qualquer outro

espaço ou grupo social que necessite de sensibilização. Da mesma forma, essa

metodologia deve receber constantes avaliações, permitindo aos agentes

multiplicadores enriquecimento com novas experiências e a verificação do nível de

envolvimento e compreensão dos envolvidos (HORTA; GRUNBERG e

MONTEIRO, 2009).

No Brasil, a Educação Patrimonial foi introduzida durante o I Seminário de

Educação Patrimonial, realizado em 1983 no Museu Imperial de Petrópolis, Rio de

Janeiro, inspirado em um trabalho pedagógico desenvolvido na Inglaterra sob a

denominação de heritage education, voltada para o trabalho educacional em

museus, monumentos e sítios históricos (COSTA, 2014).

2.4.1 Educação Patrimonial e Turismo

Entende-se a educação como um trabalho criativo, de apropriação e

recriação de conteúdos, que é capaz de transformar um bem patrimonial e seus

diversos significados em algo vivo, inserindo o turismo como uma ferramenta para

revelar conhecimentos que levem, em conjunto com outras práticas pedagógicas,

formais e informais, a uma postura crítica diante do mundo (COSTA, 2014). Essa

postura crítica contribui para reforçar a educação cidadã, porque são os cidadãos

que possuem o poder de manter a identidade de uma cidade e torná-la atraente

para os visitantes (CAMARGO, 2009a).

Murta e Albano (2002) nos falam que uma comunidade que não conhece a

si mesma dificilmente poderá comunicar a importância de seu patrimônio, seja na

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interação com os visitantes ou com as empresas de turismo. Os moradores devem

ser incentivados a ter uma nova visão do local onde residem, aumentando com

isso a auto-estima da comunidade. A UNESCO, por meio de seu Comitê Científico

Internacional de Turismo Cultural passou a defender de forma explícita que a

Educação Patrimonial por meio do turismo era uma das melhores formas de

beneficiar tanto a comunidade receptora como o turista, como consta na Carta

Internacional sobre Turismo Cultural, de 1999 (COSTA, 2014).

Segundo Beni (2006, p. 112), quando formula diretrizes para a

sustentabilidade cultural, afirma que é preciso “conhecer para dar a conhecer”.

Essa afirmação vai ao encontro dos propósitos de trabalhar a educação

patrimonial para qualificar a atividade turística na comunidade.

A revitalização de áreas com base somente na recuperação cenográfica

das edificações, na melhoria da segurança ou na oferta de opções de

entretenimento vinha funcionando em algumas localidades como um instrumento

de atração de turistas e residentes, a maioria dos sítios patrimoniais e das

atividades de turismo cultural tem falhado em não se voltar mais atentamente para

a educação patrimonial dos visitantes (COSTA, 2014).

Ao desenvolver-se o turismo cultural em uma comunidade local, têm-se o

intuito de contribuir para a educação patrimonial e para a cidadania, bem como,

refletir sobre a possibilidade do turismo ser um mediador entre ambos (GOMES et

al., 2015). Sobre isso, destaca-se:

A educação patrimonial ocorre de forma pedagógica, podendo ser aplicada a vários públicos, de crianças a idosos e ser utilizada por várias áreas, da Arquitetura ao Turismo. Diante desta perspectiva, salienta-se que o turismo cultural e o turismo cidadão, ao promoverem a educação patrimonial, refletem-se positivamente nos aspectos socioculturais da localidade, aproximando a própria comunidade e também os turistas do contexto histórico cultural no qual os patrimônios estão inseridos (GOMES et al, 2015, p. 461-462).

Destaca-se que o turismo não é o principal agente de proteção e

dinamização do patrimônio, mas também não pode ser considerado o grande vilão

da transformação do patrimônio em mercadoria (GOMES et al, 2015). Como já

visto no capítulo anterior, a educação patrimonial é capaz de criar uma

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consciência cidadã e despertar na comunidade local o sentimento de pertença,

fazendo-a demonstrar isso a todos os visitantes interessados naquele lugar.

A educação patrimonial quando realizada com a comunidade local, é capaz

de contribuir para a recuperação e valorização de sua própria cultura, tornando o

patrimônio cultural um vínculo efetivo com o passado, permitindo pensamento

crítico sobre o presente e o futuro dessa comunidade. Possibilita também, que a

experiência dos visitantes seja mais intensa, enriquecida pelo amparo de uma

comunidade receptora que assume o verdadeiro papel de guardiã de seu

patrimônio cultural (CÉZAR; DHEIN; UEZ, 2011).

Outro termo que tem sido bastante utilizado na atualidade é Interpretação

Patrimonial, ferramenta funcional e importante, pois por meio dela existe a

possibilidade de educar o indivíduo para o entendimento do patrimônio, dando

ênfase a sua importância. Um dos principais objetivos da Interpretação Patrimonial

é propiciar experiências que dêem origem a um processo educativo que auxilie no

desenvolvimento integral dos visitantes e consequentemente, na conservação do

recurso cultural visitado (COSTA, 2009).

Através da Interpretação Patrimonial, o atrativo se expõe naturalmente à

apreciação do público e pode falar sobre si mesmo, mostrando sua identidade. A

Interpretação preocupa-se com a relação morador/visitante e propõe que todos

usufruam de objetos, monumentos e de sua presença no lugar, ao invés de

consumi-los como algo descartável e de fácil substituição (FREIRE; PEREIRA,

2002), sem entender o que realmente ele significa.

Quando se pensa em desenvolver o turismo numa região, o processo de

planejamento geralmente envolve a infraestrutura hoteleira, gastronômica,

transportes, atrativos turísticos e outras atividades que mantenham os visitantes

ocupados (MURTA e ALBANO, 2002). Mas não existe uma preocupação com as

informações sobre hábitos, costumes, histórias da comunidade visitada que se

quer levar ao conhecimento do visitante, exceto em algumas localidades, cujo

patrimônio cultural é destaque e os visitantes são incentivados a conhecê-lo

melhor e de maneira mais aprofundada. A interpretação do patrimônio cultural

“visa estimular suas várias formas de olhar e apreender o que o que lhe é

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estranho. [...] o olhar do visitante procura encontrar a singularidade do lugar, seus

símbolos e significados mais marcantes” (MURTA e ALBANO, 2002, p.9).

Pelos autores pesquisados, fica subentendido que a Educação Patrimonial

acaba sendo uma proposta mais voltada para a comunidade local e a

Interpretação Patrimonial se encarrega de sensibilizar os turistas e visitantes,

afirmação esta que deverá ser mais aprofundada em pesquisas futuras.

Cabe ressaltar também a importância dos Centros de Pesquisa em

Turismo, que muitas vezes organizam, estimulam e até coordenam as atividades

de Educação Patrimonial e Interpretação Patrimonial. Essas instituições, quando

desenvolvem um trabalho educativo integrado, são capazes de gerar dados,

informações relevantes e tecnologias novas para o turismo, contribuindo para o

seu desenvolvimento não apenas no sentido econômico, mas na integração de

estratégias de desenvolvimento humano e de participação democrática nos

destinos turísticos (PIMENTEL; DE CARVALHO; DE OLIVEIRA, 2016). No

município de São Miguel das Missões não existe universidade, porém, por ser um

Patrimônio da Humanidade, diversos estudantes desenvolvem pesquisas no local.

2.5 MISSÕES JESUÍTICAS NA REGIÃO PLATINA DA AMÉRICA DO SUL

Em 1492, na Espanha, com a tomada de Granada e a expulsão de povos

árabes e mouros, a ideia de que todos deveriam tornar-se cristãos começou a

ganhar espaço. Sendo assim, para converter os índios infiéis nas novas terras que

estavam sendo descobertas, foi necessário que se enviassem religiosos para

cumprir a missão de catequizá-los (OLIVEIRA, 2011). Em 1534 foi fundada por

Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus, onde ele e mais seis companheiros

fizeram voto de pobreza, de castidade e de dedicação à Igreja Católica, através de

uma organização cristã-militar (OLIVEIRA, 2011).

Após a sua fundação, a Companhia de Jesus teve seus planos

reconhecidos pelo Papa Paulo III em 1540 (COSTA; MARTINS, 2010). Seus

objetivos principais eram ações missionárias e o ensino. Instalou-se primeiro em

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Portugal e Espanha, posteriormente em terras americanas, no Oriente e na África.

Mas foi em Terras na Argentina, no Brasil (Rio Grande do Sul) e no Paraguai,

além do Uruguai, que eles fundaram os 30 Povos das Missões, que até hoje

despertam a curiosidade dos pesquisadores por serem comunidades solidárias e

com um desenvolvimento singular (VENTURINI, 2011b).

A Companhia de Jesus nasceu para “combater as ameaças ao catolicismo,

compreendendo que viver o cristianismo puro não significava o isolamento e

afastamento das coisas do mundo, mas, ao contrário, realizar atividades plenas e

permanentes”, sendo Inácio de Loyola um dos chefes da Contra-Reforma, tendo

combatido o protestantismo na Europa e realizando pregações nas Índias, no

Japão e na América (OLIVEIRA, 2011, p. 45)

Em 1545 a Igreja Católica convocou o Concílio de Trento, que dentre várias

atividades, foi responsável pela criação de novas ordens religiosas, como a

Companhia de Jesus, por exemplo. Ele foi “reformador diante dos inúmeros

problemas internos que grassavam a Instituição Igreja Romana, problemas estes

que foram potencializados pelo advento das igrejas protestantes oriundas das

reformas religiosas do século XVI” (COSTA; MARTINS, 2010, p.86).

Quando se fala em Companhia de Jesus e suas ações, é necessário

mencionar a Contrarreforma ou Reforma Católica, que veio em oposição à

Reforma Protestante de Martinho Lutero e Calvino:

A Igreja Protestante de Lutero, por sua vez, tinha como finalidade estruturar a vida em si, de forma ética, e questionar a moral fixada pela Igreja Católica. De qualquer forma, a cristandade tinha como representação do progresso político e prático a maneira como a concepção do real supera o senso comum por via da educação e torna-se determinada pelo discurso educativo (OLIVEIRA, 2016).

Os jesuítas, ativos participantes da colonização europeia, chegaram no

continente por volta de 1549, permanecendo até meados de 1767, quando se deu

sua expulsão. Atuaram em diferentes regiões da América, voltados para os

aspectos religiosos. Por estarem em um continente com uma grande diversidade

cultural e geográfica, foram promotores da evangelização e também responsáveis

por várias transformações nos aspectos sociais, econômicos, políticos e culturais

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das sociedades indígenas, promovendo alterações significativas nas formas de

organização espacial dos grupos (BARCELOS, 2013).

É provável que os primeiros habitantes destas terras ficassem próximos do

Rio Uruguai e também na Serra Gaúcha, aproveitando o ambiente e o clima da

região. Esses habitantes faziam parte da pré-história e foram antepassados de

alguns povos indígenas que habitavam esta parte do continente americano

quando da chegada dos conquistadores europeus (KERN, 1994).

Sobre o surgimento dos 30 Povos das Missões, Oliveira (2011, p. 56) diz:

Durante o Reinado de Felipe III, os jesuítas abandonam a ideia de missões volantes, criando, assim, a Província Jesuítica do Paraguai (Paracuária). Nomeou seu primeiro provincial o Padre espanhol Diego Torres e dá início aos 30 povos com a Fundação de São Inácio Guaçu, em 1609, pelo Padre Macial de Lorenzana.

No início do século XVII a região anteriormente citada começou a tomar

contornos diferentes com a chegada dos Jesuítas. No início foram realizadas

missões itinerantes, que não deram muito resultado. Posteriormente, em 1680,

aconteceu a fundação das reduções, que eram assentamentos organizados por

religiosos para reunir em um local definitivo os indígenas, com o objetivo de

catequizá-los (STELLO, 2013).

Os povos missioneiros localizavam-se especialmente na confluência entre

Brasil, Argentina e Paraguai, sendo um exemplo típico do principal modelo de

evangelização criado pelos jesuítas, as reduções, que eram missões fixas em

aldeamentos e reuniam os nativos, tendo como objetivo criar uma sociedade com

os benefícios e a qualidade da sociedade cristã europeia, mas isenta de vícios e

maldades (PORTO, 2015). Para isso, os índios acolheram a proposta dos jesuítas

e abandonaram seu modo de vida selvagem (expressão utilizada pelo autor),

estabelecendo-se em aldeias, chamadas reduções, povos ou missões, onde eram

orientados pelos padres (VENTURINI, 2013). Sobre esse tipo de organização

social considerada uma das mais solidárias que já existiu, Voltaire, filósofo francês

que sempre criticou os jesuítas, reconheceu a organização como “Triunfo da

Humanidade” (VENTURINI, 2013).

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O guarani era muito hábil na arte da guerra, tendo expulsado os povos

primitivos que eram nômades coletores e caçadores e assim se estabeleceram no

largo dos rios Paraguai, Paraná e Uruguai, constituindo uma população bem

numerosa, de, em média um milhão de habitantes na época da chegada dos

imigrantes Ibéricos na América. Esse povo sente muito orgulho da sua raça e

valorizam muito sua língua, religião e seus rituais, ainda inacessíveis ao homem

branco. (VENTURINI, 2011a).

O mundo guarani era um espaço unido e inseparável, conforme opina

Viñuales (1990, p. 325):

E no caso das reduções guaraníticas o todo e as partes estão tão estreitamente unidos que careceria de sentido dissociá-los. É assim que arquitetura e urbanismo não podem estudar-se como escalas isoladas ou instâncias as quais se pode ou não chegar.

O povo guarani, antes da chegada dos europeus, vivia uma vida comum,

com poucas coisas, casas coletivas, auxiliando-se mutuamente, sempre fazendo

predominar o coletivo sobre o individual. Como os jesuítas não desprezaram esse

modelo de viver do guarani, acabaram os conquistando (OLIVEIRA, 2011).

Sendo assim, percebe-se a dificuldade de separar um país do outro, uma

redução da outra. Elas todas formam um conjunto de obras arquitetônicas que

retratam parte da história dos povos que aqui viveram. Essas terras, em um

passado distante, eram consideradas um espaço único, sem divisão territorial,

onde os indígenas conseguiam praticar a vida comunitária, dividindo suas casas,

comidas e trabalhos. No tempo da colonização desse território por indígenas e

jesuítas, ele foi considerado um corredor único por mais de um século, sendo que

a história da conquista e da permanência dos jesuítas na América do Sul, se

levarmos em conta as datas pesquisadas, totalizou mais de 120 anos.

O primeiro ciclo das missões jesuíticas teve como objetivo principal

evangelizar os povos indígenas, além de também ter objetivo econômico, já que

existia um enorme rebanho de gado que vivia livre nas pastagens e que era

cobiçado pelos portugueses (PORTO, 2015). Com o passar dos anos, outros

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ciclos vieram e outras terras foram sendo conquistadas, muitas com objetivo

econômico também.

Sobre o fim dos jesuítas na América Latina, Barcelos (2013, p.12-13)

chama atenção e ao mesmo tempo provoca reflexão sobre o legado deixado:

Quando os últimos jesuítas partiram do continente, rumo ao exílio, após a expulsão decretada por Carlos III em 1767, deixaram para trás muito mais que pregações e conversões ao cristianismo. Sua presença ficou marcada através da expansão das práticas cristãs, acompanhada pelo crescimento dos domínios ibéricos, em uma combinação de religião e geopolítica jamais vista até então. Além de milhares de indígenas parcialmente convertidos ao catolicismo e feitos vassalos da Coroa espanhola, restava na América um considerável número de colégios, residências, seminários, reduções, fazendas, estâncias, chácaras, moinhos, e outras propriedades. (...) Restava também uma massa documental escrita, na forma de livros, cartas, informes, relatos, instruções, títulos de propriedades, etc., além de uma numerosa cartografia que cobria praticamente todas as áreas onde atuaram os jesuítas.

Foram muitos os legados deixados pelos jesuítas, que não somente a

catequização dos índios. Eles deixaram patrimônios materiais e imateriais

importantes para a construção da memória coletiva dos lugares por onde

passaram. No período anterior às missões, por exemplo, a participação do homem

e da mulher na manutenção das famílias indica que as mulheres tinham a

responsabilidade dos trabalhos agrícolas, recolhimento de alimentos silvestres,

plantio e colheita e os homens se dedicavam à caça, pesca e à guerra. Sendo

assim, o trabalho da mulher era considerado muito duro, o que mudou bastante

depois da chegada dos Jesuítas (OLIVEIRA, 2011).

Os Guaranis são considerados um povo de múltiplas expressões, sendo

que os que vivem na região da Argentina, Paraguai e Brasil as comunidades se

denominam da seguinte forma: Mbya, Pái-Tavyterá (no Brasil Kaiowá), Avá

Guarani (no Brasil Guarani ou Ñandeva) e Ache-Guayachí (GRÜNBERG, 2008). A

comunidade indígena predominante na Região Missioneira é conhecida como

M’bya-Guarani e distribuída da seguinte maneira: Corrientes e Misiones na

Argentina; Itapúa no Paraguai e São Miguel das Missões no Rio Grande do Sul,

Brasil (NOGUEIRA, 2007). Este trabalho elegeu o Brasil, representado pela

redução de São Miguel Arcanjo para estudos, não diminuindo, no entanto, a

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importância dos outros dois países em um contexto mais global, sendo aqui dado

ênfase para os Patrimônios da Humanidade reconhecidos pela UNESCO.

2.5.1 Comunidade indígena na região missioneira da Argentina

Em 1536 Pedro de Mendoza ingressa no estuário do Rio da Prata e funda a

primeira Buenos Aires, um ano antes da fundação de Asunción. Buenos Aires foi

destruída pelos indígenas e somente em 1580 foi fundada novamente, sendo

atualmente a capital da Argentina (VENTURINI, 2011b).

Na Argentina, quatro reduções são consideradas Patrimônio da

Humanidade: San Ignacio Miní, Loreto, Santa Ana y Santa María la Mayor. Todas

se localizam na Província de Misiones, Argentina.

San Ignacio Miní foi fundada pela primeira vez em 1610 na região do

Guairá, atual Brasil, sendo extinta em 1631 por ataques dos bandeirantes. Em

1940 passou por processo de restauro, permitindo visualização de todo traçado

urbano. Possui museu e show de som e luzes em sua visitação. (VENTURINI,

2011c). Oliveira (2011) destaca seu fundador, o Padre Simão Masseta.

Figura 04: San Ignacio Miní

Fonte: BATTAUZ, s.d.

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A redução de Loreto fica bem próxima à San Ignacio Miní e também foi

fundada na região do Guairá, sendo transferida para o local atual em 1631 pelo

padre Ruiz de Montoya. Instalaram a primeira imprensa da América e possuíam

uma completa biblioteca. Em 1733 teve mais de seis mil habitantes. Além das

ruínas do templo, estão lá os restos mortais do padre Ruiz de Montoya

(VENTURINI, 2011c). Sua primeira fundação se deu em 1610 e seu fundador foi o

Padre José Cataldino (OLIVEIRA, 2011).

Figura 05: Nuestra Señora de Loreto

Autor: NEVES, 2016.

Santa Ana fica ao sul de Loreto e San Ignacio Miní, muito próximo do rio

Paraná. Apresenta ainda restos de construções representados por colunas de

madeira, uma parte do edifício da igreja e o único piso tradicional encontrado nos

30 povos (VENTURINI, 2011c). Foi fundada em 1633 pelo Padre Pedro Romero

(OLIVEIRA, 2011).

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Figura 06: Santa Ana

Fonte: NEVES, 2016.

Por fim, Santa María La Mayor se localiza na margem direita do rio Uruguai

e ainda conserva restos arquitetônicos. Uma das construções ainda é utilizada

como capela, com missas sendo realizadas periodicamente. Existem também

muros e casas de índios bem preservadas (VENTURINI, 2011c). Seu fundador, o

Padre Diego de Baroa realizou o feito em 1626 (OLIVEIRA, 2011).

Figura 07: Santa María la Mayor

Fonte: NEVES, 2016.

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63

2.4.2 Comunidade indígena na região missioneira do Paraguai

Em 1604, Claudio Aquaviva, General Superior da Companhia de Jesus

ordenou que fosse criada a Província Jesuítica do Paraguai, separando-a da

Província de Lima, no Peru. O novo provincial, padre Diego de Torres Bolo partiu

de Lima para assumir seu posto em Asunción (VENTURINI, 2011b).

No Paraguai foram fundadas oito reduções: San Ignacio Guazú, Santa

María de Fe, Santa Rosa, Santiago, San Cosme Y Damían, Encarnación,

Santísima Trinidad del Paraná e Jesús del Tavarangue. Dessas, duas são

reconhecidas pela UNESCO como Patrimônio da Humanidade – Trinidad e Jesus.

Santísima Trinidad del Paraná se localiza em Trinidad, a 40 Km de

Encarnación e a 400 Km da capital Asunción. Possui uma quantidade de

construções conservadas e por isso foi declarada pela UNESCO Patrimônio da

Humanidade em 1993. Destacam-se na construção da igreja as portas de acesso

à sacristia, um conjunto de arcos localizado no oeste do templo, que dá entrada a

uma fila de casas dos índios, além da torre de vigilância do tempo. Na sacristia se

mantêm um museu de objetos jesuíticos (VENTURINI, 2011c).

Figura 08: Santísima Trinidad del Paraná

Fonte: FRANÇOIS, 2011.

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Por outro lado, Jesús del Tavarangue dista 12 Km de Trinidad e possui uma

igreja que nunca foi terminada pelos jesuítas e nem pelos franciscanos que os

substituíram, sendo considerada uma das mais importantes obras da arquitetura

jesuítico-guarani (VENTURINI, 2011c).

Figura 09: Jesús del Tavarangue

Fonte: DE OLIVEIRA, 2015.

Trinidad foi fundada em 1706 pelo Padre João de Anaya e Jesus foi fundada

em 1685 pelo Padre Jerônimo Delfin (OLIVEIRA, 2011).

2.4.3 Comunidade indígena na região missioneira do Brasil – foco da

pesquisa: Rio Grande do Sul

Existem duas correntes historiográficas sobre a formação do Rio Grande do

Sul: uma de matriz platina, que fala da fundação a partir de 1626, quando o Padre

Roque Gonzáles fundou a Redução de São Nicolau em nome da igreja católica e

da coroa espanhola e a matriz lusitana, que defende a ideia da formação a partir

de 1737, quando Silva Paes, em nome da coroa portuguesa, fundou o forte Jesus

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Maria José, originando a cidade de Rio Grande. Essa última matriz ignora todo o

período de colonização espanhola nas terras rio-grandenses (NOGUEIRA, 2007).

Em 1619 o padre Roque González iniciou a evangelização na região do Rio

Uruguai, fundando, inicialmente na margem direita, a redução de Nuestra Señora

de la Concepción, hoje cidade de Concepción de la Sierra, na Província de

Misiones. Ali enfrentou muitas dificuldades por doenças e falta de alimentos, mas

mesmo assim, sete anos depois, conseguiu fundar na margem esquerda do Rio

Uruguai a redução de São Nicolau do Piratini, em maio de 1626. Fundou mais

algumas reduções até que, quando fundava Caaró, em 1628, foi morto por índios

guaranis infiéis (VENTURINI, 2011b).

As missões jesuíticas espanholas no território do Rio Grande do Sul

aconteceram pela fuga dos padres espanhóis dos bandeirantes paulistas, que

invadiram o território espanhol para caçar índios, resultando, a partir de 1626, a

importantes núcleos agrícolas e de criação de gado, trazidos de Corrientes

(FLORES, 1996).

Os livros de história do Rio Grande do Sul começam a falar das Missões

Jesuíticas somente a partir de 1737 quando se iniciou a ocupação portuguesa,

mas é importante lembrar que entre 1682 e 1706 os jesuítas vinculados à coroa

espanhola atravessaram o rio Uruguai e fundaram os Sete Povos das Missões, na

época considerado terra espanhola pelo Tratado de Tordesilhas (VENTURINI,

2011c).

Os Missionários Jesuítas conseguiram tornar os Sete Povos das Missões

um importante centro econômico, onde os indígenas criavam gado, cultivavam a

erva-mate e realizavam trabalhos de fiação, tecelagem, metalurgia e outros

ofícios, como os trabalhos artísticos envolvendo a arquitetura, a escultura e a

música (ROCHA, 2011).

Ela foi fundada, na primeira fase, em 1632, pelos padres Cristóvão de

Mendoza e Pablo Benavides, mas depois foram expulsos pelos bandeirantes

(OLIVEIRA, 2011; VENTURINI, 2011c). Em 1687 os jesuítas ocuparam a região

situada entre os rios Ijuí e Piratini, fundando as reduções de São Miguel, São Luís

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Gonzaga e São Nicolau, sendo São Miguel a que mais se desenvolveu, tendo

contado com 10 mil indígenas (VENTURINI, 2011c).

Essa redução se destaca pelo projeto exuberante do arquiteto Jean Batista

Primolli, onde 100 operários índios trabalharam durante 10 anos (1735 a 1745),

diariamente, para a construção do núcleo. No Brasil somente São Miguel das

Missões é considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO, sendo

reconhecida em 1983 (OLIVEIRA, 2011).

Figura 10: São Miguel Arcanjo

Fonte: VARGAS, 2016.

Segundo Pivatto e Bahl (2011), a experiência de visitar o município de São

Miguel das Missões e seus atrativos é viajar por 400 anos de história, conhecendo

parte do contexto histórico do sul do Brasil, percebendo a presença forte de uma

identidade cultural e a expressão da arte. As ruínas são capazes de proporcionar

nos visitantes diferentes emoções, ampliando a visão de mundo e oportunizando o

conhecimento de culturas passadas.

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Figura 11: Pórtico de entrada do município de São Miguel das Missões

Fonte: VARGAS, 2016.

A imagem 10 mostra o pórtico de entrada do município, onde já na chegada

à cidade, os visitantes são recebidos pelas figuras lendárias da história

missioneira, entre elas Sepé Tiaraju, líder guarani que sempre lutou pelo seu povo

e pela sua terra.

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3 METODOLOGIA

Este capítulo apresenta a metodologia e os passos metodológicos seguidos

para a construção desta pesquisa. Para Gil (2011, p.8) “método é o caminho para

se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de

procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento”.

Para melhor organização deste capítulo do trabalho, os itens foram divididos da

seguinte forma: o primeiro apresenta o tipo de pesquisa, o segundo apresenta os

instrumentos de pesquisa e coleta de dados e o terceiro apresenta a análise dos

resultados. Essa divisão permitirá ao leitor uma melhor compreensão do texto e

dos passos metodológicos seguidos.

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram utilizados diferentes

procedimentos metodológicos para cada etapa da pesquisa, representados

através da figura 9.

Figura 12: procedimentos metodológicos

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

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Inicialmente foi desenvolvida uma pesquisa documental e bibliográfica

sobre os temas deste trabalho. Foram consultados livros de autores chave para o

desenvolvimento de temas relacionados ao Turismo e Turismo Cultural,

Patrimônio Cultural, Educação Patrimonial e Missões Jesuíticas. Também

documentos e manuais que versavam sobre os assuntos já mencionados. Foi

realizada uma pesquisa bibliométrica que investigou os trabalhos existentes na

área de educação patrimonial e também da região missioneira.

Também foram realizadas visitas ao município e às instituições

selecionadas para a realização das entrevistas e posterior compilação dos dados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

A pesquisa se configura como de natureza aplicada, já que seus resultados

poderão ser utilizados de maneira imediata na resolução de problemas pontuais,

bem como poderão servir para a busca de soluções inovadoras para o

desenvolvimento de metodologias ou processos (UNIVERSIDADE DO VALE DO

ITAJAÍ, 2011).

Os procedimentos metodológicos iniciais foram pesquisa bibliográfica e

documental. A primeira destaca a discussão dos assuntos, temas ou problema de

pesquisa com base em referências publicadas, como livros, periódicos, revistas,

sítios da internet, anais de congresso, dentre outros. Ela contribui

significativamente na construção da base teórica de qualquer estudo. A segunda

refere-se a fontes documentais, que são diários, documentos arquivados por

entidades, gravações, mapas, correspondências, fotografias e filmes (MARTINS,

THEÓPHILO, 2009).

Somando-se à pesquisa bibliográfica e documental, utilizou-se de um

estudo de caso, que significa um estudo empírico que visa investigar um

fenômeno atual dentro de seu contexto de realidade, principalmente quando as

fronteiras entre eles não estão bem definidas (YIN, 2005, MARTINS; THEÓPHILO,

2009). É um estudo profundo e exaustivo de um objeto, permitindo o seu

conhecimento amplo e detalhado (GIL, 2011).

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Sobre os objetivos exploratórios desse estudo, Severino (2007) explica que

esse tipo de trabalho faz um levantamento detalhado de informações sobre um

objeto. Possui um planejamento bem flexível, permitindo que o estudo seja

realizado sob diversos ângulos: levantamento bibliográfico, entrevistas com

pessoas que tem experiência com o problema pesquisado e análise de exemplos

que estimulem a compreensão (PRODANOV; FREITAS, 2013).

Essa pesquisa também se configura como explicativa, levando em conta

que o terceiro objetivo específico aponta para isso. Sobre esse tipo de pesquisa,

Gil (2008) esclarece que ela busca identificar fatores que determinem e que

contribuam para ocorrência de determinado fenômeno, aprofundando muito o

conhecimento da realidade, explicando a razão e o porquê das coisas.

A pesquisadora utilizou entrevistas semiestruturadas aplicadas em pessoas

responsáveis pelas entidades levantadas no primeiro objetivo específico e também

na análise do diário de campo elaborado através das visitas ao município e às

entidades. Esse material foi organizado levando em consideração a técnica do

Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), cuja metodologia foi descrita no próximo item.

3.2 INSTRUMENTOS DE PESQUISA E COLETA DE DADOS

Para a realização dessa pesquisa, foram aplicadas entrevistas com roteiro

semiestruturado em profissionais responsáveis pelos principais órgãos

públicos/autarquias que trabalham com Turismo Cultural e Educação Patrimonial

no município de São Miguel das Missões. Esse tipo de entrevista permite ao

pesquisador a elaboração de um roteiro prévio, mas também dá a liberdade para

que o mesmo possa acrescentar novas questões conforme necessidade

(MARTINS; THEÓPHILO, 2009). Sobre entrevistas, destaca-se:

As entrevistas são uma das mais importantes fontes de informação para um estudo de caso. Os entrevistados fornecem percepções e interpretações sobre um assunto e também podem sugerir fontes nas quais pode-se buscar evidências corroborativas. O ideal é que se procure combinar os dados obtidos em entrevistas com informações alcançadas por meio de outras fontes (ZAMBERLAN et. al., 2014, p. 125)

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As questões levantadas pelo entrevistador são abertas, podendo os

entrevistados discorrerem livremente sobre o assunto. O roteiro construído para a

entrevista levou em conta os objetivos desse trabalho, tentando formatar as

questões de forma que os mesmos fossem respondidos ou parcialmente

respondidos. Segue quadro (Quadro 4) com os tópicos abordados e a relação com

os objetivos deste trabalho:

Quadro 04: Tópicos da entrevista

ORDEM

DAS

QUESTÕES

QUESTÕES DA

ENTREVISTA

OBJETIVOS DA

QUESTÃO

OBJETIVO DA

PESQUISA

RELACIONADO

Q1

O que você entende por política pública?

Conhecer a opinião acerca de conceitos e tentar entender se o que eles discorrerão sobre conceitos.

Objetivo específico 2.

Q2

Existe uma política pública de educação patrimonial sistematizada sendo trabalhada em seu município?

Investigar se existe a política pública de educação patrimonial formalizada.

Objetivo específico 2.

Q3

No caso de não haver uma política pública, você tem conhecimento de ações isoladas a respeito de educação patrimonial em seu município?

Verificar se as ações que acontecem isoladamente são divulgadas.

Objetivo específico 1.

Q4

Quais são as principais entidades parceiras na implementação de uma política pública de educação patrimonial?

Conhecer quais as entidades do município que poderiam se envolver com educação patrimonial.

Objetivo específico 1.

Q5

Qual é o órgão fomentador das políticas públicas de Educação Patrimonial?

Conhecer as entidades que financiam os projetos na área.

Objetivo específico 1 e objetivo específico 2.

Q6

O município percebe algum benefício em estar trabalhando educação patrimonial?

Investigar quais os benefícios sentidos pelas entidades nos trabalhos com educação patrimonial.

Objetivo geral.

Q7

Que resultados foram obtidos com a implementação de uma política pública de educação patrimonial?

Verificar se o município percebe resultados, tendo esses já ocorrido ou que poderão via a ser

Objetivo geral e objetivo específico 2.

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percebidos.

Q8

A educação patrimonial é trabalhada em seu município levando em consideração os demais destinos próximos que também possuem história e vestígios missioneiros?

Analisar se existe uma união entre os municípios da região missioneira e se isso é trabalhado na educação patrimonial, principalmente da região mais próxima.

Objetivo geral e objetivo específico 2.

Q9

Além das escolas, em quais outros ambientes você pensaria ser necessário trabalhar a educação patrimonial?

Verificar o conhecimento deles acerca de onde podem ser realizados trabalhos de educação patrimonial.

Objetivo específico 1.

Q10

Você pensa que existe alguma política pública de integração entre a Região Missioneira na Argentina, Brasil e Paraguai? Como ela é sistematizada? Caso não exista, por quê?

Identificar se existe uma união internacional e se ela é constituída através de uma política pública.

Objetivo geral e objetivo específico 2.

Q11

Você pensa que a Educação Patrimonial pode contribuir com o Turismo?

Verificar quais contribuições os projetos de Educação Patrimonial podem fornecer ao desenvolvimento turístico.

Objetivo geral e objetivo específico 2.

Q12

Você pensa que a comunidade está preparada para o turismo e valoriza, de fato, o que tem aqui?

Verificar qual o envolvimento da comunidade com a atividade turística.

Objetivo geral.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

O objetivo específico 3 está relacionado com a descrição das ações

percebidas no município através do discurso dos entrevistados, sendo assim, não

consta no quadro acima.

É importante salientar que se trata de uma pesquisa qualitativa, não

interessando o número de entrevistados e sim a qualidade do que eles

expressam, conforme confirmação de Martins e Theóphilo (2009, p. 141): “a

pesquisa qualitativa tem como preocupação central descrições, compreensões e

interpretações dos fatos ao invés de medições”.

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As entrevistas foram gravadas com gravador digital após consentimento

dos entrevistados e transcritas integralmente para que se pudesse passar para a

próxima etapa, a de organização dos dados.

Para organizar os dados coletados através das entrevistas, optou-se pela

análise do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC), levando em conta a própria falta de

sistematização de políticas públicas que tratem da educação patrimonial nos

países envolvidos ou na dificuldade de encontrá-las disponíveis para consulta.

Sobre o DSC, Lefrève, Lefrève e Teixeira (2000) explicam que o discurso

coletivo é construído a partir das respostas dos entrevistados, sendo elaborada

uma síntese dos pensamentos encadeados discursivamente sobre o tema que se

pretende compreender. O significado e a intencionalidade aparecem naturalmente

nos discursos de pessoas que ocupam uma determinada posição num campo

social e que são identificadas como uma categoria na medida em possuem

hábitos e representações semelhantes, com práticas sociais e discursos que

deixam isso explícito.

Sobre a coleta de dados da DSC, salienta-se que é orientada pela

aplicação de entrevistas semiestruturadas, permitindo o acesso a ideias, crenças,

opiniões, sentimentos e comportamentos dos depoentes, mesmo que numa

realidade subjetiva (MARTINS, THEÓPHILO, 2009).

Para confeccionar a DSC existe uma forma de organização da sua

metodologia, que Lefèvre e Lefrève (2003) explicam:

- Expressões-chave (ECH): são pedaços, trechos ou transcrições literais do

discurso, que revela a essência do depoimento;

- Ideias centrais (IC): revela e descreve de maneira mais sintética, precisa e

fidedigna possível de cada um dos discursos analisados;

- Ancoragem (AC): manifestação lingüística explícita de uma dada teoria, ou

ideologia, ou crença que o autor do discurso professa;

- Discurso do Sujeito Coletivo (DSC): é um discurso síntese redigido na primeira

pessoa do singular e composto pelas ECH que têm a mesma IC ou AC.

É importante salientar que, mesmo sendo a metodologia da DSC muitas

vezes utilizada para organizar um número grande de entrevistas, essa

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pesquisadora escolheu utilizá-la no trabalho, mesmo com poucos entrevistados,

mas com um grande número de questões e ideias diferentes. Também destaca-se

que os entrevistados são constituídos pelo universo total de instituições envolvidas

com o tema no município, sendo assim, capazes de representar o todo. Sobre

isso, nos falam Martins e Theóphilo (2009, p. 80): “Nesses termos o DSC é uma

coletividade discursivada – os indivíduos pertencentes à coletividade geradora da

representação social se incorporam em um dos vários pedaços que compõem o

discurso do sujeito coletivo”.

Para a elaboração dos objetivos dessa pesquisa e, posteriormente,

elaboração de um roteiro base de entrevista (quadro 4), foi realizado uma

pesquisa bibliométrica a fim de verificar a produção acadêmica existente sobre o

assunto em questão.

3.2.1 Pesquisa bibliométrica

Realizou-se uma pesquisa bibliométrica nos indexadores EBSCO Host,

Science Direct, Scielo e Google Acadêmico, escolhidas por familiaridade desta

pesquisadora nas buscas, o que justificou o escasso número de artigos

acadêmicos na área de Educação Patrimonial na Região Missioneira. Esse

trabalho foi desenvolvido durante os meses de março, abril e maio de 2016. Para

todas as buscas, utilizou-se o filtro de trabalhos compreendidos entre os anos de

2011 até abril de 2016.

Na EBSCO Host empregou-se o termo “heritage education” e foram

escolhidas as Bases de Dados – Hospitality & Tourism Complete; Humanities Full

Text, Education Full Text; Art Full Text e Social Sciences Full Text. Apareceram 41

resultados, sendo que alguns estavam duplicados e foram removidos pelo próprio

sistema, restando apenas 35. Após análise, constatou-se que 12 possuíam

conteúdo com tema afim a esta pesquisa. Quando a expressão heritage education

é citada entre aspas, apareceram alguns artigos que já constam da pesquisa

anterior, porém quatro eram diferentes e também relevantes para o trabalho. Na

busca com o termo “Jesuits in Latin America”, aplicando-se os mesmos filtros já

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acima mencionados, foi encontrada uma resenha. Com o termo “misiones region”

foram encontrados cinco artigos, mas nenhum relacionado à Educação

Patrimonial.

Na Science Direct foram escolhidas todas as Bases de Dados. Apareceram

65 resultados. Desses, 12 possuem conteúdo afim a essa pesquisa. Com o filtro

“Jesuits in Latin America” apareceram 493 resultados, mas nenhum deles continha

a palavra jesuits, apenas assuntos relacionados ao termo Latin América e sem

relação alguma com essa pesquisa. Com o termo “Misiones Region” foram

encontrados 353 resultados. Desses, a maioria se referia apenas à região de

Misiones, na Argentina e versavam sobre saúde, economia, doenças, clima,

dentre outros assuntos não relevantes para este trabalho.

Na Scielo também foram escolhidas todas as Bases de Dados. Apareceram

90 resultados. Desses, 15 possuem conteúdo afim a essa pesquisa.Quando

aplicado o termo “Jesuits in Latin America” apareceu apenas um trabalho ligado ao

Chile, que foi descartado, por não ser alvo do espaço do objeto de estudo. Com o

termo “Misiones Region” apareceram 36 trabalhos que não puderam ser

aproveitados nessa pesquisa por não terem relação com o tema aqui estudado.

Com o objetivo de conhecer produções brasileiras na área de Educação

Patrimonial, optou-se por fazer pesquisa também no Google Acadêmico, já que

nos demais indexadores foram encontrados somente 11 trabalhos do Brasil. Para

o termo “educação patrimonial” foram apresentados 13.900 resultados,

dificultando bastante a análise do material, tendo essa pesquisadora que optar por

acrescentar a palavra “missioneiro” na busca. Apareceram 219 resultados, que em

sua grande maioria já haviam sido encontrados nos demais indexadores. Optou-se

então por fazer a pesquisa se utilizando do termo “Região Missioneira”. Para

facilitar a pesquisa, já que muitos trabalhos foram encontrados, decidiu-se aplicar

também como filtro que as palavras educação ou patrimonial deveriam estar

contidas no texto, já que muitos resultados estavam ligados à saúde, agricultura,

logística, dentre outros. Sendo assim, 941 resultados foram encontrados. Desses,

42 foram utilizados na construção dessa pesquisa por conterem conteúdos

relacionados à educação patrimonial, patrimônio cultural e preservação.

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Cabe salientar que a maioria dos materiais encontrados não estava ligado

diretamente ao tema Educação Patrimonial e Patrimônio Cultural Missioneiro, mas

contribuíram para o embasamento teórico desse trabalho. Também se observa

que os trabalhos sobre Educação Patrimonial são, em sua essência, voltados para

o ensino formal na escola, o que pode contribuir para tornar essa pesquisa

inovadora.

No sítio da internet da UNIVALI, no link dos documentos do Programa de

Mestrado Acadêmico em Turismo e Hotelaria é possível encontrar uma listagem

com 34 Periódicos Científicos de Turismo e seus respectivos QUALIS/CAPES

2013-2014 no Brasil e Exterior. Optou-se por fazer uma busca nas revistas que

possuem QUALIS A a B4 (30 periódicos), levando em consideração apenas o

termo Educação Patrimonial ou Missões Jesuíticas no título do trabalho ou cujo

nome de algum dos Patrimônios da Humanidade estivesse presente no título. O

quadro5 mostra os resultados encontrados:

Quadro 05: Resultados dos Periódicos Científicos

NOME DO PERIÓDICO QUALIS CAPES

TÍTULO DO TRABALHO

Estudíos y Perspectivas em Turismo A2 *Misiones Jesuíticas–Guaraníes en Brasil Um análisis de la interpretación patrimonial (Pedro de Alcântara Bittencourt César - Universidad de Caxias do Sul – Brasil e Beatriz Veroneze Stigliano - Universidad Federal de São Carlos Sorocaba – Brasil.

Caderno Virtual de Turismo B1 *São Miguel das Missões: uma concepção turística-cultural-formativa no sítio arqueológico de São Miguel Arcanjo (Brasil) (Nair Sanzovo Pivatto e Miguel Bahl – Universidade Federal do Paraná (UFPR).

Tourism& Management Studies B1 *Paisagem: a dimensão espacial na educação patrimonial (Pedro de Alcântara Bittencourt César; Cíntia Elisa Dhein e Pablo Cesar Uez – Universidade de Caxias do Sul/RS – Brasil. *Definição dos valores de uma localidade turística cultural - Estudo das missões jesuítico-guarani orientais da América (Pedro de Alcântara Bittencourt César – Universidade de Caxias do Sul/RS e Beatriz

4 “O Qualis-Periódico é um sistema utilizado para classificar a produção científica dos programas de pós-

graduação no que se refere aos artigos publicados em periódicos científicos” (CAPES, 2016).

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Veroneze Stigliano – Universidade Federal de São Carlos).

Cuadernos de Turismo B2 Não apresenta.

Pasos(El Sauzal) B2 Não apresenta.

Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo

B2 Não apresenta.

Revista Turismo emAnálise B2 Não apresenta.

Revista Turismo: Visão e Ação B2 Não apresenta.

InvestigacionesTuristicas B3 Não apresenta.

Podium: Sport, Leisure and Tourism Review

B3 Não apresenta.

Revista Brasileira de Ecoturismo B3 Não apresenta.

Revista Electronica de Administração e Turismo

B3 *Contabilidade de custos como Ferramenta Gerencial Aplicada a atividade hoteleira: Estudo De Caso Aplicado na Região Das Missões – RS (Luis Adriano Rodrigues, Décio Roque Braun, Zélia Maria Mirek, Cinthia Trindade de Carvalho, Daniela Fengler - Instituto Cenecista de Ensino Superior de Santo Ângelo – IESA).

Rosa dos Ventos B3 *Turismo Cultural, Educação Patrimonial e Cidadania: Uma Experiência entre Universidade, Escola e Museu Em Sergipe (Mariana Selister Gomes, Carlos Moisés Santos, Cyndiane Vasconcelos, Hevida Aragão, Sabrina Britto, Talita Andrade – Universidade Federal do Sergipe, Aracaju, SE).

TURyDES - Revista de Investigación en Turismo y desarrollo local

B3 Não apresenta.

Arquiteturismo B4 Não apresenta.

CULTUR - Revista de Cultura e Turismo

B4 Não apresenta.

REUNA – Rev. de Econ., Admin. e Turismo

B4 Não apresenta.

Revista Acadêmica Observatório de Inovação do Turismo

B4 Não apresenta.

Revista Brasileira de Estudos do Lazer B4 Não apresenta.

Revista Cenário B4 Não apresenta.

Revista de Turismo Contemporâneo B4 Não apresenta.

Revista Hospitalidade B4 Não apresenta.

Revista Iberoamericana de Turismo B4 *Sobre educação patrimonial, turismo e Preservação dos bens culturais - Entrevista (Evelina Grunberg, Silvana Pirillo Ramos e Alan Curcino Pedreira da Silva – Universidade Federal de Alagoas).

Tourism and Hospitality International Journal

B4 Não apresenta.

Turismo e Sociedade B4

Turismo Estudos e Práticas B4 Não apresenta.

Journal of Tourism and Hospitality Management

B5 Não apresenta.

LICERE – Ver. PG Interdisc. Estudos B5 Não apresenta.

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78 do Lazer*

Revista Turismo & Desenvolvimento B5 Não apresenta.

Tourism and Karst Areas (Pesq. em Turismo e Paisagens Cársticas)

B5 Não apresenta.

Fonte: elaborada pela autora, 2016.

Em um total de 30 revistas, encontraram-se apenas sete artigos com os

termos, sendo que um deles foi descartado por se tratar de um estudo da área de

contabilidade, não tendo relação com essa pesquisa. Isso indica que pesquisas

ligadas à Educação Patrimonial e sua relação com o turismo e também à Região

Missioneira serão importantes para o incremento da atividade turística dos locais

envolvidos.

3.3 ANÁLISE DOS DADOS

A partir da obtenção dos discursos e sistematização através da técnica

DSC, a análise dos dados e as interpretações serão realizadas à luz das teorias já

trabalhadas no segundo capítulo desta dissertação, levando em consideração

quatro temas principais: turismo cultural, políticas públicas, patrimônio cultural e

educação patrimonial. A respeito de cada tema, foram selecionadas algumas

palavras chaves, extraídas da fundamentação teórica deste trabalho e que serão

observadas nos discursos proferidos, conforme figura 10.

Figura 13: Temas para análise dos discursos

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

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As quatro palavras contidas em cada tema selecionado apareceram na

fundamentação teórica deste trabalho, mencionadas pelos autores pesquisados. A

análise dos dados se dará através da presença ou ausência destes termos nos

discursos proferidos pelos entrevistados, que serão analisados conforme os

autores e as teorias presentes nesse estudo.

O cruzamento dos dados também se dará sob a presença de termos

sinônimos ou que guardem o mesmo sentido, ainda que não sejam os mesmos

termos utilizados pelos autores presentes na revisão teórica e pelas pessoas

entrevistadas.

Para a interpretação dos discursos, a pesquisa se utilizará da Teoria

Interpretativa de Geertz (2008) cujos estudos estão focados na hermenêutica com

uma abordagem antropológica de natureza exploratória. Geertz afirma que a

análise interpretativa envolve uma descrição com a construção de interpretações

para o discurso dos informantes, levando em conta a descrição de dados brutos, a

identificação de descritores ou palavras-chave que ajudem a responder os

objetivos específicos e a análise contextual de padrões recorrentes de respostas

mostrando alguns temas que submergem das respostas dos entrevistados,

observações do pesquisador e documentos/bibliografias (CUNHA LIMA, 2016).

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4 DISCUSSÕES E RESULTADOS A fim de responder os objetivos deste trabalho, foram realizadas três visitas

ao município de São Miguel das Missões (Rio Grande do Sul), que no Brasil é o

único integrante dos Trinta Povos das Missões que possui um Patrimônio da

Humanidade reconhecido pela UNESCO. Nesse município foram identificadas,

inicialmente, duas entidades que, de certa forma, mantêm ou deveriam manter

uma estreita relação com atividades voltadas à educação patrimonial por estarem

diretamente ligadas ao patrimônio cultural, à cultura e ao turismo - a Prefeitura

Municipal de São Miguel das Missões, através da Secretaria de Turismo, Cultura e

Desenvolvimento e o IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional,

cujos diretores/secretários foram entrevistados. Nessas entrevistas foi possível

elencar mais três instituições que completariam este trabalho e que foram citadas

pelos primeiros entrevistados: o IBRAM, Instituto Brasileiro de Museus, a Pousada

das Missões e o Ponto de Memória Missioneira que são parceiros nos trabalhos

voltados à educação patrimonial e ao turismo cultural. Essas pessoas foram

entrevistadas utilizando-se a técnica de entrevistas semi-estruturadas, com

perguntas abertas, cujo seu teor pode ser conhecido no Apêndice A (p. 107) deste

trabalho.

Para responder ao objetivo geral e aos três objetivos específicos dessa

pesquisa, as entrevistas foram organizadas através da técnica do Discurso do

Sujeito Coletivo, conforme já mencionado no capítulo da metodologia. Analisando

o discurso de cada entrevistado, é possível entender como a educação patrimonial

tem sido trabalhada no município e de que forma as instituições tem contribuído

para desenvolver o turismo cultural no município e na região dos Trinta Povos

Missioneiros. Em alguns momentos apareceram ideias centrais - discurso

individual, onde a fala do entrevistado foi diferente de todos os outros e sentiu-se a

necessidade de colocá-la separadamente para uma melhor compreensão.

A primeira questão da entrevista se referia sobre o conceito de políticas

públicas, de forma mais ampla. Essa questão visava compreender a opinião dos

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entrevistados sobre o assunto políticas públicas para, com isso, introduzir o

segundo objetivo específico.

Questão 1: O que você entende por política pública?

DSC da IC A – Preservação e promoção do patrimônio cultural.

Uma das ações que estão vinculadas à preservação é a difusão e a promoção do

patrimônio cultural. É fundamental passar esse conhecimento da importância da

preservação para as gerações presentes e futuras e nossa instituição possui

políticas voltadas para isso. No entanto, a consciência sobre a valorização do que

temos deve vir em primeiro lugar. Para que isso aconteça, deve existir uma

conscientização não só das instituições, mas também do povo.

Na introdução da entrevista junto aos informantes, foi mencionado que ela

versava sobre temas envolvendo o turismo cultural, a educação patrimonial e o

patrimônio cultural. Na primeira questão, alguns entrevistados já envolveram

esses temas nas suas respostas, mesmo ela sendo uma questão mais ampla.

Uma parte dos discursos quis mostrar a política pública como sendo as ações de

preservação e de promoção do patrimônio cultural existente em São Miguel das

Missões. O discurso mostra a importância de envolver as gerações presentes e

futuras nesse trabalho e também mostra que não só as instituições devem ter

consciência da importância da preservação, mas principalmente a comunidade em

geral. Mas na IC A percebeu-se a ausência de teoria sobre o significado da

expressão “política pública”.

Outra parte dos entrevistados voltou seus discursos para o que realmente

havia sido proposto e tentou falar um pouco do significado de uma política pública

no geral.

DSC da IC B – Desenvolvimento de ações por parte das instituições.

Política pública é tudo aquilo que o governo escolhe fazer ou não fazer, é o

conjunto de ações planejadas que acabam por ter algum tipo de influência sobre

a vida dos cidadãos, formado por projetos e programas com metas descritas,

fazendo um trabalho focado, com pessoas que tenham um bom conhecimento na

área, trabalho que deve ser desenvolvido junto aos alunos do município e com os

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estudantes de fora.

Esses discursos demonstram que a política pública está muito ligada às

palavras ação e planejamento e que deve ser formada por programas ou projetos

com metas bem definidas e com continuidade. Esse discurso vai ao encontro da

teoria proposta por Hall (2001) que dá destaque ao que o governo decide fazer em

prol da sociedade e ao que defendem Gastal e Moesch (2007) à respeito do

acesso e da gestão no atendimento ao cidadão.

Através do DSC da IC A e B pode-se interpretar ainda que a política pública

é uma ação que deve partir de fatores exógenos (o Governo em suas diferentes

esferas ou técnicos peritos) para serem entendidas como tal. Deve-se considerar

que a política pública poderia partir da própria população local, organizada

socialmente ou não. Isto se percebe em muitas ações nas escolas, partindo-se

dos professores, sem qualquer direcionamento para tanto, o que pode ser

constatado nos discursos seguintes.

A segunda questão interrogava a existência de uma política pública de

educação patrimonial sistematizada sendo trabalhada no município. Com as

respostas pretendia-se verificar a existência ou não de políticas públicas no

município.

Questão 2: Existe uma política pública de educação patrimonial sistematizada

sendo trabalhada em seu município?

DSC da IC A – Sim, existe uma política pública.

Sim, várias ações de Educação Patrimonial já foram realizadas, mas atualmente não tem tido

nenhuma ação desse tipo porque a nossa equipe técnica está muito reduzida e nós estamos com

um pouco de dificuldade de dar continuidade a esse trabalho. Mas existe uma instituição na

cidade que possui essa política pública sistematizada e que está a colocando em prática devido à

ampliação de seu quadro de servidores. Muitas vezes esses trabalhos são deixados de serem

colocados em prática também pela falta de recurso financeiro.

Analisando a fala de alguns dos entrevistados, percebe-se que existe uma

política pública de educação patrimonial, mas ela é individualizada, ou seja,

acontece separadamente em cada uma das instituições. Duas entidades da

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cidade possuem essa política, embora uma não esteja realizando trabalhos na

área em virtude do reduzido número de colaboradores. Em contrapartida outra

instituição presente no município passou por uma ampliação em seu quadro de

servidores e está trabalhando fortemente a educação patrimonial.

Uma outra parte dos entrevistados disse que essa política pública

sistematizada não existe no município, como podemos ver no discurso.

DSC da IC B – Não existe uma política pública.

Política pública, no sentido claro de planejamento de ações para cumprimento de metas, não.

Voltada para a Educação Patrimonial teve um período que teve, inclusive era um trabalho em

parceria, mas hoje muito pouco se tem em termos disso, por questões estruturais, de recurso e a

dificuldade de conseguir profissionais que tenham condições e interesse nesse tipo de trabalho.

Não existe nem do ponto de vista municipal, nem estadual, nem federal e nem mundial.

Nessa fala ficou claro que alguns entrevistados desconhecem a existência

de uma política pública ou afirmam que o que existe na cidade são ações e não

uma política pública sistematizada.

Os discursos da questão dois expressam a divergência de opiniões entre as

entidades. Cada uma elaborou o discurso pensando no seu trabalho e não no

município como um todo. Percebeu-se que a falta de pessoas, de estrutura e de

recursos financeiros é um fator agravante para a não realização de atividades de

educação patrimonial no município. Outra vez, a mesma recorrência da questão

anterior: outorga-se a outros a responsabilidade da Educação Patrimonial, não

possuindo os entrevistados o entendimento de que pode ser uma ação a partir da

iniciativa local. Neste caso, o local poderia ser interpretado como a região

missioneira. Observa-se que não há a ação nem sequer na própria cidade, muito

menos na região missioneira como um todo, o que poderá ser constatado mais à

frente. É importante lembrar que, na teoria já apresentada, a Educação

Patrimonial precisa ser um processo permanente e sistemático (HORTA;

GRUNBERG e MOTEIRO, 2009). Se fosse assim caracterizada, sendo gerenciada

e coordenada pelas instituições, tendo sido instituída através de algum

documento, poderia ser considerada uma política pública.

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Na terceira questão, os entrevistados deveriam discorrer sobre as ações

isoladas de educação patrimonial que acontecem no município. Esse discurso foi

construído com a soma da fala de cada entrevistado, abordando todas as

entidades citadas. Esse questionamento tinha como objetivo verificar se as ações

que acontecem na cidade estão sendo divulgadas e se as instituições têm

conhecimento sobre elas.

Questão 3: No caso de não haver uma política pública, você tem conhecimento

de ações isoladas a respeito de educação patrimonial em seu município?

DSC da IC A – Entidades que realizam ações de Educação Patrimonial.

Eu digo que não é uma ação isolada, mas existe e ocorrem a todo o momento, desde cursos aos

professores das escolas municipais e estaduais até cursos de artesanato. Algumas escolas, por

exemplo, no mês de abril estudam a questão missões, a história do município. Então eles fazem

atividades voltadas para essa questão patrimonial. A pousada também possuía um trabalho de

educação patrimonial, que durou dois ou três anos. Eu cito também a Escola Antônio Sepp, a

Secretaria de Turismo, o IBRAM, o IPHAN, o Ponto de Memória, o Caminho das Missões, a Trilha

de Consciência Guarani, a Aldeia Tekoa Koenju, a Associação Amigos das Missões e o Centro de

Tradições Nativistas. Eu acho que no momento que tu passa o conhecimento, tu tá educando.

O discurso expressou diversas entidades que trabalham a educação

patrimonial, dentre elas as principais envolvidas nessa pesquisa. Também

apareceram as escolas e os professores, os principais desenvolvedores de

atividades no município. Acredita-se que o Caminho das Missões, a Trilha da

Consciência Guarani, a Aldeia Tekoa Koenju, a Associação Amigos das Missões e

o Centro de Tradições Nativistas apareceram em um dos discursos pelo fato

dessas entidades reproduzirem o conhecimento sobre as missões e um dos

entrevistados afirmou que “no momento que tu passa o conhecimento, tu ta

educando”. Nota-se nos discursos que há um desajuste, pois o entendimento de

que se estuda a história missioneira e há a educação formal, já se está fazendo

Educação Patrimonial. Isso, inclusive, pode acarretar equívocos, já que a

Educação Patrimonial deve ser sistematizada e com uma continuidade, como

defendem Horta, Grunberg e Monteiro (2009).

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Na questão quatro os entrevistados foram questionados sobre as principais

entidades parceiras na implantação de uma política de educação patrimonial. Essa

questão visava entender quais eram os principais envolvidos no processo.

Questão 4: Quais são as principais entidades parceiras na implementação de

uma política pública de educação patrimonial?

DSC da IC A – Entidades parceiras no desenvolvimento de ações de Educação

Patrimonial.

Eu diria que essas entidades já citadas na pergunta anterior e poderia agregar mais. Eu

começaria pela atividade privada local: hotéis, restaurantes, guias, comércio em geral, postos de

combustível - pois é quem mais tira proveito. Depois vem a Secretaria de Turismo, que é o

instrumento público de ação direta sobre o tema e quem tem dever de fazer com que a sociedade

conheça a história missioneira. A Secretaria de Educação Municipal tem o dever de construir o

conhecimento através da educação. Escolas estaduais, Secretaria de Estado do Turismo e da

Cultura, Ministério da Cultura (IBRAM e IPHAN), a UNESCO tem seu único patrimônio mundial

tombado aqui, e ONGs, como a Associação do Caminho das Missões, o Ponto de Memória, a

Associação de Guias de Turismo da Região das Missões. Mas é bem complicado essa relação

porque o nosso trabalho depende diretamente do deles. Tem muita coisa que a gente poderia

talvez fazer em parceria e é muito demorado o processo, muito burocrático. Ainda está faltando a

articulação de todas as instituições.

Nesse discurso é possível perceber que falta articulação das entidades,

mas que o trabalho poderia ser desenvolvido em conjunto pela Prefeitura, IPHAN,

IBRAM, Ponto de Memória, Associação de Guias de Turismo e as escolas, sendo

considerada uma relação burocrática entre algumas dessas instituições. Chamou

atenção desta pesquisadora a resposta que mostrou a importância do

envolvimento da atividade privada local nos trabalhos, já que são eles os

principais interessados. Na maioria dos discursos os entrevistados falam da

necessidade de haver uma ação conjunta, mas até o momento, nenhuma das

instituições tomou a frente para incentivar e coordenar o desenvolvimento dos

trabalhos.

Nessa questão, um dos entrevistados citou que antigamente as pessoas

que iam a São Miguel das Missões tinham um entendimento e que hoje essa

valorização e esse entendimento se ampliaram e isso se consegue ver no

interesse que os alunos demonstram nas visitas.

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DSC da IC B – Visão do patrimônio pelas futuras gerações – discurso individual.

As nossas futuras gerações, se olhar dez, quinze, vinte anos atrás eles tinham um entendimento e

hoje eles tem outro porque percebe-se, quando tão diante dos nossos estudantes, eles se

maravilham, eles tem sede da história e respiram diante de cada divindade e eles buscam muito a

me questionar sobre a história.

Neste discurso, fica claro o interesse dos estudantes pela história do

município e por todos os mitos e lendas que a envolvem.

Qual é o órgão fomentador das políticas públicas de Educação Patrimonial

representa o questionamento cinco. Essa questão visava entender quem está

financiando projetos na área de Educação Patrimonial.

Questão 5: Qual é o órgão fomentador das políticas públicas de educação

patrimonial?

DSC da IC A – Parceria para financiamento de projetos.

Na verdade, parece-me que não há um plano claro. Mas poderiam ser os três. Potencial para fazer esse trabalho junto os três tem. Talvez tivesse que entrar alguém, por exemplo, o Ponto de Memória pra conseguir auxiliar nessa estrutura. Pensando na questão local é totalmente viável custear. Agora se tu for pensar num trabalho maior que talvez possa até fomentar a questão turismo, um pouco das crianças valorizarem mais o que estão visitando, o que estão conhecendo, aí tu dependeria de outros mecanismos, governo federal talvez. Aqui já existiu um material feito em parceria por duas instituições.

Este discurso mostrou que as três maiores instituições do município

poderiam fomentar a atividade, mas isso não tem ocorrido. Em uma delas, onde a

política está estabelecida e as atividades ocorrem, o fomentador é o governo

federal. Contudo, no passado já existiu um material sobre educação patrimonial

construído em parceria, projeto que não teve continuidade. Um dos entrevistados

discorreu que projetos de Educação Patrimonial para a comunidade de São Miguel

das Missões é viável de ser custeado por uma ou mais instituições. Já se esse

trabalho for ampliado para todos os visitantes do município, acaba ficando caro.

Por isso a importância de um parceiro que pudesse cobrar pelo serviço, como o

ponto de Memória ou a própria Pousada das Missões.

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Em um discurso individual, um dos entrevistados afirmou que não se deve

esperar ou depender completamente das instituições públicas.

DSC da IC B – Ações da iniciativa privada – discurso individual.

Se nós esperar por instituição ou por projetos nós não teria esse espaço que nós te apresentamos.

Percebe-se no discurso que algumas ações estão sendo desenvolvidas

pela iniciativa privada, mesmo que poucas e com dificuldade de recursos.

Na questão seis o questionamento principal era focado nos benefícios de se

trabalhar a educação patrimonial em um município. Seu principal objetivo era

verificar se as entidades possuem consciência dos benefícios positivos que a

Educação Patrimonial pode gerar para o Turismo Cultural.

Questão 6: O município percebe algum benefício em estar trabalhando educação

patrimonial?

DSC da IC A – Benefícios conseguidos com a Educação Patrimonial.

Eu acredito que sim. Se tu chegar ali e simplesmente olhar e não souber nada, não vai ter grande importância para ti. Se tu chegar ali, se tu conhecer um pouco da história, com certeza muda. Eu acho que no momento que tu cresce com aquela consciência, tu vai conhecendo o patrimônio, a importância em preservar, tu cria uma relação com o lugar e até pela questão do desenvolvimento econômico do município isso é importante porque as pessoas começam a valorizar, elas começam a ver que as pessoas vêm para São Miguel pra conhecer e isso pode gerar um empreendedorismo. Basta considerar também a presença de duas autarquias federais - IPHAN e IBRAM - em São Miguel das Missões, que representam um investimento significativo do governo federal no município, e que tem repercussão em diferentes setores da vida sociocultural e também econômica da comunidade local. Por outro lado, quem sonha em ter lucro, em termos financeiros, seria a rede hoteleira apenas.

É interessante observar que quatro entrevistados percebem benefícios

voltados à valorização da história, do patrimônio e também a importância da

presença do governo federal no município, através de duas importantes entidades

– o IPHAN e o IBRAM. No discurso apareceu a expressão “a partir do momento

que tu cresce com aquela consciência”, que revela a importância de trabalhar a

Educação Patrimonial com as crianças, desde a pré escola, teoria esta fortemente

defendida por esta pesquisadora.

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Em um discurso individual, o entrevistado mostrou-se contrário às opiniões

acima descritas.

DSC da IC B – A não percepção de benefícios – discurso individual.

A resposta plausível parece que é não, pois sabem pouco sobre o mundo de informações e de possibilidades.

O entrevistado acredita que o município não percebe os benefícios e por

isso não está realizando atividades de Educação Patrimonial em suas diversas

possibilidades.

Os resultados obtidos com a implementação de uma política pública de

educação patrimonial foram discutidos na sétima questão, que objetivava verificar,

de fato, se as entidades possuem a percepção desses resultados.

Questão 7: Que resultados foram obtidos com a implementação de uma política

pública de educação patrimonial?

DSC da IC A – Preservação e valorização do patrimônio cultural.

O Sítio Histórico São Miguel Arcanjo e o Museu das Missões recebem, anualmente, em torno de 90 mil visitantes. Na sua maioria, são estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, mas há também considerável número de universitários. Não só os colégios dos estudantes, mas a própria conscientização dos nossos guias de turismo, das agências de turismo. Ao ser declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983, o Sítio Histórico São Miguel Arcanjo ganhou mais visibilidade e, por consequência, tem atraído mais turistas. Esse reconhecimento conferido contribuiu para que o Poder Público tenha passado a dispensar especial atenção no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à pesquisa, preservação e divulgação desse patrimônio.

No discurso coletivo percebe-se a importância do número de visitantes e o

destaque para a valorização do título Patrimônio da Humanidade, conferido pela

UNESCO em 1983 e que deu maior visibilidade ao município, fazendo com que o

poder público (seja federal, estadual ou municipal) dispensasse maior atenção na

preservação do patrimônio em questão.

Dois entrevistados responderam que não houve implementação de uma

política pública sistematizada, conforme já observado em questões anteriores.

DSC da IC B – Não houve implantação de política pública.

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89 Não houve ainda implementação de uma política na expressão que desejas dizer.

Isso demonstra a divergência de opiniões sobre a teoria e os conceitos de

política pública.

A questão oito interrogou se a educação patrimonial é trabalhada levando

em consideração os demais destinos próximos que também possuem história e

vestígios missioneiros. Ela visava examinar se estão sendo desenvolvidos

trabalhos em conjunto na região missioneira e se os envolvidos têm a percepção

da região como um todo.

Questão 8: A educação patrimonial é trabalhada em seu município levando em

consideração os demais destinos próximos que também possuem história e

vestígios missioneiros?

DSC da IC A – Muito focado em São Miguel das Missões.

A verdade é que poucos conhecem profundamente o ocorrido na história local. Então eu acho que é muito focado em São Miguel. Pros professores trabalharem eles teriam que ter um pouco mais de conhecimento dessa questão e isso, a grande maioria não tem. Até a questão de articulação, divulgação do turismo de São Miguel, acho que falta essa conexão com os outros municípios.

Nesse discurso as opiniões são bastante divergentes. Alguns entrevistados

afirmam que o foco está em São Miguel das Missões e isso se justifica devido ao

fato de os professores não conhecerem a região e não poderem falar do que não

conhecem, teoria esta confirmada por Beni (2006, p. 112) quando diz que é

necessário “conhecer para dar a conhecer”. Aqui foi possível observar que ainda

não existe uma ação integrada com os outros povos.

Outros entrevistados afirmam que existe sim uma integração nos estudos,

sendo que alguns afirmaram que ela existe nos Sete Povos das Missões e outros

afirmaram que ela existe nos Trinta Povos Missioneiros e em mais alguns.

DSC da IC B – Integração dos Sete ou Trinta Povos.

A dimensão educativa considera a experiência missioneira no seu todo, englobando tudo o que ocorreu nos chamados Sete Povos das Missões (em território do Brasil, hoje), mas também dialogando com o que aconteceu na Argentina e Paraguai. Também tem aquela outra missão que fundou São Paulo. A educação patrimonial aqui trabalhada não pode dissociar, e não dissocia, a experiência vivida nos diferentes espaços (ou Reduções). Mas eu acho que seria muito

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90 interessante que se buscasse sempre essa integração, porque o destino, ele se torna mais rico quando tu conhece os outros sítios. Mas destaco que uma boa parte de atividades ainda não envolve o contexto internacional.

Seria importante essa integração, porque conhecer os demais povos

enriquece a experiência. Um dos entrevistados salientou a importância de não

dissociar esse conhecimento, já que é uma história que envolve três países.

Na questão nove, os entrevistados foram instigados a responder quais

outros ambientes é necessário trabalhar a educação patrimonial, a fim de verificar

se a opinião dos entrevistados sairia um pouco do ambiente escolar.

Questão 9: Além das escolas, em quais outros ambientes você pensa ser

necessário trabalhar a educação patrimonial?

DSC da IC A – Educação Patrimonial deve atingir a comunidade em geral.

A escola é um ambiente privilegiado eis que ela pode fazer a reserva formal de um momento para se dedicar ao estudo de um determinado tema. Mas acho que a comunidade como um todo é importante que ela saiba, porque se alguém chegar, pedir uma informação, é bom que todos os moradores saibam falar do seu município e tenham orgulho de fazer parte da história dele, inclusive a comunidade local e regional. Se olhar a integração das instituições, todas elas se somam, desde a melhor idade participa, a nossa creche, as crianças vêm aqui, as pessoas que moram no interior, aquelas pessoas portadoras de deficiência, necessidades especiais, os integrantes do CTG, até o comércio. Eu também cito a Brigada Militar e os nossos artistas, através da promoção de alguns eventos. Também devem existir projetos de educação patrimonial que marquem presença no mundo virtual. Por isso eu acho que teria que ter uma pessoa na prefeitura que coordenasse e soubesse trabalhar com todos esses atores que estão envolvidos.

Neste discurso, nota-se a necessidade de trabalhar com a comunidade

como um todo, fazendo com que ela conheça seu município e saiba dar

informações corretas sobre ele. Nota-se nesse discurso que os visitantes não

foram lembrados, embora tenham sido citados em questões anteriores. Também

foi possível perceber a importância que o mundo virtual está ganhando, inclusive

nessa área de patrimônio histórico.

No questionamento dez, os participantes deveriam refletir sobre a

existência de alguma política pública de integração da região missioneira na

Argentina, no Brasil e no Paraguai. Essa questão objetivava identificar a presença

de ações de envolvimento internacional.

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Questão 10: Você pensa que existe alguma política pública de integração entre a

Região Missioneira na Argentina, Brasil e Paraguai? Como ela é sistematizada?

Caso não exista, por quê?

DSC da IC A – Projetos de integração regional.

Não tenho conhecimento de uma política pública de integração que envolva esses países e que tenha caráter oficial. Eu não digo associação, o que eu vejo é positivo aqui, o que liga outros países, os estudantes que, é através do MERCOSUL. Há, sim, um grupo articulado que trabalha ações voltadas à divulgação dessa temática e para a promoção da integração regional. A gente tem dificuldade de se integrar com a nossa região aqui, com os Sete Povos do lado brasileiro. A gente tem algumas ações isoladas, tem um trabalho que é executado, encontros que reúnem os Trinta Povos. Mas é uma coisa muito pontual. Até se tu focar a questão mais comercial, mais turismo, até existe alguma coisa, agora focado na questão patrimonial... Mas porque que tu não pode trabalhar com os outros municípios, com as outras prefeituras e levar toda uma região ao invés de tu fazer um trabalho local. Eu acho que ainda tem muita coisa pra ser feita. Está em andamento um projeto bem interessante assim, que ele pega um pouco disso, ele tenta integrar essa região. Até pensando num outro projeto que está em andamento também, uma fase mais inicial, que é para integrar as missões aqui do Brasil, com Argentina e Paraguai.

No discurso é possível perceber que não existe uma política pública

integradora, apenas ações isoladas de alguns grupos de pessoas. Se a integração

com os municípios brasileiros já é difícil, a internacional se torna bem mais

complexa, mesmo uma instituição afirmando que estão em andamento dois

projetos que visam desenvolver essa relação. Um dos projetos citados se trata

dos Itinerários Culturais do MERCOSUL, que visa promover o patrimônio cultural e

ao mesmo tempo estimular o desenvolvimento das comunidades dos sítios

patrimoniais, que através de um trabalho em conjunto, fortalece a identidade

regional e a pluralidade cultural da América do Sul, promovendo esses locais

como destinos turísticos culturais (IPHAN). O outro projeto trata da Valorização da

Paisagem Cultural e do Parque Histórico Nacional das Missões, que tem por

objetivo, segundo o discurso do entrevistado, valorizar bem mais do que apenas o

sítio histórico, mas também tudo o que existe em seu entorno, como a paisagem,

por exemplo.

Nesse discurso percebeu-se que, quando se trata de turismo, existe alguma

coisa mais comercial sendo trabalhada entre os países, e isso se confirmou no

segundo capítulo, intitulado Fundamentação Teórica, onde a pesquisadora

mostrou em teoria os roteiros de turismo cultural existentes na região, que

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conforme Nogueira e Burkhard (2008), vale destacar o Circuito Internacional das

Missões Jesuíticas, o Caminho das Missões, a Rota Missões e o Roteiro Iguassu-

Misiones.

A questão 11 versa sobre a contribuição que a Educação Patrimonial dá

para o turismo. Essa questão visava verificar se os entrevistados conseguiriam

fazer uma ligação entre o turismo e a educação patrimonial.

Questão 11: Você pensa que trabalhar Educação Patrimonial contribui de alguma

forma com o turismo?

DSC da IC A – Preservação e valorização do patrimônio cultural.

Completamente, especialmente no turismo cultural, que é o caso missioneiro. É positivo porque no momento que tu faz educação patrimonial, tu faz como uma forma de as pessoas entenderem o porque que é importante preservar o patrimônio. É uma forma de envolver um pouco mais as pessoas e fazer eles entenderem um pouco mais da importância do que eles estão vendo. No momento que chega o visitante aqui e essas pessoas já tiveram contato com o tema, se sentem mais apropriado do patrimônio, eles vão saber atender bem o turista, vão passar as informações adequadas. Por exemplo, os artesões, as pessoas que fazem o artesanato em casa, isso é uma fonte de renda. Eles buscam a inspiração, principalmente nos símbolos missioneiros e aqui é a razão que em torno de mais de 300 pessoas tão elencadas à essa fonte de renda e cada vez mais se soma. Você trabalha a Educação Patrimonial muitas vezes pensando não num médio ou curto prazo, mas longo prazo. Até no sentido de preservação ou conservação do roteiro turístico. O povo merece, quem visita merece ter melhor uma estrutura.

Nesse discurso foi possível perceber um consenso entre todos os

entrevistados sobre os benefícios positivos que envolvem a Educação Patrimonial

e o turismo. Um dos entrevistados citou o turismo cultural como sendo o foco da

cidade. Nas respostas se percebem duas linhas, que se complementam. Uma fala

dos benefícios da população, como a valorização do lugar, o conhecimento, a

preservação. A outra linha de pensamento é voltada para a questão econômica, já

que muitas famílias vivem do turismo, seja com a venda de artesanatos ou em

trabalhos formais nos hotéis, restaurantes e comércio da cidade.

Em São Miguel das Missões o comércio do artesanato é bem característico,

seja o artesanato confeccionado por artesãos, seja o confeccionado pelos índios,

conforme mostra a figura 14. Segundo os entrevistados, mais de 25 famílias (em

torno de 300 pessoas) dependem dele para sobreviver.

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Figura 14: Artesanato indígena

Fonte: VARGAS, 2016.

Na questão 12, última da entrevista, questionou-se se a comunidade está

preparada para o turismo e se valoriza o patrimônio cultural que existe na cidade.

Essa questão visava verificar se a comunidade aceita os turistas e como ela vê o

atrativo turístico presente em São Miguel das Missões.

Questão 12: Você pensa que a comunidade está preparada para o turismo e

valoriza, de fato, o que tem aqui?

DSC da IC A – Uma parte da comunidade acredita no turismo, outra não.

Claramente duas visões sobre isso ai: de pessoas que compreendem isso, a importância disso e querem valorizar isso e também dentro desse grupo eu colocaria pessoas que entendem ou compreendem ou querem valorizar isso, mas assim, ai é a visão comercial, com a exploração turística disso. E de outro lado, há um bom grupo que vê isso como um corpo, algo estranho, até pela própria história aqui. Não é algo que seja toda a comunidade mobilizada, porque o turismo é uma nova alternativa, assim, econômica, é uma alternativa mais recente. Isso gera um certo atrito com a comunidade, mas hoje, de alguns anos para cá, como vem aumentando o número de pessoas, no caso, que trabalham com o turismo, vem melhorando um pouco essa situação. A partir do ano 2000, ali, quando começou a se instalar hotéis, o hotel, a pousada, outras coisas, começou a haver uma circulação maior de dinheiro vindo do turismo, então isso fez com que a

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94 comunidade entendesse que é uma forma de eles ganharem dinheiro. Parte da comunidade, eu digo, uma boa parte está preparada sim, porque nós desenvolvemos aí, foi desenvolvido com o município, com a Secretaria de Turismo, seria projetos de aperfeiçoamento, de recepção ao turista, de hotelaria, de hospedagem. Eu acho que a gente aproveita muito pouco esse espaço, mas, hoje já está um pouco melhor isso, parece que há um certo desconforto para as pessoas. Embora não seja o espaço talvez mais adequado para isso, mas assim, tem sombra, tem toda uma estrutura que poderia ser melhor utilizada pela comunidade, mas em função dessa questão do cercamento, criou uma espécie de barreira. Então, acho que no caso a Prefeitura tem um papel importante aí para o restante da comunidade ver como alternativa.

Esse discurso mostra claramente que existe na cidade uma divisão: de um

lado estão pessoas que procuram compreender a história e a importância do bem

patrimonial, seja por estarem sensibilizados apenas ou por dependerem do

turismo. De outro lado estão aquelas pessoas que não dão tanta importância e

que percebem o bem patrimonial como um “corpo estranho” no meio da cidade.

Chamou a atenção dessa pesquisadora que dois entrevistados falaram que

antigamente as pessoas se apropriavam mais do espaço onde se localiza o bem

patrimonial e hoje é diferente, pois no momento em que esse bem foi cercado e

foram colocadas normas e regras para sua visitação, a comunidade passou a vê-

lo mais “distante”, a cerca significa uma barreira para a comunidade. Em um

discurso essa fala pode ser observada. Em outro não, pois o entrevistado

mencionou essa questão quando a entrevista já havia sido finalizada e os

materiais haviam sido guardados.

Sobre preparar a comunidade para a atividade turística as autoras Gastal e

Moesch (2007, p. 49) afirmam que “deve haver uma gestão turística que

identifique, mobilize e arregimente os agentes institucionais e atores sociais, as

lideranças comunitárias, políticas e empresariais da região”. Somente assim a

comunidade irá se envolver e aceitar a atividade.

Um discurso individual expressou apenas a opinião de que a comunidade

não valoriza e não tem conhecimento sobre a história do município.

DSC da IC B – Não valoriza e não tem conhecimento – discurso individual.

Absolutamente não. Não tem um mínimo de ideia do que foi o Triunfo da Humanidade.

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O entrevistado cita o Triunfo da Humanidade em virtude de ter sido uma

frase utilizada por Voltaire quando se referia às missões jesuíticas e a atuação

junto às tribos (OLIVEIRA, 2011).

Esse trabalho não tinha como objetivo entrevistar professores, mas devido

a participação das escolas no desenvolvimento de atividades de educação

patrimonial, esta pesquisadora entendeu ser importante procurar as duas diretoras

das escolas urbanas (uma estadual e uma municipal), através de meios digitais,

para conhecer quais atividades foram desenvolvidas no ano de 2016 envolvendo

os temas desta pesquisa, o que ajuda a responder o primeiro objetivo específico

deste trabalho.

Uma das diretoras citou que, mesmo trabalhando sem um projeto

formatado, tentaram desenvolver algumas atividades que mostrassem aos alunos

a importância do patrimônio cultural existente em São Miguel das Missões e os

preparassem, de certa forma, para o turismo. A maioria das atividades se

concentra no mês de abril, mês de emancipação político-administrativa da cidade,

o que podemos confirmar no Apêndice A, no discurso de um dos entrevistados. Os

alunos do primeiro ano fizeram piquenique na Fonte Missioneira, os alunos do

segundo e do quinto ano fizeram visita guiada ao sítio São Miguel Arcanjo,

enquanto os alunos da pré-escola visitaram todos os pontos turísticos da cidade.

Todas as turmas da escola foram levadas ao sítio no dia da passagem da Tocha

Olímpica pela cidade, evento que antecedeu a realização das Olimpíadas 2016 no

Rio de Janeiro e que tinha por objetivo fazer com que a tocha com o fogo olímpico

passasse na maioria dos destinos turísticos do Brasil. A figura 14 representa

alunos do ensino fundamental em visita às ruínas da igreja São Miguel Arcanjo.

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Figura 15: Alunos assistindo ao vídeo educativo que antecede a visita ao sítio histórico São Miguel Arcanjo

Fonte: LIMBERGER, 2016.

Nesta imagem (Figura 15) é possível perceber os alunos e professores de

uma das escolas assistindo um vídeo educativo antes de realizarem a visitação ao

sítio histórico. Esse tipo de atividade tem uma grande importância diante da

educação patrimonial e do turismo por estar dotando os alunos de conhecimento

sobre os detalhes da história do lugar.

A diretora da outra escola afirmou que foram realizadas atividades no ano

de 2015 voltadas para a Educação Patrimonial. Em 2016 foram realizados apenas

uma visita às ruínas, uma viagem para Santo Ângelo e o apoio na parte artística

da chegada da Chama Olímpica. Também afirmou que os professores fazem

trabalhos de conscientização com os alunos em sala de aula. Destaca-se que

essa escola foi a mais citada pelos entrevistados como a maior realizadora de

atividades nessa área. Mas segundo a direção, não houve trabalhos de Educação

Patrimonial no ano de 2016.

A partir dessa multiplicidade de discursos obtidos, foi possível inferir que

nem todos os entrevistados possuíam clareza do conceito de políticas públicas, o

que talvez tenha, em alguns momentos, levando-os a fugir dos temas propostos

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nas questões. Percebeu-se a falta de um projeto de Educação Patrimonial que

integre a grande maioria das instituições do município e que possa ser

caracterizado como uma política pública para a contribuição da valorização e

preservação do patrimônio cultural local e regional.

Mesmo assim, ficou claro nas entrevistas que existe uma ligação muito

próxima entre o turismo cultural e a educação patrimonial, sendo que este

contribui significativamente para o desenvolvimento daquele, teoria reforçada por

Camargo (2009a), Murta e Albano (2002) e também conforme consta na Carta

Internacional sobre Turismo Cultural de 1999 (COSTA, 2014). Como dizem Gastal

e Moesch (2007, p. 55), o planejamento desse turismo reflete na qualidade de vida

do morador, ou seja, “um bem viver que encaminhe o bem receber”.

Destaca-se que, das palavras mencionadas na metodologia deste trabalho,

cujo levantamento foi feito junto ao referencial teórico, algumas apareceram nos

discursos e outras ficaram fora. Nos momentos em que os entrevistados falaram

sobre a atividade turística, as palavras turismo cultural, região e atrativos

apareceram com bastante intensidade. Mas a palavra “impactos”, que se refere

aos impactos causados pelo turismo, sejam eles positivos ou negativos não foram

mencionados pelos entrevistados. Apenas percebeu-se os impactos financeiros,

sem a presença desse termo, referindo-se os entrevistados como benefícios

econômicos.

No discurso sobre políticas públicas todas as palavras elencadas por esta

pesquisadora na fundamentação teórica estavam presentes nos discursos, mesmo

uma parcela dos informantes tendo fugido de respostas que abordassem a teoria.

Planejamento, programas e projetos, entidades e gestão foram as palavras

escolhidas para representar o termo.

Em se tratando de patrimônio cultural, os entrevistados deveriam utilizar os

termos cultura, UNESCO, proteção e preservação. Os termos cultura e proteção

quase não apareceram enquanto UNESCO e preservação estavam fortemente

presentes nos discursos analisados.

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Por fim, a educação patrimonial foi representada pelos termos autoestima,

arqueologia, comunidade e valorização apareceram nos discursos, embora

autoestima tenha sido representada por outros termos com o mesmo significado.

Pinheiro (2010, p. 151) nos fala sobre os trabalhos com o tema patrimônio

cultural, conforme se observa;

As temáticas ligadas ao patrimônio cultural são pouco tratadas nas escolas e estão ausentes e distantes da maioria da população brasileira, mas é preciso pensar a Educação Patrimonial como um instrumento importante na construção de ações e de práticas de reconhecimento, de valorização, de preservação e de conservação do patrimônio cultural de uma determinada região, por possibilitar a interpretação dos bens culturais, tornando-os um instrumento de promoção e de vivência da cidadania.

De acordo com a afirmação anterior e confrontando com as respostas dos

entrevistados, a autora acerta quando afirma os poucos trabalhos desenvolvidos

em sala de aula ou com a comunidade sobre a importância do patrimônio cultural

presente no município de São Miguel das Missões.

Perceber que os informantes carregam em seus discursos termos chaves

para o desenvolvimento do turismo cultural e da educação patrimonial foi

fundamental para que se pudesse construir o entendimento a respeito dos

objetivos abordados por esse trabalho. Pela teoria apresentada no decorrer do

trabalho, pode-se inferir que trabalhar a educação patrimonial e até mesmo a

interpretação patrimonial com os moradores e visitantes contribui

significativamente para o desenvolvimento do turismo cultural. Mas o que se

percebe em São Miguel das Missões é que o turismo está acontecendo, com um

fluxo regular de visitantes (que não foi abordado por não ser objetivo deste

trabalho), mesmo sem a implantação de uma política pública de educação

patrimonial. É necessário refletir se, no futuro, em algum momento, a ausência

desse trabalho informativo com moradores e visitantes não irá fazer falta para a

construção de uma atividade turística sustentável, que possa trazer um maior

desenvolvimento econômico, social e cultural para a cidade de São Miguel das

Missões e região.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa teve como principal objetivo compreender o papel da

Educação Patrimonial no desenvolvimento do Turismo Cultural na cidade de São

Miguel das Missões, um dos principais destinos turísticos do Rio Grande do Sul. O

Turismo Cultural é um segmento que está crescendo consideravelmente e pode

ser considerado um dos responsáveis pela preservação e revitalização dos locais

históricos e culturais. A Educação Patrimonial e também a Interpretação

Patrimonial acabam sendo parceiras constantes nesse projeto, pois trabalham de

forma sistematizada a importância que esses locais possuem, sensibilizando tanto

a comunidade local como os visitantes a respeito do cuidado e da valorização do

patrimônio cultural.

Nesse sentido, foi fundamental compreender quais atividades estão sendo

desenvolvidas no município que são capazes de incentivar a valorização e a

preservação do patrimônio cultural missioneiro nacional e internacional e se esses

projetos são provenientes de políticas públicas ou ações isoladas de algumas

instituições.

No Circuito Internacional Missioneiro existem sete Patrimônios da

Humanidade reconhecidos pela UNESCO (dentro dos Trinta Povos das Missões),

que precisam desenvolver um trabalho em conjunto, resgatando a história da

herança deixada pelos jesuítas e guaranis. Para este estudo, a pesquisadora

elegeu no Brasil a cidade de São Miguel das Missões, reconhecida pela UNESCO

como Patrimônio da Humanidade. Em estudos futuros, serão trabalhados os

demais patrimônios, envolvendo a Argentina e o Paraguai.

A escolha do Discurso do Sujeito Coletivo como método de análise dos

dados levantados por esta pesquisa mostrou-se útil para organizar de forma

sistemática o discurso dos gestores locais sobre o turismo cultural e a educação

patrimonial, tentando entender o que tem sido realizado para sensibilizar

comunidade e visitantes a respeito da valorização do patrimônio. As entrevistas

utilizadas como método de análise dos dados contribuíram para a compreensão

do que os órgãos estão trabalhando como política pública (leis, decretos, normas,

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diretrizes, programas) do ponto de vista verbal e escrito, mas a compreensão do

conceito se mostrou ser uma consciência individual de cada gestor.

Pela compreensão dos discursos foi possível constatar que não existe um

trabalho de educação patrimonial sistematizado, ou seja, não existe no município

brasileiro uma política pública estabelecida, embora ela faça parte do plano de

trabalho e da missão de algumas instituições isoladamente, não existe uma união

das mesmas na sistematização dos trabalhos. Inexiste também, cuja realidade é

expressa no discurso, um trabalho de integração regional dos países que

possuem remanescentes missioneiros constituído na forma de uma política

pública. Apenas a parte turística comercial está sendo trabalhada, ainda em

pequena escala, com roteiros que são vendidos por agências de viagens.

Foi possível perceber a inexistência de uma coesão discursiva, sendo um

mesmo assunto respondido de forma diferente por cada um dos entrevistados.

Cada entidade tem realizado atividades de educação patrimonial à sua

maneira ou apenas apoiado instituições que as façam. Mas os discursos

explicitam a existência de muitas barreiras que impedem ou dificultam o trabalho

em conjunto por parte das instituições presentes em São Miguel das Missões, o

município pesquisado. Destaca-se a falta de pessoal capacitado, a falta de

recursos financeiros e a ausência de infraestrutura, além da falta de atitude de

alguma das instituições que possa se responsabilizar pela organização e

dinamização dos trabalhos. Pela síntese da fundamentação teórica desta

pesquisa, é possível compreender que o município não está realizando atividades

de educação patrimonial focadas na contiguidade territorial da região missioneira,

muito menos envolvendo os aspectos internacionais, o que não deixa de ser uma

lacuna na preservação do patrimônio cultural. Isso se deve ao desconhecimento

da história dos Trinta Povos das Missões por parte da comunidade e

especialmente por parte dos professores, afirmação que foi claramente

expressada nos discursos.

Percebeu-se a presença do termo conscientização quando se trata de

Educação Patrimonial. Esta pesquisadora vem defendendo em seus estudos

passados, já mencionados na justificativa desse trabalho e também na

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fundamentação teórica (ABBAGNANO, 2000) que se pode utilizar o termo

sensibilização, já que a conscientização é imposta e a sensibilização é ligada

diretamente às reações, o que faz com que o ser humano se sensibilize para a

importância da preservação e valorização do patrimônio cultural, agindo

positivamente perante ele e se tornando exemplo a ser seguido, tornando-se

muitas vezes um educador no decorrer do processo. Como continuação deste

trabalho, sugere-se uma pesquisa vindoura sobre a epistemologia da

sensibilização para a apreensão da importância do patrimônio histórico.

Pela análise dos discursos, foi possível perceber que os informantes

possuem conhecimento de que a Educação Patrimonial não se faz somente na

escola, mas sim em diversos espaços da sociedade e com os diferentes grupos

sociais, o que acaba sendo positivo, já que abrangerá toda a comunidade. Mesmo

assim, é importante ressaltar que o ideal é que os municípios comecem a

trabalhar o turismo e a importância do patrimônio cultural desde as séries iniciais,

pois isso incentivará que a criança cresça com sua consciência já formada.

Salienta-se que sensibilizar um adulto que já tem sua opinião constituída é bem

mais difícil do que uma criança que está em fase de construção da sua

personalidade.

Projetos e/ou programas de Educação Patrimonial também podem ser

desenvolvidos com os visitantes, pois a comunidade que busca o turismo cultural

tende a ser diferenciada no que tange à busca de conhecimentos mais

aprofundados. Salienta-se aqui que, em São Miguel das Missões é muito forte a

presença de alunos de escolas e universidades, que muitas vezes vão ao local já

tendo estudado a história em sala de aula.

Um dos fatos de maior destaque desta pesquisa foi a percepção dos

entrevistados sobre o cercamento do atrativo cultural, onde se percebeu que para

muitas pessoas esse atrativo acaba causando estranheza. Em um futuro próximo,

esta pesquisadora abordará a percepção dos moradores sobre o Sítio Histórico

em um artigo, a fim de compreender melhor esse fenômeno.

As lideranças institucionais locais tem um papel fundamental no

desenvolvimento do turismo e na preservação do patrimônio cultural, porém notou-

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se que nenhuma delas toma a frente na implementação de uma política pública de

Educação Patrimonial que envolva, pelo menos, as principais instituições da

cidade. Nessa situação, sente-se a necessidade da presença de uma universidade

ou de uma escola técnica que pudesse tomar a frente e coordenar esse processo.

Dessa pesquisa, infere-se então, que se os trabalhos de Educação

Patrimonial forem sistematicamente organizados através de uma política pública,

são passíveis de contribuírem significativamente no desenvolvimento do Turismo

Cultural, já que serão capazes de desenvolver a autoestima na comunidade local

e tornar a experiência do visitante mais significativa e inesquecível.

Como principais encaminhamentos, aconselha-se que o município constitua

uma política pública de Educação Patrimonial que envolva as diversas instituições

e que ela possa ser trabalhada anualmente e com continuidade, como sugerem os

autores presentes na fundamentação teórica deste trabalho. Vargas, Pereira e

Tricárico (2016) apresentaram no Fórum Internacional de Turismo do Iguassu um

artigo científico que continha uma metodologia de Educação Patrimonial para ser

utilizada com professores e alunos nas escolas de nível fundamental. Esta

pesquisadora também possui outros trabalhos que desenvolvem metodologias

diversas que podem ser utilizadas para a atividade.

No que se refere as dificuldades encontradas no meio do trabalho, cita-se a

ausência de bibliografia englobando o Turismo Cultural e a Educação Patrimonial,

o vendaval que atingiu o município de São Miguel das Missões e que destruiu

parte do patrimônio histórico (em 2016) e a dificuldade em encontrar alguns dos

entrevistados.

Diante de todo o exposto, acredita-se que essa pesquisa possa contribuir

para sensibilizar os gestores públicos e privados para os temas Turismo Cultural e

Educação Patrimonial, mostrando a eles a importância de se ter uma política

estabelecida e uma equipe preparada para o desenvolvimento dessas atividades.

Também espera-se que o município, após o desenvolvimento dessa política,

possa tomar a iniciativa de desenvolver ações conjuntas, primeiramente nos Sete

Povos das Missões e posteriormente abrangendo todos os municípios

missioneiros da região Platina da América do Sul.

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APÊNDICE A Transcrições das Expressões-chave (ACH), Ideias Centrais (IC) e Ancoragens (AC) das entrevistas realizadas com os gestores e/ou responsáveis pelas instituições elencadas nesta pesquisa ligadas diretamente com as atividades de turismo cultural e educação patrimonial, baseadas na teoria de Lèfreve & Lèfreve (2003). Salienta-se que o símbolo (...) indica uso de gíria, pausa na fala, palavras repetidas ou que deixassem claro sobre qual instituição pertencia o entrevistado. Legenda das expressões-chave: Em itálico: ideias-centrais Sublinhado: ancoragem

Questão 1: O que você entende por política pública?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 - Na missão (...), uma das ações que estão vinculadas à preservação é a difusão do patrimônio, a promoção do patrimônio cultural. Então isso faz parte da ação técnica (...), passar esse conhecimento para as gerações presentes e futuras, a importância em preservar o patrimônio cultural. Uma das formas de fazer essa promoção está relacionada com a Educação Patrimonial, tanto que (...) possui políticas voltadas a essa área. Então, no âmbito da preservação, é uma política importante para a promoção do conhecimento do patrimônio cultural.

Na missão da entidade, uma das ações que estão vinculadas à preservação é a difusão e a promoção do patrimônio cultural, uma política da instituição.

A

Preservação e promoção do patrimônio cultural.

A

E2 - Seria realmente se fazer um trabalho focado nisso, com pessoas que tenham um bom conhecimento na área (...) Acredito eu que pra isso realmente funcionar, talvez fosse importante que o município contratasse (...) um arquiteto, um arqueólogo, um historiador (...), pra fazer esse trabalho junto com osalunos do município e com os próprios estudantes que vem a São Miguel.

Profissional com conhecimento na área para fazer esse trabalho junto com os alunos do município e com os próprios estudantes que vêm a São Miguel.

B

Desenvolvimento de ações por parte das instituições.

B

E3 - No campo teórico, política pública pode ser conceituado de diferentes formas. (...) se enquadram nessa definição todas as ações do governo que acabam por ter algum tipo de influência sobre a vida dos cidadãos, modificando ou mantendo uma determinada situação. Há (...) o entendimento de que não fazer nada em relação a um problema ou área também é uma forma de política pública. (...)política pública é tudo aquilo que o governo escolhe fazer ou não fazer. Há inúmeros temas, áreas ou problemas que poderiam ser objeto de uma intervenção do

Ações do governo que tenham algum tipo de influência na vida dos cidadãos, podendo o governo escolher entre fazer e não fazer alguma coisa.

B

Desenvolvimento de ações por parte das instituições.

B

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governo. (...) este pode simplesmente ignorá-los ou pode decidir agir sobre um ou vários problemas/áreas. E ao decidir agir, entra em pauta o modo como vai fazer isso, se de modo sistemático, continuado ou pontual, etc. (...).

E4 – (...) uma política pública são a consciência em primeiro lugar e depois a valorização do que temos e que pretendemos trazer de volta para os olhos da humanidade e também, não só o comprometimento de salvar, mas também fazer com que se garanta aessas divindades a preservação. Mas para que isso aconteça, tem que ter uma conscientização, não só das instituições, mas também do povo. Porque tem que trazer (...) dos que viveram para chegar nas instituições pra ter o reconhecimento (...) toda essa caminhada, esse percurso que nós fizemos e vivemos junto com nossos universitários.

Conscientização e valorização do que se possui por parte das instituições e do povo.

A

Preservação e promoção do patrimônio cultural.

A

E5 - Conjunto das ações planejadas que levem a estabelecer os trabalhos a serem realizados (...) projetos e programas com metas descritas.

Planejamento de ações com metas.

B

Desenvolvimento de ações por parte das instituições.

B

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Preservação e promoção do patrimônio cultural

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 - Uma das ações que estão vinculadas à preservação é a difusão do patrimônio, a promoção do patrimônio cultural. Passar esse conhecimento para as gerações presentes e futuras, a importância em preservar. Possui políticas voltadas para a área. E4 - Consciência em primeiro lugar e a valorização do que temos. Mas para que isso aconteça tem que haver uma conscientização, não só das instituições, mas também do povo.

Uma das ações que estão vinculadas à preservação é a difusão e a promoção do patrimônio cultural. É fundamental passar esse conhecimento da importância da preservação para as gerações presentes e futuras e nossa instituição possui políticas voltadas para isso. No entanto, a consciência sobre a valorização do que temos deve vir em primeiro lugar. Para que isso aconteça, deve existir uma conscientização não só das instituições, mas também do povo.

IDEIA CENTRAL B – Desenvolvimento de ações por parte das instituições

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E2 - Fazer um trabalho focado nisso, com pessoas que tenham um bom conhecimento na área. Pra fazer esse trabalho junto com os alunos do município e com os próprios estudantes que vem a São Miguel. E3 - Ações do governo que acabam por ter algum tipo de influência sobre a vida dos cidadãos. Política pública é tudo aquilo que o governo escolhe fazer ou não fazer. E5 – Conjunto de ações planejadas. Projetos e programas com metas descritas.

Política pública é tudo aquilo que o governo escolhe fazer ou não fazer, é o conjunto de ações planejadas que acabam por ter algum tipo de influência sobre a vida dos cidadãos, formado por projetos e programas com metas descritas, fazendo um trabalho focado, com pessoas que tenham um bom conhecimento na área, trabalho que deve ser desenvolvido junto aos alunos do município e com os estudantes de fora.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 2: Existe uma política pública de educação patrimonial sistematizada

sendo trabalhada em seu município?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

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EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 - Sim. (...) Parque Histórico Nacional das Missões, que são os quatro sítios missioneiros localizados aqui no Brasil, que é São Nicolau, São Lourenço, São Miguel e São João Batista. Então, por muitos anos (...),várias ações de Educação Patrimonial já foram realizadas, mas atualmente não tem tido (...), nenhuma ação desse tipo porque a nossa equipe técnica está muito reduzida, então nós estamos com um pouco de dificuldade de dar continuidade a esse trabalho (...) por motivos diversos (...). Então o que nós temos feito mesmo é atender mais a demanda da preservação das estruturas, mas é a nossa intenção retomar. Nós estamos até analisando como fazer isso mediante o quadro que nós temos, (...) até outra instituição (...) tem realizado. Eles realizam essas ações de educação porque (...) eles tem uma equipe maior, uma equipe técnica com esses profissionais na área de educação, então não deixa de ter essa atuação institucional aqui porque o tema é o mesmo. O tema é missões e é a parte da preservação. Eu acho que como existe essacooperação (...) eles que na realidade tem conduzido mais essas ações de educação patrimonial.

(1ª ideia) Sim, já foram realizadas várias ações de Educação Patrimonial, porém agora, em virtude da equipe técnica estar reduzida, não existe mais esse trabalho.

A (2ª ideia) Existe no município uma outra instituição que está realizando trabalhos de Educação Patrimonial.

A

Sim, mas faltam recursos técnicos.

A

E2 -Não, voltada para a Educação Patrimonial teve um período que teve, inclusive era um trabalho em parceria (...) mas hoje muito pouco se tem em termos disso. (...) às vezes se faz algumas coisas pontuais em determinados momentos, mas como política, como algo definido, por exemplo (...), todo mês, em abril, os estudantes vão trabalhar, a gente vai disponibilizar oficinas de arqueologia ou de outros temas (...). Hoje infelizmente a gente não tem, por questões estruturais, por questões também de recurso. (...). Tinha um manual, tinha todo um trabalho que se fazia. Teve um período que (...) trabalhou (...), era uma espécie de uma cartilha que era com uma coruja e era como se essa coruja tivesse contando a historinha, era muito legal. As crianças, principalmente ali na faixa de quinto e sexto ano adoravam o trabalho. Era um trabalho muito interessante, mas também, vem a questão da troca de gestão, de falta de recurso, uma série de coisas (...). Na verdade a gente está num momento assim...que a gente tem dificuldade de conseguir profissionais que tenham condições de fazer esse tipo de trabalho, que tenham interesse. Até teve um período que ali na pousada, também, eles tentaram fazer, prepararam algumas pessoas, mas acabou que com o tempo aquelas pessoas perdem o interesse, perdem a motivação, porque na verdade, o ser humano é voltado pra

(1ª ideia) Não existe uma política pública incrementada pela falta de estrutura e de recursos.

B (2ª ideia) A instituição tem dificuldade de conseguir profissionais para fazer um trabalho nessa área.

B

Não, faltam recursos estruturais e financeiros.

B

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questão financeira, não dá o resultado esperado e o pessoal acaba abandonando (...).

E3 - Sim, (...) tem uma política pública de educação patrimonial sistematizada. (...). A partir da criação (...) passou a dar um novo impulso às ações de educação patrimonial, facilitado também pela ampliação do quadro de servidores. (...). A constituição dessa estrutura dá uma dimensão de que houve, e há, uma preocupação e uma decisão efetiva em implementar e conduzir uma política pública voltada para a educação patrimonial. (...) atua mais diretamente na elaboração, coordenação e implementação de atividades educativas. (...) embora tenha sua sede em São Miguel das Missões, (...) atua numa área que vai muito além dos limites geográficos do município. Mais recentemente, (...) passou a também produzir e organizar material a ser disponibilizado virtualmente (...) para que, assim, possa alcançar um público maior, sejam professores, estudantes e também outros interessados no tema que estudam, pesquisam e/ou têm curiosidade na temática missioneira, não importando em que ponto geográfico se encontrem (...).

Sim, a instituição possui uma política pública de Educação Patrimonial sistematizada, facilitada pela ampliação do quadro de servidores.

A

Sim e possui recursos técnicos.

A

E4 - Eu creio que (...) existe, mas muitas vezes é deixada de colocar em prática por falta do recurso financeiro. Esbarra nessa parte. (...) existe a boa vontade, existe o povo que respira a história, mas quando se chega num momento de desvendar, nós temos que observar parâmetros da legalidade (...) nós podia ter muitas partes da nossa história que ia contribuir para (...) a permanência do nosso visitante, dos nossos turistas, e alegasse mais a nossa história ao conhecimento das futuras gerações e nós percebemos que, vivendo em um país (...)e quando chega (...), que se traga garantias de um turismo, de uma história relevante que merecemos, como é o Patrimônio da Humanidade não temos. (...) nós tivemos (...) o mérito de conquistar o prêmio da museologia social (...) e depois tivemos parcerias ai com os colégios, de alunos que vieram participar (...) nesse legado de conhecimento, de viver, o que (...) remete à participação do estudante, à conscientização e a valorização do turismo. (...) nós temos (...) dificuldades, (...) muitas vezes eu paguei do meu dinheiro para manter essa história viva (...) turistas e visitantes que tem a consciência de fazer a doação (...). Então hoje vivemos em um país que temos muitas vezes que pagar para ter a história (...), para ver os sorrisos, os aplausos de nossos visitantes, (...) nós temos que fazer a nossa parte.

Existe, mas muitas vezes é deixada de se colocar em prática por falta do recurso financeiro.

A

Sim, mas falta recurso financeiro.

A

E5 - Política pública, no sentido claro de planejamento de ações para cumprimento de metas, não. Nem do ponto de vista municipal, nem

Não existe, nem do ponto de vista municipal, estadual, federal e

Não existe em nenhuma das esferas públicas presentes no município.

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estadual e nem federal e nem mundial... digo dos três níveis de governo, pois em São Miguel das Missões de diversas pontos de vista se estabelecem, pois há ações dos governos e também da UNESCO, que representa a ação em nível mundial. A FUNAI poderia ter um trabalho junto aos Guaranis, todavia, isto não está planejado.

mundial. B

B

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Sim, existe uma política pública

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 – Sim, várias ações de Educação Patrimonial já foram realizadas, mas atualmente não tem tido nenhuma ação desse tipo porque a nossa equipe técnica está muito reduzida, então nós estamos com um pouco de dificuldade de dar continuidade a esse trabalho. Até outra instituição tem realizado e conduzido ações de educação patrimonial. E3 - Sim, tem uma política pública de educação patrimonial sistematizada, facilitada pela ampliação do quadro de servidores. E4 - Eu creio que existe, mas muitas vezes é deixada de colocar em prática por falta do recurso financeiro.

Sim, várias ações de Educação Patrimonial já foram realizadas, mas atualmente não tem tido nenhuma ação desse tipo porque a nossa equipe técnica está muito reduzida e nós estamos com um pouco de dificuldade de dar continuidade a esse trabalho. Mas existe uma instituição na cidade que possui essa política pública sistematizada e que está a colocando em prática devido à ampliação de seu quadro de servidores. Muitas vezes esses trabalhos são deixados de serem colocados em prática também pela falta de recurso financeiro.

IDEIA CENTRAL B – Não existe uma política pública

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E2 - Não, voltada para a Educação Patrimonial teve um período que teve, inclusive era um trabalho em parceria, mas hoje muito pouco se tem em termos disso. Hoje infelizmente a gente não tem, por questões estruturais, por questões também de recurso. A gente tem dificuldade de conseguir profissionais que tenham condições de fazer esse tipo de trabalho, que tenham interesse. E5 - Política pública, no sentido claro de planejamento de ações para cumprimento de metas, não. Nem do ponto de vista municipal, nem estadual e nem federal e nem mundial.

Política pública, no sentido claro de planejamento de ações para cumprimento de metas, não. Voltada para a Educação Patrimonial teve um período que teve, inclusive era um trabalho em parceria, mas hoje muito pouco se tem em termos disso, por questões estruturais, de recurso e a dificuldade de conseguir profissionais que tenham condições e interesse nesse tipo de trabalho. Não existe nem do ponto de vista municipal, nem estadual, nem federal e nem mundial.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 3: No caso de não haver uma política pública, você tem conhecimento

de ações isoladas a respeito de educação patrimonial em seu município?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 –(...) eu acho que da Escola Antônio Sepp, as (...) ações do IBRAM – do Instituto Brasileiro de Museus. (...) Semana Brasileira de Museus algumas atividades com os estudantes. Eu acho que eu citaria também até o Ponto de Memória, que é de um morador aqui de São Miguel, (...), que ele também recebe muitos estudantes, não deixa também de ser uma forma de passar o conhecimento (...) porque eu acho que no

A Escola Antônio Sepp, o (1ª ideia) IBRAM e o Ponto de Memória possuem ações voltadas para a Educação Patrimonial.

A (2ª ideia) No momento

A Escola Antônio Sepp, o IBRAM e o Ponto de Memória possuem ações de Educação Patrimonial.

A

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momento que tu passa o conhecimento, tu ta educando (...).

que tu passa o conhecimento, tu estás educando.

A

E2 - Algumas escolas, por exemplo no mês de abril, que eles estudam a questão missões, a história do município, (...) eles fazem atividades voltadas pra essa questão patrimonial, trazem os alunos, fazem atividades lúdicas, (...) cada escola tem uma forma de trabalhar (...). Muito na questão da educação patrimonial também, mas por um caminho não tão política pública, não tão claro disso. A pousada tinha esse programa dentro de um trabalho deles durante um período, acho que deve ter durado dois ou três anos isso. Mas também acabou. Hoje (...) eles não nos passaram, por exemplo, o que está disponível para os turistas. (...)

As escolas realizam um trabalho de Educação patrimonial quando estudam a questão missões e a Pousada das Missões já realizou durante um período.

A

Escolas e Pousada das Missões possuem ações de Educação Patrimonial.

A

E3 –Tem (...). Existe uma política pública de educação patrimonial sistematizada.

A

-

E4 - Eu digo (...) que não é uma ação isolada, mas existe. Por exemplo o Caminho das Missões, que busca esses roteiros das purificações, do conhecimento de outras partes da história que tem distribuída(...) em nossos municípios. Também a Trilha de Consciência Guarani. (...) que é uma pessoa que busca de todas as formas trazer aquelas vivências (...), as práticas ancestrais e também a nossa própria Aldeia Tekoa Koenju (Aldeia Alvorecer), que eles também trazem o (...) conhecimento, embora se perdeu muito, mas aqui se busca conciliar o que os nossos descendentes sabem com o que eles trouxeram e nós assimilamos esses conhecimentos. Também a Associação Amigos das Missões é uma entidade muito importante. Eu cito o Centro de Tradições Nativistas, o CTN e a Lanceiros de Sepé, que preservam (...) a cultura gaúcha, mas que é relevante nós integrar (...). A Secretaria de Turismo,(...). Mas eu digo ainda mais. O (...) merecedor são aqueles nossos vovôs que trazem e detém essa memória viva e se nós não buscar essas pessoas, logo, logo, muitas partes da nossa história (...), nós buscamos confirmação (...) no IBRAM, Instituto Brasileiro de Museus, que (...) é um manancial (...), é um documentário (...) nós buscamos se abastecer (...) dos nossos historiadores. Também o IPHAN, que é uma instituição que nós também temos que dar o mérito (...) por eles nos dar essa liberdade, (...) junto essa caminhada, porque nós temos a consciência (...) que a história é da humanidade. (...) tanto é que veio e ultrapassa continentes, e é a razão que nós

Não é uma ação isolada, mas existe.

A

Caminho das Missões, Trilha da Consciência Guarani, Aldeia Tekoa Koenju, Associação Amigos das Missões, Centro de Tradições Nativistas, Secretaria de Turismo, IBRAM, IPHAN possuem ações voltadas para Educação Patrimonial.

A

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muitas vezes recebemos universidades aqui.

E5 - Ações isoladas ocorrem a todos os momentos, desde cursos aos professores das escolas municipais e estaduais. Os alunos são levados ao Patrimônio Mundial a muitos momentos durante o ano para trabalhos interdisciplinares. Ocorrem cursos esporádicos de artesanato e outros, mas sem um link adequado ao tamanho da herança histórica missioneira.

Existem muitas ações isoladas acontecendo, mas sem um link adequado ao tamanho da herança histórica missioneira.

A

Atividades de Educação Patrimonial são realizadas com professores, alunos e artesãos.

A

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Entidades que realizam ações de Educação Patrimonial

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 - Escola Antônio Sepp, as ações do IBRAM – do Instituto Brasileiro de Museus, Ponto de Memória, porque eu acho que no momento que tu passa o conhecimento, tu tá educando. E2 - Algumas escolas, por exemplo, no mês de abril, que eles estudam a questão missões, a história do município, eles fazem atividades voltadas pra essa questão patrimonial. A pousada tinha esse programa dentro de um trabalho deles durante um período, acho que deve ter durado dois ou três anos isso. E3 – Tem. E4 - Eu digo que não é uma ação isolada, mas existe. O Caminho das Missões, a Trilha de Consciência Guarani, a Aldeia Tekoa Koenju, Associação Amigos das Missões, Centro de Tradições Nativistas, Secretaria de turismo, IBRAM e IPHAN. E5 - Ações isoladas ocorrem a todos os momentos, desde cursos aos professores das escolas municipais e estaduais. Ocorrem cursos esporádicos de artesanato e outros, mas sem um link adequado ao tamanho da herança histórica missioneira.

Eu digo que não é uma ação isolada, mas existe e ocorrem a todo o momento, desde cursos aos professores das escolas municipais e estaduais até cursos de artesanato. Algumas escolas, por exemplo, no mês de abril estudam a questão missões, a história do município. Então eles fazem atividades voltadas para essa questão patrimonial. a pousada também possuía um trabalho de educação Patrimonial, que durou dois ou três anos. Eu cito também a Escola Antônio Sepp, a Secretaria de Turismo, o IBRAM, o IPHAN, o Ponto de Memória, o Caminho das Missões, a Trilha de Consciência Guarani, a Aldeia Tekoa Koenju, a Associação amigos das Missões e o Centro de Tradições Nativistas. Eu acho que no momento que tu passa o conhecimento, tu ta educando.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 4: Quais são as principais entidades parceiras na implementação de

uma política pública de educação patrimonial?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 - O IBRAM, eu acho que (...) no caso o município (...), a Secretaria de Turismo, da Educação, mas ainda está faltando um pouquinho mais a articulação de todos.

(1ª ideia) IBRAM e as Secretarias Municipais de Turismo e Educação seriam parceiras para implementar projetos.

A (2ª ideia) Falta a articulação de todos os atores.

A

IBRAM, Secretaria de Turismo, Secretaria de Educação são instituições importantes.

A

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E2 – (...) a gente busca algumas alternativas, algumas parcerias com eles para alguns trabalhos, algumas atividades. É bem complicado essa relação porque o nosso trabalho depende diretamente do deles, (...) por exemplo, tem muita coisa que a gente poderia talvez fazer em parceria e é muito demorado o processo (...). É muito burocrático. (...) então muitas vezes até tu tem uma ideia, por exemplo, tu fazer um trabalho de educação patrimonial (...). Até tu conseguir (...), já passou a gestão (...) às vezes tu tem uma pessoa que tem possibilidade de desenvolver aquele trabalho, aí começa demorar (...), a pessoa se cansa. A gente até (...) trouxe uma pessoa pra cá (...), que ela tinha um bom conhecimento nisso, já trabalhava com educação patrimonial, ela tinha auxiliado (...) num processo. Só que simplesmente a gente não conseguiu retomar o trabalho. A coisa ficou tão burocrática que a gente não conseguiu (...). Eles poderiam auxiliar a gente na montagem dessa estrutura, desse trabalho, porque assim (...) se chegar e pedir para o município (...) eu preciso de um professor de história que tenha um bom conhecimento, que goste de fazer isso pra trabalhar. Eu duvido que o prefeito ia dizer não (...). (...) Ponto de Memória (...) tem um trabalho direto ali, eles apóiam, eles ajudam buscar inclusive recursos, estrutura, auxiliam em todo o trabalho. Então é, na verdade, (...) hoje é quem teria mais condições, talvez, de, até porque eles tem uma equipe maior. (...) Só que assim, qual é a situação deles? Hoje, pra ti ter uma ideia, eles passaram um mês e pouco sem luz, telefone eles estão desde o início do ano com o telefone cortado (...). Eles tem pessoal, mas eles não tem recurso e condições de realmente estruturarem o trabalho.(...) Tu falou em outros parceiros. Acho que o Ponto de Memória seria interessante. (...) tem um espaço bacana lá que daria para trabalhar algumas coisas. (...) Ele não cobra um valor fixo, mas é cobrada uma contribuição espontânea, doações. Ele conseguiu a um tempo atrás um recurso específico via (...) pra um determinado trabalho e assim ele mantém aquele espaço durante o dia (...) ele mesmo cuida. Às vezes (...) disponibiliza um estagiário para ficar um turno lá. Por isso que eu digo da parceria e da importância (...) nesse processo e...fora isso...olha, talvez as próprias escolas são parceiros importantes (...).

(1ª ideia) A relação entre as entidades é cada vez mais burocrática.

A (2ª ideia) O Ponto de Memória e as escolas são parceiros importantes.

A (3ª ideia) Existe uma instituição na cidade com uma equipe técnica maior e que poderia se responsabilizar pela condução dos trabalhos de Educação Patrimonial.

A

(1ª ideia) Ponto de Memória e escolas são instituições importantes.

A (2ª ideia) Processo de integração para desenvolver atividades é muito burocrático.

A

E3 - O Museu das Missões (IBRAM) (...) o IPHAN, a Prefeitura Municipal de São Miguel das Missões e o Ponto de Memória Missioneira (museu comunitário, que fica próximo do Sítio Histórico São Miguel Arcanjo). Além disso, para o desenvolvimento de algumas ações, há forte

As instituições parceiras seriam o IBRAM, o IPHAN, a Prefeitura, o ponto de Memória. Também existe uma forte sintonia com a

O IBRAM, o IPHAN, a Prefeitura Municipal de São Miguel das Missões, o Ponto de Memória, Associação de Guias de Turismo e escolas são

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sintonia com a Associação de Guias de Turismo da Região das Missões, bem como com as escolas da rede pública (estadual e municipal).

Associação de Guias de Turismo e as escolas.

A

instituições importantes. A

E4 - Eu diria que essas entidades que já mencionei e podia agregar mais. Mas são aquelas pessoas que acreditam, que lutam e sonham com a nossa história e sonham com o poder do que representa ser Patrimônio da Humanidade. As nossas futuras gerações (...) se olhar dez, quinze, vinte anos atrás eles tinham um entendimento e hoje eles tem outro porque percebe-se (...), quando tão diante dos nossos estudantes, eles se maravilham, eles tem sede da história e respiram diante de cada divindade e eles buscam muito a me questionar (...) a história não se inaugura, se apresenta. E para se apresentar nós temos que ter o reconhecimento popular dos que viveram, institucional e o mérito seria do povo.

(1ª ideia) As entidades já mencionadas na questão anterior e também outras poderiam ser agregadas.

A (2ª ideia) Antigamente as pessoas tinham uma ideia, hoje as futuras gerações tem outro entendimento da história de São Miguel das Missões.

B

Entidades mencionadas na questão anterior (que são Caminho das Missões, Trilha da Consciência Guarani, Aldeia TekoaKoenju, Associação Amigos das Missões, Centro de Tradições Nativistas, Secretaria de Turismo, IBRAM, IPHAN) são instituições importantes.

A

E5 - Eu começaria pela atividade privada local... hotéis, restaurantes, guias, comércio em geral, postos de combustível - pois é quem mais tira proveito. Depois vem a Secretaria de Turismo, que é o instrumento público de ação direta sobre o tema e quem tem dever de fazer com que a sociedade conheça a história missioneira. A Secretaria de Educação municipal, tem o dever de construir o conhecimento através da educação... são milhares de alunos que chegam as suas casas com informações e que poderiam muito ajudar. O Estado tem as Escolas Estaduais e que poderiam fazer o mesmo trabalho. O Estado também tem secretarias como a do Turismo, a da Cultura e que detêm o único patrimônio cultural mundial no RS. O Ministério da Cultura, através do IBRAM e IPHAN, tem escritório local e pela obviedade precisariam de ações sequentes de políticas públicas de educação patrimonial. A UNESCO tem seu único patrimônio mundial tombado, aqui, pelo óbvio precisaria de ações de educação patrimonial que chegasse ao povo. ONGs também - A Associação do Caminho das Missões vem realizando historicamente ações, mas que não chegam no povo local adequadamente, chegam mais aos cultos do RS.

O setor privado deveria tomar a frente pois é quem mais tira proveito, seguido de instituições públicas das diferentes esferas – municipal, estadual, federal, mundial e ONGs.

A

Setor privado, Secretaria de Turismo, Secretaria de Educação, Escolas Estaduais, Secretaria de Turismo e da Cultura do Rio Grande do sul, Ministério da Cultura (IPHAN E IBRAM), UNESCO, ONGs (Associação do Caminho das Missões) são entidades importantes.

A

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Entidades parceiras no desenvolvimento de ações de Educação Patrimonial

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DCS)

E1 - O IBRAM, eu acho que a Secretaria de Turismo, da Educação, mas ainda está faltando um pouquinho mais a articulação de todos. E2 – É bem complicado essa relação porque o nosso trabalho depende diretamente do deles. Tem muita coisa que a gente poderia talvez fazer em parceria e é muito demorado o processo. É muito burocrático. O Ponto de Memória tem um

Eu diria que essas entidades já citadas na pergunta anterior e poderia agregar mais. Eu começaria pela atividade privada local: hotéis, restaurantes, guias, comércio em geral, postos de combustível - pois é quem mais tira proveito. Depois vem a Secretaria de Turismo, que é o instrumento público de ação direta sobre o tema e quem tem dever de fazer com que a sociedade conheça a história missioneira. A Secretaria

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trabalho direto ali. As próprias escolas são parceiros importantes. E3 – O IBRAM ,o IPHAN, a Prefeitura Municipal de São Miguel das Missões e o Ponto de Memória Missioneira. Associação de Guias de Turismo da Região das Missões, bem como com as escolas da rede pública (estadual e municipal). E4 - Eu diria que essas entidades que já mencionei e podia agregar mais. E5 - Eu começaria pela atividade privada local: hotéis, restaurantes, guias, comércio em geral, postos de combustível - pois é quem mais tira proveito. Depois vem a Secretaria de Turismo, que é o instrumento público de ação direta sobre o tema e quem tem dever de fazer com que a sociedade conheça a história missioneira. A Secretaria de Educação municipal tem o dever de construir o conhecimento através da educação. Escolas estaduais, Secretaria de Estado do Turismo e da Cultura, Ministério da Cultura (IBRAM e IPHAN), a UNESCO tem seu único patrimônio mundial tombado aqui, e ONGs, como a Associação do Caminho das Missões.

de Educação municipal tem o dever de construir o conhecimento através da educação. Escolas estaduais, Secretaria de Estado do Turismo e da Cultura, Ministério da Cultura (IBRAM e IPHAN), a UNESCO tem seu único patrimônio mundial tombado aqui, e ONGs, como a Associação do Caminho das Missões, o Ponto de Memória, a Associação de Guias de Turismo da Região das Missões. Mas é bem complicado essa relação porque o nosso trabalho depende diretamente do deles. Tem muita coisa que a gente poderia talvez fazer em parceria e é muito demorado o processo, muito burocrático. Ainda está faltando a articulação de todas as instituições.

IDEIA CENTRAL B – Visão do patrimônio pelas futuras gerações

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC) – discurso individual

E3 - As nossas futuras gerações (...) se olhar dez, quinze, vinte anos atrás eles tinham um entendimento e hoje eles tem outro porque percebe-se (...), quando tão diante dos nossos estudantes, eles se maravilham, eles tem sede da história e respiram diante de cada divindade e eles buscam muito a me questionar

As nossas futuras gerações, se olhar dez, quinze, vinte anos atrás eles tinham um entendimento e hoje eles tem outro porque percebe-se, quando tão diante dos nossos estudantes, eles se maravilham, eles tem sede da história e respiram diante de cada divindade e eles buscam muito a me questionar sobre a história.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 5: Qual é o órgão fomentador das políticas públicas de educação

patrimonial?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 - Aqui já existiu um material. O mais recente era um pras escolas ainda num nível fundamental, que tinha todo um (...) contando a história, (...) tinha algumas coisas nesse sentido sim. (...). Era do (...) com o (...), uma parceria com (...). Material bem interessante que até poderia, continuar (...) usado.

O material didático que existiu foi construído em parceria entre duas instituições.

A

-

E2 - Poderiam ser os três. Potencial para fazer esse trabalho junto os três tem. Na verdade assim, pra pensar do ponto de vista do turismo, talvez tivesse que entrar alguém, por exemplo, o Ponto de Memória pra conseguir auxiliar nessa estrutura, pra disponibilizar isso não só pra nós, pra dentro de casa, mas também pro pessoal de fora. Talvez (...) e (...) tenham um pouco de dificuldade de

(1ª ideia) As três instituições maiores do município poderiam fomentar o trabalho em parceria.

A

O custeio para o município seria viável, mas para os turistas se torna de alto custo, necessitando de outros mecanismos.

A

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manter esse trabalho, até porque a gente não tem como cobrar por isso. E no caso de tu ter uma atividade organizada, estruturada, tu pode disponibilizar isso mediante a um custo que não seja nada fora da realidade, mas pra ti conseguir tirar o custo da estrutura que tu precisa pra oferecer aquele trabalho. E aí, pensando na questão local é totalmente viável custear. Agora se tu for pensar num trabalho maior que talvez possa até fomentar a questão turismo (...) um pouco das crianças valorizarem (...) mais o que estão visitando, o que estão conhecendo, aí tu dependeria de outros mecanismos (...).

(2ª ideia) O Ponto de Memória poderia auxiliar nessa estrutura.

A

E3 – (...) governo federal. O Governo Federal é o fomentador.

A

-

E4 - Mas olha (...) se eu não tomasse por iniciativa de construir essas divindades do meu recurso e muitas vezes (...), eu não tinha dinheiro, eu saía a pedir para o povo e o povo me ajudava com material. (...) se nós esperar por instituição ou por projetos nós não teria esse espaço que nós te apresentamos.

Se a instituição esperasse por projetos ou recursos de terceiros, não teria conseguido se consolidar.

B

Realização de ações sem dependência total do setor público.

B

E5 - A verdade, que parece-me, que não há um plano claro. Agora em dezembro de 2016 o Ministério da Cultura, em conjunto com a UNESCO fizeram um grande evento trazendo palestrantes do mundo, todavia convidaram poucos... Há uma capacidade gigante, mas pouco aproveitada, por todos os órgãos anteriormente citados.

Não há clareza no planejamento de atividades de Educação Patrimonial por parte das instituições.

A

-

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Parceria para financiamento de projetos

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 – Aqui já existiu um material, em parceria. E2 - Poderiam ser os três. Potencial para fazer esse trabalho junto os três tem. Talvez tivesse que entrar alguém, por exemplo, o Ponto de Memória pra conseguir auxiliar nessa estrutura. Pensando na questão local é totalmente viável custear. Agora se tu for pensar num trabalho maior que talvez possa até fomentar a questão turismo, um pouco das crianças valorizarem mais o que estão visitando, o que estão conhecendo, aí tu dependeria de outros mecanismos. E3 – Governo Federal. E5 - A verdade, que parece-me, que não há um plano claro.

Na verdade, parece-me que não há um plano claro. Mas poderiam ser os três. Potencial para fazer esse trabalho junto os três tem. Talvez tivesse que entrar alguém, por exemplo, o Ponto de Memória pra conseguir auxiliar nessa estrutura. Pensando na questão local é totalmente viável custear. Agora se tu for pensar num trabalho maior que talvez possa até fomentar a questão turismo, um pouco das crianças valorizarem mais o que estão visitando, o que estão conhecendo, aí tu dependeria de outros mecanismos, governo federal talvez. Aqui já existiu um material feito em parceria por duas instituições.

IDEIA CENTRAL B – Ações da iniciativa privada

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC) – discurso individual

E4 - Se nós esperar por instituição ou por projetos nós não teria esse espaço que nós te apresentamos.

Se nós esperar por instituição ou por projetos nós não teria esse espaço que nós te apresentamos.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

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Questão 6: O município percebe algum benefício em estar trabalhando educação

patrimonial?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 - Com certeza porque eu acho que no momento que tu cresce com aquela consciência (...), tu vai conhecendo o patrimônio, a importância em preservar, tu cria uma relação com o lugare até pela questão do desenvolvimento econômico do município isso é importante porque as pessoas começam a valorizar,elas começam a ver que as pessoas vêm para São Miguel (...), pra conhecer e isso (...) pode gerar um empreendedorismo, (...), então as pessoas podem começar a querer trabalhar nesta área, começa a gerar (...) um desenvolvimento econômico interessante pro município (...), que hoje tem uma base da economia é a agricultura, mas o turismo já vem se destacando. Então acho que no momento que as pessoas crescem com essa consciência do patrimônio, elas também, não só em preservar, mas elas podem se beneficiar com aquilo (...). Com certeza é uma atividade importante a Educação Patrimonial. Muitas escolas fazem várias promoções durante o ano pra juntar o dinheiro e poder conhecer as missões, então, apesar de trazer os lanches, asvezes ainda os empreendedores (...) reclamam (...). Mas nem todo mundo tem condições. Mas hoje, pelo que eu tenho acompanhado, já mudou um pouco o quadro dos restaurantes e bares. Até falta em determinados momentos (...). Sinceramente acho que isso não prejudica. Alguns trazem seus lanches mas outros vão no restaurante. Tem dias que se for colocar todos os ônibus dentro do restaurante, não tem capacidade, então isso gera um equilíbrio também. Acho que hoje não prejudica.

Quando a pessoa cresce com a consciência do patrimônio e a importância do lugar, passa a criar uma relação e isso fortalece inclusive a economia do município.

A

Conscientização, valorização e preservação do patrimônio cultural.

A

E2 - Eu acredito que sim.(...) vou citar (...) o exemplo das ruínas. Se tu chegar ali e simplesmente olhar e não souber nada, não vai ter grande importância para ti. Se tu chegar ali, se tu conhecer um pouco da história, se tu tiver condições de saber (...) como é que era feito, por exemplo, o barro que ia entre as pedras (...) esse caco de telha aqui era do telhado da casa dos índios (...). A corujinha te contar a história, tu ter um envolvimento com isso aí, com certeza muda. Pega uma criança de pré escola, por exemplo, tu leva ali simplesmente para olhar, ela vai ver pedra. Tu leva uma criança ali, com enfoque, por exemplo assim, da questão da coruja. A corujinha (...) conta

Sim, mas a visitação ao patrimônio histórico está condicionada a um maior conhecimento da história do local para ganhar mais importância.

A

Conscientização, valorização e preservação do patrimônio cultural.

A

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a historinha ali, depois a criança vai gravar aquilo. (...)“aqui que morreu a cobra”. Sabe, aquela coisa assim deles entenderem que não é só pedra, que não é só um lugar bonito. Deles conhecerem um pouco mais essa questão, mais lúdica da coisa eu acho que é muito bom pras crianças. Fantástico.

E3 - Não sei se ao perguntar de eventuais benefícios percebidos pelo município te referes especificamente a recursos que dão entrada no caixa da Prefeitura (Poder Público Municipal) para investir em educação patrimonial. (...) Por outro lado, num sentido mais amplo, pode-se afirmar que o município recebe, sim, benefícios por atuar com educação patrimonial. Por essa leitura, basta considerar a presença de duas autarquias federais - IPHAN e IBRAM - em São Miguel das Missões, que representam um investimento significativo do governo federal no município, e que tem repercussão em diferentes setores da vida sociocultural e também econômica da comunidade local.

O município recebe benefícios por atuar com educação patrimonial, basta considerar a presença de duas autarquias federais – IPHAN e IBRAM, que representam um investimento significativo do governo federal no município.

A

A presença do IPHAN e do IBRAM no município representa um dos maiores benefícios, trazendo desenvolvimento sociocultural e econômico.

A

E4 - Eu digo benefício, quem sonha em ter lucro e trazer a história, eu acho que não é esse o campo, eu acho que tem que ter a pessoa a felicidade de trazer a história, por exemplo, quem viveu parte da história como eu vivi na minha infância, eu me sinto mais feliz de (...) diante de uma história que eu conheci parte dela e se somei conhecimento com a instituição e outros moradores, eles ficam mais feliz do que se manter. Se olhar por recurso, eu acho, em termo financeiro seria a rede hoteleira, também as outras partes que asseguram o turista aí, esse sim é um ponto que verte lucro. Mas isso também assim, nós sabemos a dificuldade que se vive, porque hoje a própria legislação pra manter um funcionário é difícil.

Quem sonha em ter lucro com a história de São Miguel das Missões se decepciona, com exceção de hotéis.

A

A Educação Patrimonial não gera finanças para o município.

A

E5 - A resposta plausível parece que é não, pois sabem pouco sobre o mundo de informações e de possibilidades, desde as coisas do paleolítico, neolítico, entrada dos guaranis na região, entrada dos jesuítas, depois a história falada pelos principais escritores do mundo como nos exemplos (...): o projeto foi constituído pelos jesuítas a partir das utopias de Morus, Bacon e Campanella. O Padre Lugon, em seu livro, disse que foi a mais original das sociedades realizadas. Paul Lafargue, em conjunto com Bernstein, Kautski, Plechanov explica que o projeto constituiu (...) das experiências mais extraordinárias, que jamais tiveram lugar. Também Charlevoix e Muratori reconheceram-na como um modelo sem precedentes de sociedade cristã. A revista Lês Lettres Edificantes et Curieuses, dirigida pelos jesuítas, comparava os guaranis aos primeiros cristãos e descrevia suas comunidades como a

O município não percebe benefícios em trabalhar Educação Patrimonial e sabem muito pouco sobre as possibilidades.

B

-

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realização ideal do cristianismo. Voltaire afirmou que o projeto Jesuítico-Guarani foi um “triunfo da humanidade”. Montesquieu chamou de “primeiro estado industrial da América”. O Abade Carbonel chamou de “coletivismo espontâneo”. Pablo Hernandez na Organización Social de lãs Doctrinas Guaranies, escreve que o maravilhoso surge a cada passo. O filósofo Rayal escreveu: Aí se observavam as leis, reinava uma civilidade exata, os costumes eram puros, uma fraternidade feliz unia os corações, todas as artes de necessidade estavam aperfeiçoadas. A abundância era ai universal. Teve a graça das crianças, uma pureza repleta de candura. O mundo novo que estamos procurando realizar não pode menosprezar a lição fornecida. Veja que muito mais é patrimônio, como a história pós-expulsão, as novas etnias e o atual. Todos estes temas, com suas coisas tangíveis e intangíveis.

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Benefícios conseguidos com a Educação Patrimonial

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 - Com certeza porque eu acho que no momento que tu cresce com aquela consciência, tu vai conhecendo o patrimônio, a importância em preservar, tu cria uma relação com o lugar e até pela questão do desenvolvimento econômico do município isso é importante porque as pessoas começam a valorizar, elas começam a ver que as pessoas vêm para São Miguel pra conhecer e isso pode gerar um empreendedorismo. E2 - Eu acredito que sim. Se tu chegar ali e simplesmente olhar e não souber nada, não vai ter grande importância para ti. Se tu chegar ali, se tu conhecer um pouco da história, com certeza muda. E3 - Num sentido mais amplo, pode-se afirmar que o município recebe sim benefícios por atuar com educação patrimonial. Por essa leitura, basta considerar a presença de duas autarquias federais - IPHAN e IBRAM - em São Miguel das Missões, que representam um investimento significativo do governo federal no município, e que tem repercussão em diferentes setores da vida sociocultural e também econômica da comunidade local. E4 - Quem sonha em ter lucro e trazer a história, eu acho que não é esse o campo. Em termos financeiros seria a rede hoteleira.

Eu acredito que sim. Se tu chegar ali e simplesmente olhar e não souber nada, não vai ter grande importância para ti. Se tu chegar ali, se tu conhecer um pouco da história, com certeza muda. Eu acho que no momento que tu cresce com aquela consciência, tu vai conhecendo o patrimônio, a importância em preservar, tu cria uma relação com o lugar e até pela questão do desenvolvimento econômico do município isso é importante porque as pessoas começam a valorizar, elas começam a ver que as pessoas vêm para São Miguel pra conhecer e isso pode gerar um empreendedorismo. Basta considerar também a presença de duas autarquias federais - IPHAN e IBRAM - em São Miguel das Missões, que representam um investimento significativo do governo federal no município, e que tem repercussão em diferentes setores da vida sociocultural e também econômica da comunidade local. Por outro lado, quem sonha em ter lucro, em termos financeiros, seria a rede hoteleira apenas.

IDEIA CENTRAL B – A não percepção de benefícios

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC) – discurso individual

E5 - A resposta plausível parece que é não, pois sabem pouco sobre o mundo de informações e de possibilidades.

A resposta plausível parece que é não, pois sabem pouco sobre o mundo de informações e de possibilidades.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

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Questão 7: Que resultados foram obtidos com a implementação de uma política

pública de educação patrimonial?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 – Não respondeu. - -

E2 - Não houve implementação ainda. Não houve ainda uma implementação de política pública.

B

-

E3 - A mensuração de resultados nesta área é tarefa nada fácil. Mas é possível (...) dar um indicativo sobre a dimensão que a implementação dessa política pública tem, ou pode ter. O Sítio Histórico São Miguel Arcanjo e o Museu das Missões recebem, anualmente, em torno de 90 mil visitantes. Na sua maioria, são estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, mas há também considerável número de universitários. A procedência dos visitantes é concentrada na região Sul do Brasil, embora seja significativo o número daqueles oriundos de outras regiões do País. Há também registro de muitos turistas vindos de países do Extremo Sul da América (Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile) e, também, outros de praticamente todos os continentes. O fluxo desse contingente de turistas gera “resultados”, embora, sob a perspectiva sociocultural, seja um levantamento por demais complexo de ser feito. Ao ser declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983, o Sítio Histórico São Miguel Arcanjo ganhou mais visibilidade e, por consequência, tem atraído mais turistas. Esse reconhecimento conferido (...) contribuiu para que o Poder Público tenha passado a dispensar especial atenção no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à pesquisa, preservação e divulgação desse patrimônio. Nesse sentido, as ações desenvolvidas pelo governo federal, em especial por intermédio do IBRAM e do IPHAN, em parceria com outros órgãos, entre os quais o Poder Público Municipal, têm contribuído significantemente para que ocorra um processo educativo que possibilite à atual geração conhecer e compreender a importância que a experiência missioneira teve no passado, e continua a ter no presente, para a constituição do universo simbólico e sociocultural na qual está inserida. Há que se fazer aqui menção (...) sobre o material bibliográfico que foi produzido nos últimos anos (...). De um modo ou outro, isso também pode ser considerado um “resultado” que contribui, por sua vez, para a geração de outro (...)

(1ª ideia) Em virtude de ser um Patrimônio da Humanidade, reconhecido pela UNESCO, o sítio ganhou maior visibilidade e recebe 90 mil visitantes por ano.

A (2ª ideia) Esse título trouxe uma maior atenção por parte dos poderes públicos para com o município.

A

Desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a pesquisa, preservação e valorização do patrimônio cultural.

A

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fazer com que a população conheça melhor essa experiência missioneira e (...) também compreenda o seu sentido, podendo reinterpretá-la à luz da realidade atual.

E4 - Sim, eu percebo assim, que não só os colégios dos estudantes, mas a própria conscientização dos nossos guias de turismo, das agências de turismo (...). Então existe sim uma conscientização do que isso representa.

Não só os estudantes, mas os guias de turismo e as agências de turismo já se conscientizaram do que representa São Miguel das Missões.

A

Preservação e valorização do patrimônio cultural.

A

E5 - Sinceramente, penso que pouco, com as ações, pois penso que não houve uma política na expressão que desejas dizer.

Não houve ainda uma implementação de política pública.

B

-

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Preservação e valorização do patrimônio cultural

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E3 - O Sítio Histórico São Miguel Arcanjo e o Museu das Missões recebem, anualmente, em torno de 90 mil visitantes. Na sua maioria, são estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, mas há também considerável número de universitários. Ao ser declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983, o Sítio Histórico São Miguel Arcanjo ganhou mais visibilidade e, por consequência, tem atraído mais turistas. Esse reconhecimento conferido contribuiu para que o Poder Público tenha passado a dispensar especial atenção no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à pesquisa, preservação e divulgação desse patrimônio. E4 - Sim, eu percebo assim, que não só os colégios dos estudantes, mas a própria conscientização dos nossos guias de turismo, das agências de turismo.

O Sítio Histórico São Miguel Arcanjo e o Museu das Missões recebem, anualmente, em torno de 90 mil visitantes. Na sua maioria, são estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, mas há também considerável número de universitários. Não só os colégios dos estudantes, mas a própria conscientização dos nossos guias de turismo, das agências de turismo. Ao ser declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 1983, o Sítio Histórico São Miguel Arcanjo ganhou mais visibilidade e, por consequência, tem atraído mais turistas. Esse reconhecimento conferido contribuiu para que o Poder Público tenha passado a dispensar especial atenção no desenvolvimento de políticas públicas voltadas à pesquisa, preservação e divulgação desse patrimônio.

IDEIA CENTRAL B – Não houve implantação de política pública.

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E2 – Não houve implementação ainda. E5 - Penso que não houve uma política na expressão que desejas dizer.

Não houve ainda implementação de uma política na expressão que desejas dizer.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 8: A educação patrimonial é trabalhada em seu município levando em

consideração os demais destinos próximos que também possuem história e

vestígios missioneiros?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 – Pelo que eu tenho conhecimento assim das ações, eu acho que é muito focado em São Miguel (...), das que eu vi. (...) tem procurado muito até a questão da criação do parque, ao invés de sempre

(1ª ideia) As ações são muito focadas em São Miguel, talvez por ser Patrimônio da

O foco dos trabalhos de Educação Patrimonial estão voltados para São Miguel das Missões.

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trabalhar isso no Parque Histórico é muito pra integrar os outros sítios e procurar que as pessoas conheçam, porque é importante conhecer os outros sítios pra ti entender como era todo o sistema jesuítico-guarani, (...) falamos dos outros sítios do Brasil, da Argentina porque era um sistema todo (...) mas eu acho que as ações ainda são muito focadas no município. Até a questão de articulação, divulgação do turismo (...) de São Miguel. Acho que falta essa conexão com os outros municípios (...). É sempre muito foco São Miguel. Mas talvez por ser patrimônio mundial (...). Mas eu acho que seria muito interessante que se buscasse sempre essa integração (...), porque o destino, ele se torna mais rico quando tu conhece os outros sítios (...). Então, acho que isso ainda está começando. É que antes era todo uma província (...) e hoje são três países, são três fronteiras, então, (...) isso implica em alguma coisa. A língua, se falava uma língua, hoje se fala mais, então tem toda uma questão a ser analisada.

Humanidade. A

(2ª ideia) A integração é importante porque a experiência de conhecer também os outros sítios se torna enriquecedora.

B

A

E2 - Na verdade eu acredito que (...) se tu pensar no contexto dos Sete Povos até sim, agora se tu pensar no contexto internacional, boa parte não (...). Eu acho que, até é uma coisa que pra ti conseguir fazer com que os professores entendam essa lógica, na verdade, teria que disponibilizar ônibus. Como é que tu vai falar de uma coisa que tu não conhece? Então essa é um pouco a lógica da coisa (...) a maioria conhece pouco. Bom, a coisa que mais me surpreendeu uma vez foi que fizeram um trabalho com os guias (...) começaram a falar em São Lourenço, parecia que tava falando de uma coisa de outro mundo. Quantos de vocês conhecem? A maioria não conhecia São Lourenço e São Nicolau, no máximo São João Batista que fica aqui. Aí tu te pergunta assim: como é que tu vai pensar no desenvolvimento de uma região enquanto tu não consegue ter essas coisas mínimas? Então o que (...) acontece? Pros professores trabalharem eles teriam que ter um pouco mais de conhecimento dessa questão e isso, a grande maioria não tem. (...) então quando é feito alguma coisa não é levando em consideração com certeza (...). Alguma coisa talvez, muito isoladamente, por algum professor que tenha um pouco mais de conhecimento. Mas na maioria dos casos não.

(1ª ideia) Levando em conta o contexto dos Sete Povos Missioneiros pode-se afirmar que sim. Mas levando em conta no contexto dos Trinta Povos Missioneiros pode-se afirmar que não.

B (2ª ideia) Os professores não conhecem nem a região, muito menos a parte internacional e eles precisam conhecer para desenvolver esse trabalho.

A

(1ª ideia) O foco dos trabalhos de Educação Patrimonial está voltado para os Sete Povos das Missões.

B (2ª ideia) Os professores não conhecem a região, por isso não trabalham com os alunos.

A

E3 –(...) a dimensão educativa considera a experiência missioneira no seu todo, englobando tudo o que ocorreu nos chamados Sete Povos das Missões (em território do Brasil, hoje), mas também dialogando com o que aconteceu na Argentina e Paraguai. Parte-se do pressuposto de que não há como compreender bem a experiência verificada

A educação patrimonial trabalhada em São Miguel não pode dissociar a experiência vivida nos outros espaços.

B

O foco dos trabalhos de educação patrimonial está voltado para os Sete Povos das Missões, atingindo também os Trinta Povos das Missões.

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num ponto geográfico específico sem considerar o que ocorria nos outros que faziam parte do mesmo projeto. Registre-se, a título de ilustração, que boa parte do acervo que está exposto no Museu das Missões - imagens sacras, sinos e outros artefatos - foi recolhido de outros Sítios (hoje, outros municípios) e, a partir da compreensão que se teve na época da criação do Museu, optou-se por concentrar tudo que foi encontrado em São Miguel das Missões. Assim, seja ilustrando com algo tangível, seja considerando a dimensão histórico-simbólica, percebe-se que a educação patrimonial aqui trabalhada não pode dissociar, e não dissocia, a experiência vivida nos diferentes espaços (ou Reduções).

B

E4 - Os Trinta Povos e mais aquela outra missão que fundou São Paulo (...) também integra, a USP (...), os estudantes, historiadores, os pesquisadores de lá, eles vem se abastecer aqui nesse manancial da nossa história, porque é uma missão semelhante.

A educação patrimonial é trabalhada levando em consideração os Trinta Povos das Missões e também a missão que fundou São Paulo.

B

O foco dos trabalhos de Educação Patrimonial está voltado para os Trinta povos das Missões.

B

E5 - A verdade é que poucos conhecem profundamente o ocorrido na história local - como escrevi em meu livro (...) tem explicação o de não se saber das coisas... a história é Espanhola e o que se hegemonizou foi o mundo Luso-brasileiro. Há outros temas também, como os pecados de se matar milhares ou milhões de índios pelo mundo Cristão e que aqui aparece bem visível.

Poucos conhecem a história das missões.

A

Falta conhecimento sobre a história das missões-jesuíticas.

A

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Muito focado em São Miguel das Missões

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 - Eu acho que é muito focado em São Miguel. Até a questão de articulação, divulgação do turismo de São Miguel, acho que falta essa conexão com os outros municípios. E2 - Pros professores trabalharem eles teriam que ter um pouco mais de conhecimento dessa questão e isso, a grande maioria não tem. E5 - A verdade é que poucos conhecem profundamente o ocorrido na história local.

A verdade é que poucos conhecem profundamente o ocorrido na história local. Então eu acho que é muito focado em São Miguel. Pros professores trabalharem eles teriam que ter um pouco mais de conhecimento dessa questão e isso, a grande maioria não tem. Até a questão de articulação, divulgação do turismo de São Miguel, acho que falta essa conexão com os outros municípios.

IDEIA CENTRAL B – Integração dos Sete ou Trinta Povos

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 - Mas eu acho que seria muito interessante que se buscasse sempre essa integração, porque o destino, ele se torna mais rico quando tu conhece os outros sítios. E2 - Se tu pensar no contexto dos Sete Povos até sim, agora se tu pensar no contexto internacional, boa parte não. E3 - A dimensão educativa considera a experiência missioneira no seu todo, englobando tudo o que ocorreu nos chamados Sete Povos das Missões (em território do Brasil, hoje), mas também

A dimensão educativa considera a experiência missioneira no seu todo, englobando tudo o que ocorreu nos chamados Sete Povos das Missões (em território do Brasil, hoje), mas também dialogando com o que aconteceu na Argentina e Paraguai. Também tem aquela outra missão que fundou São Paulo. A educação patrimonial aqui trabalhada não pode dissociar, e não dissocia, a experiência vivida nos diferentes espaços (ou Reduções). Mas eu acho que seria muito interessante que se buscasse sempre essa integração, porque o destino, ele se torna mais rico

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dialogando com o que aconteceu na Argentina e Paraguai. A educação patrimonial aqui trabalhada não pode dissociar, e não dissocia, a experiência vivida nos diferentes espaços (ou Reduções). E4 - Os Trinta Povos e mais aquela outra missão que fundou São Paulo.

quando tu conhece os outros sítios. Mas destaco que uma boa parte de atividades ainda não envolve o contexto internacional.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 9: Além das escolas, em quais outros ambientes você pensa ser

necessário trabalhar a educação patrimonial?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 – (...) eu acho que a própria comunidade (...). Acho que a comunidade como um todo é importante que ela saiba, porque se alguém chegar, pedir uma informação. É bom que todos os moradores saibam falar do seu município (...) e tenham orgulho em fazer parte da história dele. Eu acho que teria que ser a comunidade como um todo. Por isso eu acho que teria que ter uma pessoa (...) na Prefeitura que coordenasse e soubesse trabalhar com todos esses atores que estão envolvidos. Acho que até com o comércio, é um tipo de trabalho, com todos. Acho que todo mundo precisa se envolver.

(1ª ideia) A Educação Patrimonial necessitaria ser trabalhada com toda a comunidade, inclusive com o comércio.

A (2ª ideia) Deveria existir uma pessoa na prefeitura que coordenasse os trabalhos com todos os atores.

A

Os trabalhos de Educação Patrimonial deveriam ser realizados com a comunidade em geral.

A

E2 - Aqui a gente tem um trabalho bem interessante com o pessoal da terceira idade, acho que seria um público bem legal. Própria questão do pessoal envolvido em CTG. Só que aí tu pega um pouco o público escolar também. Talvez não tenha tanto impacto como um trabalho num grupo de terceira idade, mais adulto.

Com os grupos da terceira idade e os integrantes dos CTGs.

A

Os trabalhos de Educação Patrimonial deveriam ser realizados com a comunidade em geral.

A

E3 -A escola é um ambiente privilegiado eis que ela pode fazer a reserva formal de um momento para se dedicar ao estudo de um determinado tema. Em relação à educação patrimonial, não há como não pensar em propiciar a experiência do contato direto com os vestígios deixados pelos povos que viveram essa experiência. No caso das Missões, fazem parte desse tipo de atividade o caminhar pelo Sítio Histórico para observar os vestígios que restam da Redução, da Igreja, as imagens sacras expostas no Museu, entre outros elementos. A promoção de alguns eventos também pode ser uma boa alternativa. (...) foi montada uma peça teatral retratando um pouco da história (...). A peça foi apresentada por um grupo teatral tanto a estudantes como a outras pessoas da comunidade local. Entre outras alternativas possíveis, não há como não deixar de fazer menção à necessidade de se pensar cada vez mais em projetos de educação patrimonial que marquem presença no

(1ª ideia) A escola é privilegiada por destinar um tempo formal para a realização de atividades de educação patrimonial.

A (2ª ideia) Comunidade em geral.

A (3ª ideia) As atividades de educação patrimonial devem marcar presença no mundo virtual, para atingir um maior número de pessoas.

A

Os trabalhos de Educação Patrimonial deveriam ser realizados nas escolas, com a comunidade e no mundo virtual.

A

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mundo virtual, seja por meio de sites e/ou blogs, seja pela interação em redes e mídias sociais.

E4 - Se olhar a integração das instituições, todas elas se somam, desde a melhor idade participa, a nossa creche, as crianças (...) vêm aqui, as pessoas que moram no interior. Eu vejo assim, quando chega na parte das peças de colonização, (...) a vivência deles ali, (...) e que mais me toca foi aquelas pessoas portadoras de deficiência, necessidades especiais. Então assim (...) veja como esse projeto é magnífico e compreende todos os segmentos de vivências humanas, tanto aqueles que precisam no campo espiritual, numa valorização de integrar a auto-estima. (...) eu também cito a nossa Brigada Militar, que muitas (...) vezes eles conviveram e estão junto com nós nas atividades (...) eu cito as atividades do Gaitaço Missioneiro (...) nossos artistas. (...) eu digo que agrega e reforça todo este projeto.

Melhor idade, creches, pessoas do interior, pessoas portadoras de deficiência, Brigada Militar, artistas da terra deveriam ser atingidos com atividades de Educação Patrimonial.

A

Os trabalhos de Educação Patrimonial deveriam ser realizados com a comunidade em geral.

A

E5 - Toda a comunidade local e regional... alguém que tem uma história louvada pelos principais escritores do mundo e com reflexos tangíveis e intangíveis, deve conhecer as suas raízes.

Os trabalhos de Educação Patrimonial deveriam atingir a comunidade local e regional.

A

Os trabalhos de Educação Patrimonial deveriam ser realizados com a comunidade em geral, inclusive regional.

A

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Educação Patrimonial deve atingir a comunidade em geral

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 – Acho que a comunidade como um todo é importante que ela saiba, porque se alguém chegar, pedir uma informação, é bom que todos os moradores saibam falar do seu município e tenham orgulho de fazer parte da história dele. Por isso eu acho que teria que ter uma pessoa na Prefeitura que coordenasse e soubesse trabalhar com todos esses atores que estão envolvidos. Acho que até com o comércio. E2 – Aqui a gente tem um trabalho bem interessante com o pessoal da terceira idade, acho que seria um público bem legal. Própria questão do pessoal envolvido em CTG. E3 – A escola é um ambiente privilegiado eis que ela pode fazer a reserva formal de um momento para se dedicar ao estudo de um determinado tema. A promoção de alguns eventos também pode ser uma boa alternativa, assim como projetos de educação patrimonial que marquem presença no mundo virtual. E4 – Se olhar a integração das instituições, todas elas se somam, desde a melhor idade participa, a nossa creche, as crianças vêm aqui, as pessoas que moram no interior, aquelas pessoas portadoras de deficiência, necessidades especiais. Eu também cito a Brigada Militar e os nossos artistas.

A escola é um ambiente privilegiado eis que ela pode fazer a reserva formal de um momento para se dedicar ao estudo de um determinado tema. Mas acho que a comunidade como um todo é importante que ela saiba, porque se alguém chegar, pedir uma informação, é bom que todos os moradores saibam falar do seu município e tenham orgulho de fazer parte da história dele, inclusive a comunidade local e regional. Se olhar a integração das instituições, todas elas se somam, desde a melhor idade participa, a nossa creche, as crianças vêm aqui, as pessoas que moram no interior, aquelas pessoas portadoras de deficiência, necessidades especiais, os integrantes do CTG, até o comércio. Eu também cito a Brigada Militar e os nossos artistas, através da promoção de alguns eventos. Também devem existir projetos de educação patrimonial que marquem presença no mundo virtual. Por isso eu acho que teria que ter uma pessoa na prefeitura que coordenasse e soubesse trabalhar com todos esses atores que estão envolvidos.

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E5 – Toda a comunidade local e regional.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 10: Você pensa que existe alguma política pública de integração entre a

Região Missioneira na Argentina, Brasil e Paraguai? Como ela é sistematizada?

Caso não exista, por quê?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 – Eu acho que ainda tem muita coisa pra ser feita, esse diálogo. (...) está em andamento um projeto bem interessante assim, que ele pega um pouco disso, ele tenta integrar essa região. Existe um projeto que está sendo executado (...) em cooperação com a UNESCO (...). A ideia é trabalhar um pouco com essa abordagem da paisagem cultural, que é uma abordagem mais recente do patrimônio (...), que ele integra tanto o material como o imaterial, mas ele fala em território. Então a ideia é conhecer essa região missioneira, ver que região é essa que o Parque Histórico Nacional está inserido e tentar integrar (...) políticas desse território. Até pensando num outro projeto que está em andamento também (...) uma fase mais inicial (...), que é para integrar as missões aqui do Brasil, com Argentina e Paraguai. Então assim, esse nacional e internacional é mais conhecer o território (...) o que é o Parque Nacional das Missões, tentar integrar esses sítios de alguma forma. Porque a ideia é contar o sistema, (...) estruturar esse parque pra fazer essa comunicação depois pro projeto com os sítios argentinos e paraguaios. Então ele está em andamento e eu acho que ele busca um pouco isso. Já fizeram algumas reuniões aqui na região, envolvendo todos os municípios da região missioneira. Então a ideia é começar essa integração mesmo porque por muito tempo (...) reconheceu aqui na região que é voltada às missões jesuíticas dos guaranis, período reducional. Mas existem outras paisagens de interesse cultural. (...) quer reconhecer isso na região, valorizar também outras coisas que não são redução (...) ele tem essa intenção de integração, integração da região pra depois (...) falar um pouco da Argentina e do Paraguai, (...) como que eles tratam de patrimônio. O que nós podemos fazer pra unir (...), eles de alguma forma. (...). Esse ano ainda terá algumas ações aqui na região (...). Está previsto, mas daí vai ser divulgado no site. Os dois em algum momento vão se cruzar.

Existem projetos que estão sendo desenvolvidos com a intenção de integrar a região, tanto na questão nacional como internacional.

A

Projetos de Integração regional.

A

E2 - Na verdade, como política pública não. No meu entendimento assim, sendo bem clara, não. A gente tem dificuldade de se integrar com a nossa região aqui, com os Sete Povos do lado brasileiro.

(1ª ideia) Não existe essa política pública de integração sistematizada, apenas ações isoladas.

Integração regional como política pública não.

A

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A gente tem algumas ações isoladas, tem um trabalho que é executado, encontros que reúnem os 30 Povos (...). Mas é uma coisa muito pontual (...). A gente normalmente fica sabendo que aconteceu depois (...)é uma coisa muito fechada, muito pessoal de algumas pessoas, que acaba que não se tem isso como uma política pública. Teve um encontro aqui no dia da inauguração do Som e Luz. (...) mas pelo que eu vejo em termos de resultado prático, de realmente criação de alguma coisa...Tem uma previsão de uma possibilidade de uma reunião marcada pra setembro talvez pra tentar fazer alguma coisa. Mas efetivamente, até agora, muito pouco. É basicamente isso. Até se tu focar a questão mais comercial, mais turismo, até existe alguma coisa. Agora focado na questão patrimonial...E mesmo esse trabalho dos 30 Povos eu não posso te falar muito porque eu também não conheço. Mas pelo que dá pra entender, na verdade é uma coisa (...) talvez mais comercial (...). Às vezes existe uma diferença bem grande entre o que acontece efetivamente e o que se diz que se faz. Em resumo, interesse com certeza existe, pensando na questão local, pras escolas, pros demais grupos, na verdade, que tem vários que se pode aproveitar. A partir do momento que tiver um trabalho, se pode aproveitar de diversas formas. Mas hoje, na verdade algumas vezes até se comentou (...) de se voltar a fazer, produzir aquele material da corujinha, dar treinamento para algumas pessoas, pra essas pessoas fazerem um trabalho com as crianças. (...). As próprias oficinas de arqueologia. Só que hoje, tu viu como é que nós estamos (...), o espaço que (...) poderia usar para isso tá sendo usado como museu, depois que as coisas se normalizarem, talvez até exista uma viabilidade pra isso, mas hoje, nesse momento não. Talvez essa tua vinda nos sirva para fazer nós nos questionarmos (...) e tentar talvez buscar uma forma de fazer um trabalho diferenciado. Os únicos que tem uma política pública definida nessa área (...). Nós poderíamos estar junto no processo (...). Talvez a questão local fica difícil, por exemplo, organizar (...) os professores da área de história pra ir conhecer os 30 Povos. Mas se tu pegar como região, talvez com subsídio regional, com outro enfoque, tu consegue trabalhar isso muito mais facilmente. Às vezes quando tu pensa, van não pode ir, então não tem como, mas porque que tu não pode trabalhar com os outros municípios, com as outras prefeituras e levar toda uma região ao invés de tu fazer um trabalho local. E essa é uma grande dificuldade nossa, que a gente também tem, é tu conseguir fazer esse trabalho de

A (2ª ideia) Existe uma dificuldade de integração com os Sete Povos. Na questão internacional seria mais difícil ainda.

A

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uma forma que tu venda uma ideia pra região.

E3 - Não tenho conhecimento de uma política pública de integração que envolva esses países e que tenha caráter oficial. Há, sim, um grupo articulado que trabalha ações voltadas à divulgação dessa temática e para a promoção da integração regional. Minha dúvida, porém, relaciona-se ao caráter desse movimento: se é oficial, espontâneo, comercial ou acadêmico-científico.

Não existe essa política pública de integração sistematizada, apenas ações isoladas.

A

Integração regional como política pública não.

A

E4 - Eu não digo associação, (...) o que eu vejo é positivo aqui, o que liga outros países, os estudantes que, é através do Mercosul, que esses estudantes, que ultrapassa de um país para outro as fronteiras, eu recebi, tive a felicidade de eu perceber esses estudantes que vem da Argentina, do Paraguai, do Uruguai estudar aqui nas universidades brasileiras, eles se deslocam aqui para (...) e é fascinante o quanto a semelhança, a diferença que se tem nos acontecimentos, porque os relatos, a história que se viveu lá naqueles países e o que nós vivemos aqui. Mas infelizmente, toda a história humana (...), toda ela foi feita com sofrimento.

Não existe uma associação, mas existe o movimento dos estudantes, principalmente do MERCOSUL.

A

Projetos de Integração regional.

A

E5 – O entrevistado não respondeu essa questão. - -

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Projetos de integração regional

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 – Eu acho que ainda tem muita coisa pra ser feita. Está em andamento um projeto bem interessante assim, que ele pega um pouco disso, ele tenta integrar essa região. Até pensando num outro projeto que está em andamento também, uma fase mais inicial, que é para integrar as missões aqui do Brasil, com Argentina e Paraguai. E2 – Na verdade, como política pública não. A gente tem dificuldade de se integrar com a nossa região aqui, com os Sete Povos do lado brasileiro. A gente tem algumas ações isoladas, tem um trabalho que é executado, encontros que reúnem os 30 Povos. Mas é uma coisa muito pontual. Até se tu focar a questão mais comercial, mais turismo, até existe alguma coisa, agora focado na questão patrimonial... Mas porque que tu não pode trabalhar com os outros municípios, com as outras prefeituras e levar toda uma região ao invés de tu fazer um trabalho local. E3 – Não tenho conhecimento de uma política pública de integração que envolva esses países e que tenha caráter oficial. Há, sim, um grupo articulado que trabalha ações voltadas à divulgação dessa temática e para a promoção da integração regional. E4 – Eu não digo associação, o que eu vejo é positivo aqui, o que liga outros países, os

Não tenho conhecimento de uma política pública de integração que envolva esses países e que tenha caráter oficial. Eu não digo associação, o que eu vejo é positivo aqui, o que liga outros países, os estudantes que, é através do MERCOSUL. Há, sim, um grupo articulado que trabalha ações voltadas à divulgação dessa temática e para a promoção da integração regional. A gente tem dificuldade de se integrar com a nossa região aqui, com os Sete Povos do lado brasileiro. A gente tem algumas ações isoladas, tem um trabalho que é executado, encontros que reúnem os 30 Povos. Mas é uma coisa muito pontual. Até se tu focar a questão mais comercial, mais turismo, até existe alguma coisa, agora focado na questão patrimonial... Mas porque que tu não pode trabalhar com os outros municípios, com as outras prefeituras e levar toda uma região ao invés de tu fazer um trabalho local. Eu acho que ainda tem muita coisa pra ser feita. Está em andamento um projeto bem interessante assim, que ele pega um pouco disso, ele tenta integrar essa região. Até pensando num outro projeto que está em andamento também, uma fase mais inicial, que é para integrar as missões aqui do Brasil, com Argentina e Paraguai.

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estudantes que, é através do MERCOSUL.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 11: Você pensa que trabalhar Educação Patrimonial contribui de

alguma forma com o turismo?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 – Sim, é positivo porque no momento que tu faz educação patrimonial, tu faz como uma forma de as pessoas entenderem o porque que é importante preservar o patrimônio (...). Então, até no atendimento, no momento que chega o visitante aqui e essas pessoas já tiveram contato com o tema, se sentem mais apropriado do patrimônio, eles vão saber atender bem o turista, vão passar as informações adequadas, então ele é positivo (...) num primeiro momento eu vejo nesse aspecto, (...) sem refletir muito, assim.

(1ª ideia) A Educação Patrimonial faz a comunidade entender porque é importante preservar o patrimônio cultural.

A (2ª ideia) Bom atendimento ao turista.

A

(1ª ideia) Preservação e valorização do patrimônio cultural.

A (2ª ideia) Qualificação no atendimento ao turista.

A

E2 - Com certeza, porque através da educação patrimonial por exemplo, com os alunos e com as pessoas da comunidade, ele vai gerar uma consciência maior da importância que a gente tem e em alguns momentos já se trabalha com grupos, principalmente as escolas que tem interesse também em fazer atividades dentro da educação patrimonial e funcionava muito bem. A própria Pousada das Missões fez alguns trabalhos nesse sentido, atendendo os grupos (...), oferecendo essa possibilidade de oficinas de arqueologia e algumas coisas (...), e isso sempre deu muito certo, nos últimos tempos (...) houve uma parada (...). Mas com certeza é uma forma de envolver um pouco mais as pessoas e fazer eles entenderem um pouco mais da importância do que eles estão vendo.

Conscientização da importância do patrimônio cultural para os munícipes e visitantes.

A

Preservação e valorização do patrimônio cultural.

A

E3 - Eu acredito que sim (...). Muitas vezes é um trabalho difícil de dimensionar. Você trabalha a Educação Patrimonial muitas vezes pensando não num médio ou curto prazo, mas longo prazo. De tanto a comunidade local, próxima aqui valorizar e enfim, compreender melhor a importância que isso tem, assim como também o de outras regiões. (...) porque o simples fato das pessoas virem para cá sem ter um, digamos uma compreensão do pano de fundo ou o que é a essência disso aqui (...), isso poderia até certo ponto, lá pelas tantas, enfraquecer. Afinal, para que que a gente vai se dirigir à um ponto que até do ponto de vista logístico é meio isolado (...) e longe para quem vem das regiões metropolitanas (...). Para que que você vai ir lá olhar assim (...) um prédio em ruínas, alguns vestígios e não sabendo o significado que isso tem, o que isso representa, tanto para a

O desenvolvimento de trabalhos de educação devem ser pensados não em médio ou curto prazo, mas em longo prazo.

A

Preservação e valorização do patrimônio cultural.

A

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história local e regional, mas fundamentalmente também para a história da nação (...), tanto brasileira quanto das vizinhas Argentina, Paraguai e enfim, da história da humanidade, afinal, é um patrimônio cultural da humanidade, (...). Então, sem esse significado, sem esse sentido, que é isso que a educação patrimonial trabalha muito (...), você age movido por um sentido, um objetivo (...), algo que tenha significado e eu acho que é esse o trabalho da educação patrimonial, mas que muitas vezes é difícil de mensurar (...). Então eu vejo esse trabalho sempre assim como tendo efeitos a médio e longo prazos. Até no sentido de preservação ou conservação do roteiro turístico.

E4 - Lógico que ajuda, porque eles (...) são nossos futuros que vão tar trazendo. É o suporte. E aqui (...) por exemplo os artesões, as pessoas que fazem o artesanato em casa, isso é uma fonte de renda. Eles buscam a inspiração, principalmente nos símbolos missioneiros e aqui é a razão que em torno de mais de 300 pessoas tão elencadas à essa fonte de renda e cada vez mais se soma e nós conseguimos assim, não só abastecer São Miguel e outros municípios, com pontos dos nossos artesanatos. Então eu vejo assim (...), essa praça (...), que era um projeto internacional, com arquitetura chilena, que eles vieram, fizeram a primeira etapa (...), que era um quiosque de recepção e depois eles tiveram que parar para atender sua pátria devido aos vulcões. Então nós temos muitos projetos (...), aí elencados que parou no tempo (...), tem esse projeto de Conscientização das Cidades de Patrimônio (...) que nós chamamos Cidades Novas, então nós temos esse sonho, que eu creio que vai chegar a realidade que o IPHAN, através do Ministério da Cultura lá, que possa tornar realidade esse projeto que existe, que eu participei junto (...) com as outras instituições e o povo missioneiro mentalizou uma nova cidade e que isso possa se tornar realidade, porque nós merecemos, o povo merece, quem visita merece ter melhor uma estrutura, então nós temos toda essa caminhada, uma ênfase de olhar, é, a história da humanidade com melhor acolhimento, com melhor forma de ser, ter essa vivência com nossos visitantes, com nosso turista.

O povo e os turistas merecem ter uma cidade melhor estruturada.

A

Desenvolvimento econômico e social.

A

E5 - Completamente, especialmente no turismo cultural, que é o caso missioneiro.

O turismo cultural é beneficiado com a educação patrimonial.

A

Turismo cultural é beneficiado.

A

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Preservação e valorização do patrimônio cultural

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 – Sim, é positivo porque no momento que tu faz Completamente, especialmente no turismo cultural,

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educação patrimonial, tu faz como uma forma de as pessoas entenderem o porque que é importante preservar o patrimônio. No momento que chega o visitante aqui e essas pessoas já tiveram contato com o tema, se sentem mais apropriado do patrimônio, eles vão saber atender bem o turista, vão passar as informações adequadas. E2 – Mas com certeza é uma forma de envolver um pouco mais as pessoas e fazer eles entenderem um pouco mais da importância do que eles estão vendo. E3 – Você trabalha a Educação Patrimonial muitas vezes pensando não num médio ou curto prazo, mas longo prazo. Até no sentido de preservação ou conservação do roteiro turístico. E4 – Por exemplo, os artesões, as pessoas que fazem o artesanato em casa, isso é uma fonte de renda. Eles buscam a inspiração, principalmente nos símbolos missioneiros e aqui é a razão que em torno de mais de 300 pessoas tão elencadas à essa fonte de renda e cada vez mais se soma. O povo merece, quem visita merece ter melhor uma estrutura. E5 – Completamente, especialmente no turismo cultural, que é o caso missioneiro.

que é o caso missioneiro. É positivo porque no momento que tu faz educação patrimonial, tu faz como uma forma de as pessoas entenderem o porque que é importante preservar o patrimônio. É uma forma de envolver um pouco mais as pessoas e fazer eles entenderem um pouco mais da importância do que eles estão vendo. No momento que chega o visitante aqui e essas pessoas já tiveram contato com o tema, se sentem mais apropriado do patrimônio, eles vão saber atender bem o turista, vão passar as informações adequadas. Por exemplo, os artesões, as pessoas que fazem o artesanato em casa, isso é uma fonte de renda. Eles buscam a inspiração, principalmente nos símbolos missioneiros e aqui é a razão que em torno de mais de 300 pessoas tão elencadas à essa fonte de renda e cada vez mais se soma. Você trabalha a Educação Patrimonial muitas vezes pensando não num médio ou curto prazo, mas longo prazo. Até no sentido de preservação ou conservação do roteiro turístico. O povo merece, quem visita merece ter melhor uma estrutura.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

Questão 12: Você pensa que a comunidade está preparada para o turismo e

valoriza, de fato, o que tem aqui?

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 1 (IAD 1)

EXPRESSÕES-CHAVE IDEIAS CENTRAIS ANCORAGEM

E1 – Não é algo que seja (...) toda a comunidade mobilizada, porque o turismo é uma nova alternativa, assim, econômica, é uma alternativa mais recente (...) então as pessoas...tem muitas famílias que vivem do turismo, não saberia te dizer agora quantas, mas como ainda a base da economia do município é a agricultura (...), as pessoas, a maioria não enxergam ainda. Eu acho que hoje nós estamos num momento muito bom de mídia também (...) Missões tem tido bastante destaque, então isso acho que vai despertando também para as outras (...), São Miguel é importante (...). Pode ser que isso, em algum momento eu acredito que vai ser positivo (...) mas no geral não é toda a comunidade. Não é um senso comum. Mas já existe um grande número de famílias vivendo do turismo, acreditando. Acho que falta, nesse caso (...) partir do município uma ação assim, o poder executivo, no caso, reconhecer, (...) o turismo pode ser uma alternativa (...) vamos fazer para ter uma cidade preparada para receber

(1ª ideia) Por ser uma nova alternativa, nem toda a comunidade está mobilizada para o turismo.

A (2ª ideia) A prefeitura tem um papel importante de fazer a comunidade ver o turismo como uma alternativa de desenvolvimento.

A

Comunidade ainda não acredita no turismo.

A

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o turista, de uma forma sustentável, que tipo de investimento nós queremos atrair, porque pode ser que hoje o foco, às vezes seja muito ainda atrair investidores de outras áreas e acho que no momento que o município, o poder executivo mesmo, começar a enxergar como um potencial (...), o restante da comunidade vai começar a ver também. Acho que tem que abrir umas possibilidades em cima da alternativa. Então, acho que no caso a Prefeitura tem um papel importante aí para o restante da comunidade ver como alternativa (...).

E2 – (...) na realidade é uma questão bem complexa porque, assim como a questão do patrimônio tem muitas vantagens no sentido de buscar uma outra alternativa econômica e algumas coisas, ela gera alguns tipos de problemas, por exemplo, os tipos das construções, tem algumas áreas da cidade que tem uma série de limitações, tem que ter uma série de outras autorizações que em locais normais não precisa. Então isso gera um certo atrito com a comunidade, mas hoje (...), de alguns anos para cá, como vem aumentando o número de pessoas, no caso, que trabalham com o turismo, vem melhorando um pouco essa situação. Porquê? Principalmente a partir do ano 2000, ali, quando começou a se instalar hotéis, o hotel, a pousada, outras coisas, começou a haver uma circulação maior de dinheiro vindo do turismo, então isso fez com que a comunidade entendesse que é uma forma de eles ganharem dinheiro. Hoje a gente tem, por exemplo, a Associação dos Artesãos, que são 25 famílias que trabalham exclusivamente com o turismo. Então o que acontece, isso faz com que as pessoas entendam a importância que tem isso aqui. E a questão do tornado (...) gerou (...), a grande preocupação das pessoas era “o que vai acontecer com essas pessoas que dependem e vivem do artesanato (...)”. A própria questão que gerou com os índios, isso tudo vem melhorando um pouco essa integração da comunidade com a questão do turismo. A questão do patrimônio, eu me lembro quando eu era criança que a gente saía da escola e vinha brincar ali nas ruínas. A partir do momento em que se cercou aquilo ali, se criou uma certa barreira, por exemplo, final da tarde não tem lugar melhor. Aqui sempre tem uma brisa maravilhosa, um lugar maravilhoso, mas as pessoas tem vergonha de ocupar esse espaço. (...) eu acho que a gente aproveita muito pouco esse espaço, mas, hoje já está um pouco melhor isso. (...) parece que há um certo desconforto para as pessoas. As pessoas tem uma dificuldade de se apropriar do espaço. Parece que é uma realidade distante.

(1ª ideia) A partir dos anos 2000 se instalaram na cidade hotéis, pousadas, restaurantes, trazendo circulação de dinheiro vindo do turismo, o que fez com que a comunidade entendesse que a atividade também é uma forma de ganhar dinheiro.

A (2ª ideia) O cercamento do atrativo turístico causou uma barreira com a comunidade, que hoje o utiliza muito pouco.

A

Uma parte da comunidade acredita no turismo e na sua história e outra parte ainda não.

A

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Essa é a sensação que, para quem ta aqui no dia a dia, tu vê um monte de gente de fora, o próprio pessoal que está aqui hoje. Eles estão desde ontem aqui, com cadeiras e um monte de coisas. O pessoal daqui não tem...perdeu esse costume que antigamente era uma coisa normal no final de tarde tu vim tomar chimarrão (...). Eu lembro quando eu era criança eu saía da escola e ia brincar ali, jogar bola, embora não seja o espaço talvez mais adequado para isso, mas assim, tem sombra, tem toda uma estrutura que poderia ser melhor utilizada pela comunidade, mas em função dessa questão do cercamento, criou uma espécie de barreira e isso quando a gente tava fazendo um estudo para o negócio do PAC, o pessoal tava levantando algumas questões. (...) Olha, eu sinto isso, porque eu cansei de brincar aqui e hoje eu não vejo mais as crianças vindo brincar aqui. Hoje parece que aquilo é um espaço “ah, lá na Semana do Município ou na Semana Tal, aí vamos levar os alunos lá para fazer um piquenique (...)” como se fosse uma coisa de outro mundo. Essa falta dessa interação da comunidade com o espaço (...). Por exemplo assim, a própria dificuldade, tu quer tirar uma foto, fazer um book com o teu filho (...), um casal ou coisa assim. Isso é muito difícil, é bem burocrático para se fazer. Então isso gera um certo distanciamento das pessoas, esse é o termo mais correto. Eu acho que a Educação Patrimonial vai, talvez, provavelmente a gente vai ter que começar via crianças, a trazer novamente as crianças para cá. Eu sei de muita gente aqui em São Miguel que nunca assistiu o Som e Luz. Eu, pra mim, chegou visita, tanto na casa dos meus pais como na minha casa, pra mim a maior alegria que tem é trazer e tem gente que não tem essa interação com o local. (...) mas (...) queria ir lá no Paraguai para assistir (...). O Som e Luz lá é uma proposta completamente diferente do nosso. O Paraguai (...) tem muita coisa lá que eles tão mais organizados do que nós. (...) o Som e Luz lá em Trinidad é assim: se liga uma série de luzes em todo o espaço do sítio, aí um guia te conta uma parte da história e vai te conduzindo por dentro, tu faz um passeio noturno no sítio, um passeio guiado. O deles é um passeio guiado. É na hora, não é nada gravado, tem algumas músicas que vão tocando (...). Tem uma possibilidade (...), como era um grupo especial, eles levaram o coral indígena para fazer uma apresentação durante essa visita guiada, mas não é uma coisa muito rotineira, então isso prova assim, que ele não é um espetáculo tipo o nosso (...), aquele padrão, ele é uma coisa que acontece de acordo com o público. É bem interessante, eu achei muito legal, mas

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completamente diferente. O da Argentina eu já fui três vezes e nunca consegui assistir. Ou ta ventando muito, ou ta chovendo muito. Ele depende de condições climáticas (...). Mas esse lá eu tinha muita curiosidade de ver e (...), a minha opinião, por exemplo, o nosso aqui hoje, (...) ele é um pouco (...) mais profissional, uma coisa mais técnica, que tu tem um horário certo (...), que ele é um espetáculo montado que tu não depende da tua opinião como guia ou do teu entendimento, é uma coisa que é aquilo ali. Talvez lá tem a vantagem, por exemplo assim, se tu quiser perguntar alguma coisa, tu pode perguntar. Mas realmente assim, a proposta é completamente diferente da nossa, ele é um passeio guiado com condutor, um passeio noturno iluminado. (...)

E3 - Digamos assim, o que a gente sente muito (...), e isso eu falo mais como alguém que veio de fora, não alguém daqui (...), claramente duas visões sobre isso ai. De pessoas que compreendem isso, a importância disso e querem valorizar isso e também dentro desse grupo eu colocaria pessoas que entendem ou compreendem ou querem valorizar isso, mas assim, ai é a visão comercial, com a exploração turística disso. Então há um grupo que compreende a importância disso, seja do ponto de vista do significado como Patrimônio Cultural da Humanidade, mas assim, ao mesmo tempo, dentro desse grupo, há os que vêem a importância disso para a exploração do ponto de vista econômico mesmo (...). E de outro lado, há um bom grupo que vê isso como um corpo, algo estranho, até pela própria história aqui sabe (...), de algo que foi vivenciado por uma outra, (...) nação, aqui eles gostam de usar o termo nação missioneira. A etnia guarani e aquele povo da época, porque depois houve praticamente um aniquilamento ou êxito, enfim, dos que sobreviveram e saíram daqui (...), veio toda essa colonização de imigrantes, que para eles assim, é um outro significado, se é que tem (...). Então isso aqui e todo esse movimento parece ser algo estranho, que eventualmente até incomoda (risos). Então traz um pouco de gente estranha circulando por aí (...), mas que não diz muito respeito à eles (...). (...) nós tentamos trabalhar nesse sentido e a gente sente junto aos outros órgãos, (...) tanto o IPHAN como a Prefeitura e o Ponto de Memória Missioneira, que é esse trabalho assim, mais amplo de educação pra comunidade realmente sentir que isso aqui (...) não é qualquer coisa (...), isso é algo assim extraordinário do ponto de vista de uma experiência na história da humanidade. (...) Há claramente duas vertentes. De um lado tem pessoas que valorizam e vêem importância nisso e

Há duas diferentes visões: um grupo que compreende e valoriza o patrimônio, e nesse grupo se incluem também as pessoas com visão comercial e há outro grupo que vê o atrativo como um corpo estranho.

A

Uma parte da comunidade acredita no turismo e na sua história e outra parte ainda não.

A

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de outro aqueles que ainda acham isso uma coisa meio estranha, que não faz muito sentido pra eles. Nesse sentido, eu já conversei com algumas pessoas, talvez isso assim deve proceder uma ou outra geração, segunda geração de imigrantes que vieram para cá, talvez assim, teve ainda aquela noção de confronto (...), porque afinal eles vieram ocupar um lugar que até certo momento era de outros, então ainda há uma visão um pouco conflitiva (...). Claro que isso é uma coisa (...) que, às vezes não muito consciente ou manifesta, mas a gente percebe isso. Então uma visão das pessoas chegarem aqui e ocupar o espaço para produzir, enfim construir a sua história (...), mas algo completamente dissociado da história anterior, que foi evidenciada aqui (...).

E4 - Valoriza, mas...claro que valoriza sim. Mas (...) se está preparada, parte dela eu digo, uma boa parte está preparada sim, porque nós desenvolvemos aí, foi desenvolvido com o município, com a Secretaria de Turismo, (...) seria projetos (...) de aperfeiçoamento, de recepção ao turista, de hotelaria, de hospedagem, hospitalidade já nós trazemos isso de berço, numa forma de receber. Então assim, todo o nosso visitante ele se maravilha diante das pessoas aqui de São Miguel, a forma como (...) são recebidos, embora não tenha aquela cultura, mas é a forma como nós vivemos (...). Então, eu entendo assim, que (...) São Miguel das Missões ta nós passos certos, ta no caminho certo e (...) um dia nós podemos vivenciar um sistema evoluído e saber aproveitar o que temos, que é o Patrimônio da Humanidade.

A comunidade de São Miguel valoriza seu atrativo e está preparada para receber o turismo em virtude de capacitações desenvolvidas pela prefeitura.

A

Comunidade acredita no turismo e na sua história.

A

E5 - Absolutamente não. Não tem um mínimo de ideia do que foi o Triunfo da Humanidade, ou o Melhor do Cristianismo em toda a humanidade.

A comunidade não compreende a história das missões jesuíticas.

B

Comunidade ainda não acredita no turismo e em sua história.

B

INSTRUMENTO DE ANÁLISE DE DISCURSO 2 (IAD 2)

IDEIA CENTRAL A – Uma parte da comunidade acredita no turismo, outra não

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC)

E1 – Não é algo que seja toda a comunidade mobilizada, porque o turismo é uma nova alternativa, assim, econômica, é uma alternativa mais recente. Então, acho que no caso a Prefeitura tem um papel importante aí para o restante da comunidade ver como alternativa. E2 – Isso gera um certo atrito com a comunidade, mas hoje, de alguns anos para cá, como vem aumentando o número de pessoas, no caso, que trabalham com o turismo, vem melhorando um pouco essa situação. A partir do ano 2000, ali, quando começou a se instalar hotéis, o hotel, a pousada, outras coisas, começou a haver uma circulação maior de dinheiro vindo do turismo, então isso fez com que a comunidade entendesse

Claramente duas visões sobre isso ai: de pessoas que compreendem isso, a importância disso e querem valorizar isso e também dentro desse grupo eu colocaria pessoas que entendem ou compreendem ou querem valorizar isso, mas assim, ai é a visão comercial, com a exploração turística disso. E de outro lado, há um bom grupo que vê isso como um corpo, algo estranho, até pela própria história aqui. Não é algo que seja toda a comunidade mobilizada, porque o turismo é uma nova alternativa, assim, econômica, é uma alternativa mais recente. Isso gera um certo atrito com a comunidade, mas hoje, de alguns anos para cá, como vem aumentando o número de pessoas, no caso, que trabalham com o turismo, vem melhorando um pouco essa situação. A

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que é uma forma de eles ganharem dinheiro. Isso tudo vem melhorando um pouco essa integração da comunidade com a questão do turismo. Eu acho que a gente aproveita muito pouco esse espaço, mas, hoje já está um pouco melhor isso, parece que há um certo desconforto para as pessoas. Embora não seja o espaço talvez mais adequado para isso, mas assim, tem sombra, tem toda uma estrutura que poderia ser melhor utilizada pela comunidade, mas em função dessa questão do cercamento, criou uma espécie de barreira. E3 – Claramente duas visões sobre isso ai: de pessoas que compreendem isso, a importância disso e querem valorizar isso e também dentro desse grupo eu colocaria pessoas que entendem ou compreendem ou querem valorizar isso, mas assim, ai é a visão comercial, com a exploração turística disso. E de outro lado, há um bom grupo que vê isso como um corpo, algo estranho, até pela própria história aqui. E4 – Valoriza, mas...claro que valoriza sim. Mas se está preparada, parte dela eu digo, uma boa parte está preparada sim, porque nós desenvolvemos aí, foi desenvolvido com o município, com a Secretaria de Turismo, seria projetos de aperfeiçoamento, de recepção ao turista, de hotelaria, de hospedagem.

partir do ano 2000, ali, quando começou a se instalar hotéis, o hotel, a pousada, outras coisas, começou a haver uma circulação maior de dinheiro vindo do turismo, então isso fez com que a comunidade entendesse que é uma forma de eles ganharem dinheiro. Parte da comunidade, eu digo, uma boa parte está preparada sim, porque nós desenvolvemos aí, foi desenvolvido com o município, com a Secretaria de Turismo, seria projetos de aperfeiçoamento, de recepção ao turista, de hotelaria, de hospedagem. Eu acho que a gente aproveita muito pouco esse espaço, mas, hoje já está um pouco melhor isso, parece que há um certo desconforto para as pessoas. Embora não seja o espaço talvez mais adequado para isso, mas assim, tem sombra, tem toda uma estrutura que poderia ser melhor utilizada pela comunidade, mas em função dessa questão do cercamento, criou uma espécie de barreira. Então, acho que no caso a Prefeitura tem um papel importante aí para o restante da comunidade ver como alternativa.

IDEIA CENTRAL B – Não valoriza e não tem conhecimento.

EXPRESSÕES-CHAVE DISCURSO DO SUJEITO COLETIVO (DSC) – discurso individual

E5 – Absolutamente não. Não tem um mínimo de ideia do que foi o Triunfo da Humanidade.

Absolutamente não. Não tem um mínimo de ideia do que foi o Triunfo da Humanidade.

Fonte: elaborado pela autora, 2016.

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APÊNDICE B

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APÊNDICE C