TURISMO E CULTURA NA RMR: ESTUDO DAS INTERAÇÕES … · ³ Graduada em Arquitetura e Urbanismo...

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1 TURISMO E CULTURA NA RMR: ESTUDO DAS INTERAÇÕES ENTRE OS PEQUENOS NEGÓCIOS NA CADEIA DE VALOR DE TURISMO E CULTURA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE Resumo: O estudo, realizado em parceria com o SEBRAE Pernambuco, aborda questões relativas à segmentação das atividades da Cadeia de Valor, desde a produção de insumos agrícolas e outras matérias primas, passando pelo beneficiamento de produtos, distribuição, comercialização, e prestação de serviços. Ainda, este estudo revela a concentração dessas empresas por município de Pernambuco, permitindo uma compreensão da especialização territorial. Dividiu-se em cinco partes, mais Apêndice. Inicia-se conceituando o que se entende por Cadeia de Valor do Território. O tópico seguinte, trata da caracterização da Cadeia do Turismo e Cultura. Explora-se dados econômicos e espacialização das atividades, com ênfase na Região Metropolitana do Recife, finalizando com uma análise da Cadeia de Valor realizada com suporte da metodologia SWOT. De modo a concluir o estudo, apresenta-se as considerações finais, sintetizando questões reveladas ao longo do trabalho e, em seguida, reúne-se as principais referências bibliográficas utilizadas. Por fim, os apêndices trazem um conjunto de mapas com a espacialização dos pequenos negócios de Turismo e Cultura em Pernambuco, inclusive por camada de agregação de valor. Palavras-chave: Cadeia de Valor. Turismo e Cultura. Região Metropolitana do Recife. Metodologia SWOT. Abstract: The study, in partnership with the SEBRAE Pernambuco, addresses issues relating to the segmentation of the Value Chain activities, from the production of agricultural inputs and other raw materials, through product processing, distribution, marketing, and services. Still, this study reveals the concentration of these companies by the municipality of Pernambuco, allowing an understanding of territorial specialization. Divided into five parts, plus Appendix. Begins conceptualizing what is meant by the Territory Value Chain. The next topic deals with the characterization of Tourism and Culture Chain. It explores economic data and spatial distribution of activities, with emphasis on the metropolitan area of Recife, ending with an analysis of the value chain performed with the SWOT methodology support. In order to complete the study, presents the final considerations by amalgamating issues revealed through the work and then meets the main bibliographical references. Finally, the appendices bring a set of maps showing the spatial distribution of business small Tourism and Culture in Pernambuco, including for value-added layer. Key Words: Value Chain. Tourism and Culture. Metropolitan Region of Recife. SWOT Methodology. Classificação JEL: L1

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TURISMO E CULTURA NA RMR: ESTUDO DAS INTERAÇÕES ENTRE OS PEQUENOS NEGÓCIOS NA CADEIA DE VALOR DE TURISMO E CULTURA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Resumo: O estudo, realizado em parceria com o SEBRAE Pernambuco, aborda questões relativas à segmentação das atividades da Cadeia de Valor, desde a produção de insumos agrícolas e outras matérias primas, passando pelo beneficiamento de produtos, distribuição, comercialização, e prestação de serviços. Ainda, este estudo revela a concentração dessas empresas por município de Pernambuco, permitindo uma compreensão da especialização territorial. Dividiu-se em cinco partes, mais Apêndice. Inicia-se conceituando o que se entende por Cadeia de Valor do Território. O tópico seguinte, trata da caracterização da Cadeia do Turismo e Cultura. Explora-se dados econômicos e espacialização das atividades, com ênfase na Região Metropolitana do Recife, finalizando com uma análise da Cadeia de Valor realizada com suporte da metodologia SWOT. De modo a concluir o estudo, apresenta-se as considerações finais, sintetizando questões reveladas ao longo do trabalho e, em seguida, reúne-se as principais referências bibliográficas utilizadas. Por fim, os apêndices trazem um conjunto de mapas com a espacialização dos pequenos negócios de Turismo e Cultura em Pernambuco, inclusive por camada de agregação de valor.

Palavras-chave: Cadeia de Valor. Turismo e Cultura. Região Metropolitana do Recife. Metodologia SWOT.

Abstract: The study, in partnership with the SEBRAE Pernambuco, addresses issues relating to the segmentation of the Value Chain activities, from the production of agricultural inputs and other raw materials, through product processing, distribution, marketing, and services. Still, this study reveals the concentration of these companies by the municipality of Pernambuco, allowing an understanding of territorial specialization. Divided into five parts, plus Appendix. Begins conceptualizing what is meant by the Territory Value Chain. The next topic deals with the characterization of Tourism and Culture Chain. It explores economic data and spatial distribution of activities, with emphasis on the metropolitan area of Recife, ending with an analysis of the value chain performed with the SWOT methodology support. In order to complete the study, presents the final considerations by amalgamating issues revealed through the work and then meets the main bibliographical references. Finally, the appendices bring a set of maps showing the spatial distribution of business small Tourism and Culture in Pernambuco, including for value-added layer.

Key Words: Value Chain. Tourism and Culture. Metropolitan Region of Recife. SWOT Methodology.

Classificação JEL: L1

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Área de Interesse: Economia Pernambucana

TURISMO E CULTURA NA RMR: ESTUDO DAS INTERAÇÕES ENTRE OS PEQUENOS NEGÓCIOS NA CADEIA DE VALOR DE TURISMO E CULTURA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Alexandre Rodrigues Alves¹

Ecio de Farias Costa²

Evelyne Labanca Corrêa de Araújo³

Marcus Vinícius Alcoforado4

Maria das Graças Alves Bezerra5

Thiago Suruagy de Melo6

¹ Graduado em Agronomia pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (1995), Especialista em Administração Rural pela Universidade Federal de Lavras - UFLA/MG (1998), MBA em Agronegócio pela Universidade Vale do Acaraú - UVA/CE (2004), Master em Desenvolvimento Territorial pela Universidade de Valência - Espanha (2015).

² Professor de Economia, Departamento de Economia/Pós-Graduação em Economia, (PIMES), Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Bolsista CNPq. M.S. e Ph.D. em Economia Agrícola, University of Geórgia. [email protected]

³ Graduada em Arquitetura e Urbanismo (1995), Especialista em Conservação Integrada Urbana e Territorial (2000), Mestre em Desenvolvimento Urbano (2008) e Doutoranda em Desenvolvimento Urbano (início 2014) todos pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

4 Graduando em Ciências Econômicas, Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. [email protected]

5 Graduada em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP (1977), Especialista em Consultoria Empresarial pela CEPEME (1978) e Planejamento Turístico pela Universidade de Pernambuco - UPE (2002). 6 Graduado em Administração de Empresas pela Universidade Católica de Pernambuco - UNICAP (2007), Especialista em Gestão de Negócios pela Universidade de Pernambuco - UPE (2012).

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1. Introdução

A cultura pernambucana é reconhecidamente uma das mais ricas no Brasil. Muitos turistas visitam a Região Metropolitana do Recife em busca de atrativos culturais e de lazer que promovam esta imersão nos produtos da cultura pernambucana. A RMR conta hoje com o Centro de Artesanato de Pernambuco, Unidade Móvel de Comercialização e a FENEARTE. Juntos, estes três compõem os principais pontos de comercialização dos artesãos da região. Apesar de possuir um patrimônio histórico de relevância internacional, é pouquíssimo explorado e, a informação disponível ao turista é pouco visível, quando disponível. O turismo na RMR tem fortes vínculos com a cultura, com a história e com a gastronomia.

Este documento é dividido em cinco partes, mais Apêndice. Inicia-se conceituando o que se entende por Cadeia de Valor do Território. O tópico seguinte, trata da caracterização da Cadeia do Turismo e Cultura. Explora-se dados econômicos e espacialização das atividades, com ênfase na Região Metropolitana do Recife, finalizando com uma análise da Cadeia de Valor realizada com suporte da metodologia SWOT. Na sequência, traz um conjunto de diretrizes de atuação para a Cadeia de Valor de Turismo e Cultura no território da Região Metropolitana do Recife. De modo a concluir o estudo, apresenta-se as considerações finais, sintetizando questões reveladas ao longo do trabalho e, em seguida, reúne-se as principais referências bibliográficas utilizadas. Por fim, os apêndices trazem um conjunto de mapas com a espacialização dos pequenos negócios de Turismo e Cultura em Pernambuco, inclusive por camada de agregação de valor.

2. Metodologia e Dados Para desenvolvimento do trabalho, fez-se pesquisas nas bases de dados da Receita

Federal, do IBGE, das associações empresariais e de classe, DIEESE, Agência CONDEPE/ FIDEM, e demais órgãos e instituições relacionados à Cadeia de Valor de Turismo e Cultura (como centros de pesquisas, sindicatos, entre outros), visando consolidar um retrato das atividades do Turismo e Cultura no contexto nacional, regional e principalmente local, do território em questão.

Realizou-se também, entrevistas a atores institucionais relevantes para a Cadeia de Valor do Turismo e Cultura como governos, associações, sindicatos, entidades e lideranças empresariais, formais e informais dos diversos segmentos, buscando identificar a percepção desses atores sobre os seus negócios, suas perspectivas de atuação e de crescimento, suas potencialidades, lacunas de desenvolvimento e capacidade de interação no território, além de, elaborar uma análise da Cadeia de Valor realizada com suporte da metodologia SWOT.

3. O que é uma Cadeia de Valor do Território?

Segundo Porter (1989), Cadeia de Valor do Território é um conjunto de atividades

econômicas fortemente relacionadas (incluindo empresas, setores e segmentos afins), constituído a partir da geração de valor para os pequenos negócios nele localizado. Essas diversas atividades econômicas se articulam de modo integrado, em uma lógica produtiva, indo desde o fornecimento da matéria prima, passando pela transformação, distribuição, comercialização até a prestação de diversos serviços relacionados às várias fases de produção até o produto acabado.

Na Cadeia de Valor do Território, as possibilidades de agregação de valor aos pequenos negócios devem ser desenvolvidas considerando três fatores:

(i) A interação física – a proximidade desempenhando papel relevante para os pequenos negócios, permitindo que eles atuem conjuntamente tanto para comprar e vender, mas

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também para agregar outras instituições, públicas ou privadas, de ensino, pesquisa e fomento, de modo a preencher lacunas de desenvolvimento que por ventura existam no território em questão.

(ii) A interação produtiva – o que é produzido nesse território, e como esses insumos e produtos podem primeiramente circular entre eles, diminuindo distâncias, otimizando custos e processos e, principalmente, gerando aprendizado a partir do conhecimento dos requisitos específicos de cada segmento e estágio de produção.

(iii) A interação social – quem produz e quem consome nesse território, como aproximar essas pessoas dentro de uma lógica de diminuição das distâncias entre oferta e demanda, inclusive identificando as lacunas para novos serviços e suprindo mercados existentes ainda não explorados.

Ou seja, na abordagem de Cadeia de Valor do Território, destaca-se a interação entre os agentes produtivos como aspecto mais relevante a ser tratado, primeiramente dentro de uma mesma Cadeia de Valor, mas também observando as potenciais relações com outras. Essa abordagem permite mudar o paradigma de territórios viáveis para territórios colaborativos, integrados, competitivos e, cada vez mais, sustentáveis.

4. A Cadeia de Valor do Turismo e da Cultura

A Cadeia do Turismo e Cultura pode ser compreendida como um ciclo contínuo de

interação de atividades econômicas no território, visando ao desenvolvimento e entrega de produtos e serviços. Essas atividades são compreendidas em cinco Camadas de Agregação de Valor, reveladas pela natureza das atividades em questão – seja de extração e/ou produção de insumos (matéria prima), de transformação, de distribuição de bens, produtos e serviços, de comercialização de produtos acabados, e também de prestação de serviços específicos. Ou seja, constituem um ciclo contínuo de interação entre os cinco grupos de atividades econômicas análogas e predominantes no território, relacionando-se de modo direto entre si. Ainda, possuem grande poder de integração local, potencializando a inovação e sustentabilidade tanto da própria Cadeia de Valor como do local onde ela se insere. Esse ciclo é ilustrado de modo simplificado a seguir:

Figura 1: Diagrama síntese da Cadeia de Valor do Turismo e Cultura.

Fonte: Elaboração dos autores.

território

Distribuição de produtos

Comercialização de produtos

Beneficiamento de produtos

Extração/ produção in natura Serviços

especializados

sustentabilidade

inovação

interação

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As Camadas de Agregação de Valor compreendem as atividades econômicas predominantes, descritas resumidamente da seguinte forma: (i) Extração/ produção in natura: Predominância de produção de matéria prima para artesanato e instrumentos musicais, tais como: barro; fibras e sementes; madeiras; e atividades semelhantes; (ii) Beneficiamento de produtos: Predominância de atividades industriais e de transformação, tais como: tecelagens; olarias; fabricação de instrumentos e equipamentos musicais; e atividades semelhantes; (iii) Distribuição de produtos: Predominância de atividades de distribuição e logística, tais como: comércio atacadista; representações comerciais; distribuidoras; e atividades semelhantes; (iv) Comercialização de produtos: Predominância de atividades de comercialização de produtos acabados, tais como: obra de arte; equipamentos musicais; e atividades semelhantes; (v) Serviços de Turismo e Cultura: Predominância de atividades de serviços de hospedagem e culturais, tais como: receptivos turísticos; agências de viagem; produção audiovisual e musical; artes cênicas; restauro e conservação de obras de arte; discotecas; casas de espetáculos.

5. A Cadeia de Valor de Turismo e Cultura na Região Metropolitana do Recife (RMR) em números

Em Pernambuco, são 6.902 pequenos negócios Optantes pelo Simples Nacional na Cadeia de Valor de Turismo e Cultura. A Região Metropolitana do Recife possui uma grande importância relativa nesse contexto, sendo responsável por mais da metade de todos os empreendimentos desse porte no estado. A distribuição da quantidade de empresas por camadas de agregação de valor revelou também o peso da prestação de serviços que, sozinha, corresponde a 98,5% de toda a Cadeia na RMR e mais da metade em relação ao total desta no estado (Tabela 1).

Tabela 1: Quantidade de pequenos negócios por camada de agregação de valor da Cadeia de Turismo e Cultura na Região Metropolitana do Recife (RMR).

Camadas de agregação de valor

Quantidade de pequenos negócios

PE RMR % do estado

Extração/ produção in natura 0 0 -

Beneficiamento de produtos 55 38 69,0

Distribuição de produtos 3 0 -

Comercialização de produtos 121 66 54,5

Prestação de serviços turísticos e culturais 11.148 6.798 60,0

Total 11.327 6.902 60,9

As atividades relacionadas ao Turismo e a Cultura, isoladamente, não se configuram como das com mais quantidade de pequenos negócios da Região do RMR. No entanto, elas

Fonte: SEBRAE/ PE (2016), com informações da Receita Federal (2016).

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se relacionam de forma direta com outras cadeias que desempenham papeis de grande importância na região, como a de Alimentos e Bebidas, e Construção Civil, por exemplo.

Tabela 2: Principais atividades econômicas da Região Metropolitana do Recife- 2016.

Fonte: Receita Federal (2016).

Além de ser a maior metrópole do Nordeste, a Região Metropolitana do Recife (RMR) é um dos maiores referenciais turísticos do Brasil. Recife e Olinda formam um grande acervo turístico do estado de Pernambuco, porque possuem um repertório turístico e cultural dinâmico. Esse repertório inclui praias, reservas históricas, museus, oficinas de arte, culinária própria, e festas massivas como o carnaval e as festas juninas.

A Região Metropolitana do Recife conta com 141 atrações entre igrejas, capelas, casas de engenho, museus, fortalezas, sítios históricos e estações ferroviárias (Fundarpe, 2016). As Cidades de Recife e Olinda juntas compreendem mais de 70% desse patrimônio. Grande parte das atrações turísticas possui mais de um século de existência e, devido à ação de depreciação natural, precisa de investimentos para conservação e manutenção.

A Região dispõe também de atrativos ambientais, são mais de 20 diferentes reservas ecológicas, parques, jardins e cachoeiras, além de belíssimas praias ao longo do litoral. Para

Atividades MEI Optantes pelo Simples (MEI,

ME, EPP) Categoria

1. Comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios 9.655 11.749 Moda e

Confecção 2. Cabeleireiros, manicure e pedicure 7.276 8.007 Bem-Estar

3. Lanchonetes, casas de chá, de sucos e similares 3.564 4.897 Alimentos e Bebidas

4. Comércio varejista de mercadorias em geral, com predominância de produtos alimentícios

2.253 3.874 Alimentos e Bebidas

5. Comércio varejista de bebidas 3.157 3.677 Alimentos e Bebidas

6. Restaurantes e similares 1.551 3.245 Alimentos e Bebidas

7. Comércio varejista de cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal

2.796 3.242 Bem-Estar

8. Serviços ambulantes de alimentação 3.127 3.196 Alimentos e Bebidas

9. Fornecimento de alimentos preparados preponderantemente para consumo domiciliar

3.050 3.171 Alimentos e Bebidas

10. Obras de alvenaria 2.455 2.569 Construção

Civil

11. Serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas 2.057 2.359 Turismo e Cultura

12. Reparação e manutenção de computadores e de equipamentos periféricos

1.991 2.319 Serviços

13. Instalação e manutenção elétrica 1.952 2.241 Construção

Civil

14. Comércio varejista de materiais de construção em geral 967 2.009 Construção

Civil 15. Atividades de estética e outros serviços de cuidados com a beleza 1.737 1.965 Bem-Estar

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o desenvolvimento cultural, a RMR conta com mais 64 projetos culturais de entidades voltadas à disseminação da história e da cultural local.

Apesar de todos os atrativos turísticos da região, Pernambuco ainda se encontra na nona posição entre os estados brasileiros mais visitados pelos turistas estrangeiros, segundo Ministério do Turismo (2016). A Capital do Estado de Pernambuco trouxe apenas 1,05% do total de turistas estrangeiros que chegaram ao Brasil em 2015 (Tabela 2). Vale destacar a representatividade do Porto do Recife, onde 17,11% dos estrangeiros que chegaram ao Brasil por via marítima, aportaram em Pernambuco, perdendo apenas para o Rio de Janeiro (56,15%). Outro fato relevante é a importância do modal marítimo em relação ao total de turistas que desembarcaram no estado de Pernambuco (14,43%), efeito de um grande número de transatlânticos que tem escolhido o Estado de Pernambuco como destino.

Do total de estrangeiros que chegaram ao Estado de Pernambuco, 70,9% são europeus de origem alemã, italiana, portuguesa e francesa. Em seguida, Argentinos e Americanos são os que mais visitam o Estado de Pernambuco, com 12,5% e 8,7%, respectivamente. Em 2014, houve um acréscimo de estrangeiros oriundos de países como o México, Estados Unidos e Itália devido à Copa do Mundo sediada no Brasil, fato este por consequência de que o Estado de Pernambuco sediou jogos das seleções desses países durante a Copa do Mundo de 2014 (Tabela 2).

Tabela 2: Chegadas de turistas ao Brasil por vias de acesso, segundo as principais Unidades da Federação.

Unidades da Federação

Chegadas de Turistas

Total Vias de acesso

Aérea Marítima Terrestre Fluvial

2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015 2014 2015 (%) Pernambuco/ Brasil

1,21% 1,05% 1,36% 1,31% 24,88% 17,11% 0 0 0 0

Brasil 6.429.852 6.305.838 4.540.509 4.318.429 65.572 55.879 1.795.612 1.870.626 64.159 60.904 São Paulo 2.219.917 2.219.735 2.219.735 2.248.242 182 569 - - - - Rio de Janeiro

1.597.153 1.375.978 1.569.611 1.344.599 27.542 31.379 - - - -

Rio Grande do Sul

907.669 1.080.478 97.226 77.600 - 1.674 769.782 960.726 40.661 40.478

Paraná 837.046 758.973 55.300 56.305 - 50 781.746 701.810 - 808 Santa Catarina

156.976 149.133 69.277 69.302 14.634 217 73.065 79.614 - -

Bahia 145.660 151.660 142.501 142.249 3.159 9.411 - - - - Distrito Federal

100.063 107.208 100.063 107.208 - - - - - -

Ceará 85.025 78.711 82.413 75.903 2.612 2.808 - - - - Pernambuco 78.075 66.232 61.762 56.670 16.313 9.562 - - - - Mato Grosso do Sul

61.999 56.601 - 609 - - 61.999 55.429 - -

Minas Gerais 50.916 47.929 50.916 47.929 - - - - - - Amazonas 50.032 50.290 40.344 42.264 - - 9.688 8.026 - - Rio Grande do Norte

38.014 28.580 36.885 28.517 1.129 63 - - - -

Pará 14.813 20.708 12.075 19.932 - - - - 2.738 776 Fonte: Receita Federal (2016).

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Tabela 3: Chegadas de turistas ao Brasil por vias de acesso, segundo continentes e países de residência permanente, 2014-2015.

Continentes e países de residência permanente

Chegadas de turistas

Total Vias de acesso

Aérea Marítima

2014 2015 2014 2015 2014 2015

Total 78.075 66.232 61.762 56.670 16.313 9.562

África 285 627 253 590 32 37

Angola 105 26 105 26 - -

África do Sul 12 29 6 20 6 9

Cabo Verde 5 419 5 419 - -

Outros países da África 163 153 142 125 26 15

América Central e Caribe 1.741 1.057 1.732 1.049 9 8

Costa Rica 579 146 579 146 - -

Panamá 352 259 351 253 1 6

Cuba 190 314 190 313 - 1

Guatemala 280 95 280 95 - -

Outros países da América Central e Caribe 340 243 802 242 8 1

América do Norte 17.177 6.949 14.647 6.665 2.530 284

Estados Unidos 10.527 5.788 8.314 5.600 2.213 188

México 5.487 734 5.483 728 4 90

Canadá 1.163 427 850 337 313 6

América do Sul 4.445 9.730 2.530 8.812 1.915 918

Argentina 2.792 8.345 977 7.493 1.815 852

Colômbia 624 474 622 472 2 2

Venezuela 581 213 581 209 - 4

Outros países da América do Sul 448 698 350 638 98 60

Ásia 959 605 857 501 102 104

Japão 366 112 363 105 3 7

Israel 165 144 127 88 38 56

China 92 59 57 53 35 6

Outros países da Ásia 336 290 310 255 26 35

Europa 53.242 46.995 41.566 38.957 11.676 8.038

Alemanha 12.564 8.823 9.647 7.330 2.917 1.493

Itália 9.747 8.660 7.721 7.579 2.026 1.081

Portugal 7.849 8.175 7.716 8.037 133 138

França 4.587 5.075 3.484 3.882 1.103 1.193

Suíça 3.976 3.174 2.726 2.607 1.250 567

Espanha 3.500 2.938 2.296 2.371 1.204 567

Inglaterra 2.962 3.441 1.905 1.578 1.057 1.863

Outros paises da Europa 8.057 6.709 6.071 5.573 1.986 1.136

Oceania 226 269 177 96 49 173

Austrália 186 228 145 69 41 159

Nova Zelândia 40 41 32 27 8 14

Outros países da Oceania - - - - - -

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Fonte: Ministério do Turismo (2016).

O papel do segmento de hotelaria na Cadeia de Valor do Turismo e Cultura é fundamental para a consolidação da RMR na rota turística do País. Segundo dados de 2014 disponibilizados pelo Ministério do Turismo (2016), Pernambuco é o 9º maior estado na quantidade de leitos disponíveis em toda rede hoteleira (Tabela 4).

Tabela 4: Oferta hoteleira, cadastrada no Ministério do Turismo, segundo as grandes Regiões e as Unidades da Federação - 2013-2014.

Grandes Regiões e Unidades da Federação

Oferta hoteleira (Leitos)

2013 2014

Brasil 835.747 955.557

Norte 51.793 53.982 Acre 5.609 6.326 Amapá 1.200 859 Amazonas 17.044 20.212 Pará 15.266 15.386 Rondônia 4.474 4.067 Roraima 1.252 1.186 Tocantins 6.948 5.946 Nordeste 219.765 257.890 Alagoas 20.955 25.202 Bahia 68.129 86.101 Ceará 29.069 35.550 Maranhão 14.799 13.454 Paraíba 16.062 12.315 Pernambuco 30.006 35.800 Piauí 6.797 6.049 Rio Grande do Norte 26.081 35.135 Sergipe 7.867 8.284 Sudeste 278.896 339.261 Espírito Santo 27.701 25.439 Minas Gerais 55.601 73.501 Rio de Janeiro 87.553 91.353 São Paulo 108.041 148.968 Sul 166.246 173.865 Paraná 56.463 58.864 Rio Grande do Sul 62.775 69.995 Santa Catarina 47.008 45.006 Centro-Oeste 119.047 130.559 Distrito Federal 12.835 28.263 Goiás 60.640 53.597 Mato Grosso 20.069 21.553 Mato Grosso do Sul 25.503 27.146

Fonte: Ministério do Turismo (2016).

O chamado turismo de negócios tem parcela fundamental no aumento da quantidade de leitos ofertados no Estado. O Estado de Pernambuco tem forte representação nesta modalidade turística. Nos últimos dois anos, o Estado de Pernambuco ultrapassou os estados do Rio Grande do Sul e Espírito Santo, alcançando a 10º posição na quantidade de empresas organizadoras de eventos cadastradas no Ministério do Turismo (Tabela 5).

Tabela 5: Organizadoras de eventos (congressos, convenções e congêneres) cadastradas no Ministério do Turismo, segundo Grandes Regiões e Unidades da Federação.

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Grandes Regiões e Unidades da Federação

Organizadoras de eventos

2012 2013 2015 Var. 12/15 Var. 13/15

Brasil 1.498 1.957 2.285 52,5% 16,8% São Paulo 159 211 329 106,9% 55,9% Rio de Janeiro 140 185 220 57,1% 18,9% Minas Gerais 151 189 205 35,8% 8,5% Distrito Federal 116 151 176 51,7% 16,6% Ceará 89 135 158 77,5% 17,0% Paraná 126 156 133 5,6% -14,7% Santa Catarina 107 106 131 22,4% 23,6% Goiás 95 141 130 36,8% -7,8% Bahia 75 92 129 72,0% 40,2% Pernambuco 53 66 94 77,4% 42,4% Rio Grande do Sul 57 68 83 45,6% 22,1% Espírito Santo 67 96 74 10,4% -22,9% Mato Grosso do Sul 40 50 59 47,5% 18,0% Pará 31 35 50 61,3% 42,9% Maranhão 26 29 41 57,7% 41,4% Amazonas 15 34 40 166,7% 17,6% Sergipe 20 30 37 85,0% 23,3% Paraíba 20 31 33 65,0% 6,5% Rio Grande do Norte 28 30 33 17,9% 10,0% Alagoas 15 23 32 113,3% 39,1% Mato Grosso 33 34 29 -12,1% -14,7% Piauí 9 14 17 88,9% 21,4% Amapá 10 12 15 50,0% 25,0% Acre 5 8 14 180,0% 75,0% Roraima 3 20 12 300,0% -40,0% Tocantins 6 8 8 33,3% 0,0% Rondônia 2 3 3 50,0% 0,0%

Fonte: Ministério do Turismo (2016).

O Recife Convention & Visitors Bureau (RCVB) vem fazendo a promoção do Estado de

Pernambuco, conquistando de forma constante maiores parcelas do market share do Nordeste para o turismo de negócios e eventos.

No início de 2016, a companhia Azul Linhas Aéreas anunciou a instalação de um novo Hub no Aeroporto Internacional dos Guararapes, em Recife (Diário de Pernambuco, 2016). Com 08 novos voos diários adicionais e ligações sem escala para 12 novos destinos, Recife passou a ser assim, a única capital do Nordeste que possui conexões diretas para todas as capitais dos demais estados do Nordeste. Desta forma, o Estado passa a vislumbrar novas oportunidades no desenvolvimento de seu turismo e de toda a Cadeia de Valor de Turismo e Cultura, que está diretamente interligada. Este impacto é sentido, principalmente, no turismo de negócios – já que a Azul ligará outros grandes centros urbanos do Brasil, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília, Curitiba e Porto Alegre.

A RMR possui uma das melhores e mais atrativas praças turísticas do Nordeste. Os problemas internos de mobilidade e falta de especialização da mão-de-obra são fatores negativos para o crescimento da Cadeia de Valor, porém com esforços voltados para resolver esses gargalos, o mercado coloca Pernambuco entre as principais rotas Nacionais para turistas locais e estrangeiros.

É importante enfatizar que o turismo é o principal elemento catalizador de oportunidades para os pequenos negócios da Cadeia de Valor de Turismo e Cultura. Através do

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desenvolvimento do turismo, novos clientes e oportunidades surgem para a expressão cultural, novas demandas são desenvolvidas para o investimento nesses segmentos. Sabe-se que a população local da RMR é grande consumidora de produtos de cultura e lazer, mas a valorização é, muitas vezes, acentuada pelos turistas que visitam nosso estado. Por conta disso, muitas das informações e estatísticas aqui apresentadas são direcionadas para o turismo. Além disso, dados estatísticos, principalmente, sobre cultura e lazer são mais difíceis de serem obtidos, por sua própria natureza

Por fim, é sempre importante ressaltar que a busca pela integração dos diversos segmentos da Cadeia de Valor do Turismo e Cultura é uma oportuna abordagem para diminuição ou solução dos gargalos, gerando ganhos significativos e deixando o legado da nova forma de se relacionar com fornecedores, concorrentes e clientes, fortalecendo o território em questão.

6. Matriz SWOT da Cadeia de Valor do Turismo e Cultura da RMR

A análise SWOT7, conceito desenvolvido para o planejamento na administração de empresas, pode também ser utilizado para o estudo de Cadeia de Valor do território, como este em questão. Em geral a análise é apresentada a partir de uma matriz, onde as forças e fraquezas são pontos que devem ser analisados para o ambiente interno da empresa, e as oportunidades e ameaças são externas, dependem da conjuntura econômica externa e de outros fatores impossíveis de serem abordados apenas no âmbito do negócio em questão.

Ressalta-se que, para fins desse trabalho, analisa-se o ambiente interno como todas as questões que são diretamente compreendidas pela atividade empresarial propriamente dita, interiores à empresa. Já no ambiente externo, busca-se a perspectiva de aspectos setoriais, ou seja, externo à empresa, mas comum ao coletivo delas, e sistêmicos, onde os pontos a serem mitigados e/ ou potencializados ultrapassam a mobilização empresarial individual e coletiva, envolvendo outros fatores e atores para além da atividade empreendedora.

Isso posto, os dados secundários apresentados neste estudo, as entrevistas realizadas com atores institucionais relevantes para a Cadeia de Valor do Turismo e Cultura, as pesquisas em bases de dados da Receita Federal, IBGE e outras fontes, juntamente com informações sobre o comportamento da Economia Brasileira e das políticas macroeconômicas e setoriais vigentes, permitiram elaborar uma Matriz SWOT para o planejamento estratégico dos agentes envolvidos nessa Cadeia de Valor.

Figura 3: Matriz SWOT – Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças da Cadeia de Valor do Turismo e Cultura na Região Metropolitana do Recife. AJUDA ATRAPALHA a. Forças (Strengths) b. Fraquezas (Weaknesses)

7 A Sigla SWOT significa Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats – em português, Forças, Fraquezas, Oportunidades, Ameaças, que juntas fazem a Matriz FOFA, na versão brasileira. Portal do Administrador (2016) e Kotler (2012).

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Organ

izaç

ão Interna

� Atrativos naturais e climáticos favoráveis; � Cultura rica e diversificada; � Estrutura portuária e aeroportuária próxima e

moderna; � Polo atrativo para o turismo de negócios, de

compras e médico; � Boa receptividade aos turistas; � Cadeia de Valor interligada, com segmentos

diversificados e potencialmente complementares, inclusive com outras Cadeias de Valor (como Alimentos e Bebidas e Construção Civil).

� Má formação e escassez de mão de obra; � Problemas com embalagens e logística de

produtos culturais; � Falta de profissionalismo e predominância

de empresas informais; � Má gestão financeira dos negócios da

Cadeia de Valor; � Baixa conexão entre os diversos

segmentos da Cadeia de Valor; � Baixa qualidade dos pontos de

comercialização de produtos. c. Oportunidades (Opportunities) d. Ameaças (Threats)

Ambien

te Externo

� Mercado turístico diversificado para lazer, negócios, compras, médico, eventos, entre outros;

� Expansão para mercados nacionais e internacionais dos produtos culturais;

� Interação entre agentes para facilitar a comunicação e acesso a informações ao turista;

� Uso de meios digitais para venda de produtos da cultura pernambucana;

� Novos investimentos na mobilidade territorial; � Investimentos em aparelhos turísticos.

� Crise econômica acentuada pela incerteza reduzindo a renda das famílias e o consumo;

� Logística complicada para venda de produtos culturais;

� Incertezas quanto a incentivos para a cultura;

� Segurança pública precária para os turistas;

� Poucos incentivos para a atração de turistas estrangeiros;

� Oferta local de atrativos turísticos sem manutenção.

Fonte: Elaboração dos autores, a partir das entrevistas, pesquisa de dados secundários e análise da conjuntura econômica (2016).

a. Forças

As forças desta Cadeia de Valor estão apresentadas no primeiro quadrante da matriz, representando suas aptidões mais fortes e suas vantagens competitivas. Destacam-se como forças:

� A RMR e seu entorno dispõem de uma diversidade de atrativos naturais favoráveis ao turismo, com praias, rios, áreas de preservação ambiental e um clima muito agradável durante o ano inteiro.

� Recife e Olinda são cidades históricas, muito antigas, com um acervo cultural vasto e disponível para a visitação. Esta cultura rica e diversificada atrai turistas e colabora para que a cultura e o lazer sejam apreciados.

� A RMR dispõe de um porto navegável, com instalações renovadas e atrativos turísticos, culturais e de lazer para que novos turistas possam conhecer nossa cultura a partir de viagens de transatlântico. Ao mesmo tempo, turistas que cheguem à RMR por via aérea dispõem de um aeroporto renovado, que foi considerado um dos melhores do Brasil recentemente, e que está dentro da cidade do Recife, reduzindo custos com deslocamentos para a rede hoteleira.

� O turismo de Recife é diversificado, pois atrai turistas para os atrativos naturais e culturais, mas também se desenvolveram novos polos de atratividade, como os turismos de negócios, médico e de compras.

� O cidadão da RMR, apesar de sua dinâmica de metrópole, tem o hábito de receber bem os turistas, o que proporciona uma abertura para o incentivo em novos negócios para não somente o turismo, como também a cultura e o lazer.

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� O turismo na RMR é diversificado, como já mencionado, mas também diretamente interligado com os demais pequenos negócios desta Cadeia de Valor. Ainda, as Cadeias de Valor de Alimentos e Bebidas e da Construção Civil são fortemente relacionadas ao Turismo e Cultura, seja pelos bares, restaurantes e oportunidades de vivenciar o turismo rural em locais de produção de alimentos, como pela necessidade de qualificar o design de interiores e demais projetos de arquitetura urbanismo e paisagismo de equipamentos turísticos, visando a aumentar a sua atratividade.

b. Fraquezas

As fraquezas no segundo quadrante indicam as aptidões que inexistem ou são de baixa qualidade, atrapalhando o amplo desenvolvimento da Cadeia de Valor do Turismo e Cultura, baseando-se na sua organização interna. Foram identificados como principais fraquezas os seguintes pontos:

� Apesar de o cidadão pernambucano ser muito amigável e receptivo aos turistas que visitam a RMR, a mão de obra dos pequenos negócios da Cadeia de Valor do Turismo e Cultura é pouco qualificada, podendo causar má impressão e avaliações fracas em portais que avaliam esses tipos de negócios.

� Os produtos culturais da RMR são frágeis e muitos clientes de outras regiões e estado compram localmente ou tentam comprar à distância. Este tipo de venda é comprometido pela baixa qualidade das embalagens e falta de apoio logístico.

� Os pequenos negócios da Cadeia de Valor de Turismo e Cultura são, em muitos casos, voltados para a prestação de serviços. Esta característica faz com que haja uma predominância de empresas informais que leva a uma percepção de falta de profissionalismo.

� A informalidade já mencionada é grande responsável pela má gestão financeira observada em muitos dos pequenos negócios desta Cadeia de Valor, principalmente nos negócios culturais e de lazer.

� Embora visto que os negócios de turismo, cultura e lazer na RMR tem um grande potencial de interligação, de fato observa-se que esta conexão é baixa, que poderia ser mais explorada.

� Alguns dos pequenos negócios da Cadeia de Valor, principalmente dos negócios culturais estão localizados em instalações precárias, dificultando o acesso e fazendo com que o valor dos produtos seja diretamente afetado.

c. Oportunidades

As oportunidades desta Cadeia de Valor do Turismo e Cultura são apresentadas no terceiro quadrante da matriz e representam fatores externos que influenciam positivamente os seus pequenos negócios. Não existe um controle direto sobre estes fatores que podem ocorrer de diversas formas e serem oriundos de outros atores econômicos. Dessa forma, as principais oportunidades são:

� O Mercado de Turismo na RMR tem uma diversificação já mencionada que inclui lazer, negócios, compras, médico, eventos, entre outros, que representam possibilidades de desenvolvimento para atender esta demanda diversificada.

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� Os produtos culturais da Cadeia de Valor têm aceitação e reconhecimento nacionais e até mesmo internacionais, representando uma oportunidade para expansão de novos clientes.

� A proximidade entre diversos prestadores de serviços bem qualificados gera oportunidades para a facilitação da comunicação e disponibilidade de informações para o turista.

� Os meios digitais estão disponíveis para a comercialização de produtos culturais. Muito pouco é explorado e o crescimento deste tipo de negócio é considerável.

� Novos investimentos na mobilidade territorial, com melhorias nas estradas que contornam a RMR e investimentos no porto e aeroporto de Recife trarão mais demanda turística para a Cadeia de Valor e mais oportunidades para os pequenos negócios.

� O investimento em aparelhos turísticos por parte do setor público vem se tornando uma realidade ao longo dos anos recentes. A crise econômica atual tem dificultado novos investimentos, mas ainda assim há oportunidades de investimentos futuros.

d. Ameaças

Ao contrário das oportunidades, as ameaças são fatores externos que influenciam negativamente a Cadeia de Valor do Turismo e Cultura e seus pequenos negócios.

� Crise econômica acentuada pela incerteza reduzindo a renda e o consumo das famílias. Este fato traz consequente redução em todos os seguimentos, inclusive para os pequenos negócios da Cadeia de Valor de Turismo e Cultura.

� Os produtos culturais da RMR têm grande aceitação fora da região, mas a logística, que engloba a embalagem e o transporte destes produtos, é muito complicada.

� A crise econômica atual e a falta de uma política continuada voltada à cultura têm sempre trazido incertezas para os incentivos em cultura, dificultando a continuidade de iniciativas locais.

� A violência na RMR tem aumentado nos últimos tempos e representa um forte entrave para a vinda de novos turistas.

� A promoção internacional da RMR para a atração de turistas internacionais é muito pouco incentivada, resultando em números muito baixos.

� O desgaste natural e o vandalismo dos atrativos turísticos na RMR necessitam uma permanente atuação para a conservação destes bens públicos. Diversas reclamações são feitas da falta de conservação destes bens.

Importante reforçar a necessidade de compreender, de “ler” o ambiente externo sob os aspectos setoriais e sistêmicos. Algumas oportunidades e ameaças podem ser aproveitadas e resolvidas no ambiente setorial, onde é beneficiado o coletivo de empresas, por exemplo, com o suporte de entidades de representação empresarial e de classe, associações e cooperativas, entre outras. Já outras oportunidades e, principalmente, ameaças, precisam ser tratadas num aspecto mais abrangente no que tange o envolvimento de órgãos públicos e privados, exigindo uma análise de ambiente externo sistêmico.

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A análise do alcance desses ambientes e, como consequência, dos impactos de intervenções direcionadas ao ambiente setorial ou sistêmico, é importante para definir que tipos de ações e – fundamental – respectivas parcerias institucionais precisam ser conquistadas.

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7. Considerações Finais

O presente estudo da Cadeia de Valor de Turismo e Cultura indica que esse conjunto de atividades possuem grande complexidade e diversificação na economia pernambucana, gerando valor, renda e empregos. A explicação vem, em grande parte, da cultura rica e diversificada da região, dos atrativos naturais e clima favorável e, também, da ótima receptividade que o pernambucano tem com os turistas.

De maneira geral, o estudo permitiu destacar também na Região Metropolitana do Recife outras três grandes categorias de atividades: Turismo de negócios, Turismo de compras e Turismo médico. Há uma série de oportunidades relacionadas a esses três tipos de turismo e podem ser exploradas para um maior desenvolvimento da Cadeia de Valor.

Em termos de infraestrutura de apoio, as estruturas portuária e aeroportuária ajudam bastante, pois são equipamentos que estão muito bem localizados e passaram por processos de modernização recentes. Já o acesso pelo modal viário está precisando de investimentos, sendo um entrave para o turismo que vem do interior do estado ou de outros estados.

Por outro lado, o estudo também apresenta que problemas internos à cadeia precisam ser resolvidos. Há poucos materiais de divulgação das atividades de turismo e cultura pernambucanas que apresentem informações sobre compras, atributos culturais, negócios, lazer e outros atrativos turísticos. Esta falta de conexão entre os agentes compromete a agregação de valor que poderia existir e deixa o turista, seja local ou de fora, pouco informado sobre o potencial da RMR

Ainda, a informalidade de muitos contribui para a má gestão financeira e falta de profissionalismo dos pequenos negócios da Cadeia de Valor. Os produtos culturais são vendidos em estabelecimentos muitas vezes de baixa qualidade, com problemas de embalagens e logística para a entrega. Por fim, a mão de obra pouco qualificada também compromete o atendimento ao cliente.

O cenário cambial atual traz, de certa forma, oportunidades para a Cadeia de Valor de Turismo e Cultura. Os turistas brasileiros estão trocando destinos internacionais por destinos nacionais e os turistas estrangeiros agora tem um poder de compra mais elevada por conta do câmbio estar mais favorável para quem detém dólar, como moeda. Há, também, diversos projetos de melhorias na mobilidade do território e investimentos em aparelhos turísticos que irão trazer novas opções para os turistas.

Por outro lado, a crise econômica tem consequências sobre a renda das famílias, que pode significar, também, reduções futuras no consumo de produtos e serviços relacionados à Cadeia de Valor do Turismo e Cultura. Além disso, a segurança pública tem sofrido uma deterioração, trazendo más avaliações da RMR como destino turístico.

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8. Referências

Diário de Pernambuco. Caderno de Economia. Azul Escolhe Pernambuco como Hub do Nordeste. <http://www.diariodepernambuco.com.br/app/noticia/economia/2016/01/25/internas_economia,623301/azul-escolhe-pernambuco-como-hub-do-nordeste.shtml>. Acesso em Abril, 2016.

Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). <http://www.cultura.pe.gov.br/patrimonio/>. Acesso em Abril, 2016.

Kotler, Philip e Keller, Kevin Lane. Administração de Marketing. Ed. 14. Pearson Education, 2012.

Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), <https://caged.maisemprego.mte.gov.br/portalcaged/paginas/home/home.xhtml>. Acesso em Março, 2016.

Ministério do Turismo. Dados e Fatos. <http://www.dadosefatos.turismo.gov.br/dadosefatos/home.html>. Acesso em Maio, 2016.

Portal Administração. Análise SWOT Conceito e Aplicação. <http://www.portal-administracao.com/2014/01/analise-swot-conceito-e-aplicacao.html>. Acesso em Abril, 2016.

Porter, M.E. Vantagem Competitiva. Criando e Sustentando um Desempenho Maior. Ed. Campus, 27ª. Ed. 1989.

Receita Federal do Brasil. Estatísticas do SIMPLES Nacional. <http://www8.receita.fazenda.gov.br/SimplesNacional/Aplicacoes/ATBHE/estatisticasSinac.app/>. Acesso em Março, 2016.

Recife Convention & Visitors Bureau. <http://www.recifecvb.com.br/>. Acesso em Maio, 2016.

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE). Arranjo Produtivo Local – Série Empreendimentos Coletivos. <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/Arranjo-produtivo-local-%E2%80%93-S%C3%A9rie-Empreendimentos-Coletivos>. Acesso em Abril, 2016

_________________. Programa Nacional de Encadeamento Produtivo. <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/Programas/Programa-Nacional-de-Encadeamento-Produtivo>. Acesso em Abril, 2016.

_________________. ENCADEAR. Fórum de Encadeamento Produtivo. Pequenas e Grandes Empresas Trabalhando Juntas. <http://www.encadearsebrae.com.br/Apresentacao.asp>. Acesso em Abril, 2016.

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Apêndices

Apêndice I - Relação, quantidades e descrição dos CNAE que compõem a Cadeia de Valor do Turismo e Cultura na Região Metropolitana do Recife, por camada de agregação de valor, em março de 2016.

Apêndice II - Cartografia da distribuição espacial dos pequenos negócios da Cadeia de Valor do Turismo e Cultura em Pernambuco (totais por município, e totais por camadas de agregação de valor), onde:

Mapa 1: PERNAMBUCO – Quantidade de Empresas na Cadeia de Valor do Turismo e Cultura

Mapa 2: PERNAMBUCO – Quantidade de Empresas de Produção de Matéria-prima na Cadeia de Valor do Turismo e Cultura

Mapa 3: PERNAMBUCO – Quantidade de Empresas de Beneficiamento na Cadeia de Valor do Turismo e Cultura

Mapa 4: PERNAMBUCO – Quantidade de Empresas de Distribuição na Cadeia de Valor do Turismo e Cultura

Mapa 5: PERNAMBUCO – Quantidade de Empresas de Comercialização na Cadeia de Valor do Turismo e Cultura

Mapa 6: PERNAMBUCO – Quantidade de Empresas de Prestação de Serviços na Cadeia de Valor do Turismo e Cultura

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CNAE que compõem a Cadeia de Valor do turismo e cultura na Região Metropolitana do Recife, por camada de agregação de valor, em março de 2016.

1 – PRODUÇÃO DE MATÉRIA PRIMA

DESCRIÇÃO CNAE N. P.N.

Não há. - 0

TOTAL 0 CNAE 0

2 – BENEFICIAMENTO

DESCRIÇÃO CNAE N. P.N.

Fabricação de instrumentos musicais, peças e acessórios 3220500 24

Fabricação de artefatos para pesca e esporte 3230200 12

Fabricação de mesas de bilhar, de sinuca e acessórios não associada à locação 3240002 2

TOTAL 3 CNAE 38

3 – DISTRIBUIÇÃO

DESCRIÇÃO CNAE N. P.N.

Não há. - 0

TOTAL 0 CNAE 0

4 – COMERCALIZAÇÃO DE PRODUTOS ACABADOS

DESCRIÇÃO CNAE N. P.N.

Comércio varejista especializado de instrumentos musicais e acessórios 4756300 66

TOTAL 1 CNAE 66

5 – PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

DESCRIÇÃO CNAE N. P.N.

Agenciamento de profissionais para atividades esportivas, culturais e artísticas 7490105 4

Agências de viagens 7911200 800

Albergues, exceto assistenciais 5590601 36

Aluguel de fitas de vídeo, DVDs e similares 7722500 63

Aluguel de palcos, coberturas e outras estruturas de uso temporário, exceto andaimes 7739003 111

Apart-hotéis 5510802 2

Artes cênicas, espetáculos e atividades complementares não especificados anteriormente 9001999 112

Atividades de exibição cinematográfica 5914600 4

Atividades de gravação de som e de edição de música 5920100 43 Atividades de jardins botânicos, zoológicos, parques nacionais, reservas ecológicas e áreas de proteção ambiental

9103100 1

Atividades de pós-produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão não especificadas anteriormente

5912099 234

Atividades de produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão não especificadas anteriormente

5911199 88

Atividades de produção de fotografias aéreas e submarinas 7420002 19

Atividades de sonorização e de iluminação 9001906 224

Atividades de televisão aberta 6021700 2

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Campings 5590602 5

Casas de bingo 9200301 1

Casas de festas e eventos 8230002 308

Clubes sociais, esportivos e similares 9312300 10

Discotecas, danceterias, salões de dança e similares 9329801 14

Distribuição cinematográfica, de vídeo e de programas de televisão 5913800 4

Ensino de arte e cultura não especificado anteriormente 8592999 326

Ensino de artes cênicas, exceto dança 8592902 33

Ensino de dança 8592901 7

Ensino de música 8592903 124

Escafandria e mergulho 7490102 5

Estúdios cinematográficos 5911101 20

Exploração de jogos de sinuca, bilhar e similares 9329803 4

Filmagem de festas e eventos 7420004 234

Gestão de espaços para artes cênicas, espetáculos e outras atividades artísticas 9003500 7

Gestão de instalações de esportes 9311500 10

Hotéis 5510801 207

Laboratórios fotográficos 7420003 16

Motéis 5510803 62

Operadores turísticos 7912100 144 Organização de excursões em veículos rodoviários próprios, intermunicipal, interestadual e internacional

4929904 1

Outras atividades esportivas não especificadas anteriormente 9319199 11

Outros alojamentos não especificados anteriormente 5590699 111

Parques de diversão e parques temáticos 9321200 11

Pensões (alojamento) 5590603 32

Produção de espetáculos circenses, de marionetes e similares 9001904 2

Produção de espetáculos de dança 9001903 8

Produção de espetáculos de rodeios, vaquejadas e similares 9001905 3

Produção de filmes para publicidade 5911102 19

Produção e promoção de eventos esportivos 9319101 24

Produção musical 9001902 855

Produção teatral 9001901 101

Restauração de obras de arte 9002702 28

Serviços de dublagem 5912001 2

Serviços de mixagem sonora em produção audiovisual 5912002 5

Serviços de organização de feiras, congressos, exposições e festas 8230001 2.158

Serviços de reservas e outros serviços de turismo não especificados anteriormente 7990200 99

Transporte aquaviário para passeios turísticos 5099801 14

Tratamentos térmicos, acústicos ou de vibração 4329105 30

TOTAL 54 CNAE 6.798

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