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Turismo Pedaggico

Turismo PedaggicoA escola na sociedade do sculo XXITurismo pedaggico como alternativa de currculo integradoA organizao do trabalho no turismo pedaggico

A escola na sociedade do sculo XXI

Vivese, hoje, um tempo que se acreditava longnquo: o tempo da proximidade concomitante distncia, o tempo da celeridade, da fugacidade, da falta de certezas.

O cidado deste incio do sculo XXI deparase com um mundo cada vez menor, em que os avanos tecnolgicos permitem e incentivam o contacto e o relacionamento com pessoas de qualquer lugar do planeta e tornam as informaes instantneas.

Olha, para os desafios do Sculo XXI, no que se refere ao Processo de Ensino Aprendizagem, hora de rever a escola do sculo XXI e a importncia de seu papel na formao dos cidados deste tempo.

A questo que deve permear e inspirar o trabalho dos professores nesse processo de redefinio das funes do sistema educacional deve ser: que sociedade queremos?

SANTOM (1996, p. 62) afirma que para se construir sociedades cada vez mais humanas, democrticas e solidrias, necessrio educar pessoas com maior amplitude e flexibilidade de olhares, ou seja:A escola e o trabalho nela desenvolvido devem estar a servio da formao de cidados envolvidos na transformao das condies de vida do planeta, objetivando um desenvolvimento sustentvel.O papel do professor fundamental, pois ser ele o promotor da referida cidadania crtica, pois este poder, estabelecer elos entre o conhecimento escolar e os conhecimentos que os estudantes trazem consigo (MOREIRA, 1999, p. 8889), para que a escolarizao possa cumprir seu compromisso social.

Turismo pedaggico como alternativa de currculo integrado

O currculo organizado por disciplinas, com fronteiras bem definidas, com tempos e espaos delimitados, denominado por Bernstein currculo de coleo (DOMINGOS et all., 1986, p. 151). Tratase de um tipo de currculo que promove um ensino em profundidade, de forma que a especializao vai sendo cada vez maior medida que diminui o nmero de contedos fechados dentro da coleo (p. 152).Cada professor actua em seu campo, j que o conhecimento est organizado em contedos isolados.

Se a escola pretende contribuir para o crescimento saudvel dos jovens e promover atitudes e destrezas associadas ao modo democrtico de vida, um currculo formado por disciplinas com fronteiras bem delimitadas no suficiente. preciso ajudar os jovens a integrar suas prprias experincias e promover a integrao democrtica entre eles (BEANE, 2003, p. 94).Entre os propsitos importantes das escolas numa sociedade democrtica, est o de promover um currculo que enfatiza valores para o bem comum, criando situaes em sala de aula que abordem questes reais, problemas e preocupaes do diaadia (p. 9698). considerar o conhecimento como um instrumento dinmico que indivduos e grupos podem usar para abordar questes nas suas vidas.

E que, nas mais diversas situaes cotidianas, precisa ser utilizado de forma abrangente, no segmentado segmentao essa que tem sido predominantemente apresentada na escola (p. 9697).Essa concepo de currculo que busca relaes em todas as direes chamado:por BEANE (2003, p. 94) de integrao curricular, e por BERNSTEIN (DOMINGOS et al., 1986, p. 151), de currculo de integrao.As experincias que resultam dessa integrao permitem reflexes que podem tornarse um recurso para lidar com problemas, questes e outras situaes, tanto pessoais quanto sociais, medida que estas surgem no futuro (BEANE, 2003, p. 93).

Uma integrao curricular, ou currculo de integrao, utiliza uma compreenso abrangente da organizao e da utilizao do conhecimento (BEANE, 2003 p. 96). Tratase de abordar o conhecimento atravs de questes reais, um problema ou situao da vida cotidiana (BEANE, 2003 p.97). Assim, temse uma prtica pedaggica dinmica e vvida, com momentos de integrao e de relao dos conhecimentos cientficos entre si e com as questes cotidianas.

A organizao do trabalho no turismo pedaggico

O turismo pedaggico uma modalidade recente de turismo. Por ser recente, corre o risco de no ser planificada e executada com o foco na actividade pedaggica, pois vai muito alm das excurses organizadas pelas escolas com fim ldico em primeiro lugar.A diverso, o entretenimento e o prazer, cones das atividades ligadas ao Turismo, devem estar presentes (VINHA, 2005, p. 15), mas no podem se constituir no principal objetivo da actividade, sob pena de descaracterizla.Apenas se for devidamente projetada e realizada por pessoas com fundamentao tericopedaggica, que a actividade de turismo pedaggico vai contribuir para o desenvolvimento dos alunos.

A actividade de turismo pedaggico considerada, nesta pesquisa, a prtica pedaggica desenvolvida em trs etapas bsicas que devem ser cuidadosamente planificadas (VINHA, 2005, p. 7). Essa planificao deve levar em considerao a complexidade das aprendizagens, explcitas ou implcitas, presentes na oferta curricular, buscando possibilidades de relao e contribuies, advindas dos diferentes campos do conhecimento.As trs etapas so as seguintes:1) Despertando a curiosidade2) AulaPasseio3) Compartilhando as Experincias1) Despertando a curiosidade o momento que antecede aulapasseio, no qual ocorre a planificao da actividade. Grande parte do sucesso do trabalho depende desse primeiro momento. Nele, a aulapasseio deve ser pensada em termos estruturais (organizao do evento, contacto com prestadores de servios, agendas) e em termos pedaggicos (actividades que devem ser feitas ainda na escola para despertar o interesse dos alunos, visitas a serem realizadas e a planificao das relaes que podem da derivar).

Os alunos devem ser preparados para participar da aulapasseio, considerando: a postura adequada a ser adoptada nos locais a serem visitados; o estudo da histria e dos costumes locais; e a realizao de leituras sobre o que vai ser visto e feito. nesse momento, ainda em sala de aula, que o professor deve explicitar aos alunos o que est sendo esperado deles, o que est sendo avaliado.

2) AulaPasseioConfigurase na actividade em si, ou seja, a viagem, as visitas, as entrevistas... Pode durar um turno, um ou mais dias. preciso que seja bem planificado, com o cunho pedaggico sempre em primeiro lugar. Para tanto, o professor planifique e orienta a seleco dos contedos a serem estudados e a sequncia das actividades. A ritmagem tambm orientada pelo professor, que observa o interesse e o desenvolvimento dos alunos para que possa estabelecer o tempo da actividade.

3) Compartilhando as ExperinciasAps a aulapasseio, em sala de aula, os alunos devem ser estimulados a discutir as vivncias atravs de actividades de retomada do contedo estudado. o momento, portanto, da avaliao do trabalho de turismo pedaggico tanto do planificado (do Despertando a Curiosidade) quanto da AulaPasseio. O foco na aprendizagem dos alunos.Segundo PELIZZER (2005), este processo, ao levar o aluno a uma viso do mundo e do homem no tempo e no espao, pode resultar em mudana de atitudes perante a vida, promovendo uma melhor adaptao do indivduo consigo mesmo e com o meio em que vive. Esta atividade extraclasse, que implica numa viagem ou excurso, deve ser conduzida como um meio do qual se pode atingir as finalidades do processo. Desta forma, o aluno vai sentir que os elementos estudados na escola separadamente, como geografia, histria, arte, economia, religio, vida social e poltica so encontrados e vivenciados como se apresentam na realidade, isto , integrados no todo e isso que vai agregar valor ao currculo escolar garantindo a qualidade do ensino dos contedos programticos.

Ainda em Piza, o estudo do meio tem dois objetivos a atingir:a) No campo do conhecimento;b) No campo das atitudes.No campo do conhecimento o objetivo dar oportunidade ao aluno de identificar e vivenciar. Para isso, destaca o autor os seguintes aspectos pedaggicos: espao geogrfico; caractersticas da populao - hbitos e costumes ; importncia da economia; meios de transporte; msica, danas e folclore; influncia artstica e religiosa e condies de saneamento bsico.

No campo dos aspectos didticos atitudinais, o turismo pedaggico fruto de experincias que proporcionaro ao aluno, fora do ambiente da famlia e da escola, o uso de sua liberdade, ou seja, um momento em que ele desenvolver o esprito de responsabilidade frente a si e aos seus companheiros de viagem, exercitando sua sociabilidade, sua participao, sua liderana, seu respeito ao prximo e uma constante busca de solues para os problemas novos e sua anlise crtica aos padres morais existentes. um momento extremamente importante para aprendizagem do aluno, pois conta com a autonomia para construir e reconstruir smbolos.

Curiosidade:O termo aulapasseio foi utilizado por CLESTIN FREINET (18961966), para definir uma de suas tcnicas: as aulas fora do contexto da sala. Este educador francs marcou a Escola Nova ao defender uma experincia renovadora de ensino em que valorizava o trabalho manual, centrando a educao no trabalho, buscando a ampliao dos olhares para fora do espao escolar (VINHA, 2005, p.3). O estudo do meio, o texto livre, a imprensa na escola, a correspondncia interescolar, o fichrio escolar cooperativo e a biblioteca de trabalho so algumas das tcnicas que empregava (GADOTTI, 2006, p.177).