Turnos - Jennifer Santos

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Para Kamila Ataíde e Natalia Fernanda

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TURNOS

Não se conhece completamente um alguém ou uma ciência enquanto não se souber da sua história.

(Adaptação de pensamento de Auguste Comte)

Para Kamila Ataíde e Natalia Fernanda.

Introdução

Olá, queridas. Queria dar-lhes um presente enorme, algo que pudesse significar algo grande, mas cheguei a conclusão de que não havia muito que pudesse fazer. Pensei então, em basear em algo que compartilhassemos. Não foi uma escolha difícil, mesmo por quê, por mais que tenhamos várias coisas em comum - além das várias diferenças - a escrita é, certamente, um amor do qual somos dotadas. Não vou lhes pedir autorização para escrever em nome de seus personagens, pois quero fazer-lhes uma surpresa - e não teria a mínima graça se eu fosse pedir, pois descobririam. Então, caso haja alguma incompatibilidade com o pensamento de algum personagem de vocês peço-lhes apenas que me perdoem.

Desejo, acima de tudo, que gostem do presente, pois está sendo preparado com todo o carinho. Será algo que farei, e prometo ir até o fim. Começo aqui, às 18:38 do dia 11/02/13, escreverei o mais rápido que puder - mas não acredito que terminarei tão cedo.

Enfim, acabando com todas as procrastinações e blábláblás acho que está na hora de começar com iss aqui. Amem o livro e me amem ainda mais por tê-lo escrito para vocês.

E ah, só pra deixar claro aqui que as amo.

Da baixinha eternamente de vocês.

( O livro, por ser algo escrito por ela pras amigas, é de emocionar. Traz histórias envolventes e apaixonantes. Vale a pena ler, principalmente se você se chama Kamila ou Natalia e é uma de suas melhores amigas. )

- J.K Rowling, autora a série Harry potter

(BRINCADEEIRA )

HISTÓRIA 1

JDFoi em 2010, ainda estávamos no primeiro ano. Tivemos então a ideia de fazer algo com as letras JD que correspondiam, na verdade, ao nosso criado e jamais pulicado “Jornal Decisão” com um comercial que mais parecia um de motel. Então surgiu o motel JD, a fazenda JD e, para os turnos, o estudio JD. O nome das personagens não ficaram de fora, surgiram então a Jennett Dowich e a Demetria Johansen, ambas com o JD em seus nomes.

Estava criada a trama, os turnos começaram e então nos veio a ideia de uma espécie de base em novela mexicana. Tivemos toda a ideia, mas não nos deu pra terminar. Entao agora, Natalia, apresento-lhe nossas – já conhecidas – personagens.

Amigas de infancia, Clarisse e Andressa eram inseparáveis. Cresceram, se formaram, trabalharam, tudo juntas. Com as filhas não podia ser de outra forma. Jennett e Demetria, embora diferentes, são amigas. São donas do conhecido estudio JD, o qual formaram com um sonho. Moram sozinha desde o acidente que levou suas mães, e vivem como irmãs.

DEMETRIA JOHANSENDemi Lovato

“Na maioria das vezes não preciso me apresentar… As pessoas já me conhecem. Não ache que é prepotência de minha parte, de forma alguma, mas sou uma importante empresária e as pessoas me conhecem através do meu trabalho. No início me apresentava pela força do hábito, mas, escutava sempre a mesma coisa: ” Claro que sei quem é você!” E com o tempo isso começa a te irritar. Por isso decidi não me apresentar a mais ninguém. Mas como sei que não me conhecem, abrirei essa exceção. Meu nome é Demetria, mas podem me chamar de Demi, tenho vinte e três anos e, como já disse, sou empresária de um estúdio, o JD. Moro em um apartamento com minha melhor amiga e sua irmã. Mas o engraçado dessa história é que nem sempre fomos melhores amigas. Na verdade, nos odiávamos. Mas, uma tragédia envolvendo nossas mães nos uniu de forma abrupta, já que havia pessoas mais frágeis precisando do nosso apoio. O engraçado das tragédias é que elas sempre te trazem algo de bom. No meu caso, a Jett. Ela pode ter todos os defeitos do mundo mas tem um enorme coração. A considero como irmã e nos damos muito bem, embora o fato de sermos totalmente diferente atrapalhe um pouco as vezes, o nosso gosto pela música supera tudo.”

JENNETT DOWICH(Deborah Ann Woll)

“Me chamo Jennet Dowich, mas fiquem apenas com o Jett, odeio o nome me dado pelo meu pai, costumo me perguntar se ele não tinha criatividade ou queria me amaldiçoar pelo resto da minha vida por que nasci. Moro em um apartamento com minha irmã e minha amiga Demetria, pessoa que odiava até os quinze anos de idade. Isso mesmo, até os quinze anos nós eramos bem rivais até um acidente de carro com nossas mães, que nos fez ficar quase irmãs. Nós duas descobrimos que mesmo sendo totalmente diferentes tinhamos algo em comum, o gosto pela musica. Já tentamos formar uma banda, participamos de várias até que percebemos que o que queríamos não era bem “estar totalmente na musica” mas fazer parte dela indiretamente, então criamos um estúdio de musica, o JD. É, vocês já sabem o que deveriam saber, agora é com vocês!”

01:30 – 26 de julho de 2007

O som do carro estava alto demais, Clarisse Johansen havia

completado 30 anos havia 23 minutos, ela e Andressa comemoravam juntas desde então.

– E semana que vem completamos 31 anos de amizade, Andy.

Andressa estava atenta a pista por qual dirigia, mas voltou-se para ver o que a amiga dizia.

– E somos as únicas a conseguir tal proeza... – Disse Andy, depositando um sorriso aos lábios, mas esse sumiu assim que viu Clairisse baixar a cabeça.

– Queria que por todo este tempo houvesse havido apenas verdades.

Andressa revirou os olhos, a amiga sabia que ela já havia esquecido e não gostava mais de tocar naquele assunto. Já havia se passado tanto tempo...

– Você sabe que nossa amizade jamais enfraqueceu, ou enfraquecerá com isso, Clair. – Tentou tirar um sorriso da amiga com um novo sorriso seu, mas fracassou. – Ei, já passou, você sabe que te perdoei. – E se virou totalmente para fitar Clarisse. – Só tenho medo do que vai acontecer quando a Jett souber...

Claire assentiu com a cabeça e sorriu de canto.

– Tenho medo que ela nos abandone, ela tem a mente adulta demais para uma garota de quinze anos.

Andy riu, concordando com a cabeça. – É verdade...

Ambas riam agora.

– Esquece isso, vamos comemorar. – Aumentou o som do carro, sem se preocupar em olhar a pista.

– Andy, cuidado!

Quando se virou já era tarde, um caminhão vinha na contra mão, rápido demais para que fizessem alguma coisa.

09:30 – 26 de Julho de 2007

– Onde está minha mãe?

Pelo seu tom Jennet parecia bem irritada, mas era apenas seu jeito de demonstrar a dor. Sem lagrimas no olhar, onde podia ser visto apenas fúria.

A seu lado estava Demetria, que soluçava com o choro, abraçada a pequena Annie.

– Calma, Jett. Estamos em um hospital. – Sua voz falhava pelo choro.

Jennet a olhou, repreendendo-a com o olhar. A ignorou totalmente e voltou a gritar com o médico.

– Me diga, eu quero vê-la.

Por dentro, Jennet lutava contra as lagrimas, não queria parecer fraca, jamais iria parecer assim.

– Me acompanhem.

O médico, que parecia jovem demais para a sua profissão seguiu em frente, e elas logo atrás.

Chegaram a um quarto, onde o doutor abriu a porta. Lá estava Clarisse deitada em uma cama, Jett sorriu ao vê-la, parecia estar em um sono profundo.

– Ei, e onde estão os aparelhos? – O sorriso sumiu dos lábios de Jett ao ver a expressão sentida do doutor, já havia passado por isso antes.

– Sinto muito.

Jennet abaixou-se e abraçou sua irmã. Annie, mesmo sendo pequena demais também sabia o que era passar por aquilo desde que perderam sua avó.

Annie estava em estado de choque. Demetria desabou completamente por dentro, horas atrás havia descoberto que perdera sua mãe, Andressa morrera na hora do acidente.

– Vai ficar tudo bem, An.

Annie não falava, nem chorava. Estava paralisada.

Jennet queria chorar, gritar, ou sair derrubando tudo, mas não o fez. Soltou Annie que agora era abraçada por Demetria, caminhou até sua mãe e depositou um ultimo beijo em sua face.

– Tenha bons sonhos.

Atualmente

Havia horas que Jennett ocupava a cadeira no escritório do estúdio. Poderia ter largado mais cedo, junto a Demetria, mas

permaneceu ali com a desculpa de a lista de bandas para colocar em ordem estar ficando enorme, disse-lhe que era melhor colocar em ordem, antes que a bagunçasse se tornasse ainda mais absurda. Era apenas um pretexto, na verdade estava fugindo da conversa séria que Demi dissera que precisava ter com a amiga. Tinha alguma ideia do que se tratava, mas não queria ocupar a mente com tais questões no momento. Distrair-se não estava sendo uma tarefa difícil, eram tantos nomes de bandas ridículos que todo o assunto sério já havia-se ido e seu humor melhorado muito. “ScrollLock” , “Print Screen”, “Barra de espaço”, todas essas bandas com nomes de teclas de computador e ela se perguntando onde havia ido parar a criatividade. O estado crítico seria quando chegasse em uma banda chamada crtl+alt+del, aí ela seguiria, e tiraria o nome da lista sem mesmo escutar.

Quando terminou os agendamentos e a organização das fichas em ordem alfabética, passou um bom tempo na ultima. Nome da banda: Zumzumbaba. Integrantes: Ed, Edd e Eddy. Parou, gargalhou, pôs a ficha no lugar. Mas a perturbara tanto que, após abrir a porta, voltou para ragar o papel. Aquilo podia até ser algum tipo de preconceito, mas ela não queria aquilo na lista.

Enviou uma mensagem de texto para Demi, avisando que já estava indo ao restaurante marcado. Estava cedo e sabia que Demi estaria ocupada até hora marcada - visto que havia saído acompanhada do estúdio, mas não faria mal esperar um pouco.

Desceu as escadas até a garagem, o que fora suficiente para lembrar que deixara o carro em casa. Esperou, por um bom tempo, por um Taxi, mas estava começando a lhe parecer dificil. Encontrou, porém, uma saída. Retirou o celular da bolsa e discou o numero da sua salvação.

A chamada foi atendida ao segundo toque.

– Beck, onde você está? – Perguntou, sem esperar que ele dissesse algo.

- O que eu fiz dessa vez?

Jett, riu. Qualquer pessoa acharia a pergunta do namorado suspeita, mas ela sabia que era meio neurótica, então ele tinha mesmo de se preocupar com calúnias.

– Nada, seu bobo. – Ela revirou os olhos, mesmo que ele não pudesse ver. – Queria saber se pode me buscar aqui no estudio, deixei o carro em casa e estou indo encontrar a Demi em lugar que nem sei onde fica.

Sabia que era estranho, uma vez que Demetria e ela moravam na mesma casa e poderiam muito bem se encontrar lá, mas... Ao falar, já começou a procurar na bolsa o endereço que a outra havia anotado.

- Estou indo aí.

Ela sabia que a resposta dele não seria outra.

Demetria achou que realmente teria um bom encontro, até o momento em que entrou no carro junto ao homem e ele começou a falar. Estavam agora em um restaurante escolhido por ele, e ele não parava de tagarelar sobre as bandas. Devia saber, que um idiota como aquele só queria fazer marketing de sua banda. Vai ver que era necessário apelar para a sedução quando se tinha uma banda chamada “barra de espaço”.

A cada nova frase ela amaldiçoava-se mais por não ouvir a Jett quando ela lhe dizia que a suas relações com membros de bandas deveria ser estritamente profisiional. Continuara ali por

todo o tempo apenas por não ter mais o que fazer, mas o toque irritante do sinal de nova mensagem do seu celular fora o suficiente para levantar-se.

– Desculpe Blake, mas, terei que ir agora. A Jett está me esperando.

Ele enrrugou as sobrancelhas, incrédulo - talvez por não haver conseguido nada além do restaurante.

– Mas você nem comeu nada...

Demetria sabia o que ele quis dizer com “comer”, mas simplesmente deu de ombros.

– Se eu tivesse me divertido um pingo, talvez considerasse. – Ela lhe disse, enviando um sorriso torto. – Mas me parece que você não é do tipoque faz durar.

Ela lhe deu as costas e abandonou o restaurante, entrando no carro.

Durante todo o tempo em que ficara ali, o tédio a fez pensar na séria conversa que teria com Jett. A aflição a tomava, não sabia como a amiga iria reagir. Havia, por muito tempo, tentado lhe contar a verdade, mas simplesmente não conseguia. Por um momento, quis mudar a direção do carro, quis ir para casa e trancar-se, quis fugir da verdade. Então o som de uma cantora pop começou a tocar, indicando-lhe uma nova chamada.

– Já estou indo pra lá – Ela disse. – A Jett já deve ter chegado.

Cada vez que encontrava com Beck, Jett perguntava-se o por quê de tê-lo ignorado tanto antes de começarem a namorar. Dessa vez, estavam entrando no restaurante e, ao ver a imagem de John - o homem a que tinha de chamar de pai - Beck abraçou-lhe, criando um escudo protetor, por que sabia que ela suspeitava do assunto que tinham a conversar com ela, e sabia que agora estava confirmando, era mesmo verdade.

Ela pegou sua mão, e dirigiu a mesa onde o pai se encontrava. Demetria já estava a seu lado, haviam rodado tanto para encontrar o lugar que passara-se a hora do encontro.

Sentou-se em uma cadeira vazia, Beck permaneceu de pé, atrás dela, e ela continuou a segurar-lhe a mão.

- Sim? - Perguntou, tentando quebrar algo da tensão apenas para que alguém começasse a lhe dizer alguma coisa.

O silencio continuou, ninguém parecia ter alguma coragem para lhe contar. Jett então, decidiu acabar com aquilo.

– Eu já sei. - Disse, fazendo com que Demetria desse um pulo da cadeira. – Você não é meu pai.

Quando o homem mais velho assentiu com a cabeça, ela não teve surpresa alguma. Era tudo óbvio demais, tudo sempre esteve claro. A angústia, porém, não deixou de tomar-lhe. Fitou Demi e apertou ainda mais a mão de Beck.

– Tem mais. – Foi a amiga que falou, fazendo com que agora Jennett se surpreendesse. – Quando mais nova, sua mãe e meu pai, bem...

Demetria parou e tomou ar, o medo da reação de Jett a tomava, e já era tarde de mais para desistir de qualquer coisa. Ainda que fosse cedo, era cruel, jamais deixaria seu medo fazer com que a mentira continuasse a tomar Jett.

– Somos irmãs. – Disse, simplesmente, como tantas vezes já havia dito antes, mas agora consciente de que a outra sabia o verdadeiro significado.

Jennett paralisou enquanto vários sentimentos e pensamentos a tomavam.

Demetria esperou, amedrontada e aflita pelo silencio da irmã. A fitava, em busca de qualquer reação, estranhando ao ver um sorriso nos lábios de Jett.

Jett havia compreendido, e sabia que não havia nada de ruim a pensar. Nada fora mentira, elas sempre estiveram como irmãs. Cresceram assim, conviveram assim e, embora não soubesse de nada até agora, nasceram assim. Levantou-se e, calmamente, abraçou Demi. Tudo parecia-lhe estranhamente certo.

HISTÓRIA 2

Beatrice e Brian

Estou me metendo nessa história, visto que não tenho a ver com o Brian ou a Beatrice, mas a Hell é minha, então vocês tem que me desculpar a intromissão. Essa é outra trama antiga, ler traz, ao menos a mim, uma deliciosa nostalgia.

Mudei o Brian, por que, após assistir “500 days with summer” achei que ele era um Brian perfeito pra a Beatrice. Pouco me importo com as reclamações de vocês, então simplesmente leiam.

Beatrice e Brian são melhores amigos. Brian sempre nutriu um amor por Beatrice, mas o medo de perde-la, fez com que ele escondesse. Beatrice sempre se sentiu estranha em relação a Brian, mas tinha medo de estar confundindo. Ela está noiva de um outro rapaz, mas não é nada que alguém acha que dará realmente certo.

Brian é um completo babaca apaixonado. Está sempre a perseguir Beatrice, como seu melhor amigo enquanto, na verdade queria ser bem mais que isso.

BRIAN ARMSTRONG(Joseph Gordon-Levitt)

Brian teria qualquer garota que quisesse, se não fosse o grande amor pela sua melhor amiga, a unica que não podia ter. Bobo, Brian é um romântico incorrigível, mas guarda isso consigo mesmo. Ele faz o tipo que poderia passar uma tarde inteira lendo Shakespeare, ou simplesmente pensando em como seria bom poder estar com Beatrice novamente, o que sempre acaba por enlouquecer a irmã, Danna. O rapaz sempre finge não ligar pra o que essa fala, uma vez que ela parece ser vem mais da farra que do amor, mas, às vezes, pensa em como seria bom estar como a garota desejava: Livre para poder enrolar-se com outro alguém.

BEATRICE LEFEVRE(Zooey Deschanel)

Desde muito nova, Beatrice sempre fizera o que a mãe desejava. Ia a todas as reuniões, frequentava todos os cursos. Ela ser fotógrafa fora quase uma decepção para a mulher, que sempre sonhara com profissões que cosiderava grandes para ela. Era sempre repreendida pela irmã, Rachel que era completamente seu oposto. Agradecia por ter Helena que, embora fosse outra garota de gênio forte, a compreendia muito bem. Superprotetora com as irmãs, principalmente a mais nova, embora essa sempre lhe dissesse que não precisava de ajuda. Nunca ter pensado em sí mesma talvez fora o que nunca a fizera perceber o quanto amava o melhor amigo. Tinha um compromisso com Matthew e era nesse que se focava, mesmo que ele fosse um idiota. Fumava por que, como costumava dizer, ninguém é perfeito. Tinha um estudio de fotografia e era a ele que se dedicava na maior parte do tempo. Adorava o que fazia e, com as ideias que tinha, poderia ir longe.

– Vamos lá, Helena, você tem de me ajudar. - Beatrice suplicava a

irmã.

Logo de manhã cedo, passara no café para apanhar o seu delicioso cappucino, como sempre fazia para começar o dia. Delicioso, ela não podia deixar de declarar, e hoje não fora diferente. Não foi até o momento em que abriu as portas do estúdio e, ao analisar todas aquelas fotos, até mesmo o seu delicioso café de início de dia perdera o gosto.  - Falta atitude - Ela declarou. E repetira a si mesma ao olhar todas aquelas modelos excessivamente magras, mantendo o padrão a que todos procuravam e - ela logo lembrou-se - que ela própria tanto havia tentado encontrar. Mas fora ali, há poucos dias de sua exposição, quando achava que tudo já estava pronto que ela concluiu: O que menos queria era um padrão. Ousado para alguém que estava começando com um nome na arte, mas ela teria de arriscar.

Atitude, ela relembrou a palavra, e foi o suficiente para pegar o celular e discar para a irmã que voara para ali com o pedido de emergência.

– Quando disse que era urgente eu achei que, sei lá, tudo estava pegando fogo.

– É mais urgente que isso. – Eu não vou ficar igual essas barbies que você tem na parede. – Helena apontou para

cada uma delas enquanto falava. – Isso é ridículo.

– Eu não quero que seja igual a elas. Eu não as quero, na verdade, por isso chamei você.

– Por quê não chama a Rachel? – A pergunta foi ridícula, ela soube assim que a fez. Se existia algum Lefevre com mais repugnancia a fotografias que ela, essa era Rachel. A irmã menor conseguia ser a pessoa mais difícil que ela conhecia, e ela conhecia muitas pessoas difíceis.

Helena apenas andou até o outro lado da sala e largou-se na cadeira, tomando um gole do café frio que a irmã largara ao pensar no desastre que lhe parecia tudo aquilo.

– Por favor...

Helena balançou negativamente a cabeça, certa de que não se deixaria passar por aquilo. Ela gostava de fotografias, adorava a ideia de sua irmã ser fotografa, mas não queria se deixar passar por modelo que, por sinal, ela tinha uma certa repulsa. Mas foi então que cometeu um erro. Ela fitou a irmã, e aquele sorriso que continuava em seus lábios fez com que ela levantasse e dissesse-lhe um “tudo bem” mal humorado.

– Quando começamos? - Helena perguntou, sem um pingo de animação.

– Na verdade, eu preciso de mais uma ajudinha sua.

Helena rolou os olhos, em uma expressão de desistência antes mesmo de saber o que viria.

– Não vai querer que eu ponha roupinhas de balet, vai?

Beatrice riu.

– Acho que é mais fácil que isso.

A irmã simplesmente cruzou os braços, esperando o que a mais velha queria.

– Sabe aquele seu amigo, o das tatuagens?

– Você não vai querer que eu chame o Billy, vai?

– Você precisa me salvar, Helena.

A mais nova bufou, mas assentiu com a cabeça. Não seria tão difícil convencer o Bill e, embora seja isso o que a fazia querer desistir, estava disposta a ajudar a irmã.

– Você é a melhor! Beatrice dizia enquanto acompanhava a irmã que caminhava em passos largos até a

saída, nem um pouco satisfeita com a ideia.

– Eu te amo.

– Eu sei - A outra disse, jogando-lhe um beijo e deixando o estúdio.

Beatrice voltou-se, então, para suas fotos. Em todas aquelas que sua irmã julgava ser “barbies magérrimas” precisava escolher algumas. Foi então que lembrara-se das fotos de Hera, a amiga que quebrara o contrato para deixar que Beatrice pudesse fotografá-la. Ela riu, como pode se esquecer? Hera era a amiga e companheira de apartamento de Beatrice. Quando soube que ela montaria seu próprio estúdio e empolgou-se a ajudá-la. Tinha um contrato com Bruce, o antigo patrão de Beatrice e um os caras que ela mais odiava, mas Hera sempre conseguia convencê-lo e Beatrice devia-lhe agradecimento por isso. Na verdade, e o que a mulher odiava ter e admitir, é que ela devia muito mais e demais a Bruce. Fora ele quem lhe conseguira sua primeira exposição, afinal. Ela jamais diria que o odiava como profissional, não, no ramo ela tinha até uma certa admiração por ele. Era aquele jeito de pego-todas-e-jamais-me-apegarei-a-nenhuma que a fazia odiá-lo, mesmo por que uma dessas era sua melhor amiga.

Estava terminando de organizar as fotos de Hera quando lembrou-se do encontro que teria. Seu olhar voltou ao relógio e estava quase que atrasada para encontrar Brian, seu melhor amigo.

Beatrice, realmente disposta a uma pausa, apanhou a bolsa e deixou o estúdio, dirigindo-se ao local marcado.

O convite de Brian lhe intrigara mais cedo, principalmente pelo tom de voz do rapaz. Até onde Beatrice sabia, era ela quem tinha uma notícia a qual sabia que o amigo não ia gostar, mas, ao conversarem, fora ele quem lhe pareceu nervoso.

Brian já estava a esperando quando Beatrice chegou no lugar. Estava parado em frente a seu carro e, antes que ela pudesse falar qualquer coisa, fez sinal pra que ela entrasse em seu carro.

– Achei que fossemos ficar aqui. - Disse.

Brian sorriu, balançando negativamente a cabeça.

– Você vai gostar.

Beatrice então, simplesmente pôs o cinto e esperou. Pelo que o amigo tinha dito, sabia que não adiantava perguntar.

Durante o percurso, tentou conversar, mas Brian cortava seus assuntos. Parecia nervoso, distraído demais, estranho.

Foi aí que Beatrice lembrou que tinha algo pra lhe contar. E o desespero tomou-lhe. Brian era seu melhor amigo, e odiava estar fazendo algo que sabia que não ia gostar. Contar-lhe, era a parte mais difícil.

Não conseguiu mais fitá-lo pelo resto do caminho. Tinha medo de olhar para ele e sua expressão entregar-lhe que ela estava fazendo algo que, para ele, era errado.

Perdida em pensamentos, Beatrice não percebeu que o carro parou. Estremeceu, quando Brian tirou a mão do volante e colocou em cima das suas.

– Está tudo bem?

Beatrice apenas balançou a cabeça em afirmação a pergunta o rapaz que rapidamente saiu do carro, abrindo a porta do carona para que ela pudesse sair. Sorrindo, Brian curvou-se em reverencia, arrancando um sorriso da mulher, que quase esquecera o nervosismo.

– Para, Brian! Que exagero!

Só então ela parou para observar o lugar. Era lindo. Sabia ser perto de onde morava, uma vez que não demoraram tanto no carro, mas jamais havia estado ali. A sua frente estava um píer, lindo, a paisagem perfeita. Perguntou-se onde estaria sua máquina fotográfica naquele momento, mas rapidamente desfocou-se dos pensamentos e passou apenas a admirar o que estava diante de seus olhos.

Brian tomou suas mãos. Aquele sorriso bobo de sempre brincava em seus lábios enquanto ele dava alguns passos a frente, levando-a junto consigo.

– Lindo, não é?

A mulher assentiu, admirada. O homem riu em resposta.

– Queria que você pudesse se ver agora.

Beatrice corou, dando um tapa de leve no ombro de Brian, que apenas meneou a cabeça quanto ao gesto. Enquanto davam novos passos, a paisagem fazia-se aina mais bonitas diante do olhos dela. Já podia ver o reflexo amarelo do sol sobre as águas calmas, dando a cena um toque de filme de românce que, por algum motivo, a assustou. Quando chegou ao meio do píer, ela parou. Soltou a mão do rapaz e virou-se, ficando de frente pra ele.

– Então, Brian. – Começou a conversa que tinha a certeza que seria tensa. – Por quê me trouxe aqui? – Perguntou com o máximo de cuidado para não ser chata e parou, olhando em seus olhos.Brian desviou o olhar, fazendo-se de desentendido, mas Beatrice bem conhecia aquele joguinho, ele não o faria com ela.

– Você já vai saber...

Ele tornou a segurar a mão dela e a levou até o fim do píer. Ali, ele dobrou a barra da calça e sentou-se, os pés tocando a água do lago. Beatrice riu, vendo como ele parecia uma criança, mas logo juntou-se a ele.

Por um momento, fez-se silencio. Ao reparar, Beatrice viu que a mão dele aproximava-se lentamente da sua, e logo a segurou,apertado. Fitou-a nos olhos e não demorou a quebrar o silencio.

– Bia, você está linda... –O nervosismo era algo fácil de se perceber em seu tom.

Beatrice sorriu, envergonhada pelo elogio inexperado e abriu a boca, pronta para agradecer, mas Brian não a deixou falar palavra alguma.

O rosto dele aproximou-se rapidamente do dela, nãoa dando chance para perguntar nada ou esquivar-se. Ele não se contentou até que seus lábios tocassem os dela e ele estivesse tomando-a em um beijo. Era um beijo tão intenso, tão cheio de paixão que ela não conseguiu não corresponder. Ela levou a mão a nuca do rapaz, passando os dedos por seus cabelos. A outra ocupou seu ombro. Brian a puxou mais pra perto, a mão escorregando das costas a cintura da mulher.

Beatrice não podia acreditar naquilo, estava beijando seu melhor amigo. Pior: Estava beijando seu melhor amigo enquanto estava... Noiva. Ela não pode ignorar aquele pensamento, rapidamente empurrou-o. Afastou-se dele e abaixou a cabeça.

Brian a fitou, confuso e com medo do que estaria por vir.

Ela não conseguia mas fitá-lo, olhava o lago enquanto pensava em como contá-lo o que estava acontecendo.

– Isto está errado, Brian.

Ele agora mudara para uma expressão irritada.

– É por causa daquele seu namorado? Nós dois sabemos que esse seu relacionamento sim está errado.

– Ele não é mais meu namorado. – Ela disse, balançando a cabeça antes que o rapaz pudesse ficar contente. – Ele é meu noivo, vamos nos casar no próximo mês.

Finalmente havia contado, agora tinha certeza de que Brian não aprovaria aquilo. Tomou coragem para fitá-lo. Estava sem expressão, fitava as árvores que tomavam o outro lado do lago. Ao vê-lo ali, daquele jeito, Beatrice teve medo de perdê-lo, pena de como ele podia estar se sentindo, mas era um sentimento errado que excedia qualquer outro. A mulher teve vontade, uma imensa vontade de voltar a beijá-lo de ter os lábios mais uma vez nos dele.

– Melhor irmos embora.

Foi o rapaz que sugeriu, deixando a mulher ainda mais amargurada. Ela continuou sentada enquanto ele levantou e deu alguns passos para for a dali, em direção ao carro.

– Brian

Ela levantou, dando passos apressados na direção do homem que parou ao ouvir o chamado.

– Eu não posso. – Ela disse, atirando-se aos braços dele.

Ali, aconchegando-se aos braços dele, ela sentiu-se confusa. Não sabia o que pensar, não sabia o que sentir. A unica coisa que sabia, decidiu compartilhar com ele.

– Eu não posso me casar, não posso me casar com ele.

Lágrimas tomavam-lhe os olhos. O rapaz a fitou, limpando as lágrimas.

– Fique comigo. – Ele lhe pediu.

Ela esperou, desejando árduamente, um novo beijo.

História 3

Danna e Rachel

Essa sim eu posso dizer que foi uma história que mal combinamos. Criamos os personagens e “deixamos rolar”. Surpreendí-me com o rumo que a história levou. Estávamos no primeiro ano e tudo o que havíamos decidido era que elas seriam amigas e que suas mães seriam mulheres da alta sociedade contra tudo o que elas eram.

É legal por quê envolve personagens de outras tramas, fazendo com que tudo ficasse mais que interessante.

Fiz algumas mudanças na Rachel pra que ficasse mais legal e pudesse coincidir com outras histórias, mas nada que tirasse o jeito dela.

Danna e Rachel Sempre foram muito unidas. Seriam quase irmãs, se Danna não sentisse algo bem diferente em relação a Rachel que, por sua vez, é “deslocada” demais para parar pra pensar no que sente.

Danna tem medo de dizer o que sente, até por querer proteger demais Danna e nunca se acha boa o suficiente, não para ela.

DANNA ARMSTRONG (BECKINSALE)(Alysha Nett)

Se tem algo pelo qual você jamais deve se deixar enganar são os traços delicados de Danna. Se faz muitas vezes de princesinha para o agrado da mãe, mas de delicadeza ela não tem nada mais que o rosto angelical. Tem um gênio forte que as únicas pessoas que conseguem dominar são o irmão ou a melhor amiga, Rachel. 

Ela está sempre nas maiores festas, nos piores lugares, nas mais altas horas, mas - acredite se quiser - ela consegue fazer tudo com alguma sensatez.

Está sempre querendo proteger todo o mundo, embora não demonstre. O que mais odeia é o amor do irmão por Beatrice. Não por ser impossível, mas simplesmente por que seu amor restringe-se a ler livros e ver filmes românticos enquanto pensa na tarde que passará ajudando Beatrice com os preparos para o casamento dela com outro. Mas sempre que pensa bem, sabe que não pode julgar o irmão, Danna também tem um sentimento oculto, que jura jamais contar a alguém. Costuma pensar que os Lèfevre tem algo que faz todos deixa-los assim, com a cabeça zonza.

RACHEL EVANGELINE LEFEVRE(Lass Suicide)

Quando Rachel nasceu, a mãe cometeu o terrível engano de pensar que esta seria a “sua princesinha”.

Mais jovem das irmãs Lefèvre, “incosequente” é o que melhor define Rachel. Ela faz o que quer, depois ela pensa. Odeia a hipocrisia de sua mãe e só não a quebra por sua irmã, Beatrice. Sabe que ela faz sacrifícios maiores, e também detesta isso.

Toda a sua grosseria serve apenas para esconder a garota sentimental que demonstra a garota sempre faça o que ela quer.

Sua amizade com Danna é o que sua mãe considera saudável, isso por ela não sabe que é a outra quem organiza as maiores “noitadas”.

Rachel sentía-se ridícula. Ela simplesmente não costumava sentir-se

bem estando em um vestido que prendía-lhe a respiração e em um salto que a obrigava a encolher os pés.

- Eva?

“Eva”, era assim que a mãe a chamava, no que ela considerava um tipo de tortura psicológica.

- Eva, você está pronta?

Ela não tinha ideia se estava pronta para a mãe, mas, para ela, estaria perfeita se fosse algum tipo de personagem da disney, e ela certamente não era.

– Todos já chegaram.

Tomou um susto ao ouvir a porta ser aberta, mas, como já devia ter percebido pela voz, não for a a mãe que adentrara o quarto e sim, a irmã do meio, Helena. Agradeceu mentalmente, pois havia desamarrado o vestido e a tatuagem encontrava-se bem a mostra.

A irmã balançou a cabeça, sorrindo ao ver a reação da menor a sua entrada. Dirigiu-se a ela e tornou a amarrar o vestido.

– Acho que devia descer logo, não quer irritar Laura.

Rachel achava estranha toda aquela consideração que Helena tinha com sua mãe. Ela sequer era filha da mulher, mas aturava tudo o que vinha dela. Talvez não quisesse brigar. Por isso, simplesmente ignorava tudo o que vinha da mais velha, e era ela mesma apenas quando não estava em casa. Mas embora estranhasse, a admirava.

– Já estou descendo. Vai ficar por lá também?– Eu só vim buscar umas coisas, to voltando pra a praia...

Ela teria reclamado e implorado pra que a outra ficasse, mas Helena já sabia o que esperava, então, logo após depositar um beijo na bochecha da irmã, deixou o lugar.

Afim de acabar com aquela tortura, Rachel abandonou o espelho e desceu as escadas, pronta para o clube da luluzinha. Um sorriso falso surgiu em seu rosto e ela sentou-se no espaço vazio ao lado de sua mãe, fingindo estar se sentindo muito bem vestida como tava e diante das pessoas que estava.

Rachel, que não estava nem um pouco interessada na conversa, decidiu reparar nas pessoas que ali encontravam-se. Sem querer, começou com as comparações que Danna, sua melhor amiga, dizia ser tão infantis, mas que ela nunca deixava de fazer. A primeira garota, a da ponta do sofá, mais lhe lembrava a Alice, com seu vestido azul. Essa tinha até direito a gatinha Dinah. Certo, ela não sabia se a gata sentada em seu colo chamava-se Dinah, mas não importava. Logo em seguida vinha a Dorothy com seus sapatinhos vermelhos. Tinha até a branca de neve. A garota morena não lembrava-lhe nada a branca de neve, mas a sua mãe bem que podia ser a madrasta. A Cinderela estava sentada em uma poltrona. Seu principe encantado – com um topete que mais parecia um Elvis Presley loiro – estava sentado em uma cadeira a seu lado. Achara engraçado ter a presença do rapaz ali, uma vez que sempre pensou que o clube da luluzinha fosse só para mulheres, mas com toda aquela frescura que tinha com o cabelo, ela concluiu que ele não estava longe de ser isso. A garota não conseguiu não rir, fazendo com que a mãe a cutucasse para parar, mas estava impossível.

Mais uma das festinhas do chá organizadas por Laura, ótimo. A unica coisa que a fazia ir era saber que encontraria Rachel e elas

arrumariam algo melhor que aquilo, mesmo que fosse em universo não existente.

– Ainda vai demorar muito? – Danna perguntou a mãe enquanto descia as escadas. Quanto mais rapido passasse por aquilo, melhor.

Na sala, encontrou o irmão, sentado de qualquer forma no sofá lendo um livro que ela logo percebeu ser “Romeu e Julieta”. Bufou.

– Qual a graça de ler esse livro? – Perguntou. – Todos já sabem o que acontece na história e os personagens principais morrem no fim.

Como já esperava, não obteve resposta. Brian continuava concentrado na leitura. Rolou os olhos e sentou-se a seu lado.

Danna não entendia o romance de Shakespeare. Para ela, Romeunão amava Julieta, nem mesmo a Rosalina. Não sabia como ele podia tão facilmente ter esquecido uma e se apaixonado por outra. Achava que Romeu era apenas um jovem como todos os outros, que corria atrás de um rabo de saia. Não, não era por isso que a história não a encantava, ela até admirava Romeu, mas achava que Julieta era uma tola por acreditar em suas palavras falsas. Por quê ele tinha se matado então? Não sabia, mas não conseguia acreditar que havia sido por Julieta. Sua teoria era que ele se vira perdido.Não queria viver fugindo e queriam matá-lo de todo o jeito... Ou então, ele era um rapaz com tendencias suicidas. Livrou-se de seus pensamentos, o motivo de Romeu ter se matado realmente não era de sua conta. Sabia, porém, por que seu irmão era tão vidrado naquele livro. Ele gostava de uma moça, a Beatrice. Para agradar sua mãe estava com outro cara, a quem dizia amar, Matthew. Danna jamais a entendera, só a odiava por fazer seus irmão de bobo. Ele a via como Julieta, como seu amor impossível. - Parecia que os Armstrong eram obrigados a verem assim com os Lèfevre. - Mas Danna achava que ele era como a Julieta, ela era o Romeu. Roméia e Julieto, se assim preferirem.

Brian largou de lado o livro e passou a observar Danna com um ar de risada. Ela sabia que se tratava de como ela estava vestida.

– Nem pense...

O irmão ergueu as mãos em sinal de paz, Danna o deu um leve tapa. O rapaz levantou-se e dirigiu-se até a estante, onde deixou o livro, seguindo até a porta.

– Divirta-se – Ele disse antes de sair – Estou indo encontrar Beatrice.

Ela podia ter reclamado, mas simplesmente jogou um beijo pra o seu irmão e, logo que sua mãe chegou ali, deixou o aposento também.

**

Toda aquela conversa, parecera durar uma eternidade, até que começaram a servir os drinks, bebida de verdade. Nada que fosse pegar agora, mas esperava que Rachel logo desse um jeito.

Incomodada, passou a mão discretamente pelas costas, procurando, e logo encontrando o culpado por seu desconforto. Cautelosamente desabotou o botão que lhe apertava.

– As festas da Laura são verdadeiramente incríveis, não acha? – Falou uma voz estridente a seu lado.

O coração de Danna disparou, semelhante ao de um ladrão que acabara de ser pego no flagra.

Virou-se lentamente o pescoço, observando atentamente a figura que estava a seu lado. A vontade de gargalhar dominou-a por completo, mas saber que encontrava igualzinha a menina desconhecida a fez segurar o riso.

– Oh, são magníficas! – Disse, tentando parecer verdadeira.– Particularmente, só me sinto incomodada com a presença daquela... Estranha.

O sangue de Danna borbulhou.

– Estranha? Não entendo... – Arriscou, por fim, mesmo tendo certeza a quem a outra se referia.

– Creio que já deve tê-la visto. Tenho certeza de que não só você como o resto da sociedade concorda comigo... Falo da filha de nossa anfitriã, a mais nova delas.

A garota gargalhou, trazendo a Danna a vontade de apertar-lhe o pescoço. Danna cerrou o punho e colocou-o, discretamente, a mostra.

– Ah, a Rachel? Já ouvi falar dela. Aliás, quem não ouviu? Minha melhor amiga, sabia? Ahm... Como falam na sua lingua mesmo? Ah, sim, minha BFF.

Ver o desconforto no qual a garota se encontrava fez com que Danna, pela primeira vez em sua vida, se divertisse em uma festa social. Mas aquele for a apenas um aperitivo. Rachel apareceu ali e a expulsou apenas com um simples gesto, aquele fora o climax.

– Entrando nos contos de fada, Danna? - Perguntou a ruiva, enquanto ocupava o lugar onde a outra havia estado há poucos segundos. – Quando chega a hora em que as princesas fogem da bruxa malvada? Estou entedeada.

– É o que eu mais espero. – Respondeu Danna, não podendo ser mais sincera. – Falta-me apenas ideia, deixo por sua conta.

Rachel sorriu, deixando claro a Danna que estava pensando em algo. – Acha que eu sou devagar? Já usei minha varinha de condão. Vem, vamos nos trocar.

Ignorando qualquer chamado elas atravessaram a sala e dirigiram-se ao quarto de Rachel. Não demoraram muito para trocar-se, qualquer coisa era melhor que aquilo que vestiam

antes.

– Então, pela janela? - Perguntou Danna, por fim, quando estavam prontas.– Eva? Eva, querida.

Laura chegou antes que Rachel pudesse responder.

– Onde pensa que vai? Vista-se e volte lá pra baixo. Não quero que pensem que minha filha é uma marginal.

Rachel riu, ia mesmo sair pela janela e não acabar com toda aquela cena feita pela mãe, mas ao ouvi-la, pensou melhor.

- Vamos lá, Danna! – Disse, ignorando totalmente a mãe. – Vamos acabar com esse conto de fadas.

Rachel logo saiu do quarto. Danna a seguiu, preocupada. Laura vinha logo atrás, o odio tomando-a por completo. Rachel riu, quando esta passou por elas no corredor, depositando na face seu melhor sorriso. Sabia que ela gostava demais do seu teatro pra agir na frente dos outros. Ficaria lá, observaria e colocaria a culpa nos hormônios.

A mãe de Danna não agiu da mesma forma, e Rachel quase a admirou. Não que seu ato fosse aceitável, mas por não ser tão fingida quanto Laura.

– O que pensa que está fazendo mocinha? – A mulher elegante que antes ria no meio da sala, seguiu as escadas ao ver a filha, o ódio a tomando. – Ao chegar em casa, tirarei sua vida com minhas próprias mãos.

– Acontece, mamãe, que eu não vou pra casa. – Danna disse, segurando a mão da amiga. – E nossa carona já chegou, deem-nos licença.

Assim, as duas passaram, sendo seguidas por olhares perplexos. Rachel seguiu até a mãe e depositou um beijo em sua testa. Esta não lhe disse nada. Mas Rachel sabia como seria quando

ela voltasse, foi do mesmo jeito quando, sem querer, Rachel deixou que uma de suas amigas visse a tatuagem. Ela só mostrava as garras quando estavam a sós. Saíram, por fim, batendo a porta atrás delas.

– Achei que as mocinhas estariam ocupadas hoje.

Bruce e Steve já as esperavam quando saíram da casa.

– E estavam, Bruce. - Disse o outro, para não perder a piada. – Estavam brincando de boneca.

– É, mas a brincadeira ficou chata. – Rachel disse, aproximando-se mais que o necessário de Steve. - Sabe do que eu gosto de brincar?

Com um sorriso malicioso, Rachel se afastou. Ocupou o banco de trás do carro, sendo seguida por Danna. Steve porém, bloqueou sua entrada, Rachel já havia lhe dado mais que um sinal.

– Vai deixar mesmo o Bruce sozinho aí na frente?

Sem um protesto de Rachel, Danna ocupou o lugar do passageiro. Irritada, tomou o cigarro das mãos de Bruce, afim de ocupar-se com algo.

Steve inclinava-se em direção a Rachel no banco de trás, dando início a brincadeira.

– Então, onde vamos? – Uma Danna impaciente perguntou, ignorando as investidas do motorista, que estava atrás do mesmo que os passageiros.

– Praia. – Ele respondeu.– Não me diga que vamos a um píer ver o por do sol que já passou?

Bruce balançou negativamente a cabeça, até parecia que Danna não sabia do que rolava por ali.

– Um píer, pôr do sol? – Rachel parou, inclinando-se entre os dois bancos da frente e piscando repetidamente os olhos.

Claro que estava brincando, achava aquilo ridículo. Só queria imitar as garotas dos filmes enquanto imaginava uma cena com um ato heróico. Em uma cena do século 21 ela não sabia nadar, os garotos - amigos do garotão - sabiam disso e a jogavam na piscina funda demais para

ela. O garotão nadava rapidamente e a pegava. Então ele saía da piscina com ela no colo. Os olhos da garota piscavam repetidamente - era isso o que ela queria imitar - enquanto garotas retardadas gritavam no cinema pelo físico do tal garotão e desejavam estar no lugar dela. Não, não é uma cena de crepusculo, o garotão não se chamava Jacob. E ela jamais se deixaria passar por algo do tipo.

– Qual é, Rach, não fica quebrando a coisa. – Steve reclamou, puxando-a pra sí.

Stev, que não estava dos mais calmos, puxou a blusa da garota, mas ela o interrompeu quando estava na metade do caminho. Só quando pararam percebeu que estavam deitados. Ela sentou em seu colo e ele continuou deitado, chamando-a com o dedo indicador

- Vai com calma, garotão.

Riu. Steve era um “garotão” totalmente diferente do citado acima, o do filme, lembra? Ele tinha um ótimo físico, mas ao contrario do outro, era heterosexual, isso não se tinha como negar. Rachel volte e mais uma vez o beijou, retornando a posição anterior quando a coisa começou a passar dos limites. Levantou-se ao perceber que o carro parou, agora só com o biquíni e calça. Agradeceu por tê-lo colocado no lugar do sutiã - Não dava para usa-lo depois de todo aquele aperto causado pelo corpete que foi obrigada a usar - quando viu que estavamos na praia, sorriu.

- Oba, Oba! Depois passamos para o mar? - Pergunteu enquanto tentava ajeitar os cabelos cruelmente engrenhados.

Os beijos e mordidinhas provocantes que Steve lhe dava no pescoço, ou na orelha não a deixaram continuar a falar. Bem, continuaria com "lá não precisamos de camisinha". Mordeu o lábio inferior, ele sabia seu ponto fraco. Não ousou falar, sua voz saíria em um tom diferente e Steve se contentaria demais com isso.

Danna foi a primeira a descer do carro, cansando de observar o casalzinho que se pegava no banco de trás. Uma onda de ciumes percorreu-lhe as veias. Fechou os olhos e deixou que o ódio a tomasse pouco a pouco.

- Parem com essa putaria, só eu sujo o meu carro!

Ouviu Bruce reclamar, sem obter nenhum êxito.

– Ótimo trabalho, você tem esse mesmo desempenho na cama? – O homem sentiu—se confuso ao ouvir Danna, mas não teve chance de falar, pois ela logo se afastou.

– Hey! – Tentou chamá-la mas ela continuou andando. – O que deu em você?

A outra, sequer deu atenção. Danna continuou seu caminho sem rumo. Estava chateada demais para voltar, e Rachel

ppercebia qualquer reação sua. Sentou-se na areia, afim de respirar fundo e ver aquilo passar. Observou o lugar e não muito longe avistou Brian. E... Bem, ele estava com Beatrice. Um sorriso tomou os lábios dela ao ver que eles se beijavam. É, parece que uma Lefèvre havia cedido. Precisava lembrar de ligar e tirar uma com o irmão.

– Danna?

O tom lembrou-lhe de toda a raiva que sentia segundos antes de ficar tão feliz por seu irmão. Rachel sentou-se a seu lado, enviando-lhe um meio sorriso.

– O que houve? Está assim por causa da sua mãe, pelo que ocorreu.– O que? – Danna perguntou, logo percebendo que precisava disfarçar. – Ah, minha mãe

claro.

Rachel balançou a cabeça negativamente, pensando. Logo sua expresssão tornou-se de espanto.

– Danna! É o Steve, não é? Diga e eu posso larga-lo.

A loira riu.

– Oh, não. O Steve não faz o meu tipo. – Ela tentou sorrir. – Melhor voltarmos, estão nos esperando.

Ela se levantou, caminhando na frente. Rachel, porém, continuou ali, pensativa. Preocupada.

– Ei, Danna? – A outra virou-se, fitando a amiga que batia a seu lado, convidando-a para se sentar. – Eu espero estar entendendo direito.

Agora era Danna que não entendia. Sentou-se como solicitado pela amiga e viu essa se aproximar.

– Mas se tiver, bem, devia ter me contado antes.

A outra já encontrava-se deitada no chão, sem acreditar no que estava acontecendo. Rachel deitou-se por cima dela.

– E me desculpe por ter sido tão idiota.

A outra então colou os lábios das duas, beijando-a.

Ao termino do beijo, Rachel sorriu. Era sempre confusa demais quanto ao que fazia, indecisa demais para saber o que faria depois, mas agora ela sabia que não podia ter feito nada mais certo, e que não queria mais nada além de poder estar a sós com Danna.

História 4

Ashley e Stewart

É

uma história “nova”. Tentei com ambas, mas, pelo visto, terei de terminá-la sozinha mesmo. Ashley e Stewart se odeiam desde que se conheceram, mas, a união das famílias fez

com que eles fossem obrigados a casar um com o outro.

Simplesmente aceitaram por causa do drama que a família faria caso fossem contra. São totalmente opostos e estão quase sempre brigando, mas não podem negar que já

tiveram momentos bons e quentes juntos. No fundo, desejam-se, só que não confessam isso nem pra sí mesmo.

STEWART HUNT(Dougie Poynter)

Surfista, Stew trabalha como salva-vidas na praia local. Mora em uma cidade pequena onde todos o conhecem. Toca e canta numa banda nas horas vagas.

Após tanto blablablá aceitou casar-se com Ashley, que é o completo oposto dele.

Tinha um caso Com Helena, até que finalmente pediu – sendo obrigado – Ashley em casamento. Não deixou de ser libertino com as outras garotas, mas decidiu finalmente parar de desrespeitar Ashley e parar de traí-la.

No fundo, gosta os momentos que tem com a garota e, principalmente, dos amassos com ela, mas é muito orglhoso pra confessar isso.

Costuma provoca-la quando estão a sós, dizendo para sí que é apenas para “obter algum ganho”. No fim, é mais que isso.

ASHLEY FOLLOWILL

Ashley segue o tipo “garota certnha. Faz vários trabalhos comunitarios e está sempre disposta a ajudar quem precisa.

Detesta, ou finge detestar, Stewart pelo seu modo de viver. Assim como odeia cada um de seus amigos.

Na verdade, ama os momentos em que estão sozinhos e tentam se dar bem. Ama também o jeito que ele a provoca, mas jamais o dirá isso.

Cresceu à moda antiga e sempre acreditando que deixará de ser um corpo bonito e ninguém irá casar com ela, e esse é mais um motivo pelo qual aceita estar com Stewart.

Não tinha ideia de quanto tempo havia estado parado ,

sentado naquela prancha, à espera de qualquer coisa que se parecesse com uma boa onda se aproximar quando decidi que era hora de ir embora.

Era incrível como apenas nas minhas férias o mar se fazia tão calmo. Por trabalhar como salva-vidas, estava cansado de olhar ondas agitadas por ali e de ter que sair da cadeira e ir em busca de qualquer maluco que tentasse ir fundo demais nas circunstancias em que o mar mostrava sua fúria. Mas agora que eu estava de férias e maluco por umas ondas elas simplesmente desapareceram. "Nossa, como você é sortudo, Stewart."

Pus a prancha embaixo de um braço e já estava pronto para sair dali. Muitos dos outros já haviam desistido há tempos, mas eles tinham todo o tempo para pegar ondas enquanto eu os olhava sentado em uma cadeira alta o suficiente para ver boa parte da praia e do mar. Não estou reclamando do trabalho, mesmo com um bom tempo de tédio. Havia muitas garotas dramáticas por ali, que achavam que tudo exigia uma respiração específica. Sim, é perfeitamente o que está entendendo.

Então, quando decidi sair dali já não tinha quase ninguém por perto, apenas uma galera a que acenei estava reunida.

- Ei, Stewart! - Virei ao ouvir a voz de uma das garotas que se reunia com os demais chamar. - A gente vai sair agora, festinhas perto da barra, você vem?

Olhei para o grupo com o qual ela disse que iria e quase aceitei, mas então me lembrei de algo.

- Nem vai dar, Hell... - Comecei, coçando a cabeça em uma confusão e rindo ao vê-la cruzar os braços em busca de uma explicação. - Prometi passar pra pegar a Ashley hoje.

Helena olhou pra mim com uma expressão de rejeição a que eu era totalmente capaz de entender. A Ashley e eu jamais nos daríamos bem. Eu sabia, ela sabia, nós sabíamos. E ainda assim, nossas famílias insistiam para que ficássemos juntos. Que nos déssemos uma chance.

Afirmavam que um dia nos daríamos bem e superaríamos todas as dificuldades. Uma puta de uma grande mentira. Sei que os tempos são outros e que já estou velho demais pra aceitar essa de casamento arranjado. Mas, sinceramente, isso já faz tanto tempo que eu já até acostumei.

- Então prefere passear com o pessoal da caridade?

Eu ri. Era verdade que eu ajudava as pessoas com essa de salva-vidas, mas o pessoalzinho de ONG com o qual a Ashley fazia questão de andar simplesmente não dava pra mim.

- Da um desconto, Hell...

Ela também riu, e então me abraçou.

– Então vai lá, boa sorte com... Bem, esquece.

Eu ri alto e a Helena me soltou, se afastando e indo encontrar os outros enquanto eu teria de sair com a Ashley e uma amiga dela da ONG de “não me pergunte o que”.

– Dora precisa de alguém pra ajuda-la em uma caminhada. – Explicou mais cedo, como se eu me importasse com qualquer comentário que ela fizesse sobre suas amigas. Certinhas e nerds. NERDS. Deu pra captar a origem da maioria dos nossos problemas?

– Claro. – Foi a única coisa que respondi. Friamente. Apaticamente. Como quase todas as outras coisas que dizia a ela.

Talvez Ashley tivesse retrucado alguma outra coisa para mim se eu tivesse lhe dado à chance. Mas não o fiz. Dei-lhe as costas sem demora e caminhei em direção a praia, e ficando no tédio que já lhes contei.

Aquela falta de onda talvez se devesse a isso, algum castigo de Deus por eu não ser um cara bom.

A caminhada até minha casa demorou uns 20 minutos, contando que eu parara para conversar com Brian. Eu sabia que chegaria atrasado. – sabendo que ainda precisaria passar em

casa – mas realmente não me importava. Você pode dizer que eu sou um filho da puta com a Ashley, mas ela também fazia por onde.

Mas por algum motivo tentei me apressar ao chegar em casa. Larguei a prancha e tomei um banho, vestindo uma roupa. Ao chegar na porta, na hora de saída cogitei em levar Lessie – minha cadela – para ao menos ter uma boa companhia, mas não pense que sou tão mau assim...

Recolhi as chaves do carro e, em menos de 10 minutos, estava na porta da casa da Ashley.Toquei varias vezes a antes de uma senhora de cabelos grisalhos vir me atender. Arrependi-me de ter tanta pressa por ter sido atendido pela avó da Ashley, mas tentei não demonstrar isso.

– Boa noite, senhora Followill!

Esta sorriu simpaticamente de volta e mandou-me entrar.

Fiquei à espera de Ashley na sala, enquanto a avó dela dirigiu-se para a cozinha onde parecia estar preparando alguma coisa junto à sua mãe. Prestei atenção nelas pro algum tempo até que percebi que a Ashley estava demorando demais. Resolvi subir as escadas e bater na porta de seu quarto.

– Garota, eu não tenho todo o tempo do mundo, sabia?

Liguei o computador para checar alguns e-mails e,

quando dei por mim, perdi a hora para o encontro com o Stewart e Dora. Tinham muitas coisas para responder, alguns avisos sobre a ONG para espalhar para os voluntários, algumas coisas para saber e, quando me dei conta, faltava apenas uma hora para a chegada do Stewart e eu ainda não tinha nem pintado as unhas.

- Droga!

Girei a cadeira e corri para o banheiro. Tomei banho, vesti a roupa, arrumei o cabelo, fiz tudo em tempo récorde, porém, a unha ainda não estava pronta e faltava apenas 15 minutos.

- Dane-se! Ele espera.

– Garota, eu não tenho todo o tempo do mundo, sabia?

Não demorou muito para que o Stewart batesse em minha porta. Atrasado, pra variar. Desculpe, meu bem, mas se não tem, você vai arrumar. Foi o que eu pensei e quase deixei que escapasse as palavras, mas sou uma mulher muito bem controlada.

Para falar a verdade eu estava com muita raiva do Stewart. Eu estive na praia mais cedo, e vi que o Stewart não tava contribuindo em nada para chegar cedo no nosso encontro. Observei enquanto os surfistas estavam todos indo embora, o mar decidiu que hoje não era o dia deles. Todos, menos o Stewart, meu noivo. Ele continuava lá, sentado na areia assim como eu, mas bem distante de mim, pensando em sabe lá Deus o que, e cheio de garotas sentadas logo atrás, dando risadinhas e todas comentando o quanto aquele salva-vidas era gato. Todas elas já haviam "se afogado" em dias de maré calma e baixa, só para ser agraciada pelos braços tatuados do imperador que estava sempre na cadeira mais alta da praia. E então, esse é o momento perfeito em que todos param e se perguntam se eu não me incomodo com todas essas garotas agindo feito abutres em cima de carne podre, que no caso é o meu noivo. Eu realmente deveria, mas não. Por mais que a nossa relação não fosse lá as melhores, eu sabia que o Stewart não iria me expor se envolvendo com nenhuma daquelas loiras parafinadas que ainda insistiam em querer morrer naquele mar, dia após dia, para apenas receberem respiração boca a boca, que aliás, todas as tentativas eram fracassadas, assim como elas. E era apenas isso que me importava, que a minha imagem fosse preservada. Levantei-me e como já tinha combinado com ele de sairmos mais tarde, fui para casa me preparar para a caminhada com Dora. O que me irritava era saber que ele estava demorando com o propósito de chegar atrasado ao encontro.

- Entre, Stew, a porta está aberta!

Tive que virar de costas para que não pudesse olhá-lo no rosto e ver a sua expressão de incredulidade ao me ver ainda pintando as unhas. Me fiz de surda e apressei o trabalho.

Eu tinha uma família a qual todos apoiavam o meu casamento com o Stewart, mãe, pai, avó, avô, tio, tia, irmão, cachorro, papagaio, até o hamster da minha irmã menor, todos apoiavam mesmo que não fosse segredo para ninguém como era a nossa relação. Diziam que cedo ou tarde nós iríamos descobrir o amor dentro dos nossos corações, que as desavenças iriam ser superadas e no fim seríamos um casal feliz prontos para formarmos uma família mais feliz ainda. Bem, eu não acreditava muito nessa teoria, mas para falar a verdade, eu também não me importava. Eu estava mais preocupada em me casar e abandonar o posto de encalhada, afinal de contas, eu não era mais nenhuma garotinha que ainda podia curtir a vida. Nessa situação, um casamento

arranjado pela família pode lhe cair bem. Mas não pense que eu iria me esforçar demais pra que nos dessemos bem só por isso.

Sentei na cama e esperei, sabendo que mais chato ainda seria

acompanhar aquelas duas. Afinal, por que era que eu precisava ir mesmo? Eu certamente não faria ou falaria nada, enquanto seguiria aquelas duas, como sempre fazia. É. Nós poderíamos muito bem ter deixado o passeio a dois para depois, mas quem disse que qualquer outro se importava? Com pessoas retardadas ou não, o dia de ir buscar a Ashley era dia de buscar a Ashley. Certo que, como já foi dito, eu havia feito o mesmo nada na praia, mas cara, eu estava na praia e em uma ótima companhia – não havia nada melhor que minha prancha. E se começaram a achar que estou querendo dizer que algo feito de madeira é bem melhor que minha noiva pra mim, vocês estão totalmente certos. A Ashley reclama e reclama sem parar, enquanto a outra ajuda-me a fazer a coisa que eu mais amo entre todas as outras. Ainda pensa que eu estou errado? Certo, então foda-se.

Quando Ashley finalmente decidiu sair de casa para seguirmos ao tour com sua amiga, eu agradeci e deixei de agradecer ao mesmo tempo. Passamos primeiro para buscá-la em sua casa, e foi aí que eu percebi que eu estava reclamando sem sequer tê-la conhecido, mas não me arrependi. As amigas de Ashley eram todas iguais: Elas não eram sequer nerds de verdade, estavam mais para o que antes definiam como "cdf" não sabiam falar outra coisa que não fosse estudo, a ong em que trabalhavam ou planos para um futuro feliz do tipo que ninguém jamais consegue. Todas seguiam um estereótipo e se Ashley e eu realmente gostássemos um do outro diria que ela fazia de tudo pra que eu não acabasse por "curtir" uma de suas amigas. A garota parecia ser a mais arrumada delas, que nao faziam a mínima questão de se destacar em algo ( e ainda diziam querer o principe encantado). Não é que eu seja aquele tipo de cara que goste de garotas que se escondam atrás daquela coisa toda, mas elas não eram naturais. Elas se escondiam atrás de uma máscara negativa demais. Não era diferente com Dora. Ela era uma garota loira, alta, mas longe do tipo que atrairia qualquer garoto. Usava aparelhos que a deixava com uma boca grande demais, e, mesmo estando indo a praia, usava vestes enormes.

Por um lado agradecia por todas serem assim, eu era comprometido, mas não era nenhum tipo de anjo, todos sabiam disso. Eu apenas escondia, pois sabia que, de alguma forma, devia algum respeito a Ashley. Não me julgue mais, também, se isso te conforta, eu não ficava com outra garota desde que meu noivado com ela tornou-se oficial, e isso já tinha um mês.

Eu sei que fico aqui reclamando e reclamando, mas em minha relação com Ashley nem tudo era espinho. Tinha aqueles momentos em que tentavamos parar de implicar um com o outro simplesmente por que estávamos cansados de fazer isso, e daí começavamos a nos dar bem.

Isso dava certo, por alguns minutos, é verdade, mas era o suficiente para que dissessem que poderiamos ser algo como colegas. O problema maior talvez seja que eram poucas as vezes que tentavamos nos dar bem, e atiravamos pedras um ao outro.

Você talvez ponha a culpa em nós por nossa infantilidade, eu ponho a culpa em nossos pais. Ninguém merece estar preso a alguém, muito menos quando isso é tudo completamente arranjado. Daí descontavamos um no outro por que era o que tinha a se fazer.

Então a caminhada pela praia seguiu-se tranquila simplesmente por que eu decidi não estar perto delas. Tenho algo que a maioria das pessoas talvez julgue mal, mas eu não dou a mínima. Quando não quero ser simpático, não faço a menor questão de ser, foda-se quem esta percebendo e se irritando com isso. Pior que eu sao todos os outros, hipócritas. Aí simplesmente deixei que elas seguissem a frente e as acompanhei a distancia, prestando mais atenção ao mar que as garotas a minha frente.

Estando ali todos os dias, qualquer um poderia pensar que eu iria querer minhas férias longe da praia, mas era totalmente ao contrário. Era justamente nas férias que eu fazia a maior questão de estar ali. Surfando, refletindo, conversando, ou fazendo qualquer outra coisa. Bem, qualquer outra coisa, menos acompanhar "garotinhas" em seu passeio.

Agora mesmo, eu queria estar junto aos outros seja la´em que boate haviam se metido. Eu tinha quase certeza de qual era, então eu podia deixa-las simplesmente afastarem o bastante para que eu pudesse... Certo, eu não era tão infantil assim.

E então finalmente, estava na hora de voltar pra casa. Naquela hora tudo o que eu queria era chegar em casa e dormir. Tá aí outra coisa que podia ser bastante legal.

– Se quiserem ir, por mim, esta tudo bem. – Dora comentou, demonstrando um certo constrangimento.

– Não, Dora, tudo bem. – Respondeu Ashley, sempre prestativa. – Stew que anda meio cabisbaixo esses dias, depois eu converso com ele e tento animá-lo.

Deviam me considerar uma ótima pessoa só por conseguir prender o riso ao ouvir. Certo, eu nao era ruim ao ponto de fazer com que a garota se sentisse culpada de alguma forma, e ela parecia se sentir culpada com qualquer coisa.

A deixamos em casa e eu sabia que Ashley ia começar com algum tipo de sermão, porque ela jamais perdia uma.

– O que deu em você, Stewart?!

Comecei a sair dali com o carro, em direção a casa da Ashley.

- O que foi? - Perguntei simplesmente.

Sério, sem a menor culpa, até porque sabia que ela odiava quando eu fingia que nada tinha acontecido e eu não estava afim de ouvir mais, então esperei que a raiva a calasse.

Chegamos na porta de sua casa e – como não sou um cara nada mau – decidi deixar de ser criança e finalmente tentar aproveitar algo da noite, ainda estava cedo. E claro, - mais uma vez por não ser malvado – levaria Ashley comigo.

Tranquei a porta do carro quando ela estava prestes a sair e tornei a engatar a marcha para que ele voltasse a andar.

- Tenha isso como um pedido de desculpas.

Eu estava querendo uma puta de uma diversão, e se tinha de ser junto com a Ashley, eu tentaria fazer ser junto com ela. Eu sorri, embora soubesse que ela não faria o mesmo, e segui o caminho ouvindo ela perguntar onde estavamos indo durante o percurso.

– Diversão de verdade Ash, tem que aprender.

Mil palavras ao mesmo tempo passavam pela minha cabeça. Eu estava falando sem parar, e até pude sentir o rosto queimar em raiva, talvez até

eu estivesse vermelha. Nossas brigas eram assim, eu não parava de falar, sempre queria matar o Stewart e ele sempre com a cara mais lisa do mundo agindo como se nada tivesse acontecido, ou como se não tivesse feito nada. Ele sabia o quanto eu odiava aquela atitude dele, que aliás, era muito infantil para um homem daquele tamanho, que poderia simplesmente me olhar nos olhos e resolver nosso problema.

– Você não poderia simplesmente segurar minha mão e caminhar ao meu lado? É tão difícil pra você fazer isso?

Eu não obtive resposta pra nenhuma das perguntas que eu havia feito. O Stewart conseguia realmente me tirar do sério, e no fundo, embora eu mostrasse que não, eu ficava um pouco triste com toda aquela situação. Tinha horas que ele fazia com que eu me sentisse o pior dos seres da Terra, só pelo fato de algumas vezes recusar segurar a minha mão e andar ao meu lado pela praia, seja lá qual fosse o horário ou a situação. Nós brigávamos o tempo todo, eu o tirava do sério e ele fazia o mesmo comigo, ele não me ouvia e eu o ouvia menos ainda, mas no fundo eu queria que nos déssemos bem, de vez em quando para variar e, de preferência, por um momento mais longo do que os que nós temos, que duram geralmente alguns minutos, e depois, lá vem mais brigas. Eu penso que se era para ficarmos juntos realmente, e que se não existia nenhuma válvula de escape pra esse destino que, pelo menos, nós nos entendêssemos um pouco pra que a convivência se tornasse um pouco prazeirosa. Mas talvez eu tivesse que pagar pelos meus pecados daquele jeito.

Estávamos perto de casa, finalmente. Tudo o que eu mais queria era tomar um banho e me afogar no primeiro livro que eu pousasse os olhos na estante, para ir para qualquer outro mundo, qualquer outra história diferente daquela que eu estava vivendo, diferente daquela que eu vivi naquela noite, onde exista um casal que embora tenha dificuldades, sejam felizes, e que o cara não seja um insensível como o Stewart.

A viagem tinha se tornado silenciosa depois do ponto em que eu simplesmente desisti de jogar mais palavras na cara do Stewart e perceber que elas estavam sendo completamente ignoradas. Eu detestava aquilo, mas, no fundo, eu queria saber como ele conseguia, pra poder fazer o mesmo com ele. Quando ele decidia ser insuportável ele fazia isso com sucesso e eu, como uma idiota, não conseguia ficar calada.

O carro foi parando e eu já me prontifiquei em tirar o cinto de segurança e me virar para abrir a porta, quando dei-me por presa.

Olhei para o Stewart e ele seguiu com o carro só com um risinho frouxo na cara e dizendo "Tenha isso como um pedido de desculpas" e eu não acreditei que ele estava fazendo aquilo. Se ele realmente pensava que eu iria conseguir curtir a noite com ele depois do seu deslize, ele estava completamente enganado.

– Stewart, pare o carro, eu quero ir pra casa. – Eu não conseguia mais gritar, pedi quase gentilmente e como todas as outras vezes, ele ignorou o meu protesto já cansado. – Para onde estamos indo, Stewart? É difícil responder?

Nenhuma resposta. Não iria adiantar falar mais nada e mesmo que adiantasse, minha cabeça já doía demais para proferir mais alguma palavra. Fechei os olhos, relaxei na cadeira e esperei até que o carro parasse por completo e tivessemos chegado ao destino.

Abri os olhos e já pude ver um aglomerado de carros a nossa frente, e logo mais adiante, uma casa noturna com o nome Maraca's Dance Club - o dono da casa, que é um velho surfista da região, tinha visitado o nordeste do Brasil e conheceu uma praia chamada Maracaípe. Se apaixonou e decidiu homenageá-la. Foi assim que o Stew me contou a história - chamativo demais, colorido demais, pessoas demais, música alta demais... O Stewart me levou para uma boate.

Da última vez que fomos a uma, aquele que se declarava meu noivo foi um completo babaca comigo, naquela noite parecíamos que éramos dois estranhos, desconhecidos, principalmente depois que o Stew abandonou o refrigerante e aderiu ao alcool, parecia que nunca tínhamos nos dado um "oi" nas nossas vidas, e a última coisa que eu precisava era que a nossa noite acabasse como aquela. Quando estávamos entrando ele tentou ser um cara legal me dando de presente umas palavras de conforto e uma piscadela, não consegui retribuir e nem responder nada, apenas segui adiante com aquela ideia doida que ele teve de tentar ter uma noite agradável comigo depois de tudo o que houve, mas não pude deixar de considerar o seu gesto, a partir de então, me esforcei para desaborrecer e passei a policiar minhas palavras pra que nada pudesse dar errado. Se ele estava tentando, talvez não fosse tão ruim ou tão difícil assim, eu poderia tentar também e talvez até, devesse.

– A gente fica um pouco. – Ele disse, quando nos aproximávamos do bar. – Se não gostar vamos a outro lugar.

Luz negra, luzes coloridas piscando por toda parte. Apesar de agitado, era um lugar simpático. Havia mesas mais afastadas da pista de dança, pessoas por todas as partes. Sem pensar duas vezes pedi uma bebida. Essa essa a escapatória. Se algo desse errado, disfarçar e distrair com a bebida e sair à Francesa.

"Calma Ash, nada dará errado.". Repetia pra mim mesma diversas vezes, porque por mais que eu me esforçasse, no fundo eu esperava por algum deslize, alguma confusão, alguma desfeita, e, mais no fundo ainda, eu queria que não fosse verdade o fato de que quando eu estava com o Stew só aparecia problemas, e que eu fosse positivamente surpreendida aquela noite.

Só que como um passe de mágicas, eu fui realmente surpreendida, negativamente, pela imagem da Helena diante de nós dois. Ele provavelmente sabia que ela e a sua turma estariam lá

aquela noite, e de repente eu me vi numa dúvida triste e torturante a qual eu não sabia se ele queria se divertir comigo ou fora lá para encontrar eles e me levou junto só para parecer gentil.

Ela dava o seu sorriso mais ofensivo possível em minha direção, falava perto demais do Stew, talvez para me provocar, talvez porque realmente quisesse tentar algo apesar de saber do nosso noivado, ou simplesmente, essas duas coisas juntas. Nunca perdia a oportunidade de me atacar, e eu me perguntava se ela nunca cansava daquele joguinho antigo o qual ela faz desde que meu noivado se tornara oficial, na verdade, ou até antes disso. Estava tudo tão manjado que eu decidi ignorá-la e dar mais atenção a minha bebida que com certeza, era muito mais interessante do que ela, mas apesar de não me importar muito com suas provocações, eu odiava o fato dela sempre querer embebedar o Stew. E foi exatamente o que ela estava tentando fazer.

– Refrigerante, Stew? – Ela balançou negativamente a cabeça. Pegando não só a mão do Stewart que segurava o refrigerante, como a que segurava a minha. – Vou pegar algo mais digno pra você.

E logo colocou o perigo da noite nas mãos do Stewart.

Homens são mais vulneráveis às mulheres quando estão sob efeito de alcool ou de algumas drogas, e sempre que ela encontrava o Stewart em alguma festa, sempre tinha que trocar seu copo de refrigerante por algo forte o bastante para derrubar aquele cara de 1,83. Se ele passasse dos limites, e por sempre querer agarrá-lo, as suas melhores armas estavam na estante do bar.

Depois de deixar o Stew com o copo de alguma bebida alcoólica, ela se retirou junto com seus outros amigos, mas antes de irem o Matthew, quem eu tanto havia agradecido por ignorar minha presença, não perdeu sua chance de chegar até mim.

– Te espero em minha mesa – Ele disse.

Não quis saber. Dei as costas e virei-me para o Stewart. Matthew era um dos amigos do Stewart, o que eu mais odiava. Na primeira e ultima vez que me levara a uma boate, Stewart nos deixara a sós e ele tentou muito comigo.

- Me dá aqui.

Peguei o copo do meu noivo coloquei na bandeja de um dos garçons que passava ao meu lado logo naquele instante, e logo depois peguei outro copo de refrigerante e o entreguei. Ele riu em resposta, então eu continuei.

- Porque se eu aceitei tudo isso aqui, não quero que você tenha nas mãos uma oportunidade de jogar nossa noite fora. Se estamos aqui juntos, vamos fazer isso direito.

– Tudo bem, senhorita. – Ele disse, e eu não consegui não rir.

– Então, o que vai ser? – Stewart perguntou-me. – Vamos dançar?

Ele pegou minha mão e me levou pista de dança. Eu já tinha ido a algumas boates antes do nosso noivado com algumas amigas. Ao contrário do que ele certamente pensava, eu sabia como tudo aquilo funciona e sabia também como me mexer naquela pista de dança. Depois de alguns minutos dançando, reparei naquele rosto que me olhava como se não acreditasse no que estava vendo e com um leve ar de aprovação. Não pude deixar de sorrir. Éramos noivos e nós tinhamos coisas que ambos ainda desconheciam. Eu não sei se deveria continuar rindo ou começar a me preocupar com aquela situação. Mas mesmo não sabendo, não consegui parar.

– O que foi? – Eu estava envergonhada, com o meu próprio noivo.

Como o resto do lugar, a pista de dança encontrava-se lotada. Ali era o unico lugar naquela minuscula cidade com pouquissimas pessoas onde

podia-se encontrar um aglomerado tão grande de gente. Isso por que eu não era o unico a adotá-lo como “lugar favorito” Parei com a Ashley próximos aos demais e começamos a literalmente dançar conforme a musica. Embora fossemos noivos, eu tinha o mínimo de conhecimento sobre Ashley e se alguém me perguntasse se ela sabia dançar, certamente obteria uma resposta negativa. Eu estaria errado, e estava comprovando isso agora que ela remexia-se a minha frente, fazendo-me estranha-la completamente. A estranhei mais ainda quando ela começou a rir, perguntei-me se havia feito algo errado ou se ela estava pensando em algo exageradamente bobo.

Não que eu fosse convencido nem nada, mas a segunda opção pareceu-me encaiaxar-se melhor a situação. Cruzei os braços e eruguei as sobrancelhas, apenas para fitá-la dançar distraídamente. Eu ri quando ela percebeu que eu a fitava por que ela não conseguia disfarçar a timidez. O tom vermelho que tomara-lhe o rosto tornava isso impossível. Apenas balancei a cabeça negativamente em resposta a sua pergunta, e a puxei pela cintura para dançarmos a próxima musica.

- Então a senhora da caridade sabe fazer mais coisas que distribuir alimentos? - Brinquei, usando o apelido dado por Helena simplesmente por que ser irritante também era minha forma de ser legal. E era meu charme.

Fiz questão de gargalhar para que ela soubesse que tudo não passava de brincadeira, por que agora tudo parecia a obrigação de se fazer bem entendido.

- A senhorita tem mais alguma carta na manga?

Foi então que caiu a ficha que a Ashley e eu estavamos, naquele momento, começando do zero. Estavamos bem. Assim era quase como se nunca tivessemos nos conhecido e nos tornado cientes do quanto podíamos ser insuportáveis. Passei a observa-la enquanto dançava e como o ótimo canalha que sou, fora a atração que começara a surgir. Por que eu jamais havia pensado em Ashley como na maioria das outras garotas que conhecia, mas agora não dava pra ser diferente e não citarei novamente o ótimo canalha que sou por que eu era seu noivo, e tinha o direito. Apertei a cintura dela, colando-a mais a mim. Devido a tudo o que havíamos passado eu não queria assustá-la, então abaixei-me o mais lento quanto pude em direção a ela, pronto para...

– Vamos sentar um pouco – Fora sua sugestão quando ela levantou a cabeça e finalmente ficamos cara a cara.

Eu recuei, em um disfarce – para não assustá-la, como já disse – e assenti com a cabeça. Estava puto, é verdade, mas naquela situação eu precisava de calma. Não era meu costume, qualquer um sabia o quanto eu gostava de ir direto ao ponto, mas era necessário considerar.

Deixei que Ashley me guiasse, me puxando pela mão pra uma das várias mesas quando eu vi alguns conhecidos acenarem. Eu não queria ir. Se estivéssemos sozinhos eu teria mais chance de conseguir o que queria. Mas, eram meus amigos, e eu não faria essa de trocá-los por uma garota.

Acenei de volta e passei a guiá-la até a mesa onde os outros estavam, desviando-nos dos vários grupos que encontravam-se no caminho. Assim que nos sentamos Helena se levantou e eu já comecei a pensar em como me livraria da bronca que viria a seguir.

- Você precisa provar isso, Stewart. - Ela disse, enquanto vinha em minha direção com um copo na mão.

Ashley deu um leve aperto na minha mão antes e soltá-la e eu me senti alertado. Incrível como ela agora parecia obter a autoridade de uma noiva. Se fosse pra as coisas ficarem bem, que tivesse então. Mas, por outro lado, eu não podia deixar a Hell pra trás. Ela veio e sentou no meu colo como de costume, trazendo em mãos o copo com algo que eu sabia ter sido uma mistura feita por ela. Tomei um gole, a ouvindo pedir pra que eu virasse o copo.

- Estou dirigindo, Hell. - Respondi, ao mesmo tempo me perguntando como iria me livrar daquela situação.

- Isso nunca te impediu antes, Stewart. - Foi o Matthew que falou, e eu acabei por fazer a vontade daqueles.

Talvez fosse difícil de entender, mas fora o jeito que eu encontrara para me desviar deles.

Observei o Matthew aproximar-se da Ashley e bem sabia o quanto ela sentia incomodada e agora, eu também estava. Ela era minha noiva, o que aquele cara estava pensando?

- Hell, ér... - Eu não precisei dizer mais nada para que uma garota irritada pulasse do meu colo e se dirigisse ao bar. Eu sabia que seria necessária uma longa conversa depois, mas ela haveria de entender. Éramos amigos.

Quando virei-me para observar, uma Ashley embaraçada estava com Matthew como um lobo próximo demais.

- Por que não vamos a um lugar mais reservado? - Ele perguntou, com o tom mais sacana. - Quero compartilhar algo com você.

Eu me aproximei mais de Ashley, circundando-a com o braço direito, e apoiando a mão esquerda em sua perna.

- Interessante, Matt. Por quê não compartilha aqui comigo também?

O cara ao lado dela fuzilou-me com o olhar como se, de alguma forma, estivesse certo.

- Por que não vai procurar uma mocinha indefesa, Matthew? E que não esteja acompanhada por alguém, de preferencia.

Merda, aquilo não ia dar certo. Ele levantou-se pronto para uma briga, mas Bruce o segurou.

- Vamos, isso aqui começou a ficar chato demais...

Me levantei e puxei Ashley junto a mim. Eu não ia ficar ali por que Matthew iria querer brigar e eu iria ter que comprar a briga. O melhor era esperar que ele estivesse sóbrio para um conversa. Matthew era um babaca, um verdadeiro idiota, mas era o meu melhor amigo.

– Stewart, você está bem? – Ashley perguntou, ficando a minha frente.

Sim, eu estava bem.

– Você podia me ajudar a ficar melhor... – Eu disse, agarrando Ashley pela cintura, juntando-a a mim.

Droga! Eu nã havia bebido nada. Perguntei-me o que Helena havia misturado naquele copo.

– Stew, você ta me assustando.

Soltei Ashley ao ouví-la e balancei a cabeça, mas, já que havia me apressado, o sorriso sacana não escapou dos meus lábios.

– Você é um palhaço! – Ashley xingou, dando um tapa no meu ombro.

– Ai! – Reclamei, embora não houvesse me machucado nada. – Você é bem malvada.

Ashley gargalhou e eu tornei a puxa-la. Sem esperar alguma autorização, eu a beijei.

Tudo o que eu estava esperando era que ele me beijasse e bem, que fizesse algo mais. Mas ainda estava preocupada. Não queria que matthew aparecesse por ali e eles acabassem brigando.

– Não é melhor irmos embora? – Sugeri e sabia que Stewart maldaria aquilo.

– Já quer ir pra a minha casa?

Eu não respondi, talvez por ser a pura verdade.

Coloquei as mãos em seu bolso e peguei as chaves do carro, ouvindo-o dizer que “ninguém dirigia o seu bebê.” Stewart, sempre infantil.

Não fui má, deixei que ele dirigisse, ignorando todas as suas investidas enquanto ele estava no volante, por que sabia o quando isso era perigoso. Ele riu, mas eu sabia que estaria mais feliz se eu cedesse.

Não vou negar que também estava louca para chegarmos. Assim que entramos Stewart agarrou-me, encostando na parede próxima a porta. Não era a primeira vez que faríamos aquilo e, bem, mesmo que estiivessemos nos dando realmente bem dessa vez, não deixou a selvageria de sempre. Eu gostava, não posso negar.

Logo eu estava sem roupa. Ele me suspendeu e levou-me para a cama, no que talvez fosse um verdadeiro começo de noivado.

Eu sou piegas, eu sei. Em meio a um sexo de verdade, eu conseguia pensar no quanto poderíamos ser felizes no futuro. Tá, nos primeiros minutos, depois pensar tornou-se impossível.

HISTÓRIA 5

Helena e Bruce.

Essa história é completamente minha, considerem como um bônus. A criei por que fiquei com pena da minha Hell e quero um final feliz pra ela também. Não vou explica-la pra não tirar toda a graça. Apenas leiam.

HELENA LEVEFRE

(Cara Delavingne)

Filha do meio de Johnny, Helena é meio-irmã de Beatrice e Rachel. Tenta ser a melhor pessoa possível com as irmãs, e consegue, pois essas sempre a convecem a fazer o que querem.

Na rua, ela é o tipo a que todos chamariam de “facinha” Helena simplesmente não se valoriza.

Aprendeu a surfar com Stewart e acha que deve muito a ele. Por muito tempo ficou em cima do rapaz, mesmo depois desse ter se acertado com a noiva, mas desistiu ao conhecer Bruce, unico cara com quem havia sido algo perto de difícil, mas por que sabia que se apaixonaria de verdade por ele.

BRUCE SPRNGSTEIN

(Joe Dempsie)

Bruce é um “meninão” é o tipo de cara que todos gostam.

Ele faz da vida o que quer, e não ta nem aí pro que vão dizer.

Amigo de Danna e Rachel, ele conheceu Helena a partir dela e, com o tempo, foi apaixonando-se pela garota. Nunca tiveram nada sério por que ambos não sabiam como lidar com tal relação, mas viviam como se fossem namorados.

]

– Vai dar tudo certo. – Rachel falava, em mais uma tentativa de acalmar a

irmã.

Beatrice a abraçava, sem conseguir tirar o sorriso do rosto a que tanto causava agonia a Helena. Ela não podia parar?

Estava desesperada, sentía-se perdida. Não tinha ideia do que aquela notícia traria aos demais e isto trazia o pavor. Tinha medo de seu pai, de sua madrasta e de... De Bruce. Ele não podia deixá-la, ela precisava dele.

Pensar nisso fez as lágrimas voltarem a escorregar por seu rosto e Beatrice apertou-a ainda mais contra sí.

– Calma, Hell – Ela lhe disse – Vai dar tudo certo.

“Vai dar tudo certo” Não importava quantas vezes lhe dissessem isso ou quantas vezes ela o repetisse pra sí mesma, jamais conseguiria acreditar simplesmente por quê nada dava certo.

As coisas estavam bem. Ela conhecera Bruce, o cara que fazia com que ela achasse que tudo estava finalmente em seu lugar e aí... Bem, aí isso aconteceu. Ela estava desmoronando.

– Chegamos. – Disse Danna, quando estavam na frente da porta da casa do rapaz.

Helena não levantou-se, apoiou o rosto no omro da irmã e os soluços vieram.

– Ah, vamos lá, Hell...

Ela desceu do carro junto a Rachel. Tocaram a campainha e o rapaz não demorou a atender, abriu a porta com um sorriso que sumiu ao ver o estado em que Helena se encontrava.

Rachel, por sua vez, estava quase gargalhando, deixando-o totalmente confuso.

– O que aconteceu? - Ele perguntou, apertando Hell contra sí. – Ei! – Ele afastou-a para fitá-la. – O que houve?

– Bruce, eu. – Engoliu o choro, afim de dar-lhe a notícia. – Eu estou grávida.

Bruce paralisou, o que confundiu totalmente Helena. Ele não podia deixá-la agora. Ela tinha dezenove anos, e estava grávida. A madrasta a mandaria embora, as irmãs não podiam ajudá-la agora. Ela estaria sem ninguém e, mesmo que tivesse, ela precisava dele. Precisava agora mais que nunca.

– Tudo bem eu vou cuidar de tudo sozinha e...

– Caralho! – O rapaz quase gritou, assustando-a.

Helena baixou a cabeça, não queria olhar pra ele, não queria ver a expressão que tomava-lhe o rosto.

– Você ouviu isso, Rach? - ele perguntou – Eu vou ser pai!

O tom dele não parecia desapontado ou algo do tipo. Helena levantou a cabeça e, ao ver o sorriso que tomava o rapaz, não pode deixar de sorrir também. Ele a abraçou e a beijou.

– Cuidar de tudo sozinha? Não seja egoísta. – Abaixou-se na altura da barriga dela. Beijando-a ali, e logo levantou a cabeça, tornando a falar com Rachel. – Caralho! Eu vou ser pai.

Helena não podia acreditar enquanto o rapaz secava suas lágrimas. Ao perceber que ele estava feliz, uma onda de felicidade invadiu-a também. Ela agora estava livre para curtir a felicidade, estava bem. Sabia que ainda teria problemas a enfrentar em casa, com Laura, mas não ligava. As pessoas que mais lhe importavam: Suas irmãs e Bruce estavam com ela, tornando-lhe capaz de enfrentar o que quer que viesse. Eles abraçaram-se novamente e ela disse em seu ouvido a frase sem parecer atordoada pela primeira vez: – Eu vou ser mamãe!

Conclusão.

UHUUU, FINALMENTE AS 04:25 DA MADRUGADA DO DA 30/03 EU TERMINEI ESSA JOÇA. Ok, parei de gritar. Espero que tenham gostado pois foi feito comm muito carinho. Indo dormir agora, amo vocês.

Jenny Santos.