Ud i – Assunto 2 – Estado Nacional Moderno
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UD I – ASSUNTO 2. – ESTADO NACIONAL MODERNO
PROBLEMATIZANDO:
A formação dos Estados Modernos está profundamente ligada ao surgimento de
características comuns das sociedades em transição do Medievo para a Modernidade. Quais?
O Estado absolutista foi a primeira forma de Estado Moderno. Possuía características próprias e foi fundamentado por teóricos e pelas necessidades próprias das sociedades da época. A perpetuação das monarquias nacionais, algumas existentes até hoje, poderia acontecer se o absolutismo não tivesse se estabelecido do ponto de vista cultural?
Algumas dinastias absolutistas se estabeleceram como as mais centralizadoras em seus
países de origem e o principal fator de aglutinação do poder em torno do rei era o apoio da classe burguesa. Por que?
ESTADO NACIONAL MODERNO
O Estado Moderno se consolidou entre os séculos X e XV, a partir
dos seguintes fatores:
• Desenvolvimento do capitalismo mercantil
• Fortalecimento da soberania do Estado
• Identificação dos povos de mesma ancestralidade linguística,
étnica e cultural dentro de um território geograficamente
reconhecível
Os três principais elementos de um Estado Moderno são:
• Soberania
• Povo
• Base geográfica (território)
ESTADO NACIONAL MODERNO
O absolutismo foi a primeira forma de Estado moderno que
mereceu destaque e seguiu em todas as experiências uma mesma
linha de raciocínio:
• A concessão de um poder celeste aos monarcas
• A hierarquização humana de todas as camadas sociais a esse
poder supostamente divino
• A hereditariedade do poder (dinastias)
O processo de centralização política que levou à formação dos
Estados Modernos foi longo e avançou com o apoio da nobreza e do
clero, segmentos sociais componentes do modelo feudal, e da
burguesia, classe social que passou a deter o poder econômico
Principais dinastias Europa centro-ocidental
ESTADO NACIONAL MODERNO
Portugal
Borgonha
Avis
Habsburgo
Bragança
França
Carolíngia
Capetíngia
Valois
Bourbon
Bonaparte
Espanha
Trastâmara
Habsburgo
Bourbon
Bonaparte
Áustria
Babemburgo
Habsburgo
Lorena
Habsburgo-Lorena
Inglaterra
Plantageneta
Lancaster - York
Tudor
Stuart
Windsor
Alemanha
Carolíngia
Hohenstaufen
Habsburgo
Habsburgo-Lorena
Hohenzollern
ESTADO NACIONAL MODERNO
A longa transição do mundo feudal para a idade moderna foi marcada
pelo estabelecimento de uma nova ordem Política, Econômica, Social
e Religiosa, conforme o quadro comparativo:
Época Feudal Início da Modernidade
Política O poder estava nas mãos dos grandes
proprietários de terras.
O poder passou totalmente para as
mãos do rei. Isto possibilitou a
consolidação das monarquias
nacionais.
Economia Agricultura de subsistência e para
consumo local; economia estática, não
lucrativa. Praticamente não existia
comércio e as moedas eram raras e
escassas.
A economia passou a ser dinâmica. As
atividades comerciais foram se
desenvolvendo e a procura por novos
produtos obrigou o restabelecimento
comercial com o Oriente.
Sociedade A nobreza dominava a vida
econômica baseada na posse da terra e
na atividade agrária.
Surge uma nova classe enriquecida
pelo comércio: a burguesia, que
passou a dominar as relações.
Religião A religião tradicional era a católica e
tudo era explicado pela fé. Deus era o
centro de tudo.
Apareceram divergências religiosas.
Com o movimento renascentista, o
homem passou a ser valorizado e com
as Reformas Protestantes a Igreja
Católica foi contestada.
Fatores socioeconômicos: a aliança rei-burguesia
Estreita relação entre o desenvolvimento da atividade comercial e
a centralização do poder real
Fatores políticos e religiosos: os nobres e a Igreja perdem
seu poder
Radicais alterações político-sociais garantiram o crescimento de
poderes regionais, que se transformaram em reinos
Fatores culturais
O poder absoluto foi legitimado pelo engajamento da
intelectualidade renascentista e por seus discursos literários
A LONGA TRANSIÇÃO DO MODELO FEUDAL
PARA O MODELO ABSOLUTISTA
TEÓRICOS ABSOLUTISTAS
Pensadores que justificaram
o poder real
Nicolau Maquiavel
(1469-1527): Italiano
renascentista, em sua obra
O Príncipe, enfatizou que
os fins justificam os
meios para o rei se manter
no poder
Thomas Hobbes (1588-
1679): Inglês
renascentista, foi favorável
ao estabelecimento de um
“contrato social”, em que
todos deveriam renunciar
aos seus direitos em favor
do soberano. Sua célebre
frase: “O homem é o lobo
do homem” e sua mais
célebre obra foi o
Leviatã
Jacques Bossuet
(1627-1704):
Afirmou que o
poder real vinha
diretamente de
Deus
CARACTERÍSTICAS DO ESTADO MODERNO
ABSOLUTISTA
Os Reis adotaram uma série de meios ou instrumentos para garantir
o controle político do Estado. Entre eles, podemos citar as seguintes
características:
• Centralização administrativa, das moedas e da justiça
• Unificação territorial
• Sistema tributário regular e obrigatório
• Exército permanente
• União com a burguesia
• Idioma nacional
ABSOLUTISMO FRANCÊS
Dinastia Carolíngia (843-987): A centralização política francesa
aconteceu de forma gradual, sendo iniciada no Século IX, com o
reinado de Carlos, o Calvo
Dinastia Capetíngia (987-
1328): Deu continuidade ao
processo de centralização do
poder
Dinastia Valois (1328-1589): Descontinuidade do fortalecimento
do rei devido à peste negra (1348-1350), à Guerra dos Cem Anos
(1337-1453) e às sangrentas guerras religiosas (1562-1598)
ABSOLUTISMO FRANCÊS
Dinastia Bourbon (1589-1792): Em 1589, Henrique IV (Henrique
de Navarra e Bourbon) assumiu o trono do cunhado assassinado e
sem herdeiros, e deu início à família real que representou o auge
do absolutismo francês
Henrique IV converteu-se ao catolicismo para se tornar rei e assinou
o Édito de Nantes, em 1598, que concedeu liberdade religiosa à
burguesia calvinista, acabando com a guerra civil, trazendo para
junto de si a burguesia comercial e consolidando a centralização
do poder nas mãos do rei
Após a morte de Henrique IV, assumiu seu filho Luís XIII
França e o Sacro Império travaram a Guerra dos Trinta Anos (1618-
1648), conflito europeu que começou por motivos religiosos e
terminou em uma luta pela hegemonia europeia
ABSOLUTISMO FRANCÊS
A guerra terminou em 1648, com a celebração da Paz de Westfália
(um dos termos foi a anexação da região alemã da Alsácia-
Lorena pela França)
Com a morte de Luis XIII, subiu ao poder seu filho Luís XIV,
que fez a França experimentar o ponto máximo do absolutismo
Preparado para o cargo desde criança, Luís XIV sintetizou a
supremacia do governo absolutista ao afirmar: “o Estado sou
eu”
Luís XIV consolidou o mercantilismo francês e para manter a
burguesia calvinista sob controle, assinou, em 1685, o Édito de
Fontaneibleau, que tornou sem efeito o Édito de Nantes
LUÍS XIV – O REI SOL – REI DA FRANÇA NO
PERÍODO DE 1643 A 1715
ABSOLUTISMO FRANCÊS
O Édito de Fontaneibleau ocasionou a fuga de milhares de burgueses
calvinistas, gerando uma queda na arrecadação de impostos, evasão de
capital, aprofundando a crise econômica iniciada na Guerra dos 100
anos
Sua morte levou Luís XV, seu bisneto, ao trono francês
Luís XV foi sucedido, por sua vez pelo neto, que subiu ao trono como
Luís XVI
Durante esses dois últimos reinados, a economia francesa já se
encontrava em franca decadência, o que levou a uma profunda
insatisfação popular que culminou na Revolução Francesa
ABSOLUTISMO INGLÊS
A Inglaterra origina-se da Britânia romana, povoada por celtas,
anglos e saxões
Seu processo de formação monárquica foi iniciado a partir do Século
IX, sob forte influência normanda e dinamarquesa
Essa monarquia possuía uma característica particular que
nenhum outro povo europeu tinha na época: um Parlamento,
fator que desde sempre representou limitação ao poder real e foi
o real motivo de a monarquia inglesa ter demorado tantos séculos
para centralizar o poder
O Parlamento inglês historicamente ficou nas mãos da Gentry, a
burguesia mercantil, devido à nobreza Yeomen estar concentrada na
área rural
ABSOLUTISMO INGLÊS
Apesar da nobreza rural não se afinar com a burguesia urbana
politizada, a Guerra dos cem anos uniu os dois polos de interesse,
dando início a um processo de fortalecimento que se estendeu ao
longo de toda duração da guerra
Esse processo de consolidação absolutista foi pausado com a derrota
inglesa, que trouxe uma grave crise econômica que se abateu sobre o
país, influenciando uma disputa da nobreza pelo poder real
Essa disputa deu origem à Guerra das Duas Rosas (1455-1485),
guerra civil que durante trinta anos quase exterminou a nobreza
inglesa e provocou o fortalecimento dos comerciantes urbanos
ABSOLUTISMO INGLÊS
Essa guerra foi uma luta entre as dinastias Lancaster e York, duas
famílias nobres que vinham se alternando no poder nos últimos 100
anos
A guerra terminou com a ascensão de Henrique Tudor, apoiado pela
burguesia e pelos Lancaster, que se tornou o rei Henrique VII, dando
início à Dinastia Tudor, que representou o auge do absolutismo
inglês
Seriam ele e seus sucessores os responsáveis pela centralização do
poder monárquico na Inglaterra
ABSOLUTISMO INGLÊS
Henrique VIII, segundo monarca da dinastia Tudor, governou de
1509 a 1547
Nesse período, houve a unificação do país, pois Henrique
agradava tanto os interesses da nobreza rural, quanto dos ricos
comerciantes burgueses, o que o levou a manter-se em equilíbrio
com o Parlamento
Por intermédio da Reforma Anglicana, eliminou o único poder
que causava óbices tanto aos nobres, quanto aos burgueses – a
Igreja Católica
Após o Parlamento aprovar o Ato de Supremacia, em 1534,
Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e tomou-lhe as terras e
propriedades
ABSOLUTISMO INGLÊS
Seguiram-se a Henrique VIII, 3 de seus filhos, Eduardo, Maria e
Elizabeth
Eduardo VI (filho com Joan Seymor) foi fiel ao programa político do
pai
Maria I, também chamada Bloody Mary (filha com Catarina de
Aragão), tentou em 5 anos de reinado reinstalar a fé católica como a
oficial da Inglaterra, o que causou um êxodo de anglicanos para a
Europa continental e o contato deles com o calvinismo
Em 1558, Elizabeth I, conhecida como Rainha Virgem (filha com
Ana Bolena) ascendeu ao trono, onde ficou por 45 anos
Elizabeth reinseriu o anglicanismo e impôs uma forte perseguição
religiosa, que atingiu católicos e protestantes calvinistas
ABSOLUTISMO INGLÊS
Aquela perseguição religiosa não afastou o parlamento, pois o
mesmo havia se tornado predominantemente anglicano
A burguesia calvinista, mesmo tendo que esconder sua fé, se manteve
no lucro face ao estímulo às atividades comerciais que Elizabeth
propiciou
Elizabeth criou a Companhia das Índias Orientais e mandou
cercar as terras rurais, o que gerou um enorme êxodo do campo
para os grandes centros urbanos, mão-de-obra que anos mais
tarde serviria à pioneira industrialização inglesa
Aqueles que não quiseram esconder a fé, optaram por fugir do
país e algumas dessas levas de migrantes vieram a colonizar a
costa leste da América do Norte
RAINHA ELIZABETH I – A RAINHA VIRGEM
REINOU DE 1558 A 1603
HENRIQUE VIII
CHEFE DA IGREJA ANGLICANA
ABSOLUTISMO INGLÊS
Em 1603, Elizabeth morreu e como não tinha herdeiros assumiu a
coroa seu primo Jaime I, rei da Escócia, dando início à Dinastia
Stuart
Jaime empreendeu lutas constantes contra o Parlamento, em virtude
de sua incontrolável busca de aumentar impostos e radicalizou a
perseguição aos não anglicanos, causando forte êxodo da burguesia
calvinista puritana em direção à América do Norte, o que agravou a
situação econômica com a fuga de capitais e diminuição de impostos
O absolutismo foi se tornando incômodo aos interesses da
sociedade inglesa e com a deterioração da relação Rei –
Parlamento surgiu a Revolução Inglesa, que durou de 1640 até
1688, assunto que veremos ainda no 1º bimestre
ABSOLUTISMO PORTUGUÊS
Após a expulsão dos mouros de seu território, Portugal
transformou-se na primeira monarquia centralizada da Europa
em plena Idade Média
Contribuíram para a implantação da Monarquia a centralização
política obtida pela Dinastia de Borgonha, em 1139 e o apoio da
burguesia às iniciativas dos monarcas
Essa burguesia portuguesa será fundamental para o país por ocasião
da quebra da União Ibérica, em 1640, ao trazerem o apoio do capital
inglês para a formação de um exército para Portugal com a finalidade
de fazer frente à Espanha
ABSOLUTISMO ESPANHOL
A centralização monárquica, dificultada pela divisão interna, só foi
possível após a união dos reinos de Navarra, Aragão, Castela e, por
último, Granada, em 1492
O domínio das colônias americanas, a partir de 1492, proporcionou
grande desenvolvimento econômico, que foi mantido até o início do
Século XIX
As guerras napoleônicas e o processo de independência da América
Espanhola ocorridos no Século XIX levaram à decadência do
absolutismo espanhol