UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre +...

42
UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO SOCIAL GCI DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO GGA CURSO DE ARQUIVOLOGIA ALINE HOTT QUINTANILHA O ARQUIVISTA EMPREENDEDOR: AMPLIANDO OS HORIZONTES DO PROFISSIONAL DE ARQUIVO NITERÓI 2016

Transcript of UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre +...

Page 1: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

UFF – UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

IACS – INSTITUTO DE ARTE E COMUNICAÇÃO

SOCIAL GCI – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DA

INFORMAÇÃO GGA – CURSO DE ARQUIVOLOGIA

ALINE HOTT QUINTANILHA

O ARQUIVISTA EMPREENDEDOR: AMPLIANDO

OS HORIZONTES DO PROFISSIONAL DE ARQUIVO

NITERÓI

2016

Page 2: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

ALINE HOTT QUINTANILHA

O ARQUIVISTA EMPREENDEDOR: AMPLIANDO OS HORIZONTES DO

PROFISSIONAL DE ARQUIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciência da Informação da

Universidade Federal Fluminense como requisito para a

obtenção do grau Bacharel em Arquivologia.

ORIENTADORA: Prof. ª Lindalva Rosinete Silva Neves

Niterói

2016

Page 3: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

Quintanilha, Aline Hott.

O Arquivista empreendedor: ampliando os horizontes do

profissional de Arquivo / Aline Hott Quintanilha. – Niterói, 2016.

41 f.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquivologia) –

Universidade Federal Fluminense, 2016.

Orientador: Lindalva Rosinete Silva Neves

Bibliografia: f. 38-41.

1. Empreendedorismo. 2. Arquivista Empreendedor. 3.

Intraempreendedorismo. 4. Oportunidades para o Arquivista. 5.

Evolução Profissional. I. Neves, Lindalva Rosinete Silva. II. Título.

Page 4: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

ALINE HOTT QUINTANILHA

O ARQUIVISTA EMPREENDEDOR: APLIANDO OS HORIZONTES DO

PROFISSIONAL DE ARQUIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Departamento de Ciência da Informação da

Universidade Federal Fluminense como requisito para

obtenção do grau Bacharel em Arquivologia.

APROVADO EM___ DE____________DE 2016.

BANCA EXAMINADORA

___________________________.

Prof.ª Lindalva Rosinete Silva Neves (Orientadora)

Universidade Federal Fluminense

___________________________.

Prof. Gabriel Moore Forell Bevilacqua

Universidade Federal Fluminense

___________________________.

Prof.ª Joice Cardoso Ennes Universidade Federal Fluminense

Page 5: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

À minha mãe Edna Márcia, ao meu irmão

André e ao meu noivo Bruno que sempre

estiveram do meu lado.

Page 6: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus pela minha vida, sem Ele nada seria

possível nessa terra.

À minha mãe Edna que sempre se sacrificou por mim e nunca me deixou

desamparada, dedico aqui o meu amor, e ao meu irmão André com quem sempre pude contar,

além de meu irmão, sempre foi meu melhor amigo!

Ao Bruno, meu noivo e futuro marido, que é o responsável por eu estar aqui, meu

companheiro de todas as horas, esperando que possamos caminhar juntos em todas as etapas

de nossas vidas! Te amo muito amor!

Aos amigos que fazem nossas vidas mais coloridas e felizes. Alguns o destino coloca

para serem seus amigos de faculdade como a Jéssica Rodrigues, Thays Fernandes, Clara do

Carmo e Karina Yamamoto, outros o destino coloca no trabalho para a rotina não se tornar um

carma, Larissa Germano é um ótimo exemplo! Adorei te perturbar por dois estágios!

Obrigada por sua amizade dentro e fora dali!

Chefia pode entrar? Acho que sim... então não poderia deixar de agradecer aos que

contribuíram não só na minha evolução profissional como pessoal, Elizabete Marazo pela

aprendizagem e por aturar a minha época de novata, Diego Muniz e Rafael Mendes pela

aprendizagem e pelas risadas durante o expediente! À equipe da Eletrobrás, que se diga de

passagem, a equipe mais bem humorada e acolhedora que eu poderia fazer parte, Daniel

Beltran, Adriano Machado, Cintia Caldas, Jailza Sousa, Jacqueline Monteiro e Marcos

Moyses, muito obrigada por tudo. Aprendi o verdadeiro significado de equipe com vocês! À

Ligia W. Mattoso, pela aprendizagem e pelas oportunidades.

À minha orientadora e coordenadora Lindalva pelo apoio não só para realização desse

trabalho, mas também pela presteza de sempre com nossos problemas acadêmicos.

Aos professores Gabriel e Joice por terem aceitado, mesmo de surpresa, compor a

banca avaliadora.

Muito obrigada!

Page 7: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

“A mente que se abre a uma nova ideia jamais

voltará ao seu tamanho original”.

(Albert Einstein).

Page 8: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

RESUMO

Este estudo aborda o Empreendedorismo e a Arquivologia procurando evidenciar a relevância

da discussão sobre outros horizontes da área. Aborda questões como as novas oportunidades

do Arquivista empreendedor e do intraempreendedor, o Arquivista se vê perante a uma

quantidade de possibilidades e oportunidades jamais vistas antes. Cabe ao profissional da

informação verificar qual o seu perfil e o rumo que almeja para sua carreira. O

Empreendedorismo traça seus planos em direção ao sucesso e realização profissional,

baseando-se em consultoria e ampliação de trabalhos junto a instituições que possam arcar

com investimentos em equipamentos tecnológicos mais atualizados.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Arquivista Empreendedor. Arquivista

Intraempreendedor.

Page 9: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

ABSTRACT

This study approaches Enterpreneurship and Archiving, aiming to show the relevance of

discussing new horizons of the area. It approaches issues such as new opportunities of the

Enterpreneur archivist and inside-enterpreneur; the archivist faces an amount of possibilities

and opportunities as never seen before. It is up to the information professional to verify which

is his profile and the target he aims to his career. Enterpreneurship draws up one 's plans

towards success and professional accomplishments, based on consultancy and expansion of

the work among institutions which may afford investments on updated technological

equipments.

Keywords: Enterpreneurship. Enterpreneur Archivist. Inside-enterpreneur Archivist.

Page 10: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 10

2 O QUE É SER EMPREENDEDOR? ................................................................................ 12

2.1 EMPREENDEDORISMO NA PRÁTICA ......................................................................... 15

3 ARQUIVISTA: O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO ............................................. 17

3.1 A FORMAÇÃO DO ARQUIVISTA NO BRASIL ........................................................... 18

3.2 OPORTUNIDADES PROFISSIONAIS PARA O ARQUIVISTA ................................... 20

4 SENDO UM ARQUIVISTA EMPREENDEDOR ............................................................ 22

4.1 POSTURAS DE UM ARQUIVISTA EMPREENDEDOR ............................................... 23

4.2 NOVOS HORIZONTES NA ÁREA DA ARQUIVOLOGIA ........................................... 24

5 O ARQUIVISTA EMPREENDEDOR: CRIANDO O SEU PRÓPRIO NEGÓCIO .... 26

5.1 CONSULTORIA ARQUIVÍSTICA .................................................................................. 26

6 O ARQUIVISTA INTRAEMPREENDEDOR: EMPREENDEDNDO DENTRO DAS

EMPRESAS ............................................................................................................................ 32

6.1 AS VANTAGENS DO ARQUIVISTA INTRAEMPREENDEDOR ................................ 34

7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 36

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 38

Page 11: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

10

1 INTRODUÇÃO

Com o aumento do desemprego e a alta competitividade dentro das corporações, o

arquivista precisa traçar uma estratégia, caso queira marcar o seu lugar no mercado de

trabalho e atingir a sua realização profissional, seja criando o seu próprio negócio ou

aprimorando suas habilidades dentro das empresas em que atua.

O empreendedorismo vem ganhando espaço na mídia e está se tornando a grande

inspiração, tanto para os profissionais autônomos quanto para os funcionários de carteira

assinada, como meio de se destacar profissionalmente de modo impactante.

Geralmente, são apresentados meios muito limitados para o arquivista expandir seus

conhecimentos e progredir profissionalmente, causando grandes efeitos colaterais como a

autodesvalorização e consequentemente a desvalorização da área. Por conta disso, o presente

trabalho trata sobre o arquivista empreendedor, que aborda o empreendedorismo como forma

de inovar na área da Arquivologia promovendo a evolução do arquivista.

Justifica-se esse tema sobre o empreendedorismo, pelas suas possibilidades de

inovação e melhorias da área. Existe pouquíssima discussão sobre a Arquivologia

empreendedora como forma de se desvincular do contrato empregatício e atingir o sucesso

profissional por conta própria.

O presente trabalho foi construído dentro de um objetivo geral que consiste em

analisar as diversas oportunidades para o arquivista através do empreendedorismo e em

objetivos específicos que são: identificar os novos conhecimentos demandados pelo mercado

de trabalho para o arquivista, traçar outras direções profissionais para o arquivista, apontar

características empreendedoras relevantes para o arquivista e relaciona-las com as

características do profissional arquivista.

A metodologia usada para a construção deste trabalho foi o levantamento de literatura

bibliográfica, restringindo-se a literaturas afins dada a escassez do tema. Contudo, a citada

restrição não comprometeu de nenhuma forma o desenvolvimento do tema proposto, podendo

até ser o ponto de partida para futuras discussões sobre o mesmo.

O primeiro capítulo consiste na introdução, onde são expostos a justificativa do

trabalho, o objetivo geral e os específicos, a metodologia e um breve resumo de cada capítulo

a fim de se ter uma noção central de como as ideias foram organizadas.

No segundo capítulo, é abordado o conceito de empreendedorismo que é bastante

popular nos dias atuais e deve estar presente cada vez mais na maneira de se fazer negócios.

Page 12: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

11

No terceiro capítulo é apresentado o profissional de arquivo, o arquivista explicitando,

de forma introdutória, a formação do arquivista no Brasil desde a criação do curso de

Arquivologia em nível universitário em 1977. O capítulo reflete sobre as oportunidades atuais

para o arquivista diante de sua formação.

O quarto capítulo fica encarregado de elaborar uma fusão da área da Arquivologia

com a área do Empreendedorismo. Sendo a Arquivologia uma área da informação que

consequentemente deve acompanhar as diversas mudanças, na qual o empreendedorismo pode

se tornar forte aliado na conquista de inovação no comportamento arquivístico.

O quinto capítulo trata, de maneira introdutória, a visão que o arquivista precisa ter

para empreender abrindo o seu próprio negócio na área da Arquivologia. Para isso, é usada

como exemplo a abertura de uma empresa de consultoria arquivística. O tema é baseado e

construído dentro da atmosfera de consultoria empresarial por falta de textos específicos sobre

consultoria arquivística, o que não se mostrou ser um problema, pois as características iniciais

e os propósitos das duas áreas caminham na mesma direção, possibilitando assim a discursão

do tema.

O sexto capítulo aborda um tema que provavelmente se popularizará nos próximos

anos nas mais diversas corporações: o intraempreendedorismo. O intraempreendedorismo ou

empreendedorismo corporativo tem se mostrado a solução para empreendedores que não

pretendem ser donos do seu próprio negócio, abrindo mão de um emprego formal e possuem a

vontade de empreender. Nesse caso optam por explorar seus dons empreendedores dentro do

local de trabalho. No capítulo são apresentadas dicas para o arquivista empreender no setor de

arquivo nas empresas a fim de se destacar alcançando sua realização profissional.

O sétimo e último capítulo é destinado à conclusão das ideias exploradas no trabalho.

Nele é feita uma reflexão sobre o empreendedorismo ser ou não relevante para a área da

Arquivologia.

Page 13: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

12

2 O QUE É SER EMPREENDEDOR?

A palavra empreendedor (entrepreneur) surgiu na França por volta dos séculos XVII e

XVIII, definindo pessoas ousadas e com uma postura inovadora e proativa. Pessoas que

introduziam novas e melhores práticas e estimulavam o progresso socioeconômico.

O conceito deriva da união das palavras entre + prendre.

Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido entre um

lugar e outro. Inter significa ainda, reciprocidade e interação. A palavra prende deriva de

preendere, cujo significado é tomar posse, empregar, tomar uma atitude.

Os franceses possuem o verbo entrependre, que originou, tanto em francês quanto em

inglês, a palavra entrepreneur. Assim, a palavra empreendedor, passou a ser a definição das

pessoas que possuem iniciativa, assumem riscos e promovem a geração de riqueza.

(HILSDORF, 2015, p. 31).

A evolução do significado de Empreendedorismo tem sido bastante discutida no

decorrer dos anos, mas é aceita pela maioria dos estudiosos contemporâneos. Em 1989,

passaram a considerar empreendedorismo um processo pelo qual indivíduos, autonomamente

ou dentro de organizações, perseguem oportunidades sem levar em consideração os recursos

que eles controlam no momento. Assim, ao longo dos anos 90, são encontradas propostas de

significação para o termo que implicam no reconhecimento da inovação como parte essencial

do fenômeno, salientando ainda a possibilidade dele ocorrer em diferentes contextos com

consequências supostamente voltadas para o bem estar humano.

Hoje o Empreendedorismo vem ganhando força não só no Brasil como em todo o

mundo. Quem opta por estudar e aplicar o empreendedorismo não só na sua carreira, mas nos

seus projetos de vida, tende a se destacar dos demais.

Dornelas (2008; p.1) define que:

Os empreendedores são pessoas diferenciadas, que possuem motivação singular,

apaixonadas pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na multidão, querem

ser reconhecidas e admiradas, referenciadas e imitadas, querem deixar um legado.

Uma vez que os empreendedores estão revolucionando o mundo, seu

comportamento e o próprio processo empreendedor devem ser estudados e

entendidos. (DORNELAS, 2008, p. 1).

Apesar de atualmente o empreendedorismo não ser um movimento predominante,

acredita-se que cada vez mais, ele irá mudar a forma de fazer negócios e de se ver o mundo. O

papel do empreendedor é fundamental na sociedade, principalmente com os avanços

Page 14: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

13

tecnológicos que vem ocorrendo de forma acelerada. Isso explicaria o porquê do

empreendedorismo estar hoje na mira das grandes instituições de ensino.

[...] o momento atual pode ser chamado de a era do empreendedorismo, pois são os

empreendedores que estão eliminando barreiras comerciais e culturais, encurtando

distâncias, globalizando e renovando os conceitos econômicos, criando novas

relações de trabalho e novos empregos, quebrando paradigmas e gerando riqueza

para a sociedade.

O contexto atual é propício para o surgimento de um número cada vez maior de

empreendedores. Por esse motivo, a capacitação dos candidatos a empreendedor está

sendo prioridade em muitos países, inclusive no Brasil, haja vista a crescente

preocupação das escolas e universidades a respeito do assunto, por meio da criação

de cursos e matérias específicas de empreendedorismo, como uma alternativa aos

jovens profissionais que se graduam anualmente nos ensinos técnico e universitário

brasileiro e, mais recentemente, também no ensino fundamental. (DORNELAS,

2008, p. 9).

Acredita-se que existam pessoas que nascem com o chamado espírito empreendedor.

São pessoas que logo nos primeiros anos de vida demonstram pensamento estratégico,

facilidade de planejar e desejo de realizações. Outros vão adquirindo ao longo da vida

características empreendedoras, seja de forma inconsciente ou com algum propósito.

Independente de como se adquire o espírito empreendedor, seja desde a infância ou

através de estudos ao longo da vida, Chiavenato(2007, p.7) expõe sua opinião sobre as

características do empreendedor:

Na verdade, o empreendedor é a pessoa que consegue fazer as coisas acontecerem,

pois é dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de

identificar oportunidades. Com esse arsenal, transforma ideias em realidade, para

benefício próprio e para benefício da comunidade. Por ter criatividade e um alto

nível de energia, o empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos

que, combinados adequadamente, o habilitam a transformar uma ideia simples e mal

estruturada em algo concreto e bem-sucedido no mercado. (CHIAVENATO, 2007,

p. 7).

Ainda sobre características do empreendedor Chiavenato (2007) discorre sobre três

características básicas que identificam o espírito empreendedor. Segundo ele, primeiramente o

empreendedor precisa ter necessidade de realização, já que pessoas com essa característica

gostam de competir com certo padrão de excelência e preferem ser pessoalmente responsáveis

por tarefas e objetivos que atribuíram a si próprias.

A segunda característica é a disposição para assumir riscos, pois o empreendedor

assume variados riscos ao iniciar seu próprio negócio sejam financeiros, familiares ou até

psicológicos. Porém, empreendedores com alta necessidade de realização também têm

moderadas propensões para assumir riscos controlados.

Page 15: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

14

A terceira característica é a autoconfiança. Segundo o autor, quem possui

autoconfiança, sente que pode enfrentar os desafios que existem ao seu redor e tem domínio

sobre os problemas que enfrenta. As pesquisas mostram que os empreendedores de sucesso

são pessoas independentes que enxergam os problemas inerentes a um novo negócio, mas

acreditam em suas habilidades pessoais para superar tais problemas.

Mesmo quem não sente em si próprio a veia empreendedora, porém existe nele a

vontade de crescer profissionalmente através do empreendedorismo, em seu livro, Hilsdorf

(2015, p. 13-14) quando comenta que:

Empreendedorismo é uma competência humana, e, como tal pode ser desenvolvida.

Uma competência consiste em conhecimento, habilidade e experiência, e atitudes

empreendedoras podem e devem ser exercidas, de imediato, quando se fazem

necessárias. Assim, torna-se evidente que o sucesso de um empreendedor depende

da interação entre conhecimento e comportamento. Muito mais que meramente uma

pessoa repleto de boas ideias, um empreendedor é alguém focado na sua execução,

na realização de seus sonhos. Esse caráter pragmático é fundamental para que as

ideias saiam do mundo do potencial e ganhem vida no mundo real. (HILSDORF,

2015, p. 13-14).

Muitos confundem ou desconhecem a diferença entre o empreendedor e o

administrador, apesar de, a primeira vista os dois parecerem iguais, o empreendedor possui

todas as qualidades do administrador e se sobressai com características únicas.

Na verdade, não se propõe aqui encontrar respostas detalhadas para o tema, mas sim

fornecer evidências para um melhor entendimento dos papéis do administrador e do

empreendedor.

Dornelas (2008, p. 21-22) explica que:

A abordagem clássica ou processual, com foco na impessoalidade, na organização e

na hierarquia, propõe que o trabalho do administrador ou a arte de administrar

concentre-se nos atos de planejar, organizar, dirigir e controlar. O principal

divulgador desse princípio foi Henry Fayol, no início do século XX, e vários outros

autores reformularam ou complementaram seus conceitos com o passar dos anos. O

empreendedor de sucesso possui características extras, além dos atributos do

administrador, e alguns atributos pessoais que, somados a características

sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de uma nova empresa. De uma

ideia, surge uma inovação, e desta, uma empresa. (DORNELAS, 2008, p. 21-22).

O empreendedor é um administrador, mas com diferenças consideráveis em relação

aos gerentes ou executivos de organizações tradicionais, pois os empreendedores são mais

visionários do que os gerentes.

Page 16: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

15

2.1 EMPREENDEDORISMO NA PRÁTICA

Quando se fala em empreendedorismo, o senso comum leva a imaginar pessoas que

abriram as suas próprias empresas. Apesar desse senso estar correto, o empreendedorismo não

se limita apenas a pessoas que sonham em se tornar empresárias.

Geralmente os empreendedores possuem características similares: são proativos,

questionadores, possuem alto senso crítico, são dinâmicos, inovadores, orientados para

resultados e não têm medo de correr riscos. O que muda de um empreendedor para outro é o

contexto do empreendedorismo que pode gerar motivadores diferentes.

Os tipos de empreendedorismo mais comuns são: empresarial, público, social e o

intraempreendedorismo.

O empreendedorismo empresarial é o mais comum, de forma sucinta, consiste em

pessoas que abrem um negócio ou uma empresa. Dentro dele existem dois tipos de

empreendedores: por necessidade e por oportunidade. O empreendedor por necessidade

geralmente toma essa decisão por motivo de sobrevivência quando se vê, por exemplo,

desempregado. É um tipo de empreendedorismo considerado arriscado por muitos

especialistas, pois o negócio é pensado sem qualquer impacto de inovação. Porém isso não

quer dizer que um empreendimento, fruto de um empreendedor por necessidade, não possa

dar certo. O outro tipo são os empreendedores por oportunidade. Considerado o ideal, quem

empreende por conta de uma nova oportunidade percebida, tem maiores chances de sucesso.

O empreendedorismo público, em contrapartida, é o menos conhecido. Muitas pessoas

que passam por cargos públicos se deparam com rotinas, muitas vezes defasadas e com

funcionários que parecem não ser passíveis de mudanças. Porém, quando um funcionário

público compartilha de uma mentalidade empreendedora, ele imediatamente se concentra em

achar meios de melhorar o ambiente ao seu redor, facilitando processos e aperfeiçoando

serviços, como por exemplo, o atendimento ao público. O gestor público empreendedor é

aquele que acredita ser possível substituir o tradicional.

O empreendedorismo social está crescendo de forma expressiva nos últimos anos. O

empreendedor social é aquele que pensa o seu negócio com o objetivo de trazer mudanças

para a sociedade ou para uma comunidade. Esse modelo de negócio pode até visar lucro, mas

o empreendedor está, acima de tudo, lutando por uma causa. As principais características em

empreendedores sociais bem-sucedidos são: senso de urgência, senso de missão acima do ego,

foco naquilo que pode fazer e não nas “impossibilidades”, atitude irrevogável de conceder

créditos a todos os envolvidos, consciência de que o confinamento é uma única área do

Page 17: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

16

conhecimento que não convém à causa, autocrítica e autoaperfeiçoamento constantes, busca

por autonomia, disposição de trabalhar em silêncio, orientação ética e voto indissolúvel de

perseverança. (HILSDORF, 2015, p. 64-72).

Finalmente o Intraempreendedorismo, ou empreendedorismo corporativo, é a saída

para quem quer empreender, mas não tem um negócio próprio. Intraempreendedores agem

como se fossem os próprios donos do negócio, com a mesma garra, dedicação e paixão pela

causa da empresa. A presença de intraempreendedores dentro de uma organização representa

uma significativa mudança na cultura organizacional; coloca a empresa na vanguarda das

melhores práticas de gestão na era pós-industrial. Intraempreendedores procuram agir

utilizando conhecimentos oriundos de múltiplas áreas, tais como marketing, finanças,

negociação, vendas, gestão, dentre outras. Essa característica permite uma verdadeira relação

de parceria entre tais colaboradores e suas organizações. Dotados de iniciativa e autonomia

para conduzirem ações de alto valor agregado, eles obtêm resultados qualitativamente

superiores para a empresa. (HILSDORF, 2015, p.76-80).

Page 18: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

17

3 ARQUIVISTA: O PROFISSIONAL DA INFORMAÇÃO

Ganhando cada dia mais o seu espaço no mercado de trabalho o arquivista

desempenha um papel fundamental para o bom funcionamento de qualquer empresa.

Pode-se conceituar o arquivista também e não somente como o:

Profissional responsável por identificar, organizar, avaliar, preservar e restaurar

documentos, sejam textos, sejam imagens ou dados, registrados em papel, ou na

forma de fotografa, filme, microfilme, mídia digital ou, ainda, banco de dados

online. Este graduado é o responsável por organizar e tornar disponíveis as

informações que são geradas e acumuladas em empresas, órgãos do governo,

escolas, associações, instituições de saúde e ONGs. (GUIA DO ESTUDANTE).

A Lei 6.546/1978, que regulamenta a profissão do arquivista, descreve em seu artigo

2º um conjunto de 12 (doze) atribuições em que a competência para a realização de

planejamento se destaca.

São elas:

Art. 2º - São atribuições dos Arquivistas:

I - planejamento, organização e direção de serviços de Arquivo;

II - planejamento, orientação e acompanhamento do processo documental e

informativo;

III - planejamento, orientação e direção das atividades de identificação das espécies

documentais e participação no planejamento de novos documentos e controle de

multicópias;

IV - planejamento, organização e direção de serviços ou centro de documentação e

informação constituídos de acervos arquivísticos e mistos;

V - planejamento, organização e direção de serviços de microfilmagem aplicada aos

arquivos;

VI - orientação do planejamento da automação aplicada aos arquivos;

VII - orientação quanto à classificação, arranjo e descrição de documentos;

VIII - orientação da avaliação e seleção de documentos, para fins de preservação;

IX - promoção de medidas necessárias à conservação de documentos;

X - elaboração de pareceres e trabalhos de complexidade sobre assuntos

arquivísticos;

XI - assessoramento aos trabalhos de pesquisa científica ou técnico-administrativa;

XII - desenvolvimento de estudos sobre documentos culturalmente importantes.

(BRASIL, 1978).

Portanto, essa competência, voltada para o planejamento, se traduz em uma atividade

intelectual, exigindo do arquivista uma formação acadêmica que vai além de aspectos

meramente técnicos. (SOUZA, 2014).

As características necessárias para ser um bom arquivista resumidamente são: ser

meticuloso, organizado, ter bom sendo de observação e interesse por atividades burocráticas.

Page 19: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

18

Em alguns casos o arquivista precisará ter uma boa capacidade de lidar com o público, então

uma boa comunicação também se torna indispensável.

3.1 A FORMAÇÃO DO ARQUIVISTA NO BRASIL

A regulamentação da profissão de arquivista no Brasil foi obtida com a promulgação

da Lei nº 6.546, de 4 de julho de 1978, que Dispõe sobre a regulamentação das profissões de

Arquivista e de Técnico de Arquivo, e dá outras providências. A regulamentação da profissão

se deu seis anos após ter sido autorizado, pela Conselho Federal de Educação, a criação dos

cursos de Arquivologia em nível superior. A carga horária mínima prevista para o curso era

de 2.160 horas/aula, distribuídas entre três e cinco anos. (SOUZA, 2014, p.27).

Apesar do trabalho do arquivista ser em boa parte prática, a graduação tem um papel

fundamental na formação técnica e intelectual do profissional de arquivo.

A formação garante o monopólio do conhecimento, dá acesso à qualificação e ao

reconhecimento, conferindo ao profissional o direito de prestar serviços à

comunidade. A formação é organizada e gerida pela profissão e constitui um dos

traços característicos de cada grupo profissional. (CUNHA, 2009, p. 97).

Devido ao mercado de trabalho cada vez mais concorrido o arquivista precisa dominar

não somente as técnicas de arquivos, como também técnicas adicionais, como as de

administração, gestão de pessoas e principalmente técnicas de tecnologia. O arquivista, nos

tempos atuais, deve receber uma formação que vá além do domínio técnico necessário à

execução somente de suas atividades. O conhecimento teórico-científico é que dará ao

profissional as condições de se posicionar criticamente, junto às organizações públicas e

privadas em que atua.

É importante ressaltar a importância do estudo contínuo devido a velocidade das

informações cujo prazo de validade é muito curto:

[...] Os avanços tecnológicos, que têm lugar diariamente, refletem-se nas tarefas e

serviços dos arquivos e os arquivistas devem manter uma atualização contínua a fim

de seguir sendo profissionais reconhecidos e respeitados na sociedade. Enquanto

existir produção de informação arquivística, novos espaços de trabalho serão abertos

para a atuação dos arquivistas. (SOUZA, 2011, p. 53).

Os cursos de Arquivologia oferecidos no Brasil são bastante recentes. A década 1990

ficou marcada com a criação dos primeiros cursos de graduação em universidades públicas:

no ano de 1977 na Universidade Federal de Santa Maria/RS e na Universidade Federal do

Page 20: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

19

Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e, em 1979, na Universidade Federal Fluminense

(UFF/RJ).

Para Jardim (1999), a reflexão “sobre a trajetória e perspectiva do ensino da

Arquivologia no Brasil significa consideramos, de um lado, o percurso da própria

Arquivologia, fora e dentro do país e, por outro, os rumos da Educação e da Universidade”.

O primeiro curso foi criado em 1977 na Universidade Federal do Estado do Rio de

Janeiro (UNIRIO), “[...] que encampou o Curso Permanente de Arquivos do Arquivo

Nacional, e o segundo, o da Universidade Federal de Santa Maria, no estado do Rio Grande

do Sul”. (OLIVEIRA, 2003, p. 48). A partir de então, outros cursos surgiram em razão das

demandas percebidas pela, e na, sociedade contemporânea. (SOUZA, 2014, p. 30).

O curso de Arquivologia iniciado na Universidade Federal do Estado do Rio de

Janeiro, cujo currículo mínimo foi aprovado no ano de 1974, era composto de onze

disciplinas:

Introdução ao Estudo da História

Noções de Contabilidade

Noções de Estatística

Arquivo I – IV

Documentação

Introdução à Administração

História Administrativa, Econômica e Social do Brasil

Paleografia e Diplomática

Introdução à Comunicação

Notariado

Uma língua estrangeira moderna (JARDIM, 1999, p. 39).

Já o curso de Arquivologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), criado

pelo Parecer n.º 179/76 do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da UFSM, foi instalado

em março de 1977 com oferecimento de 25 (vinte e cinco) vagas anuais e com quatro

habilitações: Arquivos Empresariais, Arquivos Escolares, Arquivos Históricos e Arquivos

Médicos, compreendendo 2.165 horas/aula e estágio de 200 horas a serem desenvolvidas num

mínimo de três anos letivos, ou seis semestres.

Até 2014 o curso de Arquivologia já está sendo oferecido em 16 (dezesseis)

universidades públicas espalhadas pelo Brasil. Dessas 16 (dezesseis), 13 (treze) estão em

instituições federais e 3 (três) em instituições estaduais.

Page 21: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

20

Nesse contexto:

Vale ressaltar que dos dezesseis cursos de Arquivologia existentes hoje no Brasil,

dez estão localizados nas capitais dos estados e um deles no Distrito Federal. E mais,

há uma concentração de cursos de graduação em Arquivologia nas regiões Sul e

Sudeste do Brasil, implicando numa concentração de profissionais nessas regiões e,

consequentemente, uma carência de arquivistas nas demais regiões. (SOUZA, 2014,

p. 32).

O modelo curricular de formação de arquivistas, estabelecido nos anos 1970, e

aparentemente defasado do ponto de vista social, científico e pedagógico, ainda é

característica marcante nos cursos de graduação em Arquivologia no Brasil. Discute-se há

algum tempo sobre a necessidade de uma revisão do currículo desses cursos, diante do desafio

representado pelo grande volume informacional produzido pela sociedade contemporânea, o

que exige novas formas no tratamento, recuperação, acesso e difusão das informações, com

rapidez e precisão. Essas questões interferem diretamente, tanto na formação teórica quanto

prática dos discentes de cursos de graduação em Arquivologia e para o exercício de

profissionais de arquivo. (COSTA, 2008).

3.2 OPORTUNIDADES PROFISSIONAIS PARA O ARQUIVISTA

Sem dúvida, um dos elementos mais atrativos da Arquivologia é a quantidade de

oportunidades profissionais, pelo menos em se tratando da região sudeste, começando pelos

estágios.

Um aluno no primeiro período de graduação consegue, sem muitos sacrifícios, um

estágio remunerado e assim começa a ter contato com a parte prática da profissão.

O mesmo acontece quando o arquivista, o aluno então formado, ingressa no mercado

de trabalho. Afinal, todo órgão governamental ou qualquer empresa possui arquivos, e pela

demanda de informações tanto no âmbito público quanto no privado terem aumentado de

forma significativa, o arquivista se torna uma peça chave na administração da informação do

órgão ou empresa. Considerando ainda que a maioria, senão todas as empresas sejam elas de

pequeno, médio ou grande porte, que possuem arquivos e esses em algum momento da vida

dessas organizações precisarão de cuidados específicos, seja do estudante de Arquivologia

seja do arquivista formado conseguem o seu espaço no mercado.

Com o “boom” da tecnologia, muitos acreditaram que o trabalho do arquivista teria os

seus dias contados, devido a constante migração dos documentos do formato de papel para o

Page 22: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

21

meio digital. A surpresa é que na verdade aconteceu o inverso. Com a migração dos

documentos para o meio digital, notou-se por um lado o grande avanço, por exemplo, com

relação à tramitação e produção de documentos, porém por outro lado, percebeu-se como é

fácil perder documentos digitais, seja por vírus ou obsolescência de softwares. Diante desse

novo cenário, as oportunidades para os arquivistas só tendem a crescer.

As possibilidades realmente só aumentam. Para o trabalho em universidades, no

Congresso, em prefeituras e outros órgãos, é necessário prestar concurso público. No setor

privado, os arquivistas são requisitados por hospitais, instituições de ensino superior,

indústrias, centros de memória, casas de cultura e grandes escritórios de advocacia,

contabilidade, engenharia, arquitetura, entre outros.

Os principais núcleos de absorção desses profissionais são as grandes cidades e

capitais, que sediam empresas de maior porte. As vagas encontram-se principalmente nas

cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília (GUIA DO ESTUDANTE).

Apesar da quantidade de oportunidades que a cada dia mais vem se abrindo para os

arquivistas, existem alguns profissionais que ainda assim, não conseguem se realizar

profissionalmente em ambientes corporativos tradicionais ou mais do que isso; não se

enxergam permanecendo nesses postos de trabalho até a sua aposentadoria e sonham com seu

próprio negócio.

Nos próximos capítulos serão expostas opções para esses dois casos, a fim de ampliar

os horizontes do arquivista que se vê preso ao dilema de estudar anos a fim de conseguir um

cargo público, se acomodar e conseguir a cobiçada estabilidade, ou ter de aguentar uma

carreira onde não existe o reconhecimento merecido e o profissional, para manter o seu

emprego, permanece estagnado, ganhando sempre o mínimo e sem chances de crescimento.

Page 23: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

22

4 SENDO UM ARQUIVISTA EMPREENDEDOR

O presente capítulo defende as colocações de Bahia e Seitz (2009) em seu artigo “O

Arquivista Empreendedor” que aborda o perfil do profissional arquivista perante a cultura

empreendedora.

Não é difícil encontrar um profissional que reclama da falta de reconhecimento pelo

trabalho desempenhado. Principalmente os profissionais da informação que, na maioria das

vezes, precisam fazer muito, porém com poucos recursos. É comum a falta de recursos

(permanentes e de consumo), tempo e espaços adequados. Infelizmente é uma realidade não

só em instituições públicas, mas também em empresas privadas.

O curioso é que na verdade as organizações estão procurando ainda, profissionais que

se adaptem bem às condições diversas de trabalho. Bahia e Seitz (2009) comentam que as

organizações almejam sujeitos capazes de identificar oportunidades, adaptar-se rapidamente a

novos processos produtivos e hábeis o suficiente para executar uma tarefa desafiadora,

obtendo um resultado inovador e bem-sucedido. As autoras ainda dizem que essa é uma

realidade contemporânea para imprimir mais competitividade ao profissional arquivista e que

se faz essencial que ele apresente as qualidades de um profissional empreendedor.

Diante desse ponto de vista, pode-se supor que a inclusão da cultura empreendedora,

envolvendo suas práticas na formação do arquivista, irá possibilitar mais oportunidades no

mercado de trabalho a este profissional.

Confirma-se essa suposição no seguinte trecho:

Para ser um profissional empreendedor inserido no mercado de trabalho, o arquivista

deverá possuir algumas das características empreendedoras. Como condição básica,

estes profissionais precisam conhecer seu mercado de atuação o mais profundamente

possível e estarem familiarizados com o desenvolvimento e as necessidades de

informação, a fim de desempenharem um papel competitivo no atual mercado de

informação. (BAHIA; SEITZ, 2009, p. 473).

O arquivista do século XXI deve ser um empreendedor, segundo a visão de Jardim

(1999). Para o autor, aquele que cria projetos, abraça os novos desafios e se esforça sempre

para ser o melhor pode ser considerado um arquivista empreendedor. Ou seja, trata-se de um

indivíduo que vê o quadro geral e que pode pensar e trabalhar independentemente.

O profissional da informação no caso o arquivista precisa atender as exigências de

mercado no mundo empresarial, para isso ele não pode limitar o seu conhecimento, é

necessário ir além do conhecer o contexto no qual está inserido, ele precisa ser especialista na

Page 24: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

23

área de conhecimento onde atua; ser um profundo conhecedor dos recursos informacionais

disponíveis e das técnicas de tratamento da documentação com domínio das tecnologias mais

avançadas; procurar ser um gerente efetivo; e se preocupar em ser um líder para enfrentar as

mudanças e suas consequências. (CARDOSO; VALENTIM, 2008 apud BAHIA; SEITZ,

2009, p. 473).

Esse equilíbrio segundo Ferreira (2003) é obtido primeiramente com o diálogo

constante entre o mercado, as entidades de classe e as instituições formadoras, buscando atuar

de forma mais integrada e eficaz na formação do profissional esperado ou desejado.

Valentim (2002) diz que “falar sobre as competências e habilidades necessárias ao

profissional arquivista exige uma reflexão com as demandas sociais existentes [...]”. Cardoso

e Valentim (2008) acrescentam que “Ter essa preocupação fará com que a formação do

profissional seja mais completa e permitirá que ele consiga desempenhar um papel

participativo na sociedade à qual está inserido”.

Espera-se com a chegada do empreendedorismo na formação do arquivista, que o

mesmo se sobressaia em suas atividades.

4.1 POSTURAS DE UM ARQUIVISTA EMPREENDEDOR

Ainda sobre seu artigo, Bahia e Seitz expõem uma pesquisa realizada em 2009 com

estudantes do III Curso de Gestão de Arquivo Públicos e Empresariais da Universidade

Federal de Santa Catarina (UFSC). O foco dessa pesquisa foi verificar se são conhecidas as

características necessárias do empreendedor, se os sujeitos da pesquisa possuem

características necessárias ao profissional empreendedor e no caso afirmativo, identificar

quais são as respectivas características. Para isso foi utilizado um questionário entregue aos

alunos.

A pesquisa foi aplicada a 34 alunos, iniciada solicitando aos mesmos que

assinalassem, num grupo de sete alternativas, as três principais habilidades do empreendedor.

Chegou-se aos resultados a seguir: 41% consideraram como habilidade do empreendedor

produzir soluções rapidamente, demonstrar capacidade e adaptação e novos métodos de

trabalho e desenvolver plano de divulgação e de Marketing, seguidos de 32% que

consideraram desenvolver plano de divulgação e de marketing; controlar a execução de

planos de atividade; e buscar patrocínios e parcerias. Constatou-se ainda que 52%

consideraram a busca por patrocínios e parcerias caracterizam uma habilidade do

empreendedor. (BAHIA; SEITZ, 2009, p. 477).

Page 25: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

24

No momento que foi solicitado que assinalassem as três competências necessárias para

a Gestão de Arquivo, 47% responderam que manterem-se atualizados, demonstrarem

capacidade de analise e síntese e ser proativo seguidos de 38% que consideraram manter-se

atualizados, demonstrando capacidade de negociação e agirem com ética.

Com relação às atitudes necessárias para o empreendedor, a pesquisa constatou que

41% consideraram relevante ter visão de futuro, saber tomar decisões corretas, saber explorar

o máximo as oportunidades e serem líderes e formadores de equipes, seguidos de 29%, que

consideraram qualidades necessárias, para agregarem valor aos serviços e produtos, serem

determinados e dinâmicos, se relacionarem bem e bons planejadores. A pesquisa também

mostrou que 64% dos alunos declaram em suas respostas que ser líder e formador de equipes

é uma qualidade necessária para o empreendedor. (BAHIA; SEITZ, 2009, p. 477).

Unanimemente, (100%) acreditam que o Arquivista para ser empreendedor deve ser

também ser inovador seguido do item criatividade, citado por 88% dos alunos, e flexibilidade

citado por 67% alunos.

Sobre a necessidade de o profissional arquivista desenvolver habilidades e

competências empreendedoras, novamente todos os 34 alunos (100%) concordaram que existe

a primordialidade da melhoria de habilidades e competências empreendedoras para o

arquivista. As respectivas respostas sobre a percepção dos alunos sobre a questão foram

reunidas e categorizadas e constatou-se que a maioria significativa retratou em suas alegações

a necessidade de atitudes empreendedoras e também fazem relacionamentos dessas com o

trabalho, as habilidades propriamente ditas e os conhecimentos necessários de maneira

própria e de maneira geral. (BAHIA; SEITZ, 2009, p. 477).

4.2 NOVOS HORIZONTES NA ÁREA DA ARQUIVOLOGIA

A partir deste ponto do presente trabalho, discutir-se as diversas possibilidades

profissionais para o arquivista, com ênfase nas opções do negócio próprio em que será

exemplificado com uma empresa de consultoria arquivística e as práticas do

intraempreendedorismo para profissionais que não partilham do interesse de serem donos do

seu próprio negócio.

Primeiramente se faz necessário uma breve explicação da diferença entre arquivista

empreendedor e arquivista intraempreendedor.

O arquivista empreendedor é aquele que, depois de formado, procura aprimorar-se na

área de negócios para assim seguir carreira autonomamente.

Page 26: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

25

As possibilidades para o arquivista empreendedor, ao contrário do que muitos pensam,

são vastas. Além da promissora oportunidade de prestar consultoria por conta própria, o

arquivista pode se unir com outros arquivistas com a mesma ambição e fundarem juntos uma

empresa de consultoria com grande impacto no mercado.

Outra possibilidade do arquivista empreender pode ser não somente em uma empresa

restritamente de consultoria arquivística, pois um arquivista pode ser um excelente candidato

a sócio de qualquer ramo de empresa, ou segmento que com certeza produzirá documentos e

lidará com eles a todo momento, possibilitando assim uma ótima oportunidade para realizar

um excelente trabalho em sociedade.

Já o arquivista intraempreendedor corresponde ao profissional que pretende fazer

carreira dentro das empresas em que trabalha. Sem dúvida, essa parcela de profissionais,

corresponde à maioria dos profissionais ativos na área da Arquivologia, por esse motivo, o

estudo do intraempreendedorismo para o arquivista se torna tão importante.

Um arquivista de uma empresa que absorve as práticas empreendedoras está mais

propenso a promoções e notoriedade dentro das empresas em que trabalham. Mesmo os

servidores públicos podem usar tal prática visando melhorias no setor público, que de maneira

alguma será considerada menos importante. Esse estudo porém está concentrado em discutir o

empreendedorismo dentro de empresas privadas devido à quantidade de arquivistas no setor

privado.

Page 27: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

26

5 O ARQUIVISTA EMPREENDEDOR: CRIANDO O SEU PRÓPRIO NEGÓCIO

Este capítulo discorre sobre as principais ideias de um negócio de consultoria

arquivística e incentivando arquivistas que possuem o desejo de serem donos do seu próprio

negócio, mas ainda não o fazem, por algumas vezes achar esse, um sonho impossível dentro

da área da Arquivologia.

Como qualquer negócio, o caminho é longo e difícil, mas para quem almeja crescer

como empresário, não terá problemas em passar pelos obstáculos inevitáveis da jornada.

Serão exploradas a seguir as etapas de como pensar uma empresa de consultoria

arquivística, levando em conta o perfil e as características do consultor.

5.1 CONSULTORIA ARQUIVÍSTICA

Pretende-se neste comentário sobre consultoria demonstrar como o guia para abertura

de um negócio, mas apenas de expandir a visão profissional do arquivista. Para isso será

exposta uma visão geral do que ele precisa ter em mente caso opte em se tornar um consultor

de seu próprio negócio no ramo da consultoria.

É relevante ressaltar que pela escassa literatura especializada sobre o tema, foram

utilizadas referências sobre consultoria empresarial, principalmente, mas não somente, um

livro de mesmo nome escrito por Luciano Crocco e Erik Guttmann. A escolha desse livro

especificamente deve-se a seus princípios que são de extrema semelhança à proposta da

consultoria arquivística.

A ideia da abertura de uma empresa de consultoria consiste no fato de, não ser preciso

começar com uma grande equipe.

Um arquivista formado consegue começar sozinho, prestando pequenas consultorias

para micro e pequenas empresas e até mesmo organizando arquivos pessoais de pessoas

físicas.

Porém muitas empresas preferem confiar seus arquivos a consultores de empresas de

consultorias já estabelecidas no mercado, por isso, nesse caso, será necessário mais

planejamento e aquisição de sócios que compartilhem da mesma visão. Assim, a futura

empresa poderá ter chances de permanecer no mercado e crescer.

Um ponto importante é verificar se o arquivista interessado possui as características de

um consultor, pois sem um perfil adequado este poderá, mesmo sem querer, arruinar o

negócio.

Page 28: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

27

Como se preparar para criar um negócio próprio, ou seja, como ser um empreendedor?

Segundo Leite (1999), os passos para isto são:

Desenvolver uma íntima relação com os computadores, mesmo parecendo uma

questão óbvia. Sem este conhecimento, o empreendedor não terá acesso às

informações necessárias para seu desenvolvimento profissional e pessoal;

Dominar os princípios básicos de administração, principalmente no que tange a

administração de microempresas, pois existe uma grande probabilidade de que o

negócio inicie com apenas um ou dois funcionários;

Pensar pequeno, pelo menos no início, pois o empreendedor deve ser capaz de

criar um negócio que envolva poucas pessoas;

Aprender a trabalhar em equipe, pois as distâncias entre empregador e

empregado estão cada vez menores;

Não se apegar demasiadamente a detalhes, pois o mundo está mudando

rapidamente, de modo que não adianta uma superespecialização em um assunto

que, provavelmente, ao fim dos estudos, estará ultrapassado;

Fazer aquilo de que gosta, meditando antes de iniciar um empreendimento se

isso é realmente o que você gostaria de fazer pelo resto de sua vida;

Ser otimista. (LEITE, 1999).

Com o ritmo continuamente acelerado das empresas, os consultores vem sendo

requisitados para cumprir o papel do agente da mudança de forma interna desde pequenas até

as grandes corporações.

Resultados de levantamentos e pesquisas apontaram para uma gama de motivos que

levaram as organizações como empresas, associações, órgãos governamentais, institutos e

fundações a contratar consultores, seja pressão por redução de custos, por falta de

conhecimento e profissionais especializados, decorrentes da velocidade das mudanças, ou

pressa por algum procedimento. Posteriormente a essa análise, chega-se à conclusão de que

existem três motivos abrangentes que se transformam em específicos e são usados

particularmente ou em conjunto para levar à contratação de uma consultoria. São eles: a

necessidade de maior conhecimento, a falta de tempo e a política empresarial.

Segundo Crocco e Guttmann (2005), a necessidade de maior conhecimento acontece

em situações em que a empresa nem sabe o que precisa, não tem o conhecimento que precisa,

ou quando tem o conhecimento, não possui a competência para usá-lo ou a empresa não tem

como administrar a gestão do conhecimento. A falta de tempo refere-se a trabalhos que os

consultores deverão realizar, desempenhando atividades e tarefas por determinado período,

visando alcançar e/ou se igualar a outras em seu ambiente competitivo. No caso do setor de

arquivo, o arquivista estará desempenhando tarefas relacionadas às informações da empresa,

transformando-as em ferramentas estratégicas. Assim, elas serão mais bem utilizadas,

agilizando os processos burocráticos. Por último a política empresarial é o principal motivo da

Page 29: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

28

contratação de um consultor, porque as empresas precisam de um olhar externo com uma

visão imparcial de alguma situação. Visão difícil de conseguir através de um funcionário

interno da empresa.

Em qualquer desses casos, a procura por um consultor é necessária porque a

empresa está percebendo a existência de um problema que não está sendo tratado de

forma adequada pelos processos organizacionais normais e/ou pelas pessoas

envolvidas. O outro lado da moeda é perceber que a consultoria sempre vai lidar

com mudanças, turbulência e muitas vezes com o desconhecido. (CROCCO;

GUTTMANN, 2005, p. 22).

Seja qual for o motivo, os arquivistas podem enxergar essa demanda como uma ótima

oportunidade de negócio.

Quando se fala em consultoria, logo se imagina uma prática recente, porém a mesma

existe há muitos anos. Para esclarecer o termo Crocco e Guttmann (2005)chegaram à

definição que:

Consultoria é um processo interativo, executado por uma ou mais pessoas,

independentes e externas ao problema em análise, com o objetivo de fornecer aos

executivos da empresa-cliente um ou mais conjuntos de opções de mudanças que

proporcionem a tomada de decisão mais adequada ao atendimento das necessidades

da organização. (CROCCO; GUTTMANN, 2005, p. 18).

No caso da consultoria arquivística, o arquivista atuará como consultor em arquivos

que necessitem de mudanças com relação aos seus procedimentos, estrutura e colocação

dentro da corporação. Há casos em que o consultor poderá ser contratado para acompanhar a

criação do setor de arquivo desde o início, nesse caso, fica cabendo-lhe a responsabilidade de

criar todo o modelo de funcionamento para que o arquivo seja o centro informacional da

empresa.

Os autores supracitados discorrem em seu livro as premissas da consultoria

empresarial que podem ser, sem problemas, adaptadas a consultoria arquivística. São elas:

independência, automotivação, perícia escrita e verbal, capacidade analítica, autenticidade e

ética. (CROCCO; GUTTMANN, 2005).

A independência diz respeito à liberdade de ser o próprio patrão de maneira formal e

intelectual e principalmente fazer o seu horário de trabalho. A organização do tempo também

é um ponto importante.

Automotivação consiste em saber a amplitude e os limites, fazendo desses fatores os

impulsionadores de trabalho. Isso significa que o consultor sabe quando e como as coisas

precisam ser feitas, com que profundidade e demonstrar confiança no fornecimento dos seus

Page 30: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

29

trabalhos. Ao optar por trabalhar autonomamente o consultor precisa estar ciente que ele

próprio precisa se motivar para a realização de seus trabalhos.

A perícia escrita e verbal é colocada como uma forma de comunicação efetiva a qual o

consultor saiba utilizar de forma que a linguagem seja, prática e simples atingindo os

diferentes públicos existentes dentro de uma organização, por ser acessível.

A premissa da capacidade analítica exemplifica um motivo comum por que os

consultores são contratados, além de solucionar problemas. Muitas vezes o consultor precisa

lidar com situações ainda não estruturadas e analisar suas variáveis para propor uma solução.

Autenticidade consiste em uma premissa importante, já que o consultor possa manter

um comportamento visível ao cliente utilizadas em palavras as vivências do consultor. Os

autores diferenciam a exteriorização de ser e estar consultor. Significa ser um consultor:

explicar, traduzir, analisar as situações.

Por último a ética consiste em seguir princípios e valores que se comprovem ser

verdade, honestidade de princípios e ações. A confidencialidade de informações é um

princípio e uma realização da ética.

Como em qualquer profissão a consultoria necessita de algumas características de seus

profissionais. Segundo os autores Crocco e Guttmann (2005, p. 40):

Os atributos que um consultor deve ter é a soma das características de cada

indivíduo ou da organização em que se atua. É evidente que nenhuma lista é

completa. A experiência mostra que os vários atributos listados e agrupados são

aqueles que muitos consultores empresariais consideram básicos para o desempenho

de sua função. Para que exista pleno conhecimento desses atributos, eles foram

agrupados em três blocos, que são: comportamento, habilidade e conhecimento.

(CROCCO; GUTTMANN, 2005, p. 40).

Explicando cada bloco de atributos, os autores começam pelo comportamento, que

pode ser definido como a exteriorização dos valores, das emoções e da aplicação do

conhecimento. Eles ainda afirmam que o comportamento é a resposta para a pergunta: “Qual

o posicionamento do consultor perante as situações sensíveis para ambas as partes, consultor e

cliente?”. Em complemento a essa resposta, parte desse comportamento é a interatividade que

é a capacidade de se relacionar produtivamente com seus interlocutores, proporcionando um

ambiente propício à perpetuidade de comunicação e à criação de confiança; a proatividade e

por último o comprometimento.

Em seguida insere-se a habilidade, definida como o conhecimento específico aplicado

que proporciona graduação de flexibilidade do consultor na proposta de otimização de

resultados. Mais uma vez os autores julgam necessário um melhor detalhamento dessas

Page 31: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

30

visando a diferenciação de comportamento e habilidade. Desse detalhamento existem cinco

itens que são: técnicas, comunicação, relacionamento humano, administração e motivação.

As técnicas consistem em qualquer aplicação do saber tais como ensinar, programar,

organizar, desenhar, entre outros. São as técnicas e ferramentas de que o consultor dispõe para

o fornecimento dos serviços ou trabalhos.

A comunicação é o compartilhamento de informações e ideias por meio das formas de

comunicação como conversas pessoais ou telefônicas, leitura de correspondências ou emissão

de relatórios. No mesmo contexto uma das mais importantes habilidades do consultor, é saber

ouvir.

A partir dessa habilidade o consultor poderá saber os reais desejos dos clientes e se

estão satisfeitos com o andamento do trabalho prestado.

O relacionamento humano é a busca por criar um clima conveniente, transmitir

confiança, trabalhar em equipe, conseguir a colaboração e a lealdade, fatores que importam no

tratamento entre as pessoas. Por isso, se torna uma habilidade chave para o consultor perante

seu cliente antes e durante a prestação de serviço. Segundo os mesmos autores, muitos

consultores creem que somente os resultados realmente importam, sem ponderar os esforços e

energia despendidos para sua execução. E complementam dizendo que o grau de resistência à

atividade do consultor é diretamente equivalente à sua competência de relacionamento

humano com seu cliente.

A administração se refere a gestão dos recursos de tempo, físicos e financeiros,

agendamentos e outras ocupações que fazem os trabalhos terem continuidade e alcançarem os

resultados esperados. O cumprimento de prazos, a qualidade dos trabalhos e os esforços

investidos estão relacionados diretamente a essa habilidade.

A motivação é um elemento fundamental e agregador, promover vontade de alcançar

resultados ou mudanças, ter iniciativa e gerar satisfação.

Por fim, os autores elencam os seguintes aspectos sobre o conhecimento: sustentação

conceitual e prática, raciocínio lógico, inteligência empresarial, tratamento da informação e

administração de tempo.

Segundo os autores sustentação conceitual e prática consistem em conceitos ou teorias

singulares da compreensão do consultor, na real são determinadas as bases para os

procedimentos, técnicas e ferramentas desenvolvidos para a aplicação prática. Exemplificar os

trabalhos bem-sucedidos, com base nesses conceitos que foram executados e que

fundamentam as sugestões para o trabalho atual.

Page 32: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

31

O raciocínio lógico é se concentrar no que seja principal, conseguir conectar os

diversos princípios de uma equação ou problema, identificar argumentos incorretos dos

corretos para esquivar-se das emboscadas práticas no desenrolar dos trabalhos.

Inteligência empresarial é colocada como conjunto de processos analíticos que

transformam dados e informações em conhecimento estratégico relevante, preciso e útil na

compreensão do ambiente competitivo de uma empresa.

O tratamento da informação significa compreender onde e como procurar a

informação, tecnologias e como difundir as mudanças pela organização-cliente, da mesma

maneira como na aplicação da inteligência empresarial, fazendo que todas as perspectivas

comuns até agora expostas sejam usadas de modo complementar e de forma eficaz.

Administração de tempo é definida como o hábito de relacionar as atividades

solicitadas ou pretendidas, sem exceder a predisposição de absorção de novas tarefas pelas

pessoas envolvidas com as funções. O consultor, ao propor qualquer mudança,

consequentemente avalia a qualidade e quantidade de tarefas existentes, podendo: criar,

alterar ou eliminar tarefas já existentes. Com essas alterações, cria-se uma nova perspectiva de

um novo consumo de tempo, podendo resultar em: sobra, igualdade ou falta, e esse resultado

deve ser administrado.

Com relação às qualificações, estes definem 3 grupos: experiência, educação e

diferenciais.

A experiência é uma dos melhores vantagens na realidade da consultoria, se refere ao

inventário de serviços realizados, de forma remunerada ou não, e que levam o consultor a

atingir tipos e magnitudes de conhecimento. Essa bagagem servirá de base para a

consolidação dos diferenciais do consultor. Um arquivista que possui experiências em vários

tipos de arquivos, terá maiores chances de prestar uma consultoria mais assertiva.

A educação é base educacional adquirida, formal e de extensão, idiomas e outras

formas de acúmulo de conhecimento são o foco nessa qualificação. Não basta citar o título

alcançado, mas primordialmente qual o conhecimento adquirido.

Os diferenciais são contabilizados com base nos inventários de experiência e

educação. Pode-se agora determinar que diferenciais cada consultor possui.

Com as características e qualificações mais relevantes definidas, o consultor pode,

agora, se dedicar à determinação do contorno e extensão de seu trabalho. (CROCCO;

GUTTMANN 2005).

Page 33: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

32

6 O ARQUIVISTA INTRAEMPREENDEDOR: EMPREENDEDNDO DENTRO DAS

EMPRESAS

Hashimoto (2006) já dizia que a próxima década seria marcada pela inovação. Para

ele, criar o que ninguém tem, imaginar o que não existe, propor novos paradigmas, explorar

novos nichos, estabelecer novos produtos e acima de tudo ter visão para detectar novas

tendências, são habilidades inerentes ao seres humanos e cada vez mais aproveitados pelas

empresas.

O que permite as empresas se sobressaírem na chamada década da inovação consiste

em seus talentos humanos.

Portanto para acompanhar a tendência, as organizações precisam encontrar a

capacidade criativa e inovadora das pessoas o que é conseguido com sucesso através do

desenvolvimento do intraempreendedorismo.

Souza (2000, apud URIARTE, 2000) fala sobre a nova Era no qual o conhecimento se

destaca. A “Era do Conhecimento”, como muitos chamam, proporciona acesso a um número

de informações muito maior do que se pode absorver, e, ao mesmo tempo, nunca se teve tanta

incerteza sobre o futuro profissional. Os jovens perguntam-se se devem seguir as carreiras

tradicionais ou entrar na corrida da indústria da informação, abrindo seu próprio negócio.

Muitos questionam se vale a pena continuar estudando. Funcionários não sabem se terão suas

vagas no dia seguinte. Se perderem seus empregos, sabem que será praticamente impossível

conseguir outra vaga no mercado - cada vez mais competitivo - de trabalho, principalmente se

estão além da meia-idade. A maioria das pessoas empregadas está insatisfeita com seu

trabalho, salário e rumo de suas carreiras. O que fazer? Quais as alternativas? Uma sugestão

do autor que contribui para que você reinvente sua carreira é: seja empreendedor. Seja

“presidente” de sua própria vida. (SOUZA, 2000).

Diferente do capítulo anterior, que aborda o arquivista como empreendedor do seu

próprio negócio, o presente capítulo é direcionado a arquivistas que preferem empreender

dentro das corporações em que trabalham. O chamado intraempreendedorismo ou

empreendedorismo corporativo está ganhando força nas organizações e o arquivista

contemporâneo precisa acompanhar essa tendência se pretende ser valioso e preservado

dentro do corpo funcional da empresa em que atua.

Segundo Schumpetter (1982), o fator base para uma pessoa ser empreendedora é a sua

capacidade de inovação. Para ele, o empreendedor é mais conhecido como aquele que cria

novos empreendimentos, mas também pode ser aquele que inova dentro de um

Page 34: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

33

empreendimento já constituído, ou seja, é possível ser um empreendedor dentro de uma

empresa já estabelecida, o que significa ser um intraempreendedor.

O termo intraempreendedorismo surgiu em 1978 como abreviaturas do conceito de

intracorporate entrepreneuring ou empreendedorismo intracorporativo. A partir daí foram

propostos conceitos e argumentos que sustentam a ideia de que para se tornar um

empreendedor não é necessário abandonar a empresa onde trabalha (PINCHOT, 2004).

O termo intraempreendedor (tradução do inglês – intrapreneur) foi cunhado por

Gifford Pinchot III, o mesmo define intraempreendedor como:

Todos os ‘sonhadores que realizam’. Aqueles que assumem a responsabilidade pela

criação de inovações de qualquer espécie dentro de uma organização. O intrapreneur

pode ser o criador ou o inventor, mas é sempre o sonhador que concebe como

transformar uma ideia em uma realidade lucrativa. (PINCHOT III, 1989, p. 11).

Assim como na abordagem de Schumpetter (1982), na visão de Pinchot III (1989), o

principal ingrediente para que um indivíduo seja empreendedor é sua capacidade de inovação;

sua função chave estaria em realizar recombinações dos fatores de produção, o que não influi

necessariamente em ser proprietário desses fatores.

O intraempreendedor pode ser definido como o indivíduo que está interessado em

efetuar um ato de inovação, comprometendo-se e responsabilizando-se com todas as etapas

necessárias para atingir seu objetivo e gerar resultados. Esse indivíduo se preocupa não

somente com a criação de novo empreendimentos, mas colaborar para o desenvolvimento e

sucesso da empresa, assumindo riscos calculados, identificando oportunidades, inovando,

sendo criativo e trabalhando em equipe (DORNELAS, 2008).

Para Felippe (1996) empreendedor é aquele capaz de deixar os integrantes da empresa

surpreendidos, sempre pronto para trazer e gerir novas ideias, produtos, ou mudar tudo o que

já existe. É um otimista que vive no futuro, transformando crises em oportunidades e

exercendo influência nas pessoas para guiá-las em direção às suas ideias. É aquele que cria

algo novo ou inova o que já existe e está sempre pesquisando. É o que busca novos negócios e

oportunidades com a preocupação na melhoria dos produtos e serviços. Suas ações baseiam-se

nas necessidades do mercado.

Pinchot III (1989) destaca algumas atitudes comumente encontradas em

intraempreendedores, são elas:

Ir ao trabalho a cada dia disposto a ser demitido;

Evitar qualquer ordem que vise interromper seus sonhos;

Page 35: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

34

Executar qualquer tarefa necessária a fazer seus projetos funcionarem, a

despeito de suas descrições de cargo;

Encontrar pessoas para ajudá-lo;

Seguir intuição a respeito das pessoas que selecionar e, trabalhar somente com

as melhores;

Trabalhar de forma “clandestina” o máximo que puder, pois a publicidade ativa

o mecanismo de imunidade das organizações;

Nunca apostar em uma corrida, a menos que estiver correndo nela;

Lembrar de que é mais fácil pedir perdão do que permissão;

Ser leal às metas, mas realista quanto às maneiras de atingi-las;

Honrar os patrocinadores. (PINCHOT III, 1989).

Segundo Fialho et al (2007, p. 45), as características básicas dos intraempreendedores

são parecidas com as dos empreendedores e possuem base nas necessidades, aptidões,

conhecimentos e valores. O intraempreendedor deseja permanecer na empresa onde trabalha,

é orientado para a ação quando recebe liberdade, recursos e incentivo da empresa. Mesmo não

tendo, a princípio as características intraempreendedoras, o arquivista não precisa se

preocupar, pois segundo Uriarte (2000, p.61):

Acredita-se que o intraempreendedorismo, assim como o empreendedorismo, pode

ser aprendido, seja por meio de cursos, palestras e seminários, ou com a prática, por

intermédio da experiência de pessoas já intraempreendedoras.

Todas as pessoas apresentam algumas características intraempreendedoras em seu

perfil comportamental, basta saber se o número de características apresentadas é

suficiente para o indivíduo ser considerado um intraempreendedor de sucesso. Em

um futuro próximo, acredita-se que o indivíduo deverá apresentar um

comportamento intraempreendedor para manter seu emprego. (URIARTE, 2000, p.

61).

6.1 AS VANTAGENS DO ARQUIVISTA INTRAEMPREENDEDOR

O intraempreendedorismo promete ser critério de desempate em disputas internas de

cargos e promoções. E o arquivista que quiser crescer dentro das organizações precisa usar o

empreendedorismo a seu favor.

Nesta sucinta parte, estão expostas as principais vantagens competitivas que o

arquivista conseguirá se usar o a cultura empreendedora nas suas rotinas de trabalho.

Primeiramente, o arquivista intraempreendedor possuirá características táticas como

analisar um problema e em seguida sugerir uma solução. Essa habilidade é geralmente

encontrada somente em empreendedores e facilitará a inclusão do arquivista na empresa.

O arquivista responsável por um setor, atuando como gestor, provavelmente liderará

uma equipe, seja de outros arquivistas ou de estagiários. Portanto, seu instinto de liderança

será muito bem visto e levará os seus subordinados a admirá-lo e usá-lo como exemplo. Um

Page 36: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

35

arquivista competente precisa se preocupar em deixar um legado, uma inspiração para que a

Arquivologia cresça como um todo. Preocupando-se com essa questão e sendo um exemplo

profissional, sem dúvida é uma boa forma de crescer profissionalmente e ser lembrado.

O clima organizacional de uma equipe gerida por um intraempreendedor também pode

ser considerado uma vantagem. Criar um ambiente de trabalho propício para que as pessoas

tenham suas expectativas de desenvolvimento, realização e reconhecimento atendidas

consistem em um grande desafio colocado para as empresas modernas. Esse ambiente tem o

propósito de engajar esses funcionários para aumentar o desempenho e a competitividade da

empresa. (HASHIMOTO, 2010). Por isso o arquivista intraempreendedor poderá facilmente

promover esse ambiente desejável.

Um arquivista competente transmite segurança, ainda mais sendo um profissional da

informação que, na maioria das vezes, trabalha com informações sigilosas. E será essa

segurança que levará o arquivista aos melhores cargos e as melhores remunerações.

Page 37: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

36

7 CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, pode-se verificar a escassa produção de literatura que trate da

Arquivologia como uma área empreendedora. A partir do cruzamento das características

dessas duas áreas, foi possível perceber como o empreendedorismo pode trazer benefícios

para Arquivologia e como o arquivista tem a ganhar com essa fusão.

O arquivista, desde a concepção de seu título, se esforça para que seu trabalho, muitas

vezes realizado fora das condições ideais, seja percebido e valorizado. Porém em tempos de

mudanças cada vez mais rápidas, o arquivista se vê em uma posição de desvantagem perante

as exigências do mercado de trabalho. A tendência, segundo diversos especialistas, é que o

empreendedorismo, seja empresarial ou corporativo e nesse ponto, o arquivista não possui o

preparo adequado sobre a cultura empreendedora.

De um lado, o profissional que possui a vontade de ter o seu próprio negócio precisa

de orientações mais específicas de quais passos precisa dar. Foi utilizado neste trabalho o

exemplo de uma consultoria arquivista que serviu para ilustrar uma promissora oportunidade.

Espera-se que com o levantamento dessa questão sejam desenvolvidas mais discussões sobre

o arquivista como patrão e líder de uma organização.

O cerne do estudo voltado para o intraempreendedorismo demostra que para

conquistar uma carreira bem sucedida em qualquer organização precisa estudar sobre o

empreendedorismo corporativo. Por isso, sugere-se que as instituições de ensino deveriam ter

a preocupação de capacitar os seus alunos para as novas exigências do mercado. A

incorporação do empreendedorismo na grade curricular de Arquivologia aparenta ser uma boa

solução.

O empreendedorismo segundo Hilsdorf (2015) é uma competência humana,

perfeitamente possível de ser desenvolvida. Mais do que uma pessoa com várias ideias, uma

empreendedor é alguém focado na sua execução, na realização de seus sonhos. Em diversos

pontos o empreendedorismo se mostra uma grande oportunidade para o arquivista.

Uriarte (2000) chama a atenção sobre essa demanda de profissionais

intraempreendedores quando diz que devido à concorrência imposta pelo mercado moderno,

os indivíduos que possuem o perfil intraempreendedor fazem a diferença. Ainda sustenta a

ideia que o intraempreendedorismo pode ser aprendido, sejam por palestras, seminários,

cursos ou com a prática, por intermédio da experiência de indivíduos intraempreendedores.

Acredita-se que todo indivíduo apresenta algumas características intraempreendedoras,

porém isso não é garantia de sucesso. Cabe ao profissional saber se o número de

Page 38: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

37

características apresentadas é suficiente para que seja considerado um intraempreendedor

promissor.

Percebe-se que o empreendedorismo tem muito a contribuir tanto para a Arquivologia

quanto para o arquivista. Tendo em vista que um profissional melhor preparado para o

mercado possibilitará novas oportunidades. Esta é a Era empreendedora. Então este trabalho

propõe que o ensino transmitido aos arquivistas passe a abordar o empreendedorismo como

forma de capacitação profissional em seu currículo.

Page 39: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

38

REFERÊNCIAS

ALVES, Alexandre Rodrigues (Org.). Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente do

Estado de Pernambuco. Empreendedorismo e inserção no Mundo do Trabalho. Recife:

SECTMA, 2011. v. 2. Disponível em:

<http://redeetec.mec.gov.br/images/stories/pdf/eixo_ctrl_proc_indust/tec_autom_ind/empreen

d/161012_empreend.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2016.

AMORIM, Marília. Empresarial, corporativo, público e social: os quatro contextos do

empreendedorismo. 2014. Disponível em:

<http://oglobo.globo.com/economia/emprego/empreendedorismo/empresarial-corporativo-

publico-social-os-quatro-contextos-do-empreendedorismo-12271182#ixzz42NYqZuCD>.

Acesso em: 08 mar. 2016.

ARQUIVO NACIONAL (Brasil). Conselho Nacional de Arquivos. Legislação Arquivística

Brasileira. Disponível em:

<http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=49>. Acesso em:

05 jan. 2016.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e

documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 6028: informação e documentação: resumos: apresentação. Rio de Janeiro,

2003.

______. NBR 10520: informação e documentação: citações em documentos: apresentação.

Rio de Janeiro, 2002.

______. NBR 14724: informação e documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. Rio

de Janeiro, 2011.

BAHIA, Eliana Maria dos Santos, SEITZ, Eva Maria. Arquivista empreendedor. Revista

ACB, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 468-481, 2009.

BELLOTTO, Heloísa Liberalli. Os desafios da formação dos modernos arquivistas. Cenário

Arquivístico, Brasília, v. 1, n. 1, p. 47-52, jan./jun. 2002. Disponível em:

<http://www.abarq.com.br/images/revista/CENARIO%20ARQUIVISTICO_V1_N1_JAN_JU

N_ 2002.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2015.

BRASIL. Lei nº 9.131, de 24 novembro de 1995. Altera dispositivos da Lei nº 4.024, de 20

de dezembro de 1961, e dá outras providências. Presidência da República. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/leis/L9131.htm>. Acesso em: 08 mar. 2016.

______. Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991. Dispõe sobre a política nacional de arquivos

públicos e privados e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8159.htm>. Acesso em: 08 mar. 2016.

______. Lei nº 6.546, de 4 de julho de 1978. Dispõe sobre a regulamentação das profissões

de Arquivista e de Técnico de Arquivo, e dá outras providências. Disponível em:

Page 40: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

39

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/L6546.htm>. Acesso em: 08 mar.

2016.

BRASIL PROFISSÕES. Arquivista de Documentos. Disponível em:

<http://www.brasilprofissoes.com.br/profissao/arquivista-de-documentos/>. Acesso em: 08

mar. 2016.

CARDOSO, Débora Regina; VALENTIM, Marta Lígia Pomim. Perfil doprofissional

arquivista para atuar com a gestão documental em ambientes empresariais. 2008.

Disponível em: <http://www.enearq2008.ufba.br/wpcontent/uploads/2008/09/13-

debora_regina_cardoso.pdf>. Acesso em: 25 ago.2009.

CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor:

empreendedorismo e viabilidade de novas empresas: um guia eficiente para iniciar e tocar seu

próprio. 2. ed. rev. e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2007. Disponível em:

<http://www.buscadaexcelencia.com.br/wp-content/uploads/2010/08/Livro-

Empreendedorismo-Idalberto-Chiavenato.pdf>. Acesso em: 08 mar. 2016.

COSTA, Larissa Cândida. Entre a formação e o trabalho: o arquivista diante das novas

demandas sociais e organizacionais em matéria de informação. 2008. 168f. Dissertação

(Mestrado em Ciência da Informação) – UNB/CID, Brasília, 2008. Disponível em:

<http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1720/1/Dissert_Larissa%20Costa.pdf>. Acesso

em: 08 mar. 2016.

CROCCO, Luciano; GUTTMANN, Erik. Consultoria Empresarial. São Paulo: Saraiva,

2005.

CUNHA, Miriam Vieira da. O Profissional e o Sistema das Profissões: Um Olhar sobre

competências. PontodeAcesso, Salvador, v. 3, n. 2, p. 94-108, ago. 2009.

DORNELAS, J.C.A. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e se

diferenciar em organizações estabelecidas. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.

______. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 2. ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2005.

______. O Processo Empreendedor. Editora Elsevier. Disponível em:

<http://www.josedornelas.com.br/w-

pcontent/uploads/2008/02/empreendedorismo_capitulo_2.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2016.

FELIPPE, M. I.; Empreendedorismo: buscando o sucesso empresarial. Sala do empresário,

São Paulo, v. 4, n. 16, p. 10-12, suplemento, 1996.

FERREIRA, Danielle Thiago. Profissional da Informação: perfil e habilidades demandadas

pelo mercado de trabalho. Ciência da Informação, Brasília, v. 32, n. 1, p. 42-49, jan./abr.

2003. Disponível em: <http://www.ibict.br/ciênciadainformação>. Acesso em: 29 nov. 2015.

FILION, L. J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de

pequenosnegócios. 2007. Revista de Administração, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 5-28, abr./jun.

Page 41: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

40

1999. Disponível em: <https://www.furb.br/2005/arquivos/774565-

876438/Empreendedorimo.pdf>. Acesso em: 10 mar. 2016.

FONSECA, Maria Odila Kahl. Formação e capacitação profissional e a produção do

conhecimento arquivístico. Disponível em:

<http://www.conarq.arquivonacional.gov.br/Media/publicacoes/mesa/formao_e_capacitao_pr

ofis sional_e_a_produo.pdf>. Acesso em: 13 fev. 2015.

GUIA DO ESTUDANTE. Arquivologia. Disponível em:

<http://guiadoestudante.abril.com.br/profissoes/comunicacao-informacao/arquivologia-

684258.shtml>. Acesso em: 08 mar. 2016.

HASHIMOTO, M. Espírito empreendedor nas organizações: aumentando a

competitividade através do intra-empreendedorismo. São Paulo: Saraiva, 2006.

HASHIMOTO, M. et al. Relações entre intra-empreendedorismo, clima organizacional e

desempenho financeiro – uma análise com as melhores empresas para se trabalhar no Brasil.

In: Ibero Academy of Management Conference Proceedings, VI, 2009, Buenos Aires. Anais...

Buenos Aires: IAM, 2009.

HASHIMOTO, M. et al. Relações entre intraempreendedorismo, clima organizacional e

desempenho financeiro: um estudo sobre as 15 melhores empresas para se trabalhar no Brasil.

In: XXXIV Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro, 2010. Disponível em:

<http://www.anpad.org.br/evento.php?acao=trabalho&cod_dicao_subsecao

=626&cod_evento_edicao=53&cod_edicao_trabalho=12084>. Acesso em: 13 maio 2013.

HILSDORF, Carlos. Atitudes Empreendedoras: como transformer sonhos em realidade e

fazer seu projeto de vida acontecer. São Paulo: Portfolio-Penguin, 2015.

JARDIM, José Maria. Ensino e relações interdisciplinares da Arquivologia. In:

CONGRESSO NACIONAL DE ARQUIVOLOGIA, 3., 2008, Rio de Janeiro. Anais

eletrônicos... Rio de Janeiro, ENARA: AAERJ, 2008. Mesa-redonda. Disponível em:

<http://www.aaerj.org.br/wp- content/uploads/2012/08/Anais-III-CNA.pdf>. Acesso em: 17

jun. 2015.

JARDIM, José Maria. FONSECA, Maria Odila (Org.). A Formação do Arquivista no

Brasil: I Reunião Brasileira de Ensino de arquivologia (REBRARQ). Niterói: Editora da

Universidade Federal Fluminense, 1999.

LEITE, Emanuel F. Formação de Empreendedores e o papel das Incubadoras Universidade

Católica de Pernambuco. Florianópolis. Anais... Florianópolis: Iº Encontro Nacional de

Empreendedorismo, UFSC, 1999.

MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Uma profissão em evolução: profissionais da

informação no Brasil sob a ótica de Abbott – proposta de estudo. In: BATISTA, Sofia G.;

______. (Org.). Profissional da Informação: o espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus,

2004. p. 23-54.

OLIVEIRA, E. B. de. O ensino superior de arquivologia no Brasil. Cenário Arquivístico,

Brasília, v. 2, n. 2, p. 48-51, jul./dez. 2003.

Page 42: UFF UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE IACS ... HOTT...O conceito deriva da união das palavras entre + prendre. Em latim, entre deriva de inter, cujo significado é o espaço a ser percorrido

41

PINCHOT, G. Intrapreneuring: por que você não precisa deixar a empresa para tornar-se

um empreendedor. Tradução Nivaldo Montingelli Jr. São Paulo: Editora Harbra, 1985.

______. Intrapreneuring: por que você não precisa deixar a empresa para tornar-se um

empreendedor. São Paulo: Harbra, 1989.

PINCHOT, G. PELLMAN R. Intraempreendedorismo na Prática: um guia de inovação

nos negócios. Tradução Márcia Nascentes. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.

PINCHOT, G.; PINCHOT, E. O poder das pessoas: como usar a inteligência de todos dentro

da empresa para conquistar o mercado. Rio de Janeiro: Campus, 1994.

PINCHOT III, G. Intapreneuring porque você não deixa a empresa para ser um

empreendedor. São Paulo: Editora Harbra Ltda, 1989.

PRADO, Maria de Lourdes et al. Análise do Perfil Intraempreendedor de Servidores de

Instituição de Ensino Superior. In: XI Colóquio Internacional sobre Gestão Universitária

na América do Sul - II Congresso Internacional IGLU. 'Gestão Universitária,

Cooperação Internacional e Compromisso Social', Florianópolis, 7 a 9 de dez. de 2011.

SOUZA, K. I. M. de. Arquivista, visibilidade profissional: formação, associativismo e

mercado de trabalho. Brasília: Starprint, 2011.

SOUZA, Solange Machado de. O mercado de trabalho para o arquivista egresso do curso

de Arquivologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Rio de Janeiro, 2014. 132 f.

Dissertação (Mestrado em Arquivologia) – Programa de Pós-Graduação em Gestão de

Documentos e Arquivos da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2014.

Disponível em: <http://www.unirio.br/ppgarq/tccs/turma-2012/souza-solange-machado-de-o-

mercado-de-trabalho-para-o-arquivista-egresso-do-curso-de-arquivologia-da-universidade-

federal-do-espirito-santo/at_download/file>. Acesso em: 08 mar. 2016.

SCHELLENBERG, Theodore Roosevelt. Arquivos Modernos: princípios e técnicas.

Tradução Nilza Teixeira Soares. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. 388p.

SCHUMPETER, J. A. A Teoria do Desenvolvimento Econômico. São Paulo: Abril Cultural,

1982.

UNESP. Disponível em:

<https://www.marilia.unesp.br/Home/Graduacao/Arquivologia/projeto.pdf>. Acesso em: 08

mar. 2016.

URIARTE, L. R. Identificação do perfil intraempreendedor. 2000. 139f. Dissertação

(Mestrado em Engenharia da Produção) – Universidade Federal de Santa Catarina,

Florianópolis, 2000.

VALENTIM, M. L. P. (Org.) Formação do profissional da informação. São Paulo: Polis,

2002. 152p. (Coleção Palavra-Chave, 13).