Ufpbemrevista 03

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Ano 1 . Número 3 - setembro 2013 Artista Plástico Hermano José doa seu acervo para a Pinacoteca da UFPB Dom José recebe título Dr. Honoris Causa Pós Graduação em Música reforça Concertos Professores estudam prevenção de eventos extremos

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UFPB em revista está vinculada a Assessoria de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba e é produzida por alunos do Curso de Comunicação em Mídias Digitais João Pessoa - PB Setembro - 2013

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Ano 1 . Número 3 - setembro 2013

Artista Plástico Hermano José doa seu acervo para a Pinacoteca da UFPB

Dom José recebe título Dr. Honoris Causa

Pós Graduação em Música reforça Concertos

Professoresestudam prevenção de eventos extremos

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2 UFPB em revista

EDITORDerval Golzio

REDATORES/ESTAGIÁRIOSRômulo JeffersonWallison CostaNayane Maia

PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOThales Lima

[email protected]

facebook.com/ufpbemrevista

UFPB em revista está vinculada a Assessoria de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba e é produzida por alunos do Curso de Comunicação em Mídias Digitais João Pessoa - PBSetembro - 2013

edição nº 03

Editorial

As recentes informações sobre a colocação da UFPB (24ª no país e 4ª no Nordeste) no ranking das universidades e a primeira na região com o maior volume de recursos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação/Financiadora de Estudos e Projetos/Fundo Setorial de Infraestrutura, sendo a quinta no ranking nacional, demonstram a retomada do rumo da Instituição a um patamar digno de sua existência.

Poucos dias atrás ainda pairava em alguns corações e mentes de integrantes da comunidade universitária a dúvida sobre as possibilidades de reabilitação da Universidade Federal da Paraíba no cenário das grandes instituições de ensino universitário brasileiro. Aos poucos e gradativamente as dúvidas e descrenças vão sendo dissipadas por resultados palpáveis e calcados em informações de credibilidade.

A alta estima da comunidade universitária melhora e avança na mesma medida em que algumas ações são adotadas. À administração cabe ser uma facilitadora das ações no campo do ensino, da pesquisa e da extensão. Da mesma forma, cabe a administração facilitar e dotar os Centros de Ensino da capacidade de planejamento das atividades do ano curricular, repassando os recursos, antes contingenciados. Os que fazem a administração entendem que

os créditos pela melhora da posição da Instituição no ranking das universidades brasileiras devem ser creditados aos que fazem o dia a dia da Instituição. Sabem e levam a termo que as ações que elevem o potencial da UFPB no campo do ensino, da pesquisa e da extensão devem ser estimuladas e apoiadas.

Processos eleitorais, quaisquer que sejam, deixam sempre em lados opostos posições políticas expressas em discurso e em ações. No ambiente universitário, apesar de batizado de consulta à comunidade acadêmica, assim como em qualquer outro lugar, o processo divide discursos e práticas. O momento de disputa � cou para trás e o momento é de fazer da UFPB um ambiente produtivo revigorado.

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UFPB em revista 3

SUMÁRIO

4 Índices apontam retomada da UFPB no cenário nacional

6 Dom José recebe título pela

atuação e defesa do homem e das liberdades

8 Entrevista com Dom José

12 Apresentações internacionais em João Pessoa

14 A arrancada do atletismo na UFPB

16 PPGL lança Coleção Pós Letras

18 Periódicos melhoram no conceito Qualis

20 Reforma na Residência Universitária do Campus IV corrigirá problemas

22 Artista Plástico Hermano José doa seu acervo para a Pinacoteca da UFPB (Capa)

28 Parceria entre Governo do Estado e UFPB

contempla estudantes de licenciatura

30 Evasão e retenção:Instituição quer entender as razões e propr soluções

32 Comissão de Gestão Ambiental reforça e cria novos projetos

34 Obras inacabadas são prioridade para a gestão

36 Reitoria democratiza discussão sobre contrato com Ebserh

38 Professores estudam prevenção de eventos extremos

40 Projeto de servidor da UFPB ganha concurso

41 Professora recebe prêmio por pesquisa com portadores de leucemia

Administração

Reitora:

Margareth De Fátima Formiga Melo Diniz

Vice-Reitor:

Eduardo Ramalho Rabenhorst

Pró-Reitoria de Administração (PRA):

Clivaldo Silva

Pró-Reitoria de Assistência e Promoção ao Estudante (PRAPE):

Thompson de Oliveira

Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (PRAC):

Orlando Vilar

Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (PROGEP):

Francisco Ramalho

Pró-Reitoria de Graduação (PRG):

Ariane Sá

Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN):

Marcelo Sobral

Pró-Reitoria de Pós Graduação (PRPG):

Isac de Medeiros

Prefeitura Universitária (PU):

Sérgio Alonso

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4 UFPB em revista

A UFPB é uma das maiores e melhores universidades do país. Essa a� rmação é facilmente com-provada observando-se os últimos índices apresentados. No mais re-cente deles a Instituição foi classi� -cada no Ranking Universitário da Folha de São Paulo (RUF) como a 24ª melhor Universidade Federal do Brasil e a 4ª do Nordeste, an-tecedida das federais de Pernam-

Índices apontam retomada da UFPB no cenário nacional

buco, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. A universidade galgou ainda a 1ª colocação no nordeste e 5ª no Brasil com maior volume de recursos pelo Ministério da Ci-ência, Tecnologia e Inovação/Fi-nanciadora de Estudos e Projetos/Fundo Setorial de Infraestrutura. Os resultados comprovam a qua-lidade do trabalho realizado quan-do se conta com um corpo docen-

te e discente de qualidade e uma administração comprometida.

Anteriormente o RUF classi� ca-va a Universidade Federal da Para-íba na 26ª posição no Brasil e na 5ª entre as Universidades Federais do Nordeste. Um dos fatores de destaque para a nova classi� cação é a internacionalização, colocando a UFPB em 1º lugar do nordeste para esse indicador. Esse quesito

Por: Rômulo Jeff erson

36,53 35,92

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33,59 33,11

39,81 39,35

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UFC UFPE UFBA UFPB UFRN USP UNICAMP UNIFESP

RANKING PESQUISA

27,97

24,58

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20,12 19,86

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UFPE UFC UFBA UFPB UFRN UFRGS UFMG USP

RANKING ENSINO

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UFBA UFPB UFS UFPE UFRN UFABC UFMG UFRJ

RANKING INTERNACIONALIZAÇÃO

3,72

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3,04 2,96 2,96

4 3,96 3,92

2,2

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UFPE UFBA UFS UFPB UFC USP UNICAMP UFMG

RANKING INOVAÇÃO

Ranking das universidades da Folha de São Paulo

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UFPB em revista 5

considera o número de citações das publicações cientí� cas de pes-quisadores da instituição.

O ranking deu uma nota � nal de 75,95 à UFPB, após avaliar pesquisa, ensino, mercado, inter-nacionalização e inovação. Atual-mente os indicadores do Grupo Folha de São Paulo têm sido uti-lizados pelas universidades como guias para os investimentos reali-zados, visando a melhoria de de-sempenho dos fatores apontados.

O avanço em duas posições em nível nacional no ranking das uni-versidades do país e a consecução da primeira colocação em volume de recursos no nordeste e quinta no Brasil, pelo Ministério da Ci-ência, Tecnologia e Inovação/Fi-nanciadora de Estudos e Projetos/Fundo Setorial de Infraestrutura, apontam para a retomada de mo-mento auspicioso para a UFPB. Para a Reitora Margareth Diniz, essas são metas planejadas e que agora começam a ser alcançadas. “Essas metas estão sendo cumpri-das, mas a nossa meta nessa gestão é que nossos possamos � car entre as três melhores universidades no nordeste. Então nós estamos tra-balhando muito no ensino, pes-quisa e extensão. A proposta é que nós possamos avançar qualitativa-mente nessas três dimensões”.

Além da excelência dos projetos apresentados no Ministério da Ci-ência e Tecnologia, o resultado se deve também a um conjunto de ações desenvolvidas pela adminis-tração central da UFPB, através da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa, buscando expandir e consolidar áreas de grande impor-tância para o desenvolvimento ins-titucional e da região, com ênfase nas áreas de fármacos, química, física, nano e biotecnologia, novos materiais, energia, agropecuária e

meio-ambiente.

Na prática, a UFPB aumentou o valor de recursos recebidos em relação ao ano anterior, passan-do de R$ 9.851.487,00 para R$ 10.480.924,00. O montante já foi aprovado na Chamada Pública MCTI/FINEP/CT-Infra 01/2013 e será destinado a aquisição de di-versos equipamentos de médio e grande porte, para otimização de seis projetos de pesquisa.

Eles serão divididos em duas etapas e em subprojetos. Etapa I: Projeto estruturante para pesqui-sas avançadas em Ciências Agrá-rias, Ampliação da infraestrutura multiusuário dos programas de Pós-Graduação nas áreas de saúde, alimentos, biologia e biotecnolo-gia, modernização e manutenção da infraestrutura de equipamen-tos do Laboratório Multiusuário de Caracterização e Análise, rede interna de nanociência e nanotec-nologia, Consolidação da infraes-trutura de caracterização micro-estrutural/NEPEM, Quali� cação da infra-estrutura para pesquisa, desenvolvimento e inovação em processamento energias renová-veis. Etapa II: Aquisição de equi-

pamentos multiusuários para ava-liação do exercício físico na saúde e no desempenho humano.

Em outra avaliação, responsável pelo recredenciamento das ins-tituições de ensino superior, do Mec, a UFPB � cou com concei-to quatro em uma escala que vai até cinco. A universidade recebeu conceito máximo (cinco) em di-versos setores avaliados: Susten-tabilidade Financeira, Política de Atendimento aos Estudantes, Or-ganização e Gestão, Responsabili-dade Social e Política para Ensino, Pesquisa e Extensão.

Ainda sobre extensão, a institui-ção foi a que mais aprovou progra-mas e projetos nacionalmente no Programa de Extensão Universitá-ria 2014, também do Ministério da Educação. Foram aprovadas no total 48 propostas, sendo 27 programas e 21 projetos, represen-tando um total de � nanciamento de R$ 4.982.325,70, 38% a mais que 2013. No ranking nacional, a instituição que mais se aproxi-mou do número conquistado pela UFPB foi a Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) aprovando 32 propostas.

36,53 35,92

35,19

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UFC UFPE UFBA UFPB UFRN USP UNICAMP UNIFESP

RANKING PESQUISA

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20,12 19,86

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UFPE UFC UFBA UFPB UFRN UFRGS UFMG USP

RANKING ENSINO

5,19

4,4 4,31 4,09 3,97

5,86 5,64 5,58

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UFBA UFPB UFS UFPE UFRN UFABC UFMG UFRJ

RANKING INTERNACIONALIZAÇÃO

3,72

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3,04 2,96 2,96

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UFPE UFBA UFS UFPB UFC USP UNICAMP UFMG

RANKING INOVAÇÃO

Volume de recursos pelo MCTI/FINEP/CT-Infra (1ª no ranking das IES do nordeste), sendo a 5ª no ranking na-cional (gráfi co abaixo):

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6 UFPB em revista

Arcebispo Emérito recebe título pela atuação e defesa do homem e das liberdades

A noite do dia 25 de setembro marcou um dos acontecimentos onde um sacerdote pôde sentir o amor de cristãos, agnósticos e ateus por José Maria Pires, homem dotado de grande humanidade, que foi Arcebisbo da Paraíba durante 30 anos. Na so-lenidade de outorga do título de Doutor Honoris Causa a Dom José antigos companheiros de atuação contra a desigualdade social e as injustiças praticadas

Por: Walison Costa

pelo regime de exceção puderam render homenagem àquele que se tornou ícone da luta junto aos campo-neses e trabalhadores, em plena época de ditadura militar. Durante o evento, realizado no Auditório da UFPB, Maria Pires se mostrou honrado por receber a homenagem, e feliz por voltar à Paraíba revivendo a história do período em que passou no comando da Arquidiocese do estado.

Dr. h. c. Dom José Maria Pires

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UFPB em revista 7

O oferecimento do título foi uma proposição da Professora Maria do Socorro Xavier, pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Educação. De acordo com a professora Socorro, a ideia de homena-gear Dom José ocorreu em uma turma do curso de pedagogia, surgida a partir de um convênio entre a UFPB e o Instituto Nacional de Colonização e Re-forma Agrária (Incra). Ela conta que alunos do curso foram protagonistas nesse processo de luta e tinham acompanhado e recebido apoio por Dom José Maria Pires e da Arquidiocese.

Em seu arcebispado, para apoiar os camponeses e trabalhadores, na época de ditadura, Maria Pires criou o Centro de Defesa dos Direitos humanos, que apoiava com advogados os envolvidos nos con� itos em toda a Paraíba. Além disso, foram desenvolvidos vários projetos educacionais, através das comunida-des eclesiais de base, das pastorais da juventude, da pastoral da juventude rural, da comissão pastoral da terra, apoiados pela pedagogia do oprimido, de Pau-lo Freire.

Sobre o recebimento do título, Dom José a� rma que o mais importante foi recordar o seu passado, e as histórias que viveu na Paraíba. “Foi um passado que só me deixa feliz. Então, um título como esse, me faz recordar muitas pessoas com quem convivi naquele tempo, e que me ajudaram a desenvolver o ministério. A Universidade estava presente nisso, e mesmo depois também continua nessa linha de aju-da as pessoas”, relata.

Socorro Xavier conta que também existiam alguns outros alunos que participaram dos projetos educati-vos criados por Dom José. “Nós entendemos que era importante naquele momento que fosse reconhecida a contribuição de Dom José pela luta agrária e cam-ponesa, especi� camente, que isso � casse reconhecido pela Universidade Federal. Então foi nesse sentido que o título foi concedido a Dom José Maria Pires”.

Mucatu, e Lameido, defendendo camponeses de perseguições.

Após a sua renúncia voltou para Minas Ge-rais. Atualmente mora em Belo Horizonte, em uma casa de Jesuítas, com vários outros padres já idosos.

Nasceu na cidade de Córregos, em Minas Ge-rais, no dia 15 de março de 1919. É formado em Teologia e Filoso� a pelo Seminário de Diamanti-na. Foi pároco de Açucena-MG entre os anos de 1943 e 1946, diretor do Colégio Ibituruna em Governador Valadares-MG entre 1946 e 1953, foi missionário diocesano entre 1953 e 1955, além de pároco de Curvelo-MG de 1956 a 1957.

Logo antes de ser Arcebispo da Paraí-ba foi bispo em Araçuaí-MG entre 1957 e 1965. Já na Paraíba, � cou entre 1966 e 1995 como Arcebispo, onde teve uma inestimável atuação na época da ditadura militar, desenvolvendo um trabalho com foco na defesa dos direitos humanos.

Teve uma valiosa contribuição apoian-do ativamente os con� itos pela terra na Paraíba, como em Alagamar, Camucim,

Quem é Dom José?

Dom José, com o reitor Serafin Gonsalez, em visita ã UFPB/1966

Clique no link para ler o discurso completo de

Dom José : http://goo.gl/A38MeR

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8 UFPB em revista

Dom José Maria Pires

Sobre o retorno à Paraíba.

Dom José - A Paraíba é como se fosse a minha casa. Sempre que me perguntam digo que sou paraibano, nascido em Mi-nas Gerais, por isso toda vez que tenho oportunidade de vir, eu venho com muito prazer. Estou aqui agora, e próximo mês estarei aqui de volta. Toda vez que me convidam, só faço olhar a minha agenda, se esti-ver livre, imediatamente aceito.

Eu só não � quei morando aqui por que eu achava que ia prejudicar o meu sucessor. Dom Marcelo, que foi meu primeiro sucessor, era uma pessoa muito afável e muito delicada, também muito aten-cioso, mas ele tinha uma linha que era diferente da minha. Eu brigava mais, e tinha aquelas discussões, vivia no meio da terra, aí eu pensei, ele não vai

fazer essas coisas, então ele vai � car meio constrangido quan-do surgirem às comparações, então era melhor eu me retirar e dar plena liberdade a ele para fazer o seu trabalho, e foi óti-mo. Dom Marcelo veio e fez um trabalho excelente.

E eu sempre pensava, quem sabe algum dia eu volte pra Pa-raíba, e enquanto estou muito bem em Belo Horizonte, tam-bém � co constantemente me lembrando da Paraíba e revi-vendo os 30 anos que eu passei aqui.

Sobre as lutas dos campone-ses de Alagamar/Paraíba.

Dom José - Quando a gente está vivendo essas coisas acha-mos muito difícil, mas depois que passa � ca só a alegria pelo que enfrentamos. Eu ter que sair de casa de madrugada para

resolver essas questões. Lembro que em uma semana santa, dois padres estavam acompanhando os acampados e deu uma chu-va, todo mundo � cou molha-do, então os padres chegaram pra missa da quinta feita santa, enlameados e com a roupa toda suja, o que me deu foi uma vontade de lavar os pés deles naquele momento (risos). A gente apanhava com esse mo-vimento, por que precisávamos fazer, já que eram poucos que tinham essa disposição, e eu acho que valeu a pena.

Eu me sinto muito feliz de ter lutado, se eu não tivesse lutado hoje sim eu estaria preocupado de ter podido fazer uma coisa e não ter feito, então, o que foi possível fazer naquela época a gente fez.

Inclusive a universidade teve um papel muito grande, com

Por: Walison Costa

Dom José Maria Pires, antes de receber a outorga do título de Doutor Honoris Causa, foi recebido pela reitora da UFPB, Margareth Diniz, em seu gabinete. Entre recepção de admiradores e amigos, o Arcebispo Emérito concedeu algumas entrevistas e a publicação UFPB EM REVISTA esteve presente e registrou alguns trechos mais importantes.

Entrevista

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UFPB em revista 9

muitas pessoas daqui envolvi-das. Por exemplo, o trabalho que a universidade fez com o se-tor da saúde, reunindo aquelas mulheres que fazem remédios, reuniu esse pessoal em labora-tório e ajudou os camponeses. A Universidade colocando as suas instalações a disposição do povo, realmente foi um tempo muito bom de se viver e eu sou muito grato por isso.

A composição e letra da Can-tata para Alagamar.

Dom José - Na verdade a ideia foi do Kaplan que na ver-dade é judeu. Uma vez ele foi lá em casa e ouviu falar dessas coisas e disse que gostaria de conhecer um pouco isso. Então nós fomos lá e ele não falava nada e � cava só vendo as coi-sas e escutando, e quando nós voltamos, ele me falou “olha, se tivesse alguém pra fazer um texto eu teria condições de fa-zer uma música sobre isso aí”, então o Solha se propôs a fazer.

Então, a cantata de Alaga mar é de um bispo, de um judeu e de um ateu que é o Solha. Em que outra ocasião seria possível se unir três pessoas dessa forma? (risos).

Relação entre o conhecimen-to científi co e popular.

Isso pra mim é uma coi-sa espetacular, a universidade utilizar o saber do povo para melhorar a vida do povo. In-clusive a multimistura que eu uso todos os dias para o meu café da manhã vem da Paraíba, e é proveniente daqui da Uni-versidade. É uma mistura de várias sementes, muito nutriti-va que uso até hoje. Todo dia no café da manhã, coloco uma colher da multimistura do meu café da manhã, junto com uma concha de coalhada e uma co-lher de mel, e essa mistura me faz passar a manhã inteira sem sentir nenhuma necessidade de comer novamente.

Eu não quero a de Belo Ho-rizonte por que a daqui é mui-to mais rica. É uma pesquisa da UFPB. É uma coisa simples e que a gente teria que desenvol-ver mais. A universidade ajuda a dar um lado mais cienti� co a isso. E isso eu aprendi aqui na Universidade.

A vida em Belo Horizonte

Dom José - Estou morando em Belo Horizonte, junto com os Jesuítas. Eu tinha minha casa até o ano passado e mora-va com a minha irmã Florinda. Florinda faleceu e então � quei sozinho. A gente sozinho às ve-zes tem algum problema a noi-te, e não tem como ligar, então fui pra lá morar com os Jesu-ítas. Moro junto com vários outros padres já idosos, as cui-dadoras são muito atenciosas, e estou muito bem lá.

Missão Humanitária da Igreja

Dom José - Isso é aquilo que o evangelho nos ensina. Vem

Dom José concede entrevista no gabinete da reitora

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10 UFPB em revista

um papa colocando isso de volta em foco. Que os padres tem que � car no meio do povo, e essa é a missão da igreja. O cristo fazendo-se homem quer mostrar que a pessoa huma-na é importante, então uma igreja que se volta para pessoa humana, está bem dentro do evangelho. O papa João XXIII dizia que a igreja não é perita em nada, nem é geogra� a, nem história, mas sim perita em hu-manidade. Porque o fundador dela sendo Deus se fez homem. Toda pessoa humana merece atenção, e Cristo irá nos re-compensar pela maneira como tratamos as outras pessoas.

Claro que a igreja, como qualquer instituição humana tem suas falhas, mas na medida em que a gente pega o evange-lho vai recuperando, nos somos pecadores, então vamos deixan-do esses pecados e procurando entrar na linha do evangelho.

O Bolsa Família e outros pro-gramas sociais

Dom José - Tudo que é a favor do povo eu sou a favor. Acontece que tudo pode me-lhorar. Quando Lula entrou eu � z algumas críticas, com rela-ção a isso. Tivemos épocas em que o governo ajudava o povo a trabalhar. Lembro que foi criado aquele projeto, onde se você tem muita terra e der um ou dois hectares para alguém que não tem nada você � caria livre de impostos. Isso levava as pessoas a trabalhar. Já o progra-

ma de Lula é de se dar as coisas sem você ter feito nada, então eu acho que esse que tinha an-tes era muito melhor. Inclusive essa minha opinião foi levada a Brasília e depois de um tempo me chegou uma carta dizen-do que agradeciam as minhas ideias, mas que por enquanto não podiam atender a todas, já que eu tinha proposto tantas outras.

Por outro lado também acre-dito que o que Lula fez já é bastante coisa, já é uma coisa produtiva. Se seus � lhos estive-rem na escola você recebe uma bolsa, já é alguma coisa, evita que as crianças trabalhem em lavouras e frequentem a escola. Em uma das minhas vindas a Paraíba, fui visitar um dos as-sentamentos que já conhecia, quando cheguei lá o pessoal es-tava muito feliz e me dizia que agora tinha terra pra trabalhar, e que tudo que eles produziam o governo comprava e utiliza-va para fazer merenda pra seus próprios � lhos, não tem coisa mais bonita do que isso. Há programas do governo bons, não é tudo perfeito, mas algu-mas coisas bem feitas tem que serem reconhecidas. O nível de vida do povo melhorou nos úl-timos anos.

Discriminação e Ações Afi r-mativas

Dom José - O cristo também foi muito criticado. Se nós es-tamos sendo criticados por aquilo que fazemos em favor

das pessoas, temos que ouvir, e o importante é você perceber que o que você está fazendo vai de acordo com o evangelho, eu tenho consciência de que o que posso fazer eu faço, é aquilo que São Paulo escreveu, “Um é o que planta outro é o que rega, mas o crescimento é Deus que dá”. Eu faço a minha obri-gação.

Discursos em período de ex-cessão

Dom José - Sim, causavam muitos problemas, quando cheguei aqui, uma semana de-pois foi aniversário do golpe de 64 e me convidaram pra cele-brar a missa, a igreja � cou cheia de militares, e eu � z a minha missa. Tudo que eu falava assim que cheguei aqui era escrito, era época de ditadura, então eu � cava até altas horas da noite escrevendo o que eu ia falar no

Dom José profere discurso na UFPB em 1966

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UFPB em revista 11

dia seguinte. Então eu preparei meu discurso pro outro dia e preparei dois pontos. Primeiro o que esperávamos que a revo-lução � zesse e ela já tinha feito, não se tinha mais greve, estava mais tranquilo. E Segundo, o que esperávamos que a revolu-ção � zesse e ela não fez, a ma-neira com que eram tratados os jovens não era correta, prender jovem é um absurdo.

Depois que saí da igreja lá estava o Capelão Militar, e ele me disse que os o� ciais estavam indignados comigo, porque eu tinha mostrado falhas na revo-lução, o que não era permitido, então quando chego em casa, eu chamo o pároco de Santa Julia e fui conversar com o ge-neral. Eu perguntei o que não estava certo. Então o general disse que não tinha nada er-rado e me chamou pra tomar

um cafezinho e conhecer tudo lá deles.

Mas o comando superior não concordou com ele não. Eu fui convidado para ir a uma inau-guração que Juarez Távora iria fazer aqui. Passado essa ocasião da missa, recebi um telegrama sendo desconvidado, e disse a mim mesmo “oh, que bom” (risos), e isso continuou. Mas eu sempre tive um bom rela-cionamento com os dirigentes daqui.

Um problema que a gente teve, foi quando � cou impe-dido que o Vice-presidente assumisse a presidência e � -zeram um governo de três ge-nerais, isso foi no começo de setembro, e no dia da parada em sete de setembro, cheguei para o general e disse, esse ano eu não vou à parada, por que os senhores rasgaram a consti-tuição. O general então tentou argumentar, mas não aceitei, e no dia 7 de setembro houve a parada, e o lugar do arcebispo � cou vazio. Mas o bom é que tomávamos atitude conversan-do com as pessoas.

Houve outra ocasião em que faltou o Capelão militar, ele ti-nha deixado o ministério, tinha se casado, então indiquei o pa-dre Juarez ao governador João Agripino, e então ele falou, “se o senhor apresentar eu nomeio, mas se o senhor puder apresen-tar outro eu � co agradecido, por que não tenho boa relação com ele”, então eu concordei,

disse que estava ali justamente pra dar opções e indiquei ou-tro, o Erivaldo Caldas Tavares, e ele � cou lá. Com o João Agri-pino então o relacionamento foi muito bom.

Também tivemos problema com o presidente da Repúbli-ca, O Médici. Quando o Mé-dici chegou aqui, nós fomos lá e eu � quei conversando com um grupo de deputados. En-tão chega a nós José Américo e disse que deixamos o presiden-te sozinho, então nós fomos lá conversar com o presidente. Chegando lá o José Américo fez a apresentação e disse: esse aqui é o nosso Arcebispo e ele tem a opinião assim e tal, e então o Médici falou, “pois é, hoje em dia esses bispos estão até contra o papa”. Então eu retruquei, disse que nós bispos, estávamos submissos ao papa, e que a igreja não faz o que quer.

Em outra ocasião, o supe-rior dos padres Dominicanos foi a Brasília para visitar os pa-dres Dominicanos presos e ele disse que não tinha nenhum Dominicano e sim terroristas, então eu falei: Presidente, nós temos que considerá-los como padres, por que é assim que o superior os considera, então Médici disse: vocês querem tanto ver padres, vocês padres não podem amar as mulheres então amam os homens, então me virei e fui embora e não quis mais conversa.

Dom José profere discurso na UFPB em 1966

Page 12: Ufpbemrevista 03

Por: Nayane Maia

A série Concertos Internacionais já proporcio-nou, nesse ano, a apresentação de nove artistas na UFPB, a exemplo do contrabaixista e artista para a Paz da UNESCO, Milton Masciadri, da Univer-sidade da Georgia, a pianista Cinzia Bartoli, da Academia de Arte de Roma, e a violoncelista Na-tasha Farney, da Universidade de Nova York. Con-certos Internacionais é um projeto dos professo-res do Programa de Pós-Graduação em Música da UFPB, e traz intérpretes de instituições de ensino de outros países para apresentações em João Pes-soa.

A perspectiva do Programa de Pós Graduação em Música é ampliar a Série Concertos Interna-cionais em 2014. A coordenação do programa está submetendo um projeto junto ao Ministério da Cultura para captação de recursos. Desta forma, esperam contar com mais apoios para que a sé-rie seja melhor planejada ao longo do ano e conte com intérpretes de ainda mais representatividade, oferecendo uma vida cultural ainda mais rica para a comunidade acadêmica e Estado da Paraíba.

Apesar das apresentações internacionais chama-rem mais a atenção, os idealizadores enfatizam que em muitos casos, os concertos contam com a participação de docentes da própria UFPB, pro-movendo intercâmbio artístico-acadêmico e par-cerias entre os musicistas e suas respectivas insti-tuições, enriquecendo a vida cultural do Estado e da Região, uma vez que muitos destes projetos circulam por diversas cidades do Nordeste.

Apresentações internacionais em João Pessoa

Natasha Farney (State University of New York)

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Cada docente convidado à UFPB realiza uma atividade acadêmica, na forma de aula ou palestra, podendo realizar ainda uma Master-class (simulação de um concerto ou recital). Neste caso, o estudante designado apresenta uma obra completa para intérprete e a plateia presente, formada pelos alunos da área. Após essa apresentação, o professor faz comentários quanto aos aspectos artísticos e técnicos da performance.

O projeto possibilita também que professores da UFPB se apresen-tem em instituições estrangeiras, realizando atividades semelhantes. De acordo com o professor Felipe Avellar, diversos egressos da UFPB estão realizando pós-graduação em música em diversas instituições da América do Norte, como University of Alberta, Louisiana State Uni-versity, University of Houston, Nicholls State University, University of Wyoming, dentre outras, graças aos intercâmbios estabelecidos.

Masterclass de contrabaixo

Apesar do programa existir desde 2004, apenas neste ano, com a inauguração da Sala Radegundis Feitosa, os concertos estão sendo organizados de maneira sistemática, como explica o professor e violoncelista Felipe Avellar de Aquino, um dos organizadores da série. O professor enfatiza que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) considera a produção artística parte importante da produção intelectual, devendo ser estimulada e apoiada pelas próprias instituições de ensino, e equilibrada com a produção bibliográ� ca.

Capes considera produção artística importante para produção intelectual

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14 UFPB em revista

A arrancada do atletismo

Após dois anos sem um local de treino adequado, em dezembro de 2012, foi reinaugurada na UFPB a pista de atletismo. Desde então, voltou a atender a comunidade, promovendo projetos de inclusão, recrutando talentos e servindo como local para treinamento de atletas e amadores.

Um dos programas desenvolvidos na nova pista é o: Formação de Atletas para o Atletismo, tendo como objetivo descobrir e treinar jovens a partir dos 12 anos que apresentem potencial para o atletismo. O projeto atua pelo Programa de Bolsa Extensão da Universidade (PROBEX) desde 1995, e vem treinando vários atletas que já chegaram a representar o Brasil em Olimpíadas, Campeonatos Nacionais e Mundiais, trazendo inclusive medalha de ouro nos Jogos Pan-americanos do Rio.

O professor que desenvolve esse projeto, Pedro de Almeida Pereira, técnico do departamento de Educação Física da UFPB, atua em diversas modalidades do atletismo como salto, corrida e arremesso. Mas explica ser essencial que o atleta, se especialize em um tipo de prova.

Segundo o professor Pedro de Almeida, nas categorias de base é possível obter bons resultados com atletas treinados em diversas modalidades. Mas a partir dos 15 anos o nível de performance é mais elevado, e exige um trabalho mais direcionado, por isso é desenvolvida uma série de atividades especí� cas para cada tipo de prova, para que o atleta não perca qualidade e nível de evolução.

Ao longo do programa, os professores identi� cam os pontos fortes do jovem atleta e o encaminham para uma modalidade em particular. Desse modo é possível formar atletas de alto nível.

Pedro de Almeida destaca ainda que ele e os demais instrutores encontram muitas di� culdades em manter os atletas, pois muitas crianças que chegam para treinar, tem di� culdades � nanceiras e não conseguem se manter, não se alimentam de forma adequada, ou tem outros problemas de saúde. Os professores recebem então, doações de tênis, roupas e materiais para auxiliar os atletas mais carentes de forma que isso possa alavancar o potencial dos jovens suprindo suas necessidades. Infelizmente, muitas vezes esse trabalho árduo não é recompensado, pois quando alguns atletas atingem um determinado patamar e começam a se destacar, clubes com infraestrutura e dinheiro, principalmente do Sul e Sudeste do país, os contratam.

Com a pista reestruturada, os treinadores esperam poder trazer um número maior de crianças e jovens para lapidá-los, revelando talentos. Para os jovens que quiserem fazer parte do programa, é possível ir à UFPB e realizar testes agendados com os treinadores. Outras formas de recrutar esportistas são festivais em escolas, bairros e até em cidades próximas à João Pessoa.

Por: Nayane Maia

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A arrancada do atletismo

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Pedro Pereira (a direita) é expoente no treinamento do atletismo paraibano

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16 UFPB em revista

O Programa de Pós-Graduação em Letras (PPGL) da UFPB, rea-lizou no dia nove de setembro, no Centro Cultural Joacil de Brito Pereira, evento de lançamento da Coleção Pós Letras, série de publi-cações de docentes e discentes do programa. A cerimônia, que con-tou com a presença da fundadora do PPGL, Socorro Aragão, curso pioneiro no nordeste, foi marcada pela despedida de sua atual co-ordenadora, Sandra Luna, e pela crítica feita à editora universitária pelo professor Milton Marques Júnior.

A coleção, que possui seis vo-lumes - Leituras Semióticas, Estudos Comparados, entre a Sociedade o Sujeito e a Cultura, Dicionário da Eneida, Drama Social, tragédia moderna e Tra-dução e Transferências Culturais - foi avaliada por um Conselho Editorial formado por renomados docentes da área e de diversas ins-tituições. “A partir da exigência de um conselho editorial da área das publicações, surgiu a ideia de criar um selo próprio do PPGL e formar esse conselho de pessoas

Por: Rômulo Jeff erson

que trabalham na área de Letras efetivamente. Temos docentes da Unicampi, UNB, da Universida-de Federal Fluminense, da USP,” diz Sandra.

Ao falar do desa� o para se pu-blicar na UFPB, o professor Mil-ton Marques, fez duras críticas a

PPGL lança Coleção Pós Letras

forma como a Editora Universi-tária foi administrada nos últi-mos anos. Primeiro, ele disse que os professores estão cumprindo com a sua parte fazendo pesquisa e produzindo saber, e que a Uni-versidade possui uma produção acadêmica de qualidade, mas que

Sandra Luna e Luciana Calado coordenadora e vice do PPGL

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UFPB em revista 17

teve, por muito, a publicização dos resultados de suas pesquisas “afunilada pela inoperância da editora”. Depois, Milton a� rmou que a editora não tem cumprido com sua tarefa e que os títulos dos últimos anos foram custeados pe-los professores.

Marques falou sobre a política de terceirização implementada tempos atrás na EdU: “Alguém dirá que uma editora não precisa ter ou não precisa ser uma grá� -ca, que ela pode terceirizar esse serviço. Concordamos e somos favoráveis que assim seja, mas não é assim que ocorre. Se assim fosse o serviço seria pago com a verba da própria editora e não com a da Pós-Graduação. Para melhor en-tendermos o assunto, sejamos di-retos: Pagamos para que a editora coloque o seu selo e nada mais.”

Milton Marques lembrou de um acontecimento que envolveu uma publicação sua, paga do pró-prio bolso e que causou enorme frustração. “Paguei a publicação de 500 exemplares de 300 pági-nas para obter um resultado ver-gonhoso. No dia do lançamento me repassaram cerca de 30 exem-plares contendo vários erros. Tive que recolhê-los e cobrei a devolu-ção do dinheiro pago”, descreveu. Ele questionou sobre quem teria arcado com o prejuízo, já que ele

cobrou a devolução do dinheiro pago antecipadamente.

Milton reforçou que a admi-nistração, que assumiu recente-mente, deve mudar esse quadro de acordo com as propostas que a fez vitoriosa na consulta à comu-nidade universitária. “E mudar de um modo que se encare com pro-� ssionalismo a responsabilidade de uma editora universitária, cujo compromisso é com a dissemina-ção do conhecimento produzido. Recursos devem existir para isso, porque algumas editoras universi-tárias têm in� nitamente mais re-cursos do que a nossa. O que nos falta? É a pergunta que deve � car.”

DespedidaA solenidade foi encerrada com

o discurso emocionado da coor-denadora da Pós-Graduação em Letras, Sandra Luna, que � naliza suas atividades no cargo. Ela falou

sobre as di� culdades da gestão pú-blica e as conquistas do PPGL.

Com a temática sonhos, Sandra disse que são eles os responsáveis pela continuidade do trabalho realizado até agora: “É assim que continuamos a urdir o sonho, no combate árduo de cada dia. Marchando na toada trôpega de uma máquina burocrática cuja a cadência nos embarga os passos, obrigando-nos a parar, por vezes a andar pra trás. Daí que até mes-mo com a áurea cheia de ideais ou com uma disposição quixotes-ca para a luta, parece impossível realizar tudo o que desejaríamos ter cumprido.” Entre as ações do Programa de Pós-Graduação em Letras, a coordenadora destacou entre outras, o apoio a todos os projetos, eventos e atividades que foi possível e o compromisso co-letivo com a produção de conhe-cimento.

Socorro Aragão (esquerda) integrou a mesa da solenidade de lançamento dos livros

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18 UFPB em revista

Os periódicos cientí� cos da UFPB foram classi� -cados recentemente pela Coordenação de Aperfeiço-amento de Pessoal de Nível Superior (Capes), com elevados conceitos no indicador Qualis. Conforme explica o coordenador do projeto, Guilherme Ataí-de, a maioria das revistas cientí� cas da Universidade foi classi� cada nos estratos B1 e B2, numa escala que vai de B5 a B1 e A2 a A1, e aquelas que não haviam entrado ainda na classi� cação passaram a receber conceitos no índice. “Isso mostra que a comunida-de acadêmica respeita a UFPB, porque a partir do momento que alguém submete um artigo às nossas revistas, signi� ca que ele con� a na Instituição.”

Antes da avaliação foram feitos, segundo Gui-lherme Ataíde, treinamentos com os edi-tores, desenvolvidos cursos sobre como melhorar o fator de impacto (índice que mostra quanto é importante determinado periódico), a nota no Qualis e como gerenciar o sistema. Também foi criado um novo portal para hospedar os periódicos, mais intuitivo e melhor organizado visu-almente.

O portal obteve um alto incremento de acessos: em setembro de 2012, sete mil 759 visitantes únicos, passando depois da mu-dança para 47.435 em março, último mês aferido. Isso representa um salto de mais de 400%. Outro

Antes da avaliação foram feitos, segundo Gui-Antes da avaliação foram feitos, segundo Gui-lherme Ataíde, treinamentos com os edi-lherme Ataíde, treinamentos com os edi-tores, desenvolvidos cursos sobre como tores, desenvolvidos cursos sobre como

O portal obteve um alto incremento de acessos: em setembro de 2012, sete mil 759 visitantes únicos, passando depois da mu-

Números de Acesso

dado importante, o tráfego de dados, subiu de 4.30 GB em setembro de 2012, para 25 GB em março de 2013.

Recentemente, os periódicos da UFPB entraram para a Rede de Preservação Cariniana, um sistema integrado entre a Universidade Federal da Bahia(U-FBA), Universidade de São Paulo(USP), Universida-de Estadual de Campinas(UNICAMP), Universida-de Federal de Santa Maria(UFSM) e a própria UFPB.

Periódicos melhoram no conceito Qualis

Por: Rômulo Jeff erson

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UFPB em revista 19

Na prática, a rede funciona de forma a manter no ar o conteúdo dos portais caso algum problema ocorra, sendo também responsável por replicar o conteúdo de cada universidade participante, minimizando as-sim as chances de perda das informações.

Avançando etapasNa UFPB, alguns periódicos conseguiram em uma

única avaliação subir vários conceitos. Foi o caso da revista Informação e Sociedade: Estudos, ligada à área da Ciência da Informação e vinculada ao Pro-grama de Pós-Graduação em Ciência da Informação, que passou de B1 para A1, conceito máximo no in-dicador Qualis.

O professor Gustavo Freire, um dos responsáveis pela revista, disse que esse é um feito “que muito nos honra. A nova classi� cação signi� ca o reconhecimen-to da comunidade acadêmica e também maior res-ponsabilidade dos editores.”

reito de implantação de Doutorado. “Essas quali� ca-ções melhoram a representação da UFPB no cenário nacional, como instituição de excelência no ensino, na pesquisa e na extensão.”

Para entenderA avaliação do Qualis é feita geralmente de forma

trienal e adota diferentes critérios para conceituar uma revista. Entre eles, está a qualidade dos artigos e a pertinência de seus conteúdos à área de atuação e às linhas de pesquisa dos cursos e programas que as pu-blicam. Manutenção adequada da periodicidade das publicações. Presença de artigos de pesquisadores de outros estados e universidades do país, não devendo passar de 30 por cento do conteúdo de professores da própria revista. Equilíbrio na publicação de arti-gos de doutores, doutorandos, mestres e mestrandos. Rigor no uso das normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

A inclusão de novas revistas no portal pode ser feita enviando um email para o endereço ([email protected])

Essas qualifi cações melhoram a representação da UFPB no cenário nacional, como instituição de excelência

no ensino, na pesquisa e na extensão

Guilherme Ataíde; novo portal para hospedar os periódicos, mais intuitivo e melhor organizado visualmente.

Um outro periódico que também se destacou foi a revista Culturas Midiáticas, ligada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação, passando de B4 para B1. Um dos editores, professor Marcos Nico-lau, explica que a classi� cação é importante porque quali� ca o mestrado e o deixa mais próximo do di-

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20 UFPB em revista

Reforma na Residência Universitária do Campus IV corrigirá problemas

Está em fase de licitação, atra-vés da Pró-Reitoria da Assistência Estudantil (Prape) e a Prefeitura Universitária, as obras que irão reestruturar a residência universi-tária de Rio Tinto e construir a fu-tura residência de Mamanguape. Deverão ser investidos para isso, 400 mil reais, atendendo uma das reivindicações dos estudantes que entraram em greve recentemen-te no campus IV. Eles cobravam o imediato funcionamento da residência cujo prédio construí-do, não apresenta condições de receber os estudantes. De acordo com informações do Pró-reitor da Assistência Estudantil, � omp-son Oliveira, consta no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) de 2011 (gestão Polari) que o prédio está pronto para funcio-namento.

� ompson esclarece que na visi-ta que fez às residências no início de sua gestão em novembro passa-do, constatou que o texto do PDI de 2011 não corresponde à rea-lidade. “A residência não tem as condições mínimas de habitação para que o estudante possa fazer seu curso de maneira confortável. Não existe área estruturada para cozinha, lavanderia. O prédio não tem ventilação adequada. Existem muitas in� ltrações e a internet

não funciona”. Segundo o Pró-reitor de Assistência Estudantil, uma equipe técnica já esteve no local para vistoriar essas obras e o próximo passo é a abertura de lici-tação para conclusão, de fato, das residências.

No momento, os estudantes que foram aprovados na seleção para a residência estão sendo assistidos. Oliveira informa que todos eles estão recebendo bolsa auxílio-mo-radia e alimentação, e que houve reajuste dos valores a partir de se-tembro. Oliveira garantiu ainda que é intenção da administração, posteriormente, uni� car o valor pago em todos os campi. “Existe,

não sei porquê, diferença no va-lor das bolsas auxílio-moradia e alimentação em relação aos cam-pi. No campus João Pessoa é um, em Rio Tinto outro.” Atualmente em João Pessoa o valor da bolsa moradia é de R$ 300 e a alimen-tação R$ 200. Para Rio Tinto e Mamanguape é pago para a bolsa moradia e para a bolsa alimenta-ção R$ 150, respectivamente.

Atualmente segundo o Pró-rei-tor, apenas no campus Rio Tinto e Mamanguape são pagas mais de 500 bolsas de auxílio-moradia e alimentação, representando qua-tro milhões de reais no orçamento destinado ao apoio e assistência ao

Por: Rômulo Jeff erson

No projeto de reforma da residência Universitária, arquitetos e engenheiros primaram pela circulação do ar, pela iluminação e por uma área de convivência

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CONFERIR COTAS NA OBRA

PROJETO REFORMA DAS RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS DE MAMANGUAPE - PB (BLOCOS 01 e 02)

PRANCHA

DATA

/

LOCAL

JULHO - 2013

ÁREA CONSTRUÍDA

DESENHO CORTES: AA e BB ÁREA COBERTA

ESCALAS 1/100 FONTE / FINANCIAMENTO 02 02---

ARQUITETO CAU A55023-0

ESTAGIÁRIO ---

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CÓDIGO DO PROJETO COM---00845-01-GUS

REQUERENTE

UFPB

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBAPREFEITURA UNIVERSITÁRIA

DIVISÃO DE ESTUDOS E PROJETOS CAMPUS I, SALA 23 CIDADE UNIVERSITÁRIA JOÃO PESSOA - PB

83 3216-7316 www.ufpb.br/prefeitura

PROJETO

PRANCHA

CAMPUS IV - LITORAL NORTE - MAMANGUAPE / PB

URBANIZAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS DE MAMANGUAPE - PB (BLOCOS 01 e 02)

GUSTAVO GOMES

DIRETORIA DO CAMPUS IV

324,70 m²

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UFPB em revista 21

Reforma na Residência Universitária do Campus IV corrigirá problemas

estudante que é de R$ 14 milhões. Apenas em João Pessoa foram abertas mais 80 vagas para a resi-dência e estão sendo feitas ações de melhoria e ampliação para Bananeiras e Areia. “A Reitora Margareth Diniz está trabalhando para aumentar esse orçamento no ano que vem, para que possamos prestar essa assistência aos estu-dantes da melhor forma possível”.

Pós-GreveApós 47 dias de negociações, no

dia 21 de agosto a greve no cam-pus IV teve � m com a assinatura de um termo de compromisso. O documento, assinado pela rei-

tora Margareth Diniz e o diretor do Centro de Ciências Aplicadas e Educação (CCAE), Alexandre Scaico, detalha as ações que deve-rão ser desenvolvidas em Rio Tin-to e Mamanguape.

Para a conexão de internet, de acordo com o documento, até ou-tubro desse ano a Telebrás deverá ativar os equipamentos das torres de transmissão. A UFPB junto ao Núcleo de Tecnologia da Infor-mação (NTI), se compromete a fazer o diagnóstico do cabeamen-to, até setembro. Até novembro de 2013, deverá ser elaborado o pla-no de adequação do cabeamento estruturado de rede e, após isso, executado o plano de melhoria do cabeamento.

Também consta no documento que o plano de reestruturação das residências foi apresentado no dia nove de agosto à comissão mista de greve e que, enquanto essa re-estruturação não chegar ao � m, as bolsas de auxílio serão mantidas e terão seu valor aumentado em 25%.

EstudantesDesde 2010 na Residência, a

estudante de Fonoaudiologia, Fla-viana Amorim do Nascimento diz que a partir de 2012 houve uma ampliação nas instalações, o que possibilitou a abertura de novas vagas. “As coordenações lutaram por uma melhoria na residência, escutando a opinião e crítica de

todos. Levando as sugestões para a assembléia e discutindo com o Pró-reitor de assistência estudan-til”. Ela informa que atualmente o número de pessoas que necessita de assistência é grande, mas não há vagas para todos.

Segundo Flaviana, um dos pro-blemas encontrados por quem está dentro das residências é a falta de um estatuto interno que regulamente seus direitos e deve-res. “Sentiu-se essa necessidade e a partir disso foi montada uma comissão para a reformulação do regimento antigo. Todos os pon-tos serão discutidos em assem-bléia. Minha única pergunta é se vão realmente pôr em prática esse regimento”.

Estudante de Economia, na Re-sidência desde 2008, José Jerôni-mo de Sousa Alves, conta que no ano em que entrou para a Univer-sidade haviam muitas pessoas irre-gulares na casa, que terminavam o curso ou passavam em concursos e permaneciam no programa de assistência à moradia. Em relação a parte estrutural Jerônimo disse que o prédio estava em más con-dições: “o prédio estava em esta-do precário, os quartos e corredo-res tinham salitre em toda parte, além de que as paredes eram todas sujas”, � naliza. Ele também con-corda que a construção dos anexos A e B foi fundamental para gerar novas vagas.

No projeto de reforma da residência Universitária, arquitetos e engenheiros primaram pela circulação do ar, pela iluminação e por uma área de convivência

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PROJETO REFORMA DAS RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS DE MAMANGUAPE - PB (BLOCOS 01 e 02)

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ÁREA CONSTRUÍDA

DESENHO CORTES: AA e BB ÁREA COBERTA

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REQUERENTE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBAPREFEITURA UNIVERSITÁRIA

DIVISÃO DE ESTUDOS E PROJETOS CAMPUS I, SALA 23 CIDADE UNIVERSITÁRIA JOÃO PESSOA - PB

83 3216-7316 www.ufpb.br/prefeitura

PROJETO

PRANCHA

CAMPUS IV - LITORAL NORTE - MAMANGUAPE / PB

URBANIZAÇÃO DAS RESIDÊNCIAS UNIVERSITÁRIAS DE MAMANGUAPE - PB (BLOCOS 01 e 02)

GUSTAVO GOMES

DIRETORIA DO CAMPUS IV

324,70 m²

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22 UFPB em revista

Hermano José

Preocupado com a prevalência do seu acervo, que conta também com obras de outros artistas, Hermano José, Artista Plástico e ex-professor da UFPB, revela a intenção de doá-lo e também a casa onde reside para que sejam preservados pela Universidade. Hermano explica que tomou essa decisão e procurou a Instituição para isso, porque pensa ser este o único local onde seu acervo poderia continuar sendo visto e preservado, cumprindo assim o que para ele é a única razão de ser da arte, emocionar.

Arte para além do ArtistaPor: Rômulo Jeff erson

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24 UFPB em revista

A sua vontade é que a maioria dos quadros de sua coleção seja ex-posta na pinacoteca do Campus I da UFPB, que fundou em 1976, e que a casa onde mora passe a ser um ponto de visitação cultural, abrigando o restante das obras. Sua a� rmação em relação à cren-ça na Universidade como gestora responsável do seu acervo está cal-cada nas várias decepções que teve por parte de governantes e assesso-res em várias fases da história polí-tico administrativa.

Aos 91 anos de idade e ainda na ativa com a produção de artigos jornalísticos sobre a cultura pa-raibana, Hermano se preocupa, à iminência da morte, com a preser-vação de seu acervo que, nas pala-vras dele “não é lá grande coisa e não é mérito seu, apenas uma par-te da história da Paraíba produzida aqui,” diz deixando claro assim, o seu desejo de preservar a nossa cul-tura, como sempre fez.

Hermano fala da morte com a serenidade de quem considera seu dever cumprido, ao mesmo tempo que usando de extrema modés-tia, afasta de si a importância do artista que é, exaltando somen-te, mas ainda modestamente, sua obra. Pensamento de quem sabe que a preservação é tão importan-te quanto a criação, mesmo que o artista, um dia, já não exista mais.

Infl uênciasHermano é conhecido por abor-

dar em suas pinturas a temática do Meio Ambiente desde muito cedo, antes mesmo do assunto se tornar uma preocupação global. Nascido no engenho da avó, em Serraria/PB, ele atribui essa preocupação com a natureza à sua infância no interior. “Sempre tive uma proxi-midade muito grande com a na-tureza. Em Caiçara onde fomos morar, existe uma grande pedra. Aquela grande permanência que é o granito em relação a nós e o rio que passava, me dava na infância o sentido do que é permanente e o que é efêmero. A natureza me in� uenciou muito, se eu virei pro-fessor foi graças a minha infância com a natureza.”

Ele comenta também sobre a contribuição das artes para a exis-tência humana e a ilusão que ela proporciona para tornar a vida mais amena. Para isso, Hermano enumera três elementos “capazes de atenuar a difícil tarefa de viver”: a ciência, com a matemática e as-tronomia, campo que pode even-tualmente se envolver com alguns mistérios da vida. A medicina, porque os médicos por convive-rem com a proximidade da morte, tendem a ser mais sensíveis. A cul-tura, principalmente através das artes, “porque o processo é dar um

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26 UFPB em revista

pouco de ilusão à vida de quem está vivendo, já que estamos no mesmo barco”.

DescontentamentosO artista faz questão de enume-

rar os desprazeres que teve junto aos governos municipal de João Pessoa e estadual da Paraíba. O primeiro deles tem relação com a destruição da mata do Cabo Branco. José conta que seu amigo paisagista, Roberto Burle Marx, entrou em contato com o gover-no do estado da época para criar o Parque de Preservação do Cabo Branco, onde o prédio de turismo,

hoje Estação Cabo Branco, � caria na parte de trás da encosta, preser-vando assim a paisagem original. No entanto, o projeto continua até hoje engavetado e a mata onde se encontra o prédio de Niemeyer foi toda destruída.

Participando da criação do Es-paço Cultural José Lins do Rego, foi professor de desenho e respon-sável pela primeira exposição de artes plásticas no local. “O Espaço Cultural não tinha espaço para as artes plásticas, tinha para música e a gente estava lutando por um museu. Nós queríamos criar um museu lá, mas o governo queria

uma feira.” Hermano participou por oito anos do Conselho do Ins-tituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da Paraíba (IPHAEP), ocasião em que con-seguiu tombar a área onde hoje existe o turismo próximo ao Hotel Tambaú. “A ideia era juntar com o espaço da frente que era livre e fazer uma grande praça em frente ao hotel, mas os in� uentes do go-vernador destombaram o local sa-bendo que estavam fazendo uma coisa errada.”

Outro acontecimento vivencia-do pelo artista se deu quando ele já morava no Rio de Janeiro, cida-

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UFPB em revista 27

de que viveu por mais de 30 anos. Em uma exposição do Museu do Catete, Hermano reconheceu uma coluna trabalhada em Barroco que pertencia a um convento de João Pessoa que ele frequentou na in-fância. Ele conta que voltou à ci-dade e pediu ao secretário Augusto Crispim que expedisse um ofício exigindo a devolução da peça a seu local original. A coluna foi de-volvida e encontra-se até hoje no convento.

Por � m, o Artista Plástico faz uma crítica à evolução urbana

que, na opinião dele, só está preo-cupada com o lucro. “Eu conheci o Ponto de Cem Réis com a torre de quatro relógios de porcelana e um pavilhão com colunas altas. Hoje, ele terminou com um pátio de concreto que não tem uma ár-vore. Eu sei que a evolução urbana acontece, mas não querem disci-plina nenhuma. Tem que mudar, mas não contra o homem.” Fre-quentador da Praia do Jacaré, Her-mano demonstra sua preocupação com o futuro desse importante ponto turístico da região metro-politana por sua proximidade com

o Rio Sanhauá, temendo que o local tenha destino semelhante à mata do Cabo Branco.

Citando algo que ainda lhe dá esperança, ele disse acreditar na juventude que foi para as ruas em uma onda de protestos que toma-ram o Brasil nos últimos meses. “Ela despertou de repente e fez coisas que a juventude passada não fez. Ainda existe esperança nessa juventude que tomou co-nhecimento de que precisa fazer alguma coisa, nessa humanidade que está muito ruim.”

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28 UFPB em revista

Parceria entre Governo do Estado e UFPB contempla estudantes de licenciatura

A UFPB, em parceria com o Governo do Estado acaba de lançar o� cialmente o Programa de Melho-ria da Educação Básica (Promeb). O programa tem como objetivo auxiliar na melhoria da qualidade do ensino de educação básica da Paraíba, e oferece 464 bolsas para alunos de licenciatura da UFPB. Para os bolsistas, o programa proporciona que sejam apli-cados os conhecimentos desenvolvidos nos cursos em seu futuro ambiente de trabalho, além de propor acompanhamento no processo de aprendizagem dos alunos da rede estadual de ensino.

Inicialmente, as bolsas são destinadas para os alu-nos de licenciatura dos cursos de português, mate-mática, biologia, química e física, além de alunos de

Por: Walison Costa

pedagogia. Segundo Ariane Sá, Pró Reitora de Gra-duação, essas disciplinas foram escolhidas por serem as que os alunos apresentam maior de� ciência ao chegarem à Universidade. “Se estimularmos o aluno do ensino médio, com certeza ele virá para a univer-sidade mais bem preparado, o que também facilitará o processo da própria UFPB de garantia de uma boa qualidade de ensino”.

De acordo com Ariane, os alunos bolsistas vinham sendo selecionados desde março, e o treinamento, está ocorrendo desde julho. “Já em agosto manda-mos os alunos para as escolas para ir se acostuman-do e observando a rotina de sala de aula, para assim ver quais são as di� culdades e como nós poderíamos

MELHORIA DA EDUCAÇÃO

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UFPB em revista 29

ajudar. Agora estamos na fase de execução em si: o estudante já está indo pra sala de aula e acompa-nhando o aluno no processo de ensino e aprendiza-gem.”

De imediato, o programa funcionará nas escolas estudais da cidade de João Pessoa. A perspectiva da organização é que se fechem acordos em conjunto com outras instituições de ensino superior, para en-tão expandir o programa por toda a Paraíba. Ariane revela que já está sendo preparado um novo projeto a ser apresentado ao governador, onde será proposta a possibilidade de parceria com a UFCG, dentre ou-tras instituições de nível superior do estado.

Ainda é pretendido expandir o programa para es-colas municipais por todo o estado. Sá relata estar em processo conversa com a prefeitura de João Pes-

soa, e aguardando uma reposta no momento. “Além da prefeitura de João pessoa, estamos fechando con-vênio com a de Cabedelo e também esperamos ex-pandir paras as prefeituras de todas as cidades onde existirem Campus da UFPB, dessa forma pretende-mos atingir a educação infantil, ensino fundamental e médio para fechar o ciclo da educação e termos um aluno mais quali� cado na entrada na universidade”, completa.

A partir de agora o Governo do Estado fará o de-pósito na conta da Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão (Funape) o recurso para paga-mento dos bolsistas. Cada bolsista receberá R$ 493. Destes, R$400 é o valor padrão de bolsas estabele-cido pela Universidade, e R$93 referentes ao auxí-lio em transporte, já que os estudantes terão que se deslocar até as escolas que farão parte do programa.

Reitora Margareth Diniz recebeu o governador Ricardo Coutinho em seu gabinete

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Outra pesquisa realizada com estudantes que ingressaram na Instituição a partir de 2007, ba-seada na autodeclaração (sem comprovação por meio de do-cumentos), aponta que 50,79% dos alunos da UFPB têm renda familiar abaixo de dois salários míni-

cumentos), aponta que 50,79% dos alunos da UFPB têm renda familiar abaixo de dois salários míni-

Evasão e Retenção

A evasão e retenção dos cursos de graduação é um problema que atinge as Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) e, na estei-ra, também a Universidade Fe-deral da Paraíba. Segundo a Pró-reitora de Graduação, Ariane Sá, os níveis encontrados na UFPB estão dentro da margem nacional, em torno de 30, 40 por cento, mas já foram feitos estudos para detectar como e porque os estu-dantes deixam de frequentar seus cursos para, posteriormente, desenvolver as ações neces-sárias à diminuição desses números.

Relatório do Programa de Incentivo ao Aumento da taxa de Sucesso (PITS), feito a partir da análise de questionários aplicados entre os coordenadores de 60 cursos no Fórum de Co-ordenadores, aponta quais são os principais motivos que levam os estudantes a desisti-rem dos seus cursos ou realizar trancamento e as ações prioritá-rias que devem ser tomadas para resolver o problema. Para o pro-fessor Gustavo Tavares, um dos coordenadores responsáveis pela pesquisa, o principal fator para a evasão e retenção está relacionado à problemas � nanceiros e incom-patibilidade de horário acadêmico com o trabalho.

Por: Rômulo Jeff erson

mos; 29,40% varia entre dois e cinco salários mínimos, 19,68% têm renda entre cinco ou mais de 20 salários mínimos e 0,12% por cento não declararam renda.

Instituição quer entender as razões e propor soluções

Ilustração: Thales Lima

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Evasão e Retenção“Existem dois tipos de estudantes na Universidade: o trabalhador e o acadêmico. O primeiro é um aluno que precisa trabalhar e por-tanto tem menos tempo para se dedicar aos estudos. Já o segundo dedica-se integralmente ao curso, participa de congressos, grupos de pesquisa”, diz Gustavo Tavares.

Para ele é preciso fazer um ma-peamento desses estudantes para oferecer soluções que possam trazer o estudante de fato para a universidade. Para isso já está em discussão a criação de um formu-lário que o aluno irá responder no ato da sua matrícula. “A partir da identi� cação desses alunos que estão em situação de vulnerabi-

lidade social, nós poderemos tentar oferecer bolsas e incen-tivos. Fica a critério do estu-dante se para ele é melhor investir em uma carreira mais sólida para o futuro ou continuar no emprego, que traz resultados mais imediatos.” O relatório do PITS entretanto, pondera que esses incentivos não podem ter caráter paterna-lista e devem estar direta-mente ligados à produção e resultados dos estudan-tes.

Outro fator prioritário veri� cado em 78 por cento dos questionários aplicados,

é a di� culdade de acompa-nhamento das disciplinas (em sua maioria das áreas de exatas e tecnologias) que exigem mais do aluno. Grande parte dessa di� cul-

dade tem relação também com a falta de tempo para estudar entre os alunos que precisam trabalhar, além de problemas advindos de um ensino médio precário. “Nós estamos sugerindo no PITS que sejam feitas monitorias para es-ses alunos, porque a gente sabe que muitos estudantes estão fre-quentando aulas particulares para acompanhar as disciplinas Mas a maioria dos estudantes não tem dinheiro para isso, então o nível está desigual.”

Ainda de acordo com as respos-tas apontadas pelos coordenadores que responderam ao questionário, a questão que envolve equipa-mentos de laboratórios insu� cien-tes foram apontados em 73 por cento dos questionários, as más condições dessas instalações são vistas pelos coordenadores como determinantes para o afastamento do estudante da sala de aula. “O aluno � ca sem perspectiva quan-do vê os laboratórios sucateados, os professores sem condições de dar aula, então ele prefere conti-nuar no seu trabalho que é o que ele tem de seguro naquele mo-mento”, diz um dos coordenado-res do PITS, Gustavo Tavares.

Pouca identi� cação com o cur-so, citado em 70 por cento dos questionários. Segundo Tavares, às vezes o estudante pensa uma coisa do curso, mas quando entra encontra outra realidade e não se identi� ca com os conteúdos abor-dados. Para ele, a rigidez da grade curricular é um agravante. “Você tem poucos conteúdos � exíveis, o

aluno � ca sem opção e aí quando esbarra numa disciplina que ele não tem nenhuma a� nidade, na-turalmente se afasta.

Na opinião dele, uma das for-mas de amenizar a falta de mate-rial que os acervos precários das bibliotecas deixa, marcado em 68 por cento dos questionários, é o incentivo à produção ou aquisi-ção de e-books e material digital, como os arquivos em pdf, mídias eletrônicas e vídeos. Ausência de limite para as reprovações por falta e facilidade no trancamento parcial e total do curso, citados em 66 e 64 por cento dos ques-tionários respectivamente, são fatores que contribuem com a re-tenção, já que esse estudante con-tinua vinculado à Instituição.

Na opinião dos coordenadores de cursos, de acordo com o rela-tório do PITS, a melhoria na in-fraestrutura, atualização pedagó-gica para docentes, o� cinas para capacitação dos coordenadores e a atualização dos projetos pedagó-gicos dos cursos, são as principais ações que devem ser realizadas para minimizar os níveis de eva-são e retenção na UFPB. O pro-fessor Gustavo Tavares reforça a importância de conhecer bem o per� l da Instituição. “Para nós é importante o mapeamento desses estudantes a ser realizado através do formulário respondido no ato da matrícula. Através dele vamos tentar oferecer melhores condi-ções e incentivos para que esse estudante esteja mais presente na Universidade”, conclui.

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A Comissão de gestão Ambiental realizou, em ju-nho, um workshop com o objetivo de levantar as principais atividades desenvolvidas por membros da comunidade acadêmica, relacionadas ao enfrenta-mento do passivo ambiental da UFPB e de seu en-torno. A gestão busca conhecer o que cada professor, aluno e técnico da comunidade acadêmica já fazia, ampliar os projetos, assim como descobrir novas ideias que ainda não tinham sido postas em prática.

Os professores Joácio de Araújo Moraes, do De-partamento de Engenharia Civil e Ambiental, e Ruy Portela de Vasconcelos, do Departamento de Enge-nharia de Produção, são membros da Comissão de Gestão Ambiental e contam que já existem diversas

Por: Nayane Maia

ações isoladas através de projetos de pesquisa e ex-tensão. “Como um professor da medicina soluciona os resíduos da saúde? Como um professor do Centro de Tecnologia lida resíduos das construções? O que um professor da biologia faz para cuidar da mata?” são algumas das indagações presentes que norteiam as preocupações com a questão ambiental.. O pro-fessor Joácio Morais ressalta que apesar de muitos agirem de forma pontual, um conjunto com uma solução de� nitiva e planejamento a longo prazo, ainda não existe.

Dessa forma, a Comissão estuda maneiras de unir a comunidade acadêmica e cobrar dela soluções para as questões ambientais. E para colocar em prática

Comissão de Gestão Ambiental reforça e cria novos projetos

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as soluções, é de extrema urgên-cia a criação de um Plano Diretor para gerenciar o crescimento da universidade de forma a proteger o meio ambiente, tendo em vista que, o diagnóstico preliminar da ocupação do solo na UFPB é pre-ocupante.

Apesar das di� culdades, algu-mas medidas já estão sendo to-madas. O professor Ruy Portela descreve ação adotada no início do ano, com os alunos novatos da UFPB, chamada de trote ver-de: “O trote verde busca sinalizar que a Universidade de agora em diante vai ter a preocupação am-biental e vai incluir na sua agen-da as questões ambientais. Então a primeira atividade foi o trote verde”. Nesse trote foi realizado plantio de árvores nativas para promover o re� ores-tamento em determinadas áreas da Universidade. Para os próximos trotes verdes, planeja-se realizar também limpeza de rios próximos e da praia, em conjunto com o projeto Rita Guajiru, que cuida dos ovos das tartarugas marinhas em João Pessoa.

A comissão de gestão Ambiental faz o diagnóstico, cria planejamento e tenta solucionar os problemas de forma que durem, mas com a consciência de que não é um trabalho fácil. Aplicar as soluções para todos os problemas encontrados demanda muito tempo e dinheiro e o passivo ambiental da UFPB é muito grande, tornando o trabalho da comissão muito complicado.

Os professores Joácio Morais e Ruy Portela a� r-mam que é preciso mostrar os pontos negativos: “é assim que a gente abre os olhos e começa a corrigir o que tem de errado”. Da mesma forma, é importante mostrar os projetos em andamento e conscientizar a comunidade acadêmica a sobre as responsabilidades com o meio ambiente.

A comissão de Gestão Ambiental foi criada em março 2013, com o propósito de planejar e solucio-nar os problemas ambientais da UFPB. A primeira ação foi eleger 14 áreas de atuação, que vão desde propor soluções para o descarte correto de resíduos dos laboratórios da UFPB, à aulas de educação am-biental para membros dos campus.

Passivo Ambiental – Você sabe o que é?É o conjunto de todas as obrigações que as instituições têm com a natureza e a sociedade.

Corresponde ao investimento que as empresas devem fazer para corrigir os impactos ambientais adversos em decorrência de suas próprias atividades.

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Obras inacabadas são prioridade para a gestão

Após anos de uma gestão conturbada e cheia de proble-mas com obras na UFPB, a Prefeitura Universitária foca em resolver problemas e estipu-lar novos prazos para as cons-truções por todos os Campi. Em quatro meses de gestão, o Prefeito Universitário, profes-sor Sérgio Alonso, disse estar empenhado em ver cumpri-do os prazos de conclusão das obras. “Nós criamos um pro-cesso de reestruturação da Pre-feitura. Quando chegamos o que encontramos foi um con-junto de obras em andamento com prazos esgotados, e outras entregues com falhas. O que � zemos foi criar novos procedi-mentos para termos um acom-panhamento mais criterioso sobre essas obras”, esclarece.

Dentro dessa reestruturação, a Prefeitura procurou veri� car como era feito o acompanha-mento das obras em tempos passados, para então começar a moldar um modo e� ciente e resolver o problema. Para isso, foram criadas coordenações di-ferenciadas, tanto para obras quanto para outras áreas, como manutenção logística, de segu-rança e transporte. De acordo com Sérgio Alonso o setor de

obras é o mais necessitado em função da quantidade, e pro-blemas encontrados. Ele a� rma que os maiores problemas são veri� cados nas obras do Reuni que se encontram muitas com o prazo já esgotado, além das que foram entregues apresen-tando problemas.

Segundo Alonso, o problema tem que ser resolvido desde o processo de licitação, que tem que ser pensado, amadureci-do, e levado em consideração a real necessidade para as pessoas que vão utilizar as construções � nalizadas, sejam pesquisado-res, professores ou alunos. Em diagnóstico feito pela Prefei-tura no início da nova gestão, foi veri� cado que os projetos existentes foram concebidos apenas a nível arquitetônico, e dessa forma a obra era licitada sem os denominados projetos complementares constituídos de projeto elétrico, estrutural, hidro sanitário, lógico e de segurança, assim os valores e os prazos foram enxutos para tentar dar conta da grande de-manda de obras do Reuni. Isso resultou em um processo cheio de falhas, que sempre resultava em acréscimo de tempo para conclusão e de valores para exe-

cução.

Além das obras não con-cluídas, há aquelas que foram entregues, mas que já se encon-tram com problemas. Sérgio a� rma que muitas dessas obras eram feitas às pressas para que todos os recursos do Reuni fos-sem aproveitados de uma vez, e com toda a correria, não se dava conta de detalhes, como im-permeabilização, calhas, aces-sibilidade e etc. Ele conta que, inclusive, quando se passarem os períodos de chuvas de 2013 terá que ser feito um processo de recuperação em várias das obras entregues, que apresen-taram problemas de in� ltração e alagamento, além de também recuperar obras já mais antigas dentro da Universidade

O Prefeito revela que ante-riormente foram tidas ocasiões onde o preço da construção do metro quadrado fora da Univer-sidade custava entre dois e três mil reais, e dentro dos Cam-pi veri� caram-se obras com o metro quadrado custando 800 reais. O procurador geral da UFPB, Carlos Octaviano, a� r-ma que a razão disso é que o projeto era aprovado inacabado e ia sendo completado de acor-do com o andamento da obra.

Por: Walison Costa

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Obras inacabadas são prioridade para a gestão

Segundo ele esse é um dos mo-tivos para as obras pararem ou serem entregues com defeitos. As empresas tentavam baratear muito para ganhar a licitação e posteriormente tinham que compensar isso, usando mate-rial de baixa qualidade e não tomando devida conta dos pro-jetos complementares.

Para isso é que a Prefeitura está aperfeiçoando o processo

de � scalização dessas obras. Oc-taviano a� rma que várias das empresas contratadas para as obras vêm sendo punidas, seja por descumprimento de prazo ou por abandoná-las na meta-de, decretando falência. Ele sa-lienta que, houve ocasiões onde as empresas eram multada vá-rias vezes, e mesmo assim não resolviam o problema, tendo-se que rescindir o contrato, o que

leva o problema pra o lado jurí-dico e faz com que ele se alastre ainda mais.

O prefeito a� rma estar ago-ra correndo atrás para que te-nha-se o preço real nas obras. “A prefeitura espera em um ano vencer toda a atribulação deixada para nós, e assim então concluir todas obras remanes-centes do Reuni”, completa.

Centro de Ecucação Restaurante UniversitárioCentro de Comunicação Turismo e Artes

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Por: Rômulo Jeff erson

Reitoria democratiza discussão sobre contrato com Ebserh

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A segunda audiência pública que discutirá os ter-mos do contrato que será � rmado entre a UFPB e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Eb-serh) deverá ocorrer no período compreendido entre 01 e 15 de outubro. Após a efetivação da primei-ra, ocorrida no � nal do semestre letivo 2013.1, no auditório do Hospital Universitário, os integrantes da Comissão especí� ca, integrada por Flávio Lúcio, Aloísio Mário Lins Souto e Rovênia Maria Olivei-ra Toscano, pretendem apresentar as contribuições feitas pelos participantes da discussão sobre as cláu-sulas contratuais com a Ebserh, já na segunda audi-ência pública.

As discussões deverão se estender até o dia 15 de outubro, dando lugar à criação de uma proposta de contrato que deverá ser � rmado entre a universida-de e a empresa. Segundo o professor Flávio Lúcio, será a partir das sugestões oriundas da comunidade e da análise da procuradoria da universidade, que a proposta de contrato com a Ebserh será desenvolvi-da, avaliada e aprovada pelo Conselho Universitário (Consuni). Com a � nalização e assinatura do con-trato entre as partes, a UFPB deverá iniciar a transi-ção para que a Ebserh comece a operar no Hospital Universitário Lauro Wanderley.

Assim como ocorre com o programa Universidade

Participativa, nas reuniões que tratam do contrato com a Ebserh são distribuídas � chas para que o pú-blico envie sugestões à mesa. Presentes na primeira audiência realizada, a Associação dos Docentes da Universidade Federal da Paraíba (ADUFPB) e o Sindicato dos Trabalhadores em Ensino Superior do Estado da Paraíba (SINTESPB) pediram a palavra e rea� rmaram suas posições contrárias à adesão aos serviços prestados pela Empresa Brasileira de Servi-ços Hospitalares.

PolêmicaO anúncio da adesão da Universidade Federal da

Paraíba à Empresa Brasileira de Hospitais, feito no primeiro semestre de 2013, causou intensos debates e opiniões divergentes sobre o assunto, sobretudo protestos entre os estudantes. Parcela do segmento estudantil, posicionou-se pelo “não privatização do HU”. Já os que se mostraram a favor da mudança, defenderam que essa seria a única forma possível de manter o Hospital Universitário em funcionamen-to. Segundo o superintendente do hospital, Dr. João Batista, os recursos recebidos pelo Lauro Wanderley hoje, antes da adesão, não são su� cientes para garan-tir o atendimento dos pacientes e que a chegada da Ebserh irá viabilizar a manutenção dos serviços no hospital universitário.

Discurção sobre contrato com a Ebserh reuniu administração, profissionais de saúde e representantes de categorias no HULW

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Pesquisadores paraibanos publicam estudo de destaque internacional

Por: Walison Costa

PREVENÇÃO DE CATÁSTROFES

Hugo Cavalcante e Marcos Oriá no Laboratório de Dinâmica Não-Linear, Caos e Complexidade, da UFPB

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Pesquisadores Hugo Cavalcante e Marcos Oriá, em um trabalho recentemente aceito pela conceituada revista americana Physical Review Letters, estudam a prevenção de eventos extremos tais como grandes secas, enchentes, terremotos e crises no mercado � -nanceiro. O trabalho, que tem cerca de um ano e vem sendo desenvolvido no Laboratório de Dinâmi-ca Não-Linear, Caos e Complexidade, da UFPB, visa identi� car quando um evento extremo está prestes a ser formado, e se possível, tomar medidas para evi-tá-los.

A pesquisa, que é uma colaboração internacional de cientistas, conta, além dos brasileiros, com os pro-fessores Daniel Gauthier, da Universidade Duke, e Edward Ott, da Universidade de Maryland, ambas nos EUA, e também com o pesquisador Didier Sor-nette, do Instituto Federal de Tecnologia (ETH) de Zurique, na Suíça. Segundo Marcos Oriá, a partici-pação dos pesquisadores estrangeiros ocorre na inter-pretação e discussão dos resultados obtidos. Já toda a parte prática experimental do projeto está sendo feita no laboratório que se encontra no CCEN da UFPB.

De acordo com os pesquisadores paraibanos, a motivação para o estudo desses eventos vem natural-mente dentro da pesquisa de dinâ-mica não linear, e é devidamente im-portante por eles terem um impacto muito grande na sociedade. “Traba-lhei três anos e meio em Duke e foi aí que comecei a desenvolver essa linha de pesquisa, então trouxe para a UFPB. Nós gostaríamos de enten-der como os eventos acontecem pra evitá-los, prevendo quando e como eles vão acontecer”, relata Hugo.

Oriá a� rma que a grande contri-buição da pesquisa é mostrar com um exemplo concreto, que em siste-mas onde se tem o mesmo compor-tamento de estruturas encontradas na natureza, como o de catástrofes, há a possibilidade de intervenção.

Ele revela que diagnósticos de estudos antigos sem-pre levavam a conclusão de que esses eventos não eram previsíveis, e que com esse estudo, inovador na UFPB, estão sendo identi� cados mecanismos que permitem intervir nesses meios.

A UFPB tem oferecido � nanciamento para pes-quisa. Oriá conta que o laboratório onde o estudo tem sido feito é relativamente novo, e a melhoria da infraestrutura têm sido feita no decorrer do tempo. “Sempre estamos buscando um pouco mais, estamos participando dos projetos de infraestrutura da Uni-versidade. Como temos um novo laboratório, procu-ramos melhorar a infraestrutura, e trazer o estudante para participar do estudo também”, ponti� ca.

Sobre os resultados que se expecta chegar com o trabalho, Cavalcante revela esperar que esse estudo dê origem a uma linha nova de pesquisa. Ele revela a expectativa de que outros cientistas do mundo co-mecem a ver o trabalho e aplicar a ideia em outros sistemas. “Esse trabalho é uma parte de uma história que começa com outros trabalhos que a gente se ins-pirou, ele também vai dar origem a outras pesquisas cientí� cas que usam nossas comprovações experi-mentais em outros sistemas e situações”, completa.

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Projeto de servidor da UFPB ganha concurso

Concurso realizado pelo Sindi-cato de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) premiou a ideia de André Queiroga, Servidor do La-boratório de Estudos Ambientais da UFPB. A ideia projeta harmo-nizar os rios e a paisagem urbana de João Pessoa e foi ganhadora por votação popular do concurso “Olhar no futuro”. A competição passa por diversas capitais do Bra-sil, e coleta ideias que desenvol-vam o projeto de cidade susten-tável, visando ter uma expectativa das cidades participantes em um período de 25 anos.

De acordo com André, que tam-bém é Professor da UFPB Virtual

e Doutorando do Programa Re-gional de Pós-Graduação em De-senvolvimento e Meio Ambiente (Prodema), o projeto funcionaria especi� camente para João Pessoa, que é uma cidade cortada por di-versos rios e córregos, e por isso tem uma grande malha hidrográ-� ca. Ele cita como exemplo o rio Cuiá, que corta 27 bairros da zona sul da cidade.

Queiroga explica que os rios em João Pessoa estão sendo degrada-dos, ou simplesmente não preser-vados. Ele relata que, em vários casos, o poder público, na tentati-va de preservar esses rios, transfor-ma a área em que o rio está con-tido em parques para preservação, e nesses casos a área � ca sem uti-lização publica. “O parque de Ja-carapé, por exemplo, as pessoas não vão pra lá pra passear, nem pra fazer lazer ou turismo. Outro exemplo é o Cuiá, que também teve uma parte transformada em parque municipal”.

A ideia propriamente dita se-ria promover ações de monitora-mento e integração de bacias hi-drográ� cas de rios que cortam a cidade de João Pessoa. Para isso, seria necessária a melhoria de cer-tos aspectos, como saneamento, amenizar riscos ambientais, mo-bilidade e lazer, e do potencial uso

dos recursos naturais da região, de modo a harmonizar a presença dos rios no meio ambiente urba-no.

André revela que o projeto é um dos objetivos de sua tese de Doutorado, e se trata de uma pes-quisa ação, voltada a uma atribui-ção prática, ou seja, não é só pra � car dentro da Universidade. Ele con� rma que nas últimas semanas tem mantido contato com a Secre-taria Adjunta do Meio Ambiente, Wellitânia Freitas. “Apresentei a proposta a ela, justamente em decorrência desse concurso. Após apresentar a tese inteira, a secreta-ria se propôs a apresentar para o secretario geral e posteriormente ao prefeito. Isso devia ser levado adiante, como proposta de plano de gestão pra cidade.”

Se mostrando satisfeito, com o resultado que tem conseguido, Queiroga revela estar contente pela ideia ser reconhecida pela sua validade. Ele salienta que também encontra di� culdades no desen-volvimento da pesquisa, por ser servidor, e não ter direito a bolsa no Doutorado, e ainda revela fazer a pesquisa com recursos próprios. “Isso serve pra todos, até para outros servidores. Sem recursos e com ideias simples, conseguimos fazer pesquisas e validá-las”.

Por: Walison Costa

“OLHAR NO FUTURO”

André Queiroga

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Professora recebe prêmio por pesquisa com portadores de leucemia

A professora Nailze Figueire-do de Souza, da Escola Técnica de Saúde (Centro de Ciências da Saúde/CCS), recebeu um im-portante prêmio por sua tese de Doutorado em Saúde da Criança e Adolescente da UFPE no Pri-meiro Congresso Multidiscipli-nar Em Oncologia Do Instituto Do Câncer Do Hospital Mãe De Deus, que ocorreu nos dias 21 e 22 de junho em Porto Alegre.

A pesquisadora observou a ne-cessidade de maior suporte aos familiares e pro� ssionais que cui-davam de crianças com câncer. Dessa forma, desenvolveu um estudo no qual foram realizadas ações educativas em saúde por uma equipe multidisciplinar para informar e orientar, sobre a doen-ça e o tratamento, todos os envol-vidos no processo. Posteriormente foram realizadas entrevista com as mães, pro� ssionais e estudantes, sobre suas experiências ao partici-par da ação.

O projeto educativo está vincu-lado à Escola Técnica de Saúde e ao Programa de Bolsas de Extensão (Probex) da Universidade Federal da Paraíba, em que a pesquisadora trabalha como docente, e foi de-senvolvido na Associação Donos

do Amanhã, de João Pessoa.

Durante um ano, a ação edu-cativa em saúde desenvolvida por Nailze Souza contou com a participação de enfermeiras, psi-cólogas, uma arte educadora e estudantes do curso de Nutrição da UFPB. Dirigida a 10 mães de crianças com leucemia, as ações coletivas abordaram temas sobre a doença, tratamentos e higiene corporal.

“Analisamos na tese o signi� -cado dessas ações para cada uma dessas categorias. Uma pesquisa qualitativa. E isso mostrou que foi muito importante essa ree-ducação na equipe interdisci-plinar.” relatou a pesquisadora. As mães mudaram a alimentação das crianças, pois a criança que está fazendo quimioterapia tem a imu-nidade baixa e precisa de uma ali-mentação correta. Passaram tam-bém a entender mais a doença e o tratamento, enfrentando melhor a enfermidade. Os pro� ssionais e estudantes passaram a conhecer melhor essa realidade.

A professora Nailze Figueiredo julga ser de extrema importância iniciativas mais efetivas na área de Educação em Saúde. A falta de cuidados como higiene e alimen-

tação adequadas, pode ocasionar risco de infecção fatal à criança. Segundo ela, as mães também precisam se cuidar para evitar de-senvolver doenças como hiperten-são e ansiedade.

Sobre o prêmio, ela comenta quer � cou lisonjeada por ter sido contemplada, e feliz com a reper-cussão do projeto. Como envol-ve muitos cursos, ele tem gerado outras pesquisas e estudos, que complementam e expandem o co-nhecimento nessa área tão impor-tante, mas que ainda não recebe o valor apropriado.

Por: Nayane Maia

Nailze Figueiredo

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