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COMENTÁRIO DA PROVA Ótima prova, explorando conteúdos relevantes e com excelente interface com a atualidade, como nas questões sobre o controle da mídia, uso social da terra e consequências de planos econômicos. O Departamento de História está de parabéns. Professores de História do Curso Positivo. Resolução: O conflito contra os ingleses durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contribuiu para despertar entre os franceses o sentimento nacionalista. O nacionalismo emergente em defesa do território contra a invasão inglesa foi fundamental no pro- cesso de centralização política do Estado francês, provocando como consequência a formação do Estado Nacional absolu- tista e o colapso do sistema feudal pois a guerra deve ser compreendida no contexto de crise do feudalismo no século XIV. Resolução: A Revolução Gloriosa é interpretada como uma revolução liberal, parlamentar e burguesa. Liberal porque a partir de então os homens de propriedade obtiveram liberdade civil e política. A garantia desta liberdade, destes direitos civis e políticos, era assegurada pelos próprios indivíduos agora transformados em cidadãos. Parlamentar porque a partir de então o poder passou a estar no parlamento, daí a clássica fórmula: “O rei reina, mas não governa”. Burguesa porque esta foi a classe social que mais ganhou com a revolução. Como escreveu Christopher Hill: “Jaime II foi afastado pela ‘Gloriosa Revolução’ de 1688, “gloriosa’ porque sem derramamento de sangue nem desordens sociais, sem anarquia, sem possibilidades de revivescências das exigências revolucionárias – democráticas”. 1 HISTÓRIA

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COMENTÁRIO DA PROVA

Ótima prova, explorando conteúdos relevantes e com excelente interface com a atualidade, como nas questõessobre o controle da mídia, uso social da terra e consequências de planos econômicos. O Departamento de História está deparabéns.

Professores de História do Curso Positivo.

Resolução:

O conflito contra os ingleses durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453) contribuiu para despertar entre os franceses osentimento nacionalista. O nacionalismo emergente em defesa do território contra a invasão inglesa foi fundamental no pro-cesso de centralização política do Estado francês, provocando como consequência a formação do Estado Nacional absolu-tista e o colapso do sistema feudal pois a guerra deve ser compreendida no contexto de crise do feudalismo no século XIV.

Resolução:

A Revolução Gloriosa é interpretada como uma revolução liberal, parlamentar e burguesa. Liberal porque a partir de entãoos homens de propriedade obtiveram liberdade civil e política. A garantia desta liberdade, destes direitos civis e políticos,era assegurada pelos próprios indivíduos agora transformados em cidadãos. Parlamentar porque a partir de então o poderpassou a estar no parlamento, daí a clássica fórmula: “O rei reina, mas não governa”. Burguesa porque esta foi a classesocial que mais ganhou com a revolução. Como escreveu Christopher Hill: “Jaime II foi afastado pela ‘Gloriosa Revolução’de 1688, “gloriosa’ porque sem derramamento de sangue nem desordens sociais, sem anarquia, sem possibilidades derevivescências das exigências revolucionárias – democráticas”.

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Os quilombos, inicialmente, foram locais formados por negros escravizados fugidos. A maioria foi destruída ou não resistiuaos ataques e/ou ao isolamento imposto pelos fazendeiros ou criadores. Muitos desses quilombos, porém, tornaram-secomunidades autossuficientes e perduraram por todo o período da escravidão. Seus descendentes, em muitos desseslocais, ainda residem e mantém práticas, relações e costumes aprendidos de seus antepassados . A preservação desseslocais e, em muitos casos, da identidade dessas comunidades – o que constitui um patrimônio histórico e cultural imaterial –,é fundamental para lembrarmos a participação e contribuição dos negros na ocupação e formação do Estado do Paraná,além do histórico de lutas e resistência dessas pessoas submetidas violentamente à escravidão, condição a qual nunca sesujeitaram e nem assimilaram passivamente.

Resolução:

Questão muito pertinente – cuja reflexão atual se faz urgente – sobre a relação entre governos ditatoriais e o controle dosmeios de comunicação. Era fundamental para a manutenção do regime e sua perpetuação, o controle das ideias e dasvisões de país, pátria, nação, sociedade e cidadania. Por isso o Estado Novo, por meio do DIP — Departamento deImprensa e Propaganda – regulava o fluxo de informações do rádio, jornais, cinema, materiais didáticos e até mesmoboletins meteorológicos, com o objetivo de garantir uma visão homogênea e destituída de crítica ao governo autocrático deVargas. Pelo contrário, o DIP passa a usar os meios de comunicação para construir uma visão de país e de governofortemente marcados pela ideologia personalista do ditador Vargas.

Essa propaganda beirou um “culto à personalidade”. Por outro lado, qualquer notícia ou informação que afrontasse essaleitura de país e governo era censurada.

Resolução:

Numa de nossas aulas, resolvemos uma questão parecida, com um texto do livro “Esaú e Jacó”. A questão exigia que oaluno destacasse a falta de diferenças substanciais entre os dois partidos, Liberal e Conservador, reduzindo-os aaparelhos de manutenção da elite no poder. Quando muito, os partidos funcionavam para harmonizar matizes entre aselites regionais e os cafeicultores, sem grandes questões de fundo. O papel de D. Pedro II era o de garantir que essaspequenas tensões não resvalassem para contendas de maior envergadura, como a Farroupilha, que perturbou o períodoregencial e o início do II Reinado.

Assim, D. Pedro funcionava como um “fiel da balança”, garantindo representação no poder aos dois grupos e, por sua vez,apoio dos dois grupos à Monarquia. Pelo menos até o fim da guerra do Paraguai essa foi a realidade política do Brasil.

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Para que as 13 colônias inglesas da América do Norte se unissem para desafiar a metrópole houve um acordo entre aselites políticas e econômicas. Interesses gerais deveriam se sobrepor aos interesses locais ou pessoais. Por exemplo, umdos “Pais da Pátria”, Benjamin Franklin, era contrário à escravatura, porém, para atender aos interesses dos escravocratasdo Sul, deixou de lado os seus princípios. Adotou-se o sistema federativo que possibilitava às antigas colônias, agoraEstados membros, uma ampla autonomia.

Nos Estados do Norte desenvolveu-se uma agricultura mecanizada, construíam-se ferrovias, utilizou-se barco a vapor ehavia um gigantesco processo de industrialização. Paulatinamente a escravidão foi sendo abolida. Já nos Estados do Sul aeconomia era agrária e a mão de obra predominantemente escrava.

A eleição da Abraham Lincoln, conhecido por suas posições abolicionistas, levaram os Estados do Sul à secessão. O Norte(a União) por sua superioridade demográfica e econômica venceu. O Sul (os Confederados) tiveram seus territóriosocupados e a Reconstrução se fez sob a direção dos interesses dos vencedores.

De uma maneira geral a guerra civil resolveu muitos dos problemas que nela foram colocados: o acesso às terras do oeste,a fundação de um banco nacional, o dinheiro forte, os melhoramentos internos, a questão das tarifas e a abolição daescravatura. A derrota do Sul escravista abriu caminho para o impetuoso desenvolvimento capitalista do país.

Resolução:

O Plano Real trouxe uma série de mudanças expressivas na vida econômica dos brasileiros, das quais o aluno poderiadestacar: estabilidade monetária, com a diminuição abrupta da inflação; possibilidade de compra à crédito, comparcelamento de bens em muitas prestações, o que aqueceu o mercado de compra de imóveis e automóveis; modificaçãodo papel do Estado, diminuindo substancialmente seu papel de investidor, com a consequente privatização de bancos eempresas; abertura expressiva do mercado para produtos estrangeiros, ampliando a oferta de bens de consumo eaproximando os brasileiros de classe média das tecnologias do mundo global e ainda, com o fortalecimento do real, oaumento de brasileiros que puderam viajar para o exterior.

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Resolução:

A maioria dos muralistas mexicanos tinham posições políticas de esquerda, criticavam a pintura acadêmica e seconsideravam herdeiros das tradições dos antigos habitantes do continente. Para David Alfaro Siqueiros, José ClementeOrozco, Xavier Guerrero e Diego Rivera a pintura deveria contar a História do México não sob o prisma das classesdominantes, os heróis não seriam chefes de Estado, generais, religiosos, etc. Os muralistas transformaram em herói daarte monumental a massa, ou seja, os camponeses, os operários, os índios, enfim o povo oprimido e explorado.

Ver aula específica (05), questão 04.

Resolução:

Amós Oz, escritor israelense defensor da paz entre israelenses e palestinos, aborda com propriedade a questão. Naperspectiva judaica, o antissemitismo tem sido constante e violento, portanto a criação do Estado de Israel foi fundamentalpara escapar das perseguições. Os judeus acreditam que foram expulsos das terras que, segundo os textos religiosossempre lhes pertenceram, o que legitima sua presença em Jerusalém. Na perspectiva palestina, os judeus são invasoresque tomaram suas terras e fizeram grande parte da população se refugiar em nações vizinhas. A violência desproporcionalpor parte de Israel acentua o radicalismo fazendo com que muitos jovens palestinos optem por soluções extremistasalimentando o crescente fundamentalismo islâmico.

Ver aula específica (06), página 24

Resolução:

Brasil atual: a proposta do MST está vinculada, primordialmente, ao cumprimento do disposto na Constituição de 1988, quedefine a “função social” da propriedade. Assim, entende o MST, que a terra não deve servir somente para o lucro –agronegócio – , mas para a construção de relações sociais, manutenção das famílias, produção de alimentos, geração derenda e riqueza para a maioria e não para a minoria da população. Com a mecanização, a geração de empregos no campotornou-se reversa e o êxodo ampliou-se. O MST, no seu discurso, afirma buscar resgatar o que considera a finalidadeprecípua da terra: pão, paz e bem-estar das pessoas que vivem e trabalham na terra.

República Romana: O processo de expansão territorial ocorrido durante a República Romana, sobretudo no século I a.C.,promoveu uma ampla concentração de terras nas mãos da aristocracia patrícia. O agravamento da tensão social com osconflitos entre patrícios e plebeus fez com que os tribunos da plebe (os irmãos Graco) tentassem a realização da reformaagrária na antiga Roma.

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