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1 UIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CETRO DE CIÊCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EFERMAGEM MARLOS SUENNEY DE MENDONÇA NORONHA RISCOS OCUPACIOAIS E PATOLOGIAS EM ODOTÓLOGOS JOÃO PESSOA 2008

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U�IVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CE�TRO DE CIÊ�CIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM E�FERMAGEM

MARLOS SUENNEY DE MENDONÇA NORONHA

RISCOS OCUPACIO�AIS E PATOLOGIAS EM ODO�TÓLOGOS

JOÃO PESSOA 2008

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MARLOS SUENNEY DE MENDONÇA NORONHA

RISCOS OCUPACIO�AIS E PATOLOGIAS EM ODO�TÓLOGOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem do Centro de Ciên-cias da Saúde da Universidade Federal da Para-íba, área de concentração Enfermagem na A-tenção à Saúde, inserida na linha de pesquisa Epidemiologia e Saúde, como requisito para obtenção do grau de Mestre.

Orientadora: Dra. Maria Emília R. de M. Henriques

JOÃO PESSOA 2008

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MARLOS SUENNEY DE MENDONÇA NORONHA

RISCOS OCUPACIO�AIS E PATOLOGIAS EM ODO�TÓLOGOS

Aprovada em: _____/_______/2008

BA�CA EXAMI�ADORA

________________________________________________

Profª. Dra. Maria Emília R. de M. Henriques

Orientadora / UFPB

________________________________________________

Profª. Drª. Antônia Oliveira Silva

Membro / UFPB

________________________________________________

Profª. Drª. Clélia Albino Simpson

Membro / UFRN

________________________________________________

Profº. Dr. Rodrigo Pinheiro de Toledo Vianna

Membro / UFPB

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Aos meus amores: meus pais MarcosMarcosMarcosMarcos e DineideDineideDineideDineide; meus irmãos Márcio SávioMárcio SávioMárcio SávioMárcio Sávio e MarckensonMarckensonMarckensonMarckenson; meus sobrinhos SávioSávioSávioSávio e JuliJuliJuliJulia-a-a-a-nananana; e aos que virão.

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AgradecimentosAgradecimentosAgradecimentosAgradecimentos

Este trabalho foi concretizado com muita determinação, esforço, disciplina, humildade, e

apoio de pessoas fantásticas que trilharam em meu caminho. Aqui expresso todos os meus

agradecimentos, em especial:

� A Deus, pela presença diária em minha vida e por me fazer entender o real sen-

tindo da vida;

� Aos meus pais, MarcosMarcosMarcosMarcos e DineideDineideDineideDineide, pelo amor, gratidão e existência em minha

vida, pelos ensinamentos diários e esforços para possibilitar aos filhos condições de

lutar por seus sonhos.

� Aos meus irmãos, MárcioMárcioMárcioMárcio e MarckensonMarckensonMarckensonMarckenson, pelos quais tenho um imenso amor e

compartilho todos os momentos de minha vida.

� Aos sobrinhos SávioSávioSávioSávio e JuliannaJuliannaJuliannaJulianna, pela alegria e carinho presentes nos nossos

momentos diários.

� Á Prof. Dra. Maria Emília Rómero de Miranda HenriquesProf. Dra. Maria Emília Rómero de Miranda HenriquesProf. Dra. Maria Emília Rómero de Miranda HenriquesProf. Dra. Maria Emília Rómero de Miranda Henriques, orienta-

dora e amiga, pelos incentivos, paciência, conhecimentos depositados ao longo deste

trabalho e por sempre acreditar no meu potencial.

� Á Prof. Dra. Prof. Dra. Prof. Dra. Prof. Dra. Antônia Oliveira SilvaAntônia Oliveira SilvaAntônia Oliveira SilvaAntônia Oliveira Silva, pela atenção, confiança, disponibili-

dade e considerações.

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� Ao Prof. Dr. Rodrigo Pinheiro de Toledo VProf. Dr. Rodrigo Pinheiro de Toledo VProf. Dr. Rodrigo Pinheiro de Toledo VProf. Dr. Rodrigo Pinheiro de Toledo Viiiiannaannaannaanna com o qual percebi por

meio de seus atos a importância de ser docente. Deixo aqui meus singelos agrade-

cimentos pelo apoio imensurável na finalização e concretização deste trabalho.

� Á Prof. Dra. Wilma Dias de FontesProf. Dra. Wilma Dias de FontesProf. Dra. Wilma Dias de FontesProf. Dra. Wilma Dias de Fontes, pela qual tenho grande admiração e

carinho. Seu companheirismo e simplicidade serão lembrados durante toda a mi-

nha vida.

� Á Prof. Dra. Prof. Dra. Prof. Dra. Prof. Dra. Clélia Albino SimpsonClélia Albino SimpsonClélia Albino SimpsonClélia Albino Simpson, pela disponibilidade em participar

da banca examinadora deste estudo e pelas considerações sugeridas neste estudo.

� A todos os professoresprofessoresprofessoresprofessores e funcionáriosfuncionáriosfuncionáriosfuncionários do Programa de Pós-Graduação em

Enfermagem pelas contribuições, disponibilidade e atenção durante toda essa jor-

nada.

� Aos amigosamigosamigosamigos da turmada turmada turmada turma, em especial, Myriam França, Eliane Rolim, Káren

Mendes, Francilene Pascoal, Nayanna Alencar, Rodrigo Queiroga,

Wesley Dantas e Edivaldo José por compartilharem momentos inesquecí-

veis.

� Aos amigos e familiaresamigos e familiaresamigos e familiaresamigos e familiares os que não foram mencionados, mas que de algum modo

contribuíram para a realização deste trabalho.

� Aos odontólogos do Centro de Especialidades Odontológicas de João Pes-soa que contribuíram para a realização deste estudo.

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Se a vida traz dissabores Por certo a experiência Foi uma maneira de viver a vida De modo que as possibilidades Não foram totalmente descartadas Ao ponto de realizar o meu sonho...

Maria Emília R. de M. Henriques

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RESUMORESUMORESUMORESUMO

NORONHA, Marlos Suenney de Mendonça. Riscos ocupacionais e patologias em odontó-logos. 2008. 118 f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Centro de Ciências da Saúde, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2008.

O trabalho na clínica odontológica compreende atividades com exposição a riscos biológicos, físicos, químicos, mecânicos, ergonômicos e psicossociais. Tais exposições podem ocasionar em danos, agravos e patologias ocupacionais que influenciam no modo de vida dos trabalha-dores. Neste sentido, este estudo tem como objetivo identificar os riscos ocupacionais, danos, agravos e patologias que estão expostos os odontólogos e verificar a interferência destes na qualidade de vida dos participantes do estudo. Trata-se de um estudo descritivo, com aborda-gem quanti-qualitativa, realizado no Centro de Especialidades Odontológicas - CEO, locali-zado na cidade de João Pessoa – PB. A população foi constituída de odontólogos. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada e foram analisadas quantitativamente por meio do programa SPSS v.15.0, e qualitativamente pela Técnica do Discurso do Sujeito Coletivo por meio do programa QualiQuantisoft v. 1.3c, sendo identificados dados sobre a profissão, sobre as condições de saúde no trabalho e a interferência dos riscos ocupacionais na qualidade de vida dos trabalhadores. Fizeram parte do estudo, 24 odontólogos, dos quais 67% são do sexo feminino e 33,3% do sexo masculino, com as seguintes características: 70,8% possuem a graduação como nível máximo de instrução e 29,2% são especialistas; 45,8% dos odontólogos exercem as suas atividades por 4 horas diárias, 41,7% realizam suas atividades por 6 horas diárias e 12,5% tem a carga de trabalho de 8 horas diárias; 95,8% dos odontólogos utilizam luvas como equipamentos de proteção individual em suas atividades laborais, 100% utilizam máscaras, 8,3% utilizam protetores auriculares, 79,2% usam gorro, 58,3% utilizam avental, 66,7% protetor ocular e 4,2% dos profissionais utilizam propé; Todos os profissionais afirmaram estar expostos a riscos biológicos e químicos, entretanto, 50% mencionaram aco-metimento em decorrência da exposição biológica e 45,8% dos riscos químicos; 91,7% afir-maram exposição a riscos psicossociais, sendo que 75% mencionaram acometimento de es-tresse e outro agravos e 91,7% afirmaram exposição a riscos mecânicos, sendo que 100% mencionaram agravos em decorrência do mesmo; 87,5% afirmaram exposição a riscos ergo-nômicos e físicos e 100% mencionaram acometimento decorrência dos mesmos. Os resulta-dos revelados por meio do Discurso do Sujeito Coletivo mostraram grandes interferências ocasionadas pelos riscos ocupacionais, em especial a insatisfação com a remuneração e a se-gurança e higiene no trabalho. Apesar de afirmarem que possuem Qualidade de Vida, a maio-ria dos profissionais apresentou sentimentos de insatisfação com a saúde e o trabalho.

Palavras-chave: 1. Riscos ocupacionais 2. Patologias ocupacionais 3. Qualidade de vida

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ABSTRACTABSTRACTABSTRACTABSTRACT

NORONHA, Marlos Suenney de Mendonça. Occupational risks and diseases in dentists. 2008. 118f. Dissertation (Master's degree in Nursing)- Centre of Health Sciences, Federal University of Paraíba. João Pessoa, 2008. The work includes activities in the dental clinic with exposure to biological, physical, chemi-cal, mechanical, ergonomic and psychosocial. Such exposure may result in damage, injuries and occupational diseases that affect the livelihood of workers. Accordingly, this study aims to identify the occupational risks, damages, injuries and diseases that are exposed dentists and check the interference of the quality of life of participants in the study. It is a descriptive study, with quantitative-qualitative approach, held at the Center for Dental Specialties - CEO, located in the city used to João Pessoa - PB. The population was composed of dentists. Data were collected through semi-structured and were analyzed quantitatively by means of SPSS v.15.0, Technical and qualitatively by a collective subject's discourse through the program QualiQuantisoft v. 1.3c, and identified data on the profession on the health conditions at work and occupational risk of interference in the quality of life of workers. Were part of the study, 24 dentists, of whom 67% are female and 33.3% male, with the following characteristics: 70.8% have graduate as the maximum level of instruction and 29.2% are specialists; 45.8% of the dentists carry out their activities for 4 hours per day, 41.7% conduct their activities for 6 hours per day and 12.5% is the workload of 8 hours per day, 95.8% of the dentists use gloves as individual protective equipment in their labor activities, 100% use masks, ear protectors use 8.3%, 79.2% use caps, 58.3% use apron, 66.7% and 4.2% protective eye of the professio-nals use prop; All workers said they were exposed to biological and chemical risks, however, 50% reported ill due to exposure biological and chemical risks of 45.8%, 91.7% said exposure to psychosocial risks, whereas 75% reported involvement of stress and other disorders and 91.7% said exposure to mechanical hazards, with 100% reported injuries as a result of it; 87.5% said exposure to ergonomic hazards and physical and 100% reported involvement be-cause of them. The results revealed through the discourse of collective subject showed great interference caused by occupational risk, in particular the dissatisfaction with pay and safety and hygiene at work. Despite claiming that they have quality of life, most professionals had feelings of dissatisfaction with health and work. Keywords: 1. Occupational hazards 2. Occupational diseases 3. Quality of life

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RESUMENRESUMENRESUMENRESUMEN

NORONHA, Marlos Suenney de Mendonça.. Riesgos ocupacionais e enfermedad en odontólogos. 2008. 118 f. Dissertación (Maestro en Enfermería) - Centro de Ciencias de la Salud de la Universidad Federal de la Paraíba, João Pessoa, 2008.

El trabajo en la clinica odontológica compreende las atividades con la exposición a los riesgos biologicos, físicos, químicos, mecânicos, ergonômicos e psicosociais. Estas exposiciones pueden llevar a los dańos, agravios y enfermedades ocupacionales que sufren influencia en el modo de la vida de los trabajadores. En este sentido, este estúdio tiene como objetivo identifi-car los riesgos ocupacionales, dańos, agravios y patologias, que son expuestos los odontolo-gos y verificar la interferencia de estes en la calidade de vida de los participantes del estúdio. Es um estúdio discriptivo con una abordagen cuanti-cualitativa, que fue realizada en el Cen-tro de las especialidades odontológicas-CEO, en la ciudad de João Pessoa-PB. La población fue constituída de los odontólogos. Los datos fueron coletados por médio de una entrevista semi estructurada e fueron analisados cualitativamente por lo médio del Programa SPSS v.15.0, y cualitativamente por la técnica de lo dicurso de lo sujeto colectivo por lo médio del programa cualicuantift v. 13, y identificado datos de la profesión, bajo las condiciones de sa-lud en el trabajo y la interferência de los riesgos ocupacionais en la calidad de la vida de los trabajadores. En este estúdio hecho parte, 24 cirujanos-dentistas, de los cuales 67% son de lo sexo femenino y 33% de lo sexo masculino, con las seguintes características:70,8% tiene gra-duación como lo nivel máximo de la instrucción y 29% son especialistas; 45% hacen sus acti-vidades por 6 horas diarias y 12,5% tienen la actividad de lo trabajo de 8 horas diaria; 95,8% de los odontólogos hacen uso de ludas como equipamientos de la protección individual en sus actividades de trabajo, 100% hacen uso de mascaras, 8,3% hacen uso de protección auri-cular, 79,2% hacen uso de gorro, 58,3% hacen uso de avental, 66,7 hace uso de protección ocular y 4,2% de los profesionales hacen uso de prope. Todos los profesionales han dicho estar expuestos a los riesgos biológicos y químicos, por lo tanto, 50% han dicho que hubieron acometimiento en la de correncia de la exposición biológica y 45,8% de los riesgos químicos, 91,7% han dicho que hubieron exposición a los riesgos psicosociales, siendo que 75%, han dicho acometimiento de lo estrese y otros agraves y 1,7% han dicho tiñeren sufrido exposi-ción a los riesgos mecánicos, siendo que 100% han dicho agravios en decorrencia de los mis-mos; 87,5% han dicho tiñeren sufrido exposición a los riesgos ergonomicos y fisicos y 100% han dicho acometimiento en decorrencia de los mismos. Los resultos han sido revelados por lo medio de los discurso de lo sujeto colectivo apuntaran interferencias mas grandes ocasio-nadas por los riesgos ocupacionales, en especial a la satisfacción con la remuneración y la seguraza y higiene de lo trabajo. A pesar de tiñeren dicho que tienen calidad de la vida, la mayoría de los profesionales presentó sentimientos de la insatisfacción con la salud y lo traba-jo.

Palabras clave: 1. Los riesgos laborales 2. Enfermedades profesionales 3. Calidad de vida

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ............................................................................................. 13 DA PROBLEMÁTICA À CONSTRUÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ......... 13 1.1 Introdução .................................................................................................. 14 CAPÍTULO 1 ...................................................................................................... 20 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 20 2.1 Qualidade de vida (QV):uma incursão semântica e histórica ................... 21 2.1.1 Contextualizando qualidade de vida ................................................ 22 2.2 Narrativa e historicidade do trabalho: da antiguidade ao mundo

globalizado ..................................................................................................... 26 2.3. Acidentes e riscos no trabalho.................................................................. 28 CAPÍTULO 2 ...................................................................................................... 36 TRAJETO METODOLÓGICO .......................................................................... 36 3.1 Tipo de estudo ........................................................................................... 37 3.2 Cenário da pesquisa ................................................................................... 37 3.3 População do estudo .................................................................................. 38 3.3.1 Instrumentos éticos do estudo .......................................................... 38 3.5 Procedimentos para coleta de dados ......................................................... 38 3.6 Procedimentos de tratamento e análise dos dados .................................... 39 CAPÍTULO 3 ...................................................................................................... 42 RESULTADOS E COMENTÁRIOS ................................................................. 42 4.1 Caracterização da amostra ......................................................................... 43 4.2 Dados sobre as condições de saúde ........................................................... 45 4.3 Riscos e patologias ocupacionais: interferência na qualidade de vida de

profisssionais de saúde. ................................................................................. 70 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 75 REFERÊNCIAS .................................................................................................. 79 APÊNDICES APÊNDICE A APÊNDICE B APÊNDICE C APÊNDICE D

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APRESE�TAÇÃO

DA PROBLEMÁTICA À CO�STRUÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

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Com a intenção de propiciar um melhor entendimento por parte do leitor sobre a

temática, a dissertação estrutura-se em cinco partes. A introdução, parte inicial do trabalho, na

qual é contextualizada a saúde do trabalhador e apresentados as justificativas, objetivos e re-

levâncias do estudo.

O Capítulo I reporta-se à revisão da literatura, sendo constituído por três temas. O

primeiro discorre sobre a qualidade de vida, abordando a sua historicidade e seus conceitos.

Em seguida, apresenta uma narrativa do Trabalho e sua relação com o homem. Posteriormen-

te, apresenta os acidentes e riscos ocupacionais, especificamente os presentes na Odontologia.

O capítulo II narra o trajeto metodológico que evidenciou a coleta e sistematiza-

ção dos dados deste estudo. Distribuiu-se em tópicos que caracterizam o tipo de estudo, o ce-

nário da pesquisa, a população participante enfatizando os aspectos éticos do estudo, os ins-

trumentos e procedimentos para o tratamento dos dados coletados.

O capítulo III apresenta os resultados e comentários encontrados de forma a res-

ponder os objetivos propostos inicialmente. Este capítulo é subdividido em tópicos que apre-

sentam a caracterização da população, dados sobre as condições de trabalho e de saúde, e as

percepções dos odontólogos sobre as interferências dos riscos e patologias ocupacionais na

qualidade de vida.

Na última parte da dissertação, encontram-se as considerações finais da pesquisa,

apresentando e refletindo sobre os achados do estudo e suas contribuições para a saúde dos

trabalhadores.

1.1 Introdução

Com a revolução tecnológica, ocorrida nos últimos anos, a economia mundial

passa por mudanças e adaptações que têm repercutido de forma direta e indireta no modo de

produzir. Tais mudanças, pautadas na lógica da competitividade, produtividade e da flexibili-

dade, afetam as condições laborais e de vida dos trabalhadores inseridos nesse contexto.

Sánchez e Yanes (1995) ressaltam que os agravos à saúde dos que trabalham é

sempre resultante dos modos de gestão e organização do trabalho. Assim, para os autores, a

tarefa de compreender as mudanças ocorridas no “Novo Paradigma Tecnoprodutivo” não po-

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de negligenciar as determinações do atual projeto do capital na saúde de homens e mulheres

trabalhadores.

Pioneiros nas investigações sobre saúde do trabalhador, os pesquisadores Laurell e

Noriega, (1989, p.23) concebem “o processo de trabalho como o espaço concreto de explora-

ção [...] e a saúde do operário como expressão, igualmente concreta, desta exploração”.

Nos estudos de Mendes e Dias (1994) é evidenciado que o trabalho relaciona-se

com a saúde-doença de quem o executa, num espectro de efeitos, respostas ou danos que vão

desde a fadiga física e a fadiga mental, até às doenças e acidentes do trabalho. Contudo, veri-

ficam que existem ainda quadros clínicos até agora mal definidos como: o desgaste e o enve-

lhecimento precoce, doenças específicas do trabalho ou doenças profissionais, cujo conceito e

características seguem as normas legais ou previdenciárias.

Segundo Amarante (1999), a precarização do ambiente do trabalho tem como im-

plicação a perda da capacidade laboral do trabalhador e acarreta o aparecimento de doenças

ocupacionais ou acidentes de trabalho.

No que concerne ao ambiente de trabalho dos profissionais de saúde, existe uma

série de riscos ocupacionais (físicos, biológicos, psicossociais, químicos, mecânicos e ergo-

nômicos) que são os principais caracterizadores de insalubridade e de periculosidade que, se

não forem controlados, poderão desencadear agravos à saúde, doenças e acidentes de trabalho.

(BULHÕES, 1998).

Dessa forma, a valorização dos fatores de risco que podem levar ao surgimento da

doença ocupacional no ambiente de trabalho deve ser considerada.

De acordo com Nicolete (2001) vale ressaltar os fatores de risco predisponentes

(que favorece o aparecimento de doenças) e os fatores desencadeantes.

A autora afirma que para os fatores predisponentes, levam-se em consideração a

Antropometria, a capacidade física, alterações hormonais, profissão e também a execução de

tarefas do lar, alterações anatômicas e outros. Como fatores desencadeantes levam-se em con-

sideração três outros fatores, ou seja, os fatores biomecânicos, sociais e organizacionais do

trabalho.

Ao tratar os fatores biomecânicos, Nicolete (2001) descreve que estes são caracte-

rizados pela força excessiva ao realizar tarefas (escrever, digitar); repetitividade; postura ina-

dequada; compressão mecânica de estruturas delicadas, entre outros.

Os fatores organizacionais no trabalho são caracterizados pelo esquema rígido de

trabalho, o ambiente de trabalho inadequado (temperatura, iluminação, ruído excessivo, espa-

ço reduzido, mobiliário e ferramentas inadequadas); ausência de pausas; organização do posto

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de trabalho; pressão de produção; urgências em executar tarefas; condições precárias de traba-

lho (falta de material e pessoal); chefia desinteressada pelos problemas dos colaboradores e

outros.

Os fatores sociais são caracterizados pela competitividade; pela dupla jornada de

trabalho; pelos problemas de relacionamentos interpessoais; pela tensão no ambiente de traba-

lho; questões salariais; insatisfação com o trabalho; repouso insuficiente; correria das grandes

metrópoles, entre outros. Esses fatores associados levam ao estresse osteomuscular e emocio-

nal, o que propicia o aparecimento das doenças. (NICOLETE, 2001).

Na realidade, as pesquisas direcionadas aos fatores de risco e às doenças ocupa-

cionais enfrentam problemas que fogem ao controle do pesquisador como, por exemplo: há

uma grande dificuldade de se realizar pesquisas em empresas particulares e estas doenças são

subnotificadas, haja vista que não é interessante divulgar dados que venham atingir a produ-

ção de instituições e empresas.

Ainda vale salientar que o indivíduo é acometido da patologia ocupacional, mas

suas manifestações são a longo prazo e isto pode levar a quadros irreversíveis. Outro ponto

fundamental é a falta da prevenção bem como a assistência à saúde, com periodicidade de

exames que venham proporcionar diagnóstico precoce das patologias incidentes no trabalho.

A prática revela que muitas vezes o trabalhador se omite de dizer que está com

sinais e sintomas característicos de alguma patologia, com receio de perder o emprego, po-

rém, há alguns empregadores que preferem admitir profissionais com patologias comprova-

das, para se isentar de pagar os custos referentes à indenização cabível para cada caso em es-

pecial, fato observado pelo pesquisador durante sua permanência como trabalhador em servi-

ço especializado.

Constata-se, portanto, com base na literatura pertinente ao tema em pauta, que em

todo trabalho existem riscos que são peculiares às atividades desenvolvidas. A exemplo, os

profissionais de saúde estão imersos em um contexto onde o risco ocupacional faz parte de

seu cotidiano. Estes riscos e, conseqüentemente, o medo do adoecimento e/ou sua concretiza-

ção, interferem diretamente em seu desempenho com repercussões na qualidade de vida dos

trabalhadores.

Neste sentido, Miranda (2006) e Araújo (2007) estudaram a qualidade de vida de

profissionais, com propósito de contribuir efetivamente na elaboração e implementação de

medidas que venham minimizar as doenças ocupacionais e os acidentes no ambiente onde se

processa o trabalho.

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Deste modo, a mensuração da Qualidade de Vida possui grande importância cien-

tífica e social por possibilitar a implementação de Políticas Públicas e constitui-se em uma

preocupação da Organização Mundial de Saúde – OMS - que elegeu uma equipe de especia-

listas (WHOQOL Group) para elaborar um instrumento capaz de medir a qualidade de vida

das pessoas, com questões comuns a todos os indivíduos e nas mais diversificadas culturas.

Para o WHOQOL Group (1995, p.1405), o termo Qualidade de Vida é um concei-

to subjetivo que refere a “percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, no contexto da

cultura e dos sistemas de valores nos quais ele vive, e em relação aos seus objetivos, expecta-

tivas, padrões e preocupações”.

No ambiente de trabalho, a Qualidade de Vida – QV - agrega definições que “vão

desde cuidados médicos estabelecidos pela legislação de saúde e segurança até atividades

voluntárias dos empregados e empregadores nas áreas de lazer, motivação, entre inúmeras

outras”. (FRANÇA, 2007, p.24).

Verifica-se na prática da saúde que as abordagens relacionadas a riscos

ocupacionais e patologias decorrentes destes, ficam escamoteadas sem que empregadores e

empregados se conscientizem, às vezes pelo receio da interferência que estes geram

diretamente no capital da empresa. No ponto de vista dos trabalhadores, o desconhecimento

de seus direitos e deveres com relação a sua seguridade, enquanto exposto aos riscos, ainda

não é transparente.

Vale ressaltar que o trabalho é considerado uma necessidade humana básica, ou

seja, o determinante da segurança do indivíduo torna difícil a observância para o controle

destes riscos. Outro fato que interfere na exposição ao risco ocupacional é o hábito que o

individuo adquire pela repetitividade com que está acostumando no desempenho de suas

ativiades, considerando a exposição e o adoecimento como um fato distante do mesmo.

Entre os profissionais que lidam na saúde, há uma diversidade de atividades, mas

todos se expõe a riscos ocupacionais. Especificamente, os que trabalham em especialidades

odontológicas estão sujeitos a vários riscos, dentre os quais destaca-se os ruídos, o manuseio

de material perfuro - cortante, a aproximação oral do paciente que se expõe por ocasião dos

procedimentos, entre outros que se traduzem em objeto deste estudo. Considerando que os

riscos ocupacionais, e as consequentes patologias ocupacionais, se relacionam diretamente

com a qualidade de vida do trabalhador, questiona-se: quais riscos ocupacionais e patologias

vivenciam os trabalhadores do Centro de Especialidades Odontológicas - CEO e que

interferência tem os mesmos na qualidade de vida destes profissionais?

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Diante desta questão, este estudo objetiva identificar os riscos ocupacionais, da-

nos, agravos e patologias que estão expostos os odontólogos do Centro de Especialidades

Odontológicas, e conhecer as interferências na qualidade de vida destes profissionais.

Pela observação empírica, a hipótese aqui levantada é a de que há

comprometimento da Qualidade de Vida dos Odontólogos do Centro de Especialidades

Odontológicas – CEO, decorrentes do processo de trabalho.

O fato de existir na literatura poucos trabalhos sobre a Qualidade de Vida de

Odontólogos expostos a riscos ocupacionais e patologias nos Centros de Especialidades

Odontológicas - CEO, e mesmo poucos trabalhos sobre qualidade de vida de trabalhadores da

saúde, reforça a relevância deste estudo, em função das considerações até aqui relatadas, no

sentido de colaborar com a melhoria das condições de trabalho dos profissionais de saúde e a

exposição destes aos riscos no desenvolvimento de atividades.

Além disso, busca-se ampliar a compreensão a respeito dos riscos e patologias nos

ambientes laborais, especificamente no Centro de Especialidades Odontológicas - CEO,

considerando uma necessidade para a prevenção de doenças.

O Centro de Especialidades Odontológicas - CEO torna-se importante por ser

uma das frentes de atuação do programa Brasil Sorridente, ou seja, é uma continuidade do

trabalho realizado pela rede de atenção básica e pelas equipes de saúde bucal.

Debruçar-se sobre esta temática decorrente da reestruturação produtiva, investi-

gando a realidade dos trabalhadores expostos aos riscos ocupacionais à participação no mer-

cado de trabalho e a sociabilidade, considerando os rebatimentos socioeconômicos em suas

atuais expressões, constiuiu uma motivação para o desenvolvimento deste trabalho.

O interesse em abordar com a temática da saúde do trabalhador originou-se,

inicialmente, na graduação em Fonoaudiologia, quando elaborei o trabalho de conclusão de

curso sobre o conhecimento dos efeitos ocasionados pelo ruído ocupacional em deejays da

cidade de João Pessoa – PB.

Em seguida, já atuando como fonoaudiólogo ocupacional e inserido no Programa

de Pós-Graduação Lato Senso em Saúde Coletiva com Ênfase no Programa de Saúde da

Família, as minhas indagações continuaram a respeito da audição de trabalhadores em

indústrias alimentícias.

Com o ingresso no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Enfermagem,

destinado para enfermeiros e profissionais de áreas afins, inserido na linha de pesquisa

Epidemiologia e Saúde surgiu a oportunidade de ampliar os conhecimentos na área da saúde

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do trabalhador com relação aos riscos ocupacionais, patologias e qualidade de vida dos

odontólogos.

A opção pelos odontólogos emergiu da proximidade com profissionais da

Odontologia e da observação, quase que diária, da rotina de trabalho de minha genitora e

amigos expostos a diversos riscos ocupacionais.

Deste modo, a Epidemiologia adquire relevância nesse campo à medida que con-

sidera o cerne das questões de saúde e sua relação com o modo de vida dos grupos populacio-

nais, conferindo-lhe um caráter de transformação social à proporção que permite a proposição

de ações que objetivem a mudança do estado de saúde e a qualidade de vida da população.

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CAPÍTULO 1

REVISÃO DE LITERATURA

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2.1 Qualidade de vida (QV): uma incursão semântica e histórica

Para Nordenfelt (1994), a conceituação da Qualidade de Vida como algo recente,

como muitos acreditam, é impugnado pela história humana. Em sua obra, relata doutrinas

filosóficas que tratam a moralidade como a busca da felicidade, ou seja, tida como bem

supremo e que conduz à eudaimonismós, a “felicidade” preconizada por Aristóteles (em

grego, Αριστοτέλης) na Antiguidade, através da boa vida.

Da mesma forma, Nordenfelt (1994) cita a importância da Filosofia Chinesa, por

meio da representação do princípio da dualidade de Yin e Yang, cujo símbolo representa a

integração de forças complementares que compõe tudo o que existe, simbolizando o equilíbrio

das forças da natureza, da mente, do físico e objetivando a busca pela riqueza e plenitude da

vida.

Em estudos abordando a Qualidade de Vida, Minayo, Hartz e Buss (2000) relata-

ram que, nos séculos XVIII e XIX, o tema foi enfatizado em investigações sistemáticas que

abordavam as condições de vida de trabalhadores operários na Inglaterra, relatada por Engels,

ou no relato de Villermé sobre a Mortalidade diferencial na França, e deram subsídios para as

Políticas Públicas e movimentos sociais.

No século seguinte, Wood (1999) afirma que o economista inglês Arthur Cecil Pi-

gou, em 1920, fez referência ao termo Qualidade de Vida pela primeira vez no seu livro em

que abordava sobre economia e bem-estar. Neste livro, Pingou desafiou doutrinas econômicas

vigentes, discutindo o suporte governamental para pessoas de classes menos favorecidas e o

impacto sobre suas vidas e sobre a provisão orçamentária do Estado.

Com este breve recorte histórico, fica evidente que a busca pela satisfação, pelo

bem-estar, é uma constante e faz parte do cotidiano humano desde o início dos tempos. Entre-

tanto, Fleck et al. (1999) relatam que a propagação do conceito começou a ser feita após a

Segunda Guerra Mundial, onde o presidente norte-americano Lyndon Johnson afirmou: “[..]

os objetivos não podem ser medidos através dos balanços dos bancos. Eles só podem ser me-

didos através da Qualidade de Vida que proporcionam as pessoas”.

Gill e Feinstein (1994), Anderson (1999) e Paschoal (2000) expressaram o mesmo

entendimento de que a conceituação da Qualidade de Vida passou a ser vista como conquista

e aquisição de bens de materiais. Posteriormente, esta terminologia foi ampliada para algo

mais abrangente, como o desenvolvimento econômico e seus indicadores.

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A inclusão de indicadores levando em conta o desenvolvimento social, não fican-

do restrito apenas aos indicadores econômicos, foi feita em momentos futuros. Para Paschoal

(2000), com essa nova concepção, dados como escolaridade, condições de vida e trabalho,

moradia, transportes, taxas de mortalidade infantil, expectativa de vida e outros indicadores

passaram a ser observados.

Precisamente na década de 60, ficou evidente a compreensão de que determinados

indicadores acima citados já não eram suficientes para a medição e avaliação da Qualidade de

Vida dos grupos populacionais e que havia a necessidade de contemplar a subjetividade, valo-

rizando a pessoa.

Essa nova compreensão de mensuração da Qualidade de Vida fez com que o indi-

víduo fosse observado de forma holística, buscando valorizar as sensações, sentidos e pensa-

mentos sobre a vida das pessoas para que estas, e a mensuração feita, ofereçam dados funda-

mentais para o entendimento do bem-estar destes indivíduos.

2.1.1 Contextualizando Qualidade de Vida

Nos últimos anos, a ciência vem difundindo o conceito de Qualidade de Vida em

estudos produzidos na área de saúde. Porém, Gladis et al. (1999) afirmam que apesar do

consenso em avaliar a Qualidade de Vida de grupos populacionais, seu conceito ainda é algo

muito discutido devido a sua complexidade e adequação de conceitos que a trata como uma

variável emergente.

Hunts (1997) afirma que a falta de concordância sobre uma definição apropriada

em um campo de pesquisa recente é compreensível, mesmo que indiquem problemas muitas

vezes sem solução. Em seu trabalho é enfatizado que a unicidade deste campo de atuação está

na multiplicação de instrumentos que buscam e/ou propõem avaliar a Qualidade de Vida, e

por sua vez originam dados essenciais que objetivam a efetivação de Políticas de Saúde.

Minayo, Hartz e Buss (2000) relatam que a dificuldade na conceituação da Quali-

dade de Vida encontra-se no fato deste conceito abranger amplas significações que repercu-

tem em conhecimentos, experiências e valores individuais e coletivos de épocas, espaços e

histórias distintas, caracterizado pela construção social com a marca da relatividade cultural.

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Apesar desse grande impasse para encontrar uma definição ampla sobre a Quali-

dade de Vida, é enfatizado o seguinte conceito:

Qualidade de vida significa muito mais do que apenas viver [...] Por qualida-de de vida entendemos o viver que é bom e compensador em pelo menos quatro áreas: social, afetiva, profissional e a que se refere à saúde [...] O vi-ver bem refere-se a ter uma vida equilibrada em todas as áreas. (LIPP, 1994, p.13).

Este conceito é complementado por Minayo, Hartz e Buss (2000), quando trata a

Qualidade de Vida como “uma noção totalmente humana, que tem sido aproximada ao grau

de satisfação encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental e à próxima estética

existencial”.

Em outros estudos sobre a temática, a Qualidade de Vida é vista como sentimento

positivo e enérgico pela vida, com a ausência de esforços demasiados nas atividades rotinei-

ras. Segundo Barbanti (1994), a inter-relação entre a Qualidade de Vida e o padrão de vida é

apresentado como a quantidade e a qualidade dos bens e serviços consumidos pelos indiví-

duos com renda específica, e que sofre, aumento ou diminuição ajustada com a movimentação

que ocorrem ao longo da renda.

Por sua vez, Patrício (1999) contribui com a definição afirmando que a Qualidade

de Vida é produto e processo, respeitando os fatores que a qualificam e dão sentido aos indi-

víduos. O autor complementa que a Qualidade de Vida faz alusão ao fenômeno da vida, enfa-

tizando como ela é apresentada e construída sem minimizar as percepções humanas.

A Qualidade de Vida também foi citada por Farquhar (1995) e por Anderson

(1999) como um conceito multidimensional que contempla os vários domínios, motivações ou

indicadores sociais, e exemplificam-os com a posição funcional, doenças e sintomas relacio-

nados ao tratamento, funcionamento social, saúde mental, desenvolvimento espiritual ou exis-

tencial, valores culturais, segurança do ambiente, amor, liberdade, felicidade, satisfação, entre

outros.

Com a definição supracitada, fica explícito que não se pode pensar em Qualidade

de Vida sem prender-se às diversidades sociais, que desempenham influências e são influen-

ciadas pelas pessoas e suas concepções sobre fé, valores, costumes e hábitos.

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No trabalho, a Qualidade de Vida também vem sendo tratada com um leque

amplo e confuso de definições que dá margem a uma série de métodos que ora aproximam-se

da qualidade de processo e de produto.

Rodrigues (2002) diz que a Qualidade de Vida no Trabalho – QVT é uma

terminologia originária dos estudos realizados no Tavistok Institute de Londres por Eric Trist

e colaboradores que, em 1950, procuraram avaliar a relação indivíduo-trabalho-organização,

objetivando tornar a vida dos trabalhadores menos penosa.

Ao corroborar com a temática, Ciborra e Lanzara (1985) afirmam que são

inúmeros os conceitos do termo Qualidade de Vida no Trabalho, que em muitas vezes

associam as características intrínsecas das tecnologias introduzidas no ambiente de trabalho;

noutras, associam os elementos econômicos, como salário, incentivos, abonos, ou fatores

ligados às condições biopsíquicas e de segurança dos trabalhadores.

Nesse contexo, Vasconcelos (2001) definiu a Qualidade de Vida no Trabalho –

QVT : é a satisfação no trabalho (ou ausência de sofrimento com o trabalho) proporcionado

pelos fatos higiênicos encontrados no ambiente de trabalho.

Walton (1973) complementa que o conceito descreve valores ambientais e

humanos que, muitas vezes, são negligenciados pelas sociedades industriais em favor da

expansão tecnológica, da produção e do crescimento econômico.

Nessa linha de interpretação, França (2007, p.24) entende que estas definições

“vão desde cuidados médicos estabelecidos pela legislação de saúde e segurança até

atividades voluntárias dos empregados e empregadores nas áreas de lazer, motivação, entre

inúmeras outras”.

Neste mesmo pensamento a autora infere que:

A maioria desses caminhos leva à discussão das condições de vida e do bem-estar de pessoas, grupos, comunidades e até mesmo do planeta inteiro e de sua inserção no universo. Na verdade, a base da discussão sobre o conceito de Qualidade de Vida encerra escolhas de bem-estar e percepção do que po-de ser feito para atender às expectativas criadas tanto por gestores como por usuários de ações de Qualidade de Vida nas empresas. (FRANÇA, 2007, p.24).

Deste modo, a discussão sobre a temática da Qualidade de Vida no trabalho pode

ser abordada na Escola do Pensamento Socioeconômica, na Organizacional, e na Escola Con-

dição Humana no Trabalho. A primeira, a Escola de Pensamento Socioeconômica, destaca o

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julgamento das relações de trabalho e seus paradoxos. Giddens (1998) relata que os princípios

norteadores desta corrente baseiam-se no desenvolvimento da cidadania, na responsabilidade

e nos projetos sociais, na igualdade com liberdade, na política de preservação do meio ambi-

ente e no desenvolvimento sustentável.

Na Escola Organizacional, a Qualidade de Vida se refere ao local de trabalho, e

trata de reconhecer que parte das relações de trabalho, práticas e valores, iniciam-se no chão

da fábrica, nos processos de controle da produção, dos tempos e movimentos, evoluindo para

qualidade total e critérios de excelência. (FRANÇA, 2007, p.26).

Na Escola Condição Humana no Trabalho, França (2007) atribui ao individuo o

conceito de ente psicosocial e que tais fatores são primordiais para explicar a saúde e a doença

nos grupos populacionais.

Na saúde, a temática da Qualidade de Vida foi descrita pela primeira vez em

estudo realizado por meio da consolidação de discussões em que tratava das planilhas de

custos sobre intervenções terapêuticas. Segundo Musschenga (1997), estas discussões vieram

à tona em 1966, quando Elkinton tratava a necessidade de alocação de recursos, que

colaborassem para a saúde e a Qualidade de Vida da população.

Desta forma, com a expansão científica nas áreas médicas, associadas ao aumento

dos custos do processo terapêutico, a discussão ganhou relevância ao enfocar os resultados

obtidos com a implantação de tecnologias. Para Kimura e Ferreira (2004), apesar do esforço

na busca de aumentar a sobrevida do indivíduo, o uso destes recursos nem sempre são

satisfatórios, porém há meios para atingir uma relação harmônica entre as limitações e

incapacidades decorrentes da doença. Na busca desta harmonia, o paciente torna-se valorizado

em seus aspectos biopsicosociais e a Qualidade de Vida.

As autoras ainda citam a importância da Organização Mundial de Saúde - OMS,

que não pode ser renegada no incentivo de produções científicas que enfocassem a Qualidade

de Vida dos grupos populacionais e introduzissem a concepção de saúde ao relatar que a

mesma “é um estado de bem estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doença

ou enfermidade”.

Porcari et al. (1987) define como a avaliação do paciente sobre a satisfação com

o seu atual nível de funcionamento comparado com aquilo que ele acredita ser o ideal. Se-

guindo a mesma abordagem, Fallowfield (1990) definiu a Qualidade de Vida como a medida

que faltava na área da saúde.

Porém, a definição ideal e preconizada pela Organização Mundial da Saúde, sobre

a Qualidade de Vida é aquela em que contempla a percepção do indivíduo de sua posição na

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vida, no contexto de sua cultura e no sistema de valores nos quais ele vive e em relação à suas

expectativas, padrões e preocupações. O autor considera o conceito bastante amplo e comple-

xo que incorpora a saúde física e psicológica, o nível de independência, as relações sociais, as

crenças pessoais e a relação com aspectos significativos do meio ambiente. (OMS, 1995).

Para Fleck (2008), está evidente na definição que os aspectos da subjetividade, da

multidimensionalidade e da presença de aspectos positivos e negativos estão implícitos neste

conceito supracitado. A subjetividade se dá na perspectiva do indivíduo. A multidimensiona-

lidade é enfocada pelas várias dimensões que compõe a Qualidade de Vida. Por último, a pre-

sença e ausência de elementos nos aspectos positivos e negativos.

Independentemente dos conceitos abordados acima, as referências sobre Qualida-

de de Vida possuem o propósito fundamental de analisar o indivíduo holisticamente. Ou seja,

alguns enfatizam aspectos da saúde, do ambiente e as condições de vida.

Calman (1987) considera que “uma boa Qualidade de Vida está presente quando as esperan-

ças e as expectativas de um indivíduo são satisfeitas pela experiência”. Para o autor, essas

expectativas são modificadas pela idade e pela experiência.

2.2. Narrativa e historicidade do trabalho: da antiguidade ao mundo globalizado

A história da humanidade tem tratado o trabalho como um exercício árduo e

depreciativo. Tal concepção é justificada pelas culturas judaica e cristã, como castigo divino.

Já para os adeptos do protestantismo, o trabalho não é um castigo mas, uma oferenda a Deus.

Entretanto, sabe-se que o termo é originário do latim Tripalium, para denominar o

instrumento feito para castigar os escravos ociosos.

Segundo Tauchen (2006), no início da civilização o homem vivia da extração

vegetal e animal e, quando estes recursos de sobrevivência ficavam escassos, seguiam para

outra região. Esta condição o caracterizava como nômade, e este trabalho era tido como de

subsistência. Ainda na Pré-História, esses povos nômades perceberam que as sementes que

eram colhidas da natureza para saciar a fome poderiam ser semeadas, com o intuito de dar

novas plantas como às que os originaram. Em seguida, o homem passa a polir a pedra, a

fabricar objetos de cerâmicas com intuito de utilizá-los como utensílios domésticos, além de

tecer fibras animais e vegetais. Com isso surge o artesanato, caracterizado pelo trabalho

manual (manufatura) realizado pela família.

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Huberman (1984) afirma que tais conhecimentos proporcionaram a ampliação do

saber e o incremento de novas tecnologias, culminando na Era Industrial, com o surgimento

da máquina a vapor de James Watt, da máquina de fiar de Hargreaves, do filatório de

Crompton e o tear de Cartwright.

Neste momento, as concepções de trabalho são modificadas e o homem tem que

se adaptar aos recursos tecnológicos, desconsiderando suas individualidades físicas, mentais e

os problemas laborais. Esse momento é conhecido pela História das Civilizações como

Revolução Industrial, ou seja, consistiu num momento de grandes mudanças tecnológicas que

provocaram grandes transformações no processo produtivo em nível socioeconômico.

Marx (1980) salienta que os trabalhadores perderam o controle da produção,

tornaram-se assalariados, trocando a sua força de trabalho por salários e ,com isso, perderam o

monopólio da matéria-prima, do produto final e do lucro. Porém, esses assalariados tiveram

que aprender a manuseiar essas novas tecnologias da produção. Este período foi denominado

de maquinofatura.

Deste modo, Tauchen (2006) enfatiza com maestria a pauperização das condições

de trabalho decorrente da intensificação do processo produtivo sem uma concomitante regula-

ção estatal.

Ao complementar a pauperização das condições de trabalho, Lyra (2006, p.54)

aborda que a aglomeração humana em espaços inadequados não raro promovia a dissemina-

ção de doenças infecto-contagiosas que, associadas à periculosidade das máquinas, eram res-

ponsáveis por adoecimento, mutilações e mortes. A partir deste entendimento, o autor apre-

senta a potencialização dos trabalhadores, até então consolidada nas lutas por melhorias de

salários e na redução da jornada do trabalho, para lutar pela defesa direta da saúde.

No ínterim do embate capital-trabalho, o Parlamento Inglês cria a “Lei de Saúde e

Moral dos Aprendizes” que, segundo Nogueira (1979), determinava limites na jornada de

trabalho, extinguia o trabalho noturno e exigia a presença de pontos de ventilações no ambien-

te laboral e sua higienização. Posteriormente, os movimentos sociais fizeram com que a classe

política, em 1802, estabelecesse a idade mínima para o trabalho, a redução da jornada traba-

lhista e adoção de medidas ambientais.

Braga (1999) descreve que décadas após a criação da lei inglesa, o Chanceler a-

lemão Otto von Bismarck – Chanceler de Ferro – implementa na Alemanha a lei de aciden-

tes de trabalho e o seguro de doença, acidente ou invalidez entre outras. Com estas medidas a

Alemanha passou a ter os locais de trabalho mais seguros do mundo.

Lyra (2006, p. 57) relata que:

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O marco e a representatividade dessa lei tanto no plano simbólico quanto material são indiscutíveis, assim como também o é a verificação de que a máquina capitalista continuou a produzir mortos e feridos. As fábricas, as minas de carvão espalhadas pelo continente europeu, as longas jornadas de trabalho de 12 a 16 horas/dia e a pauperização da classe trabalhadora assegu-ravam ainda as profundas repercussões nos modos de viver, adoecer e mor-rer.

Para o autor supracitado, o referencial nas lutas e conquistas por melhores condi-

ções salubres e de intervenção do Estado encontra-se, segundo Dejours (1992), na escassez de

mão-de-obra por decorrência da Primeira Grande Guerra. Diante disso, Taylor ampliava seu

modelo de produção colidindo com a saúde dos trabalhadores por meio do controle dos tem-

pos e movimentos, na motricidade e na saúde mental dos trabalhadores.

Para Lyra (2006), a resposta a essa exploração veio através da politização da clas-

se trabalhadora e das conseqüentes conquistas, que permitiram a mobilização de forças que

objetivavam a prevenção dos acidentes e das doenças ocupacionais.

Com a pressão da classe trabalhadora e do capital, o Estado, que antes regulamen-

tou a diminuição da jornada de trabalho, incorporou em seguida Políticas Públicas de saúde,

objetivando a prevenção, o tratamento e a reabilitação; cria a Medicina do Trabalho cuja pro-

posta é somar esforços com as demais especialidades nos cuidados com a segurança e a saúde

do trabalhador.

2.3. Acidentes e riscos no trabalho

Teixeira (2005) afirma que a saúde e segurança do trabalho é uma temática de

grande importância nos dias atuais, por interessar a vários sujeitos sociais, em especial aos

trabalhadores, empregadores e ao Governo. Os motivos, segundo a autora, são preocupantes,

pois os trabalhadores, em especial, podem passar a acidentados, vítimas dos acidentes de tra-

balho com vários níveis de incapacidades, até a morte.

Para Waldvogel (1999), a Lei nº 3.724, de 1919 tem sua importância retratada pe-

lo pioneirismo na abordagem do acidente do trabalho como categoria especial do termo gené-

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rico “dano ao trabalhador”, adotando a teoria do risco profissional em detrimento da culpa

aquiliana, ou seja, resultante do ato ilícito. Desta forma, designa-se a objetividade do traba-

lhador no que se refere ao acidente de trabalho, isto é, o empregado responde por qualquer

acidente sem que ocorra a necessidade do mesmo provar a sua culpa, e cabe ao empregador

ônus de provar o dolo do trabalhador.

Machado e Gómez (1995) relatam que, com o passar dos anos, as leis sobre aci-

dentes de trabalho foram se aperfeiçoando e se adequando à nova realidade, com a mudança

organizacional, com o controle do emprego, com a compreensão de risco laboral, e na identi-

ficação de agentes desencadeadores dos processos de acidentes do trabalho. Para Dreyer

(1994) as mudanças nas relações sociais do trabalho não devem ser negligenciadas.

Em 1991, o presidente Fernando Collor de Melo sanciona a lei nº 8.213 que abor-

da sobre acidentes do trabalho. Na referida lei, o acidente de trabalho é definido como:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporá-ria, da capacidade para o trabalho. (BRASIL, 1991).

E no Art. 20, consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as

seguintes entidades mórbidas:

I - doença profissional, assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante da respec-tiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência Social; II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se re-lacione diretamente, constante da relação mencionada no inciso I. § 1º Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença degenerativa; b) a inerente a grupo etário; c) a que não produza incapacidade laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habi-tante de região em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resul-tante de exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho. § 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença não incluída na rela-ção prevista nos incisos I e II deste artigo resultou das condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relaciona diretamente, a Previ-dência Social deve considerá-la acidente do trabalho. (BRASIL, 1991).

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No Art. 21 são equiparados ao acidente do trabalho:

I - o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou per-da da sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica para a sua recuperação; II - o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário do trabalho, em conseqüência de: a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiro ou com-panheiro de trabalho; b) ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de disputa rela-cionada ao trabalho; c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiro ou de com-panheiro de trabalho; d) ato de pessoa privada do uso da razão; e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes de força maior; III - a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exer-cício de sua atividade; IV - o acidente sofrido pelo segurado ainda que fora do local e horário de trabalho: a) na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade da empresa; b) na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito; c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para estudo quando financiada por esta dentro de seus planos para melhor capacitação da mão-de-obra, in-dependentemente do meio de locomoção utilizado, inclusive veículo de pro-priedade do segurado; d) no percurso da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado. § 1º Nos períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satis-fação de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante es-te, o empregado é considerado no exercício do trabalho. § 2º Não é considerada agravação ou complicação de acidente do trabalho a lesão que, resultante de acidente de outra origem, se associe ou se superpo-nha às conseqüências do anterior. (BRASIL, 1991).

Corrêa Filho (1994) afirma que o acidente de trabalho é compreendido “como a-

gravo à saúde que mantém relação direta com o processo de trabalho e a lesão”, ocasionando

danos físicos e psíquicos ao trabalhador.

Na concepção dos trabalhadores, Hale e Hale, (1972) Brown, (1992) e Teixeira

(2005) afirmam que o conceito de acidente aparece como sinônimo de azar, falta de sorte, ou

descuido. Entretanto, apontam fatores que influenciam na definição de acidentes de trabalho

por meio de interferências de grupos profissionais que conduzem a investigação.

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Teixeira (2005) aponta que os médicos consideram o acidente de trabalho como

dano, mas, discorrendo da consideração, Brown (1992) considera como resultante de compor-

tamento impróprio.

Ao abordar a influência do fator humano na investigação dos acidentes de traba-

lho, Dejours (2005, p.17) pressupõe os caminhos da falha humana e o dos recursos humanos.

O primeiro é ordenado, sobretudo por referência à noção de prescrição e à de disciplina, e o

caminho dos recursos humanos é ordenado, sobretudo, por referência à noção de cultura, isto

é, essencialmente a valores relativos ao bem e ao mal.

Deste modo, Dejours (2005) faz duras críticas sobre o conceito de fator humano

por entender que o cientificismo e o reducionismo de seu uso fizeram esquecer aspectos de

natureza ética e política, ou seja, a complexidade humana não pode ser resumida como fator

humano.

Independente de conceitos, Takala (2002) informa que, segundo dados da Organi-

zação Mundial do Trabalho – OIT, os acidentes de trabalho ocasionaram no ano de 1994 um

total de 335 mil de mortes em acidentes típicos, 158 mil mortes por acidentes do trabalho du-

rante o trajeto e 325 mil mortes por doenças relacionadas ao trabalho. Complementando os

dados, são registrados anualmente 240 milhões de acidentes e 160 milhões de doenças ocupa-

cionais.

A Organização Mundial do Trabalho – OIT afirma que as doenças do trabalho

provocam perda de, pelo menos, quatro dias de trabalho. Neste contexto, as mortes decorren-

tes dos acidentes ou doenças têm em média a estimativa de 5 mil trabalhadores por dia, no

mundo. (OIT, 2004).

No Brasil, entre 1990 a 2003, a Organização Mundial do Trabalho – OIT afirma

que foram notificados 1,9 milhões de acidente-tipo, ou seja, evento prejudicial à saúde do

trabalhador; 37,8 mil acidentes de trajeto e 19,9 mil doenças ocupacionais. Segundo Takala

(2002), esses dados mostram que o Brasil possui uma alta taxa de mortalidade por acidentes

de trabalho, acarretando em índices acima da média dos países da América Latina, só perden-

do para os países da África e da Ásia.

Sucintamente, o relatório da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalha-

dor afirma que o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores no Brasil, na atualidade, é ca-

racterizado pela coexistência de:

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- agravos que têm relação com condições de trabalho específicas, como os acidentes de trabalho típicos e as doenças profissionais; - doenças que têm sua freqüência, surgimento ou gravidade modificados pelo trabalho, denominadas doenças relacionados ao trabalho e; - doenças comuns ao conjunto da população, que não guardam relação de causa com o trabalho, mas condicionam a saúde dos trabalhadores. (BRA-SIL, 2004, p.06).

Mendes et al. (2003) ressaltam que os acidentes e doenças relacionadas ao traba-

lho são agravos previsíveis e, portanto, evitáveis. Em consenso, o relatório da Política Nacio-

nal de Segurança e Saúde do Trabalhador reforça que a modificação do perfil de saúde, adoe-

cimento e sofrimento no trabalho serão modificados com a adoção de novas tecnologias e

métodos gerenciais no processo laboral.

O relatório da Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador também re-

aliza uma crítica sobre a escassez e inconsistência das informações sobre a real situação de

saúde dos trabalhadores. Essa carência e incoerência de notificações dificultam a demarcação

de prioridades para as políticas públicas, o planejamento e implementação das ações de saúde

do trabalhador como também privam a sociedade de instrumentos importantes para a melhoria

das condições de vida e trabalho.

Mudanças no atual sistema de segurança e saúde do trabalhador são sugeridas

com o intuito de: incentivar a prevenção; impor responsabilidades aos empregadores; possibi-

litar o reconhecimento dos direitos do segurado; diminuir a existência de conflitos institucio-

nais; impor tarifas de maneira mais adequada às empresas; e possibilitar um melhor gerenci-

amento dos fatores de riscos ocupacionais (BRASIL, 2004).

Bulhões (1998) aborda que a palavra risco é originada do latim risicus, do italiano

risicare - cortar; exprime a idéia de perigo, inconveniente, dano ou fatalidade eventual, prová-

vel, às vezes previsível.

De acordo com Porto (2000), a palavra risco é utilizada em muitas áreas e com vá-

rios significados, como a matemática, a economia, a engenharia e o campo da Saúde Pública.

Na saúde, em especial a saúde dos trabalhadores, denota toda e qualquer possibilidade de que

algum componente ou ocorrência existente num dado processo e ambiente de trabalho ocasio-

ne dano à saúde, seja através de acidentes, doenças ou do sofrimento dos trabalhadores, ou

ainda através da poluição ambiental.

Quanto à terminologia, o termo possui variações que dependerá da categoria pro-

fissional que a utilizará. O risco pode ser encontrado nas formas de: risco ocupacional, agente

de risco, fator de risco, risco de probabilidade, risco como perigo, situação e evento de risco,

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grau de risco. Deste modo, vale ressaltar que apesar da amplitude dos termos, nem sempre os

interesses dos trabalhadores são contemplados.

A Organização Mundial da Saúde (1977), ao tratar do entendimento sobre os ris-

cos ocupacionais, classificou-os em biológicos, físicos, químicos, mecânicos, ergonômicos,

psicossociais. E enfatiza a necessidade de maior visibilidade para a questão da saúde dos tra-

balhadores.

Complementando a classificação, Porto (2000) apresenta os riscos ocupacionais

na forma de substâncias químicas, nos agentes físicos e biológicos, na inadequação ergonômi-

ca do ambiente laboral ou, ainda, em função das características organizacionais e das práticas

de gerenciamento das empresas. Segundo a Norma Regulamentadora nº 9 (NR-9), os riscos

ocupacionais que acometem os trabalhadores das instituições de saúde são oriundos de fatores

físicos, químicos, psicossociais, ergonômicos, e biológicos. (BRASIL, 1995).

As bactérias, fungos, bacilos, parasitas, protozoários e vírus são caracterizados pe-

la Norma Regulamentadora Nº 9 como riscos biológicos. (BRASIL, 1995). Chiodi e Marziale

(2006) afirmam que:

Estes agentes são os responsáveis pelo maior número de injúrias sofridas pe-los profissionais da saúde, devido à peculiaridade das tarefas realizadas e exposição a sangue e fluídos corpóreos causadores de infecções, onde a con-taminação pode ocorrer por via cutânea, respiratória ou digestiva. (CHIODI; MARZIALE, 2006, p. 214).

Complementando, a Norma Regulamentadora 32 (NR-32) estabelece as diretrizes

básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores

dos serviços de saúde, enfatiza como risco biológico a probabilidade da exposição ocupacio-

nal a agentes biológicos, como: os microrganismos geneticamente modificados ou não, cultu-

ras de células, parasitas, toxinas e príons. (BRASIL, 2005).

Nos ambientes de trabalho dos profissionais da saúde, a ABEN-RJ (2006) retrata

que esse risco é representado sobretudo pelas infecções causadas por bactérias, vírus, rickett-

sias, clamídias e fungos e, em menor grau, pelas parasitoses produzidas por protozoários,

helmintos e artrópodes.

Na clínica odontológica, a apreensão com a transmissão de doença infecciosa vai

além da Hepatite B e do vírus da AIDS. Incluem, neste rol, o vírus da Hepatite C, Micobacte-

rium tuberculosis, Staphilococcus sp., Streptococcus sp., Treponema pallidum, Neisseria go-

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norrhoeae, Haemophilus sp., Pseudomonas aeroginosas, Herpes simples e outros vírus do tra-

to respiratório superior. (BURGARDT; LEÃO, 1997).

Destas doenças infecciosas, a Hepatite B é a de maior risco de contaminação; o

Herpes como a de maior freqüência e a AIDS que, apesar do risco ocupacional ser pequeno, é

a que mais amedronta e mobiliza os profissionais na adoção de medidas de Biossegurança.

(BRASIL, 1996).

Bulhões (1998) enfatiza que a maioria dos casos de contaminação pelo HIV em

todo o mundo por acidente de trabalho caracteriza mais de 70% dos casos comprovados. Se-

gundo o Ministério da Saúde, no Brasil há o registro de um caso notificado de contaminação

entre profissionais de enfermagem. (BRASIL, 2000).

Os riscos químicos são aqueles gerados por substâncias, compostos ou produtos

químicos capazes de penetrar no organismo pela via respiratória nas formas de poeira, fumos,

névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade e exposição, possam ter

contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou ingestão. (BRASIL, 1995).

Na equipe da saúde bucal, os riscos químicos estão representados pelos produtos

de desinfecção de material, esterilização, degermação e a exposição ao mercúrio (amálgama).

Deste modo, Paula (2003) ressalta a importância de conhecer as características das substân-

cias envolvidas no processo de trabalho, seus efeitos ao organismo humano, as formas de pe-

netração e a forma de proteção.

Quanto aos riscos psicossociais, Laurell e Noriega (1989) afirmam que estes po-

dem estar relacionados “a fadiga e a tensão; a perda do controle sobre o trabalho; o impacto

dos rodízios do trabalho noturno e em turnos, das horas extras, das dobras de plantão; o traba-

lho subordinado; a desqualificação do trabalhador; o trabalho parcelado com a fragmentação e

repetição de tarefas e o ritmo acelerado de trabalho”.

Ao abordar os fatores ergonômicos, Marziale (1995) atribui aos relacionados à

postura inadequada ou prolongada, decorrente da estrutura organizacional do trabalho onde as

aptidões psicofisiológicas são desconsideradas.

Para Oda et al. (1998), os danos gerados pelos riscos ergonômicos podem ocasio-

nar distúrbios psicológicos e fisiológicos e provocar danos à saúde dentre os quais estão elen-

cadas as LER/DORT, cardiopatias, distúrbios do sono, diabetes, doenças do sistema nervoso,

gastrite e úlcera, tensão, ansiedade, problemas de coluna e na musculatura.

Na odontologia, Paula (2003) refere como risco ergonômico o inadequado posi-

cionamento postural, que acarreta na disfunção muscular, dores agudas, queimação e espas-

mos musculares, cifose, lordose, escoliose, lombalgias, hérnia discal e varizes.

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No que concerne aos riscos mecânicos, Silva (1988) exemplifica como as lesões

causadas pela manipulação de objetos cortantes e penetrantes e as quedas. Estes riscos estão

relacionados com a organização física, a inconformidade e conservação de equipamentos e

utensílios, os pisos escorregadios ou defeituosos e as instalações elétricas inadequadas.

Os riscos mecânicos encontrados nos consultórios odontológicos estão relaciona-

dos à organização física inadequada, da falta de equipamentos de proteção, as lesões perfuro-

cortantes, a qualidade das luvas que são danificadas na limpeza do instrumental e no armaze-

namento inadequado dos produtos. (PAULA, 2003; FELLER, 2000).

Paula (2003) considera como riscos físicos as diversas formas de energia a que

possam estar expostos os trabalhadores tais como: ruído, vibrações, pressões anormais, tem-

peraturas extremas, umidade, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, como o infra-

som e ultra-som.

Deste modo, os profissionais envolvidos na clínica odontológica estão expostos a:

radiações que podem resultar em quebra molecular e dar origem a alterações profundas como

mutações, morte das células e neoplasias; fontes de calor provenientes de lâmpadas e equipa-

mentos elétricos; iluminação do local de trabalho que pode acarretar em danos visuais; tempe-

ratura e umidade que pode trazer desconforto; vibrações que podem desencadear distúrbios

vasculares, problemas ósseos, musculares, neurológicos e digestivos; e efeitos danosos ao

sistema reprodutor e auditivo. (BARROS, 1991; IIDA, 1997; GRANDJEAN, 1998; PAULA,

2003).

Outro risco físico encontrado nos consultórios dentários é o ruído ocupacional que

pode ocasionar no aparecimento da perda auditiva induzida pelo ruído ocupacional. A perda

auditiva induzida por ruído é a doença que mais atinge o sistema auditivo, podendo provocar

lesões irreversíveis na cóclea. Esta exposição ao ruído de intensidade forte pode resultar em

uma perda auditiva temporária ou permanente. A probabilidade de que um ruído possa danifi-

car a audição está relacionada com o nível de pressão sonora global, com o espectro de fre-

qüência e com o parâmetro temporal de um ruído versus duração da exposição. (RUSSO;

SANTOS, 1993).

Considerando todos os riscos descritos no capítulo, adicionados aos acidentes de

trabalho, os trabalhadores da área da saúde, especificamente os que labutam em consultórios

odontológicos, podem se prevenir de alguns. Outros riscos como os ruídos, a temperatura, a

postura, dentre outros, não podem ser eliminados, haja vista a caracterização dos procedimen-

tos executados neste cenário.

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CAPÍTULO 2

TRAJETO METODOLÓGICO

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3.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo descritivo com uma abordagem quanti–qualitativa que, de

acordo com Santos Filho e Gamboa (2002), é um tipo de abordagem consensual em uma

combinação de organização e quantificação de informações com avaliações qualitativas que

expressam a essência do processo.

Com relação ao aspecto descritivo do estudo, Polit et al. (2004) afirmam que a

pesquisa descritiva tem o propósito de observar, descrever e explorar aspectos de uma

situação. Para Gil (2007), a pesquisa descritiva visa à descrição de características de

determinada população ou fenômeno.

Thomas e Nelson (2002) complementam que a pesquisa descritiva relaciona-se

com o status, sendo que seu valor está fundamentado na premissa de que problemas podem

ser resolvidos e as práticas aprimoradas por meio da observação, apreciação e descrição, de

modo objetivo e completo.

3.2 Cenário da pesquisa

O estudo foi realizado no Centro de Especialidades Odontológicas - CEO,

localizado na cidade de João Pessoa - PB. A opção pela instituição deu-se em conseqüência

do acesso por parte do autor desta investigação.

Vale salientar que, o Centro de Especialidades Odontológicas – CEO, é um esta-

belecimento de saúde, com Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES, classi-

ficada como Clínica Especializada ou Ambulatório de Especialidade e oferece serviços de

diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do câncer de boca, periodontia espe-

cializada, cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros, endodontia e atendimento a portado-

res de necessidades especiais.

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3.3 População do estudo

A população alvo é definida por Polit et al. (2004) como toda a população em que

o pesquisador está interessado. Assim, o universo deste estudo foi constituída de 31 cirurgiões

dentistas e a população foi composta de 24 odontólogos que trabalham no Centro de Especia-

lidades Odontológicas - CEO, no centro da cidade de João Pessoa – PB e concordaram em

participar da pesquisa. De acordo com os pressupostos de Minayo (2000), a amostra na abor-

dagem qualitativa não é numérica, mas é aquela capaz de refletir a totalidade nas suas múlti-

plas dimensões.

3.3.1 Instrumentos éticos do estudo

Para o desenvolvimento da pesquisa, o pesquisador levou em consideração os as-

pectos éticos contidos na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde que regulamenta

a pesquisa em seres humanos, principalmente no que diz respeito ao consentimento livre e

esclarecido, devendo-se considerar sua dignidade, respeitar sua autonomia e defender sua vul-

nerabilidade. Logo, este instrumento (APÊNDICE A) torna-se essencial para a realização des-

ta pesquisa.

O protocolo de pesquisa foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do

Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba - UFPB. Somente após sua

aprovação, iniciou-se a coleta de dados.

3.5. Procedimentos para coleta de dados

Para a técnica de coleta de dados foi empregado o recurso da entrevista, por seu

um meio de interação social e coleta de informações. Segundo Gil (2007), a entrevista é

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definida como técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe formula

perguntas, objetivando obter dados que interessam à investigação.

Por ser uma das técnicas de coleta de dados mais empregada no âmbito das

ciências sociais, a entrevista pode proporcionar o levantamento de dados e possibilita realizar

diagnóstico e orientação. (GIL, 2007).

A entrevista foi constituída de 2 (duas) partes e foi iniciada após aprovação do

Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da

Paraíba – UFPB, tendo sido aplicada no mês de Agosto de 2008. Na primeira, investigamos a

sociodemografia da população; a segunda parte diz respeito a um inquérito sobre os riscos

ocupacionais vivenciados pela amostra do estudo; e a terceira parte será constituída de

perguntas abertas para obter dados sobre a interferência dos riscos na qualidade de vida dos

trabalhadores. Para a primeira parte do trabalho utilizamos uma entrevista estruturada, bem

como para a segunda parte. Na segunda parte utilizamos perguntas do tipo aberta que foram

gravadas em equipamentos eletrônicos e contemplou as seguintes questões norteadoras:

� Quais riscos ocupacionais vivenciam os trabalhadores do Centro de

Especialidades Odontológicas - CEO?

� Qual interferência tem os riscos ocupacionais na qualidade de vida dos

odontólogos do Centro de Especialidades Odontológicas -CEO?

Para elaboração do instrumento de coleta de dados foram utilizados os referenciais

de Nicolete (2001) e Dalri (2007) que auxiliaram na entrevista com questões objetivas. A en-

trevista foi adaptada a partir destes referenciais já empregados em pesquisas anteriores sobre

acidentes do trabalho.

3.6 Procedimentos de tratamento e análise dos dados

Após a coleta de dados, estes foram trabalhados em duas etapas. Na primeira eta-

pa foram transcritos e agrupados os dados quantitativos (primeira e segunda parte) que sofre-

rão tratamento estatístico com auxílio do Statistical Package for Social Sciences (SPSS), ver-

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são 15.0. Foi feita a análise descritiva das variáveis do estudo e os resultados foram expressos

na forma de tabelas de freqüência.

Os riscos, classificados em biológicos, químicos, psicossociais, mecânicos, ergo-

nômicos e físicos, foram elencados nos questionamentos e a cada resposta positiva foi consi-

derado um ponto. Da mesma forma aconteceu nos questionamentos sobre agravos, danos e

patologias referidos pelos odontólogos.

O total de riscos ocupacionais do questionário foi calculado e o total de doenças

referidas pelos odontólogos. Foi feita uma análise de correlação entre o total de doenças (vari-

ável dependente) e o total de riscos (variável independente), e o cálculo do Coeficiente de

Correlação de Pearson.

Em seguida foi realizada uma análise de regressão linear para a obtenção dos coe-

ficientes da equação de regressão e a representação gráfica destas variáveis.

A segunda etapa, ou seja, os dados qualitativos foram transcritos textualmente; os

sujeitos receberam uma codificação de identificação com nomes fictícios preservando a iden-

tidade do sujeito e agrupados no QualiQuantisoft (Versão 1.3c, 2008).

O QualiQuantiSoft serve de apoio a pesquisas qualiquantitativas com base na Teo-

ria do Discurso do Sujeito Coletivo – DSC, patrimoniado pela Universidade de São Paulo –

USP e disponível nas licenças demonstrativa, individual e institucional, encontrado no ende-

reço eletrônico <http://www.spi-net.com.br/html/software.html>.

Este programa facilita o estabelecimento de categorias a partir das expressões

chaves extraídas da questão formulada na entrevista, culminando com as ancoragens e os res-

pectivos discursos retirados do texto para formar o corpus do discurso. (LEFRÉVRE; LE-

FRÉVRE, 2005).

Desta forma, Silva, Gobbi e Simão (2004) afirmam que a Análise do Discurso ob-

jetiva o surgimento de proposições que anseiam uma fiel apreciação dos personagens sociais.

Neste contexto a indicação do Discurso do Sujeito Coletivo fundamenta-se na Te-

oria das Representações Sociais por consistir, segundo Moscovici (1978), no conjunto de con-

ceitos, afirmações e explicações, que são verdadeiras teorias do senso comum, pelas quais as

pessoas interpretam a sua realidade e também as realidades sociais, constituindo o pensamen-

to em um verdadeiro ambiente onde se desenvolve a vida cotidiana. (SILVA, GOBBI, SI-

MÃO, 2004).

Segundo os pressupostos de Lefèvre e Lefèvre (2005), o Discurso do Sujeito Co-

letivo é uma metodologia que utiliza como estratégia os discursos de um grupo populacional a

ser investigado, com o propósito de evidenciar uma representação social, como também o

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conjunto das representações que formam um dado imaginário, ou seja, possibilita a tabulação

dos relatos dos investigados no estudo, para, em seguida, consolidar tais relatos em um único

discurso.

Para os autores, a metodologia do Discurso do Sujeito Coletivo dever seguir as

seguintes etapas:

1. A seleção das Expressões-Chave (ECH) de cada discurso particular,

obtidas para cada um das questões norteadoras propostas para o estudo.

Por meio das Expressões-Chave é que ocorre o resgate da literalidade do

depoimento, ou seja, são a partir delas que são construídos os Discursos do

Sujeito Coletivo;

2. A identificação da Idéia Central (IC), que constitui a síntese dos conteúdos

das Expressões-Chave, ou seja, o que elas querem dizer efetivamente;

3. A identificação das idéias semelhantes ou complementares;

1. A reunião das Expressões-Chave (ECH) referentes às idéias centrais (IC),

semelhantes ou complementares, em um discurso-síntese, construindo o

Discurso do Sujeito Coletivo – DSC.

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CAPÍTULO 3

RESULTADOS E COME�TÁRIOS

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4.1 Caracterização da amostra

A Tabela 1 demonstra os dados sóciodemográficos e ocupacionais dos odontólo-

gos do Centro de Especialidades Odontológicas, correspondendo a 24 profissionais. Vale res-

saltar que dos 31 odontólogos que exercem atividades profissionais naquela instituição de

saúde, apenas 7 profissionais optaram pela não participação no estudo, fato assegurado pela

Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Entretanto, percebe-se nestes profissionais

o mesmo perfil com relação ao sexo, idade, grau de instrução, tempo de atuação e vínculo

empregatício.

TABELA 1: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo sexo, idade, grau de instrução, tempo de atuação profissional e vínculo empregatício, João Pessoa, 2008.

VARIÁVEIS n % Sexo Feminino 16 67,0 Masculino 8 33,0 Idade 20 a 30 anos 1 4,2 31 a 40 anos 2 8,3 41 a 50 anos 6 25,0 Mais de 50 anos 15 62,5 Grau de Instrução Graduação 17 71,0 Especialização 7 29,0 Tempo de Atuação Profissional 1 a 4 anos 1 4,2 5 a 9 anos 1 4,2 10 a 14 anos 1 4,2 15 a 19 anos 2 8,3 Mais de 20 anos 19 79,1 Vínculo Empregatício Servidor público federal 11 46,0 Servidor público estadual 6 25,0 Servidor público municipal 3 12,0 Prestador de serviços 4 17,0

Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Esses dados permitiram buscar, através da literatura pesquisada, alguns comentá-

rios como mostra a descrição acima e inferia aspectos relacionados aos achados e riscos, a-

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gravos e patologias ocupacionais. Observamos que o maior percentual de profissionais que

atuam na área têm idade superior a 50 anos e estes tem mais de 20 anos de exercício profis-

sional onde pode-se tecer o seguinte comentário: As patologias ocupacionais decorrem em sua

maioria de um longo período de exposição ao risco e as patologias ocupacionais também vão

se manifestar depois que o indivíduo se expõe 20 anos ou mais a esses riscos, levando-se em

consideração os efeitos repetitivos causadores destas patologias.

Porto (2000) afirma que os riscos podem causar danos à saúde em curto, médio e

longo prazo; tendo como exemplo os acidentes de trabalhos e as doenças relacionadas ao tra-

balho. O autor faz referências às doenças como a perda auditiva induzida pelo ruído ocupa-

cional, na qual refere como surdez ocupacional; e às neoplasias, desencadeadas pela exposi-

ção de substâncias cancerígenas como o asbesto.

As Lesões por Esforço Repetitivo ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados

ao Trabalho – LER/DORT também possuem as mesmas características com aparecimento

tardio, decorrente do mau uso do sistema músculo-esquelético. (PAULA, ARAÚJO, 2003).

Ainda nos chamou a atenção o número de pessoas que atuam no Centro de Espe-

cialidades Odontológicas - CEO sem o título de especialista. Segundo a Portaria Nº1570/GM

de 29 de julho de 2004, que estabelece critérios, normas e requisitos para a implantação e ha-

bilitação de Centros de Especialidades Odontológicas e Laboratórios Regionais de Próteses

Dentárias, define:

§ 1º Os CEO são estabelecimentos de saúde cadastrados no Cadastro Nacio-nal de Estabelecimentos de Saúde - CNES, classificados como Tipo Clínica Especializada/Ambulatório de Especialidade, com serviço especializado de Odontologia para realizar, no mínimo, as seguintes atividades: I - diagnóstico bucal, com ênfase no diagnóstico e detecção do câncer bucal; II - periodontia especializada; III - cirurgia oral menor dos tecidos moles e duros; IV - endodontia; e V - atendimento a portadores de necessidades especiais. (BRASIL, 2004).

Em seu anexo, ao tratar dos requisitos básicos para o funcionamento, estabelece o

quantitativo de 3 ou mais cirurgiões dentista (120 h carga/horária/semanal total dos cirurgiões

dentistas) para CEO tipo I e 4 ou mais cirurgiões dentista (160 h carga/horária/semanal total

dos cirurgiões dentistas) para o CEO tipo II.

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Por se tratar de um Centro de Especialidades Odontológicas, verifica-se a ausên-

cia de critérios sobre a titulação dos odontólogos no referido documento. O fato sugere a ne-

cessidade de institucionalização do cargo e descrição objetiva das habilidades e competências.

Outra questão que merece destaque é a “feminização” da Odontologia. Observa-

mos que o maior percentual de profissionais é do sexo feminino, episódio que consolida estu-

dos de Rabelo et al. (2000) e Moysés (2004) que atribuem ao movimento feminista, ocorrido

na década de 1970, a conscientização e transformação do papel da mulher na sociedade brasi-

leira, buscando prestígio e melhorias das condições sociais.

4.2 Dados sobre as condições de saúde

A Tabela 2 demonstra a variável equipamentos de proteção individual utilizados

pelos odontólogos do Centro de Especialidades Odontológicas.

TABELA 2: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo a utilização de equipamentos de proteção individual, João Pessoa, 2008.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

�ÃO SIM � % � %

Luvas 1 4,2 23 95,8 Máscara 0 0,0 24 100,0 Protetor Auricular 22 91,7 2 8,3 Gorro 5 20,8 19 79,2 Avental 10 41,7 14 58,3 Protetor Ocular 8 33,3 16 66,7 Capote 18 75,0 6 25,0 Propé 23 95,8 1 4,2 Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

A Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimen-

tos de Assistência à Saúde – NR 32 estabelece:

32.2.4.7. Os Equipamentos de Proteção Individual – EPI, descartáveis ou não, deverão estar à disposição em número suficiente nos postos de trabalho,

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de forma que seja garantido o imediato fornecimento ou reposição. (REIS, 2007, p. 655).

Com relação ao uso de luvas e máscaras, encontramos um grande percentual a uti-

lizar estes equipamentos ao realizar procedimentos odontológicos. O uso de máscaras deve

ser obedecido sem restrições para evitar patologias que decorrem da contaminação pelos res-

pingos nas mucosas nasal e bucal, também conhecida como gotículas de Fluger (GARCIA;

BLANK, 2006). O Mycobacterium tuberculosis é um exemplo típico da contaminação pelas

gotículas de Fluger (pequenas gotículas respiratórias) em decorrência da sua transmissão por

meio do ato da tosse, do espirro e da fala.

Um fato a ser considerado é que muitos Equipamentos de Proteção Individual –

EPI são adquiridos pelos próprios profissionais tais como: protetor auricular, protetor ocular,

avental e capote. Este último é disponível apenas para a sala de cirurgia daquele setor, con-

forme relatos dos profissionais entrevistados.

Os profissionais do Centro de Especialidades Odontológicas – CEO, onde foi rea-

lizada a investigação, estão expostos ao risco de ruídos que culmina com perda auditiva pro-

gressiva tendo o estudo mostrado que apenas 8,3% dos profissionais utilizam este tipo de e-

quipamento. Outro risco ambiental que pode levar a ocorrência de patologias, não sendo ne-

cessário a exposição por longo período de tempo, é a contaminação por meio da mucosa ocu-

lar, pois este é um excelente meio para contaminação devido a sua rapidez da absorção de

fluidos.

Blank e Garcia (2006) enfatizam a importância da implementação de mecanismos

que possibilite o aperfeiçoamento das práticas de controle de infecções em odontólogos, asso-

ciado a formações educativas que visem à diminuição de acidentes no trabalho.

A Tabela 3 demonstra a variável dos riscos biológicos encontrados no Centro de

Especialidades Odontológicas, segundo os odontólogos.

É comum a associação dos agentes biológicos com o trabalho nas instituições de

saúde e nas atividades agropecuárias, mas também pode ser encontrada em outros setores. A

ocorrência da exposição aos riscos biológicos geralmente estão relacionados com circunstân-

cias não ocupacionais, fato que dificulta o estabelecimento do nexo causal. (BRASIL, 2001).

O manual de procedimentos para os serviços de saúde afirma que os agentes etio-

lógicos estão espalhados no meio ambiente, e são dependentes das condições ambientais, de

saneamento e da prevalência dos agravos na população, causando prejuízos às políticas gerais

de vigilância e da qualidade dos serviços de saúde. Desta forma, é notório a imprecisão na

delimitação entre o ambiente laboral e o ambiente externo. (BRASIL, 2001).

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TABELA 3: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo a exposição aos riscos biológicos em sua atividade laboral, João Pessoa, 2008.

RISCOS BIOLÓGICOS

�ÃO SIM � % � %

Bacilos 7 29,1 17 70,9 Bactérias 2 8,3 22 91,7 Fungos 8 33,3 16 66,7 Protozoários 20 83,3 4 16,7 Vírus 4 16,7 20 83,3 Nenhuma das alternativas 24 100,0 0 0,0 Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Garcia e Blank (2006) afirmam que na Odontologia condições laborais da equipe

de saúde bucal predispõem a exposição de um vasto número de microrganismos encontrados

no sangue, na saliva e nas vias aéreas respiratórias dos pacientes. Para as autoras, este risco de

exposição já era público desde a década de 1930, porém eram mínimas as medidas preventi-

vas que objetivassem o impedimento da transmissão de agentes patogênicos.

A preocupação com os riscos biológicos só recebeu maior atenção, na década de

1980, com a AIDS. Neste momento a preocupação com a transmissão de doenças profissio-

nais passou a ser uma realidade para profissionais, pacientes e familiares. (GARCIA;

BLANK, 2006).

As medidas que objetivam a prevenção de doenças relacionadas à exposição de

riscos biológicos no trabalho fundamenta-se em métodos de vigilância em saúde do trabalha-

dor, por meio da vigilância epidemiológica de agravos e da vigilância sanitária de ambientes e

condições de trabalho. (BRASIL, 2001).

Para o Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, tais métodos inclu-

em:

• medidas de educação e informação aos trabalhadores sobre os riscos e efei-tos para a saúde, os modos de transmissão e de controle dos agentes envolvi-dos; • vigilância sanitária das condições e dos ambientes de trabalho, por meio do estudo das atividades de risco potencial para os agentes biológicos; • vigilância epidemiológica de agravos, com confirmação do diagnóstico clí-nico da doença e o estabelecimento da sua relação causal com o trabalho; • identificação das medidas gerais e específicas necessárias para eliminação ou controle da exposição aos fatores de risco e para proteção dos trabalhado-res;

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• controle da ocorrência desses agravos na população em geral, uma vez que uma prevalência alta do agravo contribui para aumentar o risco para os tra-balhadores. (BRASIL, 2001, p.59).

A Tabela 4 demonstra a variável dos agravos decorrentes da exposição aos riscos

biológicos no Centro de Especialidades Odontológicas, segundo os odontólogos.

TABELA 4: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo agravos adquiridos em decorrência da exposição aos riscos biológicos em sua atividade laboral, João Pessoa, 2008.

AGRAVOS DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS RISCOS BIOLÓGICOS

�ÃO SIM � % � %

Herpes Simples 23 95,8 1 4,2 Influenza 14 58,3 10 41,7 Infecções Estafilocócicas 23 95,8 1 4,2 Infecções Estreptocócicas 23 95,8 1 4,2 Nenhuma das alternativas 12 50,0 12 50,0

Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

As conseqüências ocasionadas pelos riscos biológicos, presentes no cotidiano pro-

fissional, inclui quadros de: infecção aguda e crônica, causada por bactérias, vírus, riquétsias,

clamídias e fungos; as parasitoses com associação aos protozoários, helmintos e artrópodes; e

reações alérgicas e tóxicas a plantas e animais. (BRASIL, 2001).

No Centro de Especialidades Odontológicas – CEO, 41,7% dos odontólogos afir-

maram que foram acometidos pela influenza. O Myxovirus influenzae é o agente etiológico

da gripe, que ,devido à natureza fragmentada de seu material genético, induz a altas taxas de

mutação na fase de replicação, provocando o aparecimento de novas variantes para um grupo

populacional que ainda não se encontra imunizado. (FORLEO-NETO; HALKER; SANTOS;

PAIVA; TONIOLO-NETO, 2003).

Aliado ao seu material genético, existe a sua facilidade de transmissão. Forleo-

Neto et al. (2003) enfatiza que “os vírus se replicam nas células epiteliais colunares do trato

respiratório e, a partir daí, misturam-se às secreções respiratórias e são espalhados por peque-

nas partículas de aerossol geradas durante o ato de espirrar, tossir ou falar”.

Quanto o herpes simples, um odontólogos referiu ter adquirido no seu ambiente

laboral. O vírus do herpes simples tem como agente etiológico o Herpesvirus hominus tipo 1,

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vírus DNA, da família Herpesviridae, e tem grande associação a lesões de membranas muco-

sas e pele, ao redor da cavidade oral (herpes orolabial) e da genitália (herpes anogenital).

(BRASIL, 2006).

O Guia de Bolso de Doenças Infecciosas e Parasitárias, desenvolvida pelo Minis-

tério da Saúde do Brasil, complementa que o modo de transmissão ocorre:

Por contato íntimo com indivíduo transmissor do vírus, a partir de superfície mucosa ou lesão infectante. O HSV é rapidamente inativado em temperatura ambiente e após secagem, o que faz com que a disseminação por aerossóis ou fômites seja rara. O vírus ganha acesso através de escoriações na pele ou contato direto com a cérvix uterina, uretra, orofaringe ou conjuntiva. A transmissão assintomática também pode ocorrer, sendo mais comum nos primeiros 3 meses após a doença primária, quando o agente etiológico é o HSV-2 e na ausência de anticorpos contra o HSV-1. (BRASIL, 2006, p.181).

Com relação às infecções estafilocócicas, verifica-se o acometimento na minoria

da população do estudo. Germano e Germano (2003) relatam que as bactérias do gênero Sta-

phylococcus sp. são habitantes de membranas mucosas, do trato respiratório e alimentar do

homem. Em saúde pública têm destaque por ser responsável por graves surtos de intoxicação

alimentar no homem, uma vez que a grande maioria dos alimentos fornece condições necessá-

rias para multiplicação e produção de enterotoxinas, quando armazenados inadequadamente.

Houve um caso em que um profissional referiu ter sido acometido por infecções

estreptocócicas. Segundo o Manual das Doenças Transmitidas por Alimentos e Água, da Se-

cretaria de Estado da Saúde de São Paulo - SES/SP1, as variedades de estreptococos são causa-

dores de doenças humanas que, dependendo do agente etiológico e de seu grupo, a doença recebe no-

mes distintos. As infecções mais comuns são ocasionadas pelos estreptococos do Grupo A e D.

Os estreptococos do grupo A ocasionam a "faringite estreptocócica", freqüentes nas cri-

anças em idade escolar e a "escarlatina" - habitualmente uma faringite seguida de erupções cutâneas

típicas, além de outras infecções supurativas e septicêmicas. A sintomatologia das infecções estrepto-

cócicas inclui a presença de dor e irritação na garganta, dificuldade para engolir, febre alta, amigdalite,

dor de cabeça, náusea, vômito, e mal-estar são comuns e ocasionalmente podem ocorrer erupções cu-

1 Manual das doenças transmitidas por alimentos e água desenvolvido pela Secretaria Estadual de Saúde do

Governo de São Paulo, Brasil.

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tâneas. As infecções estreptocócicas do grupo D ocasionam uma síndrome clínica idêntica à intoxica-

ção por Staphylococcus com a presença da diarréia, cólica abdominal, náusea, vômito, febre, calafrio e

vertigem. O Manual das Doenças Transmitidas por Alimentos e Água, da Secretaria de Estado

da Saúde de São Paulo - SES/SP afirma que outros grupos de estreptococos podem ocasionar em

surtos por infecções estreptocócicas por meio dos alimentos. As complicações são raras e a taxa de

letalidade é baixa.

Estudos apontam que as patologias ocupacionais mais presentes na prática odon-

tológica são as hepatites, AIDS, tuberculose, herpes, infecções estafilocócicas e estreptocóci-

cas, entre outras. (COTTONE, TEREZHALMY, MOLINARI, 1991; BRASIL, 1994;

GUANDALINI, 1997;). Carmo e Costa (2001, p.116) afirmam que:

Na odontologia constata-se que existem dificuldades em associar o surgi-mento de doenças infecciosas aos atendimentos realizados, devido ao perío-do de incubação observado em algumas doenças, tal como a hepatite, por exemplo, levando alguns pesquisadores a afirmar que a transmissão de doen-ças através dos contatos profissional-paciente-auxiliares, devem ser mais freqüentes do que o registrado pela literatura.

Apesar de não ser referida neste estudo, A hepatite B é atribuída pelo Ministério

da Saúde do Brasil como patologia que causa o maior número de mortes e interrupções das

atividades laborais dos odontólogos, fato que sugere a imunização dos profissionais ao ingres-

sar no mercado de trabalho. Na Odontologia, a possibilidade de adquirir a hepatite B nas ati-

vidades odontológicas não é alta, porém a transmissão pode ocorrer entre o paciente e o den-

tista, do dentista para o paciente ou entre pacientes. (BRASIL, 2001; BRASIL, 2006).

O Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, desenvolvido pelo Minis-

tério da Saúde do Brasil, afirma que a hepatite B é uma enfermidade de notificação obrigató-

ria que requer medidas de controle como:

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• vacinação de todos os indivíduos suscetíveis, independentemente da idade, principalmente para aqueles que residem ou se deslocam para áreas hiperen-dêmicas. São grupos prioritários para vacinação: profissionais de saúde, usu-ários de drogas negativos, indivíduos que usam sangue e hemoderivados, presidiários, residentes em hospitais psiquiátricos, homossexuais masculinos e profissionais do sexo. O esquema básico de vacinação é de 1ml em adultos e 0,5 ml em crianças com idade inferior a 11 anos, em 3 doses: a) primeira; b) segunda, trinta dias após; c) terceira, 6 meses após a primeira; • uso de imunoglobulina humana antivírus da hepatite tipo B, indicado nos casos de recém-nascidos, filhos de mães portadoras do HbsAg, contatos se-xuais de portadores ou com infecção aguda, indivíduos acidentados com ma-terial contaminado (nestes, administrar simultaneamente a vacina). (BRA-SIL, 2001).

Tais informações sobre os riscos biológicos e as doenças referidas pelos odontó-

logos, devido à exposição no Centro de Especialidades Odontológicas – CEO, reforça o cum-

primento da Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimen-

tos de Assistência à Saúde – NR 32 pelos gestores dos serviços de saúde, aliado a realização

de campanhas dirigidas aos profissionais da saúde, conscientizando da necessidade do uso de

equipamentos de proteção individual, e de fazer a prevenção por meio de vacinas.

A Tabela 5 demonstra a variável riscos químicos presentes nas atividades laborais

dos odontólogos que atuam no Centro de Especialidades Odontológicas.

TABELA 5: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo a exposição aos riscos químicos, João Pessoa, 2008.

RISCOS QUÍMICOS

�ÃO SIM � % � %

Álcool 77% v/v ou 70% p/v 9 37,5 15 62,5 Mercúrio 4 16,7 20 83,3 Óxido de Etileno 23 95,8 1 4,2 Fenóis sintéticos 21 87,5 33 12,5 Glutaraldeído 9 37,5 15 62,5 Antibiótico 17 70,8 7 29,2 Antineoplásico 24 100,0 0 0,0 Éter 20 83,3 4 16,7 Hipoclorito de Sódio a 1% estabilizado com Cloreto de Sódio 12 50,0 12 50,0 Látex / Talco 9 37,5 15 62,5 Iodo 17 70,8 7 29,2 Nenhuma das alternativas 24 100,0 0 0,0 Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

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Sabe-se que o a exposição a riscos químicos no manuseio de substâncias e na ad-

ministração de medicamentos, no ambiente de trabalho dos profissionais da saúde, podem

ocasionar alergias e, em alguns casos, neoplasias, dependendo da dose e das condições de

exposição dos indivíduos. (DURÃO, 1987; XELEGATI, ROBAZZI, 2003; OSORIO-DE-

CASTRO, PAUMGARTTEN, SILVER, 2004).

Estudos de Saguy et al. (1998), Coelho (2002) e Faria (2003) afirmam a preocu-

pação dos odontólogos com relação ao uso do mercúrio e no desconhecimento com relação ao

destino dado aos resíduos odontológicos, desconsiderando o risco ao acidente em decorrência

do manuseio de material químico nas atividades laborais.

O uso do mercúrio, nas atividades odontológicas, é comumente utilizado. Entre-

tanto, o seu uso indiscriminado e inadequado pode ocasionar em danos, na saúde do trabalha-

dor, pela sua toxicidade. (LIMA, 2001; AZEVEDO, NASCIMENTO, CHASIN, 2003; GRI-

GOLETTO et al., 2008).

Xelegati e Robazzi (2003) afirmam que outros riscos encontrados nas atividades

exercidas pelos profissionais de saúde são os decorrentes da exposição dos vapores de for-

maldeído, glutaraldeído e do óxido de etileno, que podem ser predisponentes e desencadean-

tes de reações alérgicas, náuseas, dificuldades respiratórias, dor de cabeça e abortos espontâ-

neos.

O manuseio de citostáticos é descrito como desencadeador de mutações cromos-

sômicas que enfatizam cuidados na preparação, administração e disposição destas substâncias

por profissionais da saúde. A referência ao uso equipamentos de proteção individual como

forma de proteção deve ser difundida aos trabalhadores (XELEGATI; ROBAZZI, 2003).

Além disso, a manipulação de antibióticos, analgésicos, bem como o manuseio de

luvas protetoras foram descritos por Filipe et al. (1996), Foti et al. (1997) e Zotti (2000) nos

estudos com enfermeiras enfatiza a presença da sarna/coceira/escabiose eritematosa, rinites

alérgicas e asma ocupacional nesta população.

O Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde, desenvolvido pelo Minis-

tério da Saúde do Brasil, sugere para a eliminação ou redução dos níveis de exposição a subs-

tâncias químicas:

enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possí-vel utilizando sistemas hermeticamente fechados; normas de higiene e segu-rança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e efi-cientes; monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente; ado-ção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos e o tempo de exposição; medidas de limpeza geral

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dos ambientes de trabalho, de higiene pessoal, recursos para banhos, lava-gem das mãos, braços, rosto e troca de vestuário; fornecimento, pelo empre-gador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo com-plementar às medidas de proteção coletiva. (BRASIL, 2001, p. 165).

A Tabela 6 demonstra à variável doença adquirida em decorrência da exposição a

risco químico presentes nas atividades laborais dos odontólogos que atuam no Centro de Es-

pecialidades Odontológicas.

TABELA 6: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo as doenças adquiridas em decorrência da exposição aos riscos químicos, João Pessoa, 2008.

DOENÇAS DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS RISCOS QUÍMICOS

NÃO SIM N % N %

Doenças Respiratórias 21 87,5 3 8,7 Doenças Dermatológicas 19 79,2 5 20,8 Doenças Oftalmológicas 18 75,0 6 25,0 Doenças do Sist. Digestivo 23 95,8 1 4,2 Doenças do Sist. Reprodutor 24 100,0 0 0,0 Doenças Cardiovasculares 24 100,0 0 0,0 Neoplasias 24 100,0 0 0,0 Hepatopatias 24 100,0 0 0,0 Nenhuma das alternativas 11 45,8 13 54,2

Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

A poluição ocupacional é fator de risco ao sistema respiratório que pode ocasionar

em dano celular na árvore respiratória dependendo da solubilidade da substância, da concen-

tração do agente e de suas especificidades. (BRASIL, 2001; FERNANDES et al., 2008).

O manual de procedimentos para os serviços de saúde, desenvolvido pelo Ministé-

rio da Saúde do Brasil, afirma que as afecções respiratórias, no ambiente de trabalho, decor-

rem dos seguintes agentes como gases e vapores irritantes, isocianatos orgânicos (bronquite e

pneumonite agudas), substâncias sensibilizantes, causadoras de pneumonite por hipersensibi-

lidade (fibrose pulmonar crônica). (BRASIL, 2001, p. 353).

E complementa:

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Os pacientes expostos aos agentes irritantes apresentam irritação nos olhos, garganta e nariz, tosse, constrição torácica e dispnéia. Náuseas, vômitos e ce-faléia são freqüentemente encontrados. Os achados clínicos incluem taquip-néia, taquicardia, febre, cianose, conjuntivite, rouquidão ou afonia, sibilos, roncos, crepitações. Arritmias cardíacas podem ocorrer na ausência de hipo-xemia. (BRASIL, 2001, p. 354).

Com relação às doenças dermatológicas, Martínez e Rosario de Nava (1996) afir-

mam que as mesmas vêm adquirindo grande importância a cada dia devido a existência de um

grande número de agentes etiológicos e pelos prejuízos que provocam na saúde dos trabalha-

dores.

Os fatores predisponentes (causas indiretas) e/ou os fatores decorrentes da exposi-

ção aos agentes biológicos, físicos, químicos ou mecânicos (causas diretas) funcionam como

desencadeadores, concorrentes ou agravantes das dermatoses ocupacionais. (BRASIL, 2006).

O Ministério da Saúde do Brasil, por meio do Manual de Procedimentos para os

Serviços da Saúde, atribui que cerca de 80% das doenças dermatológicas adquiridas em ambi-

entes laborais são causadas por exposição aos agentes químicos, substâncias orgânicas e inor-

gânicas, irritantes e sensibilizantes. Destas doenças, as dermatites alérgicas de contato e as

dermatites de contato por irritantes possuem maior incidência. (BRASIL, 2001).

No caso das dermatoses ocupacionais, o Ministério da Saúde do Brasil sugere para

a proteção da saúde e prevenção da exposição dos fatores de riscos:

• substituição do agente, substância, ferramenta ou tecnologia de trabalho por outros mais seguros, menos tóxicos ou lesivos; • isolamento da máquina, agente ou substância potencialmente lesiva, por meio de enclausuramento do processo, suprimindo ou reduzindo a exposi-ção; • medidas de higiene e segurança ocupacional, como implantação e manu-tenção de sistemas de ventilação local exaustora adequados e eficientes, ca-pelas de exaustão, controle de vazamentos e incidentes por meio de manu-tenção preventiva e corretiva de máquinas e equipamentos e monitoramento sistemático dos agentes agressores; • adoção de sistemas de trabalho e operacionais seguros, por meio da classi-ficação e rotulagem das substâncias químicas segundo propriedades toxico-lógicas e toxicidade; • diminuição do tempo de exposição e do número de trabalhadores expostos; • informação e comunicação dos riscos aos trabalhadores; • utilização de EPI, especialmente óculos e máscaras adequadas a cada tipo de exposição, de modo complementar às medidas de proteção coletiva; • medidas de controle médico e monitoramento biológico dos trabalhadores expostos. (BRASIL, 2001, p.364).

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O Manual de Biossegurança no Atendimento Odontológico, desenvolvido pela

Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, ressalta que substâncias como o berílio e o

asbesto estão presentes nas atividades dos odontólogos e ocasionam intoxicações, perda de

peso, fadiga, mal-estar e até queimaduras nas córneas. (BRASIL, 2001).

Ao abordar as doenças oftalmológicas, verifica-se que as substâncias químicas

podem acarretar danos no aparelho visual por meio de manifestações como a sensação de dor,

desconforto e alterações na estética até os transtornos temporários ou permanentes na função

visual. (BRASIL, 2001).

Na década de 1980, a Organização Pan-Americana de Saúde - OPAS dispõe aten-

ção especial com relação a saúde com os olhos das crianças, idosos e trabalhadores expostos a

riscos no trabalho impondo responsabilidades institucionais como: a promoção a saúde e higi-

ene dos olhos, prevenção de acidentes e doenças do sistema ocular, aferição e registros da

acuidade visual dos trabalhadores e encaminhamentos na ocorrência de visão subnormal e

cegueira, diagnóstico das doenças oculares em fase inicial, colaboração nas atividades de saú-

de para a prevenção da cegueira e participação nas atividades educativas da saúde do traba-

lhador.

Entretanto, o Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde recomenda que

a prevenção das doenças oftalmológicas envolva procedimentos da vigilância em saúde do

trabalhador, vigilância ambiental e da análise das condições de trabalho e dos agravos à saú-

de, por meio de análises das mais diversas áreas de atuações. (BRASIL, 2001).

No Centro de Especialidades Odontológicas – CEO, a minoria dos odontólogos

fez associação da exposição dos riscos químicos com doenças do aparelho digestivo.

No grupo das doenças do sistema digestivo relacionados ao trabalho encontra-

mos: a erosão dentária, alterações pós-eruptivas da cor dos tecidos duros dos dentes, gengivite

crônica, estomatite ulcerativa crônica, gastroenterite e colite tóxicas, cólica do chumbo, doen-

ça tóxica do fígado, e hipertensão portal. (BRASIL, 1999; BRASIL, 2001).

A Tabela 7 demonstra à variável riscos psicossociais presentes nas atividades la-

borais dos odontólogos que atuam no Centro de Especialidades Odontológicas.

Estudos apontam que os riscos ocupacionais estão diretamente ligados a organiza-

ção, planejamento e gerenciamento do trabalho associado a conjuntura sócio-ambiental, que

podem ocasionar danos ao trabalhador refletindo no estresse ocupacional. (CAMELO, AN-

GERAMI, 2007; CAVALCANTE et al., 2006).

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TABELA 7: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo a exposição aos riscos psicossociais, João Pessoa, 2008.

RISCOS PSICOSSOCIAIS

�ÃO SIM

� % � %

Carga excessiva de jornada 19 79,2 5 20,8 Competição entre colegas 21 87,5 3 12,5 Exigências da chefia 18 75,0 6 25,0 Fragmentação do trabalho 20 83,3 4 16,7 Insatisfação no trabalho 20 83,3 4 16,7 Não reconhecimento 17 70,8 7 29,2 Problemas na comunicação 18 75,0 6 25,0 Remuneração inadequada 8 33,3 16 66,7 Repetições de tarefas 16 66,7 8 33,3 Subordinação 19 79,2 5 20,8 Trabalho noturno 20 83,3 4 16,7 Nenhuma das alternativas 22 91,7 2 8,3 Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Laurell e Noriega (1989) apontam fatores com a fadiga e tensão, falta de controle

nas atividades ocupacionais, influência do trabalho noturno e fragmentado em plantões, su-

bordinação, falta de preparo técnico do profissional, repetição dos procedimentos e o ritmo de

trabalho com extrema ligação com os riscos psicossociais.

A falta de preparo técnico do profissional é descrito por Campos e Albuquerque

(1998) que enfatiza a necessidade dos profissionais de saúde se (re)qualificarem, por meio das

formações continuadas, no mesmo ritmo do progresso tecnológico.

Camelo e Angerami (2007, p. 503) sugerem a associação dos danos psicossociais

ocasionados pelas atividades realizadas pelos trabalhadores com a:

cultura e função organizacional, função na organização, desenvolvimento de carreira, decisão e controle, relacionamento interpessoal no trabalho, interfa-ce trabalho/família, ambiente e equipamento de trabalho, planejamento de ta-refas, cargas e local de trabalho e, finalmente, esquema de trabalho.

A questão da satisfação com o trabalho também foi apontada pelos odontólogos.

O estudo de Del Cura e Rodrigues (1999) faz referência as pesquisas desenvolvidas por Fre-

derick Taylor e Elton Mayo, como precursores do conceito de satisfação. Na pesquisa de Ta-

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ylor a satisfação estava intrinsecamente associada à fadiga do trabalhador e sua remuneração,

o que afetaria na produtividade. Entretanto, Elton Mayo atribuía a satisfação do profissional

em decorrência das relações sociais do trabalhador e seu salário.

No Brasil, as pesquisas envolvendo a temática de satisfação no trabalho ainda ge-

ram controvérsias e críticas porém, Martins (1985) baseado nos estudos realizados por Locke,

na década de 70, atribuiu que a satisfação no trabalho decorre de estado emocional agradável

e resultante da realização de alguma atividade ou experiência.

Entretanto, estudos de Lima (1996) Angerami (2000) e Batista et al. (2005) confe-

rem a remuneração inadequada pelos trabalhadores como o principal fator de insatisfação no

ambiente laboral, que pode ocasionar em abandono da profissão. A dignificação do trabalho

não deve ser ligado apenas a remuneração dos profissionais e sugerem que a valorização do

profissional aconteça por meio de melhorias nas condições laborais, nas formações continua-

das para o aperfeiçoamento dos profissionais e nas inovações.

Outro fato que merece atenção são os problemas na comunicação. A literatura a-

ponta que a comunicação possui papel fundamental no desenvolvimento humano e envolvem

aspectos, como o conteúdo, a forma e a linguagem, presentes nos processos inter-relacionais.

(STEFANELLI et al., 2005; BRAGA; SILVA, 2007; NIEWEGLOWSKI; MORE, 2008).

Bittes Júnior e Matheus (2000) esclarecem que se os aspectos relacionados ao ato

comunicativo não estiverem claros entre os participantes da comunicação, a mesma será invi-

abilizada e poderá levar o fracasso nas relações interpessoais. Na verdade, o ato comunicativo

é o suporte necessário na organização. (ANDRADE et al., 2004).

Andrade et al. (2004) afirmam que a normatização e sistematização da comunica-

ção nas instituições por profissionais da saúde garantem melhorias na qualidade da assistência

à sociedade e o estabelecimento de uma escala de prioridades das informações ali descritas.

As autoras ressaltam que a sistematização da comunicação acarreta em melhorias nas relações

interpessoais, respeito e como agente facilitador da assistência.

Percebe-se que os riscos psicossociais podem acarretar em prejuízos ao trabalha-

dor e a sociedade trazendo prejuízos como conflitos entre a chefia e os subordinados, o au-

mento da taxa de rotatividade, desinteresse pelo trabalho, baixo rendimento na produtividade,

absentismo, ineficiência e descuido nas atividades.

A Tabela 8 demonstra à variável agravos adquiridos pelos odontólogos do Centro

de Especialidades Ocupacionais em suas atividades laborais, em decorrência da exposição aos

riscos psicossociais.

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TABELA 8: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo os agravos adquiridos em decorrência da exposição aos riscos psicossociais, João Pes-soa, 2008.

AGRAVOS DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS RISCOS PSICOSSOCIAIS

�ÃO SIM

� % � %

Depressão 22 91,7 2 8,3 Estresse físico e mental 17 70,8 7 29,2 Doenças Cardiovasculares 19 79,2 5 20,8 Nenhuma das alternativas 18 75,0 6 25,0

Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Batista e Bianchi (2006) enfatizam o crescimento das publicações sobre o estresse

objetivando métodos que minimizem os seus efeitos e proponha melhorias na qualidade de

vida das populações.

França e Rodrigues (1997) e Montanholi et al. (2006) afirmam que o estresse pro-

cede da percepção gerada da discordância das exigências na execução de atividades e os re-

cursos pessoais destinados ao seu cumprimento , ocasionando problemas de insatisfação, de-

sinteresse, apatia e irritação.

Ao descrever a sintomatologia ocasionada pelo estresse, Candeias et al. (1992),

Loures (2002), assim como Camelo e Angerami (2004) apontam respostas e adaptações físi-

cas e comportamentais como: a presença de suor, calores, cefaléias, tensão muscular, altera-

ções cardíacas, alterações respiratórias, supressão do comportamento sexual, supressão do

apetite, insônia, angústia e ansiedade, dores no estômago, colite, úlcera e irritações.

A depressão também foi apontada pelos odontólogos. Rodrigues (2000) considera

a depressão como uma enfermidade biológica, tem procedência predominantemente hereditá-

ria sendo tratamento indicado a quimioterapia associada com a psicoterapia cognitivista. Alte-

rações do sono e no apetite, humor deprimido, agitação ou retardo psicomotor, fadiga, culpa

excessiva, pensamentos de morte, ideação suicida, tentativa de suicido, são manifestações

típicas desta enfermidade.

A Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde – CID-10 reafirma que independente do grau da depressão o indivíduo apresenta:

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um rebaixamento do humor, redução da energia e diminuição da atividade. Existe alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse, diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga im-portante, mesmo após um esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe quase sempre uma diminuição da au-to-estima e da autoconfiança e freqüentemente idéias de culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. (OMS, 1994).

As desilusões consecutivas nas atividades com insucesso no trabalho, os prejuízos

ocasionados pelo trabalho durante o exercício profissional, o excesso de exigências, as com-

petições entre colegas, podem provocar ameaças na estrutura organizacional da empresa pode

ocasionar a perda efetiva, a perda do posto de trabalho ou até a demissão do trabalhador tor-

nando-se um determinante em potencial para a depressão. (BRASIL, 2001).

Estudos brasileiros apontam que o estresse crônico é considerado forte desencade-

ador das doenças cardiovasculares. (CORDEIRO, 1993; SANTANA; BARBERINO, 1995;

LOURES et al., 2002; COUTO et al., 2007).

Na década de 1980, a Organização Mundial da Saúde confere as doenças cardio-

vasculares decorrente do estresse mental uma preocupação que deve ser priorizada nas institu-

ições de saúde, pois as mesmas exercem funções que torna o ambiente de trabalho insalubre.

(OMS, 1989).

Desta forma, o Ministério da Saúde do Brasil propõe a implementação de ações

preventivas que despertem a cidadania, minimize os fatores de riscos, detecte e trate as doen-

ças cardiovasculares e reduza suas complicações. A atenção com a alimentação e à prática de

exercícios físicos deve ser estimulada para controlar a obesidade e da dislipidemia. (BRASIL,

2002).

As Tabela 9 e 10 apresentam às variáveis riscos mecânicos aos quais estão expos-

tos os profissionais no Centro de Especialidades Ocupacionais e os seus danos ocasionados

em suas atividades laborais.

Estudos com trabalhadores da saúde apontam que os acidentes de trabalho, pre-

sentes em ambientes da saúde, estão intrinsecamente associados ao movimento e transportes

de equipamentos, em quedas decorrentes do piso escorregadio. (ALEXANDRE; BENATTI,

1998; GODOY et al, 2006; SÊCCO et al., 2007).

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TABELA 9: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo a exposição aos riscos mecânicos, João Pessoa, 2008.

RISCOS MECÂNICOS

�ÃO SIM

� % � %

Conservação de equipamentos insatisfatórios 10 41,7 14 58,3 Inconformidade de equipamentos 15 62,5 9 37,5 Instalações elétricas inadequadas 17 70,8 7 29,2 Movimentação e transporte de material 20 83,3 4 16,7 Pisos escorregadios 20 83,3 4 16,7 Queda de material 17 70,8 7 29,2 Nenhuma das alternativas 18 75,0 6 25,0

Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Marziale e Rodrigues (2002) afirmam que a movimentação e transporte de equi-

pamentos no ambientes de trabalho podem causar problemas à saúde do trabalhador.

O Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde descreve que os acidentes

ocupacionais provocados pelos riscos mecânicos estão relacionados com a ausência de manu-

tenção dos equipamentos, do arranjo físico, da limpeza e da falta de sinalização. (BRASIL,

2001).

TABELA 10: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo os danos adquiridos em decorrência da exposição aos riscos mecânicos, João Pessoa, 2008.

DANOS DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS RISCOS MECÂNICOS

�ÃO SIM � % � %

Lesões perfurocortantes 8 33,3 16 66,7 Choques 21 87,5 3 12,5 Quedas 21 87,3 3 12,5 Nenhuma das alternativas 24 100,0 0 0,0

Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

As lesões perfurocortantes foram descritas por Seccô et al. (2007) como as mais

freqüentes em atividades nos setores da saúde em decorrência do manuseio de agulhas, tesou-

ras e outros materiais na assistência direta aos pacientes, no descarte no lixo perfurocortante,

na administração de medicamentos, na desinfecção de intrumental, na organização e limpeza

do ambiente de trabalho.

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O risco de lesão por material perfurocortante é alto entre os profissionais da saúde

ocasionando a exposição a agentes patogênicos, como: a Sífilis, a hepatite B, hepatite C e a

AIDS. (BARBOSA et al., 1999; BREVIDELLI; CIANCIARULLO, 2001; MARZIALE;

RODRIGUES, 2002).

Torres e Lisboa (1999) relatam estimativas de que 1 em cada 270 trabalhadores da

área de saúde se contamina pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em acidentes de

trabalho.

Ao abordar as quedas no ambiente de trabalho, Alexandre e Benatti (1998) verifi-

caram no estudo com trabalhadoras de um ambiente de saúde que as mesmas derivam do piso

escorregadio e até mesmo dos uniformes que restringem os movimentos dos profissionais.

A Organização Internacional do Trabalho - OIT estima que aproximadamente 1,1

milhão de trabalhadores vai a óbito por causa de acidentes ou patologias ocupacionais provo-

cadas por quedas, choques elétricos entre outras. (OIT, 2000).

Essa preocupação reforça a necessidade de programas de controle e esclarecimen-

tos sobre os riscos e acidentes provocados em decorrência dos materiais perfurocortantes nas

instituições de ensino superior e nos ambientes de saúde.

Os riscos ergonômicos aos quais os odontólogos relataram exposição na sua rotina

de trabalho são apresentados na Tabela 11.

TABELA 11: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo a exposição aos riscos ergonômicos, João Pessoa, 2008.

RISCOS ERGONÔMICOS

�ÃO SIM � % � %

Monotonia 22 91,7 2 8,3 Pisos defeituosos 21 87,5 3 12,5 Postura inadequada no trabalho 8 33,3 16 66,7 Repetitividade 6 25,0 18 75,0 Ritmo excessivo de trabalho 20 83,3 4 16,7 Levantamento de peso 24 100,0 0 0,0 Nenhuma das alternativas 21 87,5 3 12,5 Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

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Pinzon e Torres (2008) afirmam que as posturas inadequadas, os movimentos re-

petitivos e a realização de esforço muscular na realização de ações de movimentação de carga

são apontados como os principais fatores de riscos ergonômicos no trabalho.

Sabe-se que a norma regulamentadoras NR-5 (comissão interna de prevenção de

acidentes – CIPA), a NR-9 (riscos ambientais), a NR-15 (atividades insalubres), a NR-17

(ergonomia) e a NR-18 (obras de construção, demolição e reparos) são utilizadas como

referência pelo Ministério do Trabalho do Brasil ao tratar dos limites e manuseios de cargas

que podem desencadear em lesões articulares e musculares. (PELLENZ, 2005).

A monotonia também foi mencionada pelos odontólogos do Centro de Especiali-

dades Odontológicas – CEO. Iida (2005) conceitua a monotonia como reação do organismo a

um ambiente monótono, carente em estímulos ou pouco animador, que traz como conseqüên-

cia a diminuição da atenção, e o aumento do tempo de reação. Os sintomas mais comuns são a

sensação de fadiga, sonolência, morosidade e a diminuição da vigilância.

Aspectos referentes ao desenho dos equipamentos, local de trabalho, postura dos

profissionais, atividades realizadas e ritmo excessivo de trabalho são citados em estudos por

interferirem no comportamento do trabalhador, atuando direta ou indiretamente na vida das

pessoas e trazendo prejuízos a produção. (CAVASSA, 1997; MARZIALE; ROBAZZI, 2000).

A necessidade de melhores condições de trabalho para os profissionais de saúde,

juntamente com o cumprimento das normas regulamentadoras brasileiras e programas de pre-

venção aos acidentes de trabalho, devem ser repensados pelos gestores para evitar prejuízos à

saúde dos trabalhadores e aos cofres públicos.

A Tabela 12 apresenta a variável referente a agravos decorrentes da exposição aos

riscos ergonômicos presentes no cotidiano laboral dos odontólogos do Centro de Especialida-

des Odontológicas.

Na literatura brasileira são escassos os estudos correlacionando a cifose e profis-

sionais da odontologia. Pita (2000) apresenta a cifose, popularmente conhecida como corcun-

dez, como um distúrbio da coluna vertebral no plano sargital, ocasionado pela má postura e o

condicionamento físico insuficiente, além das espondilite anquilosante, osteoporose senil e a

osteocondrite.

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TABELA 12: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo aos agravos adquiridas em decorrência da exposição aos riscos ergonômicos, João Pes-soa, 2008.

AGRAVOS DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS RISCOS ERGONÔMICOS

�ÃO SIM

� % � % Cifose 23 95,8 1 4,2 Diabetes 24 100,0 0 0,0 Distúrbio do sono 20 83,3 4 16,7 Doenças Cardiovasculares 23 95,8 1 4,2 Escoliose 11 45,8 13 54,2 Hérnia Discal 22 91,7 2 8,3 LER/DORT 17 70,8 7 29,2 Lombalgias 13 54,2 11 45,8 Lordose 20 83,3 4 16,7 Tendinite 11 45,8 13 54,2 Nenhuma das alternativas 24 100,0 0 0,0

Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Gould III (1999) e Tavares et al. (2001) conceituam a escoliose como um desvio

lateral da coluna no plano frontal, que acarreta danos como assimetrias corporais, alteração do

tônus muscular e outras transformações que pode acometer o sistema cardiopulmonar. As

escolioses são classificadas em: estruturais, causadas por defeito na estrutura óssea da coluna

vertebral; ou funcionais, ocasionadas por outros defeitos ósseos de outras regiões do corpo, do

desequilíbrio muscular e principalmente dos maus hábitos posturais.

Outro agravo citado pelos odontólogos foi a hérnia discal. Urban e Roberts (1995)

e Negrelli (2001) define a hérnia discal como uma desordem músculo esquelética, responsável

pela lombociatalgia, que possui fatores ambientais predisponentes como o hábito de carregar

peso, dirigir, fumar além do processo de envelhecimento.

As Lesões por Esforços Repetitivos / Distúrbios Osteomusculares Relacionados

ao Trabalho - LER/DORT também mereceram destaque no grupo populacional em estudo.

Tal fato deriva das recomendações do Ministério da Saúde do Brasil, por meio da Ordem de

Serviço/INSS n.º 606/1998, que conceitua a LER/DORT como:

uma síndrome clínica caracterizada por dor crônica, acompanhada ou não de alterações objetivas, que se manifesta principalmente no pescoço, cintura es-capular e/ou membros superiores em decorrência do trabalho, podendo afetar tendões, músculos e nervos periféricos. (BRASIL, 2001).

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O caráter epidêmico das LER/DORT foi enfatizado por Salim (2003), que reforça

a sua cronicidade e recidivas, interferindo na qualidade de vida dos acometidos não apenas

nos locais de trabalho.

Entretanto, Parada et al. (2002) e Moreira e Mendes (2005) atribuem ao local de

trabalho o desenvolvimento desta alterações musculoesqueléticos, devido a exposição contí-

nua e prolongada dos trabalhadores aos riscos ergonômicos, físicos, mecânicos e psicossoci-

ais.

Estudos que abordam as lombalgias e as lordoses as distinguem como doenças re-

lacionadas às pessoas sedentárias, com a falta de atividades físicas, com a deficiência e com

atividades ocupacionais que forcem a região lombar. (SANTOS, 1996; NIEMAN, 1999; A-

BREU et al., 2007).

Oliveira (1991) afirma que a repetitividade nas atividades laborais são as princi-

pais causas de acometimento de tendinite em punhos e mãos. As tendinites são descritas, pelo

Manual de Procedimentos para os Serviços da Saúde, como transformações sofridas nos ten-

dões, com ou sem degeneração de suas fibras. (BRASIL, 2001).

Especificamente na Odontologia, os endondontistas são citados no estudo de Bar-

reto (2001) como os maiores acometidos de tendinite ou tenossinovite de punho devido aos

procedimentos repetitivos.

Rasia (2004) reforça que os programas ergonômicos preventivos e contínuos, com

a coleta de dados, o assessoramento dos odontólogos, o planejamento e a implementações de

orientações, planejamento e implementação de orientações ocasionará em reduções das doen-

ças osteomusculares.

Os odontólogos fizeram também referências aos distúrbios do sono. Sabe-se que o

sono é regulado por vários neurotransmissores e hormônios que garantem que o mesmo não

seja perturbado por fatores ambientais. Os distúrbios do sono, nos quais a escassez do sono é

a sua particularidade, decorrem de inquietudes no sistema imunológico. (PALMA et al.,

2007).

Menezes (1996) verificou, num estudo auto-avaliativo com profissionais de saúde,

uma grande quantidade de sintomas e problemas de saúde aos quais referiam os trabalhadores

do turno noturno. Os sintomas relatados foram: alteração da qualidade de sono, distúrbios

digestivos e fadiga.

Ao abordar as doenças cardiovasculares, Silva e Marziale (2003) afirmaram que

4,4% dos trabalhadores de seu estudo, expostos a riscos ocupacionais, apresentam complica-

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ções neste sistema, que são diagnosticadas como varizes e crises hipertensivas. Sabe-se que o

sedentarismo é o principal desencadeador dessas complicações entre os trabalhadores.

Sobre os agravos decorrentes dos riscos ergonômicos, Rasia (2004) descreve que

a Odontologia possui meios tecnológicos suficientes para a redução de dores e outros agravos,

porém cita o desconhecimento sobre métodos ergonômicos nos ambientes de trabalho.

Os riscos físicos relatados pelos odontólogos daquela instituição de saúde são a-

presentados na Tabela 13.

TABELA 13: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo a exposição aos riscos físicos, João Pessoa, 2008.

RISCOS FÍSICOS

�ÃO SIM � % � %

Descarga elétrica 16 66,7 8 33,3 Radiações ionizantes 14 58,3 10 41,7 Radiações não-ionizantes 21 87,5 3 12,5 Ruído 5 20,8 19 79,2 Umidade 16 66,7 8 33,3 Variação de pressão 24 100,0 0 0,0 Variação de temperatura 19 79,2 5 20,8 Ventilação 20 83,3 4 16,7 Vibrações 15 62,5 9 37,5 Nenhuma das alternativas 21 87,5 3 12,5 Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Os acidentes por descargas elétricas são responsabilizados por um número consi-

derável de morbidade e mortalidade. João Oliveira e Sandra Silva (1997) afirmam que os

acometidos por cargas elétricas apresentam complicações que variam de uma sensação

desagradável até a morte súbita.

Com relação as radiações ionizantes, Pulido et al. (2004) dizem que seus efeitos

são estudados desde a sua aparição, de tal forma que a prevenção aos seus riscos é a principal

ferramenta de proteção dos trabalhores expostos cronicamente a baixas doses de radiação

ionizante. Dependendo da exposição às radiações ionizantes, ela poderá trazer prejuízos ao

trabalhador, afetando as células do corpo e ocasionando câncer, mutações genéticas e até a

morte.

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Nogueira (1972), ao abordar a Síndrome Post-Radiação, caracterizada pela expo-

sição a grandes doses de radiações ionizantes, ocasiona lesões ulcerativas hemorrágicas dos lá-

bios e de toda a mucosa da boca que podem ser fatal ao indivíduo.

Bejgel e Barroso (2001) esclarecem que os ambientes de trabalho e trabalhadores

expostos a substâncias radioativas devem estar em controle permanente, realizando exames

periódicos a cada 6 (seis) meses, para que as doses de radiação ionizantes recebidas não ultra-

passem o nível recomendado pelas Normas da Comissão Nacional de Energia Nuclear , por

meio das Diretrizes Básicas de Radioproteção.

Parada et al. (2004) também demonstraram preocupação com os efeitos das radia-

ções não-ionizantes (microondas e campos eletromagnéticos). Segundo os autores, existe uma

grande suspeita de que essa radiação provoque infertilidade nos homens.

A respeito do ruído ocupacional, o Manual de Procedimentos para os Serviços da

Saúde afirma que a sua freqüência e suas conseqüências ao trabalhador compõe um dos maio-

res problemas de saúde ocupacional nos dias atuais. (BRASIL, 2001).

Entretanto, Mello (1999) relata que na História Antiga já existia receio da huma-

nidade com relação aos efeitos nocivos da exposição ao ruído. Segunda a mesma autora, Cai-

us Plinius Secundus, conhecido como Plínio, o Velho, que nasceu em Como em 23 d.C., fez

menção, em sua escrita �aturalis História, ao ensurdecimento das pessoas que viviam próxi-

mas às cataratas do Nilo, correlacionando surdez e exposição ao ruído.

Ao definir o ruído, Paula (2003) o considera como um som intenso e não desejado

que pode ocasionar danos à saúde, por meios de efeitos no sistema auditivo e extra-auditivos.

Para Iida (2005), o ruído constitui-se um estímulo auditivo sem informações úteis para a exe-

cução de tarefas.

O ruído é classificado como contínuo e de impacto. Os contínuos são aqueles pre-

sentes durante toda atividade laboral; e o de impacto são aqueles de curta duração mas que

chegam a níveis elevados de ruído. A exposição ao ruído por longos períodos a níveis inten-

sos pode ocasionar sobrecarga ao coração, aumento das secreções hormonais, tensões muscu-

lares, e outros agravos para o trabalhador. (IIDA, 2005).

Além disso, Gerges (2000) atribui mudanças no comportamento dos indivíduos

como: o nervosismo, a fadiga mental, frustração, baixo rendimento nas atividades laborais e

absenteísmo.

Com relação à umidade e variação de temperatura, estudos de Paula (2003) e Iida

(2005) afirmam que o seu excesso ocasiona em desconforto dos trabalhadores e dificulta a

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realização das atividades, minimizando a produtividade e influenciando em acidentes ocupa-

cionais.

A respeito das vibrações, o conceito de Iida (2005) refere qualquer movimento

que o corpo, ou parte, realiza em todo de um ponto fixo, seja este movimento regular ou irre-

gular. Seus efeitos são apresentados na forma da perda do equilíbrio, falta de concentração,

visão turva.

Finalizando os riscos físicos no Centro de Especialidades Odontológicas – CEO,

foi apontado à questão da ventilação no ambiente de trabalho. Sabe-se que uma má ventilação

associada à falta de limpeza de ambientes possibilita o acúmulo de dióxido de carbono e a-

gravos como a asma e alergias. (GIODA, AQUINO NETO, 2003; PAULA, 2003; IIDA,

2005).

A Tabela 16 demonstra a variável doença adquirida pelos odontólogos do Centro

de Especialidades Ocupacionais em decorrência da exposição aos riscos físicos em suas ativi-

dades laborais.

TABELA 16: Distribuição dos odontólogos do Centro de Especialidades de João Pessoa se-gundo as doenças adquiridas em decorrência da exposição aos riscos físicos, João Pessoa, 2008.

DOENÇAS DECORRENTES DA EXPOSIÇÃO AOS RISCOS FÍSICOS

�ÃO SIM

� % � % Doenças Cardiovasculares 21 87,5 3 12,5 Distúrbios Auditivos 11 45,8 13 54,2 Distúrbio do Sist. Digestivo 22 91,7 2 8,3 Distúrbio do Sist. Reprodutor 24 100,0 0 0,0 Doenças Oftalmológicas 18 75,0 6 25,0 Doenças do Sist. Nervoso 24 100,0 0 0,0 Neoplasias 24 100,0 0 0,0 Nenhuma das alternativas 24 100,0 0 0,0 Fonte: Dados empíricos da pesquisa, João Pessoa, 2008.

Assim como nas doenças adquiridas por exposição aos riscos ergonômicos, as do-

enças cardiovasculares também possuem forte relação com a exposição aos riscos físicos, em

especial o ruído.

Estudos apontam que o nível de conforto acústico recomendado pelas organiza-

ções estabelece o limiar de 65 dB(A). A exposição a níveis mais altos poderá acarretar em

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agravos como o aparecimento da hipertensão e o agravamento de doenças cardiovasculares.

(PAZ, et al.,2005).

Carmo (1999) afirma que trabalhadores expostos a níveis de ruído acima de 70

dB(A) estão predispostos a sofrer com constrição dos vasos sangüíneos e, conseqüentemente,

se adquirir taquicardia e variações na pressão arterial.

Paula (2003) enfatiza a importância do monitoramento e do controle dos níveis de

ruído nos ambientes laborais para evitar problemas na produtividade e danos na saúde dos

odontólogos.

Outro acometimento provocado pela exposição aos riscos físicos denomina-se

Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR. O Manual de Procedimentos para os Serviços da

Saúde considera a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR uma patologia ocupacional

que provoca diminuição gradual da acuidade auditiva ocasionada pela exposição diária e con-

tínua a níveis de pressão sonora. (BRASIL, 2001).

Estudos apontam a Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR como uma pato-

logia com alto índice de prevalência em grupos populacionais. Estima-se valores superiores a

50% de acometimento em trabalhadores expostos a níveis de ruídos em ambientes industriais

e não-industriais em países como Estados Unidos, Austrália e no Brasil. (ANDRADE, S-

CHOCHAT, 1988; MIRANDA, et al., 1998; DIAS, et al., 2006).

As principais características da Perda Auditiva Induzida pelo Ruído – PAIR são a

sua irreversibilidade e progressão em decorrência do tempo de exposição, ocasionando rebai-

xamento nos limiares auditivos em uma ou mais freqüências nas faixas de 3.000 a 6.000 Hz.

(BRASIL, 2001).

Corrêa Filho et al. (2002) e Noronha (2006) afirmam que os sintomas decorrentes

de exposições crônicas a ruído evoluem passando por quatro períodos: Nos primeiros dias de

exposição, o trabalhador costuma acusar zumbido. Segue-se o período de alguns meses de

adaptação em que os sintomas tendem a desaparecer. Num terceiro período, geralmente anos,

o indivíduo refere dificuldade em escutar sons agudos como tique-taque do relógio ou as úl-

timas palavras de uma conversação, principalmente em ambientes ruidosos. Tem sido obser-

vado que a habilidade em diferenciar os sons da fala fica bastante prejudicada. Por fim, um

quarto período, o déficit auditivo interfere diretamente na comunicação oral e geralmente rea-

parece o zumbido.

Merluzzi (1979) afirma que as lesões auditivas produzidas pelo ruído no sistema

auditivo podem ser agudas ou crônicas, sendo que a mais freqüente é a crônica, que tem uma

instalação lenta e insidiosa. O indivíduo só se dá conta quando os zumbidos se tornam incô-

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modos a ponto de chamar atenção para o problema. A perda auditiva ainda provoca, além do

zumbido, cefaléias, dificuldades de compreensão, fadiga ou tontura, e intolerância a sons al-

tos, recrutamento (intolerância a sons intensos), dentre outros fatores.

No aparelho digestivo, Gomes et al. (1989), Souza (1998) e Medeiros (1999) a-

firmam que o ruído ocupacional ocasiona alterações digestivas descritas como diarréias, pri-

são de ventre, náuseas, diminuição do peristaltismo e da secreção gástrica, além da perda de

apetite, dores epigástricas, gastrites e úlceras.

Ao analisar a relação de riscos ocupacionais e agravos, danos e doenças ocupacio-

nais, o Coeficiente de correlação de Pearson obtido foi r = 0,703 e o Modelo de Regressão

Linear para a relação entre as duas variáveis foi:

Total de Doenças = 0,444 * Total de Riscos – 0,493

GRÁFICO 1: Modelo de regressão linear dos riscos ocupacionais e agravos, danos e doenças ocupacionais referidos pelos odontólogos.

(r2 = 0,494; F= 21,458; p < 0,0005)

Isto indica que aproximadamente a cada dois riscos ocupacionais aumenta uma

doença de trabalho referida.

10 30

TOTAL DE RISCOS

0

5

10

15

• • •

• •

TOTAL DE

DOE�ÇAS

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4.3 Riscos e patologias ocupacionais: interferência na qualidade de vida de pro-

fisssionais de saúde.

AS Expressões-Chave (ECH) e as Idéias Centrais - IC que surgiram dos discursos

com os odontólogos do Centro de Especialidades Odontológicas contemplam aspectos sobre

os danos ocasionados pela exposição aos riscos ocupacionais no seu exercício profissional e a

interferência na qualidade de vida destes.

As Idéias Centrais (IC), que foram mencionadas pelos colaboradores, consistiram

no reconhecimento profissional, nos agravos à saúde, na sua assistência à saúde, na segurança

e higiene ocupacional, na jornada de trabalho e qualidade de vida.

IC 1 – Reconhecimento profissional como fator de interferência da Qualidade de Vida dos odontólogos.

1ª IDÉIA CE�-TRAL

DSC

Não sou reconheci-do financeiramente.

�a área de saúde não somos reconhecidos; Se fizéssemos o serviço que realizamos aqui num consultório particular a remuneração seria muito melhor; Aqui, a remuneração é inadequada e ocasiona insatisfação; En-tretanto, temos o reconhecimento por parte dos pacientes com relação aos serviços, mas isso não é o bastante para nós; Os governantes preci-sam saber que temos que estar satisfeitos com o nosso salário; Para so-brevivermos temos que ter vários empregos; Por que com o salário que ganhamos não temos condições de fazer o que gostaríamos, não dá para fazer cursos de especialização, ir a congressos; O pior é que as autorida-des não estão preocupadas com isso.

Hernandez et al. (1999) afirma que a Odontologia, cada vez mais independente e

complexa, ocasionada pela expansão das suas práticas de assistência, está correlacionada com

a minimização de custos que afeta diretamente no comportamento dos cirurgiões dentistas.

Entretanto, estudos abordam a remuneração como reembolso tradicional pela

prestação de serviço, tendo papel não apenas de variável econômica, mas como recompensa

ou fator motivacional no ambientes de trabalho principalmente no que diz respeito à remune-

ração. (NADLER, et al., 1983; CHERCHIGLIA, 1994; BATISTA, et al.,2005).

Com os efeitos ocasionados pela inexistência, inadequação e/ou desatualização

dos planos de carreiras, principalmente no Sistema Único de Saúde – SUS, percebeu-se a ne-

cessidade das reivindicações pelas entidades de classes visando à implementação dos planos

de carreiras na administração pública. (BRASIL, 2006).

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Na verdade, as Diretrizes Nacionais para a Instituição de Planos de Carreiras,

Cargos e Salários no âmbito do Sistema Único de Saúde, têm como pressuposto a construção

de carreiras assemelhadas na saúde brasileira em todas as esferas de governo, respeitando suas

peculiaridades e as necessidades de cada região. (BRASIL, 2006).

Dentre as sugestões discutidas e incorporadas no documento das Diretrizes estão:

a redução da jornada de trabalho, ascensão profissional, garantias de direitos adquiridos, crité-

rios para cessão de trabalhadores e equivalência de remuneração entre os três Poderes. (BRA-

SIL, 2006).

Espera-se, com a aprovação das Diretrizes Nacionais para a Instituição de Planos

de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do Sistema Único de Saúde, que o reconhecimento

entre os profissionais seja equânime e tenha papel fundamental para a melhoria no processo

de trabalho, e possibilite progressos na assistência à saúde da população brasileira.

IC 2 – Agravos e falta de assistência à saúde como fator de interferência da Qualidade de Vida dos odontólogos.

2ª IDÉIA CE�TRAL

DSC

Sou a própria doença.

Sou a própria doença; Como dentista, adquiri tendinite, escoliose, dores que me limi-tam a determinados exercícios; Tenho dores cervicais, lombares e musculares diari-amente; Já adquiri a Síndrome do Túnel do Carpo, fiz a cirurgia, mas como está in-flamado, ainda me incomoda muito; Estou com perda auditiva por causa do barulho do motor de rotação que é alto; Tive AVC porque não sabia que era hipertenso; Te-nho dificuldade para dormir, chego em casa irritado e estressado por causa do traba-lho; Acho que aqui no trabalho deveria ter políticas para prevenir as doenças; Seria bom se tivéssemos um acompanhamento mais de perto;Um acompanhamento psico-lógico, ter umas terapias de grupo para relaxar, por que se formos buscar a assistên-cia pública, esta vai de mal a pior; Esperar pra ter assistência pelo SUS é complica-do; Quando preciso de assistência, tenho que procurar por meio do plano de saúde; E se não tivesse plano de saúde, iria ser péssimo por causa dos profissionais da rede que não são bem remunerados e dificultam o trabalho ao público.

Marziale (1990) e Sarquis et al. (2005), em seus estudos, demonstram e contex-

tualizam a saúde do trabalhador brasileiro atribuindo aos índices elevados de acidentes de

trabalho e doenças ocupacionais.

Marziale (1990) complementa que a situação de trabalho comporta aspectos de

ordem material, organizacional e humana que necessitam ser avaliados individualmente, em

busca de melhores condições de adaptação entre o homem e o trabalho.

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IC 3 – Segurança e Higiene no trabalho como fator de interferência da Qualidade de Vida dos odontólogos.

3ª IDÉIA CE�TRAL

DSC

Falta material para traba-

lhar.

Os riscos poderiam ser evitados se os equipamentos daqui estivessem funcio-nando adequadamente; As luvas, máscaras e gorro, apesar de serem forneci-das tem uma qualidade que fica a desejar; falta material para trabalhar, tem a questão da higiene,falta papel para limpar as mãos, tem o ar-condicionado que precisa ser limpo; Já me acostumei com o ruído e não estou mais nem notando a sua existência; Solicitei protetor auricular, por causa do barulho, e nunca deram importância a essa necessidade, por isso tive de comprar com o meu dinheiro; Imagine trabalhar sem materiais! A pessoa fica irritada, estres-sada; Detectei um vazamento no raio X, comuniquei a chefia mas ele só foi trocado de sala. Se reclamarmos muito ficam dizendo que estamos inventando e não queremos trabalhar; Ainda tem a relação interpessoal que quase não existe pelo fato de estarmos trancados entre quatro paredes sem ter contato com os outros colegas; A carga horária também deveria ser reduzida e evita-ria tensão e outros problemas;

Parada et al. (2002), Gurgueira et al. (2003) e Moreira e Mendes (2005) atribuem

um dos principais motivos para o aparecimento de distúrbios ao sistema musculoesquelético a

fatores como a exposição contínua a condições físicas, mecânicas e psíquicas inadequadas no

ambiente de trabalho.

A carga excessiva de trabalho, horas extras, ritmo acelerado, défict de trabalhado-

res, equipamentos inadequados, iluminação insuficiente e as sobre cargas referentes a repetiti-

vidade, da postura inadequada, são fatores de riscos que estão intrinsecamente relacionados

com os distúrbios musculoesqueléticos. (MAURO; CUPELLO, 2001).

Lima (2007) afirma que a legislação brasileira determinou o modelo de transfe-

rência de recursos federais para os governos subnacionais, visando financiar as ações e os

serviços descentralizados de saúde. Essa determinação deve ser regular e automática obser-

vando critérios sociais, epidemiológicos, características da rede de serviços oferecidos, níveis

de desempenho, entre outros para que sejam destinados a investimentos na rede de serviço, na

cobertura assistencial e outras ações e serviços de saúde.

Deste modo, percebe-se por meio dos discursos, a necessidade de investimentos

no ambiente de trabalho focando em melhorias das instalações, na compra e distribuição de

equipamentos de proteção individual e materiais de consumo, ações preventivas, e na assis-

tência à saúde, objetivando na diminuição dos riscos ocupacionais aos quais os odontólogos

estão expostos.

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IC 4 – A percepção da Qualidade de Vida como sinônimo de realização das múltiplas dimensões do viver.

4ª IDÉIA CE�TRAL

DSC

Qualidade de vida...

É você ter saúde, ter lazer; ter um bom emprego; ter um bom salário para que possa se manter; poder desenvolver um trabalho satisfatório sem ter desgaste físico e mental; fazer o que gosta em casa e no trabalho; ter paz; ter uma boa família e uma boa moradia; estar bem com Deus e consigo mesmo; é ter boas relações sociais; é ser feliz; Hoje não tenho qualidade de vida por causa das questões financeiras, mas espero conseguir muita coisa e ter qualidade de vida.

Costa (2007) comenta que a Qualidade de Vida das pessoas vem provocando refle-

xões teóricas e interferindo na vida das populações. Desta forma, a avaliação da Qualidade de

Vida tornou-se fundamental para a compreensão do processo saúde-doença.

A Qualidade de vida é descrito por Silva (2001) como uma variante entre indiví-

duos, classes sociais, regiões, situações, épocas e culturas; entretanto, atua de forma decisiva

na vida dos indivíduos nos mais diversos ambientes sociais.

Seu conceito é utilizado por duas vertentes. A cotidiana, que é utilizado pela po-

pulação em geral e profissionais das mais diversas áreas de atuação; e a vertente utilizada no

contexto científico. (SEIDL; ZANNON, 2004). Embora não haja um consenso a respeito de

sua definição, a Organização Mundial de Saúde – OMS conceitua a Qualidade de Vida como

a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto de sua cultura e no sistema de

valores nos quais ele vive e em relação à suas expectativas, padrões e preocupações (OMS,

1995).

Este amplo conceito atribui à terminologia as suas principais características: a sua

subjetividade; multidimensionalidade, que contempla as dimensões físicas, psicológicas e

social; e bipolaridade. (OMS, 1995).

No ambiente de trabalho, este termo é utilizado para descrever fatores humanos e

ambientais, geralmente negligenciados pelas organizações em decorrência do avanço tecnoló-

gico, da produção e do crescimento econômico. (WALTON, 1973).

Seidl e Zannon (2004) afirmam que, apesar dos conceitos atribuídos à Qualidade

de vida, é fundamental que o indivíduo seja visto de forma holística, pois acredita-se que um

baixo desempenho no ambiente de trabalho está intimamente associada a uma baixa qualidade

de vida geral.

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Ressalta-se que fatores como flexibilidade nos horários, acesso à assistência mé-

dica, acesso a cursos e congressos, e lazer indicam uma maior sensibilidade entre os trabalha-

dores, porém, não é o bastante. (SEIDL; ZANNON, 2004).

Levering (1986) relata que o local do trabalho deve oferecer, além do trabalho,

outros compromissos, como a família, as relações sociais e os hobbies para que possam se

desenvolver e tornar-se mais humanas.

Pode-se verificar a partir do Discurso do Sujeito Coletivo uma similaridade com

aquela definida pela Organização Mundial de Saúde – OMS, porém também fica explícito a

sua insatisfação com o trabalho no que refere a sua instabilidade e remuneração salarial.

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74

CO�SIDERAÇÕES FI�AIS

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A pesquisa sobre a Qualidade de Vida de trabalhadores expostos a riscos ocupa-

cionais e patologias no Centro de Especialidades Odontológicas nos fez perceber os riscos,

patologias e agravos à saúde dos odontólogos em sua rotina diária de trabalho. Revendo o

objetivo proposto neste estudo, pode-se observar que o cirurgião-dentista, especificamente do

Centro de Especialidades Odontológicas, apresenta uma grande chance de ser acometido por

agravos à saúde e doenças decorrentes de sua atividade, naquela instituição, por estarem ex-

postos aos mais diversos riscos ocupacionais.

Sobre o perfil profissional, verificou-se que grande número dos pesquisados per-

tencem ao sexo feminino, com faixa etária acima dos 50 anos de idade, tendo a graduação

como grau máximo de instrução, exercem atividade naquela instituição a mais de 20 anos, e

são em maioria servidores públicos federal.

Por meio de questionamentos sobre os equipamentos de proteção individual – EPI

pôde-se observar que a maioria dos profissionais faz uso de luvas, máscaras e gorro. Tal fato

faz pensar que a Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabeleci-

mentos de Assistência à Saúde – NR 32 não está sendo assegurada àqueles profissionais em

sua totalidade visto que, equipamentos como o protetor auricular, o protetor ocular, entre ou-

tros, não estão sendo oferecidos.

Quanto aos riscos biológicos presentes no ambiente de trabalho, mencionaram a

presença de bacilos, bactérias, fungos, protozoários e vírus. Sabe-se que exposições a estes

riscos, apesar de comuns em ambientes da saúde, estão associadas às ocorrências não ocupa-

cionais. Este fato dificulta o estabelecimento nexo causal, porém os órgãos competentes suge-

rem que medidas educativas e preventivas sejam adotadas junto aos profissionais para evitar

os seus efeitos na saúde do trabalhador.

Apesar da dificuldade no estabelecimento nexo causal, verificou-se que os odon-

tólogos associaram a aquisição de determinados agravos e/ou doenças em decorrência da ex-

posição aos riscos biológicos. As doenças mencionadas foram: influenza, herpes simples, in-

fecções estafilocócicas e infecções estreptocócicas.

A respeito dos riscos químicos, foram mencionados o uso do Álcool 77% v/v ou

70% p/v, Fenóis sintéticos, antibióticos, Éter, Hipoclorito de Sódio a 1% estabilizado com

Cloreto de Sódio, Iodo, látex e talco, Mercúrio e Óxido de Etileno. Ao correlacionar a sua

exposição com doenças ocupacionais, pôde-se observar uma maior incidência das doenças

dermatológicas e oftalmológicas.

A carga excessiva de trabalho, competições entre os colegas, exigências da chefia,

fragmentação do trabalho, insatisfação no trabalho, problemas na comunicação, repetições de

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tarefas, subordinação, trabalho noturno e, principalmente, a remuneração inadequada foram

riscos psicossociais por aqueles profissionais. Verificou-se ainda a relação dos riscos psicoló-

gicos com o estresse físico e mental, depressão e doenças cardiovasculares.

Sabe-se que as ações preventivas associadas com a prática de atividades físicas e

uma boa alimentação devem ser utilizadas para minimizar os efeitos ocasionados pelos riscos

psicossociais. Espera-se com isso, propiciar um ambiente prazeroso e salutar para os trabalha-

dores.

Quanto os riscos mecânicos, a conservação de equipamentos insatisfatórios, a in-

conformidade de equipamentos e as instalações elétricas foram as mais mencionadas. Em

compensação, os danos apontados com mais freqüência foram as lesões perfurocortantes,

choques e quedas.

Desta forma, percebe-se a necessidade de melhorias nos equipamentos utilizados

pelos odontólogos e de higiene no Centro de Especialidades Odontológicas, além da imple-

mentação de programas educativos e de controle aos acidentes laborais. A participação de

todos os trabalhadores faz-se necessária para a análise, discussão e construção de mecanismos

que minimizem os acidentes de trabalho.

Observa-se no estudo a presença de riscos ergonômicos como a monotonia, pre-

sença de pisos defeituosos, postura inadequada no trabalho, repetitividade e ritmo excessivo

de trabalho. Entre os efeitos associados a essa exposição ergonômica foram mencionadas uma

grande incidência de escoliose, tendinite, lombalgia, lordose, LER/DORT.

Sobre os riscos físicos, a exposição ao ruído e as vibrações tiveram maior repre-

sentabilidade. Em contrapartida, os distúrbios auditivos, oftalmológicos e cardiovasculares

tiveram a maior incidência quando associado à relação causa e efeito.

Tal informação reforça a necessidade do cumprimento da Norma Regulamenta-

dora de Segurança e Saúde no Trabalho em Estabelecimentos de Assistência à Saúde – NR

32, distribuindo equipamentos que eliminem seus efeitos.

Verifica-se, por meio do Discurso do Sujeito Coletivo, que a fala dos odontólo-

gos, antes individualizada, cria-se corpo ao generalizar as suas interferências na qualidade de

vida em decorrência da exposição diária e contínua aos riscos e patologias ocupacionais no

Centro de Especialidades Odontológicas - CEO.

Apesar dos inegáveis avanços obtidos na cobertura e assistência odontológica da

população de João Pessoa, nos últimos anos, aspectos sobre a falta de equipamentos de prote-

ção individual, falta de materiais para realização dos procedimentos odontológicos, inadequa-

ção de equipamentos, problemas na higienização e a falta de estrutura do prédio onde está

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localizado o Centro de Especialidades Odontológicas – CEO tornaram-se coro ao expressar os

anseios daqueles profissionais por melhores condições de trabalho.

Atualmente as reivindicações começam a ser ouvidas pelos gestores do município

de João Pessoa – PB com a aquisição de novos equipamentos, inclusive modernos consultó-

rios odontológicos.

Além das dificuldades, percebe-se uma insatisfação generalizada por parte dos

trabalhadores com relação à carga excessiva de trabalho e remuneração, a qual além de ser

incompatível com os serviços oferecidos pelas clínicas privadas divergem entre as esferas de

governo.

Tal insatisfação poderá ser minimizada com a aprovação das Diretrizes Nacionais

para a Instituição de Planos de Carreiras, Cargos e Salários no âmbito do Sistema Único de

Saúde. Entretanto, vale ressaltar que o reconhecimento financeiro não é fator determinante da

qualidade de vida.

Foi de grande relevância a análise da Qualidade de Vida dos trabalhadores expos-

tos a riscos e patologias ocupacionais do Centro de Especialidades Odontológicas - CEO,

porque ela permitiu conhecer a rotina e os dilemas enfrentados por estes trabalhadores, possi-

bilitando uma reflexão sobre a Segurança e Higiene no Trabalho de profissionais de institui-

ções públicas que, apesar das dificuldades encontradas num país de desdentados, exercem

com amor e dedicação a sua profissão.

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REFER�CIAS

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AP�DICES

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AP�DICE A

TERMO DE CO�SE�TIME�TO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) Senhor(a),

Esta pesquisa intitulada: “RISCOS OCUPACIO�AIS E PATOLOGIAS EM ODO�TÓ-LOGOS” está sendo desenvolvida por Marlos Suenney de Mendonça Noronha, aluno do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, nível Mestrado da Universidade Federal da Paraíba - UFPB, sob a orientação e supervisão da Professora Doutora Maria Emília Roméro de Miranda Henriques, membro efetiva do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.

O objetivo do estudo é Analisar a Qualidade de Vida de trabalhadores expostos a riscos e patologias ocupacionais no Centro de Especialidades Odontológicas - CEO.

Informamos que não haverá nenhum risco para o entrevistado e que os resultados do estudo poderão resultar em benefícios no sentido de ampliar a discussão sobre a saúde do trabalhador na saúde.

De acordo com o que rege a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sobre a pesquisa com seres humanos, será garantido: 1) acesso às informações e esclarecimentos sobre qualquer dúvida relacionada à pesquisa; 2) a liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar de participar da pesquisa, sem que isto ocasione prejuízo de qualquer natureza; 3) a segurança de não ser identificada e o caráter confidencial da informação.

Solicito sua autorização para apresentação em eventos e publicação em revista ci-entífica os resultados deste estudo.

O pesquisador estará a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa.

Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu con-sentimento para participar da pesquisa e ainda autorizo a divulgação das informações prestadas integralmente ou em partes em qualquer meio científico de comunicação, sem restrições de prazos e citações.

_________________________________ _______________________________

Assinatura do(a) colaborador(a) Marlos Suenney de Mendonça Noronha Pesquisador

_______________________

Assinatura da Testemunha

Marlos Suenney de Mendonça Noronha Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências da Saúde - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Campus Universitário I - Cidade Universitária Castelo Branco - João Pessoa – PB CEP: 58051900 Fone: 83 32167109

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APÊ�DICE B U�IVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CE�TRO DE CIÊ�CIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM E�FERMAGEM

RISCOS OCUPACIO�AIS E PATOLOGIAS EM ODO�TÓLOGOS

Mestrando: Marlos Suenney de Mendonça Noronha Orientadora: Profª Drª Maria Emília Roméro de Miranda Henriques

FORMULÁRIO PARA E�TREVISTA

FICHA DE IDE�TIFICAÇÃO DADOS DE IDE�TIFICAÇÃO DO (A) PROFISSIO�AL

1. Iniciais:________________ 2. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 3. Idade: ( ) 20 a 30 anos ( )30 a 40 anos ( ) 40 a 50 anos ( ) mais de 50 anos 4. Grau de Titulação: ( ) Graduação ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado 5. Profissão / Ocupação: ___________________________________________________ 6. Tempo da Atuação Profissional: ( ) 1 a 4 anos ( ) 5 a 9 anos ( ) 10 a 14 anos ( ) 15 a 19 anos ( ) mais de 20 anos 7. Jornada de Trabalho diária na instituição: ____ horas. 8. Vínculo Empregatício/Funcional: ( ) Servidor Público Federal ( ) Servidor Público Estadual ( ) Servidor Público Municipal

( ) Prestador de Serviços ( ) Outro. Qual?___________________

9. Equipamento de Proteção Individual que utiliza na atividade profissional? ( ) Luvas ( ) Máscaras ( ) Protetor Auricular

( ) Gorro ( ) Avental ( ) Protetor Ocular

( ) Capote ( ) Propé

DADOS SOBRE AS CO�DIÇÕES DE SAÚDE (FATORES DE RISCO)

10. �o seu trabalho você está exposto a quais desses RISCOS BIOLÓGICOS: ( ) Bacilos ( ) Bactérias ( ) Fungos

( ) Protozoários ( ) Vírus ( ) Outros: ___________

( ) Nenhum

10.1. Quais dessas doenças você adquiriu em decorrência em exposição aos riscos bioló-gicos em suas atividades laborais? ( ) AIDS ( ) Haemophilus sp. ( ) Hepatite B ( ) Hepatite C ( ) Herpes simples ( ) Influenza ( ) Micobacterium tuberculosis

( ) Neisseria gonorrhoeae ( ) Pseudomonas aeroginosas ( ) Infecções por Staphilococcus sp. ( ) Infecções por Streptococcus sp. ( ) Treponema pallidum ( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

11. �o seu trabalho você está exposto a quais desses RISCOS QUÍMICOS? ( ) Álcool 77% V/V ou 70% P/V ( ) Fenóis Sintéticos

( ) Glutaraldeído ( ) Antibiótico

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( ) Antineoplásico ( ) Éter ( ) Hipoclorito de Sódio a 1% estabilizado

com Cloreto de Sódio ( ) Iodo

( ) Látex/talco ( ) Mercúrio ( ) Óxido de Etileno ( ) Nenhuma das alternativas ( ) Outros: ______________

11.1 Quais dessas doenças você adquiriu em decorrência da exposição aos riscos quími-cos em suas atividades laborais? ( ) Doenças Respiratórias ( ) Doenças Dermatológicas ( ) Doenças Oftamológicas ( ) Doenças do Aparelho Digestivo ( ) Doenças do Aparelho Reprodutor

( ) Doenças Cardiovasculares ( ) Neoplasias ( ) Hepatopatias ( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

12. �o seu trabalho você está exposto a quais desses RISCOS PSICOSSOCIAIS? ( ) Carga excessiva de jornada ( ) Competição entre colegas ( ) Exigências de chefia ( ) Fragmentação do trabalho ( ) Insatisfação no trabalho ( ) Não reconhecimento ( ) Problemas na comunicação

( ) Remuneração inadequada ( ) Repetições de tarefas ( ) Subordinação ( ) Trabalho noturno ( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

12.1 Quais desses agravos você adquiriu em decorrência da exposição aos riscos psicos-sociais em suas atividades laborais? ( ) Depressão ( ) Estresse físico e mental ( ) Doenças Cardiovasculares

( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

13. �o seu trabalho você está exposto a quais desses RISCOS MECÂ�ICOS? ( ) Conservação de equipamentos insatisfatórios ( ) Inconformidade de equipamentos ( ) Instalações Elétricas inadequadas ( ) Movimentação e transporte de material

( ) Pisos escorregadios ( ) Queda de material ( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

13.1. Qual desses danos já aconteceu com você em decorrência da exposição aos riscos mecânicos em suas atividades laborais? ( ) Lesões perfurocortantes ( ) Choques ( ) Quedas

( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

14. �o seu trabalho você está exposto a quais desses RISCOS ERGO�ÔMICOS? ( ) Levantamento de peso ( ) Monotonia ( ) Pisos defeituosos ( ) Postura inadequada de trabalho

( ) Repetitividade ( ) Ritmo excessivo de trabalho ( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

14.1. Quais dessas doenças você adquiriu em decorrência da exposição aos riscos ergo-nômicos em suas atividades laborais? ( ) Cifose ( ) Diabetes

( ) Distúrbios do Sono ( ) Distúrbios Cardiovasculares

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( ) Escoliose ( ) Gastrite ( ) Hérnia discal ( ) LER/DORT ( ) Lombalgias

( ) Lordose ( ) Tendinite ( ) Úlcera ( ) Outros: _____________ ( ) Nenhuma das alternativas

15. �o seu trabalho você está exposto a quais desses RISCOS FÍSICOS? ( ) Descarga elétrica ( ) Radiações ionizantes ( ) Radiações não ionizantes ( ) Ruído ( ) Umidade ( ) Variação de pressão

( ) Variação de temperatura ( ) Ventilação ( ) Vibrações ( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

15.1. Quais dessas doenças você adquiriu em decorrência da exposição aos riscos físicos em suas atividades laborais? ( ) Distúrbios Cardiovasculares ( ) Doenças do Aparelho auditivo ( ) Doenças do Aparelho Digestivo ( ) Doenças do Sistema Reprodutor ( ) Doenças Oftalmológicas

( ) Neoplasias ( ) Neuropatias ( ) Outros: ______________ ( ) Nenhuma das alternativas

16. Como o(a) Sr.(a) acha que os diversos riscos ocupacionais (fìsicos, mecânicos, químicos, ergonômicos ou psicossociais) presentes na sua atividade laboral interferem/influenciam na sua qualidade de vida?Em que aspectos? Comente.

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AP�DICE C

U�IVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CE�TRO DE CIÊ�CIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM E�FERMAGEM

João Pessoa, 22 de Abril de 2008. Ilmo. Sr. Danilson Ferreira da Cruz Diretor do Centro de Especialidades Odontológicas Prezado Senhor,

Solicito a V.Sa. autorização para que o Mestrando Marlos Suenney de Mendon-ça �oronha possa realizar entrevistas com os trabalhadores de Odontologia dessa instituição, que constituem a amostra da dissertação de mestrado do referido aluno, cujo objetivo é identi-ficar riscos ocupacionais e sua relação com as atividades laborais, que os profissionais em apreço desenvolvem. Vale ressaltar que a coleta de dados está prevista após autorização pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Paraíba – UFPB e certamente o pesquisador será cuidadoso para não interromper demasiada-mente e/ou atrapalhar as atividades executadas por esses trabalhadores. Ainda afirmo que não haverá prejuízos para o profissional, bem como para a instituição a qual estou solicitando sua permissão para o andamento do trabalho do Mestrando.

Atenciosamente,

_______________________________________________ Profª Drª Maria Emília Roméro de M. Henriques

(Professor Orientador) Universidade Federal da Paraíba Centro de Ciências da Saúde - Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Campus Universitário I - Cidade Universitária Castelo Branco - João Pessoa – PB CEP: 58051900 Fone: 83 32167109

PROGRAMA DE PÓ

S-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

- CCS/UFPB

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APÊ�DICE D TRA�SCRIÇÕES

�ome: Homem-Aranha Interfere sim. Interfere em decorrência da carga excessiva de trabalho. Em virtude disso eu chego em casa um pouco estressado, chego em casa com um pouco de irritação. Tem também a questão dos riscos ergonômicos e mecânicos, né? Interfere muito na nossa vida. No caso do dentista, se a gente não se cuidar com a postura e com os movimentos repetitivos, como é o meu caso que faço canal, que é sempre a mesma coisa e sempre a mesma posição, chego no final do dia sentindo os efeitos. Eu tenho quatro anos de formado, aí eu estou trabalhando aqui faz um ano já. Aí por enquanto eu não estou sentindo muito, entendeu? Mas acredito que em breve talvez venha adquirir alguma coisa. Em função disso eu já estou numa academia para fazer exercício para as costas, para fortalecer um pouco, porque sei que daqui a um tempo vou começar a sentir dores. Para minimizar esses problemas no trabalho, acho que tinha que ser visto a questão da jornada de trabalho. Quantas horas seria o ideal, até a questão do descanso entre determinados atendimentos, também poderia ser visto a quantidade de pacientes, né? Com relação as relações sociais, as vezes você chega do trabalho cansado, irritado e não con-segue desenvolver uma atividade social por que está estressado. Isso acaba sim interferindo na qualidade de vida. Você está cansado, tenso e não consegue relaxar. Tenho atividades de lazer esporádicas nos finais de semana, em decorrência da falta de tempo mesmo. Minha folga é só no domingo e não é todos os domingos que você pode também fazer alguma coisa, né? Eu trabalho até aos sábados, mas não aqui, né? Por que aqui no CEO só trabalho na parte da tar-de mesmo, mas na minha profissão eu dou três expedientes por necessidade e não por opção. Se você vê isso, ainda é pouco! Se você pega um médico ele tem outros empregos, trabalham em vários lugares e não conseguem dar conta de tudo, viu? Com relação a minha saúde, eu estou com perda auditiva, um pouquinho, por causa do motorzinho que a gente usa e o baru-lho é bem alto. Não sei quantos decibéis são mas só sei que em casa minha esposa já observou porque eu fico toda hora perguntando: - Hã? Hã? Tipo, eu não entendo a primeira pergunta da pessoa. Aí, eu estou notando isso mas ainda não procurei assistência à saúde. Na minha casa só minha esposa e meu filho que tem plano. Eu por enquanto estou sem e não procurei assis-tência em serviço público. Finalizando, qualidade de vida é você ter um bom convívio, é você se alimentar bem, ter uma boa saúde. Hoje ainda não tenho qualidade de vida, por ainda não estar estabilizado financeiramente e, tem muita coisa que ainda espero conseguir. �ome: Mulher Maravilha Interfere sim na saúde. Já adquiri doenças decorrente do meu trabalho e fui buscar assistência para ter um diagnóstico em clínicas privadas porque o SUS que temos é muito devagar. Eu vou comparar com o privado? Não vou, né? Precisamos de políticas de prevenção à saúde do trabalhador, no meu caso específico para os dentistas, por que aqui por exemplo trabalhamos sem protetor auricular. Eu já solicitei a direção e fica por isso mesmo. O jeito é comprar com meu dinheiro. Com relação ao meu lazer, não vejo interferências, mas já com relação as mi-nhas crenças, as vezes e dependendo do dia de trabalho, deixo de ir para uma igreja por e-xemplo por estar cansada e, não me dá vontade de ir. Se não estiver cansada, eu vou. Tudo é muito se, né? Quanto a satisfação com a minha profissão, eu sou satisfeita sim, mas tentaria mudar a remuneração da gente e, que tivéssemos mais reconhecimento, o que é complicado nas profissões de saúde. Eu estou satisfeita. Assim, eu gosto do que faço, mas não somos re-conhecidos financeiramente. Eu acho que socialmente o dentista não é muito valorizado. A-cho que na área de saúde só quem tem mais valor é o médico,mas não tenho inveja não, até porque acho que eles conquistaram isso. Acredito que qualidade de vida é você ter saúde, ter

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lazer, você estar satisfeita com seu trabalho. Acho que não existe perfeição, até porque sempre existem aborrecimentos sejam eles em casa ou no trabalho e até mesmo no lazer, mas o prin-cipal é ter saúde. Eu acho que sem saúde você não faz nada. Eu posso dizer que tenho quali-dade de vida, mas se eu tivesse um pouco mais de dinheiro para investir em mim, em supér-fluo, seria bom. Afinal, já passei dos 50 anos e ainda estou aqui me matando. �ome: SuperGirl Na área de odontologia, influencia sim. É como na área da enfermagem, fisioterapia e tantas outras profissões da saúde. Interfere no meu caso na saúde pelo fato de não termos equipa-mentos que facilitaria nossa atividade aqui. No meu caso que sou periodontista, se eu traba-lhasse com o aparelho para fazer remoção de tártaro, eu evitaria de fazer movimentos bruscos e repetitivos. Facilitaria para mim. No caso, aqui, temos dois equipamentos mas nenhum fun-ciona e está só de amostra e mais, posso dizer que falta equipamentos adequados ergonomi-camente, como por exemplo a cadeira, o mocho, tudo funcionando perfeitamente, mas hoje não funciona. Tá quebrado. Mas, se tivéssemos equipamentos e instrumentos necessários para um atendimento e utilizando a tecnologia já existente, melhoraria bastante. Não evitaria al-gumas doenças, mas melhoraria. Desta forma, te digo que não estou satisfeita com o exercício profissional neste setor, pelo que já relatei, mas estou satisfeita com a minha profissão. Finan-ceiramente, dentro do contexto da economia nacional, estou satisfeita com sim com minha profissão e se deixei de fazer alguma coisa foi porque não fui atrás. A tempos atrás poderia ter feito uma especialização, que queria muito, mas tive problemas no trabalho e também não houve grande empenho meu. Hoje isso não me prejudica mais. Estou satisfeita, como estou. Também interferem no meu lazer, algumas coisas deixo de fazer. Hoje, estou com uma tendi-nite, uma escoliose e as vezes com dor, então, certos passeios eu deixo de fazer, como por exemplo: eu não posso correr, só posso caminhar porque estou com um problema no joelho. Aí, certas coisas criam uma limitação, mas que vem acontecendo depois de 20 anos de traba-lho. Com relação às interferências nas minhas crenças, o trabalho não vem influenciando., até por que meu horário de trabalho aqui é de 6 horas e normalmente eu encaixo as minhas ativi-dades fora desse horário. Já houve época que chegou a interferir porque tinha outro horário de trabalho que não seria este. No caso, era quando trabalhava no meu consultório e trabalhava até as 19 horas ou 20 horas então interferia. O motivo deste outro consultório não era com-plementar renda, mas buscar uma satisfação pessoal porque como trabalho aqui e aqui é pú-blico, lá era particular e queria a experiência dos dois. Sobre a Segurança, você só tem a segu-rança espiritual, não temos segurança. Temos que acreditar em Deus e é isso aí. A segurança do homem não existe. A segurança no trabalho, não tem. Nunca tive problemas mas sei que não existe.. Acredito que em nosso caso por exemplo, se atendermos uma pessoa agressiva não existe uma triagem e você leva para a sua sala uma pessoa totalmente desconhecida. Nes-te caso, se ela não ficar satisfeita com o seu trabalho ou procedimento, ela pode muito bem te agredir e você não tem como se defender. E nos procedimentos do processo de trabalho, há uma melhora mas ainda é muito falho. A gente trabalha com luva de procedimentos, não é uma luva cirúrgica. Aqui so a sala de cirurgia que tem direito de usar. A gente aqui so usa se for fazer uma cirurgia e olhe que trabalho com sangue. Outra coisa é o condicionamento do lixo que não é adequado, e você ta aqui correndo risco por que com o ar-condicionado eu pos-so ta aqui respirando material contaminado. O lixo deveria tá tampado, lacrado sem contar as condições do prédio que precisa totalmente de uma reforma. Aqui só fazemos falar para rei-vindicar mas faz dois anos que vim para essa sala porque a minha estava com a parede morfa-da devido as infiltrações. Eles dizem que vão consertar e não consertam. Quando atinge a vá-rios consultórios é que param e consertam, mas se tiver 2 ou 3 casos isolados eles não fazem. Acho que a qualidade de vida estar relacionado a trabalhar no que gosta, ter uma remuneração condigna para você viver e, talvez não seja satisfatória mas se você ganha e paga aquilo para

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viver bem e ter saúde, para mim é o principal. Ey acho que tenho qualidade de vida. Se não fosse essas tendinites conseqüentes da profissão talvez até de épocas passadas pela falta de aparelhamento adequados eu estaria bem melhor. �ome: Borboleta Púrpura Interfere sim, na qualidade do sono, irritabilidade, emfim, no estresse em geral. E refiro isso a falta de condições de trabalho e não questão de ter muita paciência e muito controle, justa-mente para a gente fazer um bom trabalho com as crianças. Eu tenho um desgaste maior na profissão com relação ao atendimento com essas crianças. Mesmo assim, sou satisfeita com minha profissão mas, mudaria alguma coisa se fosse voltar ao tempo. Eu me prepararia mais, faria mais cursos de atualizações para dar um melhor atendimento a população. Hoje ainda sinto essa vontade porque você é cobrada diariamente. Ao responder sobre a qualidade de vida, acho que é poder desenvolver um trabalho satisfatório e que você não precise se desgas-tar tanto para você conseguir fazer o seu serviço e, que você tenha mais tempo para se atuali-zar melhor para fazer o seu trabalho. Eu não tenho qualidade de vida porque não tenho tempo, dinheiro e paz. Com relação a saúde, sou uma pessoa altamente estressada, tenho gastrite, problemas musculares que nem me mexo mais. E quanto a assistência a saúde, não sou satis-feita. Acho que deveríamos ter um acompanhamento mais de perto. Falta um acompanhamen-to psicológico até mesmo aqui no trabalho. Acho que deveríamos ter umas terapias de grupo para relaxarmos, mesmo assim sou satisfeita porque se não tivesse plano de saúde privado seria pior. Vejo que a assistência pública vai de mau a pior e não temos um acompanhamento como deveríamos ter. A demanda é tão grande e as condições são tão precárias que você não tem nem onde recorrer. �ome: Emengarda Interfere em tudo né? Eu por exemplo já tenho perda auditiva, também uso óculos, tenho pro-blemas na coluna e tudo isso é decorrente da profissão. Eu sinto dores principalmente na co-luna e não são esporádicas. São contínuas... sinto direto. Com relação a assistência para o tra-tamento destes problemas, eu não estou satisfeita. Não estou satisfeita porque não adianta fazer o tratamento e voltar tudo novamente. Acho que o ideal seria diminuir o tempo de traba-lho porque não tem outra maneira de mudar. No meu caso, eu faço canañ de oito em oito dias, mas apesar de ter esse espaço de tempo, de uma semana, volta a doer tudo novamente. Agora, eu só vim sentir isso depois dos meus vinte anos de profissão. Para mim, qualidade de vida é estar satisfeito com aquilo que você faz. Eu gosto do que faço, só que uma coisa que me pre-judica é o trabalho repetitivo. Como trabalho apenas de oito em oito dias, isso me ajuda um pouco porque me recupero. Só não sou satisfeita com a remuneração que ganho porque se fosse em consultório particular seria melhor recompensada. Eu faço e trabalho aqui porque gosto da minha profissão mas se fosse só pela remuneração não compensa. Já sobre o meu lazer, eu tenho mas é esporádico... de ano em ano. Não tenho lazer nos finais de semana por causa do local que moro. No aspecto da segurança, me sinto segura na rua porém no trabalho não tenho muita segurança. Primeiro pela localização do setor que fica numa região perigosa. Já com relação aos equipamentos não sinto tantos problemas não. �ome: Profº. Ludovico Bom, eu acho que influencia, independente do tempo de serviço que a pessoa tenha, é a ques-tão da irritação. A irritação é uma coisa comum. Eu por exemplo tenho o pavio curto, me irri-to facilmente varias vezes ao dias e as vezes chego em casa irritado. O usuário do SUS sai no ônibus de sua casa doente, as vezes sem passagem, e chega no posto de saúde e é informado que não vai ser atendido porque é o aniversário da esposa do médico e ele não foi trabalhar. Aí o cara vem de lá para cá, ele já vem grosso porque pagou outra passagem e já começou a

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complicar a vida dele. Quando ele chega aqui, depois da irritação dele lá, joga a irritação dele em cima de mim ou de quem estiver aqui. E ele acha que quem tiver no plantão tem que re-solver toda a vida dele. Na questão social, eu tenho um relacionamento muito bom com fami-liares, amigos e colegas de trabalho, mas vida social eu não tenho. Sou avesso a essas coisas. Mesmo assim, eu tenho uma qualidade de vida boa, pois tenho família, um emprego e bons relacionamentos. Normalmente, eu deixo as questões do trabalho quando ele termina, então eu não deixo de ter um lazer nos fins de semana por causa do trabalho. Eu não vou num fim de semana pegar minha esposa e filhos e ir para um clube, por exemplo, ficar bebendo e conver-sando sobre trabalho. Se isso acontece, eu diria ao colega que no trabalho conversaríamos sobre isso. Com relação a minha saúde, é uma coisa complicada de explicar. Eu sou da área de saúde a 36 anos e fui pego de supresa com um AVC porque não sabia que era hipertenso. Era a minha obrigação verificar mês a mês a minha pressão arterial, aí eu saberia. Mas, eu nunca fiz isso e com 45 anos eu fui pego de supresa com um pico de pressão arterial que po-deria ser evitado. Só que daí para cá tudo mudou. Comecei a freqüentar médico, cuidar da alimentação, fazer caminhada, fazer exames, fazer dietas. Hoje eu sei que não posso comer sal, comer isso ou aquilo. Hoje sou satisfeito com a minha saúde e com a assistência que te-nho. �ome: Fada Azul De forma alguma. Esses riscos não interferem na minha qualidade de vida. Não interfere na minha vida até porque tem equipamentos de proteção e, acredito que qualidade de vida é você ter uma boa casa, não ter dívidas, ser feliz, alto astral. Eu acho que é isso. Não tem outra coisa mas isso vai depender do seu temperamento. Acho que nem o seu ordenado vai interferir na sua qualidade de vida porque você é quem faz a sua vida. As vezes você ganha rios de dinhei-ro mas não é feliz. Então, se não é feliz eu não acredito que tenha qualidade de vida satisfató-ria. Eu tenho qualidade de vida. Sou feliz comigo e com a minha profissão. Não ganho rios de dinheiro mas para mim ta bom demais e não interfere em nada. Não sou revoltada até porque tenho a profissão que sempre quis. �ome: Matilda Qualidade de vida é você viver bem com o que você tem. Então, quando você pergunta se os riscos ocupacionais interferem na minha qualidade de vida, eu digo que não. Quer dizer, na saúde hoje eu tenho tendinite mas não posso dizer que não sou feliz por tê-la, convivo com ela. Talvez no futuro tenha que me submeter até a uma cirurgia. Apesar disso, sou feliz na minha profissão. Talvez se eu fosse mudar algo na minha profissão. Talvez se eu fosse mudar algo na minha seria a questão do reconhecimento porque o dentista não é reconhecido finan-ceiramente. Acho que poderia ser diferente. Já sobre o reconhecimento do paciente com rela-ção ao atendimento e serviço que foi realizado este sim acontece. �ome: Mulher Elástica A partir do momento que a gente trabalha com equipamentos maus conservados, inadequados, barulhentos e também expostos a riscos de contaminação, o que é comum em nossa profis-são, nos leva a ter preocupações com a saúde física e mental. A partir do momento que algo nos incomoda, nos deixa tensa, estressada, ansiosa, traz desconforto e reflete nas nossas rela-ções interpessoais com colegas e pacientes. Agora eu acredito que isso tende a melhorar com a ajuda de entidades de classe com ações que visem melhorar a qualidade dos atendimentos da população e com isso melhorar o desempenho dos profissionais, oferecendo melhores condi-ções de trabalho. Estas ações estaria relacionada com a carga horária compatível para todos os profissionais, condições de trabalho melhor para prevenir e prevenir o paciente também, e melhorias nos equipamentos de preferência bem conservados e melhores adaptados. Hoje

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chego em casa cansada, estressada e quero fazer uma coisa e não posso. Isso interfere também nos relacionamentos interpessoais, e isso ocorre porque chegamos com muita tensão do traba-lho. Mesmo assim, no trabalho eu procuro me controlar para não interferir na qualidade dos atendimentos. Já em casa não! Eu sei que se no trabalho fizer um procedimento na posição inadequada eu vou chegar em casa com dores de cabeça e tensões. Tem também a questão do barulho no ambiente de trabalho decorrente do motor de alta rotação e, isso causa problemas na audição. Quando preciso de assistência, tenho que procurar através do plano de saúde e acho que deveríamos ter um trabalho de prevenção, ter também orientações do pessoal da fisioterapia mas de formos esperar pelo SUS é mais complicado, seria bem mais difícil. �ome: Chapeuzinho Vermelho O ruído interfere sim. Eu fico extremamente irritada com o barulho constante e também quan-do a demanda de atendimentos está excessiva, sinto dores na coluna. Eu como sou odontope-diatra, e quando tem muita criança pequena a pessoa sai do trabalho estressada. Imagine o barulho do equipamento, o barulho da criança e a maneira de pegar na criança. A gente tem que se segurar aqui mas extrapola lá fora. Então acho que qualidade de vida é quando você tá bem consigo mesmo, tá bem com as pessoas, faz o que gosta. Isso é qualidade de vida. Eu não tenho qualidade de vida. Tem uns aspectos que daria uma nota regular. Eu nem sei o que está faltando. Acho que tá faltando alguma coisa no lado espiritual e no local de trabalho também. No trabalho, por exemplo, tem coisas que os colegas dizem e chateia a gente. Embora que me chateie na hora e depois passe. Tem situações que ficamos chateadas com críticas sem funda-mentos. Também tem a questão dos equipamentos de proteção. Essas luvas não protegem na verdade nada. Aqui dão luvas, máscaras e gorro, mas a qualidade fica a desejar. Mesmo assim a profissão me satisfaz embora que em termo de salário, o dentista tenha um tratamento muito diferenciado. Ele é muito discriminado. Discriminado porque ele mesmo não se valoriza. A-qui mesmo, tem gente que é federal e ganha um pouco melhor. Mesmo assim essa diferença tá quase não existindo mais. Mesmo assim, eu nunca deixei de fazer especialização, capacita-ções, ir a congressos..., nunca deixei de ir. A discriminação que eu vejo é ver profissionais que fazem o mesmo trabalho que faço ganhando muito, muito aquém do que deveria ser, né? E não dar para pessoa se manter com o salário que tem. Acho que a profissão só te dar digni-dade quando você tem um bom salário e você pode se manter. Vejo muitos colegas pegarem n empregos para poder ter um salário digno. Eu acho minha profissão muito mal remunerada. �ome: Magali Para mim não interfere em nada. Esses riscos não interferem em nada na minha qualidade de vida. Aqui temos meios que nos protege e evita que venhamos adquirir alguma doença. Em termos de equipamento de proteção é o que verdadeiramente necessitamos para realizar os procedimentos. Acho que qualidade de vida é ter saúde, um bom trabalho e se amar, além de ter recursos suficientes para viver e estar bem com Deus. Para mim não tenho qualidade de vida por questões pessoais. Apesar de ter um emprego público federal, eu não me realizei no casamento e isso me incomoda, sabe? Incomoda saber que não vou ter um marido pelo resto da vida. Acho que isso é influenciado pela minha criação que achava que casamento era para uma vida toda, e que só a morte ia nos separar. �ome: Cascão Tem interferência sim.Por exemplo, a gente que trabalha comm paciente aqui está sujeito a adquirir uma escoliose, problemas lombares pela mudança rotineira da posição no atendimen-to. Além disso, tem a questão do barulho do motor que provoca problemas no ouvido, enten-deu? Mesmos com essas questões sou satisfeito com a minha profissão, mas com relação ao local de trabalho ele deixa a desejar. Aqui quando chegamos para trabalhar, falta material, tem

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a questão de higiene, falta papel para limpar as mãos, tem o ar-condicionado que tem que ser limpo. E também não acho que esses problemas do trabalho interferem na minha família até porque evito chegar em casa estressado e irritado. Por isso, busco ter um lazer e busco a Deus rotineiramente. Vou sempre a Igreja com minha família e costumo por em prática os manda-mentos. Voltando ao trabalho, acho que se fosse iniciar a minha carreira profissional, reduzi-ria a jornada de trabalho. As vezes atendia 40 à 50 pacientes por dia no interior. Naquela épo-ca não tinha PSF, não tinha profissionais suficientes e a demanda era muito grande. Hoje isso mudou muito, só em João Pessoa tem 180 PSFs, um monte de consultórios, em todo canto tem dentista. Hoje eu não faço 40 exodontias como fazia antigamente mas possuo outros em-pregos para complementar a minha renda. Quando você possui um bom emprego, não precisa procurar outros empregos, entendeu? Meu salário é pouco e tenho que complementar. Tem outra coisa, quando terminei meu curso, os cursos de especializações eram apenas em São Paulo e era muito dinheiro, eu não podia. Eu sou do interior e era muito difícil você vim se manter em João Pessoa para estudar, até porque eu vinha de uma família pobre. Tive de traba-lhar porque não tinha condições de passar 2 anos estudando em São Paulo. Então eu não fiz especialização porque realmente eu não pude. Hoje, eu não tenho mais saco, tenho 25 anos de odontologia e não vou mais buscar isso que me faltou na profissão. Hoje não tenho tempo nem saco para sacrificar uma sexta-feira para assistir aula mas, congresso as vezes eu vou. Moro num Estado pobre, onde se paga o menor salário do país para um dentista, ou melhor para todos os profissionais da saúde. Ninguém aqui sobrevive apenas com um emprego. Então não vejo lógica em recomeçar a estudar porque sei que financeiramente pode mudar muito pouco. A gente já trabalhou tanto e não tenho mais aquele pique como tinha antes. Antiga-mente eu vibrava quando via o consultório cheio de gente. Hoje não sinto mais essa vibração, entendeu? Isso era comum nos interiores da Paraíba. Era comum atender 28 à 30 pacientes numa manhã. Ali tinha certeza que era a mão de Deus porque nunca tive problemas num local onde nem tinha material nem equipamento suficiente. Eu não consegui ganhar muito dinheiro mas graças a Deus consegui constituir uma boa família e me sinto realizado na minha profis-são. Se me perguntassem hoje se eu pudesse voltar atrás no tempo, eu voltaria a ser dentista e não teria dúvidas. Acho que qualidade de vida é você ter paz de espírito e estar em comunhão com Deus. É ter sua família organizada, é dormir bem, é ter seu emprego e, quanto a isso eu acredito que tenha uma boa qualidade de vida. �ome: Minnie Mouse Eles interferem porque a gente trabalha diariamente sabendo que existem várias coisas erradas que podem causar dano a sua saúde. Por exemplo, chegamos e vemos que a sala não está lim-pa, o ar-condicionado não tem manutenção, e isso a gente pode estar sendo contaminada e não sabe. Até agora eu não tive nenhum diagnóstico de alguma doença mas sinto dores muscula-res e na cervical diariamente. Já fiz fisioterapia, consultas médicas com ortopedistas várias vezes. Eu gosto muito da minha profissão, mas só não me sinto realizada é com a remunera-ção. Tenho vontade de ir a congressos, fazer cursos, mas com a remuneração que eu ganho não dá e não permite que nos capacite. Na odontologia tudo é pago: especialização, cursos, e o incentivo é muito pouco.Os salários na rede pública são baixos, pelo menos nos níveis esta-dual e municipal. No federal não! Aqui ainda tem outro agravante que é a relação interpesso-al. Nos relacionamos muito pouco pelo fato de estarmos trancados entre quatro paredes o que evita o contato com outros colegas. Algumas vezes participamos de reuniões que muitas vezes nem 10 dentistas participam. Então são os colegas que tenho contato. Acho que o motivo da ausência dos dentistas nas reuniões se dá pela vida corrida. O dentista entra na sua sala, aten-de e vai embora. Ele não tem a consideração de ir falar com os colegas no término do atendi-mento. Tem ainda a segurança do trabalho, aqui tenho problemas no raio X que já constatei com uma película e o equipamento estando desligado, que existe vazamento. Pedi para tirar

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da minha sala mas ele só foi trocado de sala. Tem a questão da limpeza que não é boa. O pior é que falamos e os gestores não fazem nada. Neste meu exemplo, eu falei do raio X que tinha apenas 1 metro de fio para ativá-lo e o gestor disse que essa medida era suficiente e estabele-cida pela Organização Mundial de Saúde. Duvido que ele viria bater raio X diariamente. O que reclamamos muito é da limpeza, mas sempre alegam que foi solicitado, e se reclamarmos muito ficam dizendo que estamos inventando desculpas e não queremos trabalhar. Para mim, qualidade de vida é ter a vida em equilíbrio. Ter família em equilíbrio, tudo em equilíbrio. No momento tenho qualidade de vida mas falta dinheiro. Para você ter idéia não tenho dinheiro para pagar meu plano de saúde, quem paga é meu esposo. �ome: Pateta Os riscos interferem demais na qualidade de vida. Imagine trabalhar com equipamentos ina-dequados e que prejudica na questão da postura, mas procuro me adequar a eles. Sou realiza-do profissionalmente. Qualidade de vida para mim é ter bens materiais, um trabalho que não exija muito e que te possibilite momentos de lazer com a família, ter uma boa moradia. O am-biente de trabalho também contribui muito para se ter uma boa qualidade de vida. Imagine trabalhar sem materiais, a pessoa sai irritada, estressada. Para minha especialidade aqui não tenho problemas, estou falando por mim, mas aqui não tem 100% das coisas porém dá para fazer o que me proponho. Na minha casa tenho tudo que quero, tenho uma boa família, um bom trabalho, uma boa moradia, então tenho uma boa qualidade de vida. �ome: Clarabela Eu acho que nós profissionais da saúde estamos deveras susceptível a adquirir várias doenças no nosso ambiente de trabalho, o que sem dúvida prejudica na nossa qualidade de vida. Esta-mos expostos a riscos virais e bacterianos devido a trabalhar muito perto da cavidade oral, que é uma área eminente de proliferação bacteriana, certo? Além dos riscos químicos que provo-cam reações alérgicas. O setor fornece material mas tem coisa que não tem como fugir da exposição. Eu me sinto bem sendo dentista, até na minha ignorância, mas a falta de reconhe-cimento do profissional está afetada. Hoje tenho três empregos e não tenho tempo para nada, e vivo na correria. Chego em casa estressada, não tenho tempo para as minhas filhas. Futura-mente vou ter um cansaço mental, problemas ergonômicos por não ter um repouso, mas pro-curo ter um lazer e evito falar de trabalho. No trabalho já fui furada várias vezes, mordida por pacientes e já fiquei super estressada comigo, fiz exame de HIV. Se não tivesse plano de saú-de iria ser péssimo devido aos profissionais da rede que não são bem remunerados e dificul-tam a assistência pública. �ome: Tia Giselda Interfere sim. A pessoa trabalha tanto e está exposta a tanta coisa que se você visse o meu salário iria ficar surpreso. Ganho setecentos reais e tenho vinte anos de prefeitura. Eu tenho minha mãe que precisa de meus cuidados e de medicamentos, e o dinheiro não dá. Acho que a questão econômica está presente em quase todo mundo. Interfere ainda na saúde. Passo o dia todo fazendo exercícios para poder conseguir trabalhar e evitar as dores na coluna lombar. Incomodava na mão também, pois adquiri a síndrome do túnel do carpo e fiz a cirurgia. Hoje não está inflamado, mas ainda incomoda. Passo o dia me esticando. Tem também o ruído, mas até me acostumei com ele e não estou mais nem notando que ele existe ou estou muito surda. Qualidade de vida é ter um salário bom e saúde. Hoje para mim falta tudo. Acho que deverí-amos ter bons equipamentos, aulas de alongamento no início do trabalho para evitar muita coisa. Eu gosto muito do que faço, mas no dia que me aposentar não quero nem ouvir o nome dentista por que sofri muito. Minha vida foi muito difícil, não tinha equipamento e material para trabalhar.Hoje eu não tenho mas hoje eu estou num lugar melhor.

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�ome: Horácio Na minha vida profissional pode influenciar. Influencia na aquisição das doenças por exem-plo, a AIDS que tem as formas de prevenção mas é fácil de se contrair. Algumas doenças são simples e você, como ser humano, fica como um castelo de areia: um dia desaba. Tem dia que não tenho nada, mas tem dia que repetindo procedimentos adquiri a tendinite. Fui em busca de profissionais, fiz fisioterapia, mas com o tempo volta tudo ao normal. Qualidade de vida é você viver bem no seu interior e exterior. Se você está tranqüilo, tem um salário que possa se manter, isso é qualidade de vida. Hoje digo que tenho qualidade de vida. Tenho meu Deus, minha família e meu emprego. �ome: Madame Mim Todos os riscos presentes no meu local de trabalho me afeta psicologicamente e fisicamente, pois hoje tenho doenças adquiridas do trabalho que exerço e devido as seqüelas, ficamos irri-tados porque vemos que as autoridades não estão preocupadas com os profissionais da saúde que não são reconhecidos, principalmente com a remuneração. �ome: Popeye Qualidade de vida? Eu? Pergunte ao Lula quem tem qualidade de vida e depois venha me dizer. Ele está lá no conforto enquanto eu to aqui na correria e já tenho que ir para o outro consultório.

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N852r Noronha, Marlos Suenney de Mendonça Riscos ocupacionais e patologias em odontólogos / Marlos

Suenney de Mendonça. - - João Pessoa: UFPB, 2008. 118 f. : il

Orientador: Maria Emília R. de M. Henriques. Dissertação (Mestrado) - UFPB, CCS, Pós Graduação em Enfermagem, 2008. 1. Riscos ocupacionais. 2. Patologias ocupacionais. 3. Segurança do trabalho. 4. Qualidade de vida.

UFPB/BC CDU: 614.8(043)

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