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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS RAÇAS NELORE, CURRALEIRO PÉ-DURO E PANTANEIRO Valesca Henrique Lima Orientador: Prof. Dr. Paulo Henrique J. da Cunha GOIÂNIA 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS

RAÇAS NELORE, CURRALEIRO PÉ-DURO E PANTANEIRO

Valesca Henrique Lima

Orientador: Prof. Dr. Paulo Henrique J. da Cunha

GOIÂNIA

2019

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VALESCA HENRIQUE LIMA

ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS

RAÇAS NELORE, CURRALEIRO PÉ-DURO E PANTANEIRO

Dissertação apresentada para obtenção do grau de

Mestre em Ciência Animal pelo Programa de Pós-

Graduação em Ciência Animal da Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de

Goiás.

Área de Concentração:

Cirurgia, Patologia Animal e Clínica Médica

Linha de pesquisa:

Clínica, diagnóstico por imagem e patologia clínica

na saúde de animais de compainha e selvagens.

Orientador:

Prof. Dr. Paulo Henrique J. da Cunha - EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof.ª Dr.ª Naida Cristina Borges - EVZ/UFG

Prof.ª Dr.ª Danieli Brolo Martins - EVZ/UFG

GOIÂNIA

2019

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AGRADECIMENTOS

Ao Divino Criador, pelo dom da vida, força e presença constantes e por ter guiado

meus passos à conclusão de mais um dos meus objetivos.

Ao meu esposo, Nivan Antônio Alves da Silva, por todo o apoio e cumplicidade ao

longo destes anos e dos muitos mais que virão.

Agradeço às mulheres da minha vida Josilene Henrique dos Santos e Ivone

Henrique dos Santos, mãe e vó, pela compreensão da distância que se fez necessária, por terem

me apoiado em todos os momentos.

Agradeço ao Professor Paulo Henrique Jorge da Cunha, pelos conhecimentos

compartilhados, oportunidades concedidas e pela orientação na realização desse trabalho.

Às professoras Naida Cristina Borges e Danieli Brolo Martins pela co-orientação

prestada, pelo incentivo, disponibilidade e apoio que sempre demonstraram, minha gratidão.

Agradeço também a todos aqueles que se dispuseram a ajudar na realização do

projeto, enquanto estagiários, em especial a Carlos Borges, Mariana Chaveiro, Sandes

Espindola, Lucas Guimarães e Rafaela Crato, muito obrigada!

Aos meus amigos Milenna Karoline Rodrigues, Lucas Cunha, Michel Felipe Soares

Souza, Raísa Brito Santos, Allyne Nayara de Sá e Pedro Augusto, agradeço sobretudo pelas

conversas, pelas cervejas e todos os momentos de descontração.

À todos, muito obrigada.

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“Todas as vitórias ocultam uma abdicação”

Simone de Beauvoir

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1. INTRODUÇÃO . .....................................................................................................................1

2. REVISÃO DE LITERATURA .............................................................................................. 3

2.1 Aspectos anatômicos do fígado bovino ................................................................................ 3

2.2 Ultrassonografia hepática em bovinos .................................................................................. 5

2.2.1 Técnica de exame e aspectos ultrassonográficos normais ................................................. 6

a) Exame geral ............................................................................................................................ 6

b) Avaliação de tamanho e posição do fígado e seus vasos ....................................................... 9

2.2.2 Caracterização ultrassonográfica nas enfermidades focais e difusas .............................. 12

a) Abscessos ............................................................................................................................. 13

b) Neoplasias ............................................................................................................................ 14

c) Cistos .................................................................................................................................... 15

d) Lipidose/esteatose ................................................................................................................ 16

e) Congestão ............................................................................................................................. 18

2.2.3 Alterações de ductos e vesícula biliar.............................................................................. 19

a) Colestase obstrutiva .............................................................................................................. 19

b) Calcificação de ductos biliares ............................................................................................. 21

JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS ........................................................................................... 23

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 24

CAPÍTULO 2 – ARTIGO ........................................................................................................ 29

ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS RAÇAS NELORE,

CURRALEIRO PÉ-DURO E PANTANEIRO ........................................................................ 29

RESUMO.................................................................................................................................. 30

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 31

MÉTODOS ............................................................................................................................... 32

Animais ..................................................................................................................................... 32

Exame ultrassonográfico .......................................................................................................... 32

Análise estatística ..................................................................................................................... 35

RESULTADOS ........................................................................................................................ 36

Ultrassonografia de parênquima e dimensões hepáticas .......................................................... 36

Veia cava caudal e Veia porta .................................................................................................. 39

Vesícula biliar ........................................................................................................................... 45

DISCUSSÃO ............................................................................................................................ 47

CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 50

LISTA DE ABREVIATURAS ................................................................................................. 50

DECLARAÇÕES ..................................................................................................................... 50

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 52

CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................ 55 ANEXOS .................................................................................................................................. 56

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LISTAS DE FIGURAS

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

FIGURA 1 – Proporções do fígado bovino em relação aos demais órgãos abdominais no

antímero direito. A - Esquema de fígado de bezerro com dois dias de vida; B -

Esquema de fígado de bovino adulto com aproximadamente dois anos: (1) Lobo

hepático direito; (2) Processo caudado do fígado; (3) Rim direito; (4) Abomaso;

(5) Jejuno; (6) Ceco; (7) Omaso; (8) Vesícula biliar .......................................... 3

FIGURA 2 – Face diafragmática e visceral do fígado bovino. A- Face diafragmática e eixo

longo (linha tracejada) do fígado com limite caudal à última costela e limite

cranial na altura da articulação costocondral do 6º espaço intercostal; B- Face

visceral do fígado bovino. (1) Borda dorsal do fígado; (2) Borda ventral do

fígado; (3) Lobo hepático direito; (4) Lobo hepático esquerdo; (5) Veia cava

caudal; (6) Vesícula biliar; (7) Artéria hepática; (8) Veia Porta; (9) Ducto

hepático; (10) Impressão retícular; (11) Impressão omásica; (12) Impressão

abomásica; (13) Impressão renal; (14) Impressão esofágica .............................. 4

FIGURA 3 – Sequência de escaneamento ultrassonográfico (em sentido caudocranial e

dorsoventral) e posicionamento do transdutor (paralelo às costelas) para

avaliação hepática de bovinos. A - Exame do 12º espaço intercostal; B - Exame

do 11º espaço intercostal; C - Exame do 10º espaço intercostal. Cd, caudal; Cr,

cranial .................................................................................................................. 6

FIGURA 4 – Ultrassonografias de achados fisiológicos no exame hepático em bovinos adultos.

A- Padrão ecogênico normal caracterizado por numerosos ecos homogêneos

finamente distribuídos (2), parede abdominal (1), veia cava caudal (3) e tronco

comum da veia esplênica e veia gástrica esquerda; B- Imagem obtida no 12º

espaço intercostal com visualização de porção do rim direito (3) em contraste

com o parênquima hepático (2); C- Imagem obtida no 10º espaço intercostal com

visualização do omaso (2) ventral ao fígado (3) e adjacente à veia porta (4). Ds,

dorsal; Vt, ventral ................................................................................................ 7

FIGURA 5 – Ultrassonografias de fígado, veia cava caudal e veia porta de bovinos. A-

Imagem de veia cava caudal (3) com aspecto triangular e veia porta (4), de

aspecto circular com borda ecogênica; e relação de posicionamento entre os dois

vasos. B- Imagem na região de ramificações estrelares (4); Parede abdominal

(1), fígado (2). Ds, dorsal; Vt, ventral ................................................................. 8

FIGURA 6 – Ultrassonografias de parênquima hepático e vesícula biliar em bovinos. A-

Vesícula biliar de animal de 100 dias de idade; B- Vesícula biliar de animal

adulto. (1) Parede abdominal; (2) parênquima hepático; (3) vesícula biliar. Ds,

dorsal; Vt, ventral ................................................................................................ 9

FIGURA 7 – Avaliação de tamanho e posição das estruturas hepáticas. A- Esquema de

mensurações ultrassonográficas do fígado de bovino (corte transversal, vista

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caudal): (1) Margem dorsal do fígado; (2) margem dorsal da veia cava caudal;

(3) profundidade da veia cava caudal; (4) diâmetro da veia cava caudal; (5)

margem dorsal da veia porta; (6) profundidade da veia porta; (7) diâmetro da

veia porta; (8) margem dorsal da vesícula biliar, (9) margem ventral do fígado;

(10) tamanho do fígado; (11) ângulo do fígado; B- Imagem demonstrando

posicionamento do transdutor e fita métrica para mensuração de estruturas

hepáticas ............................................................................................................ 10

FIGURA 8 – Abscessos hepáticos em bovinos. A e B- Imagens ultrassonográficas de

abscessos hepáticos em bovinos: (1) Parede abdominal, (2) fígado, (3) abscessos;

Ds, dorsal; Vt, ventral; C- Fotografia do fígado com abscesso, fixado em formol,

referente à imagem da figura B ......................................................................... 14

FIGURA 9 – Carcinoma hepatocelular em bovino. A- Ultrassonografia obtida no 10º espaço

intercostal que mostra estrutura em formato circular, ecogênica e heterogênea;

B- Representação esquemática da imagem A: (1) Parede abdominal, (2) fígado,

(3) neoplasia, (4) vasos; Ds, dorsal; Vt, ventral; C- Neoplasia medindo 24 cm x

12 cm x 10 cm, com superfície de corte esverdeada e de aspecto cístico no fígado

........................................................................................................................... 15

FIGURA 10 – Degeneração gordurosa difusa no fígado de uma vaca. A- Ultrassonografia do

fígado com aparência hiperecoica (2) próximo à parede abdominal (1) enquanto

áreas mais distantes à parede demonstram redução de ecogenicidade; Ds, dorsal;

Vt, ventral; B- Fotografia do fígado apresentando aspecto amarelado ao corte

........................................................................................................................... 17

FIGURA 11 – Degeneração gordurosa focal em bovino. A- Ultrassonografia obtida do 10º

espaço intercostal demonstrando área de intensa ecogenicidade (3) em

comparação com o parênquima hepático normal (2). Parede abdominal (1),

fígado (2), degeneração gordurosa hepática focal (3), veia porta (4); Ds, dorsal;

Vt, ventral; B- Fragmento de fígado coletado em necropsia demonstrando área

de degeneração gordurosa ................................................................................. 17

FIGURA 12 – Ultrassonografias de trombose de veia cava caudal em bovinos. A- Imagem

obtida no 12º espaço intercostal demonstrando a veia cava caudal dilatada e com

aspecto oval (3). B- Imagem obtida no 11º espaço intercostal demonstrando a

presença de trombo ecogênico (4) no lúmen da veia cava caudal (3). Parede

abdominal (1), fígado (2), Ds, dorsal; Vt, ventral ............................................. 18

FIGURA 13 – Ultrassonografias de compressão de veia cava caudal em bovino. A- Imagem

ultrassonográfica obtida no 11º espaço intercostal, demonstrando dilatação de

vasos hepáticos (3, 4 e 5). A veia cava caudal (4), que normalmente apresenta

aspecto triangular em projeção transversal está em formato circular: Parede

abdominal (1), fígado (2), veia hepática (3), veia cava caudal (4), veia hepática

direita (5). B- Imagem do fígado e vesícula biliar, obtida no 10º espaço

intercostal. A vesícula biliar (4) se apresenta deslocada da parede abdominal (1)

pela presença de líquido peritoneal anecoico (2) e parede espessada devido ao

edema; fígado (3); Ds, dorsal; Vt, ventral ......................................................... 19

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FIGURA 14 – Ultrassonografias de fígado apresentando ductos biliares dilatados em bovinos

com colestase: (1) Parede abdominal, (2) parênquima hepático, (3) ductos

biliares dilatados; Ds, dorsal; Vt, ventral .......................................................... 20

FIGURA 15 – Ruptura de vesícula biliar em bovino. A- Imagem ultrassonográfica e B-

esquema de ruptura de vesícula biliar: (1) parede abdominal, (2) parede de

vesícula biliar espessada com contorno irregular, (3) conteúdo da vesícula biliar;

Ds, dorsal; Vt, Ventral. C- Fotografia de coágulo encontrado no interior da

vesícula biliar (a parede da vesícula foi removida)........................................... 21

FIGURA 16 – Ultrassonografias do fígado com ductos biliares calcificados em bovinos com

fasciolose. O ducto biliar calcificado é observado como uma estrutura ecogênica

em formato de anel (3), com formação de sombra acústica (4). A- Imagem obtida

em transdutor linear; B- Imagem obtida com transdutor convexo. (1) Parede

abdominal (1); parênquima hepático (2); veia cava caudal (CVC); veia porta

(PV); veia hepática (HV); sombra acústica (AS); Ds, dorsal; Vt, ventral ........ 22

CAPÍTULO 2 – ARTIGO

FIGURA 1 – Metodologia de mensuração das margens dorsal e ventral do fígado em bovinos:

Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino

Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos são posicionados na região

central da imagem (linha pontilhada) correspondendo externamente ao ponto de

mensuração das distâncias de margem dorsal (DMD) (b) e margem ventral

(DMV) do fígado em relação à linha média do dorso do animal (d). Ds Dorsal, Vt

Ventral ................................................................................................................ 34

FIGURA 2 – Representação esquemática das mensurações das estruturas hepáticas e vesícula

biliar em bovinos: Mensuração da profundidade da Veia cava caudal (PVC) e

largura de Veia cava caudal (LVC) (a), sendo PVC determinada pela distância

entre a parede lateral do vaso e a linha hiperecogênica correspondente à interface

do peritônio parietal e visceral (linha preta, pontilhada com setas) e LVC

determinada pela distância entre as paredes do vaso em seu eixo longo (linha

branca, contínua, com setas); Mensuração da profundidade da Veia porta (PVP)

e largura de Veia porta (LVP) (b), sendo PVP determinada pela distância entre a

parede lateral do vaso e a linha hiperecogênica correspondente à interface do

peritônio parietal e visceral (linha preta, pontilhada com setas) e LVP

determinada pela distância das paredes do vaso em eixo lateromedial (linha

branca, contínua, com setas); Mensuração da largura da vesícula biliar (LVB) (c)

realizada em seu ponto de maior diâmetro, em sentido lateromedial (linha

contínua, branca, com setas); (1) Parede abdominal lateral; (2) parênquima

hepático; (3) omaso; (4) vesícula biliar. Ds Dorsal, Vt Ventral ......................... 35

FIGURA 3 – Ultrassonografias hepáticas no 12° EIC de bovino Nelore com 10 meses de idade.

(a) Margem ventral do fígado mostrando parênquima hepático (1), superfície

diafragmática hepática representada por linha ecogênica fina (seta branca) em

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contato com o peritônio e superfície visceral hepática, também representada como

uma linha ecogênica fina (seta preta), notar que a superfície visceral perde a

definição em contato com alças intestinais (2); (b) Porção dorsal do fígado

mostrando parênquima hepático hiperecoico (1) em relação ao rim direito (3) e

superfície visceral do fígado (seta preta) pouco definida na região de contato com

alças intestinais (2). Ds Dorsal, Vt Ventral ........................................................ 37

FIGURA 4 – Ultrassonografias da veia cava caudal e veia porta de bovinos Curraleiro com 10

meses de idade. (a) Ultrassonografia hepática no 10° EIC demonstrando o

parênquima hepático (1), veia cava caudal com aspecto triangular, sem definição

de parede vascular (2), posicionada medial e dorsal em relação à veia porta (3)

que possui formato circular e parede hiperecoica. (b) Ultrassonografia hepática

mostrando o aspecto semicircular da veia cava caudal (2) no 9° EIC, região de

contato do fígado (1) com o omaso (4). Ds Dorsal, Vt Ventral ......................... 39

FIGURA 5 – Ultrassonografias do tronco comum da veia esplênica e veia mesentérica esquerda

de bovinos Pantaneiro com 12 meses de idade. (a) Ultrassonografia hepática no

12° EIC demonstrando o parênquima hepático (1), veia cava caudal (2), tronco

comum da veia esplênica e veia mesentérica esquerda (3) posicionada ventral à

veia cava caudal e fora do parênquima hepático. (b) Ultrassonografia hepática no

12° EIC mostrando o trajeto do tronco comum da veia esplênica e veia

mesentérica esquerda (3) antes de adentrar a veia porta. A mesma imagem permite

a visualização de alças intestinais (4) e porção de rúmen (5). Ds Dorsal, Vt Ventral

............................................................................................................................ 40

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LISTAS DE TABELAS

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

TABELA 1 – Coeficientes de correlação para peso corporal, altura de cernelha, produção láctea

e mensurações do fígado determinadas por ultrassonografia no 11º espaço

intercostal em 186 bovinos ............................................................................... 11

TABELA 2 – Coeficientes de correlação entre estágio de prenhez e mensurações do fígado

determinadas por ultrassonografia em vacas .................................................... 12

CAPÍTULO 2 – ARTIGO

TABELA 1 – Média ± desvio padrão (mínimo e máximo) das mensurações (cm) de distância

de margem dorsal (DMD), distância de margem ventral (DMV) e extensão

visualizável do fígado (EV) em bezerros hígidos da raça Nelore (G1), Curraleiro

(G2) e Pantaneiro (G3), verificadas no 12°, 11° e 10° espaço intercostal (EIC)

........................................................................................................................... 38

TABELA 2 – Número absoluto e frequência (%) de observações ultrassonográficas da veia

cava caudal (VCC) e veia porta (VP) em bezerros hígidos das raças Nelore (G1),

Curraleiro (G2) e Pantaneiro (G3) de acordo com o espaço intercostal (EIC)....41

TABELA 3 – Média ± desvio padrão (valores mínimo e máximo) das mensurações

ultrassonográficas (cm) de profundidade de veia cava caudal (PVC) e largura de

veia cava caudal (LVC), em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro

(G2) e Pantaneiro (G3) nos diferentes espaços intercostais .............................. 43

TABELA 4 – Média ± desvio padrão (valores mínimo e máximo) das mensurações

ultrassonográficas (cm) de profundidade de veia porta (PVP) e largura de veia

porta, em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro (G2) e Pantaneiro

(G3) nos diferentes espaços intercostais ........................................................... 43

TABELA 5 – Número absoluto e frequência (%) de observações ultrassonográficas da vesícula

biliar (VB) em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro (G2) e

Pantaneiro (G3) de acordo com o espaço intercostal (EIC) .............................. 45

TABELA 6 – Média ± desvio padrão (valores mínimo e máximo) das mensurações

ultrassonográficas (cm) de largura de vesícula biliar (LVB) e de espessura de

parede da vesícula biliar (EPVB) em bezerros hígidos das raças Nelore (G1),

Curraleiro (G2) e Pantaneiro (G3), nos diferentes espaços intercostais ........... 46

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LISTAS DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AH - Artéria hepática

CEUA - Comissão de Ética no Uso de Animais

Cm - Centímetros

Db - Decibéis

DMD - Distância da margem dorsal

DMV - Distância da margem ventral

EIC - Espaço intercostal

EPVB - Espessura de parede da vesícula biliar

EV - Extensão visualizável

EVZ - Escola de Veterinária e Zootecnia

G1 - Grupo 1 (Nelore)

G2 - Grupo 2 (Curraleiro)

G3 - Grupo 3 (Pantaneiro)

Kg - Quilogramas

LVB - Largura da vesícula biliar

LVC - Largura de veia cava caudal

LVP - Largura de veia porta

MHz - Megahertz

PCM - Peso corporal médio

PVC - Profundidade de veia cava caudal

PVP - Profundidade de veia porta

UFG - Universidade Federal de Goiás

VB - Vesícula biliar

VCC - Veia cava caudal

VP - Veia porta

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RESUMO

O conhecimento das características ultrassonográficas fisiológicas do fígado fornece os

subsídios para o diagnóstico de enfermidades hepáticas atuando como exame complementar na

rotina clínica e na tomada de decisão terapêutica e prognóstica. Entretanto, apesar da

aplicabilidade do método e dos prejuízos causados por enfermidades hepáticas na produção

animal, o Brasil tem poucas pesquisas nessa área. Não se sabe, por exemplo, se os parâmetros

de referência na literatura podem ser extrapolados para os rebanhos brasileiros. O objetivo deste

estudo foi descrever os achados ultrassonográficos associados à posição e extensão visualizável

do fígado, características de sua vasculatura e vesícula biliar em bovinos hígidos das raças

Nelore, Curraleiro Pé-duro e Pantaneiro, com idade entre oito e 12 meses. Foram utilizados 21

bovinos machos, hígidos, das raças: Nelore (G1; n=8), Curraleiro Pé-duro (G2; n=7) e

Pantaneiro (G3; n=6). As ultrassonografias hepáticas foram realizadas em três momentos, com

intervalos de uma semana entre os exames. As imagens foram obtidas em Modo B. O exame

foi realizado com os animais contidos em posição quadrupedal, sem necessidade de sedação. O

escaneamento foi realizado em sentido dorsoventral e caudocranial, iniciando-se no 12° espaço

intercostal (EIC) e progredindo cranialmente até o 6° EIC direito. O exame ultrassonográfico

permitiu a visualização do fígado e suas estruturas com aspecto ultrassonográfico semelhante

nas três raças. As medidas externas de posicionamento (distância de margem dorsal - DMD e

distância de margem ventral - DMV) e a extensão visualizável (EV) foram similares e

demonstraram maior extensão visível do órgão no 11° EIC. A veia cava caudal (VCC) foi mais

frequentemente observada no 11° e 10° EIC embora tenha sido visualizada desde o 12° ao 9°

EIC no G1 e ainda no 8° EIC em G2. A profundidade de veia cava caudal (PVC) foi maior no

10° e 9° EIC do G2. A veia porta (VP), por sua vez, apresentou maiores frequências de

observações no 10° EIC. As medidas de profundidade de veia porta (PVP) e largura de veia

porta (LVP) foram maiores no G1 desde o 11° ao 10° EIC. A vesícula biliar (VB) teve maior

frequência de observações no 11° e 10° EIC e não apresentou qualquer diferença em relação a

largura (LVB) e espessura de parede (EPVB).

Palavras-chave: Diagnóstico por imagem, ruminantes, fígado, ultrassom.

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ABSTRACT

The knowledge of normal ultrasonographic characteristics of the liver provides the subsidies

for the diagnosis of hepatic diseases, acting as a complementary examination at clinical routine

and in the therapeutic and prognostic decisions. However, despite the applicability of the

method and the damages caused by hepatic diseases in animal production, Brazil has no

research in this area. It is not known, for example, if the reference values in the literature can

be used to Brazilian herds. The aim of this study was to describe the sonographic findings of

position and extent of the liver, characteristics of its vasculature and gallbladder in healthy cattle

of Nelore, Curraleiro Pé-duro and Pantaneiro breeds aged between eight and 12 months.

Twenty-one healthy male calves of the Nelore (G1; n = 8), Curraleiro (G2; n = 7) and Pantaneiro

(G3; n = 6) were used. Ultrasonographic examinations were performed at three times, at one-

week intervals between the exams. Images were obtained in Mode B. The examinations were

performed with the animals nonsedated and in the standing position. The scanning was

performed in dorsoventral and caudocranial direction, starting at the 12th intercostal space

(EIC) and progressing cranially until the 6th right EIC. Ultrasound examination allowed

visualization of the liver and its structures with a similar sonographic aspect in the three breeds.

The external positioning measurements (DMD and DMV) and visualizable extension (EV)

were similar and showed a bigger visible extension of the organ in the 11th EIC. The VCC was

more frequently observed in the 11th and 10th EICs although it was visualized from the 12th

to the 9th EIC in G1 and still in the 8th EIC in G2. PVC was higher in the 10th and 9th EIC of

G2. The VP, on the other hand, presented higher frequencies of observations in the 10th EIC.

The PVP and LVP measurements were higher in the G1 from the 11th to the 10th EIC. VB had

a higher frequency of observations in the 11th and 10th EICs and did not present any difference

in relation to the width (LVB) and wall thickness (VBV).

Key words: Diagnostic imaging, ruminants, liver, ultrasound.

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CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

1 INTRODUÇÃO

O fígado é o principal órgão metabólico do corpo, responsável por vários processos

de síntese e reestruturação, relacionados ao metabolismo proteico, lipídico, dos carboidratos e

vitaminas, formação e excreção de bile, assim como pela desintoxicação e excreção de

substâncias. O conhecimento do seu estado de saúde é de fundamental importância, uma vez

que danos hepáticos alteram o processo metabólico e, consequentemente, a capacidade de

produção do animal1.

As enfermidades hepáticas, como esteatose e abscessos, são relativamente comuns

em bovinos, contudo o reconhecimento clínico das hepatopatias representa certas dificuldades2,

visto que, normalmente bovinos não expressam sinais clínicos específicos1, além de boa parte

do fígado se encontrar encoberto pelo pulmão, tornando-o pouco acessível à inspeção e

palpação3. Outra dificuldade para o diagnóstico está relacionada às análises laboratoriais, pois

as provas bioquímicas, que permitem avaliar o estado funcional e morfológico do fígado, como

proteinograma, atividade enzimática da aspartato aminotransferase, gama-glutamiltransferase

e determinação das bilirrubinas4 não são conclusivas até que dois terços do órgão estejam

acometidos ou o fluxo biliar tenha sido comprometido, tornando difícil o diagnóstico

laboratorial dessas enfermidades1.

Em virtude desses fatos, o diagnóstico de enfermidades hepáticas por vezes só é

obtido durante laparotomias exploratórias ou após o abate dos animais5,6. Nesse contexto, o

exame ultrassonográfico do fígado de bovinos ganha destaque por ser uma técnica segura, não

invasiva e que fornece informações em tempo real sobre diversos aspectos do parênquima

hepático7.

A ultrassonografia fornece informações sobre o tamanho, posição e padrão de

ecogenicidade do parênquima hepático, tamanho e posicionamento da vesícula biliar (VB),

ductos biliares e vasos sanguíneos, com a possibilidade de aumentar o diagnóstico ante mortem

de enfermidades como abscessos, tumores, degeneração gordurosa e colestase obstrutiva5,7,8. O

exame permite ainda a realização de procedimentos guiados, como biopsias, centese, aspiração

de abscessos e coleta de amostras de bile7.

Devido à importância fisiológica do fígado e às vantagens do exame

ultrassonográfico para sua avaliação, o objetivo do presente estudo foi avaliar as características

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2

ultrassonográficas hepáticas de bovinos hígidos das raças Nelore, Curraleiro Pé-Duro e

Pantaneiro entre oito e doze meses de idade.

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3

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aspectos anatômicos do fígado bovino

O fígado é considerado a maior glândula do corpo e seu peso médio está relacionado

principalmente à espécie, ao peso corporal e idade do animal. Nos herbívoros o órgão representa

de um a 1,5% do peso corporal, o que nos bovinos adultos corresponde aproximadamente entre

4,5 a 5,5 kg. Em animais jovens, devido à sua contribuição hepática na função hematopoiética,

é relativamente maior quando comparado aos adultos9 (Figura 1).

FIGURA 1 - Proporções do fígado bovino em relação aos demais órgãos abdominais no

antímero direito. A - Esquema de fígado de bezerro com dois dias de vida; B -

Esquema de fígado de bovino adulto com aproximadamente dois anos: (1) Lobo

hepático direito; (2) Processo caudado do fígado; (3) Rim direito; (4) Abomaso;

(5) Jejuno; (6) Ceco; (7) Omaso; (8) Vesícula biliar.

Fonte: Adaptado de Popesko10

O fígado bovino consiste em quatro lobos, lobo hepático direito, lobo hepático

esquerdo, lobo quadrado e lobo caudado, com processo caudado e papilar. No entanto, essa

pode ser considerada uma divisão teórica, realizada a partir de pontos de referência anatômicos,

uma vez que o órgão não possui fissuras indicando a separação dos lobos como as verificadas

no cão e no gato3,9.

O órgão localiza-se no espaço denominado seção intratorácica da cavidade

abdominal, caudalmente ao diafragma, e se estende dorsalmente até a última costela9. Nos

ruminantes, em decorrência do desenvolvimento do rúmen, o fígado se encontra quase na sua

totalidade deslocado para a metade direita do abdome3,9, de forma que o lobo direito se

posiciona na região dorsal enquanto o lobo esquerdo na região ventral3 (Figura 2a).

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4

O eixo longo se inicia caudal à última costela e prossegue crânio-ventralmente até

a altura da articulação costocondral no 6° espaço intercostal (EIC) (Figura 2a). O fígado se

adapta ao formato dos órgãos adjacentes, apresentando uma superfície acentuadamente convexa

em contato com o diafragma (face diafragmática) e uma face côncava, voltada para os demais

órgãos (face visceral), sendo marcada pelas impressões causadas pelo esôfago, retículo, omaso,

abomaso e rim direito3,9. A face visceral possui ainda a porta hepática ou “porta do fígado”,

uma depressão por onde a veia porta (VP), ducto hepático comum e os vasos hepáticos penetram

ou deixam o órgão, estando intimamente relacionada à vesícula biliar (VB)9 (Figura 2b).

A bile produzida nos hepatócitos chega até a VB por meio dos ductos biliares.

Visivelmente é possível reconhecer os ductos biliares extra-hepáticos, que incluem o ducto

hepático comum, ducto colédoco (que transporta a bile até o duodeno) e o ducto cístico (que

alcança a VB). A VB é uma estrutura em formato de bolsa com função de armazenamento da

bile produzida pelos hepatócitos e liberar no duodeno quando necessário. Encontra-se fixada

ventralmente à região da porta hepática, parcialmente em contato com a face visceral do fígado,

mas em sua maior parte adjacente à parede abdominal, na porção ventral da 10ª ou 11ª

costelas3,9.

FIGURA 2 – Face diafragmática e visceral do fígado bovino. A- Face diafragmática e eixo

longo (linha tracejada) do fígado com limite caudal à última costela e limite

cranial na altura da articulação costocondral do 6º espaço intercostal; B- Face

visceral do fígado bovino. (1) Borda dorsal do fígado; (2) Borda ventral do

fígado; (3) Lobo hepático direito; (4) Lobo hepático esquerdo; (5) Veia cava

caudal; (6) Vesícula biliar; (7) Artéria hepática; (8) Veia Porta; (9) Ducto

hepático; (10) Impressão retícular; (11) Impressão omásica; (12) Impressão

abomásica; (13) Impressão renal; (14) Impressão esofágica.

Fonte: Adaptado de Popesko10

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5

A irrigação sanguínea do fígado é feita pela artéria hepática (AH) e pela VP. A AH

nutre o órgão, enquanto a VP recebe o sangue venoso oriundo do estômago, pâncreas, intestinos

e baço. O escoamento venoso do órgão se inicia com uma única veia localizada centralmente

em cada um dos lóbulos hepáticos, tais veias recebem o sangue da AH e VP após terem sido

misturados nos sinusoides hepáticos. Essas veias se fundem formando as veias sublobulares,

que por sua vez se unem para compor as veias hepáticas, as quais finalmente drenam para a

veia cava caudal (VCC)9.

2.2 Ultrassonografia hepática em bovinos

A descrição da aparência ultrassonográfica do fígado de bovinos clinicamente

sadios representa a base para o uso da ultrassonografia diagnóstica em bovinos com suspeita de

enfermidades hepáticas5. No entanto, embora o exame se mostre uma ferramenta útil para o

diagnóstico de doenças hepáticas em bovinos, estudos que descrevem as características

topográficas e texturais normais do órgão são poucos11. Inicialmente as pesquisas se

direcionaram para a descrição de alterações locais (abscessos) ou difusas no parênquima

hepático (esteatose)12,13, porém ainda sem valores de referência quanto aos padrões fisiológicos

ou informações detalhadas de metodologia para avaliação do órgão e suas estruturas5.

Em 1990 foi realizado o primeiro estudo com o objetivo de estabelecer o método e

valores de referência para avaliação hepática de bovinos por meio da ultrassonografia5. Foram

avaliadas 11 variáveis que caracterizaram tamanho e localização do órgão, suas estruturas

vasculares e VB em bovinos da raça Pardo-Suíço, entre 2,5 e quatro anos de idade. A técnica

passou a ser realizada nos estudos posteriores de ultrassonografia como ferramenta no

diagnóstico de hepatopatias.

Em 1994, um novo estudo utilizando metodologia proposta em 19905 foi conduzido

avaliando 186 vacas, pertencentes a três diferentes padrões raciais (Simental, Holandês e Pardo-

Suíço), prenhas e não prenhas, com idade entre 2,5 e 11,5 anos. Os resultados indicaram que

não existe influência racial ou de faixa etária sobre as variáveis analisadas14.

Características ultrassonográficas do fígado também foram avaliadas em bovinos

mestiços (cruzamento Jersey/Sindi)11. Os pesquisadores relataram que as dimensões do

parênquima hepático, VCC e VP foram inferiores em comparação com os estudos relatados5,14.

Adicionalmente foram realizadas pesquisas acompanhando bezerros recém-nascidos até os 104

dias de idade, com intuito de investigar como o processo de mudança de lactante para ruminante

pode influenciar os achados ultrassonográficos do fígado, vasos hepáticos e VB. Os resultados

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6

demonstraram não haver aumento mensurável do tamanho do fígado nos primeiros 60 dias de

vida, porém, a espessura do órgão aumenta até os 40 dias, estabilizando após este período15,16.

2.2.1 Técnica de exame e aspectos ultrassonográficos normais

Em qualquer exame ultrassonográfico transcutâneo a área a ser escaneada deve ter

os pelos removidos, uma vez que o ar preso entre os mesmos prejudica a propagação do feixe

de som e, consequentemente, interfere na qualidade da imagem. No caso da avaliação hepática

em bovinos, a área a ser tricotomizada corresponde ao espaço caudal a última costela até o 5º

EIC do antímero direito. Além disso, gel acústico deve ser aplicado entre a pele e o transdutor

de forma a melhorar o contato e transmissão do feixe sonoro17,18,19.

O exame é realizado com o animal contido em estação, sem necessidade de sedação.

O fígado deve ser avaliado no antímero direito com o transdutor posicionado em ângulo de 90°

nos EICs, paralelo às costelas. Podem ser utilizados transdutores lineares ou convexos com

frequência variando entre 3,5 e 5,0 MHz. O órgão deve ser escaneado no sentido caudocranial

e dorsoventral, iniciando-se na porção imediatamente caudal ao arco costal e encerrando no

quinto EIC5,7,14,15,16 (Figura 3). A primeira etapa do exame consiste em uma avaliação geral do

fígado e, sequencialmente, a mensuração de algumas de suas estruturas específicas7.

FIGURA 3 - Sequência de escaneamento ultrassonográfico (em sentido caudocranial e

dorsoventral) e posicionamento do transdutor (paralelo às costelas) para

avaliação hepática de bovinos. A - Exame do 12º espaço intercostal; B - Exame

do 11º espaço intercostal; C - Exame do 10º espaço intercostal. Cd, caudal; Cr,

cranial.

Fonte: Arquivo pessoal

a) Exame geral

O exame ultrassonográfico geral inclui avaliação do parênquima, posicionamento

do órgão na cavidade abdominal, suas superfícies (visceral e diafragmática), ângulo dos seus

bordos, visualização da VCC, veias hepáticas, VP e suas ramificações no parênquima. Inclui

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7

ainda identificação do tamanho e posicionamento da VB, com determinação de seu aspecto

ecogênico e quando possível, a visualização dos ductos biliares7,15.

Ultrassonograficamente, o fígado bovino apresenta o seu parênquima com padrão

ecogênico caracterizado por numerosos ecos homogêneos finos, distribuídos difusamente por

todo o órgão5,14,15 (Figura 4A). Nas porções dorsais da área de avaliação hepática, o fígado pode

ser visualizado a partir da margem ventral do pulmão direito, porém suas porções encobertas

pelo tecido pulmonar não podem ser visualizadas pela ultrassonografia devido à barreira

acústica formada pelo ar5,14,15.

Geralmente, na porção dorsal do 12º EIC, o rim direito pode ser visualizado no sítio

anatômico da impressão renal do fígado, ultrassonograficamente denominada como “janela

hepática”20 (Figura 4B). Ventralmente, adjacentes ao fígado no 11º e 12º EIC podem ser

visualizadas porções de intestino21, enquanto que o contorno do omaso é identificado como

uma espessa linha ecogênica entre o 8º e 10º EIC22 (Figura 4C). No 6º e 7º EIC, o fígado é

localizado adjacente ao retículo, o qual se apresenta como uma estrutura em formato de meia

lua apresentando contrações bifásicas regulares23.

FIGURA 4 - Ultrassonografias de achados fisiológicos no exame hepático em bovinos adultos.

A- Padrão ecogênico normal caracterizado por numerosos ecos homogêneos

finamente distribuídos (2), parede abdominal (1), veia cava caudal (3) e tronco

comum da veia esplênica e veia gástrica esquerda; B- Imagem obtida no 12º

espaço intercostal com visualização de porção do rim direito (3) em contraste com

o parênquima hepático (2); C- Imagem obtida no 10º espaço intercostal com

visualização do omaso (2) ventral ao fígado (3) e adjacente a veia porta (4). Dorsal

(Ds), ventral (Vt).

Fonte: A- Adaptado de Braun7; B- Arquivo pessoal; C- Adaptado de Braun e

Blessing22

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8

A VP e vasos hepáticos são visualizados apresentando lúmen anecoico. A VCC é

sempre situada mais dorsal e medialmente que a VP, sendo geralmente visualizada no 11º e 12º

EIC. Em raras situações pode ser identificada no 10º EIC e nunca nos espaços mais craniais,

devido à sobreposição do pulmão. A VCC tem aspecto triangular em animais adultos em virtude

do posicionamento do vaso no sulco da veia cava no fígado (Figura 5), sendo o aspecto oval ou

circular sempre considerado como anormal, indicando congestão do vaso24,25. Nos bezerros o

aspecto arredondado pode ser observado sem que indique processo patológico. Presume-se que

a VCC é inicialmente circular nos bezerros e vá mudando para triangular devido à pressão dos

órgãos abdominais quando estão completamente desenvolvidos15.

As veias hepáticas são visualizadas no fígado unindo-se à VCC5. Ainda podem ser

observados o tronco comum da veia gástrica esquerda e veia esplênica ou estes vasos

individualmente antes de se unirem medialmente à VCC, fora do parênquima hepático7. A VP

é sempre situada ventral e lateralmente à VCC, geralmente visível do 12º ao 8º EIC. Apresenta

aspecto circular ao corte transversal e tem as ramificações com formato estrelar, que adentram

o parênquima. Diferentemente das veias hepáticas, a parede dos vasos portais caracteriza-se por

uma borda ecogênica que facilita sua diferenciação, entretanto, esta característica é visível

apenas na região das ramificações estreladas da VP7 (Figura 5).

FIGURA 5 - Ultrassonografias de fígado, veia cava caudal e veia porta de bovinos. A- Imagem

de veia cava caudal (3) com seu aspecto triangular e veia porta (4), de aspecto

circular com borda ecogênica; e relação de posicionamento entre os dois vasos. B-

Imagem na região de ramificações estrelares (4); Parede abdominal (1), fígado (2).

Dorsal (Ds), ventral (Vt).

Fonte: A- Adaptado de Streeter e Step19; B- Arquivo pessoal

Já a VB está localizada na face visceral do fígado entre o 9º e 11º EICs e geralmente

é identificada em apenas um EIC, esporadicamente em dois e raramente em três. A aparência

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9

fisiológica é de uma estrutura cística em formato de “pera”, variando em tamanho e facilmente

reconhecível pelo seu conteúdo de aspecto anecoico circundado por fina borda hiperecoica

(Figura 6). O tamanho pode variar muito em virtude do reflexo de esvaziamento em resposta à

alimentação ou ruminação, dessa forma pode se estender além da borda ventral hepática ficando

em contato direto com a parede abdominal7,15.

FIGURA 6 - Ultrassonografias de parênquima hepático e vesícula biliar em bovinos. A-

Vesícula biliar de animal de 100 dias de idade; B- Vesícula biliar de animal

adulto. (1) Parede abdominal; (2) parênquima hepático; (3) vesícula biliar. Ds,

dorsal; Vt, ventral.

Fonte: A- Adaptado de Braun e Kruger15; B- Adaptado de Braun7

Os ductos biliares intra-hepáticos não são visualizados ultrassonograficamente em

animais hígidos, sendo visíveis apenas quando calcificados ou em situações de estase biliar.

Dentre os ductos extra-hepáticos, o ducto cístico pode ser visualizado seguindo o colo da VB

e, no mesmo trajeto, apenas usualmente se visualiza o ducto hepático comum, enquanto o ducto

colédoco não é normalmente visualizado7. Em animais com enfermidades que envolvem os

ductos biliares, o exame ultrassonográfico é importante, pois complementa os resultados do

exame clínico e bioquímico sérico e, em muitos casos é capaz de, por si só, promover o

diagnóstico definitivo8,26,27.

b) Avaliação do tamanho e posição do fígado e seus vasos

Após uma avaliação ultrassonográfica geral do fígado, alguns de seus parâmetros

podem ser determinados por meio de mensuração de estruturas em cada espaço intercostal.

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10

Entre esses parâmetros podem ser destacados a determinação das margens ventral e dorsal do

fígado (que permitem a estimativa do tamanho do órgão), o diâmetro da VCC e VP, assim como

a espessura hepática sobre estes vasos (profundidade)5.

No caso das determinações do posicionamento das margens ventral e dorsal do

fígado, margem dorsal da VCC, VP e VB, estas são realizadas em relação à linha média do

dorso do animal utilizando uma fita métrica5. Neste caso o transdutor é posicionado de maneira

a se identificar a estrutura de interesse e seu limite é demarcado externamente na pele do animal.

Assim, determina-se a medida do ponto demarcado até a linha média do dorso do animal (Figura

7).

FIGURA 7 – Avaliação de tamanho e posição das estruturas hepáticas. A- Esquema de

mensurações ultrassonográficas do fígado de bovino (corte transversal, vista

caudal): (1) Margem dorsal do fígado; (2) margem dorsal da veia cava caudal;

(3) profundidade da veia cava caudal; (4) diâmetro da veia cava caudal; (5)

margem dorsal da veia porta; (6) profundidade da veia porta; (7) diâmetro da

veia porta; (8) margem dorsal da vesícula biliar, (9) margem ventral do fígado;

(10) tamanho do fígado; (11) ângulo do fígado; B- Imagem demonstrando

posicionamento do transdutor e fita métrica para mensuração de estruturas

hepáticas.

Fonte: A- Adaptado de Braun5; B- Arquivo pessoal

O tamanho do fígado em dado EIC é aferido pela subtração da distância entre a

margem dorsal e a linha média do dorso do animal e a distância entre a margem ventral do

fígado e a linha média do dorso5. Dessa maneira, se, por exemplo, a mensuração realizada no

11º EIC revela margem dorsal de 11 cm e margem ventral de 32 cm com relação à linha média

do dorso, estima-se que o órgão apresenta aproximadamente 21 cm no 11º EIC.

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11

Das medições propostas para avaliação hepática, realizadas por meio do exame

ultrassonográfico, as mais importantes para determinação do aumento do órgão são a

profundidade da VCC e da VP, uma vez que essas mensurações estão fortemente

correlacionadas com o peso do fígado14. Além disso, recomenda-se que as avaliações sejam

realizadas, preferencialmente, no 11º EIC, uma vez que este apresenta menor coeficiente de

variação quando comparado aos demais5. O peso do fígado (y) em quilos pode ser estimado

usando a seguinte fórmula: y= -3,97 + 1.036 x espessura do fígado (cm), mensurado no 11º EIC

(r=0,76; P<0,01)7.

A profundidade da VCC e VP corresponde à distância de cada um destes vasos até

a superfície diafragmática. Tanto a profundidade, quanto seus respectivos diâmetros podem ser

obtidos por meio da mensuração eletrônica do próprio equipamento de ultrassom. Para esta

finalidade, as imagens devem ser congeladas e mensuradas com auxílio dos cursores do

equipamento, no momento da máxima inspiração do animal5,14,15.

Os resultados dos estudos que avaliaram as características fisiológicas em

bovinos5,11,14,15, apesar de poucos, indicam que existem correlações significativas entre peso

corporal, altura de cernelha e produção láctea com algumas das variáveis determinadas

ultrassonograficamente, como por exemplo, correlação entre peso corporal e tamanho do fígado

(Tabela 1).

TABELA 1 - Coeficientes de correlação para peso corporal, altura de cernelha, produção láctea

e mensurações do fígado determinadas por ultrassonografia no 11º espaço

intercostal em 186 bovinos*

Variável Peso

corporal

Altura de

cernelha

Produção

láctea

Fígado

Margem dorsal 0,06 0,20** 0,16*

Margem ventral 0,24** 0,17* 0,25**

Tamanho 0,22** 0,03 0,16*

Profundidade da veia cava caudal 0,22** 0,04 0,08

Profundidade da veia porta 0,35** -0,01 0,18*

Ângulo -0,07 -0,12 0,04

Veia cava caudal

Margem dorsal 0,17* 0,30** 0,21**

Diâmetro 0,00 0,19* 0,18*

Veia porta

Margem dorsal 0,35** 0,27** 0,24**

Diâmetro 0,11 0,13 0,08 *A veia cava caudal foi visualizada no 11º espaço intercostal em apenas 176 bovinos.

* P<0,05; ** P<0,01. Fonte: Adaptado de Braun e Gerber14

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12

Houve ainda correlação significativa entre o estágio de prenhez e o diâmetro de

VCC (correlação positiva) e diâmetro da VP (correlação negativa), esperando-se que, com o

avançar da prenhez o diâmetro da VCC aumente enquanto da VP diminua. O aumento no

diâmetro da VCC pode ser atribuído ao incremento do fluxo sanguíneo das veias uterinas para

a VCC com o avançar da prenhez. O menor diâmetro da VP poderia estar relacionado ao menor

fluxo sanguíneo vindo do mesentério14 (Tabela 2).

TABELA 2 - Coeficientes de correlação entre estágio de prenhez e mensurações do fígado

determinadas por ultrassonografia em vacas*

Variável Estágio da prenhez

12 EIC 11 EIC 10 EIC

Fígado

Margem dorsal 0,13 0,04 0,00

Margem ventral 0,22 0,14 0,45*

Tamanho 0,26 0,07 0,28

Profundidade da veia cava caudal -0,04 -0,49* ND

Profundidade da veia porta 0,43* 0,10 0,07

Ângulo -0,39 0,14 0,42*

Veia cava caudal

Margem dorsal 0,10 -0,02 ND

Diâmetro 0,40* 0,56** ND

Veia porta

Margem dorsal 0,07 0,16 -0,15

Diâmetro 0,40* -0,41* -0,23 *Cada vaca foi examinada oito vezes. Cada valor representa o resultado de 24 exames

ultrassonográficos. * P<0,05; ** P<0,01; ND= Não determinado.

Fonte: Adaptado de Braun e Gerber14

2.2.2 Caracterização ultrassonográfica das enfermidades hepáticas focais e difusas

Ultrassonograficamente as lesões hepáticas em bovinos podem ser divididas em

focais e difusas. Geralmente ambas apresentam sintomatologia clínica inespecífica, sendo essa

divisão relacionada à forma de apresentação das imagens7. As enfermidades focais são

caracterizadas pela identificação de lesões circunscritas com diferentes ecogenicidades e

tamanhos. Entre essas se destacam os abscessos, seguidos em menor escala de neoplasias e

cistos. A apresentação difusa das doenças hepáticas, comumente está relacionada ao

comprometimento de todo o órgão de forma uniforme. Os achados de imagem não são

específicos e estão relacionados a mudanças de ecogenicidade, aumento no tamanho e peso do

órgão, como pode ser observado na esteatose, congestão e cirrose hepática8.

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13

a) Abscessos

Nos bovinos os abscessos hepáticos representam impacto econômico significativo,

podendo causar redução em até 11% no ganho de peso diário, diminuição de 5,85% a 12,7% na

taxa de crescimento e de 9,7% na eficiência alimentar28. O fígado é especialmente susceptível

aos abscessos porque recebe sangue arterial e venoso de diversos vasos, incluindo AH, VP e

veia umbilical no feto29. Os abscessos são comumente diagnosticados e encontrados apenas no

exame post-mortem durante o abate ou necropsia de bovinos, principalmente devido à

dificuldade em identificar esta enfermidade por meio do exame clínico e laboratorial30. Neste

sentido, a ultrassonografia pode ser uma técnica eficiente para monitorar a fase inicial e

progressão de abscessos de ocorrência natural e induzidos experimentalmente8.

O aspecto ultrassonográfico de abscessos hepáticos foi descrito em bovinos

confinados12,31-34, vacas leiteitas35,36 e em touros reprodutores37. A sua evolução e a aparência

foram registradas por meio de ultrassonografias regulares, o que demonstrou aspectos variáveis

durante o curso da enfermidade12,32,35.

Os abscessos hepáticos resultam em mudanças estruturais circunscritas no

parênquima do órgão e podem apresentar diâmetro variável (três a 20 cm). Seu conteúdo pode

variar do anecoico ao hiperecoico, homogêneo ou heterogêneo e estar ou não delimitado por

uma cápsula hiperecoica (Figura 8). Geralmente, um abscesso em estágio inicial se apresenta

como estrutura heterogênea, com únicos ou múltiplos focos hiperecogênicos e sem evidência

de cápsula. O conteúdo homogêneo, com formação de cápsula e tamanho substancial, indica

que o abscesso é mais consolidado. Essa estrutura pode ainda estar dividida por septos em várias

camadas, o que indica destruição parcial do parênquima do fígado35.

Devido à variedade nas formas de apresentação, muitas vezes o diagnóstico dos

abscessos hepáticos não pode se basear exclusivamente na aparência ultrassonográfica, sendo

incluídas as neoplasias e os cistos como diagnóstico diferencial de lesões circunscritas no

fígado. Nessas situações, a centese guiada por ultrassom pode ser de grande utilidade na

confirmação do diagnóstico7,35.

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FIGURA 8 - Abscessos hepáticos em bovinos. A e B- Imagens ultrassonográficas de abscessos

hepáticos em bovinos: (1) Parede abdominal, (2) fígado, (3) abscessos; Ds, dorsal;

Vt, ventral; C- Fotografia do fígado com abscesso, fixado em formol, referente à

imagem da figura B.

Fonte: Adaptado de Braun7

b) Neoplasias

A ocorrência de neoplasias hepáticas em bovinos é rara, principalmente tumores de

origem primária no órgão38. A grande maioria são formações metastáticas com origem no trato

gastrintestinal (que alcançam o fígado pela VP) ou nos pulmões (via AH)8. As neoplasias

primárias incluem adenomas e carcinomas hepatocelulares e colangiocelulares39. Neoplasias

hepatocelulares normalmente são únicas e podem estar cercadas por metástases intra-hepáticas.

Já as colangiocelulares geralmente são multifocais ou difusas40. Ocasionalmente podem ocorrer

metástases no peritônio, VP, baço e abomaso, resultando em hipertensão portal7.

Em bovinos, estão descritos exames ultrassonográficos de carcinoma de ductos

biliares, adenocarcinoma e adenoma hepatocelular41. Essas neoplasias se caracterizam como

estruturas circunscritas únicas ou múltiplas, de ecogenicidade homogênea ou heterogênea, que

fundamentalmente refletem mudanças na ecogenicidade do parênquima hepático, no contorno

da superfície do órgão e no deslocamento dos vasos e canais biliares7,8 (Figura 9).

Algumas lesões metastáticas são isoecoicas ao parênquima hepático, mas são

reconhecíveis ao formar protuberâncias no contorno do órgão, no entanto, a maioria delas

apresenta padrão ecogênico distinto, porém muito variável, a depender do grau de

vascularização e taxa de crescimento7,8. Metástases de crescimento rápido são

predominantemente compostas por células tumorais e na ultrassonografia apresentam-se

hipoecogênicas, enquanto metástases de crescimento lento geralmente contém tecido vascular

e conjuntivo, possuindo aspecto mais ecogênico41.

A B C

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FIGURA 9 – Carcinoma hepatocelular em bovino. A- Ultrassonografia obtida no 10º espaço

intercostal que mostra neoplasia em formato circular, ecogênica e heterogênea;

B- Representação esquemática da imagem A: (1) Parede abdominal, (2) fígado,

(3) neoplasia, (4) vasos; Ds, dorsal; Vt, ventral; C- Neoplasia medindo 24 cm x

12 cm x 10 cm, com superfície de corte esverdeada e de aspecto cístico no fígado.

Fonte: Adaptado de Braun et al.41

c) Cistos

Cistos hepáticos podem ser congênitos ou parasitários (cistos hidáticos). A

ocorrência de cistos congênitos é, usualmente, um achado incidental que pode ser observado

em qualquer espécie doméstica e em animais de qualquer idade sem que normalmente cause

qualquer prejuízo à saúde animal40. Da mesma forma, a repercussão da presença de cistos

hidáticos na saúde dos bovinos é pouca ou nula, a não ser que o mesmo se instale em porção

vital do órgão, o que é muito raro40,42.

No entanto, a condenação do fígado parasitado em abatedouros pode representar

significativas perdas econômicas, especialmente em países com baixa produção econômica43,44,

havendo a necessidade de um método de diagnóstico ante mortem eficiente para detecção das

lesões. A ultrassonografia se mostrou como a ferramenta de diagnóstico por imagem mais

eficiente para detecção dos cistos hidáticos em bovinos45.

O aspecto ultrassonográfico dos cistos se caracterizou por estruturas cavitárias

arredondadas, únicas ou multiplas, encapsuladas, de tamanho variável (entre 6,7 e 14 cm), com

conteúdo anaecóico a hiperecóico45-47. O interior de alguns cistos pode conter materiais

particulados ecogênicos ou septações. Outras alterações visualizadas incluem aumento de

tamanho do fígado, e congestão47.

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d) Lipidose/esteatose hepática

A esteatose hepática é uma síndrome associada com a mobilização excessiva de

gordura para o fígado, considerada como um processo difuso que envolve todo o órgão8. É

observada principalmente em vacas leiteiras no período pós-parto2 causando imunossupressão,

redução na produtividade, fertilidade dos animais e em casos mais graves o óbito48.

O teste padrão-ouro para o diagnóstico desta enfermidade é a dosagem de

triglicerídeos de amostras obtidas por meio de biópsia hepática49. No entanto, por se tratar de

um método invasivo e com risco de complicações, muitas vezes sua execução não é viável em

situações a campo, principalmente em vacas submetidas ao balanço energético negativo do

período de transição48,50. Neste contexto, a ultrassonografia, destaca-se na rotina clínica como

método alternativo prático, não invasivo e com correlação positiva na detecção de esteatose

hepática em bovinos7,51.

Os principais achados ultrassonográficos em bovinos com esteatose hepática se

relacionam ao aumento do tamanho do órgão e da ecogenicidade do parênquima próximo à

parede abdominal associado à atenuação dos ecos ultrassonográficos nas porções mais

profundas, com dificuldade ou até mesmo a não visualização dos vasos hepáticos8. Essa

característica se deve à menor impedância acústica da gordura em relação ao parênquima

fisiológico52, o que resulta em tons mais claros na região próxima à parede abdominal enquanto

as áreas mais distantes apresentam redução da ecogenicidade ou não formam imagem7 (Figura

10).

Nos estágios avançados da enfermidade o fígado apresenta aspecto bastante

ecogênico, sendo difícil diferenciá-lo dos tecidos adjacentes52,53. Nessas situações o contraste

entre o parênquima e os vasos também diminui, de forma que, na maioria dos casos, apenas os

grandes vasos são observados. Isto ocorre devido à compressão do tecido hepático aumentado

sobre os vasos de menor calibre e à dispersão dos ecos do ultrassom das áreas hiperecoicas que

se projetam para o interior desses vasos8,54,55.

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FIGURA 10 - Degeneração gordurosa difusa no fígado de uma vaca. A- Ultrassonografia do

fígado com aparência hiperecoica (2) próximo à parede abdominal (1) enquanto

áreas mais distantes à parede demonstram redução de ecogenicidade; Ds, dorsal;

Vt, ventral; B- Fotografia do fígado apresentando aspecto amarelado ao corte.

Fonte: Adaptado de Braun7

Em raros casos, a esteatose pode se manifestar de forma focal, provavelmente em

decorrência de algum distúrbio regional do fluxo sanguíneo portal intra-hepático56-59. Nestes

casos, áreas multifocais de deposição de gordura podem ser visualizadas como áreas de intensa

ecogenicidade, em contraste com o restante do parênquima8,60 (Figura 11).

FIGURA 11 – Degeneração gordurosa focal em bovino. A- Ultrassonografia obtida do 10º

espaço intercostal demonstrando área de intensa ecogenicidade (3) em

comparação com o parênquima hepático normal (2). Parede abdominal (1),

fígado (2), degeneração gordurosa hepática focal (3), veia porta (4); Ds, dorsal;

Vt, ventral; B- Fragmento de fígado coletado em necropsia demonstrando área

de degeneração gordurosa.

Fonte: Adaptado de Braun7

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e) Congestão hepática

A congestão passiva do fígado pode ocorrer em qualquer espécie como

consequência principalmente de disfunção circulatória. Especificamente em bovinos, as

principais causas podem incluir a insuficiência cardíaca direita, doença pericárdica, trombose

de VCC e compressão da VCC por abscessos ou neoplasias40.

Na fase aguda da congestão hepática, o órgão se torna aumentado de volume e

apresenta menor ecogenicidade em decorrência do aumento de conteúdo fluido no órgão. Já na

congestão crônica, a aparência ultrassonográfica se altera em virtude do aumento de tecido

conjuntivo no fígado, observando-se um parenquima heterogêneo e hiperecogênico com fortes

ecos individuais, similar aos achados da cirrose hepática7.

A congestão circulatória sistêmica ainda resulta na dilatação da VCC, a qual perde

seu aspecto triangular e assume aspecto oval na projeção transversal25,61,62. Nos casos de

congestão decorrente de trombose de VCC, o trombo é raramente visualizado como uma

estrutura ecogênica no lúmen vascular, pois geralmente está situado mais cranialmente, na

região obscurecida pelo pulmão60,63 (Figura 12).

FIGURA 12 - Ultrassonografias de trombose de veia cava caudal em bovinos. A- Imagem

obtida no 12º espaço intercostal demonstrando a veia cava caudal dilatada e com

aspecto oval (3). B- Imagem obtida no 11º espaço intercostal demonstrando a

presença de trombo ecogênico (4) no lúmen da veia cava caudal (3). Parede

abdominal (1), fígado (2), Ds, dorsal; Vt, ventral.

Fonte: A- Adaptado de Braun25; B- Adaptado de Braun et al.63

Congestão da VCC ainda resulta em marcada dilatação das veias hepáticas,

especialmente da veia hepática direita25 e, ocasionalmente pode ser acompanhada de ascite e

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edema da parede de VB, as quais podem também ser diagnosticadas ultrassonograficamente7

(Figura 13). A VCC pode também apresentar estreitamento de seu lúmen, geralmente devido à

compressão exercida pelo rúmen muito distendido ou, ainda, devido à significativa diminuição

do fluxo sanguíneo venoso do fígado em decorrência de cirrose hepática grave. Neste caso, a

VP está dilatada devido à congestão64.

FIGURA 13 - Ultrassonografias de compressão de veia cava caudal em bovino. A- Imagem

ultrassonográfica obtida no 11º espaço intercostal, demonstrando dilatação de

vasos hepáticos (3, 4 e 5). A veia cava caudal (4), que normalmente apresenta

aspecto triangular em projeção transversal está em formato circular: Parede

abdominal (1), fígado (2), veia hepática (3), veia cava caudal (4), veia hepática

direita (5). B- Imagem do fígado e vesícula biliar, obtida no 10º espaço

intercostal. A vesícula biliar (4) se apresenta deslocada da parede abdominal (1)

pela presença de líquido peritoneal anecoico (2) e parede espessada devido ao

edema; fígado (3); Ds, dorsal; Vt, ventral.

Fonte: Adaptado de Braun et al.61

A VP também pode se apresentar dilatada em casos de hipertensão portal pós-

hepática por insuficiência cardíaca direita, trombose ou compressão de VCC, trombose de VP,

hipertensão portal em decorrência de cirrose hepática, neoplasias e abscessos. Nestes casos, o

lúmen da VP é aumentado e geralmente há dilatação das ramificações estrelares7,8.

2.2.3 Alterações de ductos e vesícula biliar

a) Colestase obstrutiva

O termo colestase obstrutiva está relacionado ao impedimento mecânico do fluxo

biliar. Nos bovinos as causas mais comuns são a fasciolose e o acúmulo de produtos

inflamatórios e fibrinosos resultantes de colangite. Outra causa menos observada são os

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cálculos biliares e, em raros casos, o fluxo de bile pode estar comprometido pela compressão

dos maiores ductos por neoplasias e abscessos27,65,66.

A colestase obstrutiva normalmente pode ser diagnosticada por meio da observação

ultrassonográfica dos ductos biliares dilatados7 (Figura 14). As imagens desses ductos, intra ou

extra-hepáticos, pode revelar a localização da obstrução e a presença de outras alterações, como

abscessos hepáticos. Uma obstrução proximal, localizada na área do hilo, pode ser diferenciada

de uma obstrução distal, na região de papila duodenal. Nas obstruções proximais, apenas ductos

biliares intra-hepáticos estão dilatados, enquanto na distal, ocorre dilatação do ducto hepático

comum e da VB, que também pode estar associada à dilatação de ductos biliares intra-

hepáticos26,27.

FIGURA 14 - Ultrassonografias de fígado apresentando ductos biliares dilatados em bovinos

com colestase: (1) Parede abdominal, (2) parênquima hepático, (3) ductos

biliares dilatados; Ds, dorsal; Vt, ventral.

Fonte: Adaptado de Braun7

Na VB, as alterações ultrassonográficas observadas nos casos de colestase

obstrutiva estão relacionadas às dilatações, alterações no conteúdo e ecogenicidade da bile e no

espessamento da parede da VB7. Nessas situações, geralmente a bile apresenta aumento de

ecogenicidade, de forma homogênea ou heterogênea, está última com sedimento ecogênico e

sobrenadante hipoecogênico7,8. Em casos de colestase obstrutiva pode haver ainda ruptura da

VB com subsequente peritonite ou hemorragia intra-abdominal, onde se verifica espessamento

da VB e irregularidade do seu contorno67 (Figura 15).

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FIGURA 15 – Ruptura de vesícula biliar em bovino. A- Imagem ultrassonográfica e B-

esquema de ruptura de vesícula biliar: (1) parede abdominal, (2) parede de

vesícula biliar espessada com contorno irregular, (3) conteúdo da vesícula

biliar; Ds, dorsal; Vt, Ventral. C- Fotografia de coágulo encontrado no

interior da vesícula biliar (a parede da vesícula foi removida).

Fonte: Adaptado de Braun et al.67

A presença isolada de dilatação de VB, não pode ser considerada indicativa de

colestase, uma vez que, em muitas vacas anoréxicas não há o estimulo para o reflexo de

esvaziamento da estrutura, ocorrendo aumento do volume, porém, sem qualquer impedimento

do fluxo de bile. Da mesma forma, conteúdo anormal da VB, sem a presença de espessamento

da parede também pode ser observado em vacas anoréxicas, com outras enfermidades não

específicas do fígado. O espessamento da parede da VB sem outros sinais de colestase sugere

edema, o qual pode estar relacionado à pacientes com insuficiência cardíaca direita, trombose

de VCC e hipoproteinemia7. Nos casos suspeitos de colestase é indicada a realização de

colecistocentese guiada com intuito de confirmação de diagnóstico7,8.

b) Calcificação de ductos biliares

Nos bovinos a principal causa de calcificação de ductos biliares é a fasciolose

crônica. Na ultrassonografia os ductos calcificados resultam em discretas alterações

sonográficas no parênquima que se apresentam intensamente hiperecogênicos e acompanhados

por uma sombra acústica distal (Figura 16). Nos planos de projeção transversal, os ductos

biliares calcificados possuem aparência de anel, com contorno hiperecoico, enquanto no plano

longitudinal se apresentam como estruturas tubulares hiperecogênicas7,8.

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FIGURA 16 – Ultrassonografias do fígado com ductos biliares calcificados em bovinos com

fasciolose. O ducto biliar calcificado é observado como uma estrutura ecogênica

em formato de anel (3), com formação de sombra acústica (4). A- Imagem

obtida em transdutor linear; B- Imagem obtida com transdutor convexo. (1)

Parede abdominal (1); parênquima hepático (2); veia cava caudal (CVC); veia

porta (PV); veia hepática (HV); sombra acústica (AS); Ds, dorsal; Vt, ventral.

Fonte: A- Adaptado de Braun7; B- Adaptado de Tharwat51

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JUSTIFICATIVA E OBJETIVOS

O diagnóstico das hepatopatias em bovinos constitui um desafio para os clínicos

veterinários. Os sinais clínicos de comprometimento hepático, quando presentes, são em geral

inespecíficos e os resultados dos testes laboratoriais podem ser inconclusivos até que o órgão

esteja severamente lesado. Estes fatores tornam necessário o uso de exames complementares

que possam auxiliar no esclarecimento do problema estabelecido e firmar diagnósticos

diferenciais. Neste sentido, a ultrassonografia hepática é um exame capaz de fornecer, de forma

não invasiva, informações detalhadas sobre posição, tamanho e padrão ultrassonográfico do

parênquima hepático, vasos sanguíneos e sistema biliar.

A ultrassonografia hepática é relativamente bem estudada em bovinos. O exame é

realizado com o animal em posição quadrupedal, sem necessidade de sedação e não oferece

risco de exposição à radiação ionizante para o animal ou para o operador, no entanto, exige

conhecimento técnico, anatômico e experiência do ultrassonografista para avaliação das

imagens.

O conhecimento das características ultrassonográficas fisiológicas do fígado

fornece os subsídios para o diagnóstico de enfermidades hepáticas. Entretanto, apesar da

aplicabilidade do método e dos prejuízos causados por enfermidades hepáticas na produção

animal, o Brasil, que ocupa lugar de destaque no cenário mundial da bovinocultura, possui

poucas pesquisas nesta área. Não se sabe, por exemplo, se os parâmetros de referência na

literatura podem ser extrapolados para os rebanhos brasileiros.

O conhecimento da técnica e dos padrões ultrassonográficos normais de bovinos é

fundamental para estimular as pesquisas na área e o uso dessa ferramenta de diagnóstico em

situações à campo. Justifica-se, portanto, a necessidade de estudos para o estabelecimento de

padrões ultrassonográficos hepáticos em raças de exploração comercial no Brasil. Desta forma,

o objetivo do presente estudo foi avaliar as características ultrassonográficas hepáticas de

bovinos hígidos das raças Nelore, Curraleiro Pé-Duro e Pantaneiro entre oito e doze meses de

idade.

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29

CAPÍTULO 2 – TÍTULO

O manuscrito será enviado ao periódico BMC Veterinary Research (Anexo A)

Ultrassonografia hepática de bovinos hígidos das raças Nelore, Curraleiro Pé-Duro e 1

Pantaneiro 2

3

Valesca Henrique Lima, Nivan Antônio Alves da Silva, Milenna Karoline Fernandes 4

Rodrigues, Fabrício Carrião dos Santos, Naida Cristina Borges, Paulo Henrique Jorge da 5

Cunha 6

7

Departamento de Medicina Veterinária, Escola de Medicina Veterinária e Ciência Animal, 8

Universidade Federal de Goiás, Campus Samambaia, Avenida Esperança s / n, CEP 74690-9

900, Goiânia-Go, Brasil. 10

11

Valesca H. Lima (autor para correspondência): [email protected]; Tel: +55 62 12

982146555 13

Nivan Antônio Alves da Silva: [email protected] 14

Milenna Karoline Fernandes Rodrigues: [email protected] 15

Fabrício Carrião dos Santos: [email protected] 16

Naida C. Borges: [email protected] 17

Paulo Henrique J. Cunha: [email protected] 18

19

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30

Resumo 20

Introdução: Para obter informações detalhadas sobre posição e tamanho do fígado, sua 21

vasculatura e vesícula biliar, foram avaliados ultrassonograficamente 21 bezerros machos, 22

hígidos, das raças Nelore (G1; n=8), Curraleiro Pé-duro (G2; n=7) e Pantaneiro (G3; n=6), com 23

idade entre oito e 12 meses e peso corporal médio (PCM) de 135,6 ± 9,9 Kg, 112,6 ± 9,3 kg e 24

174,2 ± 25,8 kg em G1, G2 e G3, respectivamente. As avaliações foram realizadas do 12° ao 25

8° espaço intercostal (EIC) direito, em três momentos, com intervalos de uma semana entre os 26

exames. As imagens foram obtidas em Modo B, utilizando transdutor convexo em frequência 27

de 5MHz. Além da avaliação das características ecográficas das estruturas hepáticas, foram 28

obtidas as medidas de distância de margem dorsal do fígado (DMD), distância de margem 29

ventral (DMV), extensão visualizável (EV), largura de Veia cava caudal (LVC), profundidade 30

de Veia cava caudal (PVC), largura de Veia porta (LVP), profundidade de Veia porta (PVP), 31

largura de vesícula biliar (LVB) e espessura de parede da vesícula biliar (EPVB). 32

Resultados: As medidas DMD, DMV e EV foram similares e demonstraram maior extensão 33

visível do órgão no 11° EIC. A VCC foi mais frequentemente observada no 11° e 10° EIC, 34

embora tenha sido visualizada desde o 12° ao 9° EIC no G1 e ainda no 8° EIC em G2 e G3. A 35

PVC foi menor no 10° e 9° EIC do G1. A VP, por sua vez, apresentou maiores frequências de 36

observações no 10° EIC. As medidas de PVP e LVP foram maiores no G1 desde o 11° ao 9° 37

EIC. A VB teve maior frequência de observações no 11° e 10° EIC e não apresentou qualquer 38

diferença entre raças ou EICs em relação a largura (LVB) e espessura de parede (EPVB). 39

Conclusão: Os resultados fornecem os parâmetros de referência para o exame do fígado, VCC, 40

VP e VB em bovinos machos, hígidos, das raças Nelore, Curraleiro Pé-duro e Pantaneiro entre 41

oito e doze meses de idade e peso corporal entre 112 e 175 kg. 42

Palavras-chave: Diagnóstico por imagem, ruminantes, fígado, ultrassom 43

44

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31

Introdução 45

O fígado é responsável por funções metabólicas vitais e é suscetível a diversos tipos 46

de lesões focais (ex. abscessos) e difusas (ex. esteatose) [1]. Em bovinos, a avaliação do órgão 47

constitui um desafio para os clínicos veterinários, pois os sinais clínicos de comprometimento 48

hepático são geralmente inespecíficos e os testes laboratoriais podem ser inconclusivos até que 49

dois terços do órgão estejam comprometidos [2]. O exame ultrassonográfico é uma ferramenta 50

complementar que auxilia o diagnóstico de doenças hepáticas em bovinos, capaz de identificar 51

abscessos [3-7], tumores [8], cistos parasitários [9,10], distúrbios circulatórios como congestão 52

e trombose de veia cava caudal [11-14], esteatose hepática [1,15-17], colestase, colangite 53

[18,19], ruptura de vesícula biliar [20] e calcificação de ductos biliares [1]. 54

Apesar das vantagens da ultrassonografia para o diagnóstico não invasivo de 55

enfermidades que afetam o fígado, ainda são poucas as pesquisas que descrevem as 56

características topográficas e texturais normais do órgão [21-24]. O método de avaliação 57

ultrassonográfica hepática em bovinos foi estabelecido em 1990 [21], quando foram ainda 58

descritas as características sonográficas, posição e tamanho do parênquima hepático, veia cava 59

caudal, veia porta e vesícula biliar em bovinos da raça Pardo-Suíço. Influências de raça, idade 60

e estágio de prenhez foram investigados em bovinos Simental, Holandês e Pardo-Suíço, não 61

havendo qualquer diferença significativa entre raça ou idade sobre os achados 62

ultrassonográficos do fígado [22]. Em bovinos mestiços adultos (cruzamento Jersey/Sindi) [23], 63

foram relatadas dimensões de parênquima hepático, VCC e VP reduzidas em comparação aos 64

estudos anteriores [21,22]. Adicionalmente, bezerros recém-nascidos da raça Holandesa foram 65

avaliados semanalmente até os 104 dias de idade, os resultados demonstraram não haver 66

aumento mensurável do tamanho do fígado nos primeiros 60 dias de vida, porém, a espessura 67

do órgão aumenta até os 40 dias, estabilizando após este período [24]. 68

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32

A descrição da aparência ultrassonográfica do fígado de bovinos clinicamente 69

sadios representa a base para o uso da ultrassonografia diagnóstica em bovinos com suspeita de 70

enfermidades hepáticas, entretanto, os valores de referência descritos na literatura foram 71

determinados em raças de origem europeia com aptidão leiteira [21,22]. Não se sabe se estes 72

valores podem ser considerados para outras raças bovinas. Desta forma, o objetivo do presente 73

estudo foi obter informações detalhadas sobre posição e tamanho do fígado, sua vasculatura e 74

vesícula biliar em bovinos hígidos das raças Nelore, Curraleiro Pé-duro e Pantaneiro. 75

76

Métodos 77

Animais 78

O estudo foi realizado na Escola de Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade 79

Federal de Goiás (UFG), localizada em Goiânia – GO, Brasil. Foram utilizados 21 bezerros 80

machos, hígidos, das raças Nelore (G1; n=8), Curraleiro Pé-duro (G2; n=7) e Pantaneiro (G3; 81

n=6), com idade mínima de oito meses e máxima de 12 meses e peso corporal médio (PCM) de 82

135,6 ± 9,9 Kg, 112,6 ± 9,3 kg e 174,2 ± 25,8 kg, respectivamente. Os meses de avaliação 83

foram Julho, Agosto e Setembro, respectivamente para G1, G2 e G3. 84

Todos os animais foram considerados hígidos a partir dos resultados dos exames 85

físicos, hematológicos e bioquímicos séricos (dados não apresentados). Os bezerros foram 86

mantidos em piquetes coletivos de 7,7m X 10m, onde receberam água e feno tifton 85 (Cynodon 87

dactylon) à vontade, além de ração (Confinamento®, Goiânia/GO) a 1% do peso vivo durante 88

todo o período experimental. 89

90

Exame ultrassonográfico 91

As ultrassonografias hepáticas foram realizadas em três momentos, com intervalos 92

de uma semana entre os exames, totalizando 24 avaliações em G1 (3x8), 21 avaliações em G2 93

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33

(3x7) e 18 avaliações em G3 (3x6). As imagens foram obtidas em Modo B, com equipamento 94

modelo LOGIQ E (GE Healthcare®,- Fairfield, Merseyside), utilizando transdutor convexo em 95

frequência de 5MHz, com profundidade de penetração de 16 cm e ganho de 64Db. 96

Todas as avaliações e mensurações foram realizadas em triplicata e pelo mesmo 97

pesquisador. O exame foi realizado com os animais contidos em posição quadrupedal, em brete, 98

sem necessidade de sedação. Para melhorar a captação das imagens foi realizada ampla 99

tricotomia no antímero direito e aplicação de gel de contato, desde a fossa paralombar até o 6º 100

espaço intercostal (EIC) prévio à avaliação ultrassonográfica. O transdutor foi posicionado 101

paralelo às costelas e o escaneamento realizado em sentido dorsoventral e caudocranial, 102

iniciando-se no 12° EIC e progredindo cranialmente até o 6° EIC, de acordo com Braun [21]. 103

As estruturas avaliadas foram parênquima e vasos hepáticos, veia cava caudal 104

(VCC), veia porta (VP) e vesícula biliar (VB). Os parâmetros descritos foram forma, contorno 105

e características ecográficas de ecogenicidade e ecotextura das estruturas visualizadas [25]. O 106

posicionamento e a extensão visualizável do parênquima hepático foram avaliados do 12° ao 107

10° EIC. A demarcação da distância da margem dorsal do fígado (DMD) e distância da margem 108

ventral do fígado (DMV) foi realizada a partir da visualização dos bordos hepáticos e 109

enquadramento dos mesmos no centro da imagem gerada. A partir de então, demarcando-se 110

sobre a pele a região central do transdutor, utilizou-se fita métrica milimetrada e procedeu-se a 111

mensuração dos limites dorsais e ventrais até a linha média do dorso do animal. A extensão 112

visualizável do órgão nos respectivos EICs (EV) foi calculada pela subtração dos valores de 113

DMV e DMD em relação à linha média do dorso de forma análoga à técnica descrita 114

previamente [21] (Figura 1). 115

116

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34

117 Figura 1 - Metodologia de mensuração das margens dorsal e ventral do fígado em 118

bovinos: Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino 119

Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos são posicionados na região central 120

da imagem (linha pontilhada) correspondendo externamente ao ponto de mensuração das 121

distâncias de margem dorsal (DMD) (b) e margem ventral (DMV) do fígado em relação à 122

linha média do dorso do animal (d). Ds Dorsal, Vt Ventral. 123

124

A avaliação das dimensões e profundidade das estruturas vasculares foi realizada 125

em cada um dos EICs onde as mesmas foram visualizadas, no momento da expiração do animal. 126

As medidas foram realizadas em imagens congeladas, por meio de cursores do próprio aparelho. 127

Para avaliação da largura da veia cava caudal (LVC) considerou-se a medida da distância entre 128

as paredes do vaso em seu eixo longo. A largura da veia porta (LVP) foi mensurada pela 129

distância entre as paredes em um único eixo (lateromedial). As profundidades da veia cava 130

caudal (PVC) e veia porta (PVP) foram determinadas pela distância entre a parede lateral do 131

vaso e a linha hiperecogênica correspondente à interface do peritônio parietal e visceral (Figura 132

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35

2a). As medidas de largura da vesícula biliar (LVB) e espessura de parede da vesícula biliar 133

(EPVB) foram realizadas no ponto de maior diâmetro, em sentido lateromedial [21] (Figura 134

2b). 135

136

137 Figura 2 - Representação esquemática das mensurações de estruturas hepáticas em 138

bovinos: Mensuração da profundidade da Veia cava caudal (PVC) e largura de Veia cava 139

caudal (LVC) (a), sendo PVC determinada pela distância entre a parede lateral do vaso e a linha 140

hiperecogênica correspondente à interface do peritônio parietal e visceral (linha preta, 141

pontilhada com setas) e LVC determinada pela distância entre as paredes do vaso em seu eixo 142

longo (linha branca, contínua, com setas); Mensuração da profundidade da Veia porta (PVP) e 143

largura de Veia porta (LVP) (b), sendo PVP determinada pela distância entre a parede lateral 144

do vaso e a linha hiperecogênica correspondente à interface do peritônio parietal e visceral 145

(linha preta, pontilhada com setas) e LVP determinada pela distância das paredes do vaso em 146

eixo lateromedial (linha branca, contínua, com setas); Mensuração da largura da vesícula biliar 147

(LVB) (c) realizada em seu ponto de maior diâmetro, em sentido lateromedial (linha contínua, 148

branca, com setas); (1) Parede abdominal lateral; (2) parênquima hepático; (3) omaso; (4) 149

vesícula biliar. Ds Dorsal, Vt Ventral. 150

151

Análise estatística 152

O estudo foi desenvolvido em delineamento inteiramente casualizado. As raças 153

bovinas foram classificadas como tratamentos (G1, G2 e G3), avaliados em três momentos, 154

considerados como repetições. No modelo experimental, os EICs foram blocados. As 155

frequências das mensurações foram avaliadas pelo Teste Qui-Quadrado para comparação entre 156

os tratamentos e entre os EICs. O Teste Exato de Fisher substituiu o Teste Qui-Quadrado 157

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36

quando as frequências observadas foram menores que cinco. Todas as variáveis foram testadas 158

para normalidade e homocedasticidade pelo Teste de Shapiro–Wilk. Os dados foram analisados 159

com o auxílio do pacote Easyanova [26] do software R (Core Development Core Team®, 2018). 160

As variáveis de distribuição normal (distância de margem dorsal, distância de margem ventral, 161

largura de Veia porta, profundidade de Veia porta, largura da vesícula biliar, espessura de 162

parede da vesícula biliar) foram comparadas por análise de variância (ANOVA) seguido de 163

Teste de Tukey. Os dados de variáveis com distribuição não-normal (extensão visualizável, 164

largura de Veia caudal, profundidade de Veia cava caudal) foram analisadas por Kruskal-Wallis 165

seguido por teste T de Student ajustado, de acordo com o pacote Easyanova [26]. Adotou-se 166

nível de 0,05 de significância em todos os testes (p<0,05). 167

168

Resultados 169

Ultrassonografia de parênquima e dimensões hepáticas 170

A silhueta hepática, em diferentes proporções, foi visualizada em todos os animais, 171

das três raças, nos espaços intercostais avaliados (12° ao 6°). Na porção cranial da fossa 172

paralombar, em todos os animais, a imagem hepática partilhava da mesma janela sonográfica 173

que porção do rim direito. Parte do rim direito foi ainda escaneada no 12° EIC em sete animais 174

da raça Nelore (G1), quatro da raça Curraleiro (G2) e cinco da raça Pantaneiro (G3). 175

Dorsalmente, a partir do 11° EIC, à medida em que o escaneamento progrediu em 176

sentido cranial, houve redução da área hepática visualizável em função da sobreposição de 177

imagem exercida pelo pulmão direito. A superfície diafragmática do órgão apresentou-se como 178

uma linha ecogênica fina em contato direto com o peritônio. A superfície visceral também se 179

caracterizava como uma linha ecogênica fina em contato com os órgãos abdominais, entretanto, 180

sua identificação nem sempre foi possível, principalmente ao nível dos 12° e 11° EICs onde 181

ocorre proximidade com porções de intestino (FIGURA 3a). 182

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O parênquima hepático se caracterizou por numerosos ecos finos distribuídos de 183

forma homogênea por toda área do órgão, de ecogenicidade hiper ou isoecoicoca em relação ao 184

rim direito. Vasos portais e hepáticos puderam ser identificados como formas circulares ou 185

elípticas, com lúmen anecoico, distribuídos por todo o parênquima. Ductos intra-hepáticos não 186

foram visualizados em nenhum dos animais, independente da raça (FIGURA 3b). 187

188

189

Figura 3 - Ultrassonografias hepáticas no 12° EIC de bovino Nelore com 10 meses de idade. 190

(a) Margem ventral do fígado mostrando parênquima hepático (1), superfície diafragmática 191

hepática representada por linha ecogênica fina (seta branca) em contato com o peritônio e 192

superfície visceral hepática, também representada como uma linha ecogênica fina (cabeça de 193

seta), notar que a superfície visceral perde a definição em contato com alças intestinais (2); (b) 194

Porção dorsal do fígado mostrando parênquima hepático hiperecoico (1) em relação ao rim 195

direito (3) e superfície visceral do fígado (cabeça de seta) pouco definida na região de contato 196

com alças intestinais (2). Ds Dorsal, Vt Ventral. 197

198

Após avaliação do parênquima hepático, o transdutor foi mantido em posição dorsal 199

e em seguida ventral aos limites da silhueta hepática para obtenção das medidas externas, as 200

quais foram empregadas para estimativa do tamanho hepático. As variáveis DMD, DMV e EV 201

foram maiores (p<0,001) entre os bovinos da raça Pantaneiro (G3), exceto no 10° EIC em que 202

os valores de DMD foram semelhantes (p=0,1978) para as três raças (Tabela 1). Em relação a 203

DMD e DMV, os menores valores foram verificados no 12° EIC, com aumento significativo 204

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no 10° (p<0,001). A extensão visualizável do órgão (EV), na comparação entre os EICs, 205

apresentou valores significativamente maiores no 11° EIC e decresceu cranial e caudalmente 206

nos bovinos do G1 e do G2 (p<0,001). 207

Tabela 1 – Média ± desvio padrão (valores mínimo e máximo) das mensurações (cm) de 208

distância da margem dorsal (DMD), distância da margem ventral (DMV) e extensão 209

visualizável do fígado (EV) em bezerros hígidos da raça Nelore (G1), Curraleiro (G2) e 210

Pantaneiro (G3) verificadas no 12°, 11° e 10° espaço intercostal (EIC) 211

Espaço Intercostal (EIC) Valor de p

Variável Grupo 12° 11° 10° (entre EIC)

DMD

G1 10,92 ± 0,94b C 12,70 ± 1,54b B 16,93 ± 2,12a A

<0,001 (9,0 – 13,0) (9,5 – 15,5) (13,0 – 20,0)

G2 10,62 ± 1,03b C 12,57 ± 1,07b B 17,57 ± 1,75a A

<0,001 (9,3 – 13,0) (10,5 – 14,6) (14,0 – 21,2)

G3 13,21 ± 1,33a C 15,31 ± 3,46a B 18,74 ± 2,69a A

<0,001 (11,0 – 15,5) (11,8 – 18,8) (15,2 – 23,3)

Valor de p <0,001 <0,001 0,1978

(entre raças)

DMV

G1 23,56 ± 2,12b C 27,23 ± 1,95b B 29,37 ± 1,46b A

<0,001 (20,0 – 27,0) (24,5 – 30,0) (14,8 – 20,0)

G2 23,91 ± 1,70b C 26,99 ± 1,32b B 29,69 ± 2,28b A

<0,001 (11,6 – 16,3) (24,7 – 29,5) (16,8 – 21,2)

G3 28,37 ± 3,06a C 31,58 ± 2,99a B 35,49 ± 2,31a A

<0,001 (25,5 – 35,6) (11,8 – 18,8) (31,1 – 39,0)

Valor de p <0,001 <0,001 <0,001

(entre raças)

EV

G1 12,62 ± 2,19b C 14,56 ± 1,94b A 13,15 ± 1,52b B

<0,001 (9,0 – 16,0) (11,5 – 19,0) (11,2 – 15,7)

G2 13,29 ± 1,61b B 14,42 ± 1,85b A 12,11 ± 1,76b C

<0,001 (10,5 – 16,3) (11,5 – 18,0) (9,9 – 16,5)

G3 15,15 ± 2,82a A 16,54 ± 1,53a A 16,74 ± 2,06a A

0,0618 (10,9 – 20,3) (14,2 – 19,1) (31,1 – 39,0)

Valor de p <0,001 <0,001 <0,001

(entre raças)

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39

Letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferenças entre as raças e letras 212

maiúsculas diferentes na mesma linha indicam diferenças entre os espaços intercostais (p<0,05) 213

pelo Teste de Kruskal-Wallis (para a variável EV) e Teste de Tukey (para demais mensurações). 214

215

216

Veia cava caudal e Veia porta 217

A VCC apresentou-se como estrutura de aspecto triangular ou, algumas vezes, 218

como meia-lua, com lúmen anecoico e limites bem definidos. O aspecto em meia-lua foi 219

verificado apenas nos espaços mais craniais, no 9° e 8° EIC. Neste vaso não foi verificada 220

diferenciação de ecogenicidade da parede vascular (FIGURA 4a e 4b). 221

A VP foi visualizada como estrutura de formato circular, com lúmen anecoico e 222

parede hiperecoica, a partir da qual se emitiam ramificações que adentravam o parênquima 223

hepático. Com relação à topografia, a VCC foi identificada no parênquima hepático sempre em 224

posição mais dorsal e medial em relação à VP, sofrendo maior interferência da sobreposição da 225

imagem pulmonar à medida em que o escaneamento avançava cranialmente. 226

227

228

229

Figura 4 - Ultrassonografias da veia cava caudal e veia porta de bovinos Curraleiro com 230

10 meses de idade. (a) Ultrassonografia hepática no 10° EIC demonstrando o parênquima 231

hepático (1), veia cava caudal com aspecto triangular, sem definição de parede vascular (2), 232

posicionada medial e dorsal em relação à veia porta (3) que possui formato circular e parede 233

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hiperecoica. (b) Ultrassonografia hepática mostrando o aspecto semicircular da veia cava 234

caudal (2) no 9° EIC, região de contato do fígado (1) com o omaso (4). Ds Dorsal, Vt Ventral. 235

236

A VCC foi visualizada com frequência semelhante desde o 12° ao 9° EIC (Tabela 237

2). No 11° e 10° EIC foi possível visualizar a estrutura em 100% das avaliações, independente 238

de raça. No 8° EIC a estrutura foi visualizada apenas nos animais do G2 e G3, porém com baixo 239

percentual de observação (19,0% e 5,6%, respectivamente). No 7° e 6° EIC a VCC não foi 240

visualizada em nenhum dos animais. 241

Comparando as frequências de visualizações da VP, no 12° EIC o vaso foi 242

visualizado em poucas (frequência de 4,2% em G1 e de 9,5% em G2) ou em nenhuma (0,0% 243

em G3) das avaliações. Neste EIC foi mais comum a visualização do tronco comum da veia 244

esplênica e da veia mesentérica, fora do parênquima hepático, ventral à VCC e adentrando na 245

VP (5a e 5b). 246

247 Figura 5 - Ultrassonografias do tronco comum da veia esplênica e veia mesentérica 248

esquerda de bovinos Pantaneiro com 12 meses de idade. (a) Ultrassonografia hepática no 249

12° EIC demonstrando o parênquima hepático (1), veia cava caudal (2), tronco comum da veia 250

esplênica e veia mesentérica esquerda (3) posicionada ventral à veia cava caudal e fora do 251

parênquima hepático. (b) Ultrassonografia hepática no 12° EIC mostrando o trajeto do tronco 252

comum da veia esplênica e veia mesentérica esquerda (3) antes de adentrar a veia porta. A 253

mesma imagem permite a visualização de alças intestinais (4) e porção de rúmen (5). Ds Dorsal, 254

Vt Ventral. 255

256

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41

Entre as raças, diferenças foram observadas apenas em relação ao 11° EIC 257

(p<0,001) com menor frequência de observação da VP nos animais do G3 (61,1%). Nos três 258

grupos raciais o 10° EIC foi a janela sonográfica que permitiu a observação da estrutura com 259

maior frequência (Tabela 2). Em relação ao 8° EIC verificou-se um percentual de observação 260

da VP bem maior em bovinos da raça Curraleiro (61,9%). 261

262

Tabela 2 - Número absoluto e frequência (%) de observações ultrassonográficas da veia cava 263

caudal (VCC) e veia porta (VP) em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro (G2) e 264

Pantaneiro (G3), de acordo com o espaço intercostal (EIC) 265

Espaço Intercostal (EIC) Valor de p

Vaso Grupo 12° 11° 10° 9° 8° (entre EIC)

VCC

G1 22 (91,7)a A 24 (100)a A 24 (100)a A 14 (58,3)a B 0 (0,0)b C <0,0001

G2 18 (85,7)a A 21 (100)a A 21 (100)a A 18 (85,7)a A 5 (19,0)a B <0,0001

G3 17 (94,4)a A 18 (100)a A 18 (100)a A 13 (72,2)a A 1 (5,6)b B <0,0001

Valor de p 0,7569 1,0000 1,0000 0,1195 0,004

(entre raças)

VP

G1 1 (4,2)a C 22 (91,7)a AB 24 (100)a A 18 (75,0)a B 7 (29,2)a C <0,0001

G2 2 (9,5)a C 20 (95,2)a A 21 (100)a A 18 (85,7)a AB 13 (61,9)a B <0,0001

G3 0 (0,0)a D 11 (61,1)b BC 18 (100)a A 16 (88,9)a AB 5 (27,8)a CD <0,0001

Valor de p 0,6256 0,0121 1,0000 0,5389 0,0569

(entre raças)

Letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferenças entre as raças e letras 266

maiúsculas diferentes na mesma linha indicam diferenças entre os espaços intercostais para o 267

Teste de Qui-Quadrado (p<0,05). 268

269

Devido à baixa frequência de visualização da VCC e VP (<20%), no 8° e no 12° 270

EIC, respectivamente, os valores de profundidade e largura destes vasos nestes EICs não foram 271

descritos (ND, Tabela 3 e Tabela 4). Os animais do G1 (Nelore) apresentaram valores de PVC 272

maiores no 12° EIC (p<0,01) e menores nos 10° (p= 0,0048) e 9° EICs (p= 0,0165) em relação 273

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às demais raças (Tabela 3). Quando comparados os EICs, os menores valores de PVC foram 274

obtidos no 12° EIC e aumentaram progressivamente até o 9° EIC, independente da raça. As 275

medidas da variável LVC apresentaram menores valores na raça Curraleiro, G2 (12° EIC, 276

p<0,001) e Pantaneiro, G3 (9° EIC, p<0,0001). Entre os EICs, os resultados de LVC foram 277

semelhantes dentro do G1 e no G3. 278

Com relação à PVP, verificou-se diferença entre as raças ao nível do 11° e do 10° 279

EIC, demonstrando um parênquima menos espesso sobre o vaso nos animais do G2 (p<0,05). 280

Comparando-se os EICs, maiores valores de PVP foram verificados no 11° EIC (p<0,001) e 281

reduziram até o 8° EIC (Tabela 4). A LVP diferiu entre G1 e G2 no 11° (p=0,0084) e 9° EIC 282

(p=0,0385), com maiores valores verificados no G1. Em todos os grupos a LVP tornou-se 283

menor à medida em que o exame avançou cranialmente com diferenças observadas entre todos 284

os EICs (p< 0,001). 285

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Tabela 3 – Média ± desvio padrão (valores mínimo e máximo) das mensurações ultrassonográficas (cm) de profundidade de veia cava caudal 286

(PVC) e largura de veia cava caudal (LVC), em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro (G2) e Pantaneiro (G3) nos diferentes espaços 287

intercostais 288

Espaço Intercostal (EIC) p

Variável Grupo 12° 11° 10° 9° 8° (entre EIC)

PVC

G1 8,18 ± 0,90a C 8,45 ± 0,68a C 8,90 ± 0,42b B 9,35 ± 0,66b A NV

<0,001 (6,80 – 9,97) (7,18 – 9,60) (8,25 – 9,74) (8,46 – 10,61) NV

G2 7,79 ± 0,67ab D 8,84 ± 0,71a C 9,46 ± 0,65a B 10,04 ± 0,65a A ND

<0,001 (6,37 – 9,09) (7,67 – 9,99) (8,54 – 10,88) (9,02 – 11,52) ND

G3 7,43 ± 1,04b D 8,81 ± 1,09a C 9,70 ± 0,68a B 10,54 ± 0,71a A ND

<0,001 (5,74 – 9,15) (6,99 – 11,26) (8,62 – 10,69) (9,08 – 11,95) ND

P <0,001 0,0659 <0,001 0,0165 -

(entre raças)

LVC

G1 2,25 ± 0,27a A 2,24 ± 0,27a A 2,20 ± 0,27a A 2,21 ± 0,37ab A NV

0,5641 (1,50 – 2,69) (1,88 – 2,87) (1,70 – 2,59) (1,64 – 2,96) NV

G2 2,02 ± 0,20b C 2,10 ± 0,26a BC 2,17 ± 0,34a ABC 2,30 ± 0,18a A ND

<0,001 (1,78 – 2,37) (1,62 – 2,73) (1,55 – 2,84) (1,92 – 2,58) ND

G3 2,26 ± 0,36a A 2,17 ± 0,18a A 2,07 ± 0,29a A 2,04 ± 0,33b A ND 0,088

(1,71 – 3,01) (1,89 – 2,38) (1,39 – 2,50) (1,37 – 2,78) ND

P

<0,001 0,0959 0,1204 <0,0001 -

(entre raças) NV= não visualizada; ND= não descrito. Letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferenças entre as raças (p<0,05) e letras maiúsculas diferentes 289

na mesma linha indicam diferenças entre os espaços intercostais (p<0,05) pelo Teste de Kruskal-Wallis. 290

291

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44

Tabela 4 – Média ± desvio padrão (valores mínimo e máximo) das mensurações ultrassonográficas (cm) de profundidade de veia porta (PVP) e 292

largura de veia porta (LVP), em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro (G2) e Pantaneiro (G3) nos diferentes espaços intercostais 293

Espaço Intercostal (EIC) p

Variável Grupo 12° 11° 10° 9° 8° (entre EIC)

PVP

G1 ND 5,69 ± 0,59a A 5,26 ± 0,49a B 4,60 ± 0,38a C 4,23 ± 0,56a D

<0,001 ND (4,70 – 7,08) (4,07 – 6,65) (3,90 – 5,22) (3,35 – 4,93)

G2 ND 5,08 ± 0,38b A 4,97 ± 0,38b A 4,57 ± 0,54a B 4,45 ± 0,32a B

<0,001 ND (4,35 – 6,10) (4,11 – 5,74) (3,88 – 5,89) (4,02 – 5,15)

G3 NV 5,39 ± 0,55ab A 5,48 ± 0,58a A 4,73 ± 0,58a AB 3,84 ± 0,80a B

<0,001 NV (4,43 – 6,52) (3,48 – 6,52) (3,80 – 5,74) (2,84 – 5,00)

p - <0,001 0,0011 0,3529 0,183

(entre raças)

LVP

G1 ND 1,54 ± 0,20a A 1,29 ± 0,20a B 1,06 ± 0,20a C 0,75 ± 0,13a D

<0,001 ND (1,26 – 2,03) (0,93 – 1,70) (0,72 – 1,49) (0,55 – 0,89)

G2 ND 1,38 ± 0,18b A 1,20 ± 0,17a B 0,90 ± 0,20b C 0,64 ± 0,12a D

<0,001 ND (1,16 – 1,81) (0,85 – 1,50) (0,66 – 1,28) (0,50 – 0,83)

G3 NV 1,47 ± 0,16ab A 1,35 ± 0,17a B 1,02 ± 0,27ab C 0,82 ± 0,15a D

<0,001 NV (1,14 – 1,76) (1,16 – 1,76) (0,65 – 1,55) (0,70 – 1,08)

p

- 0,0084 0,0659 0,0385 0,3134

(entre raças)

NV= não visualizada; ND= não descrito. Letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferenças entre as raças (p<0,05) e letras maiúsculas diferentes 294

na mesma linha indicam diferenças entre os espaços intercostais (p<0,05) pelo Teste de Tukey (LVP e PVP). 295

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Vesícula Biliar 296

A VB foi observada como estrutura sacular circular ou oval, por vezes 297

ultrapassando o limite ventral da borda hepática e o conteúdo sempre hipoecoico. A localização 298

da VB variou entre o 12° e o 9° EIC em G1, 12° ao 10° em G2 e nos 11° e 10° EIC em G3 299

(Tabela 5). A estrutura foi identificada com maior frequência no 11° EIC em G2 e no 10° em 300

G1 e G3 (p<0,0001). 301

302

Tabela 5 - Número absoluto e frequência (%) de observações ultrassonográficas da vesícula 303

biliar (VB) em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro (G2) e Pantaneiro (G3) de 304

acordo com o espaço intercostal (EIC) 305

Espaço Intercostal (EIC) Valor de p

Grupo 12 11 10 9 (entre EIC)

G1 1 (4,2)a B 14 (58,3)a A 20 (83,3)ab A 4 (16,7)b B <0,0001

G2 2 (9,5)a B 13 (61,9)a A 11 (52,4)b A 0 (0,0)a B <0,0001

G3 0 (0,0)a C 7 (38,9)a B 16 (88,9)a A 0 (0,0)a C <0,0001

Valor de p 0,06256 0,3066 0,0200 0,0330

(entre raças)

Letras minúsculas diferentes na mesma coluna indicam diferenças entre as raças e letras 306

maiúsculas diferentes na mesma linha indicam diferenças entre os espaços intercostais, para o 307

Teste de Qui-Quadrado/Teste Exato de Fisher (p<0,05). 308

309

Devido à baixa frequência de visualização da VB (<20%), no 12° e no 9° EIC, os 310

valores de largura e espessura de parede da vesícula biliar não foram descritos para estes EICs 311

(ND, Tabela). As medidas de LVB variaram entre 1,10 cm a 6,77 cm e a EPVB entre 0,10 cm 312

e 0,31 cm. Não houve diferença (p>0,05) entre EICs e entre os grupos raciais (G1, G2 e G3). 313

314

Tabela 6 – Média ± desvio padrão (valores mínimo e máximo) das mensurações 315

ultrassonográficas (cm) de largura de vesícula biliar (LVB) e de espessura de parede da vesícula 316

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biliar (EPVB) em bezerros hígidos das raças Nelore (G1), Curraleiro (G2) e Pantaneiro (G3), 317

nos diferentes espaços intercostais 318

Espaço Intercostal (EIC) Valor de p

Variável Grupo 12 11 10 9 (entre EIC)

LVB

G1 ND 3,77 ± 1,03a A 3,46 ± 0,94a A ND

0,0514 ND (2,55 – 6,77) (2,13 – 6,24) ND

G2 ND 2,43 ± 0,89a A 2,47 ± 0,89a A NV

0,3615 ND (1,45 – 4,36) (1,49 – 4,35) NV

G3 NV 2,28 ± 0,85a A 2,96 ± 1,00a A NV

0,0727 NV (1,10 – 3,32) (1,27 – 4,38) NV

Valor de p - 0,1744 0,1516 -

(entre raças)

EPVB

G1 ND 0,17 ± 0,03a A 0,18 ± 0,05a A ND

0,2725 ND (0,13 – 0,25) (0,11 – 0,31) ND

G2 ND 0,14 ± 0,03a A 0,14 ± 0,02a A NV

0,0923 ND (0,10 – 0,19) (0,11 – 0,17) NV

G3 NV 0,19 ± 0,06a A 0,18 ± 0,04a A NV

0,7625 NV (0,13 – 0,31) (0,12 – 0,27) NV

Valor de p - 0,2661 0,7214 -

(entre raças)

NV= não visualizada; ND= não descrito. Letras minúsculas diferentes na mesma coluna 319

indicam diferenças entre as raças (p<0,05) e letras maiúsculas diferentes na mesma linha 320

indicam diferenças entre os espaços intercostais (p<0,05) pelo Teste de Tukey. 321

322

O exame ultrassonográfico permitiu a visualização do fígado e suas estruturas com 323

aspecto ultrassonográfico semelhante em todas as raças. As medidas externas de 324

posicionamento (DMD e DMV) e extensão visualizável (EV) foram similares e demonstraram 325

maior extensão visível do órgão no 11° EIC. A VCC foi mais frequentemente observada no 11° 326

e 10° EIC, embora tenha sido visualizada desde o 12° ao 9° EIC no G1 e ainda no 8° EIC em 327

G2 e G3. A PVC foi menor no 10° e 9° EIC do G1. A VP, por sua vez, apresentou maiores 328

frequências de observações no 10° EIC. As medidas de PVP e LVP foram maiores no G1 desde 329

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o 11° ao 9° EIC. A VB teve maior frequência de observações no 11° e 10° EIC e não apresentou 330

qualquer diferença entre raças ou EICs em relação a largura (LVB) e espessura de parede 331

(EPVB). 332

333

Discussão 334

No presente estudo ficou demonstrado que em animais das raças Nelore, Curraleiro 335

e Pantaneiro com idade entre oito e dose meses e PCM entre 112 e 174 kg, o fígado pôde ser 336

escaneado do 12° ao 6° EIC. Este resultado condiz com os achados verificados em bezerros da 337

raça Holandesa entre 1 e 104 dias de vida [24] e em animais mestiços Jersey/Sindi entre 4 e 12 338

anos de idade e PCM entre 300 kg a 450 kg [23]. Já em bovinos adultos das raças Pardo-Suíço, 339

Simental e Holandesa, com 2,5 a 11,5 anos de idade e PCM entre 410 e 760Kg, o fígado foi 340

visualizado apenas do 12° ao 8° EIC [22]. Tais achados sugerem que diferenças de peso e 341

conformação corporal exercem influência na determinação dos EICs em que o parênquima 342

hepático é acessível ao exame ultrassonográfico. 343

Nas raças avaliadas, as estruturas vasculares (VCC e VP) foram identificadas desde 344

o 12° ao 8° EIC. Em bezerros, a VCC foi visualizada do 12° até o 9° EIC [24] e em bovinos 345

adultos foi observada apenas entre o 12° e o 10° EIC [21-23]. Este é o primeiro estudo que 346

relata a visualização da VCC no 8° EIC, em contrapartida, há de se ressaltar que a observação 347

da estrutura neste EIC teve baixa frequência de observação (<20%). Em relação à VP, os 348

resultados das pesquisas anteriores mostram que esta estrutura pode ser visualizada desde o 12° 349

ao 8° EIC em animais adultos [22] e ainda no 7° e 6° EIC em bezerros [24]. 350

A VB foi identificada entre os EIC 12° - 9° (Nelores), 12° - 10º (Curraleiro) e 11° 351

- 10º (Pantaneiro) sendo mais frequentemente observada no 11° e 10° EIC. Em bezerros a VB 352

foi mais comumente visualizada no 9° EIC [24]. Trabalhos realizados com bovinos adultos 353

relatam que a visualização da estrutura é possível desde o 11° e o 9° EIC [21,22], entretanto, 354

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48

em um estudo a VB foi também visualizada no 12° EIC [23]. Esta variação de localização da 355

VB está descrita na literatura. Pode-se inferir que tal variação esteja relacionada ao grau de 356

preenchimento da VB e dos pré-estômagos, antes e após a alimentação. 357

A ecogenicidade do parênquima hepático, formato, aspecto anecoico do interior dos 358

vasos e características ecogênicas de suas paredes, bem como as características sonográficas da 359

VB observadas nas raças Nelore, Curraleiro e Pantaneiro foram similares ao descrito em 360

bovinos de diferentes raças, idades e pesos corporais [21-24]. 361

A VCC apresentou, na maioria dos EICs, formato triangular, similar ao descrito na 362

literatura para bovinos adultos hígidos [21-23]. Contudo, foi verificada mudança deste aspecto 363

para uma aparência semicircular no 9° e 8° EIC nas três raças desse estudo. Braun e Kruger 364

[24] citam que em bezerros (da raça Holandesa, entre 1 e 104 dias de idade) o formato 365

levemente arredondado ou oval é considerado normal, estando possivelmente relacionado à 366

reduzida pressão exercida por outros órgãos abdominais sobre o vaso contra o sulco da VCC 367

nas fases iniciais do desenvolvimento. Entretanto, em bovinos adultos tal aparência indica 368

congestão da VCC [1,12,13]. 369

Ao serem identificadas as margens dorsal e ventral do fígado os valores observados 370

para DMD e DMV, nas raças Nelore, Curraleiro e Pantaneiro, aumentaram em sentido cranial, 371

correspondendo ao relatado na literatura [21-24]. A extensão visualizável do parênquima 372

hepático (EV) foi maior no 11° EIC em bovinos Pantaneiro, Nelore e Curraleiro 373

correspondendo aos achados descritos para bovinos adultos [22,23]. Em bezerros até os 104 374

dias de idade [24], o figado apresentou maior EV desde o 11° ao 8° EIC, diminuindo em sentido 375

caudal e cranial. A maior extensão hepática em bezerros pode estar associada ao papel 376

hematopoiético exercido pelo órgão nas primeiras semanas de vida determinando um fígado 377

proporcionalmente maior quando comparado aos adultos [27]. 378

Page 66: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

49

No que se refere ao comportamento das medidas de profundidade (PVC e PVP) e 379

largura (LVC e LVP) das estruturas vasculares, para a veia porta as medidas de LVP e PVP 380

foram maiores no 11° e reduziram progressivamente nos EICs mais craniais, como descrito na 381

literatura [21,22]. As medidas de PVC nas três raças avaliadas foram menores no 12° EIC e se 382

tornaram progressivamente maiores até o 9° EIC, o que difere das descrições já realizadas em 383

bovinos que relatam profundidades similares entre EIC [21,22]. As medidas de LVC foram 384

semelhantes entre EICs. Observou-se durante a execução do exame interferências no momento 385

de obtenção das imagens relacionados à inspiração ou expiração do animal, assim como aos 386

movimentos das estruturas adjacentes (alças interinais, rúmen e omaso). 387

A largura e a espessura média da parede da VB observadas neste estudo foram 388

semelhantes entre raças e entre EICs. A LVB esteve entre 1,10 e 6,77 cm. Sabe-se que, 389

dependendo do seu grau de preenchimento, a extensão da VB pode apresentar grandes variações 390

[22-24,27]. Em bezerros, a LVB variou entre 0,9 e 1,8 cm [24] e em bovinos adultos de 0,8 até 391

7,7 cm [22]. 392

A EPVB esteve entre 0,10 a 0,31 cm. Não há referências na literatura para valores 393

de EPVB em bovinos de outras raças, idades e pesos corporais. No entanto, a avaliação desta 394

variável pode ser útil no diagnóstico de alterações inflamatórias da VB ou alterações 395

edematosas não inflamatórias como as verificadas em animais com insuficiência cardíaca 396

direita, trombose de veia cava caudal e hipoproteinemia [28]. 397

Foi observada boa associação entre os resultados de nosso estudo e aqueles 398

descritos previamente para bovinos. Contudo, houveram também diferenças, principalmente 399

relacionadas ao EIC de observação das estruturas, tamanho e profundidade dos vasos (VCC e 400

VP). O parênquima e as estruturas hepáticas foram melhor visualizados nos 11° e 10° EICs, 401

onde houve maior extensão visualizável do órgão e menor interferência da sobreposição da 402

silhueta pulmonar e de movimentos de TGI. Entretanto, a varredura e a realização de 403

Page 67: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

50

mensurações em todos os EICs são ideais para a exclusão de enfermidades focais ou difusas do 404

fígado. 405

406

Conclusão 407

Os resultados deste estudo fornecem os parâmetros de referência para o exame 408

ultrassonográfico do fígado, VCC, VP e VB em bovinos das raças Nelore, Curraleiro Pé-duro 409

e Pantaneiro entre oito e doze meses de idade e peso corporal entre 112 e 175 kg. A 410

determinação destes parâmetros serve como base para o desenvolvimento de critérios 411

comparativos em modelos experimentais de enfermidades que afetam o fígado. 412

413

Abreviaturas 414

PCM: Peso corporal médio; EIC: Espaço intercostal; VCC: Veia cava caudal; VP: Veia porta; 415

VB: Vesícula biliar; DMD: Distância de margem dorsal; DMV: Distância de margem ventral; 416

EV: Extensão visualizável do fígado; LVC: Largura de Veia cava; PVC: Profundidade de 417

Veia cava; LVP: Largura de Veia porta; PVP: Profundidade de Veia porta; LVB: Largura de 418

vesícula biliar; EPVB: Espessura de parede da vesícula biliar. 419

420

Declarações 421

Ethics approval and consent to participate: 422

Este estudo foi submetido sob o número 008/17, avaliado e aprovado pela Comissão 423

de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), sob o número 424

008/17. 425

426

Consentimento para publicação: 427

Não aplicável. 428

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51

429

Disponibilidade de dados e material: 430

Todos os dados usados e/ou analisados durante o presente estudo estão contidos no manuscrito 431

e podem ser compartilhados mediante solicitação. 432

433

Conflito de interesses: 434

Os autores declaram não haver conflito de interesses. 435

436

Financiamento: 437

Este trabalho foi apoiado financeiramente pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento 438

Científico e Tecnológico CNPq, processo N° 407774/2013-0. 439

440

Contribuição dos autores: 441

VHL, NCB e PHJC planejaram, coordenaram e executaram o estudo e redigiram o manuscrito. 442

NAAS e MKFR auxiliaram na execução do experimento; FCS analisou e auxiliou na 443

interpretação estatística. Todos os autores leram e aprovaram o manuscrito final. 444

445

Agradecimentos: 446

Não aplicável. 447

448

449

450

451

452

REFERÊNCIAS 453

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hydatid cyst in the liver of a cow. Indian Vet J 2002;79(10):1072-1074. 473

Page 70: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

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10. Kumar A, Saini NS, Mohindroo J, Singh BB, Sangwan V, Sood NK. Comparison of 474

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Vet World 2016;9(10):1113-1120 476

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to thrombosis of the caudal vena cava. Schweiz Arch Tierheilkd 1992;134(5):235–41. 478

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of the caudal vena cava secondary to thrombosis in 12 cows. Vet Rec 2002;150(7):209-13. 480

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cholestasis and cholangitis. Schweiz Arch Tierheilk 1994;136(8): 275-9. 494

Page 71: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

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cholestasis. Vet Rec 1995;137(21):537-43. 496

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with ruptured gallbladders. Vet Rec 2005;156(11):351-3. 498

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1990;51(10):1522-6. 500

22. Braun U, Gerber D. Influence of age, breed, and stage of pregnancy on hepatic 501

ultrasonographic findings in cows. Am J Vet Res. 1994;55(9):1201-1205 502

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of Spleen and Liver in Healthy Crossbred Cows. ISRN Vet Sci. 2011. 504

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Medicine. Vet Clin North Am Food Anim Pract 2009;25(3):553-565. 508

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analyses. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci. 2013;50:488–492. 510

27. König HE, Liebich HG. Anatomia dos animais domésticos. 4.ed. Porto Alegre: ArtMed, 511

2011. 512

28. Braun U: Ultrasonography of the liver in cattle. Vet Clin North Am Food Anim Pract 2009, 513

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Page 72: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

55

CAPÍTULO 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O exame ultrassonográfico do fígado de bovinos é uma ferramenta prática e de

simples execução que permite, de forma segura e não invasiva, a obtenção de informações sobre

arquitetura do parênquima hepático, sua vasculatura e sistema biliar. Tais informações são

especialmente úteis no diagnóstico de enfermidades hepáticas locais ou difusas, entretanto,

existem apenas quatro estudos que relatam as características ultrassonográficas normais em

bovinos e todos eles utilizaram raças de origem europeia e aptidão leiteira.

Os resultados do presente estudo apresentam as características ecogênicas e

morfométricas normais do sistema hepatobiliar de bovinos em três raças de exploração

comercial no Brasil. Os achados ultrassonográficos verificados neste estudo mostraram, de

forma geral, boa correspondência com as informações descritas para bovinos de outras raças,

idades e peso corporal, entretanto, algumas diferenças também foram observadas,

principalmente relacionadas ao EIC de observação das estruturas, tamanho e profundidade dos

vasos (VCC e VP).

Sabendo-se que a ultrassonografia é um dos exames complementares mais

eficientes na detecção de enfermidades hepáticas, espera-se que, a partir deste estudo,

aumentem as informações e publicações utilizando o exame ultrassonográfico como critério de

identificação e monitoramento de doenças que afetam o fígado de bovinos no Brasil.

Page 73: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

56

Anexo A - Normas para submissão de artigos científicos no periódico BMC Veterinary

Research

Submission Guidelines

Research article Criteria

Research articles should report on original primary research, but may report on systematic

reviews of published research provided they adhere to the appropriate reporting guidelines

which are detailed in our editorial policies. Please note that non-commissioned pooled analyses

of selected published research will not be considered.

BMC Veterinary Research strongly encourages that all datasets on which the conclusions of the

paper rely should be available to readers. We encourage authors to ensure that their datasets are

either deposited in publicly available repositories (where available and appropriate) or

presented in the main manuscript or additional supporting files whenever possible. Please see

Springer Nature’s information on recommended repositories. Where a widely established

research community expectation for data archiving in public repositories exists, submission to

a community-endorsed, public repository is mandatory. A list of data where deposition is

required, with the appropriate repositories, can be found on the Editorial Policies Page.

Authors who need help depositing and curating data may wish to consider uploading their data

to Springer Nature’s Data Support Services or contacting our Research Data Support Helpdesk.

Springer Nature’s Data Support Services provide data deposition and curation to help authors

follow good practice in sharing and archiving of research data. The services provide secure and

private submission of data files, which are curated and managed by the Springer Nature

Research Data team for public release, in agreement with the submitting author. These services

are provided in partnership with figshare. Checks are carried out as part of a submission

screening process to ensure that researchers who should use a specific community-endorsed

repository are advised of the best option for sharing and archiving their data. Use of the Data

Support Services is optional and does not imply or guarantee that a manuscript will be accepted.

Preparing your manuscript

The information below details the section headings that you should include in your manuscript

and what information should be within each section.

Please note that your manuscript must include a 'Declarations' section including all of the

subheadings (please see below for more information).

Title page

The title page should:

• present a title that includes, if appropriate, the study design

• list the full names, institutional addresses and email addresses for all authors

o if a collaboration group should be listed as an author, please list the Group name

as an author. If you would like the names of the individual members of the Group

to be searchable through their individual PubMed records, please include this information in the “Acknowledgements” section in accordance with the

instructions below

• indicate the corresponding author

Abstract

The Abstract should not exceed 350 words. Please minimize the use of abbreviations and do

not cite references in the abstract. The abstract must include the following separate sections:

• Background: the context and purpose of the study

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57

• Results: the main findings

• Conclusions: a brief summary and potential implications

Keywords

Three to ten keywords representing the main content of the article.

Background

The Background section should explain the background to the study, its aims, a summary of the

existing literature and why this study was necessary.

Results

This should include the findings of the study including, if appropriate, results of statistical

analysis which must be included either in the text or as tables and figures.

Discussion

For research articles this section should discuss the implications of the findings in context of

existing research and highlight limitations of the study. For study protocols and methodology

manuscripts this section should include a discussion of any practical or operational issues

involved in performing the study and any issues not covered in other sections.

Conclusions

This should state clearly the main conclusions and provide an explanation of the importance

and relevance of the study to the field.

Methods

The methods section should include:

• the aim, design and setting of the study

• the characteristics of participants or description of materials

• a clear description of all processes, interventions and comparisons. Generic names

should generally be used. When proprietary brands are used in research, include the

brand names in parentheses

• the type of statistical analysis used, including a power calculation if appropriate

List of abbreviations

If abbreviations are used in the text they should be defined in the text at first use, and a list of

abbreviations can be provided.

Declarations

All manuscripts must contain the following sections under the heading 'Declarations':

• Ethics approval and consent to participate

• Consent for publication

• Availability of data and material

• Competing interests

• Funding

• Authors' contributions

• Acknowledgements

• Authors' information (optional)

Please see below for details on the information to be included in these sections.

If any of the sections are not relevant to your manuscript, please include the heading and write

'Not applicable' for that section.

Ethics approval and consent to participate

Manuscripts reporting studies involving human participants, human data or human tissue must:

• include a statement on ethics approval and consent (even where the need for approval

was waived)

• include the name of the ethics committee that approved the study and the committee’s

reference number if appropriate

Studies involving animals must include a statement on ethics approval.

See our editorial policies for more information.

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58

If your manuscript does not report on or involve the use of any animal or human data or tissue,

please state “Not applicable” in this section.

Consent for publication

If your manuscript contains any individual person’s data in any form (including any individual

details, images or videos), consent for publication must be obtained from that person, or in the

case of children, their parent or legal guardian. All presentations of case reports must have

consent for publication.

You can use your institutional consent form or our consent form if you prefer. You should not

send the form to us on submission, but we may request to see a copy at any stage (including

after publication).

See our editorial policies for more information on consent for publication.

If your manuscript does not contain data from any individual person, please state “Not

applicable” in this section.

Availability of data and materials

All manuscripts must include an ‘Availability of data and materials’ statement. Data availability

statements should include information on where data supporting the results reported in the

article can be found including, where applicable, hyperlinks to publicly archived datasets

analysed or generated during the study. By data we mean the minimal dataset that would be

necessary to interpret, replicate and build upon the findings reported in the article. We recognise

it is not always possible to share research data publicly, for instance when individual privacy

could be compromised, and in such instances data availability should still be stated in the

manuscript along with any conditions for access.

Data availability statements can take one of the following forms (or a combination of more than

one if required for multiple datasets):

• The datasets generated and/or analysed during the current study are available in the

[NAME] repository, [PERSISTENT WEB LINK TO DATASETS]

• The datasets used and/or analysed during the current study are available from the

corresponding author on reasonable request.

• All data generated or analysed during this study are included in this published article

[and its supplementary information files].

• The datasets generated and/or analysed during the current study are not publicly

available due [REASON WHY DATA ARE NOT PUBLIC] but are available from the

corresponding author on reasonable request.

• Data sharing is not applicable to this article as no datasets were generated or analysed

during the current study.

• The data that support the findings of this study are available from [third party name] but

restrictions apply to the availability of these data, which were used under license for the

current study, and so are not publicly available. Data are however available from the

authors upon reasonable request and with permission of [third party name].

• Not applicable. If your manuscript does not contain any data, please state 'Not

applicable' in this section.

More examples of template data availability statements, which include examples of openly

available and restricted access datasets, are available here.

BioMed Central also requires that authors cite any publicly available data on which the

conclusions of the paper rely in the manuscript. Data citations should include a persistent

identifier (such as a DOI) and should ideally be included in the reference list. Citations of

datasets, when they appear in the reference list, should include the minimum information

recommended by DataCite and follow journal style. Dataset identifiers including DOIs should

be expressed as full URLs. For example:

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59

Hao Z, AghaKouchak A, Nakhjiri N, Farahmand A. Global integrated drought monitoring and

prediction system (GIDMaPS) data sets. figshare.

2014. http://dx.doi.org/10.6084/m9.figshare.853801

With the corresponding text in the Availability of data and materials statement:

The datasets generated during and/or analysed during the current study are available in the

[NAME] repository, [PERSISTENT WEB LINK TO DATASETS].[Reference number]

Competing interests

All financial and non-financial competing interests must be declared in this section.

See our editorial policies for a full explanation of competing interests. If you are unsure whether

you or any of your co-authors have a competing interest please contact the editorial office.

Please use the authors initials to refer to each authors' competing interests in this section.

If you do not have any competing interests, please state "The authors declare that they have no

competing interests" in this section.

Funding

All sources of funding for the research reported should be declared. The role of the funding

body in the design of the study and collection, analysis, and interpretation of data and in writing

the manuscript should be declared.

Authors' contributions

The individual contributions of authors to the manuscript should be specified in this section.

Guidance and criteria for authorship can be found in our editorial policies.

Please use initials to refer to each author's contribution in this section, for example: "FC

analyzed and interpreted the patient data regarding the hematological disease and the transplant.

RH performed the histological examination of the kidney, and was a major contributor in

writing the manuscript. All authors read and approved the final manuscript."

Acknowledgements

Please acknowledge anyone who contributed towards the article who does not meet the criteria

for authorship including anyone who provided professional writing services or materials.

Authors should obtain permission to acknowledge from all those mentioned in the

Acknowledgements section.

See our editorial policies for a full explanation of acknowledgements and authorship criteria.

If you do not have anyone to acknowledge, please write "Not applicable" in this section.

Group authorship (for manuscripts involving a collaboration group): if you would like the

names of the individual members of a collaboration Group to be searchable through their

individual PubMed records, please ensure that the title of the collaboration Group is included

on the title page and in the submission system and also include collaborating author names as

the last paragraph of the “Acknowledgements” section. Please add authors in the format First

Name, Middle initial(s) (optional), Last Name. You can add institution or country information

for each author if you wish, but this should be consistent across all authors.

Please note that individual names may not be present in the PubMed record at the time a

published article is initially included in PubMed as it takes PubMed additional time to code this

information.

Authors' information

This section is optional.

You may choose to use this section to include any relevant information about the author(s) that

may aid the reader's interpretation of the article, and understand the standpoint of the author(s).

This may include details about the authors' qualifications, current positions they hold at

institutions or societies, or any other relevant background information. Please refer to authors

using their initials. Note this section should not be used to describe any competing interests.

Page 77: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

60

Endnotes

Endnotes should be designated within the text using a superscript lowercase letter and all notes

(along with their corresponding letter) should be included in the Endnotes section. Please format

this section in a paragraph rather than a list.

References

Examples of the Vancouver reference style are shown below.

See our editorial policies for author guidance on good citation practice

Web links and URLs: All web links and URLs, including links to the authors' own websites,

should be given a reference number and included in the reference list rather than within the text

of the manuscript. They should be provided in full, including both the title of the site and the

URL, as well as the date the site was accessed, in the following format: The Mouse Tumor

Biology Database. http://tumor.informatics.jax.org/mtbwi/index.do. Accessed 20 May 2013. If

an author or group of authors can clearly be associated with a web link, such as for weblogs,

then they should be included in the reference.

Example reference style:

Article within a journal

Smith JJ. The world of science. Am J Sci. 1999;36:234-5.

Article within a journal (no page numbers)

Rohrmann S, Overvad K, Bueno-de-Mesquita HB, Jakobsen MU, Egeberg R, Tjønneland A, et

al. Meat consumption and mortality - results from the European Prospective Investigation into

Cancer and Nutrition. BMC Medicine. 2013;11:63.

Article within a journal by DOI

Slifka MK, Whitton JL. Clinical implications of dysregulated cytokine production. Dig J Mol

Med. 2000; doi:10.1007/s801090000086.

Article within a journal supplement

Frumin AM, Nussbaum J, Esposito M. Functional asplenia: demonstration of splenic activity

by bone marrow scan. Blood 1979;59 Suppl 1:26-32.

Book chapter, or an article within a book

Wyllie AH, Kerr JFR, Currie AR. Cell death: the significance of apoptosis. In: Bourne GH,

Danielli JF, Jeon KW, editors. International review of cytology. London: Academic; 1980. p.

251-306.

OnlineFirst chapter in a series (without a volume designation but with a DOI)

Saito Y, Hyuga H. Rate equation approaches to amplification of enantiomeric excess and chiral

symmetry breaking. Top Curr Chem. 2007. doi:10.1007/128_2006_108.

Complete book, authored

Blenkinsopp A, Paxton P. Symptoms in the pharmacy: a guide to the management of common

illness. 3rd ed. Oxford: Blackwell Science; 1998.

Online document

Doe J. Title of subordinate document. In: The dictionary of substances and their effects. Royal

Society of Chemistry. 1999. http://www.rsc.org/dose/title of subordinate document. Accessed

15 Jan 1999.

Online database

Healthwise Knowledgebase. US Pharmacopeia, Rockville. 1998. http://www.healthwise.org.

Accessed 21 Sept 1998.

Supplementary material/private homepage

Doe J. Title of supplementary material. 2000. http://www.privatehomepage.com. Accessed 22

Feb 2000.

University site

Page 78: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

61

Doe, J: Title of preprint. http://www.uni-heidelberg.de/mydata.html (1999). Accessed 25 Dec

1999.

FTP site

Doe, J: Trivial HTTP, RFC2169. ftp://ftp.isi.edu/in-notes/rfc2169.txt (1999). Accessed 12 Nov

1999.

Organization site

ISSN International Centre: The ISSN register. http://www.issn.org (2006). Accessed 20 Feb

2007.

Dataset with persistent identifier

Zheng L-Y, Guo X-S, He B, Sun L-J, Peng Y, Dong S-S, et al. Genome data from sweet and

grain sorghum (Sorghum bicolor). GigaScience Database.

2011. http://dx.doi.org/10.5524/100012.

Figures, tables and additional files

See General formatting guidelines for information on how to format figures, tables and

additional files.

Submit your manuscript in Editorial Manager

Preparing main manuscript text

Quick points:

• Use double line spacing

• Include line and page numbering

• Use SI units: Please ensure that all special characters used are embedded in the text,

otherwise they will be lost during conversion to PDF

• Do not use page breaks in your manuscript

File formats

The following word processor file formats are acceptable for the main manuscript document:

• Microsoft word (DOC, DOCX)

• Rich text format (RTF)

• TeX/LaTeX (use BioMed Central's TeX template)

Please note: editable files are required for processing in production. If your manuscript

contains any non-editable files (such as PDFs) you will be required to re-submit an editable file

when you submit your revised manuscript, or after editorial acceptance in case no revision is

necessary.

Additional information for TeX/LaTeX users

Please use BioMed Central's TeX template and BibTeX stylefile if you use TeX format. Submit

your references using either a bib or bbl file. When submitting TeX submissions, please submit

both your TeX file and your bib/bbl file as manuscript files. Please also convert your TeX file

into a PDF (please do not use a DIV file) and submit this PDF as a supplementary file with the

name 'Reference PDF'. This PDF will be used by our production team as a reference point to

check the layout of the article as the author intended.

The Editorial Manager system checks for any errors in the Tex files. If an error is present then

the system PDF will display LaTex code and highlight and explain the error in a section

beginning with an exclamation mark (!).

All relevant editable source files must be uploaded during the submission process. Failing to

submit these source files will cause unnecessary delays in the production process.

TeX templates

BioMedCentral_article (ZIP format) - preferred template

Springer article svjour3 (ZIP format)

birkjour (Birkhäuser, ZIP format)

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62

article (part of the standard TeX distribution)

amsart (part of the standard TeX distribution)

Style and language

For editors and reviewers to accurately assess the work presented in your manuscript you need

to ensure the English language is of sufficient quality to be understood. If you need help with

writing in English you should consider:

• Visiting the English language tutorial which covers the common mistakes when writing

in English.

• Asking a colleague who is a native English speaker to review your manuscript for

clarity.

• Using a professional language editing service where editors will improve the English to

ensure that your meaning is clear and identify problems that require your review. Two

such services are provided by our affiliates Nature Research Editing

Service and American Journal Experts. BMC authors are entitled to a 10% discount on

their first submission to either of these services. To claim 10% off English editing from

Nature Research Editing Service, click here. To claim 10% off American Journal

Experts, click here.

Please note that the use of a language editing service is not a requirement for publication in the

journal and does not imply or guarantee that the article will be selected for peer review or

accepted.

Data and materials

For all journals, BioMed Central strongly encourages all datasets on which the conclusions of

the manuscript rely to be either deposited in publicly available repositories (where available

and appropriate) or presented in the main paper or additional supporting files, in machine-

readable format (such as spread sheets rather than PDFs) whenever possible. Please see the list

of recommended repositories in our editorial policies.

For some journals, deposition of the data on which the conclusions of the manuscript rely is an

absolute requirement. Please check the Instructions for Authors for the relevant journal and

article type for journal specific policies.

For all manuscripts, information about data availability should be detailed in an ‘Availability

of data and materials’ section. For more information on the content of this section, please see

the Declarations section of the relevant journal’s Instruction for Authors. For more information

on BioMed Centrals policies on data availability, please see our [editorial policies].

Formatting the 'Availability of data and materials' section of your manuscript

The following format for the 'Availability of data and materials section of your manuscript

should be used:

"The dataset(s) supporting the conclusions of this article is(are) available in the [repository

name] repository, [unique persistent identifier and hyperlink to dataset(s) in http:// format]."

The following format is required when data are included as additional files:

"The dataset(s) supporting the conclusions of this article is(are) included within the article (and

its additional file(s))."

BioMed Central endorses the Force 11 Data Citation Principles and requires that all publicly

available datasets be fully referenced in the reference list with an accession number or unique

identifier such as a DOI.

For databases, this section should state the web/ftp address at which the database is available

and any restrictions to its use by non-academics.

For software, this section should include:

• Project name: e.g. My bioinformatics project

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63

• Project home page: e.g. http://sourceforge.net/projects/mged

• Archived version: DOI or unique identifier of archived software or code in repository

(e.g. enodo)

• Operating system(s): e.g. Platform independent

• Programming language: e.g. Java

• Other requirements: e.g. Java 1.3.1 or higher, Tomcat 4.0 or higher

• License: e.g. GNU GPL, FreeBSD etc.

• Any restrictions to use by non-academics: e.g. licence needed

Information on available repositories for other types of scientific data, including clinical data,

can be found in our editorial policies.

References

See our editorial policies for author guidance on good citation practice.

Please check the submission guidelines for the relevant journal and article type.

What should be cited?

Only articles, clinical trial registration records and abstracts that have been published or are in

press, or are available through public e-print/preprint servers, may be cited.

Unpublished abstracts, unpublished data and personal communications should not be included

in the reference list, but may be included in the text and referred to as "unpublished

observations" or "personal communications" giving the names of the involved researchers.

Obtaining permission to quote personal communications and unpublished data from the cited

colleagues is the responsibility of the author. Footnotes are not allowed, but endnotes are

permitted. Journal abbreviations follow Index Medicus/MEDLINE.

Any in press articles cited within the references and necessary for the reviewers' assessment of

the manuscript should be made available if requested by the editorial office.

How to format your references

Please check the Instructions for Authors for the relevant journal and article type for examples

of the relevant reference style.

Web links and URLs: All web links and URLs, including links to the authors' own websites,

should be given a reference number and included in the reference list rather than within the text

of the manuscript. They should be provided in full, including both the title of the site and the

URL, as well as the date the site was accessed, in the following format: The Mouse Tumor

Biology Database. http://tumor.informatics.jax.org/mtbwi/index.do. Accessed 20 May 2013. If

an author or group of authors can clearly be associated with a web link, such as for weblogs,

then they should be included in the reference.

Authors may wish to make use of reference management software to ensure that reference lists

are correctly formatted.

Preparing figures

When preparing figures, please follow the formatting instructions below.

• Figures should be numbered in the order they are first mentioned in the text, and

uploaded in this order. Multi-panel figures (those with parts a, b, c, d etc.) should be

submitted as a single composite file that contains all parts of the figure.

• Figures should be uploaded in the correct orientation.

• Figure titles (max 15 words) and legends (max 300 words) should be provided in the

main manuscript, not in the graphic file.

• Figure keys should be incorporated into the graphic, not into the legend of the figure.

• Each figure should be closely cropped to minimize the amount of white space

surrounding the illustration. Cropping figures improves accuracy when placing the

figure in combination with other elements when the accepted manuscript is prepared for

publication on our site. For more information on individual figure file formats, see our

detailed instructions.

Page 81: ULTRASSONOGRAFIA HEPÁTICA DE BOVINOS HÍGIDOS DAS …Ultrassonografia da margem dorsal (a) e ventral (c) do fígado de bovino Curraleiro verificada no 11° EIC. Os bordos hepáticos

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• Individual figure files should not exceed 10 MB. If a suitable format is chosen, this file

size is adequate for extremely high quality figures.

• Please note that it is the responsibility of the author(s) to obtain permission from

the copyright holder to reproduce figures (or tables) that have previously been

published elsewhere. In order for all figures to be open access, authors must have

permission from the rights holder if they wish to include images that have been

published elsewhere in non open access journals. Permission should be indicated in the

figure legend, and the original source included in the reference list.

Figure file types

We accept the following file formats for figures:

• EPS (suitable for diagrams and/or images)

• PDF (suitable for diagrams and/or images)

• Microsoft Word (suitable for diagrams and/or images, figures must be a single page)

• PowerPoint (suitable for diagrams and/or images, figures must be a single page)

• TIFF (suitable for images)

• JPEG (suitable for photographic images, less suitable for graphical images)

• PNG (suitable for images)

• BMP (suitable for images)

• CDX (ChemDraw - suitable for molecular structures)

For information and suggestions of suitable file formats for specific figure types, please see

our author academy.

Figure size and resolution

Figures are resized during publication of the final full text and PDF versions to conform to the

BioMed Central standard dimensions, which are detailed below.

Figures on the web:

• width of 600 pixels (standard), 1200 pixels (high resolution).

Figures in the final PDF version:

• width of 85 mm for half page width figure

• width of 170 mm for full page width figure

• maximum height of 225 mm for figure and legend

• image resolution of approximately 300 dpi (dots per inch) at the final size

Figures should be designed such that all information, including text, is legible at these

dimensions. All lines should be wider than 0.25 pt when constrained to standard figure widths.

All fonts must be embedded.

Figure file compression

• Vector figures should if possible be submitted as PDF files, which are usually more

compact than EPS files.

• TIFF files should be saved with LZW compression, which is lossless (decreases file size

without decreasing quality) in order to minimize upload time.

• JPEG files should be saved at maximum quality.

• Conversion of images between file types (especially lossy formats such as JPEG) should

be kept to a minimum to avoid degradation of quality.

If you have any questions or are experiencing a problem with figures, please contact the

customer service team at [email protected].

Preparing tables

When preparing tables, please follow the formatting instructions below.

• Tables should be numbered and cited in the text in sequence using Arabic numerals (i.e.

Table 1, Table 2 etc.).

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65

• Tables less than one A4 or Letter page in length can be placed in the appropriate location

within the manuscript.

• Tables larger than one A4 or Letter page in length can be placed at the end of the

document text file. Please cite and indicate where the table should appear at the relevant

location in the text file so that the table can be added in the correct place during

production.

• Larger datasets, or tables too wide for A4 or Letter landscape page can be uploaded as

additional files. Please see [below] for more information.

• Tabular data provided as additional files can be uploaded as an Excel spreadsheet (.xls

) or comma separated values (.csv). Please use the standard file extensions.

• Table titles (max 15 words) should be included above the table, and legends (max 300

words) should be included underneath the table.

• Tables should not be embedded as figures or spreadsheet files, but should be formatted

using ‘Table object’ function in your word processing program.

• Color and shading may not be used. Parts of the table can be highlighted using

superscript, numbering, lettering, symbols or bold text, the meaning of which should be

explained in a table legend.

• Commas should not be used to indicate numerical values.

If you have any questions or are experiencing a problem with tables, please contact the customer

service team at [email protected].

Preparing additional files

As the length and quantity of data is not restricted for many article types, authors can provide

datasets, tables, movies, or other information as additional files.

All Additional files will be published along with the accepted article. Do not include files such

as patient consent forms, certificates of language editing, or revised versions of the main

manuscript document with tracked changes. Such files, if requested, should be sent by email to

the journal’s editorial email address, quoting the manuscript reference number. Please do not

send completed patient consent forms unless requested.

Results that would otherwise be indicated as "data not shown" should be included as additional

files. Since many web links and URLs rapidly become broken, BioMed Central requires that

supporting data are included as additional files, or deposited in a recognized repository. Please

do not link to data on a personal/departmental website. Do not include any individual participant

details. The maximum file size for additional files is 20 MB each, and files will be virus-scanned

on submission. Each additional file should be cited in sequence within the main body of text.

If additional material is provided, please list the following information in a separate section of

the manuscript text:

• File name (e.g. Additional file 1)

• File format including the correct file extension for example .pdf, .xls, .txt, .pptx

(including name and a URL of an appropriate viewer if format is unusual)

• Title of data

• Description of data

Additional files should be named "Additional file 1" and so on and should be referenced

explicitly by file name within the body of the article, e.g. 'An additional movie file shows this

in more detail [see Additional file 1]'.

For further guidance on how to use Additional files or recommendations on how to present

particular types of data or information, please see How to use additional files.

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Anexo B – Aprovação na Comissão de Ética no Uso de Animais da UFG

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