Um Caminho Mais Simples

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Livro sensacional que corrobora toda a Tecnologia Social do 5o SEtoR-Academia da Arte do Trabalho, de autoria de Margareth Weatley.

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um caminho mais simplesMargaret J. Wheatley Myron Kellner-Rogers

., Traduo , .MARCELO BRANDO ClPOLA EDITORA CULTRIX So Paulo

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para todos ns

Alguns vo primeiro; outros, muito tempo depois. Deus abenoa tanto uns quanto outros e a todos os que esto a caminho, e repe o que foi consumido, e tudo prov queles que trabalham a terra da abundncia... Jelaluddin Rumi Prsia, sculo X///

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sumrioEnsaio Fotogrfico 1 Um Convite 5 Um Caminho Mais Simples 9 Potica de A. R. Ammons 10 Brincadeira 20 A Organizao Como Uma Brincadeira 28 A Organizao 36 A Organizao Enquanto Organizao 46 O Eu . 56 Eus Em Organizao 66 Manifestao Emergente ., 76 Organizao Emergente 88 Movimento Coerente 104 Ensaio Fotogrfico 11 6 Notas 120 Bibliografia 126 ndice . 135 Os Autores

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um conviteQueremos que a vida seja menos rdua e mais agradvel. Queremos ser capazes de pensar de maneira nova sobre como organizar as atividades humanas. desses desejos que nasce este livro. Ele apresenta um modo diferente de pensar a vida e as maneiras como poderiam ser as atividades organizativas. Firmemente arraigada em nossas crenas, experincias e esperanas, esta obra representa a compreenso a que chegamos e as questes que mais nos intrigam. ela uma expresso daquilo que aprendemos e daquilo que esperamos descobrir. A imagem mecanicista do mundo tem razes muito profundas na grande maioria das pessoas; no entanto, ela no nos serve mais. A busca de cada um de ns por novas formas de compreenso levou-nos a travar contato com filsofos, cientistas, poetas, romancistas, mestres espirituais, colegas, platias, e uns com os outros. Nossa vida consiste em analisar a.quilo que vemos quando observamos a vida e as organizaes, valendo-nos de imagens diferentes. Eis a principal pergunta deste livro: Como poderamos organizar a atividade humana se desenvolvssemos novas formas de compreender como a vida organiza a si mesma? Na qualidade de autores, dirigimos essa interrogao a todos, pois no h ningum cuja vida no seja afetada pelas organizaes que o ser humano criou; e convidamos cada um de vocs a participar dessa investigao. Esperamos ter criado uma obra que evoque a experincia passada e a ligao de vocs com os conceitos que expomos. Queremos, alm disso, que o projeto grfico e a organizao textual deste livro nos conduzam a novas maneiras de ver. Todos precisamos uns dos outros para abordar essas idias. Cada um contribui com suas prprias experincias e pensamentos na medida em que procura compreender oRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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mundo de maneira diferente. Todos ns desempenhamos um papel essencial no questionamento de cada ser humano. Ns Ihes damos as boas-vindas.

Enquanto brincvamos com novas idias e uma nova viso de mundo, continuvamos a investigar as nossas crenas. O comportamento humano , em grande medida, fruto dos hbitos; e por trs de cada hbito h uma crena -sobre as pessoas, a vida, o mundo. Nossa premissa a de que, na medida em que conhecemos nossas crenas, podemos moldar nosso comportamento de maneira mais consciente. Conhecer as prprias crenas tornou-se para ns um processo quase compulsivo (o que provavelmente incomodou muito mais gente do que gostaramos de admitir). Eis um resumo das crenas que temos hoje acerca das organizaes humanas e o mundo em que elas tomam forma. O universo uma experincia viva e criativa em que descobrimos o que possvel em todas as escalas, do micrbio ao cosmos. A organizao a tendncia natural da vida. A vida se organiza em nveis de complexidade cada vez maiores para obter mais diversidade e sustentabilidade. A vida se organiza em torno de um eu. A organizao sempre o ato de criao de uma identidade. A vida se organiza naturalmente. As redes, padres e estruturas se manifestam sem nenhuma imposio ou orientao exterior. A organizao quer acontecer. Todo ser humano inteligente, criativo, adaptvel, apto a se organizar a si mesmo; e todos buscam o sentido da prpria vida. As organizaes so sistemas vivos. Tambm elas so inteligentes, criativas, adaptveis e aptas a se organizar; tambm elas buscam o significado da vida.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Essas crenas so nossas. Elas se formaram a partir das informaes e dos pontos de vista que so apresentados neste livro. possvel que, durante sua leitura, voc desenvolva crenas diferentes. Sugerimos que voc sempre coloque suas crenas em questo. Esse questionamento pessoal exige de ns uma compreenso profunda das idias que temos sobre o mundo. Muitas vezes, ele nos leva a desafiar mais do que pretendamos. No obstante, constatamos que as crenas so o ponto de origem da verdadeira mudana. A crena a razo de escrevermos este livro.

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um caminho mais simples

Existe um modo mais simples de organizar a atividade humana. Ele exige uma nova maneira de estar no mundo: exige estar no mundo sem medo. Estar no mundo brincando e criando. Buscar o possvel. Estar disposto a aprender e a se surpreender. Esse modo mais simples de organizar a atividade humana requer a crena de que o mundo intrinsecamente ordenado. O mundo busca naturalmente a organizao; ele no precisa de que ns, humanos, o organizemos. Esse modo simples faz brotar em ns aquilo que temos de melhor. Ele nos desafia a compreender a natureza humana de maneira diferente, mais otimista. Ele nos considera seres criativos e reconhece que buscamos um sentido para a vida; nos convida a encarar o trabalho e a vida com menos seriedade e mais compromisso; no separa a brincadeira da natureza do ser. . O mundo desse modo mais simples um mundo que j conhecemos. Talvez no o tenhamos visto com clareza, mas vivemos nele desde que nascemos. ele um mundo amistoso, mais disposto a receber em si a nossa humanidade. Nele, aquilo que somos e aquilo que temos de melhor pode florescer sem impedimentos. O mundo que nos ensinaram a ver era um mundo inspito para a nossa humanidade. Ns aprendemos a ver o mundo como uma grande mquina; depois, no conseguimos encontrar nele nada de humano. Nosso pensamento assumiu contornos ainda mais estranhos -ns aplicamos essa imagem do mundo a ns mesmos e passamos a crer que tambm ns ramos mquinas.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Como no conseguimos nos encontrar no mundo mecnico que havamos criado no pensamento, vamos o mundo como um lugar estranho e terrvel. A alienao gerava a necessidade de dominar; o medo levava busca de um controle rgido. Queramos controlar e ter domnio sobre tudo, e tentamos faz-Io, mas nem por isso o medo se foi. Os erros nos ameaavam; os fracassos nos arruinavam; foras mecnicas impassveis exigiam de ns submisso absoluta. Sobrava pouco espao para os interesses humanos. Mas o mundo no uma mquina. Ele vivo e est repleto de vida e de vestgios da vida. Em todas as rochas antigas que encontramos, nos diz o bilogo James Lovelock, est preservada a vida das eras passadas. A vida no pode ser erradicada do mundo, muito embora as metforas cientficas tenham tentado fazIo. medida que mudamos nossas imagens do mundo, medida que deixamos a mquina para trs, ns nos reencontramos. Ns recuperamos um mundo que favorece a atividade humana. 0 mundo do jeito mais simples tem uma tendncia natural e espontnea organizao. Ele busca a ordem. Por mais catica que a situao parea no incio, os sistemas de organizao aparecem quando os elementos se combinam. A vida atrada pela ordem -uma ordem obtida por meio de exploraes aleatrias de novas relaes e novas possibilidades. Neste mundo, ns nos movemos com mais segurana. O mundo apia nossos esforos de maneira nunca antes esperada. Temos liberdade para criar, experimentar, organizar, fracassar, realizar, brincar, aprender, criar de novo.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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O que reencontramos um convite da vida liberdade, criatividade e busca de significado. So esses os desejos da existncia humana. Neste momento ns conseguimos ver o nosso reflexo no mundo. O fsico Ilya Prigogine diz que ns, humanos, somos "a realizao mais fulgurante das leis bsicas da natureza". Livres para estar no mundo na plenitude da nossa humanidade, do que somos capazes? Livres para brincar, experimentar e descobrir, livres para fracassar, o que podemos criar? O que poderamos realizar se parssemos de tentar estruturar a existncia do mundo? O que poderamos realizar se levssemos em conta a tendncia natural da vida organizao? I.Quem poderamos ser se encontrssemos um caminho mais simples?

poetlcaA. R. Ammons Procuro o caminho que as coisas vo tomar espiralando-se a partir de um centro, a forma que as coisas vo assumir para se manifestar de modo que o vidoeiro branco tocado de preto nos ramos se destaque, ereto, reluzindo totalmente, ao vento, o seu ser aparente: procuro as formas sob as quais as coisas vo querer surgir de abismos negros de possibilidade, o como uma coisa vaiRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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se desdobrar: no a figura no papel embora tambm ela - mas os meios no papel, que no interferem: nem tanto procurando a figura quanto abrindo-me a qualquer figura que esteja conclamando-se atravs de mim vinda do eu, no meu, mas nosso.

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brincadeiraProcuro o caminho que as coisas vo tomar espiralando-se a partir de um centro

A vida criativa. brincando que ela vem existncia, buscando novos relacionamentos, novas capacidades, novas figuras. A vida a experincia de descobrir o possvel. medida que brinca com a descoberta, ela vai criando cada vez mais possibilidades. Com tanta liberdade para a descoberta, como a vida pode deixar de ser divertida? o que nos impede de ver a vida como algo criativo, at divertido? Desde Darwin, pelo menos, a cultura ocidental acalenta uma srie de erros enormes. Cultivamos a crena de que o mundo hostil, de que travamos uma luta constante pela sobrevivncia, de que a consequncia do erro a morte, de que o ambiente almeja a nossa destruio. No existe segurana num mundo assim. Quem no teria medo? O pensamento darwinista consolidou a crena de que a vida um mero acidente csmico, um evento aleatrio entre outros. Uma vez que o mundo nunca tivera a inteno de que a vida surgisse, no tinha tambm a obrigao de sustent-Ia. A vida tinha de conquistar fora cada golfada de ar, submetida constantemente prova por um ambiente hostil e impiedoso.

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As espcies apareciam por acaso; sobreviviam os seres dotados de erros genticos favorveis. O ambiente pairava qual sombra maligna sobre todas as coisas vivas, pronto a desafiar e destruir. A vida enfrentava uma responsabilidade espantosa: acerte ou morra. Essa maneira de pensar equivocada norteia a maioria de nossas decises e nos impede de ver um mundo que no cessa jamais de investigar e de criar. A vida uma questo de inventar, no de sobreviver. Estamos aqui para criar, no para nos defender. Depois de dissipar as neblinas do pensamento darwinista, aparece um mundo totalmente novo: um mundo fascinado com as suas prprias exploraes, que se reconstri medida que flui, que nos recebe como parceiros da sua experincia. As imagens da vida como algo criativo e divertido acompanharam o ser humano por milhares de anos em diversas tradies espirituais, mas o moderno pensamento ocidental dificulta a viso da vida como uma brincadeira. No papel de escritores que o convidam a pensar em como seria a vida humana se todos ns vssemos o mundo como um lugar divertido e cheio de novidades, resolvemos entretecer um poema ao longo da nossa obra. No o fizemos somente porque gostamos de poesia, mas tambm porque, num mundo criativo e divertido, todos ns somos poetas o tempo todo. Estamos todos sempre empenhados em tentar transmitir nossas experincias de vida atravs de imagens que possam relacion-las com outras experincias. Mesmo a cincia mais analtica, os modelos mais engenhosos, so sempre poesia: a criao de imagens que evocam a experincia, interligando as coisas em vista de novos modos de compreenso. impossvel conhecer o mundo de maneira objetiva, " desvestir os sentidos" para determinar se a realidade existe em alguma esfera alm da nossa; impossvel formar um quadro verdadeiro da realidade, impossvel observar o que certo. Ns vemos o mundo atravs dos sentidos, descrevendo a experincia que pensamos ter da realidade. Ento, escolhemos imagens para transmitir essaRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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experincia e criamos metforas para interligar o que vemos. Procuramos novas maneiras de compreender o que parece estar acontecendo e a nossa idia de o que isso significa. Ezra Pound chamou a poesia de "linguagem da explorao". O ponto inicial da explorao de um mundo divertido e criativo o reconhecimento de que somos todos poetas, explorando possibilidades de significado num mundo que tambm est constantemente explorando as suas possibilidades.

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"Creio que tenho a experincia da criatividade em todos os momentos da minha vida", disse o filsofo francs Henri Bergson. Ser que a nossa prpria vida pode ser to feliz quanto a dele? Talvez isso ocorra quando viermos a compreender como a vida se cria. O processo de criao da vida muito diferente do que pensvamos. Ele tem tantos princpios subjacentes que podemos consider-lo uma lgica, a lgica da brincadeira; na verdade, gostaramos de cham-Ia de "lgica da vida". Os elementos principais dessa lgica se evidenciam na obra recente de vrios cientistas que investigam o modo como a vida vem a ser. Tudo est num processo constante de descoberta e criao. Tudo est mudando o tempo todo: as pessoas, os sistemas, os ambientes, as regras, os processos evolutivos. At a mudana muda. Cada organismo reinterpreta as regras, cria excees para si mesmo, cria novas regras. A vida usa a desordem para chegar a solues bem ordenadas. A vida no parece compartilhar do nosso desejo de eficincia e esmero. Ela se vale da redundncia, da impreciso, de densas teias de relacionamentos e de uma incansvel cadeia de tentativas e erros para descobrir o que realmente funciona. A vida quer descobrir o que funciona, no o que "certo". O importante a capacidade de continuar encontrando solues; toda soluo temporria. No h respostas permanentes. O que mantm o organismo vivo a capacidade de continuar mudando, de descobrir o que funciona no momento. A vida cria mais possibilidades medida que trabalha com as oportunidades. No existem "golpes de sorte", estreitssimos rasgos no tecido do espao-tempo que logo se fecham e desaparecem para sempre. As possibilidades geram mais possibilidades; elas so infinitas. A vida tende ordem. Ela experimenta at descobrir como formar um sistema capaz de manter diversos membros. Os seres experimentam uma grande gama de relacionamentos possveis para descobrir se so capazes de organizar-se num sistema que sustente a vida. As exploraes continuam at a descoberta de umRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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sistema. Ento, o sistema d estabilidade a seus membros, de modo que os seres sofram menos os efeitos bruscos da mudana.

A vida se organiza em torno da identidade. Todo ser vivo busca desenvolver-se e preservar-se. A identidade o filtro usado por todos os organismos ou sistemas para compreender o mundo. Novas informaes, novos relacionamentos, mudanas no ambiente - todas essas coisas so interpretadas atravs de um sentido de "eu". Essa tendncia autocriao to forte que chega a criar um aparente paradoxo: o organismo muda para manter a prpria identidade. Tudo participa na criao e evoluo do que tem sua volta. No existem seres isolados e impassveis. No existe sistema que determine as condies de outro sistema. Todos participam juntos na criao de suas condies de interdependncia. A vida criativa. Ela se constri medida que flui, at mesmo mudando as regras. Esse comportamento se contrape frontalmente lgica que costumamos usar para explicar como o mundo funciona. A maioria de ns foi criada num mundo orientado pela crena de que as coisas existiam num estado fixo e de interdependncia. As coisas poderiam ser compreendidas pela anlise. A partir da observao do comportamento delas, leis e princpios seriam determinados e se fariam previses para situaes semelhantes. As respostas certas eram o fruto do trabalho rduo de mentes brilhantes, e s a assiduidade no processo analtico garantiria a nossa segurana. Por muito tempo nos concentramos em tentar descobrir o "certo". Ns dissecamos as coisas, peneirando a anlise para obter a resposta correta, criando uma quantidade cada vez maior de lixo mental e rodeando-nos de nmeros que nos causam imensa insatisfao.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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O terror reveste todas essas atividades. E se no encontrarmos a resposta? E se chegarmos resposta errada? E se outra pessoa encontrar a resposta antes de ns? A extino sobrevm rapidamente nos rastros de qualquer engano. Esse medo do erro parece ser a mais escura das sombras darwinianas. Num mundo em que os erros representam tanto perigo, no h espao para a brincadeira. A criatividade morre, restando somente medo e esforo. Paradoxalmente, no deixamos de cometer erros imensos. No cansamos de dizer uns aos outros: " Acerte logo na primeira vez." Como conviver com tanto medo? A sobrevivncia do mais apto no existe; s existe a sobrevivncia do apto. Isso significa que no h s uma resposta certa, mas muitas que podem funcionar. A vida explora indefinidas combinaes, satisfeita em encontrar qualquer coisa que funcione. O enigma da biologia no o modo pelo qual a seleo natural fora um organismo a adotar uma soluo certa, mas o modo pelo qual uma diversidade to espantosa, uma multiplicidade feroz, pode ser domada a ponto de fazer desenvolver organismos que sejam semelhantes o suficiente para se reproduzir. Por que existem tantas plantas e animais diferentes? Talvez porque a vida s estabelea para si este simples critrio: o que quer que voc se torne, no deixe de garantir a sua sobrevivncia e reproduo. Isso no uma camisa-de-fora, mas uma linha-mestra muito ampla. Com tanta liberdade, os organismos seguem em todas as direes em busca daquilo que Ihes possvel. A natureza estimula a mais impetuosa auto-expresso, desde que ela no ameace a sobrevivncia do organismo. O mundo tem capacidade para conter nveis incrveis de diversidade, acrscimos divertidssimos aparncia fsica dos organismos, arroubos inigualveis de cor e brilho. Nada tem um modelo ideal; s existem combinaes interessantes que surgem medida que um ser vivo vai explorando o seu espao de possibilidades.

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No obstante, a idia da evoluo submeteu nossa espcie a um imenso terror; o medo de errar nos levou conformidade paralisante. Este mundo de frentica explorao vem existncia fazendo pequenos ajustes aqui e ali. Um bilogo francs descreve o processo de criao das coisas vivas como uma bricolage - a montagem de partes e objetos em arranjos complicados, no porque elas esto de acordo com um modelo ideal, mas simplesmente porque tais arranjos so possveis. O trabalhador ambulante que faz de tudo - o pau-para-toda-obra - tem habilidade, mas no tem planos definidos. Ele usa os materiais que tem mo. A vida assim. Ser que essa caracterstica faz com que a vida parea aleatria, relativista, estupidamente casusta? Ou ser que ela revela o gosto que a vida tem pela explorao, pela descoberta do possvel? Essa atitude nos abre quilo que possvel no momento, ao passo que os planos analticos nos levam em direo quilo que j pensamos saber. Mas essa atividade "tateante" da vida tem uma direo. Ela tateia em direo ordem -em direo a sistemas cada vez mais complexos e eficientes. O processo hesitante e desordenado, mas o movimento tende ordem. Nas tentativas humanas de criar ecossistemas operantes, os cientistas so incapazes de prever o que vai funcionar, mas eles sabem que o sistema buscar a estabilidade. Quase sempre, aquilo que comea aleatrio termina estvel. A vida busca solues, tende estabilidade, gera sistemas capazes de sustentar diversos indivduos. A vida tende ordem. O modo pelo qual chega l, porm, vai contra todas as regras que estabelecemos para o bom andamento dos processos: a vida no esmerada nem parcimoniosa, no lgica nem elegante. Ela busca a ordem de maneira desordenada. difcil para ns tolerar e crer nos processos que ela usa -desordem sobre desordem at surgir algo que funcione. Tentando recriar ecossistemas que sustentem a si mesmos, o bilogo Stuart Pimm diz: " Mas quando continuamos acrescentando espcies, quando continuamos deixando que a coisa desande, chega uma hora em que, surpreendentemente, elas atingem uma combinao que no desanda... Muitas doses de desordem so necessrias para acertar."Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Essa brincadeira desordenada cria relacionamentos que colocam mais fatores disposio: mais expresses, mais variedade, mais estabilidade, mais sustentabilidade. Em nossa explorao do possvel, somos levados a procurar parceiros novos e diferentes. Aquilo em que nos tornaremos o nos juntarmos sempre ser rente daquilo que ramos quando estvamos sozinhos. Nossa possibilidade de expanso criativa se amplia quando nos unimos aos outros; novos relacionamentos criam novas capacidades. Esse mundo criativo brincalho e divertido at mesmo nos seus processos. Ningum luta para criar a si mesmo no isolamento, esforando-se para sobreviver num mundo de regras rgidas e circunstncias implacveis. T oda mudana que fazemos em ns, todo caminho exploratrio que seguimos, causa mudanas em muitos outros. As exploraes chegam at a mudar as regras que governam a prpria mudana. Ns no somos competidores que se defrontam num jogo cujas regras so todas predeterminadas. O mundo muito mais divertido, muito mais relacional. A vida nos convida a criar no somente as formas, mas at os processos de descoberta.

O ambiente moldado pela nossa presena nele. Ns no camos de pra-quedas num mar turbulento que nos fora a nadar ou afundar. O ser e o ambiente formam um nico sistema; um influencia o outro, um co-determina o outro. O geneticista R. C. Lewontin explica que a melhor maneira de conceber o meio ambiente consiste em pens-Io como um conjunto de relacionamentos organizados por seres vivos. "Os organismos no sofrem as consequncias do ambiente: eles criam o ambiente." Essa co-determinao se evidencia na evoluo do nosso planeta. Em quase quatro bilhes de anos de experimentao, a vida criou a T erra como um conjunto de relacionamentos favorveis vida. Ela descobriu novas formas e novos processos. Louise B. Young, que escreve sobre Cincia, descreve esse processo de maneira muito bela:Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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A vida alterou a atmosfera e abrandou a luz do sol. Ela transformou a rocha nua dos continentes num solo dcil e revestiu-o de um manto variegado de verde que captava a energia da nossa estrela para o uso das coisas vivas na terra, e com isso ela suavizou a fora dos ventos. Nos oceanos, a vida construiu grandes recifes que quebraram o impacto das ondas tempestuosas; separou e distribuiu praias de areia clara ao longo do litoral. Trabalhando com fora e perseverana impressionantes, a vida transformou uma paisagem feia e estril num lugar bonito e acolhedor. Num universo cujo desejo de experimentar e criar parece to inevitvel, importante perguntar a razo disso. Por que a novidade e a experimentao so to estimuladas? Por que a vida busca organizar-se com outras vidas? Quando os seres vivos se unem, eles formam sistemas que criam mais possibilidades e do mais liberdade aos indivduos. por isso que a vida se organiza e busca sistemas -para que um nmero maior de seres medrem e se desenvolvam.

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a organizao como uma brincadeiraA vida criativa. Ela explora a si mesma brincando, para descobrir o possvel. Ser que podemos trazer esse jogo criativo do mundo para a nossa vida em organizaes? Muitas vezes, a vida se nos afigura como uma srie de provas que nos so impostas por professores hostis, mas isso no verdade. A vida no est escondendo as solues dos nossos problemas; ns no estamos passando por um teste para ver se chegamos resposta correta. A verdade que a vida est experimentando para ver o que funciona, para sentir o prazer daquilo que singular e inesperado. Quando foi que as oportunidades comearam a parecer to limitadas? Quando foi que comeamos a crer em "golpes de sorte", raras oportunidades que prontamente se fecham? Quando foi que comeamos a julgar, condenar e punir as nossas exploraes e as dos outros? A experimentao no conhece as possibilidades; ela cria possibilidades novas, mais informaes, mais experincias, mais entendimentos. Ns limitamos o mundo, mas ele permanece aberto para ns. Muita gente criou vidas e organizaes que do muito pouco apoio experimentao. Ns achamos que as respostas j existem fora de ns, independentes de ns. No precisamos experimentar para ver o que funciona; s precisamos encontrar a resposta. Ento vamos em busca de outras organizaes, de especialistas, de relatrios. Transformamo-nos em detetives dedicados, procurando solues e tentando imp-Ias a ns mesmos e a nossas organizaes.

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No poderamos parar essas pesquisas? O que aconteceria se desistssimos de tentar descobrir o que os outros esto fazendo? O que aconteceria se investssemos mais tempo e ateno em nossas prprias experincias? Seria possvel concentrar nossos esforos para descobrir solues que funcionem para ns de maneira especfica. Perceberamos que certas solues que no so perfeitas - apenas bastante boas - podem funcionar para ns. Ns nos voltaramos para o vivel, no para o abstratamente correto. Observar o sucesso alheio pode evidenciar novas possibilidades, expandir-nos o pensamento, estimular-nos a criatividade; mas a experincia alheia no pode proporcionar modelos que funcionem para ns de modo idntico. bom investigar; pssimo crer que os outros descobriram as nossas respostas. Poderamos dar uma base maior para a nossa experimentao se nos voltssemos para a descoberta de solues "bastante boas" que funcionassem "por enquanto". Com um campo mais amplo de escolha, sem nenhuma resposta exigindo o direito de ser reconhecida como a ltima e a mais correta, podemos nos sentir menos apegados s solues. Se elas no exigissem um investimento to grande de recursos, egos e certezas, ns nos sentiramos mais livres para abandon-las quando elas deixassem de funcionar. As pessoas teriam mais liberdade para reagir, criativamente ao fluxo de acontecimentos e exigncias, em vez de ficarem travadas pela lealdade cega a uma soluo aceita por todos, mas ineficiente. A agilidade e a liberdade criativa manifestam-se mais facilmente quando nos concentramos no que funciona, e no no abstratamente correto. Descobrir o que funciona no universo particular de uma organizao tarefa de todos os membros dessa organizao. A grande maioria das pessoas dispe-se aRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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usar sua inteligncia para descobrir solues que colaborem para que o sistema funcione melhor. A vida tende ordem. As pessoas so naturalmente inclinadas a tentar descobrir como fazer as coisas acontecerem. Queremos nos dedicar criao de adaptaes singularssimas, ousadas, coloridas e surpreendentes. Queremos criar, para o bem das nossas empresas.

Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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As empresas criativas, cuia organizao como uma brincadeira, so desorganizadas e redundantes, assim como os processos do pensamento humano. Quando os cientistas da informtica tentaram pela primeira vez imitar o abundante paralelismo encontrado no pensamento humano e em toda a natureza, eles tiveram de conectar m .e 64 mil comutadores para que trabalhassem simultaneamente no mesmo problema. Os sistemas paralelos tm por finalidade descobrir o que funciona, e no o fazem mediante uma anlise cuidadosa e progressiva deixada nas mos de uns poucos especialistas, mas atravs de toda uma populao que brinca com a tarefa de criar solues. Esses sistemas encontram solues melhores, mas se baseiam numa lgica diferente: tentar milhares de coisas ao mesmo tempo para descobrir o que funciona. Kevin Kell , terico da cincia, descreve esses sistemas como "um fluxo desor ganizado de acontecimentos interdependentes... O que surge da coletividade no uma srie de aes individuais crticas mas, uma multiplicidade de aces simultneas cujo padro coletivo supera em muito a importncia individual delas". Os sistemas paralelos no tm medo de errar. os erros so esperados, estudados, acolhidos. Uma quantidade maior de erros cria uma quantidade maior de informaes, o que resulta numa capacidade maior de resolver os problemas. 0 erro individual no se avulta, pois, embora haja mais erros individuais, eles no esto ligados entre si. Isso j no ocorre no sistema serial, mais conhecido, no qual as atividades dependem umas das outras em sequncias graduais rgidas e onde o nosso trabalho depende totalmente daquilo que os outros j fizeram. No sistema serial, um erro pequeno pode arruinar todo o sistema. No vero de 1990, o servio telefnico interurbano dos Estados Unidos apresentou vrios problemas de funcionamento. Pa que este sistema serial entrasse em operao, foram necessrios dois milhes de linhas de cdigo; para derrub-Io, bastaram trs linhas. A simultaneidade reduz os efeitos de qualquer erro. No importa que haja mais erros, desde que os elementos no estejam ligados sequencialmente. O espao de experimentao aumenta medida que mais mentes se envolvem na experincia, desde que elas possam operar independentemente. O que vincula as pessoas o fato de todas estarem voltadas para a busca de uma mesma soluo necessria.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Mas, no sistema paralelo, cada uma delas no fica esperando que as outras ajam para comear a descobrir o que funciona.

A simultaneidade do processamento paralelo pode afigurar-se como uma redundncia que leva ao desperdcio. A verdade, porm, que o nosso medo da redundncia nasceu da crena de que as organizaes funcionam melhor quando imitam a eficincia das mquinas. Aquilo que eficiente para uma mquina operaes simples e sequenciais, um mximo de resultados com um mnimo de dados, partes e processos que no se repetem -tem muito pouco em comum com o modo pelo qual o mundo explora a si mesmo. As colnias de bactrias localizam seu alimento . enviando "batedores aleatrios". Cada batedor um aglomerado de mil bactrias. Um nmero exorbitante de batedores - cerca de dez mil por colnia sai simultaneamente em todas as direes para buscar comida. H bilhes de anos, as bactrias descobriram a eficincia do comportamento aleatrio e redundante. A vida se comporta de maneira desordenada. Seu sucesso de criao, reao e adaptao baseia-se em processos que nada tm que ver com a maneira de pensar que tem por modelo a mquina. Num sistema vivo, o que redundante? Como algum pode saber? A vida no busca a parcimnia. Os sistemas difusos, confusos, constantemente exploratrios e voltados para a descoberta de tudo o que funciona so muito mais prticos e bem-sucedidos do que as nossas tentativas de eficincia. Eles no tentam reduzir os dados de entrada para maximizar os resultados, mas chafurdam na desordem, envolvem muitos indivduos, encorajam as descobertas e logo deixam os erros para trs. Eles aprendem o tempo todo, fazendo com que todos se dediquem a descobrir o que funciona. Esses sistemas so bem-sucedidos porque envolvem muitas pessoas que trabalham de forma independente na descoberta do possvel. Ser que j conseguimos perceber como eficiente esse tipo de trabalho independente? 0 trabalhador ambulante que faz de tudo, o pau-para-toda-obra,Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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geralmente faz uso daquilo que tem disposio e tem de trabalhar com menos recursos do que gostaria. Nesse sentido, ele extremamente eficiente. Ele faz o possvel com aquilo que tem mo at descobrir uma soluo vivel. A soluo encontrada por intermdio do fazer, da percepo da figura que as coisas vo assumir para se manifestar.

O jogo da atividade exploratria requer conscincia. Se no tivermos cuidado, se nos distrairmos, no perceberemos o disponvel nem descobriremos o possvel. Estar presente a disciplina da brincadeira, que exige grande concentrao e inteno. preciso estar consciente de tudo o que acontece no momento em que acontece e reagir sem a mnima hesitao. As empresas que fazem esse jogo esto sempre alertas. So abertas s informaes, sempre buscam mais, anseiam pelas surpresas. Quanto mais presente e alerta estiver a pessoa ou a organizao, tanto mais escolhas ela criar. medida que aumenta a conscincia, podemos nos dedicar a mais possibilidades. J no somos prisioneiros dos hbitos, de pensamentos noexaminados e de informaes que nos recusamos a conhecer. Mesmo assim, a nossa tendncia limitar nossas exploraes acerca do que possvel ou no rodeando-nos de uma quantidade enorme de informaes que nada nos dizem de novo. Acumulamos dados estatsticos que nos dizem como estamos indo -se estamos altura do nosso padro, se estamos atingindo nossos objetivos. Mas essas estatsticas nos foram e limitam a aprender sobre um mundo predeterminado, impedindo-nos de questionar a nossa prpria experincia de modo a gerar possibilidades mais amplas. Elas no nos levam a perguntar por que estamos fazendo o que estamos fazendo e no nos incentivam a levar em contaRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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todo o aprendizado que pode advir daqueles dados que decidimos no incluir em nossas estatsticas. A tentativa de direcionar as atividades estabelecendo metas ou fazendo clculos estatsticos est associada a um importantssimo ato de humildade. T odo ato de observao implica perda de informao muito mais do que ganho. Aquilo que decidimos levar em conta nos cega para as outras possibilidades. Concentrando nossa ateno em certas coisas, perdemos de vista tudo o mais. O mundo das possibilidades se reduz a uma estreita faixa de observao.

Numa organizao criativa, cada um dos membros se sente plenamente disposto a ficar alerta em busca de novas medidas, de novos eventos a serem observados. Cada um se pergunta se no h mais a ser levado em conta. Questionando as estatsticas que fazemos, criamos condies para que surja uma criatividade muito maior. Nossa conscincia se expande na mesma medida em que nos dispomos a questionar at mesmo os nossos processos de observao. Conscincia e criatividade esto inextricavelmente ligadas nesse mundo em perptua descoberta. A vida neste mundo em desordem, voltado para a descoberta e organizado em sistemas de processamento em paralelo, no pode deixar de nos levar a optar pela diversidade, opo esta feita pelo prprio mundo. Os processos paralelos exigem tanto a diversidade quanto a liberdade. H sempre mais de uma soluo vivel, e essas solues nascem de muitas formas diferentes de auto-expresso. Cada pessoa trabalha de modo nico e singular e ningum est obrigado a limitar-se a um determinado mtodo. Cada pessoa livre para usar o seu prprio pensamento para descobrir o que funciona.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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A vida no nos impele a uma soluo nica. O que o mundo quer o pluralismo, pois s assim ele pode descobrir mais a respeito de si mesmo. Na medida em que exploramos as oportunidades da organizao a que pertencemos, a vida nos conclama a experimentar e a mudar. Podemos descobrir uma soluo audaciosa, nunca antes sonhada, um rasgo nico de gnio ou expresso. Quando isso acontece, temos o direito de nos sentir bem -mas no por muito tempo. A marcha do mundo continua. O cosmos no se apega a uma determinada maneira de ser ou a uma determinada inveno. Ele busca a diversidade e quer caminhar rumo a mais invenes, a mais possibilidades. o desejo do mundo pela diversidade que nos estimula a mudar.

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a organizaoa forma que as coisas Vo assumir para se manifestar

A vida tende ordem. Em toda a parte, vemos vidas combinando-se com outras vidas. O universo inteiro pulsa com foras de atrao que conclamam oS seres a juntar-se para formar todoS mais unificados. A histria da vida no nosso planeta uma histria de organizao, desorganizao e reorganizao. A vida se abre a novas possibilidades atravs de novos padres de ligao entre os seres. Quando a vida no planeta era vista como um acontecimento aleatrio, muitos cientistas acreditavam que a Terra passara a maior parte de sua existncia destituda de vida. A vida s teria surgido nos ltimos seiscentos milhes de anos de um perodo total estimado em quatro bilhes de anos. Mas os mais recentes estudos geolgicos revelam um quadro muito diferente. A vida originou-se praticamente no mesmo momento em que a Terra surgiu. A biloga Lynn Margulis e a escritora Dorion Sagan, numa obra pioneira sobre o mundo microcsmico das bactrias, afirmam: " A vida foi companheira da Terra desde pouqussimo tempo depois do nascimento do planeta." As primeiras formas de vida eram bactrias. As bactrias atuais que vivem em certas rochas na Noruega so praticamente idnticas s bactrias encontradas em forma fssil em rochas de dois ou trs bilhes de anos atrs. As prprias bactrias descobriram como se criar e seRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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reproduzir. ", Depois, passaram quase dois bilhes de anos trabalhando junto com a Terra para criar um ambiente mais acolhedor para as formas maiores de vida. Inventaram certos processos qumicos essenciais, como a fermentao e o uso de oxignio e nitrognio, transformando uma atmosfera hostil numa atmosfera passvel de sustentar o desenvolvimento da vida. Inventaram at a fotossntese. Esses processos transformaram o planeta e possibilitaram o surgimento de outras formas de vida. As teias da co-evoluo so to bem tramadas que nada pode ser entendido separadamente. impossvel compreender a evoluo do planeta como algo separado da evoluo da vida que ele sustenta. Todas as formas de matria tm a tendncia inata de organizar-se relacionalmente. Todas buscam ligar-se entre si, querem organizar-se em sistemas mais complexos que incluam mais relacionamentos e mais variedade. Esse desejo se evidencia em todos os pontos do cosmos, em todos os nveis de escala. As partculas so atradas por outras partculas e criam os tomos. Os micrbios combinam-se com outros micrbios para criar a base dos organismos maiores. Estrelas, galxias e sistemas solares surgem de nuvens de gs que giram e se agregam de forma coerente, criando novas formas de energia e matria. Os seres humanos se associam e criam famlias, tribos e empresas. A atrao uma fora organizadora do universo. Em toda a parte, elementos separados se juntam, se relacionam e criam novas formas. Uma das formas dessa atrao conhecida como gravidade. Ningum sabe o que a gravidade, mas sabe-se que ela um comportamento csmico que perpassa todo o universo. Esse comportamento a atrao universal. Foi a atrao que criou o universo que conhecemos. No so s os seres vivos que apresentam essa tendncia para se organizar. verdade que a cincia tem tido cada vez mais dificuldade para distinguir o que vivo daquilo que no O ; mesmo assim, pouca gente diria que as lmpadas eltricas so uma forma de vida. Ora, descobriu-se que as lmpadas eltricas apresentam a incrvel tendncia de se auto-organizar quando ligadas a outras lmpadas. StuartRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Kauffman, terico de biologia, partiu de trabalhos anteriores e criou um experimento desse tipo na dcada de 1960. A inteno de Kauffman era a de investigar o modo pelo qual o complexo sistema gentico humano se havia desenvolvido, mas ele usou lmpadas eltricas para demonstrar que a auto-organizao um processo fundamental que se manifesta em toda a parte. Kauffman construiu uma rede de duzentas lmpadas, e determinou para cada lmpada um modo de relacionamento com outras duas lmpadas. Ela deveria ligar ou desligar com base no comportamento de qualquer uma de suas duas parceiras. Mesmo em condies to simples, o nmero de estados possveis de lmpadas ligadas e desligadas nessa rede de 1030. A imaginao humana nem capaz de abarcar esse nmero de possibilidades. Kauffman acreditava que a rede iria estabilizar-se num estado cclico; mas, dado o nmero astronmico de possibilidades, ele estava pronto a esperar por muito tempo antes de ver surgir um padro de comportamento. Mas o padro de organizao apareceu instantaneamente. Depois de explorar o nmero exguo de treze estados, o sistema de lmpadas estabilizou-se num padro cclico, ligando-se e desligando-se num ciclo repetido de quatro configuraes. Com todo um universo de possibilidades a ser explorado, as lmpadas organizaram-se imediatamente em quatro padres. Mesmo quando as ligaes foram modificadas e os parceiros foram trocados, os padres surgiram -padres novos, mas ordenados. A organizao sempre se manifestava instantaneamente. Segundo Kauffman, vivemos num universo onde a ordem nos vem "de graa". Vivemos num universo que busca a organizao. Quando relacionamentos simples se criam, surgem padres de organizao. As redes, quer vivas, quer no, tm a capacidade de organizar a si mesmas. A ordem global surge das ligaes locais. Foram essas estruturas cooperativas que criaram a vida. Vidas ligaram-se a outras vidas e descobriram um modo de continuar descobrindo-se. A vida aprendeu a autoorganizar-se.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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A vida incapaz de resistir organizao. A auto-organizao ocorre em toda a parte o tempo todo. Devido a esse desejo natural e inato de organizar-se, a vida continua a explorar formas mais complexas de organizao. "Gosto de pensar que a profisso do universo fabricar a vida", diz o qumico Cyril Ponnamperuma. Em todas as formas e sistemas que vemos na natureza, percebemos os efeitos da auto-organizao. medida que a vida vai se organizando em resposta a si mesma, aos outros e ao ambiente, surgem padres e estruturas. Ao contrrio de muitas iniciativas humanas, essas estruturas no so nem planejadas nem pr-modeladas. Elas surgem medida que o sistema vai descobrindo o que possvel. So obra de um pau-para-toda-obra, no de um diretor-executivo.

Por muito tempo, os seres humanos estudaram seriamente as estruturas e aprenderam a descrever as formas e padres da natureza, mas estavam totalmente cegos para os processos subjacentes de organizao. Agora estamos comeando a compreender que uma fora mais profunda, mais bsica, est criando essas formas. Vivemos num mundo que organiza a si mesmo. As estruturas surgem, mudam, desaparecem; novas estruturas se manifestam. Cada estrutura a prova viva do desejo inato que a vida tem de buscar novas formas de expresso; cada uma delas prova viva da capacidade inata de organizao. Por que a vida busca a organizao? Por que ela opta por relacionamentos complexos, teias densas que no podem ser desemaranhadas? Por que a vida no escolheu relacionamentos simples ou indivduos isolados? A vida busca a organizao para que mais vida possa surgir e se desenvolver. Os sistemas so favorveis vida. Eles proporcionam apoio, estabilidade e mais liberdade para a experimentao individual.

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Os sistemas surgem na mesma medida em que os indivduos decidem como viver juntos. Desses relacionamentos surge uma nova entidade com novas capacidades e mais estabilidade. Num ecossistema, os indivduos sofrem menos devido s variaes do clima, pois podem abrigar e proteger uns aos outros. Alm disso, eles mesmos, enquanto sistema, tambm moderam o clima, chegando at a mudar as condies climticas da regio onde habitam. Dentro de um sistema, a vida dos indivduos mais tranquila. No obstante, a estabilidade do sistema depende da capacidade de mudana dos seus membros. estranho, mas a verdade que o sistema s6 se mantm enquanto alguma mudana ocorre dentro dele, em algum lugar. Aparecem novas fontes de alimento, novos vizinhos, novos talentos. medida que as condies mudam, os indivduos experimentam novas possibilidades. Se eles no reagem, o sistema inteiro sofre. Um indivduo incapaz de mudar pode desaparecer, e seu desaparecimento afeta a vida de toda a teia. Quando os indivduos deixam de experimentar o novo ou o sistema recusa as novas idias que eles tm, o sistema torna-se moribundo. Sem uma mudana interior constante, ele cai nas garras mortais do equilbrio. Deixando de participar da coevoluo, ele se torna vulnervel a uma destruio que ele mesmo se impe. A vida exige de ns a mudana, pois s assim ela pode explorar novas possibilidades. Os sistemas estveis so o campo das nossas exploraes. Mas, na medida em que hostilizam essas exploraes, eles enrijecem e morrem. Esse amplo paradoxo de estabilidade e liberdade o palco onde baila a co-evoluo. Quando pode compartilhar o que aprendeu, a vida d um salto frente. A densa teia de sistemas permite que as informaes viajem em todas as direes, acelerando a descoberta e a adaptao. Todo organismo armazena informaes em seus genes; mas, enquanto processo de aprendizado, as mutaes genticas tm um papel limitado na evoluo. A mudana gentica ocorre nos indivduos. Os benefcios se acrescentam um ao outro sequencialmente, e cada um tem de esperar o anterior. Essa mudana individual muito mais sujeita ao fracasso. Se algo acontece ao indivduo, o aprendizadoRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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desaparece. A rpida aprendizagem evolutiva da vida mais bem explicada por dois outros processos, que no eram evidentes enquanto se acreditava na idia de sobrevivncia dos mais aptos. A vida d um salto frente quando compartilha suas informaes. Margulis e Sagan observam que as bactrias que habitam o nosso mundo tm acesso s informaes umas das outras. Embora as bactrias tenham se desenvolvido em diferentes estirpes, elas nunca se separaram umas das outras por limites de espcie. Praticamente qualquer bactria pode ter acesso s informaes armazenadas por qualquer outra bactria. Uma adaptao que poderia levar um milho de anos se deixada a cargo das mutaes individuais pode ocorrer em poucos anos graas a essa "rede global de intercmbio". Sob tenso, os genes chegam at a passar de um indivduo para outro; eles "pulam" de bactria para bactria com grande velocidade. Esse acesso s informaes uns dos outros fonte de enorme resistncia fsica e adaptabilidade. Isso explica por que as bactrias desenvolveram to rpido, no mundo inteiro, a resistncia aos antibiticos. Elas operam como um "superorganismo universal comunicante e cooperante". A vida tambm se expande e d frutos pelas interligaes. Muita gente aprendeu que a simbiose era uma ocorrncia interessante no mundo da vida, mas bastante incomum. A verdade, porm, exatamente o contrrio: a simbiose o fenmeno mais comum observado em todos os sistemas vivos. A simbiose, fuso de organismos em novas coletividades, demonstra ser um dos maiores poderes de mudana existentes na Terra." O corpo humano a prova maravilhosa dos resultados dessa simbiose. Dez por cento do peso do nosso corpo, sem levar em conta os lquidos corporais, so bactrias, microorganismos que, ligados a ns, nos tornam possveis. A grande populao que habita o nosso sistema digestivo compe uma ecologia que j foi chamada de "frentica, eclticaI tumultuosa". Margulis e Sagan dizem que todos os organismos complexos evoluram graas a esses empreendimentos tumultuosos, mas cooperativos.

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Como deixar de notar as foras de atrao, a tendncia interligao, a capacidade de auto-organizao? No h lugar onde esses fatores no estejam presentes. A vida tende irresistivelmente organizao. Esse mundo que organiza a si mesmo um lugar estranho de se viver. Se a ordem nos vem "de graa", no temos a incumbncia de ser os organizadores. No temos de projetar o mundo nem de estruturar a existncia. No temos de lutar para criar redes, associaes ou equipes. A simbiose no um acontecimento aleatrio, pois a organizao quer acontecer. Podemos desistir da crena de que o mundo est se decompondo, de que todas as formas de organizao so da nossa responsabilidade, de que o ato de criao ou de manifestao de alguma coisa tarefa rdua, dificlima. Podemos desistir da crena de que nada acontece sem a nossa interferncia. O mundo sabe o que fazer para criar a si mesmo. Ns somos, ou podemos ser, seus bons parceiros nesse processo.

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a organizao enquanto organizaoO incitamento organizao extremamente profundo. A histria da vida uma histria de organizao, desorganizao e reorganizao. A vida se abre a novas possibilidades atravs de novos padres de ligao. Mas quantas pessoas vivem e trabalham em organizaes que atendam e satisfaam aos seus desejos? Quantas pessoas se sentem amparadas na sua necessidade de se relacionar e criar? muito raro que as nossas organizaes reflitam sobre a nossa necessidade de significado, de relacionamento e crescimento. No obstante, continuamos criando novas organizaes por causa da nossa necessidade humana de ser mais, de fazer mais. Ns notamos uma possibilidade, notamos um ao outro, vemos uma necessidade que exige de ns uma reao - e nos organizamos. Ser que as organizaes podem aprender a manter e sustentar a energia e o desejo que Ihes deram a existncia? Ser que as organizaes podem aprender a amparar os seres humanos que as compem como seres auto-organizadores? Quando vemos as organizaes como se fossem mquinas, elas inevitavelmente se tornam complexas do ponto de vista estrutural, poltico e social. Ns construmos estruturas rgidas, incapazes de reagir. Entrincheiramo-nos em fronteiras bem guarnecidas, invadidas somente por estranhos hostis. Mergulhamos no terror, afastamo-nos uns dos outros e desconfiamos das foras elementais de organizao da vida. A luta e a competio que pensvamos caracterizar a vida se tornam as caractersticas mais evidentes das nossas organizaes. Quantas organizaes acreditam que a ordem se obtm de graa?

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Nossa primeira tarefa, portanto, consiste em ver o mundo de maneira diferente. Precisamos observar aqueles processos que ns ignorvamos ou que estavam vedados nossa compreenso. A auto-organizao no uma caracterstica nova do mundo. o modo que o mundo usou para se criar ao longo de bilhes de anos. No conjunto da atividade humana, a auto-organizao o incio: aquilo que fazemos at interferir com o processo e tentar controlar um ao outro. No necessrio olhar alm de ns mesmos para ver a auto-organizao. Cada um de ns j teve diversas experincias pessoais desse processo. Ns vemos uma necessidade, associamo-nos aos outros, encontramos as informaes ou recursos necessrios e criamos uma soluo que funciona. Mas, e depois, como descrever o que fizemos? Como descrever a confuso, as viradas inesperadas, os arroubos de viso criativa? Ou temos a iluso de ter mantido o controle sobre o processo a cada passo do caminho? N;'falamos das surpresas ou de planos levados a cabo? Alardeamos nossas exploraes ou simplesmente nossas previses? A cultura analtica causa-nos tanta iluso que difcil ver a capacidade de autoorganizao em ns e nos outros. Como amparar o nosso desejo natural de nos organizar e o desejo natural do mundo de nos ajudar? Tudo comea com uma mudana nas crenas. Ns desistimos de crer que a existncia do mundo depende de um projeto nosso e comeamos a assumir o papel de colaboradores do florescimento natural do cosmos; trabalhamos com aquilo que temos mo e encorajamos o aparecimento de novas formas; apoiamos o trabalho independente e a descoberta; ajudamos a criar interconexes; alimentamos os outros com as informaes de que dispomos; adotamos uma formulao clara daquilo que queremos realizar; e, por fim, lembramo-nos de que as pessoas se organizam a si mesmas e confiamos em que elas o faro. Quando trabalhamos com a organizao enquanto processo, e no enquanto objeto, nossa ao se modifica. Os processos trabalham por si; nossa tarefa providenciar aquilo de que eles necessitam para comear a operar. Ser que as pessoasRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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precisam de recursos, de informaes ou de ter acesso a outras pessoas? Se elas tivessem essas coisas, poderiam prosseguir com o trabalho? Ser que ns as deixaramos fazer isso? Trata-se de uma nova maneira de encarar nossas responsabilidades. Num sistema auto-organizativo, as pessoas fazem para si boa parte daquilo que, no passado, outros faziam para elas. Os sistemas auto-organizativos criam as suas prprias estruturas, padres de comportamento e processos de realizao. As pessoas projetam aquilo que necessrio para levar a efeito o trabalho e chegam a um acordo quanto aos comportamentos e relacionamentos que fazem sentido para elas. Aqueles que no esto diretamente envolvidos no trabalho delas podem deixar de se preocupar com os projetos; podem deixar de crer que so os seus cronogramas que fazem as coisas acontecer, ou que os seus programas de treinamento mudam o comportamento da organizao. Na auto-organizao, as estruturas surgem espontaneamente. Elas no so impostas, mas nascem do processo de fazer o trabalho. As estruturas que surgem dessa maneira so teis, mas temporrias. Deve-se esperar que elas apaream e desapaream segundo a necessidade. O que exige a nossa ateno no o projeto de uma estrutura especfica, mas as condies que amparam o surgimento das estruturas necessrias. Os padres e estruturas surgem na medida em que ns nos ligamos uns aos outros. Mesmo as ligaes mais simples produzem padres organizados de comportamento. A vida sempre se organiza em redes de relacionamentos, fiando teias densas que no podem ser desemaranhadas. medida que nos organizamos, precisamos investigar continuamente a qualidade dos nossos relacionamentos. O quanto temos de acesso um ao outro? Quanto de confiana existe entre ns? Quem mais deveria estar nesta sala? Nos ecossistemas, os membros parecem ter acesso a todo o sistema. A qualidade da ,comunicao entre eles impressionante. H pssaros que constroem seusRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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ninhos nas encostas de um rio, e os constroem em alturas diferentes a cada ano, prevendo j os nveis de enchente que vo ocorrer naquele ano. Os animais de plo sabem o quanto de neve vai haver no inverno seguinte, e se vestem de acordo. Como eles sabem disso? No sabemos, mas evidente que eles se comunicam muitssimo bem. Nada daquilo que qualquer organizao humana criou se aproxima disso. Ns sabemos que, nos sistemas humanos saudveis, as pessoas se amparam mutuamente com informaes e se nutrem mutuamente de confiana. A maravilhosa capacidade humana de organizar a si mesma estimulada pela abertura. Tendo acesso ao sistema de que fazemos parte, tambm ns, como toda a vida, podemos prever aquilo que se exigir de ns, associarmo-nos queles com quem precisamos nos associar e reagir a tudo com inteligncia.

Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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As pessoas no se associam para realizar menos. Por trs de toda organizao est o desejo de realizar, de criar algo a mais. Esse desejo nosso imita um desejo do mundo. A vida se organiza para descobrir novas variedades, novas capacidades. Mas, nas organizaes que criamos, esse desejo de organizao assume formas estranhas. Ns queremos gerar mais capacidade, mas a limitamos atravs de prescries e frmulas. Determinamos o grau de contribuio de que precisamos e depois projetamos as funes produtivas. Tentando submeter a contribuio humana a uma espcie de engenharia, ns estabelecemos metas de desempenho e pedimos que as pessoas se conformem quilo que esperamos delas. Ns as congelamos em suas funes. Num mundo que organiza a si mesmo, esse tipo de engenharia s pode ter uma qualificao: a loucura. Por que limitarmo-nos estreiteza das nossas previses e poder as capacidades dos nossos colegas? Por que no tentar estimular mutuamente a nossa criatividade? Por que no levar em conta a possibilidade de uma contribuio acima da prevista, uma vez comeado o trabalho? irnico comparar a busca da vida por uma capacidade cada vez maior com os nossos mesquinhos projetos de realizao; mas h ainda outra ironia: apesar do nosso esforo de engenharia e controle, as pessoas nossa volta j esto se autoorganizando para levar a efeito o trabalho. Em toda atividade humana organizada, a auto-organizao ocorre o tempo todo. Ns a vemos, por exemplo, naqueles colegas que se decidem a fazer tudo o que for necessrio para resolver um problema, ou na maneira pela qual as pessoas se associam de forma inesperada e no-planejada nas pocas de crise. Como seria libertador se reconhecssemos a auto-organizao! Ento, poderamos apoiar uns aos outros naquilo que realmente somos. Na vida, os sistemas criam condies tanto para a estabilidade quanto para a descoberta pessoal. T rata-se de um paradoxo belo e intricado. Ns nos ligamos aos outros e ganhamos proteo contra a turbulncia externa; ns nos tornamos parte de algo maior e por isso adquirimos mais liberdade para fazer experincias com ns mesmos. Se no exercitamos essa liberdade de mudar, a organizao no pode manter sua estabilidade.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Eis um outro ponto de vista a partir do qual se pode contemplar um caminho mais simples. A estabilidade est na liberdade, no no conformismo e na aceitao passiva. H quem pense que a sobrevivncia da organizao depende da descoberta da forma perfeita e da exigncia de que todos se amoldem a ela; mas a continuidade da forma no estabilidade. a liberdade individual que cria sistemas estveis, e so as diferenas que nos permitem prosperar. A auto-organizao nos chama a um trabalho diferente; ela nos chama a uma nova parceria com as foras criativas do mundo. Carregamos conosco antigas concepes de como o mundo funciona; pensamos que a competio e a dominao so elementos de suprema importncia e que a nossa sobrevivncia depende de uma luta contnua. Mas a verdade que o mundo est perpetuamente em busca de sistemas. Contemplando a vida sob o prisma dos sistemas de organizao que ela adora criar, vemos um mundo que no pode ser compreendido pelo enfoque da luta e da competio. A vida busca moldar-se em sistemas para que mais seres possam florescer. O negcio da vida a criao de mais vida. interessante observar esse fenmeno no modo pelo qual um sistema cria "nichos" -reas ou talentos especficos que so distribudos com demarcaes claras de propriedade. No mundo dos negcios, os nichos so vistos como questo de estratgia competitiva: ns nos aconselhamos a que cada qual encontre a sua prpria contribuio singular e a apresente ao mundo; falamos da necessidade de conquistar o nosso prprio espao, vencendo os outros, e de dominar o mercado; observamos a diferenciao existente na natureza e a interpretamos como a chave para a vantagem sobre a concorrncia; vemos a especializao extrema como o caminho que leva supremacia.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Nada poderia estar mais longe da verdade. A vida no cria nichos para dominar, mas para amparar. O caminho mais favorvel para a evoluo o caminho da simbiose, da qual os nichos so um exemplo. Os nichos so criados quando um indivduo ou uma populao se definem enquanto tais. Do conjunto indefinido das possibilidades, eles organizam certos aspectos do meio ambiente para que amparem a sua sobrevivncia. Ao definir-se, por exemplo, eles especificam o tipo de alimento de que necessitam; essa declarao libera todas as outras fontes de alimento para o uso dos outros membros do sistema.

Em outras palavras, essa definio reduz a competio. At Darwin acreditava que, medida que as espcies exploram a mais eficiente diviso dos recursos entre elas, a competio diminui e a natureza se torna "mais diversificada". H pouco tempo, alguns pesquisadores estudaram as ilhas Galpagos, que tanto fascinaram Darwin, e observaram essa diversificao numa pesquisa prolongada sobre os tentilhes. Em tempos de abundncia, uma populao de tentilhes cactfagos partilhava um nicho bastante amplo: todos os indivduos se alimentavam de vrias partes dos cactos. Mas, depois de uma seca, os pssaros cujos bicos eram um milmetro mais cumpridos valeram-se desse comprimento extra para perfurar as frutas do cacto; seus vizinhos de bico mais curto voltaram-se para troncos de cactos cados, que eles conseguiam rasgar e abrir. A escassez levou os pssaros a explorar maneiras mais diversificadas de se alimentar, afim de que pudessem continuar vivendo juntos. Existem acordos simbiticos semelhante entre muitas outras espcies. Na ausncia de abelhas, certos pssaros de valem do nctar das flores para completar a sua dieta; quando as abelhas entram no sistema, os pssaros mudam suas necessidades alimentares e deixam de procurar as flores para se alimentar. Temos dificuldades para entender esse processo de especializao que visa que os seres continuem vivendo juntos. Nos explicamos o universo da organizao deRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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modo diferente, procurando indcios de competio e usando esse conceito para explicar os comportamentos observados. Nossa crena a de que o agravamento da escassez s pode levar a uma luta mais feroz pela sobrevivncia. At darwinistas contemporneos afirma que a especializao dos tentilhes tem como motivo a competio. Mas os sistemas vivos no podem ser explicados pela competio. Margulis e Sagon observam que as espcies brutais e violentas sempre se destroem, legando ao mundo aquelas que aprenderam a conviver. As espcies destrutivas vm e vo, mas a cooperao em si aumenta com o tempo. Os pssaros, os cacto e as abelhas adaptam-se para poderem permanecer juntos. As diferenas, que no tem importncia nas pocas de abundncia , tornam-se a base da procura de novas maneiras de conseguir alimentos em pocas de escassez. As espcies no competem para destruir-se entre si, mas usam suas diferenas para encontrar novas maneiras de conviver. A idia de evoluo como sobrevivncia dos mais aptos impediu-nos de ver a coevoluo. Ns no somos agentes independentes que lutam, cada um por si, contra todos os outros; no h um mundo hostil l fora que planeia a nossa derrocada; no h um "l fora" a ser ocupado por algum. A verdade que somos absolutamente entreligados e estamos sempre buscando condies de convivncia com os outros. Cada um de ns desempenha um papel essencial na moldagem do comportamento dos outros. Ns selecionamos certas caractersticas e comportamentos; os outros reagem a ns; a reao deles nos muda. Estamos todos juntos e co-determinamos mutuamente as nossas respectivas condies de existncia. Quando vemos a vida como um torneio brutal travado entre entidades separadas, acabamos por ver somente a contribuio individual e a mudana individual. Essa viso de mundo no s nos causa o sentimento de medo e isolamento como tambm nos leva a ansiar pela existncia de heris. Se a evoluo resultado da mudana que ocorre nos indivduos, o que precisamos de alguns indivduos que sejam mais espertos que a natureza e derrotem a concorrncia. Mas, num mundo co-evolutivo, pr-sistmico, a figura do heri no existe; no existe sequer a do lderRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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visionrio. T udo decorre da interdependncia -sistemas de organizao em que ns apoiamos, contestamos e criamos novos modos de nos relacionar com os outros. difcil at mesmo encaixar a concepo de indivduo nessa imagem do mundo. Quando ansiamos pela existncia de heris, tornamos o mundo mais solitrio e menos interessante, negamos a criatividade constante e abrangente que est sempre ocorrendo; negamos nossa prpria capacidade de contribuir e expandir. No existe ningum que abra caminho sozinho, moldando o mundo sua presena enquanto o resto da humanidade, pasmado de .admirao, o segue mansamente. Ns nos trazemos existncia passo a passo, pea a pea, por meio de relacionamentos invisveis com os atores que se nos apresentam. O ambiente, os inimigos, os aliados -todos so afetados pelos nossos esforos, assim como ns somos pelos deles. Os sistemas que criamos so resultado de uma co-opo: so o fruto de uma dana, e no de uma guerra.

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o eude modo que o vidoeiro branco tocado de preto nos ramos se destaque, ereto, reluzindo totalmente, ao vento, o seu ser aparente

A vida quer acontecer; ela. se conclama existncia. Do universo indefinido das informaes e das possibilidades, uma entidade assume forma; uma identidade se manifesta; um eu criou a si mesmo. Esse processo de autocriao visvel em toda a parte. Ele a vida tomando forma, a criatividade fazendo-se visvel, o significado expressando-se; a auto-organizao, a organizao do eu. A auto-organizao a capacidade da vida de inventar a si mesma. Do nada surge algo; no h necessidade de planos nem de projetos impostos de fora. Esse processo de inveno sempre toma forma em torno de uma identidade. A um eu que busca organizar-se, busca dar a conhecer a sua presena. Os desejos do eu desencadeiam o movimento do mundo que organiza a si mesmo. Dois bilogos, Humberto Maturana e Francisco Varela, crem que essa capacidade que o eu tem de criar a si mesmo diferencia o que vivo do que morto. Eles chamaram esse processo de autopoiese -a produo de si mesmo. A vida comeou com essa capacidade de autoproduo. Todos os sistemas vivos tm essa capacidade, no s no incio, mas em todo o processo de sua vida. Pelo fato de o sistema vivo produzir a si mesmo, decidindo o que vai ser e como vai operar, ele goza de imensa liberdade; livre para criar-se como bem desejar. NoRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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incio, essa expresso criativa no submetida a nenhum limite externo. A vida se constri exercendo a prpria liberdade, experimentando formas diferentes, afirmando vrios significados. A liberdade de discernir e escolher est no corao da vida. Ns somos livres para ver o que queremos ver.

essa a liberdade que a vida d a si mesma, a liberdade de vir-a-ser. Kevin Kelly pergunta: "Vir- a-ser o qu?" E depois responde: "Vir-a-ser o vir-a-ser. A vida est a caminho de mais complexidade, mais pro.fundidade e mistrio, mais processos de mudana e vir-a-ser. A vida feita de crculos de vir-a-ser, uma roda autocataltica que se inflama com as prprias centelhas, reproduzindo em si mesma mais vida, mais freneticidade e mais' vir-a-ser'. A vida no comporta condies nem momentos que no estejam, no mesmo instante, tornando-se algo mais do que a prpria vida." A melhor maneira de compreender um mundo que organiza a si mesmo mergulhar em seus paradoxos. A vida, livre para criar-se como bem quiser, manifesta-se em formas particulares, em padres definidos de ser. Procedimentos e hbitos se desenvolvem e, com o tempo, tornam-se muralhas, constrangendo a liberdade de auto-expresso. Aquele que somos torna-se uma expresso daquele que decidimos ser. Nossas escolhas se tornam limitadas na medida em que nos esforamos para ser coerentes com aquilo que j somos. Ns fazemos referncia a um eu para continuar criando um eu, e essa referncia nos constrange. Esse processo paradoxal de auto-referncia vem intrigando a humanidade desde h milhares de anos. Os primeiros sbios hindus da tradio vdica consideravam a auto-referncia como um dos cinco elementos da prtica espiritual. Carl Jung observou que a serpente que morde a prpria cauda -um ser consumindo a si mesmo - uma imagem perene e universal. A auto-referncia parece ser um processo universal que existe em todos os nveis da escala. Certos cientistas compreendem as leis cientficas como uma coletnea de hbitos a que o universo se acostumou, escolhendo certos modos de expresso que o levaram a outros comportamentos e a outras consequncias. Depois deRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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muitos ons, ns vemos esses hbitos como leis que governam todo comportamento; mas, no incio, eles eram apenas uma possibilidade entre outras. Diz o fsico John Archibald Wheeler: "O universo algo que olha para si mesmo."

Esse processo circular de auto-referncia tambm explica o modo pelo qual vemos o mundo. Em sua obra sobre o conhecimento humano, Maturana e Varela afirmam que, a todo momento, aquilo que vemos influenciado sobretudo por aquilo que escolhemos ser. No se trata de um processo simples em que os olhos captam a informao do mundo exterior e a transmitem ao crebro. A informao transmitida de fora pelo olho s compe cerca de 20 % daquilo que usamos para criar uma percepo. Pelo menos 80 % das informaes com que o crebro trabalha j esto no prprio crebro. Cada um de ns cria o seu mundo atravs daquilo que escolhe perceber, criando um universo de distines que fazem sentido para si. Ento, a pessoa "v" o mundo atravs desse eu que ela criou. A informao que vem do mundo exterior uma influncia subalterna. Ns fazemos a interligao entre aquilo que somos e quantidades selecionadas de informaes novas para consubstanciar a nossa verso particular da realidade. Uma vez que a informao vinda do exterior desempenha papel to pequeno na nossa percepo, Maturana e Varela fazem uma observao muito importante sobre as atividades que envolvem a nossa pessoa e mais algum. Dizem eles que ningum pode comandar um sistema vivo. S se pode perturb-Io. Enquanto agentes externos, ns s proporcionamos pequenos impulsos de informao. Ns podemos incitar, excitar ou provocar o outro de modo a lev-Io a um novo modo deRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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ver, mas no podemos dar-Ihe uma instruo e esperar que ele a siga com preciso. No podemos supor que os outros vejam o mundo como ns o vemos. O trabalho deles sobre o conhecimento humano refora a idia de que todos ns somos sempre poetas, explorando possibilidades de significado num mundo que tambm est perpetuamente explorando possibilidades. A compreenso do fato de que a vida sempre se refere a si mesma nos faz entender o processo pelo qual a mudana pode ocorrer numa pessoa, organizao, ecossistema ou nao. I oda mudana estimulada por uma mudana na autopercepo. Ns s mudamos o nosso eu quando achamos que a mudana vai preservar o nosso eu. Quando no conseguimos encontrar a ns mesmos numa nova verso do mundo, somos incapazes de mudar. Temos de conseguir ver que aquele que somos poder existir na nova situao. Desse modo, s podemos influenciar uns aos outros ligando-nos quilo que j somos. Todo ato de organizao ocorre em torno de uma identidade. A mudana s ocorre quando ns nos identificamos com ela. S possvel incentivar os outros a mudar quando respeitamos o que eles so agora. Ns mesmos s mudamos quando percebemos que, tornando-nos em algo diferente, poderemos ser mais daquilo que j somos. Esse processo de autocriao tem sido estudado desde os primrdios por todos os mestres espirituais e, mais recentemente, pelos cientistas. O que vem ao mundo uma diferena, um desejo de ser algo separado. De um campo unificado surgem noes individuais de eu. Esse processo, como todos aqueles que descrevem o eu, paradoxal e instigante. Primeiro, aparece algo que no tem antecedentes conhecidos. De onde se origina o eu que est se organizando? Por que ele procura separar-se do campo unificado? Por que esse movimento rumo diferenciao tem incio? Essas perguntas, to antigas quanto o ser humano, no parecem ainda ter encontrado respostas. Tanto os sbios quanto os cientistas limitam-se a dizer que foi a partir da que se originou o mundo tal como o conhecemos: na idia de separatividade. Tudo o mais se segue a esse ato de demarcar uma fronteira entre o eu e o outro.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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A autocriao, enquanto primeira fronteira que traamos, leva a um mundo de separaes e diferenas. Comeamos a fazer distines sem as quais a identidade no pode existir. H milhares de anos, o sbio chins Chuang T zu disse: "Se no houver outro, no haver eu. Se no houver eu, no haver ningum para fazer distines." Mas eis outro paradoxo: para existir, o eu precisa criar uma fronteira; no obstante, nenhum eu pode sobreviver isolado por trs da fronteira que ele cria. Se no se lembrar da sua ligao com o todo, o eu morre. Interpretando as fronteiras como simples separaes, ns deixamos de compreender o seu verdadeiro papel. Pensando que existimos separados dos outros, ns deixamos de compreender a ns mesmos. Vendo o mundo como um conjunto de indivduos que lutam entre si, ns nos fechamos para a compreenso dele.

A vida co-evolui. No existem indivduos s~parados. O processo co-evolutivo da vida no abarca a separao. No mesmo momento em que traamos a fronteira do eu, criamos um meio ambiente onde os outros podem existir. Ns nos separamos, mas tambm criamos condies para a vida alheia. O ser que afirma a si mesmo se cria, e sua presena cria condies para que outros seres tomem forma. Esse processo co-evolutivo ocorre em toda a parte, dos micrbios s galxias. possvel que at mesmo o deslocamento dos imensos continentes s possa ocorrer porque minsculas criaturas marinhas, com carapaas carbonceas, tomaram forma. Essas e outras formas de vida marinha podem proporcionar o lubrificante que faz as gigantescas placas tectnicas escorregarem umas sobre as outras. Ns buscamos uns aos outros. Os seres separados se unem para criar seres mais complexos. A separatividade que pensvamos estar criando se desfaz na danaRua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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perptua de co-adaptao e mudana, medida que vamos ficando cada vez mais conscientes daqueles seres dos quais no podemos nos considerar separados. Quando observamos o processo de autocriao a partir de uma perspectiva coevolutiva, percebemos que cada ser ao mesmo tempo molda a sua identidade individual e cria uma contribuio para um todo maior. Aquilo que criamos s tem valor quando os outros vem um significado em ns. Podemos estar intensamente concentrados no nosso eu e na vida que estamos construindo para ns mesmos; podemos at acreditar que somos capazes de sobreviver isolados; mas, se o sistema em que vivemos rejeitar o eu que criamos, nosso valor ser nulo. Um eu que no consegue criar a si mesmo enquanto contribuio para os outros no tem lugar num mundo pr-sistmico. Ele passar despercebido ou ser rejeitado, desprovido da estabilidade e do amparo que o sistema oferece aos seus membros. Se a nossa auto-expresso no tiver sentido para os outros, no poderemos sobreviver.

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No podemos negar a interligao medida que construmos a separao. A vida no oferece espao para um tal processo. A fronteira do eu a definio de uma contribuio. Enquanto tal, o eu uma abertura ao contato, no uma trincheira atrs da qual lutamos pela sobrevivncia. Quando nos ligamos aos outros, nos colocamos diante de outro paradoxo. Abrindo mo de uma parcela da nossa liberdade, ns nos abrimos a formas ainda mais criativas de expresso. Esse estado do ser foi chamado de comunho, porque, embora preservado o eu, cada ente perde a sua separatividade ou solido. Aquilo que damos aos outros a nossa auto-expresso. No obstante, o significado daquilo que somos muda por intermdio da nossa comunho com eles. Ainda nos identificamos como "eu"; mas descobrimos um novo significado e novas contribuies, e j no somos os mesmos. medida que os sistemas vo se formando num universo criativo, cada vez mais coisas vo se tornando possveis. Alm da comunho, os sistemas nos oferecem a possibilidade de nos tornar algo diferente e muito maior do que aquilo que ramos antes. "A evoluo o resultado de transcender a si mesmo", diz o fsico Erich Jantsch. Ns atravessamos as fronteiras daquilo que ramos e descobrimos uma maneira de ser totalmente nova. Isso a manifestao emergente -a vida explorando interligaes para criar capacidades novas e surpreendentes. A evoluo resulta dessas capacidades que surgem quando os sistemas saltam para um novo campo de possibilidades, a vida assume formas novas e imprevistas, cada eu torna-se maior do que jamais antes havia imaginado. Quando nos abrimos a um nvel diferente de interligao, nossa busca de totalidade recompensada com um mundo totalmente novo.

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Por que a vida se dedica autocriao? O que estamos observando quando vemos a auto- referncia, quando vemos a vida assumindo novas formas, brincando com a sua liberdade de ser? Estamos observando que toda vida comea com a conscincia. O eu que cria a si mesmo a conscincia em figura visvel. O eu que faz referncia a si mesmo a conscincia em movimento. T oda vez que discernimos algo como uma presena identificvel, ns estamos observando os resultados da atividade consciente de outro ser e usando a nossa prpria conscincia para observ-los. Embora se possa discordar quanto ao que a conscincia, de onde ela se origina e por qu, de que outra maneira se poderia descrever o processo constante de auto-referncia que nos torna visvel tudo aquilo que vemos? a conscincia que d forma e variedade ao mundo. a conscincia que se une liberdade para tornar a vida nova e surpreendente. A conscincia nos impele para a autocriao e nos conclama a existir.

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eus em organizao

A tendncia que a vida tem de se organizar sempre um ato de criao. Ns nos ligamos aos outros para criar um novo ser; ns nos ligamos para que o mundo cresa com novas possibilidades. Todo eu visionrio. Ele quer criar um mundo onde possa prosperar. O mesmo ocorre com as organizaes. Toda organizao se conclama existncia por meio da crena de que algo mais poder ser realizado mediante a unio com os outros. No corao de toda organizao h um eu que busca alcanar novas possibilidades. Isso no significa que todas as iniciativas de organizao sejam boas e saudveis. Nossa identidade pode ser protetora e com tendncia ao exclusivismo, ou perigosa para os outros. Mas todo ato de organizao a expresso de um eu que concluiu que no pode se realizar sozinho. Ns nos organizamos para que a nossa vida tenha significado e um rumo mais definido; sempre nos organizamos para reafirmar e enriquecer a nossa identidade. Talvez seja estranho perceber que a maioria das pessoas tem o desejo de gostar das organizaes a que pertencem. Elas gostam da finalidade da sua escola, do grupo comunitrio, da empresa. Elas gostam daquela identidade que est tentando se expressar; ligam-se viso que est se fundamentando, e se organizam para criar um mundo diferente.

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A profundidade dessa paixo se faz evidente toda vez que uma organizao convida seus membros a determinar a viso que a nortear. A viso dos membros sempre mais ampla do que a dos lderes; ela sempre abarca uma parcela maior do mundo.

Mas ento, tomamos essa paixo vital e a institucionalizamos. Criamos uma organizao. As pessoas que gostavam da finalidade passam a odiar a instituio que fora criada para realiz-la. A paixo se transmuta em procedimentos, regras e tarefas especficas. Em vez da finalidade, o foco central da ateno a poltica. Em vez de viver livres para criar, ns nos impomos limites que vo sugando a vida que nos resta. A organizao deixou de ser viva; vemos sua forma tosca e odiamo-la por tudo aquilo que ela nos impede de fazer. Com demasiada frequncia, as organizaes oprimem nossos desejos. Elas insistem em seus prprios ditames e se esquecem de que os seres humanos organizam a si mesmos. s vezes, at ns mesmos nos esquecemos disso. Como criar organizaes que continuem vivas? Como criar organizaes que no nos 5ufoquem com seus ditames de controle e obedincia? A resposta clara e simples. Precisamos confiar no fato de que ns temos a capacidade de organizar a ns mesmos e precisamos criar condies que favoream o florescer da autoorganizao. Vivemos num mundo em que a atrao est em toda a parte. A organizao quer acontecer. As pessoas querem que sua vida tenha significado e buscam umas s outras para desenvolver novas capacidades. Na presena desses maravilhosos desejos inatos que nos chamam organizao, podemos nos dar ao luxo de no nos preocupar com o projeto de estruturas ou regras perfeitas. O que deve chamar a nossa ateno o modo como criar uma identidade ntida e coerente, um eu em torno do qual possamos nos organizar.Rua Guian , 326 Cj 42 So Paulo / SP 04330-090 Telefones : ( 0xx11 ) 5563-4564 - 9292-9718 E-mail : [email protected]

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Quanto tempo dedicamos reflexo sobre a identidade da organizao? Ser que percebemos que essa a maior energia organizacional que existe? Nas organizaes, como nas pessoas, a identidade tem muitas dimenses. Cada dimenso ilumina um aspecto daquilo que a organizao . As dimenses da identidade so, entre outras, a histria, os valores, as aes, as crenas fundamentais, as habilidades, os princpios, a finalidade, a misso. Nenhuma dimenso por si s nos diz quem a organizao. Algumas so declaraes daquilo que a organizao gostaria de ser; algumas revelam quem ela realmente . Mas, no conjunto, elas contam a histria de um eu e da sua caminhada atravs de um mundo que ele mesmo criou. A identidade a fonte da organizao. T oda organizao uma identidade em movimento, caminhando pelo mundo, tentando deixar nele