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Um Espaço Democráths^'de Cdrnunica, ^o e Edi^caç^Topular

Ano XXII - N0 226 - Out./ Nov. / 96 - Publicação Me^sa!

"Eu sei que a tecnologia não é neutra, ela cria poder, e seu uso provoca desigualdade social. Nós deveríamos

ser sábios e atacar as desigualdades criadas pela tecnologia da informação desde o início."

Leia mais sobre négim

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2 - Cambota

Inflação Negativa: motivo para riso ou preocupação?

urante muitas décadas a inflação brasilei- ra diminuiu o poder de compra do traba- lhador e impossibilitou o planejamento dos negócios, constituindo-se num dos gran- des males nacionais.

No último mês de agosto/96, os institutos DIEESE e FGV registraram um índice negativo de inflação (-0,26%), ou seja, os preços de muitos produtos, não só não aumentaram como diminuí- ram. Em setembro a inflação ficou próxima de zero. Se a queda persistisse, teríamos um fenômeno co- nhecido como deflação. Este fato, suscita uma in- terrogação: é pra rir ou ficar preocupado?

Um processo de deflação ocorre quando há uma queda da atividade econômica. Traduzindo em miúdos, a deflação ocorre quando as empresas, após uma grande diminuição nas vendas, se obri- gam a baixar os preços para desovar os estoques acumulados e, assim, pagar seus compromissos. Portanto, a variação negativa da inflação deve-se ao desaquecimento da economia, o que é ruim para o país, pois está apontando para uma recessão.

O país sul americano que parece próximo à deflação é a Argentina, que, devido a uma queda na atividade econômica, ha alguns meses vem apre- sentando inflação muito baixa e até negativa. Em função disso, lá o índice de desemprego é muito elevado e, por isso, recentemente ocorreram for- tes manifestações populares.

Dizem que estamos correndo atrás da Argenti- na. Embora é cedo para saber se caminhamos ou não para a deflação, é importante não esquecermos da trágica experiência da década de 20, culminando com a crise de 29. Na época, sobretudo nos Estados Uni- dos, a economia entrou em crise por falta de vendas, os preços caíram e a economia entrou em forte recessão, gerando quebradeira de empresas, muito desemprego e, inclusive, muitos suicídios.

Para concluir, cito uma frase extraída do bo- letim SINDI/SEAB (Coluna do DIEESE): "A de- flação é ruim, pelas graves conseqüências econô- micas e sociais que provoca na economia. (...) Na deflação as desigualdades sociais se tornariam ex- plosivas, a economia entraria em recessão, os pre- ços cairiam e as pessoas adiariam suas compras (para adquirir mercadorias com preços menores), empregos seriam perdidos, derrubando ainda mais a atividade econômica para o fundo do poço, o Estado arrecadaria menos impostos. Ou seja, a eco- nomia iria encolhendo, deixando um rastro de mi- séria e destruição econômica". Deus queira que não cheguemos tão longe!

O CAMBOTA é um espaço democrático de comunicação e educa- ção popular no Sudoeste do Paraná. Publicação mensal, sob res- ponsabilidade da ASSESOAR, Assoc. de Estudos, Orientação e Assistência Rural. Av. General Osório, 500 - Cx.P. 124 - Teletax: (046) 524-2488 - CEP 85604-240 - Fco. Beitrão-PR CONSELHO ADMINISTRATIVO: Ademir Dalazem. Ari Silvestro. Avelino Galegari. Aores da Silva, Zélide Possamai, Aldir Rocll. Francisco Rech. Lorimar Berticelli. Paulo de Souza, Maria

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Responda A taxa de juros do governo não tem que-

brado só empresas. Os estados também estão quebrados. E a situação do governo federal ca- minha rapidamente na mesma direção. Em um ano, a dívida pública interna pulou de US$ 60 bilhões para ÜS$ 160 bilhões. Especialistas estão estimando que em 1998 a dívida ultrapassará os ÜS$ 300 bilhões; Se o governo continuar com essa política irresponsávei, para onde vamos?!...

O governo pensa em vender a Companhia Vaie do Rio Doce, empresa considerada mode Io. que é também a 3a maior mineradora do mundo, atuando nas áreas de ouro. minério de ferro, papel e celulose, alumínio, siderurgia, ser- viços portuários e transporte marítimo e ferroviá- rio. Com a venda dessa mega empresa, o go- verno quer arrecadar entre 10,5 e 12 bilhões de dólares e com isso pagar uma pequena parte de sua dívida interna. O que acontecerá quan- do não temos mais empresas para tapar os bu- racos deixados pela política econômica?! .

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Eloni Agnes, João Valdir da Silva, Francisco Quevedo. EQUIPE EDITORIAL: Elir Batistti, Vanderlei Dambros, Adriano Michelon, Assis M. do Couto, Sônia de Souza Pereira. Seno Staats e Gilmar Garbin. As matérias assinadas não representam, necessariamente, a opinião des- se informativo. Tiragem desta edição: 1.300 exemplares. COMPOSIÇÃO E IMPRESSÃO: GRAFIT - Teletax: (046) 523-1998 - Av. Gal. Osório. 500 - Fco Beltrão-PR

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Tecnologia para a escravidão ou para a libertação? O autor do livro

o Fim do Emprego (The End of Work, em inglês)

e economista americano Jeremy Rifkim, em entrevista à Revista Exame, desmascara uma série de idéias em voga

no mundo capitalista que endeusam a tecnologia e a

informática. Preocupado com uma sociedade mais justa,

propõe o fortalecimento da sociedade civil, a redução da

jornada de trabalho. a distribuição de lucros e a

diminuição das disparidades salariais. A seguir

destacamos para você alguns trechos da entrevista que

achamos importante. Boa reflexão.

* Bi 11 Gates - o homem mais rico do mundo, dono da Microsoft, indústria de compu- tadores - acredita que a tecno- logia \ ai resolver sozinha todos os problemas sociais, inclusive o desemprego. Eu discordo, ele vive isolado entre pessoas que pensam como ele. Eu sei que a tecnologia não é neutra, ela cria poder, e seu uso provoca desi- gualdade social. Nós devería- mos ser sábios e atacar as desi- gualdades criadas pela tecnolo- gia da informação desde o início.

* A situação atual pode ser comparada aos anos que precederam à grande Depressão de 1929, porque nessa época também ocorreu uma revolução tecnológica dramática. Os gan- hos de produtividade foram fe- nomenais nos anos 20, e os em- pregadores começaram a dis- pensar seus empregados, como hoje. Tanta gente foi demitida que o poder de compra agrega- do despencou. Henry Ford avi- sou, na época, que os trabalha- dores eram também consumido- res, mas seus pares não lhe de- ram ouvidos e continuaram a demitir. O final da história todo mundo conhece: uma crise eco- nômica de tais proporções que só veio a acabar, nos Estados Unidos, com o começo da II Guerra Mundial.

* Quando a agricultura começou a se mecanizar, por volta de 1900, os trabalhadores foram para a indústria. Quan- do a indústria começou a se me- canizar, eles foram para o setor de serviços. A diferença hoje é que a indústria do conhecimen- to não está baseada em força de trabalho de massa. Está basea- da quase que exclusivamente no uso de uma elite, altamente ca- pacitada, muito bem paga e am- parada por máquinas extrema- mente sofisticadas. Este novo setor não vai criar tantos em- pregos quanto os que estão sen- do destruídos na indústria tra- dicional. Não haverá emprego suficiente nesse setor para ab- sorver os milhões de trabalha- dores dispensados pela indústria e pelos serviços.

* A empresa mais repre- sentativa da Era Industrial, a General Motors (GM), chegou a empregar quase 700.000 pes- soas. A Microsoft de Bíll Gates, a maior expressão da Era da Informação, tem uma força de trabalho em tomo de 14.000 pessoas. A diferença é enorme. Te- mos 900 milhões de pes- soas desempregadas ou subempregadas no mun- do. Será que os economis- tas realmente acreditam que vamos arrumar traba- lho para I milhão de pes- soas no planeta?

* Os Estados Uni- dos - o país mais rico do mundo - tem, no momen- to, a maior disparidade de renda entre pobres e ricos desde o final da II Guerra, sendo que 24% dos jovens estão abaixo da linha da pobreza!

* A tecnologia está abrindo oportunidades para os pequenos empreendedo- res, mas eles são um criador de emprego limitado. O obje- tivo desses novos empreendi- mentos é ter poucos emprega dos.

* Nos próximos dez ou vinte anos haverá máquinas tão inteligentes e baratas que o tra-

balhador mais barato do mun- do será mais caro que a máqui- na mais avançada.

* Muita gente acredita que o emprego como o conhe- cemos irá desaparecer, que cada um de nós terá de se tomar um empreendedor, vendendo servi- ços no mercado. A maioria das pessoas não conseguiriam viver assim (correndo riscos). O país entraria em colapso, qualquer país. Não há como manter a es- tabilidade social em uma eco- nomia sem empregos.

* Estamos no começo de uma revolução que pode libe- rar centenas de milhões de se- res humanos do trabalho estafante E uma revolução que

vai economizar trabalho em quantidades inacreditáveis, e eu sou o único no debate a propor uma semana de 30 horas. Por quê? No fundo, a questão é sa- ber se vamos tirar proveito des- sa tecnologia ou se vamos nos tornar vítimas dela, criando uma sociedade polarizada entre os 20% da elite com empregos bem remunerados e os restan- tes 80% sobrevivendo em ocu- pações precárias.

* Proponho que as em- presas reduzam o horário de tra- balho em 15%, que implemen- tem planos de distribuição de lu- cros e que garantam que os pa- gamentos aos executivos não se- jam tão desproporcionais em relação aos dos outros trabalha- dores. Para as empresas que concordassem, o govemo pode- ria pagar todos os encargos da folha trabalhista. Você conhece alguma empresa que recusaria essa proposta?

* Acredito que a nova função do Estado seja atuar comp um intermediário en- tre a sociedade e as empre- sas. É impbrtante, aliás, que se reconheça que exis- tem hoje três setores eco- nômicos bem definidos: as empresas, o Estado e o setor civil, também cha- mado de terceiro setor, Ele tem um papel funda- mental na geração de no- vos empregos. Nos Esta- dos Unidos, o trabalho comunitário, sem fins lu- crativos, já é fundamen- tal para o funcionamento da economia. Se o gover- no pagasse parte dos sa- lários das pessoas envol- vidas nesse tipo de ativi-

dade, seriam criados mi- lhões de empregos. As em-

presas privadas, mesmo re- duzindo a jornada de traba- lho, não conseguirão gerar os

empregos de que o mundo pre- cisa. O apoio à atividade co-

munitária também fortaleceria a sociedade civil, que, ao con- trário do que muitas pessoas imaginam é a base real da eco- nomia. Não existe mercado sem sociedade organizada.

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O banqueiro dos pobres Desafiando todos os tratados de economia, o professor Muhammad Yunus fundou em 1983,

em Bangladesh, um banco para emprestar dinheiro aos pobres. Os outros banqueiros riram dele. Hoje, o Grameen Bank possui agências em 35 mil vilarejos, 2 milhões de clientes e pouco calote,

pois os pobres, ao contrário dos ricos, não empurram dívidas, pagam. Ao visitar Yunus, o então ministro da Economia, Ciro Gomes, gostou da idéia.

Em dezemrbo de 1995 começou a operar, em Brasília, o primeiro banco brasileiro inspirado no Grameen. Porto Alegre, Vitória e Fortaleza deverão ter os seus em breve.

Os banqueiros riram do eco- um campos então cercado de mi- os tostões eram devolvidos com ju- nomista Muhammad Yunus, que séria e gente morrendo de fome. ros numa proporção não habitual chegou com a idéia de emprestar Decidido a nadar contra a correu- para o país. Ao contrário dos ricos, um punhado de dólares aos po- bres dos vilarejos de Bangladesh, nos idos de 1976. Poucos meses antes, Yunus emprestara me- nos de 2 dólares do próprio bol- so para salvar um grupo de agricultores das garras de um

As pessoas tomam de 10 a 25 dólares

para comprar uma vaca, um barco ou

para tecer e fabricar cestos. Se tudo dá certo,

reembolsam a quantia e pegam empréstimo maior.

Em caso de má sorte, o banco alonga

prazos, renegocia, abre outras linhas de crédito...

agiota e recebera o dinheiro de vol- vilarejos, em seguida, para cinco, ta. A história não impressionou os Obteve resultados extraordinários, profissionais do mercado financei- Os bancos, no entanto, ainda esta- ro, e o professor teve de ouvir au- vam desconfiados, apesar de fica- las pouco convincentes de como rem espantados com o fato de que gerir um banco: "onde já se viu em- prestar a gente sem recursos?" Mas Yunus, apesar de saber que o con- sideravam louco, insistia em mos- trar o quanto é importante criar um sistema de crédito para os pobres: "E onde já se viu emprestar só aos ricos e nunca para quem realmente precisa de dinheiro?"

Travou uma discussão seme- lhante com outros banqueiros. "Nem é preciso dizer que nunca chegamos a um acordo", conta Yunus. Perdeu a batalha, porém, não voltou a lecionar pacificamen- te na Universidade de Chittagong,

teza histórica e como os usineiros do Brasil, acos- abrir a primeira tumados a empurrar a dívida com instituição finan- favores políticos, os pobres pagam

e se sentem gratos de terem mere- cido crédito. "Mas os banqueiros tinham outra explicação para essa esquisitice: o crédito fora concedi- do numa pequena área e disseram para não esperar os mesmos resul- tados ao estender o programa a um território maior". Então, ainda se oferecendo como fiador, o econo- mista levantou recursos para em- prestar a vinte aldeias diferentes,

riência para dois depois, a cinqüenta. Cheguei a or- ganizar o sistema num distrito in- teiro durante dois anos, e funcio- nou às mil maravilhas".

Os banqueiros continuaram necando aiuda, mesmo depois da

ceira que nao pensa só em lu- cro, Yunus se ofereceu como fiador de em- préstimos, já que o caso era a falta de bens para se- rem entregues em garantia. Ampliou a expe-

Agricultores na inauguração de um posto da CRE$OL Marmeleiro, em Francisco Beltrão

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prova dada pela operação em cin- co distritos rurais, e apesar de os pobres devolverem tudo, até o úl- timo centavo. A inandimplência fica em apenas 3% do montante emprestado. Àquela altura, Yunus desistiu de tentar a ajuda dos ban- cos, e pediu a autorização do go- verno para fundar o Gramenn Bank (Banco Rural). A permissão veio dois anos mais tarde, em 1983, e hoje o banco trabalha em 35 mil vilarejos e tem emprestado cerca de 2 milhões de dólares - o que repre- senta mais do que o total de todos os bancos de Bangladesh juntos. O volume mensal de 30 milhões de dólares é dividido em lotes de 100 dólares em média. Os juros de Bangladesh são de extorsivos 50% ao ano, mas a taxa máxima no Grameen é de 20%, a média é de 15%, e há uma taxa facilitada para a construção da casa própria de 8%. A princípio, não há limite de cré- dito. As pessoas tomam de 10 a 25 dólares num ano para comprar uma cava, um barco ou para tecer e fa- bricar cestos. Se tudo der certo, ela reembolsa a quantia e apanha uma quantia maior. Normalmente, a li- nha da pobreza é vencida no déci- mo contrato. "Mais de um terço dos nossos clientes transpôs esse limi- ar", comemora Yunus.

Bangladesh é uma região su- jeita a grandes catástrofes. Um in- vestimento pode ser destruído do dia para noite num ciclone. Em caso de má-sorte, o banco tranqüiliza o cliente e faz novos projetos, alonga prazos, renegocia, abre outras linhas de crédito. "Os ricos também têm pesadas dívidas e não param de enriquecer, só há problema quando o empréstimo não traz nenhum resultado".

Revista Atenção: autor - Francesco Zizola. Jornalista italiano, trabalha como Iree lancer

para várias puhlicavões.

Sistema CRE$OL faz mais de 1 milhão de Reais chegar nas mãos dos mini e pequenos agricultores

O Sistema CRESOL de Coope- rativas de Crédito Rural realizou 497 contratos de custeio para a safra 96/97 com juros de 9% ao ano para seus sócios e deverá realizar mais 181 contratos até 31 de dezembro de 1996, perfazendo um montante de R$ 1.064.360,86, repas- " sados aos mini e pe- quenos agricultores. Neste período também foram realizados 513 empréstimos com recursos próprios, com a média de R$ 850,00 por empréstimo, pulverizando o máxi- mo possível os riscos por contrato. Se somarmos todas as operações de crédito, elas chegam a 1.191 operações, efetuando uma média de 830 contratos para cada 1.000 sócios, com um índice de inadimplência abaixo de 1%. Com essa movimentação o Ativo Circulante e Realizável a Longo Prazo (total de recurso girando na cooperati- va), para mais de 1.5 milhão de reais, como também capita! social de seus mais de 1.400 sócios, deverá ultrapassar os R$ 100 000.00, neste primeiro ano de existência das 5 CRE$OL (Marmeleiro, Dois Vizinhos, Capanema, Laranjeiras do Sul e Pinhão).

A Cooperativa de Crédito está desempenhando seu papel na busca de recursos a juros baixos, mas é importantíssimo que o associado faça sua movimentação por dentro da cooperativa, utilizando seus serviços, fazendo suas aplicações, utilizando suas linhas de crédito, só assim haverá cada vez mais o fortalecimento da instituição, e consequentemente, novos benefícios chegarão nas mãos dos mini e pequenos agri- cultores.

Posío da CRE$OL Marmeleiro em Francisco Beltrão

Fatores que estão garantindo o sucesso das Cooperativas de Crédito Rural:

a) Participação efetiva dos agricultores na Cooperativa: participando das assembléias, depositando, poupando, tomando crédito.

b) E necessário que os agricultores estejam organizados na base.

c) O movimento sindical tem que ser forte e atuante na reivindicação de recursos como PRONAF, Fundos Municipais, etc...

d) As cooperativas devem ter uma estrutura operacional de baixo cus- to, com bastante eficiência e agilidade.

e) As cooperativas devem estar bem perto de suas bases, aplicar todo o dinheiro captado localmente sem transferir recursos para outros municípios ou para os grandes centros urbanos.

0 Não concentrar os financiamentos, ou seja, emprestar quantidades pequenas para um número grande de associados, evitando financiamentos de risco para, com isso, atingir índices baixos de inadimplência.

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Governo esconde verdades sobre a reforma agrária A Confederação Nacional dos Servidores do Incra divulgou um manifesto buscando repor a verdade

sobre a Reforma Agrária. Solicitamos autorização da CNASI para, sem desvirtuar a intenção do documento, publicar as partes que julgamos importantes.

Certos de que o texto é fundamental, para toda sociedade, o IN ESC se coloca à disposição de quem quiser obter o texto na íntegra.

MANIFESTO DA CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS SERVIDORES DO INCRA As visíveis contradições entre o

discurso e a ação. não mais permitem ao Governo esconder a sua falta de vontade política em executar a reforma agrária ou mesmo conduzir com serenidade as ne- gociações com o MST, que são forçados a ocuparem áreas improdutivas ou esta- belecimentos públicos como forma de chamarem atenção para sua trágica situ- ação.

O descaso Governamental, marca- do pela ausência de um verdadeiro pro- grama de reforma agrária, tem sido, jun- tamente com a impunidade, a causa mai- or da violência que se abate sobre o cam- po c da situação de desespero de milha- res de famílias que se encontram anos a fio sob condições subumanas de vida, no aguardo das providências do Estado.

Destacamos o fato de que o Incra é manipulado por forças contrárias aos seus objetivos e em apenas 1 (um) ano e 9 (nove) meses nada menos do que 5 (cin- co) presidentes assumiram o cargo. A esta absurda descontinuidade administrativa aliam-se os cortes de recursos realizados pelos setores econômicos às propostas do Incra, sem falar nos eontingenciamentos a que são submetidos os orçamentos após a aprovação pelo Congresso Nacional. Os créditos autorizados são liberados a base de conta-gotas, conforme a alegada dis- ponibilidade financeira, ficando a libera- ção de mais da metade desses recursos reservada para os três últimos meses do

Fazenda Lufasi - Marmeleiro/PR ■ arando a terra

ano, quando o Incra, não mais dispõe de tempo hábil para executar o programa de todo um exercício.

Dos 3.2 bilhões de reais requeri- dos pelo Incra para 1996, só foram apro- vados 1,5 bilhões ou 47%, com apenas 871.5 milhões reservados as ações dire- tas de reforma agrária, assim distribuí- dos: 400 milhões em títulos da dívida agrícola - TDA's e 471,5 milhões em moeda. Desses 871,5 milhões, o Incra só contava, até o final de agosto, efetiva- mente com 223.9 milhões ou 26%. Este fato resultou num quase total engessamento da instituição, atenuado pe- los seus recursos próprios, ora ameaça- dos de desaparecerem, em razão do pro- jeto de lei N0 1.724/96, encaminhado pelo Governo ao Congresso Nacional. Dos 647.6 milhões restantes, ou 74% dos 871,5 milhões reservados à reforma agrá- ria, 100,6 milhões acham-se bloqueados até a presente data; já os 547,0 milhões que representam a fatia maior, entre as quais se encontram os 400 milhões de TDA's, só foram liberados para inclusão no Orçamento a partir de 26 de agosto, por força de Decreto Presidencial.

O Incra, apresentou um baixo de- sempenho e o comprometimento das me- tas anunciadas, pois até o início de se- tembro, cerca de 70% desses recursos re- servados á reforma agrária ainda se acha- vam indisponíveis por culpa e responsa- bilidade exclusiva do Governo.

Ao invés de ocupar a mídia com o propósito de enco- brir as suas omissões e desviar a atenção da sociedade para incriminar o MST de supostamente atenta- rem contra o estado de direito, ou respon- sabilizar os servido- res do Incra pela len- tidão do cumprimen- to de suas metas, o

atual governo bem que podia adotar uma tentativa, inovadora em relação aos seus antecessores: assumir plenamente o pro- grama de Reforma Agrária, apropriando de forma suficiente e em tempo hábil os recursos financeiros, materiais e huma- nos necessários a sua execução.

Desta forma, a Confederação Na- cional das Associações dos Servidores do Incra (CNASI) interpela como inconseqüentes as atitudes do Governo em responsabilizar publicamente o Incra pela morosidade na implementação das ações de reforma agrária, acusações essas não condizentes com a realidade já enfocada, bem assim o fato de ter suspendido o di- álogo com o MST sob a alegação de este atentar contra o estado de direito, contra o patrimônio público e contra a integri- dade dos servidores do Incra.

A propósito, cabe afirmar que as pressões do MST não se constituem em ameaças da segurança pessoal dos servi- dores do Incra, nem ao seu patrimônio, haja visto o fato desta situação perdurar a mais de 10 (dez) anos, sem que se te- nha notícias de qualquer incidente mais sério, a despeito de alguns excessos per- feitamente contornáveis via diálogo.

Por último, entende a CNASI que a insegurança maior tem a ver tão somen- te: com as ameaças de demissão e dispo- nibilidade anunciadas pelo próprio Pre- sidente da República e recepcionados pela proposta de Reforma Administrativa que aponta para o fim da estabilidade, numa clara intenção em ampliar o processo de privatização dos serviços públicos; com a transgressão aos direitos adquiridos imposta aos servidores ativos e inativos através de Medidas Provisórias; enfim, com a falta de condições de trabalho e o próprio desaparelhamento em que se acha mergulhado o Incra, exposto ao mais ab- soluto descrédito junto à opinião pública e aos beneficiários das ações de reforma agrária.

Informativo Inesc - get/96 - n° 69

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Cambota - 7

Acampados produzem alimentos Diante da lentidão da

burocracia e da falta de vontade política de governantes em fazer a Reforma Agrária,

os agricultores sem terra, movidos pela necessidade,

ocupam áreas Improdutivas e Iniciam a produção de alimentos. São centenas de acampamentos espalhados

pelo Brasil afora. O Cambota traz aqui

algumas Informações sobre as famílias que acamparam neste ano de 1996,

aqui no Sudoeste e em Rio Bonito do Iguaçu, no Oeste do Paraná.

.0

São, aproximadamente, 2.350 famílias que querem ape- nas um pedação de chão para viver em paz. São muitos os problemas, mas grande é a esperança e a vontade de vencer.

Essas famílias estão hoje em 7 acampamentos (veja qua- dro). Estão organizados em grupos de 8 a 20 famílias. O Mo- vimento Sem Terra (MST) com sua organização e alianças a nível regional, estadual e nacional garante a força política ne- cessária para que essas famílias possam ser ouvidas e atentidás em- suas necessidades.

As famílias que hoje estão cadastradas pelo INCRA, estão recebendo uma cesta garantindo assim a alimentação básica.

Alguns acampamentos plantaram trigo com sementes doadas por entidades e pessoas solidárias. Todos plantaram feijão e fizeram suas hortas. Todos plantaram milho com se- mentes conseguidas junto ao Governo do Estado.

Todas as áreas já estão sendo estudadas pelo INCRA. A Fazenda AGABAN ou Reserva (em Marmeleiro) como é conhecida, já foi desapropriada. Na fazenda Marrecas já foi realizado a seleção das 128 famílias que lá ficarão. As outras, aproximadamente, 100 famílias, irão para outros assentamen- tos.

Nos dias 12 a 14 de novembro, o MST com o apoio de organizações da região e da Cooperativa Central de Reforma Agrária - Paraná (CCA-PR), com sede em Curitiba, promove um curso sobre cooperação agrícola, em vários assentamen- tos de Francisco Beltrão, Marmeleiro e Renascença.

Após um longo debate, 36 famílias da fazenda Marrecas decidiram formar um grupo para trabalhar coletivamente no assentamento. Pensando nisso e nos desafios que isso repre- senta, já estão se preparando. As 36 famílias farão uma visita ao Assentamento Conquista da Fronteira, em Dionísio Cerqueira - Santa Catarina - onde vivem e trabalham, coleti- vamente, 60 famílias.

Essas 2.350 famílias acampadas sonham viver em paz. Quanto mais gente sonhar com elas, mais cedo esse sonho será realidade.

Acampamentos 1996 * Fazenda Perseverança: Marmeleiro 27 famílias - 956 hectares

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* Fazenda Lufasi: Marmeleiro 17 famílias - 140 alqueires

* Fazenda Reserva: Marmeleiro 40 famílias - 300 hectares

* Fazenda Jaciretã: Renascença 39 famílias - 695 hectares

* Fazenda Marrecas: Francisco Beltrão 230 famílias - 1998 hectares

* Fazenda Giacomett: Rio Bonito do Iguaçu 2.000 famílias - 83.000 hectares

* Fazenda Curi: Choplnzinho 102 famílias

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II9 ROMARIA DA TERRA REÚNE 12 MIL PESSOAS

g/^J erca de 12 mil romeiros(as) par- m\m^ ticiparam da IT Romaria da \^/' Terra do Paraná, realizada no último dia 01 de setembro em Janiópolis, região Noroeste do Estado do Paraná A Comissão Pastoral da Terra do Para- ná estimava que a participação chega- ria a 20 mil pessoas, porém as fortes chuvas que cairam em todo o Estado impediram a saída das caravanas do in- terior.

A Romaria da Terra deste ano teve como tema "Terra e Direitos dos Trabalhadores", com o lema "Nos cam- pos, do Senhor gritam por direito e por valor", denunciando a degradante situ- ação a que estão submetidos os cerca de 800 mil bóias-frias do Paraná, segun- do dados das entidades sindicais. Du- rante todo o dia, os romeiros refletiram e celebraram esta dura realidade: traba- lho escravo, analfabetismo, acidentes no transporte, doenças, miséria, êxodo para outras regiões no período da entre-sa- fra... Mas também foram lembrados motivos de esperança, tais como a or- ganização dos trabalhadores rurais e o PEART (Projeto de Educação do As- salariado Rural Temporário).

A Romaria começou com uma en- cenação da Criação da Terra Livre, dom de Deus para todos os homens. Em se- guida, outras apresentações lembraram a escravidão da terra, quando o homem inventou a cerca e gerou o latifúndio. Durante a caminhada, foram denuncia- das situações de injustiça e todos res-

pondiam: "Contra toda exploração, nos- so grito: indignação!", lembrando que o povo caminha e resiste contra a opres- são dos poderosos Na parte da tarde, foi celebrada a reconquista da Terra pelo povo.

Segundo a avaliação da CPT e dos Romeiros, esta foi uma das melhores Romarias ja realizadas no Paraná e con- seguiu atingir os objetivos de denunci- ar as injustiças contra os bóias-frias pa- ranaenses e afirmar sua cidadania, seus direitos e valor, sua resistência e sua es- perança.

AlT Romaria da Terra foi en- cerrada com a leitura dos 11 desafios da esperança: resgatar a cidadania dos bóias-frias, denunciar a degradação das

, suas condições de trabalho, fortalecer e apoiar as suas lutas, abrir espaços nas Igrejas e na Sociedade para a valoriza- ção de sua cultura, fortalecer e desper- tar a sua auto-estima, denunciar os efei- tos danosos da globalização neo-liberal sobre o povo da terra, fortalecer a arti- culação das lutas do povo da terra, for- talecer a luta pela Reforma Agrária, denunciar a política agrícola atual que promove a falência da pequena agricul- tura familiar, anunciar as experiências solidárias de construção de formas al- ternativas de vida digna no campo, for- talecer a mística dos romeiros(as), des- pertar sua solidariedade e celebrar a presença do Deus da Vida entre o seu povo.

Comissão Pastoral da Terra do Paraná

Igreja questiona implantação do

Mercosul Os governos dos países do

Cone Sul precisam interferir poli- ticamente no Mercosul para evi- tar que a integração Latino Ame- ricana fique restrita à abertura de fronteiras para o comércio. A po- sição foi defendida pelos partici- pantes do 10° Encontro da Dio- ceses de Fronteira. A reunião foi realizada nos dias 3 e 4 de se- tembro/96 em Artigas (ROU), há 500 km de Montevidéo. Participa- ram do Encontro vários Bispos e lideranças da Igreja católica do Brasil e do Uruguai. Represen- tando o Regional Sul 3 da CNBB, esteve presente o assessor de imprensa, Elton Bozzetto. Na Carta de Artigas, divulgada no fi- nal do Encontro, a Igreja manifes- tou-se contrária ao modo de in- tegração que está sendo implan- tado porque exclui do mercado grandes parcelas da população dos quatro países. A nota ressal- ta que a "integração está sendo discriminatória preocupando-se, exclusivamente, com um grupo seleto de consumidores que po- dem comprar". Embora reconhe- ça que o Mercosul é um proces- so irreversível, a Igreja Católica reivindica, dos parlamentos, a im- plementação de leis que assegu- rem os direitos sociais dos seto- res marginalizados. Outra reivin- dicação dirigida aos governos é que, haja um planejamento mai- or, inclusive, regulando prazos para realizar a necessária reconversão, garantindo a todos os setores a reorganização da atividade produtiva. A Carta qua- lifica o atual modelo de integra- ção de anti-cristã porque permi- te o predomínio do econômico ao humano. A grande preocupação da Igreja diz respeito aos custos sociais do Mercosul.

Boletim Diocesano - out/96 Diocese de Santa Cruz/RS

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Cambota - 9

Famílias produzem mais Uma pesquisa da Organização das Nações Unidas para

Alimentação e Agricultura (FAO), revela que os agricultores familiares brasileiros são mais eficientes no uso da terra do que os empresários rurais. Com menor quantidade de terra e menor volume de crédito à disposição que os grandes fazen- deiros, eles são capazes de contribuir relativamente com um volume maior da produção. Põr isso, a pesquisa sugere que a reforma agrária se transforme em um meio de fortalecer a agricultura familiar.

O relatório da pesquisa, feita em convênio com o Ins- tituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), propõe que, "mais que uma reforma fundiária (só a terra), a reforma agrária deve ser uma reforma do agro, da agricultu- ra, que coloque a agricultura familiar no centro das políticas agrárias e de desenvolvimento sustentável".

Assim entendida, segundo o relatório, a reforma agrá- ria é de imperativo econômico, como foi em todos os países da Ásia, América e Europa que alavancaram seu desenvolvi- mento com reformas desta natureza. Para a FAO, o fortale- cimento da agricultura familiar pode ser a resposta para um desafio cruel que se apresenta à sociedade brasileira: como fazer com que o acesso à terra represente - mais que o alívio momentâneo de tensões localizadas - um meio durável, ca- paz de abrir o caminho da emancipação social a uma parte significativa das populações rurais que vivem hoje na extre- ma pobreza.

Retrato do Campo

Na pesquisa Perfil da Agricultura Familiar no Brasil - Dossiês Estatísticos, A FAO avaliou os principais sistemas produtivos da agricultura familiar no Brasil e, com tabula- ções feitas a partir dos dados do último censo agropecuário do IBGE (de 1985), traçou o retrato deste segmento: 75% dos estabelecimentos agropecuários no país podem ser con- siderados familiares (4,3 milhões).

Eles respondem por 22% da área total, 60% do pesso- al ocupado e 28% do valor total da produção agropecuária.

VEC/FRE 0 SmíF/CADO

1957 uuuuuuuu

venceram

Decifre o significado desse quadro, escreva o que você sabe sobre o assunto e mande para ser publicado no Cambota.

SE

Na Região Nordeste, representam 82,6% do total de propri- edades; na Região Norte, 82,1% e, na Região Sul, 76,7%, As três regiões agrupam 85% do total de estabelecimentos familiares no Brasil. O Centro-Oeste é a região onde menos. se concentra a agricultura familiar, com 43,1% dos estabele- cimentos apresentando estrutura de empresas rurais.

Segundo o relatório, apenas 10,7% do total dos finan- ciamentos agrícolas concedidos pelo governo vão para a agri- cultura familiar. Mesmo assim, os produtores familiares res- pondem pela maior parte da produção de mandioca e milho nas regiões Norte, Nordeste e Sul: de arroz no Nordeste, leite e aves no Sul; aves no Norte e Nordeste e feijão no Norte e no Sul.

Esclarecimento sobre a Fazenda Marrecas

O CAMBOTA, ao publicar na sua 225 edição, página 03 - ano XXII - setembro de 1 996: primeiro, que o Sr. Ângelo Camilotti, ex-proprietário da Fazenda Marrecas, teria sido fun- cionário das companhias colonizadoras CITLA e Comercial, em 1 957, esclarecemos que não havia CTPS anotada, apenas ligado às referidas por interesses comuns (negócios); segun- do, de que, teria se beneficiado para conseguir os 2.400 hec- tares, dos quais foi proprietário até o início de 1996. O que ocorreu na verdade, que pelos conflitos existentes na época, ficou facilitada a ampliação susbtancial de sua área, sem que tenha furtado ou se apropriado ilegalmente.

As lições que fica desse mal entendido é de que, de fato, a história da Fazenda Marrecas precisa ser melhor co- nhecida, como afirmamos naquele texto. Tomara que alguém possa, um dia, contar a história desta e de muitas outras fa- zendas e latifúndios espalhados por esse Brasil. E assim, che- garmos mais próximos da verdade sobre a má distribuição das terras em nosso país.

Colocamos nessa edição um texto mais claro que o an- terior, posto que não pretendemos agredir ninguém indevidamente, sem a devida correlação com a verdade ou sem as provas, baseado apenas em histórias da região.

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tO - Cambota

Para um pai alcoólatra (mensagem escrita e

enviada ao CAMBOTA por um

ex-alcoólatra, que conhece o sofrimento

de quem viveu situações

parecidas com as retratadas neste texto)

Perdoa-me Pai

É importante que leia o meu de- sabafo. Sempre falei que, quando-cres- cesse, queria ser igual ao Senhor. Mas... infelizmente, eu mudei de idéia. Não imagina o que sofremos quando anoitece e não vem jantar, pois só che- ga em casa de madrugada; assim mes- mo, embriagado. Olhe. não me impor- ta que chute meus brinquedos, pise- os, atire-os contra as paredes, bata rai- vosamente em mim, sem motivo, quando lhe pergunto:

- Porque o senhor não pára de beber? '

Pai... não me envergonho de usar roupas velhas, sapatos furados e nem me importo ou incomodo com o pouco alimento que como. Na verda- de, nada disso teria importância se o senhor não bebesse. Por favor, não fi- que parado nos bares perdendo seu tempo, seu dinheiro e sobretudo, sua saúde, bebendo e farreando ao lado daqueles que dizem ser "seus amigos". Eu queria apenas tê-lo em casa todas as noites para poder dizer antes de deitar: "Bênção Papai".

Sabe, eu senti muita pena de vê- lo um dia desses, deitado na calçada. Os garotos que passavam começaram a atirar-lhe pedras. Seus cigarros es- palhados pelo chão, seus bolsos revi- rados, e lá estava pelo chão também uma garrafa de bebida quebrada aos seus pés. Pedi que não fizessem aqui- lo e eles me perguntaram:

- Você conhece esse cavalheiro?

Puxa, pai, tive vontade de dizer que não, mas lembrei-me que certa vez o senhor me disse:

- "Filho, o verdadeiro homem não diz mentiras".

Então, tomei coragem e respon- di-lhes:

- Sim, eu conheço, é meu pai. Eles riram e falavam: - Se fôssemos você, teríamos

vergonha de chamar esse cachaceiro e bêbado de pai.

Baixei a cabeça, humilhado. Meus olhos se encheram de lágrimas e chorei. Chorei como se nunca tives- se chorado na vida. Chorei o sentimen- to da dor e do amor.

Tentei erguê-lo. Pedi que se le- vantasse. Enxuguei seu rosto suado pelo sol do meio-dia. Contudo, meus esforços foram inúteis. O senhor pa- recia não ouvir. Gemia, dizia palavras incompreensíveis, e rolava de um lado para o outro na calçada imunda.

Os garotos foram embora dizen- do:

- Você está lidando com um pau d'água, sem vergonha. Deixe-o aí, pode ir que, ao tentar atravessar a rua, um caminhão passa sobre ele e o mata.

"Pai... foi duro ouvir aquilo. Eu senti como se o mundo inteiro desa- basse sobre mim, mas, mesmo assim, quero que saiba de uma coisa: o voto que fiz de amá-lo, respeitá-lo e que- rer-lhe bem, hei de cumprir sempre, mas... quando crescer, não quero ser igual ao senhor".

Quase ou idêntica situação era a minha. Esforços dos filhos, da es- posa, e de poucos amigos me fizeram largar da bebida. Pedi ajuda divina e não necessitei tomar remédios. Estou liberto e hoje agradeço ao BOM DEUS, por todos os que queriam ver em mim uma pessoa de bem e não um cachaceiro, um bêbado. Perdi amigos de festanças e de boêmias, mas con- segui a simpatia dos meus e a verda- deira paz de espírito.

Rubi Gewehr

uma viagem

alucinante mas

perigosa!

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Gandhi um homem que deixou marcas

Em outubro, comemorou-se os 127 anos do nascimento de Mahatma Gandhi (1869-1948). o grande responsável pela liberta- ção da índia do domínio inglês e um grande exemplo para toda humanidade de como lutar pela igualdade e justiça, ancorados nos pnncíoios da "NÃO VIOLÊNCIA ATIVA" e "VERDADE".

A luta de Gandhi e os seus princípios de conduta ética desa- gradaram muita gente. Por isso, Gandhi foi assassinado em 1948, um ano após a proclamação da independência da índia. Veja, a seguir, alguns pensamentos dos muitos deixados por Gandhi:

"Eu não tenho mensagem, minha mensagem é a minha vida".

"Eu vivo humildemente buscando a verdade. A verdade é, por- tanto, o meu único fim".

"Tudo o que vive é teu próximo ".

"A não-violência é o primeiro artigo da minha fé; e é também o último artigo do meu credo".

"Aquele que não é capaz de governar a si mesmo, não será capaz de governar os outros".

"O amor à verdade supõe a vontade de querer entender sempre o ponto de vista do adversário".

"Uma coisa lançou profundas raízes em mim: a convicção de que a moral é o fundamento das coisas, e a verdade, a substân- cia de qualquer moral. A verdade tornou-se meu único objetivo. Ganhou importância a cada dia. E também a minha definição dela se foi constantemente ampliando ".

Desempenho dos principais Partidos nas eleições de 03 de outubro - O PMDB, a maior força do Congresso nacional,

apesar de ter se saído mal nas capitais, o partido sai das urnas com o maior número de prefeitos em todo o país, mais de mil.

- O PT aumentou em mais de 100% o número de Prefeituras. Além disso, foi o partido que mais votos re- cebeu nas cidades com mais de 200 mil eleitores, onde recebeu 4 milhões e quatrocentos mil votos. Elegeu o Pre- feito de Porto Alegre no 1° turno e é o partido que mais disputará o 2o turno nas capitais (7 capitais). Apesar dis- so, tem dificuldade em se firmar nas cidades pequenas/ médias.

- O PSDB, cresceu bem em Prefeituras e número de votos nas cidades com mais de 200 mil eleitores, onde recebeu 4 milhões e duzentos mil votos (o segundo me- lhor desempenho). Contudo, não deverá eleger ninguém entre as principais cidades do pais (onde a conseqüência mais perversa do Plano Real - o desemprego - mais apare- ce), salvo alguma zebra no Rio de Janeiro ou em Belo Horizonte, o que é muito difícil.

- O PDT, apesar do encolhimento em capitais im- portantes como Porto Alegre e Rio de Janeiro, tem se sa- ído bem no geral, ficando com bastante prefeituras. O des- taque tem sido o Paraná, onde deverá comandar as duas mais importantes cidades - em Curitiba, Taniguchi se ele- geu ainda no primeiro turno e em Londrina, Antônio Anibelli lidera a disputa para o 2o turno.

- O PPB, apesar de todo o destaque dado pela im- prensa, devido ao bom desempenho da dupla Pitta-Maluf em São Paulo, ficou em 6o lugar no ranking dos mais bem votados nas grandes cidades, com 3 milhões e cem mil votos.

- O PFL continua forte nas cidades pequenas, pois o dinheiro conta muito. A nível de grandes cidades, teve um desempenho modesto, onde uma das poucas exceções foi Salvador (BA), o curral eleitoral do cacique ACM (Anto- • nio Carlos Magalhães), onde ganhou ainda no primeiro turno.

- Por fim, o PTB encolheu, seguindo a trajetória de seu maior líder, "o homem do chapéu", José Andrade Vieira.

REELEIÇÃO

- O FHC continua lutando pela sua reeleição. Pri- meiro, tentou apoio a Pitta em troca da adesão de Maluf à reeleição. Como era de se esperar, não deu certo, porque Maluf também quer ser Presidente (Pobre Brasil!). De- pois, mandou confeccionar 50 mil adesivos com os dize- res "FHC 98" e 5 mil cartazes com a frase "deu certo, a gente reelege".

- Certo de seu poder, o governo prevê que a emenda da reeleição esteja aprovada até o final de março do pró- ximo ano.

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São Paulo, 11 de outubro de 1996

Estamos enviando essa carta com a finalidade de agradecê-los muitíssimo pela oportunidade proporciona- da aos cursistas do CESEP de conviver com vocês na se- mana de 20 a 29 de setembro. Certamente que na oportu- nidade da avaliação, eles já terão dito como foi útil a tro- ca de conhecimentos, a alegria de tê-los conhecido, a ami- zade que se criou. Nós também queremos dizer que foi importante e que ficaríamos contentes em poder contar com essa tão valiosa ajuda para o próximo ano.

Mais uma vez agradecemos e pedimos ao Deus da Vida que lhes dê sempre mais força na difícil caminhada de construção de novas formas de vida baseadas na justi- ça, solidariedade e amor.

Agradecemos também as fitas de vídeo que nos en- viaram. Elas serão muito úteis.

Um abraço amigo, Dirce Pontes i;-s::v:-:::.:::.:-:.;K:::-:::.:::^:v::;-S-:.:-:-::-:-;.:-xí.:-:v:.;-:-:-:

^seâ®^ O cara foi ao oculista. - O que está escrito no cartaz? - Não dá pra ler, doutor. - A frase maior, a de cima. - Não dá. - Então que letrona é essa aqui? - Onde, doutor? - Na parede. - Que parede?

Pão-duro Ele era tão pão-duro. mas tão pão- duro, que falou para a mulher: - Você está lendo? - Não. - Está costurando? -Não.

- Está olhando para alguma coisa especial? - Não. - Então, tira os óculos para não gastar a lente.

Mulher grávida O menininho chegou-se para a mulher grávida e perguntou para ela: - O que é que a senhora tem na barriga, que está tão grande? E a mulher, muito atenciosa: - Tenho meu filhinho, que eu amo tanto. E o menino: - Ué, se ama tanto, por que é que a senhora engoliu ele?

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£\^*r£y' . fgm Composição e proprie- %J && && dades: Apesar de os quími- 4 ^ MiGr^ cos não poderem dizer muita coi-

•Él^ sa a resPeit0 ^as couves e suas varia- UT^ das espécies, conhecemos no entanto seu

conteúdo quanto as principais substâncias ali- mentares.

O conteúdo mineral corresponde completamente ao das outras espécies de verduras. Além disso, todas as varieda-

des de couves, assim como todos os legumes, possuem elevado conteú- do de bases.

Todas as variedades de couve mostram também um pequeno conteúdo de caroteno, primeiro escalão da vitamina A, assim como de vitamina BI, B2, Ce K.

Os elementos que entram em sua composição são muito escas- sos em calorias, mas segundo mostram as experiências, satisfazem muito bem a sensação de apetite. Esta caracteristica pode ser aprovei- tada no regime para obesos, preparando pratos pobres em calorias, isto é, sem gordura nem fécula.

Como nas demais verduras de folhas, as variedades de couves constituem um alimento apropriado para os diabéticos, porque supor- tam bem o seu conteúdo em hidrocarbonatos, talvez por facilitarem o aproveitamento das matérias auxiliares, que atuam de forma análoga à insulina.

Nas formas majs simples, consumidas como alimento cru e impregnadas com pouca gordura, as nossas variedades de couves em quantidades moderadas constituem um importante alimento preventi- vo para jovens e adultos.

A couve e as úlceras do estômago Publicações de universidades norte-americanas relatam traba-

lhos científicos sobre o tratamento das úlceras estomacais com suco de couve. O suco centrifugado de couve ema. na proporção de 200 a ZSOcm' diários, administrados durante cinco dias, no máximo, apacieníes com esse problema de úlceras, conseguiu fazer cessar as dores, curando-se as úlceras. Médicos suíços também fizeram experiências semelhantes, com os mesmos resultados.

RECEITAS

Couve-flor ao molho branco 1 couve-flor média 2 colheres (sopa) de margarina 2 colheres (sopa) de farinha de trigo 2 ovos cozidos e picados 2 colheres (sopa) de queijo ralado 1 colher (sopa) de salsa picada 1/2 xícara de caldo 1 1/2 xícara de leite Modo de fazer: Cozinhe a couve-flor separada em galhos, em

pouca água e sal, mas não deixe amolecer demais. Escorra e reserve 1/2 xícara do caldo. Derreta a margarina e misture a farinha. Mexa bem e adicione o leite e o caldo e mexa até engrossar. Junte os ovos picados, uma colher de queijo e mais sal, se for necessário. Arrume a couve-flor numa travessa. Ponha o molho por cima dos galhos, salpique com queijo e enfeite com a salsa. Sirva a seguir.

Couve-flor com amendoim 1 couve-flor média 1 xícara de farinha de rosca 1/4 xícara de margarina 1/2 xícara de amendoim picado 1 dente de alho amassado Modo de fazer: Cozinhe a couve-flor separada em galhos, em

pouca água e sal. Escorra. Derreta a margarina, junte a farinha de rosca e vá mexendo até dourar. Acrescente o amendoim e o alho. Mis- ture bem. Arrume a couve-flor quente numa travessa, espalhe a mitura SObre ela e sirva. (Revista Vida e Saúde)