UM ESTUDO DA CERTIFICAÇÃO LEED EM EDIFICAÇÕES...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO UM ESTUDO DA CERTIFICAÇÃO LEED EM EDIFICAÇÕES BRASILEIRAS: CASO PASSEIO CORPORATE BRUNO DA ROCHA CUNHA 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

UM ESTUDO DA CERTIFICAÇÃO LEED EM EDIFICAÇÕES BRASILEIRAS: CASO

PASSEIO CORPORATE

BRUNO DA ROCHA CUNHA

2018

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UM ESTUDO DA CERTIFICAÇÃO LEED EM EDIFICAÇÕES BRASILEIRAS: CASO

PASSEIO CORPORATE

BRUNO DA ROCHA CUNHA

Projeto de Graduação apresentado ao curso de

Engenharia Civil da Escola Politécnica,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do título de

Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. Eduardo Linhares Qualharini

RIO DE JANEIRO

Setembro de 2018

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UM ESTUDO DA CERTIFICAÇÃO LEED EM EDIFICAÇÕES BRASILEIRAS: CASO

PASSEIO CORPORATE

Bruno da Rocha Cunha

PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE

ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE

JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU

DE ENGENHEIRO CIVIL.

Examinado por:

________________________________________________

Prof. Eduardo Linhares Qualharini (orientador).

________________________________________________

Prof. Isabeth da Silva Mello

________________________________________________

Prof. Giovani Manso Ávila

RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

SETEMBRO de 2018

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Cunha, Bruno da Rocha

Um estudo da certificação LEED em edificações brasileiras:

caso Passeio Corporate/ Bruno da Rocha Cunha – Rio de

Janeiro: UFRJ/Escola Politécnica, 2018.

xii, 63 p.:il.; 29,7 cm.

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de

Engenharia Civil, 2018.

Referências Bibliográficas: p. 61-63

1. Introdução 2. Certificações de Construção Verde 3.

Análise de uma certificação LEED de um empreendimento

comercial no Rio de Janeiro 4. Conclusão

I. Qualharini, Eduardo Linhares; II. Universidade Federal do

Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil.

III. Engenheiro Civil

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“É muito melhor lançar-se em busca de conquistas grandiosas, mesmo expondo-se ao

fracasso, do que alinhar-se com os pobres de espírito, que nem gozam muito nem sofrem

muito, porque vivem numa penumbra cinzenta, onde não conhecem nem vitória, nem

derrota.”

Theodore Roosevelt

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Dedico este trabalho aos meus pais,

Gerson Cunha e Marcia Rocha.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, em primeiro lugar, por me dar saúde e força para enfrentar meus

desafios, e também por me cercar sempre de pessoas tão boas, estando sempre do meu lado

tanto nos momentos ruins e como nos bons.

Agradeço aos meus pais, minha mãe Marcia e meu pai Gerson, que sem eles eu não teria

ido à lugar nenhum. Sempre abrindo mão de tudo pela minha felicidade, sempre me

incentivando e me cobrando nas horas certas e sempre lutando muito para que um dia eu

chegasse onde estou. Eu amo muito vocês.

À minha namorada Júlia, por toda parceria, amor, carinho, compreensão e cumplicidade,

ao longo desses 8 anos juntos. Obrigado por ter me ajudado nas horas que mais precisei, sem

dúvida nenhuma, eu não estaria onde estou hoje se não fosse por você.

Aos meus sogros, Rômulo e Margareth, por serem sempre solícitos e estarem sempre

querendo me ajudar, seja com o que for.

Aos meus amigos e familiares, principalmente ao meu primo Rafael, por todos os

momentos de descontração e companheirismo, fundamentais nessa caminhada tão difícil.

Aos meus líderes nas empresas onde estagiei, principalmente o primeiro deles, Eng.

Rafael Mesquita, que se tornou um grande amigo e me ensinou tanto sobre a profissão que

escolhi seguir.

Ao meu professor e orientador, Eduardo Qualharini, pela orientação desse projeto, e por

ter sido tão solícito, neste momento tão turbulento que é o final do curso, a sua ajuda foi

fundamental.

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Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

UM ESTUDO DA CERTIFICAÇÃO LEED EM EDIFICAÇÕES BRASILEIRAS: CASO

PASSEIO CORPORATE

Bruno da Rocha Cunha

Setembro de 2018

Orientador: Eduardo Linhares Qualharini

A busca por um desenvolvimento economicamente sustentável é prática hoje no mundo,

atentando-se sempre ao menor impacto ambiental e social possível, aliado à uma produtividade

que atenda às necessidades da sociedade, e na construção civil não é diferente. Com essa

preocupação recorrente foram criadas diversas certificações com o intuito de avaliar práticas

sustentáveis na construção civil, fomentando a transformação de projetos, para que estes se

enquadrem a essa nova realidade. O Leadership in Energy and Environmental Design (LEED)

é a principal delas no mundo, e no Brasil vem sendo cada vez mais utilizada. Este trabalho visa

avaliar o processo das principais certificações disponíveis no mercado brasileiro, com um

enfoque no LEED, analisando o sistema de avaliação aplicado em cada tipo de

empreendimento, o caminho até a homologação da certificação, além das áreas de atuação da

certificação LEED Core & Shell. Ao final do estudo será analisada detalhadamente a aplicação

desta certificação em uma obra de um empreendimento comercial localizado no centro do

município do Rio de Janeiro, avaliando as medidas e alterações adotadas para atender cada pré-

requisitos e créditos da certificação, e o quanto estas ações realmente impactaram no

desempenho da edificação, explorando o impacto dessas modificações no rendimento e na

valorização do empreendimento.

Palavras-chave: LEED; Sustentabilidade; Construção; Meio ambiente; Desenvolvimento.

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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Engineer.

A STUDY OF LEED CERTIFICATION IN BRAZILIAN BUILDINGS: CASE PASSEIO

CORPORATE

Bruno da Rocha Cunha

September 2018

Adviser: Eduardo Linhares Qualharini

The search for an economically sustainable development is practical today in the world, always

paying attention to the least possible environmental and social impact, combined with a

productivity that meets the needs of society, and civil construction is no different. With this

recurring concern, several certifications were created with the purpose of evaluating sustainable

practices in civil construction, encouraging the transformation of projects, so that they fit into

this new reality. The Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) is the main one

in the world, and in Brazil is being increasingly used. This work aims to evaluate the process

of the main certifications available in the Brazilian market, with a focus on LEED, analyzing

the evaluation system applied in each type of project, the path to certification approval, as well

as the LEED Core & Shell. At the end of the study, the application of this certification will be

analyzed in a work of a commercial enterprise located in the center of the city of Rio de Janeiro,

evaluating the measures and alterations adopted to meet each prerequisites and certification

credits, and how much these actions actually impacted the performance of the building,

exploring the impact of these modifications on the performance and the valorization of the

enterprise.

Keywords: LEED; Sustainability; Construction; Environment; Development.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 - EVOLUÇÃO DOS EVENTOS RELACIONADOS AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ......................................................1

FIGURA 2 – LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ..........................................................................................................19

FIGURA 3 – PERSPECTIVA DO EMPREENDIMENTO ...........................................................................................................20

FIGURA 4 – PLANTA BAIXA DO PAVIMENTO DE ACESSO DO EMPREENDIMENTO ......................................................................20

FIGURA 5 – ILUSTRAÇÃO DO LAVA RODAS.....................................................................................................................25

FIGURA 6 – FOTO DE PARTE DO BICICLETÁRIO DO EMPREENDIMENTO .................................................................................27

FIGURA 7 – FOTO DE VAGAS PREFERENCIAIS PARA VEÍCULOS DE BAIXA EMISSÃO E BAIXO CONSUMO ...........................................27

FIGURA 8 – SISTEMA DE TRATAMENTO DE ÁGUA CINZA E REAPROVEITAMENTO DE ÁGUAS PLUVIAIS............................................28

FIGURA 9 - FOTO DA COBERTURA COM PINTURA ESPECÍFICA PARA ATINGIR O ÍNDICE DE REFLETÂNCIA SOLAR MÍNIMO ...................29

FIGURA 10 – FOTO DE UM DOS TELHADOS VERDES DO EMPREENDIMENTO ...........................................................................29

FIGURA 11 – FOTO DE PARTE DO PAISAGISMO DO EMPREENDIMENTO COM IRRIGAÇÃO AUTOMATIZADA .....................................31

FIGURA 12 – FOTO DO ENCONTRO ENTRE A FACHADA UNITIZADA DE VIDRO DA TORRE E A FACHADA VENTILADA DAS PASSARELAS .....33

FIGURA 13 – FOTO DE ALGUMAS DAS BOMBAS DO SISTEMA DE CONDICIONAMENTO DE AR POR ÁGUA GELADA .............................35

FIGURA 14 – FOTO DOS CHILLERS (EQUIPAMENTO QUE RESFRIA A ÁGUA DO SISTEMA) ............................................................35

FIGURA 15 – DETALHES DE UM DOS CHILLERS ...............................................................................................................36

FIGURA 16 – DETALHES DA SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS PARA DESTINAÇÃO ADEQUADA .............................................................38

FIGURA 17 – DETALHES DA SEPARAÇÃO DE RESÍDUOS PARA DESTINAÇÃO ADEQUADA .............................................................39

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - CLASSIFICAÇÃO DO EMPREENDIMENTO DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS AVALIÁVEIS ...................................................7

TABELA 2 - RANKING MUNDIAL DE EDIFICAÇÕES COM CERTIFICAÇÃO LEED (2018) ................................................................8

TABELA 3 - NÍVEL DA CERTIFICAÇÃO LEED DE ACORDO COM A PONTUAÇÃO. ........................................................................10

TABELA 4 – CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO LEED ............................................................................................................10

TABELA 5 - ESPAÇOS SUSTENTÁVEIS ...........................................................................................................................15

TABELA 6 - USO RACIONAL DA ÁGUA ..........................................................................................................................15

TABELA 7 - ENERGIA E ATMOSFERA ............................................................................................................................16

TABELA 8 - MATERIAIS E RECURSOS ............................................................................................................................17

TABELA 9 - QUALIDADE AMBIENTAL INTERNA ...............................................................................................................17

TABELA 10 - INOVAÇÃO E PROCESSO DO PROJETO .........................................................................................................18

TABELA 11 - CRÉDITOS REGIONAIS .............................................................................................................................18

TABELA 12 – ANÁLISE INICIAL DA VIABILIDADE LEED NO EMPREENDIMENTO ........................................................................21

TABELA 13 - ESCOPO DE PONTUAÇÃO DA OBRA - TERRENO SUSTENTÁVEL ...........................................................................22

TABELA 14 - ESCOPO DE PONTUAÇÃO DA OBRA - USO RACIONAL DE ÁGUA..........................................................................22

TABELA 15 - ESCOPO DE PONTUAÇÃO DA OBRA - ENERGIA E ATMOSFERA ............................................................................23

TABELA 16 - ESCOPO DE PONTUAÇÃO DA OBRA – MATERIAIS E RECURSOS ..........................................................................23

TABELA 17 - ESCOPO DE PONTUAÇÃO DA OBRA - QUALIDADE DO AR INTERNO ......................................................................24

TABELA 18 - ESCOPO DE PONTUAÇÃO DA OBRA - INOVAÇÃO DE PROJETO ............................................................................24

TABELA 19 - ESCOPO DE PONTUAÇÃO DA OBRA - PRIORIDADES REGIONAIS ..........................................................................24

TABELA 20 - CONTROLE DE SUPRIMENTOS E MATERIAIS COM CONTEÚDO RECICLADO .............................................................40

TABELA 21 – COMPILAÇÃO FINAL DOS RESULTADOS OBTIDOS COM O CUMPRIMENTO DOS CRÉDITOS ..........................................46

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE ...........................................................................................................1

A CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL E A SUSTENTABILIDADE......................................................................................2

OBJETIVO .................................................................................................................................................3

METODOLOGIA ..........................................................................................................................................3

CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS ...........................................................................................................................4

2 CERTIFICAÇÕES DE CONSTRUÇÃO VERDE............................................................. 5

CERTIFICAÇÃO AQUA .............................................................................................................................5

CERTIFICAÇÃO BREEAM .........................................................................................................................5

CERTIFICAÇÃO DGNB .............................................................................................................................6

CERTIFICAÇÃO CASA AZUL......................................................................................................................6

CERTIFICAÇÃO PROCEL ..........................................................................................................................7

CERTIFICAÇÃO LEED ...............................................................................................................................7

2.6.1 Funcionamento Da Certificação ..................................................................................................10

2.6.2 Escolha .......................................................................................................................................12

2.6.3 Registro ......................................................................................................................................12

2.6.4 Aplicação ....................................................................................................................................12

2.6.5 Revisão .......................................................................................................................................12

2.6.6 Certificação ................................................................................................................................13

LEED – CORE & SHELL ...........................................................................................................................13

2.7.1 Requisitos Mínimos De Programa ...............................................................................................14

2.7.2 Pontuação Core & Shell ..............................................................................................................14

3 ANÁLISE DE UMA CERTIFICAÇÃO LEED DE UM EMPREENDIMENTO

COMERCIAL NO RIO DE JANEIRO .................................................................................... 19

CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO ......................................................................................................19

ANÁLISE DA VIABILIDADE DA CERTIFICAÇÃO LEED NO EMPREENDIMENTO ................................................................21

ANÁLISES E ESTRATÉGIAS PARA CUMPRIMENTO DOS PRÉ-REQUISITOS E CRÉDITOS .....................................................25

3.3.1 Terreno Sustentável ...................................................................................................................25

3.3.2 Uso Racional De Água .................................................................................................................30

3.3.3 Energia e Atmosfera ...................................................................................................................32

3.3.4 Materiais e Recursos ..................................................................................................................37

3.3.5 Qualidade do Ar Interno .............................................................................................................40

3.3.6 Inovação de Projeto ...................................................................................................................43

3.3.7 Prioridades Regionais .................................................................................................................45

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO DE CASO ....................................................................................................46

4 CONCLUSÃO .................................................................................................................. 47

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 48

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1 INTRODUÇÃO

OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE

O tema sustentabilidade começou a ser discutido na década de 80, com o Relatório

Brundtland (1987), propondo o desenvolvimento sustentável, “aquele que atende às

necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem

às suas necessidades”.

O conceito de sustentabilidade, durante muito tempo, era visto apenas como ações que

deveriam ser exercidas no âmbito ambiental, como o replantio de áreas devastadas, preservação

de fauna e flora em extinção, entre outras, que de fato estão relacionadas à sustentabilidade,

mas não se for tratado de forma isolada.

A Conferência do Rio de 1992 (ECO 92), principalmente através da Agenda 21 deixa

claro essa definição de que o desenvolvimento sustentável vai além da preocupação ambiental,

propondo um modelo de sociedade onde o equilíbrio ambiental prevalecesse. (CORREA, 2009)

Desde então, foram realizadas inúmeras conferências, reuniões e debates acerca do

assunto. Conforme resume a Figura 1:

Figura 1 - Evolução dos eventos relacionados ao desenvolvimento sustentável

Fonte: CORACINI M. C., 2011

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2

Os três pilares da sustentabilidade foram inseridos pela Declaração de Joanesburgo,

resultado da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (2002), que dizia “[...]

assumimos a responsabilidade coletiva de fazer avançar e fortalecer os pilares interdependentes

e que se sustentam mutuamente do desenvolvimento sustentável - desenvolvimento econômico,

desenvolvimento social e proteção ambiental - nos âmbitos local, nacional, regional e global”.

O social envolve todas as atividades que estão acerca de pessoas que compreendem as

operações a serem desenvolvidas em um sistema que envolva outros. Trata-se da sociedade,

num âmbito geral, ou núcleos menores, como coorporativos ou familiares.

O aspecto econômico envolve os interesses de lucro e produção que o social impõe,

devido ao constante desenvolvimento que a sociedade está inclusa.

O pilar ambiental trata de tudo relacionado diretamente ao meio-ambiente, como fauna,

flora, emissão de gases, águas, geração de energia, etc.

Com união dos três pilares cria-se o desenvolvimento sustentável, que visa o lucro e

produção sem que o social e o ambiental sejam aspectos secundários. Em um ambiente de

sustentabilidades desenvolve-se relações sociais saudáveis e hábitos que possibilitam melhor

convivência entre empresa, sociedade e meio ambiente. Uma corporação sustentável busca

tratar com humanidade sua parte social, sem criar cargas horárias absurdas e criando relações

entre empresa e os funcionários. Além do pessoal a empresa preocupa-se com o ambiente, que

não deve funcionar a base de destruição de um ecossistema; a empresa deve minimizar ao

máximo os impactos ambientais e não apenas tomar medidas mitigadoras aos impactos

exercidos sem nenhuma regulamentação.

A CONSTRUÇÃO CIVIL NO BRASIL E A SUSTENTABILIDADE

A construção civil é considerada como uma das grandes responsáveis pelo

desenvolvimento do país, com cerca 5,8% (Dados do CBIC) de participação no PIB. Como

grande gerador de empregos no cenário nacional, a construção civil apresenta também grande

representatividade na geração de resíduos sólidos, entre 54% e 70% dos Resíduos Sólidos

Urbanos (PINTO, 1999) e 30% da emissão de CO₂ lançados na atmosfera (Demanboro et al.

2004).

Além do grande índice de produção de resíduos, a construção civil é um dos maiores

responsáveis pelo consumo de matéria prima produzida no mundo, estima-se que a partir de

toda matéria prima extraída, a construção civil consuma entre 20 e 50%.

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A partir destes impactos causados pelo setor, foi criado em 2007, o Conselho Brasileiro

de Construção Sustentável (CBCS), que visa difundir e incentivar a utilização de práticas

sustentáveis na construção civil.

Com esse ambiente favorável diversos sistemas de certificação ambiental começam a

ser implantados no Brasil, com o objetivo de avalizar práticas sustentáveis na construção.

Diversas entidades criaram métodos e sistemas, que estudam e avaliam os impactos de projeto,

construção e operação dos edifícios.

Existem no mercado brasileiro alguns sistemas de certificação ambiental de edificações,

o mais importante deles é o LEED (Leadership in Energy Environmental Design) desenvolvido

pelos EUA em 1991. Além dele, alguns outros tem destaque, como o AQUA (Alta Qualidade

Ambiental), o BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment

Method), o selo DGNB (German Sustainable Building Council), o selo Casa Azul e o selo

Procel Edifica.

OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é avaliar a aplicabilidade da certificação LEED em edificações

brasileiras. Com isso busca-se demonstrar a origem do desenvolvimento sustentável no mundo,

e a sua relação com as atividades do setor da construção civil, visando ampliar o conhecimento

da sociedade acerca das certificações existentes no Brasil, detalhando o LEED, seu processo de

certificação, os selos disponíveis para cada empreendimento e os diferentes níveis de

certificação.

Será realizado uma análise crítica detalhada do processo de certificação de um

empreendimento comercial no centro da cidade do Rio de Janeiro, demonstrando as soluções

encontradas para o cumprimento de cada pré-requisito e créditos necessários para a obtenção

do selo.

METODOLOGIA

A metodologia do estudo consistiu em uma revisão bibliográfica dos temas a serem

estudados, através de livros, revistas, artigos publicados, palestras e páginas na web.

Também foi realizada uma análise de uma certificação LEED real, através de visitas e

dados do empreendimento em questão.

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CONTEÚDO DOS CAPÍTULOS

Este trabalho é composto de quatro capítulos desenvolvidos de forma a promover um

maior entendimento sobre práticas sustentáveis na construção civil, introduzindo as principais

certificações ambientais no Brasil, detalhando-se o selo LEED.

O primeiro e presente capítulo apresenta a pesquisa, introduzindo o surgimento do

conceito de sustentabilidade e sua relação com a construção civil, e caracteriza seu objetivo e a

metodologia empregada.

O segundo capítulo discorre sobre o processo de certificação dos principais selos

ambientais presentes no Brasil, com um maior detalhamento para o principal deles, o selo

LEED. São apresentados os tipos de certificação LEED disponíveis para cada tipo de

empreendimento, suas etapas de validação e os critérios de avaliação.

O terceiro capítulo apresenta a análise de uma certificação LEED em um

empreendimento no município do Rio de Janeiro, apresentado e detalhando as soluções

encontradas para atender os requisitos necessários para a obtenção do selo.

O quarto e último capítulo expõe as considerações finais, avaliando a aplicabilidade da

certificação com seus benefícios e dificuldades.

Por fim, são apresentadas as referências bibliográficas e indicações eletrônicas que

serviram como fundamentação para a elaboração do presente trabalho.

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2 CERTIFICAÇÕES DE CONSTRUÇÃO VERDE

A certificação ambiental ou selo verde tem o objetivo de fomentar empreendimentos

que, durante as diversas fases de sua construção e vida útil, gerem baixos impactos ambientais,

atestando assim uma gestão sustentável, conscientizando a população e valorizando o edifício.

CERTIFICAÇÃO AQUA

A certificação AQUA é a versão brasileira da certificação internacional da construção

sustentável. Produzida pela Fundação Carlos Alberto Vanzolini e adaptada da certificação

francesa HQE (Haute Qualité Environnementale), esta certificação é aceita mundialmente por

inúmeras instituições certificadoras.

Sua metodologia de avaliação abrange as fases de desenvolvimento: Programa,

Concepção, Realização e Operação e são baseadas em desempenho; inexistindo pontuação,

onde é estudado o Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) e o desempenho dos quatorzes

níveis da Qualidade Ambiental do Empreendimento (QAE).

Para o empreendimento adquirir a certificação é obrigatório cumprir pelo menos 3

categorias no nível MELHORES PRATICAS, 4 categorias no nível BOAS PRATICAS e 7

categorias no nível BASE. A Fundação Carlos Alberto Vanzolini, realizará 3 auditorias no

decorrer da evolução do projeto e da obra, com o objetivo de constatar o atendimento aos

critérios de sustentabilidade. Diante disso o certificado é emitido em três fases: Programa,

Concepção (projeto) e Realização (construção).

Podem ser certificados edifícios habitacionais, de escritórios, de hospedagem, lazer,

eventos e cultura, escolas, bairros e loteamentos.

CERTIFICAÇÃO BREEAM

A certificação BREEAM, criada na Europa em 1990 e hoje presente em mais de 50

países, foi a primeira metodologia de avaliação e certificação a oferecer o selo verde na

construção civil.

O grande diferencial do BREEAM é o tipo de metodologia aplicada na verificação dos

processos executados. Sua avaliação é realizada em todos os ciclos de vida da construção,

através de uma ampla averiguação dos critérios e categorias relacionados à poluição, transporte,

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geração de resíduos, energia, água e ambiente interno, classificando assim o empreendimento

em seis níveis possíveis de acordo com a pontuação atingida, tais como: Good (45 pontos), Very

Good (55 pontos), Excellent (70 pontos) e Outstanding (85 pontos).

Para conquistar o selo de empreendimento certificado é fundamental atingir no mínimo

30 pontos (nível 1), dos 100 pontos viáveis, por meio da avaliação de nove categorias e trinta e

quatro critérios.

CERTIFICAÇÃO DGNB

O selo DGNB foi criado em 2007 na Alemanha, por um grupo de projetistas,

engenheiros, cientistas, e empresários com o objetivo de desenvolver meios e alternativas para

a construção sustentável.

A avaliação para o processo de certificação é realizada em cada ciclo de vida do edifício

e gera uma avaliação equilibrada em seis áreas: aspectos ambientais, econômicos e

socioculturais/funcionais: tecnologia, processos e terreno.

O grande diferencial deste selo para os demais é o estabelecimento de um modelo

singular, baseado em normas, legislação e orientações europeias, porém respeitando o sistema

e se adaptando ao local empregado. E através desse modelo será possível realizar comparações

diretas entre diversos edifícios em diferentes países.

CERTIFICAÇÃO CASA AZUL

O selo Casa Azul foi criado pela Caixa Econômica Federal com o propósito de

reconhecer e financiar projetos que auxiliem com a diminuição do impacto ambiental, aderindo

a soluções eficientes em todo o ciclo de vida (projeto, construção e manutenção) do

empreendimento.

Para adquirir a certificação, o edifício deverá aproveitar ao extremo as condições

geográficas e climáticas da localidade, adotar técnicas e sistemas que auxiliem no uso eficiente

da água e energia, promovendo assim o uso consciente dos recursos naturais e a melhoria do

bem-estar da população.

O empreendimento poderá atingir três classificações: Bronze, Prata e Ouro, que será

dada em função do preenchimento de no mínimo 19 critérios obrigatórios, que serão avaliados

em conformidade com os 53 critérios e 6 categorias avaliativas existente, tais como: gestão de

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água e práticas sociais, conservação dos recursos naturais, qualidade urbana, eficiência

energética e projeto e conforto.

Tabela 1 - Classificação do empreendimento de acordo com os critérios avaliáveis

Fonte: Inovatech Engenharia, 2018

CERTIFICAÇÃO PROCEL

O selo Procel Edifica é um sistema de certificação brasileiro desenvolvido em 2003 pela

ELETROBRAS/PROCEL e fiscalizado pelo Inmetro com a finalidade de estimular o uso

consciente da energia elétrica e dos recursos naturais nos empreendimentos em cada ciclo

existente, diminuindo assim os desperdícios e os impactos ambientais e contribuindo para

melhoria do bem-estar da população.

Através dessa certificação o edifício poderá ser classificado de A (mais eficiente) até E

(menos eficiente) de acordo com pontuação alcançada na avaliação dos critérios de envoltória,

iluminação, condicionamento de água e aquecimento de água.

CERTIFICAÇÃO LEED

A certificação LEED, foi criada pelo USGBC (United States Green Building Council),

no ano de 1998, nos Estados Unidos e chegou ao Brasil há quase dez anos, sendo representado

e desenvolvido pelo GBC-Brasil (Conselho de Construção Sustentável do Brasil), onde o

mesmo é considerado como o mais relevante selo de certificação sustentável para

empreendimentos do país.

LEED é uma ferramenta de certificação, utilizada em mais de 130 países, que garante

as melhores práticas e estratégias de construção. Seu intuito é otimizar o uso dos recursos

naturais, promovendo estratégias de regeneração e restauração, maximizando os pontos

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positivos e minimizando os pontos negativos referentes ao meio ambiente e provocando a

melhora na qualidade dos ambientes internos das construções com certificação.

Conforme o Ranking abaixo, o Brasil aparece como o 5º país com maior número de

projetos certificados:

Tabela 2 - Ranking Mundial de Edificações com certificação LEED (2018)

Fonte: GBC Brasil (2018).

O selo de sustentabilidade não é apenas sobre os recursos naturais e redução dos

impactos ambientais, como a utilização de energia solar, ventilação natural e diminuição dos

efeitos sobre os recursos naturais provenientes da construção. Mas o lado econômico do

empreendimento é considerado também, então, devemos tratar sempre de um empreendimento

em que a certificação será economicamente acessível ao empreendedor, assegurando resposta

aos investimentos, sendo socialmente justo e que seja um acréscimo cultural, contribuindo para

o crescimento dos envolvidos.

Um dos principais pontos tratados nas obras sustentáveis é a eficiência dos sistemas de

operação dos equipamentos, trataremos, então, sobre o comissionamento dos equipamentos que

é a garantia de que os sistemas em questão estejam projetados, instalados, testados e mantidos

em conformidade com as exigências e requisitos operacionais.

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As vantagens da certificação são:

Econômicas:

Queda dos gastos operacionais

Redução dos riscos de desvalorização

Valorização da construção para cessão ou locação

Baixa da curiosidade por outras propriedades

Modernização e prolongamento da vida útil da edificação

Sociais:

Progresso na segurança e priorização do bem-estar dos colaboradores e

ocupantes

Inclusão social e alta do senso de comunidade

Capacitação profissional

Conscientização de trabalhadores e usuários

Alta da produtividade do trabalhador; melhora na reabilitação de pacientes (em

Hospitais); melhora na performance de alunos (em Escolas); aumento no

impulso de aquisição de consumidores (em Comércios).

Estimulo a fornecedores com maiores responsabilidades socioambientais

Crescimento da satisfação e bem-estar dos utilizadores

Incentivo a sistemas públicos de incentivo a Construção Sustentável

Ambientais

Utilização racional e diminuição da remoção dos recursos naturais

Baixo consumo de água e energia

Implantação consciente da edificação

Alivio dos efeitos das alterações climáticas

Uso de insumo e tecnologias de pouco impacto a natureza

Diminuição, tratamento e reutilização dos resíduos de obra e operação.

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2.6.1 Funcionamento Da Certificação

Através de parâmetros que permitam avaliar os ambientes construídos, são analisadas

sete categorias de desempenho nas construções. Dentro de cada uma delas, existem critérios

obrigatórios e créditos que são transformados em pontos; o acumulo dos pontos estabelece o

nível da certificação, conforme o quadro 3 abaixo:

Tabela 3 - Nível da certificação LEED de acordo com a pontuação.

Fonte: GBC Brasil (2018).

Tabela 4 – Critérios de avaliação do LEED

Fonte: USGBC, 2009

Para novas construções LEED, dispomos de subclassificações, que mudam em

concordância com o modelo de edificação a ser certificada, conforme abaixo:

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LEED NC – New construction and major renovation (novas construções e grandes

reformas): Indicado para empreendimentos que serão construídos, ou serão reformados,

incluindo grandes modificações e restauração interior.

LEED CS – Core & Shell (envoltória e estrutura principal): utilizado em edificações

que negociarão as áreas internas futuramente. O selo compreende as áreas comuns, sistema de

condicionamento de ar, estrutura principal, tais como: caixa de escadas e elevadores e fachadas;

LEED SCHOOLS – Schools (escolas): produz ambientes escolares mais agradáveis e

satisfatórios, diminuindo os gastos operacionais e de manutenção do edifício, possibilitando

também a criação de práticas de educação ambiental dentro deste próprio ambiente.

LEED EB – Existing buildings – operation and maintenance (para edifícios

existentes – operação e manutenção): tem como objetivo analisar as questões de conservação

e utilização do imóvel e auxilia na maximização da eficiência operacional e manutenção do

edifício existente, reduzindo assim os gastos e impactos ambientais;

LEED HEALTHCARE: Destinado a hospitais, tem como objetivo melhorar o ambiente

hospitalar, seja aumento o contato do paciente com a luz solar ou ar fresco, seja diminuindo os

riscos de infecções hospitalares, seja maximizando o resultado ao tratamento, fazendo que

assim o paciente fique o menor período possível internado;

LEED CI – Commercial interiors (interiores comerciais): certificação aplicada a

escritórios de alto desempenho, que por contarem com ambientes internos mais saudáveis,

ajudam a elevar a produtividade dos colaboradores;

LEED ND – Neighborhood development (desenvolvimento de bairros): Através de

diferentes tipologias de edificações e mistura de usos dos espaços urbanos, tem por objetivo

integrar o crescimento inteligente e planejado, o urbanismo sustentável e as edificações verdes.

Esta classificação pode ser usada desde dois prédios habitáveis até vários bairros.

Para a conquista de qualquer certificação LEED deve-se seguir cinco etapas, conforme

abaixo:

1. Escolha

2. Registro

3. Aplicação

4. Revisão

5. Certificação

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2.6.2 Escolha

Na primeira etapa é realizada a escolha do sistema de avaliação a ser empregado, de

acordo com a tipologia do projeto.

2.6.3 Registro

Nesta etapa, após o pagamento da taxa, é realizado o cadastramento do projeto na

plataforma LEED online (Plataforma internacional de certificação LEED), onde são informados

os dados gerais do empreendimento, indicando a intenção de se certificar.

Para prosseguir no processo e obter a pré-certificação é necessário enviar toda

documentação exigida na plataforma e certifica-se que o projeto atenda aos requisitos mínimos

do programa.

2.6.4 Aplicação

Com todos os pré-requisitos atendidos e após o pagamento de uma nova taxa, é iniciada

então a etapa de aplicação, que é quando, o projeto começa a ser revisado. A equipe de projetos

deve identificar os créditos LEED presentes no projeto e os que podem ser agregados a este.

A equipe deve coletar informações, analisar e realizar cálculos e preparar a

documentação demonstrando que o projeto possui os pré-requisitos e selecionar os créditos.

Preparada a apresentação dos resultados analisados, devem ser enviados para uma

análise rigorosa para posteriormente ser enviado para revisão ao GBCI (Green Business

Certification Institute).

2.6.5 Revisão

Após submeter o projeto a revisão, haverá a revisão técnica. Embora o tipo de revisão

possa variar de acordo com as necessidades específicas do projeto, e a classificação do sistema

sob a qual está submetido, os processos são basicamente os mesmos.

Parte 1: Revisão preliminar

O processo é submetido à revisão do GBCI, que irá checar se está dentro dos padrões

exigidos e classificado de acordo com o sistema e créditos adequados ao projeto. A equipe de

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projeto pode aceitar os resultados, ou realizar nova revisão para incorporação de novos créditos.

Somente após essa avaliação será realizada a revisão final com a cessão de créditos.

Parte 2: Revisão final

Na revisão final podem ser enviadas novas informações suplementares e alterações de

projeto para que os créditos sejam incorporados, pode-se também alterar o pedido inicial.

Depois de enviada a revisão final, como na revisão preliminar, os resultados são

apresentados em um relatório com as respostas aos pedidos solicitados, e novamente pode-se

pedir uma revisão dos resultados, mas desta vez como um recurso.

Parte 3: Recurso

A fase de revisão recurso fornece uma rodada adicional de análise e permite que se

enviem informações complementares, alterem a aplicação ou adicionem novos créditos não

tentados anteriormente.

Com o retorno dos comentários, pode-se entrar com novo recurso para reavaliação. Não

há limites para quantidade de recursos a serem apresentados. O objetivo é que a equipe de

projetos atinja a pontuação dos créditos almejados.

2.6.6 Certificação

Com a aceitação da revisão final do processo, a última etapa é a certificação. Depois de

aceitar o relatório de certificação final, o projeto será considerado "fechado”, significando que

não será mais capaz de apelar o nível de certificação ou rever decisões por créditos ou pré-

requisitos específicos. Por isso, é importante muita atenção nas verificações sobre todos os pré-

requisitos e que toda análise de interferência necessária para obtenção dos créditos seja feita

com precisão, pois a partir da aceitação final não será mais possível à mudança de nível da

certificação, como por exemplo, na revisão final foi avaliado para certificação ouro, mas, ao

final, na entrega de documentação foram atingidos pontos apenas para pontuação prata, neste

caso o empreendimento não será certificado.

LEED – CORE & SHELL

O LEED 2009 Sistema de Core & Shell é um conjunto de padrões de desempenho para

certificar a concepção e construção de edifícios comerciais ou institucionais e arranha-céus,

edifícios residenciais de todos os tamanhos, tanto públicas como privadas. A intenção é

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promover práticas saudáveis, duráveis, a preços acessíveis e compatíveis com o ambiente na

construção de projeto e construção.

Este sistema caracteriza-se por edificações que tem o propósito de comercializar os

espaços internos posteriormente. Devido a isso, a certificação abrange apenas as áreas comuns,

sistemas de ar condicionado e estrutura principal, como as escadas de acesso aos pavimentos,

elevadores e fachadas.

Seu sistema foi elaborado para atender o mercado em desenvolvimento especulativo,

onde as equipes de projeto não gerenciem todas as áreas da concepção e construção de um

prédio inteiro.

Pré-requisitos e créditos no LEED 2009 para o Core & Shell, abordam 7 tópicos:

Áreas Sustentáveis (SS)

Eficiência da Água (WE)

Energia e Atmosfera (EA)

Materiais e Recursos (MR)

Qualidade Ambiental Interna (IEQ)

Inovação em Design (ID)

Prioridade Regional (RP)

2.7.1 Requisitos Mínimos De Programa

Os requisitos LEED (MPRs – Minimun program requiriments) definem as

características mínimas que um projeto deve possuir, para conquistar a certificação LEED, além

de estabelecer as categorias de edifícios que os sistemas de classificação foram criados para

avaliar, e em conjunto possuem três objetivos: dar diretrizes claras aos clientes, proteger a

integridade do programa LEED, e diminuir os desafios que sucedem durante o processo de

certificação LEED.

2.7.2 Pontuação Core & Shell

Nas tabelas a seguir é apresentado o check-list LEED Core & Shell com a pontuação

designada a cada item para planejamento e estudo da viabilidade da certificação e do nível a ser

atingido.

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O primeiro tópico apresentado na tabela 5 é o de Espaços Sustentáveis, que engloba um

conjunto de ações a serem realizadas no local das obras visando beneficiar o entorno e permitir

a melhoria em conforto, transporte e controle da densidade urbana da comunidade local.

Tabela 5 - Espaços Sustentáveis

Fonte: GBC Brasil – Check List LEED CS 2009

Na tabela 6 é apresentado o tópico de Uso Racional da Água, que contém ações a serem

discutidas para permitir que haja a redução do consumo de água do empreendimento e o reuso

da mesma em atividades como a irrigação do paisagismo.

Tabela 6 - Uso Racional da Água

Fonte: GBC Brasil – Check List LEED CS 2009

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A tabela 7 contém o tópico de Energia e Atmosfera, que engloba as medidas relativas à

redução do consumo de energia, além de melhorias relativas à gestão e medição de gases

danosos ao meio ambiente.

Tabela 7 - Energia e Atmosfera

Fonte: GBC Brasil – Check List LEED CS 2009

Na tabela 8 pode-se observar o tópico Materiais e Recursos, que contém medidas que

visam um consumo consciente de materiais, com uma gestão de resíduos da construção voltada

para uma alta taxa de reuso. Além disso é incentivado a contratação de empresas locais e

certificadas, visando um menor impacto ambiental.

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Tabela 8 - Materiais e Recursos

Fonte: GBC Brasil – Check List LEED CS 2009

Na tabela 9 é apresentado o tópico de Qualidade Ambiental Interna que contém um

conjunto de ações que visam um maior controle da qualidade do ar no interior do

empreendimento, além de um maior conforto térmico e visual dos ocupantes do edifício.

Tabela 9 - Qualidade Ambiental Interna

Fonte: GBC Brasil – Check List LEED CS 2009

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A tabela 10 introduz o tópico de Inovação e Processo do Projeto, que engloba medidas

inovadoras adotadas pelo empreendimento onde o mesmo possua desempenho exemplar,

gerando um grande impacto ambiental positivo.

Tabela 10 - Inovação e Processo do Projeto

Fonte: GBC Brasil – Check List LEED CS 2009

Por fim é apresentada a tabela 11 que contém o tópico de Créditos Regionais onde são

selecionados créditos que gerem um impacto positivo na região da obra. Para a obtenção desses

créditos, o empreendimento tem de ter cumprido os respectivos créditos nos tópicos

anteriormente apresentados, ou seja, esse tópico serve como uma bonificação para créditos

específicos, que tragam benefícios para a região.

Tabela 11 - Créditos Regionais

Fonte: GBC Brasil – Check List LEED CS 2009

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3 ANÁLISE DE UMA CERTIFICAÇÃO LEED DE UM EMPREENDIMENTO

COMERCIAL NO RIO DE JANEIRO

CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO

O empreendimento Passeio Corporate fica localizado no Centro da cidade do Rio de

Janeiro, em uma região de fácil acesso, que concentra grande parte dos centros empresariais da

capital. Pode-se destacar a proximidade ao metrô e VLT, além do Aeroporto Santos Dumont e

de vias de acesso ao município, como a Avenida Brasil e a Ponte Presidente Costa e Silva (Ponte

Rio-Niterói).

A região recebeu investimentos do Porto Maravilha de cerca de R$ 3 bilhões na

reurbanização de 70 km de vias e 650.000 m² de calçadas, as intervenções melhoraram em 50%

a capacidade de fluxo de tráfego na região. Além disso, houve a expansão da área verde de

2,46% para 10,96%, com o plantio de 15 mil árvores, explicitando a maior preocupação atual

com o convívio sustentável.

Figura 2 – Localização do Empreendimento

Fonte: Google Maps

O projeto valoriza a harmonia com o passeio público de modo que não possui gradis em

seus limites, e suas galerias são diretamente conectadas com as vias urbanas. Sua área total

construída é de 109.773m², sendo 3 torres com 17 pavimentos e 3 subsolos, além de um teatro.

Os edifícios são interligados por passarelas metálicas, permitindo a comunicação entre

usuários de diferentes torres.

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Figura 3 – Perspectiva do empreendimento

Fonte: Caderno de vendas Passeio Corporate

Figura 4 – Planta baixa do pavimento de acesso do empreendimento

Fonte: Caderno de vendas Passeio Corporate

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ANÁLISE DA VIABILIDADE DA CERTIFICAÇÃO LEED NO

EMPREENDIMENTO

O empreendimento foi certificado na categoria LEED Core & Shell (CS), que avalia as

soluções sustentáveis adotadas no projeto e na obra, considerando o núcleo do edifício, áreas

comuns e as fachadas. A certificação obtida foi a Ouro, um dos poucos empreendimentos no

Rio de Janeiro que a possuem.

Durante a fase de concepção do projeto foi elaborado um relatório de análise da

pontuação em potencial do empreendimento. O estudo foi realizado por uma empresa

autorizada pelo USGBC, que fez o acompanhamento da execução da obra, realizando visitas

semanais para averiguar o cumprimento dos requisitos e orientar possíveis questionamentos.

Na Tabela 12 é apresentada a planilha inicial de análise de potencial de pontuação do

projeto:

Tabela 12 – Análise inicial da viabilidade LEED no empreendimento

Fonte: Relatório de empresa contratada

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Abaixo são apresentadas as tabelas do escopo inicial de análise para efetivação da

certificação no empreendimento.

Tabela 13 - Escopo de pontuação da obra - Terreno Sustentável

Fonte: Relatório de empresa contratada

Tabela 14 - Escopo de pontuação da obra - Uso Racional de Água

Fonte: Relatório de empresa contratada

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Tabela 15 - Escopo de pontuação da obra - Energia e Atmosfera

Fonte: Relatório de empresa contratada

Tabela 16 - Escopo de pontuação da obra – Materiais e Recursos

Fonte: Relatório de empresa contratada

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Tabela 17 - Escopo de pontuação da obra - Qualidade do ar interno

Fonte: Relatório de empresa contratada

Tabela 18 - Escopo de pontuação da obra - Inovação de projeto

Fonte: Relatório de empresa contratada

Tabela 19 - Escopo de pontuação da obra - Prioridades Regionais

Fonte: Relatório de empresa contratada

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ANÁLISES E ESTRATÉGIAS PARA CUMPRIMENTO DOS PRÉ-REQUISITOS E

CRÉDITOS

A seguir são apresentadas detalhadamente as medidas tomadas para o cumprimento de

cada pré-requisito e créditos selecionados para a obtenção da certificação.

3.3.1 Terreno Sustentável

Pré-requisito 1: Prevenção de Poluição nas Atividades de Construção

Foi elaborado um Plano de Prevenção e Controle da Poluição Ambiental da Obra

relacionando todos os mecanismos utilizados para minimizar as consequências da geração de

poeira e materiais particulados no ar, erosão do solo e assoreamento de cursos d'água, controle

de águas pluviais, durante as várias fases de obra.

Para atendimento deste pré-requisito, alguns impactos foram monitorados, conforme

descrição a seguir:

• Foram adotadas nas vias de circulação internas estratégias de controle da geração de

poeira, como aspersão de água com caminhão pipa e vias britadas;

• O sistema de drenagem definitiva do terreno foi executado em fase inicial de obra, o

que facilitou muito a drenagem do mesmo durante as fases seguintes;

• Todos os veículos que saíssem do terreno tinham seus pneus lavados, em um lava rodas

(Figura 5). Caso os caminhões transportassem terra, estes deveriam estar protegidos por lona

plástica;

Figura 5 – Ilustração do lava rodas

Fonte: Relatório de obra

• O tapume recebeu vedação na base, evitando expansão de sedimentos do terreno para

a calçada;

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• Os produtos e equipamentos com risco de vazamento de contaminantes, como o

gerador, eram dispostos sobre superfície protetora, isolando-os do contato direto com o solo.

Crédito 1: Escolha do terreno (1 ponto)

O terreno não se enquadra em áreas consideradas proibitivas para o atendimento deste

crédito. Sabe-se que não é uma área rural ou de proteção ambiental, mas é importante um

relatório sobre risco de ser uma área inundável. A empresa de consultoria contratada

desenvolveu relatórios para comprovação do histórico do terreno com base em documentação

de órgãos públicos, fotografias aéreas e fotografias do local.

Crédito 2: Densidade urbana e comunidade local (5 pontos)

Procura-se desenvolver o empreendimento em áreas urbanas consolidadas, para que

assim proteja-se áreas nativas e preserve-se os recursos naturais. O empreendimento foi

construído em área altamente adensada, com proximidade a zonas residenciais, como Lapa,

Catete e Glória e com todos os tipos de serviços básicos à disposição em seus arredores. Foi

elaborada uma documentação fotográfica comprovando o atendimento deste crédito.

Crédito 4.1: Transporte Alternativo – Acesso ao transporte público (6 pontos)

Este crédito visa reduzir a poluição e os impactos gerados pela utilização de veículos

individuais, com isso a disponibilidade de transporte público é fundamental. O empreendimento

está localizado a 200 metros de uma estação de metrô e VLT, e está em uma área a menos de

400 metros de pontos de ônibus com paradas de mais de 30 linhas municipais e intermunicipais.

Crédito 4.2: Transporte Alternativo – Bicicletário e vestiários (2 pontos)

Este crédito visa incentivar os ocupantes do empreendimento à utilizarem transportes

alternativos, dando condições para que os mesmos possam ir e vir com segurança e comodidade.

Foi executado um bicicletário com 56 vagas, além de dois vestiários, um masculino e um

feminino, totalizando 23 chuveiros e armários. Esse local fica próximo à recepção do prédio,

em área reservada e de fácil acesso.

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Figura 6 – Foto de parte do bicicletário do empreendimento

Fonte: Foto tirada pelo autor.

Crédito 4.3: Transporte Alternativo – Veículos de baixa emissão e baixo consumo

(3 pontos)

Este crédito visa o incentivo à utilização de carros de baixa emissão e baixo consumo,

dando à eles a preferência à vagas bem localizadas no estacionamento, além da possibilidade

de recarga do veículo. Do total de 336 vagas do estacionamento, 18 são preferenciais para estes

tipos de veículos, como carros elétricos.

Figura 7 – Foto de vagas preferenciais para veículos de baixa emissão e baixo consumo

Fonte: Foto tirada pelo autor.

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Créditos 6.1/6.2: Projeto para drenagem de águas pluviais – Controle de

Quantidade e Qualidade (2 pontos)

Como a cobertura do empreendimento ocupa praticamente toda a área do terreno, 100%

da água da chuva tem de ser coletada de maneira correta, essa água é tratada e reaproveitada

nos próprios edifícios, para a irrigação dos jardins, por exemplo. Além disso foi executada uma

estação de tratamento de águas cinzas (água usada em louças, pias, banhos etc, onde o

tratamento é altamente eficiente), também para reaproveitamento. Com isso o consumo de água

potável do empreendimento reduziu-se drasticamente. A água não reaproveitada recebe

tratamento antes de ser enviada para a rua. O processo de tratamento das águas cinzas e das

águas pluviais é mostrado na figura 8, abaixo:

Figura 8 – Sistema de tratamento de água cinza e reaproveitamento de águas pluviais

Fonte: Relatório de obra

Créditos 7.1/7.2: Ilhas de calor (2 pontos)

Este crédito visa reduzir as ilhas de calor para minimizar o impacto no microclima e no

ambiente urbano. A totalidade de vagas do empreendimento (336 vagas) são cobertas,

distribuídas nos 3 subsolos de estacionamento. E toda cobertura dos prédios ou possuem

telhados verdes ou foram pintados com tinta específica para atingir o Índice de Refletância

Solar mínimo de 29. Com isso evitasse a concentração de calor na região, suavizando o impacto

de nosso clima aos ocupantes do empreendimento.

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Figura 9 - Foto da cobertura com pintura específica para atingir o Índice de Refletância Solar

Mínimo

Fonte: Foto tirada pelo autor.

Figura 10 – Foto de um dos telhados verdes do empreendimento

Fonte: Foto tirada pelo autor.

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Crédito 9: Diretrizes de projeto e construção para locatários (1 ponto)

Foi elaborado o Manual do Locatário, o qual direciona os locatários a implementar

conceitos de sustentabilidade em seus escritórios, promovendo a certificação de interiores

comerciais e práticas ambientalmente corretas no cotidiano. Esse documento deve ser assinado

pelo locatário junto ao contrato de locação. A empresa de consultoria contratada foi responsável

pela compilação de dados técnicos do empreendimento, da certificação LEED e conceitos de

sustentabilidade como um todo.

3.3.2 Uso Racional De Água

Pré-Requisito 1: Redução no consumo de água em 20%

Este pré-requisito visa reduzir o consumo de água potável do empreendimento,

excluindo irrigação. A redução do projeto em relação ao baseline é de aproximadamente 18%,

através da reutilização das águas tratadas no sistema ilustrado na Figura 8 em bacias sanitárias,

porcentagem que não atende ao requisito. Para atende-lo foram instalados ainda alguns

dispositivos de redução de consumo, como arejadores de 6l/min em todas as torneiras de

lavatórios, descargas sanitárias com duplo acionamento de 3 e 6 litros, mictórios em 100% dos

sanitários masculinos, torneiras dos lavatórios com acionamento hidromecânico Decamatic eco

(8 litros, 6s duração) e chuveiros elétricos com vazão máxima de 8 litros/min.

Crédito 1: Água potável para paisagismo – reduzir em 50% (2 pontos)

A área total irrigada soma áreas verdes cobertas e descobertas do empreendimento. O

projeto de paisagismo segue as premissas da orientação técnica de paisagismo enviada pela

empresa de consultoria, foram avaliadas as informações sobre consumo de água das espécies,

privilegiando sempre espécies de baixo consumo e adaptadas ao clima da região. A irrigação

com aproveitamento de água de chuva, de reuso e automatizada (com sensor de chuva)

privilegiando a irrigação por gotejamento, contribui para o atendimento desse crédito.

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Figura 11 – Foto de parte do paisagismo do empreendimento com irrigação automatizada

Fonte: Foto tirada pelo autor.

Crédito 2: Tecnologias inovadoras para efluentes (2 pontos)

Uma das alternativas para atendimento deste crédito é a redução de, no mínimo, 50%

do consumo de água potável para mictórios e bacias sanitárias, através de dispositivos

economizadores ou águas de reuso. No empreendimento foi utilizado água de aproveitamento

(chuva e águas cinzas) para toda a demanda das bacias e mictórios, com isso o atendimento do

crédito é alcançado.

Crédito 3: Redução no consumo de água em 30% (2 pontos)

Este crédito visa ampliar a redução do consumo de água potável do empreendimento

obtido com as premissas do pré-requisito 1 (obrigatório), com isso a partir dos dispositivos de

redução de consumos descritos anteriormente e do sistema de reuso de águas cinzas e de chuva,

obteve-se uma economia de no mínimo 30%, conquistando-se a pontuação referente à este

crédito.

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3.3.3 Energia e Atmosfera

Pré-Requisito 1: Comissionamento básico dos sistemas que consomem energia

O processo de comissionamento é um processo contínuo e orientado de garantia da

qualidade e comprovação, validação e documentação de que a performance e desempenho dos

sistemas de energia estão de acordo com os requisitos do proprietário e especificações e

parâmetros de projeto. Foi designado um profissional independente como agente de

comissionamento. O comissionamento foi feito para os subsistemas envolvidos: controle da

iluminação, ar condicionado, sistema elétrico e automação. O processo se iniciou na fase de

concepção do projeto com o estabelecimento dos Requisitos de Projeto do Proprietário e Bases

de Projeto do Arquiteto e projetistas complementares e se estendeu durante toda a fase de

construção, com o controle da qualidade na obra, testes de equipamentos e de inspeção final,

revisões dos manuais de operação e manutenção dos sistemas. O agente liderou o processo,

participando pessoalmente das atividades de seu escopo de trabalho, analisando e validando o

material desenvolvido pelas empresas, de instalação, e fornecedores de equipamentos e equipes

de manutenção e operação predial.

Pré-Requisito 2: Eficiência energética mínima

Este pré-requisito é atendido por uma das 3 opções oferecidas pelo LEED, já que não se

enquadra nas outras devido ao seu grande porte. Neste caso, o empreendimento deverá

apresentar uma redução de, no mínimo, 10% de custo anual de energia em relação aos

parâmetros de baseline, através de uma simulação energética de toda a construção, segundo o

Apêndice G da ASHRAE Standard 90.1-2007 (Norma da Sociedade Americana de

Engenheiros de Aquecimento, Refrigeração e Ar condicionado). Além disso, os projetos de

arquitetura e sistemas prediais deverão atender aos itens mandatórios da ASHRAE Standard

90.1-2007, nas seções 5.4, 6.4, 7.4, 8.4, 9.4 e 10.4, conforme abaixo:

• Arquitetura: Todo o envelope do prédio é bem vedado para evitar a infiltração de ar.

As propriedades térmicas e ópticas dos vidros utilizados no empreendimento são fornecidas

pelo laboratório em que os vidros foram fabricados.

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Figura 12 – Foto do encontro entre a fachada unitizada de vidro da torre e a fachada ventilada

das passarelas

Fonte: Foto tirada pelo autor.

• Sistema de iluminação: O sistema atende os itens mandatórios da ASHRAE Standard

90.1, item 9.4, com relação aos sistemas de controle de iluminação e limites de densidade de

potência para as áreas externas.

• Sistema de condicionamento de ar: Os projetos dos sistemas de condicionamento de

ar e automação devem atender a norma ASHRAE Standard 90.1-2007, no item 6.4. A

verificação quanto ao atendimento dos requisitos depende do detalhamento dos projetos (lista

de pontos de controle, sensores, etc.). Os projetos estão de acordo com os requisitos da

ASHRAE. A automação predial prevê todo o controle do sistema de condicionamento de ar,

em conformidade com a norma.

• Queda de tensão: A ASHRAE 90.1 prevê quedas de tensão admissível de 2% nos

circuitos alimentadores e de 3% nos circuitos terminais, diferente da NBR-5410, que permite

até 7% de queda de tensão. Os projetos de elétrica foram concebidos com base nesse requisito.

• Motores elétricos: Todos os motores elétricos que se "enquadram" na avaliação da

ASHRAE90.1-2007 pertencem a linha de "alto rendimento", de acordo com os índices de

eficiência apresentados na NBR-7094/2003.

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Pré-Requisito 3: Proibição de CFC

De acordo com a Resolução CONAMA n.°267 de 2000, fica ratificado no Brasil

restrições de uso de substâncias que destroem a camada de ozônio, como os gases refrigerantes

a base de clorofluorcarbono. Com isso não houve a utilização do mesmo na construção desse

empreendimento.

Crédito 1: Otimizar a eficiência energética em 12% (3 pontos)

O resultado da simulação computacional para as torres mostrou que o projeto proposto

atende às exigências de eficiência energética mínima e obteve 3 pontos no crédito em questão,

com redução de 12,02% no custo anual de energia em relação ao baseline. O ganho na economia

de energia baseia-se principalmente na redução de densidade de potência de iluminação nos

ambientes de escritório (9.2W/m²) em relação a edificação de referencia (12W/m²),

possibilitada graças ao projeto de fachada que potencializa a iluminação natural da luz solar

nos ambientes internos.

Crédito 3: Comissionamento avançado (2 pontos)

O agente de comissionamento foi contratado para realizar um maior número de

atividades além do comissionamento básico. Além de todo o acompanhamento e revisão

durante a fase de projetos e obra, o mesmo é responsável por revisar os sistemas em até 10

meses após a entrega e operação, elaborar um plano para que esta revisão seja bem executada

e também providenciar treinamentos para a equipe de operação e usuários do empreendimento.

Crédito 4: Gestão avançada do gás refrigerante (2 pontos)

Esse crédito foi obtido através da não utilização de gás refrigerante no sistema de

climatização. O projeto de ar condicionado desse empreendimento consta com um sistema do

tipo Fan Coil, cujo funcionamento é semelhante ao de um evaporador de sistemas de ar

condicionado tradicionais, mas ao invés de se utilizar gás refrigerante, utiliza-se água gelada

em seu processo para realizar a climatização. A temperatura da água é controlada em uma

central de água gelada localizada na cobertura de uma das torres, e é alimentada por

reservatórios localizados nas outras duas torres.

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Figura 13 – Foto de algumas das bombas do sistema de condicionamento de ar por água

gelada

Fonte: Foto tirada pelo autor.

Figura 14 – Foto dos chillers (equipamento que resfria a água do sistema)

Fonte: Foto tirada pelo autor.

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Figura 15 – Detalhes de um dos chillers

Fonte: Foto tirada pelo autor.

Crédito 5.1: Medição e verificação da edificação (3 pontos)

Foi desenvolvido pela empresa de consultoria contratada um plano de medição e

verificação no empreendimento. Para que o plano desenvolvido fosse efetivo foram

desenvolvidos sistemas consumidores de energia com medições setorizadas do consumo de

energia, abrangendo o monitoramento do consumo nos principais usos e aplicações finais de

energia elétrica, de acordo com os sistemas e equipamentos considerados na simulação

energética, quais sejam:

• Circuitos de iluminação e tomadas de uso geral das áreas internas;

• Circuitos de Iluminação externa;

• Equipamentos de ar condicionado;

• Sistema de Ventilação Mecânica (Exaustores, Ventiladores de Tomada de Ar Externo,

etc.);

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• Bombas Hidráulicas de Recalque;

• Elevadores.

O Plano de Medição e Verificação foi desenvolvido com o principal objetivo de

disponibilizar à Administração Predial uma metodologia de acompanhamento de desempenho

dos sistemas e equipamentos elétricos, previsto, inicialmente, na simulação energética, através

da aplicação de procedimentos operacionais e de manutenção dos sistemas que deverão

"recalibrar", constantemente, as variáveis de monitoramento de energia.

Crédito 5.2: Medição e Verificação – unidades locadas (3 pontos)

As instalações elétricas foram executadas para medição individualizada de energia por

parte do futuro locatário. A medição individualizada é feita dentro de um planejamento formal

e documentado, oferecendo orientação sobre os meios para que seja atendido o crédito 2 de

Energia e Atmosfera do LEED for Commercial Interiors, caso o locatário queira obter tal

certificação.

Crédito 6: Energia Limpa (2 pontos)

Este crédito exige que, pelo menos 35% da eletricidade contratada e consumida no

empreendimento fosse adquirida de usinas de geração de energia a partir de fontes renováveis,

que atendessem os requisitos da certificação Green-e do Center for Resources Solutions. Como

o Brasil não possui energia limpa certificada por esses critérios, para o atendimento deste

crédito, foi necessário comprar créditos de energia renovável (REC) no mercado americano.

Foi verificado o investimento necessário para o atendimento deste crédito, e de acordo com a

simulação computacional realizada foi comprado 35% de crédito de energia renovável.

3.3.4 Materiais e Recursos

Pré-Requisito 1: Depósito de recicláveis

O pré-requisito foi atendido devido a exigência da prefeitura do Rio, de destinação de

área para coleta seletiva no empreendimento. Além disso, todo material de descarte da obra foi

segregado antes do descarte, enviado a empresas responsáveis para reciclagem ou descarte

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adequado. Foi desenvolvido também um Plano de Gestão de Resíduos para o uso dos ocupantes

das torres, contendo plantas com localização dos depósitos de recicláveis, perfil de geração de

resíduos (estimativa) e o programa de comunicação visual e de educação que instrua os usuários

quanto à coleta seletiva.

Crédito 2: Gestão de resíduos em obra - 75% fora do aterro (2 pontos)

Foi implantado um Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção, conforme a

Resolução Federal nº 307/2002 do CONAMA–Conselho Nacional do Meio Ambiente,

definindo a caracterização, triagem, acondicionamento, transporte e destinação dos resíduos

decorrentes das etapas de construção, com principal objetivo de evitar que estes resíduos fossem

encaminhados para aterros convencionais de inertes. Em todas as etapas de obra foram definidas

as localizações de baias no canteiro de obras, separadas e sinalizadas para cada tipo de resíduo

gerado: plásticos, papel e papelão, metais e vidros, além dos orgânicos ou não recicláveis. O

Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção prioriza a redução dos resíduos gerados,

para que haja a possibilidade de processar e reutilizar a maior quantidade possível de resíduos

dentro da própria obra, e somente quanto estes últimos não forem possíveis o envio dos resíduos

para área de transbordo e triagem. A partir de todas essas atividades foi alcançado o objetivo

de mais de 75% dos resíduos destinados para reciclagem ou reutilizados em obra.

Figura 16 – Detalhes da separação de resíduos para destinação adequada

Fonte: Fotos do arquivo da obra.

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Figura 17 – Detalhes da separação de resíduos para destinação adequada

Fonte: Fotos do arquivo da obra.

Crédito 4: Conteúdo reciclado – 10% (pós-consumo + ½ pré-consumo) (1 ponto)

Para cumprimento deste crédito os materiais utilizados na obra deviam possuir índices

de conteúdo reciclado conforme a fórmula do título. O conteúdo reciclado devia ser calculado

com base no peso do material, e foram excluídos desse cálculo materiais mecânicos, elétricos

e hidrossanitários. Diante das características do empreendimento atingiu-se 10% do custo de

materiais apenas com a compra de concreto e aço, pois estes possuem alto percentual de

conteúdo reciclado e foram utilizados em alta quantidade, conforme demonstrado na planilha

de controle abaixo (Tabela 20)

Crédito 5: Materiais regionais – 20% (2 pontos)

Tendo em vista que o empreendimento localiza-se no Rio de Janeiro, próximo dos

principais locais de extração e de fabricação dos materiais de maior custo, dentre eles concreto,

aço e cimento, foi possível alcançar 20% com facilidade, inclusive a meta da obra era de 30%.

Deve-se priorizar sempre a compra de materiais nacionais que estejam localizados num raio de

800 km da obra (extração e fabricação). Foi adquirida a documentação necessária para obtenção

da pontuação referente a este crédito e o controle pode ser observado no Tabela 20.

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Tabela 20 - Controle de suprimentos e materiais com conteúdo reciclado

Fonte: Arquivos de obra

Crédito 6: Madeira certificada FSC (1 ponto)

Todo material utilizado na obra foi certificado pelo Forest Stewardship Council (FSC),

sendo necessário apenas 50% para o cumprimento do crédito. A comprovação formal foi feita

através de certificado da revenda ou fornecedor da madeira pelo FSC, nota fiscal do produto

com identificação FSC e relatório fotográfico da obra. Estão inclusos nesse requisito os

seguintes produtos: portas, batentes, painéis decorativos, quadro fixação espelho banheiro,

mobiliário, quadro de telefonia, entre outros. Não é obrigatória a utilização de madeira FSC

para obra, apenas produtos incorporados no edifício.

3.3.5 Qualidade do Ar Interno

Pré-Requisito 1: Qualidade do ar interno

Por norma (NBR16401-3-2008), o projeto de ar condicionado deve especificar filtros

G4 nas tomadas de ar externo, o que atende parcialmente esse pré-requisito. Além disso, o

projeto de ar condicionado atende os requisitos mínimos das seções 4 a 7 da ASHRAE 62.1-

2004. O atendimento destes itens da norma foi apresentado pelo projetista em seus projetos e

Memorial Descritivo, contemplando informações, tais como, a verificação da qualidade do ar

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local, selagem de dutos, especificação de bandejas de drenagem, proteção quanto à entrada de

chuva e de animais nas tomadas de ar, acesso para manutenção dos equipamentos, entre outros.

Pré-Requisito 2: Controle da Fumaça do Tabaco

A administração predial proíbe o fumo no interior do edifício e nas áreas externas a uma

distância de no mínimo 8 metros de qualquer entrada de ar do empreendimento. Foi elaborada

uma comunicação visual orientativa de proibição do fumo em toda a área dos edifícios.

Crédito 1: Monitoramento do ar exterior (1 ponto)

Para o cumprimento deste crédito, é feito um monitoramento da qualidade do ar por

meio de medições da concentração de dióxido de carbono (𝐶𝑂2) em áreas densamente ocupadas

(3,7 m²/pessoa). Foram instalados medidores de 𝐶𝑂2 em ambientes mecanicamente ventilados

e com permanência de pessoas. Além disso, foi definida uma rotina no software de automação

para alertar quando a concentração exceder 10% ou mais que o definido em projeto.

Crédito 2: Ventilação adicional (1 ponto)

Esse crédito visa garantir uma renovação de ar adicional, para que a qualidade do ar

interno seja majorada e com isso o conforto, bem-estar e a produtividade dos ocupantes sejam

ampliados. Se tratando de um empreendimento onde quase a totalidade da área ocupada é

ventilada mecanicamente, trata-se de uma modificação extremamente importante e impactante.

Os projetos foram elaborados para que a taxa de renovação de ar nos ambientes excedesse em

30% os requisitos mínimos definidos na ASHRAE Standard 62.1-2007.

Crédito 3: Plano para qualidade interna do ar durante a obra (1 ponto)

Foi desenvolvido e implementado um plano de gerenciamento do controle de qualidade

do ar interno para que fosse acompanhado durante a construção e a pré-ocupação. O objetivo

deste plano era evitar a contaminação das instalações de ar condicionado com poluentes e outras

emissões atmosféricas e ainda garantir o bem-estar dos trabalhadores e locatários. A equipe de

obra e as subempreiteiras foram treinadas, afim de assegurar a correta implementação desse

plano. A gestora da certificação LEED foi responsável por tratar as não conformidades e propor

ações corretivas ou preventivas.

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Créditos 4.1/4.2: Materiais com baixo COV (Compostos Orgânicos Voláteis) –

adesivos e selantes / tintas e revestimentos (2 pontos)

A especificação dos materiais foi feita na etapa de projeto, adotando como premissa a

especificação de produto com baixo teor de COV, dentro dos limites especificados pelas normas

Outh Coast Air Quality Management District (SCAQMD) Rule 1168, Rule 1113 e Green Seal-

11. Esta especificação fez parte do escopo de trabalho da construtora, instaladoras e empresas

de pintura, onde o processo de suprimentos tinha como rotina exigir dos fornecedores

qualificados à apresentação de documentos que fornecessem os dados relativos à composição

dos adesivos, selantes, isolantes, primers, carpetes e madeiras, para atendimento dos créditos,

conforme os requisitos abaixo:

Requisito do crédito 4.1: Deverão ser especificados adesivos, selantes, primers

e isolantes que serão utilizados na obra com índices de COV dentro dos limites

estabelecidos nas normas norte-americanas citadas anteriormente;

Requisito do crédito 4.2: Todas as tintas e revestimentos usados nos ambientes

internos das edificações devem atender aos requisitos das normas de apoio, com

a finalidade de reduzir a quantidade de contaminantes que provoquem odor,

irritação e/ou desconforto aos colaboradores da obra e usuários. A empresa de

consultoria contratada acompanhou toda a etapa de aquisição de materiais, de

modo que as diretrizes e normas fossem atendidas para a validação dos créditos.

Crédito 4.3: Materiais com baixo COV - sistemas de pisos (1 ponto)

Todos os pisos adotados no projeto deviam ser certificados com o selo Floor Score, que

garantem baixa emissão de COV no material. Porém como foram adotados apenas pisos

naturais, pedras e cerâmicos no empreendimento, o crédito foi obtido automaticamente, pois

segundo orientação do LEED, esses tipos de revestimento não emitem COV, e com isso não

seria necessária a apresentação da certificação.

Crédito 7: Conforto térmico – Projeto ASHRAE 55 (1 ponto)

Por norma (ABNT-NBR6401), o projeto do sistema de condicionamento de ar deve

atender à parâmetros de conforto térmico compatíveis com os estabelecidos na norma ASHRAE

55.1 – 2004. Com isso foi elaborado um checklist preenchido pelo projetista, confirmando o

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atendimento dos itens e informando as estratégias. O envelopamento da construção também foi

projetado segundo a norma americana, com vidros refletivos laminados especiais que

bloqueiam grande parte dos raios solares, e com a paginação definida a partir de estudos de

fachadas com maior incidência de calor.

Crédito 8.2 – Acesso a paisagem para 90% das áreas de piso (1 ponto)

As fachadas dos prédios são totalmente envidraçadas, garantindo conexão com o

exterior aos ocupantes do empreendimento. Além disso, foi elaborado um layout sugerido

comprovando o atendimento ao crédito. No projeto é adotado a ideia de open space, ou seja,

escritórios com divisórias baixas (em torno de 1 metro de altura) nas estações de trabalho e que

tenham o menor número possível de ambientes fechados (piso/teto) ao longo das fachadas

envidraçadas.

3.3.6 Inovação de Projeto

Crédito 1.1 – Transporte Alternativo, Acesso ao transporte público (1 ponto)

O empreendimento possuiu uma performance exemplar no cumprimento deste crédito,

pois o mesmo está localizado em uma região altamente urbanizada e servida abundantemente

por transporte público, destacando a proximidade com as estações do metrô e do VLT, e com

diversos pontos de ônibus. Foram identificadas as linhas e pontos de transporte, bem como suas

distâncias do empreendimento, em um relatório elaborado pela empresa de consultoria

contratada.

Crédito 1.2 – Medição do consumo de água (1 ponto)

Para atendimento deste crédito, foram instalados hidrômetros capazes de mensurar o

consumo total de água potável do empreendimento, além de medidores em 100% das torres de

resfriamento do sistema de condicionamento de ar. Todos esses medidores estão integrados

com o sistema de automação da edificação, e com isso o controle e acompanhamento do

consumo é automático e imediato.

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Crédito 1.3: Madeira Certificada (1 ponto)

O empreendimento possuiu uma performance exemplar no cumprimento deste crédito.

Toda a madeira utilizada na obra foi certificada com o selo Forest Stewardship Council’s

(FSC). Na construção não foram utilizados sistemas de estruturas de madeira, a mesma apenas

foi aplicada em acabamentos. Além disso, para este crédito são considerados somente os

materiais incorporados no edifício, excluindo-se assim madeiras utilizadas no sistema de

formas na fase de execução da estrutura, por exemplo.

Crédito 1.4: Programa de educação ambiental (1 ponto)

Foi desenvolvido juntamente com a empresa de consultoria contratada um projeto para

educar os agentes envolvidos, incluindo os projetistas, fornecedores, clientes e todos os

interessados acerca de valores voltados para a sustentabilidade. O setor de engenharia da

construtora contratada para gerenciar a obra ficava responsável por treinar qualquer novo

colaborador, seja próprio ou de fornecedores e empreiteiras, sobre a importância do tema e

responsabilidades do mesmo no processo de certificação LEED.

Crédito 1.5: Materiais Regionais (1 ponto)

Conforme mostrado anteriormente na Tabela 20, cerca de 37% do custo total de

materiais (excluindo-se mão de obra de instalação), foram extraídos, beneficiados e

manufaturados dentro de um raio de 800 km de distância do empreendimento. O mínimo

necessário para o cumprimento deste crédito era de 30%.

Crédito 2: Profissional credenciado LEED (1 ponto)

É necessário a presença no processo de certificação do empreendimento de ao menos

um profissional aprovado no exame de qualificação LEED Accredicted Professional, que é a

garantia de que o profissional possui total conhecimento sobre a ferramenta LEED. A empresa

de consultoria contratada conta com vários profissionais acreditados, o que garante o

atendimento do crédito.

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3.3.7 Prioridades Regionais

Os créditos a seguir são definidos a partir de prioridades da região do empreendimento.

Servem na prática como bonificações para o cumprimento de créditos de outros itens.

Crédito 1.1: Uso racional de água – Água potável para paisagismo (1 ponto)

Este crédito é obtido automaticamente com o atendimento do Crédito 1: Água potável

para paisagismo – reduzir em 50%, do item 3.3.2 Uso Racional de Água.

Crédito 1.2: Uso racional de água – Redução no consumo de água (1 ponto)

Este crédito é obtido automaticamente com o atendimento do Crédito 3: Redução no

consumo de água em 30%, do item 3.3.2 Uso Racional de Água.

Crédito 1.3: Otimizar eficiência energética (1 ponto)

Este crédito é obtido automaticamente com o atendimento do Crédito 1: Otimizar a

eficiência energética em 12%, do item 3.3.3 Energia e Atmosfera.

Crédito 1.4: Medição e verificação (1 ponto)

Este crédito é obtido automaticamente com o atendimento do Crédito 5: Medição e

verificação, do item 3.3.3 Energia e Atmosfera.

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CONSIDERAÇÕES SOBRE O ESTUDO DE CASO

Conforme apresentado anteriormente, alguns dos créditos planejados inicialmente não

puderam ser cumpridos por diferentes motivos. Além disso, surgiram oportunidades de

cumprimento de créditos que não estavam previstos. A partir daí pode-se chegar a compilação

final dos resultados:

Tabela 21 – Compilação final dos resultados obtidos com o cumprimento dos créditos

Fonte: Elaborado pelo autor

Como pode-se observar, com a pontuação alcançada (67 pontos), a certificação

concedida foi a Gold.

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4 CONCLUSÃO

A constante preocupação com as questões ambientais vem ganhando visibilidade no

mercado coorporativo, criando uma consciência sobre a sustentabilidade, o que promove uma

evolução consciente, onde o meio ambiente e a tecnologia são os objetos principais. Na

construção civil os aspectos ambientais são essenciais na concepção e execução de projetos.

No estudo apresentado foi exposto amplamente as premissas para elaboração de um

projeto com certificado LEED. Ao longo análise do processo de certificação foram avaliados

todos os créditos que envolveram o empreendimento em questão, sendo expostas as medidas

tomadas para que os critérios fossem atingidos da melhor forma possível.

Todos os critérios da certificação LEED são formas de minimizar os impactos

ambientais causados pela construção e pelas ações do homem nos ambientes em que vive,

apesar de já haver uma conscientização em relação a mitigar os impactos causados na natureza,

ainda há necessidade de uma melhoria nesse aspecto.

O LEED peca em não se adaptar a legislação e normas do país onde o empreendimento

será certificado, exigindo o cumprimento de normas americanas, que nem sempre estão de

acordo com as necessidades da região onde se aplica.

É fácil observar a preocupação com o meio ambiente na criação de sistemas de reuso de

água para ambientes em que não há necessidade de utilização de água potável, como nos vasos

sanitários e irrigação de plantas. Para minimizar o consumo de água a medição individualizada

em condomínios vem sendo implantada, afim de cada usuário pagar apenas o que consumir,

incentivando assim um consumo menor e a fácil identificação de vazamentos com medições

em pontos independentes.

Outro aspecto importante nas questões ambientais são as fontes de energia renovável,

que vem ganhando espaço no mundo. No estudo apresentado, não foi possível a utilização de

energias renováveis, pois não há no Brasil fornecimento em grande escala para o

empreendimento em questão, mas foi comprado o crédito referente a este assunto.

Após longa análise da documentação, a certificação Gold foi concedida ao

empreendimento em janeiro/18, atingindo assim a meta definida no início do projeto.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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sustentáveis no Brasil. Disponível em < http://www.abcem.org.br>. Acesso em 20 de jul.

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AMARAL DE TEIXEIRA, A. M. Green building: Análise das dificuldades (ainda)

enfrentadas durante o processo de certificação LEED no Brasil. Monografia (Mestrado

executivo em gestão empresarial). Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2013.

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<http://www.ambienteeficiente.com.br>. Acesso em 22 jul. 2018

Banco de dados – CBIC. Participação da Construção Civil no PIB Brasil. Disponível em

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