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Um furacão chamado Napoleão “Na minha carreira encontra-ser-ão erros, sem dúvida: mas as batalhas de Arcole, Rivoli, das Pirâmides, Marengo, Austerlitz, Iena, Friedland são de granito; o dente da inveja nada pode contra elas. Eu aterrei o abismo anárquico e pus ordem no caos. Eu limpei a Revolução. E depois, qual ataque poderão me fazer, sem que algum historiador  levante-se para defender-me? Dirão que tenho muita ambição? Ah, sem dúvida, muita ambição encontrarão em mim! Mas a maior e mais alta que talvez jamais tenha existido: a de estabelecer e consagrar o império da razão; a de dar pleno exercício, o inteiro gozo de todas as faculdades humanas, para todos. Em poucas palavras eis, pois, toda a minha hi stória. Milhares de séculos deco rr erão an tes que as circunstâncias acumuladas sobre a minha cabeça vão encontrar um outro na multidão para reproduzir o mesmo espetáculo.” Do Consulado ao Império (1799- 1804) O te xt o aci ma é de Na poleão Bonaparte, falando de si próprio. Talvez seja algo arrogante e exibicionista, mas não é mentiroso: Bonaparte consolidou o domín io burg uês sobre a es tr ut ura econômica e política da França, através da co nt en ção dos in imig os in te rnos ( os  jacobinos e os monarquistas). Após realizad o es te tr abal ho de co nt en ção,  Napoleão espalhou a revolução burguesa  por todo o território europeu e, como um furacão, varreu resquícios de feudalismo e absolutismo em várias regiões da Europa. Vamos conhecer um pouquinho da história pessoal deste homem que foi o gra nde rep res ent ant e dos interesses da  burguesia, no início do século XIX:  Napoleão Bonaparte era filho de uma família de no br es ar ruinados. De sde a mais tenra infância foi criado para tentar recuperar a fortuna que sua família algum dia possu íra. E com o a ca rre ira mil ita r ap rese nt av a-se pr omisso ra , os pa is de  Napoleão decidiram colocá-lo numa escola do exército, onde Napoleão não foi um aluno brilhante, embora tivesse notas elevadas em matemática e estratégia. O oportunismo marcou os  primeiros anos da maturidade de  Napoleão: casou-se com uma mulher mais velha do que ele, para poder entrar para os quadros da no br eza francesa ( não se esqu eça : Napo leão nasceu na Córsega); durante o Período do Diretório, derrotou um levante ultra-realista, para mostrar que não estava vinculado com a nobreza da qual fazia parte desde o casamento. Já é ho ra de ampl iarmos nossa análise pa ra a so ci ed ad e france sa : a verdade é que a burguesia não confiava em Napoleão. Por isso, deu a ele uma missão qua se suicida, du ran te a gue rra cont ra a segu nda coalizão anti-f ranc esa. Contr a todos os progn ósticos, Napo leão não só so br eviveu, co mo de rro tou os austríacos, tornando-se herói nacional.  A classe burguesa dese java uma ditadura e uma boa espada. Pense nisso e também num ditado que diz: “Quando você não pode derrotar um inimigo, o melhor é se aliar a ele”.

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Um furacão chamado Napoleão“Na minha carreira encontra-ser-ão erros, sem dúvida: mas as batalhas

de Arcole, Rivoli, das Pirâmides, Marengo, Austerlitz, Iena, Friedland são de granito; o dente da inveja nada pode contra elas. Eu aterrei oabismo anárquico e pus ordem no caos. Eu limpei a Revolução. E depois, qual ataque poderão me fazer, sem que algum historiador levante-se para defender-me? Dirão que tenho muita ambição? Ah,sem dúvida, muita ambição encontrarão em mim! Mas a maior e maisalta que talvez jamais tenha existido: a de estabelecer e consagrar oimpério da razão; a de dar pleno exercício, o inteiro gozo de todas asfaculdades humanas, para todos. Em poucas palavras eis, pois, toda aminha história. Milhares de séculos decorrerão antes que ascircunstâncias acumuladas sobre a minha cabeça vão encontrar umoutro na multidão para reproduzir o mesmo espetáculo.” 

Do Consulado ao Império (1799- 1804)

O texto acima é de NapoleãoBonaparte, falando de si próprio. Talvezseja algo arrogante e exibicionista, masnão é mentiroso: Bonaparte consolidou odomínio burguês sobre a estrutura

econômica e política da França, através dacontenção dos inimigos internos ( os jacobinos e os monarquistas). Apósrealizado este trabalho de contenção,

 Napoleão espalhou a revolução burguesa por todo o território europeu e, como umfuracão, varreu resquícios de feudalismo eabsolutismo em várias regiões da Europa.

Vamos conhecer um pouquinho dahistória pessoal deste homem que foi ogrande representante dos interesses da

 burguesia, no início do século XIX: Napoleão Bonaparte era filho de umafamília de nobres arruinados. Desde amais tenra infância foi criado para tentar recuperar a fortuna que sua família algumdia possuíra. E como a carreira militar apresentava-se promissora, os pais de

 Napoleão decidiram colocá-lo numaescola do exército, onde Napoleão não foium aluno brilhante, embora tivesse notaselevadas em matemática e estratégia.

O oportunismo marcou os

 primeiros anos da maturidade de Napoleão: casou-se com uma mulher maisvelha do que ele, para poder entrar para osquadros da nobreza francesa ( não seesqueça: Napoleão nasceu na Córsega);durante o Período do Diretório, derrotouum levante ultra-realista, para mostrar quenão estava vinculado com a nobreza daqual fazia parte desde o casamento.

Já é hora de ampliarmos nossaanálise para a sociedade francesa: a

verdade é que a burguesia não confiavaem Napoleão. Por isso, deu a ele umamissão quase suicida, durante a guerracontra a segunda coalizão anti-francesa.Contra todos os prognósticos, Napoleãonão só sobreviveu, como derrotou osaustríacos, tornando-se herói nacional.

 A classe burguesa desejava uma ditadura e uma boa espada. Pense nisso e tambémnum ditado que diz: “Quando você não pode derrotar um inimigo, o melhor é se aliar a ele”.

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Em 1799 a Revolução Francesacontinuava ameaçada interna eexternamente. A burguesia já não confiavano governo do Diretório e exigia umgoverno forte, capaz de derrotar tanto os

remanescentes da monarquia, como os partidários do pensamento jacobino. Mais: precisava de um militar destemido, paraconduzir com êxito a luta contra acoligação da Europa aristocrática com aInglaterra. Napoleão Bonaparte, cujasvitórias contra os austríacos o haviam

 projetado no cenário político-militar,surgia como o homem indicado paraliderar tal empreendimento.

O resultado disto tudo não é difícil

de se imaginar. Os empresáriosarticularam um golpe político que foidesfechado em 18 Brumário de 1799. Aseguir, transferiram o poder para

 Napoleão. Nomeado cônsul, juntamente com

Roger Ducos e o Abade Sieyès, Napoleãodemonstrou enorme habilidade política,ganhando rapidamente a confiança de todaa nação francesa.

Para construir a base de seu apoio político, Napoleão começou atraindo a alta

 burguesia: criou a Sociedade Nacional deApoio à Indústria, fortalecendo aindustrialização com empréstimos a jurossubsidiados; com o Banco de França, deuestabilidade à moeda francesa.

O proletariado ficou encantadoquando Napoleão criou os LiceusEducacionais onde, de graça, os jovens

 proletários preparavam-se para uma promissora carreira nas recém-construídasindústrias francesas. Os jacobinos ficaramsatisfeitos com a criação de um códigocivil que confirmava a igualdade doscidadãos perante à lei, dentro do espíritorevolucionário. Mas a grande jogada foifeita com os camponeses: Napoleão

desapropria as terras dos nobres emigradose com elas faz uma reforma agrária,

 beneficiando mais da metade da populaçãofrancesa. Para os camponeses, a partir daquele momento, era Deus no céu e

 Napoleão na terra... Napoleão faz um acordo com a

Igreja, em 1801. Em 1802, torna-se cônsulvitalício e, em 1804, através de plebiscito,é aclamado imperador da França.

Você, caro aluno, sabe que as aparências são de um retorno à monarquiaabsolutista. Mas o governo de Napoleão é essencialmente burguês, pois defende osinteresses do capitalismo industrial.

Uma senhora que se preocupavacom as aparências, integrante da nobrezafrancesa, Madame de Remusat, descreveu

(em 02/12/1804) assim a coroação de Napoleão:

“Chegado a Notre-Dame (catedral de Nossa Senhora de Paris), oimperador demora-se algum tempo no arcebispado para aí se revestir dotraje de cerimônia que, aliás, parecia esmagá-lo. A sua fraca figurafundia-se sob este enorme manto de arminho. Uma simples coroa delouros lhe cingia a cabeça:parecia uma medalha antiga. Mas estavaextremamente pálido, verdadeiramente comovido, e a expressão de seuolhar parecia severa e um pouco perturbada. Toda a cerimônia foi imponente e muito bela. O momento em que a imperatriz foi coroada produziu um movimento geral de admiração, não pelo ato em si, mas elaestava tão graciosa, caminhou para o altar tão bem, ajoelhou-se de umamaneira tão elegante e ao mesmo tempo tão simples, que satisfez todos

os olhares. Quando teve de ir do altar para o trono, ela teve um momentode altercação com as cunhadas, que lhe levavam o manto com tanta

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repugnância que vi o instante em que a nova imperatriz não poderiacontinuar a andar. O imperador, que notou isto, dirigiu a suas irmãsalgumas palavras secas e firmes que puseram toda a gente emmovimento. O Papa durante toda esta cerimônia teve sempre o ar dumavítima resignada.” 

O império napoleônico e as guerras européias

 No momento em que Napoleãotorna-se imperador da França, articula-seuma grande oposição que uniria aInglaterra capitalista e vários reinosabsolutistas europeus. A Inglaterra quer destruir o seu eventual concorrente

 burguês e os reinos absolutistas queriamevitar que a Revolução Burguesa seespalhasse por toda a Europa. Assim, adiplomacia inglesa trabalha habilmente nosentido de unir todos os governos anti-napoleônicos em várias coalizõesmilitares.

Uma nova coligação anti-francesa(esta foi a terceira!) organiza-se em 1805.Dela fazem parte a Áustria, a Rússia e aInglaterra. Napoleão é derrotado na

 batalha marítima de Trafalgar, mas sagra-se vencedor nas batalhas continentais deUlm e Austerlitz. Desta forma,observamos que a Inglaterra é a “rainhados mares”, mas a França é “senhoraabsoluta do continente”.

 Napoleão sabe que é impossívelderrotar militarmente a Inglaterra. Por isso, decide asfixiar economicamente oreino da Grã-Bretanha, para derrotá-la,mais tarde. Organiza o BloqueioContinental: todos os países europeus são

 proibidos de comprar produtos ingleses. AInglaterra se vinga: organiza um bloqueiomarítimo, impedindo os franceses dereceber matérias primas de suas colônias.

Observe, caro aluno: o feitiço vira contra o feiticeiro. A indústria francesa não tem possibilidade de substituir a indústria inglesa, no momento em que os países europeus precisam de manufaturados. Por causa disso, o contrabando de produtos ingleses cresce,obrigando Napoleão a custosas invasões punitivas.

Em 1807 Napoleão dominava todaa Europa, mas a verdade é que o domínioera apenas aparente. O BloqueioContinental fracassaria, pois Napoleãoafunda com as despesas de guerra. Umacrise econômica mina a França e a

Inglaterra organiza contrabando em todosos portos europeus. para piorar, a Espanhalança-se (dentro de um processo de guerrade guerrilhas) em franca insurreição

 popular. Do outro lado do continente, aRússia decide romper o BloqueioContinental.

 Napoleão é obrigado a invadir aRússia. Com um exército de 600 milhomens, ele consegue ocupar Moscou, acapital do império. Mas tem que enfrentar 

um grande general russo, que já haviaderrotado os cossacos, derrotaria Napoleãoe, no século XX, enfrentariavitoriosamente Hitler: o glorioso “generalinverno”.

Acossado pelo frio (em Moscou, a

temperatura chega a -40°C, um freezer não passa de -25°C!) Napoleão é obrigadoa recuar tendo, nos seus calcanhares, astropas russas. O brilhante exército de 600mil homens reduz-se a 200 mil soldadosesfarrapados, famintos e medrosos. Saindodo território russo, Napoleão é derrotadona Batalha das Nações. Em 1814 Paris éinvadida e Napoleão é obrigado a refugiar-se na Ilha de Elba.

Os cem dias e o exílio final

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Com a queda de Napoleão,restaura-se a monarquia absolutista dafamília Bourbon. Luís XVIII é

entronizado. Vejamos como foi a cena,através de um relato de René FrançoisChateaubriand:

“Tenho presente na memória, como se o visse ainda, o espetáculo de quefui testemunha quando Luís XVIII, entrando em Paris a 3 de maio de1814, foi a Notre-Dame. Tentaram poupar o rei de ficar cercado por tropas estrangeiras, apesar de terem sido elas que garantiram a chegadade Luís XVIII a Paris... Usaram, como guarda de honra, um regimento davelha guarda, de soldados que lutaram ao lado de Napoleão. Não creioque figuras humanas tenham jamais exprimido qualquer coisa de tãoameaçador e tão terrível. Aqueles granadeiros, cobertos de feridas,vencedores da Europa, que tinham visto tantos milhares de balas passar sobre suas cabeças, que cheiravam a fogo e pólvora; aqueles mesmoshomens, privados de seu capitão (Napoleão), eram obrigados a saldar um

velho rei, inválido do tempo, não da guerra, vigiados, como estavam, por um exército de russos, de austríacos e de prussianos... Uns, franzindo atesta, faziam descer o largo gorro de peles sobre os olhos, como paranão ver; outros torciam os cantos da boca no desprezo da raiva; outros, por debaixo do bigode, rangiam os dentes como tigres.” 

Os nobres, emigrados durante aRevolução Francesa, retornam. Inicia-se avingança dos bispos e dos aristocratas: é oTerror Branco. Todos os líderes burguesessão presos, alguns são enforcados. A forcasubstitui a guilhotina, mas as mortes por 

motivos políticos prosseguem. A nobrezarecebe de volta as suas terras: é o fim dareforma agrária e o início de nova revolta

 popular. Na ilha de Elba, Napoleãoobserva a violência do governo de LuísXVIII.

Uma vez Napoleão disse que “você pode fazer tudo com uma espada, menos sentar-se nela”. Era exatamente isto que Luís XVIII estava fazendo: queria governar violentamente, “sentado numa espada”! 

Em 1815, julgando ser propício omomento, Napoleão fugiu da ilha de Elbae avançou sobre o território francês àfrente de sua guarda pessoal, de apenasmil soldados. Luís XVIII mandou, para

destruir Napoleão, todo um batalhão. EmGrenoble, às margens do rio Mure, deu-seo encontro, que se tornou antológico.

 Napoleão apeou de seu cavalo,afastou-se de seus soldados, e caminhousolitário na direção dos soldados do rei. Eentão disse: “Soldados do 5º Batalhão, souvosso Imperador. Reconhecei-me: se entrevós houver um soldado que queira matar oseu Imperador, aqui estou”. Dito isto,entreabriu o seu capote cinzento.

 Nervosos, os oficiais ordenaram fogo e ossoldados recusaram-se a atirar. Um dossoldados gritou: “Foi ele que nos deu areforma agrária; foi ele que fez a Françavitoriosa! Ele é o nosso general! Viva o

Imperador!”. Os soldados gritaram: “Vivao Imperador!”. A guarda queacompanhava Napoleão, ao longe,respondeu: “Viva o Imperador!”. Osoficiais entreolharam-se e aderiram àssaudações.

Como os jornais da épocarelataram a evolução dos acontecimentos?De maneira muito parecida com aimparcialidade dos jornais atuais. Vejamosas manchetes, de um mesmo jornal:

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“ O monstro corso desembarcou na baía de São João.” 

“ O canibal marcha sobre Grasse.” 

Mas, a medida em que o avanço de Napoleão obtinha êxito:

“ Bonaparte ocupou Lyon.” 

“ Napoleão aproxima-se de Fontainebleau.” 

“ Sua Alteza Imperial é esperada amanhã em sua fiel Paris.” 

Em 15 dias Napoleão sentava-se,outra vez, no trono. Luís XVIII foge paraa Bélgica. Napoleão decide perseguir o reie atacar esta nação vizinha. Parece, noentanto, que os ingleses aprenderam alidar com o general corso: estavam

esperando Bonaparte, na Bélgica. Em 17de junho de 1815, Napoleão é derrotadona Batalha de Waterloo. Sem alternativas,

 Napoleão pede asilo político para aInglaterra. Seu destino seria a longínquailha de Santa Helena.

É o epílogo dessa aventura: a França burguesa perde para a Europa aristocrática.

O Congresso de Viena e a Europa

Os reis absolutistas, a nobrezareacionária e a burguesia inglesa estavamem festa: a França burguesa foi derrotada.

Para reorganizar o mapa políticoeuropeu, faz-se o Congresso de Viena.

Mas as decisões do congresso demoraram para acontecer: nas primeiras semanas,saraus e bailes comemoravam a vitóriaaristocrática, fazendo com que um

 jornalista da época observasse: “mas estecongresso não anda, dança!”. Os trabalhoscomeçaram depois de um mês de festas.

Brilham algumas grandes estrelasconservadoras européias: Alexandre I,czar da Rússia; Klemens von Metternich,chanceler da Áustria; Lord Castlereagh, daInglaterra; Hardenberg, da Prússia; e ochanceler francês Talleyrand.

O princípio fundamental docongresso é enunciado por Talleyrand: sãoconsiderados legítimos os governoseuropeus anteriores à Revolução Francesa.É o princípio da legitimidade.

Metternich, muito mais pragmático, preocupa-se com a possibilidade futura de uma novarevolução burguesa. Por isso, enuncia o

 princípio do equilíbrio europeu: quatronações européias devem ter forçasmilitares equivalentes. Caso algumadessas nações se aventure em umarevolução burguesa, ela saberá que terácontra si pelo menos três inimigosigualmente poderosos.

Observe que as pequenas nações européias, caro aluno, foram “rifadas” por este princípio. Algumas delas desaparecerão, em nome da estabilidade político-militar européia.

Os representantes absolutistas,cinicamente, esconderão os princípiosreacionários do congresso debaixo doslogan: “defesa da religião, da paz e da

 justiça”. É assim que o czar Alexandre Icria a Santa Aliança.

Os exércitos da Santa Aliançareprimem o nacionalismo alemão,invadindo universidades; destruíram arebelião do general Riego, na Espanha,mandando para lá “os cem mil filhos deSão Luís”, que os espanhóis chamavam de“os cem mil filhos da...” (bem, fui

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obrigado a suprimir a última palavra, emnome da moral e dos bons costumes pois,afinal, esta é uma apostila de família!).

De qualquer forma, a roda dahistória não costuma girar para trás.

Alguns anos depois a Santa Aliançadeclina, seja por causa do nacionalismodas pequenas nações européias, seja

 porque a Inglaterra se retira ao observar acontradição entre a política da SantaAliança e os seus interesses particulares naAmérica.

Em 1848 a “primavera dos povos”

supera, de vez, este último suspiroabsolutista conservador europeu.

Documento complementar 

Há uma discussão muitointeressante, ainda sem conclusõesgenericamente aceitas, no estudo deHistória: “qual é o papel do herói, nos

fatos e destinos da sociedade?”. Napoleãoé, talvez, o herói mais ativo, com açõesque contribuíram para modificaçõesimportantes na sociedade, política eeconomia européia, no início do séculoXIX.

A discussão sobre o papel do herói,na História, pode ser realizada em sala deaula.

 Nesta apostila, restringiremos um pouco a discussão. Utilizando-nos de umtexto de Eric Hobsbawn, no livro  A Era

das Revoluções, acompanharemos uma

análise extremamente hábil, que tentaexplicar a construção do mito NapoleãoBonaparte. Acompanhe o texto e depoischegue a uma conclusão: você concordacom a análise de Hobsbawn, ou acreditaque existe uma outra maneira maiscompleta para explicar a mitificação de

 Napoleão? Se há esta outra maneira, qualseria ela?

“O mito napoleônico baseia-se menos nos méritos de Napoleão doque nos fatos, até então sem paralelo, de sua carreira. Os homensque se tornaram conhecidos por terem abalado o mundo de formadecisiva no passado tinham começado como reis, como Alexandre,ou patrícios, como Júlio César, mas Napoleão foi o ‘pequeno cabo’ que galgou o comando de um continente por seu puro talento pessoal (isto não foi estritamente verdadeiro, mas sua ascensão foi suficientemente meteórica e alta para tornar razoável a descrição).Todo jovem intelectual que devorasse livros, como o jovemBonaparte o fizera, escrevesse maus poemas e romances eadorasse Rousseau poderia, a partir daí, ver o céu como o limite eseu monograma enfaixado em lauréis. Todo homem de negócios daí 

em diante tinha um nome para a sua ambição: ser - os própriosclichês o denunciam - um ‘Napoleão das finanças’ ou da indústria.Todos os homens comuns ficavam excitados pela visão, então sem paralelo, de um homem comum que se tornou maior do que aquelesque tinham nascido para usar coroas. Napoleão deu à ambição umnome pessoal no momento em que a dupla revolução tinha aberto omundo aos homens de vontade. E ele foi mais ainda. Foi um homemcivilizado do século XVIII, racionalista, culto, iluminado, mas tambémdiscípulo de Rousseau o suficiente para ser ainda o homemromântico do século XIX. Foi o homem da Revolução e o homemque troxe estabilidade. Em síntese, foi a figura com que todo homemque partisse os laços com a tradição podia se identificar em seus

sonhos.” Cronologia

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1799 - Regime do consulado.1801 - Concordata com a Igreja.1802 - Regime do consulado vitalício.1804 - Proclamação do Império.1806 - Bloqueio Continental.

1812 - Campanha da Rússia.1813 - Derrota de Napoleão em Leipzig.1814 - Abdicação de Napoleão e retiro em Elba.1815 - Governo dos Cem Dias, derrota em Waterloo e prisão em Santa Helena.1815 - Congresso de Viena e criação da Santa Aliança.1823 - Intervenção da Santa Aliança, na Espanha.

Você aprendeu

Ao estudar o período do Consulado ao Império:

• Que Napoleão era de uma família de nobres arruinados e que, após uma infância dedificuldades, conseguiu sucesso na carreira militar.

• A burguesia desfechou um golpe em 18 brumário de 1799, colocando NapoleãoBonaparte no poder.

•  Napoleão, demonstrando enorme habilidade política, ganhou a confiança de toda anação francesa.

• Em 1804, através de plebiscito, Napoleão é aclamado Imperador.

Ao estudar o império napoleônico e as guerras européias:

• A Inglaterra capitalista e vários reinos absolutistas europeus unem-se para tentar destruir o governo revolucionário francês. Esta união origina várias coalizões anti-francesas.

Através do Bloqueio Continental, Napoleão tenta asfixiar a economia britânica.• Bloqueio Continental fracassa e a economia francesa afunda com as despesas de

guerra.• Derrotado na Campanha da Rússia, Napoleão acaba sendo obrigado a refugiar-se na

ilha de Elba.

Ao estudar os cem dias e o exílio final:

• Com a queda de Napoleão, restaura-se o governo absolutista da família Bourbon, naFrança. Era o Terror Branco.

•  Napoleão retorna ao poder, num período que ganha o nome de Cem Dias.•  Novamente derrotado, na batalha de Waterloo, Napoleão é mandado para a ilha de

Santa Helena, onde passa os seus últimos dias.Ao estudar o Congresso de Viena e a Europa:

• Congresso de Viena marca a vitória da Europa aristocrática sobre a França burguesa.

• Princípio da Legitimidade reconduz ao poder as velhas famílias absolutistaseuropéias.

• Princípio do Equilíbrio Europeu fortalece algumas nações européias às custas dodesaparecimento de alguns pequenos Estados.

• Cria-se a Santa Aliança para reprimir as nacionalidades prejudicadas pelos acordosdo Congresso de Viena.

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• As determinações do Congresso de Viena declinam alguns anos depois, sobinfluência de movimentos nacionalistas e do fortalecimento da burguesia industrialeuropéia.

Exercícios para classe:

1- (FUVEST) O Golpe de 18 de Brumário (9 de novembro de 1799) que elevou Napoleão ao Consulado, recebeu o apoio incondicional:a- da pequena burguesia descontente com a destituição de Robespierre da Comissão deSalvação Pública;

 b- dos pequenos proprietários rurais descontentes com a repressão realizada pelaConvenção à chamada Rebelião de Vendéia;c- do operariado, já em pleno crescimento em decorrência da revolução industrial naFrança, e irritado com a sufocação da Conspiração de Babeuf;d- da alta burguesia saturada de uma política oscilante e freqüentemente contrária aosseus interesses econômicos;

e- dos monarquistas que viram no golpe a possibilidade de restaurar a monarquia,recolocando no trono francês outro Bourbon.

2- (FUVEST) No processo da Revolução Francesa, o golpe de 18 Brumário, que levou Napoleão Bonaparte ao poder, implicou na:a- consolidação do poder da burguesia;

 b- convocação da Assembléia Nacional Constituinte;c- aprovação da Declaração dos Direitos do Homem;d- instituição do período do Terror;e- composição política entre girondinos e jacobinos.

3- O que foram as coalizões (ou coligações) anti-francesas?

4- (UFSCar) “Minha maior glória não consistiu em ter ganho quarenta batalhas;Waterloo apagará a memória de tantas vitórias. O que nada apagará, o que viveráeternamente, é o meu Código Civil.” Assinale, nas alternativas abaixo, a que grande

 personagem da história devemos este pensamento:a- Napoleão Bonaparte; d- Oto von Bismarck;

 b- Oliver Cromwell; e- Luís XIV.c- D. Henrique, o navegador;

5- O Decreto de Berlim, assinado por Napoleão Bonaparte em 1806, visava asfixiar aeconomia inglesa. Por qual nome este decreto é mais conhecido?

6- (FGV) Os Cem Dias caracterizaram-se por ser:a- o período do Diretório;

 b- o período do Terror;c- os primeiros meses do governo secular;d- os primeiros meses do Império;e- o período em que Napoleão retorna à França após uma derrota em 1814.

7- (UFSCar) Uma das conseqüências da derrota de Napoleão, em Waterloo (1815)

consistiu

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a- no término do período dos “Cem Dias”, consolidando-se a Restauração monárquicana França, com Luís XVIII;

 b- no reconhecimento da República da França pela Paz de Amiens, celebrada com aInglaterra;c- na celebração da Paz de Tilsit, que permitiu à Rússia ocupar o território da Finlândia,

como compensação por reconhecer as conquistas francesas;d- na composição da Rússia, Suécia e Prússia visando a neutralizar a expansão territorialda Inglaterra;e- na organização do Bloqueio Continental, decretado em Berlim, visando a neutralizar o poderio econômico dos países ibéricos.

8- (OSWALDO CRUZ) O Congresso de Viena, em 1815, pretendia:a- incentivar as independências coloniais;

 b- restaurar o domínio absolutista, abalado pela Revolução Francesa;c- incrementar o comércio com a América do Norte;d- dar, à Inglaterra e à Prússia, direitos sobre a França;

e- acelerar o processo de Revolução Industrial, na Europa.

9- ( Pouso Alegre- MG) Em 1814 e 1815 realizou-se na Europa o Congresso de Viena,que tinha como objetivo reformular o mapa político profundamente alterado pelasgrandes conquistas de Napoleão Bonaparte. Tomou parte nesse Congresso uma figura

 bastante inteligente que utilizando-se de sua extrema habilidade, lançou o “Princípio daLegitimidade”, em que os países europeus deveriam retornar aos limites anteriores àRevolução Francesa de 1789, seguindo-se, então, a restauração de todas as monarquiasabsolutistas.Responda: Quem era essa figura e que país representava?

10- Defina o que foi o Princípio do Equilíbrio Europeu, formulado durante o Congressode Viena.

Respostas:

1- d.2- a.3- Elas foram articulações militares em que a Inglaterra capitalista e os reinosabsolutistas europeus se uniram para tentar destruir o império napoleônico.4- a.5- Bloqueio Continental.6- e.

7- a.8- b.9- Talleyrand, representante da França.10- Quatro nações européias (França, Áustria, Prússia e Rússia) devem ter forçasmilitares equivalentes, para se garantir a estabilidade político-militar européia.

Exercícios para casa:

1- Eric Hobsbawn é, talvez, o maior historiador vivo. Aos 77 anos, no início de 1996, pode se orgulhar de ter seus livros editados em mais de 50 países e de ser respeitado por intelectuais de todas as escolas históricas e matizes ideológicos. Uma outra grande

qualidade desse sábio é a de escrever com clareza e elegância, conquistando leitores em

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todos os pontos do planeta. O trecho que reproduziremos é do livro A Era dasRevoluções:

O Termidor (golpe liderado pela alta buguesia girondina quederrubou a ditadura jacobina, em 27 de julho de 1794) é o fim daheróica e lembrada fase da Revolução: a dos esfarrapados sans-

culottes e dos corretos cidadãos dos bonés vermelhos. Não foi umafase cômoda para se viver, pois a maioria dos homens sentia fome emuitos tinham medo, mas foi um fenômeno tão terrível e irreversível quanto a primeira explosão nuclear, e toda a história tem sido permanentemente transformada por ela. E a energia que ela geroufoi suficiente para varrer os exércitos dos velhos regimes da Europacomo se fossem feitos de palha.

O problema com que se defrontava a classe média francesa norestante do que é tecnicamente descrito como o períodorevolucionário, entre os anos de 1794 e 1799, era como alcançar aestabilidade política e o avanço econômico nas bases do programa

liberal de 1789-1791. a classe média jamais conseguiu, desde entãoaté hoje, solucionar este problema de forma adequada, embora a partir de 1870 conseguisse descobrir na república parlamentar umafórmula exeqüível para a maior parte do tempo. As rápidasalternâncias do regime - Diretório (1795-9), Consulado (1799-1804),Império (1804-1814), a restaurada Monarquia Bourbon (1814-1830),a Monarquia Constitucional (1830-1848), a República (1848-1851), eo Império (1852-1870) - foram todas tentativas para se manter umasociedade burguesa evitando ao mesmo tempo o duplo perigo darepública democrática jacobina e do velho regime.

 A grande fraqueza dos termidorianos era que eles não desfrutavam

de algum apoio político (no máximo, tolerância), espremidos comoestavam entre uma revivida reação aristocrática e os pobres sans-

culottes jacobinos de Paris, que logo se arrependeram da queda deRobespierre. Cada vez mais, o Diretório tinha que depender doexército para dispersar a oposição. Mas o Diretório dependia doexército para algo mais do que a supressão de golpes econspirações periódicas. A inatividade era a única garantia segurade poder para um regime fraco e impopular, mas a classe média precisava de iniciativa e de expansão. O exército resolveu este problema aparentemente insolúvel. Ele conquistou; pagou-se a si mesmo; e mais do que isso, suas pilhagens e conquistas resgataramo governo. Teria sido surpreendente que, em conseqüência, o mais

inteligente e capaz dos líderes do exército, Napoleão Bonaparte,tivesse decidido que o exército podia prescindir totalmente do débil regime civil?

Por outro lado, o exército era uma carreira como outra qualquer dasmuitas abertas ao talento, pela revolução burguesa, e os que neleobtiveram sucesso tinham um interesse investido na estabilidadeinterna como qualquer outro burguês. Foi isto que fez do exército, adespeito do seu jacobinismo embutido, um pilar do governo pós-termidoriano, e de seu líder Bonaparte uma pessoa adequada paraconcluir a revolução burguesa e começar o regime burguês.” 

O texto poderá ajudá-lo a responder uma questão que caiu em vestibular. Ei-la:

(FEI-MAUÁ/SP) Explique por que a classe social burguesa que durante a RevoluçãoFrancesa pôs fim à monarquia absoluta- chegando inclusive a executar um monarca,

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Luís XVI - acabou por fim apoiando um outro regime político centralizado, o Impériode Napoleão.

2- Caracterize o governo de Bonaparte à frente do Consulado.

3- Quais eram os objetivos de Napoleão com o Bloqueio Continental?

4- Você vai conhecer o Decreto de Berlim, que determinou o Bloqueio Continentalcontra a Inglaterra. faça uma leitura atenta do texto, para responder as questões

 propostas a seguir.Campo Imperial de Berlim, 21 de novembro de 1806

NAPOLEÃO, Imperador dos Franceses, Rei da Itália, etc.

Considerando,

1º. Que a Inglaterra não admite o direito da gente universalmenteobservado por todos os povos civilizados;

2º. Que esta considera inimigo todo indivíduo que pertence a umEstado inimigo e, por conseguinte, faz prisioneiros de guerra nãosomente as equipagens dos navios armados para a guerra masainda as equipagens das naves de comércio e até mesmo osnegociantes que viajam para os seus negócios;

3º. Que ela estende às embarcações e mercadorias do comércio eàs propriedades dos particulares o direito de conquista que só se pode aplicar àquilo que pertence ao estado inimigo;

4º. Que ela estende às cidades e portos do comércio não fortificadosnas embocaduras dos rios, o direito de bloqueio que, segundo a

razão e o costume de todos os povos civilizados, só se aplica às praças fortes; que ela declara bloqueadas as praças diante das quaisnão sequer uma única embarcação de guerra; que ela até mesmodeclara em estado de bloqueio lugares em que todas as suas forçasreunidas seriam incapazes de bloquear, costas internas e todo umimpério;

5º. Que este monstruoso abuso do direito de bloqueio tem por objetivo impedir as comunicações entre os povos, e erguer o comérci e a indústria da Inglaterra sobre as ruínas das indústrias e docomércio do continente;

6º. Que sendo este o objetivo evidente da Inglaterra, qualquer 

indivíduo, que faça sobre o continente o comércio de produtosingleses, por este meio favorece os seus desígnios e dela se tornacúmplice;

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.......

8º. Que é de direito natural opor ao inimigo as armas de que faz uso,e de combatê-lo do mesmo modo que este combate, quandodesconhece todas as idéias de justiça e todos os sentimentosliberais, resultado de civilização humana;

Por conseguinte, temos decretado e decretamos o que segue:

 Artigo 1º. As Ilhas Britânicas são declaradas em estado de bloqueio.

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 Artigo 2º. Qualquer comércio e qualquer correspondência com asIlhas Britânicas ficam interditados.

 Artigo 3º. Qualquer indivíduo, súdito da Inglaterra, qualquer que sejasua condição, que for encontrado nos países ocupados por nossastropas ou pelas tropas dos nossos aliados, será constituído

 prisioneiro de guerra. Artigo 4º. Qualquer loja, qualquer mercadoria, qualquer propriedade pertencente a um súdito da Inglaterra será declarada boa presa.

 Artigo 5º. O comércio de mercadorias inglesas é proibido, e qualquer mercadoria pertencente à Inglaterra, ou proveniente de suas fábricase de suas colônias é declarada boa presa.

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.......

 Artigo 7º. Nenhuma embarcação vinda diretamente da Inglaterra oudas colônias inglesas, ou lá tendo estado, desde a publicação do

 presente decreto, será recebida em porto algum.A- Qual a justificativa oficial da França, contida no documento, para decretar bloqueioeconômico à Inglaterra?B- Faça uma breve síntese sobre as determinações do Bloqueio Continental.C- Depois de respondidas as questões anteriores, procure analisar e comparar as

 justificativas oficiais da França, o que o Bloqueio dizia e as reais intenções do Império.

5- Justifique por que as campanhas de Napoleão foram responsáveis pela derrubada doImpério.

6- (FUVEST) Napoleão Bonaparte foi vencido pelos ingleses em 1815. Relacione a estefato o Congresso de Viena e a Santa Aliança.

7- O que foi o Congresso de Viena e quais eram os seus objetivos?

8- O que foi a Santa Aliança e quais eram os seus objetivos?

9- (MAUÁ) Eram objetivos do Congresso de Viena:a- a reunião de forças para combater Napoleão e a restauração do Diretório na França;

 b- a reorganização do continente europeu, subvertido pela Revolução Francesa, e amanutenção de uma política conservadora e anti-liberal;

c- a intervenção junto às metrópoles no sentido de possibilitar maior autonomia políticaàs colônias;d- a reunião de forças para auxiliar os movimentos nacionalistas e liberais, sobretudo naItália e na Espanha;e- nenhuma das anteriores.

10- (FGV) A idéia básica que orientou os trabalhos do Congresso de Viena foi o princípio da Legitimidade, inventado por Talleyrand e adotado por Metternich, segundoo qual:a- as dinastias anteriores à revolução francesa deveriam ser restauradas e cada paísdeveria essencialmente readquirir os mesmos territórios que possuía antes de 1789;

 b- Napoleão Bonaparte era o legítimo imperador dos franceses e a sede do governo passava a ser Santa Helena, uma ilha rochosa do Atlântico Sul;

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c- eram legítimos os decretos de Karlsbad que estabeleciam que toda universidade teriaum inspetor oficial;d- as alianças como a Russo-Turca de 1828-29 eram ilegítimas porque procuravamoprimir os países menores como a Grécia e a Romênia;e- socialistas notórios como o papa Gregório XVI e Carlos X da França deveriam ter 

suas autoridades respeitadas porque foram legitimamente designados para suasrespectivas posições.

11- (PUC) Um dos objetivos do Congresso de Viena foi:a- a formação de sociedades secretas para perseguição dos liberais e dos nacionalistaseuropeus;

 b- a criação da Santa Aliança destinada a manter as liberdades naturais do homem,garantidas pelas constituições nacionais;c- o fortalecimento do princípio da legitimidade e da nacionalidade, através do sistemade compensações financeiras e territoriais;d- renovar as relações internacionais por meio da cooperação entre as nações para a

defesa das liberdades nacionais;e- aceitar as transformações do mapa político europeu, ocorridas durante as conquistasnapoleônicas.

12- (CESGRANRIO) No período situado entre o Congresso de Viena (1815) e o ano de1848, a Europa foi sacudida por várias revoluções, tais como:em 1820: Espanha, Portugal, Grécia.em 1830: França, Bélgica, Polônia.em 1848: França, Alemanha, Itália.Podemos afirmar que essas revoluções revelaram a oposição existente entre os

 princípios políticos estabelecidos naquele Congresso e as aspirações da burguesia emexpansão, expressas na luta contra:1- o absolutismo político.2- os resquícios feudais.3- o predomínio austríaco.4- os ideais liberais.5- o fortalecimento industrial.Assinale:a- se apenas 1 e 2 estão certas;

 b- se apenas 1 e 4 estão certas;

c- se apenas 2 e 3 estão certas;d- se apenas 3 e 4 estão certas;e- se apenas 3 e 5 estão certas.

Respostas:

1- A resposta deverá levar em conta o fato de que a burguesia precisava de um regimeforte para evitar o perigo de uma república democrática jacobina e o perigo de umretorno ao velho regime aristocrático.

2- Utilizando-se de uma sistemática censura à imprensa e apoiado por um forte aparato

 policial, Napoleão, para estabelecer a segurança econômica e a ordem administrativa, pôs em prática um plano de reformas para sanear as finanças, incentivar o

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desenvolvimento agrícola e industrial e organizar o ensino. Em 1802, através de plebiscito, torna-se cônsul vitalício e, em 1804, com a promulgação do Código Civil Napoleônico, institucionalizou os direitos burgueses e proibiu a organização desindicatos operários.

3- Além de pretender derrotar a Inglaterra pela via econômica, fechando-lhe os portoseuropeus, também pretendia incentivar a mecanização da indústria francesa, que agorase tornava responsável pelo abastecimento do mercado europeu, que antes era atendido

 pela Inglaterra.

4- A- A França justifica-se argumentando que a Inglaterra estava não apenas atacandoalvos militares, como também propriedades e embarcações particulares, impedindo “ascomunicações entre os povos” e dinamizando “o comércio e a indústria da Inglaterrasobre as ruínas da indústria e do comércio do continente”.B- As ilhas britânicas ficam sob estado de bloqueio e as nações européias sob domínionapoleônico ficam proibidas de fazer qualquer intercâmbio com a Inglaterra.

C- A França dizia que a Inglaterra havia tomado a iniciativa de fazer uma guerraeconômica. O Bloqueio Continental é um documento que demonstra uma declaração deguerra econômica, feita pela França, contra a Inglaterra. É evidente que a intenção doImpério Francês era de asfixiar economicamente a Inglaterra.

5- As constantes guerras de Napoleão desgastaram a França e seus aliados. Nas áreas jádominadas começaram a surgir, com a ajuda dos ingleses, revoltas contra a presençafrancesa. A desastrosa campanha de Napoleão na Rússia, em 1812, enfraqueceu aFrança, abrindo espaço para que os exércitos coligados invadissem Paris em 1814 edepusessem o imperador.

6- De 1799 a 1815 a política européia, e de certa forma a mundial, gravitou em torno deBonaparte e suas campanhas militares que divulgaram as idéias liberais. Com a suaderrota, os representantes do absolutismo consideraram necessário reorganizar o mapa

 político europeu e fazer retornar a ideologia absolutista. Para isso, se reuniram noCongresso de Viena e, logo após, criaram a Santa Aliança.

7- O Congresso de Viena reorganizou a Europa, predominando o espírito reacionário danobreza européia, encarnada pelo austríaco Metternich. O mapa político foi refeito,desrespeitando a vontade das pequenas nações e povos, negando as conquistas daRevolução Francesa.

8- A Santa Aliança, executada através do “direito de intervenção”, tornou-se umaverdadeira polícia da nobreza reacionária. Reprimiu os movimentos liberais e restaurouas antigas casas reais no poder.

9- b.

10- a.

11- c.

12- a.

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