UM LEGADO DE VALOR INES - unicef.org · meira chamada para a oração ainda não rompeu o silêncio...

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UM LEGADO DE VALOR INES UNICEF/91-0918/Lemoyne COMENTÁRIO: POLIO/VITAMINA A 8

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Um legado de valor inestimávelPor Sheikh Hasina

A campanha mundial para erradicar a polio eeliminar as carências de vitamina A tem sido umprocesso notável de visão e empenhamento e repre-senta um esforço que está prestes a atingir umsucesso total.

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São 3 e 30 da manhã, numaaldeia em Monirumpur naregião ocidental do meupaís – o Bangladesh. A pri-meira chamada para a

oração ainda não rompeu o silêncioda noite. Lá fora está escuro e não háelectricidade. Mas neste dia especial,o pessoal de saúde e os voluntáriosestão já nas instalações do centro desaúde, a trabalhar arduamente à luzdas velas e de lanternas.

A um bom ritmo, empacotamcaixas para transportar frascos e vãocarregando rickshaws; ao raiar da au-rora dezenas deles partem pedalandoe tocando as suas campainhas. Diri-gem-se a locais previamente determi-nados para fazer a vacinação emaldeias, escritórios, praças públicas,paragens de autocarro ou portos deferrys, onde as mães começam aacorrer com os filhos.

Com o cenário a postos e os actoresnos seus lugares, vai começar um ex-traordinário acto de saúde que se vaidesenrolar ao longo de todo o dia.Hora após hora, criança atrás decriança: os voluntários administrammetodicamente duas gotas de líquidoe espremem o conteúdo de uma cáp-sula para a boca das crianças.

O líquido é a vacina oral da polio, ea cápsula contém vitamina A.Quando as actividades em Monirum-pur e em milhares de outras comu-

Sua Excelência Sheikh Hasina, Primeiro Ministro da República Popular do Bangladesh.

nidades em todo o Bangladesh termi-narem, cerca de 90 por cento de todasas crianças menores de cinco anosterão sido imunizadas contra a polioe protegidas da deficiência de vita-mina A. Foi mais um espantoso – e derotina – Dia Nacional de Imunização(DNI).

Estes dias têm galvanizado o país,atraindo pessoas de praticamente to-dos os estratos sociais. Os Voluntáriossão o elemento chave: 600 000 volun-tários tornaram o nosso último DNIpossível. Muitos deles há anos quevêm participando nestas jornadas,para bem das crianças do país.

Cada dia é meticulosamente prepa-rado, com determinação e muitotrabalho. Com antecedência, reali-zam-se encontros de sensibilização eplaneamento a todos os níveis, desdeo nível nacional ao local, a fim demobilizar voluntários e encorajar apopulação a vacinar os filhos. A rádioe a televisão transmitem debates eentrevistas. Os jornais publicam su-plementos especiais com mensagensde dirigentes políticos e sociais dopaís, como o Presidente e eu próprio.São distribuídos cartazes, folhetos,autocolantes, mensagens para afixar ebandeirolas, e os cantores populareslocais desempenham um papel im-portante indicando às populaçõesonde e quando devem levar ascrianças à vacina.

Calcula-se que os DNI e outras in-tervenções sanitárias salvam a vidade mais de 120 000 crianças por anono Bangladesh. Antes de 1995, quan-do estas jornadas ainda não existiam,calculava-se que se ocorriam noBangladesh mais de 2 000 os casos depolio por ano. No ano passado, deacordo com a OMS, foram detectados282 casos.*

Campanha mundial

Os Dias Nacionais de Imunizaçãonão são exclusivos do Bangladesh,são parte de uma iniciativa mundialque aproximou o mundo do objectivoque visa a erradicação da polio até aoano 2000, um legado de valor inesti-mável que o sec. XX deixa ao sec. XXI.

Em 1998, os DNI permitiram prote-ger 450 milhões de crianças – mais dedois terços de todas as crianças meno-res de cinco anos que vivem noplaneta – contra a polio. Durante operíodo 1997/98, 36 países em Áfricaorganizaram estes Dias, tendo a maio-ria deles podido assim imunizar maisde 80% das suas crianças com menosde cinco anos.

Cerca de 32 milhões de criançasforam vacinadas no Médio Oriente,na Federação Russa, no Cáucaso e nasRepúblicas da Ásia Central entreMarço e Maio de 1999. No início de1999, praticamente todos os paísesonde a polio é endémica tinham orga-nizado DNI.

Em certos casos, foram feitos es-forços extraordinários. Na Tanzânia ena Zâmbia, utilizaram-se barcos eaviões para chegar às aldeias situadasem ilhas e nas montanhas.

Numa região do Sudão do tamanhodo Reino Unido, mas que só tem

40 km de estradas pavimentadas, uti-lizou-se o avião para transportar bici-cletas que serviram de meio de distri-buição das vacinas. Na China – ondedois terços do território é constituídopor montanhas, terras altas ou planal-tos – os agentes de saúde cavaloscomo meio de transporte para aszonas mais remotas.

Mas talvez o aspecto mais extraor-dinário e comovente tenha sido oacordo de tréguas feito pelas partesem conflito em diversos países – noAfeganistão, nas Filipinas e no SriLanka – para permitir que as criançaspudessem ser imunizadas.

A nível regional, no Bangladeshcolaborámos com os nossos vizinhosdo Butão, Índia, Birmânia e Nepalpara organizarmos os nossos DNI namesma data a fim de se obter os me-lhores resultados possíveis. Na Índia,onde a OMS registou 70% dos casosmundiais de polio em 1998, 127 mil-hões de crianças foram vacinadasnum único dia de Janeiro de 1997 e umnúmero mais importante ainda –134 milhões – em 1998, durante asmaiores e mais espectaculares inicia-tivas sanitárias alguma vez organiza-das por um país.

Gostaria de aproveitar esta oportu-nidade para dizer algumas palavrasacerca do meu país. O Bangladesh éuma jovem nação em todo o sentidodo termo, excepto no respeita às nos-sas tradições e herança cultural, quetêm séculos. Tornou-se um estado in-dependente e soberano há apenas25 anos. Cerca de metade da nossapopulação tem menos de 18 anos. Tra-ta-se de uma realidade demográficaque permite explicar a nossa preocu-pação e forte empenhamento paracom o bem estar das nossas crianças,adolescentes e jovens, expresso naCimeira Mundial para as Criançasrealizada em 1990 e mais tarde reflec-tida no nosso Plano Nacional deAcção. Estamos também entre os

* Apenas cinco destes casos foram confir-mados como provocados pelo poliovirusselvagem, que é responsãvel por todas astransmissões da doença entre as pessoas.

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20 primeiros países a ratificar a Con-venção sobre os Direitos da Criança,contribuindo por esse motivo para asua entrada em vigor.

No nosso país, 370 000 crianças demenos de cinco anos morrem aindaanualmente, sobretudo de diarreia,infecções respiratórias agudas, sa-rampo, tétano neo-natal e outrasdoenças evitáveis com as vacinas.Para reduzir estas perdas, trabalhá-mos por intermédio do ProgramaAlargado de Vacinação (PAV) para seconseguir um crescimento quase es-pectacular da cobertura vacinal dasnossas crianças. Incentivados peloPAV, organizámos um sistema de dis-tribuição que chega a todos os cantosdo país, com 108 000 postos do PAV aserem actualmente utilizados para avacinação e para outras intervençõesvitais, nomeadamente serviços deeducação e aconselhamento de ordemsanitária, informações sobre a terapiade reidratação oral (TRO), e adminis-tração de micronutrientes.

Deste modo, estamos a trabalharpara erradicar a polio e eliminar acarência de vitamina A, que são osnossos dois problemas de saúde pú-blica mais graves. Estamos também adesenvolver uma ofensiva contra asprincipais doenças infantis, a má nu-trição – que afecta mais de metade dasnossas crianças praticamente desde oprimeiro ano de vida – e a carência emmicronutrientes. Estamos ainda lon-ge da vitória. Mas estamos determina-dos a ganhar a batalha.

A luta contra a polio é travada anível global, sob a égide da OMS, emcolaboração com a UNICEF, o RotaryInternational, os Centros de Controlee Prevenção da Doença dos EstadosUnidos e milhares de associações detodo o mundo. As campanhas de vaci-nação massivas são as últimas investi-das contra esta doença difícil decontrolar e secular .

A polio é conhecida há pelo menos3 000 anos – numa gravura egípciaantiga encontrou-se a descrição dasdeficiências que provoca. Antes dadescoberta da vacina em 1955, a polio,no momento em que atingiu o pontomais alto, chegou a paralisar ou matar500 000 pessoas por ano.

Felizmente, a doença pode ser com-pletamente erradicada, e por isso osDNI são tão importantes. Ao vacinartodas as crianças de um país ao mes-mo tempo com a vacina oral, pode-seassegurar que o vírus selvagem é eli-minado de um grande número de

hospedeiros, o que contribui para asua extinção uma vez que não podefixar-se em nenhum animal ou insec-to e que a sua sobrevivência emambiente natural é efémera. Este fei-to entrará para a história logo a se-guir ao da varíola, a primeira doençaa ser erradicada (em 1979 após12 anos de campanha desenvolvida anível mundial).

Mas a polio é um inimigo maisdifícil de agarrar do que a varíola.Apesar de ser altamente infecciosa,os seus sintomas raramente são evi-dentes. A paralisia ocorre em menosde 1% dos casos; em 90% dos casosnão apresenta quaisquer sintomas.Pode haver 200 pessoas infectadasantes que um caso de paralisia semanifeste.

Há outro factor que torna a pre-venção mais difícil: a vacina anti-po-lio precisa ser administrada váriasvezes para se obter uma imunizaçãototal – ao contrário da vacina da varío-la, que era dada de uma só vez.

Apesar destes obstáculos, a estraté-gia em quatro fases aplicada actual-mente está a dar frutos. Primeiro, omaior número possível de bebés sãovacinados sistematicamente quatrovezes durante o primeiro ano de vida,no quadro do calendário de vacinaçãocontra as seis principais doenças in-

fantis. Depois, graças aos DNI, todasas crianças menores de cinco anosrecebem duas doses suplementaresda vacina da polio, com um intervalode um mês. Em terceiro lugar, umsistema de vigilância permite assegu-rar que nenhum caso de polio fiquepor identificar. Finalmente, há equi-pas que fazem visitas domiciliáriaspara imunizar todas as crianças semexcepção nas zonas onde se suspeitaque o vírus está em circulação.

A imunização sistemática, a pri-meira fase da estratégia, é largamenteadoptada. Em 1990, 4 em cada 5 bebésem todo o mundo foram sistematica-mente vacinados, enquanto nos anos70 a mesma taxa era de 1 em cada 20.Mas a proporção dos menores de umano que a nível mundial são sistema-ticamente vacinados baixou ligeira-mente durante esta década (emboraos números absolutos tenham subidodevido ao aumento da população), eas taxas de cobertura em determinadonúmero de países e regiões específicasestão muito abaixo da média. Os DNI,dado que permitem uma imunizaçãode rotina, são essenciais para ultra-passar este impasse.

Os resultados falam por si. O núme-ro de casos de polio no mundo baixousubstancialmente em 10 anos. Em1988, segundo estimativas da OMS,

havia 350 000 casos, dos quais somen-te 10% eram recenseados. Em 1998,graças ao reforço da vigilância, foramassinalados apenas 5 000 casos. AAmérica do Norte e do Sul oficial-mente conseguiram livrar-se da polio,e na Europa , a Turquia é o único paísque referiu a existência de casos noúltimo ano. A polio está a desaparecerrapidamente da África do Norte,Oriental e Austral, bem como daPenínsula Arábia; no Leste Asiático eno Pacífico, o último caso foi identifi-cado no Camboja em Março de 1997.Há menos de uma década 10 000crianças ficaram paralisadas devido aum surto que atingiu a China; nestemomento, depois de uma série deDias Nacionais de Imunização, nãofoi identificado mais nenhum casoneste país.

A polio retirou-se para alguns bas-tiões – Afeganistão, Bangladesh,Índia, Nepal e Paquistão, na Ásia, eSomália, Sudão e algumas regiões daÁfrica de Leste e Central. Mas mesmonestes países, estamos a ganhar terre-no.

Devemos manter o “élan” paraeliminar a polio e proteger as nossascrianças. Os ganhos são já enormes.No total, 2 a 3 milhões de criançasem todo o mundo que, sem esta cam-panha sofreriam de paralisia,

Casos de polio reportados, 1988

Nota: este mapa nãoreflecte uma posição daUNICEF sobre o estatutolegal de qualquer país outerritório ou a delimitaçãode qualquer fronteira.

Fonte: OMS.

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podem correr, saltar e brincar nor-malmente.

Enquanto a polio existir, o mundodeverá gastar um total de 1,5 mil mi-lhões de dólares por ano para evitar asua propagação. Nas Américas, porexemplo, gasta-se mais dinheiro paraevitar a sua reaparição do que no restodo mundo para erradicar definitiva-mente a doença. É evidente que estesrecursos podiam ser muito melhorutilizados.

As crianças já estão a beneficiar daexperiência adquirida com os DNI namedida em que estes permitem pôrem prática outras intervenções sanitá-rias vitais. No nosso caso, como referianteriormente, administramos a vita-mina A às crianças ao mesmo tempoque a vacina da polio.

A carência de vitamina A, que afec-ta cerca de 100 milhões de criançasmenores de cinco anos, fragiliza assuas resistências à doença e contribuipara cerca de um quarto do númerototal de mortes de crianças com me-nos de cinco anos. E é também a prin-cipal causa de cegueira nas criançasnos países em desenvolvimento. Poroutro lado, há cada vez mais provasde que a falta de vitamina A nas mul-heres aumenta o risco de compli-cações durante a gravidez e o partoque podem conduzir à morte.

Os DNI contribuíram para salvarinúmeras vidas, graças à adminis-tração de vitamina A às crianças doBangladesh: antes da organizaçãodestes Dias, apesar dos nossosesforços, era impossível abrangermais de 55% das nossas crianças.Neste momento mais de 90% recebemvitamina A ao mesmo tempo que sãoimunizadas.

A protecção é eficaz e pouco dis-pendiosa: uma cápsula que custasomente 0,02 de dólar pode protegeruma criança durante seis meses.

Pensa-se que a eliminação da avita-minose A permite salvar vidas, domesmo modo que os dois grandessucessos dos últimos anos – a vaci-nação contra as seis principais do-enças infantis e a utilização da terapiade reidratação oral (TRO) no trata-mento da desidratação provocadapela diarreia.

Praticamente em todo o mundo,as medidas destinadas à concreti-zação do objectivo que consiste naeliminação da carência de vitaminaA, estabelecido na Cimeira Mundialpara as Crianças de 1990, têm-semostrado positivas. Em 1996, maisde metade das crianças de paísesonde esta carência constitui um pro-blema de saúde pública estavam areceber suplementos de vitamina A.

Dois anos antes, apenas um terçoeram abrangidas. Neste momento,há 35 países próximos de atingir oobjectivo.

No entanto, há uma lacuna quedeve ser preenchida. Em certos paísesas taxas de distribuição de suplemen-tos de vitamina A são largamente in-feriores às taxas de imunização contraa polio. Aproveitar os DNI para prati-car estas duas intervenções, como estáa ser feito no Bangladesh e em mais42 países, é justamente o tipo deavanço estratégico que neste momen-to é necessário.

Na verdade, tanto a UNICEF comoa OMS recomendam que todos os paí-ses com taxas de mortalidade dosmenores de cinco anos elevadas eaqueles em que a avitaminose Aconstitui um problema de saúde pú-blica deveriam fazer as duas inter-venções combinadas. O abasteci-mento e os custos operacionais nãosão um obstáculo, uma vez que oGoverno do Canadá se comprome-teu generosamente a fornecer toda avitamina A necessária.

Provou-se que os DNI, original-mente concebidos como uma estraté-gia de curto prazo para eliminar defi-nitivamente a polio, tinham uma sériede vantagens a mais longo prazo emque não se tinha pensado. Conclui-se

de estudos realizados que estas jorna-das reforçam a cooperação entre ossectores governamentais e permitemque as organizações comunitáriastenham um papel mais importante nosector da saúde, o que melhora a co-municação entre o pessoal dos diver-sos serviços médicos. Outros progra-mas de saúde tiraram já partido des-tes progressos. Para além do mais, a“cultura da vacinação”, nascida a par-tir dos DNI, permite também elevar astaxas de vacinação contra outras do-enças.

Todas estas conquistas podem serpreservadas e até reforçadas, se osDNI se transformarem em Dias Na-cionais da Saúde Infantil, o que per-mitiria administrar outras vacinaspara além da da polio, distribuir mi-cronutrientes essenciais e medica-mentos contra os vermes, bem comopara promover a utilização de mos-quiteiros tratados com insecticidanas regiões onde há malária. Duranteestes Dias da Saúde Infantil, poder-se-iam organizar actividades de pro-moção do aleitamento materno, so-bre higiene e luta contra a diarreia,dando informações às mães e às pes-soas que se ocupam das criançastambém sobre alimentos comple-mentares e estimulação psico-socialatravés do jogo e da interacção comos adultos, que são essenciais paraque a criança tenha um desenvolvi-mento saudável.

A luta contra a polio estimulou aimaginação de governos de todo omundo e mobilizou energias comoraramente aconteceu com qualqueroutra causa, dando corpo a uma dasmaiores iniciativas da nossa histó-ria. A forte ligação a esta causa per-mitiu preencher lacunas e suprir fra-gilidades dos serviços de saúdeactuais; contribuiu para reforçar ascapacidades de gestão e os sistemasde comunicação; melhorou os siste-mas de vigilância de doenças; per-mitiu encontrar novos meios paratransportar vacinas mantendo-as àtemperatura necessária. Destemodo, a campanha de luta contra apolio deu confiança aos governos, edeu-lhes vontade e capacidadespara atacarem outros problemas sé-rios de saúde.

Não há dúvida de que estas vitó-rias devem ser o princípio de umahistória e não uma conclusão – o iní-cio de um novo capítulo que permitaque todas as crianças do globo vivamcom saúde. n

Casos de polio reportados, 1998

Nota: este mapa nãoreflecte uma posição daUNICEF sobre o estatutolegal de qualquer país outerritório ou a delimitaçãode qualquer fronteira.

Fonte: OMS, dadospreliminares em 4 deMarço de 1999.

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T A B E L A C L A S S I F I C A T I V A

Benin 1Burkina Faso 1Camarões 1Congo 1Eritreia 1Etiópia 1Gana 1Guiné 1Libéria 1Madagáscar 1Malawi 1Mali 1Mauritânia 1Namíbia 1Níger 1Somália 1Tanzânia 1Togo 1Uganda 1Zâmbia 1Angola 2Burundi 2Chade 2Congo, Rep. Dem. 2Costa do Marfim 2Guiné-Bissau 2Lesoto 2Moçambique 2Nigéria 2Quénia 2Rep. Centro-Africana 2Ruanda 2Serra Leoa 2Africa do Sul 3Botsuana 3Gabão 3Gambia 3Maurícias 3Senegal 3Zimbabué 3

Iémen 1Iraque 1Oman 1Sudão 1Irâo 2Marrocos 2Egipto 3Algéria 4Arábia Saudita 4Emiratos Árabes Unidos 4Israel 4Jordânia 4Kuwait 4Líbano 4Líbia 4Siria 4Tunísia 4Turquia 4

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ÁFRICA AO SULDO SARA

MÉDIO ORIENTEE NORTE DE ÁFRICA

P or não ter recebido duas cápsulas de alto teorde vitamina A – que custa 2 cêntimos porcápsula – uma criança pode vir a morrer este

ano devido a complicações do sarampo ou dadiarreia, duas das doenças infantis mais comuns. Defacto, milhões de crianças perderão a vida no decursodos próximos 12 meses por causa das carências devitamina A, e cada uma destas mortes poderia serfacilmente evitada.

Duas cápsulas poderosasA administração de um suplemento de vitamina A tem sobre

a redução da mortalidade infantil um efeito que é comprável – ouaté superior – à vacinação contra uma doença da infância. Hámuito conhecida como uma causa de cegueira, a avitaminose A,nos últimos 10 anos, tem vindo a ser cada vez mais consideradacomo um factor que contribui para aumentar o risco que ascrianças correm de morrer de doenças como o sarampo ou adiarreia.

Na realidade, nos países em que a carência de vitamina A é umproblema, é possível reduzir a mortalidade infantil em 23% se ascrianças receberem as doses necessárias de vitamina A.

No entanto, se é verdade que a administração de suplementosde vitamina A é tão importante como as vacinas para proteger asaúde infantil, os progressos realizados no sentido de assegurarque as crianças dela beneficiem estão longe de o ser, como atabela demonstra. Uma forma de atacar o problema é dar àscrianças que sofrem deste tipo de carência uma dose forte devitamina A duas vezes por ano.

Actualmente em 35 países, mais de 80% das crianças recebemsistematicamente pelo menos uma dose de vitamina A, e éprovável que muitos destes países atinjam o objectivo que visa aeliminação da avitaminose A até ao ano 2000.

Mas a cobertura é ainda insuficiente em 44 países, dos quaisapenas 29 têm a intenção de associar a administração destessuplementos aos Dias Nacionais da Imunização e a campanhasespecíficas, em 1999.

A vacinação protege pelo menos 80% das crianças em muitospaíses, o que representa um importante avanço em matéria desaúde pública. O desafio que actualmente se coloca consiste emcobrir mais de 55 milhões de crianças que, por esse mundo fora,sofrem de carência ou que não recebem quaisquer suplementos– através da administração de um suplemento de vitamina A oufortificando a alimentação. Uma forma de o fazer é tirandopartido de medidas e iniciativas em curso. A OMS e a UNICEFrecomendam que a administração de um suplemento de vitami-na A seja sistematicamente integrada em actividades regularesde vacinação e em eventos como os DNI em todos os países ondea taxa de mortalidade dos menores de 5 anos é igual ou superiora 70 por 1 000.

Os progressos conseguidos em matéria de distribuição destavitamina, especialmente no quadro dos DNI, foram extraordiná-rios do decurso do ano passado. É um processo que faz crer que,com vontade política e acção dos poderes públicos, o objectivofixado na Cimeira Mundial para as Crianças pode ser atingido, senão até ao ano 2000, pouco tempo depois.

O que significaa classificação1. Boa cobertura – A avitaminose A é

um problema de saúde pública e/ouos países em questão têm uma taxa demortalidade dos menores de 5 anoselevada. Estes países conseguiram ga-rantir uma taxa de cobertura superiora 80% em matéria de administraçãode um suplemento de vitamina A, eestão prestes a atingir o objectivo parao ano 2000 que visa eliminar as ca-rências de vitamina A enquanto pro-blema de saúde pública.

2. Necessidade de pôr compro-missos em prática – A avitaminoseA é um problema de saúde pública e/ou os países em questão têm umataxa de mortalidade dos menores de5 anos elevada. A cobertura é actual-mente insuficiente, mas estes paísestêm planos para associar a adminis-tração de suplementos de vitamina Aaos DNI e em campanhas específicas,em 1999. Contudo, a menos que ospaíses cumpram estes compromissos,

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Afeganistão 2Tajiquistão3Turquemenistão 3Arménia 4Azerbeijão 4Cazaquistão 4Geórgia 4Quirguizistão 4Usbequistão 4

Bangladesh 1Butão 1Camboja 1Filipinas 1Laos 1Mianmar 1Mongólia 1Nepal 1Tailândia 1Vietname 1China 2India 2Paquistão 2Indonésia 3Papua Nova Guiné 3Sri Lanka 3Australia 4Coreia (do Norte) 4Coreia (do Sul) 4Japâo 4Malásia 4Nova Zelândia 4Singapura 4

México 1Bolívia 2Brasil 2El Salvador 2Equador 2Guatemala 2Haiti 2Honduras 2Nicarágua 2Peru 2Rep. Dominicana 2Colômbia 3Costa Rica 3Argentina 4Canadá 4Chile 4Cuba 4Estados Unidos 4Jamaica 4Panamá 4Paraguai 4Trinidade e Tobago 4Uruguai 4Venezuela 4

Albânia 4Alemanha 4Austria 4Bélgica 4Bielorrússia 4Bósnia/Herzegovina 4Bulgária 4Croácia 4Dinamarca 4ERJ Macedónia 4Eslováquia 4Eslovénia 4Espanha 4Estónia 4Fed. Russa 4Finlândia 4França 4Grécia 4Hungria 4Irlanda 4Itália 4Jugoslávia 4Letónia 4Lituânia 4Moldávia 4Noruega 4Países Baixos 4Polónia 4Portugal 4Reino Unido 4Rep. Checa 4Roménia 4Suécia 4Suíça 4Ucrânia 4

Fonte: UNICEF, 1999.

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ÁSIA CENTRAL LESTE/SUL DA ÁSIAE PACÍFICO

AMÉRICAS EUROPA

a cobertura não poderá melhorar e oobjectivo da Cimeira Mundial nãoserá atingido.

3. Necessidade de reforçar asacções – A avitaminose A é um pro-blema de saúde pública e/ou os paí-ses em questão têm uma taxa de mor-talidade dos menores de 5 anos eleva-da. A cobertura é actualmente insufi-ciente através dos sistemas habituais.A distribuição de suplementos de vita-mina A não é feita nos DNI ou emcampanhas especiais, e não está pre-vista nenhuma acção neste sentido. Épouco provável que nestes países oobjectivo da Cimeira Mundial venha aconcretizar-se num futuro próximo.

4. Não é problema ou não há da-dos – A avitaminose A não é umproblema de saúde pública ou não hádados que levem a crer que esse pro-blema exista. Para além disso, estespaíses têm taxas de mortalidade demenores de 5 anos baixas (inferiores a70 por 1 000). Não estão a ser toma-das quaisquer medidas em grande es-cala.

O QUE MOSTRAA TABELA

Progressos para pôrfim à carência de

vitamina A

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A erradicação da polio à vista

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Se os actuais progressos continua-rem a verificar-se e se as medidasnecessárias forem incentivadas, noinício do novo milénio, poder-se-árespirar de alívio. O cerco está a aper-tar-se em relação à polio. Caso a caso,país a país, a erradicação total destadoença que provoca tão grandes inca-pacidades está cada vez mais próxi-ma.

Em 1997 e em 1998, 450 milhões decrianças foram imunizadas em cadaano contra a polio, no âmbito de umenorme esforço realizado em pratica-mente todos os países do mundo paraerradicar a doença até ao ano 2000.Desde 1988, o número total de casos anível mundial diminuiu 86%, o quedemonstra o sucesso dos programasde vacinação e de vigilância, levadosa cabo pela OMS, UNICEF, Rotary In-ternational, Centros de Controle ePrevenção da Doença dos EstadosUnidos, inúmeras associações e indi-víduos de todo o mundo.

Devido a isso, em 1998 foram assi-nalados 5 108 casos de polio; 1 564causados pelo poliovírus selvagem,que é o responsável pela transmissão

de todos os casos da doença. Somente33 países indicaram a existência decasos de polio no final de 1998, ou seja,menos 14 do que em 1997.

Em países com sistemas de vigilân-cia ineficazes, o número e casos iden-tificados só pode fazer-se por estima-tiva – os números reais podem sermais elevados. Noutros países (como

a Indonésia, a Birmânia e a Tailândia)onde a vigilância é bem assegurada eonde o número de casos é baixo ounulo, os casos de paralisia que os mé-dicos suspeitam que possam ser devi-dos à polio são registados como tal até

serem verificados com testes de labo-ratório. Deste modo, há a garantia deque os casos de polio não são sub-avaliados e que o sistema de saúdepública continua consciente da possí-vel existência do vírus.

Os habitantes de uma aldeia do sul doSudão dão as boas vindas a uma equipa devacinação durante o Dia Nacional daImunização realizado em 1999.

País Casos confirmados*

Afeganistão 49 (24)Angola 7 (3)Arábia Saudita 1 (1)Bangladesh 282 (5)Benin 7 (2)Birmânia 31 (0)Burkina Faso 8 (4)Butão 2 (0)Camarões 14 (0)Chade 6 (4)Congo, Rep. Dem. 19 (0)Costa do Marfim 37 (11)Egipto 12 (12)Etiópia 58 (0)Gana 112 (18)Guiné 2 (0)Índia 3 556 (1 281)

Casos de polio identificados, 1998

* Os números entre parêntesis correspondem a casos de paralisia provocada pelo vírus selvagem, que éresponsável por toda a transmissão da doença. Um país com um bom sistema de vigilância da polio quenão indique nenhum caso provocado pelo vírus selvagem é considerado próximo da erradicação dadoença. Quando um país não teve casos de polio provocados pelo vírus selvagem durante três anosconsecutivos é considerado livre da polio.

Fonte: OMS, em Março de 1999.

País Casos confirmados*

Indonésia 91 (0)Irão 4 (4)Iraque 30 (1)Mali 14 (2)Nepal 29 (0)Níger 8 (4)Nigéria 312 (9)Paquistão 286 (140)Rep. Centro-Africana 9 (2)Senegal 10 (2)Serra Leoa 3 (0)Somália 10 (0)Sudão 42 (8)Tailândia 26 (0)Togo 5 (19Turquia 26 (26)

Conhecer o inimigo: sistemas de controle da polio

Controle nos diferentes países do mundo

Entre 1988 e 1998, o número decasos confirmados caiu de 35 251 para5 108, o que nos aproximou da erradi-cação total de uma doença transmissí-

vel pela segunda vez na história.Mas, em 50 países ainda não existemsistemas funcionais de vigilância e,em finais de 1998, apenas 7 países

africanos tinham sistemas desta natu-reza que podem ser consideradosadequados. Importa, no entanto,mencionar que a Índia, com 70% doscasos de polio confirmados a nívelmundial, organizou em 1998 um sis-tema de vigilância funcional.

A criação de sistemas funcionaisde vigilância da polio constitui umobjectivo mundial para o ano 2000, epara ajudar a atingi-lo, a atençãoda comunidade internacional devecentrar-se em 13 países onde a polioainda alastra livremente. Estes13 países, que representam o maiorreservatório de polio do mundo,contabilizam 92% de todos os casosreferenciados em 1998.

Os sistemas de controle são essen-ciais para erradicar a polio, porquecada caso de paralisia devido à infec-ção deve ser identificado e confirma-do em laboratório. Quando se suspei-ta de um caso, nas primeiras 48 horasapós o aparecimento dos sintomasdevem ser colhidas amostras das fe-zes e que devem ser transportadaspara o laboratório mais próximo paratestar o vírus Se este for detectado,

serão feitos testes de controle poste-riores em laboratórios regionais. Odoente deve voltar a fazer um exameno prazo de 60 dias para testar even-tual paralisia residual.

Se a causa da paralisia for de facto apolio, deve determinar-se se é de umaestirpe selvagem (indígena ou impor-tado) que se trata ou de uma mutaçãodo vírus. Conhecer a sua origem émuito importante, porque um país sópode ser considerado livre da polio senão tiver tido quaisquer casos de po-liovírus selvagem durante três anosconsecutivos.

Também só quando as autoridadesde saúde sabem qual a variedade dovírus podem reagir conveniente-mente, seja com um novo programade vacinação ou com uma campanhade vacinação porta a aporta para vaci-nar as pessoas que o não tinham sidoanteriormente.

Há 134 laboratórios no mundo quetestam todos os casos que se suspeitaserem de polio. Até ao momento emque estamos a escrever este artigo,107 deles foram avaliados e 89 plena-mente acreditados.

Muito fracoAngolaBangladeshButãoBurkina FasoBurundiCabo VerdeComoresCongoCongo, Rep.Dem.Coreia (do Norte)DjibutiGuiné EquatorialEritreiaEtiópiaGabãoGâmbiaGuinéGuiné-Bissau

Fonte: OMS.

IémenLibériaMadagáscarMaldivasMauritâniaMauríciasMoçambiqueNepalNígerRuandaSão Tomé e PríncipeSenegalSeychellesSerra LeoaSudãoTogo

A melhorarAfeganistãoBeninCamarõesChadeCosta do MarfimFilipinasLesotoMalawiMalásiaMaliMarrocosNigériaQuéniaSomáliaTailândiaTanzâniaZâmbia

15

O P R O G R E S S O D A S N A Ç Õ E S 1 9 9 9T I M Á V E LP R O G R E S S O S E D I S P A R I D A D E S

Falta de cuidados obstétricos:mães e bebés em risco

As cesarianas são apenas uma dasintervenções de cuidados de saúdematernos necessárias para salvar avida de mulheres e de bebés e assegu-rar que o direito da mulher a cuidadosde saúde é respeitado. As medidasnecessárias incluem cuidados ante epós natais, atendimento especiali-zado durante o parto, nutrição ade-quada e repouso, ajuda e apoio nafamília, bem como serviços obstétri-cos de urgência. Todos os anos, mor-rem aproximadamente 600 000 mu-lheres e mais 15 milhões ficam comlesões dolorosas e debilitantes, mui-tas vezes para o resto da vida, emresultado da gravidez e do parto.

A percentagem de cesarianas é umdos poucos indicadores para avaliar

em que medida as mulheres têm aces-so a cuidados obstétricos sobre osquais há dados disponíveis. Mas oacesso a cesarianas nos casos em que énecessário é apenas uma pequenaparcela do conjunto de cuidados obs-tétricos de que as mulheres necessi-tam.

Com base em investigação e análi-se, a OMS estabeleceu que a taxa decesarianas para uma dada populaçãonão deveria ser inferior a 5% ou supe-rior a 15% de todas as gravidezes paraque a vida das mulheres e dascrianças seja protegida.

Taxas abaixo de 5% são um sinalclaro e grave de que muitas mulherese bebés estão a morrer por falta deacesso a todo o espectro de serviçosobstétricos essenciais. Taxas acimados 15% indicam o recurso desneces-sário a um processo que implica umasérie de riscos. É essencial que as cesa-rianas sejam feitas apenas quandonecessário e em locais com condiçõesde equipamento e pessoal especiali-zado.

De entre os 33 países listados, astaxas de cesariana nas zonas rurais

desce para níveis considerados deperigo, ou seja, para menos de 5%.Em 15 destes países, as taxas emáreas urbanas também estão abaixodestas percentagens. No Chade e emMadagáscar, o nível de cuidadosobstétricos é extremamente baixo,com uma percentagem de cesarianaspróximo do zero nas zonas rurais ede 1% e 2% respectivamente, naszonas urbanas.

Iniciativas levadas a cabo em váriospaíses estão a ajudar a melhorar oacesso a serviços de obstetrícia. NoVietname, redes comunitárias aju-dam mulheres com complicações obs-tétricas a chegar rapidamente aosserviços de saúde. Também no Benin,Gana, Mali, Nigéria, Senegal e Tanzâ-nia as comunidades estão a partilharos custos para melhorar sistemas aque podem recorrer no caso de com-plicações. Esforços desta natureza sãoessenciais para que se cumpra o objec-tivo de baixar para metade as taxas demortalidade materna entre 1990 e oano 2000.

Ao mesmo tempo, alguns paísescom taxas de cesarianas elevadas,como o Brasil (com 42% nas zonasurbanas) e os Estados Unidos (21% anível nacional), consideraram estesvalores como um problema que deveser resolvido.

Onde menos de 5% dosbebés das zonas ruraisnascem por cesariana

Cesarianas como %de nascimentos

Urbano Rural

Chade 1 0Madagáscar 2 0Benin 4 1Burkina Faso 4 1Costa do Marfim 3 1Haiti 4 1Mali 2 1Marrocos 4 1Moçambique 7 1Nepal 5 1Níger 2 1Paquistão 6 1Zâmbia 3 1Camarões 4 2Índia 6 2Nigéria 3 2Rep. Centro-Africana 2 2Ruanda 5 2Senegal 4 2Tanzânia 4 2Uganda 7 2Usbequistão 5 2Gana 9 3Cazaquistão 7 3Peru 13 3Comores 9 4Egipto 11 4Filipinas 8 4Guatemala 16 4Honduras 10 4Indonésia 6 4Jordânia 6 4Quénia 11 4

Nota: tabela baseada em dados de 47 países; osnúmeros foram arredondados.

Fonte: estudos da DHS e Reproductive Health Sur-veys (apoiados pelos Centros de Controle e Preven-çao da Doença dos Estados Unidos), 1990-1997.

Hepatite B: uma ameaça paraos pobres

A protecção contra a hepatite B, que dizima aproximadamente 1 milhão devidas por ano, é seriamente limitada para as crianças de muitos países. A OMSe a UNICEF recomendaram que a vacina contra a hepatite B fosse incluída nosprogramas de imunização infantil de todos os países, o que já aconteceu emcerca de 100 países. Mas, 41 países pobres (com rendimentos per capita abaixodo 785 dólares) e onde a hepatite B é altamente endémica* não conseguirammeios para comprar a vacina e não receberam qualquer ajuda por parte dosdoadores. Dos 8 países pobres que conseguiram acrescentar a vacina aos seusprogramas de imunização, 7 deles (Albânia, Arménia, Gâmbia, Mongólia,Quirguizistão, República da Moldávia e Vietname) estão com dificuldades definanciamento para prosseguir com a vacina no futuro.

Nos programas oficiais dos países em desenvolvimento, o custo da imuni-zação completa de uma criança contra a hepatite B é de 1,50 dólares, cerca dodobro do que custa a vacinação contra as seis doenças infantis, o que significaainda custos muito elevados.

A vacina que faltaPaíses com baixos rendimentos onde a hepatite B é altamente endémica* que nãoacrescentaram a vacina aos seus programas de imunização infantilAngolaAzerbeijãoBeninBirmâniaBurkina FasoBurundiCamarõesCambojaChadeComores

Congo, Rep. Dem.Costa do MarfimEtiópiaGanaGuinéGuiné-BissauHaitiLaosLesotoLibéria

MadagáscarMalawiMaliMauritâniaMoçambiqueNígerNigériaQuéniaRep. Centro-Africana

RuandaSão Tomé e PríncipeSenegalSerra LeoaSomáliaSudãoTajiquistãoTanzâniaTogoTurquemenistãoUgandaZâmbia

* Uma taxa de prevalência de 5% ou maisFonte: OMS.

Atrasona vacinaçãocontra DPT

Grandes disparidades na coberturade vacinas revelam pontos fracos queos países precisam de colmatar cominiciativas que assegurem que os di-reitos das crianças aos cuidados desaúde estão a ser cumpridos.

Em zonas rurais do Níger, porexemplo, só 15% das crianças foramimunizadas contra a DPT (difteria,tosse convulsa e tétano), em contrastecom os 72% das zonas urbanas, umadiferença de 57 pontos percentuais.Esta é a maior disparidade que severifica nos 17 países com diferençasde cobertura da DPT entre as zonasurbanas e rurais superiores a 20 pon-tos percentuais. A República Demo-crática do Congo e a Eritreia têm adiferença mais acentuada, ambas com49 pontos percentuais. Destes 17 paí-ses, 14 são africanos.

De 1980 a 1990 muitos países emdesenvolvimento conseguiram resul-tados notáveis, fazendo subir as taxasde DPT de cerca de 30% para umamédia de 80%. O objectivo para o ano2000 é, no mínimo, de 90% de cobertu-ra em todos os países. Há várias estra-tégias que podem permitir ultrapas-sar as disparidades: a China, porexemplo, decidiu fixar taxas de cober-tura a nível distrital.

Onde a diferença é maisacentuada:cobertura da DPT*

% percentagem Percenta-dos menores de gem pt.

um ano imunizados diferença

Zonas Zonasurbanas rurais

Níger 72 15 57Congo,Rep. Dem. 64 15 49

Eritreia 87 38 49Moçambique 94 50 44Iémen 71 30 41Burkina Faso 70 30 40Rep. Centro-Africana 68 32 36

Papua NovaGuiné 76 41 35

Mali 70 39 31Costa doMarfim 66 37 29

Chade 42 14 28Togo 62 36 26Nepal 77 52 25Camarões 68 44 24Guiné 71 47 24Angola 35 14 21Gana 86 65 21

*Três doses de vacina combinada contra a difteria,tosse convulsa, tétano.

Fontes: DHS, MICS e outros estudos nacionais,1995-98.