Um método para medir comportamentos em sala de aula...

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Um método para medir comportamentos em sala de aula relativos a indisciplina, violência e habilidades sociais

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Um método para medir

comportamentos em sala de aula

relativos a indisciplina, violência e

habilidades sociais

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1° Edição-2018

Elaboração, distribuição e informação:

Laboratório de Estudos e Práticas em Avaliação Psicológica

Projeto Prevenir na Escola

Universidade Estadual do Ceará - UECE

Av. Dr. Silas Munguba, 1700, Campus do Itaperi, Fortaleza - CE

CEP: 60.714. 903

Email: [email protected]

Autores

Dra. Ana Carina Stelko-Pereira

Antonio Torres Martins Júnior

Caio Lima Bezerra

Liliane Cardoso Ribeiro

Ana Carina Stelko-Pereira; Antonio Torres Martins Júnior; Caio Lima Bezerra; Liliane Cardoso

Ribeiro

Observando alunos: um método para medir comportamentos em sala de aula

relativos a indisciplina, violência e habilidades sociais. São Carlos. Pedro & João

Editores. 2018. 50p.

ISBN 978-85-7993-347-9

1.Prevenção 2. Escola 3. Violência. 4. Indisciplina

CDD 370

Pedro & João Editores www.pedroejoaoeditores.com.br

13568-878 - São Carlos – SP

2018

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SUMÁRIO

Apresentação 4

1 - Definições de violência, bullying, indisciplina escolar e habilidades

sociais

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2 - Indisciplina e bullying: a importância de enfrentamento e a promoção

de habilidades sociais

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3 - Maneiras de medir situações de bullying, indisciplina e habilidades

sociais e a importância de métodos observacionais

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4 - Caderno “Observando Alunos” 23

5 - Considerações finais 39

Referências 40

Apêndices 44

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APRESENTAÇÃO

Este manual foi elaborado a fim de contribuir com estudos referentes ao bullying

e à violência escolar envolvendo crianças por meio de observações do comportamento

destas em sala de aula. O material também oferece esclarecimentos acerca do como

treinar observadores para a sistematização de dados relevantes. São sugeridas categorias

de observação para medir a relação do aluno em seu ambiente, abrangendo o contato

com seus pares e com o professor(a).

Este material é resultado de atividades desenvolvidas pelo Projeto Prevenir na

Escola, o qual se vincula ao Laboratório de Estudos e Práticas em Avaliação Psicológica

(LEAPSI) da Universidade Estadual do Ceará (UECE) e que contou com o apoio

financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPQ), cujo número de processo se refere a 458956/2014-7. Dentre os objetivos

formulados pelo projeto, busca-se ampliar o conhecimento de alunos, professores e

funcionários de escolas sobre bullying e violência escolar, bem como suas

consequências negativas.

Elaboram-se e aplicam-se tecnologias lúdico-educativas diversas que visam que

os alunos tenham suas habilidades sociais ampliadas, reconheçam o que é o bullying e

seu efeito negativo, se posicionem contrários ao bullying e estejam mais motivados em

resolver problemas de modo pacífico, bem como que cumpram com as atividades

acadêmicas, não tendo em alta frequência comportamentos de indisciplina. O projeto

conta com a orientação da Prof. Dr. Ana Carina Stelko-Pereira que atua em pesquisas na

área de violência escolar, bullying e maus-tratos infantis.

Este caderno apresenta direcionamentos para a observação de comportamentos

em sala de aula, não se tratando de um manual inflexível. Assim, é importante que em

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cada investigação a ser realizada, adaptações ocorram de modo a atender os objetivos

específicos de cada estudo/intervenção e os contextos e indivíduos sendo observados.

Ademais, espera-se que o caderno sirva de incentivo para que mais pesquisadores e

profissionais acreditem no potencial da técnica observacional para investigar os

fenômenos da violência escolar, bullying e indisciplina.

Boa leitura!

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DEFINIÇÕES DE VIOLÊNCIA, BULLYING E INDISCIPLINA ESCOLAR E

HABILIDADES SOCIAIS

A escolarização possui importante papel para a inserção social dos indivíduos

em sua comunidade, para a aprendizagem do conhecimento acumulado ao longo das

diversas gerações, para o estabelecimento de vínculos afetivos diferentes dos vínculos

familiares e para o desenvolvimento de habilidades sociais para a convivência em

grupo. Por esse motivo, é preocupante quando há no contexto escolar situações de

violência, bullying e indisciplina, diminuindo o potencial da escolarização para o

adequado desenvolvimento humano. Os conceitos de violência, bullying e indisciplina

escolar serão apresentados e debatidos brevemente neste capítulo.

Para entender a violência na escola, Stelko-Pereira e Williams (2010)

apresentam alguns aspectos sintetizados na Figura 1.

Figura 1. Síntese da definição de violência escolar, conforme Stelko-Pereira e Williams

(2010).

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Assim, pode-se afirmar que a violência escolar ocorre no espaço físico da escola,

mas também em qualquer outro ambiente em que pessoas da escola se relacionem e

usem da violência por razões que envolvem a instituição escolar. Pode tanto ocorrer por

meio de atos físicos (bater, socar, chutar, empurrar), psicológicos (xingar, ameaçar,

fazer rumores), negligência (omitir-se ao ver situações de violência), sexual (carícias

indesejadas) e patrimonial (roubo, destruição de objetos). Envolve alunos e/ou

funcionários da escola e/ou pais de alunos, como também pode ser cometida por

pessoas externas à escola, como traficantes de drogas. Os envolvidos podem estar no

papel de vítima, autor, testemunha ou ambos, em diferentes situações. A violência pode

ser menos frequente e com caráter delituoso, como porte de armas, ou mais frequente e

não delituoso, como incivilidades e provocação, ao que se pode adicionar atos de

indisciplina.

O bullying escolar está inserido no conceito de violência escolar e vêm sendo

amplamente discutido na literatura recente, devido a imprecisões (Smith, del Barrio, &

Tokunaga, 2013; Volk, Veenstra, & Espelage, 2017). A definição mais difundida e

aceita nacionalmente e internacionalmente se refere a proposta por Olweus (1993), na

qual bullying é entendido como a situação em que um indivíduo sofre repetidamente

situações de violência por uma pessoa ou grupo de pessoas com maior condição de

poder e que intencionalmente busca(m) causar dano.

Segundo Neto (2005), compreende todas as atitudes agressivas, intencionais e

repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes

contra outro(s), causando dor e angústia, sendo classificado como direto ou indireto.

Assim, as vítimas podem ser atacadas diretamente, como por agressões físicas, ameaças,

roubos, ofensas verbais ou expressões/apelidos e gestos que geram mal-estar; ou

indiretamente, compreendendo atitudes de indiferença, de isolamento e de difamação.

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Esta definição de bullying de Olweus (1993) nem sempre é útil para a realização

de pesquisas, no sentido que não determina quantas vezes as ações violentas devem

ocorrer para se considerar bullying, tampouco é fácil medir desigualdade de poder e

intenção. Ademais, este conceito de bullying exclui do fenômeno importantes atos que

são realizados como forma de brincadeiras, mas que acarretam em impactos negativos

ao desenvolvimento humano (Smith et al., 2013), Mensurar dano, especialmente

psicológico, também é difícil (Volk, Dane, & Marini, 2014) e tem um caráter subjetivo,

podendo variar a avaliação de acordo com o papel dos envolvidos, se vítimas, autores,

testemunhas ou funcionários de escolas que estariam na função de proteger.

Estas dificuldades relativas à definição do bullying permanecem quando se

discute o que seria indisciplina. O fenômeno geralmente é tratado como referente à

quebra de normas e regras escolares de modo a prejudicar a aprendizagem dos alunos,

mas que apresenta um caráter subjetivo, sócio-histórico e que depende de cada contexto

sendo investigado (Estrela, 1992; Parrat-Dayan, 2008). Há quem relacione o termo à

sujeição, submissão (Fleuri, 2008) e quem apresente um conceito mais flexível: “Pelo

contrário, ela é autodomínio, ordem interior e exterior, liberdade responsável, condição

de realização pessoal e colectiva” (Amado, 2008, p. 12).

De acordo com Parrat-Dayan (2008), a disciplina se refere a um conjunto de

regras e obrigações definidas para se alcançar determinado objetivo, o qual no contexto

escolar se referiria à aprendizagem dos alunos. As regras e obrigações devem ser

propostas de maneira coletiva, por meio do diálogo entre estudantes, professores e pais

e é necessário que sejam continuamente revisadas de acordo com os objetivos das

tarefas, entre outros.

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Enquanto que a violência, bullying e indisciplina são fenômenos que se busca

diminuir, as habilidades sociais envolvem respostas que se pretende aumentar. Segundo

Del Prette e Del Prette (2012), as habilidades sociais referem-se às distintas classes de

comportamentos sociais que uma pessoa pode se utilizar para lidar em circunstâncias

interpessoais. Dentro deste contexto, um indivíduo demonstra competência social

quando relaciona positivamente o seu desempenho social com as habilidades de seu

repertório comportamental.

De acordo com a sistematização de Del Prette e Del Prette (2005), durante a

infância existiriam sete principais classes de habilidades sociais. Uma destas se refere

ao autocontrole e à expressividade emocional, que envolve tolerar frustrações e

expressar adequadamente as emoções positivas e negativas. Outra classe é a civilidade,

como cumprimentar pessoas e agradecer. Uma terceira classe compreende a empatia,

como interessar-se pelo outro, transmitir que compreende o que este sente, respeitar às

diferenças. A assertividade envolve defender seus direitos, pedir mudança de

comportamento, resistir à pressão, dentre outros. Iniciar e manter diálogos, sugerir

atividades e falar de situações pessoais envolve a classe “fazer amizades” e identificar

um problema interpessoal, maneiras de resolvê-lo e testar uma das alternativas fazem

parte da classe “solução de problemas interpessoais”. Por fim, há a classe habilidades

sociais acadêmicas, das quais pode-se dizer que fazem parte respostas de disciplina,

bem como relativas à realização de tarefas.

Déficits em habilidades que são importantes nas interações sociais podem

desencadear problemas no desenvolvimento. Os déficits podem ser de aquisição; o

indivíduo não aprendeu a executar determinada habilidade; de desempenho, em que esta

ocorre menos vezes do que o esperado ou de fluência, em que não ocorre com a

proficiência requerida (Del Prette & Del Prette, 2005). Para Del Prette e Del Prette

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(2012), estes déficits podem advir de diferentes fatores, como: 1) Limitações de

experiências devido ao isolamento social e relações familiares dependentes ou

empobrecidas, 2) Falhas no processamento de sinais sociais relativo ao desempenho de

comportamentos socialmente competentes, 3) Ansiedade perante demandas sociais, 4)

Fatores cognitivos ou afetivos e 4) Limitações físicas, sensoriais ou mentais.

O que se considera um comportamento socialmente habilidoso depende do

contexto sócio-cultural em que o indivíduo está inserido, de modo que não basta apenas

saber desempenhar determinada resposta. É necessário que o indivíduo avalie todo o

contexto para verificar o que socialmente se espera dele, considerando sua idade,

gênero, dentre outras características pessoais (Del Prette & Del Prette, 2005). Ademais,

para Del Prette e Del Prette (2011), pode-se afirmar que uma pessoa está sendo

competente socialmente quando produz consequências imediatas reforçadoras para si ao

relacionar-se, bem como consequências de médio e longo prazo que beneficiam tanto a

si próprio quanto a comunidade social, sendo que as interações sociais que ocorrem

mantêm ou aprimoram o vínculo com o interlocutor.

Os conceitos de violência, bullying e indisciplina escolares estão relacionados,

assim como o de habilidades sociais. Em escolas em que são frequentes e graves

situações de violência, provavelmente o bullying escolar, entendido como parte do

fenômeno da violência escolar, também será um problema evidente. E, obviamente,

quando se infringe regras fundamentais relativas ao respeito aos Direitos Humanos,

usando-se de xingamentos, ameaças, agressões físicas, etc., regras relativas à

convivência diária harmoniosa, mas não referentes à integridade humana, como

pontualidade, são mais possíveis de serem desrespeitadas. Por fim, um repertório

deficiente de habilidades sociais pode contribuir tanto para comportamentos de

violência, quanto de bullying e indisciplina escolares.

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Ainda que haja um caráter fluido dos conceitos (violência, bullying e

indisciplina escolar e desempenho social adequado), é evidente quem estes temas são

importantes de serem investigados, pois contribuem para o desenvolvimento humano. A

escolarização permitirá o desenvolver-se plenamente, aproveitando todo o potencial do

indivíduo para aprender, criar e ser feliz, quando ocorre em um ambiente disciplinado,

livre de violência e que valoriza as habilidades sociais de seus estudantes, promovendo

consequências adequadas em curto e longo prazo a quem agir de modo assertivo nas

relações interpessoais. Contudo, na maioria das vezes, as instituições educacionais não

conseguem auxiliar para este desenvolvimento pleno e, no capítulo a seguir, descreve-se

o quanto problemas de indisciplina e violência escolar/bullying vêm ocorrendo, bem

como o efeito que podem acarretar às pessoas.

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INDISCIPLINA E BULLYING: A IMPORTÂNCIA DO

ENFRENTAMENTO E DA PROMOÇÃO DE HABILIDADES SOCIAIS

No Brasil, dos 50 minutos de cada aula, 10 minutos são utilizados pelo docente para

pedir silêncio aos alunos e requisitar que prestem atenção na explicação, conforme estudo da

Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) de 2013. Ademais,

em comparação com alunos de 31 países, os brasileiros são os que menos tempo de aula

efetivamente têm ao se descontar o tempo dispendido com atividades administrativas pelo

docente e o período para manter a ordem (OECD, 2013).

Segundo a OECD (2016), cerca de 30% dos alunos do Ensino Médio brasileiro

afirmaram que, em todas as aulas ou na maioria das aulas, não se consegue trabalhar direito

por causa de desordem em sala, ou o professor tem que esperar muito tempo para os alunos

fazerem silêncio e cerca de 40% afirmaram que não conseguem escutar o professor devido

ao barulho de colegas, bem como não se começa a estudar logo que a aula inicia. Em

comparação com outros 13 países, inclusive com relação a nações da América Latina, como

Colômbia, Chile e Peru, o Brasil foi o que mais teve alunos afirmando que há problemas de

indisciplina.

Em relação ao bullying escolar, este também é um problema no Brasil. Na pesquisa

realizada pelo IBGE (2015), que avaliou 102. 072 alunos de 9º ano do Ensino

Fundamental de escolas pública e privada, situadas em zona rural e urbana

representando municípios de todos os estados constatou que cerca de 7% dos escolares

afirmaram terem sofrido esculachos, zombarias e/ou intimidações nos 30 dias anteriores

à pesquisa e, aproximadamente, 20% se disseram autores destas ações. Similarmente,

em estudo da OECD (2017), com alunos de 15 anos, 9% dos estudantes brasileiros

foram classificados como vítimas de bullying algumas vezes no mês.

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Envolvimento em bullying pode acarretar em diversas repercussões negativas ao

desenvolvimento humano. Uma pesquisa longitudinal realizada na Noruega (Sigurdson,

Wallander & Sund, 2014) recrutou 2.464 estudantes com idades entre 12 e 15 anos de

idade no período de 1998 a 2000, e os dividiu em quatro categorias: não envolvido em

bullying, vítima de bullying, agressor, vítima-agressor. Desses estudantes, 1266 foram

entrevistados em 2012 quando tinham entre 26 e 27 anos de idade. Os resultados

indicaram que pessoas envolvidas em bullying tem maior probabilidade de terem nível

educacional mais baixo, e, esse mesmo público, de acordo com os auto relatos,

apresentou maiores riscos para dores corporais, dores de cabeça e uso de medicamentos.

Essas dores poderiam estar associadas a estresse, sugerindo que vítimas de bullying

possuem saúde física e mental mais prejudicada.

Os alunos envolvidos em práticas de bullying também apresentaram maior

consumo de tabaco e de drogas ilegais do que os não envolvidos (Sigurdson et al.,

2014). Os indivíduos envolvidos em bullying também se mostraram menos inclinados a

viver uma vida com um parceiro(a), demostrando relações interpessoais mais pobres

com seus cônjuges, assim como relações mais difíceis com colegas no trabalho e maior

índice de desemprego.

Outro estudo importante sobre consequências da vitimização por bullying é a

revisão de literatura de Moore, Norman, Suetani, Thomas, Sly e Scot (2017) que

investigaram 8231 artigos, tendo retido 165 artigos relevantes, dos quais 57 eram

longitudinais e 108 transversais e todos continham tamanho expressivo de participantes.

Percebeu-se que vítimas de bullying apresentam maior risco para: depressão (OR=2,21),

ansiedade (OR=1.77), comportamentos de automutilação (OR=1.75), ideação suicida

(OR=1.77), tentativas de suicídio (OR=2.13), consumo de álcool (OR=1.26), uso de

tabaco (OR=1.62), uso de drogas ilícitas (OR=2.43), sintomas psicossomáticos, como

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dor no estômago (OR=1.76), dificuldades para dormir (OR=1.73), dor de cabeça

(OR=1.64), tontura (1.64) e dor nas costas (OR=1.67) e obesidade (OR=1.78). Ademais,

ser vítima associou-se a maiores chances de práticas sexuais de risco (OR=1.51) e baixo

rendimento escolar (OR=1.33). Evidentemente, as crianças e os adolescentes não são

acometidos de maneira uniforme, existe uma relação positiva entre impacto do bullying

com a frequência, duração e severidade dos atos de bullying.

Conforme revisão de 66 estudos selecionados de quatro bases de dados por

Comodo (2016) a literatura científica apresenta dados contrastantes sobre a relação

entre envolvimento em bullying e habilidades sociais, porém há indícios de que os

alunos praticantes ou vítimas de bullying comumente apresentam déficits de habilidades

sociais. Estudo de Terroso, Wendt, Oliveira e Argimon (2016) indicou que o grupo de

praticantes de bullying apresentaram menores médias de habilidades sociais no escore

geral, seja quanto à frequência ou dificuldade e em classes específicas de habilidades

sociais, sendo estas: empatia, autocontrole, civilidade, e desenvoltura social. Já o grupo

das vítimas de bullying apresentaram menores médias do que não vítimas no escore de

dificuldade de habilidades sociais e nas mesmas classes que os autores, excetuando-se

desenvoltura social e incluindo-se abordagem afetiva. Contudo, mais habilidades

assertivas e de abordagem afetiva podem aumentar as chances de ser autor, o que

acreditamos indicar ser necessário um equilíbrio entre as classes de habilidades sociais

para a prevenção de autoria de bullying.

Com resultados semelhantes, na investigação de Comodo (2016), o grupo dos

alunos vítimas apresentou maior pontuação na frequência de empatia do que o grupo de

autores e maior frequência de habilidades de civilidade do que o de vítimas-autores. Em

mesma direção, o grupo dos alunos autores apresentaram maiores médias de dificuldade

nas habilidades sociais relativas a empatia, autocontrole e civilidade do que os não

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envolvidos em bullying. Por fim, o grupo dos alunos que eram tanto vítimas quanto

autores obtiveram menor média de frequência de civilidade e maior média de

dificuldade nas habilidades de autocontrole e civilidade do que os alunos não

envolvidos em bullying. Comodo (2016) percebeu correlações negativas significativas

entre escore de habilidades sociais e escore de vitimização e autoria de bullying e

correlações positivas significativas entre dificuldades em habilidades sociais e escore de

vitimização e autoria.

Levando em consideração o caráter fluido dos conceitos (violência, bullying e

indisciplina escolar e desempenho social adequado) e a inter-relação entre estes, é

evidente que propor qualquer forma de mensurar estes fenômenos é extremamente

difícil. No entanto, é importante buscar maneiras de avaliá-los, articulando diferentes

formas: questionários, entrevistas, análise de documentos e observações.

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MANEIRAS DE MEDIR SITUAÇÕES DE BULLYING, INDISCIPLINA E

HABILIDADES SOCIAIS E A IMPORTÂNCIA

DE MÉTODOS OBSERVACIONAIS

Apesar de os temas da violência escolar, bullying, indisciplina e habilidades

sociais serem temas de estudos por parte de muitos pesquisadores, ainda há limitações

concernentes aos instrumentos e estratégias empregados para medi-los quanto aos

critérios de validade e fidedignidade. Segundo Primi, Nascimento e Souza (2004) as

respostas fornecidas ao longo da avaliação devem ser passíveis de interpretações

legítimas e coerentes em relação ao constructo que se pretende avaliar, havendo assim

evidências empíricas de que as estratégias elegidas são válidas. Já a fidedignidade ou

precisão, segundo os mesmos autores, indica o quanto os resultados de uma avaliação

estão suscetíveis a erros, isto é, a flutuações que não dizem respeito ao constructo sendo

avaliado. Um exemplo é que o peso pode indicar se uma pessoa está obesa, porém

precisa de aprimoramentos quanto a sua validade em relação ao constructo proposto

(obesidade), uma vez que pessoas mais altas são mais pesadas, sem necessariamente

estarem gordas. Por outro lado, o peso é uma medida bastante precisa, de modo que se a

balança estiver bem regulada, há pouca ou nenhuma variação quando se a utiliza em

espaços temporais próximos.

Avaliar e planejar maneiras válidas e confiáveis de se medir a violência,

bullying, indisciplina escolares é de fundamental importância para se ter uma dimensão

da amplitude destes problemas, de fatores de risco e de proteção a estes e do sucesso ou

fracasso de intervenções e, por conseguinte, desenvolvimento de estratégias mais

efetivas de enfrentamento ao problema (Velez & Veiga, 2010; Stelko-Pereira, Williams,

& Freitas, 2010). Mais especificamente em relação ao bullying, Seixas (2005) cita que

os pesquisadores empregam diversas estratégias metodológicas para investigá-lo.

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Dentre as metodologias, o autor afirma que as técnicas mais adotadas em pesquisas são

aplicação de questionários/escalas, realização entrevistas e de observações.

Alckimin, Izbicki, Fernandes, Silva e Melo (2014) realizaram um estudo com a

finalidade de explorar quais estratégias mais utilizadas para aferir bullying no Brasil.

Para tanto, os pesquisadores analisaram estudos nacionais no período de 2000 a 2012,

utilizando a palavra-chave “bullying” nas plataformas LILACS, Scielo e Pepsic. Dos 178

artigos encontrados, apenas 25 eram brasileiros e relativos a pesquisas com o objetivo

de identificar situações de bullying. Destes, 13 empregaram escalas internacionais, sem

apresentar se houve a verificação de evidências de validade e precisão; cinco utilizaram

instrumentos desenvolvidos pelos próprios autores, sem apresentar suas características

psicométricas; dois envolveram medidas observacionais; três mesclaram tanto a

observação direta quanto o uso de questionário; um empregou uma técnica projetiva e

outro uma definição de bullying, seguida de uma única pergunta.

Assim, cabe uma breve revisão sobre as vantagens e desvantagens da utilização

destas técnicas.

1) Questionários e Escalas

São instrumentos utilizados para medir a ação ou opinião de um sujeito sobre

determinado assunto. Permite abranger uma grande quantidade de itens e podem

apresentar diferentes opções de respostas, as quais podem medir a intensidade (muito

grave a pouco grave), frequência (muitas vezes a nenhuma vez) e concordância

(concordo muito a não concordo). Algumas das dificuldades se referem a como motivar

o examinando a responder, de modo que este pode estar pouco propenso a fornecer

respostas com exatidão; o respondente pode fornecer respostas pouco autênticas a fim

de agradar o examinador ou dar uma resposta desejada socialmente e, quando se atribui

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opções específicas de respostas estas nem sempre refletem o caráter subjetivo do

fenômeno sendo investigado (GIL, 2009).

Internacionalmente, há questionários para a mensuração do envolvimento em

bullying nos diferentes papéis (vítima, autor, testemunha e combinações destes), mas

prioritariamente investigam o de vítima, e tanto há opções de investigar o fenômeno

que ocorre presencialmente quanto virtualmente (Giraldo, Vélez, García, 2017). Já no

Brasil as opções são mais restritas. De acordo com Alckimin et al. (2014), a maior parte

dos instrumentos para se avaliar bullying são produzidos em outros países, não

possuindo evidências de validade relativas ao contexto social brasileiro.

Dentre os instrumentos disponíveis, que vêm sendo estudado quanto às suas

características psicométricas, há no Brasil a Escala de Violência Escolar, o qual se

compõe da Escala de Vitimização entre Alunos (Stelko-Pereira, Williams, & Ambiel,

submetido) com 18 itens, que verifica a frequência da vitimização presencial e virtual e

da Escala de Autoria entre Alunos (Stelko-Pereira, Valle, & Williams, submetido), a

qual possui 16 itens, avaliando a autoria de violência presencial e virtual. A Escala de

Avaliação do Bullying Escolar (EAB-E, Silva, 2014) é outra opção e engloba 47 itens,

dos quais 22 avaliam os papéis de vítima e 25 de autoria. Já a Escala Califórnia de

Vitimização do Bullying (ECVB), segundo Soares et al. (2015), consiste em um

instrumento de autorrelato de sete itens, que avalia a vitimização por bullying escolar,

mas sem empregar o termo ou definições prévias, por meio da percepção das vítimas.

Em relação a instrumentos de heteropercepção do fenômeno bullying, há

exemplos de instrumentos a serem respondidos por colegas de turma, por professores e

pais. O instrumento Peer Assessment de Rubin, Bukowski, & Parker (1998) é um

exemplo, tendo sido traduzido e adaptado para o Brasil por Lisboa (2005). Neste

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apresenta-se cerca de 30 afirmações referentes a características pró-sociais, agressivas e

de vitimização, sendo que o respondente deve mencionar o nome de colegas aos quais

atribuem tais características. Este mesmo instrumento foi adaptado por Comodo (2016),

de modo que os professores responderam mencionando o nome dos alunos aos quais

mais atribuíam as características. Por fim, Floria (2015) propôs o Questionário de

Percepção de Pais sobre o Bullying, o qual busca mensurar o quanto os pais conhecem

sobre o fenômeno e se acreditam que o filho está envolvido no problema, há quanto

tempo e de que modo.

Tratando-se da mensuração de habilidades sociais, destacam-se o Inventário de

Habilidades Sociais, Problemas de Comportamento e Competência Acadêmica para

Crianças (SSRS) elaborado por Gresham e Elliot (1990), cuja adaptação e padronização

para o Brasil foi realizada por Del Prette, Freitas, Bandeira e Del Prette (2016) para

indivíduos de 6 a 13 anos. Neste há questões para serem respondidas pela própria

criança, avaliando as classes de habilidades sociais relativas a responsabilidade,

empatia, assertividade, autocontrole, evitação de problemas e expressão de pensamento

positivo. Os pais ou responsáveis respondem a itens que mensuram as habilidades de

cooperação, amabilidade, iniciativa/desenvoltura social, assertividade, autocontrole

/civilidade e autocontrole passivo. Por fim, inclui-se no inventário uma versão para

professores avaliando-se responsabilidade/cooperação, asserção positiva, autocontrole,

autodefesa e cooperação com pares.

Para indivíduos na faixa da adolescência, de 12 a 17 anos, há o Inventário de

Habilidades Sociais de Adolescentes, IHSA (Del Prette & Del Prette, 2009) o qual

apresenta apenas a versão de autorelato, englobando itens relativos às classes de

habilidades sociais de empatia, autocontrole, civilidade, assertividade, abordagem

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afetiva e desenvoltura social. O respondente indica o quão difícil é apresentar a

habilidade especificada quanto com que frequência a apresenta.

Mais especificamente em relação ao contexto escolar, existe o Teste de

Habilidades Sociais para Crianças e Adolescentes em Situação Escolar (THAS) o qual

avalia, a partir das respostas do próprio indivíduo, o qual tem entre 7 a 15 anos, as

classes civilidade e altruísmo, conversação e desenvoltura social e assertividade com

enfrentamento.

2) Observação

Observar é um comportamento humano, porém quando um indivíduo busca

observar a fim de responder uma questão científica torna-se uma técnica de pesquisa

que consiste em utilizar os sentidos para coletar dados do cotidiano. O pesquisador deve

ter um objetivo delimitador para sua pesquisa, definindo “o que” e “como” observar

determinado fenômeno. O material utilizado neste procedimento podem ser registros e

tabelas para medir comportamentos, bem como sua duração e intensidade (SEIXAS,

2005).

Gil (2009) expõe um conjunto de técnicas em pesquisa social que variam a

depender dos objetivos e do grau de participação do pesquisador. Segundo o autor a

observação pode classificar-se em:

1. Observações Simples: neste tipo específico de técnica, o pesquisador observa de

forma espontânea o grupo ou situação. É mais apropriada para estudos

qualitativos devido ser pouco sistemática e, portanto, não recomendada para

pesquisas que precisam testar hipóteses.

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2. Observação Participante: em que quem investiga determinado fenômeno pode

ser um membro da comunidade ou grupo ou então alguém externo a ela que se

insere a fim de investigar algo.

3. Observação Sistemática: utilizada em pesquisas que tem a finalidade de testar

hipóteses. O pesquisador já possui um conhecimento prévio das variáveis a ser

observadas como seus atos e agentes.

A observação em geral facilita na obtenção de maior objetividade quanto aos

fatos analisados e permite coletar dados dentro do próprio contexto situacional, mas a

presença do observador pode gerar modificação no comportamento dos sujeitos-alvos;

muitas vezes o observador não pode estar em outros ambientes que possam acontecer os

fatos a serem pesquisados (como observar comportamentos sexuais) e elementos

subjetivos do observado (por exemplo, pensamentos e sentimentos) podem passar

despercebidos pelos observadores.

3) Entrevista

É uma das técnicas mais utilizadas no meio acadêmico em seus mais diversos

campos de estudo e atuação como na área da Sociologia, Economia e Política, dentre

outras e caracteriza-se por um diálogo entre o pesquisador e o sujeito-alvo da pesquisa.

Os objetivos da entrevista podem variar de acordo com a natureza do que pretende ser

pesquisado e abrange desde a exploração de fatos até crenças, opiniões e sentimentos

(GIL, 2009; LAKATOS, 2007).

A entrevista possibilita analisar diferentes aspectos de um assunto e também

obter mais dados qualitativos, não necessita que o entrevistado saiba ler ou escrever

para participar da pesquisa. Porém, pode haver como desvantagens a motivação do

entrevistado, a interferência do entrevistador na elaboração das respostas do sujeito, a

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incompreensão do sujeito sobre itens e inabilidade em responder as perguntas, sendo

que nem sempre o sujeito quer ou sabe relatar os seus próprios comportamentos, sendo

que a observação pode permitir maior objetividade.

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CADERNO OBSERVANDO ALUNOS

Objetivo Geral

Este caderno propõe um método de observação sistemática que permite avaliar

respostas importantes para o contexto de sala de aula e que comumente englobam os

fenômenos violência, bullying e indisciplina escolar. Estas respostas foram divididas em

duas categorias: 1) respostas desejáveis e que se pretende aumentar e 2) respostas

indesejáveis e que se espera diminuir. Acredita-se que a utilização deste caderno pode

auxiliar na avaliação de intervenções à violência e indisciplina escolares e na adaptação

destas intervenções às necessidades particulares dos alunos sendo observados.

Contexto de Elaboração do Caderno

O caderno surgiu a partir das atividades exercidas pelo grupo de observadores do

Projeto Prevenir na Escola. Inicialmente, os observadores e os outros membros do

projeto tiveram aulas sobre violência escolar e habilidades sociais. Houve também

estudo dos testes relacionados ao bullying e a habilidades sociais que seriam utilizados

na coleta de dados (Escala de Violência Escolar, Teste de Habilidades Sociais para

Crianças e Adolescentes em Situação Escolar e Inventário de Habilidades Sociais para

Adolescentes), sendo que tal estudo permitiu aos observadores formar grupos de

possíveis comportamentos que poderiam ser analisados. A partir disso, decidiu-se

separar as respostas em categorias desejáveis/a aumentar e indesejáveis/ a diminuir.

Inicialmente havia cerca de 15 opções de respostas a serem mensuradas, porém

testes pilotos a partir de observação de situações de sala de aula indicaram que o banco

de respostas ficou extenso e, por vezes, confuso, ocasionando dúvidas nos observadores

24

sobre a similaridade das ações. Agrupou-se, assim, respostas em classes maiores, por

exemplo, falar mal do colega, apelidar e insultar se transformaram no grupo „ofender‟.

Após esta primeira reformulação, elaborou-se uma tabela de registro de respostas e o

treinamento de três estagiários alunos de Psicologia.

Fez-se novos testes do material elaborado, tendo-se notado que a quantidade de

respostas a serem observadas permanecia excessiva, havendo dificuldade de registrar

cada resposta em um intervalo de tempo curto e frequentemente ocorreram divergências

entre os resultados durante treinamento dos observadores. A maior dificuldade residiu

em anotar a frequência de uma resposta ao longo do tempo, pois enquanto um

observador registrava uma única vez a resposta “conversar” o outro observador anotava

múltiplas vezes, pois contabilizava cada fala proferida em um diálogo como uma

resposta. Por isso, preferiu-se por utilizar anotações em um intervalo curto de modo que

permitisse aos observadores marcar as respostas ocorridas, registrando uma única vez a

ocorrência da resposta para cada intervalo. Perdeu-se, assim, a quantidade precisa de

respostas por intervalo de tempo em detrimento da precisão entre observadores.

Após esta modificação, prosseguiu-se o treinamento dos observadores por meio

da leitura de exemplos e da visualização de filmes e de vídeos relacionados aos

comportamentos que seriam observados e registrados na tabela (ver Anexo). Depois do

treinamento e da obtenção de concordância entre os observadores, começaram-se as

observações para a pesquisa “Avaliação de um programa preventivo de indisciplina e

violência escolar a pré-adolescentes” a qual contou com financiamento do CNPQ. As

observações ocorreram semanalmente a quatro alunos.

Notou-se que as observações ajudavam com feedbacks para o grupo responsável

pela intervenção, ao produzir dados que permitiam entender os efeitos da intervenção ao

25

longo de sua aplicação. Além disso, discutia-se continuamente com os observadores as

dificuldades que ocorriam na tarefa de observar respostas em sala de aula, como: a

insistência inicial das crianças em falar com os observadores, mesmo que estes

procurassem intervir o mínimo possível com a sua presença no ambiente observacional;

a interrupção da observação quando um aluno sendo observado saia para ir ao banheiro;

o efeito da alternância do docente nas respostas dos alunos, como quando um professor

substituto era alocado, dentre outras.

As respostas eram registradas em planilhas específicas e, subsequentemente,

gráficos diversos eram elaborados, de modo a facilmente se perceber se haviam

mudanças nos padrões de resposta dos alunos observados ao longo do tempo. Ao final

deste caderno, há modelo destas planilhas e gráficos.

A partir dos gráficos, foi possível estabelecer quais respostas não foram

observadas, as mais observadas e as diferenças encontradas no início e no final da

intervenção em relação aos comportamentos. Estes resultados indicaram quais

modificações na tabela de registro de respostas ainda eram necessárias, a fim de manter

apenas as que fossem úteis para avaliação da intervenção.

A partir destas várias etapas de testagem deste método observacional, acredita-se

que foi possível elaborar um material relevante, tendo-se então produzido este caderno a

fim de compartilhá-lo com outros pesquisadores/profissionais. Certamente o material

necessita de adaptações específicas relativas aos contextos em que for empregado, por

exemplo, se utilizado para observar alunos mais disciplinados, algumas respostas

podem não ocorrer, como interromper professor, sendo mais pertinente substituir esta

classe de respostas por outra. Porém, acredita-se ter construído um modelo relevante de

observação.

26

Público-Alvo

O caderno destina-se a pesquisadores interessados no método de observação

para a coleta de dados com foco nos temas bullying, indisciplina, violência escolar e

habilidades sociais em sala de aula. Ademais, este caderno pode ser utilizado por

professores, coordenadores pedagógicos, psicólogos escolares, dentre outros, que

queiram prevenir ou intervir nas questões sugeridas a partir de resultados empíricos.

Categorias Propostas

Este caderno disponibiliza uma tabela de registro, a qual contêm 18 classes de

respostas a serem observadas, ver Anexo 1. A tabela está formatada com figuras e a

síntese de cada categoria, facilitando para o observador a análise da situação observada.

As respostas são classificadas em duas grandes categorias: 1) Disciplina: a qual envolve

respostas de obediência/desobediência a regras de convivência em sala de aula e de

habilidades sociais de civilidade e 2) Relações interpessoais: relativas às respostas que

ocorrem nas interações com colegas/professor, incluindo respostas da classe de empatia

(oferecer ajuda), de assertividade (pedir auxílio) e comportamentos de

violência/bullying, como ofender, agredir fisicamente, dentre outros.

Cada uma destas grandes categorias se subdivide em duas, isto é, respostas

consideradas desejáveis ou a se aumentar e indesejáveis ou a se diminuir. Ao total, há

18 classes de respostas para serem observadas, sendo nove desejáveis e nove

indesejáveis. A tabela 1 a seguir apresenta as respostas da categoria “Disciplina”.

27

Tabela 1. Categorias das respostas desejáveis e indesejáveis relativas à disciplina.

Disciplina

Desejável Indesejável

Faz silêncio

durante a explicação

do professor e aula

Interrompe a fala

do

colega/professor

Faz perguntas ou

comentários

pertinentes ao

conteúdo da aula

Fica em pé

durante a aula

Pede permissão

para falar, levantar

ou ir ao banheiro

Conversa durante

a explicação/aula

sem se relacionar

ao conteúdo

Responde perguntas

pertinentes ao

conteúdo da aula

Realiza as tarefas

acadêmicas

Quando os alunos se engajam nas tarefas, as respostas indesejáveis

relativas a esta categoria diminuem consideravelmente, sendo importante em

intervenções focalizar em como aumentar as respostas desejáveis ao invés de

apenas buscar punir as indesejáveis. Situação semelhante ocorre na categoria

“Relações interpessoais”, explicitada na Tabela 2.

28

Tabela 2. Categorias das respostas desejáveis e indesejáveis relativas às relações

interpessoais.

Relações interpessoais

Desejável Indesejável

Empresta ou

Devolve material

ao

colega/professor

Pega material alheio

sem permissão ou

não devolve o

material.

Oferece ajuda ao

colega ou

professor relativa

às atividades

acadêmicas ou

não acadêmicas.

Empurra

colega/professor

Pede ajuda ao

colega ou

professor relativa

às atividades

acadêmicas ou

não acadêmicas.

Ofende (falar mal,

chacota, piada)

colega/professor

Agradece colega

ou professor

Ameaça

colega/professor

Bate em

colega/professor

Grita com

colegas/professor

Às classes de respostas sugeridas, pode-se acrescentar outras, como as

apresentadas na Tabela 3 a seguir. Contudo, deve-se cuidar para que o observador tenha

treinamento suficiente para registrar adequadamente maior quantidade de respostas no

mesmo intervalo de tempo.

29

Tabela 3. Sugestões de outras categorias de respostas desejáveis e indesejáveis

relativas a indisciplina e relações interpessoais.

Outras categorias

Desejáveis Indesejáveis

Utiliza saudações com

professor/aluno

Descansa a cabeça na carteira ou

dorme durante a aula sem ter

realizado as tarefas requisitadas.

Elogia colega/professor Sai de sala sem permissão

Indica respeitosamente que está

insatisfeito com algo

Rabisca parede/carteira

Defende pacificamente

colega/professor

Desenha ou pinta ao invés de

realizar as tarefas.

Utiliza aparelhos eletrônicos

durante a aula, sem permissão

Modo de Registro

O método utilizado foi o da observação sistemática Fly on the Wall, isto é, os

observadores olham e registram o comportamento do aluno na sua atividade e em seu

ambiente, sem que haja interferências em suas ações (FABER-LUDENS, s/a). Desse

modo, pretende-se ver o que de fato o aluno faz em seu ambiente real e como as

respostas são alteradas ao longo da pesquisa.

A prática utilizada neste projeto de pesquisa constou de um ciclo de

observações, das quais constaram as fases de observação “antes”, “durante” e “após” a

intervenção, chamado de Método A-B-A. Ressalta-se que o número de observações é

estipulado pelos próprios dados coletados, de modo que se deve notar um padrão de

respostas nos dados antes e após a intervenção para se poder interromper as

observações. Este padrão pode ser referente a estabilidade, isto é, uma quantidade

semelhante de respostas emitidas pelo sujeito a cada observação, ou uma tendência

30

crescente ou decrescente de respostas emitidas pelo sujeito. Em geral, quanto mais

observações antes e após a intervenção existirem, melhor será o entendimento dos

comportamentos dos indivíduos e do efeito produzido pelas intervenções. A fins de

mais informações sobre delineamentos de pesquisa deste tipo, sua utilidade e

pressupostos epistemológicos ver Sampaio et al. (2008) e Velasco, Garcia-Mijares e

Tomanari (2010).

Para as observações, é necessário estipular quantos observadores e observados

serão precisos para se obter resultados relevantes para o estudo ou intervenção. É

importante que o número de observadores seja reduzido, pois a interferência no

ambiente de sala de aula deve ser mínima, de modo a evitar alterar demasiadamente a

dinâmica de aprendizagem dos alunos e condução da aula pelo professor, como também

as respostas dos alunos sendo observados. Na pesquisa que originou este caderno,

observou-se quatro alunos, havendo dois observadores para cada dupla de alunos.

Cada observador deverá ter o domínio do material utilizado, no caso, se propõe a

tabela de registro com os comportamentos e aparelho de áudio com fones auriculares

que indicam a passagem do tempo de minuto a minuto. As respostas devem ser

marcadas na tabela uma única vez no intervalo de um minuto, ou seja, indicando se a

resposta ocorreu ou não ocorreu durante os 60 segundos observados. É essencial que o

observador memorize a disposição das classes de resposta e símbolos na tabela de

registro de comportamentos, pois em um minuto vários comportamentos podem ocorrer.

A opção por empregar um aviso sonoro, deveu-se a ser mais difícil observar o

relógio ou um sinal visual e os alunos ao mesmo tempo. O tempo de observação

sugerido é de um minuto e a tabela permite a observação geral do ambiente e de um a

dois sujeitos, sendo, neste caso, o tempo dividido e alternado entre aluno A e aluno B. O

31

interessante de se alterar ao longo do tempo a observação dos alunos é que permite

maior variabilidade nas respostas dos alunos, pois estes estariam sendo observados

minuto sim, minuto não.

A tabela está convencionada com o tempo de 40 minutos por aula, isto porque a

aula regular consta de 50 minutos, mas muitas vezes os 10 minutos iniciais se referem

ao período em que os alunos e docente ainda estão se organizando na sala, ou há vezes

que o aluno observado está atrasado, etc.

Atente-se que para um minuto várias respostas podem ser emitidas, inclusive

respostas contraditórias, como „ficou em silêncio‟ e „conversou durante a explicação‟. A

observação não deve ser analisada de maneira contraditória, isto é, o fato de uma

resposta adequada não ser emitida não significa que houve uma resposta inadequada.

Por exemplo, „não responder à pergunta do professor‟, não resulta necessariamente em

uma resposta inadequada, sendo relevante avaliar o contexto observado.

Dicas para registro

I) Coesão entre avaliadores: é importante que os observadores tenham

treinamentos antes de iniciar a observação, para que eles concordem quanto às respostas

observadas. Os observadores do projeto atingiram com estas categorias, após 16 horas

de treinamento, concordância igual ou superior a 70% para cada categoria. A respeito de

como calcular a concordância entre observadores, ver Fagundes (1985).

II) Local de observação: deve-se conhecer o ambiente no qual ocorrerá a

observação dos alunos, para que se determine o melhor local para o observador se

posicionar, interferindo menos no ambiente. É necessário também verificar com o

docente da turma se este concorda com o posicionamento e combinar previamente para

que este não ocupe aquele local com alunos ou materiais nos dias da observação.

32

III) Crianças e comportamentos observados: ressalta-se a importância da

observação prévia para que se identifiquem quais alunos devem ser observados e quais os

comportamentos mais frequentes naquele ambiente. Em nossa experiência, nem sempre os

professores elegem os alunos que mais apresentam comportamentos de indisciplina e

violência escolares e sim os estudantes aos quais mais atentam, seja por dificuldades quanto

ao rendimento acadêmico, ou os que são mais expansivos. Nesse quesito, realizar

avaliações empregando testes pode auxiliar para eleger os alunos os quais seriam mais

apropriados para se observar. Na pesquisa vinculada a este caderno, utilizou-se os escores

na Escala de Violencia Escolar, no Teste de Habilidades Sociais em Contexto Escolar e a

opinião do docente para se definir os alunos a serem observados.

IV) Número de Pré e Pós-observações: sugere-se que a quantidade de

observações feitas antes e após a intervenção, seja, no mínimo, cinco para cada etapa, se

possível, ocorrendo no mesmo horário, dia da semana, e com atividades similares,

sendo desenvolvidas sempre pelo docente. É particularmente desafiador acordar com o

docente para que se programe para fazer estas atividades similares, sendo que a adesão

„a proposta pode ser comprometida. Esta similaridade facilita a percepção de

estabilidade no padrão de respostas sendo observadas, facilitando comparações ao longo

das várias fases do projeto, porém diminuem a possibilidade de compreender o

comportamento do aluno de modo global.

Quando se observa em diferentes momentos do dia letivo, ao longo de diferentes

demandas ou atividades acadêmicas e com diferentes docentes em sala, nota-se maior

variação no padrão comportamental. Assim, a decisão entre priorizar o entendimento

global dos comportamentos do aluno ou medidas mais fidedignas, depende dos

objetivos da observação. Ressalta-se também que, em alguns casos, mais do que cinco

observações são necessárias para se perceber um padrão comportamental do aluno.

33

V) Cronograma: é primordial conhecer o cronograma da sala de aula

observada, para que atividades como provas e assistir a filmes, não atrapalhem a

observação, uma vez que comumente nestas situações há pouca interação entre os

alunos e alunos e docente. Ademais, quando a atividade sendo observada é

prioritariamente do tipo recreativa, costuma-se ter uma alteração brusca no padrão de

respostas, havendo muito mais respostas registradas a cada observação.

VI) Professores: é necessário conversar com os professores para que não

ressaltem a presença dos observadores na sala de aula. Além disso, os professores

fornecem informações qualitativas necessárias para a pesquisa, por isso, busque saber

como este profissional aponta o percurso da intervenção.

VII) Alunos: quando se observa crianças é comum que estas queiram interagir

com os observadores, o que pode interferir na pesquisa. Por exemplo, a criança sentir-se

curiosa com a presença do observador, e por isso, iniciar um diálogo com este ao

mesmo tempo em que a observação está acontecendo. Isto ocasiona a mudança de foco

durante o processo por parte do observador e acarreta na perda de dados para a pesquisa.

Assim, aconselha-se aos observadores se manterem neutros quanto a essas interações,

incentivando o mínimo possível qualquer contato com os alunos.

VIII) Observadores: devem ter claro o seu foco de observação, além do

conhecimento do material que utilizará.

Treinamento de observadores

É importante que os observadores estejam cientes do objetivo de suas observações e

realizem treinamentos de modo a familiarizarem com as categorias propostas e tabela de

registro. As situações seguintes podem ajudar a exercitar a habilidade de observar.

34

Anote na tabela (Apêndice X) qual resposta ocorrera para cada situação a seguir e,

subsequentemente, confira com o gabarito disposto na página 45.

a) A aluna levantou a mão e respondeu a pergunta feita pelo professor.

b) O aluno fica em silêncio durante a explicação do professor.

c) Duas alunas, Carla e Joana, levantaram a mão ao mesmo tempo durante a aula.

O professor indicou que Carla falasse primeiro. Joana se irrita e interrompe a

fala da colega.

d) O aluno A pediu emprestado uma borracha ao colega que sentava ao seu lado e

após uso devolveu o item.

e) A professora estava explicando o conteúdo e Rodrigo interrompe a explicação

para perguntar de quem era o lápis deixado em sua carteira.

f) João está sentado atrás de Cláudio e começa a incomodar o amigo o cutucando

com um lápis. Cláudio se vira e pede que o amigo pare (por favor). João não

para. Claudio se irrita e dá uma cotovelada em João.

g) Magnólia empurra João, derrubando seus livros, se arrepende e pede desculpas,

apanhando os livros de João.

h) Cláudio se oferece para ajudar a professora com a distribuição dos livros para os

colegas.

i) Carla recusa-se a fazer o exercício proposto e se levanta para conversar com a

colega.

j) Ludimila começa a usar óculos e Ana Maria a chama de “quatro olhos”.

Ludimila começa, então, a gritar ameaças com Ana.

k) Carlos joga bolina de papel nos cabelos de Magnólia.

Sugere-se também que vídeos sejam assistidos e o comportamento dispostos dos

alunos nestes sejam categorizados. Alguns vídeos que se mostraram úteis no presente

35

projeto foram: Escritores da Liberdade (2007), Meena – quem tem medo do valentão

(1992); Pedagogia: Cotidiano Escolar (cena do desenho Charlie Brown e sua turma).

Modo de Análise de Dados

Antes, durante e após a intervenção vão sendo preenchidos gráficos, de modo a se

acompanhar as respostas dos alunos observados ao longo do tempo. O primeiro tipo de

gráfico se refere a frequência por dia de observação para cada uma das respostas da

tabela de registro, de modo a poder se analisar quais as respostas que ocorrem mais e

quais ocorrem menos em cada dia em que houve a observação. O segundo tipo de

gráfico se refere a frequência das respostas ao longo dos vários dias de observação para

cada categoria de resposta, de modo que se tem 18 gráficos desse tipo. Por fim, o

terceiro tipo de gráfico se refere a frequência acumulada de respostas ao longo de todo o

processo de observação. Estes gráficos se encontram nos apêndices de modo que

possam ser fotocopiados com facilidade.

A partir destes gráficos, pode-se antes da intervenção definir quais as respostas que

demandarão maior atenção por parte do aplicador do programa, ao longo, pode-se a

partir dos dados verificar se as mudanças estão sendo alcançadas, facilitando a tomada

de decisões e, ao final, pode-se verificar se as alterações foram mantidas ou se a

intervenção necessita ser mantida ou intensificada. Portanto, manter os gráficos

atualizados a cada observação é primordial, sendo que os modelos apresentados a seguir

pode facilitar esta atualização constante.

Note que os modelos dos gráficos 1 e 2 sugeridos a seguir apresentam colunas

vazadas para que o observador pinte cada uma das colunas com a quantidade de

respostas adequadas ao que registrou. Adicionalmente, há espaços em branco a serem

preenchidos com as informações necessárias, como o nome do aluno.

36

Figura 1. Frequência das respostas das diversas categorias analisadas de

________________ (nome do aluno) em ___________ (data).

Figura 2. Frequência da resposta da categoria ________________ (nome da categoria)

do __________________ (nome do aluno) ao longo de vários dias de observação.

0

3

6

9

12

15

18

21

Data da observação:_________

Nome do aluno:__________

0

3

6

9

12

15

18

21

Resposta observada:_________

Nome do aluno:__________

37

Figura 3. Frequência acumulada da categoria ________________ (nome da categoria)

do __________________ (nome do aluno) ao longo de vários dias de observação.

Para o preenchimento da Figura 3, deve-se ir agrupando as quantidades de respostas

de cada observação. Por exemplo, se no primeiro dia Pedro ficou em silêncio por 10

vezes dos 20 minutos observados, se fará um ponto na observação 1 no eixo y valor 10

e se no segundo dia de observação ele ficou em silêncio 5 vezes, se somará o valor 5 ao

valor 10, totalizando em 15, de modo que então se marcará um ponto no valor 15 na

observação 2. Se na observação do dia 3, Pedro fizer 7 vezes silêncio, se somará o valor

15 ao 7 e se anotará no gráfico 22. O gráfico a seguir apresenta este exemplo.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Categoria de resposta __________________

Nome do aluno: ____________

38

Figura 4. Exemplo da frequência acumulada da categoria “Ficar em silêncio” de Pedro

ao longo de vários dias de observação.

Gráfico semelhante ao do tipo 3 pode ser realizado de modo a se comparar o

padrão comportamental ao longo do tempo de vários alunos, apenas adicionando-se

uma linha de outra cor para cada aluno.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100

Categoria de resposta: Ficar em silêncio

Nome do aluno: ____________

39

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Prevenção e importância de medidas adequadas para a avaliação de intervenções

Já foi bem explanado sobre a necessidade da prevenção e intervenção a situações

de indisciplina, violência e bullying escolar , visto as consequências que estes

fenômenos podem acarretar para a saúde psicossocial e aprendizagem dos alunos.

Contudo, não basta desenvolver intervenções e aplicá-las, sem se ter a certeza de que

funcionam. Diante disso, a proposição e investigação de métodos para avaliar as

intervenções são importantes.

No entanto, sabe-se que no Brasil ainda são escassos os trabalhos publicados que

falam sobre observações sistemáticas e intervenções estruturadas no ambiente escolar e

ainda sobre o bullying em geral, então, este caderno propôs mais uma ferramenta de

observação afim de orientar o pesquisador ou profissional em sua intervenção, a ser

combinada com entrevistas e questionários.

40

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44

APÊNDICES

GABARITO DOS EXERCÍCIOS

Legenda: Ra= resposta adequada / Ri= resposta inadequada / números= quantidade de

respostas

a) 1Ra: levantou a mão g) 1Ri: empurra João / 1Ra: pede desculpas.

b) 1Ra: fica em silêncio h) 1Ra: se oferece para ajudar a professora.

c) 1Ra:levantaram a mão / 1Ri: interrom a

fala da colega.

i) 3Ri: recusa-se a fazer o exercício; se

levanta; conversar com colega.

d) 2Ra: pediu emprestado; devolveu o item. j) 3Ri: começa a usar óculos; chama de

“quatro olhos”; gritar ameaças.

e) 1Ri: interrompe explicação. k) 1Ri: joga bolinha de papel.

f) 1Ra: por favor / 1Ri: dá uma cotovelada.

45

Tabela de Registro Para Observação Data da observação: ___/ ___/ ___

Aluno A Aluno B

Nome: _________________________________________ Nome: _________________________________________

Aluno

Categoria A – Disciplina Categoria B- Relações interpessoais

Desejável Indesejável Desejável Indesejável

Tem

po

Fic

a em

silê

ncio

Faz

Perg

unta

s

Pede

perm

issã

o

Resp

onde

perg

unta

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iza

as

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ompe

a

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Fic

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vers

a

dur

ante

a

expl

icaç

ão

Em

prest

a ou

devo

lve

mat

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al

O

fere

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Pega

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lve

mat

eri

al

Em

purr

a

Ofe

nde

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a

Bat

e

Gri

ta

00 A

01 B

02 A

03 B

04 A

05 B

06 A

07 B

08 A

09 B

10 A

11 B

12 A

13 B

14 A

15 B

16 A

17 B

18 A

19 B

20 A

46

Aluno

Categoria A – Disciplina Categoria B- Relações interpessoais

Desejável Indesejável Desejável Indesejável

Tem

po

Fic

a em

silê

ncio

Faz

Perg

unta

s

Pede

perm

issã

o

Resp

onde

perg

unta

s

Real

iza

as

tare

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Int

err

ompe

a

fala

Fic

a em

Con

vers

a

dur

ante

a

expl

icaç

ão

Em

prest

a ou

devo

lve

mat

eri

al

O

fere

ce

auxilio

Pede a

jud

a

Agr

adece

Pega

ou

não

devo

lve

mat

eri

al

Em

purr

a

Ofe

nde

Am

eaç

a

Bat

e

Gri

ta

21 B

22 A

23 B

24 A

25 B

26 A

27 B

28 A

29 B

30 A

31 B

32 A

33 B

34 A

35 B

36 A

37 B

38 A

39 B

40 A

1) Quais atividades escolares se desenvolviam durante a observação?

2) Houve dificuldades ou imprevistos ao longo da observação?

3) Outras observações:

47

Legenda para uso da tabela de registro para observação:

Categoria A – Disciplina Categoria B- Relações interpessoais

Desejável Indesejável Desejável Indesejável

Faz silêncio durante a explicação do professor e aula

Interrompe a fala do colega/professor

Empresta ou Devolve material ao colega/professor

Pega material alheio sem permissão ou não devolve o material.

Faz perguntas ou comentários pertinentes ao conteúdo da aula

Fica em pé durante a aula

Oferece ajuda ao colega ou professor

Empurra colega/professor

Pede permissão para falar, levantar ou ir ao banheiro

Conversa durante a explicação/aula

Pede ajuda ao colega ou professor

Ofende (falar mal, chacota, piada) colega/professor

Responde perguntas pertinentes ao conteúdo da aula

Agradece colega ou professor

Ameaça colega/professor

Realiza as tarefas acadêmicas

Bate em colega/professor

Grita com colegas/professor

48

0

3

6

9

12

15

18

21

Data da observação:_________

Nome do aluno:__________

49

0

3

6

9

12

15

18

21

Resposta observada:_________

Nome do aluno:__________

50

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

60

65

70

75

80

85

90

95

100Categoria de resposta __________________

Nome do aluno: ____________