Um Paralelo Entre Aulas Tradicionais e Aulas Práticas Utilizando Modelos Didáticos Na Disciplina...

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 UNIVERSIDADE ESTADUA L DO CEARÁ - UECE FACULDADE DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS E LETRAS DE IGUATU  FECLI CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS MAIARA ALVES BEZERRA UM PARALELO ENTRE AULAS TRADICIONAIS E AULAS PRÁTICAS UTILIZANDO MODELOS DIDÁTICOS NA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NA ESCOLA DE ENSINO FUNDAMENTAL JEREMIAS FELIPE NO MUNICÍPIO DE IGUATU- CE  IGUATU-CEARÁ 2012

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEAR - UECE

    FACULDADE DE EDUCAO, CINCIAS E LETRAS DE IGUATU FECLI CURSO DE CINCIAS BIOLGICAS

    MAIARA ALVES BEZERRA

    UM PARALELO ENTRE AULAS TRADICIONAIS E AULAS PRTICAS

    UTILIZANDO MODELOS DIDTICOS NA DISCIPLINA DE CINCIAS NA ESCOLA

    DE ENSINO FUNDAMENTAL JEREMIAS FELIPE NO MUNICPIO DE IGUATU-CE

    IGUATU-CEAR 2012

  • MAIARA ALVES BEZERRA

    UM PARALELO ENTRE AULAS TRADICIONAIS E AULAS PRTICAS

    UTILIZANDO MODELOS DIDTICOS NA DISCIPLINA DE CINCIAS NA ESCOLA

    DE ENSINO FUNDAMENTAL JEREMIAS FELIPE NO MUNICPIO DE IGUATU-CE

    Monografia apresentada ao Curso de Graduao em Cincias Biolgicas do Centro da Faculdade de Educao, Cincias e Letras de Iguatu, da Universidade Estadual do Cear, como requisito parcial para obteno do Ttulo de Licenciado em Cincias Biolgicas. Orientao: Profa. Dra. Alana Ceclia de Menezes Sobreira.

    IGUATU-CEAR 2012

  • Dedico

    A Deus, minha amada me Marlucia, que

    a minha fortaleza, meu pai Jos, a

    minha irm Iara e o meu namorado

    Cssio, por terem sido o alicerce que me

    manteve firme na caminhada. Amo todos!

  • AGRADECIMENTOS

    A Deus, autor e princpio de toda a vida, por estar sempre presente, me

    dando fora e coragem para vencer os obstculos da caminhada.

    A minha me Marlucia Bezerra, que acima de tudo uma grande amiga e

    sempre est presente em minha vida, me ajudando a enfrentar os desafios do dia a

    dia, me incentivando a nunca desistir dos sonhos, porque nada impossvel. Ao

    meu pai Jos Alves, que sempre esteve ao meu lado durante essa jornada e foi

    graas ajuda dele que estou realizando esse grande sonho. A minha irm Josefa

    Iara, que me apoiou e me ajudou nos momentos que mais precisei, aos meus avs,

    e finalmente, a toda minha famlia que amo muito e sempre estiveram comigo, me

    apoiando e incentivando nos bons e maus momentos.

    A minha orientadora, profa. Dra. Alana Ceclia de Menezes Sobreira, pela

    sua eficcia, competncia, esforo e dedicao ao me orientar.

    Ao meu namorado Cssio Gonalves, por um ser um grande

    companheiro, que sempre esteve comigo e nunca mediu esforos para me ajudar.

    A minha madrinha Zenilda Arajo, por abrir as portas de sua casa, me

    acolhendo e, por ser uma grande amiga com quem posso contar sempre que

    precisar.

    Aos professores do curso de Cincias Biolgicas, Alana Ceclia, Ana

    Cristina, Ricardo Rodrigues, Mngolla Keyla, Ana Kelen, Fernando Roberto,

    Carmem Roglia, Irismaura Cordeiro, pelos ensinamentos e confiabilidade em

    transmitir seus conhecimentos e, principalmente a Sdena Nunes, que alm de

    professora se tornou uma grande amiga, com quem aprendi muitas coisas que

    levarei por toda a vida.

    Aos caros colegas de turma, Lucilane, Thamires, Nikaelly, Aila, Denis,

    Jamile, Elvis, Lvia, Joo Victor, Jessika, Heryman, Marlcia e Kemili, que sempre

    estiveram comigo, compartilhando a amizade, as alegrias e dificuldades que sugiram

    ao longo do tempo em que estivemos juntos.

    A todos que contriburam de forma direta ou indireta na concretizao

    desse grande ideal de vida.

    Muito obrigada!

  • Minha fora vem de um Deus que faz milagres

    Minha f est alm do impossvel

    Minha esperana viva est

    Meu corao no quer parar

    Pois nunca tarde, no tarde para se sonhar.

    Fernanda Brum.

  • RESUMO

    A educao a base para o desenvolvimento de um pas por ser responsvel pela manuteno e perpetuao a partir da transposio, s geraes que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessrios convivncia e ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade, por isso, importante investir em polticas educacionais que ajudem a melhorar o processo educativo, visando o aperfeioamento do ensino e consequentemente um aprimoramento da aprendizagem. O objetivo desse trabalho foi avaliar a aprendizagem dos alunos do 5 ano da Escola de Ensino Fundamental Jeremias Felipe, atravs da construo de modelos didticos feitos com material de baixo custo no Ensino de Cincias. Os dados foram coletados no ms de Agosto de 2012, tendo como instrumento de coleta, um questionrio contendo quatorze perguntas objetivas, que foi aplicado aos alunos presentes na sala, depois da aula ministrada pela professora responsvel pela turma. Foi aplicado o mesmo questionrio antes e depois da construo dos modelos didticos com o intuito de averiguar a assimilao e aprendizagem do contedo estudado. Os resultados obtidos demonstraram que aulas prticas com construo de modelos didticos, feitos com materiais de baixo custo, so timas ferramentas para uma aprendizagem significativa, porque despertam o interesse dos alunos, incentivam o envolvimento, melhoram a capacidade de associao e memorizao do contedo estudado e estimulam a curiosidade da turma, tornando o processo de ensino-aprendizagem mais eficaz, quando comparado as aulas tradicionais, em que o professor se detm exclusivamente ao uso do livro didtico, quadro e giz. evidente que aulas prticas com construo de modelos didticos, estimulam a criatividade e auxiliam na assimilao do assunto abordado em sala, por isso a escola deveria propiciar locais onde os professores pudessem desenvolver aulas diversificadas e atraentes, permitindo aos educandos ter um contato mais prximo com os assuntos abordados nas aulas tradicionais. Palavras-chave: Educao, Ensino Fundamental, Ensino de Cincias.

  • ABSTRACT

    The education is the basis for the development of a country to be responsible for the maintenance and perpetuation from the transposition the generations that follow, the cultural ways of being, be and act necessary for coexistence and the adjustment of a member in your group or society, so it, is important to invest in educational policies that help to improve the educational process, aiming the improvement of teaching and consequently an upgrading of learning. The aim of this study was to assess learning in the 5th year students of School in Education fundamental Jeremiah Felipe, through the construction of didactic models made with low cost material on Science Teaching. Data were collected in month August 2012, taking as an instrument for collection, a questionnaire containing fourteen objective questions, which was applied to the students gifts in the room, after the class taught by the teacher responsible for the class. Was applied the same questionnaire before and after construction of didactic models in order ascertain the learning and assimilating the content studied. The results showed that practical classes with construction of didactic models, made with low cost materials, are great tools for meaningful learning, because arouse students' interest, encourage engagement, improve the ability of association and memorization of the content studied and stimulate the curiosity of the class, making the teaching-learning process more effective, when compared the traditional classes, wherein the teacher holds exclusively the use of didactic book, whiteboard and chalk. Is evident that practical classes with construction of didactic models, stimulate creativity and help in the assimilation of the subject matter addressed in the classroom, therefore school should provide places where teachers could develop lessons diversified and attractive, allowing learners to have a closer contact with the topics covered in traditional classes.

    Key words: Education, fundamental Education, Science teaching.

  • SUMRIO

    1. INTRODUO................................................................................... 09

    2. OBJETIVOS....................................................................................... 11

    2.1. Objetivo Geral................................................................................. 11

    2.2. Objetivos Especficos...................................................................... 11

    3. REFERENCIAL TERICO................................................................ 12

    3.1. Educao no Brasil......................................................................... 12

    3.2. Ensino Fundamental....................................................................... 13

    3.3. Ensino de Cincias na Forma Tradicional...................................... 14

    3.4. Novas Tecnologias e Metodologias no Ensino de Cincias........... 17

    3.4.1. Jogos Didticos............................................................................ 17

    3.4.2. Literatura de Cordel..................................................................... 18

    3.4.3. Aulas de Campo........................................................................... 20

    3.4.4. Construo de Modelos Didticos............................................... 20

    4. PROCEDIMENTO METODOLGICO............................................... 22

    4.1. Tipo de Estudo................................................................................ 22

    4.2. Cenrio da Pesquisa....................................................................... 22

    4.3. Sujeitos da Pesquisa....................................................................... 23

    4.4. Instrumentos de Coleta de Dados................................................... 23

    4.5. Anlise dos Dados.......................................................................... 25

    5. RESULTADOS E DISCUSSO......................................................... 26

    5.1. Incentivo para os Alunos Construrem Modelos Didticos.............. 26

    5.2. Metodologia Tradicional do Ensino de Cincias Adicionada Construo de Modelos Didticos na Aprendizagem dos Alunos do 5 Ano.........................................................................................................

    28

    5.3. Interesse dos alunos do 5 ano por Aulas de Cincias Realizadas

    com Modelos Didticos Construdos com Material de Baixo Custo.......

    39

    6. CONSIDERAOES FINAIS............................................................... 43

    REFERNCIAS...................................................................................... 44

    APNDICES.......................................................................................... 52

    Apndice A: Termo de Autorizao para Realizao da Pesquisa....... 53

    Apndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.................. 55

    Apndice C: Questionrio Individual para os Alunos do Ensino Fundamental..........................................................................................

    57

    Apndice D: Modelos didticos construdos pelos alunos do Ensino Fundamental..........................................................................................

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  • 9

    1. INTRODUO

    A educao a base para o desenvolvimento de um pas por ser

    responsvel pela manuteno e perpetuao a partir da transposio, s geraes

    que se seguem, dos modos culturais de ser, estar e agir necessrios convivncia e

    ao ajustamento de um membro no seu grupo ou sociedade, por isso, importante

    investir em polticas educacionais que ajudem a melhorar o processo educativo,

    visando o aperfeioamento do ensino e consequentemente um aprimoramento da

    aprendizagem.

    Atualmente, no Brasil, os sistemas educacionais se encontram em baixos

    nveis, a realidade da educao brasileira so salas de aula superlotadas,

    desvalorizao do profissional e estrutura fsica defasada (LIMA; VASCONCELOS,

    2006). Alm dos constantes problemas relacionados falta de interesse do poder

    pblico e pouca disponibilidade dos recursos financeiros fornecidos pelos grupos

    gestores.

    No Ensino de Cincias, a problemtica no poderia ser diferente: no h

    incentivo para atividades prticas, os laboratrios de biologia, qumica e informtica,

    quando se apresentam, so sucateados ou no tem os aparelhamentos necessrios,

    sem esquecer o despreparo do educador que muitas vezes no capacitado para

    utilizar esses tipos de recursos. Como se no bastasse, materiais e livros didticos

    no so fornecidos ou, em alguns casos, no so acessveis para a compreenso

    dos alunos.

    Percebe-se assim, que a educao desatualizada e o ensino no

    recebe a importncia necessria. Por isso, existe a necessidade de buscar novas

    metodologias de ensino para sair do ensino tradicional comum. Uma das alternativas

    que podem ajudar no processo de ensino-aprendizagem a utilizao de aulas com

    construo de modelos didticos, a fim de que os alunos aprendam de maneira

    ldica e assim tenham uma fixao melhor do assunto e uma aprendizagem mais

    satisfatria. Aulas prticas, com a construo de modelos didticos, ajudam a

    despertar o interesse e a curiosidade da turma por ser uma experincia nova. Ento,

    os estudantes deixam a posio de ouvintes e comeam a participar mais

    efetivamente da aula, saindo da rotina e realmente fixando o contedo, no apenas

    decorando por algumas semanas ou meses.

  • 10

    O Ensino de Cincias exige do aluno maior engajamento e ateno, por

    fazer parte do seu dia a dia, sendo inegvel que as aulas prticas despertam o

    interesse e a curiosidade porque mais fcil aprender quando se tem algo para

    visualizar e, principalmente quando so os alunos que produzem o material utilizado

    na aula. Alguns autores como Martins et al. (2010) e Peraoli e Carniatto (2008)

    destacam a importncia da construo de modelos como mtodo de ensino,

    favorecendo uma aprendizagem mais satisfatria, porque contextualiza a prtica

    com a teoria.

    Devido ao pouco investimento financeiro e a pouca infraestrutura

    apresentada nas escolas, interessante trabalhar com material que possa

    aproveitar os recursos existentes. Sendo assim, importante que essas aulas sejam

    realizadas com material de baixo custo e acessvel para todos, como: papelo,

    cartolina, materiais reciclveis, jornal, massa de modelar, EVA (Etileno Acetato de

    Vinila), isopor, lpis de cor, canetinha, tesoura, entre outros.

    Assim, este trabalho se props a testar a efetividade de aulas prticas

    utilizando modelos didticos feitos com material de baixo custo, que so citadas por

    diversos autores como uma das solues viveis e rpidas para melhorar o

    processo de ensino-aprendizegem, uma vez que, funcionam como um contraponto

    para as aulas tericas. Acredita-se assim, que se consiga a simplificao do

    contedo atravs da construo de modelos didticos para que o aluno participe

    mais ativamente da aula e compreenda o assunto abordado com maior facilidade.

  • 11

    2. OBJETIVOS

    2.1. Objetivo Geral

    Avaliar a aprendizagem dos alunos do 5 ano da Escola de Ensino

    Fundamental Jeremias Felipe no municpio de Iguatu-Ce, atravs da

    construo de modelos didticos feitos com material de baixo custo no Ensino

    de Cincias.

    2.2. Objetivos Especficos

    Incentivar os alunos do 5 ano da Escola de Ensino Fundamental Jeremias

    Felipe a construrem modelos didticos que auxiliem o Ensino de Cincias;

    Avaliar a metodologia tradicional do Ensino de Cincias adicionada

    construo de modelos didticos na aprendizagem dos alunos do 5 ano da

    Escola de Ensino Fundamental Jeremias Felipe;

    Analisar o interesse dos alunos do 5 ano da Escola de Ensino Fundamental

    Jeremias Felipe por aulas de Cincias realizadas com modelos didticos

    construdos com material de baixo custo;

  • 12

    3. REFERENCIAL TERICO

    3.1. Educao no Brasil

    A educao capaz de desenvolver nos indivduos suas potencialidades

    ao permitir o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exerccio da

    cidadania e qualificao para o trabalho, como previsto na Constituio de 1988

    (CASTRO, 2009).

    Recentemente no Brasil, ocorreram avanos importantes na ampliao do

    acesso a todos os nveis e modalidades educacionais, mas ainda um grave

    problema a baixa escolaridade mdia da populao e a desigualdade permanente, o

    que mantm na pauta das discusses a necessidade da universalizao da

    Educao Bsica e a melhoria da qualidade da educao, bem como a eliminao

    do analfabetismo (CASTRO, 2009).

    constante, tanto no meio intelectual como institucional do campo da

    educao, a constatao de um quadro sombrio da escola pblica. Verifica-se por

    meio de avaliao e de pesquisas, a sua deteriorao e ineficcia em relao aos

    seus objetivos e formas de funcionamento. So reiteradas as demandas pela

    ampliao dos recursos financeiros para todos os nveis de ensino, em especial para

    a Educao Bsica e Educao Profissional (LIBNEO, 2012).

    Durante a histria da educao, muitas reformas educacionais foram

    propostas e buscaram tratar os problemas educacionais em termos de integrao

    curricular, interdisciplinaridade e contextualizao, visando um ensino de melhor

    qualidade para os estudantes. As reformas recentes acabaram se limitando s

    metodologias de ensino, objetivando um ensino contextualizado e interdisciplinar.

    Todavia, a integrao curricular continua basicamente a mesma desde as primeiras

    reformas curriculares que culminaram na elaborao da primeira Lei de Diretrizes e

    Bases da Educao Nacional em 1961(JNIOR, 2007).

    Pode-se dizer que, todos os estudos sobre o fenmeno educacional de

    forma implcita ou explcita, parecem discutir, questionar e apontar novos mtodos,

    estratgias, meios, entre outros, para uma melhoria da assim chamada qualidade da

    educao. O mesmo vale para as polticas educacionais, especialmente no que diz

    respeito s chamadas reformas educacionais que, ao menos no plano do discurso,

  • 13

    justificam suas propostas e projetos com base na necessria busca da melhoria da

    qualidade da educao (CORRA, 2003).

    Uma educao de qualidade necessita de um grande investimento,

    porque tanto a qualidade dos professores quanto a infraestrutura fsica das escolas

    afetam o rendimento dos alunos de forma significativa, sendo que esses fatores so

    encontrados constantemente nas instituies de ensino do pas.

    3.2. Ensino Fundamental

    O Ensino Fundamental, como etapa inicial da escolarizao no Brasil, tem

    sido entendido como sendo obrigatrio para os cidados brasileiros e referncia

    para quaisquer polticas educacionais dadas a sua imprescindibilidade por um lado,

    e intencionalidade, por outro (PEREIRA; FERREIRA, s/d). O Ensino Fundamental

    comeou a se expandir no Brasil, a partir dos anos de 1950, sendo que no existiam

    as mnimas condies para uma educao eficiente, ento a situao educacional

    foi se agravando (WERTHEIN; CUNHA, 2009).

    Com isso, diversas mobilizaes aconteceram na sociedade civil entre o

    final da dcada de 70 e a dcada de 80 e elas demandavam a extenso do direito

    educao para as crianas pequenas: movimentos de bairro e sindicatos nas

    grandes cidades lutavam por acesso a creches, grupos de profissionais e

    especialistas da educao mobilizavam-se no sentido de propor novas diretrizes

    legais, prefeituras procuravam dar resposta demanda crescente por creches e pr

    escolas, criando e/ou ampliando o atendimento (CAMPOS; FLLGRAF; WIGGERS,

    2006).

    Aconteceram diversas mudanas na educao como: nas Leis Federais

    n. 11.114/05, que instituiu o incio da obrigatoriedade do Ensino Fundamental aos 6

    anos de idade, e a Lei de n 11.274/06, que ampliou a durao do Ensino

    Fundamental para nove anos, mantido o incio aos 6 anos (ARELARO; JACOMINI;

    KLEIN, 2011). Essa insero das crianas de 6 anos no Ensino Fundamental tem

    provocado indagaes, tanto para a educao infantil quanto para o Ensino

    Fundamental, especialmente, no que tange s polticas e prticas pedaggicas e

    sua adequao faixa etria das crianas (KRAMER; NUNES; CORSINO, 2011).

    Segundo Schmidt, 2011, p. 108

  • 14

    A ampliao do Ensino Fundamental, de oito para nove anos, no apenas a ampliao de um ano no Ensino Fundamental. Esse ano a mais foi acrescentado na etapa de alfabetizao, com ingresso da criana aos seis anos de idade. Ou seja, esse ano a mais deve representar, de fato, um tempo maior para a criana se apropriar da leitura e da escrita e, com isso, ter condies para fazer uso da escrita em diferentes situaes do cotidiano.

    Segundo dados do Relatrio de Observao n 4, de 2011, sobre as

    desigualdades na escolarizao no Brasil, do Conselho de Desenvolvimento

    Econmico e Social: o analfabetismo incide mais desfavoravelmente nas reas

    rurais, no nordeste, nas pessoas de cor preta e parda, e entre os mais pobres,

    revelando as desigualdades da nossa sociedade j, historicamente detectadas,

    sendo que um dos principais grupos populacionais ainda desfavorecidos no direito

    educao est no campo (BRASIL, 2011 apud SCHMIDT, 2011).

    Analisar e problematizar as prticas na educao, favorece a reflexo

    sobre a insero das crianas de 6 anos no Ensino Fundamental, tendo em vista

    que a escola relevante na formao das crianas e dos jovens (KRAMER; NUNES;

    CORSINO, 2011). Porque a criana entrando mais cedo na escola, tem mais

    chances de aprender a ler e escrever mais precocemente.

    O Ensino Fundamental brasileiro ainda apresenta muitos problemas, uma

    pesquisa apresentada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais Ansio

    Teixeira (INEP) sobre o ndice de Desenvolvimento da Educao Bsica (IDEB)

    2009 revela que, ao final dos anos iniciais, a mdia nacional de 4,6 e no final do

    Ensino Fundamental de 4,0. Abaixo, portanto, de acordo com a Organizao para

    a Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE), dos ndices de pases com

    desenvolvimento similar ao do Brasil. Dados do Relatrio de Observao n 4, de

    2011, sobre as desigualdades na escolarizao no Brasil, do Conselho de

    Desenvolvimento Econmico e Social, indicam que, em 2009, as crianas com 10

    anos de idade cursaram, em mdia, 2,3 anos do Ensino Fundamental, e as de 14

    anos, 5,8 (SCHMIDT, 2011).

    3.3. Ensino de Cincias na Forma Tradicional

    O Ensino de Cincias tem como objetivo a formao de cidados crticos

    e participativos, alm de conhecedores dos saberes prprios da disciplina. Segundo

    os Parmetros Curriculares Nacionais, mostrar a Cincia como um conhecimento

    que colabora para a compreenso do mundo e suas transformaes, para

  • 15

    reconhecer o homem como parte do universo e como indivduo, a meta que se

    prope para o Ensino de Cincias no Ensino Fundamental (CRUZ, 2008).

    reconhecida a amplitude e a complexidade de se pensar o ensino das

    mais variadas disciplinas para os anos iniciais, e neste contexto, o Ensino de

    Cincias, no est excludo (MALAFAIA; RODRIGUES, 2008). Entretanto, o Ensino

    das Cincias Naturais foi sendo aos poucos implantado no sculo XIX, a disciplina

    de Cincias s veio a surgir em 1932, e desde ento se estabeleceu,

    definitivamente, no currculo das escolas brasileiras (JNIOR, 2007).

    No Brasil e em outros pases do mundo, no perodo de 1950 a 1960, o

    Ensino de Cincias, foi bastante influenciado pelas transformaes decorrentes da

    Segunda Guerra Mundial, como a industrializao, o desenvolvimento tecnolgico e

    cientfico (NEVES; SILVA, 2006).

    A poca da industrializao, o desenvolvimento cientfico e tecnolgico

    vinha ocorrendo em diversas partes do mundo. Esse divisor de guas levou a um

    novo objetivo do Ensino de Cincias: pensar na democratizao do ensino para o

    cidado que iria conviver com o produto da cincia e da tecnologia e deveria ter

    esse conhecimento, no apenas na forma de um especialista. Outro ponto, mas de

    natureza educativa, refere-se ao fato das discusses sinalizarem que a educao

    cientfica no mais deveria centrar-se apenas em conceitos, teorias e leis. Ou seja,

    h uma necessidade de diminuir a distncia entre a teoria e a prtica (NEVES;

    SILVA, 2006).

    Ento medida que Cincia e Tecnologia foram reconhecidas como

    essenciais no desenvolvimento econmico, cultural e social, a importncia do Ensino

    de Cincias em todos os nveis foi crescendo, sendo objeto de inmeros movimentos

    de transformao do ensino, podendo servir de ilustrao para tentativas e efeitos

    das reformas educacionais (KRASILCHIK, 2000).

    Atualmente, a Cincia e a Tecnologia se interconectam amplamente,

    modificando cada vez mais, o mundo e a maneira como os seres humanos

    interagem e percebem a si mesmos (UNESCO, 2005 apud RAMOS; ROSA, 2008),

    porm apesar de todos os recursos existentes, atualmente a forma como se ensina

    muito semelhante a do passado, com aulas tericas ou demonstrativas, pois no

    se sabe ainda como preparar os estudantes para torn-los capazes de lidar de forma

    eficiente no s com a grande quantidade de novas informaes, mas tambm com

    as ramificaes contnuas do saber (MEIS, 2006).

  • 16

    A perspectiva de ensinar e de aprender Cincias est presente tambm

    nos Parmetros Curriculares Nacionais, ao considerar que imprescindvel no

    processo de ensino e aprendizagem, o incentivo s atitudes de curiosidade, de

    respeito diversidade de opinies, persistncia na busca e compreenso das

    informaes s provas obtidas, de valorizao da vida, de preservao do ambiente,

    de apreo e respeito individualidade e coletividade (BRASIL, 1998).

    Assim, o modelo tradicional de ensino no apresenta muita eficincia no

    aprendizado e, a maioria dos professores no buscam alternativas alm do livro

    didtico, quadro, pincel ou giz. Ento, a maneira como o conhecimento repassado

    no permite ao aluno propor, planejar, analisar e resolver situaes nas quais viesse

    aprender a construir os princpios e leis cientficas (NEVES; SILVA, 2006).

    Estudos realizados em 2002 pela OCDE atribuem o desinteresse dos jovens pelas carreiras que tratam das cincias e das tecnologias a uma questo de sentido: os estudantes rejeitam a proposta da escola de apresentar-lhes o mundo sob a interpretao de uma cincia fria e metdica, distante dos seus interesses. Desejam que o ensino deixe clara a importncia dos conhecimentos cientficos e tecnolgicos para ajud-los a compreender melhor o mundo em que vivem (OCDE, 2002 apud CHINELLI; FERREIRA; AGUIAR, 2010, p. 18).

    Nesse sentido, o professor de Cincias exposto a uma srie de

    desafios, os quais incluem acompanhar as descobertas cientficas e tecnolgicas,

    constantemente manipuladas e inseridas no cotidiano, e tornar os avanos e teorias

    cientficas palatveis a alunos do Ensino Fundamental, disponibilizando-as de forma

    acessvel, porque o Ensino de Cincias um fator importante para o aluno

    compreender o mundo que o cerca, e isto requer profundo conhecimento terico,

    metodolgico e dedicao para se manter atualizado no desempenho de sua

    profisso (LIMA; VASCONCELOS, 2006).

    Para muitos educadores, tais desafios so agravados por deficincias em

    suas licenciaturas, de universidades pblicas ou privados, pois a rapidez com que os

    conceitos se ampliam e surgem novas tecnologias faz com que a formao do

    professor possa ser considerada obsoleta poucos anos aps sua graduao.

    Ento, a educao se torna precria e os resultados, mais precisamente, os que

    envolvem o Ensino de Cincias, acabam por prejudicar seriamente o

    desenvolvimento do pas (RAMOS; ROSA, 2008). J que o sistema educacional

    brasileiro quase todo voltado para os interesses do mercado de trabalho, ento se

    torna necessrio o desenvolvimento do pensar crtico e criativo visando o aumento

  • 17

    de habilidades sociais que sero necessrias na vida cotidiana (MALAFAIA;

    RODRIGUES, 2008).

    3.4. Novas Tecnologias e Metodologias no Ensino de Cincias

    No decorrer de toda a histria do Ensino de Cincias at hoje, o

    conhecimento da contextualizao das aulas de Cincias com atividades prticas,

    geralmente, no chegaram a fazer parte do dia a dia da escola, principalmente no

    Ensino Fundamental. Ao longo da histria da educao no Brasil, essa

    contextualizao sofreu diversas crticas por parte dos professores. O argumento

    usado era que os educandos seguiam mecanicamente receitas prontas, sem uma

    anlise ou reflexo no cumprimento de suas tarefas. Esta crtica geralmente vinha

    aliada falta de preparo do professor, que tendo uma formao inicial baseada

    apenas na transmisso de conhecimentos j elaborados, fazendo com seus alunos

    uma mera repetio daquilo que ele pode ter aprendido na universidade

    (PERAOLI; CARNIATTO, 2009).

    No mundo globalizado e tecnolgico que vivemos o professor tem muitas

    opes de aulas diversificadas como jogos didticos, literatura de cordel, aulas de

    campo, construo de modelos didticos e, at mesmo o ptio e o entorno da escola

    so locais onde a prtica e a teoria podem ser trabalhadas ao mesmo tempo

    (ARAJO, 2011).

    3.4.1. Jogos Didticos

    As mudanas referentes aos recursos didticos, principalmente os

    pedaggicos, incluem os jogos didticos que, quando usados adequadamente

    tornam a aprendizagem menos mecnica, mais significativa e prazerosa para o

    aluno (MENECHINI; SILVA, 2011).

    A origem dos jogos didticos desconhecida, mas sabe-se que diversos

    povos como egpcios, romanos e maias, utilizavam-se destes para ensinar normas,

    valores e padres de vida advindos das geraes antecedentes (MORATORI, 2003).

    Deste modo, observa-se, que desde a antiguidade, os jogos didticos j

    eram vistos como elemento de fundamental importncia no processo de ensino e

    aprendizagem, pois se acreditava que por meio destes, o ato de educar pudesse

  • 18

    tomar rumos que abrangiam a imaginao, a curiosidade e a prpria aprendizagem

    de maneira alegre e eficaz (CONTIN; FERREIRA, 2008).

    Nesse sentido, os materiais didticos se apresentam como ferramentas

    fundamentais para os processos de ensino e aprendizagem, e o jogo didtico se

    caracteriza como uma importante e vivel alternativa para auxiliar em tais processos

    por favorecer a construo do conhecimento ao aluno (CAMPOS; BORTOLOTO;

    FELCIO, 2002).

    Assim, os jogos podem ser considerados educativos, porque

    desenvolvem habilidades cognitivas importantes para o processo de aprendizagem

    como: resoluo de problemas, percepo, criatividade, raciocnio rpido, dentre

    outras habilidades. Desde seu planejamento, o jogo didtico elaborado com o

    objetivo de atingir contedos especficos para ser utilizado no mbito escolar

    (ZANON; GUERREIRO; OLIVEIRA, 2008). Quando o objetivo quebrar a rotina das

    aulas tradicionais de uma forma eficiente e criativa, os jogos didticos se tornam

    recomendveis, porque envolve adultos, jovens e crianas (MORIM, 2000 apud

    PENTEADO; OLIVEIRA; ZACHARIAS, 2010).

    3.4.2. Literatura de Cordel

    A literatura de cordel veio da Pennsula Ibrica trazida pelos

    colonizadores, tornou-se uma das grandes riquezas culturais do povo brasileiro,

    principalmente do povo nordestino. O cordel classificado como literatura popular

    impressa e nas primeiras dcadas do sculo XIX, contribuiu muito para o letramento

    do povo dessa regio (BARBOSA; PASSOS; COELHO, 2011). Esse, consiste numa

    poesia de carter popular, que originalmente era realizada apenas oralmente.

    Contudo, aps alguns anos, ela passou a ser realizada de forma escrita ou impressa

    em folhetos. Seus versos so escritos em rimas e algumas vezes com ilustraes,

    chamadas de xilogravuras (SILVA et al., s/d).

    Diante do problema educacional que o nosso pas enfrenta,

    preocupante o crescente desinteresse e a passividade dos alunos em sala de aula,

    em que existe certo distanciamento entre a realidade proposta pelos livros didticos

    e a realidade dos alunos. Uma aproximao pode ser promovida por meio da

    literatura de cordel, que tem um enorme potencial didtico e o poder de se aliar ao

    processo ensino-aprendizagem de forma que se consiga revitalizar o gosto pela

  • 19

    leitura. Alm do mais, o cordel pode ser utilizado como instrumento de baixo custo

    para a divulgao cientfica, capaz de atingir diversos segmentos sociais, por meio

    da utilizao de rimas que atraem e tornam a leitura mais agradvel e prazerosa

    sobre os diversos temas possveis (BARBOSA; PASSOS; COELHO, 2011).

    A literatura de cordel pode ser definida como patrimnio da cultura

    nordestina, j que ela preserva o sentir, o fazer e o saber do sujeito nordestino.

    Nessa perspectiva, ela pode ser definida como um vis social que abrange inmeros

    aspectos do nordeste. Suas poesias alm de expressar os valores nordestinos, nos

    convidam a refletir acerca da realidade social nordestina. Em funo disso, esse tipo

    de literatura um recurso que propaga um conhecimento scio-histrico e promove

    uma reflexo critica acerca da realidade (PROFRIO et al., 2010).

    A literatura de cordel consiste num recurso de comunicao popular, uma

    vez que aborda fatos do dia a dia das pessoas e, sobretudo, retrata aspectos

    culturais de determinada regio. A cultura consiste em tudo que o homem faz, seja

    pensamento ou ao. Assim, retrata as mais diversas formas por meio das quais os

    homens se relacionam em seu meio social. Como, por exemplo, essa literatura

    propaga os aspectos folclricos, na medida em que expem diversos costumes,

    personagens, crenas, fbulas, histrias e tradies. E, para tanto, se utiliza de uma

    linguagem variada. Em alguns casos, utilizando-se do humor e da stira, para expor

    seus objetivos. Isto , para abordar diversas temticas do cotidiano das pessoas

    (SILVA et al., s/d).

    Dessa forma, a cultura deveria ser mais abordada na escola e na sala de

    aula, como requisito obrigatrio no processo do ensino e da aprendizagem. A

    valorizao da cultura local deveria ser um dos elementos mais significativos na

    prtica docente e escolar. Convm discuti-la, no s nas aulas de histria ou

    literatura, como tema transversal, mas tambm em todas as disciplinas, inclusive no

    Ensino de Cincias, em que a literatura de cordel pode ser trabalhada como

    elemento pedaggico (FILHO; SANTOS, s/d).

    Um dos objetivos da utilizao do cordel como recurso didtico

    possibilitar um Ensino de Cincias que contribua para a formao do educando e

    supere a memorizao do contedo. Contudo, necessrio esclarecer que esse

    recurso no pode ser pensado de forma isolada, desarticulada da proposta

    pedaggica. Acredita-se que as mudanas na dimenso metodolgica devem ser

    consequncia de uma resignificao da ao pedaggica como um todo, pois uma

  • 20

    mudana isolada nos procedimentos metodolgicos no produzir um salto

    qualitativo na prtica docente (BARBOSA; PASSOS; COELHO, 2011).

    3.4.3. Aulas de Campo

    As aulas de campo de Cincias em um ambiente natural podem ser

    positivas na aprendizagem dos conceitos, medida que so um estmulo para os

    professores, que vem uma possibilidade de inovao para seus trabalhos e assim

    se empenham mais na orientao dos alunos. Para os alunos importante que o

    professor conhea bem o ambiente a ser visitado e que este ambiente seja limitado,

    no sentido espacial e fsico, de forma a atender os objetivos da aula (SANTOS, 2002

    apud SENICIATO; CAVASSAN, 2004).

    Assim as aulas de Cincias e de Biologia desenvolvidas em ambientes

    naturais tem sido apontadas como uma metodologia eficaz tanto por envolverem e

    motivarem crianas e jovens nas atividades educativas, quanto por constiturem um

    instrumento de superao da fragmentao do conhecimento (SENICIATO;

    CAVASSAN, 2004).

    Dessa forma, o Ensino de Cincias tambm deve estimular a ampliao

    do conhecimento sobre a diversidade da vida nos ambientes naturais e construdos,

    discutindo a dinmica da natureza, e como a vida se processa em diferentes

    espaos, ao longo do tempo. Deve visar uma reconstruo crtica da relao

    homem-natureza, superando vises distorcidas, utilitaristas, no qual o homem surge

    como senhor e o ambiente natural como fonte inesgotvel de recursos (VIVEIRO,

    2006).

    As aulas de campo permitem que os alunos tenham o contato direto com

    a natureza, o que possibilita uma interao maior entre ambos, porque a relao

    com o ambiente natural algo novo ento, estimula a curiosidade da turma,

    misturando-se teoria e prtica.

    3.4.4. Construo de Modelos Didticos

    Como proposta para uma prtica pedaggica diferenciada o professor

    pode se utilizar de artifcios como a construo de modelos didticos. Estes

    representam uma forma ldica de instigar os alunos a pensarem e produzirem novos

    conhecimentos (MENDONA; SANTOS, 2011).

  • 21

    Considera-se que, o aluno ao construir seu conhecimento ter um

    aprendizado mais efetivo, para isso necessrio que o educador d a ele

    oportunidade de aprender a argumentar e exercitar a razo, no fornecendo-lhe

    respostas prontas e definitivas ou lhe impor o prprio ponto de vista. Neste processo

    educativo, a utilizao de material didtico-pedaggico que permita a manipulao e

    visualizao do contedo uma ferramenta relevante, possibilitando um

    aprendizado experiencial (SOUZA; ANDRADE; JNIOR, 2008). Assim, a confeco

    do material de apoio vem atender necessidade do aluno, melhorando a

    visualizao e percepo do objeto real (MARTINS et al., 2010).

    Os modelos didticos so um dos recursos mais utilizados no Ensino de

    Cincias e Biologia para mostrar objetos em trs dimenses. Para diminuir as

    limitaes e envolver o aluno no processo de aprendizagem, importante que eles

    faam os prprios modelos (KRASILCHICK 2004 apud MATOS et al., 2009).

    O material produzido pelos alunos pode ser utilizado tambm em

    atividades extraclasse, como: oficinas para escolas, emprstimos para feiras de

    cincias, dentre outros, possibilitando assim a intensa participao dos alunos no

    processo de aprendizagem. Alm disso, contribuem no apenas para o

    conhecimento dos estudantes envolvidos, como tambm para o intercmbio entre os

    alunos, promovendo a difuso do conhecimento e desenvolvendo a criatividade e o

    esprito de equipe entre os estudantes (MATOS et al., 2009).

    Quando os modelos didticos construdos nas aulas prticas so feitos

    com materiais de baixo custo, encontrados no cotidiano da turma, as aulas tornam-

    se mais atrativas e motivadoras, porque os alunos saem da posio de ouvinte e

    participam ativamente da aula.

  • 22

    4. PROCEDIMENTO METODOLGICO 4.1. Tipo de Estudo

    O estudo foi do tipo exploratrio, descritivo, observacional, numa

    abordagem quantitativa. A opo por um trabalho de cunho exploratrio encontra

    respaldo em Gil (2010) quando ele defende que a pesquisa exploratria envolve

    levantamento bibliogrfico, aplicao de questionrio ou ainda entrevista com

    pessoas que tiveram experincias prticas com o problema pesquisado e a anlise

    de exemplos que estimulam a compreenso.

    A pesquisa descritiva apresenta uma experincia, uma situao, um

    fenmeno ou processo nos mnimos detalhes. A grande contribuio das pesquisas

    descritivas proporcionar novas vises sobre uma realidade j conhecida.

    Geralmente, assumem a forma de levantamentos e quando o aprofundamento da

    pesquisa descritiva permite estabelecer relaes de dependncia entre variveis,

    possvel generalizar resultados (SANTOS, s/d). De acordo com Gil (2008), as

    pesquisas descritivas possuem como objetivo a descrio das caractersticas de

    uma populao, fenmeno ou de uma experincia.

    A pesquisa observacional aquela realizada pelo pesquisador, em que

    este apenas observa, de modo passivo, a ocorrncia dos eventos sobre os sujeitos

    da pesquisa. Pode ser descritivo, quando observador apenas descreve os eventos

    ocorridos, ou analtico, quando o observador testa hipteses ou estabelece

    associaes correlaes ou inferncias (PEREIRA, 2008).

    A pesquisa quantitativa utilizada nos casos no qual necessrio um

    estudo exploratrio para a obteno de um conhecimento mais profundo do

    problema da pesquisa, ou ainda quando se deseja um diagnstico inicial de uma

    situao e, principalmente, nos estudos experimentais e pesquisa de campo

    (MEZZAROBA; MONTEIRO, 2006).

    4.2. Cenrio da Pesquisa

    A pesquisa foi realizada na Escola de Ensino Fundamental Jeremias

    Felipe que est localizada no stio Morada Nova, Iguatu CE, caracterizando-se por

    ser nica na regio, recebendo o ttulo de escola plo. Essa instituio de ensino foi

  • 23

    fundada em 1988, atualmente possui 32 funcionrios, sendo 7 professores e,

    apresenta 149 alunos que cursam do 1 ao 5 ano. O nome dado a escola foi uma

    homenagem para um morador da comunidade que era uma pessoa muito solidria.

    O municpio de Iguatu localiza-se no Alto Jaguaribe, na regio centro-sul

    do Cear, distante cerca de 380 km da capital do Estado. considerada cidade plo

    da regio, com 96.495 habitantes, IBGE (2010) e o stio Morada Nova encontra-se a

    26 km do municpio de Iguatu.

    4.3. Sujeitos da Pesquisa

    Foram convidados a participar da pesquisa os alunos do 5 ano da Escola

    de Ensino Fundamental Jeremias Felipe localizada no municpio de Iguatu-CE. A

    classe possui dezesseis alunos, com idade mdia de dez anos que assistem s

    aulas de Cincias trs vezes por semana. As aulas so ministradas pela professora

    da turma que possui licenciatura em Matemtica, como a tutora no est atuando na

    rea dela, esse pode ser um dos motivos pelo qual ela no desenvolve atividades

    prticas com a turma.

    4.4. Instrumentos de Coleta de Dados

    A pesquisa foi realizada em quatro etapas:

    1. Aplicao de Questionrio:

    Os dados foram coletados no ms de agosto de 2012, tendo como

    instrumento para coleta de dados, um questionrio contendo quatorze perguntas

    objetivas (Apndice C) que foi aplicado aos alunos presentes na sala no momento

    mais apropriado para eles, para no prejudic-los no curso normal das atividades

    escolares. Segundo Gil (2010), pode-se definir questionrio como a tcnica de

    investigao composta por um nmero significante de questes apresentadas por

    escrito s pessoas.

    importante ressaltar que o questionrio foi entregue aps o

    acompanhamento das aulas ministradas pela professora da turma, sobre o estudo

    do Sistema Genital Humano, Uma Nova Vida e As Percepes e Aes Humanas,

  • 24

    com o intuito de averiguar a assimilao e aprendizagem dos alunos, por meio de

    uma metodologia tradicional de ensino, em que a professora se detm apenas ao

    uso do livro didtico. O questionrio foi respondido de forma manuscrita por cada

    participante.

    2. Construo de Modelos Didticos pelos Alunos:

    Os modelos didticos construdos pelos alunos foram simples de fazer e

    utilizaram materiais de baixo custo. Foram feitos, a partir de modelos prontos,

    construdos por mim e levados para a sala de aula, servindo de referncia para que

    a partir de orientaes, os alunos produzissem peas semelhantes. A construo

    dos modelos didticos aconteceu aps as aulas ministradas pela professora. O

    tempo de execuo dessa atividade foi de uma hora/aula.

    Os modelos didticos construdos pela turma foram o vulo e

    espermatozide, ambos feitos com massa de modelar. Outro modelo didtico

    contrudo foi o corpo humano, enfatizando o crebro, a coluna vertebral e os nervos.

    Para construir esse modelo os estudantes foram divididos em equipes e utilizaram

    papel madeira, canetinha, rgua, lpis e borracha. O modelo foi construdo da

    seguinte maneira: um aluno se deitou sobre o papel madeira e outro desenhava o

    contorno do seu corpo com um lpis e depois cobriam com canetinha, em seguida

    eles faziam a coluna vertebral e seus nervos e por ltimo desenhavam o crebro

    (apndice D). Esses modelos construdos pelos alunos foram deixados na escola

    para que outros estudantes pudessem utiliz-los.

    3. Observao da Construo dos Modelos Didticos:

    No momento que os alunos estavam construindo os modelos didticos, foi

    observado o interesse, participao e engajamento da turma, na realizao dessa

    atividade.

    4. Reaplicao do questionrio

    Aps a construo dos modelos, foi reaplicado o mesmo questionrio que

    foi utilizado depois das aulas da professora. O intuito desse processo avaliar se

    realmente a construo de modelos didticos facilitou a assimilao dos contedos

    de Cincias trabalhados em sala.

  • 25

    4.5. Anlise dos Dados

    Os dados foram analisados por meio da utilizao de tcnicas estatstica,

    em que foram utilizadas tabelas e grficos.

    De acordo com Marconi e Lakatos (2006), anlise uma tentativa de

    evidenciar as relaes existentes entre o fenmeno estudado e outros fatores. J a

    interpretao, significa a exposio do material apresentado, em relao aos

    objetivos propostos e a relao com o tema.

    Os grficos tm por objetivos dar um conhecimento da situao real do

    atual problema estudado. No que diz respeito s tabelas, estas auxiliam na

    apresentao dos dados, facilitando o leitor a compreenso e interpretao desses

    (MARCONI; LAKATOS, 2006).

  • 26

    5. RESULTADOS E DISCUSSO

    A pesquisa foi realizada com os alunos do 5 ano da Escola de Ensino

    Fundamental Jeremias Felipe, localizada no municpio de Iguatu-CE. Em um

    primeiro momento foi feita a observao das aulas sobre A Reproduo Humana e

    As Percepes e Aes Humanas, as quais foram ministradas pela professora

    responsvel pela turma.

    Em seguida, foi aplicado um questionrio contendo 14 perguntas

    objetivas, algumas relacionadas ao contedo estudado em sala de aula durante a

    aula expositiva ministrada pela professora titular e outras que abordavam a

    construo e utilizao de modelos didticos construdos com material de baixo

    custo sobre os temas estudados em sala de aula. Posteriormente, os estudantes

    construram os modelos didticos.

    Aps a discusso em sala de aula sobre os temas acima relacionados foi

    aplicado novamente o mesmo questionrio, com o intuito de avaliar a aprendizagem

    dos alunos depois da construo dos modelos didticos. Atravs dos dados obtidos

    nesta pesquisa verificou-se o aprendizado dos alunos do 5 ano do Ensino

    Fundamental na disciplina de Cincias, com e sem o uso de modelos didticos

    construdos com material de baixo custo, comparando assim duas realidades. Todos

    os dados foram coletados no ms de agosto de 2012.

    A turma em que a pesquisa foi realizada era composta por 16 alunos, na

    primeira vez que o questionrio foi aplicado todos os estudantes estavam presentes

    na sala e a turma inteira respondeu as questes. Depois que os alunos construram

    os modelos didticos e foi aplicado novamente o mesmo questionrio, apenas 14

    educandos responderam as questes, porque havia faltado 2 estudantes nesse dia.

    5.1. Incentivo para os Alunos Construrem Modelos Didticos

    Espera-se que depois da realizao desse trabalho, os alunos da turma

    em que a pesquisa foi realizada, comecem a pedir para a professora trazer algo de

    novo e atraente para a sala de aula, porque os estudantes no conheciam aulas

    prticas e, construir modelos didticos chamou a ateno da turma, motivou os

    alunos a participarem da aula e o mais importante a aprendizagem melhorou

    significativamente.

  • 27

    Com isso, a professora regente da turma, poder utilizar recursos

    didticos em busca de uma aula mais atraente e como forma de motivar e estimular

    os alunos a terem mais ateno ao aprendizado, uma vez que as aulas tradicionais

    tornam os alunos mais dispersos e menos interessados. Atravs da observao

    realizada durante a construo de modelos didticos, foi possvel perceber que os

    alunos demonstraram mais entusiasmados e houve uma maior participao por

    parte deles, em que os mesmos no precisaram decorar nomes cientficos e as

    palavras complicadas do livro didtico e conseguiram ver na prtica o que acontece

    na teoria.

    Muitas vezes o aluno necessita receber estmulos para agir. Os estmulos

    que podem ser utilizados pelo professor para motivar os alunos so denominados

    incentivos, estes so importantes recursos didticos e devem ser frequentemente

    utilizados. Uma incentivao bem sucedida propicia a participao ativa de todos os

    alunos, isso porque eles se sentiro apoiados pela orientao do professor, seguros

    para expor suas dvidas, estimulados a debater suas idias, tranquilos para

    apresentar exemplos pessoais, ansiosos para demonstrar o que aprenderam e,

    desafiados a executar as prximas atividades (VALENTE, 2009).

    Segundo Furman (2009), incentivar os alunos a fazerem atividades

    prticas na sala de aula gera notcias boas. No preciso ter um laboratrio para

    fazer essas atividades e a maior parte das experincias pode ser realizada com

    materiais de baixo custo e em sala de aula, que resulta em um espao adequado

    para fazer a maioria das atividades prticas.

    A importncia dos mtodos alternativos deve ser pesquisada para se

    obter um conhecimento crescente de seus benefcios para os alunos, bem como

    incentivados na educao para que professores obtenham, assim, melhores

    resultados no processo de ensino-aprendizagem (COELHO et al., 2010).

    Incentivar a participao dos estudantes em aulas prticas ajuda a

    despertar a curiosidade para aquilo que o professor est explicando, porque eles

    percebem que podem utilizar os conhecimentos adquiridos em sala de aula alm do

    ambiente escolar. O incentivo para os alunos construrem modelos didticos, traz

    inmeras vantagens para a aprendizagem, principalmente pelo fato de que os

    educandos aprendem se divertindo.

    Atravs das aulas prticas, se incentiva o aprendizado, visando despertar

    nos estudantes o interesse e o amor pela cincia. preciso desmistificar a cincia e

  • 28

    possibilitar que os estudantes observem e compreendam sua presena no cotidiano

    (TONELOTO, 2012).

    Existe uma quantidade satisfatria de literaturas que estimulam o ensino

    dinmico, com vivencia e linguagem acessvel. Por isso se faz necessrio implantar

    projetos que incentivem as comunidades escolares utilizarem os recursos

    disponveis para melhorar a compreenso dos alunos do Ensino Fundamental em

    relao ao Ensino de Cincias (MARTINS, s/d).

    Kist, Baumgartner e Ferraz (2008), acreditam que as aulas prticas de

    Cincias devem realizar objetivos como: introduzir formas de pensamento mais

    crticas e criativas, estimular a comparao de diferentes hipteses e instigar a

    imaginao de novas possibilidades, porque so todos voltados ao desenvolvimento

    do aluno e de futuros pesquisadores, que necessitam de incentivo para a busca de

    conhecimento a partir do que j possuem.

    Incentivar as aulas prticas pode ser o caminho para melhorar a

    qualidade de ensino, visto que a escola deve proporcionar ao educando maneiras

    que lhes permitam se organizar e se tornarem responsveis pelos espaos que so

    disponibilizados (SANTANA et al., s/d).

    5.2. Metodologia Tradicional do Ensino de Cincias Adicionada Construo

    de Modelos Didticos na Aprendizagem dos Alunos do 5 Ano

    No que se refere ao contedo de Cincias ministrado em sala de aula,

    foram abordadas no questionrio seis perguntas, trs que avaliavam o conhecimento

    dos alunos sobre o contedo A Reproduo Humana e trs perguntas sobre o

    contedo As Percepes e Aes Humanas. Antes da construo dos modelos

    didticos foi verificado o conhecimento dos alunos sobre as alteraes que podem

    ocorrer durante a puberdade, 87,5% dos alunos responderam que meninos e

    meninas passam por mudanas fsicas e comportamentais. Na questo que

    perguntava quais so as clulas reprodutivas feminina e masculina, 87,5% dos

    estudantes responderam que era vulo e espermatozide. J a questo que

    indagava sobre o tempo de gestao humana, 93,75% dos estudantes responderam

    que era nove meses. Em relao ao sistema nervoso, foi perguntado se este

    controlava todas as atividades do nosso corpo e 56,25% dos alunos responderam

    sim. Na questo que indagava qual a localizao do crebro, 100% dos alunos

  • 29

    responderam que era na cabea e 81,25% dos alunos responderam que a medula

    espinhal possui nervos (Tabela 1).

    Tabela 1: Respostas dos alunos do 5 ano do Ensino Fundamental, antes e depois da construo dos modelos didticos com materiais de baixo custo, em relao ao contedo de Cincias ministrado em sala de aula. Iguatu/CE agosto de 2012.

    Fonte: Direta E.E.F. Jeremias Felipe/2012.

    Os resultados obtidos antes da construo dos modelos didticos

    demonstram que mesmo em aulas em que a professora utiliza uma metodologia

    tradicional de ensino, os alunos conseguem assimilar parte do contedo ministrado

    em sala, porm aulas expositivas no devem ser utilizadas como nico recurso,

    porque a aprendizagem de cada aluno diferenciada. Nas aulas tradicionais, os

    alunos aprendem apenas seletivamente o contedo e, pouco tempo depois

    Antes Depois

    Na puberdade: N % N %

    O corpo de meninos e meninas passa por mudanas fsicas e comportamentais

    14 87,5 14 100

    O corpo no sofre nenhuma mudana 1 6,25 - -

    No sei 1 6,25 - -

    Quais as clulas reprodutivas feminina e masculina? N % N %

    Zigoto e espermatozide 1 6,25 - - vulo e espermatozide 14 87,5 14 100 Nenhuma das alternativas 1 6,25 - - Qual o tempo de gestao humana? N % N %

    7 meses 1 6,25 - - 9 meses 15 93,75 14 100

    No sei - - - - O sistema nervoso controla todas as atividades do corpo. Essa afirmao est correta?

    N % N %

    Sim 9 56,25 13 92,85

    No 5 31,25 1 7,15

    No sei 2 12,5 - - Onde est localizado o crebro? N % N %

    Na coluna vertebral - - - - Na cabea 16 100 14 100 Nenhuma das alternativas - - - - Na medula espinhal existe nervos? N % N %

    Sim 13 81,25 14 100

    No 2 12,5 - - No sei 1 6,25 - -

  • 30

    esquecem o conhecimento adquirido em sala, ou tm dificuldades de aplic-los em

    novas situaes.

    Os contedos repassados por aulas tradicionais tendem a ser esquecidos

    mais rapidamente, j que a audio passiva um veculo de aprendizagem menos

    eficiente, havendo o risco de ocorrer um pequeno aprendizado (SANTOS, 2011).

    A maioria dos conhecimentos cientficos trabalhados em sala de aula

    acaba sendo esquecida pelos alunos. Muitos destes conhecimentos no tm sentido

    para eles, pois no conseguem aplic-los em situaes do cotidiano e por isso tm

    dificuldades de assimil-los (SCHROEDER; GIASSI; MENESTRINA, 2005).

    Segundo Balbinot (2004), no Ensino de Cincias as aulas expositivas,

    pautadas na transmisso de informaes pelo professor que visa a assegurar a

    memorizao do contedo, ainda so muito frequentes no Ensino Fundamental.

    Essas aulas caracterizam-se por apresentar uma listagem de termos e conceitos

    para serem decorados pelos alunos.

    O Ensino de Cincias na maioria das vezes considerado pelos alunos

    de difcil entendimento e compreenso, por ser uma disciplina com grande

    abrangncia e diversidade de contedos, aliado a diversas nomenclaturas distantes

    do cotidiano. Como ocorre com a maioria das disciplinas, o aluno apenas memoriza

    momentaneamente contedos com o propsito de alcanar pontuao favorvel nas

    avaliaes, no construindo um conhecimento efetivo sobre o contedo abordado

    em sala de aula (SOUSA; JOAQUIM, s/d).

    A questo da relao com o saber pode ser colocada quando se constata

    que alguns estudantes, tm desejo de aprender, enquanto outros no manifestam

    esse mesmo desejo. Uns parecem estar dispostos a aprender algo novo, so

    apaixonados por este ou por aquele tipo de saber ou pelo menos, mostram certa

    disponibilidade para aprender. Outros parecem pouco motivados para aprender e s

    vezes, recusam-se explicitamente a faz-lo (Charlot, 2001apud Viana, 2003).

    Durante a observao, em sala de aula, foi possvel perceber que os

    erros cometidos pela turma, podem est relacionados s constantes conversas

    paralelas entre os alunos e tambm pela falta de ateno destes no momento da

    explicao do contedo ministrado em sala, alm do fato de estudantes vem o

    Ensino de Cincias como algo distante da realidade deles.

    Em geral, alguns problemas como desmotivao e falta de interesse do

    aluno, podem ser vistos como algo constitudo internamente no sujeito, ou como

  • 31

    algo constitudo a partir da ao de uma srie de determinantes presentes no

    contexto social e familiar (IENKE; FERNANDES, 2011).

    Para Charlot (2001), a causa social do fracasso escolar a origem das

    famlias das crianas que sofrem por causa de deficincias scio- culturais, ou seja,

    a causa do fracasso escolar a origem sociofamiliar pouco favorecida de boa parte

    dos alunos.

    Para alguns professores o baixo desempenho escolar de

    responsabilidade do aluno. Alguns educadores questionam se a falta de interesse

    dos alunos se deve ao fato de eles terem conscincia de que sero aprovados

    mesmo no tendo adquirido os conhecimentos necessrios (IENKE; FERNANDES,

    2011).

    A maioria dos alunos pensa que nunca vo utilizar os conhecimentos

    adquiridos ao longo de vrios anos na sala de aula e, por isso ficam dispersos no

    momento da explicao do contedo ministrado pelo professor.

    Depois que os alunos construram os modelos didticos com materiais de

    baixo custo e foi aplicado novamente o mesmo questionrio, se pde perceber uma

    melhoria significativa da aprendizagem do contedo de Cincias.

    A respeito de conhecimento dos alunos sobre as alteraes que podem

    ocorrer durante a puberdade, 100% dos alunos responderam que meninos e

    meninas passam por mudanas fsicas e comportamentais. Quando questionados

    quais so as clulas reprodutivas feminina e masculina, 100% responderam que era

    vulo e espermatozide. J a questo que perguntava sobre o tempo de gestao

    humana, 100% dos estudantes responderam que era nove meses. Em relao o

    conhecimento dos estudantes sobre o sistema nervoso, foi perguntado se este

    controlava todas as atividades do nosso corpo e 92,85% dos alunos responderam

    sim. Quando indagados qual a localizao do crebro, 100% dos alunos

    responderam que era na cabea e 100% dos alunos responderam que a medula

    espinhal possui nervos (Tabela 1).

    A confeco dos modelos didticos com materiais de baixo custo, aps as

    aulas tericas ajudou os estudantes a entenderem e assimilarem melhor o assunto

    trabalhado, pela professora responsvel pela turma. A aula diversificada atraiu mais

    a ateno da turma e os estudantes participaram ativamente e, medida que os

    modelos didticos foram sendo construdos, houve uma ntida melhoria na

  • 32

    capacidade assimilativa, associativa e de memorizao do contedo pelos alunos,

    se comparado as respostas destes antes da construo dos modelos didticos

    (Tabela 1).

    A utilizao de materiais alternativos como um recurso demonstrativo,

    estimula o aluno numa aula terico-prtica, tornando o processo de ensino-

    aprendizagem mais eficaz e interessante. Modelos didticos so de suma

    importncia porque, alm de desenvolverem a capacidade criativa do aluno, tambm

    representam uma construo do conhecimento que pode ser utilizada como

    referncia, uma imagem analgica que permite materializar uma idia ou um

    conceito, tornando-os assim, diretamente assimilveis (GIORDAN; VECCHI, 1996).

    Campos, Bortoloto e Felcio (2002), consideram que a apropriao e a

    aprendizagem significativa de conhecimentos so facilitadas quando tomam a forma

    aparente de atividade ldica, porque os alunos ficam entusiasmados quando

    recebem a proposta de aprender de uma forma mais interativa e divertida,

    resultando em um aprendizado mais significativo.

    De acordo com Bizzo (2000), as aulas prticas so uma boa forma de se

    verificar e auxiliar o processo de ensino-aprendizagem, uma vez que acompanhar o

    processo de aprendizagem dos alunos, passa pela observao dos progressos e

    das dificuldades da sala de aula. uma atividade importante que o professor deve

    fazer em sala de aula, pois os alunos muitas vezes tm dificuldade de compreender

    o porqu dos contedos por ele estudado na escola. Segundo Souza (2012), aulas

    prticas despertam nos alunos a curiosidade, observao, integrao, capacidade

    de formular hipteses e apresentar solues.

    As aulas prticas so ferramentas de grande importncia na prtica do

    docente, pois possibilitam levantamento de hipteses, questionamentos e

    observaes que promovem a construo do conhecimento dos estudantes

    (SOUSA; JOAQUIM, s/d).

    Quando os estudantes foram indagados se aulas tradicionais eram

    suficientes para a aprendizagem deles, 56,25% dos alunos responderam sim

    (Grfico1).

  • 33

    Grfico 1. Respostas dos alunos do 5 ano, antes da construo dos modelos didticos com materiais de baixo custo, a cerca da aprendizagem com aulas tradicionais. Iguatu/CE agosto de 2012.

    Na turma em que a pesquisa foi realizada, os estudantes s tinham

    contato com aulas tradicionais, em que o educador utiliza o quadro, giz e o livro

    didtico, ento esse pode ser um dos motivos pelo qual a maioria da turma acha que

    s aulas tericas so suficientes para a assimilao do contedo.

    A tcnica mais difundida para o Ensino de Cincias principalmente a

    aula expositiva, nestas os principais recursos utilizados pelos professores so o

    quadro e o giz (SANTOS, 2011). De acordo com Escolano, Marques e Brito (2010),

    o livro didtico, tambm um recurso muito utilizado pela maioria dos professores,

    devido principalmente a sua facilidade de acesso.

    Dentro da abordagem tradicional, o livro didtico favorece a memorizao,

    com raras possibilidades de contextualizao. Ao formular atividades que no

    contemplam a realidade dos alunos se formam indivduos treinados para repetir

    conceitos, aplicar frmulas e armazenar termos, sem, no entanto, reconhecer

    possibilidades de associ-los ao seu cotidiano (VASCONCELOS; SOUTO, 2003).

    Constata-se a existncia de inmeras crticas relacionadas,

    especialmente, aos procedimentos tradicionais de ensino empregados pelos

    professores e utilizao do livro didtico no magistrio das sries iniciais do Ensino

    Fundamental. evidente o descompasso que existe entre o ensinado em sala de

    aula e a realidade dos alunos, o que torna as aulas de Cincias Naturais irrelevantes

    56, 25% 31,25%

    12,5%

    Sim

    No

    Nem sempre

  • 34

    e sem significado, porque o que se veicula nas escolas quase nunca se relaciona

    com a realidade dos educandos (FILHO; SANTANA; CAMPOS, 2011).

    Em relao construo dos modelos didticos, foi afirmado para os

    alunos que modelos didticos auxiliam a visualizao de estruturas observadas no

    livro didtico, 50% dos estudantes responderam que gostam de construir modelos

    didticos. Quando foi perguntado aos alunos se aulas prticas com construo de

    modelos didticos facilitam mais a aprendizagem que aulas tradicionais, 68,75% dos

    estudantes responderam sim. Quando os estudantes foram indagados em qual tipo

    de aula eles aprendem mais, 56,25% responderam que em aulas usando o

    quadro. Foi afirmado para os alunos que o ensino de Cincias precisa de aulas

    prticas para melhorar a compreenso do assunto estudado, 93,75% dos estudantes

    concordaram com essa afirmao. J na questo que perguntava qual o tipo de aula

    que os alunos preferem, 75% dos estudantes responderam que preferem aulas

    prticas com construo de modelos didticos juntamente com aulas tradicionais,

    porque as duas juntas tornam a aprendizagem mais satisfatria. Quando os

    estudantes foram indagados se gostam de confeccionar modelos didticos, 87,5%

    responderam sim (Tabela 2).

    Tabela 2. Respostas dos alunos do 5 ano do Ensino Fundamental, antes e depois da construo dos modelos didticos com materiais de baixo custo, em relao s aulas prticas com construo dos modelos didticos. Iguatu/CE agosto de 2012.

    Antes Depois

    Modelos didticos auxiliam a visualizao de estruturas observadas no livro didtico. Voc acha melhor:

    N % N %

    Construir os modelos didticos 8 50 14 100

    Que a professora traga pronto 7 43,75 - -

    Nenhuma das alternativas 1 6,25 - -

    Aulas prticas com construo de modelos didticos facilitam mais a aprendizagem que aulas tradicionais?

    N % N %

    Sim 11 68,75 13 92,85

    No 1 6,25 -

    s vezes 4 25 1 7,15

    Voc aprende mais em aulas: N % N %

    Usando o quadro 9 56,25 2 14,30

    Materiais feitos por voc 7 43,75 12 85,70

    Nenhuma das alternativas - - - -

    O ensino de Cincias precisa de aulas prticas para N % N %

  • 35

    melhorar a compreenso do assunto estudado?

    Sim 15 93,75 14 100

    No 1 6,25 - -

    No sei - - - -

    Voc prefere: N % N %

    Aulas prticas com construo de modelos didticos 1 6,25 2 14,30

    Aulas tradicionais 3 18,75 1 7,15

    Aulas prticas com construo de modelos didticos juntamente com aulas tradicionais

    12 75 11 78,55

    Voc gosta de confeccionar modelos didticos? N % N %

    Sim 14 87,5 13 92,85

    No 1 6,25 1 7,15

    Nem sempre 1 6,25 - -

    Fonte: Direta E.E.F. Jeremias Felipe/2012.

    Mesmo no existindo aulas prticas na escola onde a pesquisa foi

    realizada, a maioria da turma expressa necessidade desse tipo de aula para

    facilitar a aprendizagem, como mostrado na tabela acima.

    Dentre as modalidades didticas existentes, tais como aulas expositivas,

    demonstraes, excurses, discusses, aulas prticas e projetos, como forma de

    vivenciar o mtodo cientfico, as aulas prticas e projetos so mais adequados.

    Entre as principais funes das aulas prticas esto: despertar e manter o interesse

    dos alunos, envolver os estudantes em investigaes cientficas, desenvolver a

    capacidade de resolver problemas, compreender conceitos bsicos e desenvolver

    habilidades (KRASILCHIK, 2008).

    Na disciplina de Cincias Naturais a prtica no deveria ser desvinculada

    da teoria. Por isso, se acredita que o reconhecimento por parte dos alunos na

    construo do pensamento cientfico, atesta o carter investigativo das aulas

    prticas (PRIGOL; GIANNOTTI, 2008).

    Na expectativa de reverter os problemas que afligem a rea da educao,

    se acredita que a implementao de novas prticas educativas, dentre as quais se

    destaca o uso de estratgias de ensino diversificadas, possam auxiliar na superao

    de alguns obstculos (PEDROSO, 2009).

  • 36

    Segundo Leite, Silva e Vaz (2005), aulas prticas servem de estratgia e

    podem auxiliar o professor a retomar um assunto j trabalhado em sala, construindo

    com seus alunos uma nova viso sobre um mesmo tema. Quando compreende um

    contedo abordado em sala de aula, o aluno amplia sua reflexo sobre os

    fenmenos que acontecem sua volta e isso pode gerar discusses durante as

    aulas fazendo com que os estudantes, alm de exporem suas idias, aprendam a

    respeitar as opinies de seus colegas de sala.

    As aulas prticas so excelentes para o contato direto com as imagens

    observadas no livro didtico, alm de incentivarem o envolvimento, a participao e

    o trabalho em equipe. Isso se tornar possvel se o experimento for bem planejado e

    investigativo, tendo relao com o contexto da vida do aluno (LEPIENSKI; PINHO,

    s/d).

    O professor no precisa de um laboratrio grandioso e bem equipado

    para realizar prticas com seus alunos, estas podem ser feitas em qualquer sala de

    aula, sem a necessidade de instrumentos ou aparelhos sofisticados e caros, existem

    vrios tipos de materiais de baixo custo que podem ser utilizados na realizao de

    aulas no tradicionais.

    Depois da aula prtica, foi afirmado para a turma que modelos didticos

    auxiliam a visualizao de estruturas observadas no livro didtico, 100% dos

    estudantes responderam que gostam de construir modelos didticos. Quando

    indagados se aulas prticas com construo de modelos didticos facilitam mais a

    aprendizagem que aulas tradicionais, 92,85% dos estudantes responderam sim.

    Quando questionados em qual tipo de aula eles aprendem mais, 85,70%

    responderam que em aulas que eles constroem o material. Foi afirmado para os

    estudantes que o ensino de Cincias precisa de aulas prticas para melhorar a

    compreenso do assunto estudado e 100% dos educandos concordaram com essa

    afirmao. J na questo que perguntava qual o tipo de aula os alunos preferem,

    78,55% dos estudantes responderam que preferem aulas prticas com construo

    de modelos didticos juntamente com aulas tradicionais, porque as duas juntas

    tornam a aprendizagem mais satisfatria. Quando indagados se gostam de

    confeccionar modelos didticos, 92,85% responderam sim (Tabela 2).

    O contato com materiais diversificados e atraentes mudou a opinio dos

    alunos, se analisarmos as respostas destes antes da construo dos modelos

    didticos (Tabela 2). Eles gostaram muito de construir os modelos didticos com

  • 37

    materiais de baixo custo, porque para eles foi uma atividade nova, antes

    desconhecida, j que nunca tiveram esse tipo de aula antes e, essa novidade

    agradou a turma inteira. A empolgao e o entusiasmo dos estudantes eram ntidos,

    todos participaram da construo dos modelos didticos e relataram que a aula tinha

    sido atraente e proveitosa, facilitando o processo de ensino-aprendizagem.

    Atravs da utilizao de materiais de baixo custo, encontrados no

    cotidiano da turma, possvel se propiciar aulas mais atraentes e motivadoras, nas

    quais os alunos so envolvidos na construo de seu conhecimento (SOUZA;

    ANDRADE; JNIOR, 2008).

    Segundo Zuanon, Diniz e Nascimento (2010), a concepo dos alunos,

    em relao ao processo de ensino e de aprendizagem, quando aliado

    oportunidade de manusear materiais pedaggicos construdos por eles e de

    estreitar relaes interpessoais, implica em uma forma de aprendizagem satisfatria.

    Uma aula diferenciada marca os alunos de uma forma que os livros no

    conseguem, aulas prticas ficam na memria como algo para se lembrar para

    sempre, seja pelas descobertas, brincadeiras ou pelo fato de sair da rotina da aula

    tradicional (BUENO; PARODE, 2011).

    Ao escolher modelos didticos como aporte pedaggico, se tem a

    possibilidade de trabalhar a interatividade e raciocnio dos estudantes, exercitando a

    mente com uma forma ldica de assimilar novos conhecimentos. fundamental que

    professores entrem em consenso sobre a utilizao de materiais didticos, porque

    estes so pontos-chave de reforo na melhoria de suas aulas, para que estas sejam

    descontradas e possuam a participao de todos da turma em conjunto

    (MENDONA; SANTOS, 2011).

    Os recursos didticos so ferramentas fundamentais para a

    aprendizagem, servindo de instrumentos facilitadores. A construo do

    conhecimento que, na escola, se d mediante o processo de ensino-aprendizagem

    pode ser realizada de uma forma diferente da tradicional, ou seja, com a utilizao

    de prticas inovadoras que so levadas para dentro da sala de aula e que, de

    alguma forma incentiva e motiva o aluno. Para sair da rotina de aulas expositivas, os

    professores podem utilizar vrias atividades dinmicas que sirvam de estmulo para

    seus alunos e os induzam a participarem mais efetivamente das aulas (SANTANA,

    SANTOS, 2010).

  • 38

    Quando os estudantes foram indagados se aulas tradicionais eram

    suficientes para a aprendizagem deles, 100% responderam no (Grfico 2).

    Grfico 2. Respostas dos alunos do 5 ano, depois da construo dos modelos didticos com materiais de baixo custo, a cerca da aprendizagem com aulas tradicionais. Iguatu/CE agosto de 2012.

    Depois que os alunos construram os modelos didticos, perceberam que

    aulas prticas, quando comparadas as aulas expositivas, so timas ferramentas

    para a construo do saber, ajudando na compreenso e fixao do assunto

    estudado e, que somente aulas tradicionais no so muito eficientes para uma

    aprendizagem proveitosa.

    Uma aula expositiva pode ser aprimorada por meio da utilizao dos

    recursos didticos. Uma vez que o aluno deixar a situao passiva e se tornar um

    agente ativo da situao, podendo dessa maneira absorver mais os contedos

    expostos pelos professores (SANTOS, 2011).

    Filho et al. (2011), acredita que o processo de ensino-aprendizagem no

    deve mais objetivar pela memorizao, mas sim primar pelo desenvolvimento do ato

    de pensar, refletir, para que o aluno possa se expressar corretamente e seja capaz

    de identificar e solucionar problemas, tomando decises conscientes e

    responsveis.

    100%

    Sim

    No

    Nem sempre

  • 39

    5.3. Interesse dos alunos do 5 ano por Aulas de Cincias Realizadas com

    Modelos Didticos Construdos com Material de Baixo Custo

    No que se refere ao interesse dos alunos por aulas no tradicionais, foi

    indagado para estes se aulas prticas com construo de modelos didticos so

    mais interessantes que aulas tradicionais, 43,75% dos estudantes responderam no

    (Grfico 3).

    Grfico 3. Interesse dos alunos do 5 ano do Ensino Fundamental por aulas prticas, antes da construo dos modelos didticos com materiais de baixo custo. Iguatu/ CE agosto de 2012.

    A falta de interesse da maioria da turma por aulas prticas pode est

    relacionado ausncia de recursos didticos nas aulas de Cincias, porque os

    educandos no tm contato com materiais diversificados e s conhecem aulas

    tradicionais.

    As aulas tericas so importantes na aprendizagem dos alunos, mas

    essas os tornam meros expectadores. J na relao teoria x prtica, os estudantes

    passam a atuar como coadjuvantes no processo ensino-aprendizagem. o sujeito

    ativo e passivo da relao (SOUZA, 2012).

    A aula expositiva pode ser enriquecedora e dinmica desde que o

    professor tenha domnio de contedo, consiga prender a ateno dos alunos, utilize

    25%

    43,75%

    31,25%

    Sim

    No

    As vezes

  • 40

    a linguagem didtica com todos os seus recursos, procure tornar as ideias concretas

    e, o mais importante, se certifique de que os alunos esto aprendendo realmente

    (VALENTE, 2009).

    Segundo Santos et al. (2011), o Ensino de Cincias nas escolas

    brasileiras, ainda acontece de forma tradicional e as pesquisas nessa rea,

    costumeiramente, tm como foco o professor. Porm, as pesquisas visando superar

    o modelo tradicional de ensino, tm aumentado nos ltimos anos.

    A educao escolar tradicional tende a apresentar suas aulas usualmente

    transmitidas de forma oral, na qual as palavras precisam ser ouvidas e memorizadas

    pelos alunos, para posteriormente serem repetidas. Na maioria das vezes, grande

    parte destas palavras no possui significado algum para os estudantes, por no

    possurem ligao alguma com o real (PASCHOAL; GURGEL, s/d).

    De acordo com Libneo (2001), os professores que ministram aulas

    tradicionais repassam a matria, exerccios e depois cobram o contedo na prova,

    essa metodologia pode dar alguns bons resultados, porm o mais comum o aluno

    memorizar o que o professor fala, decorar a matria e mecanizar frmulas e

    definies, sendo que a maioria dos educadores no se d conta de que a

    aprendizagem duradoura aquela pela qual os alunos aprendem a lidar de forma

    independente com os conhecimentos.

    A aula expositiva tem sofrido srias restries como principal recurso da

    educao porque nesse tipo de aula o professor quem sabe, este transmite o seu

    saber e, o aluno quem tem que aprender, ou seja, recebe passivamente o

    conhecimento (VALENTE, 2009).

    Em relao ao interesse dos alunos por aulas expositivas, foi perguntado

    para estes se aulas prticas com construo de modelos didticos so mais

    interessantes que aulas tradicionais, 92,85% dos estudantes responderam sim

    (Grfico 4).

  • 41

    Grfico 4. Interesse dos alunos do 5 ano do Ensino Fundamental por aulas prticas, depois da construo dos modelos didticos com materiais de baixo custo. Iguatu/ CE agosto de 2012.

    Desde o incio da aula de Cincias com construo dos modelos didticos

    pelos alunos, estes demonstraram muito interesse, curiosidade e entusiasmo com o

    desenvolvimento da atividade proposta, o que os tornou mais participativos na aula.

    Foi possvel perceber grande engajamento entre os estudantes no momento de

    desenhar o corpo humano, enfatizando o crebro, a coluna espinhal e seus nervos

    e, tambm quando fizeram o vulo e o espermatozide, utilizando massa de modelar

    (Apndice D). Houve envolvimento e interao entre os educandos no momento de

    construo dos modelos didticos, o que tornou a aula mais proveitosa.

    A realidade das escolas brasileiras mostra que o profissional da educao

    deve buscar alternativas educacionais, para us-las em sala de aula, que promovam

    o interesse e muito mais o aprendizado significativo aos educandos, dentre elas,

    destaca-se a utilizao de modelos didticos (SOUZA; FARIA, 2011).

    De acordo com Santos (2011), os recursos didticos podem ser utilizados

    de vrias maneiras, como por exemplo, pela utilizao de materiais palpveis,

    levados para a sala de aula e, tambm confeccionados pelos prprios alunos,

    despertando o interesse e curiosidade da turma.

    A organizao de atividades interessantes permite a explorao e a

    sistematizao de conhecimentos compatveis ao nvel de desenvolvimento

    92,85%

    7,15%

    Sim

    No

    As vezes

  • 42

    intelectual dos estudantes, em diferentes momentos do desenvolvimento (BRASIL,

    1998).

    Os alunos do Ensino Fundamental se sentem mais interessados ao lidar

    com aulas utilizando recursos didticos, por possurem ainda um esprito de criana.

    Contudo, no significa dizer que os recursos no possam ser aproveitados por

    alunos de maior faixa etria, porque aulas prticas podem ser utilizadas por

    estudantes de qualquer idade (SANTOS, 2011).

    A utilizao de aulas prticas fundamental, porque o aluno poder

    visualizar ou at mesmo testar a teoria que vista na sala de aula de uma forma

    diferente, podendo vivenciar e comprovar o que foi exposto pelo professor. Isso

    facilitar o aprendizado do aluno, tornando a aula mais interessante (SANTANA;

    SANTOS, 2010).

  • 43

    6. CONSIDERAOES FINAIS

    Apesar dos avanos tecnolgicos, grande parte dos professores ainda

    utiliza metodologias tradicionais de ensino, as quais no beneficiam a aprendizagem

    dos alunos. interessante que o professor utilize metodologias alternativas como

    dinmicas, construo de modelos didticos, confeco de jogos, ou seja, aulas que

    despertam a ateno do aluno, favorecendo a intensa participao da turma e a

    difuso do conhecimento.

    A realizao desse trabalho possibilitou a anlise de trs questes

    importantes para o Ensino de Cincias que foram: interesse dos alunos por aulas

    prticas, utilizao de aulas tradicionais juntamente com prticas e incentivo para o

    acontecimento das aulas diversificadas, j que a escola em que a pesquisa foi

    realizada no dispunha desse recurso para os alunos.

    O interesse dos alunos pela construo dos modelos didticos demonstra

    que aulas prticas atraem a ateno dos alunos, melhoram aprendizagem e o

    entusiasmo aumenta significativamente, porque os estudantes de uma forma geral

    gostam de novidades.

    O professor pode utilizar modelos didticos dentro e fora da sala de aula,

    porque esses so alternativas viveis para o aprimoramento do processo de ensino-

    aprendizagem, principalmente quando so feitos com materiais de baixo custo,

    estimulando a participao da turma e consequentemente um melhor desempenho.

    Os recursos didticos so fundamentais para uma aprendizagem significativa,

    porque propiciam uma maior assimilao do contedo estudado.

    evidente que aulas prticas preparam os alunos para a construo do

    saber, contextualizam o contedo com o cotidiano, estimulam a criatividade e

    auxiliam na assimilao do assunto abordado em sala. A escola, por sua vez,

    deveria propiciar locais onde os professores pudessem desenvolver esse tipo de

    aula, permitindo aos educandos ter um contato mais prximo com os assuntos

    abordados nas aulas tradicionais.

  • 44

    REFERNCIAS

    ARAJO, G. C. Botnica no Ensino Mdio. 2011. 24 f. Monografia (Graduao no

    curso de licenciatura em Biologia a distncia) - Universidade de Braslia. Braslia, 2011. ARELARO, L. R. G.; JACOMINI, M. A.; KLEIN, S. B. O ensino fundamental de nove anos e o direito educao. Rev. Educao e Pesquisa, So Paulo, v.37, n.1, p. 35-51, jan./abr. 2011. BALBINOT, M. C. Uso de modelos, numa perspectiva ldica, no ensino de

    cincias. In: IV ENCONTRO IBERO-AMERICANO DE COLETIVOS ESCOLARES E

    REDES DE PROFESSORES QUE FAZEM INVESTIGAO NA SUA ESCOLA,

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    . Acesso em: 16 de agosto de 2012.

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    Universidade Estadual de So Paulo, p. 47- 60, 2002.

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