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    Lembrei-me da minha vida desde quando era criana. Revi todo meu passado, era como sestivesse assistindo projeo. A partir dai, naquela solido profunda, comecei a julgar matitudes. Fui um combatente! Lutei contra um sistema que eu no aceitava e que me caurevolta. Entretanto, acabei vtima de mim mesmo e no do sistema que eu condenava.

    Sem perceber, havia optado pela fuga, a mesma fuga que me havia fascinado em outros momda minha vida. O sofrimento por que eu estava passando era caracterstico dos suicidas. Era amesmo que eu me sentia, um suicida. Levado pela revolta, percorri o caminho das drogaencontrar a morte. Embora o mundo me aborrecesse, eu deveria Ter continuado no bom com

    Na verdade, fui um equivocado, apontei tudo que eu achava que estava errado, mas no sindicar o certo. Minhas intenes eram boas, mas minhas atitudes eram contraditrias. Em vatacar e ferir o sistema, eu deveria Ter contribudo para transform-lo. No corri atrs do ourtolos, mas, na cama de meu apartamento, fiquei com a boca aberta esperando a morte chegachegou antecipada! Veio convidada pela minha insensatez. Em vez de repousar em seus braoagora fazia arder minha conscincia. No auge da minha angustia, eu questionava:

    -Quanto tempo terei que ficar nesta situao ? Ficarei aqui at o dia do trem passar ? Ser qu? ou ser que fico ?

    Eu consolava a mim mesmo:

    -No importa! Se vou, livro-me deste mundo equivocado. Se fico, tento outra vez.

    Diante das dvidas que povoaram minha mente, eu afirmava:

    -Tenho certeza de que a vida eterna! Este apenas um momento como outro qualquer. Vai p

    , como tudo passou.

    Essas auto-afirmaes confortavam-me. Constantemente, eu buscava encontrar as vantagenaquela situao me proporcionava. Ento, eu dizia:

    -Pelo menos aqui no ouo os noticirios infames! No posso beber nem me drogar.

    Naquele momento, eu percebi que havia esquecido o vcio! Sentia-me de certa forma reconforpelo menos aquela situao proporcionava-me um bem verdadeiro. O tempo foi passando...

    Vez ou outra, algum vinha depositar flores sobre meu tmulo; elas pareciam ajudar-me; Eu seperfume delas amenizando o cheiro dos ossos que restaram no meu corpo. Lembrei-me de qudia eu e um amigo tentamos nos comunicar com as plantas. Talvez, pela importncia que demelas naquele dia, agora vinham retribuir-me, socorrendo-me com delicioso perfume.

    Eu escutava tudo o que se passava no cemitrio. Ouvi muitos gritos de desespero. Muitas vadormeci, mas os pesadelos faziam-me acordar assustado. Sonhei vrias vezes que estava jufamlia. Desesperado, tentava falar que estava vivo, mas ningum me ouvia.

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    Entre sonhos e pesadelos, continuei preso quele atade que se transformara em minha casperguntava a mim mesmo:

    -Seria esta a minha derradeira morada: Jamais sairia daqui.

    Logo em seguida, respondia-me a mim mesmo cheio de convico:-No. Tenho certeza de que no! Eu no acredito nas penas eternas. Logo estarei fora daqu

    No sei se era intuio , mas eu tinha realmente a certeza de que, em determinado momentsairia dali. Tentei levantar-me algumas vezes, mas ainda estava preso quela situao.

    2o CaptuloFora da Sepultura

    No sabia se havia passado alguns dias, alguns meses ou alguns anos. Perdi completamenoo do tempo, at que ouvi uma voz chamando-me:

    -Ol, malandro! Foi bem de viagem ?

    Sabia que era comigo que falavam, mas no respondi. A voz continuou chamando-me e rindgargalhadas. Lembrava-me a voz de algum conhecido, mas a escurido era tanta que eu no v-lo.

    -O que malandro, vai ficar a vida toda dentro desse buraco? Seu corpo j apodreceu! Vai esapodrecer o seu esprito? Voc est vivo, cara! A morte no existe! Olha para mim! Estou "boa.". Aqui tem tudo o que a gente gosta. Vamos. Sai desse buraco.

    Uma fora estranha impeliu-me e eu sai dali. Demorou muito para que eu pudesse recobrar a vAlgum me estendeu a mo e segurou-me pelo brao...

    Era um homem cuja fisionomia chegava a assustar-me; tentei lembrar-me de onde eu o conmas no consegui.

    -Est assustado, "garoto"? No tenha medo, eu domino esta regio! Voc meu convespecial. Eu sou seu f!

    -Quem voc ?

    -Somos velhos amigos, no vai se lembrar, fazem apenas alguns sculos...

    Suas gargalhadas assustavam-me. ele continuou:

    -Voc deve Ter pensado que o inferno no existe, mas o inferno existe somente para os frestamos no Paraso. Eu governo esta parte da cidade. Voc vai adorar ficar aqui comigo etodos os que esto sob o meu comando. Venha! Vou ensinar a voc como se vive fora do co

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    Constrangido e assustado, segui seus passos at sairmos do cemitrio. Na rua, entrei em pSai correndo sem saber para onde; vaguei no sei quanto tempo; estava aflito; minhas roestavam cheias de vermes, quanto mais eu sacudia mais caam no cho. Desesperado entrum motel. Precisava tomar um banho! Fui at a recepo, falei com a mulher que atendportaria, mas ela no me ouviu; ia insistir novamente quando aproximou-se de mim uma

    mulher:-Ol, querido! No adianta falar com ela, no pode v-lo, voc um esprito desencarnado comEm que posso ser til ?

    -Preciso tomar um banho.

    -S um banho, amor ?

    -Sim. Tenho que me livrar destes vermes.

    -Que vermes?

    -Voc no os v ? Olha aqui! Esto no meu corpo todo, j estou ficando desesperado!

    -Voc no o primeiro louco que vem aqui com essa histria. Isso o que d eu trabalhar pecemitrio. Vamos at a minha sute que eu o fao esquecer os vermes. Vem meu bem, vem

    -Eu quero apenas tomar um banho.

    -Est bem! Eu o levo para tomar um banho. Venha.

    Caminhamos em direo tal sute, passamos por algumas em que, do lado de fora, alguns hoe mulheres se acotovelavam; pareciam estar enxergando atravs da janela fechada e da paachei estranho. Antes de eu perguntar, a mulher comeou a falar:

    -Voc deve estar chegando agora; no sabe nada dessas coisas. Esses espritos so os sexlesto participando do conluio amoroso do casal que est na sute. Se gostarem do desempenhomem ou da mulher, iro com eles para casa.

    Os gestos que eles faziam eram de verdadeiros alucinados; fiquei apavorado e sai correnmulher ficou gritando:

    -Onde voc vai, meu bem ? Vem c!

    No olhei para trs; segui em frente, sem rumo e sem destino; caminhei pelas caladas; vagumuito tempo. Notei que algumas pessoas que passavam por mim pareciam me ver, outrasento entendi que as que me viam eram espritos como eu, as outras eram pessoas encarnFiquei admirado de ver um nmero to grande de espritos caminhando entre os encarnados. Mpareciam saber para onde iam, outros vagavam como eu. Estava meditando sobre a minha situquando ouvi uma msica que me era familiar; o som vinha de um automvel estacionado; aproxme...

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    Era um casal de jovens enamorados. Ela tinha pouco mais de dezesseis anos, ele, uns dezenomais; ouvi o dilogo:

    -Eu adoro ouvir esse cara cantar!

    Exclamou a jovem.

    Ele era demais, pena que morreu, era um dos nossos! vamos homenage-lo ?

    Vamos! Respondeu a jovem.

    O rapaz abriu um papelote de cocana e os dois comearam a "cheirar".

    -Esta pra voc maluco!

    Diante daquela cena, desequilibrei-me. Entrei em crise e comecei a passar mal. Vomitei no squanto tempo; continuei caminhando; cambaleava de um lado pra outro. Eu queria morrverdade! Tudo o que eu fiz na vida havia se tornado uma grande loucura. Sentei-me na soleuma porta e comecei a chorar; alguns espritos que passavam por ali vieram ao meu encont

    -No chore companheiro, ns vamos ajud-lo; venha conosco.

    - Ns vamos levar voc at um lugar muito bom que vai atender s suas necessidades.

    Estava desesperado; deixei-me levar. Fomos parar em um lugar estranho.

    - aqui que deve ficar. Seja bonzinho e ter tudo o que voc precisa.

    Largaram-me ali e foram embora rindo em gargalhadas. Senti muito medo. Nomeio das somque predominavam naquele lugar, comecei a ver homens e mulheres desnudos, caminhabraados uns aos outros como se estivessem num gozo interminvel. Alguns tinham apenaburaco no lugar das narinas. As veias dos braos de alguns estavam to inflamadas que pareexpostas. Eu sentia muitas dores nos ps; lembrei-me que as ltimas vezes em que me droeram neles que eu aplicava a droga. Olhei para eles e percebi que estavam realmente inchadoveias sobressaltadas.

    Aquele lugar dava-me nojo, o cheiro era insuportvel; vez ou outra, ecoavam gritos e gargalhestridentes. Desejei, naquele momento, voltar para a minha sepultura. Se existisse realmeinferno, com certeza era ali. Pense em Deus e comecei a chorar...

    Estava arrependido pelo que havia feito em minha vida; cai de joelhos e no mais consegui levComecei a vomitar novamente. Eu me arrastava pelo cho cheio de limo. Da umidade do surgiam larvas e centopias que passeavam pelo meu corpo. Senti dores horrveis e adesmaiando.

    3o Captulo

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    No vale dos drogados

    No sei quanto tempo fiquei desacordado. Quando voltei conscincia, alguns espritos qestavam se aproximaram de mim e agarraram-me pelos braos; um deles, segurando uma ahipodrmica. com a agulha torta e enferrujada, comeou a falar:

    -Calma! Ns guardamos um pouquinho pra voc.

    Quando ele ia aplicar a droga em meu brao, tentei reagir, mas estava impotente.

    Gritei desesperado:

    -Deus, meu Pai, perdoa-me, livra-me deste inferno, eu lhe suplico. Socorra-me por favor...

    Uma Luz surgiu no meio das sombras! Vi um jovem como que saindo daquela luz intensa. Levo brao e, no mesmo momento, os espritos que tentavam ferir-me, largaram-me e se afastarasusto devolveu-me a lucidez; olhei para o jovem que, sorrindo para mim, afirmou:

    -No tema. Venha, eu vou levar voc para um lugar onde poder recuperar-se em seguraVenha! D-me sua mo.

    Apoiado por ele, levantei-me e comeamos a caminhar. eu estava cansado; mal conseguia aEst com medo. Para onde eu iria desta vez? Subimos e descemos por entre as pedras e rochat que chegamos a um lugar parecido com aquele, porm, menos sombrio.

    -Quem voc? -Perguntei.

    -Sou um amigo. O vale onde estava para aqueles que ainda esto presos ao vcio. Enquantdemonstrarem vontade de se libertarem, continuaro l. Aqui voc compartilhar da companhespritos que j esto em trabalho de recuperao. Ficar neste lugar at que elimine os venque acumulou no seu corpo espiritual.

    -Que devo fazer para eliminar tais venenos?

    -O tempo e a natureza se encarregaro disso.

    -Foi naquele lugar e naquele momento que comeou o meu caminho de volta, rduo e pePassei longo tempo me arrastando e vomitando entre aqueles infelizes como eu. Ali , arranqueentranhas o resultado da minha ignomnia e insensatez. Nos momentos de crises mais profundolorosas, eu lembrava da minha estupidez. Meu peito parecia arrebentar de remorso. Sofri mNo bastasse meu sofrimento, constantemente era tentado; escutava de vez em quando daquele homem que me tirou da sepultura, ecoando na minha conscincia:

    -Voc decepcionou-me. Pensei que era um forte, agora vejo que um fraco. Preferiu o inferinvs de Paraso. Reaja malandro, no se entregue, no sabe o que est perdendo. s chque eu vou buscar voc.

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    Aquela voz soava como um desafio, cheguei a pensar que era realmente um fraco. Mas o qupoderia oferecer-me? Orgias, drogas, liberdade? Que liberdade? Meu Deus, eu que acreditei felicidade era Ter liberdade para fazer tudo o que eu queria, agora estava ali, vtima dessa pseliberdade. No vou ceder! Meu lugar aqui, junto aos meus merecidos tormentos.

    A partir da, assumi de vez o meu calvrio. O tempo foi passando...Aos poucos fui reequilibrando-me at conseguir ficar definitivamente em p. Mais consccomecei a observar de perto os espritos que estava ali. A maioria, apesar das marcas dos edas drogas, tinha a aparncia juvenil. Uma jovem, com ar de timidez aproximou-se de mim e dme:

    -Meu nome Rosa. Sou sua f. Eu adorava "curtir" os seus shows.

    -Obrigado! Faz muito tempo que est aqui? - perguntei.

    -No sei. Aqui a gente perde a noo do tempo. Parece que faz um sculo que estou aqui.

    -De que voc morreu?

    -De uma " Over-dose."

    -Porque se drogava?

    -Revolta!

    -Contra o que se revoltava?

    -Eu vivia revoltada com tudo e com todos. Meus pais deram-me tudo o que eu precisava. Eletinham tempo para mim. Eu vivia triste, at que conheci uns "amigos" roqueiros que me ajudaTer um pouco de "alegria"; foi quando eu me tornei sua f.

    -Como voc se envolveu com as drogas?

    Estava feliz! Eu curtia meus novos "amigos". Eram alegres, eu me divertia muito, atapareceram as drogas. Estvamos acampados; insistiram tanto que eu acabei experimentanpartir da, minha vida tornou-se um pesadelo.

    Atrado pela nossa conversa aproximou-se de ns um grupo de mais de uma dezena de jovendeles, parecendo liderar o grupo, tomou Rosa nos braos e disse-me:

    -Meu nome Ronaldo. No se preocupe, logo ela estar bem! Seja bem-vindo ao grupconscientes!

    4o CaptuloNo Vale dos Drogados 2

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    -Obrigado! O que o grupo dos conscientes?

    -Somos os que j caminham em p e lcidos, pois como voc v, ainda h muitos que se arraassim como voc e ns nos arrastvamos at pouco tempo.

    -Vocs sabem como funciona este lugar?Existe um tempo certo que devemos fica aqui?

    -Ns no sabemos.

    Respondeu Ronaldo.

    -Vocs j viram algum sair daqui?

    -Eu j vi!

    Afirmou Rosa que se recuperava do pranto. Ento eu perguntei-lhe:

    -Como se faz para sair daqui? possvel? Ou temos que esperar algum vir nos buscar?

    -Eu conversei com um esprito que veio junto com um grupo chamado Samaritanos. Ele informe que somos livres, podemos sair, basta subirmos pela encosta do vale e logo estaremos enencarnados, mas disse no aconselhvel, pois estaramos comprometendo nossa recuperDisse, ainda, que o mais importante para ns, ficarmos at que se atinja a comdesintoxicao causada pelas drogas. Alm do mais, devemos nos reabilitar das conseqncmorte prematura. Nesse dia, eles levaram muitos espritos que j estavam prontos para iniciuma nova fase do tratamento.

    -Ento, pelo que vejo, s nos resta esperar pela nossa vez! afirmei conformado.

    Rosa continuou falando:

    -Segundo esse esprito que me orientou, no devemos esperar de braos abertos cruzpodemos acelerar nossa recuperao ajudando aqueles que esto em pior situao do que

    -E o que podemos fazer?

    -Disse-me que devemos conversar com eles, falar-lhe de forma a estimular a auto-confirenovando-lhe a esperana.

    Ronaldo sentou-se e convidou a todos para sentarmos. Sentamos...

    Depois de um mtuo entendimento definimos um plano de trabalho: fomos divididos em grupos de trs. Rosa, Miriam a mais velha e eu ficamos no mesmo grupo.

    -Quando comeamos? - Perguntei.

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    Ronaldo respondeu:

    - Eu acho que devemos comear j.

    Todos concordaram! Imediatamente, samos a campo. Rosa, Miriam e eu aproximamo-nos d jovem que se retorcia envolto em uma substncia gelatinosa que saa da sua boca e ouvenvolvendo quase todo seu corpo. Na cabea, tinha um ferimento que denunciava as marcas dacidente. Rosa sentou-se junto a ele, sem qualquer asco; puxou sua cabea para seu ccomeou a orar e a passar a mo nos seus cabelos. Ele balbuciou:

    -Socorro...Socorro...

    Meio Tmido, falei:

    - Calma amigo, estamos aqui para lhe ajudar, pense em Deus, confia que voc vai sair dess

    Ficamos ali at passar aquela crise que eu mesmo havia experimentado. Depois de algum teperguntou:

    - Quem so vocs?

    -Somos amigos; estamos juntos nesse barco e, com certeza, no vamos naufragar.

    -Afirmou Rosa.

    - No consigo levantar-me; sinto-me pesado. No posso mover-me.

    - Qualquer dia desses voc vai conseguir, tenha f. afirmei.

    -O que aconteceu comigo? Onde est o carro?

    Rosa olhou para mim, olhou para Miriam e sussurrou para ns:

    -E agora? O que falamos?

    Miriam levantou a mo espalmada como quem diz "deixa para mim". Logo em seguida, falou

    -Como seu nome?

    -Tiago.

    -Tiago. Voc sofreu um acidente?

    -Meu amigo bateu o carro mas no foi aqui. Como eu vim parar neste lugar?

    -No acidente voc morreu. Por isso est aqui.

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    -Voc est louca. Esto. Esto brincando comigo, ou ento isto aqui um pesadelo. Vocexistem.

    -Isto no um sonho e nem um pesadelo. a mais pura realidade. Voc morreu! Quanto

    tempo levar para reconhecer , mais tempo estar em sofrimento; fique calmo.-Onde est o meu amigo? Para onde o levaram?

    -O seu amigo deve Ter sobrevivido ao acidente, por isso no veio para c.

    - Eu quero ir para casa. Chame algum da minha famlia, por favor.

    - O seu amigo deve ter sobrevivido ao acidente por isso no veio para c.

    - Eu quero ir para casa. Chame algum da minha famlia, por favor.

    - Tiago, quando vocs sofreram o acidente , estavam drogados?

    5o CaptuloNo vale dos drogados III

    - Eu falei para o meu amigo que o racha no ia dar certo, ns tnhamos acabado de nos drogano estava bem mas uns caras insistiram desafiando meu amigo, ele no agentou e partiucima. Depois eu no vi mais nada, at a hora que vocs chegaram.

    - Agora procure ficar calmo, outra hora ns voltamos a conversar. Se voc acredita em Deus,lhe far bem.

    Dali partimos na direo de outros enfermos. No tnhamos a noo de tempo, no havia dnoite, o lugar era sempre sombrio. Observei que quase todos me conheciam, isto me fazia senresponsvel pela situao em que estavam. Eu que acreditava ser um filsofo e sonhava conscidade das estrelas, estava agora em plena cidade das sombras. E o pior, de alguma formacabei ajudando a povo-la, arrastando para c muitos desses espritos que se influenciaram cmau exemplo do meu comportamento equivocado.

    Muitos dos espritos estavam naquele imenso vale de sofrimento apresentavam problemas qidnticos. A maior dificuldade de todos era aceitar e compreender a morte. Eram todos suiinvoluntrios, vtimas das drogas como eu.

    No demorou para que o nosso trabalho fosse notado pelos espritos Samaritanos. Logo depoo iniciamos, recebamos constantemente orientao e recursos valiosos que facilitavam ntrabalho.

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    Todos os dias, Felipe, o mesmo que socorreu-me no outro vale, e alguns Samaritanos, vinhamministrar aulas. Com eles aprendemos a lidar com as dificuldades que muitas vezes encontramatender os espritos em sofrimento. Principalmente aqueles que ainda se encontravam dominpor mentes doentias que os subjugavam mesmo distncia; da mesma forma como aquele estentou controlar-me.

    Sofri muito, entrei vrias vezes em depresso. Vrias vezes Felipe teve que me conduzir at a e apelar para os recursos dos trabalhadores encarnados, afim de que eu no sucumbisse. Parmuitas vezes das reunies de auxilio realizadas pelos encarnados. Minhas feridas foram tratpor eles. Segundo Felipe, o material colhido entre os trabalhadores encarnados era excelentecontribuir com uma recuperao mais rpida do nosso corpo espiritual. Nessas oportunidapoiado por Felipe, aproveitava para visitar meus entes queridos. Eram apenas alguns seguquase sempre noite, quando j estavam dormindo. Mesmo assim, ajudou-me a amenisaudade que eu sentia.

    Depois de recuperado, trabalhei por muito tempo naquele vale de lgrimas. Foi o que me aju

    reconhecer as minhas fraquezas. Estava ansioso para recompor minha vida. Nem sequer quanto tempo se passara da minha morte; esperei o retorno de Felipe para perguntar-lhedemorou muito e ele veio ver-me.

    -Como est, meu amigo? Muito trabalho?

    -Trabalho o que no falta por aqui. Todos os dias chega uma leva de espritos em sofrimTodos trazem as mesmas caractersticas. Por qu?

    -Como voc j percebeu, este vale abriga os espritos que na terra se entregaram ao vciodrogas. Na aparente promiscuidade em que vivem aqui, expondo uns aos outros os efeitos q

    drogas provocaram em seus espritos, estabelecido um processo homeoptico de cura, ousemelhante contribuindo na cura do semelhante. Devo concordar que realmente funciona! Queu cheguei aqui, no imaginava os efeitos que as drogas poderiam causar no corpo espiritua

    -Toda vez que ns ultrapassamos a barreira do bom senso e agredimos a natureza em ns , ode ns, ela nos responde altura da nossa agresso. Como a natureza fsica e a natureza eesto estreitamente ligadas, acabamos transferindo para a nossa natureza extra-fsica o resudas nossas aes menos felizes.

    6o CaptuloNo vale dos drogados IV

    -Toda vez que ns ultrapassamos a barreira do bom senso e agredimos a natureza em ns , ode ns, ela nos responde altura da nossa agresso. Como a natureza fsica e a natureza eesto estreitamente ligadas, acabamos transferindo para a nossa natureza extra-fsica o resudas nossas aes menos felizes.

    -Por que uns se recuperam mais rpido do que outros?

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    -O tratamento que se opera aqui no um tratamento biolgico, ele no se efetiva apenarecuperao de clulas, a recuperao da mente que importa. Quanto mais tempo o esprdemora para se conscientizar do erro que praticou, mais demorada ser a sua recuperao.

    -Por que depois da morte fsica no continuei atrado pelas drogas? Pelo contrrio,

    repugnncia?-Embora no se lembre voc tem valorosos amigos no mundo espiritual. Antes mesmo dedesencarnar, durante perodo em que estava enfermo, eles o ajudaram muito; anulando cefeitos do seu perisprito, causados pelos abusos, os quais poderiam agravar ainda mais situao.

    -Eu no me drogava por prazer, eu buscava respostas minha indignao. Nas "viagens" qrealizava conseguia enxergar o mundo que desejava. Mas agora compreendo, o mundo que desejamos, no est pronto esperando por ns; temos que constru-lo onde estivermos.

    -Zlio, para muitos, a equipe de vocs ajudou a construir um mundo melhor aqui mesmo nestede sofrimento. O mundo melhor comea a existir quando comeamos a pensar nele e a lutar po

    -Felipe, voc sabe alguma coisa sobre o meu passado?

    -No posso lhe adiantar nada por enquanto. Breve eu virei busc-lo e vou lev-lo a um lugarreencontrar velhos amigos; estes sim podero ajud-lo a retomar os caminhos da evolprestando-lhes as informaes necessrias e teis.

    -Quanto tempo se passou desde a minha morte?

    -Sete anos, mais ou menos. Um pouco menos de um ano ficou preso ao corpo, mais de seis que est aqui. Esse tempo seria muito maior se voc no tivesse acumulado alguns mritopassado.

    -Eu julgava Ter sido h uns trs ou quatro anos.

    -Conforme o plano mental em que estamos situados, a dinmica do tempo se altera. O que parparece um sculo, para outros representa apenas alguns momentos.

    -Vrias vezes, estive inclinado a subir a encosta para visitar a Terra. Se eu tivesse ido, qproblema que me acarretaria?

    - imprevisvel. Dependeria muito das suas reaes diante do que iria encontrar.

    -O que me aconselha?

    -Eu aconselho que deve esperar at que esteja reunido aos seus amigos que o aguardamcerteza sabero orient-lo sobre o que deve ou no fazer.

    -Quando pretende levar-me at eles?

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    -No tarda. Continue trabalhando. quanto menos esperar estarei aqui para conduzi-lo at el

    0 dilogo com Felipe me fez bem. Aumentou minhas esperanas. Continuei meu trabalho auxpor rosa e Miriam, que se revelaram criaturas maravilhosas. Sabiam dar amor e compreenso

    os companheiros de infortnio. Em momento nenhum perderam a calma. Com certeza, em estariam em um plano melhor.

    Tiago, o primeiro jovem que atendemos, j caminhava pelo vale. Havia entrado para o mundconscientes, como dizia Ronaldo. Apesar de estarmos rodeados pelo sofrimento, o clima fraque existia em torno do trabalho que desenvolvamos dava-nos um grande alento.

    Os espritos que ali estavam eram oriundos de todas as classes sociais, mas a grande maiorconstituda de jovens que viviam no seio da classe mdia alta. Quase todos registravam uma gcarncia afetiva; eram rfos de pais vivos. Tiveram tudo e ao mesmo tempo no tiveram nAlguns deles estavam cursando faculdades quando tiveram a vida fsica interrompida. Por est

    ironia, na academia onde deveriam adquirir conhecimentos para projetarem o futuro, conheceradrogas e se projetaram para a morte.

    Em momento algum encontramos violncia naqueles coraes em sofrimento; a maioria era dnossa orientao. Muitos se recuperavam rapidamente. O que mais se ouvia naquele vale eragritos de arrependimento e de saudade dos entes queridos. Apenas alguns ameaavam entrarcaminhos da revolta, mas logo se acalmavam.

    Aquele era um verdadeiro vale de redeno! Ali no entravam traficantes ou marginaisdestinado a espritos que j demonstravam uma tendncia recuperao. Assisti a partidmuitos que j estavam h mais tempo; saram dali com o coraes cheios de esperan

    despedida era sempre um momento emocionante. A emoo ainda era maior quando partiam adaqueles aos quais dedicamos nossa ateno e contribumos para que alcanassem a recupenecessria para enfrentar uma nova jornada. Fora a saudade da terra, sentia-me feliz , ali. Aestava sendo til ao meu semelhante.

    7o CaptuloNa colnia escola

    -No sei quanto tempo se passou. Felipe veio buscar-me. Emocionado, despedi-me de tMiriam e Rosa abraaram-me numa sincera demonstrao de carinho.

    Partimos... Felipe segurou-me pela mo. Subimos pela encosta do vale at uma plancie ondveculo nos esperava. Entramos. Logo em seguida, o veculo comeou a deslizar sou voar, nao certo, o que sei realmente que chegamos a um lugar que parecia uma cidade. Havia pr

    jardins, pessoas andando pelas ruas e alamedas. Desembarcamos e comeamos a caminhapessoas passavam por ns, cumprimentavam-nos como se nos conhecessem. Curioso, perg

    -Estamos na Terra?

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    -No da forma como voc imagina. estamos em uma cidade espiritual, em um lugar prximcrosta terrestre. Na verdade, ela toda uma colnia escola.

    -No entendi! Uma Colnia Escola?

    -Sim! O que aqui se aprende transcende ao que aprendemos nas academias da Terra.Entramos em um prdio de dois andares. Caminhamos pelo corredor trreo e paramos frennmero dezesseis.

    -Este o apartamento onde vai ficar. afirmou Felipe.

    Era um quarto com uma cama, uma estante cheia de livros e uma sala pequena com um sof epoltronas, iguais as que todos conhecemos na Terra. Ia perguntar do banheiro do banheiro,calei-me, afinal agora era um esprito, com certeza no precisava mais atender s necessidfisiolgicas. Felipe, dando a entender que leu os meus pensamentos, sorriu, balanou a cabpartiu.

    Fui para o quarto e abri a janela. estava anoitecendo, contemplei o cu. A beleza era tanta quesensao de estar no portal da eternidade. Tomado por forte emoo, senti-me voltando no temlugar onde fui parar...Era ali mesmo! Estava rodeado de amigos, era uma festa de despedida,partir, ia retornar Terra. Algum que eu senti que amava muito aproximou-se de mim e dis

    -V, tenha f! Propague a sabedoria Divina! No deixe a indisciplina venc-lo, lute com todsuas foras.

    Meu Deus, foi daqui que eu parti para a Terra. Tentei lembrar-me de mais alguma coisa maconsegui. Fechei a janela e deitei-me para raciocinar melhor. Comecei a conjecturar:

    -Talvez seja por isso que Felipe me trouxe para c. Quem sabe aqui que eu tenho que prcontas dos compromissos assumidos antes de reencarnar?

    Depois de muitas conjecturaes, resolvi distrair-me lendo um livro. Levantei e peguei um delestante. Quando eu vi a capa e o ttulo, estremeci, tive a sensao de que j havia passadaquele momento. No agentei a curiosidade; deitei-me novamente e, recostado na cabececama, comecei a l-lo. Era incrvel! A cada pgina eu reconhecia aquela obra. O livro tratava detcnica de se introduzir a Filosofia na Arte.

    Agora tinha a certeza de que j estivera ali, naquele mesmo quarto. Estava divagando quanporta se abriu e entrou uma mulher aparentando uns trinta anos, vestindo um longo vestidoclaro. Quando eu a vi e olhei em seus olhos esverdeados e brilhantes, senti uma emoo to gque comecei a chorar. Ela correu para mim e apertou-me em seus braos. Por alguns insttornamo-nos um s. Essa foi a impresso que eu tive naquele momento. Desejei que ficssassim para sempre.

    -Zlio, meu irmo! Fiz de tudo para que no enveredasse pelos caminhos da revolta, mas, peleu vejo, ainda um sentimento muito forte em voc.

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    Quando ela chamou-me de Zlio, senti aflorar em minha mente vagas recordaes. A emoo dlembranas embargava-me a voz. Com muito esforo consegui falar o nome que surgiu na mmente:

    - Helena! Helena! Era voc o anjo bom que eu procurava nas minhas alucinaes.-Zlio, graas a Deus voc voltou conscincia!

    -Sinto que fracassei novamente.

    -No se deixe abater, afinal, voc conseguiu pelo menos se desvincular de alguns espritos alienaram durante sculos a compromissos inferiores.

    - Espero que voc esteja certa; esta etapa da minha existncia foi muito tumultuada; no seivenci ou fracassei.

    - Por mais tumultuadas que sejam nossas experincias na Terra, sempre trazemos aaproveitamento; muitas vezes, apenas uma atitude feliz que praticamos passa a nos render eternamente. Ao longo das suas encarnaes, voc acumulou muitas atitudes felizes e foramque lhe facultaram retornar a este lugar to importante para a sua evoluo. Breve nos reunircom nossos amigos. Agora devo ir. Descanse, amanh nos veremos novamente.

    Realmente eu precisava descansar, sentia-me bem, mas havia desprendido muita energia aotantas emoes em to pouco tempo. Deixe-me e adormeci.

    8o CaptuloNOVAS REVELAES

    No dia seguinte quando acordei, fui surpreendido pela luz do sol penetrando pelas frestas da jaSenti uma alegria imensa, pois h muito eu no via os raios solares. Felipe estava sentado aoda minha cama.

    -Como est, meu amigo Zlio?

    -Transbordando de felicidade! como se eu tivesse renascido esta manh.

    -Pelo que eu vejo, no teve dificuldades para retornar algumas lembranas dos momentos vaqui entre ns.

    -No me recordei de tudo, mas o que importante para mim, est bem ntido em minha mentagora que voc um dos amigos valorosos que eu tenho aqui. Deve ter sado daqui muitopreparado; por que fracassei?

    -Enquanto estamos aqui no mundo espiritual, geralmente estamos entre autnticos amigos; nqualidades pouco so testadas, porm, quando reencarnamos, ns nos submetemos aconvivncia irrestrita, onde nossos valores so testados a cada instante a as nossas fraqueza

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    -Aqui todos somos alunos e professores. Estudamos e desenvolvemos meios de contribuirmosa transformao da humanidade, inserindo, na Arte, mensagens de f e renovao. Entrettemos experimentado inmeros fracassos. Muitos desceram Terra com essa misso, mas, qualcanaram a fama esqueceram os compromissos assumidos. Temos alguns deles que ainda

    encarnados, desfrutando de valiosos recursos de comunicao, mas infelizmente, por maistentemos influenci-los acabam servindo ao consumismo predominante na Terra.

    -Eu servi ao consumismo, mas acabei induzindo muitos a consumirem um produto cujo efeimorte. Reconheo que sou um dos que fracassaram.

    9o CaptuloNovas Revelaes 2

    -Apesar desse fator negativo, voc foi um dos poucos que conseguiram marcar alguns popositivos com relao a nossa proposta de trabalho.

    -Vocs esto frente dessa tarefa to importante, no poderiam interferir quando aquelespartiram daqui com essa misso estivessem ameaados com o fracasso?

    -Interferir no. Influenciar sim! Entretanto, todos so livres para aceitar ou no a nossa influ

    -Agora, mais do que nunca, entendo a sabedoria e a bondade Divina! Deus nos criou livres eno exerccio dessa liberdade que um dia alcanaremos a perfeio.

    -Exatamente. medida que o ser avana no bom uso dessa liberdade, automaticamente aufemesmo recursos ainda mais amplos, alargando seus horizontes em direo verdadeira felici

    -Nesse caso, a lei da relatividade faz sentido.

    -Realmente! Tudo relativo ao nosso grau de evoluo.

    -Sabe Felipe, apesar de me sentir muito bem estou preocupado com estes hematomasaparecem no meu corpo.

    -Esses pontos escuros que realmente parecem hematomas, so marcas apontando focoenergia em desequilbrio. So conseqncias do seu desencarne precoce. Representam as pdo seu corpo fsico onde o desligamento prematuro do perisprito foram traumticos.

    -Quanto tempo ficaro essas energias em desequilbrio?

    -Alguns desses focos o acompanharo na prxima encarnao e vo se refletir no seu corpo como pontos de debilidade.

    -Devo entender que poderei renascer com algum tipo de enfermidade?

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    -Provavelmente! Quando, por meio de uma atitude impensada, ferimos ou destrumos os recque a Providncia Divina nos empresta, incidimos na lei de causa e efeito que fatalmente nos euma reparao.

    Felipe ficou pensativo por alguns instantes e, depois, arrematou:

    -Tenho que ir; no fique preocupado em demasia; mesmo quando ferimos as leis eternas, podcontar com a misericrdia Divina que, constantemente, auxilia e socorre aos incautos do camcomo ns!

    Depois que Felipe partiu, fiquei preocupado; olhei as manchas do meu corpo e quase entredepresso. Tive que lutar muito contra os pensamentos que povoaram a minha mente namomento. Levantei-me e abri a janela. Do lado de fora, havia uma grande movimentaespritos. Caminhavam por entre as rvores floridas que ornamentavam a praa em frente a umedifcio, cuja arquitetura lembrava o estilo europeu. Alguns espritos acenavam-me como desejme as boas vindas. A viso daquele maravilhoso lugar contribuiu para que eu recuperasseestado de nimo. Comeava a sentir-me feliz novamente! Fiquei mais feliz ainda quando Hchegou para visitar-me.

    -Zlio, voc est bem?

    -Sim! Melhor agora com a sua presena.

    -Apesar de estar se sentindo bem, voc precisa repousar algum tempo e depois comear a prum exerccio que o ajudar a esquecer as necessidades do corpo fsico. Eu trouxe este caldessncia etrica para ajudar-lhe a superar a sensao de fome e sede que provavelmente estar sentindo.

    -Realmente, j comeava a sentir-me faminto.

    -A sensao das necessidades fsicas permanecem no campo mental durante um longo perVoc poder abreviar esse perodo exercitando sua mente no esquecimento de tais necessid

    -Por que, durante o tempo em que estive preso na sepultura e, posteriormente, no valedrogados, no senti essa sensao?

    - Quando estamos absorvidos por uma situao angustiante, at mesmo quando encarnesquecemos de atender nossas necessidades primrias; por isso mesmo, no sentiu fomesede. Agora que voltou normalidade dos pensamentos, sua mente retoma as preocupasensaes que tinha como encarnado. Comea agora uma nova etapa de lutas que terenfrentar.

    Enquanto ouvia Helena, tomei o caldo que ela trouxe. O sabor era agradvel, no parecia comdo que j havia experimentado, mas causou-me uma sensao de bem estar alimentado. Eperguntei:

    -Este o alimento dos espritos?

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    -Sim. Mas no dessa forma. Os espritos evoludos absorvem naturalmente do Fludo CsUniversal a energia que os mantm. Esse caldo que acaba de tomar uma condensao dfluido, levado a um estado de matria que se identifica com a do perisprito. Absorvido pelas pado rgo digestivo, esparge-se por toda organizao celular. Com o aproveitamento tota

    elementos, no h o que expelir, anulando, assim, as necessidades fisiolgicas.-Quando eu sa daqui para reencarnar, eu tinha o conhecimento de todas essas coisas?

    Se tinha, no seria mais fcil ajudar-me a recobrar a lembrana de tais acontecimentos ao invdesgastar-se respondendo s minhas perguntas que, para voc, devem soar como perginfantis?

    -Assomar completamente suas lembranas do perodo que esteve aqui traria outras balia, asainda precisam permanecer no esquecimento. No deve se angustiar por isso; aos poucosreassumir os conhecimentos necessrios.

    -Que fora me impede de recordar?

    -Este plano em que estamos imediato terra, transcende apenas as regies umbralinas; poras suas vibraes mentais esto restritas a recordaes imediatamente anteriores. Somente quavanamos nos planos evolutivos que a nossa potncia mental se amplia e nos permite dnossas recordaes.

    10o CaptuloNovas Revelaes 3

    -Perdoa-me, fiz esta pergunta quase que no mpeto de uma revolta. Pensei ter encontradocontradio nas leis; afinal, no seria livre se uma fora pudesse se opor minha vontade.agora, entendo definitivamente a lei da relatividade. At a nossa liberdade de ao relativa aode evoluo que alcanamos.

    - isso mesmo. Agora devo ir. Amanh virei busc-lo para que conhea parte da nossa col

    -Helena partiu. Deitei-me e mergulhei em profundas meditaes...

    -Devo ter adormecido. Acordei novamente com os raios solares invadindo meu quarto. Helendemorou a chegar.

    -Bom dia! Est pronto?

    -Sim! Pronto e ansioso!

    -Ento, vamos.

    Samos ... Na rua era grande o movimento. Os espritos que passavam por ns comprimentanos, olhando-me com olhares de curiosidade, pareciam conhecer-me.

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    -Por que me olham assim?

    -Muitos deles o conhecem na Terra; afinal, voc foi famoso.

    -Pensei tratar-se de velhos amigos daqui da Colnia.-A populao desta colnia constantemente renovada; todos os dias saem daqui centenaespritos para novas encarnaes, da mesma forma que muitos chegam ao fim de cada experterrena.

    Seguimos conversando at chegarmos a um edifcio com caractersticas de uma escola, parecida com as que conhecemos na Terra. Entramos...

    Helena levou-me at uma sala onde quase uma centena de espritos sentados pareciam aguaincio da aula. Helena acomodou-se em uma das cadeira vagas e dirigiu-se para perto do qu

    negro. Para minha surpresa, era ela que todos aguardavam.-Queridos irmos! Todos os que aqui esto foram resgatados dos diversos vales de sofrimetrazidos a esta Colnia por amigos que, de alguma forma, monitoram de perto vossas experievolutivas.

    Eles esto autorizados pelos planos superiores a vos prestar auxlio dentro dos conceitos de jue em obedincia s leis do merecimento. Entretanto, muitas vezes, esses dedicados companhencontram barreiras intransponveis que os impedem de prestar auxlio mais eficaz aos tutelados. As mais graves so: a ignorncia e a preguia. Quando aqui falamos da ignorncianos referimos ignorncia dos inocentes, mas sim ignorncia conveniente que se acomoleito acetinado da preguia mental, numa fuga insana da verdade, tentando burlar a prconscincia. Durante esta ltima experincia que viveram no plano terreno, a grande maiorvocs e de outros que ainda l se encontram incidiu nesse erro, embora estivessem prepapara usar os ttulos acadmicos que receberam nas faculdades da Terra para espargir luconscincias...Pouco ou nada fizeram!

    Onde esto os Filsofos, os Artistas, os escritores que saram daqui compromissados cverdade? Venderam e esto vendendo sonhos e iluses, povoando as mentes dos incautosquimeras. Onde esto os Esportistas que figurariam nas manchetes da imprensa com exemdignificantes. Que fizeram dos recursos de comunicao que Deus colocou em vossas mos

    Alguns transformaram-se em exmios comerciantes. As aptides desenvolvidas aqui, sucumfrente s vocaes antigas. Outros tiveram a encarnao interrompida pela misericrdia Divinade no se comprometerem ainda mais com as leis de causa e efeito e arrastarem consigo milde almas para a derrocada moral.

    No importa agora lamentarmos.

    A partir de hoje, comea uma nova fase das vossas existncias. Com certeza, amadurecidos experincias menos felizes, iro recomear mais fortalecidos. Espritos experientes ocuparo

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    os dias esta tribuna para vos orientar e ajudar-vos a superarem as dificuldades deste mompreparando-vos para as dificuldades que enfrentaro no futuro. Sejam bem-vindos a esta Coque representa um dos departamentos da Misericrdia Divina.

    Helena passou a palavra ao esprito que estava ao seu lado, despediu-se de todos e samos

    Eu estava pasmo diante do quadro que ela exps a todos ns ali presentes. Enqucaminhvamos, comecei a meditar. A situao era realmente grave, o ndice de fracassos era grande. Reconheci, entre aqueles espritos, alguns artistas, esportistas e comunicadoresgozaram de relativa fama nos meios de comunicao. Captando meu pensamento, Helenesclareceu:

    -Zlio, no existe fracasso absoluto! Tudo aprendizado; as experincias fracassadas acabatransformando em valiosos subsdios para vitrias no futuro. Toda tentativa de ajudar vliassim que ns exercitamos e desenvolvemos nossas potencialidades Divinas.

    -Voc afirmou que algumas encarnaes foram interrompidas pela Misericrdia Divina. Entvezes, permitido aos espritos superiores intervirem em vida?

    -Sim! Quando o comportamento de um esprito ou de um grupo de espritos encarnados ir proalguma influncia na mente coletiva, se essa influncia era criar provaes desnecessrindevidas a essa coletividade, esses espritos tero a encarnao imediatamente interrompi

    Helena parou diante de uma edificao que tinha as caractersticas de um ambulatrio.

    -Venha, Zlio! Aqui voc vai reencontrar um velho amigo.

    Entramos...O cheiro daquele lugar era de um aroma delicioso. Fomos recebidos por um senhuns cinqenta anos. Quando me viu, sorriu e abriu os braos em minha direo:

    -Zlio, meu irmo, fico feliz de ver que voc est bem!

    -Obrigado.

    - Meu nome Digenes. Sentem-se.

    Eu e Helena, sentamos.

    Ela virou-se para mim e disse:

    -Mostre a eles as marcas que voc tem no corpo.

    Encabulado, levantei a camisa. As marcas eram quase todas na regio do ventre. Digenexaminou e pediu que eu deitasse em uma mesa igual as que se usam nos consultrios md

    -Algumas delas eu posso eliminar, mas as que esto na regio heptica, ficaro. S emprxima encarnao que poder elimin-las.

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    -Elas so as marcas da minha estupidez.

    -Tranquilize-se, elas aqui, vo lhe atrapalhar em nada, deixa para se preocupar com elas questiver novamento encarnado.

    Enquanto conversava comigo, massageava meu ventre e trax. Quando terminou, vi que reapenas a mancha escura na regio do fgado e pncreas.

    -Pronto! Com certeza a partir de agora vai sentir-se melhor.

    -Zlio, Digenes um velho amigo nosso, faz parte do nosso grupo; no passado estvencarnados juntos. Resgatamos alguns dos nossos crimes nas fogueiras e nos calabouoinquisio. Foram momentos importantes para o nosso grupo. Muitos de ns, samos daqencarnao quase que completamente redimidos.

    -Com certeza, eu no sou um deles.

    -Quase todos ns, espritos em evoluo, carregamos uma determinada fraqueza que se sobrs outras; o nosso calcanhar de Aqules. Conseguimos caminhar longos perodos no trajetnossas experincias evolutivas, administrando muito bem as nossas encarnaes; entretquando em uma delas temos por objetivo vencer tal fraqueza, enfrentamos grandes dificuldZlio, o seu calcanhar de Aqules tem sido a revolta. Aps cada encarnao que voc realizou, retorno nossa esfera foi marcado por uma grande revolta. Nesta, apesar de tudo o que passou, o seu retorno, de certo modo, foi pacfico. Deve se alegrar por isso, talvez seja o incfim de um processo que se vem arrastando h muito sculos.

    -Espero que esteja certa. Sinto em meus ombros o peso desses sculos. O que mais desejo agpoder descansar um bom tempo aqui entre vocs.

    -Realmente, ter que repousar o tempo necessrio para efetivar a recuperao das energias gnos excessos praticados no plano fsico. Voc est aqui na condio de enfermo em convalescDever tomar o caldo diariamente, at estar completamente recuperado.

    -Zlio, Helena est certa. Voc est aqui sob nossa intercesso e responsabilidade. Emboraque est muito bem, nesse perodo de recuperao, talvez venha a experimentar momentcrises profundas. Elas ainda no se manifestaram porque est vivendo um momento onde tusua volta novidade. Entretanto, quando esse clima se esgotar, ningum poder prever parase direcionar as suas preocupaes. Provavelmente sentir um impulso muito grande para re Terra e rever o lar, os amigos, abraar os entes queridos, porm, devemos adverti-lo de quobedecer a esse impulso e projetar-se para o ambiente terrestre, voltar automaticamente ao de partida da excelente recuperao que alcanou at aqui.

    -Como devo proceder para evitar que esses impulsos acabem por impedir-me em direo a T

    -Cultive a orao. Ela contribuir para dar-lhe as foras necessrias para resistir. Caso preciajuda recorra a mim, ou a Felipe, ou ento a Helena.

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    -O ideal seria se eu pudesse praticar alguma atividade a fim de que eu pudesse distrair-me.

    -Durante mais alguns dias, o importante repousar. Mantenha-se no apartamento e aproveiteler algumas obras que l esto. Quando estiver pronto para exercer alguma atividade, n

    convocaremos. Agora retornemos aos seus aposentos.

    Aps a recomendao, despedimo-nos de Digenes e retornamos. Helena, ao deixar-mapartamento, lembrou-me vrias vezes de necessidade de repouso. Mais uma vez experimentsolido. Era difcil aceitar aquela disciplina que me impunha condies e normas; no batia cmeu modo de ser. Sempre gostei de ser livre, agora minha liberdade assustava-me. Qrealmente voltar a Terra, rever as pessoas que eu amo, abraar meus amigos. Eu estava troceste prazer por uma vida que nem mesmo conhecia direito. Naquele momento, entre em luta cminha conscincia.

    -Ser que vou agentar uma vida regrada? ceder a essas imposies no significa realm

    fraqueza? No seria melhor fazer o que eu sempre queria como sempre fiz e agentconseqncias?

    Naquele momento eu j estava tremendo, meu sistema nervoso havia se desequilibrado totalmOuvi uma voz conhecida:

    - isso malandro, reage, no se deixe dominar. Basta pedir, eu dou um jeito para sair da amesmo, aqui voc vai ser feliz de verdade, poder fazer o que quiser e na hora que bem enteSeus amigos esto saudosos. Venha. Venha...

    Senti um estranho prazer dominando-me. Estava quase aceitando o convite quando Felipe entrquarto:

    -Zlio, Zlio! Acalme-se, olhe para mim, sou eu, Felipe.

    Ainda ofegante, estendi minhas mos ao Felipe e comecei a chorar:

    -Felipe, por favor, ajuda-me. No vou resistir.

    -Vai sim. Tenha f em Deus e em si mesmo, estes so momentos importantes para vocfortalecer.

    -Como se chama aquele homem que foi buscar-me na sepultura e vez ou outra surge na mmente?

    - Aquele o nosso irmo Augusto, o nico do nosso grupo que ainda no acordou.

    -Por que ele goza de tanta liberdade?

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    -Sua liberdade est com os dias contados, a cada passo ele se projeta para um abismsofrimentos onde os meses parecero anos e os anos parecero sculos e os sculos,eternidade.

    -Nada pode ser feito para ajud-lo?

    -Tudo j foi feito em seu favor. Helena, por duas vezes, mergulhou em encarnaes dolotentando salv-lo, mas ele se mostrou refratrio aos recursos que a Providncia Divina deliberoseu favor.

    -Sei que ainda estou numa corda bamba. Mas se eu conseguir me firmar nessa proposta de remeus conceitos, eu poderia um dia ser livre para ir aonde eu bem entender, sem comprometecom as leis que agora me impem restries?

    -Agora, so as circunstncias que lhe impem restries. Amanh, quando pelo conhecimentodilatar a prpria conscincia ser ela que apontar as restries necessrias para que no veferir as leis e, conseqentemente, comprometer-se com elas. eu trouxe o caldo para voc toProcure descansar; amanh eu retorno.

    Felipe retirou-se. Eu tomei o caldo e deitei-me. Comecei a meditar sobre todos os percalos pohavia passado desde a minha morte. Realmente, eu ainda estava frgil. As lembranas surcomo uma descarga eltrica em todo o meu corpo. Relaxei, tentando concentrar-me no presafinal estava amparado por verdadeiros amigos. Lembrei-me da recomendao de Helena, pum livro na estante e comecei a l-lo. No era o mesmo que havia lido anteriormente. Nocontedo, encontrei respostas a quase todas as minhas indagaes. Tratava-se de um orienprtico da vida nos diversos planos; quanto mais eu lia, mais aumentava meu entusiasmocontinuar lutando. Os planos superiores de vida que ali eram descritos, mesmo que eu quisdescrev-los, seria tarefa impossvel.

    Entendia agora o quanto vale a pena o homem redimir-se , mesmo custa de muitos sofrimque, na verdade, nada significam perante a felicidade que se pode alcanar. Eu sempre imaque havia algo mais na vida, passei noites devorando livros procurando a lgica do Universominha viso e o meu entendimento, embotados pela matria, no me deixavam acepossibilidade de que a nossa realizao maior, estivesse fora dela. Sempre acreditei na vida etmas a literatura Esprita, para mim, era muito simplista. Agora vejo que nela que o hoencontrar as coordenadas que podero direcionar sua vida rumo felicidade.

    11o CaptuloO resgate da Mirna

    Passaram-se alguns meses da chegada Colnia; sentia-me fortalecido. Experimentei momdifceis, mas, com o apoio de Helena e Felipe, consegui super-los. Percorri as ruas e edifconheci espritos maravilhosos que periodicamente visitavam a Colnia, trazendo alento das essuperiores. Cada vez mais se fortalecia em mim o desejo de ascender para um plano melhor; eobstinado; essa era agora a minha meta. Certa manh, Helena veio convocar-me ao trabalho. Vde alegria!

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    -Calma Zlio, o trabalho que nos aguarda bastante delicado; eu no vou participar diretamDenius ir acompanh-lo. Precisamos resgatar algum muito importante para ns e que est domnio de espritos infelizes.

    -Quem Denius?

    -Denius um colaborador da nossa Colnia que presta seus servios em um posto avanprximo s zonas inferiores, ele tem acesso livre no Vale dos prazeres.

    -Quem esse esprito importante para ns?

    - Mirna. Faz parte do nosso grupo, devemos isso a ela.

    -Acredita que eu possa realmente ajudar?

    -Voc o mais indicado. A afeio que sente por voc, poder ser til para traz-la de volta. Lcolher valiosos recursos para o prximo trabalho que dever realizar.

    -Eu a reconhecerei quando estiver diante dela? Ela participou desta ltima encarnao?

    -No, Zlio. No a reconhecer, mas ao se aproximar, com certeza voc a envolver num climsimpatia, com isso ter facilidade em influenci-la beneficamente.

    -Quando realizaremos este trabalho?

    -Agora mesmo vamos ao encontro de Denius. Mas antes faamos uma orao para pedirmproteo dos planos superiores.

    Oramos por alguns instantes. Logo depois, helena pegou-me pelo brao e fomos transportaParecia um daqueles sonhos que eu tinha quando criana; eu estava voando e no era um slindo! Em poucos instantes, chegamos ao local do encontro. O lugar era rodeado de roenormes; dali se avistava uma grande cidade construda no centro de um vale. O som que se era caracterstico do carnaval; as baterias e as cantorias ecoavam as montanhas que circundaquele imenso vale.

    -Onde estamos? Que lugar este

    Perguntei admirado.

    -Este o Vale dos Prazeres. Mirna est l; tero que encontr-la e traz-la para nossa Colniaque possamos ajud-la. Ultimamente, ela tem demonstrado uma forte tendncia para sair doSuas preces tm chegado at ns como um pedido de socorro. Grave bem tudo que ir vembaixo, pois ser muito til no futuro.

    Fiquei contemplando aquele vale; a batucada j no me inspirava alegria que eu sentia questava na Terra, pelo contrrio , abateu-me uma profunda tristeza que s foi quebrada quDenius chegou. Helena no perdeu tempo.

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    -Mirna est na sede do comando; ela concubina do Mohara.

    -Quem Mohara?

    -Mohara um gnio! Com a sua inteligncia, conseguiu construir um verdadeiro imprio das tr

    Vive de barganhas com os encarnados; aqueles que ele favorece, quando desencarnam e chaqui, tornam-se seus sditos e escravos.

    -Como faremos para entrar na sede do comando e chegar at Mirna?

    - Fui informado que Mohara subir at a crosta. Dever partir esta noite. Eu tenho amigos l deno ser difcil, venha. Helena pediu-me para mostrar-lhe algumas coisas; aproveitemos anteanoitea.

    Denius entrou por uma viela e eu o segui; caminhamos at um lugar estranho e sombrio. Entrpor um porto que estava entreaberto. Denius afirmou:

    -Aqui o cemitrio da cidade.

    -Eles chamam este lugar de cemitrio porque aqui eles abandonam os espritos que j no caprazer a ningum. So aqueles que, movidos pelo remorso, buscam a anulao de si mesmouma atitude auto-punitiva.

    medida que avanvamos terreno a dentro, comecei a ver espritos vagando de uma lado poutro; a fisionomia deles lembravam a de animais. Denius fez um sinal para acompanh-ldireo a uma rocha com uma grande fenda que parecia uma caverna; ali, um deles estava que agonizante. Seu aspecto era terrvel, seus ombros cados, o rosto afunilado como um en

    bico, sua cor acinzentada escura, lembrava uma ave de rapina. Diante do meu espanto, Dexplicou-me:

    -O remorso excessivo que o nosso irmo experimenta, faz com que se sinta com uma ave de rao seu perisprito, obedecendo fora do seu pensamento, assume a forma que reflete o seu ede esprito.

    -Quais crimes que praticou para chegar a essa situao?

    -Nosso irmo era mdico legista; violentou quase todos os cadveres de mulheres que passpor suas mos.

    Eu quase no acreditava no que estava vendo, mas, por outro lado, ficou claro ao entendimento que Deus no precisa julgar ningum, todos temos em nossa conscincia um trionde somos nosso prprio juiz e carrasco. Naquele caso, nosso irmo estava sendo impieconsigo mesmo.

    -Denius, quanto tempo um esprito fica nessas condies?

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    -Ficar nessas condies at que um dia consiga perdoar a si mesmo e comece a busrenovao dos sentimentos. Venha, vou mostrar-lhe mais um caso de zoantropia.

    Aproximando-nos de um esprito, cujos braos grudados no corpo escamoso e o rosto transfiguassemelhava-se a uma serpente. Era uma figura impressionante. Diante daquele quadro, cheg

    questionar se eu realmente no estava vivendo um sonho ou um terrvel pesadelo.-Realmente, Zlio, se enveredarmos pelos caminhos tenebrosos do mal, nossa vida se transfem um terrvel pesadelo.

    - Quais so os crimes desse pobre infeliz que se afigura como rptil?

    12o CaptuloO resgate da Mirna 2

    -Esse irmo foi um poltico que traiu a f pblica. Usou o poder que o estado lhe conferiu,atender prpria ganncia. Os recursos que administrava, destinavam-se a suprir os hospblicos no atendimento sade. Mergulhado agora em remorso profundo, sua mente povpelos gritos desesperados das vtimas das suas atitudes criminosas.

    Agora compreendia as afirmaes de Jesus contidas no evangelho: "Aqueles que tm sedjustia sero saciados." Ningum fica impune prpria conscincia. Cedo ou tarde, ele agir praticados. Era grande o nmero de espritos que vagavam naquele lugar, vtimas da zoantFiquei feliz quando Denius chamou-me para nos retirar-nos dali.

    -Vamos senhor Zlio, j comea anoitecer; temos que ir ao encontro de Mirna.

    Samos por um outro lado; alcanamos uma grande avenida. O colorido extravagante predomnas fachadas das casas; mulheres se exibiam nas caladas com os corpos expostos. As edificaque compunham aquela estranha cidade tinham formas burlescas; em nada se assemelhavaedificaes tradicionais, como as da Terra, ou mesmo da Colnia onde eu estava abrigado. Cuperguntei ao Denius:

    -De que forma so construdos esses prdios?

    -Todas as edificaes aqui so o reflexo das mentes que predominam neste lugar;materializao do pensamento e da vontade predominante. o paraso com que sonhavam

    -Como que o esprito, aps a desencarnao, vem parar aqui?

    -Muitos, mesmo enquanto encarnados j esto ligados a este lugar. Observa que, ao anoitenmero de espritos envolvidos nessa orgia interminvel, aumenta consideravelmente. Sencarnados que comeam a chegar. A grande maioria de espritos irresponsveis viciados dea sorte. Mal o corpo adormece, projetam-se para c. Nas madrugadas, esse nmero ainda m

    -Percebo que muitos dos espritos que participam desse desfile insano aparentam estembriagados. Esto realmente?

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    Enquanto Denius falava, ouvi uma gritaria que me chamou a ateno.

    -Zlio, essa gritaria significa que Mohara est subindo para a crosta. Vamos aproveitar para resMirna.

    Partimos em direo ao prdio onde Mirna estava. Denius bateu novamente. Foi em vo; ninatendeu.

    - estranho, vamos tentar na porta dos fundos. - afirmou Denius.

    Quando chegamos na parte de trs do prdio, a porta estava entreaberta; ns nos aproximamouvimos algum chorando. Denius entrou; eu no sabia se deveria entrar. Fiquei aguardandque ele apareceu na porta e fez sinal para eu entrar. Entrei. Denius me conduziu at umarecoberta por tapetes vermelhos. Na parte onde o piso era mais alto, estava uma mulher sennuma cadeira que parecia um trono; seus ps estavam apoiados sobre a cabea de uma jovemestava cada e chorava muito; percebi que era Mirna.

    -Minha rainha, este Zlio de quem lhe falei a pouco.

    -Ento voc o renegado que quer a minha escrava?

    Denius, percebendo que eu ficara surpreso e desconcertado diante da pergunta, adiantoutomou novamente a palavra.

    -Minha rainha, senhora dos prazeres! Meu amigo nutre pela jovem profunda afeio e a desejasatisfazer seus desejos mais ntimos. Sei que a jovem tem sido um tropeo nas suas relaesMohara, talvez, esta seja a oportunidade que estava esperando para livrar-se dela.

    A mulher tirou os ps que estavam apoiados sobre Mirna, pegou-a pelos cabelos e, levantandcabea, perguntou-lhe:

    -Voc quer ir com eles?

    Mirna olhou para Denius, olhou para mim, suspirou, abaixou o olhar demonstrando cansao, fnovamente o olhar em mim por alguns instantes e afirmou:

    -Quero!

    -Ento v maldita. Sumam daqui antes que eu me arrependa.

    Denius pegou Mirna pelo brao e ns samos rapidamente. Na rua, longe dali, paramos paraMirna pudesse descansar. O barulho continuava insuportvel. Os tambores e as canincessantes ecoavam por todo o vale. Aproximei-me de Mirna.

    -Como voc est? Est melhor agora?

    Mirna olhou para mim, fixou seu olhar em meus olhos durante algum tempo e perguntou-me

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    -Ns nos conhecemos?

    -Talvez. Mas no momento no posso afirmar que sim.

    -Para onde esto me levando?

    - Estamos levando voc ao encontro de verdadeiros amigos que desejam seu bem.

    Ela apontou para Denius e disse-me:

    -Ele disse que voc me queria para realizar seus mais ntimos desejos.

    -Realmente, naquele momento e agora, o meu mais ntimo desejo ver voc livre e feliz.

    -Ainda bem! Pensei que jamais ia sair deste inferno.

    Mirna olhou para mim e sorriu. Olhei bem para o seu rosto semi-coberto pelos longos e cabelos pretos. Seus olhos, tambm negros, revelavam agora um grande contentamento intSenti vontade de tom-la em meus braos e beijar-lhe carinhosamente. Desejei passar minhapor entre seus cabelos, quis falar-lhe alguma coisa, mas Denius interrompeu-me convidando-partir. Partimos. Quando chegamos prximo aos portes da cidade, Denius parou e advertiu

    -Esperemos aqui at que os espritos que sobem crosta, em busca dos parceiros encarncomecem a sair. Geralmente saem em grupos; devemos nos juntar a um desses grupossairmos sem problemas.

    Enquanto espervamos, perguntei a Denius:

    -Voc disse que os espritos vo buscar parceiros encarnados?

    - isso mesmo, Zlio. As relaes entre encarnados e desencarnados vo alm do que voc pimaginar.

    -Que tipo de relao?

    -Muitos dos encarnados ocupam um lugar na sociedade onde o jogo de aparncias predonesse jogo, apresentam uma conduta inquestionvel, entretanto, guardam, no ntimo , paixvcios inconfessveis. Com medo de serem descobertos, represam esses sentimentos. Pornoite, quando adormecem e se acham livres do corpo fsico, buscam suas afinidades e se entra essas paixes.

    -Se o encarnado durante a viglia reprime essas paixes e as pratica somente quando se libecorpo fsico, qual o grau de culpabililidade? Essa no uma atitude involuntria?

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    -Zlio, quem comanda o corpo o esprito, portanto, a culpabilidade do esprito; ele no praticpaixes durante a viglia porque isso lhe traria prejuzos e conseqncias imediatas, ferindointeresses, ento, ele deixa para pratic-las quando acredita que no ser descoberto.

    -Como lidar com essa situao?

    -No basta ao esprito represar suas fraquezas; necessrio substitu-las por virtudes, porqueou tarde, essas fraquezas viro tona.

    - Eu reconheci alguns espritos pelas ruas e avenidas; pensei tratar-se apenas de semelhanpossvel que alguns deles sejam os prprios encarnados que eu conheci na Terra?

    -Provavelmente. A quantidade de encarnados, aqui nas madrugadas, muito grande. Vejo queesta atento na observao dos fatos ; isso ser muito importante para a realizao de um traque te aguarda em um futuro prximo.

    Quando ia perguntar qual seria esse trabalho, surgiu um grupo de espritos dirigindo-se aos poDenius fez um sinal e ns aderimos ao grupo. Samos sem sermos notados pelo guardio.adiante, comeamos a subir a encosta do vale. Mirna se apoiou em Denius at chegarmos aoonde Helena e Felipe nos aguardavam. Aps agradecermos a Denius, Helena e Felipe envolvemim e a Mirna e todos nos transportamos para a Colnia. Helena entregou Mirna aos cuidadDigenes; eu e Felipe fomos para o meu apartamento. Ao chegarmos, Felipe sentou-se na poe eu deitei-me na cama. Senti, pelo seu olhar, que estava curioso para saber das experincias quais eu havia passado. Mas eu estava mais ansioso. Antes que perguntasse qualquer coisdesabafei:

    -Felipe, meu amigo, graas a Deus, hoje eu me senti til.

    -Fiquei feliz ao ver que voc foi bem sucedido nessa tarefa to difcil.

    - como se eu voltasse de um sonho bizarro. Jamais imaginei que pudesse existir um lugar aquele. Foi uma experincia incrvel. Se eu no tivesse passado pelo sofrimento que eu pasvale dos drogados, talvez tivesse sucumbido s tentaes daquele lugar.

    -, Zlio, o sofrimento a forja que tempera nossas foras. Por falar nisso, o caldo est somesa; no se esquea de tom-lo, voc ainda precisa dele.

    Felipe saiu; eu tomei o caldo e deitei-me.

    13o CaptuloA misso

    Acordei pela manh, abri a janela e respirei fundo. O ar parecia alimentar meu corpo; serestava conseguindo subtrair energia do ter? Estava questionando essa possibilidade, quFelipe entrou. Sorrindo, cumprimentou-me:

    -Bom dia!

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    - Bom dia! Em um lugar como este onde estou rodeado de amigos como voc, todos os diasbons. Como est Mirna?

    -Depois que chegou eu no tornei a v-la. Sob os cuidados de Digenes, deve estar muito b

    - Com certeza! Felipe, diga-me uma coisa, quem Mirna?

    -Zlio, os espritos comprometidos com os acontecimentos da velha Lemria so muitos; a mest dispersa, cada qual buscando os caminhos da prpria evoluo. Voc, Mirna, HeDigenes, eu e outros ainda encarnados, quase sempre nos mantivemos juntos. Somos um gde apoio mtuo.

    -Por isso voc di socorrer-me no Vale dos drogados?

    -Sim. Na verdade eu no atuo naquela rea; minhas principais atribuies esto vinculada

    colaboradores encarnados.

    -H quanto tempo Mirna estava presa a Mohara?

    -H vrias encarnaes ela vem sucumbindo s tentaes da luxria. Tornou-se um espritomas facilmente dominada por mentes doentias; sua fraqueza a manteve escrava de Moharmuitos anos. Talvez agora , amadurecida pelo sofrimento imposto pela prpria fraqueza, tadquirido a fora necessria para enfrentar novas experincias com maior segurana. Hdever transferi-la para a Estncia do Amor, onde se relacionar com espritos que contribuiroo seu progresso.

    -Quando a vi, senti um amor fraterno por ela, algo muito forte. Qual a minha ligao com ela

    -As marcas de uma encarnao, cuja convivncia foi intensa entre dois espritos, permanececom a reaproximao dos dois, mesmo em um futuro distante, essas marcas assomasubconsciente como um sentimento nato de amor ou de adversidade.

    -Esse sentimento que eu experimentei ao v-la, significa que j estivemos juntos algum dia?

    - Sim, vrias vezes estiveram juntos.

    -Ento o amor e o dio primeira vista no existem?

    -Quase sempre so reencontros cujas afinidades, ou adversidades, foram constranteriormente.

    -Sabe, fiquei, fiquei impressionado com o Vale dos Prazeres. Existem outras cidades iguais aq

    -Existem muitas, iguais ou parecidas em quase todos os pontos da Terra. Essas cidadesconstrudas nos vales que existem na subcrosta; so consideradas zonas inferiores do pla

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    Esto localizadas prximas s coletividades onde esto vinculados os espritos que as edificaCada qual tem as caractersticas dos costumes e da cultura dessas coletividades.

    -Eu comentei como Denius que eu havia visto l espritos que eu conheci na Terra eprovavelmente, devem estar ainda encarnados. Quando desencarnarem, iro fatalmente

    aquele lugar?-Se no efetivarem uma renovao dos seus sentimentos e abdicarem das paixes que os proa esse plano inferior, com certeza, estaro l, aps desencarnarem.

    -Quando estvamos l, em determinado momento, senti-me envolvido naquele clima de luquase cedi aos impulsos que experimentei naquele instante. Porque?

    -Voc , quando encarnado, foi influenciado durante algum tempo pelo agentes de Mohara. Auera um deles, mas, com o apoio de Helena e mais tarde com o benefcio da enfermidade, acablibertando dos laos que o prendiam quela organizao infeliz.

    -Agora eu entendo porque a mulher de Mohara chamou-me de renegado.

    -Para eles, realmente voc um renegado.

    Estvamos ainda conversando, quando chegou Helena.

    -Ento, o que achou da sua experincia no Vale dos Prazeres?-Foi para mim algo inusitado! Por pouco no sucumbi!

    -Eu tinha certeza de que iria conseguir; agora posso contar com voc para realizar um outro trana crosta.

    -Quando deverei realiz-lo?

    -Vou levar Mirna para a Estncia de Amor; voc ir nos acompanhar. L o apresentarei companheiro que vai ajud-lo a realizar este trabalho.

    -Quando partiremos?

    -Agora mesmo. Mirna nos espera.

    Despedi-me de Felipe e samos. Caminhamos at o ambulatrio onde Mirna nos aguardavaestava linda; seus cabelos brilhavam refletindo os raios do sol que invadiam a sala atravs da jaDigenes fez-lhe algumas advertncias, logo depois, Helena segurou em nossas menvolvendo-nos com sua luz, partimos...

    Em poucos instantes, estvamos na Estncia de Amor. O lugar possua uma beleza peculiar; as edificaes eram rodeadas de maravilhosos jardins. Quase todos os espritos que passavans tinham a aparncia jovem. Mirna estava encantada com o que via. Emocionada pergunHelena:

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    -Estamos no Paraso?

    -Aqui um lugar aprazvel, o bem vibra no ter. Para ns, espritos em redeno, realmenparaso, embora o significado da palavra paraso seja relativo ao grau de compreenso de cad

    para muitos , ainda o paraso est no Vale dos Prazeres.Enquanto conversvamos, chegamos frente a um prdio o qual , segundo Helena nos informoo prdio da coordenadoria da Estncia. Entramos...

    Fomos recebidos por um espritos chamado Venncio que, sorrindo, cumprimentoudemonstrando conhecer Helena.

    -Minha querida Helena! Que ventos benficos a trouxeram at ns?

    -Esta a Mirna; trago-a para ficar sob os cuidados desta Estncia onde, com certeza, encontrarecursos de que precisa neste momento importante de sua vida. Este Zlio; em breve defetuar um trabalho e precisa do apoio de algum com experincia para poder desempenh

    -Qual o trabalho que ter que realizar?

    -Zlio ter que se preparar para escrever para os encarnados; dever relatar as suas experiaqui no mundo espiritual.

    -Temos, nossa Estncia, o Eduardo que poder ajud-lo bastante. Pode deix-los aqui que acomodaremos e providenciaremos tudo o que eles precisam.

    Quando Helena falou que eu iria escrever, no consegui esconder minha emoo. Sorrindoaproximou-se de mim e falou:

    -Zlio sei o quanto est feliz, mas devo adverti-lo da importncia dessa misso. Escreveencarnados sobre as experincias que viveu aps desencarnar tem por principal objetivo adve

    jovens e os pais encarnados. No dever citar nomes de parentes ou de amigos; limite-se apedescrever com detalhes as conseqncias causadas pelo uso de drogas e pelo suicdio involun

    Helena agradeceu a Venncio e despediu-se. Eu, aflito, perguntei:

    -Depois de realizado o meu trabalho retornarei para junto de voc e de Felipe?

    -Sem dvida, ainda temos muito o que fazer juntos.

    Senti-me aliviado. A idia de separar-me deles causara-me uma certa tristeza. No demorou mentrou, na sala em que estvamos, um esprito de aparncia jovem. Venncio levantouapresentou-nos:

    -Este Eduardo; faz parte de uma das equipes que atuam entre ns.

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    -A vontade a alavanca do progresso em qualquer plano da nossa existncia. Sem elatornamos joguetes das circunstncias.

    -Quando desceremos crosta?

    -Hoje noite faremos os primeiros ensaios. O trabalho de comunicao com os encarnados remuita pacincia e dedicao. Vamos realizar, primeiro , um trabalho de aproximao. Quamdium, para quem voc dever passar as informaes, registrar a nossa presena quiniciar um processo de comunicao que poder se arrastar por muito tempo.

    Naquela mesma noite, eu e o Eduardo descemos para a crosta. Quando chegamos ao grupencarnados onde eu deveria fazer contato com o mdium, fiquei surpreso. Eu conhecia aqpessoas; foi ali que Felipe socorreu-me com o auxlio dos encarnados. Ele estava presente; qunos viu aproximou-se.

    -Que bom! Vejo que j est iniciando o seu trabalho.

    Eu estava apreensivo e nervoso. Ento, perguntei ao Felipe:

    -Vai sim! O mdium registrou a sua presena aqui, por ocasio do seu tratamento. Com certezfacilitar o seu trabalho; alm do mais Eduardo estar ao seu lado e saber orient-lo.

    Fiquei mais tranqilo. Esperamos terminar a reunio e acompanhamos o mdium at sua casEduardo orientou-me:

    -Zlio, a partir de agora voc dever acompanhar o nosso irmo no seu dia-a-dia. Quandregistrar a sua presena, procure transmitir-lhe atravs do pensamento, o desejo de escrever.certeza ele vai captar sua vontade; ento ser a hora de voc comear a transmitir depoimentos.

    A partir daquela noite, iniciei o meu trabalho. No foi uma tarefa fcil, mas consegui chegar aograas valorosa ajuda do Eduardo. Espero que, ao relatar minhas experincias aps a mfsica, ela venham ajudar a muitos que , como eu, optaram pelos caminhos equivocados das de do suicdio.

    Agora, sinto-me feliz! Estou vivendo novamente! Nas iluses da vida...encontrei a morterealidade da morte... Descobri a vida!

    Zlio.

    Fim.

    Cap I - Um roqueiro no alm - Na sepultura

    Cap II - Um roqueiro no alm - Fora da Sepultura

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    Cap III - Um roqueiro no alm - No vale dos drogados I

    Cap IV - Um roqueiro no alm - No vale dos drogados II

    Cap V - Um roqueiro no alm - No vale dos drogados III

    Cap VI - Um roqueiro no alm - No vale dos drogados IV

    Cap VII - Um roqueiro no alm - Na colnia escola

    Cap VIII - Um roqueiro no alm - Novas Revelaes

    Cap IX - Um roqueiro no alm - Novas Revelaes 2

    Cap X - Um roqueiro no alm - Novas Revelaes 3

    Cap XI - Um roqueiro no alm - O resgate da Mirna

    Cap XII - Um roqueiro no alm - O resgate da Mirna 2

    Cap XIII Um roqueiro no alm - A misso

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