Um só caminho levantar templos a virtude e cavar masmorras ao vício

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AUTOSAG SUPREMO CONSELHO DO REAA PARA O ESTADO DE MATO GROSSO PEÇA DE ARQUITETURA UM SÓ CAMINHO LEVANTAR TEMPLOS A VIRTUDE E CAVAR MASMORRAS AO VÍCIO Márcio Augusto Guariente - Gr15 Val de Cuiabá MT 13 de outubro de 2011 EV INTRODUÇÃO

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AUTOSAG

SUPREMO CONSELHO DO REAA PARA O ESTADO DE MATO GROSSO

PEÇA DE ARQUITETURA

UM SÓ CAMINHO – LEVANTAR TEMPLOS A VIRTUDE E CAVAR

MASMORRAS AO VÍCIO

Márcio Augusto Guariente - Gr15

Val de Cuiabá – MT

13 de outubro de 2011 EV

INTRODUÇÃO

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Seja em uma Loja no interior da floresta Amazônica, no Oriente Médio, na Rússia, ou mesmo em

sessões memoráveis como naquela de 8 de abril de 1778, aonde na famosa rua La-Pot de Fer em

Paris, a inigualável “ Loja As nove Irmãs ” ,( evocação as musas da mitologia), Joseph de Lalande o

famoso astrônomo francês, presidia os trabalhos daquela sessão histórica em que a aristocracia

estava representada pelo Duque de La Rochefoucauld, D’Einville e pelo Marquês de Condorcet, Elie

de Beaumont, pintores como Greuze e Vernet, escritores como Sébastien Mercier, Chamfort, De

Parny, Florian, sábios como Lacépède e Baily; filósofos como Cabanis, o doutor regente da

Faculdade de Medicina, Lepreux; parlamentares como Duval d’Espremesnil e de Sèze, e grandes

notáveis como Granmmaignac e de Santis. Mas a grande atração da noite era o personagem que

representava o pensamento do porvir, o ídolo dos espíritos liberais: Voltaire, mas o autor do

“Dicionário Filosófico”, enfraquecido pela idade e debilitado fisicamente, adentrara ao Templo das 9

Irmãs como se caminhasse sobre nuvens, o rosto descarnado, a boca torcida, os olhos

semicerrados, era exibido como uma múmia rediviva e para encerrar, Benjamin Franklin concedeu-

lhe a luz, com um beijo fraternal. Aos 83 anos Lalande iniciava o pai da enciclopédia em nossos

Augustos Mistérios.

Assim os séculos vão construindo a história de nossa sublime Ordem, do jovem neófito ao mestre

maçom a busca continua sendo a mesma, e esta busca, tem se traduzido durante todos estes anos

através da mesma pergunta: Que vindes aqui fazer? Vencer minhas paixões, submeter minha

vontade e fazer novos progressos na maçonaria, estreitando os laços de amizade que nos unem.

Que se faz em vossa Loja? Levantam-se Templos a virtude e cavam-se masmorras ao vício.

Este é o tema que iremos abordar em nossa breve reflexão de hoje, percebendo que todos estamos

em busca de caminhos para a transformação, nada melhor que buscarmos nos conhecer melhor.

A BUSCA DA ORIGEM DO HOMEM

Em seu início como Primata ( Homem) prevalecia o instinto, mas há de se convir que somente isso

não era suficiente para a sua sobrevivência, pois sua força física era relativa diante de outros

animais, sua agilidade também era muito limitada, entretanto seu instinto era um pouco diferente das

demais espécies. Enquanto estas estavam voltadas simplesmente para à preservação da espécie, o

Homem já apresentava uma individualidade e uma capacidade de, além de aprender com as

experiências, prevenir-se contra situações adversas do meio, associando fatos e situações com

relação aos fenômenos da natureza, ou aos hábitos de outros animais. A este conjunto de

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“qualidades”, podemos chamar de SENTIMENTOS DEFENSIVOS. Defensivos porque são eles os

responsáveis pela preservação da vida.

Posteriormente, advém a razão e esta passa a sobrepujar ao Sentimento Defensivo tornando o

Homem aparentemente racional, sendo ele, quando muito, racionalizador. Racional seria se todos os

homens, a partir de determinadas informações, chegassem às mesmas decisões e conclusões,

entretanto, isso não ocorre, pois o sentimento prepondera nas premissas de um processo racional.

A razão funciona mais ou menos assim: “Quem ama o feio bonito lhe parece “ ( aqui temos o

sentimento sobrepujando a forma). “Mais vale um passáro na mão do que dois voando”( aqui, o

sentimento de posse supera a quantidade). “A voz do povo é a voz de Deus”( neste caso, acredita-se

estar a verdade com a maioria). E segue por ai a razão, a nossa estranha lógica.

AS DIMENSÕES DA EVOLUÇÃO

Uma das características individuais do ser humano é ter noção de espaço; melhor seria dizer, a

noção de dimensão. Sem esta noção não conseguiríamos saltar sobre um obstáculo, dirigir um

veículo em um corredor estreito, saltar de um barranco, sem risco de nos ferir. Por isso podemos

tentar entender melhor o processo evolutivo do Homem através de um estudo dimensional de sua

evolução:

a) Primeira Dimensão

Os primeiros seres humanos surgidos na Terra os conhecidos Primatas Humanos eram criaturas que

objetivavam aquilo que era coberto pela sua percepção. Sua vida era orientada por sentimentos

instintivos, totalmente voltados para a sobrevivência. Sua vida tinha uma dimensão, a linha. Ter a

linha como dimensão significa ter somente um caminho para seguir, seja tortuoso ou não este

caminho. Sua pretensão era chegar onde as necessidade eram saciadas e, dentro desse aspecto,

seus sentidos eram muito apurados; a visão, a audição, o paladar, o olfato e o tato possibilitando

procurar alimentos para a sua sobrevivência, por exemplo. Nessa fase da evolução o intelecto pôde

proporcionar ao Homem algumas facilidades em sobreviver e isso começou a ocorrer a medida que

ele conseguia aprender a sua rotina, não precisando utilizar-se da sua rotina o tempo todo. Isso valia

para ele procurar alimentos ou afastar-se de um lugar que houvesse perigo.

A percepção de uma dimensão deve ser entendida como não perceber outras dimensões, como se

caminhasse sem olhar para os lados ou para cima, não por opção, mas pela própria necessidade.

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Para compreender isso, vamos imaginar que estamos atrasados para irmos a algum lugar, portanto,

o nosso caminho é o mais direto possível, no objetivo de ser o menor. Ao chegarmos ao nosso

destino, não teremos condições de dar detalhes sobre o caminho percorrido, ou seja, não

agregamos valores à nossa caminhada. Se estivermos nos dirigindo a algum lugar e formos

observando o que passa ao nosso redor, teremos noção de uma dimensão além daquela na qual

caminhamos. Ainda hoje, muitas vezes, nos comportamos assim, em situações desnecessárias.

Esse período de evolução foi bastante longo.

b) Segunda Dimensão

Em termos físicos podemos dizer que a segunda dimensão é o plano. Ela passa a ser compreendida

pelo ser humano no momento que este se torna Homem das Cavernas. Para que este Homem

consiga encontrar sua caverna ele precisa ter noção do plano. Não basta somente ter a noção, é

necessário que ele tenha o desejo de voltar para a caverna, pela proteção que ele lá encontra e é

por lá viver que ele passa a ter liberdade maior, além da noção de propriedade, afinal, a caverna é

seu refúgio. Se estivermos caminhando em uma direção e no percurso vamos observando o que se

passa ao nosso redor, teremos noção de uma dimensão além daquela que corresponde a nossa

caminhada. Neste caso teremos a percepção de duas direções. Ainda hoje nos portamos como se

tivéssemos a percepção de uma direção, ou de duas. Este período da humanidade foi extremamente

longo, pois para conseguir ter a percepção da dimensão seguinte foi muito difícil. E, quando ele

chegou a nova dimensão, a Terra continuava a ser plana ( haja vista o nome planeta). Acreditava-se

ser a Terra um enorme plano suportado por quatro grandes elefantes.

c) Terceira Dimensão

Esta se constitui da segunda dimensão ( o plano) acrescida de uma nova dimensão, a altura.

Fisicamente falando, esta poderá ser chamada por quem está no planeta de volume, mas como

dissemos anteriormente, não é só isso. A Terceira dimensão inclui, em sua compreensão,

projetarmo-nos fora da matéria. O homem primitivo “observa” que existe um outro lugar e este outro

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lugar( o espaço) , também é “habitado”. Quem seriam os habitantes deste outro lugar?

Possivelmente seres superiores a ele, autênticos deuses, portanto, a terceira dimensão tem a

conotação de seres superiores. Essa fase do Ser Humano se apresenta na vida em tribos, aldeias,

agrupamentos organizados aonde existem chefes, os líderes, os pajés, muitos deles que tem o

poder de relacionar ou se contatar com deuses. Na tribo, surgem os totens, os ídolos, monumentos e

imagens materiais que representam esses seres superiores, esses deuses. Compreender e sentir a

terceira dimensão significa que não é somente uma dimensão física, mas ela é em parte imaterial.

Com o conceito de três dimensões a humanidade acaba por dar grande salto na evolução e até

conseguir sonhar em um dia sair do planeta. A dicotomia entre existir realmente um Deus superior e

existirem vários deuses perdurou por muito tempo e perdura até hoje na compreensão de muitos

povos que acreditam que Deus viveu entre nós. Se para sair da segunda dimensão, em termos de

percepção, o Homem demorou milhares de anos, para sair da terceira dimensão demoraria muito

mais e só consegue sair do conceito de uma dimensão, em direção a outra, quando passamos a

compreender, ainda que parcialmente, essa dimensão seguinte. Muita vezes vivemos em uma

dimensão como se estivéssemos em outra dimensão. Caminhamos apressadamente em busca de

nossos objetivos, já conseguimos observar as coisas por onde passamos, temos delas a percepção

de seus valores materiais, mas não percebemos o que significa a sua existência, quanto custou de

sacrifício para construí-las ou preservá-las. Neste caso é uma terceira dimensão sem a noção do

tempo necessário para aquilo existir, onde se agregam à matéria, a energia, o conhecimento, a

coragem, a perseverança, etc.., qualidades que não se enxerga.

d) Quarta Dimensão

Fisicamente falando, a quarta dimensão, em nossa época se explica pela teoria da relatividade de

Albert Einstein. É o espaço que pela ação do efeito gravitacional dos corpos celestes existentes,

sofre distorções e essas distorções obedecem a um equacionamento que tem o fator tempo como

componente.

Dizer que a dimensão do Universo é de espaço-tempo, significa dizer que não se pode ter a noção

de espaço sem associá-la ao tempo e vice-versa. Entretanto, isso é o mesmo que não dizer nada

para nós que vivemos na matéria, para nós que nos sensibilizamos pelas três dimensões da matéria,

onde as equações e os fenômenos existentes sobre o nosso ponto de vista funcionam perfeitamente

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bem! Afinal, em que essa verdade afetará a minha vida? Será que Eu, para evoluir, terei que

compreender as leis da relatividade?

Se considerarmos as coisas simplesmente dentro do aspecto matemático da física, evidentemente

que não, mas, em termos de percepção dos fatos, tenho dúvidas, pois, se existe uma quarta

dimensão, deve existir uma quinta, uma sexta, e assim por diante. Para continuar a minha evolução

espiritual eu não posso parar na percepção da matéria.

COMO LEVANTAR TEMPLOS A VIRTUDE E CAVAR MASMORRAS AO VÍCIO?

No momento em que o Venerável Mestre procede o Telhamento ao Ir Visitante , em seu

quinto questionamento ele pergunta:

VM - Que se faz em vossa Loj?

Visit - Levantam-se templos à Virtude e cavam-se masmorras ao Vício.

Desde quando fui iniciado em nossa Irmandade, este tem sido um dos grandes

questionamentos que tenho feito a minha própria consciência. Como um Iniciado na Arte Real, o que

tenho feito para desbastar a Pedra Bruta.

Os questionamentos acima me levaram a humildemente buscar a Verdade, em autores

Maçons e Profanos, e procurar entender melhor o que vem a ser Vício e Virtude, e qual a maneira

mais fácil para Levantar o meu Templo Interior através das Virtudes, e enterrar os meus Vícios nas

Masmorras do passado. Para tanto procuro discorrer primeiramente sobre os Vícios e depois sobre o

seu oposto a Virtude.

2) OS VÍCIOS

No cerimonial de Iniciação o VM pergunta ao Iniciado:

VM - O que pensais ser o Vício?

Profano – Responde, da sua forma. Porém o VM sabiamente complementa:

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VM - “ È o oposto da Virtude. É o hábito desgraçado que nos arrasta para o mal. E é para

impormos um freio salutar a esta impetuosa propensão; para nos elevarmos acima dos vis

interesses que atormentam o vulgo profano e acalmar o ardor das paixões que nos reunimos

neste Templo. Aqui trabalhamos para acostumar o nosso espírito a curvar-se às grandes

afeições e não conceber senão idéias sólidas de Virtude, porque é só regulando os nossos

costumes pelos princípios eternos da moral que poderemos dar à nossa alma esse equilíbrio

de força e sensibilidade que constitui a sabedoria, ou, antes, a ciência da vida.”

A lição que VM nos ensina, pode ainda ser complementada dizendo que o egoísmo, o

orgulho, a sensualidade são Paixões que nos aproximam da natureza animal, prendendo-nos à

matéria; que o homem que, desde este mundo, se liberta da matéria, pelo desprezo para com as

futilidades mundanas e o cultivo do amor ao próximo, se aproxima da natureza espiritual. Para tanto

o VM complementa: “ Mas esse trabalho, Senhor, é penoso e contudo a ele deveis sujeitar-

vos. ( Pausa ) Senhor, persistis no desejo de pertencer à nossa Ordem?.”

Quando o VM, adverte o Iniciado quanto a penosidade do trabalho de transformação, ele

quer se referir que para vencermos nossos Vícios e Paixões, além de nos apoiarmos no aconchego

de nosso Templo, devemos entrar também em nosso Templo Interior, para desvendarmos os

Mistérios que carregamos dentro de nós e que ainda nos fazem caminhar por estradas tão tortuosas.

Um sábio da antiguidade já disse”:O meio mais eficaz para se melhorar e resistir ao

arrebatamento do mal, é: CONHECE-TE A TI MESMO.”

Vamos ao encontro de alguns dos condicionamentos e dependências que os seres humanos

apresentam mais comumente.

Certamente o conhecimento desses vícios nos colocará em confronto com eles, e nos dará

ensejo a uma aferição de como estamos situados entre os homens em geral.

Ninguém na nossa sociedade, é criticado, ou rejeitado, pelo fato de fumar, beber, jogar, comer

bem ou ter suas aventuras sexuais. Tudo isso já foi até consagrado como natural e, portanto, aceito

amplamente como “costumes da época”.

Estamos alheios aos perigos e às conseqüências que os citados hábitos nos acarretam. Além

disso os meios de comunicação estão abertos, sem restrições, à propaganda envolvente e maciça

que induz a humanidade ao fumo, ao álcool, ao jogo, à gula e ao sexo. È inacreditável como a

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sociedade parece se deixar mansamente conduzir, sem a menor reação coletiva, a tão perniciosos

incentivos, difundidos por todos os meios.

E para superarmos os defeitos mais enraizados no nosso espírito precisamos fortalecer

a nossa vontade. Mais uma vez voltamos ao Telhamento quando o VM pergunta:

- VM Que vindes aqui fazer ?

- Visit Vencer minhas ppaix, submeter minha vontade e fazer novos progressos na

maçon, estreitando os laços de amizade que nos unem.

Iniciando assim a luta por eliminarmos os vícios mais comuns. Essa condição, no entanto, não se

consegue sem trabalho, sem testemunho da vontade aplicada. É, sem dúvida, conquista individual

que se pode progressivamente cultivar.

2.1) A IMAGINAÇÃO NOS VÍCIOS

A criatividade representa, no ser inteligente, um dos seus mais importantes atributos. Pela

imaginação penetramos nos mais insondáveis terrenos das idéias. Dirigimos vôos ao infinito,

descobrimos os véus no mundo da Física, da Química, da Anatomia, da Fisiologia, fazemos evoluir

as Ciências, criamos as invenções, desenvolvemos as artes e constatamos o espírito.

O homem, pela sua imaginação, cria as suas carências, envolve-se nos prazeres, absorve-se

nas sensações e perde-se pelos torvelhinhos do interesse pessoal. Cristaliza-se, por tempos, nos

vícios que sua própria inteligência criou, necessidades da sua condição inferior, que ainda se

compraz nos instintos. O ser pensante sabe os males que causam o fumo, o álcool, o jogo, a gula,

os abusos do sexo, os entorpecentes, embora proporcionem instantes de fictício prazer e

preenchimento daquelas necessidades que sua mente plasmou.

Tornam-se, então, hábitos repetitivos, condicionamentos que comodamente aceitamos muitas

vezes sem quaisquer reações contrárias. Quem conseguiria justificar com razões evidentes as

necessidades de fumar, de beber, de jogar, de comer demasiado, e da prática livre do sexo?

O organismo humano se adapta às cargas dos tóxicos ingeridos e o psiquismo fixa-se nas

sensações. Na falta delas, o próprio organismo passa a exigir, em forma de dependências, as doses

tóxicas ou as cargas emocionais às quais se habituara, e a criatura não consegue mais libertar-se;

fica viciada. Sente-se incapaz de agir e prossegue sem esforços, contaminando o corpo e a alma.

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2.2) A TENTAÇÃO NOS VÍCIOS

As tentações podem surgir em algumas circunstâncias como pela primeira vez, e podem

repetir-se por muitas vezes, principalmente naqueles estados de ansiedades em que somos muitas

vezes impulsionados a satisfazer nossos desejos. Esse procedimento é comum nos fumantes, nos

alcoólatras, nos jogadores de azar, nos drogados, nos masturbadores. É a imitação que dá origem

ao hábito, costume ou vício.

3) AS VIRTUDES

No cerimonial de Iniciação o VM pergunta ao Iniciado:

VM - O que entendeis por Virtude?

Profano – Responde, da sua forma. Porém o VM sabiamente complementa:

VM -“ Também é uma disposição da alma que nos induz a praticar o bem. “

Procurando mais uma vez complementar o raciocínio do VM, nos preocupa que, em

nossos dias, não se usa mais a palavra “virtude”. Pouco se comenta, de um modo geral, sobre as

virtudes dos homens, antes admiradas e respeitadas, hoje de exemplos tão raros.

A impressão que guardamos dos comentários feitos a respeito das virtudes vem

possivelmente das educadoras religiosas, na nossa infância, quando pareciam ser qualidades

apenas de criaturas santas e angelicais, distantes das nossas próprias possibilidades. Quem

atualmente valoriza as qualidades virtuosas e as procura incentivar ?

Bem poucos, podemos dizer; é coisa de antigamente, das cidades pequenas, das famílias

tradicionais, já não compatível com os padrões sociais das cidades que muito cresceram, onde

poucos se conhecem e todos levam suas vidas despreocupados com a retidão de caráter, a

seriedade profissional, a honestidade, a fidelidade conjugal, a boa educação de princípios.

A Virtude no entanto é um dos Pilares que sustentam as práticas da Maçonaria, e a Ordem

abre-nos as portas de seus Templos para que renovemos os hábitos salutares da prática da virtude.

Como Aprendizes somos levados a nos conhecer e buscarmos vencer nossas Paixões e

Vícios, como Companheiros já nos é dado conhecermos os Mistérios de burilarmos a Pedra Bruta.

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Temos nas virtudes, aqueles padrões de comportamento que um dia chegaremos a vivenciar

espontaneamente, sem que para isso nos custe algum esforço. Reagiremos de modo natural, por

hábito, com bons sentimentos sem dificuldades.

É preciso compreender que a atitude virtuosa deve estar despida do interesse pessoal, ou das

intenções ocultas; praticar o bem pelo próprio bem. E a maior qualidade que a virtude pode ter é a de

ser praticada com a mais desinteressada caridade, o que lhe confere grandioso mérito.

3.1) CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DAS VIRTUDES

Propondo-nos à realização progressiva do nosso auto-aprimoramento, vamos juntos estudar

as características básicas das virtudes, isto é, procuremos conhecer seus principais aspectos.

O “Devotamento” e a “Abnegação”, são a divisa que todo Maçom que busca o seu auto-

aprimoramento deve buscar, pois elas resumem todos os deveres impostos pela caridade e

humildade.

“Devotamento” é a dedicação, afeição com religiosidade, com sentimento de amor profundo, a

uma causa ou criaturas.

“Abnegação” é desinteresse, desprendimento, renúncia, sacrifício voluntário do que há de

egoístico nos desejos e tendências naturais do homem em proveito de uma pessoa, causa ou idéia. (

Aurélio Buarque de Holanda Ferreira. Novo Dicionário da Língua Portuguesa ).

Desse apanhado, podemos enumerar de modo simples, como meio para a nossa aferição

individual, as características fundamentais das virtudes, como consistindo no seguinte:

a) Disposição firme e constante para a prática do bem;

b) Prática da resistência voluntária ao arrastamento das más tendências;

c) Sacrifício voluntário do interesse pessoal, renunciando pelo bem do próximo – Abnegação;

d) Prática da caridade desinteressada, empregada com discernimento para proveito real dos que

dela necessitam;

e) Dedicação com sentimento de amor profundo e desprendimento – Devotamento;

f) Fazer o bem por impulso espontâneo, natural, por hábito, sem esforço ou dificuldade.

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4) CONCLUSÃO

Jean-Pierre Bayard, um dos maiores escritores da atualidade, aborda a essência da

espiritualidade. E não podemos falar em espiritualidade sem falar em morte. Primeiro é preciso

morrer para depois renascer, em espírito. Quando o grão de milho se encontra em seu estado maior

de putrefação, é exatamente nesse instante que ele traz à luz a plenitude da vida. Na Maçonaria,

como afirma Bayard, uma morte fictícia materializa a mudança de consciência de um ser que passa

do estado profano ao de ser Iniciado. Como Iniciados que somos busquemos na Simbologia, as

ferramentas necessárias para burilarmos com perfeição a Pedra Bruta que ainda reside em nós,

“Cavando Masmorras ao Vício”, e aprimorando o nosso Templo Interior, “ Levantando Templos a

Virtude”.

Que o GADU, ilumine a todos aqueles que buscam a luz.

Um TFA MÁRCIO AUGUSTO GUARIENTE – Gr15

BIBLIOGRAFIA

1- Ritual do Companheiro-Maçom - GOEMT

2- Ritual do Aprendiz-Maçom - GOEMT

3- Estudos Maçônicos sobre Simbolismo – Nicola Aslan

4- A Espiritualidade da Maçonaria – Jean-Pierre Bayard

5- Fundamentos da Maçonaria – Joaquim Roberto Pinto Cortez

6- Instruções para Loja de Companheiro – Hércule Spoladore, Fernando Salles Paschoal,

Assis Carvalho

7- O Companheirismo Maçônico – Rizzardo da Camino

8- Manual Prático do Espírita – Ney Prieto Peres

9- Novo Dicionário Aurélio – Aurélio Buarque de Holanda