Um triste retrato

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JOINVILLE 8 DE NOVEMBRO DE 2010 ANO 5 N o 1.249 R$ 1,00 O MELHOR PARA QUEM VIVE A CIDADE www.NDonline.com.br Segunda-feira Confusão. Houve questões repetidas ou invertidas e troca dos temas no gabarito Problemas nas provas podem anular o Enem O Exame Nacional do Ensino Médio, realizado sábado e domingo, voltou a apresentar problemas. Os erros de impressão nas folhas de respostas e nas provas podem levar à anulação, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil. Página 34 ROGÉRIO SOUZA JR./ND 4 pontos. Ala Bristott teve boa atuação no jogo de ontem Série de reportagens que o Notícias do Dia começa hoje mostra que a cidade tem muito a avançar quando o assunto é esgotamento sanitário. Matéria desta edição destaca a real situação do município nesta área. Páginas 4 e 5 para Joinville DESAFIO Joinville vence a 1 a no NBB Flu ainda na liderança Equipe começou bem, mas teve dificuldade no segundo quarto. Página 2 Tricolor carioca ganhou o clássico diante do Vasco, por 1 a 0, ontem à noite. Página 4 Basquete Série A JUCA KFOURI RUI GUIMARÃES FABRÍCIO PORTO/ND Corinthians, time com autoridade Sobravam talentos na década de 80 Jardim Paraíso. Neste bairro, impasse atrasa construção da rede de esgoto

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De 8 a 11 de novembro de 2010 o Notícias do Dia publicou a série de reportagens “Um triste retrato”, vencedora da categoria profissional jornal do 10º Prêmio de Jornalismo Unimed, em 2011. "Doenças que vem do descaso", terceira reportagem da sequência sobre saneamento básico, venceu na categoria jornal impresso do 4º Prêmio Fatma de Jornalismo Ambiental, também em 2011.

Transcript of Um triste retrato

JOINVILLE 8 de novembro de 2010 ANO 5 No 1.249 r$ 1,00

O M E L H O R P A R A Q U E M V I V E A C I D A D E

www.ndonline.com.brSegunda-feira

Confusão. Houve questões repetidas ou invertidas e troca dos temas no gabarito

Problemas nas provas podem anular o EnemO Exame Nacional do Ensino Médio, realizado sábado e domingo, voltou a apresentar problemas. Os erros de impressão nas folhas de respostas e nas provas podem levar à anulação, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil. Página 34

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d4 pontos. Ala Bristott teve boa atuação no jogo de ontem

Série de reportagens que o Notícias do Dia começa hoje mostra que a cidade

tem muito a avançar quando o assunto é esgotamento sanitário. Matéria

desta edição destaca a real situação do município nesta área. Páginas 4 e 5para Joinville

Desafio

Joinville vence a 1a no NBB

Flu ainda na liderança

Equipe começou bem, mas teve dificuldade no segundo quarto. Página 2

Tricolor carioca ganhou o clássico diante do Vasco, por 1 a 0, ontem à noite. Página 4

Basquete

Série A

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Corinthians, time com autoridade

Sobravam talentos na década de 80

Jardim Paraíso. Neste bairro, impasse atrasa construção da rede de esgoto

Cidade4 notícias do dia Joinville – segunda-feira, 8 de novembro de 2010

“Haverá ainda máquinas pesadas e pessoas trabalhando no local, a atenção do motorista deve ser redobrada.”Em obras

= Oftalmologia

R$ 5 milComeça nesta segunda a implantação do sistema de esgotamento sanitário

na rua Dona Francisca, que deve prosseguir até dezembro.

Cinquenta adolescentes do Corpo de Bombeiros Mirins foram beneficiados com atendimento oftalmológico, sábado; outros 230 serão atendidos este mês. Trata-se do Projeto Olhar Jovem, uma ação social da Clínica de Olhos Andrade.

é quanto ganharam, da Fundema, os projetos “Minicamping Agroecológico” e “Horta e Lã”. Eles concorreram com

outros quatro inscritos.

Mais verde rua dona Francisca

Michel Bitencourt, engenheiro da Águas de Joinville, sobre as obras na rua Dona Francisca.

ediTor: lorení franck

[email protected] @loreni_nd

rosana [email protected]

Os moradores do Centro, América, Bucarein, e de par-te dos bairros Anita Garibaldi, Floresta, Guanabara, Itaum, Fátima, Adhemar Garcia, Ulys-ses Guimarães e Profipo são os únicos que têm esgoto tratado hoje em Joinville. Com apenas 16,6% de cobertura de esgoto e duas ETEs (Estações de Trata-mento de Esgoto) – uma no Ja-rivatuba e outra no Profipo –, a cidade amargou a 64ª colocação num estudo do Instituto Trata Brasil que analisou os índices de saneamento básico nas 81 maiores cidades do país, entre 2003 e 2008.

Analisando apenas os da-dos de 2008, Joinville ficou em 64º lugar na pesquisa da Oscip (Organização da Sociedade Ci-vil de Interesse Público), criada em 2007. O percentual local é de 6,7%, inferior ao do Estado, que também não é bem visto nacionalmente com seus 23,3%

de rede de esgoto. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-tística) no mês passado mostrou que Santa Catarina está na 16ª posição na análise do percentual de municípios com rede coletora de esgoto nos 27 Estados brasi-leiros e no Distrito Federal.

Pouco mais de um terço dos municípios catarinenses – 35,2% – tem o esgoto produzido nas residências, empresas e indús-trias redirecionado para as es-tações de tratamento. O estudo também constatou que em 2008 “cerca de 18% da população bra-sileira estava exposta ao risco de contrair doenças em decorrência da inexistência de rede coletora de esgoto”. A região Sul, com 6,3 milhões de pessoas, ficou na terceira colocação nesse ranking – depois do Nordeste, com 15,3 milhões, e do Norte, com 8,8 milhões – e no Sul “o serviço é ofertado em menor escala nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul”.

Esgoto. Apenas 16,6 % de Joinville é beneficiada pela captação e tratamento, percentual inferior até ao do Estado

DaDOsPesquisa

Nacional de Saneamento

Básico do IBGE, divulgada no mês passado, mostrou

que Santa Catarina está

na 16ª posição na análise do percentual de

municípios com rede coletora

de esgoto

Obras começaram há 21 anosHelena Dausacker da Cunha,

coordenadora de controle de qualidade da Companhia Águas de Joinville, afirma que a primeira etapa de esgotamento na bacia do rio Cachoeira – que cobria o Centro, o Bucarein e o Anita Garibaldi – foi realizada pela Casan (Companhia de Águas e Saneamento) em 1989. Essas obras da empresa que cuidou da gestão do saneamento básico de Joinville entre 1973 e 1989 ocorreram paralelas às obras no Profipo e no Adhemar Garcia.

Em 1997, a segunda etapa dos trabalhos na bacia do Cachoeira

atendeu aos moradores de parte do América, Atiradores, Floresta, Guanabara, e Itaum. Em 1999, parte do Ulysses Guimarães e do Fátima deixou de filtrar seus dejetos na fossa-filtro e redirecioná-los sem tratamento para os rios da região. A partir de 2005, com a criação da Companhia Águas de Joinville, novos projetos foram planejados. Nos anos seguintes, começaram a ser executados. A meta da companhia é alcançar 52,2% de cobertura da rede de esgoto em 2012. (Leia mais nas próximas edições)

a primeira etapa de

esgotamento da bacia do Cachoeira

foi realizada pela Casan em 1989.

Helena da CunHa,

coordenadora de controle de

qualidade da cia. Águas de

Joinville

Um triste

retrato

a partir de hoje, o nD apresenta uma

série de reportagens sobre esgotamento sanitário em Joinville.

nessa primeira reportagem, mostra-se a real situação da cidade, que tem apenas 16,6% de cobertura de esgoto. na segunda

serão abordados os danos ambientais causa-dos pela falta de tratamento dos dejetos. na terceira, os prejuízos à saúde de crianças e

adultos e, na quarta e última reportagem da série, o nD mostrará qual o planejamento

da Companhia Águas de Joinville para ampliar o percentual de cobertura de

16,6% para 52,2% até 2012.

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Paranaguamirim: esgoto escorre por valetões

Parque Guarani: a cena se repete

Um entrave

Uma grande valeta de esgoto a céu aberto localizada no meio da rua Filadélfia, no Paranaguamirim, preocupa e perturba os moradores da região. A rua é uma das tantas de Joinville que é exemplo do esgoto doméstico que fica evidente a olho nu logo depois que passa pela fossa-filtro das casas e é despejado junto com a água das chuvas no centro da via. A costureira Marivane Honorato do Canto, 36, moradora do bairro há três anos, tem pavor das doenças que podem ser causadas pela água.

“Eu morro de medo de leptospirose, sou meio neurótica mesmo, e com esse valetão não dá para descuidar, principalmente com as crianças”, destaca. Casada com o mecânico Rubens Dario Gonçalves, 26, e mãe de Kalyta Natiely, três meses, Marivane acredita que uma galeria resolveria o problema da região. “A gente só ouve falar dos projetos, mas deveriam tapar esse valo. Tem um monte de criança que entra ali. E o perigo disso?”, questiona. O bairro deve ter rede de esgoto ligada à ETE Jarivatuba até o final de 2012.

Nos loteamentos João Pessoa Machado 1 e 2, no Parque Guarani, a situação se repete. Os 397 lotes instalados entre 1998 e 1999 na região e regularizados no mês passado pela Secretaria de Habitação são divididos por uma grande vala de esgoto. O cheiro forte dos dejetos que são lançados diretamente na rede pluvial e chegam aos rios incomoda quem vive ou precisa passar pelos loteamentos. Geni de Souza Demachi, 54, dona de casa, e a filha Terezinha, 31, auxiliar de estofaria, têm dificuldades para dormir durante a noite. “É uma catinga insuportável. Minha filha tem alergia e também é ruim para as crianças”, diz a avó de Alessandro, 5, e Adria, 4, uma das primeiras moradoras dos loteamentos.

No Jardim Paraíso, a rede de esgoto está praticamente pronta, mas um impasse com a ECL – contratada para executar o serviço – impede que a ETE para onde os dejetos serão redirecionados termine de ser construída. O projeto de instalação da rede no bairro, no Jardim Sofia e na Vila Cubatão deve ser retomado nos próximos meses e a obra concluída até 2012. Até lá, a Secretaria de Habitação espera ter retirado a maioria das 200 famílias que vivem numa ocupação irregular à beira da grande valeta a céu aberto que restou na região.

Em dezembro, 48 famílias dessa área deverão ganhar casas novas, regulares, com sistema de água e esgoto e energia elétrica em outro ponto do bairro. Levina Prudêncio, 48, vive na frente da vala há três anos e ainda não sabe do seu futuro. “Não é fácil viver com essa sujeira na frente de casa.”. A mãe de Valmir, 27, e avó de Emily, 3, e Rafael, quatro meses, mantém o portão de casa sempre fechado para evitar que as crianças tenham contato com a água suja. “Aqui em casa é tudo cercado e cuidamos muito para que as crianças não saiam e brinquem nessa água.”

Eu morro de medo de leptospirose e com esse valetão não

dá para descuidar.

Marivane do Canto, costureira

notícias do dia Joinville – segunda-feira, 8 de novembro de 2010 Cidade 5

É uma catinga insuportável. Minha filha tem alergia e também é ruim para as crianças.

Geni de Souza, dona de casa

Eperança. Levina e os filhos pequenos

Pontes de insegurança. Uma grande vala, onde são despejados o esgoto e a água da chuva, corta a rua Filadélpia, no bairro Paranaguamirim

Limites. Loteamentos do Parque Guarani são divididos pelas tubulações

FoNte: iBge e iNstituto tRata BRasil

Panorama Situação em Joinville hoje

16,6% da cidade tem cobertura de esgoto

Extensão – 2.300 quilômetros Ligações – 128.348 Economias – 173.947

Extensão – 260 quilômetros Ligações – 11.965 Economias – 26.205

Brasil – 43,2 % de 2007 a 2010, o ministério das Cidades recebeu 13.798 projetos – entre os pedidos de verba para obras de esgotamento sanitário, abastecimento de água, drenagem urbana e resíduos sólidos do PaC e para emendas de parlamentares – em todo o país.

Santa Catarina – 23,3 % no mesmo período, o ministério das Cidades recebeu 1.383 projetos de santa Catarina, o que representa 10% do total nacional.Joinville – 16,6 %

são Paulo 99,81. espírito santo 97,42. rio de Janeiro 92,43. minas gerais 91,64. Pernambuco 88,15. Paraíba 73,16. Ceará 69,67. brasil 55,28. bahia 51,39. mato grosso do sul 44,910. Paraná 42,111. alagoas 41,212. rio grande do sul 40,513. roraima 40,014. rio grande do norte 35,315. santa Catarina 35,216. sergipe 34,717. amapá 31,318. goiás 28,019. acre 27,320. mato grosso 19,121. amazonas 17,722. Tocantins 12,923. rondônia 9,624. maranhão 6,525. Pará 6,326. Piauí 4,527.

ETE Jarivatuba – américa, Centro, bucarein, parte dos bairros anita garibaldi, floresta, itaum, guanabara, fátima, adhemar garcia e ulysses guimarães

ETE Profipo – Profipo

Pesquisa Trata BrasilJoinville ficou em 62º lugar no ranking do instituto Trata brasil que avaliou o saneamento básico nas 81 maiores cidades do país entre 2003 e 2008. analisando apenas os dados de 2008, Joinville fica na 64ª posição na tabela da oscip.

Rede de água

Rede de esgoto

Cobertura de esgoto

Percentual de municípios com rede coletora de esgoto, em ordem decrescente, segundo as Unidades da Federação – 2008

Estações de tratamento de esgoto

Fonte: iBge, diretoria de Pesquisas,

Coordenação De População e indicadores

sociais, Pesquisa Nacional De saneamento Básico 2008.

Nota: Considera-se o município em

que pelo menos um distrito tem tratamento de

esgoto.

Cidade4 notícias do dia Joinville – terça-feira, 9 De novembro De 2010

“Apesar da divergência no conceito de jardim, a comissão teve harmonia nas escolhas. A diferença na pontuação dos três primeiros lugares foi mínima.”

city tour= Capotagem

para quem quiser conhecer as atrações turísticas da cidade. O preço

será proporcional ao número de participantes.

O americano John Menau, 71 anos, trafegava pela rua Marcílio Dias. Quando cruzou a rua Blumenau, o Citroën C3 que dirigia foi atingido por um Fiat Uno, pilotado por Dagmar Novakowski, 18. O Citroën capotou. Menau escapou ileso.

A festA dAs flores terá

Ubiratan Miranda, da Conurb, sobre o concurso de jardins da Festa das Flores

eDitor: alDo urban

[email protected] @urban_nD

poluiçãoonde há problema

extensão – Área – 79,50 quilômetros quadrados – totalmente na área urbana

Nascentes – Costa e Silva, na rua rui barbosa, próximo a br 101

extensão – 14,2 quilômetros

principais afluentes – bom retiro, mirandinha, morro alto, mathias, Jaguarão, bucarein, itaum-açu e itaum-mirim

foz – lagoa Saguaçu, chegando a baía babitonga

Cachoeira

extensão – Área – 396 quilômetros quadrados em Joinville, e 96 quilômetros quadrados em Garuva

Nascente – na Serra Queimada, em Joinville

extensão – 88 quilômetros

principais afluentes – tigre, Jerônimo Coelho, Seco, isaac, Prata, fleith, Kundt, lindo, alandf, do braço, mississipi, Campinas, vermelho, rolando, rio do meio, e Quiriri.

foz – Canal das três barras, chegando a baia da babitonga

Cubatão

extensão – Área – 312 dos 569,5 quilômetros quadrados do rio drenam Joinville

Nascente – na Serra Dona francisca

extensão – 60 quilômetros

principais afluentes – rio Quati, rio Águas vermelhas, rio Dona Cristina e rio do Salto

foz – rio itapocu, em araquari

Piraí

extensão – Situa-se na foz do rio Palmital e compõe o estuário mais importante do estado, que comporta a última grande formação de manguezal do hemisfério sul

área – 160 quilômetros quadrados

extensão – 23 quilômetros

limites – São francisco do Sul, araquari, barra do Sul, Garuva, itapoá e Joinville

Baía Babitonga

rosana [email protected]

Despejado em valas a céu aberto ou mascarado pela rede de drenagem pluvial, 83,4% do esgoto de Joinville têm destino incorreto: os rios que cortam a cidade e deságuam na baía Ba-bitonga, na bacia hidrográfica do rio Itapocu e, consequente-mente, no mar. Historicamente, nota-se que o despejo irregular de esgoto doméstico e industrial nos rios enquanto a cidade cres-

cia e se desenvolvia causou e ain-da danos ambientais às bacias dos rios Piraí, Itapocu, Cubatão e Cachoeira, e na Babitonga.

Análises das águas dos rios Cubatão, Cachoeira, e Piraí, re-alizadas pela Companhia Águas de Joinville e pelo CCJ (Comitê de Gerenciamento da Bacia Hi-drográfica do Rio Cubatão Norte e Cachoeira), programa da Uni-ville (Universidade da Região de Joinville), mostram que os índi-ces de oxigênio dissolvido – um dos mais importantes para ava-

liar a capacidade que um rio tem para suportar a atividade bioló-gica de organismos aquáticos –; de coliformes fecais – bactérias que indicam contaminação fecal; e de fósforo estão inadequados à resolução 357 do Conama (Con-selho Nacional do Meio Ambien-te), publicada em 2005.

Em 2000, os elevados índices de poluição, principalmente na bacia do Cachoeira, motivaram uma ação civil pública dos pro-curadores do Ministério Público Federal contra a Casan (Com-

panhia Catarinense de Águas e Saneamento) e a Prefeitura de Joinville. Naquele ano, foram cobradas melhorias imediatas na cobertura de esgoto sanitário na cidade, que tratava apenas 15% dos seus dejetos. Dez anos depois a Justiça Federal voltou a cobrar a execução da senten-ça do MPF. O poder público e a Águas de Joinville tem até abril para apresentar um plano de despoluição das bacias conta-minadas pelo esgoto lançado na Babitonga.

a maior parte vai para os riosSaneamento. Do esgoto de Joinvile, 83,4% não têm tratamento

Relação de obras e planejamento será apresentada à JustiçaEm 2011, a Companhia

Águas de Joinville e o município devem apresentar à Justiça um relatório com as obras de esgotamento sanitário que já foram realizadas, o planejamento para novas instalações de rede e ETEs (Estações de Tratamento de Esgoto) até 2012 e o Plano Municipal de Saneamento. Adriano Stimamiglio, gerente técnico da

Amae (Agência Municipal de Água e Esgoto) e presidente da comissão de acompanhamento da elaboração do plano, destaca que o documento é dividido em quatro áreas.

“Estou acompanhando a comissão que trata do plano de água e esgoto, mas também haverá estudos sobre os resíduos sólidos e a drenagem urbana”, destaca. O plano de água e esgoto, que deverá

ser finalizado até janeiro, mostrará um diagnóstico da situação da cidade e um prognóstico para basear ações necessárias para possíveis cenários de expansão da cidade. “Com a ampliação da rede de esgoto se espera que o rio Cachoeira seja despoluído pelo menos parcialmente. E com o plano serão pensadas novas ações para a cidade”, analisa.

Com a ampliação da rede se espera que o

Cachoeira seja depoluído parcialmente.

AdriAno StimAmiglio, gerente técnico da amae

destino final. esgotos doméstico e industrial de Joinville acabam desaguando na baía Babitonga, afetando o meio ambiente

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iran correia/nd

notícias do dia Joinville – trça-feira, 9 De novembro De 2010 Cidade 5

demoraDespoluição começa a

aparecer um ano após implantação

do esgoto.

Esgotos doméstico e industrial comprometem a bacia hidrográfica do rio Cubatão

Coletas trimestrais avaliam evolução após implantação do sistema

Alvo de estudos do CCJ ((Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Cubatão Norte e Cachoeira) desde 1998, a bacia hidrográfica do rio Cubatão, na zona Norte, é uma das prejudicadas pelo despejo de esgotos doméstico e industrial. A engenheira sanitarista e ambiental Virgínia Grace Barros, doutora em ciências ambientais pela Universitá’ Ca Foscari di Venezia, na Itália, e professora da Univille afirma que as análises das águas mostram que o despejo de esgoto no curso do rio é um dos principais agentes de poluição da água, causador da mortandade de peixes e micro organismos.

“Logo na entrada, a bacia está protegida porque está na área predominantemente rural e não recebe muitos despejos, mas no médio e no baixo curso, ali pelos bairros Vila Cubatão e Jardim Sofia, ela já recebe esgoto sanitário”, explica. De acordo com Virgínia, mesmo com as variações dos resultados das coletas em

períodos secos e chuvosos, é possível constatar que o rio está contaminado e contamina cada vez mais a baía Babitonga. “A falta de um sistema adequado de esgoto impacta os rios. Como consequências, temos condições desfavoráveis para a vida dos organismos mais sensíveis, alteração no cheiro da água e em outros parâmetros”, exemplifica.

No rio Cachoeira, a situação é mais complexa. “Vemos lixo já na nascente, no Costa e Silva, e o despejo de dejetos ocorre em toda a sua bacia, que atravessa a área urbana de Joinville”, comenta. Para Virgínia, além da implantação da rede de esgoto, é necessário que seja feita uma fiscalização das residências e indústrias para verificar quem não está ligado à rede. “Ainda não se rompeu o limite de regeneração e depuração dos rios, mesmo com o despejo desses dejetos, mas é preciso que se instale a rede e se fiscalize essas ligações”, avalia.

a falta de um sistema adequado de esgoto impacta os rios.

Virgínia Barros,

engenheira sanitarista

Rio Cubatão. Poluição se acentua nos bairros Jardim Sofia e Vila Cubatão

Rio Cachoeira. Quando passa pela área central, em frente à Prefeitura, o curso d´água já se tornou um canal fétido

Quando se fala em coliformes fecais, nenhum ponto atende às normas.

Helena CunHa, engenheira sanitarista

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Desde ontem, o ND apresenta uma série de repor tagens sobre esgotamento sanitár io em Joinvi l le. Na pr imeira matér ia, mostrou a situação da cidade, que tem 16,6% de cober tura de esgoto. Hoje, aborda os danos ambientais. Amanhã, os prejuízos à saúde da população. Na quar ta, mostrará o planejamento para ampliar o percentual de cober tura.

Para ter parâmetros para analisar a qualidade da água dos rios após a implantação da rede de esgoto em regiões como o bairro Vila Nova, que ganhará uma ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) na SC 413, na Rodovia do Arroz, até 2012, a Águas de Joinville realiza coletas trimestrais em rios da cidade. No momento, são monitorados os rios Cubatão, Piraí; do Braço e do Esgoto, que compõem a bacia do Cubatão; Águas Vermelhas, Motucas, Aratacas, da bacia do Piraí; Mirandinha, afluente do Cachoeira; Velho, Riacho, e do Varador, que compõem a bacia da Lagoa Saguaçu.

De acordo com a engenheira

sanitarista Helena Dausacker da Cunha, coordenadora do controle de qualidade da Companhia, as análises que seguem a resolução 357 do Conama e uma portaria estadual mostram resultados inadequados que deverão ser modificados com a implantação da rede. “Hoje, quando se fala em coliformes fecais, nenhum ponto analisado atende às normas do Conama”, destaca.

Naum Alves de Santana, assessor de planejamento e desenvolvimento institucional da Companhia, afirma

que é preciso pelo menos um ano para verificar o efeito da ampliação da rede nos bairros para a despoluição dos rios. “O material sedimentado no fundo do rio Cachoeira, por exemplo, continuará ali”, destaca Naum. Para tentar minimizar o impacto do despejo de pelo menos 83,4% do

esgoto de Joinville nos rios Eduardo Schroeder, diretor executivo da Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente), afirma que o órgão tem intensificado as fiscalizações nas residências que já deveriam ser ligadas à rede.

Cidade4 notícias do dia Joinville – quarta-feira, 10 De novembro De 2010

“Toda a iluminação decorativa de Natal será concluída em 1º de dezembro. Ela será diferente do ano passado, com inovações no prédio da Prefeitura, nas ruas centrais e nos bairros de Joinville.”

estragos= Adote uma árvore

18 e 23em Joinville. Quedas de árvores foram

registradas na Estrada do Pico, em Pirabeiraba, na BR 101 e no Centro.

Ninguém se feriu.

A Fundema (Fundação Municipal do Meio Ambiente) vai levar o programa “Adote Uma Árvore” para a 72º Festa das Flores de Joinville. Serão distribuídas mudas de espécies nativas da região para os visitantes.

de novembro o Festival de Belas Artes de Joinville, no Teatro Juarez

Machado. Informações no site www.belasartesjoinville.com.br.

Será realizado entre o vendaval de ontem cauSou

Luiz Cesar Keufner, da Seinfra,sobre a decoração de Natal

eDitor: alDo urban

[email protected] @urban_nD

rosana [email protected]

A ausência de rede de esgoto em 83,4% de Joinville eviden-cia situações enfrentadas pelo Ministério da Saúde em todo o país: ainda hoje, há crianças e adultos com verminoses, diar-réias e disenterias bacterianas provocadas pela exposição às valas a céu aberto. Nos bairros mais pobres, onde os dejetos que passam pelas fossas-filtro das casas – quando essas exis-tem – é redirecionado às valetas e aos rios, os moradores são afe-tados diretamente e precisam ir mais vezes aos postos de saúde para receber atendimentos pri-mários e tratar doenças que não deveriam mais ser comuns.

O Paranaguamirim, onde o Diagnóstico Social da Criança e do Adolescente, lançado pelo CMDCA (Conselho Municipal da Criança e do Adolescente) e pela Secretaria de Assistência Social, em 2009, mostrou que há carên-cia de tudo, é o que mais sofre com a ausência da rede. O bair-ro que foi classificado como pés-simo e ruim nas áreas de saúde, educação e violência do diag-nóstico é o que mais concentra valas a céu aberto. As crianças são atendidas pelas agentes de saúde com diarreias, doenças de pele, e verminoses.

As agentes comunitárias do loteamento Jardim Edilene, o mais precário do bairro, ao lado do Estevão de Matos, afirmam que a situação fica mais compli-cada pela falta de cuidado dos pais. No verão, segundo elas, não é difícil encontrar crianças tomando banho nas valetas. “O pessoal não quer dizer que o fi-lho está doente e que brinca na valeta, mas tem muito disso”, comenta a agente Stefania Lo-pes Ribeiro.

José Declarindo dos Santos, presidente do Conselho Local de Saúde do Paranaguamirim lamenta que o bairro ainda não tenha esgoto tratado. “Vivemos situações aqui como a água re-tornar para dentro do banheiro, pais reclamarem de crianças com verminoses, dores intesti-nais e alergias”, lamenta.

Esgoto. Gasto com saúde é maior nas áreas sem saneamento

Doenças que vêm do descaso

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retrato. vala com esgoto no bairro ulysses Guimarães mostra precariedade do saneamento básico em Joinville

Melhorias no Jardim ParaísoNo Jardim Paraíso, antes do início das obras do

PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), as valas a céu aberto também comprometiam a saúde dos pequenos com uma frequência perturbadora para as famílias e para os profissionais da área de saúde. Mesmo com as interrupções no andamento das obras que, no bairro, estão praticamente concluídas, as reclamações nos postos de saúde da região diminuíram depois que as valetas foram fechadas.

A médica Martha Artilheiro, que atua no posto Jardim Paraíso 2 e é diretora clínica da Secretaria Municipal de Saúde, afirma que, até o ano retrasado, só ela atendia de 15 a 20 pacientes por semana com doenças relacionadas à ausência da rede de esgotamento sanitário. “Eu tinha que fazer grupos de pacientes que tinham as mesmas queixas para avaliá-los e passar o tratamento porque senão não dava tempo de atender a todo mundo”, relembra. Os casos mais comuns eram de impetigo, uma infecção que causa lesões primárias na pele, e as diarreias causadas pela exposição às águas sujas. “A única região onde ainda há problema é naquela invasão na frente da valeta”, complementa.

Nem comida podemos deixar na

mesa porque enche de moscas.

José dos santos,

presidnete do conselho de saúde do

paranaguamirim

notícias do dia Joinville – quarta-feira, 10 De novembro De 2010 Cidade 5

consequênciasDoenças causadas pela falta de saneamento

Grupos de doenças

Formas de Transmissãoprincipais doenças

relacionadasFormas de prevenção

feco-orais (não bacterianas)

Contato de pessoa para pessoa, quando não se tem higiene pessoal e doméstica

adequada.

Poliomielite Hepatite tipo a Giardíase Disenteria amebiana Diarreia por vírus

melhorar as moradias e as instalações sanitárias

implantar sistema de abastecimento de água Promover a educação sanitária

feco-orais (bacterianas)

Contato de pessoa para pessoa, ingestão e contato

com alimentos contaminados e contato com fontes de águas

contaminadas pelas fezes.

febre tifoide febre paratifoide Diarréias e disenterias bacterianas, como a cólera

implantar sistema adequado de disposição de esgotos melhorar as moradias e as instalações sanitárias

implantar sistema de abastecimento de água Promover a educação sanitária

Helmintos transmitidos pelo solo

ingestão de alimentos contaminados e contato da

pele com o solo.

ascaridiase (lombriga) tricuriase ancilostomiase (amarelão)

Construir e manter limpas as instalações sanitárias

tratar os esgotos antes da disposição no solo evitar contato direto da pele com o solo (usar calçado)

tênias (solitárias) na

carne de boi e de porco

ingestão de carne mal cozida de animais infectados

teniase Cisticercose

Construir instalações sanitárias adequadas tratar os esgotos antes da disposição no solo inspecionar a carne e ter cuidados na sua preparação

Helmintos associados à

água

Contato da pele com água contaminada

esquistossomose

Construir instalações sanitárias adequadas tratar os esgotos antes do lançamento em curso d’água

Controlar os caramujos evitar o contato com água contaminada

insetos vetores relacionados com as fezes

Procriação de insetos em locais contaminados pelas fezes

filariose (elefantíase)

Combater os insetos transmissores eliminar condições que possam favorecer criadouros

evitar o contato com criadouros e utilizar meios de proteção individual

Tio herói. Jerusa (e), Deisiane, a avó Gerusa e o

tio Fábio

Jardim edilene. na região mais carente do bairro Paranaguamirim, são comuns casos de verminoses devido à falta de saneamento

Desde segunda o ND apresenta repor tagens sobre esgotamento sanitár io em Joinvi l le. Na pr imeira matér ia, mostrou a situação da cidade, que tem 16,6% de cober tura de esgoto. Na segunda, abordou os danos ambientais causados pela falta de tratamento dos dejetos. Hoje, analisa os prejuízos à saúde. Amanhã, na quar ta e última matér ia da sér ie, mostrará qual o planejamento para ampliar a cober tura para 52,2% até 2012.

reflexo econômico devido ao maior gasto com tratamento de saúde

Brincadeira que acabou no hospital

casos de doençasde pele em crianças

além de trazer prejuízos à saúde pública, o índice de 6,6% de tratamento de esgoto em Joinville traz também perdas à economia da cidade. o engenheiro químico e doutorando em engenharia ambiental cleiton vaz, professor de gestão ambiental da univille, afirma que não há estudos específicos para quantificar essas perdas por aqui, mas confirma que, de acordo com parâmetros nacionais, os prejuízos existem. “sabe-se que quanto menos se investe em saneamento básico mais se gasta com saúde pública, e que a implantação da rede de esgoto valoriza os imóveis da cidade”, destaca.

um estudo divulgado em julho pelo instituto Trata Brasil mostra que em um ano foram gastos no Brasil r$ 547 milhões com o pagamento de horas não-trabalhadas para funcionários afastados do trabalho por causa de doenças gastrointestinais. “a probabilidade de uma pessoa com acesso à rede de esgoto se afastar das atividades por qualquer motivo é 6,5% menor que a de uma pessoa que não tem acesso à rede”, quantifica a pesquisa realizada pela FGv (Fundação Getúlio vargas).

o acesso universal ao saneamento básico reduziria em r$ 309 milhões os gastos das empresas com afastamentos de trabalhadores. após ter acesso à coleta de esgoto, a FGv estima que a produtividade do trabalhador melhore 13,3% e sua renda cresça na mesma proporção. “se houvesse acesso universal ao saneamento, haveria uma redução de 25% no número de internações e 65% na mortalidade”, analisa o estudo.

Há quatro anos, a pequena deisiane alves, 5 anos, precisou ser internada no Hospital regional Hans dietter schmidt dias depois de cair dentro de uma valeta na rua draco, no Jardim paraíso. a mãe, Jerusa, 25, dona-de-casa, lembra que a menina brincava na rua com outras crianças quando se desequilibrou e caiu na vala que recebia os dejetos da rua. “minha irmã tinha acabado de sonhar que eles tinham caído na valeta quando a gente ouviu os gritos e foi socorrer a deisiane”, comenta. Felizmente, o tio Fábio, que tinha nove anos, pegou a menina pelos pés e a tirou da água rapidamente.

a menina foi levada ao pa do costa e silva, encaminhada ao Hospital municipal são José e reencaminhada ao Hospital regional, onde foi medicada. “isso foi numa quarta, ela voltou pra casa, mas no sábado precisou ir para o hospital de novo. eu e ela ficamos isoladas por causa do contato com a água. e ela teve diarreia e pneumonia”, relembra a mãe. a água suja que a menina engoliu comprometeu o funcionamento do pulmão direito durante meses. semanas depois, a vala foi tapada pela regional do bairro. Fábio, o tio herói, lembra bem daquele dia. “Quando eu a vi, ela já estava lá dentro, mas consegui puxá-la rápido”, orgulha-se.

vitor, de 2 anos, morador do Jardim paraíso, já teve impetigo quando havia mais valas abertas no bairro. o pai, luiz Fernando Farias, 46, autônomo, sempre manda o menino colocar o chinelo quando ele brinca descalço na casa ou na rua, na companhia de quatro irmãos, comenta. márcia della vechia, agente comunitária do bairro, afirma que às vezes as crianças ainda aparecem no posto com as feridinhas que caracterizam o impetigo. “não tem outra coisa a se fazer a não ser investir em saneamento básico para melhorar a qualidade de vida da população”, destaca.

reflexosAcesso ao

saneamento básico reduz ausências no

trabalho

Não tem outra coisa a fazer a não

ser investir em saneamento básico

para melhorar a qualidade de vida

da população.

Márcia Della Vechia,

agente comunitária

redeComo é, projetos de ampliação

16,6%das unidades ligadas à rede de água são ligadas à rede de esgoto

R$ 180 milhõesem saneamento básico

128.348ligações

173.947unidades

26.205unidades

11.965ligações

Hoje Ampliação

Investimento

Rede de água

Rede de esgoto

eTe Jarivatuba – Atenderá aos bairros América, Centro, Bucarein, Ulysses Guimarães, Santo Antônio, Bom Retiro, Glória, Atiradores, Nova Brasília, Saguaçu, Paranaguamirim e parte dos bairros Anita Garibaldi, Floresta, Itaum, Guanabara, Fátima, Adhemar Garcia, e Iririú

eTe Profipo – Profipo eTe espinheiros – Espinheiros eTe Pirabeiraba – Pirabeiraba eTe Morro do Amaral – Morro do Amaral

eTe Vila Nova – Vila Nova e Morro do Meio

eTe Jardim Paraíso – Jardim Paraíso, Jardim Sofia, e Vila Cubatão

52,2%das unidadess ligadas à rede de água serão ligadas à rede de esgoto

Em 2012

Bairros atendidos

ETE Jarivatuba – América, Centro, Bucarein, parte dos bairros Anita Garibaldi, Floresta, Itaum, Guanabara, Fátima, Adhemar Garcia e Ulysses Guimarães

ETE Profipo – Profipo

ETE (estações de tratamento de esgoto)

notícias do dia JoINVIllE – qUARtA-FEIRA, 10 DE NoVEMBRo DE 20104 Especial

rosana [email protected]

Reverter o quadro negativo em que Joinville se encontra quando o tema é esgotamento sanitário requer investimento, tempo para a realização das obras e paciência da população. Ampliar de 16,6% para 52,2% a rede coletora de esgoto até o final de 2012 é promessa de campanha do prefeito Carli-to Merss. Projetos do município e da Companhia Águas de Joinville, já em execução com recursos do governo federal e do BID (Banco Interamerica-no de Desenvolvimento), mostram que melhorar o panorama é possível.

No bairro Saguaçu e no Centro, as obras inicia-das em maio seguem em três frentes de trabalho, com funcionários da Companhia e de empreiteira contratada. Numa primeira etapa, estabelecimentos públicos como a Prefeitura, o Fórum e a Câmara de Vereadores serão ligados à rede de esgoto que redire-cionará o material para a ETE (estação de tratamen-to de esgoto) do Jarivatuba. A estimativa é de que a partir de janeiro os órgãos municipais localizados na avenida Hermann August Lepper deixem de lançar o esgoto sem tratamento no rio Cachoeira.

Na avenida, no trecho das figueiras, a tubulação foi instalada no asfalto, próxima à calçada, em uma profundidade de dois metros e dez centímetros e largura de 80 centímetros. “Tiramos a água do fundo e colocamos uma camada de areia para que seja possível trabalhar em dias assim”, explicou Rivanildo Pessoa, um dos fiscais da obra, enquanto supervisiona-va o trabalho num dia de garoa. A opção de instalar a rede no asfalto e não na calçada, como ocorre em outros trechos, acon-teceu por causa das árvores que obstruiriam a passagem da rede pelo passeio. As obras no bairro seguem até o final de 2011.

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a solução e os projetosEsgoto. Prefeitura

quer ampliar área de cobertura de 16,6% hoje

para 52,2%, em 2012

Centro. Na avenida Hermann August Lepper funcionários de empreiteira instalaram rede coletora de esgoto

Saguaçu. Obra na rua onde mora Joanira da Silva

prEvisãoAté janeiro,

Prefeitura deve deixar de jogar esgoto no rio Cachoeira.

Aumento na fatura vem junto

Entenda a mudança na conta

A rua Ex-Combatente, no Saguaçu, foi um dos canteiros de obra da Companhia no mês de setembro. A operadora de produção Joanira Terezinha da Silva, 52 anos, mora na via desde que nasceu, aprova as intervenções, mas questiona o motivo do aumento na fatura mensal de água. “Me falaram que vai aumentar 80%. Já acho a água cara, mas é o preço do progresso também, se vão fazer algo para melhorar, é o preço”, avalia. Antes do início da obra, Joanira recebeu a visita de uma equipe de educação ambiental da Águas de Joinville que explicou o que seria feito na rua e os benefícios para a comunidade.

“Eles me falaram que o esgoto vai sair limpo, entre aspas né, e deixar de poluir os rios”, destaca a operadora de produção. Alessandra Oechsler Mendes, assistente social do programa de educação ambiental da Companhia, afirma que todos os moradores das ruas onde serão realizadas obras recebem visitas como a que dona Joanira recebeu. Além disso, foram realizadas palestras para os agentes comunitários dos bairros Espinheiros e Profipo.

A partir do momento em que a rede de esgoto é instalada e as residências ligadas a uma estação de tratamento de esgoto, o morador começa a pagar mais 80% do valor da conta de água para que os dejetos sejam tratados. Hoje, apenas moradores do Centro, América, Bucarein, parte do Anita Garibaldi, do Itaum, do Guanabara, do Fátima, e do Adhemar Garcia, têm os esgotos domésticos tratados e pagam pelo serviço. No Profipo e no Ulysses Guimarães, como há problemas no funcionamento da rede, o percentual não é cobrado.

Em Joinville, a tarifa residencial para dez metros cúbicos custa R$ 22,23. A tarifa comercial para o mesmo limite de consumo custa R$ 32,66. Para solicitar a tarifa social de R$ 9,55, o morador deve ganhar até dois salários mínimos ou a família deve ter renda per capita de R$ 140. Em 2009, 1.300 famílias recebiam o benefício concedido após análise da Secretaria de Assistência Social. Neste ano, 5.500 famílias pagam R$ 9,55 da taxa regular quando consomem dez metros cúbicos. Para mais informações, é necessário ir até a Secretária de Assistência Social, localizada na avenida Coronel Procópio Gomes, 749, no Bucarein.

Colocamos uma camada

de areia para que

seja possível trabalhar em dias assim.

Rivanildo Pessoa,fiscal

notícias do dia Joinville – quinta-feira, 11 De novembro De 2010 Cidade 5

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Antes do prazo. No bairro Vila Nova, o contrato com a empreiteira vai até 2013, mas a expectativa é de terminar em 2012

Bairro Vila Nova. Fiscal da Águas de Joinville Vinícius Voltoloni (D) acompanha a obra

Expectativa. O alfaiate Zalmir Vieira Farias mora há cinco anos no bairro Vila Nova

Nesta semana o ND apresentou repor tagens sobre esgotamento sanitár io em Joinvi l le. A pr imeira matér ia mostrou a situação da cidade que tem 16,6% de cober tura de esgoto. A segunda abordou os danos ambientais. Na terceira, foram evidenciados os prejuízos à saúde. Hoje, na quar ta e última matér ia da sér ie, e apresentado o planejamento da Companhia Águas de Joinvi l le para ampliar o percentual de cober tura de 16,6% para 52,2% até 2012.

Obras já estão em andamento

Problemas com empreiteira

No Vila Nova obra deve ficar pronta em 2012

No bairro Vila Nova, a implantação da rede coletora de esgoto começou em maio e deve ser encerrada até o final de 2012. “O contrato com a empreiteira vai até fevereiro de 2013, mas a previsão é de que a obra seja entregue antes”, destaca Vinícius Voltolini, fiscal da Águas de Joinville na obra.

Para o alfaiate Zalmir Vieira Farias, 63, morador do bairro há cinco anos, já passou da hora de Joinville ampliar o tratamento do esgoto sanitário “Sempre se culpa o prefeito atual, mas isso é algo que já vem de muito tempo. Sempre se fez tudo pela metade”, opina.

O primeiro contrato assinado pela Águas de Joinville, em 2008, prevê implantação de redes nos bairros Espinheiros – onde já há obras –, Glória e em partes do América e do Atiradores. O segundo contrato viabilizado é o do Saguaçu, que inclui um trecho do Iririú. Também já há recursos garantidos para que a obra na bacia seis do rio Cachoeira – Anita Garibaldi, Atiradores, e parte dos bairros São Marcos, Nova Brasília e Floresta – seja realizada.

No Morro do Amaral, a rede foi concluída, e será necessária a instalação de uma ETE (estação de tratamento de esgoto) compacta, de 400 mil litros, já comprada pela Companhia. “Abriremos uma licitação para construção da base da ETE e de duas elevatórias”, explica Alberto Jorge Francisco, diretor se expansão da Águas de Joinville. Nas duas licitações lançadas anteriormente não houve empresa interessada na obra. Com nova planilha de custos – a nova licitação custa R$ 202 mil – a Companhia espera contratar empresa para a obra que deverá ser concluída em cinco meses.

O contrato das obras da bacia 3.1 – Santo Antônio, Costa e Silva, parte da zona Industrial Norte – e da bacia 3.2 – Bom Retiro, Saguaçu, e Santo Antônio – e para reforma da ETE Jarivatuba está assegurado pelo PAC. “O projeto executivo da bacia 3.2 está pronto e em 45 dias teremos o edital para contratar a obra”, aponta. O projeto da 3.1 fica pronto em novembro. Na ETE Jarivatuba, o modelo de lagoas australianas – que causa mau cheiro – será substituído pelo anaeróbico.

Duas obras planejadas pelo município em 2005 foram paralisadas pela mesma empreiteira: a ECL. Em agosto de 2008, com 20% dos serviços concluídos, as obras do Jardim Paraíso, Jardim Sofia e Vila Cubatão pararam porque a ECL pediu um reequilíbrio do contrato. Em setembro de 2009, sem conseguir o acréscimo, a empreiteira voltou a implantar a rede e, em abril, suspendeu novamente o trabalho.

A rede e a ETE do Jardim Paraíso estão praticamente prontas. No Jardim Sofia, quatro quilômetros foram executados. O contrato que inclui a execução da rede de esgoto dos bairros Morro do Meio, Pirabeiraba e Paranaguamirim também foi alvo de questionamentos. “Apenas uma parte das obras do Paranaguamirim foram iniciadas”, complementa Alberto Jorge Francisco.

Me falaram que vai

aumentar 80%. Já

acho a água cara, mas é o preço.

Joanira da Silva,

moradora do Saguaçu

Sempre se culpa o prefeito atual, mas isso é algo que já vem de muito tempo.

Zalmir vieira FariaS, alfaiate

O contrato vai até fevereiro de 2013, mas a previsão é

de que a obra seja entregue

antes.

viníciuS voltolini,

fiScal