UMA ANÁLISE DO CONTROLE DE QUALIDADE …¡udio... · se conhecer a realidade de uma indústria...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA PEDRO CLÁUDIO COSTA UMA ANÁLISE DO CONTROLE DE QUALIDADE CENTRALIZADO E DESCENTRALIZADO: RESULTADOS EM TERMOS DE LOGÍSTICA, MÃO DE OBRA E QUALIDADE FINAL DO PRODUTO Belo Horizonte 2013

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA

PEDRO CLÁUDIO COSTA

UMA ANÁLISE DO CONTROLE DE QUALIDADE CENTRALIZADO E

DESCENTRALIZADO: RESULTADOS EM TERMOS DE LOGÍSTICA, MÃO

DE OBRA E QUALIDADE FINAL DO PRODUTO

Belo Horizonte 2013

PEDRO CLÁUDIO COSTA

UMA ANÁLISE DO CONTROLE DE QUALIDADE CENTRALIZADO E

DESCENTRALIZADO: RESULTADOS EM TERMOS DE LOGÍSTICA, MÃO

DE OBRA E QUALIDADE FINAL DO PRODUTO

Dissertação apresentada como requisito de avaliação do curso de Mestrado Profissional do Centro Universitário UNA, para obtenção do título de mestre em Dinâmica Organizacional, Inovação e Sociedade. Área de Concentração - Organizacional, Inovação e Sociedade. Orientador – Prof. Dr. Luiz Rodrigo Cunha Moura Co-orientador – Prof.a Dra. Cristiana Ituassu

Belo Horizonte 2013

Ficha catalográfica desenvolvida pela Biblioteca UNA campus João Pinheiro

C837a Costa, Pedro Cláudio

Uma análise do controle de qualidade centralizado e descentralizado: resultados em termos de logística, mão de obra e qualidade final do produto/ Pedro Cláudio Costa. – 2013.

150f.: il.

Orientador: Prof. Dr. Luiz Rodrigo Cunha Moura Co-orientador: Prof.ª. Drª. Cristiana Trindade Ituassu Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2013. Programa de

Mestrado Profissional em Administração. Bibliografia f. 141-147.

1. Controle de qualidade. 2. Indústria automobilística. I. Moura, Luiz Rodrigo Cunha. II. Ituassu, Cristiana Trindade III. Centro Universitário UNA. III. Título.

CDU: 658.56

AGRADECIMENTOS

Agradeço à DEUS, por ter colocado em meu coração a vontade e a garra de nunca desistir,

continuar lutando mesmo com as adversidades de um cotidiano pouco favorável.

Aos meus pais, mesmo de longe e sem entender muito o mundo acadêmico me transmitia

confiança e carinho.

À minha esposa que tanto me incentivou nos momentos que pareciam ser superiores as

minhas forças, ela estava do meu lado com sua fé inabalável e acreditando sempre em um

final feliz.

Ao meu filho, que Deus possa lhe proporcionar mais conhecimento e sabedoria em sua

trajetória acadêmica e profissional.

A minha família e amigos que me apoiaram nesta conquista, me dando inspiração em todos os

momentos desta trajetória acadêmica.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Luiz Rodrigo Cunha Moura e a minha co-orientadora Prof.a

Dra. Cristiana Ituassu , que sempre me transmitiu confiança e experiência, me estimulando a

buscar na literatura, embasamento cientifico, com uma sustentação teórica capaz de dar

robustez ao meu trabalho.

Aos diversos professores e colegas de mestrado do Centro Universitário UNA que me

auxiliaram nesta caminhada, em especial, Prof. a Dra. Fátima Andrade, que me ajudou muito,

nos primeiros momentos do mestrado.

RESUMO

A presente pesquisa teve como objetivo geral descobrir qual é o tipo de controle de qualidade em uma unidade produtiva de motores que apresenta melhores resultados, considerando-se a logística, mão de obra e qualidade final do produto: centralizado ou descentralizado. Buscou-se conhecer a realidade de uma indústria automobilística na gestão e no controle da qualidade. Como foco principal, a otimização do controle de qualidade para diminuir as anomalias no produto e aumentar a competitividade no mercado automobilístico mundial. Tomaram-se como referencial teórico os conceitos de qualidade, controle centralizado e descentralizado. Foi feita uma pesquisa qualitativa, com documentos provenientes de controles e estudos realizadas pela própria empresa, durante um determinado período. Já a pesquisa quantitativa foi feita por meio de um questionário com 30(trinta) perguntas, sendo 15(quinze) sobre processo centralizado e 15(quinze) sobre o processo descentralizado, sobre as variáveis que mais impactavam o processo produtivo. Após a análise de todos os documentos e do questionário, algumas observações foram registradas, mostrando detalhadamente que o controle centralizado traz um impacto maior nas despesas da empresa, com um alto valor agregado dos meios de medição, onerando o custo final do produto. Outro fator de grande importância é a logística das peças que são enviadas para controle fora da área produtiva, impactando diretamente a mão de obra e as despesas com logística. O principal resultado obtido deste estudo foi perceber que o controle de qualidade descentralizado é considerado o foco de investimento para futuros projetos na indústria automotiva para garantir a qualidade e competitividade do produto no mercado cada vez mais globalizado. A Empresa juntamente com os líderes e especialistas de área tem a missão de garantir a qualidade do produto com o menor custo possível e é nesse sentido que esta pesquisa levanta dados positivos, nos quais o processo de controle descentralizado, ou seja, com todas as medições in loco possibilita a redução dos custos de mão de obra e logística. Quanto ao quesito qualidade ficou claro, por meio dos respondentes e análise das perguntas feitas, que o processo descentralizado limita as condições de enviar um produto com algum tipo de anomalia, pois o controle é executado ao longo do processo de fabricação. Palavras-chave - Controle de qualidade, controle centralizado, controle descentralizado, indústria automotiva e inovação.

ABSTRACT This research had the general objective to find what kind of quality control in a productive unit of motors that performs better results, considering the logistics, manpower and final quality of the product: centralized or decentralized. We sought to know the reality of an automobile industry in management and quality control. Mainly focused on optimization of quality control to reduce the anomalies in the product and increase competitiveness in the global auto market. Was taken as the theoretical concepts of quality, centralized control and decentralized. We conducted a qualitative study with documents from controls and studies conducted by the company, over a period , as the quantitative research was done through a questionnaire with thirty (30 ) questions being fifteen (15 ) about centralized process and 15 (fifteen ) on the decentralized, about the variables that most impacted the production process. After review all the documents and questionnaire , some observations were recorded , showing in detail that the centralized control brings a greater impact on business expenses , with a high value of measurement tools , increasing the final cost of the product . Another factor of great importance is the logistics of parts that are sent to control out of the productive area, directly impacting on labor and the cost of logistics. The main results of this study , was to realize that the automotive industry over the years , increasingly reinvents itself in its processes and products , to ensure the competitiveness of their product in an increasingly globalized market , the company along with the leaders and specialists area has the mission of ensuring product quality at the lowest possible cost , and is this focus is that this research raises positive data , in which the process of decentralized control , in other words , with all measurements on the spot , enables reducing the costs of manpower and logistics , as the requisite quality was clear through the analysis of the responses and questions that the decentralized process limits the situation to send a product with some kind of anomaly ,because the control is performed throughout the process manufacturing . Keywords: Quality control , centralized control , decentralized control , automotive industry and Innovation .

LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

1 Lista de figuras

FIGURA 1 – Etapas da qualidade .......................................................................................... 44

FIGURA 2 - Estrutura Funcional do WCM ........................................................................... 51

FIGURA 3 - Sistema de Pontuação do WCM ........................................................................ 52

FIGURA 4 - Pirâmide Referente aos Indicadores Internos e Externos .................................. 92

FIGURA 5 - Quantidade Peças Controladas Processo Centralizado ..................................... 93

FIGURA 6 - Quantidade Peças Controladas Processo Descentralizado.................................103

FIGURA 7 - Equipamento usinagem Controle descentralizado.............................................104

FIGURA 8 - Célula de controle descentralizada....................................................................104

FIGURA 9 – Equipamento de controle centralizado..............................................................115

FIGURA 10 - Equipamento usinagem Controle descentralizado...........................................116

2 Lista de quadros

QUADRO 1 - Pilares Operativos e Gerenciais do WCM ....................................................... 50

QUADRO 2 - Centralização e Descentralização – Vantagens e Desvantagens ...................... 72

QUADRO 3 – Fases da Pesquisa ............................................................................................ 76

QUADRO 4 - Tempo para transportar e controlar peças controle centralizado ..................... 95

QUADRO 5 - Custos Horas-homens controle centralizado .................................................... 96

QUADRO 6 - Índice anomalias controle centralizado ano 2008 e 2009..............................101

QUADRO 7 - Índice aceitação produto controle centralizado..............................................102

QUADRO 8 - Tempo para transportar e controlar peças controle descentralizado .............. 106

QUADRO 9 - Custo horas-homem após o processo de descentralização ............................ 107

QUADRO 10 - Índice de anomalias controle descentralizado ............................................. 111

QUADRO 11 - Índice aceitação produto controle descentralizado ...................................... 112

QUADRO 12 - Comparativo de resultados dos indicadores internos ................................... 120

QUADRO 13 - Comparativo de resultados do indicador externo ......................................... 121

QUADRO 14 - Comparativo conforme dados do apêndice 2 ............................................... 132

QUADRO 15 - Principais vantagens e desvantagens dos dois processos de controle .......... 133

QUADRO 16 - Comparativo dos indicadores internos de qualidade .................................... 138

3 Lista de gráficos

GRÁFICO 1 - Evolução de Produção Mundial de Auto veículo ........................................... 22

GRÁFICO 2 - Evolução de Produção Mundial de Veículos pesados ..................................... 23

GRÁFICO 3 - Quantidade características controladas no controle centralizado.. ................ .94

GRÁFICO 4 – Indicador Interno “YX” Mensal controle centralizado...................................99

GRÁFICO 5 – Indicador “Y” Mensal controle centralizado ................................................ 100

GRÁFICO 6 - Quantidade características controladas controle descentralizado ................. 105

GRÁFICO 7 - Indicador Interno “YX” Mensal controle descentralizado ............................ 109

GRÁFICO 8 - Quantidade de anomalias “Y” Mensal controle descentralizado ................... 110

GRÁFICO 9 - Tempo de trasvaso e controle de peça ........................................................... 122

GRÁFICO 10 - Tempo de Feedback do controle .................................................................. 123

GRÁFICO 11 - Risco da máquina ficar parada ..................................................................... 123

GRÁFICO 12 - O tempo de controle é simultâneo com a produção da peça........................ 124

GRÁFICO 13 - Para realizar o controle é necessário o uso de embalagem .......................... 124

GRÁFICO 14 - Há necessidade de mão de obra especializada para o controle .................... 125

GRÁFICO 15 - O custo da mão de obra é mais oneroso em qual processo .......................... 126

GRÁFICO 16 - Existe algum risco de segurança para o operador ........................................ 126

GRÁFICO 17 - Existe facilidade na contratação de mão de obra ......................................... 127

GRÁFICO 18 - É necessário treinamento e cursos para mão de obra técnica ...................... 128

GRÁFICO 19 - Existe confiabilidade pelo cliente empresa no meio de controle ................. 128

GRÁFICO 20 - Os meios de controle são importantes para produto final............................ 129

GRÁFICO 21 - Existe qualidade na manutenção dos meios de medição ............................. 130

GRÁFICO 22 - O tempo de controle da peça é fundamental para a qualidade do produto .. 130

GRÁFICO 23 - A empresa deverá continuar investindo em meios de controle ................... 131

LISTA DE SIGLAS

ABC – Santo André, São Bernardo e São Caetano

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores

ASQC – American Society for Quality Control

BACEN – Banco Central do Brasil

CDMQ – Custos da má qualidade

CEP – Controle Estatístico Processo

CNC – Controle Numérico por Coordenadas

CP – Controladores Programáveis

CVM – Comissão de Valores Mobiliários

EMEA– Europa, Oriente Médio e África

EUA – Estados Unidos da América

FGTS – Fundo Garantia Tempo e Serviço

FIAT – Fabrica Italiana de Automóveis

IMVP – International Motor Vehicle Program

MASP – Metodologia de Análise e Solução de Problemas

MIT – Massachusetts Institute of Technology

MMC – Máquina de Medir por Coordenadas

NAFTA – Estados Unidos, Canadá e México

OICA – Organização Internacional de Construtores de Automóveis

P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PDCA – Planejar, Desenvolver, Checar e Agir

SPC – Statistical Process Control

STP – Sistema Toyota de Produção

TI – Tecnologia da Informação

TQC – Controle Total Qualidade

TQM – Total Quality Management

VOSS – Vehicle Ownership Satisfation Study

“X” – (Indicador Externo/ Índice Per Thousand)

“Y” – Indicador Interno após o produto ser montado para envio do cliente final

“YX” – Indicador Interno do produto no ato da montagem e fabricação

WCM – World Class Manufacturing

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 13

1.1 Comentários iniciais ............................................................................................... 13

1.2 A importância do estudo para as empresas automobilísticas ............................ 21

1.3 Caracterização da empresa ................................................................................... 26

1.4 Problema de pesquisa ............................................................................................ 28

1.5 Objetivos ................................................................................................................. 31

1.5.1 Objetivos geral ...................................................................................................... 31

1.5.2 Objetivos específicos ............................................................................................ 31

1.6 Ineditismo deste trabalho ........................................................................................... 32

1.7 Bases da pesquisa ........................................................................................................ 32

1.8 Desenvolvimento do trabalho .................................................................................... 33

1.9 Estrutura do trabalho ................................................................................................. 34

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................ 36

2.1 Principais autores clássicos da qualidade ........................................................... 36

2.1.1 Controle de qualidade: breve histórico ................................................................. 37

2.1.2 As eras da qualidade segundo Garvin ................................................................... 40

2.1.3 As eras da qualidade segundo Feigenbaum .......................................................... 42

2.1.4 As eras da qualidade segundo Ferreira.................................................................. 44

2.1.5 As eras da qualidade segundo Cerqueira Neto ...................................................... 45

2.2 Conceitos de controle total da qualidade ............................................................. 45

2.3 Dimensões da qualidade ........................................................................................ 46

2.4 Princípios modernos de produção enxuta usados na Empresa objeto deste

estudo ............................................................................................................................. 49

2.4.1 World class manufacturing (WCM) ..................................................................... 49

2.5 Qualidade na indústria automobilística ............................................................... 53

2.5.1 Funções da qualidade na indústria automobilística ............................................... 53

2.5.2 Controle de qualidade e o processo de inspeção na indústria automobilística .... 54

2.5.3 Os Custos da falta de qualidade na indústria automobilística ............................... 57

2.5.3.1 Classificação dos custos da qualidade .................................................... 59

2.5.3.2 A metodologia seis sigma e os custos da qualidade ................................ 60

2.5.3.3 As ferramentas de qualidade ................................................................... 62

2.6 Gerenciamentos da qualidade processo indústria automobilística .................. 66

2.7 Autocontroles na indústria automobilística ........................................................ 66

2.8 Automações inteligentes na indústria automobilística ...................................... 69

2.9 Certificação de qualidade (ISO) na indústria automobilística .......................... 70

2.10 Controle centralizado x descentralizado na indústria automobilística .......... 71

2.11 Inovação Tecnológica e seus benefícios para indústria automobilística ........ 73

3 METODOLOGIA .............................................................................................................. 76

3.1 Considerações gerais ............................................................................................. 76

3.1.1 Representativo das fases da pesquisa ................................................................... 76

3.1.2 Considerações gerais sobre métodos de análise e conceitos da pesquisa ........... 76

3.1.3 Tipo de amostragem e unidade de análise e observação da pesquisa .................. 80

3.1.3.1 Amostragem ............................................................................................. 80

3.1.3.2 Unidade de análise e de observação da pesquisa ................................... 81

3.1.4 Campo de pesquisa ................................................................................................ 81

3.1.5 Definição e conceitos das variáveis pesquisadas na Empresa .............................. 83

3.1.6 Operacionalização das variáveis junto à Empresa pesquisada ............................. 89

4 LEVANTAMENTOS E ANÁLISE DE DADOS ........................................................... 93

4.1 Primeira etapa ....................................................................................................... 93

4.1.1 Processo centralizado ........................................................................................... 93

4.1.1.1 Logística ................................................................................................... 93

4.1.1.2 Mão de obra ............................................................................................. 96

4.1.1.3 Qualidade ................................................................................................. 98

4.1.2 Processo descentralizado ................................................................................... .. 102

4.1.2.1 Logística ................................................................................................. 102

4.1.2.2 Mão de obra ........................................................................................... 106

4.1.2.3 Qualidade ............................................................................................... 107

4.2 Segunda etapa ...................................................................................................... 112

4.2.1 Atenuantes relevantes dos dois processos de controle ....................................... 112

4.2.2 Comparação técnica equipamentos processos centralizado/descentralizado ..... 114

4.2.2.1 Equipamento de controle centralizado .................................................. 114

4.2.2.2 Equipamento de controle descentralizado ............................................. 115

4.2.3 Tabela Comparação técnica controle centralizado/descentralizado ................... 116

4.3 Análise dos dados levantados na primeira e segunda etapa ............................ 117

4.3.1 Primeira etapa: atenuantes processo: logística, mão de obra e qualidade ........... 117

4.3.1.1 Logística ................................................................................................ 117

4.3.1.2 Mão de obra ........................................................................................... 118

4.3.1.3 Qualidade .............................................................................................. 119

4.3.2 Análise dos indicadores internos ........................................................................ 119

4.3.3 Análise do indicador externo (“X”) (Índice Per Thousand) .............................. 121

4.4 Segunda etapa parte “A” - Análise dos dados referente ao questionário ...... 121

4.4.1 Logística ............................................................................................................. 122

4.4.2 Mão de obra ........................................................................................................ 125

4.4.3 Qualidade ........................................................................................................... 128

4.5 Segunda etapa parte “B” – Análise comparação técnica dois equipamentos 131

4.6 Principais vantagens e desvantagens controle (centralizado e descentralizado).

.......................................................................................................................................... 133

5 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 135

5.1 Considerações finais ................................................................................................. 135

5.2 Limitações do trabalho ............................................................................................. 139

5.3 Sugestões para estudos futuros ............................................................................... 140

6 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 141

APÊNDICE A .................................................................................................................. 149

APÊNDICE B .................................................................................................................. 150

13

INTRODUÇÃO

1.1 Comentários iniciais

Ao longo dos anos, diferenciadas estratégias foram utilizadas pelas empresas para

garantir a qualidade de seus produtos. Até o início do século XX, a qualidade era obtida

principalmente por meio da inspeção seletiva, seguida da segregação e eventual retrabalho dos

produtos que não atendiam aos requisitos determinados (JURAM, 1992).

Foi nesse período que Walter Shewhart começou um movimento em prol do

avanço da qualidade, iniciado, na década de 20, o desenvolvimento do primeiro gráfico de

análise de um processo produtivo, nas indústrias americanas denominadas Bell Labs, onde se

concentrava toda pesquisa de desenvolvimento AT&T (local onde era desenvolvido uma série

de tecnologias consideradas revolucionárias).

W. Shewhar trabalhava como estatístico nessa empresa formulando diretrizes de

controle de processos de usinagem e montagem, uma vez que já existia uma certa

preocupação com a qualidade. O objetivo era garantir que todos os produtos fabricados teriam

as mesmas características e não apresentariam defeitos. Contudo, foi durante a Segunda

Guerra Mundial, com a produção de material bélico e a escassez de mão de obra, que houve a

necessidade de acompanhamento do processo produtivo usando técnicas estatísticas para

reduzir peças defeituosas (SOARES, 2001).

Nesse período, a qualidade do produto era validada por inspetores, que tinham

como função inspecionar produto por produto, tentando de todas as formas não deixar que o

produto com erro de projeto ou, até mesmo, de fabricação chegasse às mãos do cliente final.

No entanto, nesse tipo de inspeção, poderiam ainda ocorrer erros que não impedissem que os

produtos defeituosos seguissem seu curso normal até o cliente. Esse processo de controle da

qualidade da produção requeria um número de inspetores que, muitas vezes, não resolviam

de forma definitiva e preventiva os problemas implicando custos elevados (ISHIKAWA,

1997).

Após a introdução do controle estatístico do processo, quando a peça começou a

ser monitorada antes de sair de sua célula produtiva, a qualidade adquiriu novos rumos e sua

história começou a ser escrita de forma diferente (SOARES, 2001).

O foco central deste trabalho está embasado nas teorias de vários autores como:

Armand Feigenbaum em 1968, Clarence Irwin Lews em 1932, J. Juran em 1990, Kaoru

14

Ishikawa em 1962, Philips Crosby em 1950, Walter Shewhart em 1920, W.E. Deming, que

deram sua contribuição nas áreas de qualidade, controle e inspeção. A teoria e a prática

estudada e vivida por eles servem de exemplo para futuros estudos nessas áreas.

Esses autores, que se destacaram no século XX, são considerados os precursores

dos conceitos e definições de qualidade que são para construir novas estratégias de controle e

relacionar conceitos baseados em tecnologias de medição modernas, mas respeitando os

conceitos primordiais da qualidade na área industrial.

Para Campos (2004), a garantia da qualidade em cada processo de produção é

montada de tal forma a não produzir defeitos ou, se produzi-lós, não transferi-los. O objetivo

de não transferir defeitos é perseguido pela verificação da qualidade em cada processo de

fabricação e, segundo Baldo e Donatelli (2003), erros sistemáticos também precisam ser

minimizados para evitar que os processos operem ocultamente fora do alvo.

A avaliação da capacidade dos processos pode também ser afetada por efeitos

aleatórios e sistemáticos associados às medições e resultar em índices de capacidade que não

descrevem com fidelidade o processo produtivo (BALDO e DONATELLI, 2003).

Para Schonberger (1992), qualidade é fazer bem da primeira vez. O que o autor

destaca é a prevenção dos defeitos, de forma a tornar dispensável a fiscalização rotineira em

maior amplitude. O ônus da prova da qualidade recai, não sobre a fiscalização, mas sobre

aqueles que fabricam a peça: o operador, o encarregado da montagem ou o vendedor

conforme o caso.

Liker (2005) traduz a qualidade como responsabilidade de todos em toda a

organização. Sendo assim, a qualidade para o cliente é o que impulsiona o seu valor. Por isso,

não há transigência quando se trata de qualidade. A competitividade e a fidelidade dos

clientes é o alvo das empresas atualmente e estão altamente relacionadas à qualidade dos

produtos adquiridos. Para Liker (2005), os consumidores estão cada vez mais exigentes, e

atender a todas as suas expectativas constituir um desafio para as empresas e um indicador de

diferencial diante dos seus concorrentes. Assim, uma das maiores preocupações das principais

indústrias manufatureiras é garantir o nível de qualidade exigido pelo cliente e uma

significativa vantagem competitiva. Para isso, as empresas investem continuamente na

construção de um sólido sistema de gestão da qualidade. Trabalhar com qualidade é garantir

redução de custos, de mão de obra, de retrabalho, de refugo e, até mesmo, de devoluções. A

robustez do sistema de gestão da qualidade, e consequentemente, o sucesso de uma empresa

se fazem via correta utilização de ferramentas, métodos, metodologias e procedimentos que

garantam a padronização e a melhoria contínua de seus processos e produtos (LIKER, 2005).

15

De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), produzir com qualidade é

manter sempre a consciência, a conformidade e as expectativas dos consumidores. Só assim

todos os envolvidos nos processos produtivos irão desenvolver suas atividades de maneira a

atender e, até mesmo, superar as expectativas dos consumidores.

O autocontrole, de acordo com esses mesmos autores, é uma atividade que

consiste nas inspeções realizadas pelo próprio operador, que realiza a produção em um

determinado posto de trabalho, e essa ação pode dispensar uma inspeção pelo departamento

da qualidade. A empresa que realmente quer desenvolver processos capazes de produzir

produtos com alto nível de qualidade e competitividade deve disponibilizar recursos para a

implantação de uma gestão direcionada às atividades de autocontrole, que dispensará esforços

canalizados para fiscalizações, sempre realizadas por um setor que não é ligado diretamente à

produção (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2002).

Na indústria do segmento automobilístico, esse processo de controlar o produto

ocupa setores específicos para cada departamento responsável pela produção de um segmento

produtivo e envolve recursos humanos alocados na produção e todos os controles e inspeções

para garantir excelência da qualidade (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2002).

De acordo com Pompermayer (2000), a centralização está ligada à distribuição de

autoridade na organização, no âmbito de tomada de decisões e na influência que os

colaboradores exercem no processo. Um alto grau de centralização é indicativo de que os

colaboradores necessitam de supervisão rigorosa, pois são considerados inaptos para tomar

decisões sobre as tarefas que executam.

Dessa forma, para Oliveira (2005), a descentralização não irá concentrar a tomada

de decisões na cúpula que gerencia a empresa, sendo a autoridade distribuída pelos níveis

hierárquicos que compõem a organização.

A percepção dos estudiosos na área de qualidade quanto ao processo de controlar

um produto é tema de pesquisas realizadas no Brasil e no mundo.

Pagano (2000) retrata a implementação de um modelo gerencial da qualidade total

mostrando detalhadamente uma forma de gerenciar a qualidade final do produto sem reduzir

os investimentos em máquinas e serviços que proporcionam essas empresas alcançar a

qualificação de classe mundial, isto é, serem reconhecidas pela qualidade de seus bens e

serviços.

Coral (1986) realiza um estudo em que procura avaliar o impacto de programas de

melhoria nas áreas financeiras da organização e o retorno sobre o investimento proporcionado

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por esses programas por meio de medidas de custos da não qualidade. A não qualidade

retratada neste trabalho é originada de um controle de qualidade ineficiente, gerando, com isso

falhas no produto final.

A visão acadêmica dos pesquisadores citados nesses comentários iniciais e

também no referencial teórico desta pesquisa, tem a importância de alavancar e dar suporte às

organizações empresariais a investimentos que proporcionam a competitividade do produto

ou serviço no mercado.

Outro fator relevante de estudos voltados para o controle de qualidade é abrir

caminhos para as empresas repensarem os modelos produtivos de fabricação e de controle

atuais, e os substituírem por novos modelos que reduza os custos de fabricação do produto ou

serviço.

É com essa visão de modernizar ainda mais o processo de gestão de autocontrole

na fabricação do seu produto, que uma empresa situada em Minas Gerais, propõe uma forma

de trabalhar, cujo ato de controlar é facilitado por maquinários com tecnologia de controle in

loco, ou seja, um processo descentralizado de controle de qualidade.

A descentralização do controle de qualidade tem vários objetivos: e um dos

principais é reduzir o numero de características a serem controladas fora do processo

produtivo e também na célula de apoio à produção, que é uma área especifica para controles

que não são executados nos centros de usinagem e retifica. Com a incrementação de aparelhos

de medições in loco, ou seja, no mesmo local onde a peça é produzida; outro objetivo é

diminuir as despesas com a logística de peças e alterar o tempo de feedback do controle

executado para o equipamento que está produzindo a peça, caso haja necessidade de uma

intervenção imediata; outro ponto fundamental dessa descentralização é a competitividade do

processo de produção melhorando os indicadores de qualidade internos e externos conforme

demonstrado na pesquisa documental executada dentro da organização (ARQUIVO

EMPRESA, 2012).

O processo alternativo descentralizado está sendo utilizado parcialmente nos

centros de usinagem da linha antiga, que ainda tem uma estrutura de controle centralizada em

um local específico, denominado célula de apoio à produção, onde a maioria dos controles

executados no produto em processo de fabricação é realizada (ARQUIVO EMPRESA, 2012).

Mais detalhadamente, os dois processos de controle de qualidade de motores

automotivos são assim analisados: o processo centralizado constitui-se em uma área de

controle centralizada, com um quadro de vinte e três funcionários divididos em três turnos de

trabalho, composto por equipamentos tridimensionais (máquinas de controle dimensional no

17

qual se movimentam em três eixos), perfilômetro (que realiza o controle de perfil da peça),

talyrond 450 (equipamento que executa o controle do erro de forma) e rugosímetro (máquina

que controla as ondulações da superfície do produto em controle).

Todas essas máquinas apresentam alto valor agregado, estão localizadas no centro

da fábrica de motores e têm como principal atividade o controle de peças provenientes dos

centros de usinagem. Esses equipamentos realizam o controle de qualidade e emitem

relatórios que são analisados por profissionais qualificados em controle e sistema de medição

de peças. Qualquer medida fora do especificado pelo projeto inicial é comunicada ao setor de

usinagem ou retífica, para que se faça uma intervenção no sentido de se adequar a produção

aos limites de tolerância estipulados. São controladas diariamente 280 (duzentos e oitenta

peças) entre blocos, cabeçotes, eixos virabrequins e capa de mancais. O processo centralizado,

(ARQUIVO EMPRESA, 2012) tem como principal objetivo atender ao processo produtivo de

fabricação com a criação e modificação de programas para controle em aparelho

tridimensional e de erro de forma, utilizando desenhos, gráficos operacionais, tabelas e

normas com execução de cálculos trigonométricos, elaborando relatórios de controle no

aparelho tridimensional, erro de forma, rugosímetro e perfilômetro.

Os tridimensionais são equipamentos que controla peças do processo produtivo

conforme frequência do plano de controle e peças extras solicitadas por diversos setores da

empresa e registra os resultados encontrados nos respectivos relatórios de controle. Separa a

peça controlada e, em caso de constatação de não conformidade, informa imediatamente ao

responsável pela fabricação da mesma, dando suporte às áreas produtivas nas soluções de

problemas e correções no processo produtivo e transportando diariamente peças do processo

produtivo para controle na sala tridimensional.

Os equipamentos de controle centralizado têm, como principal característica, o

controle por coordenadas. A aplicação racional da tecnologia de medição por coordenadas

tornou-se viável com o desenvolvimento dos computadores, que passaram a ter

potencialidades matemáticas, flexibilidade de comunicação e conexão com um processo,

resistência a ambientes industriais, pequeno porte e baixo custo, via máquinas de medir por

coordenadas. Determinam-se, de forma universal, com um mínimo de dispositivos e

instrumentos específicos, as coordenadas de certos pontos sobre as peças a controlar conforme

descrito por Oliveira (2003).

Tais pontos, convenientemente processados pelo computador associado, resultam

nos parâmetros geométricos da peça que são enviados em forma de relatórios para o processo

produtivo de fabricação.

18

O processo descentralizado é um sistema em que os controles executados são

feitos in loco, ou seja, a máquina que executa a usinagem ou retífica as peças tem uma estação

de controle a ela acoplada, que monitora todo o trabalho executado na peça permitindo, assim,

um acompanhamento da qualidade do produto no ato da fabricação.

Atualmente, esse processo descentralizado faz parte das novas células de

produção denominadas (bloco, cabeçote, eixo virabrequim e capa de mancal). As atividades

executadas são feitas em sequência, iniciando-se com o produto em estado bruto e terminando

com a peça acabada, pronta para ser montada no motor (ARQUIVO EMPRESA, 2012).

Esse processo é composto por uma estrutura de controle que está sendo

automatizada por equipamentos de montagem, usinagem e retífica com os meios de controle

que são colocados ao lado das máquinas, sem a necessidade de enviar as peças para serem

controladas fora da estação de trabalho. Por isso, é denominado processo descentralizado.

Os operadores desses equipamentos, além de abastecerem os mesmos com as

peças, fazem o monitoramento por meio de equipamentos de medição in loco.

O acompanhamento pode ser feito via carta de Controle Estatístico do Processo

(CEP), em meio eletrônico, e também dispõe da capacidade de programar a medição de uma

peça, que se desenrola automaticamente. O programa é armazenado no computador, que

transfere os comandos específicos ao Controle Numérico por Coordenadas (CNC).

Isso faz com que estações de controle sejam montadas junto ao processo de

usinagem com o intuito de identificar, mais cedo, o aparecimento de peças fora do

especificado e, por meio de realimentação, corrigir o processo de forma que não se efetive o

aparecimento de dimensões fora da margem de tolerância, isto é, produção com refugo zero

(ARQUIVO EMPRESA, 2012).

Como este é um processo que já está nascendo com essa nova configuração de

controle, ajustes ainda estão sendo executados pelas áreas de engenharia, como a compra de

novos equipamentos de medição in loco. A perspectiva é que a robustez desse processo

poderá proporcionar, em médio prazo, o controle de 100% das peças no ato de fabricação das

mesmas, e não dependendo mais de análises externas ao processo produtivo como ocorre

tradicionalmente (ARQUIVO EMPRESA, 2012).

O foco central da descentralização é possibilitar otimização da variável mão de

obra, logística e qualidade, e proporcionar, com isso, rápido retorno para possíveis

intervenções no processo produtivo e maior segurança. Além disso, reduzir o número de

características a serem controladas na célula de apoio à produção, por meio de um trabalho

feito com o pessoal tecnológico, enviando todo esse serviço para os meios de controle in loco,

19

redirecionando, com isso, a mão de obra para outro trabalho. Sendo assim, a descentralização

reduz o número de características a serem controladas e também altera-se o tempo de

feedback do controle executado, caso haja a necessidade de uma intervenção imediata no

processo para melhorar a qualidade do produto.

O controle de qualidade centralizado é uma ferramenta que necessita de uma

atualização que acompanhe a inovação tecnológica dos meios de controle usados atualmente

na indústria. Muitas empresas do ramo automobilístico têm buscado modificar os meios para

realizar um controle, via equipamentos tecnologicamente superiores aos usados em 1980,

quando a qualidade total foi implantada Campos (1992). A partir da data de 1984, a

competitividade aumentou de forma que as indústrias sentiram a necessidade de mudanças

para atender o aumento de produção e a busca pela qualidade total do produto.

Com a possibilidade de conhecer melhor tais mudanças geradas nas indústrias

automotivas, este trabalho vem interagir essas transformações com uma pesquisa que vai

mostrar como o controle de qualidade tem sofrido alterações na forma de controlar e medir o

produto nas últimas décadas e, como foco principal, analisar comparativamente as formas de

controlar atualmente.

Conhecer detalhadamente os dois principais tipos de controle da indústria

automotiva é um desafio que vai gerar oportunidade de escolher qual deles é mais viável para

a organização. Apesar de o setor automotivo existir há mais de um século, segundo Ferreira

(2007) os processos utilizados para o desenvolvimento e produção de veículos têm passado

por transformações relevantes, principalmente nas últimas décadas, estando estas mudanças

associadas a um intenso processo de reestruturação produtiva e organizacional. O mundo

acadêmico está repleto de histórias e pesquisas direcionadas a essa área de atuação, com

informações relevantes, quanto à medição ou controle do produto na indústria brasileira.

Segundo ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (2009), a

indústria automotiva é uma das mais internacionalizadas cadeias produtivas que se conhece e

o Brasil tem ganhado, nos últimos anos, uma relevância gradativa neste setor, seja pelo

potencial de seu mercado, seja por uma competência tecnológica que pode ser considerada a

maior entre os países que não possuem montadoras nacionais de porte.

Picchi (1993) descreve com clareza as pesquisas e obras desses autores. Walter

Shewhart é conhecido pelo desenvolvimento do Controle Estatístico de Processo, que utiliza

métodos estatísticos para alcançar o estado de controle de um sistema. Armand V.

Feigenbaum definiu, nos anos 50, o conceito de controle da qualidade total dizendo ser um

sistema eficiente para a integração do desenvolvimento da qualidade, da manutenção da

20

qualidade e dos esforços de melhoramento da qualidade dos diversos grupos numa

organização, para permitir produtos e serviços mais econômicos que levem em conta a

satisfação total do consumidor. W. Edwards Deming, em 1930, adaptou um método de

abordagem sistemática para a resolução de problemas conhecido como Planejar, Desenvolver,

Checar e Agir (PDCA) ou ciclo de Shewhart, outro que fez história, mostrando como deveria

ser a gestão da qualidade na indústria. Para Joseph M. Juran, a gestão da qualidade tem três

pontos fundamentais: o planejamento da qualidade, a melhoria da qualidade, o controle da

qualidade. Philip B. Crosby definiu a política de qualidade como o estado de espírito dos

funcionários de uma organização sobre a forma como devem fazer o trabalho. Kaoru Ishikawa

buscou sistematizar sete instrumentos para o controlo da qualidade: análise de Pareto,

diagramas causa-efeito, histogramas, folhas de controle, diagramas de escala, gráficos de

controle, fluxos de controle. Todos esses autores buscaram de forma sucinta descrever a

qualidade no processo produtivo.

Outro autor que fez história citado por Picchi (1993) escrevendo sobre qualidade,

foi Genichi Taguchi, que descreveu de forma teórica quatro conceitos relacionados à

qualidade, mostrando detalhes importantes de cada um.

No primeiro conceito, o que mais chama a atenção é entender que a qualidade

deve ser incorporada no produto desde o início e não via inspeções. Os melhoramentos devem

ocorrer na fase de desenho de um produto ou processo e continuar durante a fase de produção.

A falta de qualidade não pode ser melhorada via tradicional inspeção.

O segundo conceito descreve que, para atingir a qualidade, os desvios devem ser

minimizados em relação às metas. O produto deve ser desenhado de forma robusta e imune

aos fatores ambientais não controláveis. Devem ser especificados os valores para os

parâmetros críticos e assegurado que a produção satisfaz essas metas com o mínimo desvio.

O terceiro conceito diz que a qualidade não deve ser baseada no desempenho ou

características do produto. Isso faz variar o seu preço e/ou mercado, mas não a qualidade. O

desempenho e as características do produto podem estar relacionados com a qualidade, mas

não são a base da qualidade. Pelo contrário, o desempenho é uma medida das capacidades do

produto.

O quarto conceito traz a informação de que os custos da qualidade devem ser

medidos em função dos desvios do desempenho do produto. Isso inclui custos do retrabalho,

inspeção, garantias, devoluções e substituições.

Percebe-se que o foco principal de cada palavra descrita pelos mentores da

qualidade ao longo dos anos não caiu no esquecimento, porém, com a inovação tecnológica

21

presente neste século, conciliou-se estrategicamente o conhecimento prático com tecnologia

eletrônica, descobrindo, assim, novas formas de controlar um produto sem perder o objetivo

principal que é a excelência da qualidade. Sendo assim, pesquisas comparativas entre as

formas de controlar um produto, sejam elas de forma tradicional, ou a forma proposta

atualmente, estão despertando a indústria de uma maneira geral a fazer os investimentos em

meios de controle in loco (controle descentralizado).

Para as organizações, um trabalho dessa natureza tem importância fundamental no

redirecionamento do processo de controle de qualidade na fabricação de produtos

automotivos.

1.2 A importância do estudo para as empresas automobilísticas

Ao longo dos anos, o mundo tem se rendido ao crescimento da indústria

automobilística, o desafio é continuar criando estratégias de crescimento com investimentos e

novas tecnologias. O aumento de produção ocorreu nos vários países em desenvolvimento.

Brasil, Índia e China foram os que mais contribuíram para produção de veículos.

A tendência mundial, conforme gráfico 1, é de crescimento com expansão das fábricas de

automóveis cada vez mais expressivas. De 2000 a 2011, a produção mundial de veículos

passou de 58 milhões para 80,1 milhões de unidades, o que representou um crescimento em

torno de 38%. Desse total, 60,0 milhões foram veículos leves e 20,1 milhões veículos

comerciais pesados.

22

Gráfico 1 - Evolução de Produção Mundial de Auto veículos pesados – Variação 2000-2011

(Em milhões de Unidade)

Entre as primeiras dez posições do ranking global de produção, uma das

principais mudanças aconteceu na segunda colocação: os Estados Unidos, como mostra o

gráfico 2, cujo mercado começou a reagir no ano passado e, consequentemente, refletiu na sua

produção, ultrapassaram o Japão. Este país foi fortemente prejudicado pelo terremoto e

tsunami que o atingiram em março de 2011.

Enquanto o país norte-americano viu sua produção aumentar em 11,5% sobre

2010, para 8,6 milhões de unidades, as linhas japonesas desaceleraram passando de 12,8%,

para 8,3 milhões.

A China permaneceu como a maior produtora de veículos do mundo, posição que

tirou do Japão em 2009, com 18,4 milhões de unidades em 2011, o que representou leve

aumento de 0,8% sobre 2010. Outra mudança importante foi na sexta posição perdida pelo

Brasil para a Índia. A produção indiana superou a brasileira em 530,2 mil unidades, somando

3,9 milhões, o que representa um acréscimo 10,7%, enquanto o Brasil, nesse período, apurou

uma alta de 0,7%.

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2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Fonte: OICA, 2012.

23

Gráfico 2 - Evolução de Produção Mundial de Veículos pesados – Variação 2010-2011

Fonte: OICA, 2012.

Diante desse cenário de produção de automóveis em alta nas últimas décadas e do

contínuo lançamento de novos produtos, as indústrias automobilísticas cada vez mais se

reinventa com novas tecnologias que aumentam a produção e diminuem custos do produto

final. Este é o caso concreto da Fiat Automóveis, que veio para o Brasil em 1971, e foi a

primeira montadora a construir sua principal fábrica fora do ABC paulista, em Minas Gerais.

O FIAT 147 foi o primeiro veículo lançado no País, e, pouco depois, em 1979, levou a

concorrência a seguir seus passos, com a criação da versão adventure, lançada em 1999, com

a incorporação de atributos dos veículos off Road no Palio Weekend, dando-lhe ainda mais

versatilidade para enfrentar as ruas e estradas do Brasil, no campo e na cidade (DISPONÍVEL

EM FIATPRESS.COM.BR/INSTITUCIONAL).

A Fiat Automóveis superou, em 2012, sua marca histórica de vendas no Brasil,

registrando o melhor desempenho em seus 36 anos de presença no País. De janeiro a

dezembro, foram emplacados 838.219 automóveis e comerciais leves da marca, o que

representa um crescimento de 11,1% em relação ao ano anterior (com 754.276 unidades

vendidas) e uma expansão de 10,2% em relação ao recorde de vendas anterior da Empresa,

estabelecido em 2010, com 760.495 unidades.

A Fiat liderou o mercado brasileiro pelo décimo primeiro ano consecutivo. Além

disso, atualmente 99% dos veículos vendidos pela FIAT no mercado brasileiro são equipados

com motores flex., que permitem o uso simultâneo de etanol e de gasolina, em qualquer

proporção (DISPONÍVEL EM FIATPRESS.COM.BR/INSTITUCIONAL). Além da Fiat

outras empresas também do ramo automobilística como a Volkswagen, General Motors, Ford

24

a Toyota vem se aperfeiçoando suas técnicas de controle do produto aumentando dessa forma

a competitividade de seus produtos, para enfrentar a concorrência que tem se acirrado no

ramo automobilístico, em função da entrada no mercado de empresas do mesmo ramo,

produzindo produtos cada vez mais direcionados às exigências do consumidor.

A perspectiva é consolidar uma estrutura moderna capaz de dar sustentabilidade

às oscilações do mercado com produtos economicamente viáveis e, nesse sentido, priorizam-

se ações que visam à redução de custos de mão de obra, racionalização da logística e melhoria

de qualidade.

Dentro dessa lógica, a descentralização do processo de controle de qualidade

tradicional ganhou expressão na busca da competitividade, representando, assim, uma

estratégia alternativa, principalmente de redução de custos e reestruturação da logística. Para

isso houve a necessidade de investimentos em equipamentos de última geração no processo de

usinagem e retífica de peças.

O processo de controle de qualidade tradicional centralizado apresenta uma

estrutura concentrada em único local, podendo assim criar uma série de desvantagens, além de

custos mais altos de mão de obra e logística complicada.

Em síntese, esses dois processos – centralizado e descentralizado – são assim

caracterizados: no controle centralizado, conforme descrito por Feigenbaun (1961), apud

Toledo (1987), a área de Controle da Qualidade deve procurar integrar e coordenar os

esforços dos vários setores da empresa, que influem na qualidade final do produto, ou seja,

este setor é composto por um processo que conta com uma estrutura de usinagem e retífica

onde a forma mais apropriada de controle é uma célula fora do processo de fabricação,

totalmente definida com processos centralizados de controle.

A quantidade de peças a serem controladas nesse setor depende da robustez

tecnológica do processo de usinagem e retífica, sendo o controle executado fora dos centros

de produção. O controle é centralizado em uma única célula, composta de um quadro de

funcionários com qualificação técnica em metrologia e programação, para controle e análise

das peças produzidas. A função principal dessa área é liberar as máquinas para produção de

um dado produto que está sendo produzido, modificado ou novo, aprovando ou reprovando o

mesmo de acordo com relatórios emitidos por equipamentos de medição tridimensional.

Por outro lado, o controle descentralizado, segundo Clark e Fujimoto (1991),

permite aperfeiçoar o processo de controle de qualidade do produto com o objetivo de reduzir

o tempo de desenvolvimento, garantir a qualidade e diminuir o custo do produto.

25

O processo de controle descentralizado é composto por uma estrutura de controle

otimizada, por equipamentos de montagem, usinagem e retífica com meios de controle

acoplados ou ao lado das máquinas, para garantir o controle in loco, sem a necessidade de

enviar as peças para um local específico, como no processo centralizado tradicional.

Os equipamentos usados no controle descentralizado foram desenvolvidos por

empresas que seguem referências em automação e gestão de ativos industriais, que fabricaram

máquinas e equipamentos para novas linhas de montagem de motores e usinagem de

cabeçotes, blocos e eixos virabrequim para a nova fábrica e também a revitalização do

processo antigo de fabricação, com o objetivo de aperfeiçoar os processos de montagem e

usinagem.

Uma mudança estratégica dessa natureza, de um processo centralizado para um

descentralizado, tem como meta, além dos objetivos já mencionados, a maior atratividade de

investidores.

Como o mercado está cada vez mais competitivo, pela entrada de novas empresas

do mesmo ramo, com produtos diferenciados, entende-se que a empresa ou indústria que

deseja ser competitiva necessita de atenção especial no que se refere à otimização da mão de

obra, logística de montagem dos produtos ou melhoria de qualidade.

Toda essa gama de serviços está ligada diretamente à produção de uma peça sem

nenhuma não conformidade ou defeito.

Sendo a qualidade uma das estratégias mais importante para o aumento das

vendas, necessita, assim, de investimentos e novas tecnologias de produção. Considerando o

cliente como foco principal, o propósito é produzir um produto que supere sempre as suas

expectativas em qualidade e custo de aquisição.

A oportunidade de criar uma nova fábrica de motores e revitalizar o processo atual

de produção com equipamentos de controle descentralizado e automatizado situa-se nessa

lógica produtiva de construção de uma plataforma moderna, que apresente vantagens e

benefícios diversos, como redução no custo de mão de obra de colaboradores, além de um

processo de controle in loco, com adequação da logística e geração de custo total

significativamente menor.

Tomando como base essa nova estratégia, o ato de comparar dois processos de

controle de qualidade denominados controle centralizado e o processo automatizado de

controle descentralizado, controle in loco, conhecido por controlar a peça no ato da

fabricação, configura em mais um campo da pesquisa voltado para o controle de qualidade da

indústria automotiva. Todo o processo que envolve essa análise, foi elaborado com base em

26

indicadores de custos de mão de obra, logística e qualidade que serão fundamental na

verificação das vantagens e benefícios dessa estratégia de descentralização, podendo, dessa

forma, subsidiar os tomadores de decisões no que se refere à permanência e ao

aperfeiçoamento desse processo alternativo.

Especificamente, essa análise foi desenvolvida em uma fábrica de, setor de

mecânica, montada recentemente, ou seja, entre os anos de 2009 e 2010, denominados fábrica

de motores II (processo de controle de qualidade descentralizado, com equipamentos de

medição, acoplados nas máquinas de fabricação). Essa nova área de fabricação de motores é

uma extensão da fábrica de motores I (processo de controle centralizado).

Os resultados obtidos nessa análise comparativa será de fundamental importância

para o setor automotivo, no que se refere à consolidação dos investimentos requeridos em

máquinas com tecnologia avançada de controle de qualidade in loco.

1.3 Caracterização da empresa

Instalada no Brasil, está fabrica vem operando, atualmente, em três turnos com

capacidade produtiva para até 800.000 veículos por ano, resultado de investimentos na ordem

de R$ 10 bilhões, anunciado em 2010 e 2011, incluindo a uma nova fábrica em outra estado

brasileiro, o que a torna uma das maiores fábricas de automóveis do Brasil.

Conforme informações da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de

Veículos Automotores), Este Grupo fechou o ano de 2012 com suas vendas globais de 4,2

milhões de unidades e um lucro operacional de 3,8 bilhões de euros.

A dívida líquida foi reduzida para 6,5 bilhões de euros e o faturamento alcançou

84 bilhões de euros, com uma margem operacional de 4,5% e lucro líquido superior a 1,4

bilhão de euros.

As vendas cresceram 6% em 2012 em relação ao ano anterior em todas as regiões,

exceção à região da Europa, Oriente Médio e África (EMEA). O Grupo também apresentou

uma liquidez de caixa de 20 bilhões de euros ao final de 2012.

As receitas apuradas no balanço refletem o crescimento de vendas para

automóveis e comerciais leves na região do NAFTA (EUA, Canadá e México), América

Latina e Ásia-Pacífico, o que compensou a queda na EMEA. As marcas de luxo e

desempenho tiveram um aumento de suas receitas de 7% no ano.

27

O lucro operacional de 3,8 bilhões de euros foi resultado de um forte desempenho

da região do NAFTA (2,7 bilhões de euros), America Latina (1,1 bilhão de euros) e Ásia-

Pacífico (300 milhões de euros), enquanto o EMEA teve um prejuízo em sua operação de 700

milhões de euros. Os segmentos de luxo e desempenho aumentaram o lucro operacional em

11%, para 400 milhões de euros.

O endividamento industrial líquido do Grupo cresceu para 6,5 bilhão de euros em

2012 (5,5 bilhão em 2011). Apurou-se ainda uma liquidez total disponível (incluindo linhas

de crédito disponíveis, inalteradas) de 20,8 bilhões de euros em 2012, valor um pouco maior

que o observado no final de 2011.

A empresa teve três de seus modelos reconhecidos entre os cinco melhores do

Brasil de acordo com o estudo 2012 Brazil Vehicle Ownership Satisfation Study (VOSS)

realizado pela Power do Brasil.

Esta Empresa, de acordo com o estudo da ANFAVEA, foi a marca que mais se

aprimorou em 2012, ganhando 26 pontos em relação a 2011, classificando-se acima da média

da indústria automobilística.

Os rankings de Melhor Compra 2012 da revista Quatro Rodas

(www.quatrorodas.abril.com.br/2012), uma das mais importantes publicações especializadas

do Brasil, colocaram cinco modelos de carros em primeiro lugar.

Além dos primeiros lugares, outros modelos apareceram nas listas da referida

revista, em diversas categorias.

Para continuar sendo competitiva no mercado brasileiro e mundial, a Empresa

construindo uma nova fábrica com inauguração prevista para o ano de 2014. Será uma fabrica

no Brasil com investimentos de aproximadamente três bilhões e com capacidade produtiva

para 250 mil veículos/ano e empregos para 4.500 funcionários.

Além disso, atualmente, 99% dos veículos vendidos no mercado brasileiro são

equipados com motores flex, que permitem o uso simultâneo de etanol e de gasolina, em

qualquer proporção.

Essas informações comprovam a permanente busca de novos produtos visando

melhora de competitividade, o que requer inovação também no processo de controle de

qualidade.

28

1.4 Problema de pesquisa

Os estudos de Fleury e Fleury (1997) destacam que as empresas nacionais tiveram

necessidade de modificar seus processos para atender as demandas de maior qualidade e

menor custo de fabricação, condições primárias para a sobrevivência nesse mercado. As

empresas foram obrigadas a investir nos seus parques industriais, disponibilizando recursos

técnicos e humanos voltados para linhas de produção flexíveis, buscando adaptabilidade dos

equipamentos aos produtos de forma rápida e precisa. De um modo geral procuram de todas

as formas implantar um controle de qualidade capaz de atender todas as necessidades de

manter um produto no mercado com a melhor qualidade possível.

Sob estas circunstâncias, as empresas reagiram e passaram, efetivamente, a desenvolver um processo de modernização e de capacitação. As novas condições de mercado em recessão e possibilidade de importação levaram as empresas a adotarem novas estratégicas competitivas, o que significavam novas, e sempre renovadas, linhas de produtos, competindo em qualidade e preço, o que requeria uma profunda revisão da organização dos sistemas de produção (FLEURY e FLEURY, 1997).

Os benefícios gerados a partir da modernização e mudanças dos processos

produtivos são reduzir os custos com um controle de qualidade eficiente e sem desperdícios,

proporcionar maior segurança e qualidade nos produtos fabricados, reduzindo também o

estoque de peças, ou seja, são controles realizados por equipamentos tridimensionais fora do

processo produtivo. Outro fato importante desta pesquisa é criar mais uma linha de

conhecimento no que tange ao controle de qualidade interno, ou seja, alterando a forma de

entender as consequências e resultados da utilização de dois modelos concorrentes, gerando

novos conhecimentos para as área de controle de qualidade, notadamente considerando a

indústria automotiva.

Com essa geração de conhecimento no que se refere a modelos de controle de

qualidade, as decisões gerenciais e estratégicas de investimentos para novas fábricas de

motores também poderão sofrer mudanças no ato da aquisição de novas máquinas para

usinagem e retífica das peças. Estas máquinas serão adquiridas já com a tecnologia que torne

as mesmas autossuficientes, ou seja, além de produzirem poderão também controlar a peça no

ato da fabricação eliminando os controles intermediários.

A importância de estar sempre buscando a inovação na forma de controlar um

processo produtivo é uma preocupação que surgiu a partir da Segunda grande Guerra

Mundial. Conforme Juran (2002), houve uma maior evolução tecnológica acompanhada por

29

uma complexidade técnica de materiais, processos de fabricação e produtos. Essa situação

ameaçava inviabilizar a inspeção total da produção. Surgiu, então, uma evolução do controle

da qualidade: o controle estatístico, baseado em inspeção por amostragem e gráficos de

controle. Começava a despontar assim um novo conceito de prevenção de falhas. Entretanto,

as ações corretivas desencadeadas ainda eram de eficiência restrita. Essa ineficiência das

ações corretivas e a acirrada competição pelo mercado consumidor acabaram contribuindo

significativamente para que se adotasse um novo enfoque em termos de controle de qualidade.

Foi quando, em 1956, segundo Pagano (2000), Armand Feigenbaum propôs o Controle da

Qualidade Total - TQC (sigla oriunda do inglês, Total Quality Control). Pode-se dizer que o

TQC foi um modelo para o sistema da garantia da qualidade e, conforme Ishikawa (1986),

apresentava certos aprimoramentos em relação ao sistema anterior (controle estatístico). A

filosofia do TQC teve impacto nas práticas de engenharia e gerência, o que serviu como base

para a evolução aos atuais sistemas da qualidade.

Fernandes (1995) relata que, apesar de todos os relatos historiográficos sobre a

onda da qualidade, não se pode identificar com precisão o início da Gestão da Qualidade

Total, pois nenhum livro ou artigo marca essa transição. Sabe-se que a partir da metade da

década de 80, em um número cada vez maior de empresas, começou a surgir uma nova visão,

que incorporava um notável desvio de perspectiva. Pela primeira vez, diretores em nível de

presidência e diretoria executiva expressavam interesse pela qualidade. Segundo Fernandes

(1995), os principais elementos que embasam a estrutura do TQM são: foco no cliente,

melhoria contínua, envolvimento de todos, decisões baseadas em dados e fatos, planejamento

a longo prazo e abordagem sistêmica.

Segundo Röpke et al. (1996), os sistemas da qualidade proporcionam os

instrumentos necessários para assegurar que os requisitos e atividades especificados sejam

acompanhados e verificados de um modo planejado, sistemático e documentado. Assim,

estabelecer um sistema da qualidade não significa aumentar ou reduzir a qualidade dos

serviços ou produtos, mas, sim, aumentar ou reduzir a certeza de que os requisitos e

atividades especificados sejam cumpridos.

O ponto central nessa evolução do conceito de qualidade foi a mudança do

enfoque tradicional (baseado no controle da qualidade e na garantia de qualidade) para o

controle de gestão e melhoria de processos, que garante a produção da qualidade especificada

logo na primeira vez.

30

No contexto atual, a qualidade não se refere mais à qualidade de um produto ou

serviço em particular, mas à qualidade do processo como um todo, abrangendo tudo o que

ocorre na empresa (ROPKE et al., 1996).

Garvim, citado por Fernandes (1995) descreve que todas as modernas abordagens

da qualidade foram surgindo aos poucos, por meio de uma evolução regular e, não, de

evoluções marcantes. São produtos de uma série de descobertas que remontam a um século

atrás. Tais descobertas podem ser organizadas em quatro distintas eras da Qualidade:

inspeção, controle estatístico, garantia da qualidade e gerenciamento da qualidade total que

será mais bem detalhada no referencial teórico.

Com a finalidade de realizar uma análise comparativa entre o controle

centralizado tradicional e o controle descentralizado atual, nasce a resposta da pergunta

descrita abaixo.

Qual é o tipo de controle de qualidade em uma empresa automobilística que

apresenta melhores resultados em termos de logística, mão de obra e qualidade final do

produto: centralizado ou descentralizado?

31

1.5 Objetivos

1.5.1 Objetivo geral

Descobrir qual é o tipo de controle de qualidade em uma empresa automobilística

que apresenta melhores resultados considerando-se a logística, mão de obra e qualidade final

do produto: centralizado ou descentralizado.

1.5.2 Objetivos específicos

Como objetivos específicos elencam-se os seguintes:

• Identificar e analisar os principais indicadores envolvidos nos processos de controle de

qualidade centralizado e descentralizado relacionados à qualidade do produto acabado;

• Identificar as principais vantagens e desvantagens de cada um dos processos de controle de

qualidade;

• Identificar a percepção dos líderes e especialistas sobre a utilização dos controles

centralizado e descentralizado em termos de eficiência e resultados obtidos.

• Avaliar a pertinência da continuidade e ampliação do processo de descentralização na

empresa estudada;

32

1.6 Ineditismo deste trabalho

O fenômeno analisado depende da abrangência e da atenção dispensada pelo

observador. Ressalta-se que as possibilidades de analisar uma variável estão sujeitas, muitas

vezes, a uma série de questões relacionadas às suas especificidades, seu contexto, e a quem irá

examiná-la. Tendo como base tais preceitos, menciona-se que o ineditismo resulta de uma

abordagem peculiar que o pesquisador atribui ao tema ou mesmo dos procedimentos para

desenvolvê-los e, não, de preocupações com a existência de outros estudos sobre o mesmo

assunto. Desse modo, pode-se mencionar que o que torna um determinado estudo inédito são

as maneiras de identificá-lo e analisá-lo. Introduzindo essas questões na conjuntura desta

dissertação, o seu ineditismo pode ser verificado pelo fato de que toda pesquisa foi através de

dados levantados e analisados, sem pesquisar ou aprofundar em nenhum outro trabalho que se

proponha a estudar exatamente qual tipo de controle de qualidade em uma unidade produtiva

de motores apresenta melhores resultados considerando-se a logística, mão de obra e

qualidade final do produto: centralizado ou descentralizado.

Ainda assim este trabalho vai trazer ao conhecimento com fatos relevantes e

concretos que poderão ser usados para pesquisas futuras, sobre os tipos e meios de controlar

um produto usando técnicas inovadoras que proporcionam uma vantagem competitiva sobre

os demais concorrentes.

1.7 Bases da pesquisa

A pesquisa foi realizada mediante dados estatísticos e documentos que compõem

o período em que os dois tipos de controle eram realizados. Para conhecimento e

entendimento do assunto proposto na pesquisa, foi feita uma pesquisa bibliográfica de autores

e pesquisadores que tiveram suas historias acadêmicas direcionadas a assuntos voltadas para o

controle de qualidade na indústria automotiva. O exemplo disso é descrito por experiências e

estudos de vários autores, denominados neste trabalho como mentores da qualidade. A base

bibliográfica é dirigida diretamente para esses estudiosos que, ao longo dos anos, mostraram

que a qualidade é uma das principais fontes que leva a empresa continuar competitiva.

Outro fator relevante de dados que compõem esta dissertação é baseado em

experiências de funcionários que estão trabalhando ou já trabalharam com o controle

centralizado tradicional e o descentralizado atual.

33

Os dados que compõem a pesquisa são considerados também uma parte

fundamental para análise das variáveis pesquisadas. Estes foram encontrados no acervo

técnico da própria empresa, objeto deste estudo.

1.8 Desenvolvimento do trabalho

O desenvolvimento deste trabalho está fundamentado em uma série de atividades

a seguir apresentadas.

1) Revisão bibliográfica, a qual é considerada o ponto de partida para a realização desta

dissertação. É necessário coletar material a respeito dos dois processos usados atualmente pela

empresa (processo centralizado tradicional e processo descentralizado). Durante a pesquisa, é

fundamental que aspectos como histórico, objetivos, indicadores, experiências sejam levadas

em consideração. Também faz parte da revisão bibliográfica a pesquisa de artigos e trabalhos

apresentados em torno do assunto proposto e as considerações ou posições tomadas por

diversos autores com relação às formas de controles automotivos.

2) Análise e comparação qualitativa e quantitativa dos requisitos e exigências das diversas

formas de controle existentes no intuito de observar as semelhanças, diferenças, viabilidade

do uso ou não de tal tipo de controle. Eliminei a frase conforme orientação da professora.

3) Definição e apresentação dos novos requisitos da sistemática proposta, mostrando como

e de onde eles surgiram. Essa definição será apresentada com base na análise comparativa dos

dados coletados ao longo da pesquisa.

4) Considerações finais sobre o trabalho, em que este é finalizado com a apresentação da

sua conclusão, bem como suas limitações e trabalhos futuros.

34

1.9 Estrutura do trabalho

O trabalho está estruturado em cinco etapas, as quais são encadeadas de forma a

apresentar o tema com uma abordagem que pretende ser a mais lógica, clara e objetiva

possível. A seguir, é apresentada a estrutura do trabalho.

1) Introdução

No capítulo 1(um), são apresentados os comentários iniciais sobre o trabalho,

buscando mostrar de um modo resumido a história do controle de qualidade na indústria

automotiva, escrita por vários autores, com conceitos e experiência própria por eles vivida.

Ainda neste capítulo, são apresentados os aspectos relacionados a este trabalho, tais como os

dois tipos de controle usados atualmente que são objeto deste estudo, a importância, a

caracterização da empresa, o problema de pesquisa, os objetivos, objetivos específicos,

método de desenvolvimento, estrutura e suas limitações.

2) Referencial teórico

Primeiramente, é apresentado um breve histórico sobre qualidade, desde os

primórdios da civilização, destacando-se também sua evolução histórica relatando de maneira

independente todas as eras da qualidade. A seguir são mostrados os conceitos da qualidade

total, a dimensão da qualidade para o mundo empresarial, princípios modernos da produção

enxuta, World Class Manufacturing (WCM), funções da qualidade (custos, inspeções,

metodologias e ferramentas), gerenciamento da qualidade, automação e certificação (destaque

as normas ISO série 9000, culminando com a apresentação das normas de sistema da

qualidade do setor automotivo existentes, com suas exigências e peculiaridades).

3) Metodologia da pesquisa

A metodologia é assim identificada: considerações gerais do tipo de pesquisa,

definições e operacionalização das variáveis pesquisadas na empresa.

4) Levantamento dos dados

Primeira etapa: coleta dos dados referentes às variáveis (logística, mão de obra e

qualidade), descrevendo todos os dados referentes aos dois processos de controles, usados

atualmente na empresa, controle centralizado e descentralizado.

Segunda etapa: questionário envolvendo especialistas e líderes de produção,

comparação técnica para aquisição de equipamentos de medição.

E, por fim, a análise dos dados coletados nas primeira e segunda etapas da

pesquisa (análise dos gráficos referente ao questionário, análise da comparação técnica sobre

35

a compra dos equipamentos de medição) e, para finalizar, as vantagens e desvantagens dos

dois processos de controle centralizado e descentralizado.

5) Conclusões.

No capítulo 5, são apresentadas as conclusões do trabalho e limitações para

trabalhos futuros.

6) Referências

Neste capítulo são colocadas todas as referências pesquisadas e inseridas na

pesquisa.

36

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Como base teórica para uma análise comparativa de duas plataformas de produção

de motores, levando em conta o controle de qualidade, algumas alternativas podem ser

consideradas. Neste estudo, parte-se da construção de uma linha de análise voltada para o

levantamento bibliográfico de autores que já realizaram estudos focados na questão da

qualidade como fator chave da competitividade nos diferentes setores da indústria e,

especificamente, da indústria automobilística.

2.1 Principais autores clássicos da qualidade

A história da qualidade está ligada por uma onda de conceitos e contribuições de

vários pesquisadores e estudiosos. Segundo Ferreira (2007), o setor automotivo sempre se

mostrou pioneiro quanto à implementação de novas formas produtivas, como ocorreu com a

implementação do fordismo americano e da produção lean japonesa.

Antes de entrar na história da qualidade dos últimos 50 (cinquenta) anos, observa-

se um caminho que foi construído com muita criatividade. São exemplos que ainda

repercutem nos dias atuais.

Frederick Winslow Taylor, em 1903, publicou um livro que tem como título Administração

de oficinas. Alguns princípios descritos por Taylor e que ainda refletem na indústria atual é

que o processo de trabalho deve ser dissociado das especialidades dos trabalhadores e

independente do ofício, da tradição e de seus conhecimentos e daí por diante, não se deve

depender, de modo algum, das capacidades dos trabalhadores, mas inteiramente das decisões

gerenciais; a concepção e a execução são processos distintos – a ciência do trabalho nunca

deve ser desenvolvida pelo trabalhador, mas sempre pela gerência; o monopólio do

conhecimento deve ser exercido para controlar cada fase do processo de trabalho e seu modo

de execução; a tarefa é especifica não apenas o que deve ser feito, mas também como deve ser

feito e o tempo exato permitido para isso. Sendo assim Frederick Winslow Taylor é

considerado o Pai da administração científica por propor a utilização de métodos

científicos cartesianos na administração de empresas e começar a criar caminhos para a

implementação do autocontrole das atividades desenvolvidas e às normas procedimentais,

introduzindo o controle, com o objetivo de que o trabalho seja executado de acordo com uma

37

sequência lógica e um tempo pré-programados, de modo a não haver desperdício operacional

(CHIAVENATO, 1993).

Entretanto, alguns seguidores de Taylor continuaram a fazer história, com obras

clássicas voltadas para a produção industrial. Eis alguns deles.

Frank e Lilian Gilbreth (1916-1917) propuseram princípios relativos à economia

de movimentos, ao uso do corpo humano, e ao arranjo do local de trabalho, ao desempenho

dos equipamentos e ferramentas. Estendem Henry Gantt (1880-1901); Carl Barth (1860-

1939); Harrington Emerson (1853-1931); Morris Cooke (1872-1960); Ford, (1922 e 1926).

Henry Ford, além de ser considerado o pai do fordismo, foi também uma pessoa que detinha o

espírito inovador de fazer a diferença em situações difíceis. Toda a sua historia foi descrita em

seus livros como o Minha vida e minha obra (1922) e Hoje e Amanhã (1926)

(CHIAVENATO, 1993).

Todas essas historias abriu caminhos para que a indústria se organizasse de forma

a atingir seus objetivos e firmando uma parceria de respeito ao consumidor final, no que se

propõe a fabricar um produto com qualidade e competitividade. Sendo assim, as empresas

começaram a fazer investimentos voltados para qualidade do produto, como é descrito nos

próximos capítulos.

2.1.1 Controle de qualidade: breve histórico

A definição da qualidade apresenta uma extrema diversidade de interpretações,

dada por diversos autores, que procuram dar uma definição simples para que seja assimilável

a todos os níveis das organizações e precisa, para não gerar interpretações duvidosas e

abrangentes, mostrando sua importância em todas as suas atividades produtivas. Sendo assim

alguns conceitos importantes retratam essa realidade, porém o conceito que melhor descreve o

termo qualidade é definido por Deming (1993, p.56) descreve que a qualidade é tudo aquilo

que melhora o produto do ponto de vista do cliente". Deming (1993) associa qualidade à

impressão do cliente, portanto, não é estática. Mas a qualidade não é fato inerente somente

das teorias de Deming, outros autores como:

Juran (1992, p.9) afirma que qualidade é ausência de deficiências, ou seja, quanto

menos defeitos, melhor a qualidade.

38

Feigenbaum (1994, p.8) destaca que qualidade é a correção dos problemas e de

suas causas ao longo de toda a série de fatores relacionados com marketing, projetos,

engenharia, produção e manutenção, que exercem influência sobre a satisfação do usuário.

A dificuldade em definir qualidade está na renovação das necessidades futuras do

usuário em características mensuráveis, de forma que o produto possa ser projetado e

modificado para dar satisfação por um preço que o usuário possa pagar.

Ishikawa (1993, p.43) relata que a qualidade é desenvolver, projetar, produzir e

comercializar um produto de qualidade que é mais econômico, mais útil e sempre satisfatório

para o consumidor. Percebe-se, portanto, que qualidade é aquilo que está relacionado com o

usuário, que satisfaça as necessidades dos clientes, ou seja, o produto deve estar de acordo

com suas expectativas e em conformidade com as especificações.

A definição da qualidade não se aplica somente para as organizações comerciais.

É usada para qualquer tipo de empresa e mesmo para os indivíduos. É tão abrangente o termo

qualidade, que envolve não apenas as pessoas, mas também as funções, equipamentos,

processos, fornecedores, distribuidores, clientes etc., incluindo todos os aspectos de um

produto, desde o desenvolvimento do projeto, recebimento de matéria-prima, produção,

entrega e serviço pré e pós-vendas e tudo o que diz respeito ao verdadeiro valor para o

consumidor.

Deming (1990, p.51) cita Walter A. Shewhart, dizendo que.

A dificuldade em definir qualidade está na convenção das necessidades futuras do usuário em características mensuráveis, de forma que o produto possa ser projetado e modificado para dar satisfação por um preço que o usuário pague. Isto não é fácil e, assim que alguém se sente relativamente bem-sucedido nesta tarefa, descobre-se que as necessidades do cliente mudaram, outros concorrentes entraram no mercado, surgiram novos materiais, alguns melhores que os antigos, outros piores, alguns mais baratos, outros mais apreciados.

Contudo, a partir da Segunda Guerra Mundial, tornou-se possível uma maior

aplicação das atividades de controle de qualidade. A Inglaterra também foi referência para os

princípios de controle da qualidade, pois, considerada como o berço da estatística moderna,

utilizou-se desses princípios para formular e implantar os padrões britânicos de controle

(SOARES, 2001).

O controle de qualidade surgiu efetivamente nos anos 30 com a utilização de um

controle nas indústrias americanas (SOARES, 2001).

39

Durante a Segunda grande Guerra Mundial, foi possível uma produção de

artefatos em quantidade e qualidade, em termos econômicos, com um alto índice de satisfação

graças à utilização do controle de qualidade. Devido a isso, houve um grande interesse e

estímulo para descobrimentos de novos avanços tecnológicos (SOARES, 2001).

De acordo com Ishikawa (1997), certos métodos estatísticos pesquisados e

utilizados pelas forças aliadas eram tão eficazes que foram classificados como segredos

militares até a rendição da Alemanha nazista.

Segundo Schonberger (1992), após a Segunda Grande Guerra Mundial, o Japão

utilizou novos métodos para o controle. É muito importante ressaltar que nenhum método até

então pode ser comparado em termos de eficiência e aplicabilidade, visto que esse país

demonstrou excelentes resultados em sua aplicação. Com isso, as práticas japonesas foram

exportadas para o mundo ocidental. Os japoneses, após receberem as informações, antes não

disponíveis, desenvolveram uma maneira mais evoluída, quando se iniciaram as aplicações

desses princípios em pequenas atividades de grupo ou atividades de círculo, o que trouxe

resultados importantes e extraordinárias melhorias. A partir daí, entenderam que seria possível

aplicar o escopo de qualidade em atividades de larga escala nas indústrias, obtendo com isso

ganhos referentes à redução de custos e melhorias nas condições de segurança dentro das

empresas. Ainda, segundo Schonberger (1992), focados nos princípios de disciplina e

dedicação, observaram uma imensa oportunidade de utilização de uma gestão de qualidade

para melhorar os resultados nas respectivas indústrias. Com a utilização do controle de

qualidade, foi possível observar, nos produtos exportados pela indústria japonesa para todo o

mundo, um alto nível de qualidade em relação aos concorrentes.

Os padrões de qualidade demonstraram claramente uma evolução na maneira de

pensar e agir de seus colaboradores, funcionários, e mudanças também na gestão de qualidade

dentro da administração das organizações.

Pode-se destacar que, ao produzir bens e serviços de boa qualidade para atender o

consumidor, utilizam-se de estatísticas, o que é usualmente chamado de métodos estatísticos

conforme cita Ishikawa (1997).

O conceito de que a qualidade é importante surgiu de maneira mais forte em 1970,

com o renascimento da indústria japonesa que, seguindo os preceitos do consultor americano

W. E. Deming, em 1930, citado por Ishikawa (1997), faz da qualidade uma arma para

vantagem competitiva. Esse aspecto tornou-se tão importante que, já em 1980, os fabricantes de veículos

japoneses, antes vistos como pouco competitivos pelos fabricantes americanos, tornaram-se

40

mais respeitados e temidos no mercado, criando dificuldades de venda para os veículos dos

demais fabricantes mundiais (Ishikawa, 1997).

Um excelente projeto e um alto e consistente nível de qualidade aliados a preços

competitivos e a condições de bons serviços pós-vendas fizeram com que os japoneses

conquistassem fatias expressivas de diferentes mercados de produtos (ISHIKAWA, 1997).

A história da qualidade foi permeada por etapas ou eras da qualidade descritas por

vários autores como: Cerqueira Neto (1992), Garvin (1992), Feigenbaum (1994), Ferreira

(1994). Conhecer essa historia é alavancar conhecimento para respostas e aprendizado futuro.

Sendo assim, esta pesquisa retrata os argumentos e conclusões desses autores em tópicos.

2.1.2 As eras da qualidade segundo Garvin

Para Garvin (1992), a qualidade é apresentada em três eras, sendo que cada uma

tinha seu foco e entendimento direcionada para as necessidades e estratégicas.

Primeira - Era da inspeção

No final do século XVIII e princípio do século XIX, a qualidade era alcançada de

uma forma muito diferente do que é hoje em dia. A atividade produtiva era basicamente

artesanal e em pequena escala, e os artesãos eram os responsáveis pelo produto e pela

qualidade final.

Com o desenvolvimento da industrialização e o aparecimento da produção em

massa, foi necessário um sistema baseado em inspeções, em que um ou mais atributos do

produto eram examinados, medidos ou testados, a fim de garantir sua qualidade.

Segundo Garvin (1992), no inicio do século XX, Frederick W. Taylor, engenheiro

industrial, criou os fundamentos ou princípios da administração científica e G.S. Radford,

com a publicação do livro The control of quality in manufaturing, legitimou a função do

inspetor de qualidade delegando a ele a responsabilidade e autoridade pela qualidade dos

produtos.

O objetivo nessa fase era obter qualidade igual e uniforme em todos os produtos e

a ênfase centrou na conformidade. Essa fase prevaleceu por muitos anos, não havendo uma

análise crítica relacionada às causas do problema ou dos defeitos.

41

Segunda - Era do controle estatístico da qualidade

Para Garvin (1992), a década de 1930, já saindo da administração científica de

Taylor e Fayol e entrando na Escola das Relações Humanas de Elton Mayo, alguns

desenvolvimentos significativos começaram a acontecer, entre eles, o trabalho pioneiro de

pesquisadores para resolver problemas referentes à qualidade dos produtos da Bell Telephone,

nos Estados Unidos. Este grupo pioneiro, citado por Garvin (1992), era composto por Walter

A. Shewhart, Harold Dodge, Harry Romig, G.D. Edwards e, posteriormente, Joseph Juran que

dedicaram esforços consideráveis em pesquisas que levaram ao surgimento do Controle

Estatístico de Processos.

Segundo Garvin (1992), Shewhart foi o mestre de W.E. Deming, sendo o

primeiro a reconhecer a variabilidade como inerente aos processos industriais e a utilizar

técnicas estatísticas para obter o controle de processos. Uma ferramenta poderosa

desenvolvida por ele na época foi o Gráfico de Controle de Processo, até hoje muito utilizado.

Com a Segunda Guerra Mundial , exigiu-se que outras técnicas também fossem criadas para

combater a ineficiência e impraticabilidade da inspeção 100% na produção em escala ou em

massa de armamentos e munições.

Nesse período, surge a técnica de amostragem criada por Dodge e H. Romig,

descrita por Garvin (1992) nos Estados Unidos, que teve muita aceitação como programas de

capacitação de pessoal que começaram a ser oferecidos em larga escala nos EUA e Europa

Ocidental, para controle de processo e técnicas de amostragem.

Em julho de 1944 era lançado o primeiro jornal especializado na área de

qualidade, Industrial Quality Control, que deu origem mais tarde à revista mundialmente

conhecida, Quality Progress, editada pela American Society for Quality Control (ASQC). A

ASQC foi fundada em 1946, tornando-se a fonte impulsionadora da disseminação dos

conceitos e técnicas da qualidade no ocidente e no Japão (GARVIN, 1992).

Terceira - Era da garantia da qualidade

Segundo Garvin (1992), entre 1950 e 1960 em plena atividade da Escola de

Recursos Humanos e com trabalhos de Abraham Maslow, Douglas McGregor e Frederick

Herzberg no estudo da motivação humana, vários trabalhos foram publicados no campo da

42

qualidade. Mais uma ferramenta foi criada. A prevenção e as técnicas que foram além das

ferramentas estatísticas, incluindo conceitos, habilidades e técnicas gerenciais. Os quatro

principais movimentos que compõem essa era são: a quantificação dos custos da qualidade,

controle total da qualidade, as técnicas de confiabilidade e programa Zero Defeitos de P.

Crosby, em 1965.

2.1.3 As eras da qualidade segundo Feigenbaum

Segundo Feigenbaum (1994), a evolução da qualidade pode ser analisada em

cinco etapas.

Primeira etapa - Controle de qualidade pelo o operador

Um trabalhador ou um grupo pequeno era responsável pela fabricação do produto

por inteiro, permitindo que cada um controlasse a qualidade de seu serviço.

Segunda etapa - Controle de qualidade pelo o supervisor

Um supervisor assumia a responsabilidade da qualidade referente ao trabalho da

equipe, dirigindo as ações e executando as tarefas onde fosse necessário e conveniente em

cada caso.

Terceira etapa - Controle de qualidade por inspeção

Essa fase surgiu com a finalidade de verificar se os materiais, peças, componentes,

ferramentas e outros estão de acordo com os padrões estabelecidos. Desse modo, seu objetivo

é detectar os problemas nas organizações.

Quarta etapa - Controle estatístico da qualidade

Essa etapa ocorreu via reconhecimento da variabilidade na indústria. Numa

produção sempre ocorre uma variação de matéria-prima, operários, equipamentos etc. A

questão não era distinguir a variação e, sim, como separar as variações aceitáveis daquelas

43

que indicassem problemas. Desse modo surgiu o Controle Estatístico da Qualidade, no

sentido de prevenir e atacar os problemas. Apareceram também as sete ferramentas básicas da

qualidade descritas abaixo, para acompanhar e monitorar o processo produtivo.

• Fluxograma - O Fluxograma tem como finalidade identificar o caminho real e ideal

para um produto ou serviço com o objetivo de identificar os desvios. É uma ilustração

sequencial de todas as etapas de um processo, mostrando como cada etapa é relacionada.

Utiliza símbolos facilmente reconhecidos para denotar os diferentes tipos de operações em um

processo.

• Folha de verificação - As folhas de verificação são tabelas ou planilhas simples

usadas para facilitar a coleta e análise de dados. O uso das folhas de verificação economiza

tempo, eliminando o trabalho de desenhar figuras ou escrever números repetitivos. São

formulários planejados, nos quais os dados coletados são preenchidos de forma fácil e

concisa. Registram os dados dos itens a serem verificados, permitindo uma rápida percepção

da realidade e uma imediata interpretação da situação, ajudando a diminuir erros e confusões.

• Diagrama de Pareto - O Diagrama de Pareto tem como finalidade mostrar a

importância de todas as condições, a fim de escolher o ponto de partida para solução do

problema; identificar a causa básica do problema e monitorar o sucesso. Velfredo Pareto foi

um economista italiano que descobriu que a riqueza não era distribuída de maneira uniforme.

Ele constatou que aproximadamente 20% do povo detinha 80% da riqueza criando uma

condição de distribuição desigual. Os Diagramas de Pareto podem ser usados para identificar

o problema mais importante por meio do uso de diferentes critérios de medição, como

frequência ou custo.

• Diagrama de causa e efeito - O Diagrama Espinha-de-Peixe tem como finalidade

explorar e indicar todas as causas possíveis de uma condição ou um problema específico. O

Diagrama de Causa e Efeito foi desenvolvido para representar a relação entre o efeito e todas

as possibilidades de causa que podem contribuir para esse efeito. Também conhecido como

Diagrama de Ishikawa, foi desenvolvido por Kaoru Ishikawa, da Universidade de Tóquio, em

1943, onde foi utilizado para explicar para o grupo de engenheiros da Kawasaki Steel Works

como vários fatores podem ser ordenados e relacionados.

• Histograma - O histograma tem como finalidade mostrar a distribuição dos dados por

meio de um gráfico de barras indicando o número de unidades em cada categoria. Um

histograma é um gráfico de representação de uma série de dados.

44

• Diagrama de dispersão - O Diagrama de Dispersão mostra o que acontece com uma

variável quando a outra muda, para testar possíveis relações de causa e efeito.

• Carta de controle - As Cartas de Controle são usadas para mostrar as tendências dos

pontos de observação em um período de tempo. Os limites de controle são calculados

aplicando-se fórmulas simples aos dados do processo. As cartas de controle podem trabalhar,

tanto com dados por variável (mensuráveis), quanto com dados por atributo (discretos).

Quinta - Controle da qualidade

A qualidade passou de um método restrito para um mais amplo: o gerenciamento.

Entretanto, ainda continuou com seu objetivo principal de prevenir e atacar os problemas,

apesar de os instrumentos se expandirem além da estatística, tais como: quantificação dos

custos da qualidade, controle da qualidade, engenharia da confiabilidade e zero defeito.

2.1.4 As eras da qualidade segundo Ferreira

Segundo Ferreira (1994), a qualidade passa para outra etapa além de todas as

etapas citadas anteriormente na figura 3 abaixo, a Visão Estratégica Global, com o objetivo da

sobrevivência da empresa e competitividade em termos mundiais para atender as enumeras

transformações que vêm ocorrendo no mercado.

Figura 1: Etapas da qualidade

Operador 1900

Supervisor 1918

Inspetor 1937

Estatística 1960

TQC 1980

Visão Estratégica

Global 1990

Fonte: Ferreira, 1994

45

2.1.5 As eras da qualidade segundo Cerqueira Neto

Para Cerqueira Neto (1992), a evolução da qualidade se separa em eras.

• Era da inspeção - Eram realizadas inspeções finais nos produtos ou serviços prestados

aos clientes. Erros e omissões eram reparados quando encontrados.

• Era do Controle Estatístico da Qualidade - Passou-se a utilizar a ferramenta estatística

para garantir a qualidade da produção por meio de inspeções estatísticas.

• Era da Garantia da Qualidade - As empresas buscavam a solução para seus problemas

no planejamento estratégico. As normas ISO série 9000 tiveram origem baseadas nos padrões

militares utilizados na Segunda Grande Guerra Mundial.

• Era da Gestão Estratégica da Qualidade - Qualidade não é somente implantada via

programas. A melhoria contínua deve ser assegurada.

Assim como todas as ferramentas organizacionais, a gestão da qualidade também

evoluiu e continua aprimorando-se continuamente. Entre as diversas abordagens para a gestão

da qualidade, uma das mais utilizadas atualmente é o conjunto de normas série ISO 9000.

2.2 Conceitos de controle total da qualidade (TQC)

Segundo Pagano (2000), Armand Feigenbaum propôs o Controle da Qualidade Total

– (O TQC). O TQC é um sistema de gerenciamento, nascido nos EUA e aperfeiçoado no

Japão (TQC no estilo japonês). Mais detalhadamente, o significado de cada letra (C-controle),

(Q-qualidade) e (T-total), segundo relatos de Campos (1994) é definido da seguinte forma:

• Controle - Não é um termo muito aceito, por estar associado à ideia de fiscalização ou

limitação de liberdade, contudo no TQC seu significado é outro. Quando se diz que o

processo está sob. controle significa que as causas de não conformidade estão dominadas, ou

seja, o processo produz os resultados desejados.

• Qualidade - É o conjunto de características, intrínsecas ou extrínsecas, concretas ou

abstratas que fazem com que o consumidor ou usuário prefira determinado produto ou

serviço. Não é a simples ausência de defeitos (não conformidades) ou adequação ao uso. A

qualidade do produto ou serviço deve ser garantida em todas as fases de seu desenvolvimento:

projeto, produção, distribuição e assistência pós-venda. Por ser subjetiva e pessoal, a

46

qualidade carece de medição, além da preferência do cliente. Como a reclamação ou rejeição

do cliente vem sempre depois de o produto estar no mercado, é necessário estabelecer

indicadores de qualidade, que meçam as dimensões da qualidade: qualidade, custo,

atendimento, moral e segurança, que serão conceituadas mais adiante.

• Total - O Controle de Qualidade é dito total por envolver todas as pessoas e ser

exercido em todos os lugares da empresa, envolvendo todos os níveis e todas as unidades.

2.3 Dimensões da qualidade.

Conforme descrito por Rocha (1995), a qualidade não significa apenas as

características intrínsecas do produto, mas, sim, um conjunto de valores que estão presentes

ou acompanham o produto ou serviço. Para um melhor entendimento, Rocha (1995) explica

as dimensões de qualidade nos cinco itens a seguir.

Qualidade - qualidade intrínseca são as características que podem ser medidas

diretamente no produto. Para um produto alimentício, as características de qualidade

intrínsecas poderiam ser, por exemplo, cor, textura, sabor, odor, carga microbiana,

propriedades físico-químicas entre outras.

Custo - de nada adianta ter o melhor produto se o cliente não puder adquiri-lo.

Mesmo que possa, o cliente só pagará pelo produto que custar igual ou menos que o valor que

ele perceber no bem. Assim, todo o esforço deve ser empreendido pela empresa para reduzir

os custos de produção, venda e assistência técnica. O TQC tem várias ferramentas que

possibilitam reduzir custos, entre elas o PDCA (planejar, desenvolver, checar e agir) de

melhoria, também chamado MASP (Metodologia de Análise e Solução de Problemas).

Atendimento: o atendimento pode ser medido em termos de quantidade, local e

prazo de entrega.

Moral – É a satisfação média dos colaboradores, expressa em termos de sugestões

apresentadas, ausências ao trabalho e rotatividade entre outras. Uma norma mais direta de

medir o grau de satisfação da equipe é por meio de diagnósticos motivacionais realizados de

forma a garantir o anonimato, com a totalidade ou parcela representativa do quadro funcional

e com questionário elaborado com a participação dos próprios colaboradores.

Segurança - O fornecedor deve garantir que o produto não coloque a integridade

física do consumidor ou usuário em risco. Isso é particularmente importante no caso de

produtores e prestadores de serviços em alimentação. Nesse caso, medidas importantes são

47

contagem de micro-organismos patogênicos e análise de aditivos. Sobre essas dimensões da

qualidade são estabelecidos indicadores de qualidade e produtividade denominados itens de

controle.

Feigenbaum (1961), formulou e sistematizou os princípios do que chamou de

Total Quality Control, cujo objetivo básico era criar um controle preventivo, desde o início do

projeto até sua entrega final ao cliente, com base num trabalho multifuncional. O mesmo

autor definiu sua filosofia básica de modo que a alta qualidade dos produtos é difícil de ser

alcançada se o trabalho for feito de maneira isolada. Dessa forma, era necessário o

envolvimento de todas as áreas da empresa para garantir a qualidade do produto e serviço.

Seu trabalho foi o iniciador das normas de sistema de garantia da qualidade em nível mundial

que, mais tarde, na década de 1980, deu origem às normas internacional ISO 9000

(International Organization for Standardization-1987) com sede em Genebra.

Atualmente, a qualidade está intrinsecamente relacionada ao conceito de

gerenciamento das empresas.

Para Rocha (1995), a introdução das diversas técnicas enfrentou uma série de

problemas que apontaram para a necessidade de as mesmas serem acompanhadas de

mudanças mais profundas em toda a estrutura das empresas, no sentido de diminuir a divisão

de responsabilidades.

A mudança deveria ser integrada a todo o sistema. Cada funcionário deve

desenvolver essas técnicas voltadas para a produção como um todo, não como uma atividade

específica e individual. Contudo, a importância na prevenção de defeitos não dispensa a

necessidade de operar os processos no alvo e com variação mínima, para que esse objetivo se

torne possível. As causas especiais de variação devem ser identificadas e removidas e os

operadores devem receber informação de tipo e formato adequados, que lhes permitam ajustar

os processos de forma consistente.

Os departamentos produtivos passam a assumir parte dessa responsabilidade,

diminuindo a ênfase nas inspeções finais e aumentando a inspeção durante o processo de

fabricação feita pelos operários diretos por meio de técnicas de autocontrole. Todavia, de

acordo com Rocha (1995), a qualidade deve ocorrer em todas as fases do processo de

fabricação. Dessa forma, a aplicação prática de inspeção tem perdido sua aplicação, visto que

a qualidade não deve ser inspecionada, mas fabricada, via consciência de todos os envolvidos,

em busca do melhor em todas as fases do processo. Cada um deve assumir integralmente o

que faz. Assim, as organizações devem desenvolver técnicas e programas, usar os recursos de

Tecnologia da Informação (TI) capazes de monitorar e demonstrar todas as variáveis

48

envolvidas no processo de produção, para que seja possível propor ações para eliminar os

desvios que acontecem.

Atualmente, entende-se que a qualidade não pode ser obtida somente por meio da

inspeção e do controle, mas que é necessário construí-la via desenvolvimento integrado de

produto e processo, em um ambiente de engenharia simultânea e com aplicação dos métodos

da garantia da qualidade preventiva.

Segundo Juran (1997), a melhor medida da qualidade de um produto é feita pela

satisfação apresentada pelo consumidor e a aprovação do produto no mercado. O controle da

qualidade tem duas fases distintas.

• Planejamento – Estabelecimento de um plano que define a especificação dos produtos

e os padrões de qualidade.

• Execução – Que leva o plano para a área produtiva e o coloca em atividade,

acompanhado por um controle.

Atender aos padrões de qualidade é trabalhar com o foco na satisfação do cliente

e, para que essa satisfação aconteça, é fundamental que não seja liberado nenhum produto

fora das especificações.

Para evitar a entrega de produtos não conformes, é necessária uma

conscientização dos envolvidos em todo o processo produtivo, usando a atividade de inspeção

para certificar a conformidade de todos os produtos que estão sendo entregues aos clientes.

Isso envolve um controle total sobre todas as fases, desde a recepção da matéria-prima até a

conclusão do bem fabricado, atingindo o estágio de satisfação plena do produto junto ao

consumidor.

Um produto pode ter alta qualidade para o consumidor e qualidade apenas regular

para os departamentos técnicos que o fabricam. O problema central do controle de qualidade é

manter determinado nível de qualidade para um produto de acordo com a política da empresa,

ou seja, conforme os padrões de qualidade estabelecidos (CAMPOS, 1990).

Para manter o desempenho do produto em alto nível perante os consumidores, a

história do controle de qualidade vem sendo cada vez mais incrementada por ferramentas

advindas da produção enxuta que possibilita a redução dos custos sem afetar a qualidade do

produto final.

49

2.4 Princípios modernos da produção enxuta usado na empresa objeto deste estudo

2.4.1 World Class Manufacturing (WCM)

O WCM (ou Manufatura de Classe Mundial) é um conjunto de conceitos, princípios,

políticas e técnicas baseadas nos princípios da produção enxuta para a gestão dos processos

operacionais de uma empresa (PASSARELLA, 2007).

No entanto, esse modelo foi abalado a partir do choque do petróleo de 1973, ano

em que o aumento vertiginoso do preço do barril de petróleo afetou profundamente toda a

economia mundial. Segundo Jeffrey e Nile (2004), em meio a milhares de empresas que

sucumbiam ou enfrentavam pesados prejuízos, a Toyota Motor Company emergia como uma

das pouquíssimas empresas a escapar praticamente ilesa dos efeitos da crise. A partir desse

contexto, o sistema de produção enxuto, apresentado pela Toyota, passou a ter o

reconhecimento mundial.

Segundo Marchwinksi e Shook (2003), a produção enxuta (do original em inglês,

lean) foi um termo cunhado, no final dos anos 1980, pelos pesquisadores do International

Motor Vehicle Program (IMVP) e rapidamente difundido com a publicação do livro A

máquina que mudou o mundo, dos autores Womack, J.P e Jones, D. T.; Roos, D em 2004.

Este programa de pesquisas era ligado ao Massachusetts Institute of Technology (MIT), para

definir um sistema de produção eficiente, flexível, ágil e inovador, superior à produção em

massa, um sistema habilitado a enfrentar melhor um mercado em constante mudança. A

manufatura enxuta é uma expressão genérica usada para definir o Sistema Toyota de

Produção (STP).

Segundo Womack (2004), a produção enxuta é uma evolução dos sistemas de

produção artesanal e produção em massa. A produção artesanal usava trabalhadores altamente

qualificados, com processos flexíveis que permitiam fazer exatamente o que o consumidor

desejava: um item de cada vez. O resultado é que o consumidor obtinha exatamente o que ele

queria, mas com um custo provavelmente alto. A produção em massa utiliza profissionais de

habilidades bastante específicas para operar máquinas/equipamentos (muitas vezes de alto

custo) e que realizam somente um tipo de tarefa. Os produtos fabricados são padronizados em

altos volumes. Normalmente, nesse processo, mesmo que não haja a venda, as máquinas não

costumam parar ou ocorrem diversos desperdícios relativos a estoques, consumo de energia,

mão de obra e matéria-prima entre outros.

50

O objetivo é que o padrão de produção da empresa alcance um padrão mundial e

seja reconhecido como uma empresa que estrategicamente trabalha com o objetivo de

produzir ou fabricar um produto com a máxima qualidade possível, respeitando a legislação

do país e reduzindo os custos de fabricação.

A expressão - Manufatura de Classe Mundial - foi introduzida por Hayes e

Wheelwright (1984) ao descrever as capacidades desenvolvidas por empresas japonesas e

alemãs ao entrarem na concorrência por mercados de exportação. Schonberger (1992) utilizou

a mesma expressão em seu livro World Class Manufacturing com uma abordagem mais forte,

levando a ideia de que adotando práticas de just-in-time e qualidade total qualquer empresa

poderia reduzir seus lead times e se tornar uma manufatura de classe mundial.

Desde seu surgimento, o WCM passou por diversas modificações promovidas

pela Associação Mundial do WCM (associação que engloba as empresas que aplicam esse

programa) até chegar à sua estrutura atual, estrutura essa que se baseia em dez pilares

operativos e dez pilares gerenciais e traz todas as ferramentas que podem ser aplicadas no

processo produtivo ou de serviços com a finalidade de promover a padronização de todo

processo em prol da competitividade, conforme o Quadro 1.

Quadro 1- Pilares operativos e gerenciais do WCM

Fonte – Oliveira, 2009.

Os pilares operativos representam os aspectos relacionados à produção sobre os

quais se estrutura uma manufatura de classe mundial. Cada um desses pilares apresenta

Itens Pilares Operacionais Pilares Gerenciais

1 Segurança Envolvimento da Gerência

2 Desenvolvimento de Custos Clareza de Objetivos

3 Melhoramento Focado Cronograma e Planejamento para o WCM

4 Atividades Autônomas Alocação de Pessoas qualificadas para áreas modelo

5 Manutenção Planejada Envolvimento da organização

6 Controle da Qualidade Competência da organização em direção à melhoria

7 Logística e Serviço ao Cliente Tempo & Budget

8 Gestão Preventiva de Equipamentos

Nível de expansão

9 Desenvolvimento de Pessoas Nível de detalhes

10 Meio Ambiente Motivação dos operadores

51

objetivos específicos a serem implementados pela organização para o desenvolvimento do

sistema.

Esses objetivos são comumente estratificados em sete passos que caracterizam o

percurso de implementação. Os três primeiros visam corrigir problemas após a sua ocorrência

e precisam da intervenção de especialistas; os dois passos seguintes têm um caráter preventivo

e podem ser feitos por uma intervenção individual: o próprio trabalhador inspeciona o

trabalho; e os dois últimos passos representam a situação em que há uma antecipação ao

surgimento dos problemas, que é feito pela intervenção de times.

Os pilares gerenciais, por sua vez, indicam o comprometimento que as pessoas e a

organização devem demonstrar durante a aplicação do modelo para auxiliar a alcançar os

objetivos dos pilares operativos.

A estrutura do World Class Manufacturing toma forma na redução sistemática de

todos os tipos de perda e desperdício via contribuição de todos os funcionários da empresa e

utilização rigorosa de métodos e padrões.

A figura 2 representa esquematicamente a estrutura funcional do World Class

Manufacturing.

Figura 2 – Estrutura funcional do WCM

Fonte - Oliveira, 2009

Conceitos básicos

Total Industrial

Engineering

Total quality control

Total productive

maintenance

Just in time

Foco

Produtivi-dade

Melhora-mento

qualidade

Eficiên-cia

técnica

Nível de

serviço

Objetivos

Zero desperdício

Zero defeito

Zero Quebras

Zero estoque

Organização

Posto de Trabalho

Qualidade

Manutenção

logística

Desdobramento

de custos

52

Na lógica do WCM, as perdas e os desperdícios são os primeiros a serem atacados

e os locais onde, respectivamente, cada um deles ocorre é identificado por meio de um

desdobramento de custos. Em seguida, ainda via desdobramento de custos, os problemas são

ordenados segundo o seu respectivo impacto econômico, e os de maior impacto no custo total

são priorizados.

Os métodos de combate aos problemas são analisados e o mais adequado é

selecionado. Estima-se o custo de solucionar o problema, programam-se as soluções com

rigor e os resultados obtidos são avaliados comparando-os ao objetivo original.

Além dessas avaliações ao final de cada ciclo de redução de perda e desperdício,

há também auditorias internas e externas. As auditorias internas são realizadas por grupos da

própria empresa e as externas por um especialista externo. Ambas verificam o desempenho da

empresa em cada um dos vinte pilares: dez operativos e dez gerenciais.

Quando é auditada pelo especialista externo, ele atribui notas que variam de zero a

cinco para cada um dos pilares.

Ao final, essas notas são somadas e possibilitam que a empresa receba uma pontuação

que varia de zero a cem. A partir de cinquenta pontos, a empresa recebe uma medalha de

reconhecimento ao seu desempenho. A cor da medalha varia de acordo com a pontuação como

mostra a figura 3.

Figura 3 – Sistema de pontuação do WCM

Fonte - Passarella, 2007.

As notas de cada pilar variam de 0 (zero) a 5 (cinco)

20 pilares X 5 = 100 pontos possíveis

Bronze ≥ 50

Prata ≥ 60

Ouro ≥ 70

Diamante ≥ 85

53

2.5 Qualidade na indústria automobilística

2.5.1 Funções da qualidade na indústria automobilística

A competitividade está cada vez maior entre as organizações que têm como

principal objetivo atender as especificações de seus consumidores por meio da qualidade de

seus produtos. Essa qualidade pode ser vista como aquela que atende perfeitamente, de forma

confiável, acessível, segura e no tempo certo, as necessidades do cliente.

A qualidade tem sido muito utilizada nas empresas atuais que obtêm resultados

cada vez mais satisfatórios no ambiente organizacional (CAMPOS, 2004).

Segundo Campos (2004), o Total Quality Control (TQC) é baseado na

participação de todos os setores da empresa e de todos os empregados no estudo e condução

do controle de qualidade. Dessa forma, são criados grupos dentro da organização com a

função de orientar e analisar os controles executados. O objetivo é eliminar falhas e causas de

variabilidades no processo de usinagem e retífica, também aperfeiçoar esse processo por meio

dos seguintes projetos de melhoria: qualidade total são todas aquelas dimensões que afetam a

satisfação das necessidades das pessoas e, por conseguinte, a sobrevivência da empresa.

Existem alguns conceitos relacionados; qualidade: é a ausência de defeitos de produtos e

serviços finais ou intermediários, atende sempre às necessidades e especificações do cliente

interno ou externo da organização; a garantia da qualidade é obtida em todos os setores da

empresa, qualidade do treinamento, informação dos funcionários, da administração, do

sistema e todo corpo executivo da organização; custos: vistos como custo operacional para

fabricação do produto ou fornecimento do serviço. Inclui os custos intermediários da

organização como custo de compra, de venda, de produção e de treinamento. Já o preço tem

um conceito diferente de custos, reflete a qualidade do produto, e é definido pelo mercado ou

cliente final; logística: necessidade de que a organização entregue a peça certa, na hora certa e

no local certo. Na entrega do produto, verificam-se as condições do produto, a dimensão de

sua qualidade deve ser considerada; moral: a medida do nível de satisfação dos funcionários,

isto é, para que os produtos sejam fabricados com qualidade, o ambiente de trabalho deve ser

adequado. O nível de satisfação dos funcionários é medido por quantidade de demissão,

absenteísmo entre outros; segurança: medida do nível de segurança do empregado ao fabricar

o produto. Aferida por meio de índices, como número de acidentes e gravidade do ocorrido,

entre outros (CAMPOS, 2004).

54

2.5.2 Controle de qualidade e o processo de inspeção na indústria automobilística

Para que seja possível demonstrar, de maneira objetiva, a real preocupação da

empresa com seus níveis de qualidade no mercado, os administradores e os gerentes das

unidades produtivas devem garantir o correto atendimento aos padrões e especificações, pois

é fundamental desenvolver um conceito de qualidade assegurada. No entanto, para que esse

conceito seja corretamente atendido, é primordial que os colaboradores, em todas as fases do

processo produtivo, entendam a importância de desenvolver todos os trabalhos e inspeções

corretamente na primeira vez.

Para a empresa que utilizar sistema de controle por inspeção deve ficar claro o que

será inspecionado, a razão da inspeção, com que frequência será feita, quem serão os

responsáveis, quais instrumentos a serem utilizados e quais registros necessários (ROCHA,

1995).

Em todo o processo de manufatura de um produto, após a definição da

implantação e divulgação da necessidade e importância dessa atividade, a organização deve

desenvolver planos de inspeções, classificar quais características serão inspecionadas,

esclarecer aos funcionários os motivos das inspeções, levar em consideração históricos

qualitativos e até mesmo reclamações de clientes externos.

Para Rocha (1995), é muito importante definir a frequência das inspeções, os tipos

de inspeções, para sanar as falhas e, nesse sentido, a empresa deve disponibilizar recursos

financeiros para a aquisição de todos os meios de controle necessários, principalmente no que

se refere a levantamento da necessidade de treinamento e garantia de que todos os envolvidos

no processo tenham conhecimentos necessários para desenvolver as atividades de inspeções

corretamente.

Existem vários tipos de inspeção conforme Rocha (1995).

Inspeção total ou inspeção 100% - Ocorre quando a observação de qualidade é

realizada em todas as unidades do lote a ser inspecionado, via verificação individual da

ausência ou presença de um ou mais itens defeituosos. Nessa inspeção, é obrigatório que

todos os produtos sejam inspecionados; inspeção por amostragem - É realizada sobre um certo

percentual das unidades do lote a ser inspecionado, que são retiradas ao acaso. É bastante

usada na indústria por apresentar praticidade e economia; inspeção de atributo – É verificado

o produto que contém ou não certa característica específica como cor, por exemplo. Quase

sempre essa inspeção é realizada por meio de controle visual. É uma inspeção que não fornece

nenhum valor, algo não mensurável; inspeção de variável - É a determinação quantitativa da

55

característica, como por exemplo, largura, comprimento, diâmetro; inspeção da primeira peça

que é realizada sobre o primeiro produto fabricado, visa comprovar, antes de entrar em

operação normal, as especificações corretas do produto; inspeção aleatória - Feita ao acaso,

não programada, realizada de surpresa. Esse tipo de inspeção às vezes é realizado por

supervisores de produção ou auditorias feitas por pessoas desvinculadas do processo

produtivo para demonstrar que, indiferentemente do momento, todos os produtos estão sendo

produzidos conforme as especificações do projeto.

Conforme relatado por Barreto (1997), a inspeção da qualidade é um processo que

demanda tempo. O método utilizado para operar a inspeção é avaliar os níveis de qualidade

do produto seguindo os padrões especificados pelo departamento de desenvolvimento do

produto, e visa identificar se essa peça ou lote atende as especificações da qualidade.

O controle da qualidade também tem o papel de fornecer informações sobre o

desempenho individual dos operadores e da evolução do produto com qualidade.

A inspeção não tem a autoridade para modificar diretamente a produção, mas transmite dados para que isso aconteça se necessário. O trabalho de inspeção, que alguns chamam de revisão, tem que ser exercido por profissionais que sejam calmos, pacientes e inteligentes, pois além do mais, acumulam a tarefa de monitor (a), pois em determinadas situações mostrará a forma correta de operar (BARRETO 1997, p.119).

Para Barreto (1997), existem apenas dois tipos de inspeção, conforme descrito

abaixo.

Primeira - Inspeção 100%

Na inspeção 100%, verificam-se todas as peças confeccionadas, normalmente

quando o produto não pode sofrer nenhuma falha em qualquer de seus atributos.

Por exemplo:

• Um marca-passo cardíaco

• Uma nave especial

• Uma lancha

• Um avião

• Um aparelho cirúrgico

• Uma ponte metálica

56

Esse tipo de inspeção é usado apenas em produtos que envolvem uma quantidade

de investimentos, ou quando o seu mau funcionamento colocaria em risco vidas humanas.

Segunda - Inspeção por amostragem

Esse tipo de inspeção é considerado a maneira correta de verificar o nível de

qualidade de um processo ou produto, ou poderia ser também a forma adequada de se fazer a

inspeção final. É mais inteligente, mais econômica, demonstra a capacidade do processo

produtivo e mostra que a empresa tem um controle eficiente de todo processo (BARRETO,

1997).

A amostragem do trabalho é uma técnica baseada na observação de partes do lote

que está sendo produzido ou apenas sendo revisado. Pelas informações coletadas das amostras

tiram-se conclusões sobre o trabalho dos operadores e também se o lote vai ser aprovado ou

reprovado pela comissão revisora do controle de qualidade conforme descrito por Martins e

Laugeni (2005).

A especificação da porcentagem de peças que vão ser revisadas em um lote é

determinada pela gerência da empresa. As empresas da indústria automotiva fazem a inspeção

por amostragem, com a finalidade de saber se o processo produtivo está atendendo as

necessidades dos consumidores, analisando se o produto está sendo confeccionado de acordo

com o esperado.

Na empresa estudada a inspeção é por amostragem. O custo para a execução dessa

inspeção é relevante no custo final do produto, mas incomparável com a importância da peça

final.

Quando é identificada uma peça defeituosa, esta deve ser repassada o mais

rápidamente possível à gerência para que se identifiquem as razões e seja corrigida sem

causar danos maiores.

Para Paladini (2002), exige-se ainda que, ao proceder à inspeção, sejam feitos

registros para ilustrar, com o passar do tempo, os índices de melhorias, o nível de qualidade

que o produto apresenta e quais pontos ainda precisam ser melhorados. Um exemplo disso é

que pode ser feito o registro na inspeção do produto final, como o número de retrabalhos,

quais operações causam mais defeitos.

A importância de esse método ser realizado é que se pode saber o custo dos

refugos semanal ou mensalmente ou do retrabalho feito em medidas individuais da peça. E,

com os registros de refugos, o supervisor pode saber a causa desses retrabalhos, como

57

operadores sem experiência e, juntamente com o gerente, tomar decisões em beneficio do

processo, pois o principal objetivo da qualidade é satisfazer cliente, trazer lucros e benefícios

para a empresa e seus colaboradores (BARRETO, 1997).

A empresa deve sempre estar envolvida no desenvolvendo de técnicas da

qualidade associada a atividades de autocontrole, motivar seus colaboradores e garantir que

todas as inspeções sejam realizadas da melhor maneira possível, manter uma monitoração

direta de todo seu processo, possibilitar, assim, um melhor resultado de suas operações, sejam

elas em grupo, sejam individuais (BARRETO, 1997).

2.5.3 Os custos da falta de qualidade na indústria automobilística

Na indústria automobilística a forma de quantificar e administrar os custos

derivados da qualidade do produto é descrita por vários autores, como será mencionado nos

próximos parágrafos. Os custos da qualidade dão sustentação ao programa da qualidade e

foram abordados pela primeira vez por Juran (1997) na publicação do livro, Quality control

handbook, que sinalizava aos gerentes os impactos das ações de qualidade sobre os custos

industriais, em especial, os decorridos das falhas internas e externas nos produtos. Esse livro

trouxe informações que demonstraram, com base em fatos e dados, a evidência dos custos da

qualidade ou da não qualidade e que o ideal seriam ações preventivas para reduzir custos.

Apontaram os seguintes tipos de custos: custos de produção compreendem os gastos com

materiais diretamente consumidos, com mão de obra direta, equipamentos utilizados e

tecnologia empregada; custos de fabricação são a soma dos custos de produção com os custos

indiretos de produção, tais gastos como aqueles feita com engenharia, projeto, P&D, controle

da produção, manutenção, além dos insumos utilizados, salários e gastos administrativos

associados a essas atividades de apoio à produção; custos de fabricação = custos de produção

+ custos indiretos. Custos de comercialização são compostos pelos custos de marketing,

vendas e distribuição dos produtos e serviços; custos totais envolvem os custos de fabricação

e os custos de comercialização, além de outros gastos indiretos, aluguéis, energia etc. Custos

totais = custos de fabricação + custos de comercialização + outros. Dentro dos custos totais da

empresa encontram-se os custos totais da qualidade, que podem ser contabilizados numa

organização. Philip (1998) aprofundou a contribuição pioneira de Juran, (1992) sobre o

conhecimento dos custos da qualidade ou da não qualidade como prefere.

58

Esses custos apontados por Juran (1992) estão associados à produção,

identificação, prevenção ou correção de produtos, aos processos e serviços que não atendam

os requisitos, sendo classificados em quatro categorias: custos de prevenção, custos de

avaliação, custos das falhas internas, custos das falhas externas.

Os conceitos de custos da qualidade passaram a ser disseminados com a

bibliografia que tratava do controle da qualidade e buscava oferecer suporte às ações de

melhorias, além de tentar medir a qualidade das empresas. As definições de custos da

qualidade variam conforme a definição de qualidade e as estratégias adotadas pela empresa,

que induzem a diferentes aplicações e interpretações.

Alguns os compararam aos custos para se atingir a qualidade. Outros

equipararam o termo aos custos para o funcionamento do departamento de qualidade.

A interpretação a que chegou a maioria dos especialistas, aqui citados, foi

equiparar os custos da qualidade e com o custo da má qualidade (notadamente os custos para

encontrar e corrigir o trabalho defeituoso). Assim, Juran e Gryna (1991) afirmam que os

custos da qualidade são aqueles custos que não existiriam se o produto fosse fabricado de

forma perfeita na primeira vez, estando associados com as falhas na produção que levam a

retrabalho, desperdício e perda de produtividade.

Segundo Crosby (1999), os custos da qualidade estão relacionados com a

conformação ou ausência de conformação aos requisitos do produto ou serviço. Desta forma,

se a qualidade pode ser associada à conformação, deduz-se que os problemas de conformação

e as medidas que visem evitá-los acarretam um custo. Sendo assim, o custo da qualidade

seria formado pelos custos de manter a conformidade, adicionado aos custos das não

conformidades. Ou seja, falta da qualidade gera prejuízo, pois, quando um produto apresenta

defeitos, haverá um gasto adicional por parte da empresa, para correção dos defeitos ou a

produção de uma nova peça.

Sakurai (1997) diz que custo da qualidade pode ser definido como o custo

incorrido por causa da existência, ou da possibilidade de existência, de uma baixa qualidade.

Por essa visão, o custo da qualidade é o custo de fazer as coisas de modo errado.

Entretanto, Feigenbaum (1994) relata que não é a qualidade que custa, mas, sim, a

não conformidade ou a não qualidade que é dispendiosa. Para ele, atingir a qualidade é

dispendioso, exceto quando comparado com o não atingimento dela.

No mesmo sentido, Campos (1992) afirma que obter a qualidade desejada custa

dinheiro, pois, mesmo um mau produto tem o seu custo de qualidade. Por isso, o objetivo de

59

gerenciar os custos da qualidade é o de fazer com que a adequabilidade para o uso do produto

ou serviço seja conseguida ao mínimo custo possível.

A respeito da relevância dos custos da qualidade, Schiffauerova e Thomson

(2006) enfatizam que mensurar e reportar esses custos deve ser considerado um fator crítico

por qualquer gestor que objetiva atingir competitividade no mercado. Em outro estudo de

mesma natureza, Schiffauerova e Thomson (2006) reforçam que os custos da qualidade

permitem analisar, de forma associada, ações e iniciativas de melhoria com as expectativas

dos clientes, ou seja, a junção da redução de custos (foco no processo) com os benefícios

obtidos com a melhoria da qualidade (foco no cliente).

2.5.3.1 Classificação dos custos da qualidade

Na literatura, encontram-se várias classificações para os custos da qualidade.

Feigenbaum (1994) os ordena em dois grupos: custos do controle e custos de falhas no

controle.

Esses grupos se subdividem, então, em segmentos. Os custos do controle são

segregados nos custos da prevenção e nos da avaliação, enquanto os de falhas no controle são

separados em custos de falhas internas e nos de falhas externas.

Juran e Gryna (1991) corroboram a divisão dos custos da qualidade em custos da

prevenção, da avaliação, das falhas internas e das falhas externas.

Na mesma linha, Crosby (1999) somente se diferencia das classificações de

Feigenbaum (1994) e Juran e Gryna (1991) por englobar as duas categorias de falhas numa

só, mantendo as demais. Resta que, mesmo com distinções entre os autores citados, as

classificações dos custos da qualidade encontradas na literatura tendem a se resumir em custos

de prevenção, de avaliação e custos das falhas internas e externas. Cabe, então, conceituá-las

convenientemente: os custos de prevenção são todos aqueles incorridos para evitar que falhas

aconteçam; tais custos têm como objetivo controlar a qualidade dos produtos, de forma a

evitar gastos provenientes de erros no sistema produtivo (CORAL, 1996); os custos de

avaliação são os gastos com atividades desenvolvidas na identificação de unidades ou

componentes defeituosos antes da remessa para os clientes internos ou externos (CORAL,

1996); os custos das falhas externas são os associados com atividades decorrentes de falhas

fora do ambiente fabril. Como falhas externas, classificam-se os custos gerados por problemas

acontecidos após a entrega do produto ao cliente (ROBLES JUNIOR, 2003); relativamente

aos custos das falhas internas, estes podem ser definidos como aqueles custos gerados por

60

defeitos que são identificados antes que o produto ou serviço chegue até o cliente (SILVA,

2006). Ou seja, são os custos incorridos devido a algum erro do processo produtivo, seja por

falha humana, seja por falha mecânica. Quanto antes forem detectados, menores serão os

custos envolvidos para sua correção.

Existe uma interação entre as quatro categorias mencionadas no sentido de que

são influenciadas pelas outras.

Investir recursos em prevenção, por exemplo, possibilita uma manutenção ou

melhoria da qualidade e, concomitantemente, traz a redução dos custos da qualidade. Slack

Chambers e Johnton (2002) citam o exemplo de uma empresa que, ao alterar voluntariamente

o mix dos custos da qualidade, dobrando os gastos com prevenção e avaliação, conseguiu

diminuir os custos de falhas internas e externas em mais de 80%.

Entretanto, Slack Chambers e Johnton (2002) continuam descrevendo ainda que,

para cada dólar gasto em prevenção, a economia oriunda será de dez dólares em termos de

custos de avaliação e de falhas. A interação fica evidente também no caso de investimentos

em avaliação e sua influência nas falhas internas e externas.

Ao direcionar recursos para a avaliação, tendem a aumentar os custos

relacionados às falhas internas, pela maior quantidade de itens inspecionados, ao passo que os

custos das falhas externas passam por redução.

A lógica dessa interação está em que, com inspeção mais acurada, mais defeitos

são detectados anteriormente ao despacho para o cliente. Para este trabalho aqui apresentado,

será utilizada a abordagem definida por Juran e Gryna (1991) ir ao encontro da política da

qualidade adotada pela organização resumida aqui como zero defeito.

2.5.3.2 A metodologia seis sigma e os custos da qualidade

No intuito de entender a relação da metodologia Seis Sigma e os custos da

qualidade, torna-se necessário, primeiramente, compreender que os Seis Sigmas é uma

metodologia rigorosa que utiliza ferramentas e métodos estatísticos para definir os problemas

e situações a melhorar, medir para obter as informações e os dados, analisar a informação

coletada, incorporar e empreender melhorias no processo e, finalmente, controlar os processos

ou produtos existentes, com a finalidade de alcançar etapas ótimas, o que por sua vez gerará

um ciclo de melhoria contínua (ROTONDARO ET AL, 2006)).

61

De acordo com Rotondaro et al (2006), quando o Seis Sigma é implementado, a

organização usa medidas financeiras com o propósito de selecionar projetos para melhoria e

para determinar os resultados. Esse autor afirma que, para que isso seja possível, a

contabilidade de custos das empresas deve oferecer os custos da qualidade e os seus impactos

nos lucros.

Para Faria, Cardoso e Chares (2006), a metodologia Seis Sigma tem como

objetivo a melhoria dos processos, a busca da redução dos custos da não qualidade, o aumento

da produtividade, a redução de custo dos produtos e a melhoria contínua.

Para os autores supracitados, na prática, as organizações usam técnicas

sofisticadas para medir retornos em investimentos, mas somente poucas medem o retorno dos

investimentos em qualidade. Isso ocorre igualmente ao se apostar no modelo de melhoria Seis

Sigma, sendo necessário mensurar financeiramente os impactos e investimentos do modelo

mesmo que estimados.

O custo decorrente da falta de qualidade associa-se ao aumento dos custos dos

produtos, pois os investimentos feitos para tornar os produtos vendáveis são maiores e, muitas

vezes, por desconhecimento do produto, pode gerar desperdícios devido às deficiências.

Juran (2002) afirma que custos da má qualidade (CDMQ) consistem naqueles

custos que desapareceriam se produtos e processos fossem perfeitos.

O primeiro passo para implantar um programa de custos de qualidade deve partir

da alta-administração, com plano que deve abranger toda a empresa, com objetivos bem

especificados sobre o que se pretende alcançar com o sistema de custos de qualidade.

Os funcionários devem ter a responsabilidade de prestar as informações certas

para os administradores e que esses custos sejam avaliados periodicamente, para que sejam

estabelecidos os objetivos de melhoria em conjunto com a alta administração.

Para o sucesso desse plano, deve ser feito acompanhamento com auditorias

periódicas e as melhorias necessárias para que os objetivos sejam atendidos e os resultados

sejam informados a toda a empresa. De acordo com Paladini (2004), produzindo com

qualidade, a empresa: assegura maior atuação no mercado consumidor, o que gera vendas e,

portanto, produz receita; tem maior competitividade, o que significa ganhos de novas faixas

de mercado e, portanto, aumento de receitas; trabalha com preços mais estáveis, já que

produtos bons mantêm preços, evitam descontos e mantêm a receita; cria maior fidelidade de

consumidores, o que assegura um estável fluxo de receita; coloca a empresa em posição de

vanguarda no mercado, o que significa futuras receitas.

62

A economia da qualidade envolve a redução de custos sobre a má qualidade no

processo produtivo, custos sobre a avaliação dos defeitos, testes, ações corretivas, controle de

peças com defeitos, informação e prevenção dos defeitos (PALADINI, 2004).

A economia refere-se, na qualidade, como uma forma de deixar de perder. Isso

gera uma vantagem financeira para a organização. É importante mencionar que a capacidade

de melhorar tem um elevado potencial de motivação, com treinamentos e, eventualmente,

uma mudança de cultura (PALADINI, 2004).

A meta de melhoramento da qualidade exige, automaticamente, a redução dos

custos, que são altos e, como forma de incentivo, cria-se um programa de premiação. O

programa de premiação para os colaboradores é um investimento que a empresa cria com o

intuito de melhorar a qualidade do produto, satisfazer o cliente e manter a empresa no

mercado (PALADINI, 2004).

2.5.3.3 As ferramentas da qualidade

Segundo Oliveira (1995) as ferramentas devem ser usadas para controlar a

variabilidade, que é a quantidade de diferença em relação a um padrão, sendo que a finalidade

das ferramentas é eliminar ou reduzir a variação em produto e serviço. Para manter os

processos estáveis e com um nível de variação mínimo, usa-se duas estratégias:

a- Padronização dos processos da empresa.

b- Controlar a variabilidade dos processos envolvendo as ferramentas adequadas, visando a

sua redução.

Os objetivos das ferramentas da qualidade segundo Oliveira (1995), são:

a- Facilitar a visualização e entendimento dos problemas.

b- Sintetizar o conhecimento e as conclusões.

c- Desenvolver a criatividade

d- Permitir o conhecimento do processo

e- Fornecer elementos para o monitoramento dos processos

Para analisar a variabilidade nos processos, podemos utilizar várias ferramentas,

sendo que as citadas a seguir não são as únicas, mas são as mais utilizadas: Folha de

verificação; gráfico de Pareto; diagrama de causa e efeito; histograma; brainstorming e

5W1H.

63

Definições das ferramentas utilizadas no processo

• Folha de verificação

São formulários planejados nos quais os dados coletados são preenchidos de

forma fácil e concisa. Registram os dados dos itens a serem verificados, permitindo uma

rápida percepção da realidade e uma imediata interpretação da situação, ajudando a diminuir

erros e confusões. Segundo Oliveira (1995) as folhas de verificação podem apresentar-se de

vários tipos como mostra a seguir:

1. Folha de verificação para distribuição do processo de produção

É usado esse tipo de folha de verificação quando se quer coletar dados de

amostras de produção. Lança-se os dados em um histograma para analisar a distribuição do

processo de produção, coleta-se os dados, calcula-se a média e constrói-se uma tabela de

distribuição de frequência. À medida em que os dados são coletados são comparados com as

especificações. Os dados coletados para este tipo de folha de verificação não podem ser

interrompidos. Este tipo de folha de verificação é aplicado quando queremos conhecer a

variação nas dimensões de um certo tipo de peça. Exemplo: Espessura da peça após o biscoito

prensado no processo cerâmico.

2. Folha de verificação para distribuição itens defeituosos

Este tipo de folha de verificação é usado quando queremos saber quais os tipos de

defeitos mais frequentes e números de vezes causados por cada motivo.

3. Folha de verificação para localização de defeito

É usada para localizar defeitos externos, tais como: mancha, sujeira, riscos, pintas,

e outros. Geralmente esse tipo de lista de verificação tem um desenho do item a ser

verificado, na qual é assinalado o local e a forma de ocorrência dos defeitos. Exemplo: Bolha

64

estourada na superfície do vidrado, nas peças cerâmica. Esta folha nos mostra o local onde

mais aparece o tipo da bolha.

Esse tipo de folha de verificação é uma importante ferramenta para a análise do processo, pois

nos conduz para onde e como ocorre o defeito.

4. Folha de verificação de causas de defeitos

Este tipo de folha de verificação é geralmente usado para investigar as causas dos

defeitos, sendo que os dados relativos à causa e os dados relativos aos defeitos são colocados

de tal forma que torna-se clara a relação entre as causas e efeitos. Posteriormente os dados são

analisados através da estratificação de causas ou do diagrama de dispersão.

• Diagrama de Pareto: O diagrama ou gráfico de Pareto é assim definido no Japão

segundo Juran ( 1991) é um diagrama que apresenta os itens e a classe na ordem dos números

de ocorrências, apresentando a soma total acumulada. Nos permite visualizar diversos

elementos de um problema auxiliando na determinação da sua prioridade. É representado por

barras dispostas em ordem decrescente, com a causa principal vista do lado esquerdo do

diagrama, e as causas menores são mostradas em ordem decrescente ao lado direito. Cada

barra representa uma causa exibindo a relevante causa com a contribuição de cada uma em

relação à total. É uma das ferramentas mais eficientes para encontrar problemas. Para traçar,

deve ser repetida várias vezes para cada um dos problemas levantados, tomando os itens

prioritários como problemas novos. O diagrama de Pareto descreve as causas que ocorrem na

natureza e comportamento humano, podendo assim ser uma poderosa ferramenta para

focalizar esforços pessoais em problemas e tem maior potencial de retorno.

• Diagrama de causa e efeito (Diagrama de Espinha de Peixe ou Diagrama de Ishikawa):

Segundo Oliveira (1995) é uma representação gráfica que permite a organização das

informações possibilitando a identificação das possíveis causas de um determinado problema

ou efeito. Mostra-nos as causas principais de uma ação, as quais dirigem para as sub-causas,

levando ao resultado final. Foi desenvolvido em 1943 por Ishikawa na Universidade de

Tóquio. Ele usou isto para explicar como vários fatores poderiam ser comuns entre si e estar

relacionados.

• Histograma: são gráficos de barras que mostram a variação sobre uma faixa específica.

Juran (1991). Segundo Oliveira (1995) o histograma foi desenvolvido por Guerry em 1833

para descrever sua análise de dados sobre crime. Desde então, os histogramas tem sido

65

aplicados para descrever os dados nas mais diversas áreas. Entretanto Paladini (1994)

descreve que é uma ferramenta que nos possibilita conhecer as características de um processo

ou um lote de produto permitindo uma visão geral da variação de um conjunto de dados. A

maneira como esses dados se distribuem contribui de uma forma decisiva na identificação dos

dados. Eles descrevem a frequência com que variam os processos e a forma de distribuição

dos dados como um todo (PALADINI, 1994).

• Fluxograma: conforme citado por Oliveira (1995) é um resumo ilustrativo do fluxo das

várias operações de um processo. Este documenta um processo, mostrando todas as etapas

deste. É uma ferramenta fundamental, tanto para o planejamento ( elaboração do processo)

como para o aperfeiçoamento ( análise, crítica e alterações) do processo, o fluxograma facilita

a visualização das diversas etapas que compõem um determinado processo, permitindo

identificar aqueles pontos que merecem atenção especial por parte da equipe de melhoria. É

basicamente formado por três módulos: início (entrada) - assunto a ser considerada no

planejamento; processo - consiste na determinação e interligação dos módulos que englobam

o assunto. Todas as operações que compõe o processo; fim (saída) - fim do processo, onde

não existe mais ações a ser considerada.

• Brainstorming: para Juram (1991) é um grupo de pessoas na qual um tema é exposto e

que através de livre associação de pensamento começam surgir ideias associadas a este tema.

A filosofia básica do Brainstorming é deixar vir à tona todas as ideias possíveis sem criticar

durante a sua exposição. O objetivo é obter o maior número possível de sugestões, para fazer

posteriormente o julgamento. O Brainstorming, não determina uma solução, mas propõe

muitas outras.

• 5W1H: é um documento de forma organizada que identifica as ações e as

responsabilidades de quem irá executar, através de um questionamento, capaz de orientar as

diversas ações que deverão ser implementada. Segundo Oliveira (1995) 5W1H deve ser

estruturado para permitir uma rápida identificação dos elementos necessários à implantação

do projeto. Os elementos pode ser descritos como: WHAT - O que será feito (etapas); HOW -

Como deverá ser realizado cada tarefa/etapa (método); WHY - Por que deve ser executada a

tarefa (justificativa); WHERE - Onde cada etapa será executada (local); WHEN - Quando

cada uma das tarefas deverá ser executada (tempo); WHO - Quem realizará as tarefas

(responsabilidade)

66

2.6 Gerenciamentos da qualidade no processo de produção na indústria automobilística

O gerenciamento da qualidade na indústria automobilística envolve

estrategicamente alinhar toda a empresa com foco em um produto sem defeito; é criar meios e

formas de trabalhar envolvendo todos os departamentos da organização como é descrito por

vários estudiosos nos próximos parágrafos.

Para Slack, Chambers e Johnston (2002), o gerenciamento da qualidade total

significa resolver os problemas de qualidade permanente e estabelecer os alicerces para

permitir o melhoramento nos níveis de qualidade.

Para completar o raciocínio, Campos (2004) acrescenta que a garantia da

qualidade é conseguida pelo gerenciamento correto e obstinado de todas as atividades da

qualidade em cada projeto e em cada processo busca-se de forma sistemática eliminar

totalmente as falhas.

Todo esse contexto tem como foco eliminar os erros da manufatura, fazer com

que os erros sejam descobertos diretamente na causa raiz. Portanto, o gerenciamento da

qualidade, além de monitorar os processos e registrar o desempenho, deve analisá-los e propor

soluções para eliminação dos defeitos no decorrer do processo de fabricação.

2.7 Autocontroles na indústria automobilística

Pfeifer e Torres (1999) entendem que controlar a qualidade ou promover a

melhoria contínua é ter o domínio dos desvios, é monitorá-los e minimizá-los ou, de

preferência, evitar que o problema aconteça.

O monitoramento de todas as características às vezes é, porém, impraticável ou

não é realizado de forma eficaz. Os problemas acabam acontecendo e, nesse caso, torna-se

necessário encontrar as causas do inconveniente e, em seguida, a rápida solução

(SCHONBERGER, 1992).

A eficiência desse trabalho depende em muito da utilização correta de técnicas

adequadas, que possam gerar conclusões precisas, confiáveis e com base científica

(SCHONBERGER, 1992).

Para garantir a aplicação de uma atividade de autocontrole na manufatura de

motores, que propicie resultados positivos, existem algumas ferramentas, conhecidas como

67

ferramentas de qualidade, utilizadas em várias fases e de acordo com a necessidade do

processo produtivo (PFEIFER; TORRES, 1999).

Para Schonberger (1992) é possível verificar o quanto a atividade de autocontrole

merece atenção especial por todos os que estão inseridos no processo produtivo. A empresa

que realmente quer desenvolver processos capazes de produzir produtos com qualidade deve

disponibilizar recursos e não medir esforços para a implantação de uma gestão direcionada às

atividades de autocontrole, que dispense esforços direcionados às fiscalizações, sempre

realizadas por um setor que não é ligado diretamente à produção.

A tarefa-chave para o gerente de produção é identificar os pontos de controle

críticos nos quais os serviços, produtos ou processos precisam ser checados e inspecionados,

para garantir que estejam conforme as especificações (LIKER, 2005).

Conforme citado por Liker (2005) há três momentos principais nos quais a

checagem pode ser feita: no início, durante e depois do processo.

Para Liker (2005), o autocontrole é uma tarefa em que toda a equipe é responsável

pela inspeção da produção. Segundo o autor, o autocontrole constitui-se numa forma de

detectar o erro, repensar os conceitos básicos e evitar problemas futuros.

Segundo Baldo e Donatelli (2003), no início do processo, os recursos de entrada a

serem transformados poderiam ser inspecionados para garantir que estejam conforme as

especificações. Por exemplo, uma manufatura de carro pode desejar checar que os faróis que

são fornecidos para sua produção estejam dentro da especificação correta.

Quando ocorre a necessidade dessa inspeção na planta, no caso, a manufatura, é

um reflexo de que o fornecedor não está desenvolvendo bem suas atividades ou houve algum

distúrbio qualitativo na planta do fornecedor. Por isso, essa inspeção é necessária e

indispensável, mas a responsabilidade por garantir a qualidade dos produtos fabricados é do

fornecedor. Isso demonstra claramente a importância de trabalhar com uma estrutura eficiente

voltada para as atividades de autocontrole (BALDO; DONATELLI, 2003).

Para Baldo e Donatelli (2003), durante o processo, as checagens podem acontecer

em qualquer estágio ou em todos, mas existem alguns pontos particularmente críticos no

processo, nos quais as inspeções podem ser mais importantes.

Para que a empresa tenha o controle da qualidade dos produtos fabricados, deve-

se realizar levantamentos e análises, verificar quais os pontos mais críticos e definir quais

serão as formas utilizadas para garantir uma correta inspeção dos produtos e processos

(JURAN, 1997).

68

As checagens também podem ocorrer depois do processo em si, para garantir que

o produto ou serviço esteja conforme as suas especificações ou que os consumidores estejam

satisfeitos com o serviço que receberam (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2002).

De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), às vezes é necessário realizar

inspeções finais, antes da liberação dos produtos aos clientes, pois essa ação elimina as

possibilidades de envio de produtos fora das especificações, fundamental para a garantia da

satisfação, demonstrando um reflexo positivo para a empresa diante dos clientes.

Em face ao conceito de autocontrole, uma pergunta se faz pertinente: qual a

importância da atividade de autocontrole na indústria automobilística? Idealmente, a

responsabilidade pelo controle deve ser entregue a indivíduos. Essa delegação é

intrinsecamente clara e também confere status – uma forma de propriedade que corresponde a

algumas necessidades básicas humanas (JURAN, 1997).

O ideal em todas as manufaturas é que os gerentes e líderes da produção deleguem

a responsabilidade das inspeções aos operadores, mas isso deve ser bem definido e de uma

forma transparente com essa delegação, os gerentes concedem responsabilidades aos

operadores, mostram-lhes a importância de todo trabalho que eles realizam. Isso faz parte da

demonstração de valorização e motivação dos colaboradores em um processo produtivo para

um melhor desenvolvimento do trabalho e resultados alcançados (JURAN, 1997).

Segundo Juran (1997), também idealmente, a responsabilidade deve ser

acompanhada da autoridade. Para criar esse estado de autocontrole, os projetistas devem

prover as forças operacionais, avaliar os meios para saber qual é o desempenho e o alvo

desejado. Esse critério é satisfeito por meio da fixação e divulgação das metas de qualidade.

Também devem ser observados os meios para saber qual é seu desempenho real, que é

satisfeito via estabelecimento do sistema de avaliação.

A definição de autocontrole consiste em fazer certo da primeira vez, por

intermédio de atribuição de responsabilidades e envolvimento entre clientes e fornecedores.

Na indústria automobilística, a atividade de autocontrole está fundamentada na

utilização de quatro sentidos dos seres humanos: visão: nos motores, verificar os aspectos

variação de cores e posicionamentos de determinados componentes; tato: verificar variações

referentes à superfície e esforços mecânicos oriundos do processo de produção; olfato:

auxiliar na detecção de odores provenientes do processo ou produto; audição: perceber a

possibilidade de alguma anormalidade referente a ruídos e interferência entre determinados

componentes.

69

Portanto, a correta utilização dos sentidos no momento da realização das

atividades e as respectivas inspeções tornam-se de suma importância, para definir uma correta

garantia da qualidade na realização das operações. Demonstram ser, de maneira clara, a

aplicação de princípios de segurança nos postos de trabalho e garantem o uso correto dos

equipamentos para prevenir o desgaste prematuro.

2.8 Automações inteligentes na indústria automobilística

Para Womack e Jones (1998) o conceito de automação inteligente, que também

poderá ser chamado de Jidoka, originou-se dos trabalhos realizados, em 1929, por Taiichi

Ohno nos teares da indústria têxtil nos Estados Unidos da América e, atualmente, se estende

de maneira inovadora na indústria automotiva, sendo assim a ideia central da automação na

indústria automotiva é eliminar todos os defeitos, tanto no processo, quando também no fluxo

de produção, porque o problema só se torna visível quando a máquina interrompe seu

processo ou o operador paralisa a linha de produção tornando, assim, o problema visível a

todos da empresa.

Womack e Jones (1998) descrevem que a automação significa a transferência da

inteligência humana para equipamentos automatizados de modo a permitir que as máquinas

detectem a produção de uma peça defeituosa e suspenda imediatamente seu funcionamento

enquanto o erro de fabricação seja selecionado.

Automação inteligente é uma palavra criada para as máquinas projetadas para

parar automaticamente sempre que um problema ocorre. Todas as máquinas de marca Toyota

estão equipadas com mecanismos de parada automática (WOMACK; JONES, 1998).

Cada vez que uma peça com defeito é produzida, a máquina para e o sistema

inteiro é interrompido, devendo-se fazer um ajuste completo para evitar a repetição do erro

(MASAAKI, 2005).

Esse conceito foi expandido e não é válido somente para as máquinas, mas

também para os operadores, que hoje têm a responsabilidade de parar qualquer processo

quando o mesmo estiver com algum problema (MASAAKI, 2005).

Assim, a qualidade tornou-se o um dos pontos mais importante da indústria

automotiva, pois impede, dessa forma, que um defeito encontrado, em uma operação, vá para

o processo seguinte, altere o produto final e seja um problema para o cliente.

70

Por esse motivo, a automação inteligente não é nada mais do que mostrar os

problemas e tomar ações corretivas direta ou autonomamente in loco.

2.9 Certificação de qualidade (ISO) na indústria automobilística

A certificação de qualidade nas empresas automobilísticas envolve um longo

processo de aprendizagem, conscientização e aplicação dos padrões e normas estabelecidas

pelas as empresas certificadoras. Atualmente qualquer empresa para sobreviver no mercado

global necessita de clientes. É necessário que os mesmos se mantenham satisfeitos e que a

empresa atenda suas necessidades.

Para Maranhão (2001), International Standardization Organization (ISO) é a sigla

de uma organização internacional sem fins lucrativos, não governamental, com sede em

Genebra, na Suíça, cuja função principal é elaborar normas internacionais

A ISO é um sistema que foi criado e elaborado para as empresas com o objetivo

de suprir as necessidades dos clientes (SLACK, CHAMBERS e JOHNSTON, 2002). São

padrões e normas direcionadas também para a indústria automobilística.

De acordo com Martins (2005), a ISO 9000 corresponde a uma família que dá

diretrizes de como construir um sistema de gerenciamento de qualidade efetivo e de como o

auditor pode garantir à empresa e ao cliente que o sistema está realmente funcionando. As

ISO 9001 e a 9004 baseiam-se nas oito melhores práticas de gerenciamento da qualidade, que

são os seguintes: foco no cliente; liderança; envolvimento dos funcionários; administração por

processos; visão sistemática para o gerenciamento; melhoria contínua; tomada de decisão baseada

em fatos; relação cliente-fornecedor mutuamente benéfica.

A ISO 9000 não fixa as metas a serem certificadas, as próprias organizações é que estabelecem essas metas. As normas foram elaboradas através de um consenso internacional acerca das práticas que uma empresa deve tomar a fim de atender plenamente os requisitos de qualidade total (SLACK 2002, p.675).

O consumidor é sempre o alvo de tudo, em termos de processo produtivo, e os produtos e

serviços devem atender as suas necessidades básicas, no projeto e na produção, para que sua

qualidade não esteja comprometida(SLACK 2002).

71

Muitas empresas criam normas específicas para seu desenvolvimento. A ISO

9000 é um exemplo dessas ações e hoje é usada como um instrumento de marketing e, não,

como técnica de operação centralizada no processo (SLACK 2002).

O sistema de gerenciamento da qualidade é muito abrangente; envolve

responsabilidade da administração, gerenciamento de recursos, realização de produto,

medição, análise e melhoria.

Segundo Martins (2005), após a obtenção da certificação, existem as auditorias de

acompanhamento, que são realizadas a cada seis meses no primeiro ano e, posteriormente, a

cada ano, conforme o tipo de contrato elaborado com o organismo certificador.

Caso sejam detectadas não conformidades pelas auditorias e não sejam

devidamente corrigidas, a empresa poderá perder sua certificação.

2.10 Controle centralizado x descentralizado na indústria automobilística

A forma de controle do produto na indústria automobilística ainda está passando

por transformações. São conceitos e diretrizes do controle tradicional, que estão sendo

migrados para software e equipamentos tecnologicamente capazes de monitorar o produto

durante a fabricação, sem alteração na qualidade final do mesmo.

Sendo assim, alguns conceitos são adaptados estrategicamente para atender a nova

configuração de controlar o processo produtivo.

Com essa mesma visão, Robbins (2000) considera que a centralização se refere ao

grau em que a autoridade e a tomada de decisões estão concentradas em um único ponto da

organização e, na maioria dos casos, na gerência administrativa.

A descentralização ocorre quando os colaboradores, com posições ou cargos de

nível inferior, são dotados de arbítrio para tomar decisões e fornecer contribuições.

No quadro 2, podem ser observadas vantagens e desvantagens da centralização e

da descentralização.

72

Quadro 2 - Centralização e descentralização – Vantagens e desvantagens

Centralizado Descentralizado

Van

tage

m

- Produz uniformidade e facilita o

controle

- Os gerentes têm acesso rápido à

informação e podem cuidar dos

problemas à medida que ocorrem.

- Reduz a duplicação dos esforços

Van

tage

m

- Permite avaliar os gerentes com base em

sua capacidade de tomar decisões e

resolver os problemas

- Tende a aumentar a satisfação dos

gerentes com o sistema de controle e

resultado

- Produz um clima de competitividade

positiva dentro da organização

- Favorece a criatividade e a

engenhosidade na busca de soluções

para problemas

Des

vant

agem

- A avaliação de desempenho

sempre depende de critérios

estabelecidos pala hierarquia

superior

- A busca de uniformidade

desfavorece a competição

- Tende a inibir a iniciativa e

desestimular a criatividade

Des

vant

agem

- O controle e o tratamento uniformizado

de problemas são difíceis em um sistema

descentralizado

- Pode diminuir as vantagens da

especialização devido à tendência à

autossuficiência

Fonte – MAXIMIANO, 2002, adaptado pelo autor da dissertação

Conforme relatado por Maximiano (2002), pode-se verificar, com base nas

definições anteriores, que a descentralização permite maior participação dos colaboradores

nas tomadas de decisões dentro de uma organização. Com isso, ao contrário da centralização,

promove um aumento nos esforços e no senso de propriedade dos funcionários, estimulando a

criatividade do capital humano da organização. Cabe, porem à gerência administrativa de uma

organização decidir qual a melhor forma de tomada de decisões, baseada na sua cultura e

estrutura organizacional. Fundamentado nos conceitos de estrutura organizacional

anteriormente citados, e conhecendo-se as vantagens e desvantagens com relação à

centralização e descentralização, é possível verificar que a comunicação se torna dentro de

uma organização, fundamental e importante, uma vez que é por meio dela que as tarefas são

73

passadas à equipe pela gerência. A comunicação reforça os laços entre os membros das

equipes e evita equívocos que podem comprometer as atividades desenvolvidas.

2.11 Inovação Tecnológica e seus benefícios para indústria automobilística

No setor automobilístico a inovação é tratada como um caminho para garantir a

vantagem competitiva do negocio, quando se fala em um processo novo ou remodelado para

atender a demanda atual, significa investimento em novas tecnologias.

Para Costa (2012) a inovação é reconhecidamente uma das principais fontes de

vantagem competitiva e, como consequência, criação de valor, principalmente no setor de

tecnologia da informação.

Inovações acrescentam valor a produtos, ajudando as empresas a sobreviver num

cenário competitivo. Elas têm utilidades múltiplas: dão acesso a novos mercados, aumentam

lucros, geram emprego e renda, fortalecem marcas. Tais vantagens tornaram se cruciais num

mundo globalizado, no qual as empresas são obrigadas a competir, tanto no mercado externo

quanto no interno, com concorrentes instalados em qualquer canto do mundo. Mas nem de

longe os benefícios se restringem ao ambiente corporativo. Produtos melhores e mais baratos

têm impacto na qualidade de vida dos consumidores.

O valor dos produtos e serviços depende cada vez mais da quantidade de

inovação, tecnologia e inteligência neles incorporada. O economista Peter Drucker (2001),

considerado o pai da administração moderna, indica a inovação como função básica da

empresa. O que todos os empreendedores de sucesso revelam não é uma qualquer

personalidade especial, mas um empenho pessoal numa prática sistemática de inovação,

pontificou Drucker em seu livro Inovação e Espírito Empreendedor: Prática e Princípios,

lançado no Brasil em 2001. Conforme citado por Peter Drucker (2001) a relação de causa e

efeito entre acumulação de capital e tecnologia foi detectada ainda no século XVIII pelo

economista e filósofo escocês Adam Smith (1723-1790). Um dos grandes precursores do

conceito de inovação foi o economista alemão Friedrich List (1789-1846). Preocupado em

encontrar meios de ajudar seu país a alcançar o mesmo patamar de desenvolvimento

econômico da Inglaterra após a Revolução Industrial, List defendeu não apenas proteção para

as indústrias germânicas nascentes, como propôs políticas para acelerar o processo de

industrialização. Não por acaso, List foi um pioneiro na introdução do conceito de

investimento intangível, que classificou como o capital intelectual da raça humana. Para ele, a

74

condição atual de um país depende do conjunto de descobertas, aperfeiçoamentos e esforços

das gerações anteriores. Se List foi o precursor da ideia de “Sistema Nacional de Inovação”, a

tecnologia só começou a ser analisada profundamente na teoria de desenvolvimento

econômico a partir dos trabalhos de Karl Marx (1818-1883), na segunda metade do século

XIX, e de Joseph Alois Schumpeter (1883-1950), economista austríaco e professor da

Universidade de Harvard, na primeira metade do século XX (PETER DRUCKER 2001).

Na obra A Teoria do Desenvolvimento Econômico (1911), Schumpeter analisou o

papel dos empreendedores e dos inventores na expansão do capitalismo. Para o economista

essas duas categorias de atores tinham o dom de deflagrar ondas de transformação nos

processos produtivos, gerando enormes lucros com o surgimento de novos produtos,

processos e tecnologias aplicadas, e queimando as pontes com o passado, fazendo desaparecer

modos de produção obsoletos.

A inovação deveria ser algo inerente o dia a dia das organizações conforme citado

abaixo:

O cenário competitivo atual, pautado pela revolução tecnológica e fenômenos relativos à globalização, extrema competitividade, ênfase em preços, qualidade e satisfação dos clientes exige, como estratégia para a competência, que a empresa contemporânea esteja focada de forma permanente na inovação (LEIFER et al, 2002).

De acordo com Rodgers (1995) efetivar a adoção de uma nova ideia, mesmo

quando esta apresenta vantagens óbvias é, muitas vezes, muito difícil, muitas inovações

requerem um longo espaço de tempo para que sejam adotadas. Quase sempre muitos anos a

partir da data em que foram concebidas. Além disso, o sucesso da implementação de um

produto ou processo inovador dependerá sempre dos esforços dos agentes de promoção, da

natureza do sistema social e da eficiência dos canais de comunicação entre os detentores e os

receptores da tecnologia inovadora. De acordo com Kotler (1998) além das características

citadas por Rodgers (1995), menciona outras como o custo, o risco e a incerteza, a

credibilidade científica e a aceitação social das inovações.

No controle descentralizado a inovação está presente nos equipamentos de

medições in loco, através do Controle Numérico Computadorizado (Computer Numeric

Control), ou CNC, é um controlador numérico que permite o controle de máquinas e é

utilizado principalmente em Tornos e centros de usinagem. Permite o controle simultâneo de

vários eixos. O comando funciona como um sistema operacional de computadores,

gerenciando uma máquina a CNC, e possibilitando a comunicação com o

75

operador/programador. Entretanto a introdução do CNC na indústria mudou radicalmente os

processos industriais. Curvas são facilmente cortadas, complexas estruturas com três

dimensões tornam-se relativamente fáceis de produzir e o número de passos no processo com

intervenção de operadores humanos é drasticamente reduzido. O CNC reduziu também o

número de erros humanos, o que aumenta a qualidade dos produtos e diminui o retrabalho e o

desperdício, agilizou as linhas de montagens e tornou-as mais flexíveis, pois a mesma linha de

montagens pode agora ser adaptada para produzir outro produto num tempo muito mais curto

do que com os processos tradicionais de produção (ARQUIVO DA EMPRESA).

Embora a indústria automobilística venha passando por várias e importantes

mudanças nos anos recentes (Fine et al., 1996; Fujimoto, Takeishi, 2001), nenhuma delas

apresentou um potencial de transformações tão amplo quanto parece ser o caso das mudanças

tecnológicas que provavelmente emergirão, no futuro relativamente próximo, em resposta à

atual tendência ambientalista por veículos com emissão zero e por padrões crescentes de

eficiência na utilização de combustíveis (McAlinden et al., 2000; NRC, 2001,2005; NAS,

2004).

Por outro lado, tem se observado também uma mudança de atitude das grandes

montadoras a respeito da questão da emissão e, em particular, em relação às novas

tecnologias. O que antes poderia ser descrito como uma obediência relutante às novas normas

regulatórias está se tornando um competitivo campo de batalha. E a rapidez com que os

fabricantes de auto veículos poderão introduzir novas tecnologias, que atendam aos novos

padrões regulatórios, é crescentemente e conforme citado por Costa (2011) o ciclo de vida dos

produtos é reduzido, e o que hoje é considerado novo, amanhã poderá ser descartado ou até

mesmo tornar-se sem importância. As mudanças são constantes e as empresas precisam se

reinventar constantemente para se manterem atuantes no mercado e se diferenciar dos seus

concorrentes.

76

3 METODOLOGIA

3.1 Considerações gerais

Essa pesquisa foi realizada em etapas, conforme é descrito no quadro 3, em que se

mostra a sequência dos dados levantados neste estudo, considerados para o pesquisador como

relevantes no desenvolvimento de cada etapa até a conclusão final em que é feita a analise de

qual tipo de controle de qualidade é mais viável para a empresa em se tratando de qualidade,

logística e mão de obra.

3.1.1 Representativo das fazes da pesquisa

Quadro – 3 Duas fases da pesquisa

Fase

Considerações gerais • Quadro representativo da pesquisa

• Levantamento dos conceitos sobre as variáveis

estudadas

Fase

Definições das variáveis Análise da pesquisa feita por etapas

1ª Etapa • Levantamento dos dados sobre logística, mão de

obra e qualidade dos dois processos de controle.

Centralizado e descentralizado

• Operacionalização das variáveis em estudo

2ª Etapa Realizar um levantamento das variáveis estudadas

através de um questionário com 15 perguntas

3ª Etapa Identificar as vantagens e desvantagens dos dois

processos

Fonte – Elaborada pelo autor da dissertação

3.1.2 Considerações gerais sobre os métodos de análise e conceitos da pesquisa

A pesquisa é um instrumento pelo qual a investigação do problema proposto é

viabilizada a fim de que os objetivos traçados sejam atingidos. Portanto, tendo em vista a

abordagem deste trabalho, optou-se por realizar uma pesquisa de natureza descritiva, com

77

variáveis quantitativas e qualitativas, conforme descrito por Cervo; Bervian (1996), Mattar

(1996), Lakatos e Marconi (1996) e Perin et al. (2002), Vieira (2002), Malhotra (2006).

Para Vieira (2002) e Malhotra (2006), a pesquisa descritiva objetiva conhecer e

interpretar a realidade, por meio da observação, descrição, classificação e interpretação de

fenômenos, sem nela interferir para modificá-la. Conforme Vieira (2002), as pesquisas

descritivas podem se interessar pelas relações entre variáveis e, dessa forma, aproximar-se das

pesquisas experimentais. A pesquisa descritiva expõe as características de determinada

população ou fenômeno, mas não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve,

embora sirva de base para tal explicação.

A segunda parte da pesquisa remete à pesquisa quantitativa e qualitativa. Segundo

Bauer, Gaskell e Allum (2002), as diferenças entre pesquisa quantitativa e qualitativa

ultrapassam a simples escolha de estratégias de pesquisa e procedimentos de coleta de dados.

Na verdade, representam posições epistemológicas antagônicas, com modos de investigação

mutuamente exclusivos.

Para Miles e Hubeman (1994), a utilização da pesquisa qualitativa, além de

oferecer descrições ricas sobre uma realidade específica, ajuda o pesquisador a superar

concepções iniciais e a gerar ou revisar as estruturas teóricas adotadas anteriormente,

oferecendo base para descrições e explicações muito ricas de contextos específicos.

Dessa forma, a pesquisa qualitativa trabalha numa realidade que é difícil de ser

quantificada, pois envolve um universo de significados, motivos, valores e atitudes,

aprofundando-se no mundo intangível dos significados das ações e das relações humanas

(MINAYO, et al. ,1996). Nesse tipo de pesquisa, a interpretação dos fenômenos e a atribuição

de significados constituem um fundamento básico. Além disso, o ambiente natural é a fonte

direta para a coleta de dados e estes não requerem tratamento estatístico.

Na pesquisa quantitativa, as informações são quantificadas, analisadas e

classificadas (SILVA e MENEZES, 2005).

O levantamento dos dados e sua análise foram feitos via pesquisa documental

junto à Empresa durante o período 2009 a 2012 em que foi realizado este estudo. Após o

levantamento de todas as informações importantes, partiu-se para a análise por meio de

gráficos, quadros e tabelas, descrevendo cada item de cada processo(centralizado e

descentralizado). Foi realizado também um questionário composto com 15 (quinze)

perguntas para cada processo, centralizado e descentralizado, sobre as variáveis pesquisadas

conforme descrito abaixo.

78

Logística - Além do questionário com perguntas feitas para os especialistas e

líderes de setores, buscaram-se informações sobre as embalagens, tempo de controle,

quantidade de peças controladas.

Mão de obra - Além do questionário com perguntas feitas para os especialistas e

líderes de setores, foram levantados, junto à empresa, documentos com a quantidade de

funcionários, custo horas-homem, exigidas para medição de peças do controle centralizado e

descentralizado.

Qualidade - Foram elaboradas perguntas para especialistas e líderes de setores,

para buscar entendimento sobre qual processo é mais eficiente e viável para a empresa. Além

desse questionário, levantaram-se dados externos sobre a satisfação do cliente que adquiriu o

veículo e está com o mesmo há mais seis meses. Retirei o paragrafo

Neste trabalho, a análise qualitativa e documental será estabelecida a partir de um

levantamento de documentos nos arquivos da empresa e de aspectos envolvidos no controle

centralizado e descentralizado controle in loco. Os documentos correspondem aos dados de

controles executados durante o processo produtivo entre os anos de 2009 a 2012, incluindo

gráficos mensais e anuais representando o comportamento das peças controladas no processo

centralizado tradicional e do processo descentralizado que está sendo implantado nos centros

de usinagem e retífica. O estudo é complementado com dados de pesquisas realizada com o

consumidor que adquiriu o produto e dele faz uso por um período mínimo de seis meses. A

partir do momento em que o consumidor já se familiarizou com o produto adquirido, poderá,

ter um feedback da satisfação com o produto. O objetivo de buscar informações sobre a

qualidade do produto no cliente final é mostrar que o produto fabricado naquele período era

originado de uma fabricação que respeitava as normas técnicas de tal produto ou serviço.

Para Gil (2006), a pesquisa documental muito se assemelha à pesquisa

bibliográfica. Logo, as fases do desenvolvimento de ambas, em boa parte dos casos, são as

mesmas. Entretanto, há pesquisas elaboradas com base em documentos, as quais, em função

da natureza desses ou dos procedimentos adotados na interpretação dos dados, desenvolvem-

se de maneira significativamente diversa. É o caso das pesquisas elaboradas mediante

documentos de natureza quantitativa, bem como daquelas que se valem das técnicas de

análise de conteúdo.

Quanto à análise quantitativa, esta foi estabelecida por meio de um questionário

encontrado no (Apêndice A), aplicado para a liderança e analistas de processo, com quinze

perguntas direcionadas às três variáveis (logística, mão de obra e qualidade), sendo um total

de cinco perguntas para cada variável. O total de entrevistados são trinta funcionários da

79

empresa. Eles foram distribuídos das seguinte forma: dez líderes de área (responsáveis pela

execução do controle efetuado no processo de fabricação) e vinte especialistas de processo

(são colaboradores das áreas de engenharias). Como os dois processos são semelhantes, o

viável foi realizar as mesmas perguntas, cuja repostas serão analisadas de forma a identificar o

processo de controle mais eficiente e viável para a empresa, cujas respostas e análise se

encontram definidas no item 4.2.1

As perguntas obtiveram as seguintes respostas: sim significa que o respondente

concorda positivamente com a pergunta a ele direcionada. Enquanto o não é exatamente o

contrário da pergunta feita, ou seja, mostra o lado negativo. Significa que o processo necessita

de uma intervenção, seja ela em materiais, equipamentos ou mão de obra e o raramente é o

resultado de um processo com poucas interferências, tanto positiva (sim), quanto negativa

(não).

Quando se realiza uma pesquisa usando especialistas do setor, o resultado não é

suficiente para uma conclusão final. Para Malhotra (2006), as vantagens são que o

especialista, tendo um conhecimento mais aprofundado sobre o produto ou processo que está

sendo investigado, pode contribuir com informações mais relevantes e confiáveis.

Por outro lado, a desvantagem é que pontos rotineiros possam passar

despercebidos durante a entrevista por se tratar de algo tão comum ao entrevistado que, para

ele, não tem valor. Contudo, para a análise conclusiva do estudo, esses pontos são

importantes.

As quinze perguntas vieram da experiência diária dos entrevistados e agregam um

valor real na conclusão do trabalho, para mostrar qual processo é mais viável para a

organização.

80

3.1.3 Tipo de amostragem e unidade de análise e observação da pesquisa

3.1.3.1 Amostragem

Segundo Malhotra (2001), o tipo de amostragem define o resultado da pesquisa.

Baseado nessa condição, o tipo de amostragem definido para este estudo é representado pela

seguinte amostragem.

Amostragem não probabilística – É aquela cujas as amostras são selecionadas por

critérios subjetivos do pesquisador, de acordo a sua experiência ou com os objetivos do

estudo. Portanto, não existe uma probabilidade conhecida de um determinado elemento da

população ser selecionado. Dessa forma a amostragem pode ser definida também como uma

amostra por conveniência ou por julgamento.

Conveniência – É aquela que é selecionada, como se infere pelo próprio nome, é

conveniência do pesquisador. É constituída por pessoas que estão ao alcance do pesquisador e

dispostas a responder o questionário.

Por julgamento – segundo Malhotra (2001) É quando os elementos da amostra são

selecionados segundo um critério de julgamento do pesquisador, tendo como base o que se

acredita que o elemento selecionado possa fornecer. Sendo assim, os critérios de amostragem

para responder as 15 perguntas do questionário foram definidas por meio dos requisitos

propostos e citados neste capítulo e entre os dois tipos de amostras demonstrados, foi

escolhida amostra por julgamento. Pelo fato de o pesquisador já ter um critério definido e

acreditar que os respondentes possui um perfil que envolve conhecimento de fato da área

pesquisada e são pessoas capacitadas e com entendimento do assunto em foco, essa sim, seria

uma vantagem da amostra por julgamento. uma desvantagem que se pode considerar também

é o fato de a proximidade dos respondentes com o pesquisador atrapalhar pontos da análise da

pesquisa. Outro fato interpretado pelo pesquisador como uma vantagem para a escolha da

amostra por julgamento foi o levantamento da documentação técnica para pesquisa

documental. O pesquisador já tinha um conhecimento de que a documentação escolhida seria

o suficiente para uma comparação técnica dos dois processos de controle: centralizado ou

descentralizado.

81

3.1.3.2 Unidade de análise e de observação da pesquisa

A unidade de análise usada neste estudo foi uma fábrica de automóveis, local onde se

obtiverem informações com a finalidade de comparar dois processos de controle:

centralizado e descentralizado. Para Blau (1978), o método comparativo de análise é a

comparação de um determinado número de organizações a fim de estabelecer relações entre

suas características. Ou seja, nesta pesquisa foi levantada uma quantidade significativa de

dados internos e externos de controle, com a finalidade de estabelecer uma comparação entre

dois processos distintos de controle do produto, e verificar a viabilidade de investimento

naquele processo que reduz os custos e proporciona mais competitividade para a Empresa.

A unidade de observação foram os equipamentos de medição dos dois processos

de controle, centralizado e descentralizado, com a finalidade de identificar quais

equipamentos poderiam trazer mais benefícios para a empresa em se tratando de logística,

mão de obra e qualidade.

Para entender as duas unidades de análise citadas, documentos, gráficos com a

performance de resultado mensal e anual, quantidade de peças controladas, índice de

anomalias, custo da mão de obra, horas trabalhadas, questionário, que foram obtidos ao longo

deste estudo, foram usados de forma a se chegar a resultados que comprovam a viabilidade de

a empresa continuar seus investimentos para o controle centralizado ou descentralizado.

3.1.4 Campo de pesquisa

Além do questionário apresentado no apêndice A, outro fator de análise dos dois

processos de controle foi a comparação técnica envolvendo dois equipamentos de medição

centralizado e descentralizado. Para identificar em um universo de aproximadamente

trezentos equipamentos de controle descentralizado e vinte de controle centralizado

aproximadamente, observa-se que, para análise de custo de aquisição, apenas a comparação

técnica de um equipamento de cada tipo de controle é suficiente para identificar qual controle,

centralizado ou descentralizado, tem equipamentos de medição com custo de aquisição viável

para a Empresa.

O equipamento escolhido para o controle centralizado foi um tridimensional

Controle Numérico Computadorizado, (CNC). Esse equipamento controla a peça em uma sala

de temperatura controlada com o objetivo de maior precisão nos controles, tem as suas

configurações baseadas em coordenadas, distribuídas em eixos de medição (X,Y E Z). Toda

82

movimentação desse equipamento é feita por meio de um software com programação

específica.

A Máquina de Medir por Coordenadas (MMC) se tornou um importante

instrumento metrológico para utilização industrial. Surgiu no final do século XIX contendo

várias limitações, pois era operada com uma só coordenada e também era um instrumento

manual. Com seu frequente uso e com a ampliação dos fabricantes, as MMCs se tornaram

automatizadas e passaram a operar em duas ou três coordenadas, transformando-se, então, em

poderosos instrumentos de medição, com fundamental importância para a indústria sob o

aspecto de qualidade de produtos. A evolução das MMCs trouxe também problemas na

obtenção de resultados de medição, pois a sua complexidade de funcionamento acarretou

erros nas próprias medições (ABACKERLI, 2004).

As máquinas de medir por coordenadas são instrumentos muitos versáteis usados

para medir características dimensionais de peças mecânicas. Apesar de sua versatilidade e uso

no meio produtivo, o seu comportamento metrológico é influenciado por uma série de fatores,

internos e externos à medição, todos eles capazes de mudar significativamente a capacidade

da máquina em comparação com as suas especificações de projeto.

O equipamento de controle descentralizado escolhido para a comparação técnica é

aparelho de medição marposs. Este tem a função de controlar a peça in loco, ou seja,

diretamente no posto de trabalho. A medida que a peça vai sendo usinada ou retificada, esse

equipamento vai emitindo os relatórios de controle da peça, conforme estipulado em projeto.

O mesmo apresenta uma configuração baseada em cada tipo de controle, com um computador

e sensores de medição via pontas ou transdutores.

A comparação técnica é a aprovação de uma proposta de fornecimento de um

equipamento de medição, seja ele in loco (descentralizado) na área produtiva, ou em uma sala

fora da área produtiva (centralizado).

O objetivo principal da comparação técnica é detalhar com clareza e evidências

concretas as diferenças de um equipamento para o outro; mostrar para a empresa compradora

que tal equipamento trará retornos consideráveis em custos, qualidade e produtividade. Sendo

assim, os responsáveis pela área compradora se reúnem com o departamento de compras e

engenharia e definem as principais evidências que são semelhantes entre os dois

equipamentos. A pontuação maior final adquirida do equipamento será a principal evidência

de garantia de que o equipamento comprado corresponde em todos aspectos.

Após a comparação técnica para identificar as vantagens e desvantagens dos dois

processos avaliados, foi feito uma conclusão.

83

A partir dessa conclusão, pode-se obter uma análise comparativa dos processos

centralizados e descentralizado de controle, para verificação do impacto na produção de

motores automotivos, a viabilidade da substituição do processo centralizado ou a permanência

dos dois, simultaneamente, como estratégia competitiva da empresa.

3.1.5 Definição e conceitos das variáveis pesquisadas na empresa

As variáveis de um processo podem ser discriminadas conforme a necessidade de

controlar e obter resultados, sejam eles comparativos, sejam individuais. Tendem a

demonstrar o comportamento evolutivo de tais processos. Lakatos e Marconi (1996) afirmam

não haver ciência se não houver o emprego de uma metodologia na resolução de um

problema. Ela consiste numa série de atividades sistemáticas e racionais para se buscar, de

maneira confiável, a solução para o problema. Minayo (1996), por sua vez, ao referir-se à

pesquisa aplicada, entende por referencial analítico o caminho do pensamento e a prática

exercida na abordagem da realidade.

Nesse sentido, este referencial analítico se baseia nas seguintes etapas.

Primeira etapa - Fazer um levantamento detalhado das variáveis mão de obra,

logística e qualidade nos dois processos de controle de qualidade centralizado e

descentralizado em uma indústria de motores automotivos.

Os dados referentes à logística e mão de obra serão extraídos da produção diária

da unidade pesquisada correspondente a oito horas de produção. Já os dados pertencentes à

qualidade do produto serão retirados após o final de cada ano, correspondente ao período de

2009 a 2012.

Os dados coletados na primeira etapa serão referentes aos últimos cinco anos de

produção que compreendem do ano de 2008 ao ano de 2012.

O controle de qualidade em que são executados esses dois processos são

relevantes para empresa. O serviço prestado por esse setor pode impactar o processo

produtivo e as estratégias de competitividade da empresa. Para analisar os indicadores

pertencentes a essas variáveis, foi executada coleta de dados, que tem como base a produção

diária realizada, e a forma mais coerente para estudo é que toda a especificação técnica

exigida no projeto da peça, de acordo com as normas de fabricação da mesma, seja

perfeitamente atendida e analisada com base em dados internos e externos.

84

Ao detalhar os dois processos de controle, há necessidade de aprofundar a

sequência de produção, desde a fabricação, o transporte e o controle das peças, análise

importante para que os dados tenham impacto no resultado final.

As variáveis consideradas neste estudo são assim definidas e operacionalizadas.

Por serem os pontos mais críticos e importantes de um processo de manufatura, antes de

definir a aplicação dessas variáveis na pesquisa, foi feita uma análise teórica das mesmas

conforme descrito a seguir.

• Primeira variável (Logística)

A logística aparece como uma nova possibilidade de conseguir ganhos. Isso

explica por que tem sido chamada de a última fronteira competitiva (TABOADA, 2002). “A

logística vem apresentando uma evolução constante, sendo hoje um dos elementos-chave na

cadeia produtiva integrada, atuando em estreita consonância com o moderno gerenciamento

da cadeia de suprimentos” (COURÁ, 2002). Parei aqui

Entende-se que, atualmente, a logística dentro da área produtiva é o aporte

principal para a mudança de um processo centralizado para descentralizado, cujo foco

principal é trazer o controle para a própria máquina que fabrica o componente, limitando,

assim, o transporte para outras áreas mais distantes com a finalidade de realizar o controle.

É considerada uma variável fundamental para o crescimento e também a redução

de custos na empresa Ao longo dos anos tem recebido várias definições e tem suas origens

nas organizações militares. Semanticamente, a palavra tem suas raízes na França –

proveniente do verbo loger (alojar). Segundo Souza (2002), “a logística originou-se no século

XVIII, no reinado de Luiz XIV, onde existia o posto de Marechal – General de Lógis –

responsável pelo suprimento e pelo transporte do material bélico nas batalhas”.

Segundo Carvalho (2006), durante a segunda grande Guerra Mundial (1939-

1945), as forças em conflito necessitavam, para avançar suas tropas, de capacidade logística

para movimentar um número maior de soldados e mantimentos nas frentes de batalha da

Europa e da Ásia. A atividade logística estava relacionada à movimentação e coordenação das

tropas, dos armamentos e munições para os vários locais, no mais curto espaço de tempo e nas

piores condições possíveis.

Segundo Dias (2005), desde os tempos bíblicos, os líderes militares já se

utilizavam da logística. As guerras eram longas, geralmente distantes e eram necessários

constantes deslocamentos de recursos. Para transportar as tropas, armamentos e carros de

85

guerra pesados aos locais de combate, eram necessários um planejamento, organização e

execução de tarefas logísticas, que envolviam a definição de uma rota, nem sempre a mais

curta, pois era necessário ter uma fonte de água potável próxima, transporte, armazenagem e

distribuição de equipamentos e suprimentos.

Os autor Martins (2003) expõe que, até poucos anos atrás, o termo logístico

continuava associado a transportes, depósitos regionais e atividades ligadas a vendas. As

empresas brasileiras já se deram conta do imenso potencial implícito nas atividades integradas

de um sistema logístico.

Com o passar do tempo, as empresas vem se preocupando mais com a redução de

estoques e com a busca da satisfação plena do cliente, a logística empresarial evoluiu muito.

Segundo Martins (2005), no Brasil, a logística surgiu nos anos 1970, por meio de

um de seus aspectos: a distribuição física, tanto interna, quanto externa. Ao perceberem que,

em um país de dimensões continentais como o Brasil, as empresas deveriam ter um

gerenciamento logístico eficaz, os empresários atentaram definitivamente para a logística

como um elemento que pode gerar vantagem em relação à concorrência e anda de mãos dadas

com o pensamento estratégico organizacional. A estratégia e a logística combinam-se para

conceber as melhores formas de utilizar as tecnologias, os produtos/serviços, soluções e

presenças (virtuais ou reais) para se poder intervir em vários lugares em simultâneo, mesmo

naqueles que são de difícil acesso.

• Segunda variável (mão de obra)

O cenário volúvel, aliado à crescente competitividade global, leva, cada vez mais,

a voltar os olhares aos controles financeiros das empresas. É importante para um

gestor financeiro conhecer a fundo seus índices, bem como saber o que fazer para aperfeiçoá-

los.

A mão de obra, conforme destaca Ribeiro (1992), compreende o trabalho do

homem aplicado direta ou indiretamente na fabricação dos produtos. Seu custo não

corresponde apenas aos gastos com salários, mas engloba todos os gastos com o pessoal: os

decorrentes da folha de pagamento, como os encargos sociais e trabalhistas (salários, décimo

terceiro salário, férias, contribuições de previdência, contribuição para o fundo de garantia

tempo serviço (FGTS), seguro contra acidentes do trabalho, gratificações e outros), e também

os demais gastos com o pessoal, como assistência médica e social, transportes, viagens e

estadias, lanches, refeições etc.

86

Do ponto de vista de Calderelli (2004), mão de obra representa a atividade do

homem, aplicada na transformação da matéria-prima em bens de uso, aplicação, consumo

etc. Nos processos produtivos, a mão de obra deve merecer um destaque especial no tocante

ao estudo dos custos, pois tem ela o poder de fazer oscilar o valor das unidades de produção,

de acordo com seu grau de eficiência. Para tanto, não basta somente o domínio prático sobre o

assunto. Faz-se necessário conhecer seus conceitos para praticá-los com eficiência.

Atualmente existem dois tipos de mão de obra que impactam o caixa da empresa, mão de obra

direta e mão de obra indireta, conforme descrito a seguir.

Mão de obra direta - Sob a ótica dos autores pesquisados, Todo salário devido ao

operário que trabalha diretamente no produto, cujo tempo pode ser identificado com a unidade

que está sendo produzida, na visão de Bruni e Famá (2007), é considerado mão de obra direta.

A mão de obra direta, segundo Ribeiro (1992), é aquela que pode ser facilmente

identificada em relação aos produtos como, por exemplo, o salário do torneiro mecânico, do

tecelão, do carpinteiro, os quais trabalham diretamente na transformação das matérias-primas,

ou seja, compreende os gastos com pessoal que trabalha diretamente na fabricação

dos produtos. Nas palavras de Calderelli (2004), a mão de obra é classificada como direta

quando incide diretamente sobre uma unidade de produção, ou seja, representa a remuneração

paga ao assalariado que tem influência direta na fabricação.

Entende-se como mão de obra direta: o tintureiro, na indústria de tintas; o padeiro

ou confeiteiro, na indústria de massas alimentícias; o marceneiro ou carpinteiro, na indústria

de móveis ou na construção civil. Corroborando o pensamento apresentado até aqui, Ferreira e

Marques (2007) afirmam ser aquela representada pelo operário que trabalha num produto de

cada vez, estando seu trabalho diretamente ligado àquele produto.

Mão de obra indireta – Para Ribeiro (2002) compreende os gastos com

funcionários que trabalham indiretamente na fabricação dos produtos, ou seja, funcionários

que seus serviços prestam benefícios a toda produção em conjunto. Assim os gastos com

Mão-de-obra Indireta, deverá ser rateados para os diversos produtos. Quando não

identificados os gastos com funcionários em relação às unidades produzidas, é considerado

Mão-de-obra Indireta. Exemplo: Supervisores da fábrica.

De acordo com Hollanda Filho (1994), o rompimento de um estado de forte

protecionismo, desencadeado no início na década de 90, mediante o processo de abertura

comercial, acabou por impulsionar a modernização da indústria automobilística brasileira.

Segundo o autor, a política protecionista do setor prolongou-se por um período

87

demasiadamente extenso, fazendo com que as montadoras instaladas no País não absorvessem

mais cedo as inovações revolucionárias que se difundiam em nível mundial.

A concorrência, a necessidade de integrar-se aos mercados externos e de competir

com os veículos importados fizeram com que as montadoras brasileiras investissem em

inovações tecnológicas, principalmente, em equipamentos produtivos da área eletrônica. Isso

explica o elevado volume de investimentos feitos por elas durante a década de 90

(HOLLANDO FILHO, 1994).

Uma das formas de inovação, segundo Hollando Filho (1994), a automação

industrial permitiu às montadoras nacionais utilizar vários equipamentos assistidos por

computador, destacando-se um expressivo número de novos robôs que passaram a realizar um

rol de rotinas antes exercidas por trabalhadores como, por exemplo, as atividades de solda,

pintura e agora mecânica etc. A automação permitiu, ainda, que novos padrões de qualidade

do produto fossem alcançados.

Além dos robôs, outros equipamentos passaram a compor o setor, destacando-se:

computadores para gerenciamento de informações, programação e controle da produção;

máquinas-ferramenta Comando Numérico Computadorizado (CNC), especialmente na

usinagem; controladores Programáveis (CP) para comando de painéis, linhas de montagem;

sistemas de transporte automático e flexível de materiais ou chassis, bem como sistemas de

movimentação e armazenagem controlados por computador; sistemas para desenhos e

manufatura assistidos por computador para agilização dos projetos de produtos e processos e

para interligação entre a programação e a fabricação.

O processo descentralizado traz toda essa gama de desenvolvimento com

equipamentos CNC para fabricação e controle das peças.

Sendo assim, a mão de obra parece um dos pontos mais visados para a

competitividade da indústria atual.

• Terceira variável (Qualidade)

A qualidade é considerada um dos pontos importantes e fundamentais para a

sobrevivência e crescimento da empresa em um mercado muito disputado. O monitoramento e

seu método de gestão são os caminhos para se chegar ao sucesso.

A motivação inicial para a escolha dessa variável foi a vivência prática do autor

com o tema em questão, que é largamente utilizado em montadoras automobilísticas, e

proporcionou a percepção da importância e eficácia dessa prática nas empresas, além da

88

utilização futura dos conhecimentos adquiridos com essa variável. Foi percebido que, para

que as empresas possam obter o sucesso esperado, necessitam se adaptar ao mercado e a seus

clientes, oferecendo-lhes o produto ou serviço com a qualidade exigida.

Um produto de qualidade é aquele que apresenta desempenho a um preço

aceitável e/ou conformidade a um custo aceitável (RIBEIRO, 2005).

Para Silva (2006), um produto, para atender as necessidades do cliente, deve ser

produzido por um processo que tenha estabilidade e previsibilidade. O processo deve ser

capaz de operar com variabilidade mínima em torno de um valor nominal da característica de

qualidade do produto. O Controle Estatístico de Processos (CEP) Statistical Process Control

(SPC) é um conjunto de importantes ferramentas utilizadas para obter melhoria da capacidade

e estabilidade dos processos, por meio da redução da variabilidade. O CEP é construído em

um ambiente no qual todos os indivíduos da organização estejam comprometidos com a

melhoria contínua da qualidade e produtividade. No processo descentralizado, a visão é

atendimento in loco, ou seja, fabricar e controlar, ao mesmo tempo, os equipamentos que

estão interligados no equipamento de produção, fornecendo os dados estatísticos por meio das

cartas de controle em tempo real com a produção. O motivo maior dessa mudança de um

controle centralizado para descentralizado é a satisfação do cliente, garantindo a repetição e a

expansão dos negócios: antecipação à concorrência, garantindo sua permanência em um

mercado cada vez mais competitivo; redução de desperdícios e custos para poder manter

preços competitivos.

Assim começa a resposta da Associação de Bibliotecas do Reino Unido à questão

o que é a qualidade? A qualidade é considerada universalmente como algo que afeta a vida

das organizações e a vida de cada um de nós de forma positiva. Refere-se a um produto como

produto de qualidade se este cumpre a sua função do modo que se deseja. Um serviço tem

qualidade se vai ao encontro das, ou se supera, as nossas expectativas. Estar-se

constantemente a ser exortado para procurar melhorar a qualidade do trabalho. No entanto,

nem sempre se parte de uma definição clara do que é a qualidade (GOMES, 2004). Entretanto, a massificação da produção deu origem a uma quantidade elevada de

produção defeituosa que, por sua vez, abriu caminho para uma nova classe profissional: a dos

inspetores da qualidade. Os inspetores da qualidade tinham, então, por tarefa a verificação de

todos os produtos nos diversos pontos do processo produtivo e a separação entre os produtos

defeituosos (não conformes) e os produtos não defeituosos (conformes), não existindo

qualquer preocupação com a análise das causas dos defeitos nem com a sua consequente

correção (RIBEIRO, 2009).

89

Atualmente, o foco na qualidade tem mudado muito. Por isso, pesquisas para

saber a satisfação do cliente final são o ponto mais importante nas organizações. Sobretudo, é

fundamental que os gestores da empresa não se considerem capazes de decidir o que o cliente

quer, mas que reconheçam que só o próprio cliente pode definir o que pretende de um serviço

e que requisitos irão aumentar a sua satisfação (VERLAG DASHOFER, 2005).

Todo esse impacto em volta do cliente vem demonstrando cada vez mais que a

competitividade organizacional pode ser entendida como o núcleo do sucesso ou do fracasso

das organizações (COLTRO, 1996). A competição é responsável pela adaptação das

atividades de uma empresa ao seu ambiente de atuação, fruto das estratégias competitivas

adequadas que ela utiliza. Uma das estratégias competitivas passíveis de ser utilizada pela

empresa é a diferenciação dos seus produtos e/ou serviços (COLTRO, 1996).

Essa diferenciação pode ser obtida por meio da aposta na qualidade e na satisfação

dos seus clientes. De fato, só a satisfação do cliente valida o sucesso da organização na forma

como determinou o serviço a oferecer, a forma de oferecer e a sua execução (VERLAG

DASHOFER, 2005). Dessa forma, compreende-se que a qualidade é uma variável que faz a

diferença em todas as partes da empresa e são de fundamental importância ações voltadas

para a qualidade do produto final que produzam impacto no cliente externo.

3.1.6 Operacionalização das variáveis junto à empresa pesquisada

Na busca de reintegrar a parte conceitual na parte experimental ou de campo, as

três variáveis pesquisadas serão apresentadas e estudadas nos dois tipos de controle, tanto

centralizado, quanto descentralizado, conforme descrito a seguir.

• Logística

A logística das peças é realizada em carrinhos, e o transporte das células de

usinagem até a célula de controle centralizado é feito pelos próprios técnicos da área de

controle. O tempo para efeito da coleta de dados correspondente ao período de um dia de

trabalho.

O tempo total de controle por célula de usinagem diariamente é definido de

acordo com o tempo máquina para realizar a inspeção da peça na célula de controle

centralizado, em minutos. Para atingir a esse valor de tempo, foi feita a medição desse

90

conforme as características definidas em projeto, obedecendo a uma sequência lógica de

controle, a partir do momento em que a peça é retirada da bancada, colocada no dispositivo e

posicionada no centro da mesa de medição. Em seguida, são acionados os comandos para

movimentar os portais de medição que tocam com pontas específicas em cada parte da peça

até que o controle seja executado e, posteriormente, impresso para análise.

• Mão de obra

No processo centralizado, a quantidade de mão de obra técnica usada para

controle depende do número de peças a serem controladas diariamente. Nesse processo, o

volume de peças é mais abrangente, pelo fato de haver mais controles para executar, e isso

significa que o processo de fabricação não conta com tecnologia de controle capaz de atender

ao controle in loco das mesmas. O uso da mão de obra se faz necessário para operar os

equipamentos tridimensionais e de controle universais, caso seja necessário. Dessa forma,

existe um custo de produção que exige mais pessoas qualificadas e equipamentos mais

modernos e mais caros.

No processo descentralizado, as máquinas que realizam a usinagem das peças, tem

o controle lado máquina, ou seja, a verificação da peça é realizada no ato de fabricação, sem o

uso de mão de obra para executar o serviço. A execução do controle é feita simultaneamente

com a fabricação da mesma, e os valores ou dados da peça são emitidos e enviados para a

central de comando que fica lado máquina, sem interferência do operador. Este acompanha

todo o processo de fabricação e controle na tela do equipamento de medição e, caso os dados

visualizados na tela sejam incoerentes com o projeto da peça, o operador poderá intervir com

uma regulagem ou troca de ferramenta ou, até mesmo, com a parada do equipamento de

produção.

O indicador usado no caso da mão de obra é o seu custo em horas-homem,

calculado comparando-se o valor da hora trabalhada de um operador do processo

descentralizado com um técnico que realiza o controle no processo centralizado. Esses dados

são tabulados usando o período de um dia trabalhado.

• Qualidade

A finalidade-chave dessa variável é verificar se existe de fato melhoria na

qualidade do produto final com resultados positivos para o cliente. No processo centralizado,

a célula de controle é distante do processo de fabricação da peça, o que impossibilita uma

análise imediata quando ocorrem anomalias que interferem no processo de qualidade. Quando

o processo é descentralizado, o resultado do controle é simultâneo com o processo de

91

fabricação, isto é, a qualidade do produto é verificada no ato da produção, os problemas são

identificados, e as oportunidades de melhorias e correção de falhas são mais rápidas.

Dessa forma, a análise da variável qualidade será feita a partir da comparação de

indicadores internos e externos de fabricação. Esses indicadores serão usados para descrever a

qualidade do produto final, tanto para o cliente interno quanto para o externo. Assim serão

analisados dois períodos.

O primeiro período refere-se aos resultados do controle de qualidade no processo

de controle centralizado nos anos de 2008 e 2009 e o segundo refere-se aos anos de 2010 e

2011, quando o processo descentralizado já estava em funcionamento. Apesar dos dois

processos estarem hoje funcionando simultaneamente na empresa, para verificação de

melhoria na qualidade da peça produzida no controle centralizado, considera-se o período de

2008 e 2009 em que ainda não estava em funcionamento o processo descentralizado para

evitar interferência na avaliação da qualidade do produto final.

A qualidade será avaliada por meio de indicadores internos e externos a serem

obtidos nos arquivos da empresa e que se referem à avaliação e controle de qualidade do

produto final de uma indústria de fabricação de motores, sendo que são assim definidos.

• Indicadores internos - Retratos de dados extraídos internamente na empresa e

analisados antes do produto ser encaminhado para o cliente final. Tem-se a finalidade de

mostrar a qualidade do produto, após todo processo de fabricação, controle e montagem, e são

dados usados para estudo de melhorias internas no processo e, até mesmo, no produto.

Conforme figura 4, são divididos em indicadores internos: “YX” – Indicador utilizado para

avaliação do produto pelo cliente-empresa sem necessidade de retirada do mesmo do produto

após ser montado e enviado para cliente final; “Y” – Indicador interno utilizado para

avaliação do produto pelo cliente empresa em caso da necessidade de retirada e troca do

mesmo; e teste funcional ou “BETA” - Isso significa que foi realizada uma verificação na

qualidade do produto no que se refere à funcionamento e montagem.

• Indicador externo - São as informações provenientes de pesquisas realizadas

pela Empresa, para mostrar como o cliente externo se sente em relação à qualidade do produto

adquirido. Conforme figura 4, o indicador externo é denominado, “X” (Índice Per Thousand)

– Indicador de garantia do produto pelo cliente consumidor, o mesmo demonstra a confiança

do consumidor em adquirir um produto daquela marca.

92

Figura 4 - Pirâmide referente aos indicadores internos e externos

Segunda etapa – Realizar uma análise comparativa dos dados levantados das

variáveis mão de obra, logística e qualidade dos dois processos de controle de qualidade, por

meio de um questionário com quinze perguntas feitas para trinta especialistas e líderes,

totalizando um número de novecentas respostas, sobre as variáveis de logística, mão de obra e

qualidade conforme item 3.1.2.

A escolha desses especialistas e líderes é devido ao fato de ser diretamente com a

administração e condução das atividades que integram o sistema produtivo e têm impacto

sobre as variáveis escolhidas e também por se tratar de variáveis que mais oneram o produto

final, tanto nas questões de custos, quanto de qualidade.

Após o levantamento dos dados será realizada uma comparação técnica dos

resultados de forma a permitir a análise comparativa entre os dois processos. Esses dados

encontram-se disponíveis nos arquivos da empresa. Os dados adquiridos no arquivo da

empresa., como planilhas, gráficos e organogramas são de relevância para o start do trabalho

final e enriquecem a pesquisa, por se tratar de dados concretos explícitos no dia a dia da

empresa. Será construída uma planilha com a utilização de diversas pontuações para cada

aspecto relacionado às variáveis mão de obra, logística e qualidade conforme apêndice.

Os resultados serão complementados por uma comparação técnica entre um

equipamento de medição descentralizado (medição in loco) e uma máquina de controle

centralizado, onde serão levantados todos os atenuantes que demonstrarão estrategicamente

qual equipamento de medição seria mais útil e viável economicamente, conforme apêndice B.

Terceira etapa – Identificar as vantagens e desvantagens dos dois processos,

conforme resultados obtidos nas primeira e segunda etapas.

4 LEVANTAMENTOS E ANÁLISE DE DADOS

Fonte Arquivo da empresa.

93

4.1 Primeira etapa

Conforme descrito na metodologia, os dados levantados no processo de controle

centralizado e descentralizado são descritos a seguir.

4.1.1 Processo centralizado

Para as variáveis: logística, mão de obra e qualidade foram coletados os seguintes

dados.

4.1.1.1 Logística

A logística para a realização dos controles na célula de controle centralizada é

feita em carrinhos com transporte manual, ou seja, as peças são retiradas dos centros de

usinagem e transportadas até a célula de controle centralizada. A figura 5 mostra a

quantidade de peças controladas em um dia de produção.

Figura - 5 Quantidade de peças controladas por célula produtiva centralizada tradicional

A logística de controle não envolve somente o transporte de peças, mas também

aperfeiçoar o que deve ou não ser controlado, Conforme figura 5, para se controlar 201 peças

Célula 1 (Bloco)

39 Peças

Célula 2

(Cabeçote) 150 Peças

Célula 3 (Eixo virabrequim)

12 Peças

Célula Controle centralizado

TOTAL DE PEÇAS:

201

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Ponto “A”

Ponto “A”

Ponto “A”

Ponto “B”

94

são necessários vários programas de controles feitos por coordenadas em equipamentos

tridimensionais usando as caraterísticas descrita no plano de usinagem, e uma das vantagens

do controle descentralizado que será explicada no item 6.2 é diminuir a quantidade de

características a serem controladas no processo centralizado como mostra o gráfico 3.

Gráfico 3 - Quantidade de características controladas no controle centralizado tradicional em

um dia de produção

O tempo de transporte das peças para o controle centralizado tradicional foi

contabilizado a partir do momento em que a peça é retirada do ponto “A” (processo

produtivo, figura 5) e encaminhada até o ponto “B” (ponto de controle centralizado, figura 5),

apresentado no quadro 4.

Célula 1Bloco105

Célula 2Eixo Virabrequim

255

Célula 3Cabeçote

2382

Total2742

0

500

1000

1500

2000

2500

3000

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

95

Quadro 4 - Tempo para transportar e controlar peças na célula de controle centralizado

referente um dia de produção

Tempo (minutos) com transporte inspeção/controle de peças na célula de controle centralizado

Células

Coluna 1 Buscar peças

Coluna 2

Devolver as peças

Coluna 3

Controle e inspeção Total

1 (Bloco)

140 140 560 841

2 (Cabeçote)

195 195 1245 1637

3 (Eixo virabrequim)

90 90 375 558

TOTAL 425 425 2180 3030

O tempo representado no quadro 4 é distribuído da seguinte forma: na primeira

coluna “1” é referente ao trasvaso de peças do ponto “A” (processo produtivo, figura 5) para o

ponto “B” (célula de controle centralizado, figura 5), já a coluna “2” representa o tempo

dedicado para devolver as peças da célula de controle centralizado ponto “B” (figura 7) para o

processo produtivo ponto “A” (figura 5). A coluna de número “3” é o tempo para executar o

controle nos equipamentos de controle centralizado. Esse tempo é cronometrado a partir do

momento em que a peça é colocada na mesa de controle, em que é realizada toda a inspeção

da peça por meio de programas feitos em equipamentos tridimensionais por coordenadas.

Esse programa realiza uma varredura em todos os pontos estrategicamente criados

a partir de um desenho, denominado plano de usinagem originado no projeto da peça. Cada

peça tem uma forma e um tempo definido de controle.

O tempo de controle pode impactar várias fases do processo produtivo, desde a

concepção da peça até o produto final.

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

96

O desafio atual é diminuir o tempo em que desvia de sua sequência lógica de

produção para a realização de outra atividade, como o controle de qualidade em um processo

centralizado. Esse tempo fora da sua rota original acarreta mais custos para o produto, ou seja,

os custos logísticos transportando um produto ou peça de um lado para o outro não parecem a

forma apropriada de competividade industrial.

4.1.1.2 Mão de obra

Quando se trata de mão de obra no controle centralizado tradicional, algumas

observações deverão ser analisadas. Ela precisa ser de relevância técnica com conhecimento

específico da área da metrologia industrial.

O custo dessa mão de obra para a Empresa é definido de acordo com o número de

peças controladas. Sendo assim, para o controle atual, a mão de obra dispensada é definida via

custo de horas-homem conforme quadro 5.

Quadro 5 - Custos horas-homens referente à mão de obra no controle centralizado referente

um dia de produção

Custo horas-homem referente mão de obra no controle centralizado tradicional em um dia de produção.

Valor médio da hora trabalhada no setor: R$ 41,15,00

Turnos Primeiro Segundo Terceiro Quantidade

total funcionários

Horas trabalhadas

Total de horas

Quantidade de mão de obra

técnica

7

7

5

19

8 152

TOTAL

36,84% 36,84% 26,31% 100% R$ 6.254,08

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

97

Conforme quadro 5, o controle centralizado tradicional depende muito de uma

mão de obra específica, metrologistas (colaboradores com treinamento específico para operar

os equipamentos tridimensionais) e metrologistas especializados (responsáveis pela execução

de programas nos equipamentos tridimensionais, são funcionários especialistas em

programação) e equipamentos de medição de alto valor agregado. Neste tipo de controle

centralizado, a hora do colaborador técnico é aproximadamente três vezes maior do que a

operador que trabalha no processo produtivo descentralizado. Esse impacto aumenta o custo

do produto final.

Já se demonstrou no referencial teórico a estrutura do World Class Manufacturing

(WCM), que tem como finalidade principal a eliminação de desperdício em todos os níveis de

produção conforme mostra a figura 2.

Quando se tem um processo que produz sem nenhuma perda , trabalhando de

forma padronizada, com máquinas e equipamentos bem ajustados, sem quebras, os controles

executados fora do processo que exigiria uma mão de obra mais técnica e relativamente

onerosa, conforme descrito no quadro 5, seriam reduzidos.

Essa quantidade de dezenove colaboradores técnicos relatados no quadro 5 é

considerada como mão de obra indireta, ou seja, não agrega valor para o produto final. É

considerada como perda para a empresa, conforme citado por Brinson (1996). Perdas e

desperdícios são constituídos pelas atividades que não agregam valor e que resultam em

gastos de tempo, dinheiro, recursos sem lucro, além de adicionarem custos desnecessários aos

produtos.

Atualmente, o desafio das empresas automobilísticas é reduzir consideravelmente

esses funcionários técnicos que realizem controles intermediários ao longo do processo

produtivo. Desafiar o inesperável é exatamente reduzir os custos com o setor de qualidade ,

devido à não qualidade do produto ou processo no ato de fabricação.

Crosby (1965) afirma que, em uma das suas pesquisas sobre os custos da

qualidade, afirma que as organizações que mensuram seus custos, dizem que estes

representam 30% do valor das vendas.

Crosby (1965) procurou destacar os benefícios da implantação de programas de

qualidade em seu livro Quality is free, nele apresentou um programa de zero defeito que

acreditava poder reduzir o custo total de qualidade. Isto é resumido em uma de suas máximas

da administração da qualidade: padrão de desempenho deve ser zero defeito, ou seja, o

equipamento ou máquina de produção deveria produzir sem o máximo de perdas possível

(CROSBY, 1965).

98

4.1.1.3 Qualidade

Para se verificar ou comparar dois processos de controle visando um resultado

positivo ou negativo, há necessidade de dados que indicam essa situação. No caso do controle

centralizado tradicional usado pela empresa, feito por amostra, ou seja, de uma produção por

máquina de 800 peças, cinco ou dez são retiradas e enviadas para o controle de acordo com o

que foi solicitado no planos de usinagem. Esses detalhes de inspeção em equipamentos de

medição por coordenadas são oriundos do final da década de 1980 e início da década de 1990,

quando a qualidade passou a ser base da competividade industrial mundial, como visto no

referencial teórico que descreve a qualidade do produto final e, não, a qualidade do produto

no processo de fabricação.

Para o cliente, o importante é o produto acabado, mas, para a empresa, a qualidade

do produto em todos os ciclos de fabricação garante a competitividade e elimina o

desperdício, reduzindo com isso o custo do produto final. Outro ponto que demonstra o foco

no cliente final, citado por Slack, Chambers e Johnston (2002), é que as checagens também

podem ocorrer depois do processo em si, para garantir que o produto ou serviço esteja

conforme as suas especificações ou que os consumidores estejam satisfeitos com o serviço

que receberam.

Comparando-se a seguridade de dois processos de controle de qualidade, neste

capítulo, são apresentados os indicadores de qualidade do processo tradicional de controle

centralizado no período de 2008 e 2009 e, no próximo capítulo, foi descrito o controle

descentralizado que está sendo incrementado em todos os processos da empresa a partir de

2010.

Os indicadores de qualidade têm como principal objetivo neste estudo descrever o

resultado quando uma empresa realiza investimentos no seu processo de fabricação e pode

servir também como norte comparativo da qualidade obtida nos dois processos.

Para essa análise comparativa serão coletados dados de três indicadores, descritos

a seguir: Indicadores internos e indicadores externos.

• Indicadores internos

Primeiro indicador interno – “YX” – Esse é um indicador usado pela a empresa

para validar a qualidade do seu produto internamente, ou seja, é utilizado para a avaliação do

99

produto pelo cliente-empresa sem necessidade de retirada do mesmo do produto final após ser

montado.

Os números referentes a esse indicador é a quantidade de anomalias encontradas

durante o mês conforme o Gráfico 4, para o período de 2008 e 2009 que abrange 100% dos

motores produzidos.

Gráfico 4: Indicador Interno “YX” mensal - Quantidade de anomalias encontradas no ano de 2008 e 2009 para uma produção total de aproximadamente 1.342.155,00(um milhão, trezentos e quarenta dois mil e cento cinquenta e cinco).

Segundo indicador interno – “Y” mensal – É um indicador utilizado para

avaliação do produto pelo cliente-empresa em caso da necessidade de retirada e troca do

mesmo no ato da montagem final.

Os números referentes a esse indicador são quantidade de anomalias encontradas

durante o mês ou ano como mostra o gráfico 5, para o período de 2008 e 2009. Esse contexto

de pesquisa abrange 100% dos produtos fabricados na planta.

Quando a anomalia é encontrada ainda internamente nas dependências da

empresa, fica mais fácil a intervenção e, até mesmo, descobrir a causa do problema raiz, ou

seja, onde se originou a não conformidade. Esse é um indicador que trata a qualidade do

produto internamente.

43

59

38

18

27

45

26

1714

10

22

9

0

10

20

30

40

50

60

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação com dados da pesquisa

Quantidade

100

Gráfico 5: Indicador interno “Y” mensal - Quantidade de anomalias encontradas no ano de 2008 e 2009 para uma produção total de aproximadamente 1.342.155,00(um milhão trezentos quarenta dois mil e cento cinquenta e cinco).

Terceiro indicador - É um indicador utilizado para a avaliação de todas a peças de

um produto montado e pronto para ser enviado para a montagem final. É também chamado de

“Teste Funcional” ou Beta. Isso significa que foi realizada uma verificação na qualidade do

produto em sete itens considerados relevantes para o bom funcionamento do produto. Antes

de ser liberado para o cliente final, essa verificação é feita durante a montagem e os testes de

funcionamento do produto em cabines especificas.

Desses sete itens, foram levantados os dados de um item (Teste Funcional ou

Beta), ficando somente um ponto de análise, sendo este o mais relevante de todos, no

processo de verificação da qualidade do produto, pois é realizado em 100% dos produtos

fabricados. Somente é liberado para o cliente final aquele produto que estiver com esse item

funcionando perfeitamente. Sendo assim, os dados referente as anomalias encontradas neste

teste no período de 2008 e 2009 conforme mostra o quadro 6.

0 0

1

0 0

1

0

1

0

2

1

0

0

1

2

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

101

Quadro 6 - Índice de anomalias no controle centralizado ano 2008 e 2009.

Cálculo “BETA” (Teste Funcional)

Quantidade Produzida no ano 2008 E 2009

JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

Produzido

9643

7

9764

0

1221

41

1209

71

1233

73

1224

98

1274

60

1304

18

1226

73

1151

67

9129

3

6511

4

Teste Funcional

Liberado

9422

0

9535

2

1202

76

1191

01

1215

90

1215

59

1269

15

1302

57

1226

50

1151

12

9124

3

6507

6

Anomalias

2217

2288

1865

1870

1783

939

545

161

23

55

50

38

% Aprovação

97,7

0%

97,6

6%

98,4

7%

98,4

5%

98,5

5%

99,2

3%

99,5

7%

99,8

8%

99,9

8%

99,9

5%

99,9

5%

99,9

4%

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação com dados da pesquisa

• Indicador externo

“X” (Índice Per Thousand) – Para garantir a performance do produto e entender

que o mesmo está satisfazendo todos os desejos do consumidor, é realizada uma pesquisa de

campo depois que o produto já foi utilizado com maior frequência pelo cliente.

Para comparar os dois processos de controle de qualidade referente ao “X”

(indicador externo) está pesquisa limitou apenas nos dados referente ao ano de 2009, quando

o processo ainda era centralizado. Já nos anos de 2010 e 2011 o processo estava em faze de

transição.

Esses dados descrevem a satisfação do consumidor, como se vê no quadro 4 para

um lote aproximado de trinta e três mil consumidores que, ao longo destes anos, compraram e

fizeram o uso do produto.

O consumidores levaram os seus veículos para manutenção e o mesmos foram

avaliados por profissionais técnicos das concessionárias, que relatava todos os defeitos ou

anomalias em um software de pesquisas sobre a qualidade do produto final. Esses defeitos ou

102

anomalias são transformados em dados estatísticos mensalmente contabilizados, apresentando

para cada mês a quantidade de clientes entrevistados e o numero de defeitos apontados pelos

mesmos naquele período, sendo que o limite mínimo encontrado não poderia ser superior a

2,5%, índice obtido pela norma interna da empresa referente qualidade do produto final.

Quadro 7 - Índice de aceitação do produto no mercado no ano 2009 (processo centralizado)

“X” 3 (Indicador externo)

Mês JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

Parque Clientes

3015

5

3055

5

3122

0

3215

6

3342

5

3146

0

3289

0

3065

2

3018

8

3145

6

3305

4

3145

2

“X” Encontrado

2,48

%

2,51

%

2,62

%

2,55

%

2,49

%

2,58

%

2,68

%

2,75

%

2,82

%

2,49

%

2,56

%

2,66

%

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação com dados da pesquisa Obs. - No quadro 7 acima, o objetivo máximo é 2,5%, porém, na maioria dos meses, o

objetivo não foi totalmente atingido, conforme pesquisa realizada com os consumidores finais

do produto.

4.1.2 Processo descentralizado

Para as variáveis do processo descentralizado, referente à logística, mão de obra e

qualidade, foram coletados os mesmos dados do processo centralizado, porém no período de

2010 e 2011, quando o processo descentralizado já estava em funcionamento como se vê a

seguir.

4.1.2.1 Logística

No controle descentralizado, a logística é tratada de forma diferente, ou seja, o

controle é realizado in loco, lado máquina, e a quantidade de peças a serem controladas fora

do processo de fabricação diminui consideravelmente, como se vê na figura 6.

103

Figura - 6 Quantidade de peças controladas pela célula produtiva centralizada tradicional após

implantação do sistema de controle descentralizado (in loco), lado máquina referente um dia

de produção.

O controle descentralizado possibilita ao operador do equipamento de usinagem

realizar o controle em uma bancada de controle lado máquina ou unidade de comando

numérico.

Os dados coletados durante o ciclo de fabricação ou usinagem da peça são

enviados para essa unidade, que codifica todas as informações que são demonstradas em uma

tela de computador.

Caso seja necessário, o operador faz alguma intervenção de acordo com as

informações codificadas no equipamento de medição, possibilitando, assim, o não envio das

peças para o setor de medição centralizado.

Como mostra a figura 7, essa célula de controle in loco é totalmente independente;

não há necessidade de posicionamento e retirada da peça para controles intermediários por

equipamentos fora do centro de fabricação.

Célula 1 (Bloco)

22 Peças

Célula 2

(Cabeçote) 27 Peças

Célula 3 (Eixo

virabrequim) 7 Peças

Célula Controle centralizado após a descentralização

TOTAL DE PEÇAS:

56

Ponto “A”

Ponto “A”

Ponto “A”

Ponto “B”

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

104

Figura - 7 Equipamento usinagem (máquina mais célula de controle)

A figura 8 demonstra apenas a célula de controle, ou seja, o local onde é

processado o controle de todas as características pedidas em projeto e que resulta em se a peça

está OK ou NÃO OK.

Figura 8 - Célula de controle descentralizada

Como a maioria dos controles passou a ser executada lado máquina, o número de

características a serem controladas, no processo de controle centralizado tradicional descrito

no capitulo (6.1) teve uma redução de 34,68% nos números de características controladas

como pode ser visto no gráfico 6.

Célula de controle descentralizada

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

105

Gráfico 6 - Quantidade de características controladas após a implantação do controle

descentralizado referente um dia de produção.

Com a redução no número de características e peças a serem controladas, o tempo

logístico em levar e buscar peças também foi alterado. Da mesma forma o tempo de controle

também foi reduzido em todos os pontos do processo, em se comparando com o processo

centralizado, como descrito no gráfico 3.

A automação do processo descentralizado, principalmente em se tratando dos

meios de medição, proporciona um efeito cascata de redução de tempo em todo o processo do

controle centralizado. Esse efeito proporciona menos despesas com logística, mão de obra e

qualidade.

As organizações estão cada vez mais robotizando os processos produtivos com

maquinários que, além de fabricar a peça, realizam todas as atividades de controle daquela

peça sem, muitas das vezes, alterar o ciclo de fabricação da mesma e garantindo a qualidade

do produto acabado. Outro fator que influencia aspectos de despesas de um processo para o

outro é o transporte das peças para controle descentralizado, como mostra o quadro 8.

Dessa forma, como não existe uma forma de controlar in loco, é necessário o

transporte das peças para um local específico de medição denominado controle

descentralizado. Isso causa mais despesas com mão de obra de transporte e também o

feedback dos resultados em tempo hábil.

Como mostra o quadro 8, o controle descentralizado descreve o tempo total para

buscar e devolver as peças e também o tempo dedicado para o controle.

Célula 1 Bloco 65

Célula 2Eixo

Virabrequim 106

Célula 3Cabeçote

780

Total951

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

Fonte – Dados da pesquisa

Quantidade

106

Quadro 8 - Tempo para transportar e controlar peças na célula de controle

centralizado após implantação do controle descentralizado no processo de fabricação referente

um dia de produção

Tempo (minutos) com transporte inspeção/controle de peças na célula de controle centralizado após implantação processo descentralizado

Colunas Buscar peças Devolver as peças Controle e inspeção Total

Células

1 80 80 260 421

2 90 90 635 817

3 20 20 160 203

TOTAL 190 190 1055 1435 Fonte - Dados da pesquisa

4.1.2.2 Mão de obra

Mesmo criando mais uma nova fábrica de produção de motores, com um aumento

aproximado de 25% de produção, a Empresa manteve quase o mesmo número de funcionários

acrescentando apenas mais um colaborador que representa menos de 5% do total de

colaboradores do processo centralizado tradicional, para realização dos controles atuais.

A automação é um desdobramento cronológico da própria revolução industrial,

que visa ganhos de produtividade e resultado econômico, com equipamentos de medição in

loco. Esses aparelhos, que têm a função de controlar a peça no momento da fábrica, usam a

mão de obra do operador que está acompanhando o processo de usinagem para realizar

também o controle e análise da peça, eliminando, dessa forma, o controle fora da área

produtiva.

Mesmo com o incremento do processo descentralizado de controle, ainda é

necessário controlar algumas características que são consideradas de relevância para o cliente

final. Devido à necessidade de um controle extra-processo, porém com bem menos

intensidade, o controle centralizado deve sempre existir com um número reduzido de

107

colaboradores e postos de trabalho, como equipamentos de controle com um alto valor

agregado, como mostrou o quadro 2.

Entretanto no quadro 6, após a implantação do controle descentralizado, o total de

funcionários no setor continuou na mesma proporção, mesmo com um aumento produtivo de

mais de 25%. Isso demonstra o quanto foi importante a Empresa realizar investimentos no

processo automatizado de controle in loco. O quadro de mão de obra continuou quase o

mesmo, análise que foi apreciada no quadro 9.

Quadro 9 – Custo horas-homem após o processo de descentralização referente um dia de

produção

Fonte - Dados da pesquisa

4.1.2.3 Qualidade

A qualidade é um ponto de destaque no processo de fabricação e controle que

vem evoluindo com as melhorias no sistema de medição in loco. Ganha tempo, maior

produtividade e o resultado de um produto não conforme seguir até o cliente final diminui

consideravelmente. No controle lado máquina elimina-se a lacuna que existe entre o controle

centralizado tradicional, em que se perde tempo em transportar a peça. O controle é mais

Custo horas-homem referente mão de obra no controle centralizado tradicional em um dia de produção após implantação controle descentralizado.

Valor médio da hora trabalhada no setor: R$ 41,15

Turnos Primeiro Segundo Terceiro Quantidade funcionários

Horas trabalhadas

por funcionários

Total de horas

Mão de obra técnica

7

7

6

20

8 Horas (100%)

160 Horas

TOTAL (35%)

(35%)

(30%)

(100%)

R$ 6.584,00

108

lento, ou seja, existe um tempo maior para que o operador da máquina de produção tenha os

resultados, para uma possível correção na máquina de produção.

Para Rocha (1995), entende-se que a qualidade não pode ser obtida somente por

meio da inspeção e do controle, mas que é necessário construí-la por meio do

desenvolvimento integrado de produto e processo, em um ambiente de engenharia simultânea

e com aplicação dos métodos da garantia da qualidade preventiva. Na verdade o controle in

loco é exatamente uma prevenção mais sólida de um possível erro de fabricação.

Os dados a seguir mostram uma evolução na qualidade do produto final. O

resultado é proveniente dos indicadores de qualidade interno e externo para o período de 2010

e 2011, período esse que já se encontrava implantado na nova fábrica.

Um processo mais robusto e com tecnologias diferenciadas de medição permite

uma análise mais segura do processo.

Para essa análise comparativa, foi coletados dados de três indicadores, exatamente

os mesmos usados no processo centralizado tradicional no ano de 2008 e 2009. Esses

indicadores são considerados o termômetro da qualidade na Empresa.

Esses dados foram coletados dos anos de 2010 e 2011, quando o processo

descentralizados de controle produzia simultaneamente ao o processo tradicional de controle.

• Indicadores internos

Primeiro indicador interno – “YX” – Os dados abaixo foram extraídos no período

de 2010 e 2011 referentes às anomalias encontradas no produto antes de ser enviado para o

cliente final. São defeitos em que não há necessidade de retirar o produto após ser montado,

como mostra o gráfico 7.

109

Gráfico 7 – Indicador Interno “YX” mensal - Quantidade de anomalias encontradas no ano de

2010 e 2011 para uma produção total de aproximadamente 1.453.715 (um milhão

quatrocentos cinquenta e três mil e setecentos e quinze).

Segundo indicador interno – “Y” mensal – É o indicador interno da Empresa,

porém tem uma relevância maior que o indicador interno “YX”, pois o impacto deste para a

Empresa é bem maior em custos de serviços e peças para troca, ou seja, quando um motor é

retirado da carroceria para substituição de algum componente, há uma possibilidade da

necessidade de troca de um ou mais componentes que estão ligados diretamente ou

indiretamente naquela peça danificada. Além de tudo, o indicador interno (“Y”) provoca uma

parada de linha bem maior que o primeiro indicador. Por tratar de todas essas variâncias, este

indicador é considerado estrategicamente de suma relevância para a Empresa.

O processo descentralizado demonstrou essa preocupação com um controle mais

frequente nas principais peças do motor. Esse resultado foi demonstrado no gráfico 8.

18

11

13

10

12

1413 13

10

6

13

5

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte - Dados da pesquisa

Quantidade

110

Gráfico 8: Indicador interno “Y” (Mensal) - Quantidade de anomalias encontradas no ano de

2010 e 2011 para uma produção total de aproximadamente 1.453.715(um milhão,

quatrocentos e cinquenta três mil e setecentos e quinze).

Terceiro indicador - É também chamado de teste funcional, que faz uma inspeção

total em todos os produtos antes de serem enviados para o cliente-empresa para ser montado.

O produto é 100% testado nos principais componentes de movimentação

eletrônica e hidráulica. O teste é executado em cabines provas especial.

Esse indicador mostra a evolução da qualidade nos dois últimos anos, quando o

processo descentralizado já estava implantado.

Mesmo com o aumento da produtividade, não houve aumento desse indicador e,

sim, uma redução de aproximadamente 90% das anomalias encontradas no período em que o

controle ainda era totalmente centralizado.

Como mostra o Quadro 10, a evolução das anomalias encontradas nos anos de

2010 e 2011 mostra o desempenho e a robustez dos novos equipamentos de medição ao longo

do processo de fabricação.

0 0 0

1

0

1

0

2

0

1

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

111

Quadro 10 – Índice de anomalias após o sistema de implantação do controle descentralizado

ano 2010 e 2011

Cálculo “BETA” (Teste Funcional)

Quantidade Produzida no ano 2010 e 2011

JAN

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

Produzido

8940

1

1098

80

1294

73

1209

10

1346

99

1269

68

1246

33

1378

89

1230

54

1237

97

1208

37

1121

74

Teste Funcional

Liberado

8934

7

1097

89

1293

30

1207

99

1345

96

1268

51

1245

88

1378

43

1228

37

1237

26

1207

71

1121

00

Anomalias

54

91

143

111

103

117

45

46

217

71

66

74

% Aprovação

99,9

4%

99,9

2%

99,8

9%

99,9

1%

99,9

2%

99,9

1%

99,9

6%

99,9

7%

99,8

2%

99,9

4%

99,9

5%

99,9

3%

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

• Indicadores externos

“X” (Índice per Thousand) – Esse indicador consiste nos dados coletados pela

Empresa com clientes que passam informações importantes do produto quanto à sua

qualidade de garantia, quanto aos índices de defeito encontrado quando o produto já está

sendo usado pelo cliente final. Esse resultado de entender as reais necessidades do

consumidor abre espaço para a Empresa trabalhar melhor o seu produto de forma que ele

garanta todos os níveis de satisfação, demonstrado no quadro 11 o índice de aceitação do

produto no mercado para o ano de 2012 após a implantação dos controles descentralizados.

Para o índice de indicador externo “X” a pesquisa foi limitada somente no ano de 2012,

devido ao fato de que os anos de 2010 e 2011 estava em fase de transição.

112

Quadro 11 – Indicador externo do índice de aceitação do produto no mercado no ano 2012

processo descentralizado

“X” Indicador externo

Mês JA

N

FE

V

MA

R

AB

R

MA

I

JUN

JUL

AG

O

SE

T

OU

T

NO

V

DE

Z

Parque Clientes

3076

4

3371

6

3542

4

3222

9

3191

5

3118

5

2378

6

3085

4

3218

9

3451

6

3312

8

3191

6

“X” Encontrado

2,45

%

2,38

%

2,20

%

2,18

%

2,16

%

1,80

%

1,77

%

1,90

%

1,95

%

1,88

%

2,10

%

2,15

%

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

4.2 Segunda etapa

4.2.1 Atenuantes relevantes dos dois processos de controle

Para essa etapa, foi aplicado um questionário com trinta perguntas voltadas para

as atenuantes de logística, mão de obra e qualidade. O público selecionado foram líderes de

setores e especialistas de processo.

Os respondentes desse questionário são especialistas: dez colaboradores-lideres;

vinte colaboradores-especialistas. Como foi visto no referencial analítico, os dados amostrais

foram feitos por conveniência e julgamento.

Para Malhotra (2006), a pesquisa com especialistas do setor tem a finalidade de

ajudar a definir o problema e, não, desenvolver uma solução conclusiva.

113

O resultado desta pesquisa feita por meio de um questionário aberto com os

colaboradores da Empresa é relevante para se identificar as vantagens e desvantagens dos dois

processos de controle e, juntamente com os dados adquiridos de documentos pertinentes aos

controles executados, serão importantes para a conclusão.

Estrategicamente para a Empresa, é importante entender, via experiência dos

funcionários, qual é o processo que deverá ter um tratamento diferenciado na questão de

investimentos e melhorias para projetos futuros.

Os dados adquiridos e transferidos para Apêndice A representam uma amostra de

trinta pessoas respondendo o questionário com as respostas sim, não e raramente. Essas

perguntas são originadas das variáveis pesquisadas e estão ligadas diretamente ao fluxo de

trabalho apresentado por cada variável do sistema de controle, tanto o centralizado, quanto o

descentralizado.

Pela resposta de cada especialista ou líder, foi identificado qual tipo de controle é

mais eficiente para a Empresa. Na visão deles o processo o processo descentralizado traz mais

benefícios para a organização, proporciona mais agilidade no feedback para os clientes

internos da Empresa.

Como é ainda um processo de controle, com pequena gama de estudos

acadêmicos específicos voltados para o assunto em questão (centralizado e descentralizado),

acredita-se que um questionário mais direcionado com perguntas específicas dos dois

processos de controle, porém abrangendo todas as variáveis pesquisadas (logística, mão de

obra e qualidade), proporcionará ao leitor uma visão mais ampla dos processos de controles

inerentes a esta pesquisa. Essas perguntas têm o foco principal na experiência e no contato

diário do pesquisador e dos respondentes.

As perguntas direcionam os respondentes a dizer sim significando que o

respondente concorda positivamente com a pergunta a ele direcionada, e enquanto o não é

exatamente o contrário, ou seja, mostra o lado negativo, significa que o processo necessita de

uma intervenção, seja ela em materiais, equipamentos ou mão de obra; o raramente é o

resultado de um processo com poucas interferências, tanto positiva (sim), quanto negativa

(não).

114

4.2.2 Comparação técnica dos equipamentos, processos centralizado e descentralizado

Para conhecer a viabilidade de um processo de controle para a Empresa, é

necessária a análise de vários fornecedores e, por meio dessa análise, verificar qual desses

fornecedores tem condições técnicas capazes de garantir o funcionamento perfeito do

equipamento fornecido e dar garantia do mesmo por um tempo determinado no ato da

compra. Essa negociação para aquisição de um novo equipamento de medição é feita por

meio de uma comparação técnica entre fornecedores do equipamento que está sendo

adquirido.

Para que a comparação técnica seja transparente em todos essas variáveis de

fornecimento, é feita uma reunião com todo grupo da Empresa responsável pela aquisição,

pela área técnica e de produção que vai utilizar o equipamento, pela área de manutenção da

Empresa.

Essa comparação técnica tem como principal objetivo validar o equipamento de

dois fornecedores, mostrando as vantagens e desvantagens para a Empresa em adquirir tal

equipamento. No final, é atribuída uma nota para os dois equipamentos confrontados.

Após essa reunião, o resultado é enviado para a área de compras da empresa onde

é feita a negociação com o futuro fornecedor. Sendo assim, após essa análise técnica, o

departamento de compras vai definir com relação a custo de aquisição, prazo de fornecimento

e garantia.

4.2.2.1 Equipamento de controle centralizado

O equipamento de controle centralizado delibera o produto fora do processo

produtivo. As peças são transportadas para uma área específica denominada área de controle

centralizado.

O controle centralizado são medições feitas por equipamentos tridimensionais

fora do processo produtivo, onde são assinalados todos os pontos referentes ao processo

centralizado de controle. Como se vê na figura 11, esse é um equipamento que realiza

diversos tipos de controle mas, desde que seja programado e operado por pessoas

qualificadas.

Para comprar um equipamento desse porte, é necessário abrir um processo de

compra com dois ou três fornecedores, que têm condições de fornecer o mesmo e ainda dar

115

suporte de assistência técnica pelo menos durante um ano após a instalação e treinamento dos

operadores.

O processo de aquisição envolve o que a empresa chama de comparação técnica

dos equipamentos, avaliando a máquina e também o seu fornecedor, pois o valor agregado

desse tipo máquina é muito alto.

O equipamento de controle centralizado figura 9, é um exemplo de uma máquina

em que foi feita a comparação técnica com outro equipamento de controle descentralizado

figura 10.

Figura 9 - Equipamento de controle centralizado

Fonte - Arquivo da empresa 2012

A nota obtida da comparação técnica entre um equipamento de controle

descentralizado figura 10, para este equipamento figura 9, foi de 599 pontos, numa projeção

mínima de 500 pontos como pode ser visto no APÊNDICE B.

4.2.2.2 Equipamento de controle descentralizado

Para o controle descentralizado, o equipamento tem capacidade de controlar a

peça in loco, ou seja, no momento da usinagem da peça ou simultaneamente.

A aquisição de um equipamento desse porte traz muitas vantagens para a

organização, em se tratando de logística, mão de obra e qualidade do produto acabado. Para

identificar estrategicamente qual equipamento de controle é mais eficaz para a Empresa é feita

a comparação técnica como se vê na tabela 2.

116

O equipamento visto na figura 8 é acoplado à máquina de produção. O mesmo

operador que trabalha na máquina realiza também o controle da peça, não sendo necessário o

envio da mesma para controle em outra célula de produção fora do centro de usinagem.

Quando o processo é totalmente independente sem controles intermediários, pode

elevar a quantidade de peças produzidas e reduzir as despesas com o produto final, como

mostra a figura 10.

Figura 10 - Equipamento de controle descentralizado

Fonte - Arquivo da empresa 2012

A nota obtida na comparação técnica entre um equipamento de controle

centralizado figura 9, para esse equipamento figura 10, foi de 639 pontos, numa projeção

mínima de 500 pontos como mostra o APÊNDICE B.

4.2.3 Tabela de comparação técnica realizada: controle centralizado e descentralizado

A comparação técnica tem a finalidade principal de levantar todas as

características dos dois equipamentos que estão sendo comparados.

As caraterísticas avaliadas nos dois equipamentos traduzem a realidade exigida

para ter uma máquina de controle capaz de realizar as medições e assegurar a qualidade do

produto acabado. Para essa análise comparativa os dados levantados no equipamento são:

características requeridas, prescrições relativas a instalações, acessórios, cotação de

fornecimento, treinamento, garantia, assistência técnica, peças para reparação e o custo total

de aquisição. Baseado nesses dados, é realizada uma reunião com todos os responsáveis de

compra e também especialistas e engenheiros dos processos que vão utilizar o equipamento.

117

Todos os dados são catalogados em uma tabela e, para cada característica, é dada

uma nota e, no final, aquela que somar mais pontos é considerada apta para aquisição.

A comparação técnica pode definir se um fornecedor está legalmente apto ou não

para o fornecimento de um equipamento de medição, seja ele centralizado ou descentralizado.

O mais importante é que essa nova máquina tenha uma robustez de medição e de análise

capaz de detectar qual o desvio de projeto daquela peça.

O APÊNDICE B mostra o resultado da comparação técnica de dois equipamentos

dos controles centralizado e descentralizado, escolhidos para análise desta pesquisa.

4.3 Análise dos dados levantados na primeira e segunda etapa

4.3.1 Primeira etapa (atenuantes do processo, logística, mão de obra e qualidade)

O principal foco desta etapa é reunir todos os dados levantados do processo de

investigação, descrevendo as vantagens e desvantagens dos dois processos de controle

encontradas ao longo da pesquisa.

Após vários estudos, conforme os dados extraídos do arquivo da Empresa e para

melhor compreensão dos resultados obtidos, essa análise foi executada por etapas conforme as

atenuantes especificadas de logística, mão de obra e qualidade.

4.3.1.1 Logística

Quando é confrontada a logística do processo centralizado de controle e o

descentralizado, alguns pontos são importantes para essa análise.

Desvantagem - No processo de controle centralizado, a quantidade total de peças controladas

é 75% maior que o controle descentralizado, como mostram a figura 5 e a figura 6. Neste

caso, quando as evidências de controle são elevadas, impactam também o tempo de controle,

se há mais peças para controlar, as atenuantes de logística, mão de obra e qualidade são

alteradas proporcionalmente à quantidade de peças. Desta forma o tempo dedicado para o

transporte, inspeção e controle de peças (quadro 4 do controle centralizado e quadro 8 do

controle descentralizado) é aproximadamente 52% superior ao tempo do controle

descentralizado. Quando o controle é executado in loco como é descrito no processo

118

descentralizado, o número de caraterísticas também diminui numa proporção de 25,79%. É o

que mostra o gráfico 6 em relação ao gráfico 3 no processo centralizado.

Por meio dos dados logísticos, foi observado que o processo de controle

centralizado traz para a Empresa uma despesa com logística bem maior que no processo de

controle descentralizado.

Vantagem - Nessa atenuante de logística, via dados pesquisados, foi observado que não existe

nenhuma beneficio para a Empresa ter um giro logístico alto, comprometendo o produto na

questão qualidade e mão de obra.

4.3.1.2 Mão de obra

Ao realizar a análise de duas plataformas de controle centralizado e

descentralizado em se tratando do custo de mão de obra, duas importantes variáveis foram

estudadas para verificar as desvantagens e vantagens dos dois processo de controle:

• o custo horas-homem para realizar a atividade proposta;

• a quantidade de colaboradores estabelecida por plataforma de controle;

Desvantagem - Mesmo com um aumento de 25% de produção no período de 2010 e 2011, o

quadro de funcionários do processo descentralizado (quadro 9) continuou inalterado em

comparação com o processo centralizado quadro 5. Esses valores são significativos, quando

se trata de mão de obra.

Quando o processo é automatizado, capaz de fabricar e controlar as peças ao

mesmo tempo, pode-se eliminar o uso da mão de obra técnica para a realização de controles

intermediários ao longo do processo.

O custo horas-homem do processo centralizado é superior em 39% ao custo horas-

homem do processo descentralizado.

Vantagem - A Empresa que conta com uma mão obra técnica especializada pode usá-la para

outras atividades para tornar o produto/peça qualitativamente melhor.

119

4.3.1.3 Qualidade

Para comparar qual processo de controle de qualidade é mais eficiente

estrategicamente para a Organização, alguns dados ou indicadores de desempenho dos dois

processos foram levantados ao longo de cinco anos (2008 - 2012). Esses dados vão mostrar

alguns pontos de melhorias após a implantação do sistema de controle descentralizado, tanto

no produto em processo de fabricação, quanto na satisfação do cliente em adquirir o produto.

Os indicadores são considerados como um relógio que dita a regra para a

implementação de melhorias, criação de novos produtos e, até mesmo, a aprovação de novos

investimentos para o setor.

4.3.2 Análise dos indicadores internos

Após analisar os dados dos três indicadores, nos períodos de 2008 a 2012, foi

observado que os indicadores internos, quando o processo ainda era centralizado, apresentam

resultados inferiores do processo após a descentralização do controle.

O análise a seguir foi feita com dados extraídos dos gráficos 4 “YX”, 5 “Y” e o

quadro 6, índice de anomalias no produto antes de ser enviado para o cliente final(teste frio),

pertencentes à plataforma do processo centralizado.

Os gráficos 7 “YX”, 8 “Y” e o quadro 10 índice de anomalias no produto antes

de ser enviado para o cliente final (teste frio), são pertencentes à plataforma de controle

descentralizado.

120

Quadro 12 - Comparação de resultados dos indicadores internos: Quantidade de anomalias ou

refugo produzido em relação a produção total.

Indicadores

Internos

Centralizado

2008 e 2009

(Ponto A)

Descentralizado

2010 e 2011

(Ponto B)

Eficiência do ponto

“B” para o ponto “A”

P

rodu

ção

Ano

mal

ias

% e

m r

elaç

ão a

pr

oduç

ão

Pro

duçã

o

Ano

mal

ias

% e

m r

elaç

ão a

pr

oduç

ão

% Diferença

(Anomalias)

“YX”

1.34

2.15

5

328

0,02

1.45

3.71

5

138

0,09

57,93

“Y”

6

0,0009

5

0,00006

16,66

Teste Frio

11834

0,88

1138

0,78

90,38

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Percebe-se que, ao longo dos anos, com implementação do processo

descentralizado, mesmo aumentando a produção, os índices que avaliam a qualidade do

produto tiveram alteração. Os índices de anomalias caíram se comparados com os anos de

2008 e 2009, como mostra o quadro 12.

Todo esse processo de melhoria na qualidade e também no produto se deve ao

avanço, em tecnologias e metodologias, que controla e monitora o processo de fabricação.

121

4.3.3 Análise do indicador externo (X) (Índice Per Thousand)

O índice “X”(Indicador Externo) serve justamente para mostrar para a Empresa

que ela está no caminho certo, é uma resposta do cliente diretamente para a Empresa,

relatando a satisfação em estar com o produto por ela oferecido, ou seja, um produto com

qualidade significa a fidelização de um cliente.

Para a análise de aceitação do produto pelo cliente externo e conforme dados dos

dois períodos 2009 quando o processo ainda era centralizado e 2012 após implantação do

processo descentralizado, foi feita a comparação técnica de informações do indicador externo

“X”, como se pode ver no quadro 13.

Quadro 13 - Comparativo de resultados do indicador externo (“X”): Índice de defeito em relação ao parque de cliente entrevistado.

Ano

2009 (centralizado)

(Ponto A)

2012 Descentralizado

(Ponto B)

Eficiência do ponto “B” para o

ponto “A”

Parque Clientes 378.663 381.622

Média do “X” Encontrado

no ano 2,60% 2,07%

0,53%

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Nessa comparação técnica, percebe-se uma vantagem satisfatória no índice de

aceitação do cliente externo, ou seja, no ano de 2012 houve 0,53% a menos de reclamação de

componentes do produto com defeito do que no ano de 2009.

4.4 Segunda etapa parte “A” - Análise dos dados referente ao questionário

Conforme descrito no referencial analítico, a segunda etapa visou validar aquilo

que a primeira etapa concluiu sobre as atenuantes de logística, mão de obra e qualidade. O

questionário comprova o que os especialistas e líderes relatam com suas experiências sobre os

dados levantados no processo interno e também por meio do indicadores internos e externos.

As quinze perguntas foram divididas em três níveis, com trinta respostas para cada pergunta,

conforme descrito nos gráficos que se seguem:

122

4.4.1 Logística

Gráfico 9 - O tempo de trasvaso e controle de peça diminui a produção?

Na pergunta de gráficos, percebe-se que 83,3% dos líderes e especialistas

respondem que o tempo de trasvaso, incluindo o tempo de controle das peças, pode diminuir o

volume de produção da empresa, enquanto 73,3% responderam que, no processo

descentralizado, não existe tal preocupação da produção diminuir com controles

intermediários.

Isso tudo se deve porque os controles são executados in loco, ou seja, no ato da

fabricação da peça. Ao terminar o ciclo de fábrica, o relatório com dados daquela peça são

emitidos simultaneamente.

83,3

0

16,7

%

6,7

73,3

20%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

123

Gráfico 10 - O tempo de Feedback do controle é suficiente?

O gráfico 10 mostra que 66,7 % dos entrevistados responderam que o feedback no

controle centralizado é insuficiente, ou seja, as peças demoram a chegar ao processo

produtivo, caso haja necessidade de intervenção na máquina que produz a peça. Já o

resultado do controle descentralizado foi de 50% com resposta positiva do feedback. Isso

mostra que os analistas e líderes estão satisfeitos com o resultado do controle descentralizado,

que gera mais eficiência e garantia de um produto com uma qualidade melhor.

Gráfico 11 - Existe risco da maquina ficar parada, esperando o controle?

13,3

%

66,7

%20

%

50%

30%

20%

0

10

20

30

40

50

60

70

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

86,7

%13

,3%

0%

50%

16,7

%

33,3

%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

QTE Quantidade

Quantidade

124

A pergunta do gráfico 11 descreve a importância do controle in loco, 86,7%

responderam que a máquina de produção pode ficar parada caso o relatório não chegue. O

fato de o operador estar integrado com todo o processo de controle e produção da máquina

pode gerar uma maior produção de peças, criando com isso mais qualidade.

Gráfico 12 - O tempo de controle é simultâneo com a produção da peça?

Em se tratando de controle, o gráfico 12 mostra que 83,3% dos entrevistados

indicam que o tempo de controle no processo centralizado não é simultâneo com a produção

da peça, enquanto 73,3% relata que, no descentralizado, a máquina fabrica e controla mesmo

tempo possibilitando, assim, um acompanhamento mais de perto no produto que está sendo

fabricado. Isso também traz maior confiança no equipamento de produção e demonstra que o

mesmo pode monitorar o processo via controle in loco.

Gráfico 13 - Para realizar o controle é necessário o uso de embalagem?

0%

83,3

%16

,7%

73,3

%

6,7%

20%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

76,6

7%

13,3

3%

10%

43,3

3%

6,67

%

50%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

Quantidade

125

Os entrevistados descrevem uma preocupação maior com as embalagens, pois

76,67% dos controles necessitam de embalagens para o transporte das peças. (gráfico 13)

Já no controle centralizado, o volume de peças para transporte possui um número

maior, proporcionando, assim, despesas com transporte.

4.4.2 Mão de obra

Gráfico 14 - Há necessidade de mão de obra especializada para o controle?

Pelas respostas à pergunta no gráfico 14, 90% dos entrevistados relataram que a

mão de obra tem que ser especializada para o controle centralizado. Isso significa um custo de

mão de obra mais alto para a Empresa, enquanto, no descentralizado, 46,7% entendem que a

mão de obra especializada não é tão relevante, porém é interessante um nível melhor de

conhecimento.

Essa análise mostra também que, mesmo que a empresa esteja totalmente

realizando o controle in loco, ou seja, descentralizado, é necessária também uma mão de obra

mais técnica, pois 23,3% dos respondentes disseram que é interessante a mão de obra

especializada ou técnica por se tratar de equipamentos de medição com alto nível tecnológico.

Necessariamente, os operadores precisam de um nível de entendimento dos meios

de medição mais avançado.

90%

10%

0%

23,3

%

46,7

%

30%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

126

Gráfico 15 - O custo da mão de obra é mais oneroso em qual processo?

Perguntado sobre o custo da mão de obra, em qual processo é mais oneroso, mais

de 96,7% responderam que é no controle centralizado. Isso indica um percentual alto quando

comparado com o descentralizado, que tem um percentual próximo de 50% para as respostas.

Isso mostra bem claro que o custo com a mão de obra do processo centralizado é bem mais

oneroso para a organização.

Gráfico 16 - Existe algum risco de segurança para o operador?

96,7

%

3,3%

0%

50%

43,3

%

6,7%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

83,3

%

13,3

%

3,3%

76,7

%

10%

13,3

%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Fonte: Pesquisa feita pelo autor no ano de 2012

Quantidade

Quantidade

127

As respostas da pergunta do gráfico 16 em relação à segurança mostram que os

dois processos têm um risco de segurança alto 83,3% centralizado e 76,7% descentralizado.

Sendo assim, há necessidade do uso dos equipamentos de proteção individual.

Conforme as respostas acima fica claro que está Empresa tem a segurança como

um caminho para alcançar os objetivos estratégicos. Existe uma política de segurança em que

todos os colaboradores estão empenhados em cumprir os procedimentos e normas que

regularizam as atividades diárias de cada setor da empresa.

Gráfico 17 - Existe facilidade na contratação de mão de obra?

Para o processo centralizado, como se vê no gráfico, 17, 63,3% informam que não

existe facilidade na contratação de mão de obra centralizada, pois a formação de especialistas

dessa área leva muitos anos. Outro ponto é que as escolas técnicas não têm cursos próprios

para tais atividades.

Quanto ao processo descentralizado, 76,7% respondem que existe facilidade,

devido ao fato de os níveis de conhecimento para operar os equipamentos serem bem menores

e isso leva a uma busca de mão de obra menos técnica, diferente do processo descentralizado.

63,3

%

16,7

%20%

76,7

%6,

67% 13

,3%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

128

Gráfico 18 - É necessário treinamento e cursos para mão de obra técnica?

O gráfico 18 demonstra que os dois processos necessitam de treinamento e cursos,

assinalando um numero de 93,3% para o centralizado e 76,7% para o descentralizado. Essa

diferença se dá exatamente pelo fato de que o processo centralizado de controle é composto

por máquinas com tecnologia mais específica, no que diz respeito à programação e software,

necessitando, assim, que os colaboradores que executam as atividades desses equipamentos

tenham cursos e conhecimento para operar os mesmos. O controle descentralizado demanda

um conhecimento mais amplo de processo, ou seja, apenas um treinamento específico de

como operar o equipamento é o suficiente para dar um resultado positivo.

4.4.3 Qualidade

Gráfico 19 - Existe confiabilidade pelo cliente empresa no meio de controle ?

3,3%

3,3%

93,3

%

76,7

%0%

23,3

%0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

6,7% 13

,3%

80%

60%

6,7%

33,3

%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

Quantidade

129

Quando foram perguntados sobre a confiabilidade nos meios de controle usados

atualmente pela Empresa, 80% para o controle centralizado e 60% para o descentralizado,

informaram que os equipamentos de controle são confiáveis, ainda mais para o controle

centralizado.

Os operadores confiam mais no controle fora do processo de fabricação, a

justificativa foi exatamente pelo fato de os equipamentos de medição tridimensional serem

mais eficientes nos resultados ou na medição da peça.

A resposta é coerente por se tratar de um equipamento que tem uma certeza de

medição extremamente confiável e não tem nenhuma intervenção como: trepidação, líquidos

em geral.

Gráfico 20 - Os meios de controle são importantes para o produto final?

Conforme se vê no gráfico 20, tanto no controle centralizado quanto no

descentralizado os meios de controle são importantes com percentuais acima de 70%.

Mas, em se tratando do controle in loco, além do meio de controle ser importante,

ele é essencial para o processo produtivo da peça, pois é por meio desse controle que a

seguridade da qualidade da peça é capaz de atender a demanda do cliente final.

6,7%

16,7

%

76,7

%

70%

6,7%

23,3

%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

130

Gráfico 21 - Existe qualidade na manutenção dos meios de medição?

Pelas respostas, a manutenção é um ponto ainda que pode melhorar com 66,7% o

controle centralizado afirma que existe qualidade na manutenção, enquanto 53,3% relata no

controle descentralizado que a manutenção é feita com qualidade. Porém tanto o centralizado,

quanto o descentralizado a manutenção ainda precisa melhorar. Um equipamento de medição

tem que estar sempre trabalhando corretamente, ou seja, 100% do seu potencial. Isso significa

segurança no controle executado.

Gráfico 22 - O tempo de controle da peça é fundamental para a qualidade do produto?

30%

3,3%

66,7

%

53,3

%

26,7

%

20%

0

10

20

30

40

50

60

70

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

16,7

%

33,3

%

70%

76,7

%20

%

3,3%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

Quantidade

131

No controle centralizado, 70% significa que não é fundamental, devido ao fato de

o mesmo demorar a ser executado. Já no controle descentralizado, o tempo de controle

influencia o tempo ciclo da máquina, podendo alterar a produção diária.

Gráfico 23 - A empresa deverá continuar investindo em meios de controle?

Para o público de líderes e especialistas, a Empresa deverá, sim, investir mais em

processos com controles descentralizados: 80% dos entrevistados são a favor de um processo

mais inovador e independente. Isso indica que a estratégia da empresa é continuar adquirindo

equipamentos com controle 100% in loco. A medição da peça no próprio posto de trabalho

pode eliminar custos de logística, enquanto, no setor centralizado tradicional, 56,7% optam

para o não continuar investindo.

4.5 Segunda etapa parte “B” – Análise da comparação técnica entre dois equipamentos de controle.

Conforme dados internos da Empresa, a comparação técnica é realizada entre dois

equipamentos com fornecedores diferentes, com a intenção de aprovar aquele que é

economicamente viável para empresa, ou seja, existem dois fornecedores de um mesmo

equipamento. Aquele fornecedor porém, que atender melhor as atenuantes citada no quadro

14, será o vencedor do projeto de licitação para adquirir um novo equipamento.

Por meio da comparação técnica realizada como se vê no APÊNDICE B, ficou

identificado que as características do processo descentralizado, como prescrições relativas a

26,7

%

16,7

%

56,7

%

80%

20%

0%

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Centralizado Descentralizado

Sim

Não

Raramente

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Quantidade

132

instalações, acessórios, assistência técnica e custo de aquisição, sobressaíram com uma

pontuação bem mais relevante como mostra o quadro 14, ou seja, no processo

descentralizado, é mais fácil ter acesso às mesmas com um custo mais atraente.

Quadro 14 – Comparativo conforme dados do apêndice 2

Característica analisada

Pontuação total após a comparação

técnica

Percentual de

performance do

ponto “B” para o

ponto “A”

Processo

centralizado

Ponto “A”

Processo

Descentralizado

Ponto “B”

Prescrições relativas a instalações 64 80 33%

Acessórios 40 64 60%

Assistência técnica 50 70 40%

Custo de aquisição 400.000,00 360.000,00 - 10%

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Dos nove itens destacados no APÊNDICE B, os quatro itens do quadro 14 são os

principais para aprovação de compra de um novo equipamento e, como se percebe, os

mesmos sobressaíram, de forma que o processo descentralizado pode adquirir máquinas de

controles com investimentos menores e também mais eficazes para o processo produtivo.

Esses itens citados acima têm um peso maior na avaliação da qualidade do produto, no que

diz respeito a instalações, acessórios, assistência técnica e custo de aquisição.

A compra de um equipamento de controle descentralizado fica aproximadamente

10% menor que o equipamento de controle centralizado. Além de tudo, as prescrições

relativas a instalações, acessórios e assistência técnica no processo descentralizado são bem

mais atraentes ou relevantes como mostra o quadro 14.

133

4.6 As principais vantagens e desvantagens dos dois processos de controle (centralizado

e descentralizado)

Após várias análises na etapa 1 e 2, fizeram-se considerações que se encontram no

quadro 15.

Quadro 15 – Principais vantagens e desvantagens dos dois processos de controle

Variáveis Processo centralizado Processo descentralizado

logí

stic

a

Van

tage

m

- A logística do processo

centralizado não traz nenhum

benefício para a empresa quando

comparado com processo

descentralizado

- O tempo de trasvaso, entrega de

relatórios é mais eficiente

- Maior produção

- Menos características

controladas

Des

vant

agem

- Maquina de produção parada

- Maior tempo de controle

- Maior tempo de trasvaso de

peças

- O operador da máquina pode

interferir nos resultados de

controle

Mão

de

obra

Van

tage

m

- Mão de obra com maior

conhecimento

- Menor mão de obra

- Mão de obra mais barata.

- Facilidade contratação mão de

obra

Des

vant

agem

- Necessidade de mão de obra

técnica

- Dificuldade para contratação

mão de obra

- Valor mão de obra mais alto

- A empresa tem que investir em

treinamento, dos operadores das

máquina de produção

Qua

lidad

e

Van

tage

m - Controle com equipamentos

tridimensionais são mais eficientes

- O controle in loco facilita a

descoberta de anomalias antes de

serem enviadas para clientes

Des

vant

agem

- Controles intermediários ao

processo de fabricação, pode

interferir na qualidade do produto

final

- Muita responsabilidade para o

operador pode gerar problemas de

qualidade

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

134

Por esse quadro, obteve-se o resultado das vantagens e desvantagens dos dois

processos de controle: centralizado e descentralizado. Percebe-se que a vantagem de investir

em um processo descentralizado é bem mais robusta e audaciosa, mostrando detalhes

importantes que podem melhorar a qualidade e a redução de custos do produto final. No

processo descentralizado, os números de peças para controle fora do processo produtivo são

bem menores só por meio dessa relação de diminuir o número de peças, alterando-se também

o número de colaboradores especialistas para controle e programas de medição. Outro fato

relevante visto no quadro 15 é a qualidade do produto final, que poderá ter também uma

influência positiva na pesquisa de campo feita pelas montadoras e concessionárias após seis

meses de uso do veículo, devido ao fato de que um produto controlado no ato da fabricação

diminui o número de defeitos e a possibilidade de passar um produto para o cliente final com

alguma irregularidade.

Uma desvantagem que também merece esclarecimentos, é sobre a qualidade do

produto, como mostra o último tópico do quadro 15. Nele se mostra que um processo

descentralizado gera mais responsabilidade técnica para o operador do equipamento in loco.

Isso mostra que a Empresa, ao contratar, tem que estar atenta para a formação dos operadores,

que eles próprios necessitam de maior conhecimento, tanto na área de controle, quanto

também operar as máquinas de fabricação e controle in loco.

135

5 CONCLUSÃO

5.1 Considerações finais

O objetivo deste trabalho foi analisar comparativamente dois processos de

controle de qualidade denominados controle centralizado tradicional e controle

descentralizado. Algumas conclusões e aprendizados foram detectados ao longo desta

pesquisa.

A verdade é que a própria história do controle de qualidade descrita no referencial

teórico mostra a importância de acompanhar um processo produtivo com equipamentos

capazes de demonstrar o erro cometido por um processo de usinagem ou retífica antes de a

peça ou produto ser encaminhada para cliente o final. É devido a essa busca pelo que se pode

chamar de um processo de controle capaz de atender as necessidades do cliente final que, ao

longo deste estudo, se aproximou de forma acadêmica da realidade teórica da prática aplicada

atualmente nas indústrias automotivas.

Por meio de um levantamento de dados bem específico de cada variável, mas

coerente com a realidade atual dos dois tipos de controles, centralizado e descentralizado, no

que tange aos resultados obtidos via variantes estudadas de logística, mão de obra e qualidade,

foi possível enxergar a importância da tecnologia ao longo dos anos que, agregando eficiência

e inovação ao ato de controlar, trouxe avanços na qualidade do produto final. Mesmo que a

indústria acredite no resultado positivo do controle centralizado atual, a busca pela melhoria

contínua e competitividade do produto no mercado está levando as empresas do setor

automotivo a essa quebra de paradigma em relação aos meios de medição.

A pesquisa de campo via questionário revelou que os líderes e especialistas

indicam que o controle descentralizado traz um retorno positivo para a Empresa no quesito

reduzir custos e proporciona também para a organização mais lucro e competitividade no

mercado.

Conforme os dados levantados no período de 2008 a 2012, foi relatado que a

Empresa tem buscado investimentos para aprimorar tecnologias capazes de reduzir o controle

fora do processo produtivo, proporcionando uma redução considerável nas caraterísticas

controladas (gráfico 4); reduziu também a quantidade de peças controladas após a

implantação do controle descentralizado como mostra a figura 10. Outra redução importante

foi a mão de obra dedicada ao processo centralizado atual, devido à capacidade inovadora do

136

controle in loco de realizar todas as medições sem necessidade de a peça sair da plataforma

produtiva.

Inovar em uma área de controle de qualidade, com máquinas capazes de fabricar

uma peça e controlar a mesma ao mesmo tempo, denominada controle in loco, conforme

descrito na primeira etapa, descreve a importância de trabalhar com um processo inovador.

No seu interior, a decisão de inovar parece estrategicamente para a empresa. O

processo de controle descentralizado é a contrapartida do seu impacto sobre a eficiência

(logística, mão de obra e qualidade) do processo que está sendo introduzido e, mais ainda,

sobre a competitividade da Empresa que o introduz. Também é fato que a melhoria ou

incrementação dos novos meios de controle in loco vai depender unicamente do que a

Empresa está planejando para os próximos anos.

A dimensão estratégica da inovação nasce, em um primeiro momento, justamente

do seu impacto esperado sobre a manutenção da capacidade de competir da Empresa; é a sua

mola mestra de competir no mercado global ou local.

Atualmente, a Empresa está trabalhando com os dois métodos de controle. E a

viabilidade do uso em definitivo do controle descentralizado está sujeito a várias atenuantes

específicas de cada projeto ou até mesmo, à visão de futuro dos acionistas da Empresa.

Percebe-se que, o processo de controle centralizado está dando espaço para a

modernização dos meios de controle in loco, levando o controle tradicional centralizado a

diminuir seus equipamentos de controle e também o número de empregados dedicados ao

mesmo. Espera-se que, em um futuro bem próximo, os equipamentos de controle centralizado

sejam substituídos totalmente pelo controle descentralizado com máquinas totalmente capazes

de executar a usinagem, retificar e realizar o controle em tempo real com o processo de

usinagem.

Nessa mesma visão de entender comparativamente os dois processos de controle

centralizado e descentralizado, o trabalho alavancou informações importantes sobre as duas

formas de controlar peças em um processo de usinagem. A primeira é o controle centralizado,

que ainda é usado para realizar controles intermediários ao processo. A segunda forma é o

controle in loco ou descentralizado, onde todas as informações da peça que está sendo

fabricada, são repassadas no momento em que a mesma foi usinada, até mesmo antes de ser

enviada para o processo ou usinagem posterior.

No processo centralizado ficou claro que as despesas com logística, mão de obra e

qualidade são mais onerosas para a Empresa. Em contrapartida, o controle descentralizado,

além de reduzir as despesas, pode também aumentar a produção ao eliminar o tempo de

137

espera de um relatório ou peça que está sendo controlada em meios alternativos ou

intermediários fora do processo de fabricação.

Outro fato que chamou a atenção nesta pesquisa foram as despesas na aquisição

de um equipamento de medição. Para o controle centralizado, os equipamentos de medição

são 10% mais onerosos do que os equipamentos adquiridos no controle descentralizado como

pode se verificar no Apêndice B.

Outro fato relevante é também a assistência técnica pós-venda. Para o controle

descentralizado, essa manutenção é feita internamente por uma empresa terceirizada.

Enquanto, no controle centralizado, a maior parte das manutenções é feita

externamente pelos fornecedores dos equipamentos de medição, em se tratando de

manutenção, o que pode ser considerado uma desvantagem do processo descentralizado, pois

a Empresa não tem mão de obra técnica para realizar manutenções internas.

Após realizar a análise comparativa dos dois processos de controle de qualidade,

foi realizada uma análise para responder os objetivos específicos desta pesquisa, que

contemplou os principais indicadores que permeiam a qualidade industrial do produto

fabricado, conforme descrito no referencial analítico no primeiro objetivo específico, ao

sustentar de forma independente o uso dos indicadores de qualidade para acompanhar a

reação de mercado quanto ao produto comercializado.

Este estudo apresentou o resultado de três indicadores internos e um indicador

externo. Esses indicadores têm o objetivo de demonstrar por meio de pesquisas ou testes

práticos o comportamento da qualidade do produto que está sendo fabricado ou

comercializado. A empresa e o cliente têm um canal de comunicação com essas pesquisas

realizadas mensalmente ou em datas específicas, para que as melhorias aconteçam no produto,

é necessário saber o que é preciso ser alterado ou melhorado no ato da fabricação. São

detalhes que aumentam a qualidade do produto em todos os seus estágios.

Outro ponto fundamental nos indicadores de qualidade é a visão de mercado

criada a partir de dados concretos de novas oportunidades de investimentos em novos

processos. É o que mostra o quadro 16.

138

Quadro – 16 Comparativo dos indicadores internos de qualidade nos dois processos de

controle, quanto ao total de anomalias nos indicadores internos (“YX”/”Y”/teste funcional ou

Beta), reclamações no indicador externo (“X”) identificadas nos períodos referente a cada

indicador conforme o controle executado (centralizado e descentralizado)

DESCRIÇÃO

INDICADORES INTERNOS

(anomalias encontradas por período)

Centralizado

2008 á 2009

Ponto “A”

Descentralizado

2010 á 2011

Ponto “B”

% de redução do

Ponto “A” em relação Ponto

“B”

“YX” Mensal 328 138 57,93 %

“Y” Mensal 6 5 16,66%

Teste Funcional ou

Beta

11834 1138 90,38 %

DESCRIÇÃO

INDICADOR EXTERNO

(índice de reclamações)

DESCRIÇÃO

Centralizado

Período 2009

Ponto “A”

Descentralizado

Período 2012

Ponto “B”

“X”

(Índice Per Thousand)

Média anual

2,59%

2,07%

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

O quadro 16 traz informações importantes referentes aos indicadores internos e

externos. Quanto aos indicadores internos, ficou claro que a redução de anomalias no período

de 2010 a 2011 foi extremamente relevante com destaque para o indicador de qualidade, teste

funcional ou Beta, em que houve uma redução de aproximadamente 90,38% no número de

anomalias no produto acabado. Outro fator interessante foi a redução nos índices de

reclamações do cliente final de 2,59% para 2,07% . É o que se vê no quadro 11.

O segundo objetivo específico relatado neste trabalho foi exatamente descrever as

vantagens e desvantagens dos dois processo de controle; centralizado e descentralizado. O que

se verificou no quadro 15.

139

Quanto ao terceiro objetivo específico que trata da continuidade ou não da

descentralização, isso depende exclusivamente da Empresa. Em se tratando de

competitividade e a busca contínua pelo crescimento, ficou demonstrado nesta pesquisa que o

ideal para a Empresa é continuar a realizar os investimentos que proporcionem a redução da

mão de obra com controles centralizados ou intermediários. A redução também deve envolver

despesas logísticas de transportar as peças para a área de controle centralizado conforme

levantamento e análise dos dados descrito no capitulo 5.

Por fim, cabe ressaltar que esse modelo de controle descentralizado apresentado

não tem a pretensão de ser aplicado imediatamente, devendo ser encarado como um modelo

básico de referência, passível de ajustes e críticas, o que é natural, considerando-se a maior

variedade de condições encontrada na Empresa.

Espera-se que este trabalho tenha contribuído para a ampliação do conhecimento

sobre o tipo de controle ideal (descentralizado ou centralizado) aplicado nas empresas

automobilísticas, particularmente na empresa pesquisada.

5.2 Limitações do trabalho

Este trabalho apresenta as seguintes limitações:

1) Esta pesquisa limita-se apenas à avaliação comparativa de dois sistemas de controle de

qualidade: centralizado e descentralizado. Outros enfoques como sistema de qualidade total,

ferramentas e metodologias da qualidade (CEP, WCM - Manufatura de Classe Mundial),

funções da qualidade, indicadores de qualidade e automação na qualidade, entre outros, os

quais fazem parte do sistema de gestão da qualidade de uma empresa, não são objeto deste

trabalho.

2) Os manuais de referência de algumas normas automotivas, tais como CEP, TQC,

PDCA, MASP, entre outros, são considerados neste estudo, porém apenas a título de

referência. O conteúdo desses manuais não é levado em consideração, pois, além de tornar o

trabalho extremamente extenso, desvia o foco deste estudo da área pesquisada.

3) A norma automotiva levada em consideração neste trabalho é a QS-9000 americana.

Normas japonesas, coreanas ou, até mesmo, suecas não foram consideradas uma vez que não

foi observada nenhuma evidência de utilização de tais normas por empresas brasileiras do

ramo automobilístico.

140

4) A TS 16949, que trata de uma especificação técnica desenvolvida pelas montadoras

alemãs, americanas, francesas e italianas em conjunto com o comitê técnico 176 da ISO, não

foi analisada neste trabalho pelo fato de esta especificação não ser relevante para a conclusão

final do mesmo.

5) Foi estudada somente a fabricação de três tipos de peças e em uma determinada

empresa. O número de questionários foi somente de 30 respondentes. Os itens a serem

verificados em relação aos processos foi relativo a somente três variáveis. Além do mais, a

avaliação entre os processos ocorreu em anos diferentes e não concomitantemente.

6) Épocas diferentes da coleta de dados das máquinas.

5.3 Sugestões para estudos futuros

O tema avaliação de dois sistemas de qualidade centralizado e descentralizado,

embora sem nenhum trabalho acadêmico voltado especificamente para o tema objeto deste

estudo constatado ao longo desta pesquisa, é de primordial importância para a

competitividade de nossas indústrias. Assim, o desenvolvimento de trabalhos futuros sobre

esse assunto se faz não só necessário como importante.

Estudos futuros sobre os dois sistemas de qualidade centralizada e descentralizada

devem cobrir lacunas não preenchidas com este trabalho e aprofundar alguns temas tratados

de modo não tão detalhado. As sugestões apresentadas a seguir foram constatadas ao longo do

desenvolvimento deste trabalho.

1) Elaborar projetos que possam usar a mesma sistemática em empresas de outros ramos

de produção, com intuito de consolidar está ferramenta em outras áreas ou empresas do setor

automobilístico realizando comparações qualitativas com o intuito de alavancar conhecimento

acadêmico sobre o assunto.

2) Ampliar estudos e projetos voltados para identificar os aspectos do controle de

qualidade descentralizado em pequenas indústrias.

3) Realizar um estudo com o objetivo de criar normas que norteiam o controle de

qualidade descentralizado e suas principais ferramentas.

141

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149

Tabela 1

Resultado tabelado das respostas ao questionário do APÊNDICE A

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

Var

iáve

is

“Questionário”

Perguntas sobre as atenuantes Tot

al

Centralizado

%

Descentralizado

%

Sim

Não

Rar

amen

te

Sim

Não

Rar

amen

te

Log

ísti

ca

O tempo de trasvaso e controle de peça diminui a produção? 30 60 13,3 26,7 6,7 80 13,3

O tempo de Feedback do controle é suficiente? 30 13,3 66,7 20 50 30 20

Existe risco da máquina ficar parada, esperando o controle? 30 86,7 13,3 0,0 50 16,7 33,3

O tempo de controle é simultâneo com a produção da peça? 30 0,0 83,3 16,7 73,3 6,7 20

Para realizar o controle é necessário o uso de embalagem? 30 76,7 10 13,3 43,3 6,7 50

Mão

de

obra

Há necessidade de mão de obra especializada para o controle? 30 90 0,0 10 23,3 46,7 30

O custo da mão de obra é mais oneroso em qual processo? 30 96,7 0,0 3,3 50 43,3 6,7

Existe algum risco de segurança para o operador ? 30 83,3 3,3 13,3 76,7 10 13,3

Existe facilidade na contratação de mão de obra? 30 20 63,3 16,7 76,7 10 13,3

É necessário treinamento e cursos para mão de obra técnica? 30 93,3 3,3 3,3 76,7 0,0 23,3

Qua

lida

de

Existe confiabilidade pelo cliente empresa no meio de controle ?

30 80 6,7 13,3 60 6,7 33,3

Os meios de controle são importantes para produto final? 30 76,7 6,7 16,7 70 6,7 23,3

Existe qualidade na manutenção dos meios de medição? 30 66,7 30 3,3 53,3 26,7 20

O tempo de controle da peça é fundamental para a qualidade ? 30 16,7 70 13,3 76,7 20 3,3

A empresa deverá continuar investindo em meios de controle? 30 26,7 56,7 16,7 80 20 0,0

150

Tabela 2

Resultado tabelado das respostas ao questionário do APÊNDICE B

Fonte - Elaboração pelo autor da dissertação

A comparação técnica DATA: 2012

Descrição Trabalhos e

Meios

Descrição RC

INICIATIVA Número Desenho Operação

TMC001-12 xxx Análise

Análise Comparativa

Empresa Ofertante – Data – Modelo – Equipamento

Centralizado - tridimensional Descentralizado - (Marposs)

Características Analisadas Peso Ref. Oferta Qual Pontos

Qual. Pontos

1. Características Requeridas 8 9 72 9 72

2. Prescrições Relativas a instalações 8 8 64 10 80

3. Acessórios 8 5 40 8 64

4. Cotação de Fornecimento 9 9 81 9 81

5. Treinamento 9 10 90 9 81

6. Garantia 9 10 90 8 72

7. Assistência Técnica 10 5 50 7 70

8. Peças de Reparação 8 7 56 7 56

9. Custo para aquisição 8 400.000,00 7 56 360.000,00 9 63

Total: Classificação Final 68 400.000,00 70 599 360.000,00 76 639

Responsável Técnico Líder: Área:

Notas: (***) - Critério de Avaliação: Pontos Mínimos Para Aprovação da Oferta Final é de 500 Pontos

Legenda: Qual. – é a nota recebida pelo fornecedor durante a avaliação da comparação técnica - Coluna Qual:

A pontuações estabelecida vai de 0 á 10.