UMA CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE CUSTO- VOLUME-LUCRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp005402.pdf ·...

100
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CUSTOS E FINANÇAS MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO JÓICI MARTINS UMA CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE CUSTO- VOLUME-LUCRO COM A INTEGRAÇÃO DAS ABORDAGENS ECONÔMICA E CONTÁBIL: O CASO DE UMA MALHARIA FLORIANÓPOLIS 2005

Transcript of UMA CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE CUSTO- VOLUME-LUCRO …livros01.livrosgratis.com.br/cp005402.pdf ·...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CUSTOS E FINANÇAS

MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO

JÓICI MARTINS

UMA CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE CUSTO-

VOLUME-LUCRO COM A INTEGRAÇÃO DAS

ABORDAGENS ECONÔMICA E CONTÁBIL: O

CASO DE UMA MALHARIA

FLORIANÓPOLIS

2005

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Jóici Martins

UMA CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE CUSTO-VOLUME-

LUCRO COM A INTEGRAÇÃO DAS ABORDAGENS

ECONÔMICA E CONTÁBIL: O CASO DE UMA

MALHARIA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração da Universidade

Federal de Santa Catarina como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em

Administração, área de concentração em

Custos e Finanças.

Orientador: Prof. Dr. Altair Borgert

Florianópolis, maio de 2005.

UMA CONTRIBUIÇÃO À ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO COM A

INTEGRAÇÃO DAS ABORDAGENS ECONÔMICA E CONTÁBIL: O

CASO DE UMA MALHARIA

Jóici Martins

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de Mestre em

Administração (área de concentração em Custos e Finanças) e aprovada em sua

forma final pelo Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade

Federal de Santa Catarina.

______________________________________

Prof. Dr. José Nilson Reinert – Coordenador

Apresentada à Comissão Examinadora integrada pelos professores:

_____________________________________

Prof. Dr. Altair Borgert. – Orientador

_____________________________________

Prof. Dr. Antonio Cezar Bornia

_____________________________________

Prof. Dr. Pedro José von Mecheln

AGRADECIMENTOS

A Deus, que me acompanha e ilumina em todos os momentos da minha vida.

Ao Orientador, Prof. Dr. Altair Borgert, que, de maneira tão especial e

dedicada, conduziu a orientação dessa pesquisa. Agradeço a ele pelo tempo

destinado às exaustivas discussões do tema e revisões constantes, como também,

pela oportunidade de produção e publicação de artigos ao longo dessa jornada.

Ao Léo, marido, companheiro e colega de grupo, pelo inestimável apoio e

fundamental ajuda em todos os momentos que permearam a elaboração desse

trabalho.

Ao Léo e ao prof. Altair agradeço de forma especial porque, foram as pessoas

mais importantes, e sem as quais, não teria sido possível a realização da pesquisa.

Agradeço pela confiança depositada.

Aos membros da banca, Prof. Dr. Antonio Cezar Bornia e Prof. Dr. Pedro José

von Mecheln pela pronta aceitação do convite, como também pelas contribuições

para o aprimoramento da pesquisa.

Aos Diretores da Malharia por disponibilizarem os relatórios da empresa que

permitiram a realização desta pesquisa.

Ao Fernando, controller da Koerich Telecom, pela ajuda destinada nas

primeiras etapas da pesquisa de campo.

Aos colegas do grupo de estudo, pela presença e ajuda em todos os

encontros realizados com o intuito de aprimorar a presente pesquisa. De forma

especial a colega Jeane pela sua colaboração na organização final do trabalho.

Por fim, agradeço a todos que, de alguma maneira contribuíram para a

conclusão da pesquisa.

RESUMO

MARTINS, Jóici. Uma Contribuição à análise custo-volume-lucro com a integração das abordagens econômica e contábil: o caso de uma malharia. Florianópolis, 2005. 98 p. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de pós-graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina. Orientador: Prof. Dr. Altair Borgert. Defesa: 24/05/2005

Esse estudo traz uma contribuição para a análise custo-volume-lucro como

resultado da integração das abordagens da economia e da contabilidade, por meio de um estudo em uma malharia. Para tanto faz a comparação dos resultados obtidos com e sem o auxílio da teoria econômica. Esse estudo justifica-se em função de que há poucas pesquisas realizadas sobre o assunto, como também, pela crescente necessidade de melhoria das informações para a tomada de decisão. O método adotado neste trabalho é o hipotético-dedutivo e, de acordo com a abordagem do problema de pesquisa, essa pesquisa caracteriza-se como quantitativa do tipo explicativa, de natureza teórico-empírica. Os dados são extraídos por meio de uma pesquisa documental, de fontes secundárias, tais como, relatórios contábeis relativos aos custos, volume de produção, vendas e lucros. Quanto ao modo de investigação, esta pesquisa faz uso de simulações para diversos volumes de produção e vendas. A parte final do presente trabalho contempla a aplicação empírica da análise CVL acrescida pelos conceitos da teoria econômica. Com o auxílio de funções logarítmicas, obtidas com o auxílio de análise de regressão dos dados reais, é possível fazer uma comparação entre a visão linear e a não linear da análise custo-volume-lucro. Os resultados desse trabalho revelaram que, na análise não linear tanto a margem de contribuição, quanto o lucro e o ponto de equilíbrio sofrem alterações ao longo do processo de produção e vendas, se comparadas à forma linear de análise. Assim, a inclusão das teorias econômicas ao cálculo tradicional contábil traz contribuições para análise CVL, no sentido de munir os gestores de informações mais precisas. Embora não testado empiricamente em outras empresas, conclui-se que a junção dos conceitos econômicos aos contábeis pode contribuir para melhorar as informações da contabilidade, no que se refere à análise CVL. Palavras-chave: Análise Custo-volume-lucro; Ponto de equilíbrio; margem de contribuição.

ABSTRACT

This study brings some contribution to the cost-volume-profit (CVP) analysis as the result of integration between economic approaches and accountancy, by means of a study carried out in a cloth company. In order to accomplish this, the present study compares the results obtained with and without the aid of the economic theory. The context that motivated the present work is that of little research performed on this subject and also of a growing need for improving information for decision-making. The method adopted here is hypothetical-deductive and, according to the approach in use, it is qualitative (involving explanation), of a theoretical-empirical nature. The data were collected through documental research, via secondary sources, such as accounting reports related to costs, production volume, sales and profit. Regarding the investigation mode, it was used simulations to various production and sale volumes. The concluding part deals with the empirical application of the CVP analysis in conjunction with the concepts of the economic theory. With the help of logarithm functions, which were obtained from the regression analysis of real data, a comparison between the linear and the nonlinear view of the CVP analysis was made. Results reveal that, in the nonlinear analysis, both the contribution margin and the profit and equilibrium points have changes along the production and sale processes, if compared to the linear analysis. Therefore, the inclusion of economic theories into the traditional accounting calculus brings benefits to the CVP analysis, since it provides managers of more precise information. Although it was not empirically tested in other companies, the conclusion reached is that the joining of economic and accounting concepts may contribute to the improvement of accounting information as regards CVP analysis.

Keywords: Cost-Volume-Profit Analysis; Equilibrium point; contribution margin.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Custos e margem de contribuição de uma empresa no curto prazo ....... 37

Tabela 2: Quantidade produzida e custos............................................................... 54

Tabela 3: Níveis de produção e custos ................................................................... 55

Tabela 4: Média dos custos fixos ............................................................................ 56

Tabela 5: Quantidade produzida e custos variáveis, com custo fixo constante....... 57

Tabela 6: Quantidade produzida e custos, sem os pontos discrepantes ................ 61

Tabela 7: Simulação dos custos.............................................................................. 63

Tabela 8: Comportamento da receita ...................................................................... 68

Tabela 9: Simulação da receita ............................................................................... 71

Tabela 10: Preço médio, CVMe e margem de contribuição .................................... 72

Tabela 11: Ponto de equilíbrio em unidades ........................................................... 76

Tabela 12: Simulação do custo, com base na função linear ...................................78

Tabela 13: Simulação da receita, com base na função linear ................................. 83

Tabela 14: Comparação entre preço médio e MC - linear e não linear ................... 84

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Ponto de maximização de lucro.............................................................. 35

Gráfico 3: Curvas de margem de contribuição pelo custo variável e marginal ........ 39

Gráfico 4: Curva de custo total ................................................................................ 58

Gráfico 5: Curva de custo variável total................................................................... 59

Gráfico 6: Função do custo variável total ................................................................ 62

Gráfico 7: Curvas de custo médio e marginal.......................................................... 66

Gráfico 8: Curvas de custo total .............................................................................. 67

Gráfico 9: : Função da receita total ......................................................................... 69

Gráfico 10: Lucro e margem de contribuição por unidade....................................... 75

Gráfico 11: Comportamento do ponto de equilíbrio................................................. 77

Gráfico 12: Função linear do custo variável total..................................................... 78

Gráfico 13: Curvas de CVT – linear e não linear ..................................................... 80

Gráfico 14: Curvas de CVMédio – linear e não linear ............................................. 81

Gráfico 15: Função linear da receita ....................................................................... 82

Gráfico 16: Lucro unitário - linear e não linear......................................................... 84

Gráfico 17: Margem de contribuição unitária - linear e não linear ........................... 85

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CVL CUSTO-VOLUME-LUCRO

CT CUSTO TOTAL

CVT CUSTO VARIÁVEL TOTAL

CTMe CUSTO TOTAL MÉDIO

CVMe CUSTO VARIÁVEL MÉDIO

CMg CUSTO MARGINAL

RMg RECEITA MARGINAL

PE PONTO DE EQUILÍBRIO

MC MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

DRE DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO DO EXERCÍCIO

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 12

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA........................................................ 12

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA.................................................................................... 14

1.2.1 Geral....................................................................................................................... 15

1.2.2 Específicos ............................................................................................................. 15

1.3 JUSTIFICATIVA ....................................................................................................... 15

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................ 18

2.1 A TEORIA ECONÔMICA........................................................................................ 18

2.1.1 Produto Marginal ................................................................................................... 18

2.1.2 Curva de aprendizagem e experiência ................................................................... 19

2.1.3 Custo Marginal ...................................................................................................... 21

2.1.4 Economias de escala e de escopo .......................................................................... 22

2.1.4.1 Economias de escala........................................................................................... 22

Rendimentos de escala ............................................................................................... 23

2.1.4.2 Economias de escopo ......................................................................................... 24

2.2 A ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO............................................................... 25

2.2.1 Margem de Contribuição ....................................................................................... 26

2.2.2 Ponto de equilíbrio................................................................................................. 27

2.2.2.1 Ponto de equilíbrio (PE) em unidades ................................................................ 28

2.2.2.2 Ponto de equilíbrio em unidades monetárias de vendas..................................... 29

2.3 DISCUSSÃO DOS CONCEITOS CONTÁBEIS NA VISÃO ECONÔMICA ..... 30

2.3.1 A maximização do lucro ........................................................................................ 33

11

2.3.2 Aplicação teórica ................................................................................................... 37

3 METODOLOGIA.......................................................................................................... 41

3.1 PERGUNTAS DE PESQUISA.................................................................................. 41

3.2 NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA......................................... 41

3.3 MÉTODO DE PESQUISA ........................................................................................ 43

3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA............................................................................. 43

3.4.1 Limitações da pesquisa .......................................................................................... 44

3.5 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS....................................................................... 44

3.6 DEFINIÇÃO DOS TERMOS E VARIÁVEIS......................................................... 46

3.7 IMPLICAÇÕES ÉTICAS.......................................................................................... 48

4 ANÁLISE DOS DADOS DA EMPRESA .................................................................... 49

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA.......................................................................... 49

4.2 LEVANTAMENTO E ESCOLHA DOS DADOS ................................................... 49

4.3 COMPORTAMENTO DOS CUSTOS ..................................................................... 50

4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS........................................................................... 50

4.4.1 Custos e Despesas Fixas: ....................................................................................... 51

4.4.2 Custos e Despesas Variáveis: ................................................................................ 52

4.5 A PROBLEMÁTICA DA APLICAÇÃO DOS CONCEITOS ECONÔMICOS.. 52

4.6 APLICAÇÃO EMPÍRICA DOS CONCEITOS ...................................................... 53

4.6.1 Análise dos custos.................................................................................................. 54

4.6.2 Análise das receitas................................................................................................ 68

4.6.3 Comparação com a abordagem linear.................................................................... 78

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES.................................................................... 87

12

5.1 CONCLUSÕES........................................................................................................... 87

5.2 RECOMENDAÇÕES................................................................................................. 91

5.2.1 Recomendações para a empresa............................................................................. 91

5.2.2 Recomendações para futuros trabalhos.................................................................. 92

REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 95

1 INTRODUÇÃO

Nesta sessão apresenta-se a exposição dos aspectos introdutórios do

presente estudo, com destaque para o tema e o problema, a definição do objetivo

geral e dos específicos, como também a apresentação das justificativas que

motivam a pesquisa.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

O desenvolvimento econômico e industrial, que teve início com a Revolução

Industrial e se intensificou nas últimas décadas, impôs novas formas de competição

em mercados globalizados. Como resultado, as pressões competitivas impõem

novos posicionamentos estratégicos por parte das empresas. Nesse cenário, os

administradores se defrontam com o desafio de desenvolver estratégias eficientes

para fazer frente à concorrência global.

O momento econômico atual requer um aumento da racionalidade na

administração dos negócios. Os mercados, em crescente competição, exigem dos

dirigentes das empresas atitudes firmes e arrojadas. Assim, novas metodologias e

formas de análise devem surgir no sentido de melhorar o processo de tomada de

decisão. Torna-se necessário buscar subsídios de outras áreas de conhecimento

para aperfeiçoar o processo decisório. Sendo assim, as teorias contábeis e

econômicas podem juntar-se na tentativa de racionalizar os processos produtivos e

estratégicos das empresas. Nesse contexto a contabilidade gerencial busca suprir a

necessidade das empresas por informações mais estratégicas.

Nesse sentido, várias são as formas de abordagem do custo e do lucro. No

presente trabalho aborda-se a análise custo-volume-lucro (CVL), que se concentra

na margem de contribuição dos produtos (que é a diferença entre o valor de venda e

13

o custo variável) com o objetivo de obtenção da maximização do lucro. Nesse

sentido Hansen e Mowen (2001) afirmam que a análise CVL é útil no planejamento e

na tomada de decisão em função de inter-relacionar as informações de custos,

quantidades vendidas e preços.

Contudo, os cálculos de custos e receitas diferem em alguns aspectos para a

economia e para a contabilidade, conforme salienta Iudícibus (1998), que as

funções-custo e a funções-receita não são lineares – apesar de os contadores, para

fins de simplificação, considerarem sua linearidade, colocando-as numa camisa-de-

força. Nesse sentido, Hansen e Mowen (2001) afirmam que os gráficos da análise

CVL contam com algumas suposições entre as quais, a de que as receitas e os

custos apresentam-se de forma linear. Dessa forma, os custos e as receitas por

unidade não apresentam variações ao longo do tempo.

Na visão de Shank e Govindarajan (1997, p.22), na contabilidade gerencial “o

custo é função, basicamente, de um único direcionador de custos: volume de

produção”. Contudo, os autores observam que explicar o comportamento dos custos

com base em apenas um direcionador é limitado. Nesse sentido, existem outros

fatores que influenciam a variação dos custos ao longo do tempo, entre eles, a

escala, o escopo, a experiência, a tecnologia e a complexidade (SHANK E

GOVINDARAJAN, 1997). Estes direcionadores são áreas de conhecimento,

também, da economia, e não muito utilizados pela contabilidade tradicional.

Os conceitos econômicos, para explicar os custos, são semelhantes aos

empregados pela contabilidade. Entretanto, a contabilidade aplica-os de forma

simplificada para facilitar suas análises. Todavia, a utilização dos conceitos da teoria

econômica em sua forma original pode trazer benefícios para os cálculos contábeis.

O custo e a receita marginal – principais conceitos utilizados - são instrumentos de

14

reforço para as análises da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio como

também do ponto de maximização do lucro. Para Maital (1996, p.75), o custo

marginal é “importante para a tomada de decisões empresariais, mas é subestimado

e raramente fornecido ou calculado pelos contadores”.

Por outro lado, a aceitação das funções de custo e receita como lineares

pressupõe que o lucro é ilimitado a partir do ponto de equilíbrio. Esta simplificação

não se aplica em termos práticos, uma vez que o lucro é limitado por vários fatores

internos e externos à empresa. Sendo assim, o presente trabalho tem como tema o

uso do enfoque econômico para os estudos do custo-volume-lucro contábeis. Dessa

forma, pretende-se agregar os métodos e conceitos da economia – principalmente

as análises marginais - aos cálculos da margem de contribuição, ponto de equilíbrio

e maximização de lucros de forma a analisa-los de forma não-linear.

Com base nas considerações apresentadas, busca-se resposta para o

seguinte problema de pesquisa:

Qual a contribuição, para a análise custo-volume-lucro, da integração

entre as abordagens da economia e da contabilidade?

Assim, espera-se, com esse trabalho, contribuir com o modelo contábil atual

da análise custo-volume-lucro, com vistas a aumentar sua relevância no processo de

tomada de decisão.

1.2 OBJETIVOS DA PESQUISA

15

Para desenvolver o presente trabalho de acordo com a problemática proposta,

e, para dar sustentação às questões relacionadas, apresentam-se, a seguir, os

objetivos do estudo.

1.2.1 Geral

O objetivo geral desse trabalho consiste em trazer uma contribuição para a

análise custo-volume-lucro com a integração das abordagens econômica e contábil,

aplicada em um estudo em uma malharia, comparando-se os resultados obtidos com

e sem o auxílio da teoria econômica.

1.2.2 Específicos

Em se tratando dos objetivos específicos que permeiam o presente estudo,

pretende-se o seguinte:

• Discutir o modelo de análise custo-volume-lucro com base nos conceitos

econômicos;

• Testar a análise custo-volume-lucro à luz dos conceitos econômicos, por meio da

aplicação em uma malharia;

• Fazer a comparação dos resultados obtidos com e sem o auxilio da teoria

econômica.

1.3 JUSTIFICATIVA

16

O presente trabalho é motivado por leituras preliminares de manuais de

economia e de contabilidade, no que diz respeito aos custos. Entretanto, estudam os

custos e os lucros de forma diferente. Percebe-se, dessa forma, que a junção das

duas formas de abordagem de custo e lucro - econômica e contábil - pode contribuir

para a melhoria do processo de análise para tomada de decisão.

Desse modo, na presente pesquisa, discute-se a análise custo-volume-lucro

(CVL) que é alvo de críticas por alguns autores – dentre outros, Maher (2001),

Hansen e Mowen (2001). Esses autores, ao definirem as análises custo-volume-

lucro, afirmam que estas são utilizadas pela contabilidade de forma simplificada. Por

outro lado, os autores argumentam que a economia pode oferecer maiores subsídios

para a melhoria do método. Entretanto, esta integração dos conceitos econômicos

aos contábeis carece de maiores estudos.

Nesse sentido, a escolha pela problemática desse estudo está relacionada,

principalmente, à deficiência de trabalhos de pesquisa na área, ou seja, à falta de

trabalhos de pesquisa que façam uma relação entre os conceitos econômicos e

contábeis.

Por outro lado, é crescente a necessidade da contabilidade em melhorar a

qualidade das informações relativas a custo e lucro, a fim de aumentar sua

contribuição para o processo de tomada de decisão. Nesse sentido, a economia

pode auxiliar para a melhoria das metodologias empregadas pela contabilidade,

principalmente no que se refere ao modelo de análise custo-volume-lucro.

Por fim, este trabalho justifica-se, também, pelo fato de que resultados

preliminares indicam que a utilização dos cálculos econômicos são válidos para

auxiliar a contabilidade na melhoria do processo de análise de custos e lucros para a

17

tomada de decisão. Esse tema foi apresentado e discutido em artigo publicado no IX

Congresso Brasileiro de Custos (BORGERT e MARTINS, 2002).

Dessa forma, o interesse manifestado pelos presentes, na ocasião da

apresentação do artigo, como também, as discussões que surgiram em torno do

tema, reforçaram o interesse pelo assunto e justificaram o aprofundamento do

estudo do tema apresentado na presente pesquisa.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Este capítulo apresenta a revisão bibliográfica que fundamenta a presente

pesquisa. Primeiramente se faz uma explanação acerca dos conceitos da teoria

econômica que embasam a pesquisa. Logo após torna-se necessário fazer uma

conceituação da análise custo-volume-lucro contábil, alvo de estudo. Por fim, se

apresenta uma discussão de algumas diferenças existentes entre a teoria econômica

e contábil.

2.1 A TEORIA ECONÔMICA

Para um melhor entendimento do objetivo do presente trabalho, faz-se

necessário a definição dos principais conceitos econômicos relacionados aos custos

e às receitas. Tais conceitos, unidos às metodologias empregadas na contabilidade,

podem colaborar para a elaboração de relatórios mais claros e informativos.

2.1.1 Produto Marginal

Este conceito é relevante por ser o responsável pela variação do custo

marginal. Segundo Pindyk e Rubinfeld (1996), o produto marginal de um fator de

produção representa a variação na produção total resultante da variação de um

insumo de produção. A taxa de variação deste insumo, ao permanecerem

constantes os demais, é que determina o comportamento do custo de produção.

Para Maital (1996, p. 83) a noção de produtividade marginal está associada

ao emprego de duas perguntas:

• “Quanto custa uma hora adicional de mão-de-obra ou de capital?

• Com quanto uma hora adicional de mão-de-obra ou de máquina contribui

para a produção de bens ou serviços da empresa?”.

19

Se os custos associados forem menores do que as receitas adicionais, tal

incremento na produção é viável, pois aumenta o lucro da empresa.

A divisão do trabalho, para Maital (1996), é um exemplo de aumento da

produtividade - o autor baseia-se nas idéias de Adam Smith em sua fábrica de

alfinetes. Assim, a divisão das funções, dentro das empresas, possibilita um alto

grau de especialização, e, aliada ao progresso tecnológico leva a um notável

aumento da produtividade e redução de custos.

Nesse sentido, Watson e Holman (1985, p. 204), argumentam que “o

processo de aprendizagem consiste em adquirir maior familiarização com os

detalhes das tarefas, de modificar ferramentas e procedimentos, e de melhorar a

coordenação”. Assim, à medida que o processo produtivo avança, o custo tende a

decrescer. Desta forma, a tendência da curva de experiência é importante para fazer

previsões acerca dos futuros custos da empresa.

Entretanto, Maital (1996, p. 89) argumenta que a produtividade marginal da

mão-de-obra “(...) depende do talento, capacidade e da formação dos trabalhadores,

em uma luta contínua, dia a dia, para tornar um pouco melhores as coisas

repetitivas”. Assim, a produtividade não está associada tão somente às máquinas e

equipamentos mais modernos e a uma divisão de tarefas e turnos mais eficientes,

mas, é influenciada pela motivação e pelo respeito dado aos funcionários que

realizam tais tarefas e operaram tais máquinas.

2.1.2 Curva de aprendizagem e experiência

A curva de aprendizagem e experiência registra a redução do custo médio e

marginal, em função da quantidade produzida. Maital (1996) define a curva de

aprendizagem e experiência como a mudança no custo variável médio provindo da

variação da experiência.

20

A idéia de experiência está calcada no princípio de que “quanto mais se faz

alguma coisa, melhor se faz” (MAITAL, 1996, p. 130). Na visão do autor, a curva de

experiência tem um resultado cíclico, ou seja, com o aumento da produção,

diminuem os custos. Custos menores levam a preços mais baixos influenciando

assim, na demanda do produto. Com o resultante aumento nas vendas os lucros

melhoram e mais recursos financeiros podem ser destinados ao departamento de

pesquisa e desenvolvimento que diminuirá o custo. Assim, inicia-se um novo ciclo.

O conceito da curva de aprendizagem baseia-se na premissa de que as

empresas aprendem ao longo do tempo. Para Pindyk e Rubinfeld (1996) os

administradores consideram o processo de aprendizagem no planejamento da

produção e previsões de custos futuros. Para os autores, os custos médios no longo

prazo podem declinar, não somente em função dos rendimentos crescentes de

escala, mas em função da curva de aprendizagem. Assim, considera-se que os

trabalhadores e administradores, como também os fornecedores, absorvem novas

informações tecnológicas ao longo do tempo e aumentam a eficiência.

Neste sentido, Maital (1996) afirma que a estratégia da curva de experiência

baseia-se no corte de custos através da produção em larga escala. Portanto, o

aumento da experiência resulta em melhorias na produtividade, na qualidade –

através de inovações nos projetos, diminuição de defeitos, rapidez na execução das

tarefas, aumento de poder de negociação com fornecedores, entre outros – e,

conseqüentemente, na redução de custo.

Entretanto, para Maital (1996), a falta de disposição para as mudanças pode

levar à adoção de rotinas defensivas, que se transformam em inimigos da curva de

aprendizagem. Na visão do autor, quanto mais alto for o estágio de aprendizado e

treinamento da empresa, maior é a probabilidade de seus funcionários serem

21

avessos às mudanças e dessa forma, inibirem as melhorias provindas do processo

de aprendizado.

2.1.3 Custo Marginal

O custo marginal (CMg), também chamado de custo incremental, é o

aumento do custo causado pela produção de uma unidade adicional de produto. O

custo marginal informa quanto custa aumentar uma unidade de produção. Para

Maital (1996, p. 75), o custo marginal é “um conceito particular de custo, importante

para a tomada de decisões empresariais, mas é subestimado e raramente fornecido

ou calculado pelos contadores”. Assim, o custo marginal é pouco utilizado no

processo decisório das empresas. Os custos marginais, entretanto, são

freqüentemente diferentes dos custos médios.

Nesse sentido, Varian (1999, p.379) define custo marginal como a “curva que

mede a variação dos custos para uma dada variação no produto”. Tem por função

demonstrar em que magnitude os custos variam se a produção aumentar em uma

unidade. A demonstração matemática para cálculo do custo marginal, de acordo

com Varian (1999) é a seguinte:

( ) ( ) ( ) ( )

yyCyyC

yyCustoyCM g ∆

−∆+=

∆∆

=

Onde: y = quantidade e ∆ = variação.

Ou, em função do Custo variável (Cv):

( ) ( ) ( ) ( )y

yCvyyCvyyCvyCM g ∆

−∆+=

∆∆

=

22

Onde: y = quantidade e ∆ = variação.

Dessa forma, o custo marginal apresenta a variação dos custos dividida por

uma mudança na produção.

Para Varian (1999), o custo marginal está ligado à variação do produto

marginal – que é o produto adicional obtido pelo acréscimo de um fator de produção.

O produto marginal tende a ser decrescente a partir do ponto no qual um fator de

produção excede a capacidade de absorção de outro. Neste caso, a produtividade

cai e o produto marginal é decrescente, levando-se a um acréscimo no custo

marginal. A partir deste montante de produção, a empresa deve expandir sua

estrutura ou reduzir seu volume de produção para diminuir seus custos.

De acordo com Pindyk e Rubinfeld (1996), inicialmente o CMg é alto e

apresenta reduções somente a partir do momento no qual os insumos se tornam

mais produtivos. Porém, em função do efeito dos rendimentos decrescentes, o custo

marginal passa a aumentar após atingir seu ponto de valor mínimo.

2.1.4 Economias de escala e de escopo

Uma empresa pode obter vantagens de custo através de economias de

escala ou de escopo. Entretanto, as pressões competitivas estão exigindo das

empresas que produzam, ao mesmo tempo com economias de escala, e de escopo.

Para Maital (1996), operar com economias de escala e de escopo, ao mesmo

tempo, gera uma boa vantagem competitiva. Portanto, é preciso produzir

concomitantemente, variedade e volume.

2.1.4.1 Economias de escala

A economia de escala se fundamenta na idéia de volume, ou seja, produção

para mercados de massa (MAITAL, 1996). Assim, são exemplos, geralmente,

23

produtos não muito diferenciados, comodities, entre outros. Uma grande escala

produtiva possibilita redução dos custos e, conseqüentemente, aumento dos lucros.

De acordo com Maital (1996), a redução dos custos médios (CMe) e

marginais (CMg), é resultante do aumento no tamanho de uma unidade produtiva.

Para ele, são vários os fatores que levam a redução dos custos:

• Divisão do trabalho: cada funcionário é responsável por apenas uma etapa

do processo de produção, com isso aumenta-se, a especialização da mão-

de-obra.

• Economia nas compras: as compras são feitas em maior quantidade, o que

confere maior poder de barganha junto aos fornecedores.

• Possibilidade de utilização de equipamentos mais eficientes, porém, caros

para fábricas menores.

• Divisão do custo fixo: dado que o custo fixo não muda, independente da

quantidade produzida, aumentar a produção reflete em um menor impacto

do custo fixo no valor dos custos totais médios, pois são rateados por um

número maior de itens.

Rendimentos de escala

Para o cálculo do custo e do lucro, com enfoque econômico, é importante

incluir as noções de rendimentos de escala. Para Varian (1999), estes podem ser

definidos como o resultado da variação da utilização de todos os insumos de

produção. De acordo com o resultado obtido pela mudança na utilização destes

recursos, os rendimentos classificam-se em:

• Rendimentos crescentes de escala: são obtidos quando a variação no

resultado da produção total é mais que proporcional a variação dos

insumos produtivos utilizados;

24

• Rendimentos constantes de escala: ocorrem quando a variação do produto

total é proporcional a variação do insumo utilizado; e

• Rendimentos decrescentes de escala: são verificados quando uma

determinada variação no produto final é menos que proporcional à

variação dos fatores de produção adicionados no processo produtivo.

A análise dos rendimentos de escala é importante na medida em que estas

variações afetam o custo médio no longo prazo. Nesse sentido, pode-se definir que

o comportamento do custo variável médio (CVMe) é inicialmente decrescente – em

função de a empresa experimentar uma etapa de rendimentos crescentes – e após

alcançar seu ponto mínimo começa a crescer em função dos rendimentos

decrescentes de escala (GARÓFALO E CARVALHO, 1986). Assim, a representação

gráfica do CVMe geralmente é em forma de “U”.

2.1.4.2 Economias de escopo

A economia de escopo está associada à idéia de variedade. Para Maital

(1996), obtêm-se economias de escopo através da fabricação de produtos diferentes

– como, por exemplo, tintas e solventes - utilizando-se das mesmas instalações

físicas e matérias primas. Tal procedimento reduz os custos de produção e aumenta,

em decorrência os lucros.

Essa redução de custos é possível porque várias linhas de produção

compartilham as mesmas instalações, tanto de fabricação, quanto de distribuição e

vendas. Para Maital (1996), a redução dos custos médios (CMe) e marginais (CMg)

é decorrente da utilização das instalações e do processo produtivo de uma única

unidade produtiva, para a produção de diversos produtos e serviços. Entretanto,

para que haja economias de escopo, é preciso verificar se o custo de produzir vários

produtos na mesma fábrica é menor do que o de produzir os mesmos produtos em

25

fábricas separadas (MAITAL, 1996). Caso não se verifique um diferencial de custos,

não é vantajoso fazer uso do escopo produtivo.

Na visão de Maital (1996), inicialmente os produtos passam por economias de

escala, em função de as empresas buscarem reduções de custos. À medida que os

produtos amadurecem, as economias de escopo dominam, pois a empresa precisa

conquistar novos clientes. Desta forma, novos modelos são criados ou novos

recursos são adicionados aos produtos já conhecidos. O escopo, no entanto, deve

sempre ser orientado pela demanda. De nada adianta melhorar ou criar um novo

produto sem que o consumidor esteja disposto a comprá-lo.

2.2 A ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO

Para Hansen e Mowen (2001), a análise CVL é útil no processo de

planejamento e de tomada de decisão por integrar de forma mais ampla, todas as

informações financeiras da empresa, quer seja dos custos, das quantidades

vendidas e dos preços. Para eles, a análise custo-volume-lucro permite que a

empresa visualize qual o comportamento das receitas, dos custos e dos lucros,

quando o volume de produção varia.

Nesse sentido Bornia (2002) corrobora ao afirmar que a análise CVL é um

conjunto de procedimentos que capacita ao gestor visualizar quais as implicações

para o lucro das mudanças ocorridas nas quantidades vendidas e nos custos.

No entanto, Maher (2001) afirma que a análise custo-volume-lucro, em função

de separar os custos fixos dos variáveis, torna as informações mais eficazes para o

curto prazo. Isto se deve ao fato de que no longo prazo a empresa pode tomar

decisões que mudam sua estrutura de custos, alterando-se a margem de

contribuição. Outro aspecto importante é a variação do preço de venda em função

26

da demanda do mercado, que evidencia que a análise CVL é mais recomendável

para análises de curto prazo.

Entretanto, cabe ressaltar que o curto prazo, ao qual se refere Maher (2001)

difere daquele empregado pela contabilidade – para a qual curto prazo é definido em

função do término do exercício contábil, geralmente de 1 (um) ano. Para o autor a

noção de curto e longo prazo é aquela empregada pela economia, para a qual curto

prazo é o período no qual um ou mais insumos produtivos mantêm-se fixos

(VARIAN, 1999). Dessa forma, Bornia (2002, p.71) afirma que “no longo prazo todos

os custos são variáveis”, uma vez que a empresa está em constante busca pelo

aperfeiçoamento e crescimento.

A análise custo-volume-lucro capacita a empresa a visualizar problemas de

forma mais rápida através da análise do ponto de equilíbrio – que será exposto n -

que é afetado, entre outros, pela mudança nos custos fixos e nas receitas. A análise

CVL possibilita também, que a empresa faça projeções para vários cenários ao

simular mudanças de preços e de custos para verificar suas implicações nos lucros

da organização (HANSEN E MOWEN, 2001).

Nesse sentido, Atkinson et al (2000) afirmam que os gestores estão

interessados em saber as implicações das mudanças do volume de produção no

custo. A análise do comportamento dos custos é importante para a determinação do

lucro das empresas. Assim, a análise CVL proporciona um entendimento mais claro

acerca dos inter-relacionamentos que existem entre custo, volume e lucro.

2.2.1 Margem de Contribuição

A margem de contribuição (MC) é definida como o valor resultante da

diferença entre o preço de venda e o custo variável. De acordo com Hansen e

Mawen (2001), é obtida pela seguinte fórmula:

27

Margem de contribuição = Receita de Vendas - Custo variável total

A MC é utilizada para cobrir os custos fixos da empresa e contribuir para o

lucro (SANTOS, 1987). Nesse sentido, a lucratividade da empresa é avaliada em

termos de sua margem de contribuição, cuja ênfase de análise recai sobre os lucros

da empresa.

Assim, o estudo das restrições de um sistema é importante para otimizar os

lucros da empresa uma vez que, frente a uma limitação na produção, a empresa tem

que decidir qual produto priorizar em detrimento de outro. Nesse caso, segundo

Martins (1990), realiza-se a análise de acordo com a margem de contribuição por

fator limitante, ou seja, da restrição. Essa margem determina qual produto deve ser

priorizado.

2.2.2 Ponto de equilíbrio

O ponto de equilíbrio é alcançado no momento em que o lucro for nulo e no

qual o valor total da margem de contribuição (MC) se iguala ao valor dos custos fixos

(HANSEN E MOWEN, 2001). Nesse ponto, todos os custos fixos e os variáveis

estão cobertos pelas receitas obtidas. Para Maher (2001, p.440) “atingir o ponto de

equilíbrio é uma questão de sobrevivência”, pois sem cobrir os custos totais, uma

empresa não se mantém viva. O ponto de equilíbrio pode ser alcançado em

unidades de produto, ou serviço e em unidades monetárias.

De acordo com Maher (2001), empresas que possuem custos fixos altos

apresentam um ponto de equilíbrio alto. Para tais companhias, entretanto, após

alcançado o ponto de equilíbrio seus lucros aumentam rapidamente. Geralmente,

tais empresas possuem custos variáveis baixos, comparativamente aos fixos. Dessa

28

forma, depois de cobertos os custos fixos, os lucros crescerem de forma rápida pois

a MC da empresa é alta.

2.2.2.1 Ponto de equilíbrio (PE) em unidades

Na visão de Hansen e Mowen (2001, p.592), “a decisão inicial da empresa ao

implantar uma abordagem de unidades vendidas à análise CVL é a determinação do

que é uma unidade vendida”. Esta definição para empresas de serviço nem sempre

é fácil. Outra tarefa é a separação dos custos fixos e variáveis.

Para Hansen e Mowen (2001), depois de definidas as questões anteriores

pode-se substituir os valores na fórmula abaixo:

PE em unidades = custos fixos / Margem de contribuição unitária

Dessa forma, obtém-se o número de unidades que precisam ser vendidas

para que se alcance o ponto de equilíbrio. A partir desse ponto a empresa passa a

obter lucro. Hansen e Mowen (2001) afirmam que após este ponto, a margem de

contribuição de cada unidade vendida representa o lucro da empresa, uma vez que

todos os custos fixos já estão cobertos e somente os variáveis são considerados.

Nesse sentido, para a empresa saber qual o volume que deve ser vendido para

alcançar um determinado nível de lucro desejado, basta substituir na fórmula abaixo

(MAHER, 2001):

Volume desejado em unidades = Custos fixos + lucro desejado / MC unitária

Assim, se adiciona o valor do lucro desejado à fórmula anterior, e obtém-se o

volume necessário, em unidades de produto, para alcançá-lo.

29

2.2.2.2 Ponto de equilíbrio em unidades monetárias de vendas

Nos casos em que o cálculo do ponto de equilíbrio for mais facilmente ou

convenientemente calculado em termos de receita de vendas, deve-se adotar essa

abordagem. Entretanto, o tratamento dado aos custos variáveis muda. Assim,

Hansen e Mowen (2001) afirmam que a definição do valor dos custos variáveis é

feita a partir de uma porcentagem sobre o montante das vendas. O valor restante

refere-se à margem de contribuição (MC) que é utilizada para cobrir os custos fixos e

contribuir para o lucro da empresa.

Dessa maneira, a representação matemática para se chegar a ponto de

equilíbrio em unidades monetárias, segundo Hansen e Mowen (2001), é a seguinte:

PE em vendas = Custo fixo / Índice da margem de contribuição

Onde, o índice da margem de contribuição é calculado conforme e fórmula

abaixo. Para Maher (2001, p. 435) esse índice é “a margem de contribuição como

percentual das vendas”, pois uma porcentagem das vendas cobre os custos fixos e o

restante deste percentual é a margem de contribuição. Este índice pode ser

calculado tanto em termos unitários, quanto em termos de valores totais, como

segue:

Índice da margem de contribuição = MC unitária / Preço de venda

Assim, o montante de vendas obtido por meio da aplicação das fórmulas

acima é o valor necessário para igualar o lucro à zero. Para Hansen e Mowen

(2001), a partir desse ponto, o índice da margem de contribuição passa a ser o

índice de lucro, ou seja, retirando do valor das vendas o montante destinado a

cobertura dos custos variáveis, o restante representa lucro para a empresa.

Da mesma forma que no caso anterior, Maher (2001), sugere que para obter-

30

se o valor em vendas necessário para alcançar um determinado nível de lucro, deve-

se adicionar o valor do lucro desejado na fórmula, como segue abaixo:

Volume desejado em vendas = Custos fixos + lucro desejado / índice MC

No entender de Hansen e Mowen (2001), a abordagem do ponto de equilíbrio

em valor de vendas torna-se mais fácil para o caso de empresas que tenham

múltiplos produtos. Entretanto, segundo os autores, para empresas que fabricam um

único produto, qualquer uma das abordagens é considerada viável.

2.3 DISCUSSÃO DOS CONCEITOS CONTÁBEIS NA VISÃO ECONÔMICA

Os conceitos econômicos, conforme apresentado anteriormente, não diferem

em muito dos contábeis. Contudo, a contabilidade utiliza-os de forma simplificada

para facilitar suas análises. Entretanto, o emprego da teoria econômica, em sua

forma original, pode trazer benefícios para os cálculos contábeis. O custo marginal,

por exemplo, é de fácil utilização, bem como é um instrumento de reforço para as

análises da margem de contribuição e do ponto de equilíbrio.

Os conceitos que fundamentam a análise custo-volume-lucro, ademais, são

provenientes da economia. Segundo Dias (1992), a administração contábil e

financeira faz uso destas noções, que são, há muito tempo utilizadas e conhecidas

pela economia. Segundo ele, embora existam algumas distorções nas terminologias

e formas de empregar as metodologias, estas têm seu fundamento na

microeconomia.

Nesse sentido, Maher (2001) afirma que a análise CVL baseia-se nas análises

de maximização de lucro da economia. Segundo ele, a contabilidade, para utilizar tal

modelo, faz uso de dois pressupostos, quais sejam: a suposição das funções

31

lineares de custos e de receitas e a desconsideração do custo de oportunidade no

modelo utilizado. Desta forma, a contabilidade pode subestimar o valor dos custos

totais.

Na visão de Hansen e Mawen (2001), além dos pressupostos acima, a análise

CVL faz uso de outros quatro:

a) Supõe que os preços, os custos fixos e os variáveis podem ser calculados

de forma precisa e permanecem constantes ao longo do processo

produtivo;

b) Supõe que a produção é totalmente vendida;

c) No caso de produzir mais de um tipo de produto, supõe-se que a

combinação de vendas destes é devidamente conhecida;

d) Supõe que tanto os custos quanto os preços de venda sejam conhecidos.

No que se refere a questão da linearidade das funções de custos e de

receitas, Hansen e Mowen (2001), afirmam que esses não são lineares, pois a

medida que se vende mais, o preço de venda tende a diminuir. O mesmo ocorre

com os custos unitários, que, inicialmente são altos, depois decrescem, e novamente

tornam a subir. Para os autores, é difícil lidar com estas questões.

Dessa forma, a contabilidade utiliza um artifício chamado de “intervalo

relevante”, que considera apenas uma faixa de produção e vendas, na qual os

custos e as receitas são ligeiramente lineares (HANSEN E MOWEN, 2001). Essa

idéia é corroborada por Maher (2001, p.453) ao afirmar que “a análise CVL baseia-

se na idéia de que, em determinado intervalo de atividade, a pressuposição da

linearidade aproxima-se da realidade”. Essa aproximação seria suficiente para não

distorcer a realidade. Entretanto, o autor afirma que esta simplificação pode

ocasionar falta de realismo. Dessa forma, a junção de alguns conceitos econômicos,

32

vistos anteriormente, pode melhorar a análise custo-volume-lucro.

Um elemento importante para a análise de custo-volume-lucro é a

determinação da margem de contribuição. Nesse ponto, o auxílio dos conceitos

econômicos - principalmente as análises marginais - pode tornar as informações

mais úteis e precisas. Na visão de Farrar e Meyer (1975), a análise marginal se

apóia na idéia de que a solução melhor possível, para a empresa, pode ser

conseguida através de ajustes, nas margens, de uma pequena quantidade

produzida, por outra. Dessa forma, aloca-se os recursos escassos de um lugar para

outro, de acordo com o maior lucro obtido.

Cabe ressaltar, também que, segundo os pressupostos econômicos, o custo

variável unitário muda conforme aumenta o volume produzido – em função dos

rendimentos de escala, da capacidade ociosa, da curva do aprendizado etc. Para

Dias (1992, p.40) “... nem todos os economistas estão de acordo com a hipótese de

que o custo variável unitário seja constante (...)”. Nesse caso, a utilização de um

custo variável unitário – chamado na microeconomia de custo variável médio

(CVMe) – acrescido da variação dos rendimentos de escala leva a resultados

diferentes. Para tanto, torna-se necessário um acurado conhecimento do processo

produtivo para verificação da modificação nos padrões de produtividade, porque esta

variação aumenta ou diminui o custo variável médio.

A questão principal a ser respondida pelas empresas em tempos competitivos

é em torno de qual nível de produção uma empresa competitiva escolhe operar. O

ponto de equilíbrio – também chamado de ponto de ruptura ou break-even-point – é

alcançado no nível no qual as receitas totais se igualam aos custos totais (RT=CT).

Neste ponto o lucro é nulo.

O ponto de equilíbrio, apresentado de forma linear pela contabilidade, já foi

33

contestado em termos práticos. Nesse sentido, Martins (2003) afirma que não

existem custos e despesas perfeitamente fixos, como também, é difícil de se

encontrar custos e despesas perfeitamente variáveis. O que ocorre é que tais

variações são estudadas dentro de determinados intervalos nos quais as mudanças

não inviabilizam as análises. Nesse caso, segundo Martins (2003), o ponto de

equilíbrio tem validade restrita.

Entretanto, a economia considera a linearidade como uma simplificação

utilizada pela contabilidade para fins de facilidade de análise, embora os sistemas

sofram restrições que alteram a linearidade dos custos e das receitas. Assim, o

custo e o lucro apresentam um comportamento não linear – crescente, constante e

decrescente – que justificam a busca pela quantidade maximizadora de lucro,

definida como a maior diferença entre o total de receita e o total de custo.

2.3.1 A maximização do lucro

Para alguns autores o objetivo principal da empresa é a busca pelo lucro.

Sendo assim, as ações das empresas concentram-se em encontrar a forma mais

eficiente e menos onerosa de produzir. Para Pindyk e Rubinfeld (1996), as empresas

procuram encontrar a melhor combinação possível das quantidades de mão-de-obra,

capital e matérias-primas empregadas na produção, bem como a melhor quantidade

de produto a ser produzida.

Os gestores estão preocupados com a maximização dos lucros. Assim, os

produtos são avaliados não somente em termos de custo, mas de acordo com sua

contribuição para gerar lucro para a empresa. Para Noreen et al (1996), o foco está

na maximização do lucro e não na minimização do custo. A fábrica se transforma de

centro de custos em um centro de lucros.

Na microeconomia, o lucro é maximizado ao nível de produção no qual a

34

receita marginal é igual ao custo marginal (RMg = CMg). Nesse ponto, a receita

adicional obtida com a venda de uma unidade a mais se iguala ao custo extra de

produzir essa unidade. Quando, porém, o mercado opera em concorrência perfeita

e, conforme colocado por Wessels (1998), cada empresa é individualmente muito

pequena para provocar uma modificação no preço, tem-se que a RMg é igual ao

preço de mercado. Nesse caso, a condição para maximização do lucro é a igualdade

entre o CMg e o preço de mercado, ou seja, CMg = P (WESSELS, 1998). Contudo,

estas considerações se aplicam ao curto prazo.

Desta forma, evidencia-se a importância da análise do CMg nas decisões de

aumento ou redução de produção. Conforme descrito por Varian (1999), medir o

impacto no lucro, por conta de uma mudança na produção, pode ser conseguido

mediante a análise das informações obtidas do CMg e não do custo médio, uma vez

que o CMg reflete exclusivamente a variação do custo proveniente dessa alteração

na produção, e, somente dela.

Neste sentido Wessels (1998) afirma que o ponto de maximização do lucro é

o momento no qual a receita marginal se iguala ao custo marginal, independente de

este ser ou não o ponto de menor custo médio. Para ele, o lucro nem sempre é

maior no instante em que as receitas totais são mais altas. Então o que importa é

estudar o comportamento dos custos marginais das empresas. As relações

marginais são as que determinarão o ponto de maximização dos lucros das

empresas.

Assim, conforme colocado por Wessels (1998), enquanto a RMg for maior que

o CMg a empresa deve continuar produzindo. Porém, quando a RMg for menor que

o CMg, a empresa estará incorrendo em prejuízo e é preferível que ela diminua seu

ritmo produtivo ou, incremente seu parque fabril, para obter maiores lucros. Todavia,

35

essas relações são teóricas e desconsideram a capacidade de absorção da

produção por parte do mercado. Em mercados reais, outras variáveis devem ser

levadas em conta. Conforme afirma o autor, o melhor meio de obter lucro é inovar.

No tocante ao ponto de maximização de lucro, em mercados competitivos ele

serve apenas como um sinalizador do caminho a ser perseguido. A oscilação

constante das variáveis que envolvem o processo de geração de lucro das empresas

às impedem de acomodar-se frente a uma situação de suposta “maximização de

lucro”. Nesse ponto Bornia (2002) critica a busca pelo ponto ótimo produtivo (grifo do

autor), ao afirmar que a permanência nesse nível produtivo pode levar a empresa a

sérias conseqüências. Nesse sentido, a empresa deve buscar melhorias contínuas

para manter-se competitiva.

Entende-se que as questões acima envolvem um número de variáveis e

conhecimentos que merecem ser estudados com maior detalhamento e

profundidade no decorrer desse trabalho. O que vale explanar é a relação do custo

total com a receita total, que se apresenta no gráfico 01, a seguir:

Gráfico 1: Ponto de maximização de lucro

Receita Custo

Quantidade Q1 Q2

Receita Total

A

Custo Total

36

Fonte: Hansen e Mowen (2001)

O gráfico 01 representa a relação dos custos totais e das receitas totais. Pelo

fato de existirem custos fixos e variáveis, não lineares, o custo total não é uma reta.

Conforme Varian (1999), a inclinação da curva de custo total é dada pelo custo

marginal que leva a variações não uniformes da curva de custo total.

Para a economia, a receita total é, geralmente, representada por uma curva

em função da variação da receita marginal proveniente da alteração dos preços

dado pelo aumento ou diminuição da quantidade ofertada (VARIAN, 1999). No

gráfico 01 acima, parte-se do pressuposto de que o preço é definido pelo mercado e,

portanto, a variação do volume ofertado não altera os preços.

O ponto A do Gráfico 1 representa um ponto de equilíbrio, no qual a receita

total é igual ao custo total. Observa-se que o custo total, neste ponto, apresenta-se

decrescente. Até o limite de produção Q1 o aumento da produção representa uma

redução dos custos e, conseqüentemente, um aumento nos lucros. Esse é o ponto

de maximização dos lucros. A partir deste volume de produção os custos tornam-se

crescentes e se igualam ao valor da receita total no ponto B do gráfico. Nesse

instante, o lucro torna-se nulo (igual a zero) e um aumento da produção sem um

aumento nos preços acarreta em prejuízos.

Nas decisões de alterações na produção, é importante analisar o

comportamento da demanda do mercado. Geralmente, a receita depende do

comportamento da demanda. Desta forma, por exemplo, se o preço dos produtos

ofertados sobe, o consumo tende a baixar – dado que a renda não se altera na

mesma proporção do aumento dos produtos – o que leva as pessoas a consumirem

menos. Tal fato, por sua vez, leva a uma diminuição na receita total em função da

redução no consumo. O mesmo raciocínio se aplica no sentido inverso. Então, para

37

que uma empresa consiga vender mais quantidades de seu produto, deve baixar o

seu preço. Dessa forma, evidencia-se que a receita marginal (RMg) é decrescente. A

análise da variação da receita, para Varian (1999), é especialmente importante nas

decisões de produção das empresas.

2.3.2 Aplicação teórica

De acordo com Borgert e Martins (2002), para incrementar a análise da

margem de contribuição com a inclusão dos conceitos econômicos, utiliza-se o custo

marginal – associado ao custo variável médio – para o cálculo do ponto de equilíbrio.

Da forma comumente utilizada, a margem de contribuição se apresenta do seguinte

modo:

Vendas (unitário) ............................ $90,00

(-) Custo Variável (unitário) ........... $50,00

Margem de Contribuição (unitária).. $40,00

Entretanto, o custo variável para se produzir diferentes lotes de mercadorias

não é constante. Com a abordagem do custo marginal, a tendência é que o valor do

custo diminua inicialmente, gerando maiores margens de contribuição e incrementos

nos lucros. Na tabela 1, apresenta-se uma situação hipotética, considerando-se uma

produção crescente com custos variáveis unitários segundo a abordagem

econômica. Para fins de estudo, foram feitas suposições acerca da mudança dos

custos variáveis unitários, tais como, a de que o custo variável médio decresce com

o aumento da quantidade produzida, que existam alterações no custo provenientes

da curva de experiência, entre outros.

Tabela 1: Custos e margem de contribuição de uma empresa no curto prazo

38

Nível de

Produção

Custo

Variável (u)

Custo

Variável (t)

Custo

Marginal (u)

Preço

Venda

MC

C. Variável

MC

C. Marginal

1 50,00 50,00 50,00 90,00 40,00 40,00

10 48,00 480,00 47,78 90,00 42,00 42,22

35 45,00 1.575,00 43,80 90,00 45,00 46,20

56 43,00 2.408,00 39,67 90,00 47,00 50,33

60 43,00 2.580,00 43,00 90,00 47,00 47,00

70 44,00 3.080,00 50,00 90,00 46,00 40,00

75 45,00 3.375,00 59,00 90,00 45,00 31,00

Fonte: Borgert e Martins (2002)

A Tabela 1 mostra os valores do custo marginal conforme a fórmula

matemática. O nível de produção de dez unidades (CMg10) é calculado a título de

exemplo:

ytCvyCMg

∆∆

=)()( 78,47

11050480)10( =

−−

=CMg

Nos gráficos 02 e 03, encontra-se a representação gráfica da diferença do

comportamento dos custos e da margem de contribuição em termos variáveis e

marginais por unidade, prescritos na tabela 01:

���������������������������������������

�������������������������������������������������

��������������������������

0 . 0 0

1 0 . 0 0

2 0 . 0 0

3 0 . 0 0

4 0 . 0 0

5 0 . 0 0

6 0 . 0 0

7 0 . 0 0

N í v e l d e P r o d u ç ã o

CVm

e e

CM

g

����������������������������C u s t o V a r i á v e l( u )C u s t o M a r g i n a l( u )

Gráfico 2: Curvas de custo variável e marginal

Fonte: Borgert e Martins (2002)

Conforme se pode observar, pela análise do gráfico 02, a variação do custo

39

marginal é diferente do custo variável médio. Os valores dos custos marginais

obtidos são inicialmente inferiores ao CVMe, interceptando a curva de CVMe em seu

ponto mínimo, após o qual, apresenta valores maiores que o CVMe. O

comportamento da curva de CMg se apresenta de forma mais acentuada que a de

CVMe. Observa-se dessa forma, que a curva de CMg demonstra de maneira mais

clara e precisa a variação nos custos.

Em termos numéricos, o CVMe é minimizado ao nível de produção de 56 ou

60 unidades, cuja margem de contribuição unitária neste nível é $47,00. Entretanto,

sob a ótica do CMg, o custo atinge seu ponto mínimo no nível de produção de 56

unidades, no qual a margem de contribuição por unidade é no valor de $50,33. A

partir desse ponto a margem de contribuição decresce em função do aumento do

custo marginal.

Gráfico 3: Curvas de margem de contribuição pelo custo variável e marginal

���������������������������������

��������������������

�������������������������������������������

-

1 0 . 0 0

2 0 . 0 0

3 0 . 0 0

4 0 . 0 0

5 0 . 0 0

6 0 . 0 0

N í v e l d e P r o d u ç ã o

MC

(CVM

e) e

MC

(CM

g)

�������������������������������M C C .V a r i á v e l

M C C .M a r g i n a l

Fonte: Borgert e Martins (2002)

As variações da margem de contribuição podem ser visualizadas no gráfico

03, no qual a curva da margem de contribuição – calculada a partir do CVMe – se

apresenta mais constante enquanto que a curva da margem de contribuição – com

40

base no custo marginal – é mais acentuada. Observa-se, também, que o

comportamento da margem de contribuição unitária não é constante, conforme se

apresenta nas definições correntes. Através da análise marginal, pode-se perceber

que enquanto os custos descem, a margem de contribuição aumenta e vice-versa.

Assim, com base nos dados do problema apresentado, onde a margem de

contribuição inicial é $40,00 e o preço de venda fixado é $90,00, supondo-se que o

Custo Fixo da referida empresa seja de $280,00, obtém-se o ponto de equilíbrio da

seguinte forma:

7

00,4000,280

===MCuCFPEunidades

Para o cálculo do ponto de equilíbrio em valor de vendas é necessário saber

qual é o índice da margem de contribuição, como segue:

MCu 00,63044,000,280

%===

MCCFPE vendasdevalor

44,0

00,9000,40

==PV

Pode-se observar que $630,00 é, justamente, a receita total obtida pela venda

de 7 unidades de produto. Entretanto, a partir de um lote de produção de 10

unidades, como visto na tabela 1, os custos se alteram o que faz variar a margem de

contribuição e, por decorrência, o ponto de equilíbrio. Desta forma, também o ponto

de equilíbrio é variável por unidade em função do volume.

3 METODOLOGIA

A finalidade desse capítulo é apresentar os aspectos metodológicos

necessários para realizar o presente estudo. Primeiramente, definem-se as

perguntas de pesquisa. Logo após, mostra-se a natureza e a caracterização da

pesquisa. Em seguida, apresenta-se o método que norteará o presente trabalho,

seguido das delimitações e limitações envolvidas. Apresentam-se também, as

técnicas de coleta e análise dos dados, bem como a definição dos termos e das

variáveis. Esse capítulo finaliza-se com uma breve exposição das implicações éticas

envolvidas na pesquisa.

3.1 PERGUNTAS DE PESQUISA

Tendo em vista o problema de pesquisa estabelecido e os objetivos

estruturados, definem-se as seguintes perguntas de pesquisa:

• Quais os principais conceitos da teoria econômica que contribuem para a análise

custo-volume-lucro?

• Como testar a análise custo-volume-lucro à luz dos conceitos econômicos, em

uma malharia?

• Quais os resultados obtidos mediante a aplicação da análise custo-volume-lucro

proposta, comparada com os resultados obtidos com a utilização do modelo

contábil atual?

3.2 NATUREZA E CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

42

De acordo com a abordagem do problema de pesquisa, esse estudo

caracteriza-se por ser quantitativo do tipo explicativo, de natureza teórico-empírica.

Na visão de Richardson (1989, p.29), o método quantitativo “caracteriza-se

pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações,

quanto no tratamento dessas (...)”. Na presente pesquisa os dados e as análises são

de natureza quantitativa referentes aos valores e às quantidades mensuráveis

objetivamente.

Nesse sentido, além de quantitativo, esse estudo caracteriza-se como

explicativo. Na visão de Andrade (1997), uma pesquisa cuja finalidade é ser

explicativa deve, além de analisar, classificar e interpretar o assunto estudado,

identificar os causadores de tais fenômenos. Esta é uma pesquisa que visa o

aprofundamento dos assuntos no sentido de encontrar as explicações das coisas.

Nesse sentido, Santos (1999, p.27) corrobora ao afirmar que uma pesquisa

explicativa é aquela que pretende “criar uma teoria aceitável a respeito de um fato ou

fenômeno”. Assim, o presente trabalho visa contribuir para o preenchimento da

lacuna existente entre o atual modelo contábil e a contribuição que pode ser

conseguida com a inclusão de variáveis provenientes da teoria econômica.

Com relação ao fato de ser teórico-empírica, inicialmente se faz um

levantamento dos conceitos da teoria contábil e da econômica. Nesse sentido, uma

tese teórica é um estudo que pretende encarar um problema abstrato (ECO, 1983).

Também para Castro (1977), um pesquisador teórico tem como objetivo aperfeiçoar

o arcabouço teórico existente. Assim, primeiramente se faz uma reflexão teórica do

tema.

Depois de apresentadas as apreciações teóricas e identificadas as limitações,

parte-se à campo para verificação das hipóteses levantadas. Nesse sentido, Minayo

43

(1994) afirma que a partir da construção teórica, o campo torna-se o palco no qual

ocorrem as interações entre o pesquisador e o objeto de estudo no qual novos

conhecimentos são construídos.

3.3 MÉTODO DE PESQUISA

A presente pesquisa faz uso do método hipotético-dedutivo. Nesse sentido,

Marconi e Lakatos (2000, p.72) afirmam que a dedução “(...) defende o

aparecimento, em primeiro lugar, do problema e da conjectura, que serão testados

pela observação e experimentação. Assim, na presente pesquisa, parte-se de um

problema pré-determinado e de elaboração de hipóteses, para a verificação

empírica. Para Andrade (1997, p.22) o método hipotético-dedutivo “(...) não se limita

à generalização empírica das observações realizadas, podendo-se, através dele,

chegar à construção de teorias e leis.” Dessa forma, esse trabalho visa juntar alguns

aspectos da teoria econômica e contábil, com o intuito de trazer uma contribuição

para a melhoria da qualidade das informações oferecidas pelo atual modelo contábil.

Nesse sentido, a presente pesquisa parte da hipótese de que a junção dos

conceitos econômicos aos contábeis pode contribuir para melhorar as informações

da contabilidade, no que se refere à análise custo-volume-lucro. Ademais, o caráter

hipotético do método, indica que as conclusões à que se chegar são de natureza

provisória e não definitiva.

3.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

44

Para Minayo (apud Minayo, 1994), o campo de pesquisa é o recorte que se

faz em termos de espaço, sendo esse a realidade empírica que se pretende estudar.

Assim, o campo de investigação do presente trabalho é uma malharia.

No que se refere ao assunto (ou objeto de estudo), é foco de investigação a

análise custo-volume-lucro contábil, aliada a variáveis econômicas escala, escopo e

curva de experiência.

3.4.1 Limitações da pesquisa

O presente estudo é aplicado somente em uma empresa. Assim, as conclusões

à que se chegar não podem ser generalizadas. Futuros estudos poderão ser

aplicados em outras empresas, de outros setores da economia, para a verificação

mais precisa da validade do estudo.

Outra limitação da pesquisa refere-se ao fato de que a microeconomia possui

diversas variáveis. Entretanto, serão utilizadas apenas três delas, quais sejam,

escala, escopo e curva de experiência.

No que se refere à questão da não linearidade dos custos e das receitas, o

presente trabalho limita-se a estudá-las com base em informações obtidas nos

relatórios gerenciais da empresa. Para tanto, são utilizadas funções de custos e de

receitas.

3.5 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

São várias as técnicas de coleta de dados. Entretanto, para a elaboração

desse trabalho, é utilizada a pesquisa documental, de fontes secundárias. Tais

documentos são os relatórios contábeis relativos aos custos, volume de produção,

45

vendas e lucros. Assim, para Santos (1999), documentos são fontes de informações

das quais os relatórios financeiros das empresas são um exemplo.

A análise dos dados da presente pesquisa é realizada mediante análise

documental. Na visão de Lüdke e André (1986), os documentos são uma fonte

natural de informações estáveis e ricas. Para eles, além dessas vantagens a análise

documental geralmente é barata. Para a presente pesquisa a análise documental

apresenta-se como uma boa técnica de análise de dados, pois as informações não

apresentam dupla interpretação nem tampouco validade questionável. São

informações de natureza quantitativa e técnica e estão disponíveis para serem

analisadas. No processo de análise dos dados são utilizados gráficos e tabelas para

melhor ilustração.

Quanto ao modo de investigação, essa pesquisa faz uso de simulações, pois,

para verificar a validade do modelo proposto é necessário calculá-lo para diversos

cenários. Nesse sentido, para Bruyne et al (1977) a simulação objetiva programar

em computador certos processos teóricos, observar os resultados que estes geram

e compará-los, se possível, com a realidade. Assim, com os dados reais da empresa

se procede a simulações para vários níveis de produção e custo, para verificar as

implicações nos lucros. Dessa forma, a simulação é utilizada para testar a eficácia

da análise proposta. Para tais simulações é necessário determinar as funções de

custo e de receita. Tais cálculos, no presente trabalho, são feitos com o auxílio dos

recursos estatísticos do programa Microsoft EXCEL.

Nesse sentido, Maher (2001), afirma que fazer análises custo-volume-lucro

em computador é útil para obter respostas do tipo “e se” predominantes no

planejamento e tomada de decisão. Através de planilhas eletrônicas é mais fácil

determinar os efeitos das alterações de preços, nos custos e no volume.

46

A presente pesquisa faz uso de dados de custos e receitas extraídos dos

relatórios gerenciais. É cabível ressaltar que há diferenças entre a contabilidade

gerencial e a contabilidade fiscal ou financeira. Na visão de Atkinson et al (2000) a

contabilidade financeira tem a finalidade de elaborar relatórios para o público externo

– acionistas, credores, governo, entre outros – e, como tal, deve ser realizada dentro

de padrões e regras estabelecidas pelas autoridades governamentais. Por outro

lado, na visão dos mesmos autores, a contabilidade gerencial destina-se ao público

interno, servindo como apoio à tomada de decisão.

Nesse sentido, a contabilidade gerencial tem como prioridades o planejamento,

a avaliação de desempenho, o controle e a tomada de decisão. Dessa forma, trata a

organização como um todo, integrando as diferentes atividades dentro de um

mesmo sistema contábil (PADOVEZE, 1994). Assim, a informação flui mais

facilmente em todos os níveis da organização e melhora o processo decisório.

Sendo assim, a contabilidade gerencial, para Padoveze (1994, p. 26) “significa

o uso da contabilidade como instrumento da administração”. Para tanto, todas as

áreas e atividades da organização devem ser contemplados pelo sistema de

informação contábil gerencial. Essas informações devem ser elaboradas de forma

que atendam às mais diversas necessidades e áreas da empresa. Ou seja, a

contabilidade gerencial deve ajudar os funcionários a tomar decisões não apenas

sobre as questões internas da empresa, mas também, nas questões relacionadas ao

mercado no qual a organização atua (ATKINSON et al, 2000).

3.6 DEFINIÇÃO DOS TERMOS E VARIÁVEIS

47

Com a finalidade de melhorar a compreensão do estudo, faz-se necessário a

definição de alguns termos específicos utilizados no contexto desse estudo,

conforme segue:

• Custo – “Gasto relativo à bem ou serviço utilizado na produção de outros bens ou

serviços” (MARTINS, 2003, p.25).

• Custo Marginal – Acréscimo no custo total proveniente da produção de uma

unidade a mais de determinado produto.

• Custo Variável – Varia proporcionalmente a mudança no nível de produção ou

vendas (ATKINSON et al, 2000).

• Custo Variável Médio – Custo variável total dividido pela quantidade produzida ou

vendida.

• Custo fixo – Permanece constante mesmo com mudanças no nível de produção

no curto prazo (ATKINSON et al, 2000).

• Custo Total – Somatório do custo fixo com o custo variável.

• Custo Médio – Custo total dividido pela quantidade produzida ou vendida.

• Lucro – Diferença entre as receitas de vendas e os custos e despesas totais.

• Análise custo-volume-lucro – “Estudo das inter-relações entre custos e volume, e

da forma como eles impactam o lucro” (MAHER, 2001, P. 432).

• Ponto de equilíbrio – Volume de vendas no qual o lucro é zero (MAHER, 2001).

• Margem de contribuição – Diferença entre a receita de vendas e os custos e

despesas variáveis (ATKINSON et al, 2000).

• Escala – produção em grandes volumes de produtos semelhantes.

• Escopo – produção de produtos variados com a utilização das mesmas

instalações.

48

• Experiência – redução do custo médio de produção em função do

aperfeiçoamento da mão-de-obra, maior poder de barganha com fornecedores,

etc.

3.7 IMPLICAÇÕES ÉTICAS

A presente pesquisa é realizada em uma empresa do ramo têxtil. São foco de

análise os relatórios contábeis relativos aos custos, volume de produção e lucros. As

questões éticas que envolvem a pesquisa se relacionam às informações financeiras

necessárias. Assim, com o intuito de salvaguardar as informações recebidas, o

nome da empresa, bem como o seu endereço não são explicitados no presente

trabalho.

No que se refere ao conteúdo dos dados coletados na empresa, esses são

utilizados somente para fins da presente pesquisa, que é apresentada às pessoas

responsáveis da empresa, para avaliação, antes da entrega do trabalho final à

universidade. Outrossim, os dados contidos no presente trabalho são todos

indexados para preservar o sigilo da empresa.

Com relação ao contato com a empresa, Minayo (1994) adverte para a

questão do respeito às pessoas envolvidas no processo de pesquisa. Nesse sentido,

também, são respeitados os horários e a privacidade das pessoas que trabalham no

departamento responsável pela elaboração e fornecimento de tais relatórios.

4 ANÁLISE DOS DADOS DA EMPRESA

Nessa sessão trata-se dos aspectos relativos a pesquisa de campo. Dessa

forma, inicialmente, se faz uma breve apresentação da empresa objeto de estudo do

presente trabalho, logo após são apresentados os dados que são estudados e,

finalmente, se procede à análise dos mesmos.

4.1 APRESENTAÇÃO DA EMPRESA

A empresa em estudo situa-se em Santa Catarina e atua no ramo de malhas.

Atualmente o Brasil apresenta-se como seu principal mercado consumidor, embora

exporte uma pequena parte da sua produção. O fio utilizado na fabricação dos

tecidos é provindo parte do mercado externo e o restante do mercado nacional e o

processo de tingimento dos tecidos é terceirizado. O nome, bem como o endereço

da empresa, não são disponibilizados para fins desse trabalho, por questões de

interesse da organização em questão.

4.2 LEVANTAMENTO E ESCOLHA DOS DADOS

Para a realização desse trabalho são utilizados dados extraídos dos relatórios

gerenciais da empresa. Cabe ressaltar que a empresa possui relatórios gerenciais e

fiscais. Entretanto, a análise custo-volume-lucro (CVL), tema de estudo nessa

dissertação, é uma metodologia de análise gerencial de apoio ao processo de

tomada de decisão dos gestores.

Assim, a referida empresa, como outras, possui relatórios destinados à

contabilidade gerencial e outros que são utilizados para a contabilidade fiscal. Os

dados referentes à contabilidade gerencial refletem valores de mercado da empresa

e de suas atividades, critérios de rateio e de depreciação, que não são

50

contemplados pela contabilidade fiscal, mas que são essenciais para a gestão da

empresa. Dessa forma, a presente pesquisa faz uso de dados de custos e receitas

extraídos dos relatórios gerenciais.

4.3 COMPORTAMENTO DOS CUSTOS

O comportamento dos custos da empresa em questão é influenciado por

diversos fatores, entre os quais cabe destacar as variações cambiais, que interferem

no custo do fio utilizado na fabricação dos tecidos. Atualmente, cerca de 50% do fio

empregado no processo produtivo é proveniente do mercado externo. Dessa forma,

as flutuações cambiais, interferem consideravelmente no custo de produção e não

são controláveis pela empresa. Ademais, o preço do fio é cotado internacionalmente

deixando a empresa, nesse ponto, dependente do mercado externo.

Outro fator de influência no custo é o tipo e a cor de tecido produzido. A

empresa produz um variado mix de tecidos. Além disso, cada tecido é produzido em

cores diferentes, a cor do tingimento interfere no custo. Assim, tanto o tipo quanto a

cor do tecido impactam no custo do produto.

Entretanto, para fins gerenciais de definição de ponto de equilíbrio, a empresa

analisa os produtos de modo mais geral, ou seja, através de valores globais – por

quilos produzidos no total – ou então, por tipo de tecido. A análise por tipo e cor de

tecido dificulta o processo decisório da empresa. Tais análises são feitas para outras

decisões estratégicas.

4.4 CLASSIFICAÇÃO DOS CUSTOS

51

Para proceder à analise custo-volume-lucro, é necessário, inicialmente, fazer a

separação entre os custos e despesas fixas e variáveis. Dessa forma, com o auxílio

da DRE (Demonstração de Resultado do Exercício) da empresa em questão, pode-

se fazer tal separação.

Desse modo, os custos e as despesas estão assim classificados:

4.4.1 Custos e Despesas Fixas:

• Mão-de-obra de produção;

• Gastos gerais de fabricação;

• Despesas comerciais (exceto comissões e fretes);

• Despesas administrativas;

• Despesas tributárias;

Cabe ressaltar, entretanto, que a classificação dos custos e despesas acima

como fixos é empregada pela empresa como objeto de tomada de decisão.

Entretanto, alguns custos citados acima não são totalmente fixos, como ressalta

Leftwich (1974) quando afirma que somente em termos teóricos se pode separar o

custo fixo do custo variável. Nesse sentido, para exemplificar, a mão-de-obra direta

não é um recurso totalmente fixo. No entanto, sua parte variável é de difícil

separação para a empresa em questão, por outro lado, o custo total da mão-de-obra

representa, em média, apenas 2,90% do total do custo do produto, uma vez que o

processo produtivo da organização em estudo é consideravelmente mecanizado.

Assim, a empresa opta por considerar a mão-de-obra como um custo fixo, em

função de que o esforço despendido para a apuração mais acurada entre o que é

custo fixo e variável é mais alto do que o benefício obtido com tal informação.

52

4.4.2 Custos e Despesas Variáveis:

• Matéria-prima e serviços consumidos;

• Impostos incidentes sobre vendas;

• Comissões;

• Fretes;

4.5 A PROBLEMÁTICA DA APLICAÇÃO DOS CONCEITOS ECONÔMICOS

Para proceder às análises com a utilização do custo marginal, é necessário que

seja respeitado o curto prazo que, para a teoria econômica, define-se como qualquer

período entre aquele em que nenhuma quantidade de recursos pode variar e aquele

em que as quantidades de todos os recursos, menos um, podem variar (...)”

(LEFTWICH, 1974, p. 147). Nesse sentido, classificam-se como fixos todos os

recursos que não variam e variáveis aqueles cujas quantidades de recursos possam

ser facilmente modificadas.

Assim, o período utilizado para estudo, na empresa em questão, encontra-se

dentro do curto prazo, pois há a presença de recursos que permanecem fixos ao

longo de todo o período de análise. A amplitude dessa pesquisa é de um ano, por

esse ser, geralmente, o período contábil das empresas. Desse modo, o período de

análise é de janeiro a dezembro, período no qual julga-se que ocorra uma série de

alterações no ciclo produtivo da empresa.

No que se refere à curva de experiência, a empresa encontra-se num estágio

de maturidade do processo produtivo, com funcionários antigos e adaptados às

máquinas. O poder de barganha com os fornecedores, como também, o

conhecimento acerca da tecnologia utilizada atualmente, estão bem avançados.

53

Assim, reduções de custos provindas do aumento da experiência são pouco

percebidas na composição de custos da empresa.

Entretanto, a empresa estuda a possibilidade de remodelar e/ou ampliar seu

parque fabril com a aquisição de maquinário com tecnologia mais moderna. Dessa

forma, espera-se entrar em um novo ciclo produtivo no qual reduções de custo

provindas da curva de experiência poderão ser melhor observadas.

No que tange aos fatores externos que influenciam o processo produtivo da

empresa, a teoria econômica - no emprego do custo marginal - aborda as variáveis

em estudo e considera que as demais permanecerão constantes. Entretanto, a

interação com o ambiente externo é inevitável. A influência da inflação, do câmbio,

do tipo de tecido e cor que se fazem presentes na composição dos custos são

problemas a serem resolvidos quando da aplicação dos conceitos econômicos.

A variação do custo marginal é mais facilmente verificada através de um

período de análise no qual as reduções ou aumento do valor dos recursos se fazem

por fatores internos e controláveis pela empresa, como por exemplo, redução no

custo da matéria-prima através de compra de lotes maiores, por aumento de poder

de barganha ou por redução de desperdícios. Entretanto, a empresa em questão,

como a maioria das outras, é influenciada por fatores externos.

4.6 APLICAÇÃO EMPÍRICA DOS CONCEITOS

Para a verificação empírica dos fundamentos apresentados no presente

trabalho, inicialmente, se faz uma análise dos custos. Logo após, se procederá ao

tratamento das receitas, concomitantemente com a análise custo-volume-lucro da

empresa em questão.

54

4.6.1 Análise dos custos

Como exposto anteriormente, as informações utilizadas para análise são

extraídas dos relatórios gerenciais da empresa. A tabela 02 apresenta as

quantidades produzidas ao longo dos meses de janeiro de 2004 a dezembro do

mesmo ano. Nas colunas seguintes estão enumerados os custos associados a tais

volumes de produção.

Tabela 2: Quantidade produzida e custos

Mês Kg Prod. C + D Variáveis C + D Fixas Custo Total CVMe/u CTMe/u CFMe/uJaneiro 72.687,33 888.289,25 274.117,73 1.162.406,99 12,22 15,99 3,77Fevereiro 81.836,52 1.287.524,85 276.145,54 1.563.670,39 15,73 19,11 3,37Março 108.888,23 1.803.843,50 287.277,59 2.091.121,10 16,57 19,20 2,64Abril 92.624,87 1.786.149,92 268.337,78 2.054.487,70 19,28 22,18 2,90Maio 115.019,20 1.755.052,00 292.902,05 2.047.954,05 15,26 17,81 2,55Junho 93.681,58 1.730.288,57 208.502,10 1.938.790,67 18,47 20,70 2,23Julho 94.574,59 1.646.835,15 294.984,93 1.941.820,08 17,41 20,53 3,12Agosto 105.653,71 1.565.442,22 276.717,55 1.842.159,77 14,82 17,44 2,62Setembro 102.154,40 1.675.673,97 264.433,81 1.940.107,78 16,40 18,99 2,59Outubro 108.494,53 1.833.208,39 239.896,22 2.073.104,61 16,90 19,11 2,21Novembro 90.364,22 1.754.281,58 245.701,77 1.999.983,35 19,41 22,13 2,72Dezembro 42.279,65 1.034.450,64 360.118,47 1.394.569,10 24,47 32,98 8,52

Fonte: Dados da pesquisa.

Cabe ressaltar que os números acima, assim como os demais que serão

apresentados, encontram-se indexados para preservar o sigilo das informações

fornecidas pela empresa. Entretanto, no processo de indexação foram respeitadas

as proporcionalidades dos dados. Outro ponto a ser considerado é a composição do

custo variável total (CVT) e fixo total (CFT), os quais englobam não somente os

custos, mas também as despesas.

Observa-se uma inconstância nas quantidades produzidas ao longo dos

meses. Esse comportamento deve-se à sazonalidade do mercado, devido às

estações do ano. Dessa forma, para proceder às análises pertinentes à presente

pesquisa, a produção será organizada em ordem crescente de quantidade

produzida, desconsiderando-se os meses aos quais a produção está relacionada.

55

Tal procedimento é considerado necessário uma vez que o que se pretende é

verificar o comportamento dos custos para os diversos níveis de produção.

Assim, a Tabela 3, apresenta o comportamento dos custos para os níveis de

produção em análise.

Tabela 3: Níveis de produção e custos Mês Kg Prod. C + D Variáveis C + D Fixas Custo Total CVMe/u CTMe/u CFMe/u

Dezembro 42.279,65 1.034.450,64 360.118,47 1.394.569,10 24,47 32,98 8,52Janeiro 72.687,33 888.289,25 274.117,73 1.162.406,99 12,22 15,99 3,77Fevereiro 81.836,52 1.287.524,85 276.145,54 1.563.670,39 15,73 19,11 3,37Novembro 90.364,22 1.754.281,58 245.701,77 1.999.983,35 19,41 22,13 2,72Abril 92.624,87 1.786.149,92 268.337,78 2.054.487,70 19,28 22,18 2,90Junho 93.681,58 1.730.288,57 208.502,10 1.938.790,67 18,47 20,70 2,23Julho 94.574,59 1.646.835,15 294.984,93 1.941.820,08 17,41 20,53 3,12Setembro 102.154,40 1.675.673,97 264.433,81 1.940.107,78 16,40 18,99 2,59Agosto 105.653,71 1.565.442,22 276.717,55 1.842.159,77 14,82 17,44 2,62Outubro 108.494,53 1.833.208,39 239.896,22 2.073.104,61 16,90 19,11 2,21Março 108.888,23 1.803.843,50 287.277,59 2.091.121,10 16,57 19,20 2,64Maio 115.019,20 1.755.052,00 292.902,05 2.047.954,05 15,26 17,81 2,55

Fonte: Dados da pesquisa.

Na tabela acima se pode observar que a empresa apresenta níveis de

produção que variam de aproximadamente 42.000 (quarenta e dois mil) à 115.000

(cento e quinze mil) quilos de tecido por mês.

Entretanto, os custos e despesas variáveis totais, oscilam de modo

inconstante, e, por vezes, diminuem com o aumento da produção. Isso fica

evidenciado, por exemplo, na passagem do nível de produção de 42.279,65 kg para

72.687,33 kg no qual há uma redução do custo variável total de $1.034.450,64 para

$888.289,25. Tal comportamento pode ser observado, também, em outros níveis de

produção, de forma menos intensa. Tais oscilações nos custos devem-se ao

comportamento do mercado, flutuações do câmbio, etc, conforme exposto em itens

anteriores. Essa inconstância do custo variável total influi no custo variável e total

médios.

56

No que se refere ao custo fixo, pode-se observar que o mesmo não é

totalmente fixo. Isso se deve à forma de lançamento contábil das informações, pelo

regime de caixa. Para exemplificar, em julho houve um incremento no custo fixo

provocado por uma manutenção em todas as máquinas da fábrica. Tal dispêndio,

entretanto, serve ao melhor funcionamento do parque fabril por vários meses.

Da mesma forma, em dezembro houve o pagamento do 13o salário aos

funcionários e a compra de embalagens especiais para melhor acondicionamento de

rolos de tecido. Tais custos foram lançados, pelo regime de caixa, integralmente

para o referido mês no qual ocorreu o desembolso. Assim, o custo fixo presente em

dezembro é mais alto que os demais meses.

Entretanto, o procedimento mais indicado é apropriar esses custos para os

demais meses. Assim, para fins do presente trabalho, se procederá ao cálculo de

uma média, de forma que os custos permanecem fixos ao longo do processo

produtivo. A tabela 04 apresenta tal procedimento.

Tabela 4: Média dos custos fixos Mês C + D Fixas

Janeiro 274.117,73 Fevereiro 276.145,54 Março 287.277,59 Abril 268.337,78 Maio 292.902,05 Junho 208.502,10 Julho 294.984,93 Agosto 276.717,55 Setembro 264.433,81 Outubro 239.896,22 Novembro 245.701,77 Dezembro 360.118,47 Total 3.289.135,55 Média 274.094,63

Fonte: Dados da pesquisa.

Assim, os custos fixos são utilizados para as análises considerando-se a

média mensal de $274.094,63 que reflete satisfatoriamente a realidade dos custos

57

fixos da empresa. Na tabela 05 encontram-se os novos valores obtidos a partir do

custo fixo constante.

Tabela 5: Quantidade produzida e custos variáveis, com custo fixo constante Mês Kg Prod. C + D Variáveis C + D Fixas Custo Total CVMe/u CTMe/u CFMe/u

Dezembro 42.279,65 1.034.450,64 274.094,63 1.308.545,27 24,47 30,95 6,48 Janeiro 72.687,33 888.289,25 274.094,63 1.162.383,88 12,22 15,99 3,77 Fevereiro 81.836,52 1.287.524,85 274.094,63 1.561.619,48 15,73 19,08 3,35 Novembro 90.364,22 1.754.281,58 274.094,63 2.028.376,21 19,41 22,45 3,03 Abril 92.624,87 1.786.149,92 274.094,63 2.060.244,55 19,28 22,24 2,96 Junho 93.681,58 1.730.288,57 274.094,63 2.004.383,20 18,47 21,40 2,93 Julho 94.574,59 1.646.835,15 274.094,63 1.920.929,78 17,41 20,31 2,90 Setembro 102.154,40 1.675.673,97 274.094,63 1.949.768,60 16,40 19,09 2,68 Agosto 105.653,71 1.565.442,22 274.094,63 1.839.536,85 14,82 17,41 2,59 Outubro 108.494,53 1.833.208,39 274.094,63 2.107.303,02 16,90 19,42 2,53 Março 108.888,23 1.803.843,50 274.094,63 2.077.938,13 16,57 19,08 2,52 Maio 115.019,20 1.755.052,00 274.094,63 2.029.146,63 15,26 17,64 2,38

Fonte: Dados da pesquisa.

Da mesma forma que os valores dos custos fixos foram ajustados, para

possibilitar a análise custo-volume-lucro, se fará também um ajuste nos custos

variáveis.

Para tanto, com o auxílio do software da Microsoft – EXCEL – são feitos os

cálculos referentes à análise de regressão, com o intuito de determinar a função de

custo e o coeficiente de determinação (R2). Nesse sentido, Horngren et al (2000, p.

241) afirmam que a análise de regressão “é um método estatístico que mede o valor

médio de variação unitária em uma ou mais variáveis independentes”. O valor de tal

variação é encontrado mediante a utilização de uma função matemática.

Dessa forma, ressalta-se que a função apresentada é gerada através das

ferramentas estatísticas do programa de computador Microsoft - EXCEL de forma

que, os cálculos detalhados não farão parte dessa pesquisa.

No tocante ao coeficiente de determinação (R2), Barbetta (2001) coloca que

essa é uma medida descritiva que serve para determinar qual proporção da variação

de Y pode ser explicada por X, conforme a função obtida.

58

O campo de definição do R2 varia de 0 (zero) a 1 (um), onde valores próximos

de 0 significam que a função obtida não explica o comportamento dos custos e

receitas. Ao contrário, quanto mais próximo de 1 for o valor de R2 encontrado,

melhor o modelo explica a variação dos custos e receitas (HORNGREN et al, 2000).

Os autores afirmam que coeficientes de determinação acima de 0,30 podem ser

considerados confiáveis para efeitos de análise.

Para proceder ao início da aplicação estatística mencionada, inicialmente se

faz uso de um gráfico de dispersão para verificar a correlação entre os dados.

Assim, é necessário definir as variáveis dependentes e independentes. Nessa

pesquisa, X, que é a variável independente ou explicativa, será dada pela

quantidade de quilos de tecido produzidos e vendidos. Por outro lado, Y, que é a

variável dependente, será dada pelos custos e receitas. Dessa forma, um dado valor

de Y (custo ou receita) depende, em média, da correspondente quantidade de X (kg

produzidos e vendidos). Nesse caso, custos e receitas, normalmente, dependerão

da quantidade produzida e vendida.

Assim sendo, os gráficos 04 e 05, apresentam uma relação de dispersão

através da qual se pode melhor observar o comportamento dos custos frente à

mudança na quantidade produzida.

Gráfico 4: Curva de custo total

59

-

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

- 50.000 100.000 150.000

Kg Produzido

Cust

o Va

riáve

l Tot

al

R2 = 0,6224

R2 = 0,6224

800.0001.000.0001.200.0001.400.0001.600.0001.800.0002.000.0002.200.000

20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000

Kg Produzido

Custo

Tot

al

Fonte:

Dados da pesquisa – extraídos da tabela 05.

O gráfico 04 apresenta o comportamento dos custos totais (fixos e variáveis),

sendo que, o gráfico 05 proporciona uma visão do desempenho do custo variável

total:

Gráfico 5: Curva de custo variável total

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da tabela 05.

Nos gráficos 04 e 05, observa-se um comportamento crescente dos custos

totais e variáveis totais à medida que a quantidade produzida aumenta. O R2 obtido

é razoavelmente expressivo, significando que cerca de 62% (sessenta e dois por

60

cento) da variação de Y – custos – pode ser explicada pela variação de X – kg

produzidos.

Todavia, no gráfico 05 pode ser observada a presença de pontos

discrepantes, que prejudicam a qualidade das análises. Essas seqüências de dados

estão representadas pelas setas acima e se referem aos meses de janeiro, fevereiro

e agosto, cujo comportamento dos custos frente às quantidades produzidas

apresenta-se dissonante.

No mês de janeiro e fevereiro, a quantidade produzida manteve-se em níveis

baixos de 72.687,33 e 81.836,52 quilos respectivamente, para os quais foi auferido

um custo variável médio (CVMe) de $12,22 em janeiro e $15.73 em fevereiro. Tais

valores são consideravelmente baixos se comparados ao nível de produção anterior

e posterior. O comportamento normalmente encontrado, com o aumento da

produção, é a diminuição do CVMe e não o seu aumento. Dessa forma, a um nível

produtivo mais baixo a empresa incorrerá em CVMe mais altos, conforme

evidenciado pelo valor do CVMe encontrado em dezembro, mês no qual a produção

alcançou seu patamar mais baixo.

Semelhante comportamento é encontrado no mês de agosto, no qual a

empresa obteve uma produção de 105.653,71 quilos para a qual calculou um custo

variável total no valor de $1.565.442,22 que é inferior aos apresentados em níveis de

produção menores. Em decorrência, o CVMe associado à essa produção, no valor

de $14,82, é menor do que o apresentado por volumes de produção maiores.

Tais inconstâncias podem estar sendo influenciadas por mudanças externas,

como flutuação do câmbio, ou por variações no mix de tecidos produzidos pela

empresa. Dessa forma, considera-se conveniente a retirada de tais pontos

discrepantes para melhorar a qualidade das análises.

61

Desse modo, a tabela 06 apresenta os novos níveis de produção com a

ausência dos meses de janeiro, fevereiro e agosto, conforme discutido

anteriormente:

Tabela 6: Quantidade produzida e custos, sem os pontos discrepantes Mês Kg Prod. C + D Variáveis C + D Fixas Custo Total CVMe/u CTMe/u CFMe/u

Dezembro 42.279,65 1.034.450,64 274.094,63 1.308.545,27 24,47 30,95 6,48 Novembro 90.364,22 1.754.281,58 274.094,63 2.028.376,21 19,41 22,45 3,03 Abril 92.624,87 1.786.149,92 274.094,63 2.060.244,55 19,28 22,24 2,96 Junho 93.681,58 1.730.288,57 274.094,63 2.004.383,20 18,47 21,40 2,93 Julho 94.574,59 1.646.835,15 274.094,63 1.920.929,78 17,41 20,31 2,90 Setembro 102.154,40 1.675.673,97 274.094,63 1.949.768,60 16,40 19,09 2,68 Outubro 108.494,53 1.833.208,39 274.094,63 2.107.303,02 16,90 19,42 2,53 Março 108.888,23 1.803.843,50 274.094,63 2.077.938,13 16,57 19,08 2,52 Maio 115.019,20 1.755.052,00 274.094,63 2.029.146,63 15,26 17,64 2,38

Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se, a partir de uma breve análise dos dados da tabela 06 que,

embora tenham sido retirados os níveis de produção discrepantes, os valores dos

custos totais e médios apresentam, ainda, um comportamento levemente

inconstante, dificultando as análises pertinentes ao presente trabalho. Dessa forma,

com o auxílio de uma função matemática, se pode melhor proceder a análise dos

dados da empresa em questão.

Assim, o gráfico 06, apresenta os dados da tabela 06, com a função que

possibilita futuras simulações:

62

Gráfico 6: Função do custo variável total

-

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

- 50.000 100.000 150.000

Kg Produzido

Cust

o Va

riáve

l Tot

al y = 779.934,56 Ln(x) - 7.238.369,62 R2 = 0,91

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da tabela 06.

O gráfico 06 apresenta a linha de tendência identificada por uma função

logarítmica. Observa-se que o valor de R2 obtido é significativo. Isso representa que

cerca de 91% das variações do custo variável total podem ser explicadas por uma

modificação no nível de produção. A utilização da equação possibilita obter

simulações acerca do valor dos custos para outros volumes de produção.

A seguir, com o auxílio da função obtida no gráfico 06, se procede a

simulação dos valores do custo para outros volumes produtivos:

Y = 779.934,56 ln(x) –7.238.369,62

Onde, X, é a quantidade de quilos de tecido fabricados e, Y, representa o

custo variável total (CVT) associado ao volume produzido.

De posse do CVT se pode calcular o custo variável médio (CVMe), o custo

total médio (CTMe) e, o custo marginal (CMg).

63

Tabela 7: Simulação dos custos Kg Prod. CVT Custo Fixo Custo Total CVMe CTMe CMg

40.000 1.026.306,09 274.094,63 1.300.400,72 25,66 32,5145.000 1.118.169,09 274.094,63 1.392.263,72 24,85 30,94 18,37 50.000 1.200.343,34 274.094,63 1.474.437,97 24,01 29,49 16,43 55.000 1.274.678,99 274.094,63 1.548.773,62 23,18 28,16 14,87 60.000 1.342.542,12 274.094,63 1.616.636,75 22,38 26,94 13,57 65.000 1.404.970,15 274.094,63 1.679.064,78 21,61 25,83 12,49 70.000 1.462.769,47 274.094,63 1.736.864,10 20,90 24,81 11,56 75.000 1.516.579,36 274.094,63 1.790.673,99 20,22 23,88 10,76 80.000 1.566.915,15 274.094,63 1.841.009,78 19,59 23,01 10,07 85.000 1.614.198,35 274.094,63 1.888.292,98 18,99 22,22 9,46 90.000 1.658.778,14 274.094,63 1.932.872,77 18,43 21,48 8,92 95.000 1.700.947,01 274.094,63 1.975.041,64 17,90 20,79 8,43

100.000 1.740.952,39 274.094,63 2.015.047,02 17,41 20,15 8,00 105.000 1.779.005,50 274.094,63 2.053.100,13 16,94 19,55 7,61 110.000 1.815.288,04 274.094,63 2.089.382,67 16,50 18,99 7,26 115.000 1.849.957,48 274.094,63 2.124.052,11 16,09 18,47 6,93 120.000 1.883.151,17 274.094,63 2.157.245,80 15,69 17,98 6,64 125.000 1.914.989,63 274.094,63 2.189.084,26 15,32 17,51 6,37 130.000 1.945.579,20 274.094,63 2.219.673,83 14,97 17,07 6,12 135.000 1.975.014,16 274.094,63 2.249.108,79 14,63 16,66 5,89 140.000 2.003.378,53 274.094,63 2.277.473,16 14,31 16,27 5,67 145.000 2.030.747,44 274.094,63 2.304.842,07 14,01 15,90 5,47 150.000 2.057.188,41 274.094,63 2.331.283,04 13,71 15,54 5,29 155.000 2.082.762,31 274.094,63 2.356.856,94 13,44 15,21 5,11 160.000 2.107.524,20 274.094,63 2.381.618,83 13,17 14,89 4,95 165.000 2.131.524,06 274.094,63 2.405.618,69 12,92 14,58 4,80 170.000 2.154.807,40 274.094,63 2.428.902,03 12,68 14,29 4,66 175.000 2.177.415,77 274.094,63 2.451.510,40 12,44 14,01 4,52

Fonte: Dados da pesquisa.

Através da simulação acima, é possível ter uma previsão do comportamento

médio do custo variável total frente às modificações na produção. Tais simulações

auxiliam no processo de tomada de decisão para acréscimos ou reduções no nível

produtivo. Como já mencionado anteriormente, o custo fixo é mantido no mesmo

valor, pois representa a média dos dispêndios incorridos.

Cabe ressaltar que a empresa opera com uma capacidade ociosa em torno de

59% o que justifica a simulação do nível de produção em torno de 180.000 kg que

julga-se ser a capacidade produtiva da empresa em questão. Atualmente a empresa

produz níveis máximos em torno de 115.000 kg. Dessa forma, a simulação extrapola

64

os níveis de produção alcançados pela empresa, apesar de não terem ocorrido

observações para tais níveis, uma vez que o custo fixo permanece o mesmo.

No entanto, a partir de quantidades acima de 115.000 kg a simulação tem o

intuito de demonstrar uma tendência de comportamento dos custos, uma vez que, a

empresa não alcançou níveis de produtividade acima desse patamar e, portanto, a

verificação da autenticidade do comportamento não pode ser conferida. Outrossim,

tais simulações servem como subsídios para a tomada de decisão.

Os demais custos encontrados são calculados a partir do CVT e da quantidade

produzida. Dessa forma, o custo total é obtido mediante a soma do CVT e do CF. O

CVMe é o resultado da divisão do CVT com a quantidade. Da mesma forma, o

CTMe é o quociente entre o CT e a quantidade. Por fim, o CMg é calculado através

do uso de uma fórmula matemática vista anteriormente e reflete a variação do CVT

dividida pela variação da quantidade produzida, como segue:

yCVTyCMg∆

∆=)( , onde, y = quantidade e CVT = Custo variável total.

37,18000.40000.45

09,306.026.109,169.118.1)000.45( =−−

=KgsCMg

Então, para o volume de produção de 45.000 quilos, o CMg apresenta um

valor de $18,37 . Assim, sucessivamente se procederá ao cálculo do CMg para os

demais níveis produtivos.

Pode-se observar que os valores de custo encontrados na tabela 07 não

apresentam um comportamento linear, sempre crescente com o aumento do volume

de produção. Tal comportamento evidencia o foco de análise da presente pesquisa,

qual seja, de investigar o comportamento não linear dos custos.

65

Entretanto, é necessário ressaltar que o comportamento não linear dos custos é

determinado pelo desempenho do CMg. Isso se deve ao fato de que o CMg reflete a

oscilação do custo provocada pela introdução da última unidade (ou lote) produzida.

Como tal, o custo incremental, como é comumente chamado, irá fazer com que os

demais custos aumentem ou diminuam.

É possível notar que o CVMe diminui com o aumento da quantidade produzida,

evidenciando os ganhos de escala que a empresa obtém com a produção em

volumes maiores. Observa-se também que, embora o CVMe declina com o aumento

do volume de produção, essa redução se faz a taxas decrescentes. Assim, na

passagem do nível de produção de 40.000 kg para 45.000 kg a redução no CVMe é

de $0,81, enquanto que, o decréscimo no CVMe é de $0,23 quando da passagem

de 170.000 kg para 175.000 kg mensais.

Do mesmo modo o CTMe apresenta comportamento similar ao apresentado

pelo CVMe, embora seu decréscimo seja um pouco mais acentuado em função da

diluição do custo fixo, presente na sua composição.

O desempenho do CMg, entretanto, apresenta-se levemente diverso daquele

apresentado pelo CVMe e CTMe. Por representar o custo incremental da inclusão do

último lote de produção seu comportamento tem reflexo mais evidenciado. Dessa

forma, enquanto que para produzir 45.000 kg a empresa desembolsa $24,85 e

$30,94 para cobrir, respectivamente, o CVMe e o CTMe, o valor do CMg é mais

baixo, no valor de R$18,37. Isso de deve ao fato de que, enquanto o custo variável e

total médio é diluído por toda a produção, o CMg reflete o impacto no custo da

inclusão da quantidade que se fabricou por último. Por conseguinte, seu

comportamento é mais acentuado e de melhor visualização, apresentando-se como

mais um recurso de apoio para a tomada de decisão.

66

Dessa forma, o CMg em declínio, reflete as vantagens em termos de economia

de escala provenientes da inclusão de mais unidades ao processo produtivo. Esse

comportamento do CMg influencia, gradativamente, o movimento descendente do

CVMe e do CTMe.

Assim, o CMg diminui com o aumento da quantidade produzida. Entretanto,

esse decréscimo se dá a taxas cada vez menores. Para ilustrar, ao passar do nível

de produção de 45.000 kg para 50.000 kg a variação no custo marginal é de $1,94

enquanto que, o acréscimo dos mesmos 5.000 kg na passagem de 170.000 kg para

175.000 kg leva a um decréscimo no CMg no valor de $0,13. A redução foi

consideravelmente inferior à alcançada inicialmente.

Dessa maneira, para melhor visualização e análise das informações acima, o

gráfico 07 ilustra o comportamento dos custos médios:

Gráfico 7: Curvas de custo médio e marginal

����������������������������

������������������������

�����������������������������

�����������������������������������������������������������������������������������

-

5

10

15

20

25

30

35

- 50.000 100.000 150.000 200.000

Kg Produzido

Cust

o M

édio

CVMe�������������������

CTMeCMg

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da tabela 07.

A partir da análise do gráfico 07, pode-se ressaltar que a empresa encontra-se

em um estágio de ganhos de escala. Entretanto, o custo declina a taxas

decrescentes, como pode ser visualizado. No entanto, tal comportamento é

evidenciado caso a performance dos custos se mantenha com a mesma tendência

67

presente até o nível de 115.000 kg – nível máximo de produção atual. Nesse

sentido, espera-se, pela teoria, que esse comportamento se apresente na prática

caso não ocorram mudanças significativas no ambiente competitivo da empresa.

Assim como com os custos médios, o gráfico 08 possibilita uma visualização

dos dados encontrados na tabela 07.

Gráfico 8: Curvas de custo total

������������������������

�����������������������������

��������

������������������������������������������

����������������������������

����������������

-500.000,00

1.000.000,001.500.000,002.000.000,002.500.000,003.000.000,00

- 50.000 100.000 150.000 200.000

Kg Produzido

Custo

Tot

al CV totalCusto Fixo

������������������Custo Total

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da tabela 07.

O gráfico 08 apresenta as curvas de CVT, CT e CF. Nota-se que, da mesma

maneira como ocorrido com os custos médios, o desempenho dos custos totais não

é linear, mas sim, curvilíneo. Com o auxílio das linhas é possível visualizar que a

partir de uma produção em torno de 100.000 kg os custos totais iniciam um processo

de crescimento com taxas decrescentes, promovido por melhorias de escala.

Entretanto, o comportamento decrescente dos custos médios não se faz

indefinidamente. Com o tempo há uma tendência de o custo total voltar a aumentar

dado que as vantagens de escala se extinguirão. Nesse momento, a empresa

entrará em um momento de exaustão dos seus recursos e de conseqüente elevação

de seus custos.

68

4.6.2 Análise das receitas

As receitas da empresa analisadas nesse trabalho são aquelas referentes aos

mesmos meses que são levados em conta para o estudo dos custos. Assim, os

meses de janeiro, fevereiro e agosto, que foram excluídos por encontrarem-se

discrepantes, também não são incluídos na análise das receitas. Dessa forma, a

tabela 08 apresenta o comportamento das receitas da organização em questão:

Tabela 8: Comportamento da receita Mês Kg Prod. $ Vendas Kg Vend. PM Receita Tot.

Dezembro 42.279,65 1.172.073,94 52.625,35 22,27 941.654,17 Novembro 90.364,22 2.201.620,61 101.505,66 21,69 1.959.966,84 Abril 92.624,87 2.210.931,52 108.124,87 20,45 1.893.988,46 Junho 93.681,58 2.075.965,45 100.391,44 20,68 1.937.214,31 Julho 94.574,59 1.893.958,18 93.387,24 20,28 1.918.038,62 Setembro 102.154,40 2.135.997,12 99.758,18 21,41 2.187.304,48 Outubro 108.494,53 2.214.461,82 99.657,96 22,22 2.410.815,96 Março 108.888,23 2.273.038,18 112.444,64 20,21 2.201.146,27 Maio 115.019,20 2.231.020,00 107.685,30 20,72 2.382.963,40

Fonte: Dados da pesquisa.

A tabela 08 apresenta o comportamento das receitas conforme aumenta a

quantidade produzida. Desse modo, a organização dos meses não é considerada. A

coluna que apresenta as vendas refere-se ao faturamento apresentado pela

empresa no período, de acordo com a quantidade de quilos de tecido vendidos,

dados pela coluna ao lado.

Assim, o preço médio (PM) é obtido através da divisão do valor das vendas

pela quantidade vendida. Cabe ressaltar que, devido ao mix de produção e vendas

variar ao longo dos meses, a composição do PM pode ser maior em determinadas

épocas do ano. Dessa forma, justifica-se o uso da análise de regressão também

para o estudo da receita.

A receita total (RT), para fins do presente trabalho é obtida pela multiplicação

do PM pela quantidade “produzida”, conforme demonstrado na tabela 08. Tal

69

procedimento é adotado nesse trabalho supondo-se, para fins de estudos, que toda

a quantidade produzida é vendida. Desse modo, o valor das receitas estará

associado à quantidade produzida. Ademais, para fins de tomada de decisão, a

manutenção de estoques normalmente é desconsiderada, uma vez que, é cada vez

menor a quantidade de estoques que as empresas mantém.

Assim, do mesmo modo como se procedeu para a análise dos custos, o gráfico

09 apresenta uma função que explica o comportamento médio das receitas:

Gráfico 9: : Função da receita total

-500.000

1.000.0001.500.0002.000.0002.500.0003.000.000

20.000 40.000 60.000 80.000 100.000 120.000

Kg Produzido e Vendido

Rece

ita T

otal

y = 1.420.003,86 Ln(x) - 14.235.684,53 R2 = 0,95

Fonte: Dados

da pesquisa – extraídos da tabela 08

O gráfico 09 apresenta a linha de tendência das receitas identificada por uma

função logarítmica. Observa-se que o valor de R2 obtido é significativo,

representando que cerca de 95% das variações da receita total podem ser

explicadas por uma modificação no nível de produção e vendas. Embora

matematicamente a função linear explica melhor a relação existente entre as

variáveis, opta-se por uma análise com o auxílio da função logarítmica em função de

que os resultados obtidos melhor expressam a realidade do comportamento das

receitas.

Nesse sentido, ao utilizar uma função linear o comportamento do preço médio

apresenta uma tendência sempre crescente, no entanto, esse não é o desempenho

70

percebido dos preços em termos práticos. Nesse caso, a função logarítmica

possibilita uma simulação cujo comportamento melhor reflete a variação encontrada

na realidade pela empresa, qual seja, a de que os preços tendem a ser menores a

medida que lotes maiores de produto sejam vendidos.

A utilização da função possibilita obter simulações acerca do valor da receita

total para outros volumes de produção e vendas.

A seguir, com o auxílio da equação obtida acima, se procede a simulação dos

valores da receita:

Y = 1.420.003,86Ln(x) – 14.235.684,53

Onde, Y, é a receita total associada ao volume vendido, e X representa a

quantidade de quilos de tecido fabricados e vendidos.

De posse da RT e dos valores do custo, apresentados na tabela 07, pode-se

calcular o lucro total e por unidade, a receita marginal (RMg), como também a

margem de contribuição (MC) total e unitária necessárias para a análise custo-

volume-lucro. Cabe ressaltar que, da mesma forma que com a simulação dos

custos, valores acima de aproximadamente 115.000 kg servem somente como

parâmetro de análise para o processo decisório, uma vez que a empresa ainda não

apresentou volumes de venda nessa magnitude.

A tabela 09 apresenta os valores da receita, obtidos com o auxílio da função

encontrada acima:

71

Tabela 9: Simulação da receita Kg Receita Custo Lucro Lucro RMg CMg CVT MC MC

Vend. Total Total Total Unit. Total Unit40.000 811.577,69 1.300.400,72 (488.823,03) (12,22) 1.026.306,09 (214.728,40) (5,37) 45.000 978.830,06 1.392.263,72 (413.433,66) (9,19) 33,45 18,37 1.118.169,09 (139.339,03) (3,10) 50.000 1.128.442,40 1.474.437,97 (345.995,57) (6,92) 29,92 16,43 1.200.343,34 (71.900,94) (1,44) 55.000 1.263.783,22 1.548.773,62 (284.990,39) (5,18) 27,07 14,87 1.274.678,99 (10.895,76) (0,20) 60.000 1.387.339,71 1.616.636,75 (229.297,03) (3,82) 24,71 13,57 1.342.542,12 44.797,60 0,75 65.000 1.501.000,67 1.679.064,78 (178.064,11) (2,74) 22,73 12,49 1.404.970,15 96.030,52 1,48 70.000 1.606.234,27 1.736.864,10 (130.629,83) (1,87) 21,05 11,56 1.462.769,47 143.464,80 2,05 75.000 1.704.204,42 1.790.673,99 (86.469,57) (1,15) 19,59 10,76 1.516.579,36 187.625,06 2,50 80.000 1.795.849,37 1.841.009,78 (45.160,41) (0,56) 18,33 10,07 1.566.915,15 228.934,22 2,86 85.000 1.881.936,56 1.888.292,98 (6.356,42) (0,07) 17,22 9,46 1.614.198,35 267.738,21 3,15 90.000 1.963.101,73 1.932.872,77 30.228,96 0,34 16,23 8,92 1.658.778,14 304.323,59 3,38 95.000 2.039.877,39 1.975.041,64 64.835,76 0,68 15,36 8,43 1.700.947,01 338.930,39 3,57

100.000 2.112.714,07 2.015.047,02 97.667,05 0,98 14,57 8,00 1.740.952,39 371.761,68 3,72 105.000 2.181.996,29 2.053.100,13 128.896,16 1,23 13,86 7,61 1.779.005,50 402.990,79 3,84 110.000 2.248.054,89 2.089.382,67 158.672,22 1,44 13,21 7,26 1.815.288,04 432.766,85 3,93 115.000 2.311.176,57 2.124.052,11 187.124,46 1,63 12,62 6,93 1.849.957,48 461.219,09 4,01 120.000 2.371.611,38 2.157.245,80 214.365,58 1,79 12,09 6,64 1.883.151,17 488.460,21 4,07 125.000 2.429.578,77 2.189.084,26 240.494,51 1,92 11,59 6,37 1.914.989,63 514.589,14 4,12 130.000 2.485.272,34 2.219.673,83 265.598,51 2,04 11,14 6,12 1.945.579,20 539.693,14 4,15 135.000 2.538.863,75 2.249.108,79 289.754,96 2,15 10,72 5,89 1.975.014,16 563.849,59 4,18 140.000 2.590.505,94 2.277.473,16 313.032,79 2,24 10,33 5,67 2.003.378,53 587.127,42 4,19 145.000 2.640.335,75 2.304.842,07 335.493,68 2,31 9,97 5,47 2.030.747,44 609.588,31 4,20 150.000 2.688.476,09 2.331.283,04 357.193,05 2,38 9,63 5,29 2.057.188,41 631.287,68 4,21 155.000 2.735.037,76 2.356.856,94 378.180,82 2,44 9,31 5,11 2.082.762,31 652.275,45 4,21 160.000 2.780.121,04 2.381.618,83 398.502,21 2,49 9,02 4,95 2.107.524,20 672.596,84 4,20 165.000 2.823.816,91 2.405.618,69 418.198,22 2,53 8,74 4,80 2.131.524,06 692.292,85 4,20 170.000 2.866.208,23 2.428.902,03 437.306,20 2,57 8,48 4,66 2.154.807,40 711.400,83 4,18 175.000 2.907.370,65 2.451.510,40 455.860,25 2,60 8,23 4,52 2.177.415,77 729.954,88 4,17

Fonte: Dados da pesquisa.

Na tabela 09 acima se pode observar que a performance das receitas não

obedece a um desempenho linear. O lucro total, e a margem de contribuição

aumentam com o aumento das vendas, no entanto, a taxas decrescentes. Tal

comportamento pode ser mais adequadamente visualizado ao se analisar os

incrementos no lucro por unidade, cujo acréscimo chega a ser praticamente nulo a

partir de 170.000 kg ao mês.

Cabe ressaltar que o lucro total apresentado na tabela 09 se refere apenas ao

lucro operacional. Dessa maneira, as deduções previstas com a inadimplência, o

resultado financeiro e o resultado não operacional não estão deduzidos no valor do

72

lucro apresentado. A inadimplência perfaz uma porcentagem em torno de 2% sobre

as vendas ao passo que, o resultado financeiro engloba, entre outros, as despesas

bancárias, juros e encargos sobre empréstimos e receitas financeiras.

Desse modo, pode-se observar na tabela 09 que a empresa passa a apresentar

lucro a partir do nível de produção de, aproximadamente, 90.000 Kg mensais. Níveis

produtivos inferiores a esse volume representam prejuízo para a organização.

Em termos unitários – caso o comportamento dos custos e receitas se

mantenha igual ao descrito pelas funções encontradas - a MC inicialmente apresenta

um comportamento crescente. Entretanto, a partir de 150.000 kg a MC por unidade

fica estagnada, começando a cair ao nível de produção e vendas acima de 155.000

kg. Tal comportamento se deve às variações simultâneas apresentadas pelo CVMe

e pelo PM. A Tabela 10 apresenta as variações do CVMe e do PM e as implicações

para a MC:

Tabela 10: Preço médio, CVMe e margem de contribuição

73

Kg Vend. CVMe Preço MCMédio Unit.

40.000,00 25,66 20,29 (5,37) 45.000,00 24,85 21,75 (3,10) 50.000,00 24,01 22,57 (1,44) 55.000,00 23,18 22,98 (0,20) 60.000,00 22,38 23,12 0,75 65.000,00 21,61 23,09 1,48 70.000,00 20,90 22,95 2,05 75.000,00 20,22 22,72 2,50 80.000,00 19,59 22,45 2,86 85.000,00 18,99 22,14 3,15 90.000,00 18,43 21,81 3,38 95.000,00 17,90 21,47 3,57

100.000,00 17,41 21,13 3,72 105.000,00 16,94 20,78 3,84 110.000,00 16,50 20,44 3,93 115.000,00 16,09 20,10 4,01 120.000,00 15,69 19,76 4,07 125.000,00 15,32 19,44 4,12 130.000,00 14,97 19,12 4,15 135.000,00 14,63 18,81 4,18 140.000,00 14,31 18,50 4,19 145.000,00 14,01 18,21 4,20 150.000,00 13,71 17,92 4,21 155.000,00 13,44 17,65 4,21 160.000,00 13,17 17,38 4,20 165.000,00 12,92 17,11 4,20 170.000,00 12,68 16,86 4,18 175.000,00 12,44 16,61 4,17

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos das tabelas 07 e 09.

Nota-se na tabela 10 que, vendas superiores a 65.000 kg implicam em

reduções no preço, ou seja, para vender mais a empresa precisa diminuir o preço.

Todavia, em função dos ganhos de escala apresentados, a redução dos custos

compensa a queda do preço até o montante em torno de 150.000 kg, a partir do qual

a MC por unidade começa a cair.

Embora a empresa apresente ganhos de escala, reduzindo seus custos, o

preço médio aplicado para vender quantidades maiores também declina. Na tabela

10 pode ser visualizado que, a partir de uma produção em torno de 150.000 Kg o

CVMe sofre uma redução menor que a apresentada pelo PM. Dessa forma, com a

74

diminuição maior do preço e menor do custo a margem de contribuição começa a

cair.

Dessa forma, o momento no qual a empresa maximiza o lucro – ponto no qual o

CMg se iguala a RMg - é de difícil definição, conforme visualizado na tabela 09, pois

o mercado no qual a empresa em estudo atua, assim como muitas outras, é

dinâmico e sofre mutações constantemente. Alteram-se assim, os cenários a serem

considerados. A função obtida para simulação reflete um comportamento médio -

das receitas e custos - apresentado pela empresa. desconsideram-se quaisquer

outras variáveis além da quantidade produzida e vendida.

Outros fatores, não considerados pela igualdade RMg = CMg são de grande

importância para a realidade da empresa, de forma que, indicar o ponto de

maximização do lucro torna-se inviável na prática, para esse caso. O momento no

qual os custos voltam a subir - necessário para tal análise - não foi possível de ser

obtido na empresa.

De qualquer modo, encontrar o ponto de maximização do lucro pode ser

perigoso uma vez que a empresa - ao considera-lo como desejável e acomodar-se -

pode ser ultrapassada pela concorrência. Assim, as organizações devem estar

sempre em processo de pesquisa e implementação de novas táticas de mercado.

No entanto, interessa para empresa, para fins de tomada de decisão, saber

qual é o desempenho de seus custos, de sua receita e, em decorrência, de sua

margem de contribuição frente às políticas de vendas adotadas. De conhecimento

que sua MC está em queda, a organização pode implementar novas estratégias de

vendas ou inovações no processo produtivo que tornem a MC novamente crescente.

O gráfico 10 apresenta o comportamento do lucro e da margem de contribuição

por unidade:

75

Gráfico 10: Lucro e margem de contribuição por unidade

���������������

��������

��������

������������������

������������������

������������������

�������������������������������������������������������������������������������

(15)

(10)

(5)

-

5

10

- 50.000 100.000

150.000

200.000

Kg Produzido e vendido

Lucr

o e

MC

/ uni

d.

Lucro�����������������������

MC

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da tabela 08

O comportamento da MC e do lucro unitários podem ser visualizados através

do gráfico 10. Observa-se que tanto a margem de contribuição, quanto os lucros

crescem até um determinado volume de vendas, a partir do qual há uma tendência,

embora lenta, de queda.

No que se refere ao ponto de equilíbrio, também este apresenta oscilações com

as modificações nos custos e receitas. Dessa forma, o ponto de equilíbrio varia de

acordo com as mudanças no valor da margem de contribuição. Desse modo, como o

comportamento do preço de venda e dos custos variáveis não é linear, para

diferentes níveis de produção e vendas há diferentes suposições de ponto de

equilíbrio. A fórmula abaixo é utilizada para calcular o ponto de equilíbrio em unidade

(PE unidades):

MCuCFPEunidades = ou, de outra maneira,

)(uCVPVCFPEunidades −

=

Onde, CF = Custo Fixo e, MCu = Margem de Contribuição por unidade;

PV = Preço de Venda e, CV(u) = Custo Variável por unidade

Da aplicação da fórmula acima se obtêm os valores apresentados na tabela 11:

76

Tabela 11: Ponto de equilíbrio em unidades

Custo Fixo MC unit. PE em Kg274.094,63 0,75 367.110,73 274.094,63 1,48 185.525,92 274.094,63 2,05 133.737,50 274.094,63 2,50 109.564,78 274.094,63 2,86 95.781,10 274.094,63 3,15 87.018,00 274.094,63 3,38 81.060,15 274.094,63 3,57 76.826,96 274.094,63 3,72 73.728,59 274.094,63 3,84 71.415,87 274.094,63 3,93 69.668,94 274.094,63 4,01 68.342,54 274.094,63 4,07 67.336,82 274.094,63 4,12 66.580,94 274.094,63 4,15 66.023,26 274.094,63 4,18 65.625,26 274.094,63 4,19 65.357,62 274.094,63 4,20 65.197,64 274.094,63 4,21 65.127,51 274.094,63 4,21 65.133,02 274.094,63 4,20 65.202,72 274.094,63 4,20 65.327,29 274.094,63 4,18 65.499,06 274.094,63 4,17 65.711,68

Fonte: Dados da pesquisa.

Na tabela 11 se encontram as quantidades de quilos de tecido que são

necessários vender, em média, para atingir o ponto de equilíbrio da empresa, ou

seja, o momento no qual a empresa cobre todos os custos variáveis e os fixos. A

variação do ponto de equilíbrio é conseqüência das alterações dos preços e dos

custos de forma que, sempre que tais modificações ocorrerem haverá oscilações no

PE.

Entretanto, a análise do ponto de equilíbrio parte da idéia de que, a empresa

opera com um mix médio de produtos que não fogem muito do padrão ao longo do

processo produtivo, pois o ponto de equilíbrio varia de acordo com alterações no mix

de produtos. É importante ressaltar que, no ponto de equilíbrio o lucro da

organização é nulo. A partir desse nível, a margem de contribuição obtida reverte em

lucro para a empresa.

77

Como pode ser visualizado na tabela 11, a empresa apresenta vários pontos

de equilíbrio diferentes ao longo do período de análise. O conhecimento das

alterações no PE auxilia na tomada de decisão, pois, ao variar o valor da margem de

contribuição também há alterações na quantidade a ser produzida e vendida para

cobrir todos os custos e não entrar no prejuízo.

Observa-se também que, assim que se inicia o processo de redução da MC –

provocada, como já mencionado, pela redução menor do CVMe e maior do PM –

também ocorre a necessidade de aumento da produção, em Kg, para alcançar o

ponto de equilíbrio.

O comportamento do ponto de equilíbrio pode ser visualizado, com mais

clareza, através do gráfico 11:

Gráfico 11: Comportamento do ponto de equilíbrio

-50.000

100.000150.000200.000250.000300.000350.000400.000

- 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

MC por unidade

Kg p

rodu

zido

e v

endi

do

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da tabela 11.

Pode-se perceber que o comportamento do ponto de equilíbrio, apresentado

no gráfico 11, segue as oscilações da MC. Dessa forma, também o PE apresenta

um comportamento não linear ao longo do processo de produção e vendas da

empresa.

78

4.6.3 Comparação com a abordagem linear

O último objetivo proposto pela presente pesquisa é comparar a abordagem

não linear proposta, com a versão linear comumente utilizada. Dessa forma,

primeiramente se faz uma discussão sobre o comportamento dos custos, na visão

linear, seguida da análise das receitas e margem de contribuição.

Gráfico 12: Função linear do custo variável total

-

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

- 50.000 100.000 150.000

Kg Produzido

Cust

o Va

riáve

l Tot

al y = 10,62x + 667736,36R2 = 0,85

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da tabela 06.

O gráfico 12 demonstra o comportamento médio do custo a partir de uma

função linear. Pode-se notar que, o R2 obtido é de 0,85 que significa que,

aproximadamente 85% da variação do custo pode ser explicada por uma oscilação

na quantidade produzida. Entretanto, esse percentual é menos significativo do que

aquele obtido com a utilização da equação não linear – visualizada no gráfico 06 -,

ou seja, de 0,91 (cerca de 91%). Dessa forma, conclui-se que o comportamento dos

custos, nesse caso, é mais adequadamente explicado por uma relação não linear.

Assim, a tabela 12 apresenta a simulação dos valores dos custos com o

auxílio da equação linear obtida acima, ou seja: Y = 10,62x + 667.736,36.

Tabela 12: Simulação do custo, com base na função linear

79

Kg Prod. CVT Custo Fixo Custo Total CVMe CTMe40.000 1.092.536,36 274.094,63 1.366.630,99 27,31 34,1745.000 1.145.636,36 274.094,63 1.419.730,99 25,46 31,5550.000 1.198.736,36 274.094,63 1.472.830,99 23,97 29,4655.000 1.251.836,36 274.094,63 1.525.930,99 22,76 27,7460.000 1.304.936,36 274.094,63 1.579.030,99 21,75 26,3265.000 1.358.036,36 274.094,63 1.632.130,99 20,89 25,1170.000 1.411.136,36 274.094,63 1.685.230,99 20,16 24,0775.000 1.464.236,36 274.094,63 1.738.330,99 19,52 23,1880.000 1.517.336,36 274.094,63 1.791.430,99 18,97 22,3985.000 1.570.436,36 274.094,63 1.844.530,99 18,48 21,7090.000 1.623.536,36 274.094,63 1.897.630,99 18,04 21,0895.000 1.676.636,36 274.094,63 1.950.730,99 17,65 20,53

100.000 1.729.736,36 274.094,63 2.003.830,99 17,30 20,04105.000 1.782.836,36 274.094,63 2.056.930,99 16,98 19,59110.000 1.835.936,36 274.094,63 2.110.030,99 16,69 19,18115.000 1.889.036,36 274.094,63 2.163.130,99 16,43 18,81120.000 1.942.136,36 274.094,63 2.216.230,99 16,18 18,47125.000 1.995.236,36 274.094,63 2.269.330,99 15,96 18,15130.000 2.048.336,36 274.094,63 2.322.430,99 15,76 17,86135.000 2.101.436,36 274.094,63 2.375.530,99 15,57 17,60140.000 2.154.536,36 274.094,63 2.428.630,99 15,39 17,35145.000 2.207.636,36 274.094,63 2.481.730,99 15,23 17,12150.000 2.260.736,36 274.094,63 2.534.830,99 15,07 16,90155.000 2.313.836,36 274.094,63 2.587.930,99 14,93 16,70160.000 2.366.936,36 274.094,63 2.641.030,99 14,79 16,51165.000 2.420.036,36 274.094,63 2.694.130,99 14,67 16,33170.000 2.473.136,36 274.094,63 2.747.230,99 14,55 16,16175.000 2.526.236,36 274.094,63 2.800.330,99 14,44 16,00

Fonte: Dados da pesquisa.

A tabela 12 apresenta os valores encontrados com a aplicação da equação

linear. Assim, com o auxílio das tabelas 07 e 12 pode-se iniciar a comparação entre

as relações lineares e não lineares. Com o intuito de visualizar melhor essa

diferença o gráfico 13 apresenta as curvas de custo variável total nas duas

abordagens:

80

Gráfico 13: Curvas de CVT – linear e não linear

������������������

�������������

������������������������������

��������

���������������������������

����������

��������������������������������

��������������������������������������

-

500.000

1.000.000

1.500.000

2.000.000

2.500.000

3.000.000

- 50.000 100.000 150.000 200.000

Kg Produzido

Cust

o Va

riáve

l Tot

al

Linear����������������� não linear

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos das tabelas 07 e 12.

Através do gráfico 13 é possível verificar que há diferenças entre as duas

formas de análise. O desempenho dos custos na visão não linear é levemente curvo.

Inicialmente aumenta com o incremento da produção, e, após atingir uma escala

produtiva eficiente, continua ascendente, porém, com taxas decrescentes, em

função da melhoria da produtividade marginal.

O comportamento do custo linear, entretanto, não reflete tal oscilação do

custo, e apresenta um desempenho sempre crescente. Desse modo, torna-se mais

difícil para a empresa perceber vantagens ou desvantagens de custos por

modificações de sua escala produtiva.

Do mesmo modo, o comportamento dos custos médios, também difere. O

gráfico 14 reflete a diferença entre as duas formas de análise:

81

Gráfico 14: Curvas de CVMédio – linear e não linear

�������������������

���������������������������

��������������������������������������

������������������������������������������������������������������

�������������

����������

05

1015

2025

30

- 50.000 100.000 150.000 200.000

Kg Produzido

CVM

e linear������������������� não linear

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos das tabelas 07 e 12.

A visualização das oscilações dos custos variáveis médios torna mais clara a

disparidade que ocorre entre as duas formas de análise. O CVMe não linear

apresenta um desempenho diverso daquele, quando utilizada uma função linear,

pois apresentam uma tendência mais decrescente provinda dos ganhos de escala.

Cabe ressaltar que o custo variável linear apresentado no gráfico 14 é obtido

através da aplicação da função linear, uma vez que há a possibilidade realizar a

simulação de forma mais realista. Dessa forma, representa um comportamento

médio dos custos ao longo do processo de produção, e não permanece constante,

como sugerem algumas abordagens teóricas encontradas em manuais de custos.

Dessa forma, também o CVMe linear varia com a modificação do volume produzido

e não apresenta um comportamento em forma de reta. Tal procedimento é adotado

por entender-se que a empresa, não considera os custos variáveis como constantes

ao longo do seu processo produtivo, mesmo adotando a abordagem linear.

Como exposto até o momento, a análise custo-volume-lucro apresenta

diferenças quando analisada de forma linear ou não linear. A seguir são

apresentados tabelas e gráficos que elucidam essas mudanças.

82

Inicialmente apresenta-se o gráfico 15, com a função linear da receita total, da

qual são simulados os valores do lucro e margem de contribuição para vários níveis

de produção e vendas:

Gráfico 15: Função linear da receita

-500.000

1.000.0001.500.0002.000.0002.500.0003.000.000

- 50.000 100.000 150.000

Kg Produzido e Vendido

Rece

ita T

otal

y = 20,27 x + 71.781,27 R2 = 0,97

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos da Tabela 08.

Observa-se no gráfico 15 que a receita total da empresa em questão

comporta-se de forma praticamente linear. O R2 encontrado, de 97%, é muito

significativo de forma que, para essa empresa especificamente o estudo da receita

de forma linear pode ser considerado apropriado. Entretanto, a tendência de queda

da receita total – provocada pela necessidade de reduzir os preços para vender mais

unidades - não fica evidenciada com a análise linear, conforme apresentado a

seguir.

Salienta-se que, da mesma forma como os custos, os valores da receita total

são obtidos mediante a utilização da equação linear, que melhor representa o

comportamento médio das vendas. Assim, a receita unitária (PM) não se mantém

constante ao longo do processo de produção e vendas, mas sim, oscila – de forma

linear - dentro da média histórica auferida pelo estudo de meses passados, tornando

mais realistas as análises.

83

Assim, na tabela 13 se procede a simulação dos valores da receita total e,

subseqüentemente, do lucro e da margem de contribuição, com o auxílio da seguinte

equação linear: Y = 20,27x + 71.781,27

Tabela 13: Simulação da receita, com base na função linear Kg Receita Custo Lucro Lucro CVT MC MC

Vend. Total Total Total Unit. Total Unit40.000 739.018,73 1.366.630,99 (627.612,26) (15,69) 1.092.536,36 (353.517,63) (8,84) 45.000 840.368,73 1.419.730,99 (579.362,26) (12,87) 1.145.636,36 (305.267,63) (6,78) 50.000 941.718,73 1.472.830,99 (531.112,26) (10,62) 1.198.736,36 (257.017,63) (5,14) 55.000 1.043.068,73 1.525.930,99 (482.862,26) (8,78) 1.251.836,36 (208.767,63) (3,80) 60.000 1.144.418,73 1.579.030,99 (434.612,26) (7,24) 1.304.936,36 (160.517,63) (2,68) 65.000 1.245.768,73 1.632.130,99 (386.362,26) (5,94) 1.358.036,36 (112.267,63) (1,73) 70.000 1.347.118,73 1.685.230,99 (338.112,26) (4,83) 1.411.136,36 (64.017,63) (0,91) 75.000 1.448.468,73 1.738.330,99 (289.862,26) (3,86) 1.464.236,36 (15.767,63) (0,21) 80.000 1.549.818,73 1.791.430,99 (241.612,26) (3,02) 1.517.336,36 32.482,37 0,41 85.000 1.651.168,73 1.844.530,99 (193.362,26) (2,27) 1.570.436,36 80.732,37 0,95 90.000 1.752.518,73 1.897.630,99 (145.112,26) (1,61) 1.623.536,36 128.982,37 1,43 95.000 1.853.868,73 1.950.730,99 (96.862,26) (1,02) 1.676.636,36 177.232,37 1,87

100.000 1.955.218,73 2.003.830,99 (48.612,26) (0,49) 1.729.736,36 225.482,37 2,25 105.000 2.056.568,73 2.056.930,99 (362,26) (0,00) 1.782.836,36 273.732,37 2,61 110.000 2.157.918,73 2.110.030,99 47.887,74 0,44 1.835.936,36 321.982,37 2,93

115.000,00 2.259.268,73 2.163.130,99 96.137,74 0,84 1.889.036,36 370.232,37 3,22 120.000,00 2.360.618,73 2.216.230,99 144.387,74 1,20 1.942.136,36 418.482,37 3,49 125.000,00 2.461.968,73 2.269.330,99 192.637,74 1,54 1.995.236,36 466.732,37 3,73 130.000,00 2.563.318,73 2.322.430,99 240.887,74 1,85 2.048.336,36 514.982,37 3,96 135.000,00 2.664.668,73 2.375.530,99 289.137,74 2,14 2.101.436,36 563.232,37 4,17 140.000,00 2.766.018,73 2.428.630,99 337.387,74 2,41 2.154.536,36 611.482,37 4,37 145.000,00 2.867.368,73 2.481.730,99 385.637,74 2,66 2.207.636,36 659.732,37 4,55 150.000,00 2.968.718,73 2.534.830,99 433.887,74 2,89 2.260.736,36 707.982,37 4,72 155.000,00 3.070.068,73 2.587.930,99 482.137,74 3,11 2.313.836,36 756.232,37 4,88 160.000,00 3.171.418,73 2.641.030,99 530.387,74 3,31 2.366.936,36 804.482,37 5,03 165.000,00 3.272.768,73 2.694.130,99 578.637,74 3,51 2.420.036,36 852.732,37 5,17 170.000,00 3.374.118,73 2.747.230,99 626.887,74 3,69 2.473.136,36 900.982,37 5,30 175.000,00 3.475.468,73 2.800.330,99 675.137,74 3,86 2.526.236,36 949.232,37 5,42

Fonte: Dados da pesquisa.

Pode-se constatar, a partir dos números obtidos acima, que o desempenho

simulado mediante a aplicação de uma equação linear é diferente daquele

apresentado na relação não linear. Destaca-se, dessa maneira, o desempenho

sempre crescente do lucro e da margem de contribuição unitária.

Esse comportamento ascendente se deve ao fato de que, contrariamente aos

valores encontrados nas análises não lineares, os preços médios continuam subindo

com o aumento do volume de vendas, conforme comparação da tabela 14:

84

Abordagem não linear Abordagem linearKg Vend. Preço Médio MC Unit. Preço Médio MC Unit.

145.000,00 18,21 4,20 19,77 4,55 150.000,00 17,92 4,21 19,79 4,72 155.000,00 17,65 4,21 19,81 4,88 160.000,00 17,38 4,20 19,82 5,03 165.000,00 17,11 4,20 19,83 5,17 170.000,00 16,86 4,18 19,85 5,30

������������

����������

��������

��������

������������������������

������������������������������������

�������������������������������������������������������������

(20)

(15)

(10)

(5)

-

5

- 50.000 100.000 150.000 200.000

Kg Produzido e Vendido

Lucr

o Un

itário

Linear�������������������� Não linear

Tabela 14: Comparação entre preço médio e MC - linear e não linear

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos das tabelas 09 e 13

Entretanto, das análises não lineares, observa-se que, para ampliar o nível de

vendas é necessário reduzir o preço de venda, e, conseqüentemente, a margem de

contribuição sofre um decréscimo. De forma linear, esse comportamento não se faz

presente, pois os preços médios continuam a subir indefinidamente, fazendo com

que, também a margem de contribuição continue aumentando, conforme mostra a

tabela 14. Essas relações podem ser melhor visualizadas mediante o gráfico 16:

Gráfico 16: Lucro unitário - linear e não linear

Fonte: Dados da pesquisa – extraídos das tabelas 08 e 12

O gráfico 16 apresenta a comparação entre o lucro unitário nas duas formas

de análise. Nota-se que o comportamento é diverso, com tendência de queda mais

acentuada com a utilização da análise não linear, enquanto que, mediante uma

apreciação linear, o lucro unitário apresenta tendência decrescente menos

acentuada.

85

Dessa forma, a análise de forma não linear possibilita à empresa a percepção

de que, a partir de uma produção e venda de aproximadamente 90.000 kg inicia-se o

processo de obtenção de lucro. Entretanto, caso a referida organização prefira optar

pela abordagem linear os resultados da simulação revelam que o lucro será obtido

apenas ao nível de 105.000 kg. Tal divergência deve-se ao fato de que, na visão

linear, fica evidenciado o reflexo do aumento da produtividade nos custos médios,

enquanto que, a forma linear não reflete os ganhos de escala.

De igual modo, na comparação da margem de contribuição, também se

visualiza diferenças entre as duas visões, conforme destacado no gráfico 15:

Gráfico 17: Margem de contribuição unitária - linear e não linear

������������

������������������������������������������������������

�����������������������������������������������������������

��������������������������������

����������������������������������

����������������

(10)(8)(6)(4)(2)-2468

- 50.000 100.000 150.000 200.000

Kg Produzido e Vendido

MC

Uni

tári

a

Linear����������������������������������������Não linear

Fonte: Dados extraídos das tabelas 08 e 12

Observa-se um comportamento acentuadamente curvilíneo da margem de

contribuição não linear, que reforça o desempenho inicialmente crescente e, com as

desvantagens geradas pela redução do preço médio, posteriormente decrescente.

De forma diversa, a margem de contribuição obtida pela abordagem linear

apresenta-se de forma crescente ao longo dos níveis de vendas, com uma

inexpressiva tendência decrescente.

O gráfico 17 apresenta o ponto de inflexão entre as duas margens de

contribuição. Percebe-se que, até o nível de produção e vendas de 135.000 kg a MC

86

linear é menor que aquela obtida pela abordagem não linear. A partir desse ponto,

no entanto, a situação se inverte em função da redução mais acentuada da MC

obtida de forma não linear. Essa redução, conforme visto, deve-se ao

comportamento dos custos e receitas marginais, que altera o valor da MC.

Entretanto, a referida empresa produz acima desse nível quase em todos os

meses do ano. Somente em dezembro, mês no qual a demanda decresce e os

funcionários recebem férias coletivas a produção sofre tal alteração. No entanto, é

importante para a empresa, conhecer as implicações, para o seu lucro, provindas de

diferentes níveis de produção.

5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

O objetivo desse trabalho foi trazer uma contribuição à análise custo volume

lucro. Assim, foram introduzidas na teoria tradicional as abordagens da teoria

econômica e as interações não lineares dos sistemas econômicos.

De acordo com o problema de estudo, e, com as informações extraídas da

fundamentação teórica, apresenta-se, a seguir, as principais conclusões da presente

pesquisa.

5.1 CONCLUSÕES

Como primeiro objetivo, a presente pesquisa se propôs discutir o modelo de

análise de custo-volume-lucro atualmente empregado pela contabilidade gerencial, à

luz dos conceitos econômicos, ou seja, de forma não linear. Assim, primeiramente,

foram identificadas determinadas limitações, que são empregadas para facilitar as

análises CVL. Tais limitações são causadoras, por vezes, de distorções no processo

decisório. Entretanto, a inclusão do custo variável e da receita, não linear – dado

pela variação do custo e da receita marginal - mostrou-se útil, em termos teóricos,

para a melhoria do processo de tomada de decisão.

Dessa forma, a segunda parte dessa dissertação concentrou-se em testar, em

uma malharia, a análise de custo-volume-lucro incrementada pelos conceitos

econômicos, a fim de que fosse verificada sua validade. Entretanto, algumas

limitações dificultaram os procedimentos de análise, inicialmente propostos neste

trabalho, dentre as quais destaca-se a impossibilidade do acesso aos dados

históricos da empresa. Como conseqüência, considerou-se apenas um ano para fins

de análise. Vale ressaltar que mais dados possibilitariam a observação do

88

comportamento dos custos para outros tantos níveis e estágios produtivos, embora o

efeito inflacionário de longo prazo pudesse ofuscar a análise.

Outra limitação do trabalho é a utilização de dados nos quais não se torna

possível observar, com clareza, os efeitos da curva de experiência. O ideal é utilizar

um período de tempo no qual a empresa tenha entrado em um novo estágio

produtivo em que as variações de custos provindas da experiência, também, fossem

percebidas. O conceito da curva de experiência, discutido pela teoria econômica,

envolve um profundo conhecimento do processo produtivo da empresa que, em

geral, é superficial.

No entanto, o comportamento dos custos, descrito pela teoria – inicialmente

alto, reduzindo ao longo do processo produtivo, com uma tendência de crescimento

ao cederem as vantagens de escala – pode ser verificado na empresa em questão.

Entretanto, as comprovações empíricas casualmente podem ser diferentes daquelas

descritas pela teoria. Desse modo, não foi verificado o volume produtivo no qual os

custos médios voltam a crescer, conforme consta na teoria econômica.

Ademais, o que se pretendeu trazer com a presente pesquisa foi uma

contribuição para a análise custo-volume-lucro, através de uma discussão teórica e

empírica, das questões consideradas por alguns autores - tais como Hansen e

Mohen (2001), Martins (2003), Maital (1996), entre outros - como limitantes.

Dessa forma, a comparação da abordagem linear com a não linear – proposta

pelo último objetivo específico – mostrou-se dissonante nas duas formas de análise.

Na apreciação não linear, a margem de contribuição, o lucro, e o ponto de equilíbrio

se alteram ao longo do processo de produção e vendas. Isso se deve ao fato de

que, conforme apresentado acima, tanto os custos quanto as receitas sofrem

alterações ao variar o volume. Tal variação no CVMe deve-se ao desempenho do

89

CMg que reflete as vantagens de escala provindas do uso mais eficiente dos fatores

produtivos da empresa. Entretanto, esse comportamento não é evidenciado através

da análise linear dos custos.

Constata-se, a partir das análises apresentadas, que as disparidades

encontradas entre as duas abordagens pode levar à falhas no processo decisório.

Como direcionamento do estudo, tem-se que a utilização de uma equação não linear

melhora o processo de tomada de decisão ao munir os gestores de informações

mais precisas e que representam o comportamento real das variáveis envolvidas.

Portanto, os resultados obtidos através da simulação dos valores de custos e

receitas da malharia – objeto da pesquisa – apontam que há diferenças significativas

entre as duas formas de análise.

Com base na abordagem não linear constata-se que níveis produtivos acima

de, aproximadamente, 105.000 kg levam a reduções no CVT. Tal comportamento,

no entanto, é diverso no caso da abordagem linear, na qual, o CVT continua com

tendência crescente. Similarmente, o CVMe a partir desse ponto decresce com mais

intensidade que o custo apresentado pela versão linear. Evidencia-se assim o

reflexo dos ganhos de escala que a empresa em questão obtém ao produzir

quantidades maiores.

Ao reduzir o CVMe a empresa gera melhorias na sua margem de contribuição.

Com o aumento da MC diminui a quantidade de quilos de tecido necessários para

atingir o ponto de equilíbrio e iniciar o processo de obtenção de lucros. Ao produzir

quantidades menores o CVMe aumenta e, em decorrência a MC torna-se mais

baixa. Necessita-se, dessa forma, de uma quantidade alta de kg de produto para

cobrir os custos fixos.

90

Para ilustrar, em termos numéricos, no momento em que a organização, alvo

do estudo, produz em torno de 60.000 kg, segundo os dados da simulação, gera-se

uma margem de contribuição de $0,75. O CVMe para produzir à esse nível de

produção é de $22,38 e o preço recebido pela venda é de $23,13. Em função do

baixo volume de produção o CVMe apresenta-se com valor alto. Mas, com aumento

da produção, como discutido anteriormente, o CVMe e o PM diminuem e altera-se a

margem de contribuição.

Entretanto, para cobrir os custos com uma margem de contribuição pequena a

empresa precisa produzir em torno de 360.000 kg, nível que está acima da sua

capacidade produtiva. Desse modo, níveis produtivos em torno de 60.000 kg,

embora apresentem margens de contribuição positiva, não levam a empresa a

auferir lucro. Por outro lado, ao produzir 90.000 kg a empresa apresenta uma

margem de contribuição de $3,38. Assim, para alcançar o ponto de equilíbrio - dada

essa MC -são necessários apenas 81.000 kg de tecido. Dessa forma, ao produzir e

vender 90.000 quilos a empresa consegue cobrir todos os custos – fixos e variáveis

– e obter um lucro no valor de $30.228,96. Entretanto, cabe ressaltar que, se a

empresa limitar-se a produzir 81.000 kg, o CVMe tende a aumentar, uma vez que a

redução do CVMe da empresa está ligada ao aumento dos níveis de produção.

Desse modo, o CVMe e o PM oscilam em função da quantidade produzida e

vendida, o que leva a modificações constantes na MC. O PE da empresa, em

decorrência, segue o mesmo comportamento, ou seja, à medida que aumenta a MC

reduz o ponto de equilíbrio e vice-versa.

No que tange ao comportamento do lucro e da margem de contribuição, os

gráficos 16 e 17 apresentam as diferenças evidenciadas pelas duas formas de

análise. Através da abordagem linear a MC e o lucro crescem de forma mais

91

acentuada. De modo diverso, a partir do nível de produção e vendas de 135.000 Kg

as análises não lineares apontam uma redução nos lucros e na margem de

contribuição, provocada pela variação desvantajosa dos custos e receitas marginais.

Portanto, evidencia-se a limitação da análise linear ao não refletir alterações

provocadas pelas melhorias de escala obtidas com o incremento do processo

produtivo, que modifica o CVMe. Da mesma forma, o comportamento das receitas

não reflete a possível necessidade de redução de preços ao aumentar-se o volume

das vendas. Assim, as análises não lineares podem refletir, com maior confiabilidade

e precisão, o comportamento dos custos e receitas para diversos cenários.

Dessa forma, ressalta-se que, a hipótese do presente trabalho – de que a

junção dos conceitos econômicos aos contábeis pode contribuir para melhorar as

informações da contabilidade, no que se refere a análise custo-volume-lucro –é

corroborada pelas conclusões apresentadas.

5.2 RECOMENDAÇÕES

Com base nas conclusões obtidas torna-se presente a necessidade de

apresentação de algumas recomendações para a empresa objeto de estudo, como

também para futuros trabalhos.

5.2.1 Recomendações para a empresa

Dentre elas, destaca-se a sugestão para que a empresa reveja o seu processo

produtivo, principalmente para os meses de dezembro e janeiro – nos quais o

volume de produção e vendas encontra-se baixo. É sabido que, em tais meses, a

demanda pelo produto é reduzida consideravelmente. Além disso no mês de

92

dezembro existem as férias coletivas. Tais fatores influenciam no volume produzido

e vendido. No entanto, como analisado, quantidades abaixo de 90.000 kg - embora

apresentem MC positiva - não fornecem lucro por não serem suficientes para cobrir

todos os custos e despesas fixas e variáveis.

Ressalta-se que a produção em níveis mais altos leva a reduções de custo e,

conseqüente aumento da MC e do lucro. Assim, a empresa deve criar mercado para

fazer frente a sazonalidade presente nestes meses e melhorar seus lucros.

Além disso, conforme visualizado, quantidades acima de aproximadamente

150.000 kg podem levar a empresa, novamente, a desvantagens de escala. A MC a

partir deste ponto inicia um processo de queda motivado pelo decréscimo do preço

médio maior que o decréscimo do custo, pois, para vender mais a empresa precisa

baixar o preço. Assim, em torno desse volume de produção e vendas, novo

planejamento deve ser feito de forma que, novas estratégias sejam adotadas para a

constante melhoria da lucratividade da empresa.

Cabe ressaltar, entretanto, que os valores encontrados e sugeridos acima são

apenas um parâmetro para a análise constante que a empresa faz de suas

atividades, uma vez que, as simulações feitas com quantidades acima de 115.000 kg

refletem apenas uma tendência de comportamento dos custos e receitas baseados

em comportamentos passados. Ademais, a busca pela melhoria contínua é um

diferencial para as empresas que querem vencer em mercados competitivos.

5.2.2 Recomendações para futuros trabalhos

Em se tratando das recomendações para futuros trabalhos de pesquisa, e, para

melhor comprovar a validade científica da hipótese apresentada é necessário testá-

la em outras empresas, de outros setores da economia, e de porte financeiro

93

variado, a fim de verificar o comportamento das questões apresentadas em outros

cenários econômicos.

Sugere-se também, aplicar o estudo em uma empresa, na qual, seja mais

possível acompanhar a evolução da variação do custo por meio da variação da

curva de experiência, economias de escala e de escopo. Ou seja, analisar uma

empresa que disponibilize os dados históricos de seus custos e receitas, afim de que

se tornem mais claras as oscilações dos custos e das receitas ao longo do processo

produtivo.

Por outro lado, futuros trabalhos podem vir a focar o estudo das receitas e dos

custos não lineares de forma mais complexa. O estudo das receitas, por exemplo,

envolve pesquisas de mercado para verificação do comportamento dos

consumidores e da sensibilidade destes aos preços, entre outros fatores. No

entanto, o estudo da demanda tornaria a presente pesquisa complexa e extensa.

Dessa forma, para fins de simplificação, optou-se por analisar os dados dentro dos

limites da empresa, base em funções matemáticas.

Dessa forma, o comportamento dos custos e das receitas foi simplificado

através da utilização de tais funções. Também a classificação dos custos, em fixos e

variáveis pode conter imperfeições provocadas por erros de classificação ou de

lançamentos pelo regime de caixa. Dessa forma, sugere-se que novos trabalhos

contemplem essa limitação no sentido de apresentar a modelagem em cima do

custo total, sem a necessidade de separação dos custos.

Para finalizar, em função de o custo da empresa estudada sofrer impactos

constantes do ambiente externo, tais como, alterações de câmbio, do mix de

produtos, como também da forma de lançamento dos dados as análises

apresentadas pelo presente trabalho podem, também, sofrer alterações. Uma

94

análise mais criteriosa de tais interferências poderiam ter evitado a exclusão dos

pontos ditos como discrepantes. Nesse sentido a análise por produto ou por famílias

de produtos, com a utilização de algum índice de deflação para corrigir os valores

poderia melhorar as análises.

Desse modo, recomenda-se a realização de futuros trabalhos em empresas

que não apresentem tais características e nas quais o teor das análises seja mais

rigoroso.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Maria Margarida de. Como preparar trabalhos para cursos de pós-graduação: noções práticas. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1997. ATKINSON, Anthony A., et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2000. BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística aplicada às ciências sociais. 4. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2001. BORGERT, Altair; MARTINS, Jóici. Um enfoque econômico na análise da margem de contribuição. In: IX CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS (2002, São Paulo). Anais... São Paulo: FECAP, 2002. CD ROM. BORNIA, Antonio Cezar. Análise gerencial de custos: aplicação em empresas modernas. Porto Alegre: Bookman, 2002. BRUYNE, P de et al. Dinâmica da pesquisa em ciências sociais: os pólos da prática metodológica. Rio de Janeiro: F. Alves, 1977. CASTRO, C. M. A prática da pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1977. DIAS, Ivan Pinto. Algumas Observações sobre margem de contribuição. Revista de Administração de Empresas. São Paulo: n. 32, p. 36-45. Jul/Ago. 1992.

ECO, H. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1983. FARRAR, Donald E.; MEYER, John F. Economia para executivos. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. GARÓFALO, Gilson de Lima; CARVALHO, Luiz Carlos P. Teoria microeconômica. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1986. HANSEN, Don R.; MOWEN, Maryane M. Gestão de custos: contabilidade e controle. São Paulo: Pioneira, 2001. HORNGREN, Charles T.; FOSTER, George; DATAR, Srikant M. Contabilidade de custos. 9. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2002. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade gerencial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos da metodologia científica. São Paulo: Atlas, 1991. LEFTWICH, R. H. O sistema de preços e a alocação de recursos. 8. ed. São Paulo: Pioneira, 1994.

LUDKE, M.; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Pauto: EPU, 1986.

96

MAITAL, Shlomo. Economia para executivos: dez ferramentas essenciais para empresários e gerentes. Rio de Janeiro: Campus, 1996. MAHER, Michael. Contabilidade de custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001. MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Metodologia científica. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2000. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 9.ed. São Paulo: Atlas, 2003. MICROSOFT EXCEL 2000. Versão 7.0 Copyright 1985-1999. Microsoft Corporation. MINAYO, M. C. de S. et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 7. ed. Petrópolis: Vozes, 1994. PINDYK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.

RICHARDSON, R. J. et al. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1985. SANTOS, Antonio Raimundo dos. Metodologia científica: a construção do conhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: DP & A, 1999. SANTOS, Joel José dos. Análise de custos: um enfoque gerencial. São Paulo: Atlas, 1987. SHANK, John; GOVINDARAJAN, Vijay. A revolução dos Custos. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. VARIAN, Hal R. Microeconomia: Princípios básicos. 4. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. WATSON, Donald S.; HOLMAN, Mary A. Microeconomia. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 1985. WESSELS, Walter J. Economia. São Paulo: Saraiva, 1998.

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo