Uma Estratégia Pobre Contra a Pobreza

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  • 8/17/2019 Uma Estratégia Pobre Contra a Pobreza

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    EDITORIAL

    Uma estratégia pobre contra apobrezaDIRECÇÃO EDITORIAL (Público)

    14/12/2014 - 05:26

     A palavra “reinserção” só teria sentido no RSI se com ele viesse uma verdadeirareinserção social

    Tem-se falado muito de pobreza, nos últimos tempos,mas a semana que agora findou foi particularmentefértil em factos e números demonstrativos. Começoupela notícia, algo insólita, de que um grupo de sem-abrigo do orto se disp!e a processar o "stado por

     violaç#o dos $ireitos %umanos. o sabem se daíresultar' alguma coisa, nem se tal acto vai mesmopara a frente, mas fartaram-se da espera e do sil(ncio.

    )uerem poder dizer, a alguém que verdadeiramente osouça, que n#o é possível viver com as verbasmiser'veis, e intermitentes, de que disp!em. *im, é oc+amado *, ou endimento *ocial de nserç#o, maso seu alerta é para a verdadeira desinserç#o/ dorendimento. )uem o d', o "stado, f'-lo como sefizesse um enorme favor, mas quem o recebe fica nasm#os com uma quantia que n#o garante a ninguémuma sobreviv(ncia digna. 0m solteiro sozin+o recebe123,14 euros e um casal 562,55 euros. *e tiverem umacriança a cargo, essas verbas sobem para,

    respectivamente, para 572,48 e 859,66 euros. *e n#otiverem, ou n#o puderem ter, outra fonte derendimento para l' dessa, como viver#o: ; rosto domovimento 0ma emplo? dos 123,14 euros que recebe, paga 149 eurospor um quarto com 'gua e luz incluídas. *obram-l+e53,14 euros para alimentaç#o, medicamentos e tudo oresto. @enos de um euro por dia. ;u seAa? ter' de

     bater a v'rias outras portas, pedir favores, mendigar,se n#o quiser cair na mais pura indig(ncia. ;u ent#o

     voltar viver na rua para poupar/ para o resto.

    &en+um camin+o é aconsel+'vel, sobretudo paraalguém que tem o mesmo dilema de mil+ares deportugueses? demasiado novo para se reformar,demasiado vel+o para trabal+ar.

    ; que fazer, ent#o: = estratégia seguida pelo "stadoportugu(s é a de cortar neste tipo de apoios, como seos seus benefici'rios fossem simples p'rias. =credita,quem toma tais medidas, estar no camin+o certo?quem dei>a de ter apoios, acaba por se virar/,arranAar trabal+o, seAa como for. o é verdade. ;trabal+o que +', e é cada vez mais minguado, n#o est'reservado para os que condenados a uma eternamarginalidade. Caíram na pobreza, l' ficar#o. =palavra reinserç#o/ só teria sentido, acoplada B tal

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    esmola estatal, se com ela viesse medidas de verdadeira reinserç#o social a prazo? um emprego, porprovisório que fosse, uma ocupaç#o que devolvessedignidade aos que a vida arrastou para situaç!ese>tremas. @as é o contr'rio que se verifica. ;presidente da C'ritas ortuguesa dizia, +' dias, ementrevista ao DEC;, que o * nunca foi para

    acabar com a pobreza, foi para aliviar a agressividadeda pobreza/. " alertava para o efeito que a pobrezateria nas crianças, a prazo Fe s#o muitas as criançasportuguesas, e isto pode ser dito sem qualquerdemagogia, a quem a pobreza turva a infGnciaH? *e ascrianças s#o menos saud'veis/, dizia ele, vamos termais encargos com saúdeI se s#o mais revoltadas, v#oser mais anti-sociais, e isso paga-se./ remos pagar,certamente.