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UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA USO DA MATRIZ DE RELEVÂNCIA NA AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS CARLOS HADDAD DE MELO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FULMINENSE - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ MAIO DE 2004

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UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA USO DA MATRIZ DE RELEVÂNCIA NA AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS

CARLOS HADDAD DE MELO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FULMINENSE - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

MAIO DE 2004

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UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA USO DA MATRIZ DE RELEVÂNCIA NA AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS

CARLOS HADDAD DE MELO

“Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e

Tecnologia, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense, como parte das exigências para obtenção do

grau de Mestre em Ciências de Engenharia, na área de

concentração de Engenharia de Produção”.

Orientador: Prof. Assed Naked Haddad, D.Sc

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FULMINENSE - UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

MAIO DE 2004

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UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA USO DA MATRIZ DE RELEVÂNCIA NA AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS

CARLOS HADDAD DE MELO

“Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e

Tecnologia, da Universidade Estadual do Norte

Fluminense, como parte das exigências para obtenção do

grau de Mestre em Ciências de Engenharia, na área de

concentração de Engenharia de Produção”.

Aprovada em ____ de _________________________ de 2003 Comissão Examinadora: ______________________________________________________ Prof. LUIS ANTÔNIO MEIRELLES, D.Sc. UFRJ ______________________________________________________ Prof. RENATO DE CAMPOS, D.Sc. - UENF ______________________________________________________ Prof. GUSTAVO TERRA, D.Sc. –CEFET-CAMPOS ______________________________________________________ Prof. ASSED NAKED HADDAD, D.Sc. (UFRJ-EP-DCC) - Orientador

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por estar sempre presente em minha vida.

Ao meu orientador Assed, pela amizade e pelo auxílio na elaboração deste trabalho.

À minha mãe, pelo Amor, pelo carinho, pela renúncia, pelo colo nos momentos difíceis,

pelas broncas nos momentos adequados e por, a cada dia, me ensinar a ser uma

pessoa melhor. Obrigado por você existir!!!

Ao meu pai, pelo bom humor interminável, pelas brincadeiras, pelo Amor, amizade e

carinho. Obrigado Pai!!!

À minha irmã Carina, minha grande companheira.

À minha namorada Aline, pelo Amor, pelo apoio, pela presença, e por ser uma das

pessoas mais incríveis que conheço. “Se todos fossem iguais a você, que maravilha

seria viver”!!!

Ao meu avô (in memorian) e a minha avó, pelos exemplos, pelas orações e por ser o

ponto de equilíbrio da família.

Aos amigos André Mariano e Françoise, pela amizade, carinho e pelo auxílio na

execução desse trabalho. Minha eterna gratidão!

Aos grandes amigos Schwan, Hudson, Wendell e Adriana, por estarem sempre

presentes em todos os momentos.

Aos amigos e companheiros de mestrado João e Pupe, pela amizade e pelos

momentos que passamos juntos.

À tia Deise e ao Livinho, pelo carinho e pelas hospedagens.

Ao Professor e amigo Sérgio Tibana, pela amizade e pelos preciosos conselhos.

Ao Professor e amigo Renato de Campos, pela amizade e pelos ensinamentos.

Aos amigos e professores do LEPROD e LECIV, pelos momentos agradáveis.

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A todos os meus amigos que não estão aqui citados, obrigado!!!

À FAPERJ, pelo auxílio financeiro.

Aos funcionários da UENF, pelo precioso trabalho.

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SUMÁRIO

1. Apresentação 1

1.1. Objetivos 2

1.2. Justificativas 3

1.2.1. Enfoque Econômico 3

1.2.1.1. Visão Mundial 3

1.2.1.2. Visão Nacional 3

1.2.2. A Questão Social e Ambiental 4

1.3. Metodologia 4

1.4. Estrutura do Trabalho 5

2. Fundamentação Teórica 6

2.1. Uma Breve História do Trabalho 6

2.2. Evolução do Direito à Saúde do Trabalhador 7

2.2.1. A contribuição da Revolução Industrial 8

2.2.2. A Organização Internacional do Trabalho 9

2.3. As Etapas da Relação Saúde Trabalho 10

2.3.1. Etapa da Medicina do Trabalho 11

2.3.2. Etapa da Saúde Ocupacional 11

2.3.3. Etapa da Saúde do Trabalhador 12

2.3.4. Etapa da Qualidade de Vida do Trabalhador 15

3. Riscos Ocupacionais e a Saúde do Trabalhador 17

3.1. Acidente no Trabalho 17

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3.2. Moléstias Profissionais 17

3.3. Doenças do Trabalho 18

3.4. Os Riscos 18

3.5. Os Tipos de Riscos Presentes nos Locais de Trabalho 18

3.5.1. Agentes Físicos 20

3.5.1.1. Ruído 20

3.5.1.2. Vibrações 22

3.5.1.3. Pressões Anormais 23

3.5.1.4. Temperaturas Extremas 24

3.5.1.4.1. Exposição ao Calor 24

3.5.1.4.2. Exposição ao Frio 26

3.5.1.5. Radiações Não-Ionizantes 29

3.5.1.6. Radiações Ionizantes 31

3.5.2. Agentes Químicos 33

3.5.3. Agentes biológicos 35

3.5.4. Ergonomia 38

4. A Matriz de Relevância 40

5. Desenvolvimento do Programa 44

5.1. Apresentação 44

5.2. Cadastramento de Dados e Funcionamento do Programa 47

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6. Validação do Software 54

6.1. Empresa “A” 54

6.2. Simulações 66

6.3. Empresa “B” 75

7. Conclusões e Sugestões 79

Referências Bibliográficas 80

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Resumo de dissertação apresentado ao CCT/UENF como parte das exigências

necessárias para obter o grau de mestre (MS) em Ciências da Engenharia (área de

Engenharia de Produção).

UMA FERRAMENTA COMPUTACIONAL PARA USO DA MATRIZ DE

RELEVÂNCIA NA AVALIAÇÃO DE RISCOS OCUPACIONAIS

CARLOS HADDAD DE MELO

Orientador: Prof. ASSED NAKED HADDAD

Maio de 2004

O presente trabalho trata do gerenciamento de riscos ocupacionais de uma

organização frente à gestão da segurança saúde ocupacional. São apresentados e

discutidos os principais tipos de riscos ocupacionais presentes nos ambientes de

trabalho. A Metodologia da Matriz de Relevância é apresentada e utilizada para

promover o gerenciamento dos riscos. Ela visa à priorização dos riscos através da

determinação de setores e riscos críticos para a organização. Um programa

computacional foi elaborado para auxiliar e facilitar a aplicabilidade da metodologia

bem como para promover simulações com a finalidade de aumentar a confiabilidade

dos resultados obtidos.

Palavras chave: Gerenciamento de Riscos, Matriz de Relevância, Riscos

Ocupacionais.

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Thesis abstract presented to CCT/UENF as part of the requirements necessary for

obtaining the master’s degree (M.Sc.) in engineering Sciences (Production Engineering

área).

A COMPUTATIONAL TOOL FOR THE USE OF RELEVANCE MATRIX ON

OCCUPATIONAL RISKS EVOLUTION

CARLOS HADDAD DE MELO

Orientador: Prof. ASSED NAKED HADDAD

May de 2004

This work addresses organizational risk management against health and safety

at work management. All key occupational risks existent at workplace are presented

and discussed. Relevance Matrix Methodology is presented and applied to promote

risk management. It aims risk prioritization through organization’s critical risk and

sectors determination. Software was developed to help and facilitate the Methodology’s

application, as well to develop simulations, aiming results reached reliability

enhancement.

Keywords: Risk Management, Relevance Matrix, Occupational Risks.

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SIGLAS E ABREVIAÇÕES

ABQUIM Associação Brasileira de Indústrias Químicas

CF Constituição Federal

CLT Consolidação das Leis do Trabalho

DORT Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho

GLP Gás Liquefeito do Petróleo

IEA International Ergonomics Association

LER Lesão por Esforço Repetitivo

NR Norma Regulamentadora

OIT Organização Internacional do Trabalho

OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PIACT Programa Internacional para o Melhoramento das

Condições e do Meio Ambiente de Trabalho

REDUC Refinaria de Duque de Caxias

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LISTA DE TABELAS

Tabela 3.1 - Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente 21

Tabela 3.2 - Respostas típicas associadas a diferentes níveis de temperatura interna 28

Tabela 3.3 - Relação entre os agentes biológicos mais comuns para determinadas

formas de trabalho e a conseqüência da exposição a esses agentes

37

Tabela 4.1 – Graduação de Risco para Matriz de Relevância 41

Tabela 4.2 – Matriz de Relevância 43

Tabela 6.1 - Matriz de Relevância da Empresa A 56

Tabela 6.2 – Graduações utilizadas nas simulações 66

Tabela 6.3 – Valores obtidos pela simulação – Divisão pelos tipos de riscos 72

Tabela 6.4 – Valores obtidos pela simulação – Divisão por setores 72

Tabela 6.5 – Alterações Efetuadas nas Graduações de Riscos 75

Tabela 6.6 – Valores obtidos pela simulação – Divisão pelos tipos de riscos 76

Tabela 6.7 – Valores obtidos pela simulação – Divisão por setores 77

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LISTA DE FIGURAS

Figura 5.1 – Tela inicial do software 44

Figura 5.2 - Fluxograma simplificado do funcionamento do programa 45

Figura 5.3 - Cadastro de Empresas 46

Figura 5.4 – Visualização das Empresas Cadastradas no Banco de Dados 47

Figura 5.5 – Apresentação dos grupos cadastrados no banco de dados 48

Figura 5.6 – Cadastro de Grupos 48

Figura 5.7 – Riscos já cadastrados no banco de dados. 49

Figura 5.8 – Cadastro de Riscos 50

Figura 5.9 - Cadastro de Setores 51

Figura 5.10 – Cadastro de setores 51

Figura 5.11 – Inclusão dos Setores para Empresa A. 52

Figura 5.12 - Cadastro das Graduações de risco para cada Risco/Setor 53

Figura 6.1 – Cadastramento da Empresa A no Software 57

Figura 6.2 – Riscos cadastrados para Empresa A 58

Figura 6.3 – Setores Cadastrados para Empresa A 58

Figura 6.4 – Graduação de Riscos para o Setor Administração 59

Figura 6.5 – Graduação de Riscos para o Setor Engarrafamento 59

Figura 6.6 – Graduação de Riscos para o Setor Fábrica de Garrafas 60

Figura 6.7– Graduação de Riscos para o Setor Distribuição 60

Figura 6.8 – Graduação de Riscos para o Setor Manutenção 60

Figura 6.9 – Gráficos Comparativos de Análise para Empresa A – Valores Absolutos 64

Figura 6.10 – Gráficos Comparativos de Análise para Empresa A – Valores Relativos 65

Figura 6.11 – Resultados da Simulação 1 67

Figura 6.12 – Resultados da Simulação 2 68

Figura 6.13 – Resultados da Simulação 3 69

Figura 6.14 – Resultados da Simulação 4 70

Figura 6.15 – Resultados da Simulação 5 71

Figura 6.16 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa A – Divisão pelos

riscos

73

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Figura 6.17 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa A – Divisão pelos

setores

74

Figura 6.18 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa B – Divisão pelos

riscos

77

Figura 6.19 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa B – Divisão pelos

setores

77

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UENF 2004 CAPÍTULO 1

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1. APRESENTAÇÃO

O risco sempre esteve presente no cotidiano do ser humano. Desde os tempos

mais remotos até os dias atuais, os homens foram obrigados a conviver e enfrentar os

mais diversos tipos de risco. O homem pré-histórico, por exemplo, era obrigado a

enfrentar batalhas contra animais selvagens e, até mesmo, contra seus próprios

semelhantes. Naquela época, o desafio maior era a sobrevivência. A jornada do homem

em busca do desenvolvimento foi longa e árdua, marcada por desafios e superações.

Durante esse extenso e escarpado percurso o homem conviveu com os mais diversos

tipos de risco que se renovavam a cada momento. O homem atual, por exemplo, não

mais luta contra garras de animais selvagens, porém contra garras de máquinas e

robôs mecânicos, ou seja, os cenários mudaram, os riscos também. Durante todo esse

percurso de evolução, um fato foi considerado fundamental para o desenvolvimento

humano. Este fato delimita a fronteira entre os tempos modernos e o passado e é

marcado pela percepção do risco.

A percepção do risco pelo ser humano representou uma circunstância essencial

para o seu desenvolvimento, pois permitiu que este encarasse o futuro não mais como

um capricho dos Deuses, e descobrisse que homens e mulheres não são passivos ante

a natureza. Até os seres descobrirem como transpor essa fronteira, o futuro era um

espelho do passado ou domínio obscuro de oráculos e advindos que detinham o

monopólio sobre o conhecimento dos eventos previstos (Berntein, 1997). A substituição

da visão passiva perante o risco para uma nova visão, mais ativa e desafiadora,

propiciou ao homem uma perspectiva de futuro como oportunidade. Da percepção, veio

o entendimento, do entendimento, a administração.

A administração ou gerenciamento do risco nos guia por uma ampla gama de

tomadas de decisões, da alocação da riqueza à salvaguarda da saúde pública, da

condução da guerra ao planejamento familiar, do pagamento de prêmios de seguros ao

uso do cinto de segurança, da plantação de milho à venda de flocos de milho (Berntein,

1997).

O Gerenciamento de Riscos é o processo de tomar e executar decisões que

minimizem os efeitos adversos que perdas acidentais possam ter sobre uma

organização. (Morgado, 2000)

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UENF 2004 CAPÍTULO 1

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Atualmente, o crescimento econômico acelerado, a globalização da economia, a

integração regional entre outros fatores, têm contribuído de forma significativa para a

modificação da estrutura ocupacional, algumas vezes com resultados positivos e outras

vezes negativos, que contribuem mantendo ou agravando as inquietudes existentes nas

formas de trabalho (Tennassee, 2001). Como resultados negativos observa-se o

aparecimento de novos riscos que quando não administrados corretamente acarretam

em acidentes e doenças do trabalho, questões que ganham a cada dia mais

importância para a opinião pública mundial, não só por representarem despesas

evitáveis que fogem ao bom senso, mas também, pela valorização de temas como

desenvolvimento sustentável, meio ambiente e respeito ao ser humano.

Assim sendo, ao se falar em temas como desenvolvimento tecnológico,

globalização econômica e integração regional, não podemos deixar de considerar o

trinômio saúde, segurança e meio ambiente, visto que a sobrevivência das empresas

não está apenas relacionada à capacidade de adaptação num ambiente tecnológico

dinâmico, mas, também, ao bem estar de toda a sociedade, gerando menos resíduos

poluentes e menos indivíduos doentes. Uma população com saúde, vivendo e

trabalhando em condições seguras e harmoniosas, certamente, é mais produtiva e

eficaz.

1.1 OBJETIVOS

Este trabalho tem por objetivo o desenvolvimento de um software que auxilie na

avaliação dos riscos ocupacionais de uma empresa, frente à gestão da segurança e

medicina do trabalho, procurando verificar se a aplicação facilita a identificação de

prioridades e justifica a escolha dos objetivos.

Objetivos específicos:

Mostrar, através do software, a aplicabilidade da matriz de relevância como

ferramenta de gerenciamento da segurança e da saúde do trabalho;

Facilitar a aplicação da matriz de relevância nas empresas em geral,

desenvolvendo uma ferramenta de uso simples e eficiente;

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UENF 2004 CAPÍTULO 1

3

Possibilitar a identificação dos setores e riscos mais críticos das empresas a

serem avaliadas;

Utilizar o software para promover simulações através da utilização de outras

graduações de severidades de risco, diferentes daquelas utilizadas na

abordagem clássica da metodologia, a fim de verificar a confiabilidade dos

resultados.

1.2 JUSTIFICATIVA 1.2.1 Enfoque econômico.

1.2.1.1 Visão mundial

Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o custo dos acidentes e

doenças ocupacionais corresponde à cerca de quatro por cento do Produto Bruto do

mundo. Mais de um milhão de trabalhadores morrem, por ano, vítimas de acidentes e

doenças do trabalho. Essa estatística ultrapassa a média anual de mortes em acidentes

de trânsito, guerras, violência e Aids. Um quarto dessas mortes, aproximadamente, é

decorrente de exposições a substâncias perigosas que provocam a incapacidade de

órgãos, resultando em câncer, distúrbios cardiovasculares, respiratórios, do sistema

nervoso. Um levantamento da OIT indica que ocorrem anualmente no mundo duzentos

e cinqüenta milhões de acidentes de trabalho e cento e sessenta milhões de doenças

profissionais.

1.2.1.2 Visão nacional

A ausência de segurança nos ambientes de trabalho no Brasil gerou no ano 2000

um custo de cerca de vinte e quatro bilhões para o país, equivalente a dois e meio por

cento do PIB. Deste total, seis bilhões correspondem a gastos com benefícios

acidentários, aposentadorias especiais e reabilitação profissional. O restante da

despesa refere-se à assistência à saúde do acidentado, indenizações, retreinamento,

recolocação no mercado de trabalho e horas de trabalho perdidas. (Pinheiro 2001).

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UENF 2004 CAPÍTULO 1

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1.2.2 A questão Social e Ambiental.

Como foi ressaltado anteriormente, a sobrevivência das empresas esbarra no

trinômio saúde, segurança e meio ambiente. A conscientização mundial da necessidade

de se investir em políticas de desenvolvimento sustentável que adotem formas mais

eficientes de trabalho, almejando respeitar não só seu patrimônio, mas também o meio

ambiente e toda sociedade de uma forma geral, aumentou a responsabilidade social

das empresas como também fez com que essas empresas ganhassem um fator

diferencial em relação aos seus produtos perante o mercado consumidor.

1.4 METODOLOGIA

O trabalho foi organizado segundo uma sistemática que seguiu a seguinte

ordem:

1. Pesquisa bibliográfica e levantamento da fundamentação teórica;

2. Estruturação teórica do trabalho;

3. Elaboração da ferramenta computacional (software);

4. Aplicação do software a estudo de caso em uma empresa já mapeada (riscos);

5. Apresentação e discussão dos resultados.

A pesquisa bibliográfica se concentrou em autores estrangeiros mesmo tendo

sido feito uso de literatura nacional, em virtude da importância desses autores. Na

estruturação teórica do trabalho o foco principal concentrou-se na organização e

segurança do trabalho, tendo em vista o forte relacionamento existente entre essas

áreas e a sua influência na aplicação prática da análise de riscos em empresas. A

estruturação fundamental do software se norteou pela organização centrada na matriz

de relevância e em planilha associada, o que permite desdobramentos diversos.

Finalmente, foi elaborado estudo de caso em empresas que já apresentavam

mapeamento de riscos, o que possibilitou a utilização de seu banco de dados.

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UENF 2004 CAPÍTULO 1

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1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho apresenta-se estruturado em sete capítulos, incluindo este

introdutório.

O capítulo dois apresenta uma fundamentação teórica a respeito da história do

trabalho, suas origens e transformações ao longo da história; alguns aspectos legais

referentes a relações de trabalho e um breve histórico do desenvolvimento da

engenharia de segurança no trabalho.

No capítulo três, aborda-se a questão dos riscos ocupacionais de uma forma

geral, apresentando a definição e a conseqüência da exposição dos trabalhadores aos

riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes.

A matriz de relevância é apresentada no capítulo quatro. Neste capítulo são

descritas suas principais características, como ocorre o tratamento dos riscos

encontrados, as graduações de risco e a utilização prática em casos reais.

No capítulo cinco, é apresentado o software. Suas principais funções e

características.

Para demonstrar a utilização e validação do software, no capítulo seis foi

realizado um estudo de caso aplicado a uma empresa.

O sétimo e último capítulo é reservado às recomendações e às conclusões do

trabalho.

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UENF 2004 CAPÍTULO 2

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Nesse capítulo serão apresentados alguns aspectos relevantes relativos ao

desenvolvimento da história do trabalho e da engenharia de segurança do trabalho.

Esses aspectos são importantes pois demonstram como e quando ocorreram as

primeiras ligações entre o trabalho e as doenças. A percepção dos riscos nos locais de

trabalho é o passo incipiente para um futuro processo de gerenciamento.

2.1 UMA BREVE HISTÓRIA DO TRABALHO

Antes de entrarmos no contexto da engenharia de segurança do trabalho e da

saúde do trabalhador, é legítimo, para um melhor entendimento do tema, que seja feita

uma breve análise da história do trabalho.

Segundo Martins (2003), a palavra trabalho vem do latim tripalium, que era uma

espécie de instrumento de tortura de três paus. A primeira forma de trabalho foi a

escravidão. Nessa época, o trabalhador, ou seja, o escravo, era considerado como um

objeto. O trabalho não tinha significado de realização pessoal, nem tão pouco era

sinônimo de dignidade.

Posteriormente, algumas modificações ocorreram nas formas de trabalho,

caracterizado agora, pelos senhores de engenho que asseguravam a proteção militar e

política aos seus servos e estes, que não eram livres, tinham que prestar serviços na

terra do senhor feudal. A jornada de trabalho era muito longa, na maioria das vezes

terminava com o pôr-do-sol por questão de qualidade de trabalho e não por proteção

aos trabalhadores. (Martins,2003)

Mudanças consideráveis ocorreram somente com o advento da revolução

industrial. Este período representou uma guinada nas relações de trabalho, provocada

por novas relações entre patrão e trabalhador, e pelo significativo abandono da

manufatura em conseqüência do aparecimento das máquinas a vapor. De acordo com

Martins (2003), a revolução industrial representou um grande marco na história do

trabalho, abrindo caminho para uma nova cultura trabalhista, onde o trabalho passou a

ser visto como emprego e os empregados passaram a trabalhar por salários.

Esse novo conceito de trabalho, agora não mais artesanal e marcado pelo início

da produção em série, não trouxe só benefícios. A utilização das máquinas obrigou aos

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UENF 2004 CAPÍTULO 2

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trabalhadores a conviverem em ambientes insalubres que representavam riscos para a

sua saúde. Esses riscos muitas vezes se materializavam em acidentes e doenças e por

isso, representaram um marco fundamental para a valorização das questões ligadas à

saúde e segurança do trabalhador.

2.2 EVOLUÇÃO DO DIREITO À SAÚDE DO TRABALHADOR

Para uma breve análise cronológica da evolução do direito à saúde do

trabalhador vale destacar três pontos importantes: as primeiras relações entre o

trabalho e as doenças que constituíram o alicerce para a concepção atual; a revolução

industrial que transformou as formas de trabalho; e a necessidade da criação de uma

força maior que acautelasse o respeito ao trabalhador perante uma realidade quase

insustentável.

Os Romanos foram os primeiros a estabelecer o vínculo entre o trabalho e as

doenças (Rosen, 1994). Porém o pedestal para o advento da Medicina do Trabalho

ocorreu em 1700, na cidade de Módena, na Itália, quando o médico Bernardino

Ramanzzini publicou o livro “De Morbis Artificum Diatriba”, traduzido para o vernáculo

como “As Doenças dos Trabalhadores” (Oliveira, 2002). No livro, Ramanzzini estudou

cinqüenta e quatro grupos de trabalhadores, abrangendo mais de sessenta profissões,

relacionando as atividades, às doenças conseqüentes e às medidas de prevenção e

tratamento.

A publicação de “As Doenças dos Trabalhadores” representou o marco de maior

evidência histórica com relação à saúde dos trabalhadores e fez de Ramazzini o Pai da

medicina do Trabalho, pois pela primeira vez na história da humanidade e da arte

médica, foi comprovado que o trabalho pode produzir doença e que todos os médicos

devem sempre procurar saber qual a profissão de cada um de seus pacientes para

verificar se não será esta que está condicionando o quadro mórbido (Nogueira, 2000).

Esses conceitos incipientes formaram os pilares que sustentam todas as teorias atuais

referentes a esse tema. A evolução das questões referentes à saúde e segurança do

trabalhador continuou a passos lentos até o advento da revolução industrial, que

provocou alterações consideráveis na realidade da época.

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UENF 2004 CAPÍTULO 2

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2.2.1 A CONTRIBUIÇÃO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

A revolução industrial provocou mudanças significativas nas formas de trabalho

que passou a ser realizado com auxílio das máquinas, propiciando um aumento notável

na produção, porém expôs os operários a ambientes totalmente inseguros e insalubres.

Naquele tempo não havia grandes preocupações com questões humanitárias

nem leis sobre o assunto, o que acabou obrigando aos operários a contar com a sorte

ou com o próprio instinto de sobrevivência. Eram forçados a zelar por sua defesa diante

do ambiente de trabalho agressivo e perigoso, tendo em vista que as engrenagens

aceleradas e expostas das engenhocas de então estavam acima da saúde ou da vida

“desprezível” do operário, uma vez que as concepções da época consideravam os

acidentes, as lesões e as enfermidades como subprodutos da atividade empresarial, e

a prevenção era incumbência do próprio trabalhador (OIT,1985). Essa situação era

alimentada pela impunidade, que por sua vez se justificava na falta de normas legais

que disciplinassem a atividade.

O crescente número de acidentes e a irresponsabilidade por parte dos

empresários acarretaram, porém, uma situação insustentável, que passou a preocupar

a opinião pública.

Segundo Martins (2003), a partir desse momento houve a necessidade de

elaboração de normas para melhorar o ambiente de trabalho em seus mais diversos

aspectos, de modo que o trabalhador não pudesse mais ser prejudicado com a

exposição a agentes nocivos à saúde. O direito passaria, então, a determinar certas

condições mínimas que deveriam ser observadas pelo empregador, inclusive aplicando

sanções para tanto e exercendo fiscalização sobre as regras determinadas.

A situação era lamentável, e em 1802 o Parlamento Britânico, motivado pelas

reações da opinião pública, conseguiu aprovar a primeira lei de proteção aos

trabalhadores: “a Lei de Saúde e Moral dos Aprendizes”, que estabelecia o limite de

doze horas de trabalho por dia, proibia o trabalho noturno, obrigava os empregados a

lavar as paredes das fábricas duas vezes por ano, e tornava obrigatória a ventilação

destas (Nogueira, 1979).

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No encadeamento dos fatos, em 1833 foi baixado na Inglaterra o “Factory Act,

1833”, que foi considerada a primeira legislação eficiente no que se refere à tutela do

trabalhador.

Essas legislações, porém, não tratavam sobre acidentes. As primeiras leis sobre

acidentes de trabalho surgiram na Alemanha em 1884, e posteriormente foram se

difundindo por outros países da Europa. No Brasil a primeira lei sobre acidente de

trabalho foi estabelecida pelo Decreto Legislativo nº 3724, de 15 de janeiro de 1919

(Oliveira, 2002).

Motivada pelas manifestações dos operários e pelas reivindicações

estabelecidas em diversos congressos de trabalhadores durante a Primeira Guerra

Mundial, foi criada em 1919, através do Tratado de Versalhes, a OIT – Organização

Internacional do Trabalho (Oliveira, 2002), que representou um momento de

modificações nas relações empregador-empregado e se fundamentou na valorização

da questão da justiça social.

2.2.2 A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO

A criação da OIT procedeu da convicção de que a justiça social é essencial para

garantir uma paz universal e permanente.

O preâmbulo da constituição da OIT enfatiza que “existem condições de trabalho

que implicam, para grande número de indivíduos, miséria e privações, e que o

descontentamento que daí decorre põe em perigo a paz e harmonia universais...”.

(Sussekind, 1994). Já na primeira reunião da OIT, no ano de 1919, foram adotadas seis

convenções, com visível propósito de proteção à saúde e integridade física dos

trabalhadores (Oliveira, 2002).

Atualmente, a OIT é a organização internacional com mandato constitucional e o

órgão competente para estabelecer Normas Internacionais do Trabalho e ocupar-se das

mesmas. Possui o objetivo de manter o vínculo entre progresso social e crescimento

econômico. A garantia dos princípios e direitos fundamentais no trabalho reveste uma

importância e um significado especial ao assegurar aos próprios interessados a

possibilidade de reivindicar livremente e em igualdade de oportunidades uma

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UENF 2004 CAPÍTULO 2

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participação justa nas riquezas a cuja criação têm contribuído, assim como a de

desenvolver plenamente seu potencial humano.

Por isso a OIT goza de apoio e reconhecimento universais na promoção dos

direitos fundamentais no trabalho como expressão de seus princípios constitucionais.

Ela assume que o crescimento econômico é essencial, mas insuficiente, para assegurar

a eqüidade, o progresso social e a erradicação da pobreza, o que confirma a

necessidade da promoção de políticas sociais sólidas, da justiça e de instituições

democráticas. Portanto, a OIT deve hoje, mais do que nunca, mobilizar o conjunto de

seus meios de ação normativa, de cooperação técnica e de investigação em todos os

âmbitos de sua competência, e em particular no âmbito do emprego, da formação

profissional e das condições de trabalho. No contexto de uma estratégia global de

desenvolvimento econômico e social, as políticas econômicas e sociais devem se

reforçar mutuamente com vistas à criação de um desenvolvimento sustentável de ampla

base.

2.3 AS ETAPAS DA RELAÇÃO SAÚDE-TRABALHO

Os itens anteriores promoveram uma abordagem genuinamente cronológica.

Segundo a abordagem de Mendes (1991), as etapas são focalizadas de acordo com o

pensamento vigente em cada época, a respeito da relação saúde-trabalho.

O abandono das divisões pelo critério cronológico prende-se ao fato de que

essas etapas não são excludentes, mas complementares, e foram ou estão sendo

implantadas em épocas diferentes, de acordo como o desenvolvimento de cada país.

Segundo Mendes (1991), a evolução das relações saúde-trabalho possui quatro

etapas distintas: etapa da medicina do trabalho, etapa da saúde ocupacional, etapa da

saúde do trabalhador, e etapa de qualidade de vida no trabalho. Essas etapas foram

definidas da forma descrita a seguir.

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UENF 2004 CAPÍTULO 2

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2.3.1 Etapa da medicina do trabalho

Nesta etapa o médico apenas atende o trabalhador doente, sem interferência

nos fatores causais da enfermidade, representando mais o deslocamento do

profissional da área médica para o estabelecimento do que propriamente a investigação

científica da relação trabalho-saúde. A expectativa do capital quanto às finalidades da

medicina do trabalho é a de ter um profissional médico de inteira confiança do

empresário, disposto a defendê-lo quanto à responsabilidade pela ocorrência dos

problemas de saúde e à prevenção dos danos resultantes dos riscos de trabalho.

O trabalhador apenas dispõe do atendimento especializado para administrar os

efeitos dos agentes danosos, porquanto o serviço médico não tem autonomia para

interferir no processo produtivo e eliminar as fontes das agressões, mesmo porque

estas providências dependem da participação de outros profissionais do setor

operacional.

2.3.2 Etapa da saúde ocupacional

Enquanto a medicina do trabalho paulatinamente ganhava terreno, começaram a

surgir novas idéias básicas para um salto qualitativo em direção à saúde ocupacional.

Essas idéias foram impulsionadas pela nova concepção humanitária oriunda do

Pós-Guerra, que resultou na criação da ONU (Organização das Nações Unidas) em

1945 e da OMS (Organização Mundial de Saúde) em 1946 (Oliveira, 2002). Elas se

basearam na percepção de que era necessário atuar nas causas das doenças e dos

acidentes, modificando o ambiente de trabalho, com a participação de outros

profissionais especializados, além do médico.

Pela primeira vez a correção dava lugar à prevenção, e o desequilíbrio das

questões saúde-trabalho passaria a ser analisado por uma ótica multidisciplinar. A

busca da prevenção só seria possível se, além do médico, outros profissionais de

outras áreas atuassem para garantir um equilíbrio satisfatório para o binômio saúde-

trabalho. O foco do problema não era mais a doença, e sim o seu agente causador

(Oliveira 2002).

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Segundo Colacioppo (1989) era necessário, paralelamente ao tratamento do

trabalhador doente, fazer o “tratamento” do seu respectivo trabalho, transformando o

ambiente ou a atividade de modo que se tornassem salubres, que é o objetivo da

higiene ocupacional.

Em setembro de 1949, na cidade de Oxford na Inglaterra, surgiu um novo ramo

de pesquisa: a ergonomia. Ela tinha o objetivo de viabilizar a aplicação prática do

pensamento contemporâneo de adaptação do trabalho ao homem, contrariando o

antigo costume no qual o homem é que devia se ajustar às necessidades do trabalho

(Vianna, 1976).

O marco na identificação desta etapa ocorreu no ano de 1957, quando um

comitê misto da OIT/OMS estabeleceu a definição dos objetivos da saúde ocupacional:

“A Saúde Ocupacional tem como finalidade incentivar e manter o mais elevado nível de

bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores em todas as profissões; prevenir

todo o prejuízo causado à saúde destes pelas condições de seu trabalho, protegê-los

em seus serviços contra os riscos resultantes da presença de agentes nocivos à saúde,

colocar e manter o trabalhador em um emprego que convenha às suas aptidões

fisiológicas e psicológicas e, em resumo, adaptar o trabalho ao homem e cada homem

ao seu trabalho” (Nogueira, 1989).

2.3.3 Etapa da saúde do trabalhador

A etapa da saúde ocupacional, apesar de representar um avanço significativo na

busca de um equilíbrio satisfatório para o binômio saúde-trabalho, não atingiu todos

seus propósitos. Para que gerasse bons resultados, a utilização de equipes

multidisciplinares exigiu uma grande organização e uma boa formação dos profissionais

envolvidos, o que limitou os resultados alcançados (Mendes, 1991).

Como conseqüência dessas dificuldades, na etapa da saúde ocupacional as

atividades para melhoria das condições de trabalho apenas se justapunham de maneira

desarticulada, sendo dificultadas por lutas corporativas (Mendes, 1991).

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No início da década de 70, porém, entra em ação um novo ator para tentar

modificar o cenário: o trabalhador. Até a etapa em que predominava o pensamento da

saúde ocupacional, o empregado apenas assistia ao desenrolar dos acontecimentos,

mas não contava com articulação suficiente para reivindicar, apesar de ser o principal

interessado (Oliveira, 2002).

Segundo Mendes (1991) o panorama político e as transformações sociais

influenciaram o nascimento de um novo período de protestos, questionamentos e

reivindicações. Um movimento social renovado, revigorado, surge nos países

industrializados do mundo ocidental e se espraia pelo mundo afora. São os anos da

segunda metade da década de 60, marcados pelo questionamento do sentimento da

vida, do valor da liberdade, do significado do trabalho na vida, do uso do corpo, e da

denúncia do obsoletismo de valores já sem significado para a nova geração.

Os trabalhadores acobertados por essa nova realidade, promoveram

movimentos de lutas onde reivindicavam melhores condições de trabalho, apontando o

que deveria ser modificado.

O ponto marcante desse movimento ocorreu em Turim, no final dos anos 60 e

ficou conhecido como “modelo operário italiano”. Os trabalhadores, utilizando o lema

“Saúde não se vende”, reivindicavam uma forma de trabalho digna e saudável e não

aceitavam mais a monetização do risco pelo recebimento de adicionais, ou seja,

desejavam transformar o trabalho em uma atividade criadora e não destruidora (Laurell,

1989).

O trabalhador passou a ser o fator incipiente para a identificação do problema.

Para isso utilizava sua experiência coletiva, partindo do efeito concreto para uma

posterior análise técnica, o que proporcionou o alcance de uma visão global do

ambiente, e não somente de um único posto de trabalho. Conseqüentemente

ganhavam igual importância problemas tais como ritmos e cargas de trabalho,

repetitividade e monotonia, turnos e horários, ruídos, substâncias químicas, vapores,

iluminação, etc. (Laurell, 1989).

Como resultado desse movimento, o trabalhador, diferentemente das etapas

anteriores, passa a ter autonomia perante os problemas inerentes às formas de

trabalho. Essa autonomia era assegurada por leis que significavam uma arma, cada vez

mais comum, a seu favor.

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Uma das leis mais importantes que resultaram desse movimento e que

consagrou uma série de avanços na tutela da integridade física do trabalhador, da

saúde, da liberdade sindical e do direito de informação do empregado, foi a Lei nº 300

(Statuto dei diritti dei lavoratori) promulgada no dia 20 de maio de 1970 na Itália. Esta

permitiu aos trabalhadores terem o direito de controlar a aplicação das normas para a

prevenção dos acidentes do trabalho e das doenças profissionais, de promover a

pesquisa, a elaboração e a atuação de todas as medidas capazes de tutelar a saúde e

a integridade física (Giugni, 1981).

Outro fato relevante foi a publicação da Lei nº 833, de 23 de dezembro de 1978,

estabelecendo que o empregador era obrigado a formular um mapa de risco,

comunicando as substâncias presentes nos ciclos produtivos e as suas características

toxicológicas e os possíveis efeitos para o homem e o ambiente (Giugni, 1981).

O acelerado processo de industrialização e o conseqüente aumento do número

de acidentes, doenças e mortes no trabalho contribui para fortalecer cada vez mais

essa postura dos trabalhadores. A OIT, em harmonia com o movimento renovatório da

década de 70 e diante dos quadros preocupantes das condições de trabalho, aprovou

por unanimidade a resolução instituindo o PIACT (Programa Internacional para o

Melhoramento das Condições e do Meio Ambiente de Trabalho).

O PIACT dava ênfase à necessidade de se tratar a questão da relação saúde-

trabalho através de um enfoque global, visto que as condições e o meio ambiente de

trabalho não são constituídos de fenômenos isolados.

Segundo a OIT, a melhoria do meio ambiente de trabalho deve ser entendida

como um problema global, com a incidência de diferentes fatores inter-relacionados

sobre o bem-estar físico e mental do trabalhador.

No Brasil, a exemplo do que aconteceu na Europa, os trabalhadores começaram

a discutir a questão saúde-trabalho. A comissão interna de Saúde do Trabalhador

adotou como bandeira de luta o tema “Saúde não se troca por dinheiro”, durante a

realização da I e II Semanas de Saúde do Trabalhador, no ano de 1979 (Rebouças,

1989).

No ordenamento jurídico nacional, a Constituição da República de 1988

representou o marco principal da introdução da etapa da saúde do trabalhador. A saúde

foi considerada como direito social, ficando garantida aos trabalhadores a redução dos

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UENF 2004 CAPÍTULO 2

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riscos inerentes ao trabalho, por meio de norma de saúde, higiene e segurança. Ficou

estabelecido também que a saúde é direito de todos e dever do Estado, em sintonia

com as declarações internacionais (Constituição Federal, 1988)

Outros pontos importantes para a consolidação desta etapa no Brasil foi a

ratificação pelo país, em 1990, da Convenção 161 da OIT sobre serviços de saúde no

trabalho, e em 1992 da Convenção 155, também da OIT, sobre segurança e saúde dos

trabalhadores.

Enquanto se consolidam as idéias da etapa da saúde do trabalhador, já se

encontra em fase de elaboração uma nova abordagem, com propostas mais

abrangentes e profundas, provisoriamente denominada qualidade de vida no trabalho.

2.3.4 Etapa da qualidade de vida do trabalhador

O termo qualidade de vida no trabalho já vem sendo discutido desde a década

de 70. Em 1977 trabalhos científicos já abordavam a preocupação dos países

ocidentais com o melhoramento da qualidade de vida no trabalho, numa perspectiva

muito mais ampla do que a saúde do trabalhador.

No Brasil, a constituição de 1988 contempla em seu artigo 255 o direito ao meio

ambiente ecologicamente equilibrado como essencial à sadia qualidade de vida,

destacando no artigo 200, VIII, a proteção ao meio ambiente, nele compreendido o do

trabalho.

Atualmente, a análise da qualidade de vida no trabalho tem sido impulsionada

pela discussão intensa a respeito da qualidade total e das modernas técnicas de

administração de empresas. As abordagens tradicionais de segurança, higiene e saúde

ocupacional já não são mais suficientes. É necessário ir além e entender que estas

abordagens não se limitam ao local de trabalho, e, sim, que se integram ao modo de

vida do trabalhador e se inserem em sua realidade social (Volpi, 1999).

O trabalho tornado digno inverte a ordem de apreciação, colocando o homem

como valor primeiro, em função do qual está estruturada a ordem econômica e social.

(CF, art. 170 e 193).

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UENF 2004 CAPÍTULO 2

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Nesta etapa, diferentemente das outras, todos os fatores que interferem no bem-

estar do empregado passam a ser verificados. Não só o posto de trabalho, mas tudo

que está a sua volta, ou seja, o ambiente do trabalho. Além do ambiente físico, todo o

complexo de relações humanas na empresa, a forma de organização do trabalho, sua

duração, os ritmos, os turnos, os critérios de remuneração, as possibilidades de

progresso, o “clima” organizacional, passaram a ser analisados, com a finalidade de

promover uma maior satisfação dos trabalhadores.

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3 RISCOS OCUPACIONAIS E A SAÚDE DO TRABALHADOR

Neste capítulo estão detalhados diversos conceitos referentes à Engenharia de

Segurança, incluindo referências à legislação pertinente. O conhecimento dos riscos

ocupacionais é indispensável na implantação de um programa de gerenciamento de

riscos adequado que vise aumentar a eficiência através da redução de perdas. São

abordadas as definições e as conseqüências da exposição dos trabalhadores aos

riscos físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes, incluindo alguns dos

requisitos contidos nas Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho.

3.1 ACIDENTE NO TRABALHO

A Lei Federal 8213/91 conceitua o acidente do trabalho, em sentido restrito,

englobando o acidente-tipo (art.19, caput) e as doenças profissionais (art. 20), como

aqueles que apresentam relação de causalidade direta com o trabalho; em sentido

amplo (art. 21), como os de causalidade indireta. Considera-se acidente de trabalho

todo evento que:

• ocorre pelo exercício do trabalho;

• acarreta perturbação funcional (doença física ou mental) ou lesão

corporal;

• resulta em morte ou incapacidade laborativa (temporária ou permanente,

total ou parcial).

O vínculo causal constitui a relação de causa e efeito entre o evento danoso e o

desempenho do trabalho realizado em proveito da empresa, instituição ou empregador.

3.2 MOLÉSTIAS PROFISSIONAIS

Consistem em moléstias características de determinadas ocupações ou

atividades; considerando sua tipicidade, prescindem de comprovação de vínculo de

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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causalidade com o trabalho, existindo presunção legal em tal sentido. Decorrem de

agressões cotidianas que vulneram as defesas orgânicas, e por efeito cumulativo,

desencadeiam o processo mórbido; resultam de risco específico direto (ex.: ocorrência

de saturnismo em trabalhadores que operam com chumbo).

3.3 DOENÇAS DO TRABALHO

Também denominadas moléstias profissionais atípicas referem-se a males

originados, desencadeados ou agravados por condições especiais do trabalho; exigem

comprovação do vínculo causal com o trabalho, resultam de risco específico e direto,

havendo necessidade de notificação e documentação que comprovem o nexo.

3.4 OS RISCOS

Os riscos podem ser classificados em puros ou especulativos. A diferença

principal entre essas duas categorias reside no fato de que os riscos especulativos

envolvem uma possibilidade de ganho ou de perda; ao passo que os riscos puros

envolvem somente uma chance de perda, não existindo nenhuma possibilidade de

ganho ou lucro (Morgado, 2000).

3.5 OS TIPOS DE RISCOS PRESENTES NO AMBIENTE DE TRABALHO

Os tipos de riscos presentes em um ambiente de trabalho são definidos de

acordo com a natureza e as características da atividade a ser desenvolvida. De acordo

com suas peculiaridades, o trabalho pode ser considerado como insalubre ou como

periculoso.

A palavra insalubre vem do latim e significa tudo aquilo que origina doença. O

artigo 189 da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) define atividades e operações

insalubres aquelas que, por sua natureza e condições, exponham os empregados a

agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza

e da intensidade do agente, e do tempo de exposição aos seus efeitos. Todavia, serão

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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consideradas atividades periculosas aquelas que exponham os trabalhadores a agentes

que, ao contrário dos insalubres, atuam instantaneamente, com efeitos danosos

imediatos (CLT).

Uma falsa ilusão pode ser criada quando comparados esses dois tipos de

exposições. Aparentemente há uma preocupação maior em relação aos riscos de

acidentes do que aos riscos ocupacionais, uma vez que aqueles, quando consumados,

podem ser trivialmente explicados, tendo em vista a menor complexidade de

diagnóstico e a ação imediata de seus efeitos.

Esse contexto é facilmente assimilado através do entendimento de como esses

riscos podem ser consumados. Como exemplo pode-se citar o caso da Refinaria Duque

de Caxias – REDUC – da Petrobras (Morgado,2000), ocorrido no Rio de Janeiro no ano

de 1972. Durante a drenagem da esfera contendo Gás Liquefeito de Petróleo, o

operador perdeu o controle da operação acarretando no congelamento da válvula de

bloqueio do dreno e o conseqüente vazamento do gás, que se espalhou até atingir um

ponto de ignição. A explosão decorrente causou a morte de trinta e oito trabalhadores e

um número muito maior de feridos.

Acidentes como esse quando ocorrem e, em virtude da facilidade da ligação

lógica entre causa e efeito, despertam e estimulam, ao longo da evolução da história do

trabalho, a opinião pública para a importância de se investir em segurança.

Por outro lado, os riscos ocupacionais nos locais de trabalho, quando não

estudados e controlados adequadamente, podem provocar danos a curto, médio e

longo prazo. Além disso, esses riscos são difíceis de serem diagnosticados. A

dificuldade do entendimento da lógica entre a causa e conseqüência, decorrente muitas

vezes da ação discreta dos agentes ambientais ou ocupacionais, representam um

desafio na busca do trabalho seguro e saudável. A Nr - 9 define os riscos ocupacionais

como os agentes físicos, químicos, biológicos e ergonômicos existentes nos ambientes

de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou intensidade e tempo de

exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Esses agentes são

descritos nas seções a seguir.

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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3.5.1 Agentes Físicos

A NR-9 define os agentes físicos da seguinte forma:

“Consideram-se agentes físicos as diversas formas de energia a que possam estar

expostos os trabalhadores, tais como: ruído, vibrações, pressões anormais,

temperaturas extremas, radiações não-ionizantes, radiações ionizantes, bem como o

infra-som e o ultra-som.”

3.5.1.1 Ruído

O som é um fenômeno físico causado por qualquer vibração ou onda mecânica

que se propague em meio elástico, capaz de produzir excitações auditivas no homem.

Ruído é uma mistura de sons cujas freqüências não seguem qualquer lei precisa e que

diferem entre si por valores imperceptíveis ao ouvido humano. De uma forma genérica,

ruído é o som capaz de causar uma sensação indesejável e desagradável.

O ruído é um dos agentes de risco mais comuns no ambiente de trabalho. A

legislação brasileira, através NR-15, estabelece os Limites de Tolerância para ruído

contínuo ou intermitente e os Limites de Tolerância para ruídos de impacto. Entende-se

por ruído contínuo ou intermitente, para os fins de aplicação de Limites de Tolerância, o

ruído que não seja ruído de impacto (NR-15).

Entende-se por ruído de impacto aquele que apresenta picos de energia acústica

de duração inferior a 1 (um) segundo, a intervalos superiores a 1 (um) segundo (NR-

15). A Tabela 3.1 apresenta os Limites de Tolerância para a exposição ao ruído

contínuo ou intermitente.

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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Tabela 3.1 - Limites de Tolerância para Ruído Contínuo ou Intermitente

Nível de Ruído dB (A)

Máxima Exposição Diária Permissível

Nível de Ruído dB (A)

Máxima Exposição Diária Permissível

85 8 horas 98 1 hora e 15 minutos

86 7 horas 100 1 hora

87 6 horas 102 45 minutos

88 5 horas 104 35 minutos

89 4 horas e 30 minutos 105 30 minutos

90 4 horas 106 25 minutos

91 3 horas e 30 minutos 108 20 minutos

92 3 horas 110 15 minutos

93 2 horas e 40 minutos 112 10 minutos

94 2 horas e 15 minutos 114 8 minutos

95 2 horas 115 7 minutos

96 1 hora e 45 minutos - -

Fonte: NR-9

Em relação ao ruído de impacto a NR-15 define que os Limites de Tolerância

deverão ser avaliados em decibéis (dB), com medidor de nível de pressão sonora

operando no circuito linear e circuito de resposta para impacto. As leituras devem ser

feitas próximas ao ouvido do trabalhador. O limite de tolerância para ruído de impacto

será de 130 dB (linear). Nos intervalos entre os picos, o ruído existente deverá ser

avaliado como ruído contínuo.

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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A exposição do trabalhador a esses tipos de ruído pode causar danos para sua

saúde. A intensidade e repetitividade sonora levam a prejuízos de audição que

inicialmente são de natureza passageira. À medida que esses “prejuízos” se repetem,

pode-se chegar, finalmente, a lesões auditivas definitivas. Os danos à audição

provocados pela exposição ao ruído são denominados surdez por ruído. Esta é

resultante da degeneração das células sonossensíveis do interior do ouvido interno pela

sobrecarga sonora. Porém, a sensibilidade individual é diferente de pessoa para

pessoa. Algumas apresentam sensibilidade maior ao ruído e podem sofrer lesões em

um tempo curto de exposição (meses), enquanto outras são menos sensíveis, só

apresentam lesões após um longo tempo de exposição (anos). Essa subjetividade

mostra a importância dos cuidados da exposição ao ruído, uma vez que os danos à

audição não são percebidos inicialmente pelo trabalhador.

3.5.1.2 Vibrações

Vibrações são oscilações mecânicas que são caracterizadas por variações

regulares ou irregulares no tempo, de um corpo em estado de repouso. São designadas

como oscilações mecânicas, porque, em última análise, trata-se de mudanças de

posição. Segundo Griffin (2001) as vibrações pode ser:

• De corpo completo - ocorrem quando o corpo está apoiado em uma superfície vibrante

(por exemplo, quando se está sentado em um assento que vibra, de pé sobre uma

superfície vibrante ou encostado sobre uma superfície vibrante).

• Vibrações transmitidas às mãos - são as vibrações que entram no corpo através das

mãos.

A repetição diária das exposições a vibrações no local de trabalho pode levar a

modificações doentias das partes do corpo atingidas. As vibrações de corpo completo

levam preferencialmente a manifestações de desgaste na coluna vertebral, enquanto

que as vibrações transmitidas às mãos geram majoritariamente modificações doentias

nas mãos e braços.

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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Os efeitos fisiológicos e patológicos das vibrações no ser humano dependem da

magnitude, freqüência, direção e duração das oscilações. A excessiva exposição a

esse tipo de agente pode resultar em:

• Reflexos musculares – esses reflexos têm a função de defesa, eles encurtam a

musculatura distendida pelas oscilações. Essa capacidade de reflexo pode ocasionar o

aumento do consumo de energia, da capacidade cardíaca e da respiração.

• Poder de Visão – a vibração diminui o poder de visão. Em algumas freqüências a

diminuição da visão chega a cinqüenta por cento.

• Lesões da coluna vertebral – conseqüência de uma alteração degenerativa das

vértebras e discos intervertebrais.

• Patologias nas mãos e braços – causadas pela fadiga muscular, acarretam uma

diminuição na força das mãos e braços. 3.5.1.3 Pressões Anormais

A atmosfera contém normalmente 20,93% de oxigênio. O organismo humano

está, por natureza, adaptado para respirar o oxigênio atmosférico a uma pressão de

160 mmHg ao nível do mar (Kindwall, 2001). Segundo Kindwall (2001), a curto prazo, o

organismo humano é capaz de tolerar uma classe de pressões de oxigênio bastante

ampla sem que se observem danos. Se a exposição se prolonga pode produzir danos

ao organismo. Por exemplo, o aumento da pressão ao dobro do valor normal duplica o

número de moléculas inaladas em cada inspiração de ar comprimido. De acordo com

Gordman (2001), a descompressão a que são submetidos os trabalhadores após

exercerem atividades sob pressões elevadas pode causar deslocamentos dos tecidos

elásticos (membrana timpânica), acumulação do sangue nos grandes vasos dilatados

que quando atingem seu limite podem causar edemas e hemorragias.

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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3.5.1.4 Temperaturas Extremas

O controle da temperatura ambiente nos locais de trabalho é um processo

fundamental para o conforto do trabalhador. O ser humano tolera determinadas

temperaturas do ambiente, por isso, a exposição a temperaturas extremas pode

acarretar danos para sua saúde.

3.5.1.4.1 Exposição ao calor

Apesar do ser humano ter uma capacidade considerável para compensar o

estresse por calor, muitas formas de trabalho expõem os trabalhadores a temperaturas

demasiadamente elevadas que representam um risco para sua saúde e produtividade

(Nunneley, 2001).

O estresse por calor se produz quando as condições do ambiente de trabalho

(temperatura do ar, temperatura radiante, umidade e velocidade do ar), sua roupa e sua

atividade interagem para produzir uma tendência de aumento da temperatura corporal.

O sistema de regulação térmica do organismo responde para aumentar a perda de

calor. Tal resposta pode ser poderosa e eficaz, porém pode também produzir um

estresse no organismo que origine moléstias, enfermidades ou até mesmo a morte

(Parsons, 2001). A regulação térmica é realizada por mecanismos fisiológicos que são

ativados para manter a temperatura normal do organismo. Os fluxos de calor entre o

organismo e o meio ambiente dependem da diferença de temperatura entre o ar

circundante e objetos como paredes, janelas, e a temperatura superficial da pessoa

(Nielsen, 2001).

Quanto mais quentes forem as condições ambientais, menor será a diferença

entre a temperatura ambiente e a temperatura superficial da pele ou da roupa.

Quando a temperatura ambiente é superior à temperatura corporal periférica, o

corpo absorve calor do meio externo. Neste caso, o calor absorvido, somado ao calor

liberado pelos processos metabólicos, deve ser eliminado mediante evaporação do suor

para manter a temperatura corporal. Assim, a evaporação através do suor adquire uma

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importância cada vez maior ao aumentar a temperatura ambiente. Por este motivo a

velocidade do ar e a umidade ambiental são fatores críticos em ambientes quentes

(Nielsen, 2001).

Os efeitos de elevadas temperaturas e de calor ambiental sobre o ser humano

podem ser agrupados em duas categorias: doenças devido ao calor e queimaduras.

Aquelas são causadas principalmente por excessiva exposição ao calor; estas são

resultantes do contato com materiais ou superfícies quentes ou por radiação excessiva

sobre a pele.

A excessiva exposição a ambientes quentes pode resultar em:

• Insolação ou choque térmico – doença que causa uma falha do mecanismo regulador

térmico do corpo e manifesta-se pela ausência de transpiração. A pele torna-se quente

e seca, a temperatura do corpo aumenta, como conseqüência podem ocorrer confusão

mental, perda da consciência, convulsões e às vezes estado de coma.

• Hiperpirexia – doença que se manifesta através da febre elevada, sendo uma forma

mais leve de insolação, existindo também uma falta parcial de transpiração.

• Sincope devido ao calor – Pode acontecer em pessoas não acostumadas ao calor

elevado de um ambiente, essa exposição pode provocar o desmaio devido a uma

redistribuição do sangue para o tecido periférico que resulta em uma redução do fluxo

deste para o cérebro.

• Calor devido à exaustão – A excessiva perda de água por evaporação e inadequada

circulação do ar, poderá resultar em fadiga, dor e cabeça, náusea ou vertigem. A causa

primária consiste na inadequada absorção de água durante o trabalho em ambientes

quentes.

• Câimbras devido ao calor – São caracterizadas pela contração espasmódica e

dolorosa dos músculos, manifestam-se durante ou subseqüente a um serviço em um

ambiente quente, como conseqüência da perda de sais durante a transpiração.

• Erupção devido ao calor – Caracteriza-se pela aparição de pequenas erupções

durante a exposição ao calor. Essas são causadas por uma inflamação resultante da

retenção da transpiração causada pelo fechamento das glândulas sudoríparas.

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• Fadiga devido ao calor – A exposição a ambientes quentes pode ocasionar a

diminuição da capacidade sensomotora e uma conseqüente perda de desempenho no

trabalho.

As queimaduras são provocadas quando há uma adição de calor ao tecido,

através do contato com um objeto quente, da exposição a fontes com elevada energia

radiante ou ao ar quente, o tecido armazenará energia, acarretando um aumento de

temperatura que resultará em um desconforto, dor ou danificação do próprio tecido.

As queimaduras são classificadas conforme a espessura e profundidade,

podendo ser superficial (1º grau), profunda (2º grau) ou total (3º grau). As de primeiro

grau geralmente causam eritema, dor, e um período de cicatrização parcial entre cinco

e dez dias; as de segundo grau causam bolhas, dor, e a cicatrização parcial entre duas

e quatro semanas; por último, as de terceiro grau causam a destruição total da pele,

danificação do tecido profundo, ausência de dor e um período extenso de cicatrização. 

3.5.1.4.2 Exposição ao frio

A capacidade de adaptação do corpo humano às condições ambientais frias é

limitada (Torreira, 2000). Este para conservar a temperatura corporal e evitar o estresse

por frio e a hipotermia pode promover ajustes das condições circulatórias ou leves

calafrios que têm a função de aumentar a produção de calor metabólico.

Hipotermia significa uma temperatura corporal inferior a normal. Do ponto de

vista térmico, o organismo possui duas zonas: a periferia e o núcleo. A primeira é

superficial e sua temperatura varia consideravelmente de acordo com o ambiente

externo. A temperatura da pele, por exemplo, pode diminuir até valores abaixo de zero

por alguns segundos, quando a pele entra em contato com superfícies muito frias

(Hólmer et al, 2001).

O núcleo consiste nos tecidos mais profundos (cérebro, coração, pulmões e

parte superior do abdômen). O corpo procura sempre manter uma temperatura interna

de 37 ± 2ºC. Quando a regulação térmica é ineficaz, a exposição a ambientes frios

provoca uma diminuição da temperatura interna e a pessoa exposta sofre um estresse

por frio. Nos casos em que a temperatura do corpo atinge valores abaixo de 35º o

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quadro clínico passa de estresse por frio para hipotermia. Segundo Maclean e Emslie-

Smith (1977 in Hólmer et al, 2001), para que haja hipotermia é necessário um nível

elevado e prolongado de perda de calor. A hipotermia pode variar de leve a severa de

acordo com a temperatura interna do corpo. Para valores entre 35 e 32 ºC, a hipotermia

é considerada leve; entre 32 e 28ºC moderada, e abaixo de 28ºC severa (Holmér et al,

2001). Todavia enquanto a temperatura interna não alcançar 35ºC, não se considera

que a vítima se encontre em estado de hipotermia. A Tabela 3.2 apresenta algumas das

respostas típicas associadas a diferentes níveis de temperatura interna.

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Tabela 3.2 - Respostas típicas associadas a diferentes níveis de temperatura interna.

FASE TEMP. DO NÚCLEO

EM ºC

REAÇÕES FISIOLÓGIACAS REAÇÕES PSICOLÓGICAS

Normal 37 Temperatura corporal normal

Sensação de neutralidade térmica

36 Vaso constricção,

esfriamento dos pés e mãos

Mal-estar

Hipotermia leve 35 Tremor intenso, menor capacidade para o trabalho

Ineficácia da função mental, desorientação e apatia

34 Fadiga -

33 - -

Hipotermia Moderada 32 Rigidez muscular Perda progressiva da

consciência, alucinações

31 Respiração deficiente Raros momentos de consciência

30 - -

29

Ausência de reflexos nervosos, diminuição da

freqüência cardíaca dificuldade para detectar o

pulso.

-

Hipotermia severa 28

Arritmias cardíacas (auriculares

e/ou ventriculares) -

27 Ausência de reação das

pupilas a luz. -

25 Morte por fibrilação ventricular -

Fonte: Modificado de Holmér et al, 2001.

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3.5.1.5 Radiações não-ionizantes

A radiação não-ionizante engloba toda a radiação e os campos do espectro

eletromagnético que não têm energia suficiente para ionizar a matéria (Mild, 2001). O

espectro eletromagnético descreve a distribuição das radiações eletromagnéticas em

função do comprimento de onda, desde os raios gama, de menor comprimento e alta

freqüência até as ondas longas de rádio, de baixa freqüência. Alguns efeitos das ondas

eletromagnéticas que dependem da freqüência incluem a visibilidade e penetração e

aquecimento dos materiais e tecidos. Embora os níveis de energia da radiação não-

ionizante não afetem a estrutura molecular, esta poderá afetar o tecido biológico

através da mudança dos níveis de energia no tecido das moléculas, produzindo calor.

Tipos de radiações não-ionizantes

• Campos de Rádio Freqüência e Microondas – esses tipos de radiação são uma fonte

de energia térmica (Mild, 2001). A radiação é transformada em calor o que proporciona

um aumento da temperatura do corpo conforme o tempo de exposição e local do corpo

exposto. Um ponto importante é que o aumento da temperatura das partes mais

profundas dos tecidos poderá causar danos, antes que se perceba qualquer sensação

de calor. Segundo Mild (2001) a exposição a esses tipos de radiações pode causar

queimaduras, catarata e até a morte.

• Radiação Ultravioleta – A radiação ultravioleta está presente na luz do Sol e também é

emitida por um grande número de fontes ultravioletas utilizadas nas indústrias, na

ciência e na medicina. Segundo Sliney (2001), do mesmo modo que a luz visível se

divide em cores, a radiação ultravioleta se divide, em relação ao comprimento de onda,

em UVA, UVB e UVC. A UVC da luz solar, que apresenta o comprimento de onda mais

curto, é absorvida pela atmosfera e não chega à superfície terrestre. Somente é obtida

de fontes artificiais, tais como lâmpadas germicidas que emitem a maior parte de sua

energia com um só comprimento de onda e é muito eficaz para matar bactérias e vírus.

A UVB, apesar de ter a maior parte de sua energia absorvida pela atmosfera, é

biologicamente a radiação ultravioleta mais prejudicial para o ser humano. Pode causar

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queimaduras solares na pele e na córnea dos olhos. A radiação ultravioleta de maior

comprimento de onda é a UVA, que se encontra na maioria das lâmpadas e é a que

chega à superfície terrestre com maior intensidade. Ela pode penetrar profundamente

na pele, entretanto, biologicamente não é tão perigosa como a UVB, uma vez que a

energia individual dos fótons é menor do que a da UVB e UVC.

• Radiação Infravermelha – A radiação infravermelha corresponde à parte do espectro

de radiação não-ionizante compreendida entre as microondas e a luz visível (Matthes,

2001). A radiação infravermelha, comumente denominada radiação térmica, é emitida

por todos os objetos quentes (Sliney, 2001). Suas fontes de radiações são tipicamente

as de calor radioativo, incluindo o fogo, aquecimento elétrico e determinados tipos de

lasers, por isso está presente em vários tipos de processos industriais. Níveis que

apresentem elevada energia podem causar uma variedade de problemas na vista e na

pele, entre eles o escotoma (Sliney, 2001), que é a perda parcial da visão em uma parte

do campo visual devida a danificação da retina, onde a radiação é absorvida. Também

é comum o aparecimento de catarata em trabalhadores que permanecem por muito

tempo expostos a esse tipo de radiação. Outro problema é que a radiação

infravermelha penetra muito profundamente na pele, por isso, longas exposições

podem causar além dos problemas vistos anteriormente, queimaduras graves.

• Lasers – O laser é um dispositivo que produz energia radiante eletromagnética dentro

do espectro óptico compreendido entre a zona final da ultravioleta e o infravermelho

(Sliney, 2001). Alguns raios lasers são perigosos e outros não. O perigo é dependente

da intensidade e comprimento de onda dos raios de luz, da duração da exposição, dos

tipos de exposição e das partes do corpo expostas. Materiais expostos ao laser podem

queimar se os raios de energia forem suficientemente elevados e gerarem suficiente

calor para iniciar a combustão. Os efeitos produzidos pelos raios laser são similares aos

já explicados para as radiações ultravioletas e infravermelhas, situando-se na mesma

banda de comprimento de onda. Segundo Torreira (2000), os danos são sensivelmente

maiores quando absorvidos diretamente e menores quando refletidos por algum objeto.

Da mesma forma que as outras radiações não-ionizantes, o maior perigo é para a vista

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e, dependendo do comprimento de onda e da parte onde a energia é absorvida,

poderão ser afetadas a córnea, cristalino, retina e outras partes dos olhos.

3.5.1.6 Radiações Ionizantes

Radiações ionizantes são aquelas cuja energia é superior à energia de ligação

dos elétrons de um átomo com seu núcleo, ou seja, são radiações nas quais a energia

é suficiente para arrancar elétrons de seus orbitais. Segundo Nouailhetas, a interação

das radiações ionizantes com a matéria é um processo que se passa em nível atômico.

Ao atravessarem um material, estas radiações transferem energia para as partículas

que forem encontradas em sua trajetória. Caso a energia transferida seja superior à

energia de ligação do elétron com o restante da estrutura atômica, este é ejetado de

sua órbita. O átomo é momentaneamente transformado em um íon positivo. O elétron

arrancado (íon negativo) desloca-se no meio, impulsionado pela energia cinética

adquirida neste processo. Esta energia é dissipada através da interação do elétron com

elétrons e núcleos de outros átomos, eventualmente encontrados em sua trajetória.

Novos íons podem, assim, serem introduzidos na matéria. O processo é interrompido

quando, tendo sua energia dissipada em interações (choques), os elétrons (e suas

cargas negativas) acabam capturados por moléculas do meio. A introdução de pares de

íons (positivo e negativo) na matéria recebe o nome de ionização.

Ainda segundo Nouailhetas, o efeito das radiações ionizantes em um indivíduo

depende basicamente da dose absorvida (alta/baixa), da taxa de exposição

(crônica/aguda) e da forma da exposição (corpo inteiro/localizada). Qualquer dose

absorvida, inclusive das doses provenientes de radiação natural, pode induzir câncer ou

matar células. A questão é de probabilidade de dano, probabilidade de mutações

precursoras de câncer e número de células mortas. Quanto maiores as taxas de dose e

as doses absorvidas, maiores as probabilidades de dano, de mutações precursoras de

câncer e de morte celular. Danos podem ser reparados; mutações podem tanto

representar falhas nos mecanismos de reparo como mecanismos de eliminação de

células inviabilizadas pelo dano. A morte celular, resultante de quebras na molécula de

DNA, da mesma forma que a eliminação de células mutantes, pode ser encarada como

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um mecanismo de eliminação de produtos inviabilizados pela presença de danos. A

questão passa a envolver o número de células destruídas, o momento em que a morte

celular ocorre, considerado o estágio de desenvolvimento do ser (célula-ovo, embrião,

feto, criança, adolescente, adulto, velhice), e o sexo do indivíduo irradiado.

A exposição dos trabalhadores a esses tipos de radiação pode acarretar vários

danos à saúde, tais como:

• Síndrome Prodrômica - Ocorre de minutos a um dia após a exposição e se manifesta

pelo surgimento de náusea, vômito, anorexia, diarréia e mal estar generalizado. A

severidade, a duração e o tempo para o estabelecimento da sintomatologia estão

relacionados com a dose absorvida pelo organismo. Esta sintomatologia é indício de

exposição a altas doses e de comprometimento das membranas celulares.

• Síndrome Do Sistema Hematopoiético - Todos os elementos figurados do sangue

(glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e plaquetas) originam-se das chamadas células-

tronco pluripotenciais. Estas células constituem o tecido hematopoiético ou tecido

reticular. Este tecido é encontrado no baço, no timo, nódulos linfáticos e na medula

óssea vermelha. Por seu papel biológico as células-tronco pluripotenciais se mantêm

em estado de intensa proliferação dando origem a duas diferentes linhagens celulares

(linfóide e mielóide), conforme se localizem no baço ou na medula óssea. Com exceção

dos linfócitos (altamente sensíveis à radiação) os elementos figurados do sangue não

manifestam qualquer dano quando irradiados.

Quando, por ação das radiações, um número importante de células-tronco

pluripotenciais são destruídas, estabelece-se a Síndrome do Sistema Hematopoético.

Com a destruição das células-tronco pluripotencial, a reposição de elementos figurados

do sangue é interrompida e a Síndrome se estabelece. O indivíduo desenvolve um

quadro de imunodeficiência grave, anemia e propensão a hemorragias e infecções. A

recuperação está ligada à sobrevivência e à proliferação de células-tronco pluripotencial

que, recompondo o tecido radio-lesado reiniciam a hematopoiése.

• Síndrome Gastrointestinal / Lesões Nos Tecidos De Recobrimento (Pele, Criptas Das Vilosidades Intestinais) - todos os tecidos de recobrimento (pele, tecidos de

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revestimento do sistema gastrointestinal, tecidos de recobrimento de glândulas, etc.)

são formados por várias camadas de células das quais a mais interna é responsável

pela reposição das células das camadas mais externas. Nestas, as células possuem um

alto grau de diferenciação perdendo a capacidade de se multiplicar e, portanto, não

manifestam os danos produzidos pela radiação. Uma vez que atingem a superfície do

tecido, estas células são eliminadas por descamação. Quando células da camada mais

interna são mortas pela ação de radiações ionizantes, o efeito se manifesta na forma de

ulcerações que surgem dias após a exposição à radiação. O tempo decorrido entre a

exposição e o surgimento de lesões independe da energia transferida pela radiação ao

tecido (dose); depende do tempo de trânsito das células das camadas mais internas

para as camadas mais externas do tecido. Na pele, o tempo de latência corresponde a

uma dezena de dias; nas vilosidades intestinais a ulceração tem início por volta do

quarto dia após a exposição. A energia necessária para a produção de úlceras é

extremamente alta, tanto para lesões de pele quanto para lesões intestinais. Quadros

apresentando ulcerações intestinais são praticamente irreversíveis. Caso o paciente

possa ser controlado, a dose capaz de produzir ulceração a partir do quarto dia

desencadeará a síndrome do sistema hematopoético a partir do décimo dia. Lesões de

pele têm tempo de latência de aproximadamente 10 dias e ocorrem apenas em

situações de exposições localizadas pois as doses envolvidas, caso fossem absorvidas

pelo corpo inteiro, induziriam síndrome gastrintestinal e hematopoética.

3.5.2 Agentes Químicos

A NR-9 define os agentes químicos como as substâncias, compostos ou

produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de

poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade

de exposição, possam ter contato ou serem absorvidos pelo organismo através da pele

ou por ingestão.

Existem mais de vinte e três milhões de substâncias químicas conhecidas, das

quais cerca de duzentos mil são usadas mundialmente. Estas substâncias são

principalmente encontradas como misturas em produtos comerciais. Existem cerca de

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dois milhões de produtos comerciais. O faturamento estimado da Industria Química

Mundial, para 1998 foi de cerca de um trilhão e quinhentos bilhões de dólares. No

Brasil, estima-se que neste mesmo ano o faturamento bruto do setor foi de cinqüenta e

três bilhões de dólares (ABIQUIM, 1999). Esses dados demonstram a importância das

substâncias químicas no nosso cotidiano uma vez que agem em favor da saúde,

aumentam a expectativa e a qualidade de vida, incrementam a produção agrícola e

industrial e ampliam as oportunidades econômicas. Entretanto, produtos químicos

podem exercer impacto negativo sobre a saúde e o meio ambiente, quando não são

adotados os cuidados devidos, da elaboração ao consumo. Por todo o mundo, há

registro de graves acidentes e falhas nos sistemas de segurança.

De acordo com Freitas (2000), as substâncias químicas podem provocar vários

tipos de danos à saúde, mas a primeira condição para que elas provoquem algum dano

é que entrem em contato ou penetrem no nosso corpo. Os principais meios de

penetração das substâncias químicas no organismo são:

• Inalação – apresenta maior grau de risco devido à rapidez com que as substâncias

químicas são absorvidas pelos pulmões. A inalação é a principal via de intoxicação no

ambiente de trabalho, daí a importância que deve ser dada aos sistemas de ventilação.

Segundo Freitas (2000) os danos que as substâncias poderão causar vão depender do

tipo de substância que se respira. Algumas poderão provocar irritação imediata no nariz

e na garganta, outras provocam dor e pressão no peito e outras podem ir até o pulmão.

As substâncias que chegam no pulmão podem causar problemas no local onde elas

ficam como é o caso da sílica e do amianto que provocam a silicose e a asbestose que

são doenças pulmonares graves. Estas substâncias são normalmente duras e não se

dissolvem em água. Outras substâncias que vão até o pulmão podem também passar

para o sangue e serem levadas para outras partes do corpo. É o caso do benzeno, por

exemplo. Quando inalado chega até o pulmão, passa para o sangue que carrega este

produto químico até a medula óssea, lugar onde o sangue é produzido, acarretando

vários tipos de danos.

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• Absorção - Contato das substâncias químicas com a pele. A absorção é extremamente

crítica quando se lida com produtos lipossolúveis, que são absorvidos através da pele.

Quando uma substância química entra em contato com a pele, esta pode agir de duas

formas: direto na pele ou penetrando nela. No primeiro caso, o agente permanece na

superfície da pele, provocando uma irritação primária. A substância pode, ainda,

combinar com as proteínas da pele e provocar uma sensibilização. Se for corrosiva ela

pode provocar queimadura, algumas substâncias também podem provocar reação

alérgica. No segundo caso, a substância tem a capacidade de penetrar na pele,

alcançar a corrente sangüínea, e se espalhar por outras partes do corpo do mesmo jeito

que na respiração. Segundo Freitas (2000) o dano vai depender do tipo de substância.

Algumas, como o benzeno, provocam dano na produção do sangue. Outras provocam

problemas nos rins, ou fígado, ou coração, ou outra parte do corpo. Porém como a pele

é razoavelmente resistente, a quantidade de substância que penetra pela pele é menor,

em geral, do que a que penetra pela respiração.

• Ingestão - Via de regra, acontece por descumprimento de normas de higiene e

segurança. Representa uma via secundária de ingresso de substâncias químicas no

organismo, em geral, acontece de forma acidental.

Entretanto, o risco do trabalhador apresentar um dano dependerá também da

intensidade da exposição ao produto, isto é, da quantidade do produto que está

contaminando o ar que ele respira, ou da quantidade que cai na pele ou ainda da

quantidade que ele chega a ingerir pela boca. Depende também do tempo que o

trabalhador fica exposto. Quanto maior o tempo de exposição, maior a possibilidade de

ocorrência de dano. Depende ainda da freqüência com que ele trabalha com o produto.

Quanto mais vezes ele trabalhar, maior a chance dele vir a ficar doente.

3.2.3 Agentes Biológicos

Os riscos biológicos se restringem principalmente aos microorganismos ou

agentes infecciosos. Os microorganismos constituem um grupo amplo e diverso de

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organismos que existem como células isoladas ou agrupadas. Segundo Fakhri

(2001), são poucas as regiões do nosso planeta que não possuem vida microbiana,

pois os microorganismos apresentam capacidades metabólicas e energéticas que os

permitem sobreviver em ambientes em condições letais para outras formas de vida.

As quatro grandes classes de microorganismos que podem interagir com os seres

humanos são:

• Bactérias – são organismos unicelulares não visíveis ao olho humano e que se

multiplicam mediante simples divisão. As bactérias patogênicas são responsáveis

pela maior parte das doenças infecciosas que nos afetam. As bactérias produzem

toxinas prejudiciais às células humanas. Entre as muitas doenças provocadas por

bactérias incluem-se a pneumonia, a amigdalite, a meningite, a tuberculose, o tétano

e a disenteria.

• Fungos – Os fungos são uma classe de seres vivos que possuem características

especiais. Engloba os bolores, as leveduras, os fungos comestíveis e os venenosos.

Existem vários tipos, e se desenvolvem em hospedeiros vivos, plantas mortas ou

dejetos animais. As infecções podem ser ligeiras e passarem despercebidas, ou

graves e por vezes mortais.

• Vírus – é um diminuto agente infeccioso que se caracteriza por não ter metabolismo

independente e ter somente capacidade de reprodução apenas no interior de células

hospedeiras vivas.

• Protozoários – São seres unicelulares mais evoluídos, com características idênticas

às das células animais (o termo protozoários significa "animais primitivos"). Têm

dimensões microscópicas, mas são maiores que as bactérias. Podem ter um

aspecto gelatinoso e, para se deslocarem, servem-se de ramificações semelhantes

a raízes ou cílios, denominados flagelos.

As ameaças dos agentes biológicos estão diretamente ligadas à natureza do

trabalho. Segundo (Fakhri, 2001), existem três fontes principais desses tipos de

microorganismos.

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1. Os que aparecem como conseqüência da decomposição biológica de substratos

associados a certas profissões;

2. Os que se associam a certos tipos de habitat;

3. Os procedentes de indivíduos que hospedam um agente patógeno.

Os microorganismos podem penetrar no corpo humano através de lesões

cutâneas ou das membranas mucosas. Podem ser inalados ou ingeridos, causando

infecções do aparelho respiratório superior ou do aparelho digestivo. A exposição

ocorre também acidentalmente através de mordeduras de animais ou lesões com

agulhas. A Tabela 3.3 apresenta uma relação entre os agentes biológicos mais comuns

para determinadas formas de trabalho e a conseqüência da exposição a esses agentes.

Tabela 3.3 - Relação entre os agentes biológicos mais comuns para determinadas formas de trabalho e a conseqüência da exposição a esses agentes.

PROFISSÕES DE RISCO RISCOS

Agricultura Produção Florestal Horticultura Produção de alimentos e de forragem para animais

Bactérias, fungos, ácaros e vírus transmitidos por animais, parasitas. Problemas respiratórios causados por microorganismos e ácaros em pós orgânicos de grãos, leite em pó, farinha, especiarias. Doenças alérgicas específicas, tais como o “pulmão do agricultor” e a doença dos criadores de aves.

Áreas de trabalho com sistemas de ar condicionado e muita umidade (por exemplo, indústria têxtil, indústria gráfica e de produção de papel)

Alergias e problemas respiratórios causados por bolores/leveduras Legionella

Arquivos, museus, livrarias Bolores/leveduras e bactérias provocam alergias e problemas respiratórios

Indústria de construção, transformação de materiais naturais, tais como argila, palha, cana; renovação de edifícios

Bolores e bactérias causados pela deterioração de materiais na construção

Fonte: Agência Européia para a Segurança e Saúde no Trabalho 2003

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3.5.4. Ergonomia

A NR-17 é a norma regulamentadora que tutela assuntos ligados à Ergonomia.

Sua elaboração representou um marco importante para a proteção da saúde dos

trabalhadores uma vez que, exceto nos aspectos referentes à iluminação, ao ruído e à

temperatura, a legislação em vigor não disponha de nenhuma norma regulamentadora

em que se pudesse apoiar para obrigar a mudanças na situação das empresas, que

organizavam sua produção com todos os estímulos possíveis à aceleração da cadência

de trabalho.

A NR-17 define Ergonomia como a ciência que visa estabelecer parâmetros que

permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas

dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente. Entende-se por condições de trabalho os aspectos relacionados

ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos

e às condições ambientais do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho.

Segundo a Associação Internacional de Ergonomia, a ergonomia integra o

conhecimento derivado das ciências humanas para adaptar o trabalho, sistemas,

produtos e ambiente às capacidades físicas e mentais, assim como às limitações das

pessoas. Essa adaptação do trabalho ao homem além de proporcionar o bem estar

físico e mental dos trabalhadores promove também um aumento na eficiência do

trabalho e do desenvolvimento tecnológico.

Ambientes de trabalho inadequados ergonomicamente podem gerar doenças

ocupacionais tais como:

• DORT – Distúrbios Osteomusculares – Segundo Leão, as Lesões por Esforços

Repetitivos (LER), denominadas atualmente como Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT), se constituem num dos mais sérios problemas de

saúde pública da economia mundial. Sua ocorrência hoje, tanto no Brasil como em

diversos países é preocupante. As LER/DORTs acometem uma quantidade crescente

de trabalhadores. Há empresas no Brasil com índices de afastamento do trabalho

acima de 10% da sua população, provocando profundo sofrimento, perda da

capacidade produtiva e comprometimento da vida social e familiar. A terminologia

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UENF 2004 CAPÍTULO 3

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DORT que substituiu a LER, descreve as afecções que podem atingir tendões, sinóvias,

músculos, nervos, ligamentos, de forma isolada ou associada, com ou sem

degeneração dos tecidos, afetando principalmente, mas não somente, os membros

superiores, região escapular e pescoço, de origem ocupacional, decorrentes do:

-uso repetitivo de grupos musculares;

-uso forçado de grupos musculares;

-manutenção de postura inadequada.

• Fadiga – Segundo Grandjean (1998), a fadiga é expressa pela diminuição da

capacidade funcional de um órgão, de um sistema ou de todo o organismo, provocado

por uma sobrecarga na utilização daquele órgão, sistema ou organismo. Em geral, pode

ser classificada em três categorias básicas: fadiga física, fadiga mental e fadiga

psíquica. A fadiga aumenta a possibilidade de erros, aumenta o tempo de reação do

indivíduo e aumenta o risco de acidentes.

• Síndrome do Edifício Enfermo – Embora a Síndrome do Edifício Enfermo ainda não

esteja incluída na legislação brasileira, tem sido objeto freqüente de notas. De acordo

com Subilis (1998), quando mais de 20% dos ocupantes de um edifício manifestam

queixas específicas referentes à saúde, se diz que o edifício está enfermo. Isto ocorre

na prática em alguns edifícios equipados com sistema de climatização/ventilação

forçada do ar, embora também possa ocorrer em edifícios com ventilação natural. Os

efeitos sobre a saúde relacionados com o edifício podem ser agrupados em cinco

categorias que incluem irritação dos olhos, do nariz e/ou garganta, irritação da pele,

sintomas de neurotoxicidade, reações não específicas com os sentidos do olfato e

gustação.

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UENF 2004 CAPÍTULO 4

40

4 A MATRIZ DE RELEVÂNCIA

Como visto no capítulo anterior, vários são os riscos presentes no ambiente de

trabalho, porém somente a identificação desses não é suficiente para salvaguardar a

vida do trabalhador, é necessário que sejam tomadas medidas que visem minimizar,

ou mesmo eliminar os riscos ocupacionais presentes no ambiente de trabalho.

As empresas possuem um objetivo primordial: o lucro. Este é a razão de sua

existência e, por isso, todas as decisões tomadas no ambiente empresarial visam sua

majoração. Logo, qualquer tipo de deliberação tem que ser estudada a fim de que

sejam analisadas as vantagens e desvantagens de sua consumação. Por isso, no que

se refere à Higiene e Segurança no Trabalho, a elaboração de um plano de ação, ou

seja, o conjunto de medidas que devem ser tomadas para promover modificações nas

formas de trabalho a fim de proteger a saúde do trabalhador, com objetivo de

minimizar ou mesmo eliminar a exposição a certos tipos de risco, tem que ser feita de

forma sistêmica e otimizada. Portanto, como dito anteriormente, não basta apenas

identificar os riscos, é necessário também conhecê-los, analisá-los e avaliá-los. Esse

é o objetivo de um programa de gerenciamento de riscos, ou seja, promover uma

avaliação da situação geral da empresa frente aos riscos existentes de forma a

fornecer informações que auxiliarão na elaboração de planos de ação adequados.

A Matriz de Relevância é uma ferramenta de gerenciamento de riscos que

promove uma avaliação global na empresa a fim de determinar nesta quais são os

setores e riscos mais críticos. A metodologia permite que se tenha uma visão geral da

empresa frente aos seus riscos ocupacionais. A determinação de uma ordem de

criticidade para os setores e seus respectivos riscos é fundamental para a elaboração

de um plano de ação adequado. Segundo Morgado (2001), a Matriz de Relevância é

constituída a partir dos agentes pertinentes ao sistema em estudo da matriz de riscos,

cuja elaboração parte do mapa de riscos e, portanto, obrigatoriamente, da percepção

dos riscos sob o ponto de vista dos trabalhadores diretamente envolvidos nas

atividades produtivas. Como o próprio nome revela, a Matriz de Relevância aponta os

riscos relevantes representados pelos agentes físicos, químicos, biológicos,

ergonômicos e de acidentes em cada setor produtivo analisado, considerando o

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UENF 2004 CAPÍTULO 4

41

número de trabalhadores impactados por cada agente. Cada categoria de exposição

a um dado risco recebe uma graduação qualitativa de criticidade, que pode ser:

Tabela 4.1 – Graduação de Risco para Matriz de Relevância

Graduação Severidade Descrição

Grau 0 Não identificado Durante a avaliação não foi

constatada a presença do agente

Grau 1 Pequena Não há ação perceptível do agente

de risco

Grau 3 Média

A exposição do trabalhador ao

agente de risco se encontra abaixo

do Limite de Tolerância.

Grau 9 Alta

A exposição do trabalhador ao

agente de risco se encontra acima

do Limite de Tolerância

Fonte: Modificado de Gomes, et all. 2002.

Constrói-se então uma matriz sob a forma de tabela, com i linhas e j colunas.

No eixo horizontal da matriz serão alocados os riscos e no eixo vertical os setores de

forma que cada cruzamento Setor X Risco receba uma graduação “N” (Tabela 4.2) de

acordo com a presença do agente de risco naquele setor. Assim sendo, por exemplo,

o valor N1,2 (Tabela 4.2) será a graduação de risco (Tabela 4.1) referente à atuação

do Risco A no Setor 1. Desta forma, cada cruzamento Ni,j receberá uma graduação

referente ao setor i e ao risco j, sendo i e j posições da matriz. Como dito

anteriormente, um outro aspecto importante da matriz é a consideração do número de

funcionários presentes em cada setor, representados através da segunda coluna da

matriz. Essa consideração comprova a preocupação da metodologia com a saúde do

trabalhador.

Sendo M o número de trabalhadores em um dado setor produtivo e N o grau

de criticidade atribuído à exposição a um dado agente em um dado setor, define-se

matematicamente fAj, freqüência de exposição ao risco considerando a contribuição

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UENF 2004 CAPÍTULO 4

42

de todos os setores e fSi, freqüência de exposição considerando a contribuição de

todos os agentes em um dado setor, como:

∑=

=

∗=yi

ijiiAj NMf

1,1, , para 2 ≤ j ≤ x

∑=

=

∗=xj

jjiiSi NMf

2,1, , para 1 ≤ i ≤ y

onde x é o número de riscos identificados, e y é o número de setores avaliados.

Como resultados, são obtidos valores relativos das freqüências de exposição

aos riscos detectados, classificados por agentes e por setor produtivo. Por

comparação, é possível priorizar as ações de segurança sobre o setor e/ou o agente

de risco. A Matriz revelará quais os setores e quais são os riscos críticos para a

empresa. A Tabela 4.2 apresenta a forma geral de uma matriz de relevância.

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UENF 2004 CAPÍTULO 4

43

Tabela 4.2 – Matriz de Relevância

Setores nº

func.

Risco

A

Risco

B

Risco

C . . . .

Risco

X fs

Setor 1 M1.1 N1.2 N1.3 N1.4 . . . . N1.x fs1

Setor 2 M2.1 N2.2 N2.3 N2.4 . . . . N2.x fs2

Setor 3 M3.1 N3.2 N3.3 N3.4 . . . . N3.x fs3

: :

: :

: :

: :

: :

: :

: :

Setor y My.1 Ny.2 Ny.3 Ny.4 . . . . Ny.x fsy

fa fa2 fa3 fa4 fax

No capítulo seguinte será apresentada a interface do programa com o usuário,

estando as simulações efetuadas pelo programa discutidas no capítulo posterior.

Através dessas simulações serão melhor discutidos os pontos aqui apresentados, bem

como sua aplicabilidade dentro de um caso real.

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

44

5 DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA

Nesse capítulo está detalhado o funcionamento do programa, que visa facilitar a

aplicação da metodologia da matriz de relevância. Foram ilustradas todas as telas do

programa, bem como está descrito o modo de operação do mesmo.

5.1 APRESENTAÇÃO

O programa foi escrito na linguagem computacional Delphi ®, e apresenta uma

interface de fácil manuseio. O mesmo utiliza a metodologia da matriz de relevância para

promover uma avaliação de riscos objetivando determinar quais os setores e riscos

mais críticos para a empresa. A Figura 5.1 apresenta a tela inicial do programa.

Figura 5.1 – Tela inicial do programa

A tela inicial apresenta três botões de cadastramento (grupos, riscos, setores),

que são botões de entrada de dados para armazenamento no banco de dados; um

botão funcional e de cadastramento (empresas), que possibilita a inclusão de uma nova

empresa e as operações através da utilização dos bancos de dados e um botão de

encerramento que finaliza o programa.

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

45

5.2 CADASTRAMENTO DE DADOS E FUNCIONAMENTO DO PROGRAMA

O cadastramento dos dados tem que ocorrer de maneira hierárquica, isto é,

primeiro é necessário o cadastramento dos grupos de riscos (físicos, químicos,

biológicos, ergonômicos e de acidentes) para posteriormente ser feito o cadastramento

dos agentes de risco de acordo com seu respectivo grupo. Essa hierarquia tem o

objetivo de facilitar o acesso às informações do banco de dados. A Figura 5.2 apresenta

um fluxograma simplificado do funcionamento do programa.

Figura 5.2 - Fluxograma simplificado do funcionamento do programa

Cadastrar Empresa

Incluir Grupo de Risco

Verificar banco de

dados

Cadastrar Novo

Grupo de Risco

Incluir Riscos

Verificar banco

de dados

Cadastrar Novo Risco

Incluir Setores

Verificar banco de

dados

Cadastrar Novo Setor

Grupo de Risco já existe?

Risco já

existe?

Não

Sim

Setor já existe?

Cadastrar o número de

funcionários para cada

setor

Não

Sim

Não

Sim

Cadastrar as graduações de risco para cada setor

Rodar o programa

Exibir Resultados

Em forma de relatório

Em forma de gráfico

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

46

O primeiro passo para a utilização do programa é o cadastramento dos dados da

empresa a ser analisada. Para o cadastramento de uma empresa (Figura 5.3) será

necessário informar o nome da empresa, a data de inclusão e a graduação de risco

desejada para a avaliação. A graduação clássica utilizada pelos trabalhos

desenvolvidos até o momento baseados na matriz de relevância sugere os valores

listados na Tabela 4.1 (0, 1, 3 ou 9, de acordo com a severidade do risco). Para o

cadastro de uma nova empresa, na tela inicial clicar em empresas e em seguida incluir.

Figura 5.3 - Cadastro de Empresas

Caso o usuário queira saber quais empresas já estão cadastradas no programa,

basta fazer uma busca ao banco de dados. Para tal, basta clicar em empresas na tela

inicial e depois em localizar e em seguida atualizar.

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

47

Figura 5.4 – Visualização das Empresas Cadastradas no Banco de Dados

Seguindo o fluxograma, o próximo passo é o cadastramento dos grupos de

riscos. Antes, é válido checar se esse já faz parte do banco de dados do programa.

Para a visualização dos grupos de riscos já cadastrados é necessário retornar à tela

inicial, clicar em grupos depois em localizar e em seguida atualizar, este procedimento

mostrará quais os grupos de riscos já estão catalogados no banco de dados do

programa (Figura 5.5). Uma vez catalogado um determinado grupo de risco, este

permanecerá no banco de dados, facilitando assim, a utilização em outros estudos.

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

48

Figura 5.5 – Apresentação dos grupos cadastrados no banco de dados

Caso o grupo de risco a ser cadastrado não faça parte do banco de dados do

programa, é necessário cadastrá-lo. Para o cadastramento de um novo grupo é

necessário clicar no botão grupo da tela inicial e depois em incluir, e em seguida

acrescentar o grupo de risco desejável, conforme apresenta a Figura 5.6.

Figura 5.6 – Cadastro de Grupos

Esse procedimento deve ser repetido até que sejam cadastrados, no banco de

dados do programa, todos os grupos de riscos existentes na empresa estudada. Nesse

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

49

momento o banco de dados do programa já possui todos os grupos de riscos existentes

na empresa e o próximo passo é a inclusão dos riscos relativos a cada grupo de risco

cadastrado. Entretanto, assim como foi feito para o cadastramento dos grupos de

riscos, antes da inclusão dos riscos existentes é válido checar quais os riscos já fazem

parte do banco de dados do programa. Para visualizar a lista de riscos já cadastrados

no banco de dados do programa, através da tela inicial clicar em riscos em seguida

localizar e depois em atualizar (Figura 5.7).

Figura 5.7 – Riscos já cadastrados no banco de dados.

Caso o risco a ser cadastrado não faça parte do banco de dados do programa, é

necessário cadastrá-lo. Para isso é necessário clicar no botão riscos na tela inicial e em

seguida em incluir, esse procedimento permitirá a inclusão do risco desejado e sua

respectiva categoria (Figura 5.8).

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

50

Figura 5.8 – Cadastro de Riscos

Esse procedimento deve ser repetido até que sejam cadastrados no banco de

dados do programa todos os riscos existentes na empresa estudada.

Uma vez cadastrados todos os grupos de riscos e seus respectivos riscos, o

passo seguinte é o cadastramento dos setores da empresa em questão que acontece

de forma análoga aos anteriores. Primeiro é feito a verificação no banco de dados para,

se necessário, ser feito o cadastramento. Para visualizar a lista de setores já

cadastrados (Figura 5.9) no banco de dados do programa, através da tela inicial clicar

em setores, em seguida localizar e depois em atualizar.

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

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Figura 5.9 - Cadastro de Setores

Caso o setor a ser cadastrado não faça parte do banco de dados do programa, é

necessário cadastrá-lo. Para iniciar o cadastramento dos setores é necessário clicar no

botão Setores na tela inicial e em seguida em incluir. Caso o setor a ser cadastrado não

faça parte do banco de dados do programa, é necessário cadastrá-lo. Para iniciar o

cadastramento de um novo setor é necessário clicar no botão setores na tela inicial e

em seguida em incluir (Figura 5.10).

Figura 5.10 – Cadastro de setores

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

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Ao selecionar um determinado setor, será necessário informar o número de

funcionários lotados pare esse setor (Figura 5.11).

Figura 5.11 – Inclusão dos Setores para Empresa A.

Uma vez cadastrados todos os grupos de riscos, seus respectivos agentes, os

setores e o número de funcionários locados para cada setor da empresa estudada, o

último passo é informar ao programa as graduações de riscos para cada agente de

risco presente em cada setor. Para tal, na guia Setores clicar em Adm. de Riscos e em

seguida em Incluir, figura 5.12.

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UENF 2004 CAPÍTULO 5

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Figura 5.12 – Cadastro das Graduações de risco para cada Risco/Setor.

O programa permitirá a escolha do risco, do setor e a inclusão da graduação

relativa a esse risco. Uma evolução progressiva foi utilizada para evitar erros no

cadastramento das graduações de risco. A cada graduação a ser incluída o programa

fixará o risco em análise e modificará o setor automaticamente, ficando ao usuário o

trabalho apenas de informar qual a graduação foi determinada para aquela situação.

Depois de informadas todas as graduações de risco, o programa exibe um

relatório apresentando qual a situação atual da empresa em relação aos riscos

ocupacionais, apontando, de forma absoluta e percentual, quais são os riscos e setores

mais críticos para a mesma, além de elaborar dois gráficos, um mostrando a relação de

criticidade entre os setores e outro entre os riscos. Esse relatório e os gráficos gerados

pelo programa, a partir da análise dos dados da empresa, devem ser utilizados para

auxiliar na tomada de decisão relativa ao tipo de tratamento de risco que será adotado

de forma a minimizar seus efeitos.

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

54

6 VALIDAÇÃO DO SOFTWARE

A elaboração deste capítulo tem com objetivo demonstrar a aplicabilidade do

software em uma situação real.

6.1 EMPRESA “A”

Para a elaboração deste estudo foram utilizados dados coletados pelo

Departamento de Engenharia de Segurança da Universidade Federal do Rio de

Janeiro. O estudo é referente a uma empresa do setor hidro-saneante. Por motivos

éticos não será revelado o nome da empresa, que nesse estudo receberá o nome

fictício de Empresa A.

A Empresa A ocupa uma área de 7700 m2, situa-se em uma área urbana do

município do Rio de Janeiro e por isso apresenta algumas vantagens com relação à

infra-estrutura de serviços públicos como pavimentação de ruas, abastecimento de

água, rede de esgoto sanitário, drenagem urbana, energia elétrica, telecomunicações.

Seus dois principais produtos são a Água Sanitária e o Alvejante Perfumado. A

Água Sanitária é uma solução aquosa à base de hipoclorito de sódio com teor de cloro

ativo entre 2,0 e 2,5%. Para tal é utilizado como matéria prima o hipoclorito de sódio

comercial com 12% de concentração. A Água Sanitária é produzida em embalagens de

1 litro, 2 litros e 5 litros. O Alvejante Perfumado, por sua vez, só é produzido em

embalagens de 1 litro e utiliza como matéria prima o hipoclorito de sódio, detergente e

aromatizantes.

As embalagens (garrafas e tampas plásticas) para a Água Sanitária e para o

Alvejante Perfumado são produzidas pela própria empresa. A confecção das

embalagens é feita a partir do polietileno de alta densidade.

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

55

A empresa está dividida em cinco setores:

• Administração 31 funcionários

• Engarrafamento 19 funcionários

• Fábrica de Garrafas 23 funcionários

• Distribuição 32 funcionários

• Manutenção 08 funcionários

Após a análise geral da empresa, foram identificados quatro grupos de riscos:

1. Riscos Físicos;

2. Riscos Químicos;

3. Riscos Ergonômicos;

4. Riscos de Acidentes.

Para cada grupo de riscos foram encontrados os seguintes agentes de risco:

1. Riscos Físicos:

1.1. Ruído;

1.2. Calor.

2. Riscos Químicos:

2.1. Hipoclorito;

2.2. Óleos, Solventes e Graxas.

3. Riscos Ergonômicos:

3.1. Postura e Movimento;

3.2. Iluminação.

4. Risco de Acidentes:

4.1. Instalações Elétricas;

4.2. Máquinas e Equipamentos;

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

56

4.3. Riscos de Incêndios;

4.4. Riscos Ambientais.

Os riscos listados acima foram selecionados tomando-se por base:

• Avaliações qualitativas das condições ambientais em todos os setores da

indústria;

• Análise do Mapa de Riscos existente;

• Entrevistas com os trabalhadores diretamente envolvidos nas atividades

produtivas.

Após a identificação, os agentes de riscos foram graduados de acordo com a

metodologia vista no capitulo anterior (ver Tabela 4.1 de graduação de risco da matriz

de relevância: 0,1,3,9).

Tabela 6.1 - Matriz de Relevância da Empresa A

Físicos Químicos Ergonômicos Acidentes

Setores

NO d

e Em

preg

ados

Ruí

do

Cal

or

Hip

oclo

rito

Óle

os S

olve

ntes

G

raxa

s

Pos

tura

e

Mov

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ão

Inst

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ões

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trica

s

Máq

uina

s e

E

quip

amen

tos

Ris

cos

de In

cênd

io

Ris

cos

Am

bien

tais

Administração 31 0 0 0 0 1 1 0 0 0 0

Engarrafamento 19 3 3 3 0 3 3 3 3 9 1

Fabr. Garrafas 23 9 9 0 0 3 3 3 3 3 0

Distribuição 32 1 1 0 0 3 1 0 0 0 1

Manutenção 8 1 3 1 3 3 1 3 3 1 3

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

57

Uma vez definidos os Grupos de Riscos existentes na Empresa A, seus

respectivos agentes e as suas graduações para cada setor da empresa, é possível a

utilização do programa.

O primeiro passo foi o Cadastramento da Empresa, através da inclusão do nome

da Empresa, data e graduação de risco a ser utilizada.

Figura 6.1 – Cadastramento da Empresa A no Software

Em seguida foram cadastrados os riscos existentes na Empresa A de acordo

com seus respectivos grupos.

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

58

Figura 6.2 – Riscos cadastrados para Empresa A

Posteriormente foram cadastrados os Setores e seus respectivos números de

funcionários.

Figura 6.3 – Setores Cadastrados para Empresa A

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

59

Em seguida foram acrescentadas as graduações de riscos para cada setor. As

figuras 6.4 a 6.8, ilustram as graduações de riscos para cada um dos setores:

• Administração:

Figura 6.4 – Graduação de Riscos para o Setor Administração

• Engarrafamento:

Figura 6.5 – Graduação de Riscos para o Setor Engarrafamento

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

60

• Fábrica de Garrafas:

Figura 6.6 – Graduação de Riscos para o Setor Fábrica de Garrafas

• Distribuição:

Figura 6.7– Graduação de Riscos para o Setor Distribuição

• Manutenção

Figura 6.8 – Graduação de Riscos para o Setor Manutenção

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

61

Terminada a etapa de cadastramento das graduações dos riscos existentes, o

programa finalmente analisará os dados e gerará o relatório contendo os resultados da

avaliação. Esse relatório apresentará os valores absolutos e percentuais dos riscos

para cada setor. O relatório final dispõe ainda do auxílio de gráficos, que visam facilitar

a compreensão dos resultados obtidos.

O relatório gerado pelo exemplo acima descrito está apresentado em seguida,

juntamente com os gráficos gerados pelo programa.

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

64

Figura 6.9 – Gráficos Comparativos de Análise para Empresa A – Valores Absolutos

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

65

Figura 6.10 – Gráficos Comparativos de Análise para Empresa A – Valores Relativos

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

66

Conclui-se através da análise dos relatórios e gráficos do programa que

merecem atenção especial quanto à avaliação de riscos ocupacionais na Empresa A

os setores de Fabricação de Garrafas e de Engarrafamento.

Os tipos de riscos de maior relevância presentes na fábrica são o calor, o ruído e

os ergonômicos (postura e movimento inadequados).

6.2 SIMULAÇÕES

O software apresenta uma opção que permite a realização de simulações a partir

da modificação das graduações de risco utilizadas. As simulações foram propostas com

a finalidade de comprovar a consistência dos resultados obtidos na análise. A

abordagem clássica da metodologia propõe a utilização das graduações constantes na

Tabela 4.1.

Foram realizadas cinco simulações, cujos valores das graduações estão

apresentados na Tabela 6.2.

Tabela 6.2 - Simulações - Valores Utilizados

S 1

S 2

S 3

S 4

S 5 Severidade Descrição

0 0 0 0 0 Não identificado

Durante a avaliação não foi constatada a presença do agente

1 1 1 1 1 Pequena Não há ação perceptível do agente de risco

2 5 3 3 2 Média A exposição do trabalhador ao agente de risco se encontra abaixo do nível de ação

3 9 6 7 5 Alta A exposição do trabalhador ao agente de risco se encontra acima do Limite de Tolerância

Os valores das graduações de riscos utilizados nas simulações foram

determinados de acordo com a severidade dos riscos. Assim sendo, sofreram

modificações apenas as graduações referentes à severidade média e alta uma vez que

representam os riscos mais críticos. Para cada simulação, as relações entre os valores

das severidades média e alta foram crescentes. As figuras a seguir apresentam o

resultado de cada simulação isoladamente e, posteriormente, é apresentado um gráfico

comparativo entre os resultados de cada simulação.

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

67

S1 (0,1,2,3)

Figura 6.11 – Resultados da Simulação 1

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

68

S2 (0,1,5,9)

Figura 6.12 – Resultados da Simulação 2

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

69

S3 (0,1,3,6)

Figura 6.13 – Resultados da Simulação 3

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

70

S4 (0,1,3,7)

Figura 6.14 – Resultados da Simulação 4

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

71

S5 (0,1,2,5)

Figura 6.15 – Resultados da Simulação 5

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

72

A seguir serão apresentadas duas tabelas que resumem os resultados obtidos

nas simulações efetuadas para o exemplo da Empresa A, incluindo os resultados

obtidos pelo programa utilizando o valor de graduação clássico da Matriz de Relevância

(0, 1, 3, 9) e o valor médio de todas as simulações efetuadas.

Tabela 6.3 – Valores obtidos pela simulação – Divisão pelos tipos de riscos

Riscos 0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 Méd Ruído 13,46 13,87 14,55 15,36 15,79 16,8 14,55 Calor 14,19 15,71 15,54 16,31 16,45 17,68 15,71

Hipoclorito 4,21 4,18 4,02 3,87 3,76 3,59 4,02 Óleos, graxas e

solventes 1,47 1,62 1,49 1,43 1,31 1,33 1,47

Postura e movimento 17,86 17,88 17,15 16,49 15,96 15,3 17,15 Iluminação 14,19 11,39 12,2 11,73 12,68 10,88 12,20

Instalações Elétricas 9,16 10,14 9,29 8,93 8,18 8,29 9,16 Máquinas e

equipamentos 9,16 10,14 9,29 8,93 8,18 8,29 9,16

Riscos de Incêndio 10,16 11,92 11,83 12,50 12,19 13,7 11,92 Riscos Ambientais 6,14 3,69 4,64 4,46 5,48 4,14 4,64

Tabela 6.4 – Valores obtidos pela simulação – Divisão por setores

Setores 0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 Méd Administração 5,68 2,51 3,84 3,69 5,07 3,43 3,77

Engarrafamento 31,32 34,67 32,94 32,8 31,1 32,54 32,67 Fábrica de garrafas 33,7 40,11 38,45 39,7 37,64 41,93 39,08

Distribuição 17,58 11,68 13,87 13,33 15,71 12,38 13,60 Manutenção 11,72 11,03 10,9 10,48 10,47 9,72 10,69

Pode ser observado que houve uma pequena variação dos valores obtidos entre

as simulações, sendo que os valores relativos para cada simulação pouco se alteraram.

Isso pode ser mais bem observado através do gráfico seguinte (Figura 6.16), onde

ficam evidenciados os riscos que possuem maior impacto para a segurança dos

trabalhadores da empresa. Nesse exemplo em particular pode ser observada uma

ligeira alternância entre os riscos principais, à medida que se aumenta a diferença

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

73

relativa entre as graduações de severidade de risco média e alta. Em todos os casos,

porém, a metodologia foi capaz de identificar os riscos principais (ruído, calor e postura

e movimento).

Na Figura 6.17 pode ser observado que estão bem evidenciados os dois setores

que podem ser considerados como os mais críticos em termos de risco para os

trabalhadores, sendo que a metodologia foi unânime para todos os valores de

graduação utilizados na simulação.

Resultado das Simulações

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 med

Simulações

Valo

res

perc

entu

ais

RuídoCalorHipocloritoÓleos, graxas e solventesPostura e movimentoIluminaçãoInstalações ElétricasMáquinas e equipamentosRiscos de IncêndioRiscos Ambientais

Figura 6.16 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa A – Divisão pelos riscos

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74

Resultados das Simulações

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 med

Simulações

Valo

res

Perc

entu

ais

AdministraçãoEngarrafamentoFábrica de garrafasDistribuiçãoManutenção

Figura 6.17 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa A – Divisão pelos setores

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

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6.3 EMPRESA “B”

Foi realizada uma simulação da matriz de relevância onde se alterou

propositadamente alguns valores de severidade de risco do estudo realizado acima.

Esse novo estudo será denominado Empresa B. As alterações efetuadas se

restringiram às graduações de risco dos setores Engarrafamento e Fábrica de Garrafas,

conforme detalhado na tabela a seguir.

Tabela 6.5 – Alterações Efetuadas nas Graduações de Riscos

Engarrafamento Fábrica de Garrafas

Riscos Empresa A Empresa B Empresa A Empresa B

Ruído 3 3 9 9

Calor 3 3 9 9

Hipoclorito 3 3 0 9

Óleos Solventes e Graxas 0 3 0 0

Postura e Movimento 3 3 3 0

Iluminação 3 3 3 0

Instalações Elétricas 3 3 3 0

Máquinas e Equipamentos 3 3 3 0

Riscos de Incêndio 9 3 3 0

Riscos Ambientais 1 0 3 0

Os valores adotados nessa nova simulação buscaram diferenciar os dois setores

principalmente em relação à severidade dos riscos presentes. Nesse exemplo,

utilizando a graduação clássica, os dois setores possuem riscos totais muito similares (o

somatório dos dois é 27), sendo que o programa utiliza esses valores aliados ao

número de funcionários (19 e 23 respectivamente) para calcular o risco final.

Dessa forma o programa obteve os seguintes resultados: 32,14% de risco

relativo para o setor de Engarrafamento e 38,91% para o setor de Fabricação de

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

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Garrafas (comparados aos valores de 32,54% e 41,93% obtidos antes das

modificações).

Apesar de terem sido obtidos valores muito próximos aos iniciais, o

comportamento obtido para as simulações com os outros valores de graduações de

severidade de risco foram notadamente diferentes. Para os mesmos valores utilizados

nas simulações anteriores (ver tabela 6.2) foram obtidos os seguintes valores de risco

relativos.

Tabela 6.6 – Valores obtidos pela simulação – Divisão pelos tipos de riscos

Riscos 0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 med Ruído 15,79 16,3 16,92 17,69 18,05 19,05 16,92 Calor 16,65 17,82 18,07 18,79 18,8 20,05 18,07

Hipoclorito 12,35 14,78 14,62 15,50 15,06 17,04 14,78 Óleos, graxas e

solventes 5,8 6,44 5,83 5,56 5,05 5,08 5,80

Postura e movimento 16 15,54 14,98 14,27 13,94 13,03 14,98 Iluminação 11,71 7,91 9,22 8,78 10,2 8,02 9,22

Instalações Elétricas 5,8 6,44 5,83 5,56 5,05 5,08 5,80 Máquinas e

equipamentos 5,8 6,44 5,83 5,56 5,05 5,08 5,80

Riscos de Incêndio 4,94 4,9 4,68 4,46 4,3 4,07 4,68 Riscos Ambientais 5,16 3,43 4,03 3,84 4,49 3,51 4,03

Tabela 6.7 – Valores obtidos pela simulação – Divisão por setores

Setores 0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 med Administração 6,67 2,95 4,46 4,25 5,8 3,89 4,36

Engarrafamento 36,74 40,75 36,93 35,19 31,99 32,14 35,97 Fábrica de garrafas 22,23 29,6 29,81 33,13 32,27 38,91 31,04

Distribuição 20,62 13,73 16,13 15,36 17,96 14,04 15,75 Manutenção 13,75 12,97 12,67 12,07 11,97 11,03 12,37

Os resultados apresentados acima podem ser visualizados nos gráficos

ilustrados nas figuras 6.18 e 6.19 a seguir.

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Resultado das Simulações

0

5

10

15

20

25

0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 med

Simulações

Valo

res

Perc

entu

ais

RuídoCalorHipocloritoÓleos, graxas e solventesPostura e movimentoIluminaçãoInstalações ElétricasMáquinas e equipamentosRiscos de IncêndioRiscos Ambientais

Figura 6.18 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa B – Divisão pelos riscos

Resultado das Simulações

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

0,1,2,3 0,1,5,9 0,1,3,6 0,1,3,7 0,1,2,5 0,1,3,9 med

Simulações

Valo

res

Perc

entu

ais

AdministraçãoEngarrafamentoFábrica de garrafasDistribuiçãoManutenção

Figura 6.19 – Resultado das simulações efetuadas para a Empresa B – Divisão pelos setores

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UENF 2004 CAPÍTULO 6

78

Na análise do gráfico da figura 6.18 também pode ser observada uma alternância

entre os riscos classificados como críticos, porém em um grau muito inferior ao obtido

no exemplo da Empresa A.

Ao se analisar o gráfico da figura 6.19, onde estão ilustrados os riscos divididos

pelos setores da empresa, observa-se um fenômeno que não ocorreu na análise da

Empresa A. Enquanto no primeiro caso os setores mais críticos foram coerentemente

destacados para todos os valores simulados, no segundo pode se observar que

somente na graduação clássica o setor de Fabricação de Garrafas é considerado o

mais crítico, enquanto para as demais graduações o setor mais crítico fora o de

Engarrafamento. Esse resultado está de acordo com o esperado, uma vez que esse

setor possui três riscos de severidade máxima, enquanto o primeiro possui nove riscos

de severidade média.

O que se observa, portanto, é que a utilização da graduação clássica para as

severidades de riscos é coerente com o objetivo proposto para a mesma, ou seja,

realçar os riscos que possuem maior relevância, ou de caráter mais emergencial. Uma

vez que esses riscos identificados tenham sido tratados, a matriz de relevância deve ser

alterada e nova análise efetuada, de modo a serem estabelecidas novas prioridades.

É importante que o profissional que efetua a análise possua o conhecimento

necessário para interpretar corretamente os resultados apresentados, uma vez que

pode haver distorções nos valores dos riscos apresentados em função dos dados

iniciais não haverem sido analisados corretamente. A matriz de relevância realiza suas

análises baseando-se diretamente na exposição dos trabalhadores aos agentes de

risco. A existência de um setor com riscos de severidade elevada, mas que possua um

número de funcionários pequeno ou nulo, será avaliado pelo programa como sendo de

risco relativo baixo. Um depósito de materiais combustíveis e produtos químicos,

mesmo que apresente condições de segurança inadequadas (calor excessivo,

instalações elétricas improvisadas), poderá não ser priorizado dentro do plano de ação

da empresa.

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UENF 2004 CAPÍTULO 7

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7 CONCLUSÃO E SUGESTÕES

O programa desenvolvido auxilia de forma satisfatória a avaliação dos riscos

ocupacionais de empresas, frente à gestão da segurança e medicina do trabalho.

Através de seu emprego é possível demonstrar a aplicabilidade da matriz de

relevância como ferramenta de gerenciamento de riscos e da segurança e da saúde do

trabalhador, provando ser uma ferramenta de uso simples e eficiente.

O programa torna possível a identificação dos setores e riscos mais críticos das

empresas avaliadas, identificação essa que é facilitada pela utilização de gráficos

comparativos de fácil interpretação e visualização.

As simulações realizadas através do emprego de outras graduações de

severidades de risco, diferentes daquelas utilizadas na abordagem clássica da

metodologia, permitiram verificar a confiabilidade dos resultados obtidos. Pôde ser

concluído que a utilização da graduação clássica para as severidades de riscos é

coerente com o objetivo proposto para a matriz de relevância: realçar os riscos que

possuem maior relevância, de caráter mais emergencial.

Ressalta-se, porém, a importância da interpretação correta dos resultados

obtidos por um profissional experiente na utilização da técnica, uma vez que a

metodologia enfatiza a análise através da exposição dos trabalhadores ao risco,

podendo gerar planos de ação que não necessariamente atingirão as necessidades da

empresa.

Em uma etapa posterior o programa poderá ser aperfeiçoado, de forma a evitar

que riscos críticos em determinados setores possuam sua importância relativa reduzida

devido ao baixo número de funcionários. Essa modificação deverá sinalizar essa

ocorrência ao profissional executando a análise, que então poderá adaptar seu plano

de ação à situação apresentada.

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