UMA FORMAÇÃO EM CURSO - Esboços da Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPA

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UMA FORMAÇÃO EM CURSO Esboços da Graduação em Arquitetura e Urbanismo da UFPA Cybelle Salvador Miranda Ronaldo Marques de Carvalho Dinah Reiko Tutyia

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Autores: Cybelle Salvador Miranda, Ronaldo Marques de Carvalho e Dinah Reiko Tutyia

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  • UMA FORMAO EM CURSO Esboos da Graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFPA

    Cybelle Salvador Miranda Ronaldo Marques de Carvalho Dinah Reiko Tutyia

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    UMA FORMAO EM CURSO Esboos da Graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFPA

  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR

    REITORCarlos Edilson de Almeida Maneschy

    VICE REITORHoracio Schneider

    INSTITUTO DE TECNOLOGIA

    DIRETORAlcebades Negro Macdo

    DIRETOR ADJUNTONewton Sure Soeiro

    FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

    DIRETORFabiano Homobono Paes de Andrade

    VICE DIRETORACybelle Salvador Miranda

    CONSELHO EDITORIAL Professora Dr Jane Felipe Beltro (IFCH/UFPA)Professor Doutor Marcio Couto Henrique (IFCH/UFPA)Professor Doutor Fabiano Homobono Paes de Andrade (ITEC/UFPA)

    Todos os direitos reservados aos autores

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    M672f Miranda, Cybelle Salvador. Uma Formao em curso: esboos da graduao em Arquitetura e Urbanismo / Cybelle Salvador Miranda. {et.al}. - Belm: UFP, 2015. 182 p.: il.; 20cm.

    ISBN: 978-85-63728-31-9

    1.Arquitetura e Urbanismo Estudo e Ensino. I.Marques de Carvalho, Ronaldo. II. Tutyia, Dinah Reiko. III.Universidade Federal do Par. IV Ttulo.

    CDD 720.711

    ndice para Catlogo Sistemtico:1. Arquitetura e Urbanismo - Estudo e Ensino - Par : 720.7118115

    UMA FORMAO EM CURSO Esboos da Graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFPA

    UFPA

    Belm, 2015

    Cybelle Salvador Miranda Ronaldo Marques de Carvalho Dinah Reiko Tutyia

  • UMA FORMAO EM CURSO Esboos da Graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFPA

    UFPA

    Belm, 2015

    Cybelle Salvador Miranda Ronaldo Marques de Carvalho Dinah Reiko Tutyia

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    APRESENTAO

    O livro Uma Formao em Curso: esboos da graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFPA uma rica contribuio para a histria dos 50 anos do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Par. So cinco dcadas formando profissionais para o estado do Par e para Amaznia, quando este curso foi criado, havia grandes carncias na elaborao de projetos de arquitetura na cidade de Belm e, por extenso, nas demais cidades capitais da regio. Durante muitos anos, o Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Par foi referncia para os interessados em toda a regio Norte.

    A obra identifica, de acordo com os autores, pontos marcantes de uma trajetria de 50 anos de formao de profissionais, seja nos momentos de crise, de crtica, e especialmente da possibilidade de renovao. O olhar e a percepo atenta para o passado possibilitou identificar todo o trajeto de realizaes induzido pelas condies materiais e ideolgicas de cada poca. Na linha do tempo do Curso visualiza-se como se deu a diversidade de aes desenvolvidas por acadmicos, docentes e tcnicos. Um ponto de relevante foi a mudana de estrutura institucional, com a criao dos departamentos ps reforma, dentre os quais o Departamento de Arquitetura, depois de Arquitetura e Urbanismo, at posteriormente tornar-se Faculdade.

    A obra est dividida em sete captulos delineados de forma meticulosa em um primeiro momento apresentando o Making-of da pesquisa os bastidores, o comeo, a disposio, o Curso de Arquitetura e o Currculo, no interior das sedes que marcaram poca, o valor da ocupao daquele momento, alm deste ponto importante, destaca-se a partir do segundo captulo os mosaicos proporcionados pelas curvas no mbito da questo esttica modernista na arquitetura residencial na cidade de Belm, evidenciando elementos cruciais para a compreenso deste estgio como as origens do Modernismo, o modernismo dos engenheiros, a presena do modernismo fachadista entre os anos 50 e 60. A partir do captulo 3, apresenta-se a primeira gerao do Curso de Arquitetura.

    A questo regionalista na arquitetura paraense entre o moderno e o vernculo, suscitou amplos debates para pensar a Arquitetura no Norte do Pas com inmeras repercusses, os arquitetos

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    mais expoentes: Milton Monte, no Par e Severiano Mario Porto, no Amazonas, momento de grande intensidade para idealizar a participao efetiva entre a produo de uma arquitetura com peculiaridades mais tpicas para o lugar e a apropriao e integrao com o meio natural. No calor das ideias estavam em tela paradigmas da arquitetura amaznica palafita e casita californiana que influenciaram na produo arquitetnica.

    No quinto captulo, apresenta um espao importante para pensar a participao do Curso de Curso de Arquitetura da UFPA com relao a Preservao do Patrimnio Arquitetnico paraense, enfatizando as experincias dos primeiros alunos, atividades acadmicas: pesquisa, extenso e ps-graduao. A produo das primeiras pesquisas sobre Arquitetura no Par, destacando inicialmente o Ecletismo no sculo XIX, a Arquitetura pr-moderna do incio do sculo XX, e o comeo dos estudos sobre as cidades coloniais na Amaznia, abrindo caminho para investigar a Arquitetura pombalina na Amaznia na segunda metade do sculo XVIII, recorte histrico selecionado atravs do Frum Landi, criado em 2003.

    Na esteira dos grandes temas, a obra coloca a insero no Captulo 6 Das Contribuies do Curso de Arquitetura para o Urbanismo Regional, destacando os Desafios do Planejamento da Belm Contempornea e os Estudos sobre Urbanismo no Curso de Arquitetura. Pensar a cidade, inicialmente como objeto de grandes planos nacionais e regionais, at atingir a escala do projeto, do desenho escala humana. O livro finalizado com o Captulo 7 - a Extenso Universitria, descrevendo as aes de Extenso no Brasil e no Par, estabelecendo, como foram dados os primeiros ensaios para constituio do Escritrio Acadmico de Arquitetura entre os anos 90 a 1 dcada do sculo XXI.

    Nos Comentrios h uma breve anlise sobre a evoluo do Curso evidenciando que j nos anos 90, o Curso de Arquitetura integrou projetos importantes, abrindo o leque de aproximao com a sociedade de forma mais permanente, favorecendo a formao dos futuros arquitetos e urbanistas em sua tarefa social. A renovao do corpo docente e a criao de espaos destinados a pesquisa a partir dos anos 2000 foi um grande passo para que ocorresse aprovao do 1 Mestrado em Arquitetura e Urbanismo da Regio Norte, em 20__10, curso este que passou a difundir o conhecimento profissional do projeto e a reflexo terica sobre o edifcio e suas intersees com a cidade.

    O livro Uma Formao em Curso: esboos da graduao em Arquitetura e Urbanismo da UFPA, possibilita viajar ao passado, verificar o olhar dos protagonistas sobre

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    uma histria repleta de transformaes. uma honra ter participado de forma efetiva de parte desta histria ao longo de 50 anos, me formei no ano de 1988, perodo de grande efervescncia para o Curso de Arquitetura, face a transio poltica no cenrio brasileiro, a intensa participao estudantil no plano local, regional e nacional, aspectos que conferiram gerao dos anos 80 um importante protagonismo na histria deste curso, sendo boa parte dos docentes atuais formados neste perodo. Particularmente, sempre me chamou ateno a origem e formao da Escola de Arquitetura para cidade de Belm, era um tema sempre recorrente nas discusses sobre a contribuio do Curso de Arquitetura para cidade.

    O interesse pela origem e formao do Curso de Arquitetura na cidade de Belm era algo to marcante, que no ano de 1987, em conjunto com mais dois colegas, resolvemos elaborar um Trabalho de Concluso de Curso denominado: Curso de Arquitetura na Universidade Federal do Par, descobertas que proporcionaram grandes reflexes, um dos momentos mais marcantes deste trabalho foram os depoimentos de professores fundadores, principalmente da professora Zula Gonalves.

    O que dizer de 50 anos? Falar dos protagonistas annimos que ajudaram a construir todo um trajeto em cinco dcadas, quando o curso de Arquitetura foi criado na UFPa havia poucos cursos de graduao em Arquitetura no Brasil. As repercusses do Curso de Arquitetura, hoje tambm contemplando o Urbanismo, foi to marcante que no meu imaginrio, vislumbrava em um futuro prximo criar um curso de Arquitetura no Estado do Amap, fato que ocorreu em outubro de 2004. Recentemente, este novo curso completou o primeiro ciclo de 10 anos, e do atual quadro docente, sete professores foram formados no Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Par.

    Para idealizar o que significa 50 anos em um livro, nem sempre possvel contemplar tudo o que decorreu em uma histria to diversa, de tantos personagens importantes que contriburam para difundir o conhecimento tcnico, acadmico, cientfico e cultural. A prpria trajetria do livro demonstra como a construo do Curso de Arquitetura seguiu ciclos, cada um, em uma etapa importante, evidenciando o estgio de amadurecimento do prprio curso.

    Estgios que avanaram, da graduao para ps-graduao, contribuindo para formar para o Estado do Par e para regio Norte, estudiosos para o desenvolvimento da pesquisa na rea de Arquitetura e Urbanismo. So novos tempos, o produto alcanado contribui com uma variedade expressiva de material cientfico disposio da sociedade. Estamos em um outro

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    momento poltico do exerccio profissional na rea de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, pois, desde a criao do Conselho de Arquitetura e Urbanismo, novos horizontes foram abertos com a finalidade de valorizar amplamente a profisso de arquiteto e urbanista, exigindo outras adequaes e ajustes para atender a este novo contexto.

    O livro convida a todos a realizarem uma leitura e fazer um recorrido sobre o tempo e a histria do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Par, os docentes, alunos, tcnicos, atuais e do passado, que todos possam se sentir contemplados neste enredo.

    Jos Alberto TostesProfessor Doutor, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Amap- UNIFAP

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    UM PONTO DE PARTIDA 11

    1. MAKING-OF DA PESQUISA - OS BASTIDORES 151.1 NO COMEO, APENAS A DISPOSIO 151.2 CURSO DE ARQUITETURA E O CURRCULO 201.3 SOBRE AS SEDES 24

    2. DOS MOSAICOS S CURVAS: a esttica modernista na arquitetura residencial de Belm 332.1 ORIGENS DO MODERNISMO EM BELM 332.2 O MODERNISMO DOS ENGENHEIROS 382.3 O MODERNISMO FACHADISTA NOS ANOS 50 E 60 412.4 TRAOS MODERNISTAS 43

    3. A PRIMEIRA GERAO DO CURSO DE ARQUITETURA 473.1 DOCUMENTO MONUMENTO? 473.2 MATIZES ARQUITETNICOS NA FORMAO DO CAUP 513.3 APOSTILAS DO CURSO DE ADAPTAO PROFISSIONAL ARQUITETURA 62

    4. O DEBATE REGIONALISTA NA ARQUITETURA PARAENSE: entre o moderno e o vernculo 714. 1 PARA PENSAR A ARQUITETURA NO NORTE 714.2 ARQUITETURA REGIONAL: IDIAS EM DEBATE 734.3 REPERCUSSES 82

    5. O CURSO DE ARQUITETURA DA UFPA E A PRESERVAO DO PATRIMNIO ARQUITETNICO PARAENSE 875.1 A PRESERVAO DO PATRIMNIO NO BRASIL E NO PAR 875.2 ESTUDOS SOBRE O PATRIMNIO ARQUITETNICO NO CURSO DE ARQUITETURA UFPA 915.2.1 Experincias dos primeiros alunos 925.2.2 Atividades Acadmicas: pesquisa, extenso e Ps-graduao 975.3 CONTRIBUIES PARA A PRESERVAO DO PATRIMNIO PARAENSE 108

    6. CONTRIBUIES ACADMICAS DO CURSO DE ARQUITETURA PARA O URBANISMO REGIONAL 1116.1 OS DESAFIOS DO PLANEJAMENTO DA BELM CONTEMPORNEA 1116.2 ESTUDOS SOBRE URBANISMO NO CA 119

    7. A EXTENSO UNIVERSITRIA E O CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO 1317.1 A EXTENSO UNIVERSITRIA NO BRASIL E NA UFPA 1317.2 A EXTENSO UNIVERSITRIA E O CURSO DE ARQUITETURA 1367.2.1 Os primeiros ensaios 1367.2.2 O Escritrio Acadmico de Arquitetura 1447.2.3 Dos anos 90 a 1 dcada do sculo XXI 149COMENTRIOS 160

    UM CURSO EM FORMAO 163

    REFERNCIAS 167

    APNDICE 177

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    UM PONTO DE PARTIDA

    Ao longo de quatro anos, desenvolvemos a pesquisa PANORMICA DO CURSO DE ARQUITETURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR: DA ESCOLA FACULDADE, custeada pelo Programa de Apoio ao Doutor Recm-contratado 2009 PROPESP-UFPA/FAPESPA, o qual tornou possvel a produo desta obra. A preocupao em registrar a memria fragmentada e individualizada, a fim de torn-la memria institucional foi abraada com ardor pelos discentes que, quando ainda no havia apoio institucional, tornaram-se voluntrios na coleta de informaes para contar essa histria, da qual eles tambm se tornaram protagonistas.

    Longe de almejar a unanimidade, este trabalho representa um ponto de partida, uma pedra fundamental na concretizao e discusso acerca do ensino da Arquitetura na UFPA, que completa meio sculo de atividades. Chamou-nos a ateno um excelente relato sobre a Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro denominado ESDI: biografia de uma ideia, que expe reflexo crtica de um dos primeiros professores do Curso pioneiro no ensino do Design no Brasil. Pensamos ento: porque no produzir um livro compilando informaes e relatos acerca do Curso de Arquitetura da UFPA, pioneiro na Regio Norte do Brasil?

    O processo de construo da pesquisa, delineado no captulo introdutrio, revela por dentro as agruras e os sucessos resultantes. Cada captulo foi desenvolvido com base em um tema, dentre os que foram percebidos como prioritrios ao longo da histria do Curso. Alguns captulos tiveram sua verso preliminar em forma de relatrios de iniciao cientfica, sendo posteriormente aprofundados para tornarem-se captulos autossuficientes, que, contudo, se engajam em um corpo coeso, que reflete as linhas fortes de atuao do curso.

    A coleta das informaes foi baseada no mtodo qualitativo, tendo as cincias sociais como guia, em especial a Antropologia, possibilitando a recolha de documentos escritos, orais, imagens fotogrficas antigas e atuais, sempre em sintonia com o estado-da-arte de cada sub-rea do conhecimento debatida. Assim, destacou-se o estudo da chamada arquitetura dos engenheiros, que caracterizou a produo de edificaes em Belm antes da existncia do Curso, cujos protagonistas foram determinantes para a fundao de um Curso de formao

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    de Arquitetos nomeadamente Camillo Porto de Oliveira, que tido por muitos como o personagem-chave. O Modernismo como linguagem arquitetnica foi a base da formao dos primeiros mestres e alunos, os quais, alguns anos mais tarde, passam a reivindicar a produo de uma arquitetura mais adequada ao contexto regional movimento que integra uma das vertentes de contestao ao chamado estilo internacional. Nos anos 80, professores e egressos do Curso destacam-se na produo de obras que ganham destaque nacional e internacional e que podem ser vistas na paisagem da nossa Cidade Universitria.

    Inicialmente o Curso voltou-se prioritariamente para o planejamento de edificaes, sendo que a temtica urbana, existente desde o princpio, tomou corpo nos anos 90 quando o Curso passou a denominar-se Arquitetura e Urbanismo, como os demais no Brasil. Numa postura pioneira, o Curso de Arquitetura destaca-se tambm no estudo quanto a proteo do patrimnio arquitetnico e artstico, sendo o primeiro a incorporar em seu currculo disciplinas da rea de preservao e restaurao do patrimnio. Urbanismo e preservao do patrimnio tornam-se, tambm, eixos da produo extensionista do curso, bastante evidente nos anos 70 e 80 do sculo passado, e que passa por vezes despercebida, em crticas a falta de insero social da Arquitetura.

    O primeiro captulo aborda o Making-of da pesquisa os bastidores, relatando o processo de construo do projeto, as produes realizadas, bem como comentrios sobre o currculo e a trajetria das sedes do Curso. A seguir, o captulo 2 trata da assimilao da arquitetura moderna em Belm, antes da formao do Curso de Arquitetura, feita majoritariamente por engenheiros, os quais participaram do Curso de Adaptao em 1964, juntamente com alunos egressos do Curso secundrio, conforme se discute em A primeira gerao do Curso de Arquitetura.

    O debate regionalista na arquitetura paraense: entre o moderno e o vernculo aponta para o desejo de firmar uma identidade profissional e local, em consonncia com o debate internacional vigente, considerando o regionalismo uma vertente do polmico conceito de Ps-modernismo. Concomitantemente, duas especificidades tomaram corpo no ensino e na pesquisa no Curso de Arquitetura: a questo da Histria da Arquitetura engajada a preservao do patrimnio edificado e o Urbanismo como maneira de pensar e intervir no espao construdo da cidade. Os captulos 5 e 6 prope-se a evidenciar as contribuies do Curso para o tema da preservao do patrimnio e para a concepo urbana das cidades amaznicas. Por fim o captulo 7 dedica-se a Extenso em Arquitetura, demonstrando participao efetiva neste setor, com incio em atividades realizadas no interior do Estado nos anos 70, espao importante de prtica profissional discente e de estreitamento e visibilidade da produo acadmica em Arquitetura e Urbanismo sociedade.

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    Portanto, a publicao desta obra mostra-se de sumo interesse a comunidade acadmica do Curso de Arquitetura e Urbanismo, recuperando tambm uma parte da histria da UFPA, e servindo de paradigma para a histria da Arquitetura e de seu ensino no Brasil.

    Gostaramos de agradecer a todos que contriburam para a elaborao desta pesquisa, especialmente aos bolsistas e voluntrios que abraaram a misso de levantar documentos escritos e orais imprescindveis a formao de um Banco de Dados para o Curso de Arquitetura e Urbanismo: discentes voluntrios Brena Tavares Bessa, Cludia Bittencourt, Luana Sawada, Meg Watrin, Mnica Soares Ferreira, Salma Nogueira Ribeiro, Tain Chermont Arruda, Tain Parente e Yuri de Alcntara Pinto Rebello, e bolsistas Lilyan Regina Galvo da Silva (PIBIC/AF/UFPA), Laura Caroline de Carvalho da Costa (PIBIC/FAPESPA), Nayara Sales Barros (PIBIC/FAPESPA). Ao Mestre Hlio Oliveira Verssimo e a Sr Elza de Nazareth Lobo Soares, detentora do Acervo do Professor Roberto de La Rocque Soares, pela inestimvel colaborao na cesso de documentos importantes para narrar a trajetria do Curso de Arquitetura. Aos funcionrios tcnico-administrativos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Eduardo Taschio Maruoka (in memorian), Eullia Freitas do Carmo, Ivo Gaia, Marina das Graas Matos Farias, Moacir Souza Lima Jr. e Walmira Lima Rodrigues pelo apoio na obteno de documentos e em todos os momentos necessrios. Meno especial ao Professor Haroldo Baleixe da Costa, pelo incessante resgate de documentos, nos recnditos bas da memria institucional e ao professor Marcio Couto Henrique, do Programa de Ps-graduao em Histria Social da Amaznia UFPA, por sua leitura atenta e instigante da verso final desta publicao, contribuindo para refinar a anlise histrica.

    Nossa reverncia aos professores Hlio Oliveira Verssimo, Manoel Jos Maia da Costa, Milton Jos Pinheiro Monte, Antonio Paul de Albuquerque (in memorian), Alberto Emas dos Santos, Paulo Srgio Cal, Paulo Chaves Fernandez, Jaime Bibas, Carmen Lcia Valrio Cal, Cicerino Cabral do Nascimento, Fabiano Homobono Paes de Andrade, Ronaldo Marques de Carvalho, Joo Pinto de Castro Filho, Flvio Augusto Sidrim Nassar, Elna Maria Andersen Trindade, Jos Akel Fares, Stelio Saldanha Santa Rosa, Rosa Maria Chaves da Cunha e Souza, Jos Maria Coelho Bassalo, Jos Julio Ferreira Lima, Ana Cludia Duarte Cardoso, Terezinha Lisieux de Miranda, e aos arquitetos Eduardo Taschio Maruoka (in memorian), e Maria Beatriz Maneschy Faria pelas entrevistas concedidas.

    Por fim, esta edio no teria sido possvel sem o apoio do Professor Edson Ortiz de Matos, Pr-reitor de Administrao da UFPA, sempre solcito e atento as demandas dos docentes. A ele, nossos agradecimentos.

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    1. MAKING-OF DA PESQUISA - OS BASTIDORES

    1.1 NO COMEO, APENAS A DISPOSIO

    A pesquisa sobre a Histria do Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Par iniciou-se no ano de 2008, quando foi instituda, em Reunio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU), uma Comisso composta por professores do Curso e pelo Jornalista Oswaldo Coimbra, que fora responsvel pela organizao do Livro sobre o Instituto de Tecnologia da UFPA. A proposta foi idealizada pelo professor Ronaldo Marques de Carvalho, o qual tinha como meta a publicao de um livro que servisse para sistematizar e divulgar informaes sobre fatos e feitos do Curso, de modo que os novos membros da Faculdade tivessem uma noo do que fora feito ao longo dos 48 anos de formao de Arquitetos e urbanistas no Par pela UFPA.

    A princpio, no havia recursos materiais para comear os trabalhos, porm foi formalizado um Projeto de Pesquisa, encaminhado Pro-reitoria de Pesquisa e Ps-graduao da UFPA (PROPESP), de modo a garantir carga horria aos professores participantes. Optou-se ento, por sugesto de Oswaldo Coimbra, pela realizao de oficinas a um grupo de discentes voluntrios: houve divulgao da seleo de voluntrios para a pesquisa, realizada no dia 13 de maro de 2009, quando 18 alunos realizaram uma pequena redao sobre o tema Qual a importncia de escrever a histria do Curso de Arquitetura da UFPA? Foram selecionados os estudantes: Lilyan Galvo da Silva, Luana Sawada, Meg Watrin, Mnica Soares Ferreira, Nayara Sales Barros, Priscila Santos da Silva, Salma Nogueira Ribeiro, Tain Chermont Arruda, Tiago Nunes do Carmo e Yuri de Alcntara Pinto Rebello. A primeira reunio realizada com os voluntrios ocorreu no dia 27 de maro de 2009, no Auditrio da FAU. A Oficina de capacitao metodolgica, ministrada pela Professora Cybelle Miranda e pelo jornalista Oswaldo Coimbra, ocorreu entre 3 de abril de 2009 e 5 de junho de 2009, abordando temas referentes preparao para a pesquisa bibliogrfica e de campo, bem como a produo textual1.1 No incio do projeto houve a desistncia dos discentes Priscila Santos da Silva e Tiago Nunes do Carmo, sendo substitudos por Cludia Bittencourt e Tain Parente.

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    Nos textos elaborados para a seleo, pode-se notar a preocupao com a construo do futuro da Arquitetura paraense atravs do registro de sua trajetria, garantindo o valorizar e tornar mais visvel o que foi produzido. Segundo Tain Arruda Conhecer os professores e estudantes que passaram pelo curso de arquitetura, as influncias que deixaram, alm de valorizar os seus estudos e trabalhos, dar mais incentivo aos alunos que estaro cursando e para as pessoas que no so deste meio maior conhecimento do que ser arquiteto.

    A carncia de reflexo e divulgao da produo da escola gera questionamentos nos discentes: Essa universidade j formou inmeros arquitetos que levam, na mente, todo aprendizado para o Brasil e para o mundo. Anualmente, so realizados encontros de estudantes de arquitetura. Os alunos da regio Norte sempre esto em menor nmero. Por que esse desinteresse? No caso dos alunos paraenses, h uma falta de conhecimento da histria do prprio curso e da arquitetura local. A criao deste livro traz a curiosidade dos alunos e a busca pelo conhecimento da arquitetura local. O que se segue no texto de Yuri Rebelo quase um manifesto, que conclama os novos arquitetos a buscar inspiraes endgenas nos tempos ureos da capital paraense, ao invs de priorizar a imitao dos projetos publicados no Sul e Sudeste. O envolvimento discente com a proposta foi sem dvida fator que impulsionou a busca e organizao dos dados primrios.

    Durante as primeiras reunies do grupo composto pela coordenadora, por Oswaldo Coimbra e pelos professores Ronaldo Marques de Carvalho e Haroldo Baleixe da Costa foram definidos os temas a serem estudados, tendo sido selecionados os seguintes:

    a) Os fundadores (a gnese do Curso)b) Arquitetura regionalc) Patrimnio Histricod) Escritrio modelo/extensoe) Urbanismo

    O trabalho com os voluntrios, desenvolvido em 2009, iniciou com a Pesquisa em Trabalhos de Concluso de Curso (TCC) pertencentes ao Acervo da Biblioteca Jos Sidrim, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo: duas voluntrias realizaram anotaes de uma amostra de trs TCCs por ano de Concluso, sendo as mesmas sistematizadas segundo critrios estabelecidos, em ficha elaborada para este fim, na qual se destacam os professores orientadores, os temas preferidos em cada perodo bem como as mudanas no formato dos trabalhos. Os discentes

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    tambm realizaram entrevistas com professores e arquitetos, dentre os quais constaram Euler Santos Arruda, Fabiano Homobono Paes de Andrade, Joo Pinto de Castro Filho e Jos Julio Ferreira Lima, as quais se tornaram exerccios de coleta de campo e transcrio.

    Foram obtidos dados sobre o tema Os fundadores, por meio de entrevistas realizadas pelos professores Cybelle Miranda, Ronaldo Marques de Carvalho e Haroldo Baleixe, com os professores Hlio Verssimo, Milton Monte, Maia da Costa, Alberto Emas dos Santos, Paul Albuquerque, Paulo Chaves, Jaime Bibas e Paulo Cal. Com os entrevistados foram coletados materiais documentais escritos e iconografias, as quais foram digitalizadas para integrar o acervo documental do Curso de Arquitetura e Urbanismo, dentre os quais se destaca as apostilas e trabalhos referentes primeira turma do Curso de Arquitetura, doados pela viva do Professor Roberto de La Rocque Soares.

    No perodo de agosto de 2009 a maro de 2010, os discentes voluntrios realizaram pesquisa em documentos do Curso, tais como Atas de Reunies de Colegiado, bem como Atas de Reunies do Departamento de Desenho e Arquitetura, depois Departamento de Arquitetura e finalmente Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Coletaram informaes em pastas funcionais de professores aposentados e falecidos, como meio de reconstituir trajetrias administrativas bem como a produo acadmica dos docentes. Entre maro e maio de 2010, foram sistematizadas informaes atravs da elaborao de quadros comparativos, fichas, e elaborado artigo para Congresso.

    O projeto passou a contar com uma bolsista de Iniciao Cientfica do Programa Aes Afirmativas (PROPESP/UFPA), cujas atividades iniciaram em setembro de 2009. A bolsista Lilyan Galvo desenvolveu o Plano de Trabalho Contribuies acadmicas para a Arquitetura regional a Especializao em Arquitetura nos Trpicos. Este plano subsidiou a produo de textos sobre o tema Arquitetura Regional, dentre os quais o pster Contribuies acadmicas para a Arquitetura Regional paraense apresentado no 19 Congresso Brasileiro de Arquitetos, o artigo Contribuies acadmicas para a arquitetura regional a especializao em arquitetura nos trpicos, apresentado no VIII Colquio luso-brasileiro de Histria da Arte.

    Em dezembro de 2009, o projeto passou a receber financiamento ao ser selecionado no Programa de Apoio ao Doutor Recm-contratado (PADRC) da UFPA, com recursos de custeio e capital liberados pela CAPES no valor de R$20.000,00 (vinte mil reais), bem como 1 bolsa de Iniciao Cientfica com recursos da FAPESPA2 para o perodo de 24 meses, iniciada em agosto 2 Fundao de Amparo a Pesquisa do Estado do Par, hoje Fundao Amaznia Paraense de Amparo Pesquisa.

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    de 2010. O apoio foi liberado paulatinamente, sendo responsvel por parte dos equipamentos hoje disponveis no Laboratrio de Memria e Patrimnio Cultural (LAMEMO), fundado em 2009, onde se sediou a pesquisa.

    O apoio discente foi decisivo, merecendo referncia a participao voluntria das discentes Laura Caroline de Carvalho da Costa, na sistematizao de dados, Tain Parente, atuante na organizao da Ficha de anlise de TCC e Monografias, bem como realizando a primeira verso de anlise das Apostilas do Curso de Adaptao, cujo aprofundamento foi realizado pela discente Brena Tavares Bessa, no primeiro semestre de 2011. No perodo 2010/2011, contamos com duas bolsistas vinculadas ao projeto: Lilyan Galvo, com apoio da bolsa do Programa Aes Afirmativas (PROPESP/UFPA) desenvolveu o Plano de Trabalho Contribuies acadmicas do Curso de Arquitetura da UFPA para o Urbanismo Regional, que resultou na elaborao de um artigo cientfico apresentado no Seminrio de Iniciao Cientfica da UFPA, enquanto a discente Nayara Sales Barros estudou A influncia do curso de Arquitetura da UFPA na Preservao e Restaurao do Patrimnio Arquitetnico Paraense, com apoio da bolsa FAPESPA/PADRC.

    A bolsista Nayara elaborou artigo intitulado A histria de Belm atravs do estudo do Patrimnio Arquitetnico identificado nos TCCs da FAU-UFPA para participao na categoria Apresentao de Slides do VIII Colquio Luso-Brasileiro de Histria da Arte - II Reunio Internacional do Frum Landi, realizado em abril de 2011, no Centro de Convenes da UFPA. Realizou-se Pesquisa sobre a vida e obra de alguns dos antigos professores da FAU-UFPA que participaram da criao do curso e de sua evoluo, os quais foram homenageados ao denominar ambientes do prdio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFPA. A partir desse estudo foram produzidos textos publicados no blog da FAU-UFPA, podendo ser acessados atravs do link http://fauufpa.wordpress.com.

    A bolsista Nayara e a mestranda em Arquitetura e Urbanismo Dinah Tutyia (Programa de Ps-graduao em Arquitetura e Urbanismo PPGAU/UFPA) realizaram trabalho de campo com a visita ao Frum Landi para coleta de informaes relacionadas aos trabalhos desenvolvidos por este e pelo Escritrio Modelo de Arquitetura. As informaes coletadas subsidiaram o Plano de trabalho sobre Patrimnio, bem como o tema da Extenso universitria. Dinah realizou entrevistas com arquitetos e outros profissionais que participaram da extenso universitria em suas vrias fases, coletando iconografia de projetos, impresses orais, fotografias, de modo a fornecer um panorama da participao do Curso de Arquitetura nesta misso da UFPA.

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    O Plano de Trabalho Organizao dos dados primrios em Banco de Dados referente Histria do Curso de Arquitetura da UFPA foi desenvolvido por Laura Caroline de Carvalho da Costa, bolsista FAPESPA/PADRC 2011/2012. O objetivo deste foi organizar o Banco de Dados recolhido durante a pesquisa, a fim de integrar um CD a ser doado ao acervo da Biblioteca do Curso de Arquitetura da UFPA. Os dados primrios, bem como os Quadros sistematizados sero certamente um bom ponto de partida aos pesquisadores que venham a aprofundar temas referentes ao Curso de Arquitetura.

    A obteno de informaes cronolgicas foi bastante prejudicada pela ausncia de um arquivo com documentos selecionados sobre o curso. Para descrever datas e nomes, contou-se com o incompleto acervo de Atas de Reunies de Departamento e Colegiado disponveis na Secretaria da Faculdade, bem como com as pastas existentes de alguns professores aposentados, que permitiram reconstituir debilmente as atividades desenvolvidas ao longo de mais de quatro dcadas. Para o esboo de quadro dos Chefes de Departamento e Coordenadores de Curso, foram utilizadas informaes presentes nas Atas, que ao serem comparadas com os dados constantes no arquivo da Pr-reitoria de Desenvolvimento e Gesto de Pessoal (PROGEP) muitas vezes no coincidiam em datas e nomes. As atas de Reunies Departamentais e de Faculdade foram pesquisadas desde abril de 1974 at dezembro de 2009, no tendo sido encontradas atas anteriores a esta data. Sabe-se que muitos documentos referentes ao Curso de Arquitetura, que funcionou em vrias sedes, esto perdidos no acervo depositado no Instituto de Tecnologia, ao qual no foi possvel ter acesso pela ausncia de uma separao preliminar dos documentos, bem como pelas ms condies de conservao. Permanecem, portanto, desafios aos pesquisadores que futuramente desejem debruar-se sobre o tema.

    O modo sucinto como as informaes foram descritas nas Atas, aliadas a notcias de Jornal, so fragmentos que suscitam inferncias acerca da trajetria fsica e acadmica do curso, cumprindo achar os elos e contextos que cercam cada ao a fim de elaborar um relato histrico compreensvel. Entendidos na relao memria-esquecimento, os acontecimentos e dissenses presentes no decorrer da formao desta sub-unidade acadmica foram por muito tempo apagados da memria presente, em virtude da abrupta renovao que esta sofreu em seu corpo docente, de modo que tudo que fora produzido nas dcadas anteriores evocado fragmentariamente, com pouca segurana nas referncias a datas e protagonistas. Informaes estas que puderam ser encontradas nos documentos oficiais, como os que so elencados na Linha do Tempo em Apndice.

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    1.2 CURSO DE ARQUITETURA E O CURRCULO At os anos 50 do sculo XX, o Brasil possua apenas seis Universidades que agregaram

    antigas faculdades isoladas. A UFPA foi criada em 1957, englobando as Faculdades de Direito (1902), Medicina (1919), Engenharia (1931), Odontologia (1940); Farmcia (1941), Filosofia, Cincias e Letras (1948), Cincias Econmicas, contbeis e aturias (1948)(FONTES, 2007). Em 1964, quando o Curso de arquitetura foi criado, Belm era a oitava cidade brasileira em populao, com 400 mil habitantes. Engenheiros e leigos faziam a arquitetura na cidade, apropriando-se do repertrio modernista, criando uma arquitetura de fachada, muitas vezes aplicada a edificaes de partido neoclssico (Raio-que-o-parta).

    Belm passa a ser interligada ao centro-sul do pas pela Rodovia Belm-Braslia, reforando seu papel de plo da regio. Desordem urbana, falta de profissionais de arquitetura e urbanismo, poltica desenvolvimentista de JK, criando os primeiros conjuntos habitacionais foram fatores que contriburam para gerar a motivao a criao do Curso em Belm. O prestgio adquirido pelos arquitetos modernistas construtores de Braslia deu visibilidade profisso.

    O Curso de adaptao profissional de Arquitetura inclua disciplinas como Introduo Arquitetura, Desenho e Plstica, Prtica de Projetos, Teoria da Arquitetura e do Planejamento, Histria da Arte e da Arquitetura, Evoluo urbana, Sociologia, Composio Arquitetnica. O Curso regular de Arquitetura em seu incio era composto pelos Ciclos Bsico, com dois anos de durao e pelo Ciclo de Formao, composto de trs anos. A Estrutura do Curso era dividida em Departamentos, sendo as disciplinas vinculadas a estes. O regime de matrcula era anual, sendo cursadas no 1 ano as disciplinas: Histria da Arquitetura e da Arte I; Estudos Sociais e Econmicos I (Psicologia); Desenho e Plstica; Geometria Descritiva; Materiais de Construo; Clculo e Geometria Analtica; Mecnica Racional e Grafosttica; Resistncia dos Materiais e Estabilidade das construes.

    Durante o 2 ano, detecta-se o contato com questes urbanas nas disciplinas Estudos Sociais e Econmicos II (Sociologia); Higiene Geral, da Habitao e Saneamento das cidades. No Ciclo de Formao, o 3 ano continha Planejamento I,Topografia e Legislao, o 4 ano Planejamento II e o 5 ano continha Planejamento III. No tivemos acesso a ementa das disciplinas, porm atravs de relatos de ex-alunos, pode-se concluir que questes urbanas eram diludas nas disciplinas de Planejamento, sendo o Planejamento III voltado para intervenes

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    urbanas, considerado como o trabalho final, uma vez que neste momento ainda no existia o Trabalho de Concluso de Curso no formato tcnico-cientfico.

    Nos anos 70, havia atividades de integrao de conhecimentos durante uma semana de cada ms, quando os professores das demais disciplinas se reuniam aos de Prtica de Projetos e, em conjunto com os estudantes, discutiam as implicaes que envolvem o ato de projetar, como: pesquisa urbana, problemas sociais, legislao, tica profissional, entre outras.

    Havia uma viso socializada do projeto, no se concebendo de forma solta no espao, pois no se concebia o chamado vazio urbano. Este aspecto sistemtico e integrado ajudava o estudante a compreender a arquitetura como um produto de diversas etapas e implicaes e no como objeto inerte.3

    O Curso da UFPA apresentou quatro currculos plenos: o Currculo de 1964 baseava-se no currculo mnimo de 1962. A seguir, houve alterao da grade curricular em 1971, com base no currculo mnimo de 1969, quando o Curso passou a contar com 3.703 hs, sendo o regime de crditos semestral. O primeiro ciclo acompanhava os demais cursos da rea de Cincias Exatas e Naturais, ocorrendo dificuldade em integrar os conhecimentos do ciclo bsico com os da formao profissional. Foram includas as seguintes disciplinas de carter urbano: Estatstica, Planejamento Urbano, Evoluo Urbana, Instalaes e Equipamentos I e II (obrigatrias) e Desenvolvimento da Comunidade, Planejamento Regional, Foto-interpretao e Conforto Ambiental (optativas).

    Na reunio Departamental de 11 de agosto de 1977, o professor Antonio Paul de Albuquerque props a alterao da denominao da sub-unidade de Departamento de Arquitetura para Departamento de Arquitetura e Urbanismo, considerando que a maioria das escolas de Arquitetura assim so denominadas, bem como a incluso no currculo do Curso da disciplina Planejamento Urbano. Tal proposta foi aceita pelos presentes na reunio, contudo, a alterao s veio a se efetivar muito mais tarde, em 1992. Nesta reunio decidiu-se tambm que as disciplinas: Planejamento urbano e Planejamento regional se fundissem e fossem oferecidas como Planejamento Urbano e Regional I e Planejamento Urbano e Regional II; Histria da Arte e Histria da Arquitetura fossem oferecidas como Histria da Arte e da Arquitetura I 3 Depoimento da Prof Zula Gonalves, ex-coordenadora do Curso de Arquitetura, equipe TOSTES, Jos Alberto; RAMOS, Ronaldo; MATOS, Edvaldo. Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Par. Belm, 1988. 117 p. Trabalho de Concluso de Curso (Arquitetura). Centro Tecnolgico. Universidade Federal do Par. 1988., em abril de 1988.

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    e Histria da Arte e da Arquitetura II e Planejamento paisagstico e Introduo Ecologia fossem includos no Currculo pleno de Arquitetura.

    Em 29 de setembro de 1978, h apreciao do Plano Departamental para o prximo semestre, com espao fsico indicando o Campus Universitrio. Em abril de 1979, registra-se que a reunio foi realizada na Sala de Reunies do Centro Tecnolgico.

    Com relao ao Exame seletivo ao Curso de Arquitetura, na reunio de 20 de maio de 1980 trata-se do exame de pr-qualificao para Arquitetura, o qual foi suprimido pela Comisso Permanente de Vestibular (COPERVES) para o vestibular seguinte. Este consistia em provas de habilidade em desenho tcnico e a mo livre. Procedeu-se, ento, uma votao para que o Departamento repudiasse a deciso da COPERVES atravs do Centro Tecnolgico, tendo a maioria dos presentes votados a favor. Contudo, em reunies posteriores, houve tentativa de retorno do Exame, a qual no se efetivou.

    J em 1977, houve nova alterao no currculo, com acrscimo de carga horria para 3.915 hs, sendo a principal alterao a incluso de Conforto Ambiental como disciplina obrigatria. Em reunio de Colegiado em 19 de novembro de 1982 foi aprovada a obrigatoriedade da elaborao de Trabalho de Concluso de Curso, de livre escolha do aluno, a ser realizado em equipe; na mesma sesso foram criadas as disciplinas optativas Planejamento Paisagstico e Introduo a Ecologia.

    A partir de 1982, o Departamento de Arquitetura estabeleceu um programa de trabalho com o apoio financeiro e institucional do SESU/MEC, contando com a orientao de professores como Edgar Graeff, e dos arquitetos Joo Filgueiras Lima, Fernando Rabelo, Marcio Villas Boas, entre outros, a fim de discutir o currculo vigente em arquitetura. As questes foram debatidas por grupos de professores vinculados s disciplinas do Curso, bem como foi realizado um seminrio, em julho de 1984, do qual participaram professores de vrias escolas do pas. Em reunio departamental de 21 de maro de 1990 definiu-se que a partir do 1 semestre de 1990, o TCC deveria ser tratado como aula efetiva e que a elaborao dos trabalhos dever ser feita em dois semestres, com equipes limitadas a trs participantes, sendo os trabalhos expostos pelos alunos. Tais normas deveriam ser encaminhadas ao Colegiado do Curso como sugestes para serem apreciadas.

    Em 1 de outubro de 1991 foi apresentada aos professores a grade curricular do Currculo Novo do Curso e as disciplinas a serem ofertadas no 2 semestre de 1991. Em reunio de 5 de maio de 1992 foi aprovada a mudana de nome do Departamento de Arquitetura para Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU).

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    A primeira mudana significativa no currculo do curso ocorreu em 1992, quando tramitavam no Ministrio da Educao (MEC) as diretrizes curriculares para o curso de Arquitetura e Urbanismo (Portaria No. 1.770 - MEC, de 21/12/1994). Nesta oportunidade incorporou-se o sistema de blocos, e contedos novos e mais detalhados, contando com 4.680 hs. No aspecto do ambiente urbano, foi alterada a grade e o contedo das disciplinas de Planejamento Arquitetnico, que passaram a denominar-se Projeto I a IX, com total de 1.020 hs, contra as anteriores 810 hs, sendo includos contedos mais detalhados referentes ao parcelamento e desenho urbano. A nova matriz curricular reflete um significativo incremento nas preocupaes urbansticas, atravs das disciplinas de Teoria e Anlise Regional e Urbana I e II, Paisagismo e Ecologia urbana.

    Deste modo, houve um paulatino aprofundamento no estudo das questes urbanas, que se consolidou na ltima reformulao curricular. Porm, nos TCCs que se pode visualizar com mais clareza o crescente interesse pelo urbano, bem como a mudana de paradigmas de pesquisa e projeto.

    A estrutura curricular em vigor a partir de 1996 baseia-se nas Diretrizes Curriculares dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo definidas no fim do ano de 1994 pelo Ministrio da Educao na forma da Portaria n 1.770 (dez/94), que fixou as determinaes aplicveis obrigatoriamente a partir de 1996. Esta adaptao curricular veio consolidar as modificaes que j vinham em andamento desde 1991. Alm de elencar reas de conhecimento ligadas formao do arquiteto e urbanista - teoria e histria, tecnologia e projeto - anteriormente contempladas, as diretrizes curriculares incluem recomendaes e exigncias adicionais e fixam a carga horria mnima de 3.600 horas, com o objetivo de estabelecer os chamados padres mnimos de qualidade. Tais padres de qualidade dizem respeito qualificao do corpo docente, acervo bibliogrfico e infra-estrutura fsica e laboratorial.

    No que diz respeito ao contedo, as diretrizes curriculares fixam os dois ncleos de conhecimento que agregam contedos curriculares pertinentes ao curso: Ncleo de Conhecimentos de Fundamentao, Ncleos de Conhecimentos Profissionais, mais um Trabalho de Curso, assim constitudas, e para os quais recomendada a interpenetrabilidade:

    Ncleo de Conhecimentos de Fundamentao: Esttica e Histria das Artes; Estudos Scio Econmicos, Estudos Ambientais; Desenho e Meios de Representao e Expresso.

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    Ncleo de Conhecimentos Profissionais: Teoria e Histria da Arquitetura, do Urbanismo e do Paisagismo; Projeto de Arquitetura, de Urbanismo e de Paisagismo; Planejamento Urbano e Regional; Tecnologia da Construo; Sistemas Estruturais; Conforto Ambiental; Tcnicas Retrospectivas; Informtica Aplicada Arquitetura e Urbanismo e Topografia.

    Trabalho de Curso: diz respeito a um trabalho individual, de livre escolha do aluno, relacionado com as atribuies profissionais, a ser realizado ao final do curso e aps a integralizao das atividades curriculares. Este Trabalho ser desenvolvido com o apoio de professor orientador escolhido pelo estudante entre os professores arquitetos e urbanistas do curso e submetido a uma banca de avaliao, com participao externa instituio qual o estudante e o orientador pertenam.

    Em 3 de fevereiro de 2006 foi publicada no Dirio Oficial da Unio, a Resoluo n. 6, da

    Cmara de Educao Superior do Ministrio da Educao, instituindo as diretrizes curriculares nacionais do Curso de Graduao em Arquitetura e Urbanismo, ratificando o que fora proposto nas diretrizes de 1994. O Curso deve promover a aquisio de habilidades e competncias, que, via de regra, exigem uma formao multidisciplinar para o profissional arquiteto, urbanista e paisagista, bastante pertinente realidade da regio Amaznica, crescentemente urbana, porm com cidades jovens.

    1.3 SOBRE AS SEDES Quanto s instalaes, a primeira sede do Curso foi o Chal de ferro que pertencera ao

    Senador lvaro Adolpho, situado ento na Avenida Almirante Barroso n 152 (Figura 1), permanecendo o curso na edificao at 1970. Sabe-se que a Resoluo n 9 de 24 de maro de 1964 abre crdito de trs milhes e cem mil cruzeiros para a adaptao no prdio sede do Curso de Arquitetura, o ento Chal de Ferro. Houve outro fornecimento de recursos em abril de 1965 (Resoluo n 3 de 27 de abril de 1965), destinado as despesas de construo das salas de aula e acrscimos das atuais instalaes do Curso de Arquitetura. Os recursos foram utilizados, provavelmente, para a construo de uma edificao em madeira nos fundos do terreno, que abrigava as salas de aula de desenho, conforme relatos de professores da poca.

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    2. Chal Av. Jos BonifcioFoto: Haroldo Baleixe, 2010

    1. Sede do Curso de Arquitetura na Av. Almirante Barroso Foto: Ronaldo Marques de Carvalho, 197?

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    A seguir foi ao Campus do Guam, distribudo entre a Prefeitura do Campus e o Pavilho A do Bsico, passando a ocupar o Chal sito a Avenida Jos Bonifcio 964, tendo sido feito novo investimento em 1973, para a construo do pavilho-atelier voltado ao ensino de Desenho e Plstica (Figura 2). O Curso retorna ao Campus no incio de 1979, com a administrao no Laboratrio de Mecnica dos Solos e as aulas nos pavilhes do Campus Profissional.

    Em depoimento concedido em 14 de novembro de 2003 a Cybelle Miranda e Ronaldo Marques de Carvalho, cujo objetivo fora tratar da histria da preservao do patrimnio arquitetnico no Par, Paul Albuquerque4 narra que nunca levou alunos para visitas a edificaes histricas, j que ensinava a Disciplina Projeto. E acrescenta:

    Paul Albuquerque: Alis, o projeto do prdio de Arquitetura foi feito por mim e pelo Daniel Campbell, j falecido. O Daniel morreu tragicamente. Ronaldo Marques de Carvalho- Aquele prdio l foste tu que fizeste com a ajuda dele?P. A.- Eu que fiz porque chegou, chegou uma ameaa pra ns l de Arquitetura se ns no apresentssemos um projeto em...R. M. C. - Dois dias (risos)P. A.- Mais ou menos, mais ou menos uma semana, que ia vir um projeto imposto.R. M. C Eu me lembro mais ou menos dessa novela.P. A.- O Daniel e eu sentamos l no, na casa dele e fizemos o projeto... o projeto foi modificado apenas uma coisa, ele seria todo sobre pilotis... R.M.C.- Sei, em baixo era tudo livre...

    4 Antonio Paul de Albuquerque (1921-2008) era arquiteto e exerceu a docncia no Curso de Arquitetura da UFPA entre 1964 e 1991.

    3. Estudos para o prdio do Departamento de Arquitetura - elevaesFonte: Acervo Escritrio Modelo, 1978

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    5. Prdio atual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo.Foto: Fortunato Neto, 2010

    4. Estudos para o prdio do Departamento de Arquitetura - planta trreo Fonte: Acervo Escritrio Modelo, 1978

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    P.A.- , embaixo era tudo livre, ia ser um espao pra passar a chuva, pra fazer exposies... e suprimiram isso dizendo que era ... suprfluo. Melhor o que ns fizemos do que nada, n?

    No acervo do Escritrio Modelo de Arquitetura, encontra-se cpia de um manuscrito, de 9 folhas, que apresenta na capa Estudo para prdio destinado ao Departamento de Arquitetura Centro Tecnolgico Universidade Federal do Par (Figuras 3-4). A pgina 1 contm o Memorial, assinado por Antonio Paul de Albuquerque e Daniel Campbell Penna5, com data de 10 de novembro de 1978, reproduzido a seguir:

    A concepo do projeto obedece premissa bsica de que um prdio destinado ao ensino da arquitetura no pode ser apenas um outro prdio. A edificao dever sobressair do conjunto dos prdios do campus universitrio na medida em que se constitue um exemplo digno e dignificante da arquitetura brasileira.A localizao do prdio, beira do Rio Guam, um dos fatores determinantes para que tenha sido projetado sobre pilotis, para que no impea a vista panormica por sobre o rio, sendo os outros fatores o elevado ndice de pluviosidade e a intensa insolao, que exigem um abrigo para os alunos nos intervalos de aulas outro que no os corredores de circulao como comum.O espao coberto resultante da elevao do prdio em pilotis, alm da funo de abrigar nos intervalos de aulas e outros perodos de lazer, aproveitado em parte por uma cantina,

    5 Jos Daniel Portugal Campbell Penna (1951-2002) formou-se no Curso de Arquitetura da UFPA em 1977, ingressando como professor no Curso de Arquitetura em 1979, atividade que exerceu at seu falecimento, no ano de 2002. Lecionou disciplinas de Fotografia e Desenho industrial.

    6 e 7. Vistas do hall do prdio em diferentes pontos de vista. Fotos: Bianca Barbosa, 2015

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    mas/e principalmente para a localizao de exposies temporrias e permanente de todas as manifestaes da arte, regionais, estaduais ou estrangeiras, um espelho dgua e um jardim tropical.No 1 piso localizam-se o auditrio, o museu de arquitetura brasileira, a sala de reunies dos docentes, a sala de projees, a sala de estudo dos discentes, os diversos laboratrios especializados, a sala dos e coordenador de colegiado de curso, alm do protocolo e apoios administrativos.No 2 piso, o mais isolado, esto os laboratrios de projetos (ateliers), e um amplo salo destinado aos julgamentos e exposies de trabalhos discentes. O telhado que cobre o vasio de domos acrlicos transparentes que permitem ampla iluminao para o interior do prdio, colocados de maneira a permitir a circulao do ar de baixo para cima por dentro do vasio.

    No 1 semestre de 1981 o Departamento de Arquitetura e a Coordenao do Colegiado do Curso transferiram-se para o prdio cujo projeto executivo foi concebido pelo arquiteto Armando Diogo Couceiro Filho, onde permanece at os dias de hoje (Figuras 5-9).

    O Chal de ferro, 1 sede do Curso de Arquitetura, foi doado ao Departamento de Arquitetura pelo professor Euler Santos Arruda em 22 de maro de 1983, tendo como meta a criao de um museu, um salo de exposies de Arquitetura e atividades de pesquisa. O professor Euler Santos Arruda, arquiteto e muselogo, estudou Arquitetura entre os anos de 1970 e 1974, tendo participado das atividades de extenso do Projeto Rondon e Projeto Mau, que ocorriam fora do Estado, tendo visitado Braslia e cidades de Minas Gerais por conta destas atividades. Ingressou como professor em 1977, a convite de Paul Albuquerque, com a tarefa de ensinar a disciplina Arquitetura Brasileira. Sempre atuante na rea do Patrimnio, o professor assim relata o processo referente a doao do Chal de Ferro UFPA:

    No dia da inaugurao da Sede da AABB, o presidente do Monte Lbano me ofereceu a troca de um projeto pelo Chal de Ferro, eu aceitei. Procurei o Reitor, Daniel Coelho de Sousa, na minha inteno de cumprir a troca e gostaria de doar para o curso de arquitetura para que l funcionasse o museu de arquitetura ou atividades correlatas ao curso, e foi o que ocorreu. No momento est funcionando o NUMA, com a promessa de que to logo esteja construda a nova sede deste, o chal retorne para o seu objetivo, onde poder funcionar a ps-graduao da faculdade de arquitetura e um espao que possam ser colocadas um museu com peas e um museu virtual.6

    6 Entrevista concedida por Euler Santos Arruda a Tain Arruda em 10 de fevereiro de 2009. O Chal de ferro remontado no Campus da UFPA foi cedido ao NUMA em 4 de dezembro de 1991.

    8. Vista dos dois pavimentos do prdio atual.Foto: Bianca Barbosa, 2015

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    Por esta atitude, o professor Euler foi agraciado com a Palma Universitria em 27 de dezembro de 1991. Outras contribuies do professor Euler para o curso foram o chafariz que foi implantado na rea externa da Faculdade, ele que pertencera a edificao onde funcionou a primeira Escolinha da Universidade, sito a Avenida Nazar, bem como a doao de muitas peas como pinha, pedras de liz, grades, colunas de ferro e azulejos, obtidas ao proprietrio de uma empresa de demolio (Motoki).

    O Chal de ferro representativo da arquitetura residencial em ferro, bem como favorece a memria da UFPA por ter sido a primeira sede do Curso de Arquitetura. Primeiramente, o prdio foi desmontado pelo Escritrio Tcnico Administrativo (ETA) com apoio de professores e tcnicos do Centro Tecnolgico, destacando-se pelo Departamento de Arquitetura o arquiteto Eduardo Tashio Maruoka, bem como a equipe da pesquisa Arquitetura Paraense do sculo XIX7, a qual foi responsvel pela pesquisa, coleta de dados e execuo de plantas do prdio, como contribuies a remontagem. Os trabalhos contaram com a consultoria do pesquisador e arquiteto Geraldo Gomes da Silva, tendo suas peas sido transplantadas para o Laboratrio de Hidrulica da UFPA em 1984.

    Segundo o professor Geraldo, todos os chals de ferro existentes no Brasil pertencem ao Sistema construtivo belga Danly da D Aiseau, uma vez que informaes referentes ao sistema patenteado por Joseph Danly foram pesquisadas na Blgica e tambm em Paris. O mtodo foi considerado inovador em questes de isolamento trmico e quanto ao aspecto esttico.

    A responsabilidade tcnica pelos trabalhos de desmontagem, restaurao e remontagem couberam a Arquitetura Maria Beatriz Maneschy Faria. A desmontagem foi precedida de levantamento mtrico e fotogrfico do edifcio, essencial para viabilizar sua remontagem. As trs mil peas que compem o chal foram identificadas e codificadas, etiquetadas e separadas, sendo armazenadas no Laboratrio de Hidrulica, em 1984 (O CHAL DE FERRO, 1992).

    Em Reunio Departamental de 30 de janeiro de 1985 informou-se que o Projeto desenvolvido pelo Escritrio Tcnico-Administrativo (ETA) para recuperao do Chal de Ferro foi encaminhado a SUDAM8. A remontagem foi retardada pela falta de recursos, sendo financiada em 1985 pela Fundao Nacional Pr-memria a base de concreto armado sobre a qual se implanta o chal. Em 4 de novembro de 1987, o Departamento aprovou a cesso do Arquiteto Eduardo Maruoka para a Prefeitura do Campus, a fim de auxiliar na montagem do Chal de Ferro. Em 7 A equipe da pesquisa Arquitetura Paraense do sculo XIX coordenada pela professora Jussara Derenji, era composta por Ana Cristina Kaliff de Oliveira, Cristina Pina Pena, Jos Julio Lima, Cynthia Fernandes, Ana Maria Oliveira Cardoso. Cf. EXPOSIO DE MOTIVOS Montagem do Chal de Ferro no Campus Universitrio. (texto datilografado)8 Superintendncia para o Desenvolvimento da Amaznia.

    9. Planta prdio atual 1 pav. com alteraes propostas em 2003Fonte: Acervo Escritrio Modelo

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    29 de janeiro de 1988 foi aprovada a proposta de criao do Museu de Arquitetura, Engenharia e Desenho (MAED), que funcionaria inicialmente em salas do Atelier de Arquitetura, para posteriormente se instalar no Chal de Ferro a ser montado. A notcia SPHAN e Fundao Pr-Memria doam 2 milhes para a montagem do chal de ferro relata que os professores Ronaldo Marques de Carvalho, Euler Arruda e Jorge Derenji conseguiram a verba no dia 18 de maro, junto Fundao Pr-memria. Est sendo aguardada a liberao dos recursos para dar incio a montagem do chal no campus onde funcionar o Museu de Arquitetura, Engenharia e Desenho. ( JORNAL DO TECNOLGICO. n 7, abril 1988. p. 12)

    Em 1988 com recursos da Companhia Vale do Rio Doce foram executados servios de limpeza e pintura de peas, recuperao de peas danificadas e confeco de elementos para substituio. Em 1991, com recursos do Ministrio da Educao para implantao do Ncleo de Meio Ambiente da UFPA, pode ser finalizada a remontagem do edifcio. Em 4 de dezembro de 1991 o Chal de ferro foi cedido ao NUMA sob as condies expostas pelo Curso de Arquitetura (CA). Cedido ao NUMA desde ento, j em 23 de abril de 1991 a Chefe do Departamento Carmen Cal encaminha ao Reitor o Ofcio 029/91 que trata das restries colocadas pelo Colegiado quanto ao uso do prdio:

    Considerando a necessidade de preserv-lo de descaracterizaes solicitamos tambm que quaisquer alteraes, adaptaes, construo de anexos, passarelas de integrao, etc sejam inicialmente discutidas com este Departamento que possui vrios professores arquitetos especialistas em preservao do patrimnio histrico e que estariam a inteira disposio para prestar a assessoria necessria. (p. 1-2)

    O documento foi apreciado pelo Conselho de Administrao, sendo acatado pela Resoluo n 774 de 11 de novembro de 1991.

    Em reunio de 8 de maro de 2007, tratou-se do Processo n 003484/2007-86, de 14 de fevereiro de 2007, referente ao Chal de Ferro, relatando que o documento retornou ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo (DAU) com despacho do Magnfico Reitor, afirmando que aceita discutir o destino do Chal, para estudar seu retorno ao Curso de Arquitetura, quando o DAU, futura Faculdade, organizar seu Programa de Mestrado e aprov-lo na CAPES. Acrescenta ainda que o novo prdio que est sendo construdo ser de utilidade para os trabalhos acadmicos da ps-graduao do Centro Tecnolgico. Em virtude da aprovao do Mestrado em 2010, a reivindicao foi atendida e o prdio, j desocupado, aguarda reformas para atender novo uso.

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    2. DOS MOSAICOS S CURVAS: a esttica modernista na arquitetura residencial de Belm1

    2.1 ORIGENS DO MODERNISMO EM BELM

    Em Belm, com a criao do curso de Arquitetura da Universidade Federal do Par em 1964, a produo arquitetnica passou a aprofundar os esforos dos primeiros projetistas, engenheiros civis e mestres de obras, que buscavam inspirao nas formas e materiais construtivos importados dos Estados Unidos e da Europa, bem como nos exemplos dos arquitetos atuantes no Sudeste do Brasil, para introduzir o Modernismo em nossa Arquitetura. Os primeiros arquitetos formados no Par eram engenheiros civis que ocupavam funes pblicas de destaque, ao mesmo tempo em que se dedicavam s atividades liberais, nos melhores escritrios de projeto e construo da cidade. Havia na poca a preocupao em trazer para Belm as novidades da arquitetura moderna que se divulgava no Sudeste do Brasil, principalmente nas cidades do Rio e So Paulo, onde os exemplares pioneiros da arquitetura moderna serviam de vitrine: obras de arquitetos como Flvio de Carvalho, Lucio Costa, Oscar Niemeyer e Affonso Reidy.

    A maior parte da produo edificada at os anos 50 em Belm era composta por projetos firmados pelos projetistas e mestres de obra, sendo estes ltimos frequentemente os nicos responsveis pelas construes de menor porte. At esse momento, no existia a figura dos arquitetos como profissionais ativos na cidade. A concepo vigente era que na arquitetura o importante era o processo de construo e o objeto construdo, e no o projeto. Assim, o trabalho do engenheiro ou do construtor resumia-se em produzir a obra acabada (mentalidade que perduraria at meados da dcada de setenta), anulando a funo do arquiteto como elaborador do projeto, j que esse estava incluso no momento de contratar a construo da obra.

    Tal mentalidade acerca do trabalho do arquiteto s se reformularia depois da fundao da Escola de arquitetura e da atuao dos primeiros profissionais formados, que haviam adquirido 1 Trabalho publicado originalmente nos Anais do II Seminrio DOCOMOMO NO/NE, Salvador, junho/2008 e reproduzido em Arquitextos, Disponvel em: [http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp523.asp], apresentado com algumas adaptaes.

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    10. Projetos de Camilo Porto de Oliveira na dcada de 50.Fonte: Acervo Filomena Oliveira doado ao LAMEMO.

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    a conscincia de que a concepo do projeto ia alm da execuo da obra, sendo imprescindvel a compreenso por parte do cliente, das vantagens inerentes planificao arquitetnica, como a racionalidade, a economia e a qualidade.

    O modelo modernista era, para ns, uma fachada, um smbolo de status, de pertencermos ao mesmo pas em desenvolvimento, apesar das marcantes diferenas. Segundo Chaves (2004), havia na cidade muitos sales de Belas Artes e exposio de artes plsticas no perodo, organizadas pelas representaes consulares que possibilitariam ao pblico conhecer a produo pictrica de artistas jovens contemporneos. Durante os primeiros anos da dcada de 60, a tendncia abstrata agregou artistas, como o pintor e engenheiro Ruy Meira, ao mesmo tempo em que o engenheiro Camilo Porto de Oliveira2 inicia suas produes enquadradas na arquitetura moderna brasileira (Figura 10).

    Ruy Meira3 incorporou em sua arquitetura os murais de azulejos. Alm disso, outro engenheiro, sobrinho de Ruy, Alcyr Meira, j tinha manifestado essa experincia na fachada do Clube do Remo, cuja atual sede fora projetada por Camilo Porto em 1958 (Figura 11). Segundo Chaves (2004, p. 184, traduo nossa) Alcyr Meira montou o mural em pedras de cantaria sob ladrilhos na fachada deste edifcio, constituindo qui a primeira manifestao das artes plsticas e da arquitetura na cidade. Esta integrao artstica viria a repercutir nas arquiteturas populares do perodo

    [...] que adicionam elementos modernos nas construes, manifestando seu desejo de integrao e atualizao nas novas formas de expresso arquitetnica que a cidade apresentava. (CHAVES, 2004, p. 184, traduo nossa)

    A dinamizao do processo construtivo na cidade devido ligao inter-regional e ao crescimento populacional de Belm, (que nos anos 70 j constava na lista das reas metropolitanas brasileiras) tornaram possvel a utilizao dos modelos de padronizao e 2 Camilo S e Souza Porto de Oliveira (1923- 2006) formou-se em Engenharia em 1946 e em Arquitetura em 1966, participando do Curso de Adaptao para Engenheiros. As obras de Camilo, inicialmente ao gosto ecltico e colonial, ganharam solues modernas inspiradas na arquitetura de Oscar Niemeyer, com volumetrias ousadas e fluidas, telhado mariposa, colunas inclinadas e painis de vidro. 3 Ruy Augusto de Bastos Meira (1921 1995), teve seu primeiro contato com o meio artstico em 1942, quando ingressou na Escola de Engenharia do Par, embora seu desejo sempre fosse o de ser arquiteto. Em suas construes, ressaltava painis de mosaicos abstracionistas, tendncia que mais tarde passou a ser explorada na pintura e em esculturas de cermica. Foi um dos responsveis pela criao do Grupo do Utinga e do Clube das Artes Plsticas (CAPA), alm de ganhar vrias premiaes em Sales e Bienais de Arte.

    11. Mural localizado na fachada do Clube do Remo, Avenida Nazar, BelmFoto: Laura Costa, 2013

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    racionalizao modernistas na construo de prdios institucionais, comerciais e residenciais, nos quais os arquitetos inseriam alguns detalhes construtivos que se adequassem s nossas caractersticas ambientais.

    A preocupao em adequar a arquitetura ao lugar tambm esteve presente no pensamento dos arquitetos que vieram do Rio Grande do Sul para integrar o corpo docente do Curso de Arquitetura do Par, em funo do contraste climtico proporcionado pela Regio Norte. Esta adaptao ao ambiente natural, presente nas residncias que construram, aponta a concepo que tinham em relao arquitetura: adaptar o edifcio natureza, mais do que ao homem.

    Na concepo do Arquiteto Paulo Chaves Fernandes4, formando pela Escola de Arquitetura no incio dos anos 70, sua formao mais tecnolgica voltada para o projeto de arquitetura foi fortemente influenciada pela Bauhaus, Escola de Arquitetura e de Desenho Industrial alem do incio do sculo XX, de concepo pragmtica e funcionalista.

    [...] mas a funo tinha um papel muito importante, a forma deveria ser aquilo que se dizia naquela altura e a gente aprendia como verdadeira, quer dizer, a ...estrutura devia estar sempre bem identificada, os materiais deveriam ter o mximo possvel a sua pureza, o tijolo o tijolo, o concreto o concreto, o ferro o ferro, e que essas coisas estivessem sempre muito explcitas na obra [...]5

    Enquadra sua formao de arquiteto de prancheta com as tendncias racionalistas de projetar, desvinculadas de preocupaes estticas ou histricas.

    Barcessat, em trabalho sobre a Arquitetura de Belm de 40 a 80 do sculo XX, formula uma analogia lingstica entre a formao de uma palavra e a formao de nossa arquitetura moderna (com suas particularidades), sujeita alterao de sentido pela influncia dos estilos precedentes(1993.p. 57-58).

    Os estilos precedentes que interferiram na arquitetura belemense - o Art Nouveau, o Raio que o parta, o Art Dco - seriam os prefixos da Arquitetura Moderna local, tendo esta como radical os princpios modernistas assimilados ao contexto de Belm, sendo as terminaes definidas pela vivncia pessoal de seu produtor, que define a especificidade de sua obra. Assim, 4 Paulo Chaves Fernandes Arquiteto, professor da Universidade Federal do Par, cedido para ocupar a Coordenao do Instituto Brasileiro do Patrimnio Cultural - IBPC no Par (1993-1994) e posteriormente passou a ocupar o cargo de Secretrio de Cultura do Estado (1995-2006; 2011 em diante).5 Entrevista concedida Cybelle Miranda pelo arquiteto Paulo Chaves Fernandes em 5 de maro de 2004.

    12. O Paris n Amrica, bairro CampinaFoto: Cybelle Miranda, 1998

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    a Arquitetura do sculo XX at os anos 80 fez-se pela fuso de suas origens, dos princpios modernistas externos e do prprio contexto especfico de Belm e de seus projetistas.

    Os estilos da Arquitetura belemense seguiam, nas primeiras dcadas do sculo XX, as tendncias evidenciadas nas demais metrpoles brasileiras - estas agitadas pela industrializao tardia - como o Art Nouveau e o Art Dec, que foram empregados nos primeiros edifcios residenciais e comerciais verticalizados e nas vilas operrias.

    O Art Nouveau serviu s composies mais requintadas, prestando-se s mais criativas combinaes de motivos e curvas, utilizados em balces e portes em ferro e ornatos em massa. Nosso melhor exemplo a Loja Paris NAmrica, com suas escadarias curvas em ferro desenhado que se harmoniza com a fachada ecltica (Figura 12). O Art Dec surgiu como modelo fugaz, incorporado pelas burguesias, que se presta aos edifcios funcionais dos anos

    13. O chal de ferro da UFPAFoto: Fortunato Ernesto Neto, 2010

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    40 e 50, como o prdio dos Correios e Telgrafos, na Avenida Presidente Vargas. Foi o estilo que melhor se adaptou s construes espontneas, pela geometria dos motivos e facilidade construtiva. Nota-se que o Art Dec representou uma evoluo das formas no sentido da racionalidade modernista, e prestou-se com sucesso s construes padronizadas como as vilas.

    Quanto s tipologias residenciais, o chal, modelo literalmente importado (eram escolhidos inicialmente em catlogos de firmas estrangeiras), reformulou o modo de morar da populao, que vivia at ento em casas de planta colonial de origem portuguesa (Figura 13). O partido arquitetnico do chal veio introduzir uma srie de compartimentos na residncia como a sala de msica, de jantar, de jogos, alm de separar os dormitrios no piso superior. A liberao dos limites do lote, volumetria arrojada e adaptabilidade climtica contriburam s tendncias modernas futuras. Ao conotar o status de modernidade, foi amplamente difundido nas edificaes das nossas elites e classes mdias, ansiosas por atingir os novos padres das metrpoles europeias.

    Posteriormente, nos anos 20, o chal foi adaptado e surgiu o bangal que, j projetado por construtores locais, tinha dimenses mais reduzidas, mas permanecia isolado no lote, com varandas no trreo e/ou no pavimento superior. Esse modelo serviu de base s construes modernas de Belm, sendo aproveitado at hoje com algumas variaes. A partir da dcada de 70, foram bastante utilizadas, em especial nos setores da cidade que contavam com amplos terrenos, as construes trreas com grandes platibandas e garagem coberta, copiadas das revistas americanas e italianas da poca.

    As tipologias tradicionais de moradia foram se modificando, os quartos passaram a ter a exigncia de banheiros internos, requisitos bsicos privacidade moderna, modelo advindo dos norte-americanos. O modelo da casa trrea com jardim frontal foi bastante aplicado no Bairro do Marco, onde os terrenos eram mais largos e a classe-mdia formada por empresrios e profissionais liberais o adotou como smbolo de ascenso social.

    2.2 O MODERNISMO DOS ENGENHEIROS

    O crescimento da cidade requisitou cada vez mais o trabalho dos projetistas; como eram poucos os arquitetos, formados fora do Estado at 1966, a demanda era suprida por engenheiros civis, mestres de obras e desenhistas.

    14. Edifcio Uirapur - Judah Levy, situado em Batista CamposFoto: Ronaldo Marques de Carvalho, 1998

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    Nos anos 30 a 50, a Arquitetura de Belm convivia com o Ecletismo Historicista tardio, Neocolonial, bem como as primeiras tentativas de Arquitetura racionalizada. Aos engenheiros como Camillo Porto de Oliveira e Judah Levy deve-se a introduo das novas tecnologias construtivas: uso do concreto armado, panos de vidro, telhas de cimento-amianto, tijolos vazados, escadas e rampas (Figuras 14 e 15). A formao dos primeiros arquitetos paraenses seguiu a linha mais prtica que terica, sendo a primeira turma destinada adaptao profissional dos engenheiros projetistas, concluda em 1966. A influncia trazida pelos arquitetos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que vieram compor o Corpo Docente do Curso de Arquitetura era a do modernismo carioca, bem como de Frank Lloyd Wright e de Richard Neutra.

    Na tentativa de firmar uma identidade regional, os engenheiros dos anos 30 a 50 tiravam modelos de Revistas como Sugestes de Arquitetura e dos Suplementos de Arquitetura do Jornal do Brasil e da Folha de So Paulo, adaptando-os ao gosto da clientela local, s condies climticas e aos materiais disponveis.

    O engenheiro Judah Levy foi pioneiro na construo de edifcios com mais de 10 andares. Durante estada no Rio de Janeiro entre 1942 e 1945 pode conhecer as obras dos Arquitetos modernos, trazendo de l experincia em construo de arranha-cus, criando sua empresa de incorporao imobiliria. Os edifcios Piedade (1947) e Renascena (1948), projetados por Levy, possuam 10 andares com elevador, quarto de casal com lavabo, indito na poca. J na dcada de 70, Belm expandiu-se metropolitanamente, mas a Arquitetura Moderna, essencialmente voltada s classes que tinham o poder de escolha, destacou-se na Primeira Lgua Patrimonial6. Percebe-se que, embora se encontrem influncias modernistas muito fortes nas obras de alguns engenheiros-arquitetos como Camillo Porto de Oliveira, Milton Monte, Alcyr Meira, a maioria procurou adaptar aos padres locais as novidades modernas. A tipologia do bangal foi largamente utilizada, algumas vezes com platibanda encobrindo o telhado (o que no era novidade, existia desde a arquitetura do sculo XIX), jardins utilizando plantas regionais, azulejos, vidros. As esquadrias eram em sua maioria em madeira, por causa dos costumes locais, da adaptao climtica e das dificuldades de importao de esquadrias metlicas produzidas em srie no Sudeste do pas.6 Primeira Lgua Patrimonial refere-se ocupao de Belm desde o Forte do Prespio at o limite do Bairro do Marco, onde existe um marco de pedra situado na Avenida Almirante Barroso, s proximidades do Bosque Rodrigues Alves.

    15. Edifcio Dom CarlosCamillo Porto, bairro do RedutoFoto: Cybelle Miranda, 1998

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    As formas mais ousadas podem ser vistas nos clubes desportivos, escolas e edifcios, alm de algumas residncias de alto padro. Os que podiam construir em amplos terrenos optavam pela casa isolada no lote, em oposio aos apartamentos que eram considerados por alguns como favelas em altura. Entre 1950 e 1970, os edifcios dividiam-se em comerciais e mistos construdos no bairro do Comrcio, tais como os edifcios Palcio do Rdio e Importadora, com trreo e 1 pavimento comercial e apartamentos residenciais ou de servios. Nos bairros de Nazar e Batista Campos foram construdos edifcios com amplos apartamentos cujos interiores lembram casas, os quais, apesar de utilizarem tecnologias modernas, apresentam a decorao das entradas e reas comuns em Art Nouveau ou Dco (DERENJI, 1995).

    Na dcada de 80, porm, a construo residencial expandiu-se, com a implantao de edifcios em vrios bairros e a dinamizao de novas reas comerciais. A busca de arquitetos locais por conceber a Arquitetura adaptada realidade climtica e scio-cultural da populao de Belm propiciou edifcios com sacadas, revestimento em lajotas cermicas, e a substituio da telha de fibrocimento por telha de barro em grande escala.

    16. Vila Operria no RedutoFoto: Cybelle Miranda, 1999

    17. Vila de Casas Azulejadas na Cidade VelhaFoto: Cybelle Miranda, 2005

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    2.3 O MODERNISMO FACHADISTA NOS ANOS 50 E 60

    No Bairro do Reduto, caracterizado pela funo industrial no incio do sculo XX, foi comum a construo de Vilas Operrias em estilo Dec, nas dcadas de 60 a 70. As casas rs-ao-cho empregavam elementos simplificados, sendo construdas por comerciantes que delas auferiam rendas de aluguel. Com paredes geminadas, seguindo o padro porta e janela, ou porta e duas janelas do colonial brasileiro, ocupavam o terreno at o alinhamento (Figura 16).

    Durante o sculo XIX, o gosto Neoclssico se expressou na Arquitetura de Belm atravs do revestimento das fachadas em azulejos portugueses, ingleses e holandeses. Foram construdas vilas de casas com platibandas encobrindo os telhados e paredes adornadas com padres cermicos decorativos (Figura 17). O emprego dos azulejos foi rejeitado nas primeiras dcadas do sculo XX, sendo considerado ultrapassado, e as reformas modernizantes os aboliram, como podemos observar em exemplares do bairro mais antigo de Belm, a Cidade

    18. Telhado mariposa, bairro MarcoFoto: Cybelle Miranda, 2008

    19. Casa Raio que o parta, GuamFoto: Cybelle Miranda, 1999

    20. Casa Neoclssica adaptadaao Raio que o parta (demolida), UmarizalFoto: Cybelle Miranda, 2008

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    Velha (MIRANDA, 2006). O padro escolhido entre as dcadas de 50 e 60 foi o Dec, com linhas retas e decorao discreta.

    A assimilao do modernismo em Belm manifestou-se atravs de elementos decorativos como: mosaicos em forma de raios coloridos preenchendo as empenas; molduras de janelas com laterais inclinadas; pestanas protegendo portas e janelas; telhado inclinado para dentro do terreno, com parte do telhado aparente, compondo um pequeno beiral em ngulo obtuso com a parede da fachada (telhado mariposa); painis em cobogs cimentados rsticos ou esmaltados em cores fortes; colunas finas arranjadas em V como apoio de marquises e coberturas (Figura 18).

    O uso do telhado em cimento-amianto s ocorreu em Belm a partir da dcada de 60, porm a maioria das construes residenciais at o final dessa dcada empregava predominantemente as telhas de barro. Com o intuito de no jogar as guas do telhado para a rua, foi empregada uma forma de cobertura com a calha no sentido transversal, em outro posicionamento, no mais atrs das platibandas, visto que a largura dos terrenos impedia a soluo com calhas nas laterais. Como a maioria dos lotes do centro da cidade estreita (em mdia 6 metros), no havia outra alternativa de cobertura que a de duas guas no sentido longitudinal, surgindo uma nova verso do telhado mariposa, invisvel externamente, e que resultava na empena exageradamente alta em funo da inclinao necessria telha de barro.

    Da decorao dessa empena surgiu a linguagem jocosamente apelidada de Raio que o parta7, que tinha como caracterstica a decorao em mosaicos de azulejos em formas inclinadas, semelhantes a raios (Figura 19). Os desenhos eram elaborados por engenheiros ou desenhistas, aplicando composies de formas geomtricas que lembram as experimentaes estticas de grupos de artistas como os neoconcretistas cariocas. A atuao dos engenheiros construtores passou a ser vista com descrdito pelos arquitetos que atuaram como professores na implantao do Curso de Arquitetura em Belm, classificados como engenheiros que faziam uma espcie de arquitetura que ns l do Sul chamvamos Arquitetura do Raio que o parta, porque eles usavam um smbolo de raios, acho que umas casas ainda tm.8 Essa manifestao era atribuda a um modismo e falta de informao dos engenheiros quanto ao contexto geral da Arquitetura.

    Segundo o engenheiro e arquiteto Camilo Porto de Oliveira, a influncia da arquitetura 7 O termo no possui origem determinada, sendo aplicado por professores da Escola de Arquitetura da UFPA para designar o estilo decorativo com azulejos utilizado para decorar fachadas na dcada de 60.8 Entrevista concedida Cybelle Miranda pelo arquiteto Alberto Emaz dos Santos, em 4 de julho de 2008.

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    modernista carioca, especialmente dos painis de Portinari, fez com que os engenheiros da poca adaptassem nas fachadas belemenses a decorao com cacos de azulejos, substituindo as pastilhas cermicas importadas.9Milton Monte afirma ter projetado sob os moldes do Raio que o parta, bem como outros engenheiros como Camillo Porto e Carlos Moreira o fizeram, utilizando refugo de azulejos que as lojas descartavam.10

    As adaptaes formais tambm ocorriam em casas de estilo Ecltico, cujos proprietrios queriam modernizar substituindo a decorao original das fachadas por uma adaptao muitas vezes grosseira aos elementos estticos associados ao modernismo (Figura 20). Nos bairros centrais de Belm, como o Reduto e o Umarizal, comum encontrar-se vilas de casas construdas com elementos de linguagem modernista, porm sem empregar as tcnicas construtivas e os materiais novos, como as telhas industrializadas de cimento-amianto e a tecnologia de estrutura em concreto independente dos fechamentos (Figura 21).

    Nos anos 60, as vilas construdas no bairro do Umarizal possuem ptios fronteiros e pequenos telhados de barro protegendo portas e janelas. Os novos bangals tambm possuem um ptio no trreo e uma varanda no 1 pavimento, que ocupa toda a fachada. Surgem em seguida pequenos prdios de 3 ou 4 pavimentos, com amplas varandas fronteiras, que tiram partido de paredes inclinadas, molduras revestidas de azulejos, tubos de ferro cilndricos que compem detalhes compositivos com pequenas prateleiras. Painis coloridos com aberturas circulares, guarda-corpos em alvenaria compondo formas geomtricas so acessrios na composio da fachada modernista.

    Os modelos construtivos formadores da concepo moderna na Arquitetura tornam-se tipos ornamentais que viriam a dotar de modernidade as residncias dos anos 50 a 60 em Belm, segundo o gosto de engenheiros, desenhistas e dos proprietrios.

    2.4 TRAOS MODERNISTAS

    A leitura do Modernismo em suas verses regionais precisa do estudo das pequenas assimilaes vernaculares das linguagens formais, como modo de aquisio de prestgio social 9 Entrevista publicada em O LIBERAL, Cidades, Belm. 10 fev. 1994. p. 4.10 Entrevista concedida Cybelle Miranda e Ronaldo Marques de Carvalho pelo arquiteto Milton Jos Pinheiro Monte, em 11 de abril de 2009.

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    e demonstrao de progresso econmico da classe mdia urbana. Se entendidos no como superficialidade ou vulgaridade (kitsch), mas como manifestao autntica de um interesse em assimilar padres exgenos adaptando-os ao gosto local, podemos ver nessas intervenes por vezes desajeitadas um caminho que levar ao regionalismo dos anos 80, em que o telhado de barro entra em cena, no mais como uma ponta de beiral, mas em toda a sua expresso plstica, e as varandas assumem papel fundamental na construo dos bangals e dos edifcios residenciais, revestidos por lajotas cermicas e buscando criar painis coloridos e que repercutam no arrefecimento trmico das paredes (Figura 22).

    Em Complexidade e Contradio em Arquitetura, escrito nos anos 60, Robert Venturi ressalta a impossibilidade de reduzir o fenmeno arquitetnico a um s sistema lgico e esttico. A experincia da paisagem urbana formada caoticamente por superposio de elementos carregados de simbolismo e a comprovao de que os ideais de simplicidade e ordem so diariamente contrariados pelos cidados o levou a pensar a Arquitetura como pluralidade de funes e ambigidade de significados.

    Ressaltando a necessidade do indivduo de manifestar sua personalidade atravs da construo do habitat, Venturi se inspira na Pop Art para valorizar as manifestaes da Arquitetura no acadmica como solues plausveis para as cidades contemporneas. As formas, cores e padres decorativos que permeiam o imaginrio popular, apreendidas atravs do processo de difuso das ideias eruditas, so mesclados e utilizados com o objetivo de significar status social, identidade cultural, modernidade, progresso econmico.

    Entender os desvios modernistas pode ser um caminho para pensar a produo arquitetnica contempornea, destacando a experincia do usurio como fator necessrio concepo projetual, incorporando conceitos e elementos sgnicos pertencentes ao repertrio no-erudito.

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    22. Traos do modernismo no bairro do RedutoFoto: Cybelle Miranda, 2008

    21. Vila Modernista no UmarizalFoto: Cybelle Miranda,2000

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    3. A PRIMEIRA GERAO DO CURSO DE ARQUITETURA

    3.1 DOCUMENTO MONUMENTO?

    O monumento, segundo Le Goff, um suporte de memria coletiva. Hoje os historiadores consideram os documentos como monumentos, coloc-los em srie e trat-los de modo quantitativo; e, para alm disso, inseri-lo nos conjuntos formados por outros monumentos: os vestgios da cultura material, os objetos de coleo (cf. pesos e medidas, moedas), os tipos de habitao, a paisagem, os fsseis (cf. fssil) e, em particular, os restos sseos dos animais e homens (cf. animal, homem) (2003, p. 525). preciso por o documento luz de suas condies de produo e evidenciar em que medida ele instrumento de um poder, pois o que transforma o documento em monumento sua utilizao pelo poder, ou seja, sua eleio como representante de uma poca.

    Em dezembro de 1980, por ocasio do 1 Salo do Arquiteto, o professor Antonio Paul de Albuquerque escreveu um texto sobre o Curso de Arquitetura da UFPA, publicado no Boletim Informativo do CREA de out/nov/dez 1980, a partir de informaes fornecidas pelo professor Hlio Oliveira Verssimo, arquiteto gacho que se transferiu a Belm para integrar o primeiro grupo de professores do Curso de Arquitetura da UFPA.

    Antnio Paul de Albuquerque (25/09/1921-17/04/2008) nasceu no estado do Par, filho do Engenheiro Manoel Lenidas Albuquerque e de Mildred Tierney de Albuquerque, formando-se em Arquitetura nos Estados Unidos, Instituto Politcnico Rensselaer, no ano de 1948. Exerceu, entre 1948 e 1951, suas atividades didticas no Departamento de Arquitetura da Universidade de Kansas, EUA, como professor de Achitectural Design.

    Durante os anos 60, Paul j estava em Belm desenvolvendo projetos e participando de rgos responsveis por questes urbansticas da cidade, tais como a Superintendncia do Desenvolvimento da Amaznia (SUDAM) entre 1967 e 1968, tendo ocupado o cargo de Diretor da Diviso de obras Particulares da Secretaria Municipal de Obras e Urbanismo de Belm entre 1954 e 1977. Exerceu tambm atividades tcnicas na Companhia de Desenvolvimento e Administrao da rea Metropolitana de Belm (CODEM) nos anos

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    de 1981 a 1989 e na Secretaria Geral de Planejamento Municipal a partir de 1994. Paul foi diretor, fundador do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) Delegacia do Par,

    entre 1953 e 1967, sendo tambm fundador da Associao Profissional dos Arquitetos no Estado do Par (APA). Como Arquiteto projetista destaca-se os projetos para o Par Clube, Hotel de Soure (Maraj), o Seminrio Redentorista (Marituba) e a Igreja de Santa Cruz.

    Em 1962, voltou a trabalhar como professor, agora na Universidade Federal do Par, lecionando Ingls no Curso Livre de Lnguas. Entretanto, com a implantao, em 1964, do Curso de Arquitetura na UFPA, Paul passou a dar aulas na sua rea de formao, permanecendo, ento, como professor de Arquitetura na UFPA at 1991, quando se aposentou.

    Durante estes 27 anos no Curso de Arquitetura da UFPA, Antnio Paul de Albuquerque lecionou Expresso e Representao, Planejamento Arquitetnico I, Planejamento Regional e Introduo Arquitetura. Foi tambm um dos primeiros coordenadores do Curso (1968-1970), e exerceu ainda, entre 1976 e 1981 a atividade de Chefe do Departamento de Arquitetura.

    Paul foi aluno do primeiro Curso de Especializao em Arquitetura nos Trpicos do Departamento de Arquitetura da UFPA, desenvolvendo a Monografia Rocinhas e Puxadas, publicada como artigo na Revista do Tecnolgico do 1 semestre de 1989. Desenvolveu, tambm, as pesquisas cientficas intituladas Glossrio de Termos utilizados no Planejamento Urbano (1981-1983), Chals de Icoaraci e Mosqueiro (1986) e Arquitetura Paraense (1986), tendo publicado diversos artigos sobre Arquitetura em jornais paraenses. Em 2003, o Professor Paul foi homenageado durante o Seminrio Landi e o sculo XVIII na Amaznia por ter sido precursor nos estudos sobre Landi, ao publicar o Artigo Arquiteto Antonio Jos Landi na Revista Habitat 12, de setembro de 1953.

    Paul Albuquerque ressalta a importncia do engenheiro e ento professor de Desenho Tcnico da Escola de Engenharia, Camillo S e Souza Porto de Oliveira que preterido na sua pretenso de se registrar no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura da 1 Regio como Arquiteto, dedicou-se a ideia de criar o Curso de Arquitetura no Par. A influncia de Camillo na criao do curso tambm narrada pelo professor Maia da Costa, que refere como motivo central do intento o impedimento aos engenheiros de projetar obras pblicas de grande porte, s quais era solicitado o ttulo de Arquiteto.

    Camillo conheceu o professor da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Fernando Pedersen Lunardi durante o Congresso de Desenho

    23. Professores Fernando Lunardie Hlio Verssimo.Fonte: Acervo Hlio Verssimo.

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    Tcnico e Geometria Descritiva ocorrido em Recife, no ano de 1963, o qual passou a integrar a comisso designada pelo Reitor Silveira Netto destinada a criar o Curso de Arquitetura, junto com Camillo, o engenheiro Agenor Porto Penna de Carvalho e o engenheiro e Arquiteto Feliciano Seixas (Figura 23).

    Sob a superviso de Lunardi, foram contratados os professores: Arquiteto Amlcar Montenegro de Freitas (1 coordenador do Curso), Baldur Krapf, presidente do Departamento de Tcnicas, Bohdan Bujnowski1, presidente do Departamento de Expresso e Representao, Jorge Derenji, do Departamento de Projeto, todos recm-egressos da Faculdade de Arquitetura da UFRGS e que chegaram a Belm em 1964.

    A primeira organizao didtica tinha duas formas: o curso pleno em 10 semestres, com 2 ciclos, o de preparao bsica e o de formao profissional e o curso de adaptao profissional, destinado a engenheiros, com durao de 6 semestres, provendo 2 turmas, com incio em 1964 e 19652. Foram designadas 20 vagas para a graduao e 10 vagas para adaptao profissional de Arquitetura, sendo exigidas para os egressos do Curso Secundrio as provas de: Fsica, Matemtica, Histria Geral e do Brasil, Desenho Artstico, Geomtrico e Projetivo; quanto aos engenheiros deveriam cumprir Prova de Desenho Artstico, elaborar um Programa de Necessidades e desenvolver o mesmo at a fase de anteprojeto (peso 6), Curriculum Vitae (Peso 3), havendo prioridade aos mais novos quanto ao desempate (peso 1). Desde o primeiro concurso at o perodo da Reforma Universitria (1970) o vestibular contava com provas especficas para o Curso de Arquitetura, as quais eram elaboradas pelos professores do Curso, sendo o Desenho a prova inicial para avaliar a predisposio para a profisso. A partir de ento o vestibular passou a ser aplicado por reas de conhecimento, sendo as provas solicitadas aos candidatos de Cincias Exatas, dentre os quais os de Arquitetura: Conhecimentos gerais, Matemtica, Fsica e Comunicao e expresso.

    A primeira turma de graduao ingressou em 1964, concomitantemente com a primeira turma de engenheiros. As disciplinas eram organizadas em seis departamentos: Cultura; Expresso e Representao; Projeto; Pesquisas; Tcnicas; Prtica profissional. No 2 semestre de 1964 foram contratados no Rio Grande do Sul os arquitetos Hlio Oliveira Verssimo, 1 O professor Bodan defendeu a Tese de Livre docncia Influncia do Estudo de Formas do Microcosmo sobre o Desenvolvimento de Percepo Visual e de Criatividade Artstica, em 1977, na Universidade Federal do Par.2 Cf. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR. Conselho Universitrio. Resoluo n 11 de 23 de dezembro de 1963. Disciplina a realizao dos Concursos de Habilitao matrcula na 1 srie dos Cursos Universitrios para o ano de 1964. Publicado no D.O. n 20.230 de 28 de dezembro de 1963.

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    que se tornou presidente do Departamento de Cultura, e Christiano Brazil de Miranda. Em 1965 ingressou como professor o Arquiteto paraense (ento residindo em So Paulo) Augusto Emauz dos Santos, que assumiu o Departamento de Prtica Profissional e no ano seguinte integrou-se seu irmo, Alberto Emauz dos Santos. No 2 semestre de 1966 vieram do Rio de Janeiro os arquitetos Paulo Penna Firme, Peter Schweizer e Donato Mello Jr.

    Na consolidao do Curso atuaram o arquiteto Antonio Paul de Albuquerque, os engenheiros Arnaldo Prado Jr., Frederico Guilherme Chaves3, Henrique Lobo e Salomo Marcos Pinto, alm da assistente social Maria Eunice Reymo, a sociloga Zuila Gonalves e a licenciada em Geografia e Histria Maria Iracema Frota.

    Segundo Paul, na sequencia dos coordenadores sucederam-se Enio Wolf Livi, Alfredo Boneff, Paul Albuquerque, Zuila Gonalves, Luiz Fernando Alencar, Salomo Pinto, Ruy Navegant