Uma história, muitas memórias: ocupações e cotidianos do bairro Gentilândia, em Fortaleza

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Uma história, muitas memórias: ocupações e cotidianos do bairro Gentilândia, em Fortaleza VASCONCELOS, Artur Alves de. Programa de Pós-Graduação em Sociologia – Universidade Federal do Ceará Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq Orientadora: Irlys Alencar Firmo Barreira Reitoria da Universidade Federal do Ceará. Foi o palacete da família Gentil de 1909 a 1956. Feira Livre na Praça da Gentilândia. Acontece todos os finais de semana, desde a década 50. As peculiaridades desse tipo de comércio coexistem com as facilidades oferecidas pelos supermercados. O futebol permeia a história da Gentilândia, que abriga o estádio Presidente Vargas (foto) e a Federação Cearense. Clubes tradicionais da cidade como o Fortaleza e Ferroviário já foram sediados nele. O bairro também teve seu próprio time, o Gentilândia Atlético Clube, 1934-1958. Busto do Coronel José Gentil Alves de Carvalho. Homenagem concedida pela Prefeitura de Fortaleza em 1961. Localizada em uma das praças do bairro, que leva o nome de um dos filhos do coronel: João Gentil. INTRODUÇÃO A Gentilândia é o menor bairro da cidade de Fortaleza. Localizada dentro de outro bairro, o Benfica, ela corresponde ao lote de terras que foi patrimônio particular de uma família durante mais de 40 anos, atualmente abriga instalações universitárias, bares e praças, dentre outros equipamentos urbanos de comércio e lazer. O objetivo do trabalho é identificar os principais tipos de ocupação que marcaram o bairro. Também procura elaborar algumas considerações sobre as memórias da Gentilândia, destacando a importância de sua estrutura arquitetônica e dos "pontos de encontro" dos moradores. METODOLOGIA Conversas informais e entrevistas com moradores de diversos perfis (idade, sexo interesses...). Consulta a livros escritos por moradores e/ou ocupantes do bairro. Visitas ao Memorial da Gentilândia e à hemeroteca da biblioteca municipal. Passeios pelas ruas e equipamentos, observando os seus usos e características do cotidiano. OCUPAÇÕES DO BAIRRO O primeiro tipo de ocupação da Gentilândia começa nos anos de 1850. Chácaras de famílias ricas são à região um perfil de vida rural e abastado. O segundo ocorre a partir de 1909, quando o empresário José Gentil Alves de Carvalho chega ao Benfica. Ele compra grandes lotes, constrói ruas, vilas e praças, e começa a alugar casas para pessoas de poder aquisitivo menor em relação aos donos de chácaras. O bairro ganha um perfil de vida urbana, e o pedaço do Benfica pertencente à família Gentil começa a ser chamado de Gentilândia, tanto no bairro como em outra regiões de Fortaleza. O terceiro momento de ocupação se dá com a chegada da então recém- inaugurada Universidade do Ceará (Hoje Universidade Federal do Ceará). A partir da década de 1950, a instituição compra terrenos e palacetes e instala alguns de seus cursos e departamentos. As chácaras são extintas e a família Gentil se muda para outras partes da cidade. A Gentilândia agora é também um bairro universitário, tendo nos estudantes um dos principais tipos de ocupantes. MEMÓRIAS E ESPAÇO FÍSICO O bairro Gentilândia possui diversas estruturas físicas - praças, bares, o Memorial, centros de esporte, dentre outros - que proporcionam aos seus moradores a formação de laços de sociabilidade. Esses momentos de interação, por sua vez, possibilitam a construção tanto de uma identidade própria quanto de memórias da Gentilândia e seus moradores. Cada indivíduo, ao experimentar diferentes manifestações de resgate da memória coletiva, solidifica a sua memória particular, enriquecendo-a com experiências alheias que, embora não tenha delas participado, com elas se identifica (HALBWACHS). Através do meio material que compõe o bairro, as lembranças dos moradores têm a oportunidade de se apoiar em algo físico, e é justamente essa relação entre espaço físico e memória que desperta em um grupo a iniciativa de resistência ás mudanças materiais do lugar em que vive. Os bares, as feiras, a vida nas praças e a defesa de árvores centenárias são exemplos dessas conservação. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARREIRA, Irlys Alencar. Linguagens da cidade e patrimônio: o diálogo entre passado e presente. Revista USP, São Paulo, n. 58, p. 212-224, junho/agosto 2003. BARROSO, Francisco de Andrade. O Benfica de ontem e de hoje. Fortaleza: Ed. Gráfica LCR, 2004. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990. Senhores conversam no Bar do Marcão. Eles se denominam a “Confraria da Gentilândia”, e foram responsáveis pela instalação do Memorial. Os limites oficiais da Gentilândia (vermelho) dentro do Benfica. Ela foi oficializada como o menor bairro de fortaleza em 2001, embora seu nome fosse usado informalmente há décadas pelos moradores e pessoas de outros bairros. A Gentilândia corresponde aproximadamente ao lote de terras eu pertenceu à família Gentil.

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VASCONCELOS, Artur Alves de.Programa de Pós-Graduação em Sociologia – Universidade Federal do Ceará

Bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPqOrientadora: Irlys Alencar Firmo Barreira

Reitoria da Universidade Federal do Ceará. Foi o palacete da família Gentil de 1909 a 1956.

Feira Livre na Praça da Gentilândia. Acontece todos os finais de semana, desde a década 50. As peculiaridades desse tipo de comércio coexistem com as facilidades oferecidas pelos supermercados.

O futebol permeia a história da Gentilândia, que abriga o estádio Presidente Vargas (foto) e a Federação Cearense. Clubes tradicionais da cidade como o Fortaleza e Ferroviário já foram sediados nele. O bairro também teve seu próprio time, o Gentilândia Atlético Clube, 1934-1958.

Busto do Coronel José Gentil Alves de Carvalho. Homenagem concedida pela Prefeitura de Fortaleza em 1961. Localizada em uma das praças do bairro, que leva o nome de um dos filhos do coronel: João Gentil.

INTRODUÇÃOA Gentilândia é o menor bairro da cidade de Fortaleza. Localizada dentro de outro bairro, o Benfica, ela corresponde ao lote de terras que foi patrimônio particular de uma família durante mais de 40 anos, atualmente abriga instalações universitárias, bares e praças, dentre outros equipamentos urbanos de comércio e lazer.O objetivo do trabalho é identificar os principais tipos de ocupação que marcaram o bairro. Também procura elaborar algumas considerações sobre as memórias da Gentilândia, destacando a importância de sua estrutura arquitetônica e dos "pontos de encontro" dos moradores.

METODOLOGIAConversas informais e entrevistas com moradores de diversos perfis (idade, sexo interesses...). Consulta a livros escritos por moradores e/ou ocupantes do bairro. Visitas ao Memorial da Gentilândia e à hemeroteca da biblioteca municipal. Passeios pelas ruas e equipamentos, observando os seus usos e características do cotidiano.

OCUPAÇÕES DO BAIRROO primeiro tipo de ocupação da Gentilândia começa nos anos de 1850. Chácaras de famílias ricas são à região um perfil de vida rural e abastado.O segundo ocorre a partir de 1909, quando o empresário José Gentil Alves de Carvalho chega ao Benfica. Ele compra grandes lotes, constrói ruas, vilas e praças, e começa a alugar casas para pessoas de poder aquisitivo menor em relação aos donos de chácaras. O bairro ganha um perfil de vida urbana, e o pedaço do Benfica pertencente à família Gentil começa a ser chamado de Gentilândia, tanto no bairro como em outra regiões de Fortaleza.O terceiro momento de ocupação se dá com a chegada da então recém-inaugurada Universidade do Ceará (Hoje Universidade Federal do Ceará). A partir da década de 1950, a instituição compra terrenos e palacetes e instala alguns de seus cursos e departamentos. As chácaras são extintas e a família Gentil se muda para outras partes da cidade. A Gentilândia agora é também um bairro universitário, tendo nos estudantes um dos principais tipos de ocupantes.

MEMÓRIAS E ESPAÇO FÍSICOO bairro Gentilândia possui diversas estruturas físicas - praças, bares, o Memorial, centros de esporte, dentre outros - que proporcionam aos seus moradores a formação de laços de sociabilidade. Esses momentos de interação, por sua vez, possibilitam a construção tanto de uma identidade própria quanto de memórias da Gentilândia e seus moradores. Cada indivíduo, ao experimentar diferentes manifestações de resgate da memória coletiva, solidifica a sua memória particular, enriquecendo-a com experiências alheias que, embora não tenha delas participado, com elas se identifica (HALBWACHS).Através do meio material que compõe o bairro, as lembranças dos moradores têm a oportunidade de se apoiar em algo físico, e é justamente essa relação entre espaço físico e memória que desperta em um grupo a iniciativa de resistência ás mudanças materiais do lugar em que vive. Os bares, as feiras, a vida nas praças e a defesa de árvores centenárias são exemplos dessas conservação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBARREIRA, Irlys Alencar. Linguagens da cidade e patrimônio: o diálogo entre passado e presente. Revista USP, São Paulo, n. 58, p. 212-224, junho/agosto 2003.BARROSO, Francisco de Andrade. O Benfica de ontem e de hoje. Fortaleza: Ed. Gráfica LCR, 2004.HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990.

Senhores conversam no Bar do Marcão. Eles se denominam a “Confraria da Gentilândia”, e foram responsáveis pela instalação do Memorial.

Os limites oficiais da Gentilândia (vermelho) dentro do Benfica. Ela foi oficializada como o menor bairro de fortaleza em 2001, embora seu nome já fosse usado informalmente há décadas pelos moradores e pessoas de outros bairros. A Gentilândia corresponde aproximadamente ao lote de terras eu pertenceu à família Gentil.