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“Uma Jornada Fotoquímica”
Evento temático no âmbito da Jubilação da Professora Doutora Sílvia Brito Costa
12 de Janeiro de 2012, Salão Nobre do IST
10h00 Abertura
Sessão 1 Moderador: M. Isabel Viseu
António Maçanita (UTL) “Near Diffusion-Controlled” três décadas depois
Eduardo P. Melo (UAlg) Spots Fluorescentes no Centro de Química Estrutural
César A. T. Laia (NOVA) Micelas e Micelas Invertidas: Fluorescência e Fotocromismo em meios confinados
Paulo J. G. Coutinho (UM) Fotoquímica ← Meios Microheterogéneos → Produção de Materiais Nanoestruturados
11h00 Intervalo
11h15 Sessão 2 Moderador: António Maçanita
Suzana M. Andrade (UTL) Tetra-sulfonatofenil porfirina: um caso paradigmático da auto-agregação ordenada em organizados moleculares.
José A. B. Ferreira (UTL) Interconversão de Pares Iónicos com Catiões Orgânicos
Pedro M. R. Paulo (UTL) Fluorescência de Molécula Individual em Sistemas Ftalocianina-Dendrímero
Raquel Teixeira (UTL) Efeito do plasmão do ouro na fluorescência de uma ftalocianina depositada em multicamadas de polielectrólitos
Raquel F. Correia (UTL) Solubilização de Liposomas por Detergente: Estudo de Microscopia de Fluorescência
Vanda Vaz Serra (UTL) Estudos de agregação em meso-carboxifenilporfirinas
M. Isabel Viseu (UTL) Colóides e Proteínas – Duas Áreas Científicas Aliciantes
12h30 Almoço
(continua na pág. seguinte)
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14h00 Sessão 3 Moderador: Sebastião Formosinho
Sebastião Formosinho (UC) Caminhos da Fotoquímica em Portugal
Fernando Pina (NOVA) Sobre um dos Ramos da Árvore Fotoquímica do IST. Química Supramolecular versus Metamorfose Química.
Laura Maria Ilharco (UTL) Matrizes de Sílica Sol-Gel Nanoestruturada para Encapsulamento e Libertação Controlada de Fármacos
M. Mercedes Velázquez (USAL) Modulação das propriedades de nano materiais usando auto-organização superficial
15h30 Intervalo
15h45 Sessão 4 Moderador: L. F. Vieira Ferreira
L. F. Vieira Ferreira (UTL) Professora Sílvia Costa: revisitando duas décadas de trabalho em comum
Testemunhos
Luísa M. Abrantes (UL) Amélia M. G. da Silva (UTL) M. Teresa Duarte (UTL) M. Matilde Marques (UTL) Maria Graça Miguel (UC)
16h45 Intervalo
17h00 Aula de Jubilação
da Professora Sílvia Brito Costa
“Luz e Cor nos Pigmentos Naturais”
Organização: Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico
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“Near Diffusion-Controlled” três décadas depois
António Maçanitaa e J. Sérgio Seixas de Melob aCentro de Química Estrutural, IST-UTL,
bDepartamento de Química, UC
As reações em solução envolvem processos difusionais, de formação e/ou separação dos
reagentes e/ou produtos, além dos processos reacionais (direto e inverso) propriamente ditos.
Daqui resulta serem as constantes de velocidade, determinadas experimentalmente, combinações
das constantes de velocidade dos vários processos unitários (difusionais e reacionais) envolvidos.
A separação destes processos, através da deteção experimental das espécies intermediárias (par
de encontro, par iónico, etc.) e consequente determinação das constantes de velocidade dos
processos unitários, tem sido um objetivo desde há muito procurado, mas não conseguido ao longo
das últimas décadas.
O grupo de Fotoquímica Molecular do CQE, formado no início da década de 1970, esteve
envolvido nesta problemática, tendo então sido por nós postulado, embora não detetado, o “par de
encontro” como espécie cinética participante no mecanismo da transferência electrónica de aminas
para ésteres aromáticos no estado excitado.1 Passadas mais de 3 décadas, num ano
particularmente relevante na história do grupo, foi possível fechar o ciclo das espécies
intermediárias com a detecção experimental do par iónico de Eigen2,3, proposto por Manfred Eigen
nos anos 60 como intermediário das reações de transferência de protão.4
Dos valores das constantes de velocidade dos processos unitários de transferência (direta e
inversa) de protão e de difusão (dissociação e formação do par iónico) obtém-se a esperada
informação sobre a transferência de protão e difusão/migração de protão “limpa” de efeitos
cruzados. Da análise dos sistemas (7-hydroxy-4-methyl-flavylium chloride, HMF e 3-chloro-4-
methylumbelliferone, 3Cl4MU) e dos seus resultados procura-se igualmente explicar a razão do par
iónico de Eigen não ter sido detetado experimentalmente em água ao longo dos seus quase 50
anos de vida.
[1] Sílvia M. de B. Costa, António L. Maçanita, “Near diffusion controlled photokinetics in aromatic ester-aliphatic amine systems”, J. Photochem., 1979, 11, 429-439. [2] Freitas Adilson A.; Quina Frank H.; Macanita Antonio A. L. “Picosecond Dynamics of Proton Transfer of a 7-Hydroxyflavylium Salt in Aqueous-Organic Solvent Mixtures” J. Phys. Chem. 2011, 115, 10988-10995. [3] J. S. Seixas de Melo e A. L. Maçanita “Photoprototropic Reactions of Hydroxycoumarins. The “Push-pull” vs. the “Eigen-Weller ion pair” Mechanisms” (to be submitted). [4] Eigen, M., Ang. Chem. Int. Ed. Eng. 1964, 3, 1.
Spots Fluorescentes no Centro de Química Estrutural
Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia, Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural, Universidade do Algarve
Tenho desenvolvido trabalho de investigação com a Prof.ª Sílvia Costa há mais de 15 anos,
desde os tempos do meu doutoramento, co
que sei sobre fluorescência resultou do contacto e incentivo que recebi da sua parte. Ao longo dos
anos, à medida que fui amadurecendo cientificamente, penso que temos conseguido uma
aproximação mais estreita entre os meus interesses mais b
da Prof.ª Sílvia Costa. O último exemplo desta aproximação permitiu obter spots fluorescentes com
dimensões na escala do µm onde foi possível medir transferência de energia não
entre a proteína fluorescente azul (CFP) e a proteína fluorescente amarela (YFP).
Spots Fluorescentes no Centro de Química Estrutural
Eduardo Pinho Melo
Bioengenharia, Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural, Universidade do Algarve
Tenho desenvolvido trabalho de investigação com a Prof.ª Sílvia Costa há mais de 15 anos,
desde os tempos do meu doutoramento, co-orientado precisamente pela Prof.ª Sílvi
que sei sobre fluorescência resultou do contacto e incentivo que recebi da sua parte. Ao longo dos
anos, à medida que fui amadurecendo cientificamente, penso que temos conseguido uma
aproximação mais estreita entre os meus interesses mais biológicos e o background mais químico
da Prof.ª Sílvia Costa. O último exemplo desta aproximação permitiu obter spots fluorescentes com
dimensões na escala do µm onde foi possível medir transferência de energia não-
cente azul (CFP) e a proteína fluorescente amarela (YFP).
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Spots Fluorescentes no Centro de Química Estrutural
Bioengenharia, Centro de Biomedicina Molecular e Estrutural, Universidade do Algarve
Tenho desenvolvido trabalho de investigação com a Prof.ª Sílvia Costa há mais de 15 anos,
orientado precisamente pela Prof.ª Sílvia Costa. Tudo o
que sei sobre fluorescência resultou do contacto e incentivo que recebi da sua parte. Ao longo dos
anos, à medida que fui amadurecendo cientificamente, penso que temos conseguido uma
iológicos e o background mais químico
da Prof.ª Sílvia Costa. O último exemplo desta aproximação permitiu obter spots fluorescentes com
-radiativa (FRET)
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Micelas e Micelas Invertidas: Fluorescência e Fotocromismo em meios confinados
César A. T. Laia
REQUIMTE, Departamento de Química, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa, 2829-516 Monte da Caparica, PORTUGAL; [email protected]
As micelas e micelas invertidas são agregados moleculares termodinâmicamente estáveis
que se obtêm por adição de um tensioactivo em água ou em solventes apolares. Estes agregados
são normalmente esféricos e com tamanhos na ordem dos nanometros.
Esta intervenção focar-se-á na influência destes sistemas nas propriedades fotofísicas de
corantes orgânicos (esquarinas, cianinas e ftalocianinas) e em reações fotoquímicas como a
fotoisomerização. A aplicação destes sistemas a fotocromismo (reações fotoquímicas que
conduzem a uma mudança de cor) será igualmente discutida.
Referências
1- C.A.T. Laia, S.M.B. Costa; J. Chem. Soc. Faraday T., 1998, 94, 2367-2373.
2- C.A.T. Laia, S.M.B. Costa; Phys. Chem. Chem. Phys., 1999, 1, 4409-4416.
3- C.A.T. Laia, S.M.B. Costa; Langmuir, 2002, 18, 1494-1504.
4- C.A.T. Laia, S.M.B. Costa; J. Phys. Chem. B, 2004, 108, 17188-17197.
5- C.A.T. Laia, S.M.B. Costa; J. Phys. Chem. B, 2008, 112, 4276-4282.
6- V. Petrov, C.A.T. Laia, F. Pina; Langmuir, 2009, 25, 594-601.
7- R. Gomes, C.A.T. Laia, F. Pina; J. Phys. Chem. B, 2009, 113, 11134-11146.
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Fotoquímica ← Meios Microheterogéneos → Produção de Materiais Nanoestruturados
Paulo José Gomes Coutinho Centro de Física da Universidade do Minho (CFUM), Campus de Gualtar, 4710-057 Braga
A auto-organização de moléculas anfifílicas em água ou em misturas de água e óleo origina
a formação de estruturas nanométricas, com ou sem encapsulamento de água e/ou óleo: micelas,
micelas invertidas, vesículos, vesículos invertidos, microemulsões w/o ou o/w, estruturas
bicontínuas contendo tubos de água e tubos de óleo. Adicionando outras moléculas, essa
organização origina efeitos de segregação molecular consoante a afinidade pela água ou pelo óleo,
efeitos de restrição na mobilidade molecular, efeitos de controlo de reações químicas, etc.
Usando a interação da luz com moléculas (absorção, fluorescência, fosforescência) nestes
meios auto-organizados, torna-se possível, não só ganhar informação da estrutura interna do meio
através da sua resposta dependente do ambiente envolvente, como também usar o confinamento e
segregação moleculares para efetivar processos fotoquímicos/fotofísicos que, de outro modo,
seriam muito ineficientes ou impossíveis. Neste contexto, serão apresentados exemplos da
utilização de derivados de fenoxazinas na deteção da transição de fase gel-líquido cristalina de
vesículos de DODAB e de DPPC e resultados de transferência eletrónica fotoinduzida da
tetrafenilporfirina de zinco (ZnTPP, insolúvel em água) e o metilviologéneo (MvCl2) em vesículos de
lecitina do ovo.
Usando a estrutura nanométrica dos agregados de moléculas anfifílicas como moldes para
o crescimento de sólidos, torna-se possível produzir materiais nanoestruturados de forma
controlada. Será apresentada a síntese de pontos quânticos de CdSe (figura 1A), bem como o seu
acoplamento, por sol-gel, com TiO2. Será demonstrada a atividade fotocatalítica das partículas de
CdSe/TiO2 na fotodegradação do azul de metileno usando luz visível (figura 1B).
Figura 1. A: Absorção e fotoluminescência de pontos quânticos de CdSe. B: Fotodegradação do azul de metileno por nanopartículas de CdSe/TiO2.
(A.M.F. Garcia, M.S.F. Fernandes, P.J.G. Coutinho, Nanoscale Res. Lett. (2011) 6:426)
A B
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Tetra-sulfonatofenil porfirina: um caso paradigmático da auto-agregação ordenada em organizados moleculares
Suzana M. Andrade
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
Porfirinas e moléculas análogas têm uma forte tendência para agregarem facilitada pela sua
superfície estendida e ampla rica em electrões-π que promovem o estabelecimento de interacções
não covalentes. Os agregados de porfirinas desempenham um papel específico na natureza,
nomeadamente na fotosíntese, para além de apresentarem um forte potencial tecnológico, por
exemplo, em óptica não linear.
Nesta apresentação será feita uma visita pelas estratégias desenvolvidas ao longo dos
últimos 10 anos na tentativa de controlar e promover o auto-arranjo de porfirinas recorrendo a
diferentes templatos, tais como: (I) proteínas, (II) microemulsões, (III) liposomas e (IV) nanotubos
de carbono, dando ênfase à necessidade de um empacotamento perfeitamente definido das
unidades cromofóricas no agregado para a obtenção de um comportamento excitónico óptimo.
Será ainda dada relevância à aplicação de novas técnicas de microscopia de imagem (FLIM) - e de
molécula individual em solução (FCS) na caracterização das nanoestruturas porfirínicas.
S.M. Andrade & S.M.B. Costa, Biophys. J 2002, 82, 1607; J. Fluoresc. 2002, 12, 77; Chem. Eur. J. 2006, 12, 1046; Biophys. Chem. 2008, 133, 1; J. Photochem. Photobiol. A: Chem. 2011, 217, 125.
H
++
++
++++++
++
++
++
++
++
M
++
++
++
++
++
++
++
++
++++
++
++
++
++
++++
++
++
MM
J
[H2O]
TrpTrpTrpTrp214214214214TrpTrpTrpTrp214214214214
(I)
(II)
(III) (IV)
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Interconversão de Pares Iónicos com Catiões Orgânicos
José A. B. Ferreira
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
O conceito de par iónico refere em geral a interacção entre catião e anião que é
condicionada pela presença da esfera de moléculas de solvatação. Em meio líquido de elevada
constante dieléctrica os iões estão usualmente imersos nas esferas de solvatação individuais,
enquanto em meios de baixa constante dieléctrica e especialmente em presença de gradientes de
polaridade, como sucede em interfaces, a interacção entre catião e anião é gradualmente preferida
face à com as moléculas constituintes do meio envolvente.
A variação da densidade de carga nas posições atómicas que ocorre por absorção de luz
em moléculas orgânicas permite observar a interconversão entre par iónico de contacto e par
iónico separado por moléculas de solvente evidenciando a existência de alteração na distribuição
das moléculas constituintes das esferas de solvatação.
No contexto da contribuição que relevo neste dia de Jubilação apresentarei evidências da
fenomenologia enunciada que foram conseguidas através de informação dos estados electrónicos
singuleto de rodaminas em meio homogéneo, em misturas de componentes com polaridade e
hidrofobicidade muito diferente assim como em interfases intramicelares nanoestruturadas.
JAB Ferreira SMB Costa, Chem. Phys. Lett. 1999; JAB Ferreira SMB Costa LFV Ferreira, J. Phys. Chem. A 2000; JAB Ferreira PJG Coutinho SMB Costa JMG Martinho Chem. Phys. 2000; JAB Ferreira, LM Ilharco SMB Costa, Spectrochim. Acta A 2001; JAB Ferreira SMB Costa, Chem. Phys. 2001; JAB Ferreira SMB Costa, Phys. Chem. Chem. Phys. 2003; JAB Ferreira SMB Costa, J. Chem. Phys. 2004; JAB Ferreira SMB Costa, Chem. Phys. 2006; JAB Ferreira SMB Costa Pol. J. Chem. 2008; JAB Ferreira SMB Costa, J. Phys. Chem. B 2010
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Fluorescência de Molécula Individual em Sistemas Ftalocianina-Dendrímero
Pedro M. R. Paulo
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
A detecção de molécula individual por fluorescência foi demonstrada há cerca de duas
décadas através da combinação de fontes de excitação laser com microscopia óptica e foto-
detectores muito sensíveis. Este campo de investigação desenvolveu-se significativamente desde
as primeiras experiências de espectroscopia em matrizes sólidas a baixas temperaturas.
Actualmente, a fluorescência de molécula individual em meios complexos, tais como células vivas
ou materiais nano-estruturados, permite caracterizar a heterogeneidade destes sistemas.
Nesta contribuição será apresentado um estudo de fluorescência de molécula individual de
uma ftalocianina complexada com dendrímeros poli(amido)amina. Os traços de emissão mostram
flutuações de intensidade e de tempo-de-vida de fluorescência da ftalocianina (vide figura) devido a
um processo de transferência electrónica fotoinduzida com os dendrímeros. As distribuições de
tempos-de-vida nos filmes de dendrímero mostram a heterogeneidade destes sistemas. Este
comportamento é obscurecido em medidas convencionais de fluorescência que apenas reportam a
média sobre os vários indivíduos da população.
Pedro M. R. Paulo and Sílvia M. B. Costa, J. Phys. Chem. C 2010, 114, 19035-19043
kET
Iem , τfl
kET
Iem , τfl
0 10 20 30 40 50 600123 4.9ns
3.1 ns3.1 nsτ
fl 4.9 ns
I em
(cn
ts/m
s)
Time (s)
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Efeito do plasmão do ouro na fluorescência de uma ftalocianina depositada em multicamadas de polielectrólitos
Raquel Teixeira
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
A intensificação da fluorescência na proximidade de superfícies metálicas nanoestruturadas
tem sido maioritariamente estudada em sistemas compostos por ilhas de prata (SiFs) e fluoróforos
que emitem no visível e infra-vermelho próximo.
Especial relevância tem sido atribuída ao controle da distância fluoróforo-nanoestrutura
metálica e da orientação do momento dipolar do fluoróforo em relação à nanoestrutura, na prática,
muito difíceis de conseguir. Por outro lado, a intensificação da fluorescência é normalmente
demonstrada através do efeito médio de plasmão sentido por diferentes populações de fluoróforos,
o que não fornece qualquer informação acerca da enorme heterogeneidade inerente a estes
sistemas.
Neste contexto, a microscopia de fluorescência resolvida no tempo (FLIM) oferece a enorme
vantagem de se poder resolver espacialmente o tempo de vida e a intensidade de fluorescência na
superfície da amostra com uma resolução micrométrica.
Brevemente, será referida a construção de sistemas de nanopartículas de ouro e
ftalocianinas separadas por multicamadas de polielectrólitos e a importância do FLIM para
demostrar a intensificação da fluorescência da ftalocianina e a heterogeneidade destes sistemas.
Raquel Teixeira, Pedro M. R. Paulo, Ana S. Viana and Sílvia M. B. Costa, J. Phys. Chem. C 2011, 115, 24674-24680.
Solubilização de Liposomas por Detergente: Estudo de Microscopia de
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico
No âmbito de Uma Jornada Fotoquímica
membranas biológicas compostos por lípidos
Nestes sistemas utilizaram
característicos da fluidez das membranas e determinou
em função da composição do sistema.
na medida do tempo de vida de fluorescência (FLIM) permitiu
das interacções lípido–detergente.
O trabalho desenvolvido permitiu alargar o conhecimento existente acerca das interacções
lípido–detergente que são comummente usados para compreender a complexidade dos processos
que ocorrem nas membranas biológicas.
Maria Isabel Viseu, Raquel F. Correia and Anabela C. Fernandes,
ττττaver. (ns)6
0
Bicamada
lipídica
Solubilização de Liposomas por Detergente: Estudo de Microscopia de Fluorescência
Raquel F. Correia
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de [email protected]
Jornada Fotoquímica serão apresentados sistemas miméticos das
compostos por lípidos e misturas lípido–detergente.
Nestes sistemas utilizaram-se técnicas termodinâmicas para obter parâmetros
característicos da fluidez das membranas e determinou-se a estabilidade das estruturas formadas,
em função da composição do sistema. Complementarmente, a utilização de microscopia
na medida do tempo de vida de fluorescência (FLIM) permitiu uma análise estrutural aprofundada
trabalho desenvolvido permitiu alargar o conhecimento existente acerca das interacções
detergente que são comummente usados para compreender a complexidade dos processos
que ocorrem nas membranas biológicas.
Maria Isabel Viseu, Raquel F. Correia and Anabela C. Fernandes, JCIS 2010, 351, 156
ττττaver. (ns)6
0
Sonda Fluorescente
11
Solubilização de Liposomas por Detergente: Estudo de Microscopia de
, Universidade Técnica de Lisboa
serão apresentados sistemas miméticos das
dinâmicas para obter parâmetros
lidade das estruturas formadas,
microscopia baseada
uma análise estrutural aprofundada
trabalho desenvolvido permitiu alargar o conhecimento existente acerca das interacções
detergente que são comummente usados para compreender a complexidade dos processos
156-165.
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Estudos de agregação em meso-carboxifenilporfirinas
Vanda Vaz Serra
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
O fenómeno de auto-agregação de compostos orgânicos é conhecido desde a década de
30 quando Jelly e Scheibe descreveram a sua ocorrência em moléculas de cianina. Desde então,
vários autores observaram este fenómeno em diferentes tipos de moléculas como xantenos,
perilenos e macrociclos tetrapirrólicos. Este conceito, surge como uma importante alternativa à
síntese de oligómeros via ligação covalente, e tem conquistado um grande protagonismo em áreas
como a Química, Física e Materiais, com especial destaque no desenvolvimento de sistemas nano-
electrónicos, sensores e sistemas fotoquímicos de conversão de energia.
Nesta comunicação, serão apresentados alguns dos resultados obtidos no âmbito de um
projecto multidisciplinar que envolve o design, a síntese e o estudo de meso-carboxifenilporfirinas
na formação de agregados moleculares. A detecção
e avaliação da morfologia dos agregados porfirínicos
formados foram efectuadas com recurso a técnicas
de absorção, emissão de fluorescência, FLIM, CD e
RLS. A conjugação da informação obtida por estas
técnicas permitiu traçar, em linhas gerais, os
princípios que regem o fenómeno de auto-agregação
destas meso-carboxifenilporfirinas em solução
aquosa.[1] Os resultados obtidos mostram claramente
que o pH tem um efeito indutor e que factores
estruturais como o número de grupos carboxílicos, a sua posição relativa no núcleo porfirínico e a
carga total do macrociclo são também factores determinantes.
[1]. Serra, V. V.; Andrade, S. M.; Neves, M. G. P. M .S.; Cavaleiro, J. A. S.; Costa, S. M. B. New J. Chem., 2010, 34,
2757-2765.
pH=0.8
NO3-
pH>7
Li+
Na+
++
++
++
+
+
13
Colóides e Proteínas – Duas Áreas Científicas Aliciantes
M. Isabel Viseu
Centro de Química Estrutural, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, 1049-001 Lisboa, Portugal
Nesta apresentação irei destacar dois temas científicos do meu trabalho de investigação em
colaboração com a Professora Sílvia Costa que, ao longo dos anos, não só me proporcionaram
momentos de grande emoção como se tornaram uma mais-valia para os meus conhecimentos de
Química-Física.
O primeiro é o tema da Termodinâmica dos Colóides, que levou à descoberta dos
“Vesículos Espontâneos Bicatiónicos” 1,2 – vesículos mistos de dois tensioactivos com a mesma
carga iónica mas diferindo no número de cadeias alquílicas. Estes vesículos, formados à custa de
interacções hidrofóbicas, são termodinamicamente estáveis e podem ser usados como modelos
simples de membranas celulares.
O segundo tema é o da Biofísica de Proteínas – em especial a β-Lactoglobulina, que sofre
facilmente transições conformacionais “folha-β → hélice-α”.3,4 Abordámo-lo em diversos aspectos:
caracterização espectroscópica de diferentes estados conformacionais; estudos de equilíbrio;
estudos cinéticos/espectroscópicos de enrolamento/desenrolamento (“folding/unfolding”);
“misfolding” e a sua relação com as doenças neurodegenerativas.
Serão apresentados resultados/conclusões relevantes dos estudos efectuados, e propostas
linhas de trabalho a desenvolver nestas áreas.
1. MI Viseu, K Edwards, CS Campos, SMB Costa. 2000. Spontaneous vesicles formed in aqueous mixtures of two cationic amphiphiles. Langmuir 16:2105-2114.
2. MI Viseu, MM Velázquez, CS Campos, I García-Mateos, SMB Costa. 2000. Structural transitions in a bicationic amphiphile system studied by light-scattering, conductivity, and surface tension measurements. Langmuir 16:4882-4889.
3. MI Viseu, TI Carvalho, SMB Costa. 2004. Conformational transitions in β-lactoglobulin induced by cationic amphiphiles: Equilibrium studies. Biophys. J. 86:2392-2402.
4. MI Viseu, EP Melo, TI Carvalho, RF Correia, SMB Costa. 2007. Unfolding kinetics of β-lactoglobulin induced by surfactant and denaturant: A stopped-flow/fluorescence study. Biophys. J. 93:3601-3612.
14
Caminhos da Fotoquímica em Portugal
Sebastião Formosinho
Departamento de Química, Universidade de Coimbra, [email protected]
Após uma breve perspectiva histórica sobre o nascimento da fotofísica e da fotoquímica
moleculares em Portugal, a partir de meados da década de 60 e inícios da de 70, e a propósito da
edição de uma obra publicada já em 2012 que compila capítulos de autores sobre o tema PCET1,
discute-se a adequação de uma coordenada de reacção de “ordem de ligação”, como em ISM2
para lidar com reacções de quebra e formação de ligações, como em transferência de protões,
quer nas reacções de transferência de electrão, onde em geral não se verificam quebras de
ligações químicas. A análise faz apelo a técnicas estatísticas de quimiometria (Partial Least
Squares (PLS))3.
O recurso de técnicas estatísticas prossegue para reconhecer o papel da pluralidade das
culturas na construção do conhecimento científico na Europa e reflectir sobre o espírito europeu do
eixo franco-alemão na presente conjuntura. Igualmente problematiza-se a ideia, que remonta a
meados do século XIX e se densifica com a Geração de 70, de que como portugueses ainda não
éramos bem europeus.
1 Sebastião Formosinho e Mónica Barroso (eds.), Proton-Coupled Electron Transfer. A carrefour of chemical reactivity
traditions. Royal Society of Chemistry Publishing, RSC Catalysis Series, Cambridge 2012, pp. 158.
2 M. Barroso, L. G. Arnaut, S. J. Formosinho, “Absolute Rate Calculations. Proton Transfers in Solution”, J. Phys. Chem.
A, 111, 591-602 (2007); S. J. Formosinho, L.G. Arnaut, R. Fausto, “A Critical Assessment of Classical and Semi-classical Models for Electron Transfer Reactions in Solution”, Prog. React. Kinetics, 23, 1-90 (1998); Luis Arnaut, Sebastiao Formosinho and Hugh Burrows, Chemical Kinetics. From Molecular Structure to Chemical Reactivity, Elsevier, Amsterdam, 2007, caps. 6, 13 e 16.
3 M. Barroso, J. C. Pereira, A. A. C. C. Pais, L. G. Arnaut & S. J. Formosinho, “Molecular factor analysis in atom-transfer reactions”, Molecular Physics, 104, 731-743 (2006); Jorge C. Pereira, Carlos Serpa, Luis G. Arnaut, Sebastião J. Formosinho, “Molecular factor analysis in self-exchange electron transfer reactions in solution”, Journal of Molecular Liquids 156 3–9 (2010).
15
Sobre um dos Ramos da Árvore Fotoquímica do IST. Química Supramolecular versus Metamorfose Química.
Fernando Pina
REQUIMTE, Departamento de Química, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa
A Química embora seja uma ciência relativamente nova atingiu um grau de maturidade e
sofisticação que nos permite comprender e prever o comportamento da maioria das moléculas,
pelo menos das mais simples. As propriedades fisico-químicas dependem do tamanho dos
objectos e esse facto é muito familiar aos Químicos que desde o início das suas carreiras se
confrontam com o estudo da mecânica quântica e a comparam com a física classica. Entre a
Química e a Bioquímica existe uma grande diferença de escala ao nível da dimensão, um espaço
que tem de ser percorrido na denominada aproximação bottom-up. A passagem do simples para o
complexo é a estratégia usada pela Química Supramolecular, com o objectivo de preencher o vazio
entre a Química e a Bioquímica. Por outro lado a complexidade pode ser encontrada numa outra
estratégia: uma simples molécula transforma-se em muitas outras de um modo reversível, o que se
podia parodiar chamando: “one molecule show”. Nestes dois universos a Fotoquímica brilha.
Metamorfose Química
O+
OOH HO
OH
OO
-O
O
-O
O
KCc KCt
O
+ H+6'
Ct - trans-Chalcone
AH+ - Flavylium cation B2 - Hemiketal Cc - cis-Chalcone
k2h kt
ki
56
8
4
3'
5'
3k-2h
k-t
k-i
Hydration Tautomerization Isomerization
7
4'
hν
Cc-Ct-
A - Quinoidal base
kak-a
+ H+
+ H+ + H+
O
OHOH OH
OH
OH
OH
pH
CA
B
16
Matrizes de Sílica Sol-Gel Nanoestruturada para Encapsulamento e Libertação Controlada de Fármacos
Laura Maria Ilharco
CQFM - Centro de Química-Física Molecular e IN - Institute of Nanoscience and Nanotechnology, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa,
Av. Rovisco Pais 1, 1049-001 Lisboa, Portugal
O processo sol-gel constitui uma aproximação muito promissora para a síntese de matrizes
com nanoestruturas desenhadas “por medida”, porque é um processo suave e versátil. Os xerogéis
de sílica, em particular, são não tóxicos e biocompatíveis e por isso surgem como fortes candidatos
para o encapsulamento de fármacos.
Descrevem-se dois exemplos:
i. Encapsulamento do princípio activo de um antiepiléptico (fenitoína sódica) em dispositivos
de sílica, para estudar a cinética de libertação, in vitro, para fluido cerebrospinal artificial
(ACSF), a 37 oC. Foi dada ênfase à libertação em condições dinâmicas, i.e., com renovação
de fluido, simulando o que ocorre no cérebro. Identificaram-se diferentes regimes de
libertação, correlacionados com o método de carga e com a estrutura da matriz. Matrizes
com menor porosidade total e menores dimensões médias de poros provaram ser as
melhores para uma libertação a longo prazo.
ii. Encapsulamento simultâneo das purinas do ADN e complexos de Ru(III) utilizados como
antitumorais, para estudar as suas interacções em meios confinados. Verificou-se o
estabelecimento de fortes interacções do complexo [(H2trz)[trans-RuCl4(N2-Htrz)2] com
guanina e adenina em matrizes de sílica fluorada, embora não se formem ligações
covalentes.
0 6 12 18 24 30 36 42 480.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
t / hr
Rem
oved
NaP
he /
mg.
h-1 night
day
0
10
20
30
40
50
60
% N
aPhe released
Re
mo
ve
d N
aP
he
(♦)
/ m
g.h
-1
% N
aP
he
rele
ase
d ( )
t / h
17
Modulação das propriedades de nano materiais usando auto-organização superficial
M. Mercedes Velázquez
Departamento de Química Física, Facultad de Ciencias Químicas, Universidad de Salamanca,
E-37008-Salamanca, Spain
Fiz o meu Pós-Doutoramento com a Professora Sílvia Costa em 1987. Este foi o meu
primero encontro com a fotoquímica. O traballho nessa altura foi focado no estudo de reações de
transferência electrónica em agregados moleculares. Ao longo destes 25 anos desenvolvemos uma
frutuosa colaboração. O último exemplo desta colaboraçao permitiu estudar as propriedades de
filmes de Langmuir-Blodgett de nanocristais de CdSe (quantum-dots). Nesta contribuição
apresentarei evidências da influência da morfologia dos agregados superficiais nas propriedades
fotoquímicas destes filmes. Na segunda parte desta contribução serão apresentados resultados
obtidos no âmbito da preparação de flakes de grafeno.
10 µm
250nm
10 µm
500nm
coco--spreadingspreading bilayerbilayer 10 µm
250nm
10 µm10 µm10 µm
250nm
10 µm
500nm
coco--spreadingspreading bilayerbilayer
10 µm
500nm
10 µm10 µm10 µm
500nm
coco--spreadingspreading bilayerbilayer
18
Professora Sílvia Costa: revisitando duas décadas de trabalho em comum
L. F. Vieira Ferreira
CQFM-Centro de Química-Física Molecular and IN-Institute of Nanoscience and Nanotechnology, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa, Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal. E-mail: [email protected]
Na sequência do meu Doutoramento comecei a interessar-me pela técnica de Fotólise por
Impulso de Laser, tendo já nessa altura a Prof.ª Sílvia um sistema a trabalhar em Transmissão
(TLFP), instalado no seu laboratório do CQE. Os estudos então iniciados levaram-me pela primeira
vez ao Reino Unido em 1985, onde por intervenção da Prof.ª Sílvia me foi possível aceder a
trabalhar com o Prof. Frank Wilkinson e onde em 1987 fiz o meu Pós-Doutoramento. Os trabalhos
incidiram preferencialmente na utilização de um novo desenvolvimento da LFP, agora aplicada a
sólidos opacos, portanto em modo de Reflectância Difusa (DRLFP). Estavam assim reunidas as
condições que levaram a uma colaboração entre a Prof.ª Sílvia e eu próprio que se revelou
frutuosa, duradoura e muito gratificante. Irei muito sucintamente descrever os estudos mais
significativos feitos na nossa colaboração ao longo destas cerca de duas décadas.
Foto de Junho 1983, durante a argumentação da Prof. Sílvia B. Costa na minha prova de Doutoramento.