Uma noite invernal

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primeiro conto do jovem escritor Lênon Kramer. É um conto de Romance Gótico adolescente.

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  • 5/21/2018 Uma noite invernal

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    UMA NOITE INVERNAL

    Tentou levantar-se, porm os msculos entorpecidos no o!edeceram"

    O ar do #uarto ainda estava saturado com o incenso #ue ele dei$ara aceso na

    noite anterior, antes de dormir" O despertador tocou" %ete e meia" L& 'ora o sol

    est& se pondo atr&s dos prdios" Ele levantou, desli(ou o despertador e

    atravessou o #uarto, para a!rir a )anela"

    Uma lu'ada de ar 'resco penetrou no #uarto, carre(ando para lon(e o

    'edor de mo'o e desesperan*a #ue emanava do caos espal+ado pelo c+o" Ele

    de!ru*ou-se na )anela, admirando a noite i(ua*uense" Ao lon(e ressoavam as

    a(onias de um tiroteio, porm os poucos #ue ousavam transitar a essa +ora da

    noite no l+es dava a menor importncia"

    oi #uando passou pela rua uma (arota, de ca!elos cor do sol e ol+os

    cor do mar" .Evel/n0 murmurou ele en#uanto seus ol+os ala(ados a se(uiam" A

    melancolia o invadiu" Estil+a*os de esperan*a 'undiram-se com (rnulos de

    desespero e um em!rio de 1dio en(al'in+ou-se com o amor em uma disputa

    c1smica #ue e$auriu cada milsimo de ener(ia de seu ser" A(oni2ando, ele

    recuou"

    Mal +avia inclinado o corpo para tr&s, #uando sentiu um calor no rosto,

    calor #ue no era natural" oi o instinto, antes #ue a ra2o, #ue o 'e2 a(ir"

    3o(ou-se para tr&s, caindo so!re a desordem de papis e !aratas #ue +avia ao

    lado da cama, en#uanto al(o se estil+a*ava no outro lado do #uarto"

    Ele ol+ou e viu4 no c+o estavam os cacos de um vaso de cristal e

    al(umas 'lores murc+as e secas" 5resentes #ue +avia rece!ido de Evel/n

    al(uns meses antes"

    Ondas de pra2er inundaram seu corpo e risos +ilariantes escaparam de

    sua !oca en#uanto ele se contorcia no c+o entre cacos, papis e os pe#uenos

    seres do caos"

    - Evel/n6 7 (ritava ele em meio 8s (ar(al+adas" 7 Voc9 )& no e$iste,

    voc9 apenas cacos de mem1ria6 Apenas cacos, peda*os #ue!rados" Restos

    de so!ras6 No e$iste, no e$iste, no e$iste"""

    Aos poucos o riso 'oi se trans'ormando em c+oro e l&(rimas 'oram

    derramadas, lavando a putre'a*o de eras #ue estava incrustada em sua alma"

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    5assaram-se al(umas eternidades antes #ue ele se acalmasse" Ento a

    dor invadiu a vacuidade em #ue se trans'ormara seu ser" A dor do va2io, da

    solido, do terror de no mais ver sentido al(um em sua e$ist9ncia"

    Levantou-se" A ca!e*a late)ava ainda #uando a sua 'ace es#uerda

    come*ou a arder em !rasas" Ol+ou seu re'le$o no espel+o" Uma marca ro$a

    estava presente em seu rosto, no local onde a !ala perdida passara de raspo"

    Ele se recomp:s, penteou-se e saiu" %eus ca!elos ruivos co!riam-l+e

    parcialmente a 'ace, real*ando o 'erimento recm-ad#uirido e seus !elos ol+os

    verdes, pro'undos como o universo"

    5assou silenciosamente pelos corredores e escadas, sem sentir o odor

    de dro(as e su)eira, de &lcool e v:mitos, de suor e e$cre*;es se$uais"

    Tampouco notou os s

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    destrui*o, as cores e as 'ormas, as ess9ncias e vapores alucinantes" As

    pessoas ululavam entre !rasas acesas e copos virados" aiu de )oel+os e, com

    um (rito pavoroso, improvisou A 5oesia" oi como se o pr1prio deus da

    inspira*o potica tivesse se apoderado de seu corpo e 'alasse atravs dos

    seus l&!ios" Os pr1prios msicos da !anda pararam de tocar e na platia

    'ormou-se um sil9ncio m

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    )!ilo" Um som""" Motor" Roda" reios""" Vislum!res de um carro

    em alta velocidade"

    Ele 'icou no c+o, inconsciente e com al(umas escoria*;es"

    5orm, ao seu lado, com a ca!e*a colada no meio 'io )a2ia Evel/n"

    Morta"

    Nesse instante o sol come*ou a !ril+ar"