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Uma Restauração sem Reparação Silvio Dutra NOV/2015

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Uma Restauração

sem Reparação

Silvio Dutra

NOV/2015

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A474 Alves, Silvio Dutra Uma restauração sem reparação./ Silvio Dutra Alves. – Rio de Janeiro, 2015. 133p.; 14,8x21cm 1. Teologia. 2. Neemias. 3. Perseguição 4. Restauração. 5. Vida Cristã. I. Título.

CDD 230.222

CDD

230.227

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Sumário Introdução...............................................................4 1 - Restaurando Vidas..............................................7 2 - Oração Espontânea Atendida.............................19 3 - A Nobreza do Serviço Humilde...........................28 4 - Vigilância e Oração............................................34 5 - Bons Líderes Têm o Temor de Deus....................48 6 - Traições na Própria Casa....................................53 7 - Restauração da Cidadania Judaica......................58 8 - Restauração da Vida Religiosa dos Judeus..........61 9 - Voto de Fidelidade ao Senhor............................66 10 - Só a Graça Vence o Pecado..............................70 11 - Para que Viesse o Messias...............................74 12 - A Alegria Depois do Choro...............................78 13 - Disciplina do Povo de Deus..............................82 Anexo: Livro de Neemias.......................................91

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Introdução

Bem-aventurado é todo aquele que topou com

o verdadeiro e real sentido da vida.

Caminhamos neste mundo com os olhos vendados, cobertos por um espesso véu que nos

impede de enxergar não somente o que está fazendo o Grande Criador segundo o seu plano

eterno, bem como qual seja a nossa missão em relação àquilo que ele faz.

É o Criador por excelência pois tudo o que faz é

sempre bom e novo, conforme a sua própria natureza.

Por isso disse ao ter concluído a criação original

que tudo era muito bom, e quanto à nova criação que ainda se encontra em curso diz na sua

conclusão: “Eis que faço novas todas as coisas”.

Isto sucede porque é um restaurador e

reformador, ou seja, que gera nova vida e que traz tudo à sua forma original, conforme ele

havia planejado desde antes dos tempos eternos.

Assim, reconstrói sem usar o que é inerente ao

velho, pois a partir do que envelheceu ou se estragou, faz tudo novo.

Gera de uma velha criatura, uma nova criatura,

e não uma criatura reparada.

Quando enviou Neemias a Jerusalém, não foi

apenas para reconstruir um muro que havia sido destruído por Nabucodonozor, à forma de reparos da estrutura antiga, mas para fazer um

novo muro, e mais do que um muro, reconstruir a vida da própria nação de Israel que havia se

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corrompido com a idolatria antes da sua ida para o cativeiro.

Um novo Israel seria criado para recepcionar o

Messias prometido, que estava prestes a se manifestar ao mundo.

O vaso da visão dada a Jeremias não foi reparado pelo oleiro, mas inteiramente destruído para

que dele fosse feito um vaso novo.

Isto se aplicava à nação de Israel quando do seu retorno do cativeiro, como também a nós, em

relação à nova vida que recebemos por meio da fé em Jesus Cristo.

O velho homem está sendo despojado, e no seu

lugar Deus está construindo um novo homem, do qual nos tem revestido progressivamente.

Ele está trabalhando com um vinho novo e uma veste nova. E se houver algum remendo para ser

feito na veste nova, a rigor, não é um remendo, mas uma correção, um aperfeiçoamento em

maturidade da nova natureza que recebemos do alto.

Então, em meio a um mundo que foi arruinado

pelo pecado, Deus está produzindo a sua grande obra prima, ainda maior do que a primeira

criação dos seis dias, pois aqui está construindo um edifício espiritual eterno, com pedras vivas

e renovadas, a partir de um material velho e estragado pelo pecado.

Isto traz grande glória ao seu nome, e exalta o seu poder, e a nós dá o grande privilégio de sermos cooperadores desta nova criação,

entendendo que é este o grande objetivo da nossa vida, a saber, estarmos empenhados na

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nossa própria renovação e restauração, como na de muitos.

Esta foi a missão de Neemias em Jerusalém – não trabalhou apenas para si mesmo, mas para a

glória de Deus e do novo Israel que ele estava restaurando.

Agora, uma nota de destaque deve ser feita, pois se não houve qualquer resistência ou oposição

na criação original dos seis dias, ou pelo menos não somos informados disto, todavia, quanto à

nova criação que está ainda em curso, há muita oposição e resistência à mesma, especialmente

por parte dos espíritos das trevas. E nisto também Deus é glorificado e revela o seu

grande poder, pois dispôs todas as coisas para isto mesmo, de modo a revelar que nada poderá

impedir a conclusão perfeita e final da grande obra que ele está realizando pela nossa

associação com Jesus Cristo. A glória do Senhor encherá toda a Terra.

A sua lei será estabelecida de uma forma final e perfeita em todos os corações que o amam.

Serão criados um novo céu e uma nova terra nos quais habita somente a justiça.

Todas as demais coisas passarão, mas a nova criação não apenas não passará como será

estabelecida para todo o sempre.

Assim, temos muito para aprender com Neemias quanto à forma de liderar sem recuar

em face de quaisquer oposições ou perseguições que possamos sofrer; pois importa que seja cumprida a qualquer custo a missão de

sermos cooperadores de Deus na obra de restauração que ele está realizando no mundo.

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1 - Restaurando Vidas (Neemias 1)

Cristãos maduros e fiéis se sentem tal como

Neemias se sentia em Susã, onde se encontrava o palácio real persa, como podemos verificar

neste primeiro capítulo de seu livro, que estaremos comentando, pelo fato de o povo de

Deus em Judá encontrar-se em grande aflição e opróbrio, estando o muro de Jerusalém

derrubado e suas portas queimadas (Ne 1.3).

Não é incomum que se encontrem muitos

cristãos como que vendo suas Igrejas em grande ruína espiritual, com os muros da reverência e

temor devidos a Deus derrubados e queimados, e assim, se sentem em grande aflição e opróbrio,

por esta ruína espiritual ao seu redor.

Esta é uma condição para ser confessada, lamentada, e pela qual devemos jejuar e orar

permanentemente, tal como fizera Neemias, até que, pela graça divina, possamos ser os agentes

de transformação deste estado de coisas a que nos referimos.

Neemias não somente chorou e lamentou por alguns dias, como continuou a jejuar e a orar perante Deus, até que este respondesse as suas

orações, movendo-o às ações que deveria empreender.

Ele começou sua oração afirmando a majestade celestial de Deus, e o seu poder, que o tornam

inteiramente digno de ser temido.

Ele afirmou a fidelidade do Senhor em guardar a aliança que fez com o seu povo, e de usar de

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misericórdia para com aqueles que o amassem e guardassem os seus mandamentos (Ne 1.5).

Ele se sente um com o povo do Senhor de todas

as épocas, e por isso, ao confessar os pecados deles, confessou-os como se fossem o seu

próprio pecado, e suplicou para ser ouvido pelo Senhor, na intercessão que vinha fazendo dia e

noite (v. 6).

E definiu os pecados com que haviam procedido

perversamente contra o Senhor, como sendo a transgressão dos seus mandamentos, estatutos

e juízos que havia ordenado através de Moisés (v.7).

Neemias declarou que Deus foi justo em tê-los

espalhado pelas nações, por causa da sua transgressão, porque havia proferido este juízo

na sua Lei, (v. 8) mas apresentou argumentos, honrando a própria Palavra e promessa do

Senhor, pedindo-lhe que lembrasse que também havia dito que caso o povo se

convertesse a ele e guardasse os seus mandamentos e os cumprisse, ainda que

fossem rejeitados até a extremidade do céu, de lá os ajuntaria e tornaria a trazê-los para o lugar

que havia escolhido para ali fazer habitar o seu nome (v.9).

Ainda que em grande desolação e opróbrio, eram o povo do Senhor, que ele havia resgatado

do Egito, com mão poderosa (v. 10).

Finalmente, Neemias pediu a Deus, que ouvisse não somente a sua oração, como também a dos

seus demais servos que estavam orando, e que se deleitavam em temer o seu nome.

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Também pediu, especificamente, que lhe fizesse prosperar no seu projeto, dando-lhe

graça perante o rei persa, de quem era copeiro na ocasião (v.11).

Neemias conhecia o temor do Senhor e

demonstrou que possuía este temor na oração que fez.

O empreendimento para o qual pediu ao Senhor

que lhe fizesse prosperar, não estava relacionado aos seus próprios interesses, mas

aos do Senhor, que ele conhecia perfeitamente, porque sabia qual era o seu caráter, conforme

havia aprendido na sua Palavra.

Quando Neemias concluiu sua oração, chamou

o rei de “este homem”, porque quando estamos na presença do Senhor todos os grandes da terra

não passam aos olhos dele senão como meros homens limitados, imperfeitos, dependentes do seu favor e misericórdia.

Ele não o fizera por motivo de irreverência para com o rei, mas porque diante do Senhor o temor

que temos dos homens se dilui completamente, porque vemos que eles podem se tornar meros

instrumentos nas mãos do Deus todo poderoso, para a realização da sua soberana vontade.

Deste modo, a misericórdia que pediu a Deus,

que se achasse no rei em relação ao seu empreendimento, não era propriamente a

misericórdia do homem, mas a misericórdia de Deus, que moveria o rei a atender o pedido que

lhe faria.

Esta oração é muito didática, e nos revela que nada ocorre por acaso.

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Que obstáculos não são vencidos sem que nos esforcemos em lutar com o Senhor em oração.

Não pouca oração, e muito menos de pouca intensidade, mas através de oração incessante,

prevalecente e perseverante. A grande questão por detrás do choro, da

tristeza e do quebrantamento de Neemias e de todos quantos forem chamados efetivamente a

realizar alguma obra específica para Deus é que ele os quebrantará primeiro, antes de poder

usá-los. Cristo não usa carvalhos imponentes, mas

canas quebradas. Ele não esmagará estas canas quebradas, mas

tudo fará para convencê-las de que não são nenhum carvalho diante dele.

Estes que ele usa são pavios fumegantes, que quando vierem a ser acesos por ele, saberão

qual seria a sua real condição sem o trabalho de sua graça, capacitando-lhes para toda boa obra.

O próprio Salvador e Senhor deixou-se quebrar, para nos ensinar o modo como devemos andar

neste mundo. O Espírito Santo veio sobre ele na forma de uma

pomba, para demonstrar a humildade e mansidão que nos convém para andarmos com

Deus, e no testemunho da verdade ao nosso próximo.

Satanás arremete contra nós, procurando nos destruir, quando estamos enfraquecidos e

doloridos. Tal como Simeão e Levi deram sobre os

siquemitas, quando estavam abatidos em dores, pela circuncisão (Gên 34.25).

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Todavia, Cristo nos fortalece na nossa fraqueza, e habita com o quebrantado de coração (Is 61.1).

Não desprezemos, portanto, o trabalho de humilhação de nossas almas, pelo qual o Senhor

administra a nós a sua graça em maior medida. Sempre é deixado algo para que os cristãos

lutem, de modo que entendamos que necessitamos de Cristo, para que possamos

exalar o seu bom perfume. Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são

estes corações quebrados como canas, e estes pavios fumegantes que fazem as orações mais

preciosas diante de Deus, por causa da dependência dos gemidos inexprimíveis do

Espírito, através deles. Quão preciosas são para o Senhor as orações

que fazemos com um coração quebrantado! Assim, ao falarmos de pavio fumegante

devemos ter em conta que isto tem o propósito de nos lembrar que a menor fagulha da graça é

preciosa. Há uma bênção especial nesta pequena faísca.

Jesus não veio salvar justos e sãos, mas pecadores e enfermos.

Deus se agrada de que nos alegremos com os humildes começos.

Ele se agrada em usar grãos de mostarda e formar grandes arbustos a partir destas

pequenas sementes. Ele preferiu a pequena cidade de Belém Efrata, e

não Jerusalém, para nos trazer o Salvador. Ele não começou a Igreja com pessoas notáveis,

poderosas, nobres, importantes e nem mesmo com um grande número de seguidores.

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O seu método é primeiro provar fidelidade no pouco, para depois conduzir ao muito.

O seu ministério é restaurador e nos deu um exemplo disto na reconstrução dos muros e

portas de Jerusalém com Neemias. E muito mais do que muros e portas, ele está

interessado em restaurar vidas. E fará isto principalmente com paciência e amor.

Os pastores devem então, ser pessoas simples e humildes, seguindo o exemplo do Senhor deles,

e exporem a verdade de maneira clara, e nunca de forma obscura.

A verdade não teme algo tanto quanto o encobrimento, e não deseja algo tanto que seja

exposta clara e abertamente à visão de todos. Daí Jesus ter dito que tudo o que ensinou

reservadamente aos discípulos deveria ser proclamado de cima dos telhados.

Paulo era profundo, no entanto se tornou como ama acariciando seus filhos (I Tes 2.7), e se fez

fraco com os fracos (I Cor 9.22). Cristo desceu do céu e se esvaziou de sua

majestade, para se oferecer a nós, como oferta suave de amor. E não desceremos de nossas

elevadas vaidades para fazermos o bem a qualquer alma necessitada de salvação?

Devemos, portanto, nos guardar daquele espírito que em vez de exibir paciência,

longanimidade, mansidão e misericórdia aos homens, demonstra fúria, exaltação e ira

obstinada, ainda que em nome de fazer prevalecer a verdade.

Devemos lembrar que não podemos fazer prevalecer a verdade agindo contra a verdade.

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E devemos nos lembrar sempre que o fruto da justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a

paz interior dos nossos corações, enquanto ministramos.

No exercício da disciplina na Igreja devemos nos acautelar para não tentar matar uma mosca na

testa de alguém com um martelo. O poder que é dado à Igreja é para edificação e não para

destruição. O amor cobre uma multidão de transgressões.

Não foi exatamente isto que Deus fez conosco ao perdoar todos os nossos pecados, quando nos

salvou em Cristo? O Espírito Santo está contente em habitar em

almas fumegantes e ofensivas. Que nós pudéssemos reter algo desta mesma disposição

misericordiosa! A graça não reside em almas perfeitas neste

mundo. Lembremos sempre disto. Como nenhum cristão se encontra em estado de

perfeição absoluta deste outro lado do céu, então nós temos que nos exercitar sempre em

espírito de misericórdia, de perdão e mansidão. Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo

com os nossos sentimentos presentes, porque nas tentações nós veremos muita fumaça

desprendendo de pensamentos incorretos. Nós devemos nos precaver do falso raciocínio,

porque nosso fogo não é como o dos demais, ou então por parecer que não há qualquer fogo em

nós. As portas de Jerusalém estavam queimadas,

mas Deus providenciou para que fossem restauradas através de Neemias, de forma que

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erraram todos aqueles que pensavam que Jerusalém permaneceria sem portas para

sempre. Devemos lembrar que estamos na Aliança da

Graça, em que nem toda medida é como fogo pleno, pois há muita faísca, que deve ser

também vista como chama. Todos os cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe

1.1) por meio da qual obtiveram a perfeita justiça de Cristo.

Uma mão fraca pode pegar uma joia preciosa. Algumas uvas mostrarão que a planta é uma

videira e não um espinheiro. Uma coisa é ser deficiente na graça e outra coisa

não ter qualquer graça. Deus sabe que nós não temos nada de nós

mesmos, então na aliança da graça ele não requer nada além do que ele dá, e que sempre

nos dá o que ele requer. Se não pudermos trazer um cordeiro, então

permitirá que tragamos duas pombas e uma rola (Lev 12.8).

O evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a obediência de Cristo é estimada como

sendo a nossa (Rom 5.19).

A morte na panela da religião católico romana é que eles confundem as duas alianças (a da Lei e

a da Graça) e enfraquecem o conforto que há em Cristo, porque não podem distinguir que ele

mitiga em muito as nossas deficiências, em cumprir as exigências da Lei, apesar de não nos desobrigar do seu cumprimento, e de exigir de

nós uma justiça que exceda em muito a dos que se encontravam debaixo do antigo pacto.

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Muitos cristãos teriam sido destruídos se estivessem aliançados com Deus nas condições

da Antiga Aliança, por causa de pecados que cometem, mas em Cristo são corrigidos, e não

destruídos. Mas não são somente corrigidos, como também são consolados, depois que

acham lugar de arrependimento, em relação aos seus pecados, não pelo mérito do arrependimento, mas por causa dos méritos de

Cristo.

Temos que nos lembrar, que a graça é muitas vezes, pouco discernível a nós. O Espírito Santo por vezes opera em nós sem que percebamos a

sua ação, mas Cristo sabe.

Às vezes, na amargura da tentação, pensamos que Deus está se opondo a nós. Tal como a

sunamita estava cheia de amargura em seu espírito, quando procurou Eliseu, e assim, deixamos de ver que Deus está conosco em

nossas aflições. E uma alma preocupada é tal qual águas agitadas que não podem estar em

repouso.

Mas se é a alma de um verdadeiro cristão verá alguma faísca no meio de toda esta fumaça, e por esta pequena fagulha de graça será

renovado na sua esperança e permanecerá firme na sua fé e confiança, que pertence a

Deus, e que é a ele que cabe o pleno governo sobre a sua vida.

Uma pequena luz santa nos permitirá manter a Palavra de Cristo, e não negar o seu nome, como

sucede com a Igreja de Filadélfia citada em Apo 3.8.

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Onde este fogo da graça divina estiver, por menor que seja, sempre mostrará a diferença

que há entre o ouro e a escória. Fará separação entre carne e espírito, e nos levará a desejar a

santidade de Deus. Deus dispôs todas as coisas de modo que Jesus

receba toda a glória, e todo homem reconheça que sem ele nada pode fazer, e nada será quanto

ao propósito de Deus traçado para os eleitos. Toda a virtude que houver em qualquer cristão

terá procedido de Deus, de forma que se algum deles vem a apostatar da fé, deixando de andar

no Espírito, logo verá que as obras da carne prevalecerão completamente, porque todo o

bem que houver nele, no que tange a pensar e a agir, segundo Deus, não procede de sua própria

natureza, senão do Senhor Jesus. Por isto, todos os cristãos são ordenados a não se

gloriarem em si mesmos quando Deus está fazendo algo bom neles, ou através deles,

porque todos, sem exceção, são servos inúteis, pessoas que nada poderiam fazer de si mesmas,

se não tivessem sido renovadas e capacitadas pela graça de Deus.

Nossos desânimos não vêm da parte de Deus, porque ele entrou em aliança conosco, assim

como um pai, que se compadece dos seus filhos (Sl 103.13), e deste modo, nunca agiria no sentido

de desanimá-los. Nem vem de Cristo nossos desânimos porque

ele não apagará o pavio que fumega. Nem tampouco vêm do Espírito Santo, porque

ele nos ajuda nas nossas fraquezas, e é o Consolador.

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Não são nossos desânimos e fraquezas que podem quebrar nossa aliança com Deus, assim

como está bem tipificado no caso da nação de Israel que se encontrava assolada e em opróbrio

em Judá nos dias de Neemias.

A aliança que temos com o Senhor é de caráter matrimonial, e por isso ele nos assiste com sua

misericórdia em nossas fraquezas e não nos desamparará por causa delas.

Agora, consideremos o perigo que há naqueles

que lançam, eles próprios, água para apagar o pavio fumegante de suas vidas que o próprio

Cristo não apagaria.

Não é sem razão que o apóstolo nos alerta

quanto ao perigo de apagarmos o Espírito, com os nossos pecados deliberados.

A Igreja de Laodiceia está sempre pronta a ser

vomitada da boca do Senhor porque é morna. Ela tipifica bem, aqueles cristãos que vivem

perigosamente provocando sempre a ira de Deus, por um viver deliberado no pecado.

Se a graça é fortalecida no seu exercício, como poderão estar fortalecidos com graça aqueles

que a rejeitam e confiam nos seus próprios méritos e obras?

Como poderemos permanecer nesta graça se

não nos santificarmos?

Jesus nos convida a ter bom ânimo na aflição

porque, como ele próprio afirmou, jamais apagará o pavio fumegante, mas lembremos que vivendo deliberadamente no pecado, será

impossível ter este bom ânimo, que ele próprio nos concederia pela sua graça.

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Não confundamos fraqueza com prática deliberada do pecado, porque isto não é

fraqueza, mas rebelião e traição ao Filho de Deus, que morreu por nós, para não vivermos

mais praticando o pecado e procurando estar deliberadamente debaixo do seu domínio.

Há muitos inimigos a serem vencidos, a carne, o diabo e o mundo, e é importante estarmos

conscientes de nossa condição de canas quebradas e pavios fumegantes, para que nunca tenhamos a presunção de tentar vencer estes

inimigos na energia da carne, senão por nos fortalecermos na graça, que está em Cristo Jesus

e na força do seu poder.

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2 - Oração Espontânea Atendida (Neemias 2)

Cerca de quatro meses haviam passado, de

Chisleu - novembro (1.1) a Nisan - março (2.1), desde que Neemias havia começado a jejuar e a

orar, até que fizesse o pedido ao rei, que está registrado neste 2º capítulo do seu livro, que

estaremos comentando.

Ele não se aventuraria a fazer uma viagem para Judá no inverno, porque não seria uma ocasião

oportuna para empreender tal viagem.

De igual modo, temos que esperar o momento oportuno para agirmos, depois de termos

jejuado e orado.

Há invernos espirituais que nos impõem este

tempo de espera, se queremos ser bem-sucedidos em nossos projetos a serviço de Deus.

Além da direção e poder do Senhor, temos que

ter inteligência espiritual para discernir o movimento do mundo espiritual, para que não

tomemos decisões precipitadas, das quais não somente poderemos nos lamentar

posteriormente, como até mesmo vir a frustrar os projetos que Deus havia determinado realizar

através de nós.

Mas mesmo depois de ter muito jejuado e orado, o coração de Neemias se achava em grande

tristeza, por se encontrar assolada a cidade de Jerusalém.

E é desta forma que se acharão todos aqueles

que estiverem exilados, ainda que dentro de suas próprias igrejas, porque assim como a

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cidade de Jerusalém estava para os judeus na Antiga Aliança, a Igreja está para os cristãos na

Nova.

Quão profundas são as dores do exílio. Elas são indescritíveis e muito maiores do que qualquer

dor moral ou física, porque são produzidas pela impossibilidade de se adorar a Deus em espírito

e em verdade, na comunhão dos santos, por causa das condições prevalecentes na Igreja,

quando esta se encontra assolada e em ruínas, por ter sido pisada como sal que perdeu o sabor.

É muito mais difícil restaurar uma Igreja caída do que reconstruir os muros de Jerusalém. É

com muito maior fúria que Satanás e todo o inferno se opõem a esta restauração da Igreja,

do que a que experimentaram Esdras e Neemias em seus dias.

Primeiro, porque que a proposta de Deus para a

Igreja na dispensação da graça, para que possa andar conforme o seu agrado é muito maior do

que a que se exigia dos aliançados do antigo pacto, pois a justiça da Igreja de Cristo deve

exceder em muito a dos escribas e fariseus.

Entretanto, há muitas lições que podemos

aprender do exemplo de tudo o que Deus fez através de Neemias, para restaurar a vida

religiosa de Israel.

A primeira é a de que apesar de Neemias saber

que necessitaria do apoio do rei e de muitos homens, a sua confiança não estava depositada em nenhum deles, mas somente no Senhor, e

demonstrou isto reiteradas vezes, como se vê por exemplo no verso 5, quando não ousou

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declarar logo ao rei qual era o seu intento, quando este lhe indagou o que desejava dele.

Neemias fez uma oração rápida em espírito, entre a pergunta e a resposta que daria,

entregando certamente o caso nas mãos de Deus, e declarou logo em seguida o que

desejava, mas não sem antes, fazer a introdução em que usou as seguintes palavras: “se teu servo

tiver achado graça diante de ti”, como a que dizer que ele atenderia ao que pediria, caso Deus

tivesse movido o coração do rei para que achasse graça diante dele.

Isto é dependência real de Deus, tal como havia sido demonstrada anteriormente, por Davi em

seus dias, que não costumava tomar qualquer decisão sem que tivesse entregado antes o caso

nas mãos do Senhor.

Não podemos esquecer que Ester havia

conquistado totalmente o favor do rei da Pérsia, quando se casou com ele, e isto foi feito

estrategicamente por Deus não somente para livrar os israelitas do extermínio intentado por

Hamã, como também para que os judeus encontrassem o favor dos persas, na sua estada na Palestina, e nisto nós vemos como o rei foi

favorável, tanto nos dias de Esdras, quanto nos de Neemias, e muito disto foi obtido, sem

dúvida, pelo modo atencioso como os persas passaram a ver os judeus, por influência da

piedosa Ester, que havia assumido o trono, ao lado do rei da Pérsia.

Toda esta boa influência estava sendo produzida pelo próprio Senhor.

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Neemias pediu uma comissão para ir com ele, para reconstruir os muros de Jerusalém, e lá

permaneceria um certo tempo aprazado, conforme lhe havia pedido o rei, mas este prazo

foi prolongado, porque permaneceu em Jerusalém, cerca de doze anos (5.14).

Além desta comissão, pediu também uma

escolta (v.7), e um salvo conduto para que os governadores das províncias, não somente

permitissem que atravessasse as suas províncias respectivas, como também que o

provessem com o que fosse necessário, especialmente, madeira do Líbano, para o

trabalho que havia projetado.

Quando Neemias entregou as cartas do rei persa

aos governantes das províncias (v. 9), Sambalate e Tobias (que viriam a ser instrumentos de

Satanás, para se oporem a ele) ficaram sabendo da sua missão, e extremamente irados, pelo fato

de que alguém tivesse se levantado para procurar o bem dos israelitas (v. 10).

Depois que chegou a Jerusalém, Neemias não

declarou o que Deus havia colocado em seu coração (v. 12) a nenhum dos líderes de Israel,

por pelo menos três dias (v.11).

Homens em verdadeira missão divina, nunca

fazem alarde de sua autoridade, e da comissão que receberam da parte de Deus, porque sabem

que a obra não é propriamente deles, mas do Senhor (v. 16).

Antes de tomar qualquer decisão, Neemias fez

uma avaliação da extensão dos danos do muro de Jerusalém, que estava demolido, assim como

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suas portas, que haviam sido queimadas. E por motivo de prudência, fez isto à noite (v. 13).

Foi somente no momento oportuno, que

declarou aos judeus, especialmente aos sacerdotes, nobres e magistrados e a todos os

que faziam a obra de reconstrução do muro, qual era a obra, para a qual havia sido

encarregado por Deus, para fazer em Jerusalém.

Daqui, decorre um princípio muito importante, para todos os que têm uma chamada de Deus,

para a realização de uma obra específica: ela deve ser reconhecida e apoiada pelos demais

líderes que estiverem envolvidos nela.

Quando falta este reconhecimento e apoio, será

vão tentar nadar contra a correnteza.

Por isso Paulo não poderia prosseguir seu ministério juntamente com Barnabé, porque

passou a existir discordância entre ambos quanto à forma de condução da obra de

evangelização, para a qual haviam sido encarregados pela Igreja de Antioquia,

especialmente, por terem um entendimento diverso quanto à participação de João Marcos

em seus empreendimentos missionários.

Nenhum pastor será bem-sucedido em seu ministério, se não tiver o apoio da Igreja, e

especialmente dos seus auxiliares diretos.

Quando Neemias fez uma exposição quanto ao

modo como a boa mão do Senhor fora com ele, particularmente quanto à comissão que havia recebido do rei persa, os judeus se dispuseram a

cooperar com ele na obra que deveria ser realizada (v. 17,18).

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Mas quando Sambalate, Tobias e Gesem o souberam, começaram a zombar deles e a

desprezá-los infamando-lhes e acusando-lhes de estarem se rebelando contra o rei persa.

Não é de se admirar que o diabo sempre use o argumento de insurreição contra a autoridade

constituída, quando Deus levanta alguém para fazer a sua vontade.

A mesma autoridade que os verdadeiros rebeldes costumam transgredir, especialmente

a relativa à da própria Palavra de Deus, que eles não amam e obedecem, é a que eles costumam

invocar para tentarem desencorajar os servos fiéis de Deus a prosseguirem adiante na defesa

da verdade (v. 20). Satanás sempre projeta manter os cristãos e a

Igreja em estado de miséria espiritual, e tudo faz para tentar impedir o avanço de uma verdadeira

espiritualidade, que seja baseada no amor e na prática da verdade.

Ele tudo apoiará e não perturbará os cristãos, desde que se mantenham na sua carnalidade, e

não busquem santificar suas vidas na verdade da Palavra de Deus.

Se os cristãos deixarem os muros de suas vidas caídos, em total ruína, Satanás não se levantará

contra eles, mas ao menor movimento para tentarem reconstruí-los, ele logo se manifestará

apresentando todo tipo de oposição a eles.

Mas, em vez de deixarmos que ele nos intimide, devemos fazer como fizera Neemias, que respondeu o seguinte aos seus inimigos, em

face das suas acusações: “O Deus do céu é que nos fará prosperar; e nós, seus servos, nos

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levantaremos e edificaremos: mas vós não tendes parte, nem direito, nem memorial em

Jerusalém.” (v. 20)

Isto é o que deve estar sempre bem definido e fixado diante de nós: não podemos permitir que

nossos opositores, que são inimigos de Deus, se coloquem ao nosso lado na realização da obra

que ele nos encarregou para fazer.

Devemos ter uma firme confiança, somente nele, que assim como ele nos chamou, também

é poderoso para nos fazer prosperar no que nos tem ordenado.

Mas em vez de ficarmos esperando com os braços cruzados, devemos nos levantar e

edificar as pedras vivas do edifício espiritual que fomos chamados a construir como seus

cooperadores.

“Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus.” (I Cor

3.9).

É preciso ter muita prudência e inteligência

espiritual, quando estamos encarregados por Deus para uma obra específica, como teve

Neemias, para não darmos munição ao Inimigo, de modo que não leve vantagem sobre nós.

O diabo acompanha nossos passos e levanta

seus instrumentos para espreitar a liberdade que temos em Cristo, de maneira a barrar o

nosso progresso com infâmias, perseguições e acusações mentirosas.

Se ele não conseguir nos deter de um modo,

tentará outros meios para alcançar os seus objetivos, que não são dirigidos propriamente

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contra as nossas pessoas, mas contra a obra que Deus designou fazer através de nós.

Daí se recomendar aos cristãos, e

especialmente àqueles que estão à frente de algum trabalho do Senhor, que vigiem e orem

em todo o tempo, e que sejam perseverantes, a par de todas as perseguições que possam vir a

sofrer.

Mas alguém dirá: “E se a perseguição vier

exatamente da parte daqueles que foram levantados para liderarem a obra de Deus? O

que devem fazer os cristãos que se encontram debaixo da liderança deles?”

Primeiro, devem orar e jejuar para que saiam do

laço do Inimigo, com o qual foram encantados e amarrados.

Se as coisas persistirem por longo tempo e se agravarem a ponto de a Igreja se desviar

totalmente dos objetivos de Deus traçados para ela, notadamente o que se refere a andar na

prática da verdade, então é hora de começar a orar para receber direção do Senhor, para

congregar numa Igreja que não tenha apostatado da verdade.

D. M. Lloyd Jones, já em 1963 nos alertava sobre o que ocorreria se o movimento ecumênico

chegasse a desenvolver “a grande Igreja mundial”, porque a palavra “cisma” seria usada

contra todo aquele que se recusar a ser parte integrante desta organização gigantesca, que começava a ser costurada em seus dias, e que

tem tomado uma maior dimensão em nossos dias.

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Ele afirmava que devíamos ter clara percepção quanto a isso, e que deveríamos instruir o povo

a que servimos sobre esta importantíssima questão, porque cisma é um grande pecado,

uma coisa muito grave, da qual ninguém deveria fazer-se culpado, e por isso devemos

compreender com clareza o que é exatamente cisma.

Muitos cristãos que se encontram exilados em suas próprias Igrejas, seriam muito auxiliados

se lessem o tratado que John Owen escreveu sobre cisma.

Nós deixamos Neemias no capítulo anterior chorando e orando diante de Deus por causa da

miséria em que se encontrava o povo de Deus na Palestina. Mas ele não parou nisso, de modo que

nós o encontramos neste capítulo e nos demais, tomando medidas práticas para reparar as

coisas que necessitavam ser consertadas e edificadas.

Assim deve ser a vida do cristão. Ele não deve simplesmente interceder em favor de todas as

pessoas, e chorar pela miséria em que se encontra o mundo de trevas, mas deve se

esforçar de modo prático para ser um agente nas mãos de Deus, para a transformação

daqueles que têm sido chamados por ele, do mundo para a salvação em Cristo Jesus, bem

como para serem sal e luz num mundo que tende à putrefação e às trevas totais.

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3 - A Nobreza do Serviço Humilde (Neemias 3)

Nós deveríamos refletir sobre o motivo de

Deus, em sua sabedoria, de nos ter dado como revelação da sua vontade, conforme registrada

na Bíblia, no livro de Neemias, o fato e as circunstâncias que envolveram a reconstrução

dos muros e das portas da cidade de Jerusalém.

A revelação poderia ter passado por alto o

registro destas coisas, mas se não o fez, é porque Deus teve propósitos objetivos para a instrução

do seu povo, e especialmente da Igreja, com as lições que podemos e devemos retirar de tudo

isto.

Nós sabemos que os muros de Jerusalém tinham por função principal defender o povo, o

templo e tudo o que havia de precioso das portas para dentro daquela cidade.

Deus é quem nos defende dos ataques dos nossos inimigos, principalmente espirituais,

mas compete a nós construir, edificar os meios de defesa necessários, para a nossa proteção.

Por exemplo, sem oração e meditação diária da

Palavra como poderemos ter uma barreira ao redor de nós que impeça sermos atingidos pelos

ataques do Inimigo? Como guardaremos o nosso coração incontaminado pelo mal, se não

nos exercitarmos em santificação?

Do exemplo que temos na história dos empreendimentos de Neemias e do povo de

Judá juntamente com ele, nós podemos aprender também que mesmo durante a

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construção destas barreiras, que visam impedir a destruição de nossas graças, pelos nossos

muitos inimigos espirituais, que nós seremos atacados até mesmo no ato da construção

propriamente dita, isto é, nós não poderemos orar, meditar na Palavra e fazer tudo o mais que

nos é ordenado por Deus, sem que experimentemos alguma resistência destes três inimigos, a saber, a carne, o diabo e o mundo.

Mas todos aqueles que se empenharem em

edificarem suas vidas com estas barreiras protetoras das graças de Deus, de modo que não sejam furtadas ou destruídas, pelos muitos

inimigos que dão contra elas, serão honrados por Deus, pelo seu empenho em diligência, tal

como foram honrados aqueles que se levantaram para construírem debaixo da

direção de Neemias, por terem tido os seus nomes registrados na Palavra de Deus, para

memória e honra eternas, conforme vemos no 3º capítulo de Neemias, que estamos

comentando.

Nossas boas obras estão sendo registradas pelo

Senhor para a nossa honra, em livros que serão abertos quando estas obras forem julgadas.

Por isso, somos exortados a remir o tempo e a nos empenharmos o mais possível abundando

em boas obras, no período de nossa breve jornada terrena, porque há uma grande

recompensa prometida por Deus.

“9 E não nos cansemos de fazer o bem, porque a

seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.

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10 Então, enquanto temos oportunidade, façamos bem a todos, mas principalmente aos

domésticos da fé.” (Gál 6.9,10). Dizer e fazer são coisas completamente

diferentes. Muitos dizem que estão prontos para se

levantarem e fazerem a obra de Deus, mas se sentam e nada fazem, tal como o jovem da

parábola, que disse a seu pai que iria trabalhar no campo, e no entanto, não foi.

Este 3º capítulo de Neemias não fala de promessas que foram feitas por todos estes que

têm seus nomes aqui relacionados, mas se diz simplesmente que eles se levantaram,

edificaram e repararam. Há muitas coisas para serem feitas na obra de

Deus. Para serem feitas e não simplesmente comentadas.

Isto exige que nos levantemos, edifiquemos e reparemos o que precisa ser edificado e

reparado. Não se fala de nenhum desacordo entre os que

edificaram e repararam nos dias de Neemias. Deus era com eles, mas não se permitiram

serem divididos por ciúmes, disputas, discórdias e coisas semelhantes a estas, que

acabam por impedir que a obra do Senhor seja feita.

Esta obra é muito grande e exige que cada um faça fielmente a sua parte, porque tal como

aquele muro, a obra é uma só, e o trabalho de uma pessoa está interligado ao de outra.

O trabalho é realizado por indivíduos, mas não para um fim individual, porque é trabalho para

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Deus, e não para uma pessoa ou grupo de pessoas em particular.

Até o próprio sumo sacerdote, como se vê no

primeiro verso deste capitulo, participou do trabalho comum de reedificação do muro.

O risco que os demais trabalhadores correram ele também correu.

O elevado ofício de que estava encarregado não

configurava um privilégio para não participar de tarefas consideradas comuns e menores.

Deste modo, os ministros do evangelho devem dar o exemplo de também fazerem aquelas

tarefas que exigem de outros.

Este exemplo faltou nos tecoítas (v. 5), cujos nobres não se envolveram no serviço do Senhor,

de reconstrução do muro.

Isto ficou registrado para desonra deles, porque

de ninguém mais se diz o que foi dito destes nobres de Tecoa, que acabaram com isto

provando que não eram de fato pessoas nobres, porque é impossível que alguém o seja negando-

se a se humilhar para que a vontade de Deus seja feita.

Temos um maior exemplo de nobreza do que o

que nos deu o próprio Jesus, ao ter se esvaziado da glória celestial que tinha junto ao Pai, para

poder consumar a obra que realizou em nosso favor?

Ele não realizou seu ministério num castelo, mas junto ao povo, fazendo o bem a todos.

Não deveríamos nos dispor, pelo exemplo que

ele nos deixou, a arregaçar as nossas mangas e nos lançarmos efetivamente de coração e alma

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no propósito de nos gastar por amor ao Senhor e ao nosso próximo?

Neste trabalho para Deus, não conta qual seja a

nossa posição social, porque trabalharam na reedificação do muro com Neemias,

comerciantes, ourives, sacerdotes, governantes e até mesmo perfumistas (v. 7,8,32).

Em sua Providência, o Senhor poderia ter

planejado a construção conjunta de algo diferente de um muro, mas a simplicidade da

tarefa fala bem alto da natureza do serviço que prestamos para Cristo, que é de grande

simplicidade em sua natureza, tal como o muro que Neemias e os judeus reconstruíram.

Não afirmamos com isto necessária e propriamente que o trabalho de um ministro do

evangelho é o trabalho de um pedreiro, mas é seguramente um trabalho de edificação de almas, e exige muito empenho e diligência em

sua realização.

Até mesmo mulheres se alinharam com os

construtores nos dias de Neemias, conforme se vê no verso 12.

Paulo cita o nome de duas mulheres (Evódia e

Síntique), que trabalharam juntamente com ele no evangelho em Filipos (Fp 4.3), e várias

mulheres fizeram e têm feito história na seara do Senhor.

Alguns judeus edificaram o muro defronte de suas casas (v. 10, 23, 28, 29), e isto pode ter sido devido à impossibilidade de se afastarem de

seus afazeres, e nem por isso deixaram de se empenhar nos interesses de Deus e do seu povo.

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A obra do evangelho é primeiro para Deus, mas é também uma obra pública, isto é, para o bem

do povo do Senhor.

Os que trabalham não trabalham, portanto, para si mesmos ou para seus interesses particulares,

mas para o bem de outros, porque é nisto que consiste a obra de Deus.

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4 - Vigilância e Oração (Neemias 4)

A atitude de Sambalate, conforme se vê nos

versos 1 e 2, deste quarto capítulo de Neemais,

que estaremos comentando, é bem representativa de todos aqueles que odeiam a

Reforma, isto é, a restauração do povo de Deus, segundo a verdade revelada em sua Palavra.

Não importa de onde isto venha, se de dentro ou de fora da Igreja, se de cristãos ou de ímpios, se

de autoridades seculares ou até mesmo de ministros do evangelho infiéis, o grande fato é

que Satanás sempre achará seus instrumentos para se opor ao fortalecimento dos filhos de

Deus.

Israel era a nação eleita na antiga dispensação, e

foi levantada para ser luz no mundo, e por isso Satanás tudo faria para manter aquela lâmpada

apagada.

Porventura, deixaria de fazer o mesmo em relação à Igreja que é a luz do mundo?

Ele não fará tudo o que estiver ao seu alcance para pelo menos tornar esta luz opaca e obscura,

de maneira que mantendo os membros de cada Igreja debaixo de trevas espirituais, não apenas

entristecerá o Espírito Santo, como retardará a conversão de muitos, ou então manterá os que

se converterem, em fraqueza e ruína espiritual, pelo desconhecimento da verdade que liberta?

Vejam as palavras que Sambalate proferiu, e reflita se não são mais do que simplesmente

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palavras da carne e sangue, senão de principados e potestades:

“e falou na presença de seus irmãos e do exército de Samaria, dizendo: Que fazem estes

fracos judeus? Fortificar-se-ão? Oferecerão sacrifícios? Acabarão a obra num só dia?

Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?” (v.2)

E de igual teor, ainda que breves, mas não menos contundentes, foram as palavras

proferidas por Tobias, o amonita, contra os judeus:

“Ainda que edifiquem, vindo uma raposa derrubará o seu muro de pedra.”

Certamente, é este o pensamento que Satanás alimenta continuamente contra os cristãos, a

saber, que ainda que consigam edificar suas vidas na verdade, ele agirá como uma astuta

raposa para derrubar este muro espiritual que lograram edificar.

Satanás pouco se importa com o fato de o cristianismo se espalhar pelo mundo, desde que

seja uma forma caricata da verdade que há em Cristo, em razão da falta de santidade na vida

daqueles que alegam serem cristãos. Daí decorre a ordenança bíblica de vigilância e

oração contínuas, porque não temos que lutar contra carne e sangue, senão contra os

principados e potestades espirituais da maldade. E isto deve ser feito, conforme se vê

em Efésios 6, estando revestidos em todo o tempo, com toda a armadura de Deus.

Não há nada que dê mais prazer ao diabo do que desviar aqueles que Jesus comprou com seu

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sangue, para que fossem livres, serem desviados da verdade, porque sem conhecerem

a verdade em espírito, não podem desfrutar desta liberdade, que foi conquistada por tão alto

preço.

É possível que alguns dentre os judeus tenham

considerado Neemias um homem duro, inflexível, sem afeto natural por eles, porque

estava exigindo deles que se expusessem ao ataque de seus inimigos e a terem que se

empenhar em tão exaustiva tarefa.

Mas não é este o mesmo ataque que fazem os inimigos da Reforma e do evangelho aos

pastores fiéis ao seu ofício?

Eles julgam ser falta de amor e de apreço o

esforço de seus ministros em exigirem que vivam em santidade de vida.

Mas isto é falta de amor?

Antes não é a confirmação de um verdadeiro amor?

O fato de se esforçarem por ensinarem a sã

doutrina ao seu povo é motivo para serem julgados como seus inimigos?

Não é porventura isto o que o Deus de amor tem ordenado a eles?

Seria possível viver no amor de Deus sem a sã

doutrina?

E como amaremos com o amor de Deus se não

conhecemos os seus mandamentos?

Jesus definiu o amor como obediência aos seus mandamentos.

Não é portanto, justificável, o ataque que muitos fazem em nossos dias aos ministros fiéis, que

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são apegados à doutrina, e que a expõem fielmente ao seu povo.

Não admira que para a ordenação de presbíteros, Paulo tenha determinado dentre

muitos critérios os que vemos em Tito 1.9: “retendo firme a palavra fiel, que é conforme a

doutrina, para que seja poderoso, tanto para exortar na sã doutrina como para convencer os

contradizentes.”. São muitos os que se opõem a uma verdadeira

obra de Deus, e por isso se exige tais qualificações dos seus ministros.

E Neemias reunia estas qualidades porque era um homem de grande sabedoria, coragem e

devoção. Nós podemos ver neste capítulo o quanto ele

estava dotado do preparo e discernimento espiritual para a obra que realizou.

De igual modo, nenhum ministro do evangelho

será efetivo no trabalho que intentar realizar para Deus, se não estiver devidamente preparado.

Este é o segredo dos puritanos nos trezentos

anos que influenciaram não somente a Inglaterra, como muitas nações da terra, até os

dias de hoje, e convém lembrar que toda a grandeza dos EUA foi construída debaixo desta

influência, mas não nos referimos à grandeza material e financeira, que acabou por desviá-los

da verdadeira grandeza, que eles viveram em seus dias áureos, sendo o celeiro da verdade e de missionários para todas as partes do mundo,

com a ministração do verdadeiro evangelho, em quase todas as nações.

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A quase totalidade destes empreendimentos foi devida à rede preparada de pastores fiéis a Deus

e à sua Palavra, que o próprio Deus preparou através do espírito puritano, que consiste neste

amor à Palavra de Deus, muito maior do que o amor à própria vida e conforto.

Este preparo a que nos referimos não é o preparo de homens por meros homens, mas um

preparo que provém da parte de Deus, impulsionado, direcionado e construído pelo

próprio Espírito Santo, tal como se deu com os puritanos em seus dias.

Eles não eram meros expositores frios da Palavra, mas homens que andavam com Deus,

tal como Enoque, Noé, Daniel, Jó, Neemias, e tantos outros fizeram em seus dias.

Obviamente, Deus levanta instrumentos e agentes de grande influência neste preparo,

mas até mesmo estes instrumentos influenciadores estão debaixo do governo

soberano do Senhor, do qual dependem para a realização do ministério de preparar outros, tal

como fizeram Paulo e Timóteo na Igreja Primitiva:

“e o que de mim ouviste de muitas testemunhas, transmite-o a homens fiéis, que sejam idôneos

para também ensinarem os outros.” (II Tim 2.2). O que Paulo disse a Timóteo neste texto refere-

se muito mais do que ao ensino de meras palavras, senão ao preparo de pessoas idôneas

para pregarem a verdade do evangelho. Este preparo será sempre necessário, porque,

como vimos antes, são muitos os inimigos que se levantam contra a pregação e o ensino da

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Palavra, quer dentro ou fora da Igreja, porque Satanás não está preso ou impedido de agir quer

dentro ou fora dos limites da Igreja. Atos 20.27-31; I Pe 5.2-9 e Ef 6.11, entre outros

textos bíblicos, demonstram a necessidade tanto de os pastores estarem preparados,

quanto de vigiarem contra as astutas ciladas do diabo, que investirá sempre com grande fúria,

não propriamente contra pessoas, mas contra a verdade do evangelho, de forma a anular o

testemunho da Igreja na terra. Por isso, é necessário construir uma defesa qual

grande e intransponível muro que nos proteja de sermos privados da pregação e ensino da

verdade bíblica, por causa destas astutas investidas do Inimigo.

Devemos estar conscientes que não é principalmente contra nós que ele está

continuamente se opondo, mas ao próprio Filho de Deus, para que o seu nome não seja

glorificado na terra. A Igreja Primitiva demonstrou que estava

devidamente esclarecida quanto a esta verdade, e isto nós podemos inferir da oração que fizeram

quando Satanás estava conduzindo às prisões e matando a muitos deles:

“Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à uma, contra o

Senhor e contra o seu Ungido.” (At 4.26) Satanás usa governos, nações inteiras, para

tentar impedir o avanço do evangelho. Neemias não sofreu apenas a oposição de

pessoas isoladas, mas daqueles que exerciam governo entre os samaritanos.

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Isto ilustra a natureza do ataque que sofremos neste mundo: não é propriamente contra nós,

mas contra a causa de Jesus Cristo, que fomos chamados a proclamar e defender.

Para minar a nossa força, Satanás nos acusa com mentiras, tentando nos convencer que somos

um povo desprezível e fraco. Pessoas que estão fora do seu juízo e se

dedicando a um sonho impossível. Ele sopra a dúvida quanto ao caráter da missão

de pregar o evangelho em todo o mundo. Manda cruzarmos os braços porque ou isto já foi

feito ou outros estão fazendo melhor do que nós. Diz que estamos cometendo grande pecado,

porque estamos dividindo a Igreja com o nosso zelo e radicalismo.

Que estamos perdendo a nossa vida, que estamos deixando de desfrutar o que há de

melhor nela, por causa de nossa atitude deliberada de viver para Deus, pregando e

ensinando a sua Palavra. Ele tentará nos convencer a todo custo que há

muitas verdades. Que há muitas doutrinas.

E que cada um tem o direito de escolher a que melhor lhe convenha.

E ainda que o testemunho das Escrituras seja contrário a esta mentira diabólica, não é

incomum que muitos fiquem paralisados em seus esforços, por se deixarem persuadir por

estes argumentos do inferno. Os que promovem divisões no corpo de Cristo

não são os que se desviam dos que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina, mas

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exatamente estes que criam dissensões e escândalos contra a doutrina dos apóstolos.

A unidade que se viu no povo de Judá nos dias de

Neemias foi devida exatamente pelo firme convencimento deles de que a causa do

cativeiro de seus pais e deles em Babilônia, havia sido o fato de se desviarem da Palavra de

Deus, e agora eles estavam desejosos de reconstruírem a sua vida religiosa, e sabiam que

isto não poderia ser feito senão por uma obediência de todos à Palavra do Senhor.

Como poderá a Igreja ter unidade espiritual se

lhe faltar esta unidade de fé, que é fé na Palavra de Deus?

Fé, não em qualquer palavra proferida pelos pastores em suas Igrejas, não a palavra de

homens, não as doutrinas de demônios, mas aquela mesma boa e antiga verdade que havia sido pregada pelos apóstolos do Senhor.

Sem a firme convicção de que esta Palavra é inteiramente fiel e digna de ser defendida,

jamais perseveraremos na sua proclamação, porque são muitos os inimigos que se opõem a

isto.

Devemos estar convictos que a força e a segurança da Igreja serão a aflição e a vergonha

dos seus inimigos.

Em vez de nos abatermos com os ataques dos

nossos inimigos podemos usar isto, com o auxílio da graça do Senhor, para lutarmos ainda mais bravamente pela causa do evangelho,

sabendo que nossa missão não é apenas a de salvar almas do inferno, mas de edificá-las na

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verdade, de modo que Deus possa ser glorificado, conforme é da sua vontade.

Quando nossos inimigos nos atacarem e zombarem de nós, quanto à obra que estamos

fazendo para o Senhor, devemos fazer tal como Neemias, que orou ao Senhor com estas

palavras de guerra, tal como haviam feito os cristãos nos dias apostólicos, debaixo da

perseguição das autoridades de Israel, pois clamaram ao Senhor para que vindicasse a sua

santidade e poder e subjugasse a todos aqueles que estavam se opondo ao seu Ungido.

O evangelho é aroma de vida para vida nos que se salvam (por lhe darem boa acolhida), mas é

também cheiro de morte para morte nos que se perdem (por lhe resistirem e recusarem).

Não podemos esquecer disto enquanto estamos empenhados na sua proclamação.

A obra de Deus tem duas faces, a saber, salvação e juízo.

Não se pode esconder que aqueles que não creem no Filho de Deus já estão condenados, tal

qual o próprio Jesus pregou em seu ministério terreno.

É com firmeza e determinação que devem ser confrontados os Barjesus, Himeneus,

Alexandres e todos os que se levantam contra o conhecimento da verdade e do Filho de Deus,

estando nós, contudo, com paz, mansidão, longanimidade e bondade em nossos corações.

E ainda que não oremos propriamente com as mesmas palavras de Neemias, que são

inteiramente justificadas na Antiga Dispensação do olho por olho, dente por dente,

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nós temos muito que aprender do vigor e firmeza com que devemos resistir ao diabo e a

todos os instrumentos que ele usa para tentar impedir o avanço do evangelho.

Não amaldiçoaremos os que nos amaldiçoam, não deixaremos de orar pelos nossos

perseguidores, não deixaremos de amar os nossos inimigos, mas não permitiremos que

eles nos façam decair da nossa firmeza em Cristo.

Não deixaremos de lutar com as armas espirituais da verdade contra tudo o que se

levanta contra o conhecimento de Deus. Não podemos confundir a longanimidade que

nos é ordenada para com todos (I Tes 5.14), com falta de convicção, e tibieza de vontade.

Nós devemos ser firmes na defesa da verdade tal como o próprio Deus nos ordena:

“Desde os dias de João Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se

apoderam dele.” (Mt 11.12) Como disse Thomas Watson: “A terra será

herdada pelos mansos (Mt 5.5); mas o céu, pelos que batalham. A vida cristã é semelhante à vida

militar. Cristo é nosso Capitão; o evangelho, nossa bandeira; as graças do Espírito, nossa

artilharia espiritual. E o céu somente pode ser conquistado por meio da força. Ninguém vai ao

céu, exceto os que batalham por ele.”

Deste modo, quando debaixo de grandes oposições e perseguições, por causa da verdade que defendemos, devemos nos guardar da

tentação de entrar em debates e controvérsias inúteis, e muito mais de abrigarmos ira, rancor

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ou qualquer outro sentimento negativo em nossos corações, contra aqueles que nos

perseguem, porque nos é ordenado orar por eles, e vencermos o mal com o bem.

Estas cruzes nos estão impostas e devemos carregá-las com paciência e gratidão a Deus em

nossos corações, por permitir que soframos por amor a ele, de modo que através destas aflições,

nos ensine em que consiste a perseverança cristã e o amor perdoador que está no seu

próprio coração, e que nos foi revelado em Cristo. Nossos inimigos nos atacam por todos os lados, e por isso devemos também montar guardar

contra eles em todos os lados; mas lembremos que Neemias orou primeiro a Deus, antes de

tomar qualquer providência. Esta é a ordem correta. Não devemos agir e depois orar pedindo

que Deus abençoe as nossas ações e os nossos projetos.

Oração e vigilância devem sempre caminhar juntos.

Se nós orarmos sem vigilância nos tornamos indolentes e tentamos a Deus; e se vigiamos sem

orar, ficamos orgulhosos e fracos, e de alguma maneira viremos a perder a proteção de Deus.

Sabendo que o Inimigo anda em derredor,

buscando a quem possa tragar, isto é, que estiver com suas defesas vulneráveis, pela falta

de vigilância, o melhor antídoto contra os seus ataques é permanecermos firmes em nossas posições, de forma que não encontre brechas

para nos atacar, por observar o quanto estamos ligados ao Senhor, de modo que todo ataque que

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desferir contra nós, será para o próprio dano e prejuízo dele, e não propriamente nosso.

Por isso, Neemias dispôs o povo armado de espadas, arcos e lanças em posições estratégicas

do muro, e especialmente naquelas em que o muro ainda se encontrava aberto (v. 13).

E uma vez tendo feito isto, não convocou o povo a confiar na própria força deles ou na sua sábia

direção, senão totalmente no Senhor, grande e terrível, enquanto pelejassem contra os seus

inimigos (v.14). Os inimigos de Neemias, quando viram que o

conselho deles havia sido dissipado, porque os judeus foram avisados pela providência de

Deus, com a devida antecedência, desistiram de atacá-los, e assim a obra de reconstrução pôde

ter prosseguimento (v. 15). Neemias fez bem em lembrar aos judeus que

não deviam temer os seus inimigos, mas ao Deus grande e terrível, porque aqueles que

temem a Deus, não temem o que lhes possa fazer o homem.

É importante também aprendermos do exemplo deixado por Neemias, que não é pelo fato de não

estarmos sendo atacados por nossos inimigos espirituais, que vamos relaxar na nossa

vigilância, prudência e defesa. Ele não permitiu que a vigilância cessasse até

que a obra fosse completada, e certamente esta prosseguiu, mesmo depois da reconstrução do

muro ter sido concluída. Nunca devemos deixar de vigiar por um só

instante, porque o Inimigo tomará vantagem sobre nós, se o fizermos.

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Não devemos jamais deixar de estarmos revestidos com toda a armadura de Deus, de

todas as armas espirituais, quer de ataque, quer de defesa.

O combate da fé em que estamos envolvidos é

permanente, e demanda tal cuidado da nossa parte.

Relaxar na defesa implicará em ser

enfraquecido na fé.

Enquanto realizamos as nossas tarefas de paz,

seja estudando, trabalhando, ou o que for, lembremos sempre que estamos em estado

permanente de guerra contra as forças espirituais da maldade, de modo que ao lado da

ferramenta que edifica, esteja a espada do Espírito e o escudo da fé.

Neemias teve também o cuidado de manter ao

seu lado um trompetista, de forma a convocar o povo para onde fosse necessário, para que se

juntando como um só homem, pudessem fazer face a possíveis ataques de seus inimigos, uma

vez que estavam bem distanciados uns dos outros, no trabalho que faziam no extenso muro

que circundava a cidade de Jerusalém.

Neemias supervisionava a obra com intensa vigilância, de forma a garantir não apenas a sua

defesa, como também o seu prosseguimento, e de igual modo devem fazer todos os que estão

encarregados de pastorear o rebanho do Senhor.

Eles devem ser diligentes em garantir que tudo

seja feito na Igreja, conforme nos tem sido ordenado por Deus.

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Nunca devemos negociar a verdade pela falsa unidade e falsa paz. Afinal qual é a comunhão

que pode existir entre luz e trevas? Entre o a verdade e a falsidade?

Como podemos dar a destra de companhia àqueles que negam a verdade?

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5 - Bons Líderes Têm o Temor de Deus (Neemias 5)

No décimo quinto versículo deste 5º capítulo

de Neemias, este apresenta um contraste entre ele e os governantes, que haviam governado os

judeus antes dele.

Tudo o que nós vemos de práticas injustas neste

capitulo foi decorrente principalmente do mau governo daqueles homens infiéis.

Um mau líder poderá levar todo um povo a se perder.

A estes maus líderes bem se aplica a

condenação do apóstolo Tiago que lemos em Tg 2.1-9.

Tal como Davi, que havia governado no temor de Deus (II Sm 23.3), Neemias declarou o motivo

porque não havia governado como os demais governantes, que haviam procedido

injustamente antes dele, no verso 15 deste capítulo:

“Porém eu assim não fiz, por causa do temor de

Deus.” (v. 15)

Veja que é o mesmo motivo que havia sido

declarado anteriormente por Davi.

Então o que podemos concluir disso quanto a um governo justo da parte dos pastores sobre

suas respectivas Igrejas?

Que eles devem ter o verdadeiro temor de Deus

para que possam presidir com justiça.

Quando qualquer pastor ou líder perde este temor, o que se pode esperar então deles?

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A resposta não é mais do que óbvia, por melhores que sejam as suas intenções?

Afinal, não é com boas intenções que se vence

as obras da carne, mas por um verdadeiro andar no Espírito, mediante o temor devido ao Senhor.

Quando colocamos Deus diante dos nossos pensamentos, dos nossos olhos, dos nossos

julgamentos, então nós pesamos as nossas decisões e palavras.

Todavia, quando isto falta podemos agir por

impulsos carnais, movidos por orgulho, cobiça, inveja, ciúme ou qualquer outra obra da carne.

Se deixarmos de andar humildemente com o

Senhor, como poderemos ser achados agindo como um Moisés, um Noé, um Daniel, um

Paulo, um Pedro, e outros líderes, que agiram segundo o coração de Deus?

É digno de nota, neste capitulo de Neemias, que Deus trouxe um juízo de carência sobre a terra

de Judá, que em vez de produzir arrependimento no povo, e principalmente, nos

magistrados de Israel, quanto aos seus pecados, ensejou a exploração dos pobres pelos

abastados, cujas terras tomaram para si, e de quem fizeram também escravos e a quem

emprestaram dinheiro a juros, contrariando a proibição da Lei de Moisés relativa a tais

práticas.

A Lei permitia a venda de propriedades (Lev. 25. 14-16), mas essa venda não podia ser

permanente (v. 10, 13).

No entanto, os ricos tinham transgredido a Lei, porque tinham o dever de socorrer a seus

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irmãos mais pobres em tempos de dificuldades econômicas, mas não de oprimi-los (v. 14, 17).

Neemias, seus parentes próximos e seus seguidores tinham ajudado aos pobres até onde

tinham podido (Ne 5.10, 15). Mas os ricos tinham enriquecido ainda mais às expensas de seus

compatriotas. Deus havia trazido os judeus do cativeiro em

Babilônia para que fossem agora escravizados pelos seus próprios compatriotas, sendo

trazidos novamente debaixo de escravidão? (Gál 5.1; I Cor 7.23).

E o que fez Neemias? Ficou somente orando?

Fez vistas grossas para o problema esperando que eles se resolvessem entre si?

Não. Ele exigiu restituição e eliminação da prática da exploração sob a ameaça de pena de

ser despojado de sua casa e de seus bens, todo aquele que se recusasse a se submeter à ordem

que havia sido dada, em comum acordo com os sacerdotes e o povo (v. 12,13). Assim, as consequências danosas trazidas pela escassez de recursos, cooperou para o

arrependimento do pecado e o retorno à prática da justiça em Judá, porque havia um governante

temente a Deus sobre eles, na pessoa de Neemias.

Mas quanto aos maus governantes, deve ser dito que nada expõe mais a religião ao escárnio dos

seus inimigos do que o mundanismo e o endurecimento de coração dos seus líderes.

O mau exemplo dos líderes faz com que muitos descaiam de sua firmeza na fé, nem tanto pelo

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mau exemplo que conseguem observar neles, mas por não serem suas vidas e prática

exemplares para o rebanho, de modo que possam aprender a maneira pela qual convém

andar na casa de Deus. Nos versos 14 a 19 Neemias fala da sua

generosidade para com o povo nos 12 anos do seu governo. Ele destaca que não cobrou

impostos para a sua provisão e dos que governavam com ele.

Como ele possuía o temor de Deus, por isso não oprimiu o povo, e não lhes fez qualquer coisa

cruel ou injusta. E não fizera isto para receber o louvor ou a aprovação dos homens, mas por

dever de consciência, por causa do temor do Senhor.

ele havia se compadecido no exílio da assolação e aflição dos judeus na sua própria terra, e não

seria agora como governador que deixaria de estar compadecido deles.

Ele era sensível o suficiente para perceber o grande sofrimento do povo e não ousaria

aumentar o fardo deles. Ao contrário, tudo faria para minorar a sua ruína.

Neemias não procurou a recompensa dos homens, senão somente do Senhor, e isto ele

expressou na curta oração que fez no verso 19: “Lembra-te de mim para meu bem, ó meu Deus,

e de tudo quanto tenho feito em prol deste povo.”

Ele não se dirigiu deste modo a Deus em oração porque pensasse ter qualquer merecimento

diante de Deus, como se o Senhor tivesse uma dívida para com ele, mas para mostrar que não

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estava buscando qualquer recompensa dos homens pela sua generosidade, ou para

recompor o que ele havia gasto para honrá-lo, porque considerava o favor de Deus a maior e

melhor recompensa que poderia ter.

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6 - Traições na Própria Casa (Neemias 6)

Os governantes que estiveram em Judá, antes

de Neemias, nos quase sessenta anos depois de Zorobabel, nada haviam feito para tirar o povo

de Deus do estado de assolação e aflição em que se encontrava.

Quando Deus dispôs o coração de Neemias para fazer o que nenhum deles havia feito, como é

comum ocorrer toda vez que alguém é levantado por ele para o bem do seu povo,

Satanás também se levanta imediatamente, e move todos os instrumentos que estiver ao seu

alcance para se lhe opor.

O diabo estava usando a estratégia de tentar intimidar Neemias, sob a falsa acusação de que

queria constituir rei a si mesmo, para rebelar-se contra a Pérsia, conforme vemos neste 6º

capítulo de Neemias, que estaremos comentando.

Ele fez isto com Neemias, através dos governadores Sambalate, Tobias e Gesem (v. 1),

quando souberam que Neemias já havia reconstruído o muro.

A obra que Deus lhe designara já havia sido

concluída, mas o diabo continuaria com os seus ataques, para matar Neemias e assim trazer

grande intranquilidade aos judeus.

Dissimuladamente, Sambalate e Gesem convidaram Neemias, por cinco vezes

consecutivas, para que viesse lhes fazer uma visita de cortesia, mas Neemias discerniu que

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intentavam lhe fazer mal (v.2), e se limitou a lhes responder que não poderia abandonar os seus

afazeres (v. 3).

Como receberam a mesma resposta de Neemias, por quatro vezes; na quinta, Sambalate

lhe enviou um mensageiro com uma carta lhe infamando, e lhe acusando de que queria se

revoltar fazendo-se rei dos judeus, e que para tanto havia constituído profetas em Jerusalém

para proclamá-lo rei (v. 7).

Neemias se limitou a lhe responder que estava

mentindo, e dizendo coisas que havia inventado (v. 8).

E como viu que apertavam contra ele com

insinuações satânicas, para atemorizá-lo, também orou a Deus que fortalecesse as suas

mãos para prosseguir na realização da obra, para a qual havia sido comissionado (v. 9).

Não tendo conseguido intimidar Neemias por esta maneira, avançaram com suas estratégias

por inspiração diabólica, subornando um profeta chamado Semaías, que estando com

Neemias em sua casa, o convidou a ser refugiar com ele no interior do templo de Jerusalém,

porque soube que havia um plano para matá-lo naquela noite.

Pela natureza da mensagem propriamente dita, Neemias concluiu, segundo o conhecimento

que possuía da Lei de Moisés, que a profecia era falsa, e que o profeta havia permitido ser subornado pelos inimigos de Deus, a saber, por

Sambalate e Tobias, para fazer a vontade do diabo (v.10-12).

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O propósito deste ataque através de Semaías foi discernido por Neemias, que afirmou que eles

lhe haviam subornado para atemorizá-lo, e que agindo por medo e precipitadamente, entrando

na área sagrada do templo, o seu nome seria infamado e vituperado (v. 13).

Mas qual seria o ganho do Inimigo com isto? Total, porque ele seria acusado de não respeitar

a Lei de Moisés e de não ter o temor do Senhor, e assim tudo o que ele vinha fazendo em Judá

seria desacreditado. Não foi somente o profeta Semaías que se

deixou corromper, como também uma profetisa de nome Noadis e outros profetas, que

debandaram para o lado de Tobias e Sambalate (v. 13,14).

Todavia, a par de toda oposição que Neemias havia sofrido, concluiu a obra de reconstrução

do muro em apenas 52 dias, o que fez com que todos os povos inimigos viessem a temer e a se

abater, porque viram que a mão miraculosa do Senhor estivera naquilo (v. 15,16).

A recompensa que Neemias teve é a mesma que têm todos os que perseveram e permanecem

firmes na fé, no cumprimento da visão que Deus lhes deu, em meio a todo o tipo de oposição do

inferno que possam vir a sofrer.

E para finalizar, quanto a esta não incrível nem surpreendente coincidência que há entre a

oposição que Neemias sofreu e a que sofrem todos aqueles que estão fazendo efetivamente uma obra debaixo de comissão divina, porque

será sempre esta a regra e nunca a exceção, nós vemos nos versos 17 a 19, que os próprios nobres

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judeus, que estavam cooperando com Neemias no governo, simulavam diante dele que havia

bondade em Tobias, porque estava aparentado com os judeus, por ter casado com a filha do

sacerdote Secanias, e o filho de Tobias também havia se casado com uma judia (v. 18).

O argumento do laço familiar e de amizade estava sendo invocado para sobrepujar o laço da

verdade e da manutenção da obediência à vontade de Deus.

Neemias não se deixou persuadir pelo argumento deles porque bem sabia o que é a

natureza humana, que sempre considera as coisas segundo os homens e nunca segundo

Deus. O próprio Pedro foi repreendido por Jesus

quando permitiu que Satanás o influenciasse, como vemos em Mt 16.23.

Deste modo, não foram poucas as cartas que os nobres de Judá enviaram a Tobias, e este enviou

muitas cartas a eles. Contudo quais eram as “boas ações” de Tobias

às quais Neemias se referiu ironicamente no verso 19?

O nome Tobias significa Bondade de Jeová. Por isso Neemias usou de uma ironia usando o

próprio nome dele, porque qual é a bondade que pode haver nas palavras, quando o intento do

coração é o de nos intimidar e atemorizar, tal como se dava no caso de Tobias em relação a

Neemias? (v. 19). Não importa, pois, quão doces sejam as palavras

de elogio que nos dirigem, se isto tem por alvo encobrir a verdadeira intenção do coração de

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quem as profere de não somente nos ferir, e dissimular a ferida, mas sobretudo, infamar o

nosso bom nome, de modo que a obra que Deus intentava fazer através de nós venha a ser

prejudicada por conseguirem nossos inimigos nos infamarem e desacreditarem diante das

pessoas, levando-as a crer que somos traidores, pessoas desleais e rebeldes.

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7 - Restauração da Cidadania Judaica (Neemias 7)

Depois de ter concluído a restauração do

muro, Neemias organizou e restaurou o serviço de adoração com a designação de porteiros,

cantores e levitas conforme vemos no 7º capítulo do seu livro (v.1).

E por prefeitos da cidade de Jerusalém nomeou

seu irmão Hanâni, e um outro Hananias de quem declarou ser homem fiel e temente a

Deus, mais do que muitos (v.2).

Homens piedosos têm o cuidado de nomear líderes também piedosos, para conduzir o povo

do Senhor.

Este mesmo critério foi observado pelos

apóstolos (II Tim 2.2; I Tim 3.1-13; At 6.3).

De homens que são designados para cargos seculares exige-se honestidade, mas isto não é

suficiente para quem é designado para o serviço de Deus, pois importa que seja santo e

irrepreensível.

A Igreja sempre demandou ser dirigida por uma rede de pastores preparados, homens segundo

o coração de Deus, que apascentem o seu rebanho, com conhecimento e com inteligência

(Jer 3.15).

Porque se o Senhor não estiver efetivamente no comando da vida destes pastores, de que adiantará vigiarem a cidade espiritual de suas

vidas e dos que estão debaixo do seu governo, se o Senhor não guardá-la?

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Não serão sentinelas inúteis já que o Senhor não é com eles?

Daí o conselho dado a Josué para meditar na Palavra dia e noite, para que prosperasse nos

projetos de Deus, designados para o seu povo.

Esta regra não mudou para os ministros do evangelho.

Se a palavra do Senhor não habitar ricamente neles, de quem eles serão representantes?

De si mesmos?

De suas ideias pessoais e particulares?

A citação do verso 4: “Ora, a cidade era larga e grande, mas o povo dentro dela era pouco, e

ainda as casas não estavam edificadas” não significa que não houvesse nenhuma casa em

Jerusalém.

Significa que, em proporção com o tamanho da

cidade, tinham sido reconstruídas, comparativamente, poucas casas e ainda havia

muito espaço desocupado, no qual podia se construir.

Quando Neemias chegou a Jerusalém,

encontrou o templo restaurado, mas a maior parte da cidade ainda estava em ruínas.

O novo Estado era basicamente um país agrícola e tinha prosseguido sem uma verdadeira

capital.

Agora a cidade tinha muros e era um lugar seguro para residir e apropriado para ser capital

do país.

O problema que enfrentava Neemias era duplo:

induzir o povo a viver na cidade e lhe proporcionar ali moradias.

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Para povoar a cidade, Deus pôs no coração de Neemias que fizesse um censo, para conhecer a

população da cidade e do campo.

E ele deu o primeiro passo neste sentido consultando o livro de genealogias dos que

haviam subido com Zorobabel, cujo registro se encontra nos versos 6 a 73, que corresponde à

relação registrada em Esdras 2.1-70.

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8 - Restauração da Vida Religiosa dos Judeus (Neemias 8)

Nós vemos no oitavo capítulo de Neemias, o

solene ajuntamento dos israelitas no primeiro dia do mês sétimo (o de Tisri), no templo em

Jerusalém (v. 2), o qual era ordenado pela Lei de Moisés, conforme se vê em Lev 23.24,25.

No décimo dia deste mesmo sétimo mês estava

ordenado pela Lei o dia da expiação, no qual o sumo sacerdote oferecia sacrifícios pelos

pecados do povo, para cobertura destes pecados, por mais um ano.

Em hebraico o nome desse dia é Yom Kippur, e hoje é chamado de Dia do Perdão, como se lê em

Lev 23.27.

A Festa dos Tabernáculos começava no 15º dia

deste mesmo sétimo mês, e durava uma semana, conforme vemos em Lev 23.34-36; 39-

43.

As festas fixas religiosas de Israel (Sábado,

Páscoa, Primícias, Pentecostes e Tabernáculos) eram anúncios proféticos das coisas que se

realizariam por meio de Cristo, especialmente em relação à Igreja, e por isso eram designadas

como santas convocações (v.2).

Elas apontavam para a reunião de Cristo com o

seu povo.

O sábado (v. 3) representava o descanso dos

cristãos no seu Deus. E profeticamente sinalizava para aquele grande dia em que o

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Senhor descansará do trabalho da nova criação, que está realizando por meio de Cristo, e

especialmente pela conversão dos pecadores, para habitarem com ele num descanso que

adentrará a eternidade.

Como veremos adiante, é interessante observar que há uma conexão entre todas estas festas

instituídas pelo Senhor.

A festa das primícias, em que deveriam ser

apresentados no tabernáculo um molho da primeira colheita de trigo feita na terra de

Canaã (Êx 34.22). E esta primeira colheita deveria ser consagrada ao Senhor para que os

israelitas fossem aceitos por ele.

Evidentemente isto aponta em figura para Cristo, porque ele é a primícia da nova criação, e

particularmente do povo de Deus.

Sem que ele se oferecesse ao Pai como

representante de toda a colheita, ninguém poderia ser aceito como filho de Deus. E é

importante frisar que esta oferta deveria ser feita num domingo (v. 12), que foi o dia em que

Jesus ressuscitou como sinal da aceitação pelo Pai da sua obra de redenção dos pecadores (I Cor

15.20, 23).

Evidentemente, este primeiro fruto da terra de

Canaã seria apresentado no ano em que os israelitas entrassem na terra e a cultivassem, e

isto aponta também de modo muito específico para o sacrifício de Jesus, que seria uma única oferta, feita num determinado dia, e que

determinaria para sempre a aceitação do seu povo pelo Pai (Hb 9.28; 10.14).

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Mas, para representar a primeira colheita que seria feita pelo Espírito Santo, que seria

derramado no dia de Pentecostes, iniciando a sua obra de salvação dos pecadores em todo o

mundo, a partir daquele primeiro domingo em Jerusalém, quando veio revestir de poder os

primeiros discípulos, para começarem a ganhar pessoas em todo o mundo para Cristo a partir deles e daquele dia, foi designada a festa de

Pentecostes, que caía sempre num domingo (Lev 23.15-21), que tinha o nome de festa das

semanas (Êx 34.22; Dt 16.10; II Cr 8.13) ou da sega dos primeiros frutos (Êx 23.16).

A celebração do Pentecostes seria feita

cinquenta dias após a Páscoa. Contando-se sete semanas a partir do domingo em que havia sido

oferecida a oferta das primícias. O Pentecostes caía então também num domingo e deveria ser

celebrado todos os anos num domingo, contado a partir do de Páscoa. Em Lev 23.24,25 é ordenado que no primeiro dia do sétimo mês deveria ser feita uma solene

convocação da nação com sonidos de trombeta, e nenhuma obra deveria ser feita neste dia, ou

seja, ele seria um feriado nacional, pela importância da expiação que se faria naquele

mês no décimo dia, e a festa dos tabernáculos a partir do décimo quinto dia, que seria celebrada

durante sete dias. E é a obediência a estas ordenanças da Lei que

nós temos relatado aqui no livro de Neemias. Foi feita uma exposição da Lei por Esdras e pelos

levitas relacionados neste capítulo de Neemias (v.7), desde a aurora até o meio dia do primeiro

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dia da festa dos tabernáculos (v.3) e é dito que a leitura foi feita em forma de exposição da

Palavra, isto é, como uma pregação em que o sentido da Lei era explicado ao povo, de maneira

que a pudessem entender (v. 8, 12).

Deus havia dado habilidade e autoridade a Esdras para expor as Escrituras, e o povo não

somente reconheceu esta habilidade e autoridade, como também lhe deram a

oportunidade de ler para eles o livro da Lei durante os sete dias da festa dos tabernáculos (v. 18).

Esdras era escriba e sacerdote, mas a sua autoridade não decorria meramente destes

ofícios, mas da sua comunhão com Deus que era resultante, por sua vez, da sua aplicação em meditar, honrar e praticar a Palavra.

Quando foi feita a exposição da Palavra por Esdras, o povo começou a chorar, porque a Lei mostra aos homens os seus pecados, a sua

miséria e o perigo a que estão expostos, por causa do pecado, e há maldições contra todos os

que não cumprirem tudo o que a Lei ordena.

Então eles choraram ao pensarem no quanto tinham ofendido a Deus, pela transgressão

voluntária da sua Lei, e por se verem culpados diante dele.

Mas, a própria Lei ordenava que na festa das trombetas do primeiro dia do sétimo mês, e durante todos os dias da festa dos tabernáculos,

houvesse somente alegria e não tristeza perante o Senhor.

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Por isso Esdras, Neemias e os levitas que estavam com eles exortaram o povo a se alegrar

em vez de chorar de tristeza. No segundo dia do mês sétimo, que não era um

dia sagrado, as pessoas procuraram Esdras para continuarem meditando na Lei com ele, e

revelaram o seu desejo de celebrarem a festa dos tabernáculos, porque viram que ela era

exigida pela Lei. Eles demonstraram desta forma que não

somente tinham ouvido a Lei, mas que estavam dispostos a honrarem ao Senhor mediante

cumprimento da sua Palavra. Desta forma, este capitulo e os seguintes do livro

de Neemias nos ensinam que depois de enfrentarmos duras oposições para estabelecer

a obra específica que Deus tenha colocado em nossas mãos, haverá um período de paz para

adorarmos o seu nome com grande comunhão e alegria, porque o próprio Senhor ordenará

esta alegria e paz a nosso respeito, conforme está ilustrado na Lei relativamente à festa dos

tabernáculos. A nossa festa dos tabernáculos que adentrará

pela eternidade, em que teremos somente pura alegria juntamente com o Filho de Deus, nas

muitas moradas que ele nos preparou, se apressa a chegar e não falhará.

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9 - Voto de Fidelidade ao Senhor (Neemias 9)

Depois de terem concluído todas as

ordenanças da Lei relativas às festividades do sétimo mês, os israelitas separaram o 24º dia

daquele mês, para jejuarem e se vestirem de sacos e com terra sobre suas cabeças, para

demonstrarem a sua pública humilhação perante o Senhor, conforme vemos no nono

capítulo de Neemias (v. 1).

Eles haviam se apartado das iniquidades e dos costumes pagãos das nações ao seu redor para

confessarem os pecados e as iniquidades de seus pais, que tanto haviam ofendido ao Senhor

no passado, e que deu ocasião ao seu cativeiro (v. 2).

Durante uma quarta parte do dia leram a Lei de

Moisés, e numa segunda quarta parte fizeram confissão de pecados e adoraram ao Senhor (v.

3).

No passado, os judeus dividiam o dia em quatro partes, sendo que cada uma das quais tinha três

horas.

Nós vemos no Novo Testamento uma divisão

similar das horas da noite (Mc 5.48; 13.35 etc).

A referência aos degraus dos levitas no verso 4 é sem dúvida uma descrição do estrado ou púlpito

referido em Ne 8.4, sobre o qual Esdras havia feito a exposição da Lei.

Os levitas clamaram, e conclamaram o povo a

louvar ao Senhor, e também fizeram a bela oração dos versos 6 a 38, em forma de

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declaração formal na qual passaram em revista a história de Israel, de maneira que este registro

fosse selado como um memorial de que firmariam um acordo mútuo de não se

desviarem da Lei do Senhor, tal qual os seus pais haviam feito, e que havia dado ocasião a toda a

angústia, desolação e aflições que eles passaram a ter tanto no exílio quanto na sua própria terra.

A declaração que selaram em comum acordo

ressalta, conforme podemos ver nos versos 6 a 38, tanto a misericórdia e bondade de Deus para

Israel, quanto os seus justos juízos, que trouxe sobre eles por causa da transgressão dos seus

mandamentos.

Deste modo, o intuito daquela declaração era

bem claro em apontar para a necessidade de uma estrita obediência dos mandamentos do

Senhor, para que Israel tivesse um viver abençoado.

Ninguém se apresse em dar por encerrada uma

obra que Deus começou, porque foi impedida de ter prosseguimento em determinada ocasião ou

lugar.

Israel não havia sido rejeitado por ele, apesar de

ter permanecido setenta anos no cativeiro em Babilônia, não por causa da bondade deles, mas

em razão da promessa que Deus havia feito aos patriarcas, de ser o Deus de Israel para sempre.

De igual modo, toda obra que traz este selo da promessa de Deus para ela, terá na própria promessa do Senhor a garantia da sua

continuidade, por mais que os homens se levantem contra ela.

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Não foi o caso que se deu com Neemias com a reconstrução do muro de Jerusalém?

Os inimigos que se levantaram em fúria contra ele conseguiram impedir a realização da obra?

Este nono capítulo de Neemias nos traz à

lembrança o dever de andarmos em santidade perante o Senhor.

A obra que ele deseja fazer é muito mais em nós

do que através de nós.

Não há nenhum sentido estarmos empenhados em muitas coisas a pretexto de ser a seu serviço,

se o nosso coração não está sendo purificado pela graça, e se não temos nos apartado de tudo

o que se refere às obras da carne e ao mundo.

Tal como os profetas de Israel, cujo ministério era o de trazer, pelo Espírito Santo, as pessoas de

volta para Deus (v. 30), a finalidade dos ministros do evangelho é a mesma, a saber, conduzir as pessoas a Jesus Cristo e ao seu jugo, e não a nós

mesmos e ao nosso jugo.

Não é à nossa lei que devemos trazê-las, mas à Lei do Senhor.

O testemunho dos profetas era o testemunho do

Espírito através deles, era o Espírito de Cristo neles (I Pe 1.10,11).

Eles falaram movidos pelo Espírito Santo.

Deus deu ao povo de Israel o Espírito Santo para

ensiná-los, porque as coisas de Deus não podem ser discernidas adequadamente, senão pelo

Espírito (v. 20).

Mas Israel resistiu como nação àquela instrução

do Espírito, e Deus testemunhou contra eles pelo mesmo Espírito, através dos profetas.

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Se não nos submetemos à Palavra de Deus, que nos foi dada para nos ensinar e governar, esta

mesma Palavra nos julgará.

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10 - Só a Graça Vence o Pecado (Neemias 10)

O acordo que os judeus selaram sob Neemias

na presença de Deus, tendo um grupo de

sacerdotes e levitas como seus representantes, que o assinaram, é melhor detalhado neste

décimo capítulo, pelo qual, deliberações práticas foram tomadas para garantir o

cumprimento das prescrições da Lei por todo o povo, e principalmente pelos seus líderes e

nobres.

Todos se colocaram sob pena de anátema quanto ao cumprimento de todos os

mandamentos de Deus constantes da Lei que lhes foi dada por intermédio de Moisés (v. 29),

especialmente no que se referia àqueles aspectos aos quais eles eram mais dados a se

desviarem, e dentre os quais foram destacados:

- Proibição de casamentos mistos de judeus com os povos estrangeiros (v. 30);

- Proibição de comercialização de mercadorias no dia de sábado (v. 31);

- Obrigação de ofertar anualmente a terça parte

de um siclo para o serviço do templo (v. 32);

- Obrigação das casas paternas que haviam sido designadas por sortes para trazer de ano em ano,

lenha para ser queimada no altar do holocausto (v.34);

- Obrigação de se trazer anualmente ao templo

as primícias de toda a produção agrícola (v. 35);

- Obrigação de trazer os filhos primogênitos ao templo para serem resgatados com pagamento;

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e os primogênitos do rebanho para serem oferecidos (v. 36);

- Obrigação de trazer ao templo as ofertas alçadas e os dízimos para os levitas (v.37);

- Obrigação dos levitas de trazerem ao templo, o dízimo dos dízimos que receberam (v. 38);

- Obrigação de se trazer ofertas alçadas de cereais, de mosto e de azeite para o serviço do

templo (v. 39). O que a Igreja de Cristo deve aprender disto é

que todos aqueles que agem contra o evangelho, por procurarem deturpá-lo, colocam-se debaixo

do anátema, que foi proferido pelo apóstolo, não uma maldição para a sua perdição eterna, caso

sejam autênticos cristãos, mas para receberem o justo juízo e correção da parte de Deus.

Paulo se colocou voluntariamente a si mesmo e até mesmo os anjos do céu sob tal pena de

anátema, caso fosse além do genuíno evangelho de Cristo, e faríamos bem em fazer o mesmo que

ele, para termos o devido temor ao andarmos na presença de Deus, pelo entendimento do quanto

a sua Palavra é digna de ser honrada e obedecida.

O salmista fez também uma aliança com Deus de que guardaria as suas ordenanças (Sl 119.106),

e estes pactos solenes relativos à guarda da Palavra nos estimulam a uma devida obediência

por nos lembrar que estamos amarrados ao compromisso que fizemos de viver para Deus,

quando recebemos a Jesus como nosso Salvador e Senhor.

Esta aliança para cumprir os mandamentos de Deus não é para o cumprimento de alguns

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dentre eles, mas de todos os mandamentos, sem uma única exceção, porque aos seus olhos, a

transgressão de um só mandamento representa a transgressão de todos eles (Tg 2.10), porque

Deus busca corações retos e sinceros quanto ao dever de honrar, amar e obedecer toda a sua

Palavra, pois ainda que nos falte a capacidade de não pecar, porque permanecemos na carne, enquanto estivermos neste mundo, no entanto,

isto não impede de caminharmos no Espírito, por ter uma verdadeira repugnância ao pecado,

de tal modo que a experiência do apóstolo seja a nossa, a saber, que ainda que fosse levado a

praticar o mal, por causa do pecado, que opera na natureza terrena, no entanto, não desejava

este mal, e se opunha a ele com a sua mente, com a qual servia a Deus, e o amava

sinceramente.

A par de toda a sinceridade dos judeus nos dias

de Neemias, terem selado o acordo que fizeram com ele e uns com os outros na presença de

Deus, de não mais transgredirem os seus mandamentos dali em diante, não levou muito

tempo para que muitos deles viessem a transgredi-los, conforme poderemos ver no

décimo terceiro capitulo deste livro de Neemias, e também depois de seus dias,

conforme consta no relato do livro do profeta Malaquias.

Eles não levaram em conta a realidade, que sem a fé em Deus, e no poder da sua graça, não

podemos de modo algum cumprir os seus mandamentos.

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Paulo deixou isto muito claro na exposição que fez no sétimo capitulo de Romanos, no qual

mostra que é impossível vencer o pecado sem a graça do Espírito Santo, que opera sempre e

somente por fé, e não pela capacidade da nossa vontade de não praticar o mal, e de fazer o bem.

Enganam-se todos os que pensam desta maneira, e as aflições, as tribulações, as

investidas de Satanás e do mundo, quando vêm sobre eles, comprovam isto que estamos

falando porque logo manifestarão qual é o poder do pecado que atua na natureza terrena e que é maior do que a própria vontade de qualquer

pessoa.

Somente o poder da graça de Deus pode vencer a força do pecado.

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11 - Para que Viesse o Messias (Neemias 11)

Nós vimos no sétimo capítulo, que Neemias

havia feito um exame do livro de genealogias,

especialmente dos que haviam subido de Babilônia para Judá nos dias de Zorobabel, para

tomar providências quanto ao modo de se repovoar a cidade de Jerusalém, porque havia

até aquela ocasião poucos habitantes, em relação à área que poderia ser efetivamente

ocupada na cidade.

E neste 11º capítulo nós vemos o método que foi

usado (tirar por sortes um em cada dez para habitar em Jerusalém - v. 1,2).

Até o verso 19 estão relacionados os que foram

designados para habitar em Jerusalém; e do 25 em diante, o modo como as demais cidades,

campos e aldeias de Judá foram habitados.

Com esta medida de repovoar Jerusalém, a

cidade estava agora devidamente fortificada, não somente com o seu muro restaurado e suas

portas, como também com uma população que pudesse efetivamente fazer face aos ataques dos

seus inimigos.

Cabe lembrar que em razão da dominação

imperial, que passou a existir com Babilônia, e que se estenderia até a dominação romana,

nesta ordem: Babilônia, Pérsia, Grécia, Roma, as guerras que eram comuns contra o território de Israel (filisteus, amonitas, moabitas, edomitas,

sírios, assírios, etc) seriam abafadas em razão de todas as nações estarem sob o domínio destes

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grandes impérios, que se sucederiam uns após outros.

Por conseguinte, até que Jesus viesse, Israel não seria mais uma nação soberana em seu próprio

território, mas Deus em sua Providência, criou as condições históricas que garantiriam a

sobrevivência da nação até que o Messias viesse. E cabe destacar que no tempo determinado, em

70 d.C. todos os judeus foram expatriados, sendo espalhados por todo o mundo pelos próprios

romanos, e este é um fato indicativo de que foi pela Providência de Deus que eles haviam sido

mantidos em Judá, e que dali não poderiam ser removidos de maneira nenhuma, até que Jesus

viesse e o evangelho fosse anunciado a eles por cerca de 40 anos, no próprio território de Israel.

Por causa da rejeição do Messias, foram então expulsos da sua terra, conforme Deus havia

predito através dos profetas.

Não devemos esquecer também que a fidelidade demonstrada pelo povo judeu, especialmente

pelos sacerdotes e levitas, nos dias de Neemias não perduraria até os dias do ministério terreno

de Jesus, porque do final do governo de Neemias, até a vinda de Jesus, houve um período

de cerca de 400 anos, conhecido por período interbíblico, no qual surgiram diversas seitas

religiosas em Israel, como a dos fariseus, saduceus e essênios; e os escribas, em vez de

seguirem o exemplo de fidelidade de Esdras à Palavra de Deus, tornaram-se rabinos, ou doutores da Lei, que acrescentaram

mandamentos de homens à Palavra e distorceram completamente a sua

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interpretação, para atender principalmente aos interesses políticos dos sacerdotes e

governantes de Israel. Por conseguinte, podemos concluir com acerto,

que o desejo que Deus havia colocado no coração de Neemias, de restaurar o muro de

Jerusalém e suas portas, tinha a ver muito mais com o propósito divino de reorganizar a nação

israelita e fortalecê-la no cumprimento da Lei, até que Jesus viesse, porque o testemunho da

verdade, depois dele, seria mantido pela Igreja, e não mais pelo judaísmo.

Veja que a tribo de Benjamim, que quase foi extinta nos dias dos juízes, havia aumentado

muito em número, nos dias de Neemias, e muitos deles se dispuseram a vir com Zorobabel

para a Palestina, quando do decreto de Ciro, determinando o seu retorno de Babilônia, para a

sua própria terra. Isto se depreende do fato de as famílias da tribo

de Judá, que habitaram em Jerusalém, nos dias de Neemias, terem totalizado 468 (v. 6);

enquanto as da tribo de Benjamim somaram 928 famílias (v. 7,8), isto é, quase o dobro de famílias

em relação a Judá. Mas apesar de a tribo de Benjamim ser mais

numerosa, se diz em relação aos homens da tribo de Judá, que eram valentes, preparados

para defenderem a cidade, no caso de um ataque (v.6).

O mesmo se pode dizer em relação à Igreja que é composta de muitos membros, mas é um

número relativamente pequeno deles, conforme comprova a história do cristianismo,

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dos quais se pode dizer que foram ou que têm sido valentes ou valorosos na defesa da verdade,

que todos os cristãos foram incumbidos por Cristo para pregarem, ensinarem,

testemunharem, viverem e defenderem.

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12 - A Alegria Depois do Choro (Neemias 12)

Nós temos no capítulo 12º de Neemias, o

registro dos nomes dos sacerdotes e levitas que foram eminentes entre os judeus, que haviam

saído de Babilônia.

Isto revela o quanto Neemias honrou o ofício sacerdotal, que na verdade era uma honra

tributada a Deus, que instituiu tal ofício para o serviço da sua casa.

Feliz é a nação que em vez de perseguir, honra

os ministros do evangelho, porque é o próprio Deus que coloca tal honra neles.

Honrá-los significa então honrar a Deus e obter o seu favor por causa disso, conforme se pode

ver das palavras proferidas por Jesus, que não se aplicam exclusivamente aos governantes, mas a

qualquer pessoa.

Dos versos 27 a 43 são descritas as ações que foram realizadas para a dedicação do muro de

Jerusalém.

Diz-se deste dia no verso 43 que isto foi feito com grande alegria, porque Deus lhes havia dado

motivo de grande regozijo, de modo que até mesmo as mulheres e crianças se alegraram a

ponto de o júbilo de Jerusalém ter sido ouvido de longe.

Nesta altura, nos lembramos do grande pranto e tristeza de Neemias em Susã, antes de vir para Jerusalém, quando procurava ocasião para levar

o assunto da desolação e da aflição de Judá ao rei persa.

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Aquela tristeza que havia durado toda uma longa noite produziu a grande alegria daquela

manhã e dia em que foram dedicados os muros de Jerusalém.

Toda aquela grande obra foi consagrada ao

Senhor como forma de reconhecimento que havia sido feita para ele e por meio dele.

Tanta misericórdia, favor e proteção de Deus

para a conclusão da obra de reedificação do muro deu ocasião para que a dedicação

(consagração) da obra a ele fosse feita com grande solenidade, porque foram chamados os

levitas de todas as partes da nação (v. 28, 29), e todos se purificaram juntamente com os

sacerdotes (v. 30).

Todo serviço público de adoração ao Senhor não pode excluir esta necessidade de uma

purificação anterior, que consiste na nossa santificação, pelo sangue de Cristo, pela confissão dos nossos pecados, enquanto oramos

a Deus para entrarmos na sua santa presença.

Neemias os dispôs em duas grandes

companhias, que partiram em direções opostas, caminhando sobre o muro, enquanto davam graças a Deus e o louvavam continuamente com

o uso de instrumentos musicais.

Esta caminhada por sobre todo o muro

simbolizava a dedicação de tudo ao Senhor, reconhecendo que cada milímetro daquela obra foi o resultado da operação da sua graça, porque

foi feita diante de muitos inimigos que haviam se levantado para se oporem a eles.

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A companhia que se deslocava à direita era conduzida por Esdras (v. 36), e a que se deslocava

à esquerda por Neemias (v. 38).

Ambas companhias se reuniram no templo onde eles uniram suas ações de graças (v. 40).

A multidão do povo deve ter acompanhado o movimento dos levitas e sacerdotes sobre o

muro andando sobre o chão, com grande alegria (v. 43).

E esta alegria, como procedia de Deus foi

acompanhada com grandes sacrifícios, som de trombetas, instrumentos musicais e cânticos de

louvor.

O resultado daquela alegria espiritual foi o que geralmente é comum ocorrer quando a

presença de Deus é sentida entre nós, a saber: uma maior aplicação aos deveres no cuidado da

casa de Deus e daqueles que estão dedicados ao seu serviço (v. 44 a 47).

A presença do Senhor não somente nos alegra como também nos santifica, e é por isso que nos

sentimos chamados a sermos mais diligentes em nossos deveres de santificação, para que não

percamos esta alegria.

E os israelitas estavam contentes com os seus ministros, e se moveram voluntariamente para

proverem a sua manutenção e a do ofício que eles realizavam em prol das suas almas.

Quanto isto agrada ao Senhor! eles tinham a Lei, tal como nós temos a lei de Cristo. Mas a lei não é tudo e nada poderá fazer e nem mesmo nós se

não houver esta boa disposição operada pelo Espírito Santo abrindo o nosso coração, não

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somente para atender à lei, mas para amá-la e cumpri-la.

Certamente, todo bem procede do Senhor quando nos dispomos a honrá-lo e à sua Palavra,

por um andar na verdade. Quando a Palavra de Deus é mercadejada para

atender a interesses carnais de ministros carnais, não se pode ver toda esta unidade

espiritual, que é produzida pelo próprio Deus, quando há unidade de fé, isto é, concordância

quanto à doutrina que pregamos.

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13 - Disciplina do Povo de Deus

(Neemias 13)

Como em todo o livro de Neemias, este 13º

capítulo também traz profundas lições

pastorais, de caráter prático, quanto àquilo que se deve fazer para que o povo do Senhor, ao

cuidado dos seus ministros, seja trazido em verdadeira santidade de vida, por uma estrita

obediência à sua Palavra.

Evidentemente, nem todos os métodos de Neemias deverão ser seguidos, porque ele

atuava sob a Antiga Aliança, mas muito devemos imitar do seu santo zelo para com as

coisas de Deus.

Por exemplo, não devemos fazer o que ele fez para corrigir os casos de casamentos em jugo

desigual com incrédulos, imitando ações que ele descreveu no verso 25 em relação àqueles

que deram seus filhos em casamento a pessoas de outras nações:

“Contendi com eles, e os amaldiçoei; espanquei

alguns deles e, arrancando-lhes os cabelos, os fiz jurar por Deus, e lhes disse: Não dareis vossas

filhas a seus filhos, e não tomareis suas filhas para vossos filhos, nem para vós mesmos.” (v. 25)

A ninguém devemos amaldiçoar, espancar e lhes arrancar os cabelos e lhes fazer jurar por Deus, mas devemos admoestar com toda

longanimidade e doutrina a tantos quantos andem desordenadamente na casa de Deus, que

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é a Igreja, com o mesmo zelo ardente que existia em Neemias.

Outra grande lição que aprendemos neste

capítulo é que o estado de coisas em Judá piorou muito, quando Neemias teve que se ausentar

para estar na presença do rei persa (v. 6).

E quando ele soube das irregularidades contra a

Lei do Senhor, que estavam sendo praticadas em Judá, durante a sua ausência, não se esquivou de suas responsabilidades, e não

escolheu permanecer em Babilônia, para ficar bem longe de todos aqueles problemas.

Neste período da sua ausência chegaram até mesmo a preparar uma câmara no átrio do

templo para o amonita Tobias, que tanta oposição havia feito a Neemias.

Mas este, quando soube do que se fazia em Judá

conseguiu uma licença junto ao rei persa para retornar a Jerusalém e purificar os judeus de

todas as más obras que estavam fazendo.

Ele não somente expulsou Tobias da câmara,

que lhe haviam feito no átrio do templo, como tirou de lá todos os seus móveis, e deu ao lugar o

uso sagrado que lhe convinha, como também expulsou todos os amonitas e moabitas das

assembleias do templo, conforme estava prescrito na lei de Moisés contra eles (v. 1, 2; Dt

23.3-5).

Esta medida foi estendida para o dever dos israelitas não se misturarem com as práticas das

nações pagãs (v. 3).

De quanta firmeza e determinação Neemias estava revestido pela graça de Deus, que o movia

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a isto, que nunca se permitiu intimidar pela aparência ou grandeza dos homens.

Ele não pensou quanta impopularidade poderia

granjear com as medidas que estava tomando.

Não pensava no que era do seu próprio

interesse, senão em fazer com que a vontade do Senhor fosse cumprida em Israel.

Como poderão ser os ministros do evangelho

bem-sucedidos em seus ministérios se não seguirem o mesmo exemplo que lhes foi

deixado por Neemias?

Sem tal determinação e perseverança em seguir ao Senhor, não é possível trazer o povo em

verdadeira santidade, porque a carne luta resistentemente contra o Espírito, e as pessoas

são dadas a se desviarem naturalmente dos caminhos de Deus.

Certamente, não se deve agir por força ou violência, senão pelo Espírito, mas o Espírito não

honrará e não atuará se não encontrar nos ministros este desejo de agradar não a homens,

mas somente a Deus, e agirem de fato seguindo este princípio espiritual, que é determinado a

eles, de se esforçarem diligentemente para serem modelos do rebanho, e fazerem tudo o

que é ordenado pelo Senhor na sua Palavra, para que o povo ao cuidado deles viva em santidade.

“prega a palavra, insta a tempo e fora de tempo,

admoesta, repreende, exorta, com toda longanimidade e ensino.” (II Tim 4.2).

Estas oposições carnais que são conduzidas à

obediência de Cristo trazem muitas glórias a Deus, tanto da parte dos que são cativados,

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quanto daqueles que trazem tais pensamentos carnais à sujeição do senhorio de Jesus.

Como a carne sempre se opõe ao Espírito, e

como os homens são dados a esquecerem rapidamente as coisas do Espírito, com muito

maior facilidade do que as coisas relativas à carne e ao mundo, daí se compreende então a

razão de serem tantas as exortações bíblicas para que meditemos na Palavra do Senhor dia e

noite, continuamente, todos os dias de nossas vidas, porque é somente agindo assim, que a

Palavra de Cristo poderá habitar em nós ricamente, e trazermos sempre em nossa

memória quais são os deveres que temos para com o Senhor.

Nós vimos anteriormente que o povo havia feito

uma aliança de nunca desamparar os serviços do templo, e não deixarem de prover os

sacerdotes e levitas com seus dízimos e ofertas alçadas.

Mas o que nos relata este capítulo?

Os levitas tiveram que deixar o serviço do templo para se entregarem a outras atividades

para a sua subsistência porque o povo não foi fiel em cumprir o que havia prometido quanto à sua

provisão.

Será isto o que sempre ocorrerá se os ministros do evangelho não trouxerem o povo que se

encontra debaixo do seu cuidado, lembrado constantemente dos seus deveres relativos à

manutenção dos serviços da casa do Senhor.

Isto, como vimos, deve ser lembrado continuamente em face desta facilidade de se

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esquecer os deveres espirituais que nos são impostos pela Palavra.

Como Neemias, não devemos apenas lamentar

o descumprimento dos deveres ordenados na Palavra aos cristãos; como ministros do

evangelho devemos tomar as providências necessárias para corrigir o que estiver errado.

Neemias não se limitou a lamentar a

infidelidade dos israelitas mas levou-os a cumprirem o que lhes estava determinado pela

lei e reintegrou os levitas de volta no seu serviço no templo.

As pessoas haviam abandonado os levitas e os

levitas abandonaram o seu posto no templo.

Não seria de se esperar que ficassem orando, afirmando que deveriam ter uma posição de fé,

porque apesar da infidelidade das pessoas, Deus atenderia às necessidades deles ainda que permanecessem no templo.

Isto não seria fé, mas estímulo ao povo a permanecer na sua atitude de desobediência.

Aquilo que está determinado por Deus aos

homens para que seja feito por eles, compete aos homens fazerem, quando estas coisas são temporais e terrenas, e não implicam na

necessidade do apoio e ação da graça sobrenatural de Deus.

Deveres espirituais que nos são impostos são

operados pelo próprio Senhor, como por exemplo, o dever de sermos mansos e humildes.

Não está no homem o poder para isso, de modo

que o recebemos de Deus quando nos dispomos a buscar tal mansidão e humildade nele.

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Agora, o dever de assistirmos a carência dos necessitados de coisas materiais com os nossos

bens, está na esfera da nossa própria capacidade e poder de realizar tal ordenança, e não

devemos pedir a Deus que nos dê o poder necessário para fazê-lo.

Para garantir uma segura provisão dos levitas e de todo o serviço da casa de Deus, naquela antiga

aliança, Neemias selecionou homens que foram achados fiéis para a administração e aplicação

dos dízimos e ofertas (v. 13), conforme eram ordenados e regulados pela Lei civil no período

do Antigo Testamento. Disto aprendemos que não basta agir para que

os recursos sejam levantados, mas é também importante gerir os meios necessários para uma

sábia e honesta administração e aplicação deles. Neemias teve muito trabalho para corrigir todas

estas coisas, mas não buscou remuneração terrena para o seu trabalho, pois se confiou

inteiramente ao Senhor, esperando receber somente dele a sua recompensa (v. 14).

Ele não esperava receber nenhuma ajuda de custo adicional por tudo o que fez, além da

remuneração que lhe cabia como governador da nação.

Os ministros não devem explorar o povo de

Deus, e nem buscarem ocasião em tudo para agirem com oportunismo, visando aos seus

próprios interesses egoístas, porque este é um bom caminho para anular a operação da graça do Senhor sobre suas vidas, que lhes impôs o

mandamento de darem de graça o que têm recebido diretamente da graça de Deus.

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Não há maior recompensa para um ministro verdadeiramente fiel ao evangelho do que ver

almas sendo salvas e edificadas pela graça do Senhor, debaixo das ministrações da graça que

lhes fazem. Mas como o Senhor é bom e galardoador dos que O servem e buscam, não

esquecerá de lhes dar a devida recompensa no porvir e cuidará das necessidades deles conforme tem prometido, enquanto viverem

neste mundo.

Esta administração de bens, sendo usados principalmente, para manter o ministério e

socorrer os necessitados, deve ser realizada com verdadeiro espírito cristão, isto é, com

amor, bondade e alegria, e não como quem administra uma empresa.

Quanto à transgressão do sábado pela comercialização de mercadorias,

especialmente por parte de estrangeiros, que levavam os judeus a pecarem, Neemias viu com

os seus próprios olhos as coisas que estavam sendo praticadas (v. 15).

As ações que ele tomou em relação ao sábado estão descritas nos versos 15 a 22.

Como Neemias estava investido da autoridade legal de um governador, pôde ameaçar aqueles

que transgrediam o sábado comercializando os seus produtos, dizendo que colocaria as mãos

neles, e isto indicava provavelmente que os conduziria ao cárcere caso desobedecessem ao

preceito legal. Nos versos 23 a 31, vemos as providências que

foram tomadas para que os casamentos de judeus com estrangeiros fossem desfeitos.

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Muitos judeus haviam contraído matrimônio com mulheres de Asdode, uma das cinco

cidades confederadas dos filisteus, e com mulheres de Amom e de Moabe (v. 23).

Estas mulheres, certamente educariam seus filhos a cultuarem os falsos deuses que elas

adoravam, e se a prática se estendesse em Israel, toda a nação viria a se perder.

Neemias lembrou-lhes que este havia sido o maior pecado de Salomão, e que trouxe grande

ruína aos israelitas, apesar de Salomão ser um rei (26).

Nós percebemos que neste capítulo Neemias procurou deixar registrado todo o esforço que

havia feito para que o acordo que os judeus haviam selado fosse devidamente cumprido, de

forma que ele enfatiza que purificou os judeus de tudo o que era estrangeiro, e providenciou

que as ofertas das primícias e da lenha para o serviço do templo fossem feitas regularmente,

conforme os judeus haviam prometido quando selaram o acordo referido (v. 31).

Mais uma vez, como já havia feito tantas vezes ao longo de todo o seu livro, rogou a Deus que se

lembrasse dele para o seu bem, por tudo que havia feito a Israel. E já comentamos

devidamente o que ele queria expressar com este pedido dirigido a Deus. Ele tudo fizera não

para agradar a homens, mas para agradar ao Senhor, no cumprimento da sua Palavra, então

seria dele que deveria esperar a sua recompensa.

Nisto, todos os servos de Jesus Cristo devem seguir o exemplo de Neemias, porque não há de

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fato, outro modo de se agradar ao Senhor, porque se vivermos para agradar aos homens

não poderemos ser servos de Cristo. “Pois busco eu agora o favor dos homens, ou o

favor de Deus? ou procuro agradar aos homens? se estivesse ainda agradando aos homens, não

seria servo de Cristo.” (Gál 1.10).

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Anexo: Livro de Neemias

Neemias 1

“1 Palavras de Neemias, filho de Hacalias. Ora, sucedeu no mês de quisleu, no ano vigésimo,

estando eu em Susã, a capital,

2 que veio Hanâni, um de meus irmãos, com

alguns de Judá; e perguntei-lhes pelos judeus que tinham escapado e que restaram do

cativeiro, e acerca de Jerusalém.

3 eles me responderam: Os restantes que

ficaram do cativeiro, lá na província estão em grande aflição e opróbrio; também está

derribado o muro de Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo.

4 Tendo eu ouvido estas palavras, sentei-me e

chorei, e lamentei por alguns dias; e continuei a jejuar e orar perante o Deus do céu,

5 e disse: Ó Senhor, Deus do céu, Deus grande e temível, que guardas o pacto e usas de

misericórdia para com aqueles que te amam e guardam os teus mandamentos:

6 Estejam atentos os teus ouvidos e abertos os teus olhos, para ouvires a oração do teu servo,

que eu hoje faço perante ti, dia e noite, pelos filhos de Israel, teus servos, confessando eu os

pecados dos filhos de Israel, que temos cometido contra ti; sim, eu e a casa de meu pai

pecamos;

7 na verdade temos procedido perversamente contra ti, e não temos guardado os

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mandamentos, nem os estatutos, nem os juízos, que ordenaste a teu servo Moisés.

8 Lembra-te, pois, da palavra que ordenaste a teu servo Moisés, dizendo: Se vós

transgredirdes, eu vos espalharei por entre os povos;

9 mas se vos converterdes a mim, e guardardes os meus mandamentos e os cumprirdes, ainda

que os vossos rejeitados estejam na extremidade do céu, de lá os ajuntarei e os trarei

para o lugar que tenho escolhido para ali fazer habitar o meu nome.

10 eles são os teus servos e o teu povo, que resgataste com o teu grande poder e com a tua

mão poderosa.

11 Ó Senhor, que estejam atentos os teus ouvidos

à oração do teu servo, e à oração dos teus servos que se deleitam em temer o teu nome; e faze prosperar hoje o teu servo, e dá-lhe graça

perante este homem. (Era eu então copeiro do rei.)” (Ne 1.1-11).

Neemias 2

“1 Sucedeu, pois, no mês de nisã, no ano vigésimo do rei Artaxerxes, quando o vinho

estava posto diante dele, que eu apanhei o vinho e o dei ao rei. Ora, eu nunca estivera triste na sua

presença.

2 E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto,

visto que não estás doente? Não é isto senão tristeza de coração. Então temi sobremaneira.

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3 e disse ao rei: Viva o rei para sempre! Como não há de estar triste o meu rosto, estando a

cidade, o lugar dos sepulcros de meus pais, assolada, e tendo sido consumidas as suas

portas pelo fogo?

4 Então o rei me perguntou: Que me pedes agora? Orei, pois, ao Deus do céu,

5 e disse ao rei: Se for do agrado do rei, e se teu servo tiver achado graça diante de ti, peço-te que me envies a Judá, à cidade dos sepulcros de

meus pais, para que eu a reedifique.

6 Então o rei, estando a rainha assentada junto a

ele, me disse: Quanto durará a tua viagem, e quando voltarás? E aprouve ao rei enviar-me,

apontando-lhe eu certo prazo.

7 Eu disse ainda ao rei: Se for do agrado do rei, deem-se-me cartas para os governadores dalém

do Rio, para que me permitam passar até que eu chegue a Judá;

8 como também uma carta para Asafe, guarda da floresta do rei, a fim de que me dê madeira

para as vigas das portas do castelo que pertence à casa, e para o muro da cidade, e para a casa que

eu houver de ocupar. E o rei mas deu, graças à mão benéfica do meu Deus sobre mim.

9 Então fui ter com os governadores dalém do

Rio, e lhes entreguei as cartas do rei. Ora, o rei tinha enviado comigo oficiais do exército e

cavaleiros.

10 O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, ficaram extremamente

agastados de que alguém viesse a procurar o bem dos filhos de Israel.

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11 Cheguei, pois, a Jerusalém, e estive ali três dias.

12 Então de noite me levantei, eu e uns poucos

homens comigo; e não declarei a ninguém o que o meu Deus pusera no coração para fazer por

Jerusalém. Não havia comigo animal algum, senão aquele que eu montava.

13 Assim saí de noite pela porta do vale, até a fonte do dragão, e até a porta do monturo, e contemplei os muros de Jerusalém, que

estavam demolidos, e as suas portas, que tinham sido consumidas pelo fogo.

14 E passei adiante até a porta da fonte, e à piscina do rei; porém não havia lugar por onde

pudesse passar o animal que eu montava.

15 Ainda de noite subi pelo ribeiro, e contemplei o muro; e virando, entrei pela porta do vale, e

assim voltei.

16 E não souberam os magistrados aonde eu fora

nem o que eu fazia; pois até então eu não havia declarado coisa alguma, nem aos judeus, nem

aos sacerdotes, nem aos nobres, nem aos magistrados, nem aos demais que faziam a obra.

17 Então eu lhes disse: Bem vedes vós o triste

estado em que estamos, como Jerusalém está assolada, e as suas portas queimadas a fogo;

vinde, pois, e edifiquemos o muro de Jerusalém, para que não estejamos mais em opróbrio.

18 Então lhes declarei como a mão do meu Deus me fora favorável, e bem assim as palavras que o rei me tinha dito. Eles disseram: Levantemo-

nos, e edifiquemos. E fortaleceram as mãos para a boa obra.

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19 O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o servo amonita, e Gesem, o arábio,

zombaram de nós, desprezaram-nos e disseram: O que é isso que fazeis? Quereis rebelar-vos

contra o rei?

20 Então lhes respondi: O Deus do céu é que nos

fará prosperar; e nós, seus servos, nos levantaremos e edificaremos: mas vós não

tendes parte, nem direito, nem memorial em Jerusalém.” (Ne 2.1-20).

Neemias 3

“1 Então se levantou Eliasibe, o sumo sacerdote, juntamente com os seus irmãos, os sacerdotes,

e edificaram a porta das ovelhas, a qual consagraram, e lhe assentaram os batentes. Consagraram-na até a torre dos cem, até a torre

de Henanel.

2 E junto a ele edificaram os homens de Jericó;

também ao lado destes edificou Zacur, o filho de Inri.

3 Os filhos de Hassenaá edificaram a porta dos peixes, colocaram-lhe as vigas, e lhe assentaram

os batentes, com seus ferrolhos e trancas.

4 Ao seu lado fez os reparos Meremote, filho de

Urias, filho de Hacoz; ao seu lado Mesulão, filho de Berequias, filho de Mesezabel; ao seu lado

Zadoque, filho de Baaná;

5 ao lado destes repararam os tecoítas; porém os

seus nobres não meteram o pescoço a serviço do Senhor.

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6 Joiada, filho de Paseia, e Mesulão, filho de Besodeias, repararam a porta velha, colocaram-

lhe as vigas, e lhe assentaram os batentes com seus ferrolhos e trancas.

7 Junto deles fizeram os reparos Melatias, o

gibeonita, e Jadom, o meronotita, homens de Gibeão e de Mizpá, que pertenciam ao domínio

do governador dalém do Rio;

8 ao seu lado Uziel, filho de Haraías, um dos ourives; ao lado dele Hananias, um dos

perfumistas; e fortificaram Jerusalém até o muro largo.

9 Ao seu lado fez os reparos Refaías, filho de

Hur, governador da metade do distrito de Jerusalém;

10 ao seu lado Jedaías, filho de Harumafe,

defronte de sua casa; ao seu lado Hatus, filho de Hasabneias.

11 Malquias, filho de Harim, e Hassube, filho de

Paate-Moabe, repararam outra parte, como também a torre dos fornos;

12 e ao seu lado Salum, filho de Haloés,

governador da outra metade do distrito de Jerusalém, ele e as suas filhas.

13 A porta do vale, repararam-na Hanum e os

moradores de Zanoa; estes a edificaram, e lhe assentaram os batentes, com seus ferrolhos e trancas, como também mil côvados de muro até

a porto do monturo.

14 A porta do monturo, reparou-a Malquias, filho de Recabe, governador do distrito Bete-

Haquerem; este a edificou, e lhe assentou os batentes com seus ferrolhos e trancas.

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15 A porta da fonte, reparou-a Salum, filho de Col-Hoze, governador do distrito de Mizpá;

edificou-a e a cobriu, e lhe assentou os batentes, com seus ferrolhos e trancas; edificou também

o muro da piscina de Selá, do jardim do rei, até os degraus que descem da cidade de Davi.

16 Depois dele Neemias, filho de Azbuque,

governador da metade do distrito de Bete-Zur, fez os reparos até defronte dos sepulcros de

Davi, até a piscina artificial, e até a casa dos homens poderosos.

17 Depois dele fizeram os reparos os levitas: Reum, filho de Bani, e ao seu lado, Hasabias,

governador da metade do distrito de Queila, por seu distrito;

18 depois dele seus irmãos, Bavai, filho de Henadade, governador da outra metade do

distrito de Queila.

19 Ao seu lado Ézer, filho de Jesuá, governador

de Mizpá, reparou outra parte, defronte da subida para a casa das armas, no ângulo.

20 Depois dele reparou Baruque, filho de Zabai, outra parte, desde o ângulo até a porta da casa de

Eliasibe, o sumo sacerdote.

21 Depois dele reparou Meremote, filho de

Urias, filho de Hacoz, outra parte, deste a porta da casa de Eliasibe até a extremidade da mesma.

22 Depois dele fizeram os reparos os sacerdotes que habitavam na campina;

23 depois Benjamim e Hassube, defronte da sua

casa; depois deles Azarias, filho de Maaseias, filho de Ananias, junto à sua casa.

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24 Depois dele reparou Binuí, filho de Henadade, outra porte, desde a casa de Azarias

até o ângulo e até a esquina.

25 Palal, filho de Uzai, reparou defronte do ângulo, e a torre que se projeta da casa real

superior, que está junto ao átrio da guarda; depois dele Pedaías, filho de Parós.

26 (Ora, os netinins habitavam em Ofel, até defronte da porta das águas, para o oriente, e até

a torre que se projeta.)

27 Depois repararam os tecoítas outra parte, defronte da grande torre que se projeta, e até o

muro de Ofel.

28 Para cima da porta dos cavalos fizeram os reparos os sacerdotes, cada um defronte da sua

casa;

29 depois dele Zadoque, filho de Imer, defronte de sua casa; e depois dele Semaías, filho de

Secanias, guarda da porta oriental.

30 Depois dele repararam outra parte Hananias, filho de Selemias, e Hanum, o sexto filho de

Zalafe. Depois dele reparou Mesulão, filho de Berequias, uma parte defronte da sua câmara.

31 Depois dele reparou Malquias, um dos

ourives, uma parte até a casa dos netinins e dos mercadores, defronte da porta da guarda, e até a

câmara superior da esquina.

32 E entre a câmara da esquina e a porta das ovelhas repararam os ourives e os mercadores.”

(Ne 3.1-32).

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Neemias 4

“1 Ora, quando Sambalate ouviu que edificávamos o muro, ardeu em ira, indignou-se

muito e escarneceu dos judeus;

2 e falou na presença de seus irmãos e do

exército de Samaria, dizendo: Que fazem estes fracos judeus? Fortificar-se-ão? Oferecerão

sacrifícios? Acabarão a obra num só dia? Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram queimadas?

3 Ora, estava ao lado dele Tobias, o amonita, que disse: Ainda que edifiquem, vindo uma raposa

derrubará o seu muro de pedra.

4 Ouve, ó nosso Deus, pois somos tão desprezados; faze recair o opróbrio deles sobre as suas cabeças, e faze com que eles sejam um

despojo numa terra de cativeiro.

5 Não cubras a sua iniquidade, e não se risque de

diante de ti o seu pecado, pois que te provocaram à ira na presença dos edificadores.

6 Assim edificamos o muro; e todo o muro se completou até a metade da sua altura; porque o

coração do povo se inclinava a trabalhar.

7 Mas, ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábios,

os amonitas e os asdoditas, que ia avante a reparação dos muros de Jerusalém e que já as

brechas se começavam a fechar, iraram-se sobremodo;

8 e coligaram-se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali.

9 Nós, porém, oramos ao nosso Deus, e pusemos guarda contra eles de dia e de noite.

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10 Então disse Judá: Desfalecem as forças dos carregadores, e há muito escombro; não

poderemos edificar o muro.

11 E os nossos inimigos disseram: Nada saberão

nem verão, até que entremos no meio deles, e os matemos, e façamos cessar a obra.

12 Mas sucedeu que, vindo os judeus que

habitavam entre eles, dez vezes nos disseram: De todos os lugares de onde moram subirão

contra nós.

13 Pelo que nos lugares baixos por detrás do muro e nos lugares abertos, dispus o povo

segundo suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e com os seus arcos.

14 Olhei, levantei-me, e disse aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Não os temais!

Lembrai-vos do Senhor, grande e temível, e pelejai por vossos irmãos, vossos filhos, vossas

filhas, vossas mulheres e vossas casas.

15 Quando os nossos inimigos souberam que nós tínhamos sido avisados, e que Deus tinha

dissipado o conselho deles, todos voltamos ao muro, cada um para a sua obra.

16 Desde aquele dia metade dos meus moços

trabalhavam na obra, e a outra metade empunhava as lanças, os escudos, os arcos, e as

couraças; e os chefes estavam por detrás de toda a casa de Judá.

17 Os que estavam edificando o muro, e os carregadores que levavam as cargas, cada um

com uma das mãos fazia a obra e com a outra segurava a sua arma;

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18 e cada um dos edificadores trazia a sua espada à cinta, e assim edificavam. E o que tocava a

trombeta estava no meu lado.

19 Disse eu aos nobres, aos magistrados e ao resto do povo: Grande e extensa é a obra, e nós

estamos separados no muro, longe uns dos outros;

20 em qualquer lugar em que ouvirdes o som da trombeta, ali vos ajuntareis conosco. O nosso

Deus pelejará por nós.

21 Assim trabalhávamos na obra; e metade deles empunhava as lanças desde a subida da alva até

o sair das estrelas.

22 Também nesse tempo eu disse ao povo: Cada um com o seu moço pernoite em Jerusalém,

para que de noite nos sirvam de guardas, e de dia trabalhem.

23 Desta maneira nem eu, nem meus irmãos,

nem meus moços, nem os homens da guarda que me acompanhavam largávamos as nossas

vestes; cada um ia com a arma à sua direita.” (Ne 4.1-23).

Neemias 5

“1 Então se levantou um grande clamor do povo

e de duas mulheres contra os judeus, seus irmãos.

2 Pois havia alguns que diziam: Nós, nossos

filhos e nossas filhas somos muitos; que se nos dê trigo, para que comamos e vivamos.

3 Também havia os que diziam: Estamos empenhando nossos campos, as nossas vinhas e

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as nossas casas, para conseguirmos trigo durante esta fome.

4 Havia ainda outros que diziam: Temos tomado dinheiro emprestado até para o tributo do rei

sobre os nossos campos e as nossas vinhas. 5 Ora, a nossa carne é como a carne de nossos

irmãos, e nossos filhos como os filhos deles; e eis que estamos sujeitando nossos filhos e

nossas filhas para serem servos, e algumas de nossas filhas já estão reduzidas à escravidão.

Não está em nosso poder evitá-lo, pois outros têm os nossos campos e as nossas vinhas.

6 Ouvindo eu, pois, o seu clamor, e estas palavras, muito me indignei.

7 Então consultei comigo mesmo; depois contendi com os nobres e com os magistrados, e

disse-lhes: Estais tomando juros, cada um de seu irmão. E ajuntei contra eles uma grande

assembleia. 8 E disse-lhes: Nós, segundo as nossas posses,

temos resgatado os judeus, nossos irmãos, que foram vendidos às nações; e vós venderíeis os

vossos irmãos, ou seriam vendidos a nós? Então se calaram, e não acharam o que responder.

9 Disse mais: Não é bom o que fazeis; porventura não devíeis andar no temor do nosso Deus, por

causa do opróbrio dos povos, os nosso inimigos? 10 Também eu, meus irmãos e meus moços lhes

temos emprestado dinheiro e trigo. Deixemos, peço-vos este ganho.

11 Restituí-lhes hoje os seus campos, as suas vinhas, os seus olivais e as suas casas, como

também a centésima parte do dinheiro, do trigo, do mosto e do azeite, que deles tendes exigido.

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12 Então disseram: Nós lho restituiremos, e nada lhes pediremos; faremos assim como dizes.

Então, chamando os sacerdotes, fi-los jurar que fariam conforme prometeram.

13 Também sacudi as minhas vestes, e disse: Assim sacuda Deus da sua casa e do seu trabalho

todo homem que não cumprir esta promessa; assim mesmo seja ele sacudido e despojado. E

toda a congregação disse: Amém! E louvaram ao Senhor; e o povo fez conforme a sua promessa.

14 Além disso, desde o dia em que fui nomeado seu governador na terra de Judá, desde o ano

vinte até o ano trinta e dois do rei Artaxerxes, isto é, por doze anos, nem eu nem meus irmãos

comemos o pão devido ao governador. 15 Mas os primeiros governadores, que foram

antes de mim, oprimiram o povo, e tomaram-lhe pão e vinho e, além disso, quarenta siclos de

prata; e até os seus moços dominavam sobre o povo. Porém eu assim não fiz, por causa do

temor de Deus. 16 Também eu prossegui na obra deste muro, e

terra nenhuma compramos; e todos os meus moços se ajuntaram ali para a obra.

17 Sentavam-se à minha mesa cento e cinquenta homens dentre os judeus e os magistrados,

além dos que vinham ter conosco dentre as nações que estavam ao redor de nós.

18 Ora, o que se preparava para cada dia era um

boi e seis ovelhas escolhidas; também se preparavam aves e, de dez em dez dias, provisão de toda qualidade de vinho. Todavia, nem por

isso exigi o pão devido ao governador, porquanto a servidão deste povo era pesada.

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19 Lembra-te de mim para meu bem, ó meu Deus, e de tudo quanto tenho feito em prol deste

povo.” (Ne 5.1-19).

Neemias 6

“1 Quando Sambalate, Tobias e Gesem, o arábio,

e o resto dos nossos inimigos souberam que eu já tinha edificado o muro e que nele já não havia

brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as portas nos portais,

2 Sambalate e Gesem mandaram dizer-me:

Vem, encontremo-nos numa das aldeias da planície de Ono. Eles, porém, intentavam fazer-

me mal.

3 E enviei-lhes mensageiros a dizer: Estou

fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer. Por que cessaria esta obra,

enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?

4 Do mesmo modo mandaram dizer-se quatro

vezes; e do mesmo modo lhes respondi.

5 Então Sambalate, ainda pela quinta vez, me

enviou o seu moço com uma carta aberta na mão,

6 na qual estava escrito: Entre as nações se ouviu, e Gesem o diz, que tu e os judeus intentais

revoltar-vos, e por isso tu estás edificando o muro, e segundo se diz, queres fazer-te rei deles;

7 e que constituíste profetas para proclamarem a respeito de ti em Jerusalém: Há rei em Judá.

Ora, estas coisas chegarão aos ouvidos do rei; vem pois, agora e consultemos juntamente.

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8 Então mandei dizer-lhe: De tudo o que dizes, coisa nenhuma sucedeu, mas tu mesmo o

inventas.

9 Pois todos eles nos procuravam atemorizar, dizendo: As suas mãos hão de largar a obra, e

não se efetuará. Mas agora, ó Deus, fortalece as minhas mãos.

10 Fui à casa de Semaías, filho de Delaías, filho

de Meetabel, que estava em recolhimento; e disse ele: Ajuntemo-nos na casa de Deus, dentro

do templo, e fechemos as suas portas, pois virão matar-te; sim, de noite virão matar-te.

11 Eu, porém, respondi: Um homem como eu

fugiria? e quem há que, sendo tal como eu, possa entrar no templo e viver? De maneira nenhuma entrarei.

12 E percebi que não era Deus que o enviara; mas ele pronunciou essa profecia contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o haviam

subornado.

13 eles o subornaram para me atemorizar, a fim de que eu assim fizesse, e pecasse, para que

tivessem de que me infamar, e assim vituperassem.

14 Lembra-te, meu Deus, de Tobias e de

Sambalate, conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias, e dos demais

profetas que procuravam atemorizar-me.

15 Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco do mês de elul, em cinquenta e dois dias.

16 Quando todos os nosso inimigos souberam

disso, todos os povos que havia em redor de nós temeram, e abateram-se muito em seu próprio

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conceito; pois perceberam que fizemos esta obra com o auxílio do nosso Deus.

17 Além disso, naqueles dias o nobres de Judá enviaram muitas cartas a Tobias, e as cartas de

Tobias vinham para eles.

18 Pois muitos em Judá estavam ligados a ele por

juramento, por ser ele genro de Secanias, filho de Ará, e por haver seu filho Joanã casado com a

filha de Mesulão, filho de Berequias.

19 Também as boas ações dele contavam

perante mim, e as minhas palavras transmitiam a ele. Tobias, pois, escrevia cartas para me

atemorizar.” (Ne 6.1-19).

Neemias 7

“1 Ora, depois que o muro foi edificado, tendo eu assentado as portas, e havendo sido designados

os porteiros, os cantores e os levitas,

2 pus Hanâni, meu irmão, e Hananias,

governador do castelo, sobre Jerusalém; pois ele era homem fiel e temente a Deus, mais do que

muitos;

3 e eu lhes disse: Não se abram as portas de

Jerusalém até que o sol aqueça; e enquanto os guardas estiverem nos postos se fechem e se

tranquem as portas; e designei dentre os moradores de Jerusalém guardas, cada um por

seu turno, e cada um diante da sua casa.

4 Ora, a cidade era larga e grande, mas o povo

dentro dela era pouco, e ainda as casas não estavam edificadas.

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5 Então o meu Deus me pôs no coração que ajuntasse os nobres, os magistrados e o povo,

para registrar as genealogias. E achei o livro da genealogia dos que tinham subido primeiro e

achei escrito nele o seguinte: 6 Este são os filhos da província que subiram do

cativeiro dentre os exilados, que Nabucodonosor, rei da Babilônia, transportara e

que voltaram para Jerusalém e para Judá, cada um para a sua cidade,

7 os quais vieram com Zorobabel, Jesuá, Neemias, Azarias, Raamias, Naamâni,

Mordecai, Bilsã, Misperete, Bigvai, Neum e Baaná. Este é o número dos homens do povo de

Israel: 8 foram os filhos de Parós, dois mil cento e

setenta e dois; 9 os filhos de Sefatias, trezentos e setenta e dois;

10 os filhos de Ará, seiscentos e cinquenta e dois; 11 os filhos de Paate-Moabe, dos filhos de Jesuá e

de Joabe, dois mil oitocentos e dezoito; 12 os filhos de Elão, mil duzentos e cinquenta e

quatro; 13 os filhos de Zatu, oitocentos e quarenta e

cinco; 14 os filhos de Zacai, setecentos e sessenta;

15 os filhos de Binuí, seiscentos e quarenta e oito;

16 os filhos de Bebai, seiscentos e vinte e oito; 17 os filhos de Azgade, dois mil trezentos e vinte

e dois; 18 os filhos de Adonicão, seiscentos e sessenta e

sete; 19 os filhos de Bigvai, dois mil e sessenta e sete;

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20 os filhos de Adim, seiscentos e cinquenta e cinco;

21 os filhos de Ater, de Ezequias, noventa e oito; 22 os filhos de Hasum, trezentos e vinte e oito;

23 os filhos de Bezai, trezentos e vinte e quatro; 24 os filhos de Harife, cento e doze;

25 os filhos de Gibeão, noventa e cinco; 26 os filhos de Belém e de Netofá, cento e oitenta

e oito; 27 os homens de Anatote, cento e vinte e oito;

28 os homens de Bete-Azmavete, quarenta e dois;

29 os homens de Quiriate-Jeriam, de Cefira, e de Beerote, setecentos e quarenta e três;

30 os homens de Ramá e Gaba, seiscentos e vinte e um;

31 os homens de Micmás, cento e vinte e dois; 32 os homens de Betel e Ai, cento e vinte e três;

33 os homens do outro Nebo, cinquenta e dois; 34 os filhos do outro Elão, mil duzentos e

cinquenta e quatro; 35 os filhos de Harim, trezentos e vinte;

36 os filhos de Jericó, trezentos e quarenta e cinco;

37 os filhos de Lode, de hadide e de Ono, setecentos e vinte e um;

38 os filhos de Senaá, três mil novecentos e trinta.

39 Os sacerdotes: os filhos de Jedaías, da casa de Jesuá, novecentos e setenta e três;

40 os filhos de Imer, mil e cinquenta e dois; 41 os filhos de Pasur, mil duzentos e quarenta e

sete; 42 os filhos de Harim, mil e dezessete;

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43 Os levitas: os filhos de Jesuá, de Cadmiel, dos filhos de Hodevá, setenta e quatro.

44 Os cantores: os filhos de Asafe, cento e quarenta e oito.

45 Os porteiros: os filhos de Salum, os filhos de

Ater, os filhos de Talmom, os filhos de Acube, os filhos de Hatita, os filhos de Sobai, cento e trinta

e oito.

46 Os netinis: os filhos de Ziá, os filhos de

Hasufa, os filhos de Tabaote,

47 os filhos de Querós, os filhos de Siá, os filhos de Padom,

48 os filhos de Lebana, os filhos de Hagaba, os filhos de Salmai,

49 os filhos de Hanã, os filhos de Gidel, os filhos

de Gaar,

50 os filhos de Recaías, os filhos de Rezim, os

filhos de Necoda,

51 os filhos de Gazão, os filhos de Uzá, os filhos de Paseia,

52 os filhos de Besai, os filhos de Meunim, os filhos de Nefusesim,

53 os filhos de Baquebuque, os filhos de Hacufa,

os filhos de Hacur,

54 os filhos de Bazlite, os filhos de Meída, os

filhos de Harsa,

55 os filhos de Barcos, os filhos de Sísera, os filhos de Tamá,

56 os filhos de Nezias, os filhos de Hatifa,

57 os filhos dos servos de Salomão: os filhos de Sotai, os filhos de Soforete, os filhos de Perida,

58 os filhos de Jaala, os filhos de Darcom, os filhos de Gidel,

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59 os filhos de Sefatias, os filhos de Hatil, os filhos de Paquerete-Hazebaim e os filhos de

Amom. 60 Todos os netinins e os filhos dos servos de

Salomão, eram trezentos e noventa e dois. 61 Estes foram os que subiram de Tel-Mela, Tel-

Harsa, Querube, Adom, e Imer; porém não puderam provar que as suas casas paternas e as

sua linhagem eram de Israel: 62 os filhos de Dalaías, os filhos de Tobias, os

filhos de Necoda, seiscentos e quarenta e dois. 63 E dos sacerdotes: os filhos de Hobaías, os

filhos Hacoz, os filhos de Barzilai, que tomara por mulher uma das filhas Barzilai, o gileadita, e

que foi chamado do seu nome. 64 Estes buscaram o seu registro entre os

arrolados nos registros genealógicos, mas não foi encontrado; pelo que, tidos por imundos,

foram excluídos do sacerdócio. 65 E o governador lhes disse que não comesse

das coisas sagradas, até que se levantasse um sacerdote com Urim e Tumim.

66 Toda esta congregação junta somava quarenta e dois mil trezentos e sessenta;

67 afora os seus servos e as suas servas, que foram sete mil trezentos e trinta e sete; e tinham

duzentos e quarenta e cinco cantores e cantoras. 68 Os seus cavalos foram setecentos e trinta e

seis; os seus mulos, duzentos e quarenta e cinco; 69 os seus camelos, quatrocentos e trinta e

cinco; e os seus jumentos, seis mil setecentos e vinte.

70 Ora, alguns dos cabeças das casas paternas contribuíram para a obra. O governador deu

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para a tesouraria mil dáricos de ouro, cinquenta bacias, e quinhentas e trinta vestes sacerdotais.

71 E alguns dos cabeças das casas paternas deram para a tesouraria da obra vinte mil

dáricos de ouro, e duas mil e duzentas minas de prata.

72 O que o resto do povo deu foram vinte mil dáricos de ouro, duas mil minas de prata, e

sessenta e sete vestes sacerdotais. 73 Os sacerdotes, os levitas, os porteiros, os

cantores, alguns dentre o povo, os netinins e todo o Israel habitaram nas suas cidades.

Quando chegou o sétimo mês, já se achavam os filhos de Israel nas suas cidades.” (Ne 7.1-73).

Neemias 8

“1 Então todo o povo se ajuntou como um só homem, na praça diante da porta das águas; e

disseram a Esdras, o escriba, que trouxesse o livro da lei de Moisés, que o Senhor tinha

ordenado a Israel. 2 E Esdras, o sacerdote, trouxe a lei perante a

congregação, tanto de homens como de mulheres, e de todos os que podiam ouvir com

entendimento, no primeiro dia do sétimo mês. 3 E leu nela diante da praça que está fronteira à

porta das águas, desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e dos que

podiam entender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos ao livro da lei.

4 Esdras, o escriba, ficava em pé sobre um estrado de madeira, que fizeram para esse fim e

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estavam em pé junto a ele, à sua direita, Matitias, Sema, Ananías, Urias, Hilquias e

Maaseias; e à sua esquerda, Pedaías, Misael, Malquias, Hasum, Hasbadana, Zacarias e

Mesulão. 5 E Esdras abriu o livro à vista de todo o povo

(pois estava acima de todo o povo); e, abrindo-o ele, todo o povo se pôs em pé.

6 Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo povo, levantando as mãos,

respondeu: Amém! amém! E, inclinando-se, adoraram ao Senhor, com os rostos em terra.

7 Também Jesuá, Bani, Serebias, Jamim, Acube; Sabetai, Hodias, Maaseias, Quelita, Azarias,

Jozabade, Hanã, Pelaías e os levitas explicavam ao povo a lei; e o povo estava em pé no seu lugar.

8 Assim leram no livro, na lei de Deus, distintamente; e deram o sentido, de modo que

se entendesse a leitura. 9 E Neemias, que era o governador, e Esdras,

sacerdote e escriba, e os levitas que ensinavam o povo, disseram a todo o povo: Este dia é

consagrado ao Senhor vosso Deus; não pranteeis nem choreis. Pois todo o povo

chorava, ouvindo as palavras da lei. 10 Disse-lhes mais: Ide, comei as gorduras, e

bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque este dia é

consagrado ao nosso Senhor. Portanto não vos entristeçais, pois a alegria do Senhor é a vossa

força. 11 Os levitas, pois, fizeram calar todo o povo,

dizendo: Calai-vos, porque este dia é santo; por isso não vos entristeçais.

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12 Então todo o povo se foi para comer e beber, e para enviar porções, e para fazer grande

regozijo, porque tinha entendido as palavras que lhe foram referidas.

13 Ora, no dia seguinte ajuntaram-se os cabeças

das casas paternas de todo o povo, os sacerdotes e os levitas, na presença de Esdras, o escriba,

para examinarem as palavras da lei;

14 e acharam escrito na lei que o Senhor, por

intermédio de Moisés, ordenara que os filhos de Israel habitassem em cabanas durante a festa do

sétimo mês;

15 e que publicassem e fizessem passar pregão por todas as suas cidades, e em ramos de

oliveiras, de zambujeiros e de murtas, folhas de palmeiras, e ramos de outras árvores frondosas,

para fazerdes cabanas, como está escrito.

16 Saiu, pois, o povo e trouxe os ramos; e todos

fizeram para si cabanas, cada um no eirado da sua casa, nos seus pátios, nos átrios da casa de

Deus, na praça da porta das águas, e na praça da porta de Efraim.

17 E toda a comunidade dos que tinham voltado

do cativeiro fez cabanas, e habitaram nelas; pois não tinham feito assim os filhos de Israel desde

os dias de Josué, filho de Num, até aquele dia. E houve mui grande regozijo.

18 E Esdras leu no livro da lei de Deus todos os dias, desde o primeiro até o último; e

celebraram a festa por sete dias, e no oitavo dia houve uma assembleia solene, segundo a

ordenança.” (Ne 8.1-18).

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Neemias 9

“1 Ora, no dia vinte e quatro desse mês, se ajuntaram os filhos de Israel em jejum, vestidos

de sacos e com terra sobre as cabeças. 2 E os da linhagem de Israel se apartaram de

todos os estrangeiros, puseram-se em pé e confessaram os seus pecados e as iniquidades

de seus pais. 3 E, levantando-se no seu lugar, leram no livro

da lei do Senhor seu Deus, uma quarta parte do dia; e outra quarta parte fizeram confissão, e

adoraram ao Senhor seu Deus. 4 Então Jesuá, Bani, Cadmiel, Sebanias, Buni,

Serebias, Bani e Quenâni se puseram em pé sobre os degraus dos levitas, e clamaram em alta

voz ao Senhor seu Deus. 5 E os levitas Jesuá, Cadmiel, Bani, Hasabneias,

Serebias, Hodias, Sebanias e Petaías disseram: Levantai-vos, bendizei ao Senhor vosso Deus de

eternidade em eternidade. Bendito seja o teu glorioso nome, que está exaltado sobre toda

benção e louvor. 6 Tu, só tu, és Senhor; tu fizeste o céu e o céu dos

céus, juntamente com todo o seu exército, a terra e tudo quanto nela existe, os mares e tudo

quanto neles já, e tu os conservas a todos, e o exército do céu te adora.

7 Tu és o Senhor, o Deus que elegeste a Abrão, e o tiraste de Ur dos caldeus, e lhe puseste por

nome Abraão; 8 e achaste o seu coração fiel perante ti, e fizeste

com ele o pacto de que darias à sua descendência a terra dos cananeus, dos heteus,

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dos amorreus, dos perizeus, dos jebuseus e dos girgaseus; e tu cumpriste as tuas palavras, pois

és justo. 9 Também viste a aflição de nossos pais no Egito,

e ouviste o seu clamor junto ao Mar Vermelho; 10 e o operaste sinais e prodígios contra Faraó; e

contra todos os seus servos, e contra todo o povo da sua terra; pois sabias com que soberba eles

os haviam tratado; e assim adquiriste renome, como hoje se vê.

11 Fendeste o mar diante deles, de modo que passaram pelo meio do mar, em seco; e lançaste

os seus perseguidores nas profundezas, como uma pedra nas águas impetuosas.

12 Além disso tu os guiaste de dia por uma coluna de nuvem e de noite por uma coluna de

fogo, para os alumiares no caminho por onde haviam de ir.

13 Desceste sobre o monte Sinai, do céu falaste com eles, e lhes deste juízos retos e leis

verdadeiras, bons estatutos e mandamentos; 14 o teu santo sábado lhes fizeste conhecer; e

lhes ordenaste mandamentos e estatutos e uma lei, por intermédio de teu servo Moisés.

15 Do céu lhes deste pão quando tiveram fome, e da rocha fizeste brotar água quando tiveram

sede; e lhes ordenaste que entrassem para possuir a terra que com juramento lhes havias

prometido dar. 16 eles, porém, os nossos pais, se houveram

soberbamente e endureceram a cerviz, e não deram ouvidos aos teus mandamentos,

17 recusando ouvir-te e não se lembrando das tuas maravilhas, que fizeste no meio deles; antes

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endureceram a cerviz e, na sua rebeldia, levantaram um chefe, a fim de voltarem para

sua servidão. Tu, porém, és um Deus pronto para perdoar, clemente e misericordioso, tardio

em irar-te e grande em beneficência, e não os abandonaste.

18 Ainda mesmo quando eles fizeram para si um bezerro de fundição, e disseram: Este é o teu

Deus, que te tirou do Egito, e cometeram grandes blasfêmias,

19 todavia tu, pela multidão das tuas misericórdias, não os abandonaste no deserto. A

coluna de nuvem não se apartou deles de dia, para os guiar pelo caminho, nem a coluna de

fogo de noite, para lhes alumiar o caminho por onde haviam de ir.

20 Também lhes deste o teu bom Espírito para os ensinar, e o teu maná não retiraste da sua

boca, e água lhes deste quando tiveram sede. 21 Sim, por quarenta anos os sustentaste no

deserto; não lhes faltou coisa alguma; a sua roupa não envelheceu, e o seus pés não se

incharam. 22 Além disso lhes deste reinos e povos, que lhes

repartiste em porções; assim eles possuíram a terra de Siom, a saber; a terra do rei de Hesbom,

e a terra de Ogue, rei de Basã. 23 Outrossim multiplicaste os seus filhos como

as estrelas do céu, e os introduziste na terra de que tinhas dito a seus pais que nela entrariam

para a possuírem. 24 Os filhos, pois, entraram e possuíram a terra;

e abateste perante eles, os moradores da terra, os cananeus, e lhos entregaste nas mãos, como

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também os seus reis, e os povos da terra, para fazerem deles conforme a sua vontade.

25 Tomaram cidades fortificadas e uma terra

fértil, e possuíram casas cheias de toda sorte de coisas boas, cisternas cavadas, vinhas e olivais, e

árvores frutíferas em abundância; comeram, pois, fartaram-se e engordaram, e viveram em

delícias, pela tua grande bondade.

26 Não obstante foram desobedientes, e se

rebelaram contra ti; lançaram a tua lei para trás das costas, e mataram os teus profetas que

protestavam contra eles para que voltassem a ti; assim cometeram grandes provocações.

27 Pelo que os entregaste nas mãos dos seus

adversários, que os afligiram; mas no templo da sua angústia, quando eles clamaram a ti, tu os

ouviste do céu; e segundo a multidão das tuas misericórdias lhes deste libertadores que os

libertaram das mãos de seus adversários.

28 Mas, tendo alcançado repouso, tornavam a

fazer o mal diante de ti,; portanto tu os deixavas nas mãos dos seus inimigos, de modo que estes

dominassem sobre eles; todavia quando eles voltavam e clamavam a ti, tu os ouvias do céu, e

segundo a tua misericórdia os livraste muitas vezes;

29 e testemunhaste contra eles, para os fazerdes voltar para a tua lei; contudo eles se houveram

soberbamente, e não deram ouvidos aos teus mandamentos, mas pecaram contra os teus juízos, pelos quais viverá o homem que os

cumprir; viraram o ombro, endureceram a cerviz e não quiseram ouvir.

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30 Não obstante, por muitos anos os aturaste, e testemunhaste contra eles pelo teu Espírito, por

intermédio dos teus profetas; todavia eles não quiseram dar ouvidos; pelo que os entregaste

nas mãos dos povos de outras terras. 31 Contudo pela tua grande misericórdia não os

destruíste de todo, nem os abandonaste, porque és um Deus clemente e misericordioso.

32 Agora, pois, ó nosso Deus, Deus grande, poderoso e temível, que guardas o pacto e a

beneficência, não tenhas em pouca conta toda a aflição que nos alcançou a nós, a nossos reis, a

nossos príncipes, a nossos sacerdotes, a nossos profetas, a nossos pais e a todo o teu povo, desde

os dias dos reis da Assíria até o dia de hoje. 33 Tu, porém, és justo em tudo quanto tem vindo

sobre nós; pois tu fielmente procedeste, mas nós perversamente.

34 Os nossos reis, os nossos príncipes, os nossos sacerdotes, e os nossos pais não têm guardado a

tua lei, nem têm dado ouvidos aos teus mandamentos e aos teus testemunhos, com que

testificaste contra eles. 35 Porque eles, no seu reino, na muita

abundância de bens que lhes deste, na terra espaçosa e fértil que puseste diante deles, não te

serviram, nem se converteram de suas más obras.

36 Eis que hoje somos escravos; e quanto à terra que deste a nossos pais, para comerem o seu

fruto e o seu bem, eis que somos escravos nela. 37 E ela multiplica os seus produtos para os reis

que puseste sobre nós por causa dos nossos pecados; também eles dominam sobre os

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nossos corpos e sobre o nosso gado como bem lhes apraz, e estamos em grande angústia.

38 Contudo, por causa de tudo isso firmamos um pacto e o escrevemos; e selam-no os nossos

príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes.” (Ne 9.1-38).

Neemias 10

“1 Os que selaram foram: Neemias, o governador, filho de Hacalias, Zedequias,

2 Seraías, Azarias, Jeremias,

3 Pasur, Amarias, Malquias,

4 Hatus, Sebanias, Maluque,

5 Harim, Meremote, Obadias,

6 Daniel, Ginetom, Baruque,

7 Mesulão, Abias, Miamim,

8 Maazias, Bilgai e Semaías; estes foram os

sacerdotes.

9 E os levitas: Jesuá, filho de Azanias, Binuí, dos

filhos de Henadade, Cadmiel,

10 e seus irmãos, Sebanias, Hodias, Quelita,

Pelaías, Hanã,

11 Mica, Reobe, Hasabias,

12 Zacur, Serebias, Sebanias,

13 Hodias, Bani e Benínu.

14 Os chefes do povo: Parós, Paate-Moabe, Elão,

Zatu, Bani,

15 Buni, Azgade, Bebai,

16 Adonias, Bigvai, Adim,

17 Ater, Ezequias, Azur,

18 Hodias, Asum, Bezai,

19 Harife, Anotote, Nobai,

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20 Magpias, Mesulão, Hezir, 21 Mesezabel, Zadoque, Jadua,

22 Pelatias, Hanã, Anaías, 23 Oseias, Hananias, Ananías,

24 Haloés, Pilá, Sobeque, 25 Reum, Hasabna, Maaseias,

26 Aías, Hanã, Anã, 27 Maluque, Harim e Baaná.

28 E o resto do povo, os sacerdotes, os porteiros,

os cantores, os netinins, e todos os que se tinham separado dos povos de outras terras para seguir a lei de Deus, suas mulheres, seus filhos

e suas filhas, todos os que tinham conhecimento e entendimento,

29 aderiram a seus irmãos, os seus nobres, e convieram num juramento sob pena de

maldição de que andariam na lei de Deus, a qual foi dada por intermédio de Moisés, servo de

Deus, e de que guardariam e cumpririam todos os mandamentos do Senhor, nosso Deus, e os

seus juízos e os seus estatutos; 30 de que não daríamos as nossas filhas aos

povos da terra, nem tomaríamos as filhas deles para os nossos filhos;

31 de que, se os povos da terra trouxessem no dia de sábado qualquer mercadoria ou quaisquer

cereais para venderem, nada lhes compraríamos no sábado, nem em dia

santificado; e de que abriríamos mão do produto do sétimo ano e da cobrança nele de todas as

dívidas. 32 Também sobre nós impusemos ordenanças,

obrigando-nos a dar a cada ano a terça parte dum siclo para o serviço da casa do nosso Deus;

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33 para os pães da proposição, para a contínua oferta de cereais, para o contínuo holocausto

dos sábados e das luas novas, para as festas fixas, para as coisas sagradas, para as ofertas pelo

pecado a fim de fazer expiação por Israel, e para toda a obra da casa do nosso Deus.

34 E nós, os sacerdotes, os levitas e o povo lançamos sortes acerca da oferta da lenha que

havíamos de trazer à casa do nosso Deus, segundo as nossas casas paternas, a tempos

determinados, de ano em ano, para se queimar sobre o altar do Senhor nosso Deus, como está

escrito na lei. 35 Também nos obrigamos a trazer de ano em

ano à casa do Senhor as primícias de todos os frutos de todas as árvores;

36 e a trazer os primogênitos dos nossos filhos, e os do nosso gado, como está escrito na lei, e os

primogênitos das nossas manadas e dos nossos rebanhos à casa do nosso Deus, aos sacerdotes

que ministram na casa do nosso Deus; 37 e as primícias da nossa massa, e as nossas

ofertas alçadas, e o fruto de toda sorte de árvores, para as câmaras da casa de nosso Deus;

e os dízimos da nossa terra aos levitas; pois eles, os levitas, recebem os dízimos em todas as

cidades por onde temos lavoura. 38 E o sacerdote, filho de Arão, deve estar com

os levitas quando estes receberem os dízimos; e os levitas devem trazer o dízimo dos dízimos à

casa do nosso Deus, para as câmaras, dentro da tesouraria.

39 Pois os filhos de Israel e os filhos de Levi devem trazer ofertas alçadas dos cereais, do

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mosto e do azeite para aquelas câmaras, em que estão os utensílios do santuário, como também

os sacerdotes que ministram, e os porteiros, e os cantores; e assim não negligenciarmos a casa do

nosso Deus.” (Ne 10.1-39).

Neemias 11

“1 Ora, os príncipes do povo habitaram em

Jerusalém; e o restante do povo lançou sortes, para tirar um de cada dez que habitasse na santa

cidade de Jerusalém, ficando nove nas outras cidades.

2 E o povo bendisse todos os homens que voluntariamente se ofereceram para habitar em

Jerusalém.

3 Estes, pois, são os chefes da província que

habitaram em Jerusalém; porém nas cidades de Judá habitou cada um na sua possessão, nas suas cidades, a saber, Israel, os sacerdotes, os levitas,

os netinins e os filhos dos servos de Salomão.

4 E habitaram em Jerusalém alguns dos filhos de Judá e dos filhos de Benjamim. Dos filhos de Judá: Ataías, filho de Uzias, filho de Zacarias,

filho de Amarias, filho de Sefatias, filho de Maalelel, dos filhos de Pérez;

5 e Maaseias, filho de Baruque, filho de Col-Hoze, filho de Hazaías, filho de Adaías, filho de

Joiaribe, filho de Zacarias, filho de Silôni.

6 Todos os filhos de Pérez que habitaram em

Jerusalém foram quatrocentos e sessenta e oito homens valentes.

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7 São estes os filhos de Benjamim: Salu, filho de Mesulão, filho de Joede, filho de Pedaías, filho

de Colaías, filho de Maaseias, filho de Itiel, filho de Jesaías.

8 E depois dele Gabai, Salai, ...novecentos e vinte e oito.

9 Joel, filho de Zicri, superintendente sobre eles;

e Judá, filho de Senua, o segundo sobre a cidade.

10 Dos sacerdotes: Jedaías, filho de Joiaribe, Jaquim,

11 Seraías, filho de Hilquias, filho de Mesulão,

filho de Zadoque, filho de Meraiote, filho de Altube, príncipe sobre a casa de Deus;

12 e seus irmãos que faziam a obra da casa,

oitocentos e vinte e dois; e Adaías, filho de Jeroão, filho de Pelalias, filho de Anzi, filho de

Zacarias, filha de Pasur, filho de Malquias,

13 e seus irmãos, cabeças de casas paternas,

duzentos e quarenta e dois; e Amassai, filho de Azarel, filho de Aazai, filho de Mesilemote, filho

de Imer,

14 e os irmãos deles, homens valentes, cento e vinte e oito; e o superintendente sobre eles era

Zabdiel, filho de Hagedolim.

15 Dos levitas: Semaías, filho de Hassube, filho de Azricão, filho de Hasabias, filho de Buni;

16 Sabetai e Jozabade, dos cabeças dos levitas,

presidiam o serviço externo da casa de Deus;

17 Matanias, filho de Mica, filho de Zabdi, filho de Asafe, o dirigente que iniciava as ações de graças na oração, e Baquebuquias, o segundo

entre seus irmãos; depois Abda, filho de Samua, filho de Galal, filho de Jedútun.

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18 Todos os levitas na santa cidade foram duzentos e oitenta e quatro.

19 Também os porteiros, Acube, Talmom, e seus irmãos, os guardas das portas, foram cento e

sessenta e dois. 20 O resto de Israel e dos sacerdotes e levitas,

habitou em todas as cidades de Judá, cada um na sua herança.

21 Os netinins, porém, habitaram em Ofel; e Ziá e Gispa presidiram sobre eles.

22 O superintendente dos levitas em Jerusalém era Uzi, filho de Bani, filho de Hasabias, filho de

Matanias, filho de Mica, dos filhos de Asafe, os cantores; ele estava encarregado do serviço da

casa de Deus. 23 Pois havia uma ordem da parte do rei acerca

deles, e uma norma para os cantores, estabelecendo o dever de cada dia.

24 E Petaías, filho de Mesezabel, dos filhos de Zerá, filho de Judá, estava às ordens do rei, em

todos os negócios concernentes ao povo. 25 E quanto às aldeias com os seus campos,

alguns dos filhos de Judá habitaram em Quiriate-Arba e seus arrabaldes, em Dibom e

seus arrabaldes, e em Jecabzeel e suas aldeias; 26 em Jesuá, em Molada, em Bete-Pelete,

27 Em Hazar-Sual, em Berseba e seus arrabaldes,

28 em Ziclague, em Mecona e seus arrabaldes, 29 em En-Rimom, em Zorá, em Jarmute,

30 em Zanoa, em Adulão e suas aldeias, em Laquis e seus campos, e em Azeca e seus

arrabaldes. Acamparam-se, pois, desde Berseba até o vale do Hinom.

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31 Os filhos de Benjamim também habitaram desde Geba em diante, em Micmás e Aíja, em

Betel e seus arrabaldes,

32 em Anatote, em Nobe, em Ananias,

33 em Hazor, em Ramá, em Gitaim,

34 em Hadide, em Zeboim, em Nebalate,

35 em Lode, e em Ono, vale dos artífices.

36 E dos levitas que habitavam em Judá, algumas turmas foram unidas a Benjamim.” (Ne 11.1-36).

Neemias 12

“1 Ora, estes são os sacerdotes e os levitas que subiram com Zorobabel, filho de Sealtiel, e com Jesuá: Seraías, Jeremias, Esdras,

2 Amarias, Maluque, Hatus,

3 Ido, Ginetói, Abias,

4 Secanias, Reum, Meremote,

5 Miamim, Maadias, Bilga,

6 Semaías, Joiaribe, Jedaías,

7 Salu, Amoque, Hilquias e Jedaías; estes foram os chefes dos sacerdotes e de seus irmãos, nos dias de Jesuá.

8 E os levitas: Jesuá, Binuí, Cadmiel, Serebias,

Judá, Matanias; este e seus irmãos dirigiam os louvores.

9 E Baquebuquias e Uni, seus irmãos, estavam

defronte deles segundo os seus cargos.

10 Jesuá foi pai de Joiaquim, Joiaquim de Eliasibe, Eliasibe de Joiada,

11 Joiada de Jonatã, e Jonatã de Jadua.

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12 E nos dias de Joiaquim foram sacerdotes, chefes das casas paternas: por Seraías, Meraías;

por Jeremias, Hananias; 13 por Esdras, Mesulão; por Amarias, Jeoanã;

14 por Malúqui, Jonatã; por Sebanias, José; 15 por Harim, Adná; por Meraiote, Helcai;

16 por Ido, Zacarias; por Gineton, Mesulão; 17 por Abias, Zicri; por Miniamim, por Moadias,

Piltai; 18 por Bilga, Samua; por Semaías, Jeonatã;

19 por Joiaribe, Matenai; por Jedaías, Uzi; 20 por Salai, Calai; por Amoque, Eber;

21 por Hilquias, Hasabias; por Jedaías, Netanel. 22 Nos dias de Eliasibe, Joiada, Joanã e Jadua

foram inscritos, dos levitas, os chefes das casas paternas; e assim também os dos sacerdotes, no

reinado de Dario, o persa. 23 Os filhos de Levi, chefes de casas paternas,

foram inscritos no livro das crônicas, até os dias de Joanã, filho de Eliasibe.

24 Foram, pois, os chefes dos levitas: Hasabias, Serebias, Jesuá, filho de Cadmiel, e seus irmãos

que ficavam defronte deles, turma contra turma, para louvarem e darem graças, segundo

a ordem de Davi, homem de Deus. 25 Matanias, Baquebuquias, Obadias, Mesulão,

Talmom, e Acube eram porteiros, e faziam a guarda junto aos celeiros das portas.

26 Estes viveram nos dias de Joiaquim, filho de Jesuá, filho de Jozadaque, como também nos

dias de Neemias, o governador, e do sacerdote Esdras, o escriba.

27 Ora, na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas de todos os lugares, para os

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trazerem a Jerusalém, a fim de celebrarem a dedicação com alegria e com ações de graças, e

com canto, címbalos, alaúdes e harpas. 28 Ajuntaram-se os filhos dos cantores, tanto da

campina dos arredores de Jerusalém, como das aldeias do netofatitas;

29 como também de Bete-Gilgal, e dos campos de Geba e Azmavete; pois os cantores tinham

edificado para si aldeias ao redor de Jerusalém. 30 E os sacerdotes e os levitas se purificaram, e

purificaram o povo, as portas e o muro. 31 Então fiz subir os príncipes de Judá sobre o

muro, e constituí duas grandes companhias para darem graças e andarem em procissão,

uma das quais foi para a direita sobre o muro, em direção à porta do monturo;

32 e após ela seguiam Hosaías, e a metade dos príncipes de Judá,

33 e Azarias, Esdras, Mesulão, 34 Judá, Benjamim, Semaías, e Jeremias;

35 e dos filhos dos sacerdotes, levando trombetas, Zacarias, filho de Jonatã, filho de

Semaías, filho de Matanias, filho de Micaías, filho de Zacur, filho de Asafe.

36 e seus irmãos, Semaías, Azarel, Milalai, Gilalai, Maai, Netanel, Judá e Hanâni, com os

instrumento musicais de Davi, homem de Deus; e Esdras, o escriba, ia adiante deles.

37 À entrada da porta da fonte subiram diretamente as escadas da cidade de Davi onde

começa a subida do muro, acima da casa de Davi, até a porta das águas a leste.

38 A outra companhia dos que davam graças foi para a esquerda, seguindo-os eu com a metade

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do povo, sobre o muro, passando pela torre dos fornos até a muralha larga,

39 e seguindo por cima da porta de Efraim, e da porta velha, e da porta dos peixes, e pela torre de

Hananel, e a torre dos Cem até a porta das ovelhas; e pararam à porta da guarda.

40 Assim as duas companhias dos que davam

graças pararam na casa de Deus, como também eu e a metade dos magistrados que estavam

comigo,

41 e os sacerdotes Eliaquim, Maaseias, Miniamim, Micaías, Elioenai, Zacarias e

Hananias, com trombetas,

42 com também Maaseias, Semaías, eleazar, Uzi,

Jeoanã, Malquias, Elão, e Ézer; e os cantores cantavam, tendo Jezraías por dirigente.

43 Naquele dia ofereceram grandes sacrifícios,

e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande alegria; também as mulheres e as

crianças se alegraram, de modo que o júbilo de Jerusalém se fez ouvir longe.

44 No mesmo dia foram nomeados homens

sobre as câmaras do tesouro para as ofertas alçadas, as primícias e os dízimos, para nelas

recolherem, dos campos, das cidades, os quinhões designados pela lei para os sacerdotes

e para os levitas; pois Judá se alegrava por estarem os sacerdotes e os levitas no seu posto,

45 observando os preceitos do seu Deus, e os da purificação, como também o fizeram os

cantores e porteiros, conforme a ordem de Davi e de seu filho Salomão.

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46 Pois desde a antiguidade, já nos dias de Davi e de Asafe, havia um chefe dos cantores, e havia

cânticos de louvor e de ação de graça a Deus.

47 Pelo que todo o Israel, nos dias de Zorobabel e nos dias de Neemias, dava aos cantores e aos

porteiros as suas porções destinadas aos levitas, e os levitas separavam as porções destinadas aos

filhos de Arão.” (Ne 12.1-47).

Neemias 13

“1 Naquele dia leu-se o livro de Moisés, na

presença do povo, e achou-se escrito nele que os amonitas e os moabitas não entrassem jamais

na assembleias de Deus;

2 porquanto não tinham saído ao encontro dos

filhos de Israel com pão e água, mas contra eles assalariaram Balaão para os amaldiçoar; contudo o nosso Deus converteu a maldição em

benção.

3 Ouvindo eles esta lei, apartaram de Israel toda

a multidão mista.

4 Ora, antes disto Eliasibe, sacerdote,

encarregado das câmaras da casa de nosso Deus, se aparentara com Tobias,

5 e lhe fizera uma câmara grande, onde dantes

se recolhiam as ofertas de cereais, o incenso, os utensílios, os dízimos dos cereais, do mosto e do

azeite, que eram dados por ordenança aos levitas, aos cantores e aos porteiros, como

também as ofertas alçadas para os sacerdotes.

6 Mas durante todo este tempo não estava eu em Jerusalém, porque no ano trinta e dois de

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Artaxerxes, rei da Babilônia, fui ter com o rei; mas a cabo de alguns dias pedi licença ao rei,

7 e vim a Jerusalém; e soube do mal que Eliasibe fizera em servir a Tobias, preparando-lhe uma

câmara nos átrios da casa de Deus. 8 Isso muito me desagradou; pelo que lancei

todos os móveis da casa de Tobias fora da câmara.

9 Então, por minha ordem purificaram as câmaras; e tornei a trazer para ali os utensílios

da casa de Deus, juntamente com as ofertas de cereais e o incenso.

10 Também soube que os quinhões dos levitas não se lhes davam, de forma que os levitas e os

cantores, que faziam o serviço, tinham fugido cada um para o seu campo.

11 Então contendi com os magistrados e disse: Por que se abandonou a casa de Deus? Eu, pois,

ajuntei os levitas e os cantores e os restaurei no seu posto.

12 Então todo o Judá trouxe para os celeiros os dízimos dos cereais, do mosto e do azeite.

13 E por tesoureiros pus sobre os celeiros Selemias, o sacerdote, e Zadoque, o escrivão, e

Pedaías, dentre os levitas, e como ajudante deles Hanã, filho de Zacur, filho de Matanias, porque

foram achados fiéis; e se lhes encarregou de fazerem a distribuição entre seus irmãos.

14 Por isto, Deus meu, lembra-te de mim, e não risques as beneficências que eu tenho feito para

a casa do meu Deus e para o serviço dela. 15 Naqueles dias vi em Judá homens que

pisavam lagares no sábado, e traziam molhos, que carregavam sobre jumentos; vi também

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vinho, uvas e figos, e toda sorte de cargas, que eles traziam a Jerusalém no dia de sábado; e

protestei contra eles quanto ao dia em que estavam vendendo mantimentos.

16 E em Jerusalém habitavam homens de Tiro, os quais traziam peixes e toda sorte de

mercadorias, que vendiam no sábado aos filhos de Judá, e em Jerusalém.

17 Então contendi com os nobres de Judá, e lhes disse: Que mal é este que fazeis, profanando o

dia de sábado? 18 Porventura não fizeram vossos pais assim, e

não trouxe nosso Deus todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? Contudo vós ainda

aumentais a ira sobre Israel, profanando o sábado.

19 E sucedeu que, ao começar a fazer-se escuro nas portas de Jerusalém, antes do sábado, eu

ordenei que elas fossem fechadas, e mandei que não as abrissem até passar o sábado e pus às

portas alguns de meus moços, para que nenhuma carga entrasse no dia de sábado.

20 Então os negociantes e os vendedores de toda sorte de mercadorias passaram a noite fora de

Jerusalém, uma ou duas vezes. 21 Protestei, pois, contra eles, dizendo-lhes: Por

que passais a noite defronte do muro? Se outra vez o fizerdes, hei de lançar mão em vós.

Daquele tempo em diante não vieram no sábado.

22 Também ordenei aos levitas que se purificassem, e viessem guardar as portas, para santificar o sábado. Nisso também, Deus meu,

lembra-te de mim, e perdoa-me segundo a abundância da tua misericórdia.

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23 Vi também naqueles dias judeus que tinham casado com mulheres asdoditas, amonitas, e

moabitas;

24 e seus filhos falavam no meio asdodita, e não

podiam falar judaico, senão segundo a língua de seu povo.

25 Contendi com eles, e os amaldiçoei;

espanquei alguns deles e, arrancando-lhes os cabelos, os fiz jurar por Deus, e lhes disse: Não

dareis vossas filhas a seus filhos, e não tomareis suas filhas para vossos filhos, nem para vós

mesmos.

26 Não pecou nisso Salomão, rei de Israel? Entre muitas nações não havia rei semelhante a ele, e

ele era amado de seu Deus, e Deus o constituiu rei sobre todo o Israel. Contudo mesmo a ele as

mulheres estrangeiras o fizeram pecar.

27 E dar-vos-íamos nós ouvidos, para fazermos todo este grande mal, esta infidelidade contra o

nosso Deus, casando com mulheres estrangeiras?

28 Também um dos filhos de Joiada, filho do sumo sacerdote Eliasibe, era genro de

Sambalate, o horonita, pelo que o afugentei de mim.

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30 Assim os purifiquei de tudo que era estrangeiro, e determinei os cargos para os

sacerdotes e para os levitas, cada um na sua função;

31 como também o que diz respeito à oferta da lenha em tempos determinados, e bem assim às

primícias. Lembra-te de mim, Deus meu, para o meu bem.” (Ne 13.1-31).