Uma Visao Tradicionalista

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Uma visão tradicionalista Por que combatemos? Esta é a questão fundamental que todo o soldado político deve colocar. Por contraditório que possa parecer somos tentados a responder que lutamos pela Tradição e pela Revolução. A Tradição Antes de mais não se deve confundir a Tradição com as tradições, isto é, os usos e costumes. A Tradição designa o conjunto dos conhecimentos de ordem superior referentes ao Ser e suas manifestações no mundo, tal como nos foram legados pelas gerações anteriores. Ela assenta não no que foi uma vez, num tempo e espaço determinados, mas no que é de sempre. Admite uma variedade de formas – as tradições –, ao mesmo tempo que permanece una na sua essência. Não poderíamos confundi-la com a tradição religiosa única porque ela cobre a totalidade das actividades humanas, políticas, económicas, sociais, etc. No seguimento de Joseph de Maistre, de Fabre d’Olivet e, sobretudo, de René Guénon, Julius Evola fala de uma «Tradição primordial» que, historicamente, permitiria contemplar a origem concreta de um conjunto de tradições. Tratar-se-ia de uma tradição hiperbórea, vinda do Extremo Norte, situada no começo do presente ciclo de civilização, em particular das culturas indo-europeias. Do ponto de vista de Evola «uma civilização ou uma sociedade é tradicional quando é regida por princípios que transcendem o que é meramente humano e individual, quando todas as suas formas vêm do cimo e quando ela está toda orientada para o alto». A civilização tradicional assenta então em fundamentos metafísicos. É caracterizada pelo reconhecimento de uma ordem superior a tudo o que é humano e contingente, pela presença e autoridade de elites que retiram desse plano transcendente os princípios necessários para assegurar uma organização social hierarquicamente articulada, abrindo as vias para um conhecimento superior e conferindo por fim à vida um sentido vertical. O mundo moderno é quanto a ele o oposto do mundo da Tradição que se personificou em todas as grandes civilizações do Ocidente e Oriente. É-lhe próprio o desconhecimento de tudo o que é superior ao homem, uma dessacralização generalizada, o materialismo, a confusão de castas e raças. A Revolução

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PERENIALISMO

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Uma viso tradicionalista

Uma viso tradicionalista

Por que combatemos? Esta a questo fundamental que todo o soldado poltico deve colocar. Por contraditrio que possa parecer somos tentados a responder que lutamos pela Tradio e pela Revoluo.

A Tradio

Antes de mais no se deve confundir a Tradio com as tradies, isto , os usos e costumes.

A Tradio designa o conjunto dos conhecimentos de ordem superior referentes ao Ser e suas manifestaes no mundo, tal como nos foram legados pelas geraes anteriores. Ela assenta no no que foi uma vez, num tempo e espao determinados, mas no que de sempre. Admite uma variedade de formas as tradies , ao mesmo tempo que permanece una na sua essncia. No poderamos confundi-la com a tradio religiosa nica porque ela cobre a totalidade das actividades humanas, polticas, econmicas, sociais, etc.

No seguimento de Joseph de Maistre, de Fabre dOlivet e, sobretudo, de Ren Gunon, Julius Evola fala de uma Tradio primordial que, historicamente, permitiria contemplar a origem concreta de um conjunto de tradies. Tratar-se-ia de uma tradio hiperbrea, vinda do Extremo Norte, situada no comeo do presente ciclo de civilizao, em particular das culturas indo-europeias.

Do ponto de vista de Evola uma civilizao ou uma sociedade tradicional quando regida por princpios que transcendem o que meramente humano e individual, quando todas as suas formas vm do cimo e quando ela est toda orientada para o alto. A civilizao tradicional assenta ento em fundamentos metafsicos. caracterizada pelo reconhecimento de uma ordem superior a tudo o que humano e contingente, pela presena e autoridade de elites que retiram desse plano transcendente os princpios necessrios para assegurar uma organizao social hierarquicamente articulada, abrindo as vias para um conhecimento superior e conferindo por fim vida um sentido vertical.

O mundo moderno quanto a ele o oposto do mundo da Tradio que se personificou em todas as grandes civilizaes do Ocidente e Oriente. -lhe prprio o desconhecimento de tudo o que superior ao homem, uma dessacralizao generalizada, o materialismo, a confuso de castas e raas.

A Revoluo

Quanto ao termo Revoluo deve ser entendido na sua dupla acepo. No seu sentido actual, o mais correntemente utilizado, Revoluo significa mudana brusca e radical no governo de um Estado, a Revoluo francesa e a Revoluo sovitica de 1917 so uma ilustrao perfeita.

No obstante, no seu sentido primeiro, Revoluo no significa subverso e revolta mas o contrrio, a saber, regresso a um ponto de partida e movimento ordenado em torno de um eixo. assim que, na linguagem astronmica, a revoluo de um astro designa precisamente o movimento que ele realiza gravitando em torno de um centro, o qual contm a fora centrfuga, impedindo o astro de se perder no espao infinito.Ora ns estamos hoje no fim de um ciclo. Com a regresso das estirpes, a descida progressiva da autoridade de uma a outra das quatro funes tradicionais, o poder passou dos reis sagrados a uma aristocracia guerreira, depois aos comerciantes, por fim s massas. a idade de ferro, o Kal-Yuga ariano, idade sombra da decadncia, caracterizada pelo reino da quantidade, do nmero, das massas, e a correria desenfreada produo, ao lucro, riqueza material.

Ser pela Revoluo hoje, pretender o regresso da nossa civilizao europeia a um ponto de partida original, conforme aos valores e aos princpios da Tradio, o que passa, reivindicando a expresso de Giorgio Freda, pela desintegrao do sistema actual, anttese do mundo tradicional ao qual aspiramos.

Edouard Rix