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PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E DEGRADAÇÃO DE BLENDAS DE POLIESTIRENO E AMIDO TERMOPLÁSTICO USANDO GLICEROL E ÓLEO DE BURITI (Mauritia flexuosa) COMO PLASTIFICANTES DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DANIELA SCHLEMMER Orientadora: Profa. Dra. Maria José Araújo Sales Brasília - 2007 UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química Laboratório de Pesquisa em Polímeros

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PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E DEGRADAÇÃO DE

BLENDAS DE POLIESTIRENO E AMIDO TERMOPLÁSTICO

USANDO GLICEROL E ÓLEO DE BURITI (Mauritia flexuosa)

COMO PLASTIFICANTES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

DANIELA SCHLEMMER

Orientadora: Profa. Dra. Maria José Araújo Sales

Brasília - 2007

UnB – Universidade de Brasília

Instituto de Química

Laboratório de Pesquisa em Polímeros

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Universidade de Brasília – UnB

Instituto de Química

Laboratório de Pesquisa em Polímeros

PREPARAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E DEGRADAÇÃO DE

BLENDAS DE POLIESTIRENO E AMIDO TERMOPLÁSTICO

USANDO GLICEROL E ÓLEO DE BURITI (Mauritia flexuosa)

COMO PLASTIFICANTES

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

DANIELA SCHLEMMER

Orientadora: Profa. Dra. Maria José Araújo Sales

Brasília – 2007

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iii

Aos meus pais, Erani e Nelci, pelo exemplo de

vida e honestidade. Obrigado por sempre

aceitarem as minhas escolhas.

Ao Felipe pelos momentos maravilhosos. Pelo

amor, compreensão e companheirismo

incondicionais.

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iv

AGRADECIMENTOS

À professora Maria José Araújo Sales pela orientação, preocupação,

disponibilidade, amizade e bom humor desses anos.

Aos meus irmãos por todos os momentos vividos. À Fran pelo

aprendizado da convivência e ao Felipe pela alegria que traz às nossas vidas.

À Sandra e Luiz Fernando pelo carinho e pelo refúgio sempre

hospitaleiro.

À professora Inês Sabioni Resck e Viviane pela aquisição e discussões

dos espectros de RMN.

À professora Edi Mendes Guimarães pela aquisição dos difratogramas

de raios X.

Aos funcionários do IQ, em especial ao Júnior, pela atenção e solicitude.

Ao Edy pela ajuda inestimável.

À Jussara pela disponibilidade e prontidão com que ajudou nos mais

diversos assuntos.

À Drica e Grace pela amizade. Pelos momentos surreais e

inesquecíveis.

À Rosy, Niza, Felipe, Robson e Vivi, pela companhia, idéias,

confraternizações e por tornarem o LabPol um ambiente de trabalho tão

agradável. À Marina, especialmente, pela grande ajuda no momento mais

importante.

Ao Alexandre, Natália, Rafael, Alessandra e Wélida pela amizade.

À Tati e Bruno pelas conversas agradáveis. Ao Gabriel pelos abraços

gostosos.

Ao professor Floriano Pastore e Alexandre pela compreensão, apoio e

principalmente confiança.

A todos que de alguma maneira contribuíram com este trabalho.

Page 6: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

v

RESUMO

A grande quantidade de plástico sintético que é descartada no meio

ambiente tem provocado poluição ambiental, já que esses plásticos são inertes

ao ataque de microorganismos. Esse fato conduz as pesquisas para o

desenvolvimento de materiais biodegradáveis. O poliestireno (PS) está entre os

materiais descartáveis mais usados hoje em dia, porém ele não se decompõe

facilmente. A adição de amido de mandioca, um polímero degradável, ao PS

pode melhorar a sua degradabilidade. O objetivo deste trabalho foi desenvolver

blendas degradáveis de PS e amido termoplástico (TPS) usando dois

diferentes plastificantes: glicerol e óleo de buriti, um plastificante natural e novo

para o amido. As blendas PS/TPS foram preparadas nas proporções 9:1, 7:3,

5:5 e 3:7 (m/m) por solvent casting. As blendas foram caracterizadas por sua

capacidade de absorção de água, por análise térmica (TG/DTG, DSC e TMA),

DRX e RMN 13C no estado sólido. Os resultados mostraram que o óleo de buriti

é um plastificante melhor do que o glicerol para o amido. As blendas PS/TPS

com óleo de buriti apresentaram uma contínua redução em suas Tg e Ta. Para

as blendas com glicerol estes parâmetros permaneceram praticamente

constantes. As análises de DRX e RMN mostraram que não existem fortes

interações entre os componentes das blendas. As blendas foram submetidas a

testes de degradação no solo, em caixas perfuradas, por 6 meses e depois

analisadas por TG, DRX e RMN. Depois do aterro as blendas com glicerol

apresentaram menos estágios de degradação e picos de menor intensidade em

relação às blendas originais. Entretanto, nem todo o amido foi consumido pelos

microorganismos. Análises das blendas PS/TPS com óleo de buriti mostraram

que houve um aumento da perda de massa nas curvas TG e que todos os

picos referentes ao amido desapareceram nos espectros de RMN depois do

teste de aterro, provavelmente, devido ao consumo do amido das blendas

pelos microorganismos. As blendas PS/TPS com óleo de buriti, em

comparação com as blendas com glicerol, apresentaram menor proporção de

amido após a degradação. Os resultados obtidos mostraram que a adição de

TPS produzido com óleo de buriti, provavelmente, pode melhorar a sua

degradabilidade.

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vi

ABSTRACT

The great amount of synthetic plastics that are discarded in the

environment causes pollution because they are inert against the attack of

microorganisms. This fact leads the researches to development biodegradable

polymers. Polystyrene (PS) is among the most dominant packaging materials

nowadays, however it does not decompose itself. Addition of cassava starch, a

degradable polymer, to PS can achieve its degradability. The aim of this work

was to develop, degradable blends of PS and thermoplastic starch (TPS) using

two different plasticizers: glycerol or buriti oil, a novel and natural plasticizer for

starch. PS/TPS blends were prepared in compositions of 9:1, 7:3, 5:5 and 3:7

by solvent casting technique. These were analyzed by water absorption,

thermal analysis (TG/DTG, DSC, TMA), XRD and NMR in solid state. It was

noticed that buriti oil is a plasticizer better than glycerol for starch, in these

conditions. PS/TPS blends with buriti oil presented a continuous reduction in its

Tg and Ta. For blends with glycerol these parameters have stayed practically

constants. DRX and NMR analysis showed that it has not strong interactions

among the blend components. PS/TPS blends were submitted to degradation

by soil burial testing in perforated boxes for 6 months and later analyzed by TG,

XRD and NMR. After degradation the blends with glycerol presented less

stages of degradation and peaks of minor intensity, in relation to original blends.

However, not even all starch was consumed for microorganisms. Analysis of

PS/TPS blends with buriti oil showed that happened an increase of weight loss

in TG curves and all peaks referent to starch disappeared in NMR after soil

buried test, probably due to the consumption of starch by microorganisms.

PS/TPS blends with buriti oil, in comparation to glycerol ones, presented less

starch after degradation test. The obtained results showed that addition of TPS

produced with buriti oil to PS can probably improve your degradability.

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vii

ÍNDICE

Página

Lista de Figuras ix

Lista de Tabelas xii

Lista de Abreviaturas e Acrônimos xiii

1. CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 1

1.1. Introdução 2

1.2. Polímeros Naturais 4

1.2.1. Amido 5

1.2.2. Amido Termoplástico 9

1.2. Plastificantes 10

1.4. Blendas 15

1.5. Degradação 17

1.6. Objetivos do Trabalho 21

1.6.1. Objetivo geral 21

1.6.2. Objetivos específicos 21

2. CAPÍTULO 2 – PARTE EXPERIMENTAL 22

2.1. Materiais 23

2.2. Metodologia 23

2.2.1. Preparação do Amido Termoplástico (TPS) 23

2.2.2. Preparação das Blendas PS/TPS 24

2.3. Caracterização dos Materiais 24

2.3.1. Absorção de água 24

2.3.2. Termogravimetria (TG) 25

2.3.3. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) 25

2.3.4. Análise Termomecânica (TMA) 26

2.3.5. Ressonância Magnética Nuclear (RMN) no Estado Sólido 26

2.3.6. Difração de raios X (DRX) 26

2.4. Avaliação da Degradação 27

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viii

2.4.1. Aterro no solo 27

3. CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES 28

3.1. Absorção de Água 30

3.2. Análise Térmica 32

3.2.1. Termogravimetria (TG)/Termogravimetria derivada (DTG) 32

3.2.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) 38

3.2.3. Análise Termomecânica (TMA) 44

3.3. Difração de Raios X (DRX) 47

3.4. Ressonância Magnética Nuclear (RMN) no Estado Sólido 51

3.5. Avaliação da Degradação 56

3.5.1. Teste de Aterro 57

3.5.1.1. TG 58

3.5.1.2. DRX 63

3.5.1.3. RMN 65

4. CAPÍTULO 4 – CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS 69

4.1. Conclusões 70

4.2. Perspectivas 73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 74

ANEXOS 78

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ix

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1.1. Estrutura do amido 6

Figura 1.2. Micrografia da fécula da mandioca (Manihot esculenta

Crantz) x1000 6

Figura 1.3. Estrutura da amilose 7

Figura 1.4. Estrutura da amilopectina 7

Figura 1.5. Frutos do Buriti 15

Figura 1.6. Representação esquemática da degradação de uma

cadeia polimérica 18

Figura 3.1. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com glicerol nas

proporções: (a) (9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7) 29

Figura 3.2. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com óleo de buriti

nas proporções: (a) (9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7) 29

Figura 3.3. Incremento de massa pela absorção de água para as

blendas PS/TPS com glicerol 31

Figura 3.4. Incremento de massa pela absorção de água para as

blendas PS/TPS com óleo de buriti 31

Figura 3.5. Curvas TG/DTG para o amido 33

Figura 3.6. Curvas TG/DTG para o glicerol 34

Figura 3.7. Curvas TG/DTG para o óleo de buriti 34

Figura 3.8. Curvas TG para o PS, TPS com glicerol e blendas PS/TPS 35

Figura 3.9. Curvas DTG para o PS, TPS com glicerol e blendas PS/TPS 35

Figura 3.10. Curvas TG para o PS, TPS com óleo de buriti e blendas

PS/TPS 36

Figura 3.11. Curvas DTG para o PS, TPS com óleo de buriti e blendas

PS/TPS 37

Figura 3.12. Curva DSC para o amido 38

Figura 3.13. Curva DSC para o glicerol 40

Figura 3.14. Curva DSC para o óleo de buriti 40

Figura 3.15. Curvas DSC para o PS e PS/TPS com glicerol 41

Figura 3.16. Curvas DSC para o PS e PS/TPS com óleo de buriti 42

Page 11: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

x

Figura 3.17. Curvas TMA, modo penetração (triplicata), para a blenda

PS/TPS (9:1) 45

Figura 3.18. Dados de TMA para as blendas PS/TPS com glicerol,

modo penetração, carga de 10mN 45

Figura 3.19. Dados de TMA para as blendas PS/TPS com óleo de

buriti, modo penetração, carga de 10mN 46

Figura 3.20. Difratograma de DRX para o amido 49

Figura 3.21. Difratogramas de DRX para o PS, amido e PS/TPS com

glicerol 50

Figura 3.22. Difratogramas de DRX para o PS, amido e PS/TPS com

óleo de buriti 50

Figura 3.23. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, do

amido 52

Figura 3.24. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, do

PS (os picos indicados com asteriscos referem-se a

bandas laterais) 53

Figura 3.25. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das

blendas PS/TPS com glicerol (os picos indicados com

asteriscos referem-se a bandas laterais) 54

Figura 3.26. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das

blendas PS/TPS com óleo de buriti (os picos indicados

com asteriscos referem-se a bandas laterais) 55

Figura 3.27. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com glicerol, nas

proporções: (a) (9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7), após

6 meses de aterro 57

Figura 3.28. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com óleo de buriti,

nas proporções: (a) (9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7),

após 6 meses de aterro 57

Figura 3.29. Curvas TG para as blendas PS/TPS com glicerol, antes

e após 6 meses de aterro 59

Figura 3.30. Curvas TG para as blendas PS/TPS com óleo de buriti,

antes e após 6 meses de aterro 61

Figura 3.31. Difratogramas de DRX para as blendas PS/TPS com

glicerol, antes e após o aterro 63

Page 12: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

xi

Figura 3.32. Difratogramas de DRX para as blendas PS/TPS com

óleo de buriti, antes e após o aterro 64

Figura 3.33. Espectros de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das

blendas PS/TPS com glicerol, antes e após o aterro 65

Figura 3.34. Espectros de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das

blendas PS/TPS com óleo de buriti, antes e após o aterro 67

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xii

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1.1. Tempo de decomposição de alguns materiais 4

Tabela 3.1. Composição do óleo extraído da polpa e da casca

do buriti, com CO2 supercrítico 30

Tabela 3.2. Média do incremento e DP para as blendas com

glicerol (G) e óleo de buriti (OB), após imersão em

água 30

Tabela 3.3. Valores das Td e perda de massa para o PS, amido,

glicerol, TPS (glicerol) e blendas PS/TPS 36

Tabela 3.4. Valores das Td e perda de massa para o PS, amido,

óleo de buriti, TPS (óleo de buriti) e blendas PS/TPS 37

Tabela 3.5. Valores da Tg para o PS e para as blendas PS/TPS 42

Tabela 3.6. Valores da Ta para o PS e para as blendas PS/TPS

com glicerol 44

Tabela 3.7. Valores de Ta para o PS e para as blendas

PS/TPS com óleo de buriti 46

Tabela 3.8. Deslocamentos químicos para o amido e PS 53

Tabela 3.9. Deslocamentos químicos das blendas PS/TPS

com glicerol 54

Tabela 3.10. Deslocamentos químicos das blendas PS/TPS

com óleo de buriti 55

Tabela 3.11. Valores das Td e perda de massa para as blendas

PS/TPS com glicerol, antes e após aterro (AT) por

6 meses 60

Tabela 3.12. Valores das Td e perda de massa para as blendas

PS/TPS com óleo de buriti, antes e após aterro (AT)

por 6 meses 62

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xiii

LISTA DE ABREVIATURAS E ACRÔNIMOS

AT Aterro

C Capacidade calorífica

CP/MAS Polarização cruzada/rotação no ângulo mágico (Cross-

polarization/magic angle spinning)

DEC Densidade de energia coesiva

DP Desvio padrão

DRX Difração por raios X

DSC Calorimetria exploratória diferencial (Differential scanning

calorimetry)

DTG Termogravimetria derivada (Derivative termogravimetry)

G Glicerol

GPC Cromatografia de permeação em gel

HMB Hexametilbenzeno

LDPE Polietileno de baixa densidade

wM Massa molar média em peso

OB Óleo de buriti

PE Polietileno

PP Polipropileno

PS Poliestireno

PS/TPS Poliestireno/Amido termoplástico

RMN Ressonância Magnética Nuclear

Ta Temperatura de amolecimento

Td Temperatura onde a velocidade de decomposição é máxima

Tg Temperatura de transição vítrea

TG Termogravimetria

TGA Análise termogravimétrica (Thermogravimetric analysis)

TMA Análise termomecânica (Thermal mechanical analysis)

TPS Amido termoplástico

UV Ultravioleta

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1

CAPÍTULO 1

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

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2

1.1. INTRODUÇÃO

No Brasil, apenas em 2005, foram produzidos cerca de 4,26 milhões de

toneladas de plástico1. Desse total 53% correspondem a embalagens e

descartáveis, que apresentam vida útil curta e são descartados logo após o

uso. Como os plásticos sintéticos apresentam boa estabilidade estrutural,

resistência química, física e à deterioração biológica, seus resíduos acabam

permanecendo em depósitos de lixos e aterros por várias décadas, causando

sérios problemas ambientais.

O crescimento do consumo de plásticos tem tornado necessária a

produção de substitutos ambientalmente sustentáveis, importantes no

gerenciamento de resíduos2.

O amido, um polímero natural barato, renovável e biodegradável, tem

sido considerado um dos candidatos mais promissores a futuros materiais na

produção de plásticos degradáveis. Para que o amido seja transformado em

um termoplástico é necessária a adição de plastificantes sob agitação e em

altas temperaturas. Com isso o amido adquirirá características similares à

maioria dos termoplásticos convencionais3. Nessa pesquisa, foram produzidos

dois diferentes amidos termoplásticos (TPS), utilizando glicerol ou óleo de buriti

como plastificantes.

Porém, os plásticos de amido apresentam duas desvantagens quando

comparados à maioria dos plásticos em uso: são solúveis em água e

apresentam propriedades mecânicas pobres. Esses problemas podem ser

amenizados adicionando-se o TPS a alguns polímeros petroquímicos, como o

poliestireno (PS), o que também diminui o custo de processamento e confere

degradabilidade, ao menos parcial, às blendas formadas.

A mistura de dois ou mais polímeros, formando uma blenda polimérica,

tem atraído bastante atenção dos pesquisadores que estudam o

desenvolvimento de novos materiais. Isto se deve principalmente a

possibilidade de obter materiais com propriedades diferentes e, em muitos

casos, melhores que as dos polímeros puros, sem investimentos em novas

rotas de síntese de polímeros4.

Neste trabalho, o TPS preparado com glicerol ou com óleo de buriti foi

adicionado ao PS em diferentes proporções, formando blendas. Em seguida,

Page 17: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

3

esses materiais foram caracterizados quanto às suas propriedades térmicas,

mecânicas e morfológicas.

A degradação dessas blendas também foi estudada. A degradação pode

ser entendida como um processo irreversível que leva a uma alteração

significativa na estrutura do material, sendo caracterizada tipicamente por

alterações em suas propriedades e/ou pela sua fragmentação2.

É válido salientar que, como o PS não é biodegradável, as blendas

PS/TPS também não serão. Mas, como o PS é um plástico muito utilizado na

indústria de descartáveis, a tentativa é produzir materiais pelo menos

parcialmente degradáveis, diminuindo assim o impacto ambiental e as

dificuldades do gerenciamento do lixo, que envolve grande volume e baixo

custo de aplicação.

Assim, esta dissertação é composta por cinco capítulos. Este primeiro

capítulo fornece uma visão geral sobre os polímeros naturais, em particular o

amido, os plastificantes, as blendas poliméricas e a degradação de polímeros.

Além disso, são apresentados os objetivos deste trabalho.

O capítulo dois contempla a Parte Experimental, onde são descritos os

materiais utilizados, bem como as metodologias adotadas para produção do

amido termoplástico e para a formação das blendas. São também descritos os

procedimentos experimentais para a caracterização dos materiais e para a

avaliação das blendas após testes de degradação.

Os resultados obtidos e as discussões sobre os mesmos são abordados

no capítulo 3, onde os materiais são avaliados por testes de absorção de água,

Termogravimetria (TG) e Termogravimetria Derivada (DTG), Calorimetria

Exploratória Diferencial (DSC), Análise Termomecânica (TMA), Difração de

Raios X (DRX) e Ressonância Magnética Nuclear (RMN) no estado sólido.

Também é avaliada a degradação das blendas submetidas ao aterro.

No quarto e último capítulo são apresentadas as conclusões finais deste

trabalho e, também, são sugeridos temas para trabalhos futuros.

Page 18: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

4

1.2. POLÍMEROS NATURAIS

A química de polímeros teve o seu maior desenvolvimento após a II

Guerra Mundial, possibilitando a fabricação de produtos mais leves, duráveis,

baratos e sem problemas de deterioração, que poderiam facilmente substituir o

aço, o vidro e a madeira no uso cotidiano. Essas inovações tecnológicas

possibilitaram a produção de polímeros em grande escala, mas também

aceleraram o consumo de petróleo como recurso natural e a degradação do

meio ambiente.

Mais recentemente, com o advento da conscientização ecológica da

sociedade, características como alta resistência e lenta deterioração

começaram a ser vistas como inconvenientes, já que tais materiais, quando

descartados na natureza, podem levar centenas de anos para serem

totalmente destruídos (Tabela 1.1). Assim, a importância industrial dos

polímeros de origem natural tem gradativamente aumentado4.

Tabela 1.1. Tempo de decomposição de alguns materiais5.

Material Tempo

Jornais 2 a 6 semanas

Embalagens de papel 1 a 4 meses

Pontas de cigarro 1 a 12 anos

Chicletes 5 anos

Nylon 30 a 40 anos

Sacos e copos plásticos 200 a 450 anos

Latas de alumínio 100 a 500 anos

Pilhas 100 a 500 anos

Garrafas e frascos de vidro ou plástico Indeterminado

Os principais polímeros naturais são a borracha, as proteínas e os

polissacarídeos. Quando os polímeros naturais participam de reações

metabólicas relacionadas à vida, isto é, são integralmente biossintetizados,

eles passam a ser conhecidos como biopolímeros6. Os biopolímeros

apresentam peso molecular muito mais elevado que os polímeros orgânicos

sintéticos4.

Page 19: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

5

A crescente preocupação com o desenvolvimento sustentável tem

despertado a atenção da indústria para a produção de biopolímeros derivados

de recursos agrícolas renováveis. Isso possibilita a produção de novos

materiais, a preservação dos recursos naturais não-renováveis, a redução no

volume de lixo, que seria completamente degradado e biologicamente

compostado no ciclo natural, e a proteção do clima através da redução de CO2

liberado7.

Os polissacarídeos são os mais abundantes carboidratos na natureza e

servem como substância de reserva e como componente estrutural das células

das plantas. São polímeros de monossacarídeos ligados por ligações

glicosídicas. Bioquimicamente, os três polissacarídeos mais importantes são o

amido, o glicogênio e a celulose. Estes são também chamados de

homopolímeros por serem formados por apenas um tipo de monossacarídeo, a

D-glicose8.

1.2.1. Amido

O amido é um material de reserva encontrado em grãos, tubérculos e

raízes, constituído pela mistura dos polissacarídeos amilose e amilopectina e

representado pela fórmula geral (C6H10O5)n ⋅ x(H2O). O milho, o trigo, a batata e

a mandioca são as suas fontes mais importantes6. É um polímero natural,

barato e renovável cujo tamanho e forma dos grânulos são característicos da

planta de origem.

Pela Legislação Brasileira9, esse polímero é chamado de fécula ou

amido. Fécula refere-se à substância amilácea extraída das raízes e

tubérculos, e amido à extraída dos grãos de cereais. Em relação às

propriedades gerais, denomina-se simplesmente amido.

A molécula de amido (Figura 1.1) tem dois importantes grupos

funcionais: o grupo –OH que é suscetível a reações de substituição e a ligação

glicosídica C−O−C, suscetível à quebra de cadeia. O grupo hidroxila da glicose

tem caráter nucleofílico10,11.

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6

Figura 1.1. Estrutura do amido.

Nas células vegetais, os grânulos de amido se formam nos amiloplastos,

que são envolvidos por uma matriz protéica, o estroma11. A fécula de

mandioca, uma vez purificada e examinada ao microscópio, apresenta grânulos

de diâmetros que variam de 8 a 22µm (Figura 1.2). Os grânulos de amido de

mandioca são ovais ou redondos com alguns côncavo-convexos

característicos12. O tamanho e a forma do grânulo são característicos da planta

da qual foi extraído e servem para identificar a fonte de um amido particular.

Figura 1.2. Micrografia da fécula da mandioca (Manihot esculenta Crantz) x1000.

Quando os grânulos de amido são submetidos a temperaturas

superiores a 150°C as ligações glicosídicas começam a romper e, acima de

250°C, o grão de amido entra em colapso endotérmico13. A estrutura dos

grânulos é cristalina, com as moléculas de amido arrumadas de maneira a

formar cristais radialmente orientados. É este arranjo que causa o fenômeno da

birrefringência14. Quando os grânulos de amido são observados em

O

C H 2 O H

H

HH

H

H

O H

O H

H O

O

C H 2 O H

H

HH

H

H

O H

O H

O

O

C H 2 O H

H

HH

H

H

O H

O H

O O H

n

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7

microscópio óptico, sob um feixe de luz plano-polarizada, observa-se que o

grânulo é dividido por linhas escuras em quatro seções em forma de uma cruz

de malta12,14.

A amilose e a amilopectina, constituintes do amido, são formadas por

unidades do tipo (1,4)-α-D-glicose na forma piranosídica. A amilose é

essencialmente linear e forma a parte amorfa do grânulo. A amilopectina é

altamente ramificada; seus segmentos lineares estão arranjados como

estruturas helicoidais duplas, estabilizadas por ligações de hidrogênio entre

grupamentos hidroxila6,13,14,15. A amilose, embora linear, apresenta uma

estrutura que dificulta sua associação regular com outras cadeias (Figura 1.3).

Assim, a cristalinidade dos grânulos de amido é atribuída principalmente à

amilopectina (Figura 1.4)16.

Figura 1.3. Estrutura da amilose.

Figura 1.4. Estrutura da amilopectina.

n

O

OHO

CH2OH

OHO

OCH2OH

HO

HO

OCH2OH

HOO

OHO

CH2OHO

HO

HO

HO

n

CH2

O

CH2OH

OH

OH

O

O

CH2OH

OH

OH

O

O

OO

O

O

HO

O

HO

HO

OCH2OH

HO

HO

CH2OH

HO

O

HO

CH2OH

HO

O

HO

CH2OHO

HO

HO

O

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8

De acordo com BULÉON et al. (1998)13 e BILIADERIS et al. (1991)17 a

amilose não é completamente linear. Suas pesquisas destacaram que existem

nos grânulos de amido moléculas de amilose estritamente lineares e outras que

apresentam ramificações. A amilose ramificada possui alguns pequenos

clusters de cadeias menores. As ramificações são separadas por grandes

distâncias, permitindo as moléculas agirem como se fossem essencialmente

lineares, sem alterar significativamente o comportamento das cadeias de

amilose em solução, permanecendo idênticas às cadeias estritamente

lineares13-15. Devido às ligações α(1→4), as moléculas de amilose assumem

uma estrutura enrolada em hélices duplas, onde os numerosos grupos hidroxila

ficam voltados para o exterior. Esta estrutura helicoidal explica sua

complexação com outras moléculas, como o iodo11,14.

A amilopectina é um dos maiores biopolímeros conhecidos. Também é

formada por unidades de (1,4)-α-D-glicose na forma piranosídica, mas difere da

amilose por apresentar ramificações do tipo α(1→6). As ramificações da

amilopectina, que não são aleatórias18, contêm de 20 a 30 unidades de (1,6)-α-

D-glicose13-15. A amilopectina, ao contrário da amilose, não dá origem a filmes

fortes e flexíveis e não forma complexo com o iodo6.

A cristalinidade do grânulo de amido, que gira em torno de 15 a 45%, se

deve basicamente à amilopectina, e pode ser caracterizada por difração de

raios-X em três padrões principais A, B e C, como conseqüência do

empacotamento em dupla hélice das cadeias ramificadas desse polímero12,14.

O padrão A é característico do amido de cereais, apresentando um arranjo

monoclínico. O padrão B é encontrado em amido de tubérculos e de frutas.

Possui ramificações longas14,15 e é a estrutura mais altamente hidratada,

consistindo de dupla hélice empacotada em arranjo hexagonal15,19. O padrão C,

uma mistura de A e B, é característico do amido de vagens15,17. A fécula da

mandioca classifica-se em geral no tipo C, constituída por 90% de cristalinidade

do tipo A e 10% do tipo B. As variações estão relacionadas com a origem

botânica, com o raio da cadeia, com o comprimento e abundância das cadeias

longas e curtas e com a forma de distribuição dos constituintes das cadeias20.

Grãos nativos de amido incham quando absorvem água através das

ligações de hidrogênio dos seus grupos hidroxila, mas ainda mantêm sua

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9

ordem e cristalinidade. Entretanto, quando esses grãos de amido inchados são

aquecidos, ocorre um processo conhecido como gelatinização, onde as

ligações de hidrogênio entre unidades adjacentes de glicose são rompidas e a

cristalinidade é progressivamente destruída3,15. A temperatura na qual ocorre

este tipo de transformação é chamada de temperatura de gelatinização, T(G)21.

O amido começa a gelatinizar entre 60 e 70°C, dependendo de sua

origem. Diferentes amidos exibem diferentes densidades granulares que

afetam a facilidade com que estes grânulos absorvem água. A escala de

gelatinização refere-se à faixa de temperatura acima da qual todos os grânulos

são inchados inteiramente13.

Após a gelatinização, as moléculas de amilose, devido à sua linearidade,

tendem a se orientar paralelamente, aproximando-se o suficiente para que se

formem ligações de hidrogênio entre hidroxilas de polímeros adjacentes. Com

isso há diminuição de volume e a afinidade do polímero pela água é reduzida.

Isso explica a formação de filmes estáveis e flexíveis pelo amido gelatinizado22.

Grânulos de amidos nativos são insolúveis em água abaixo da sua T(G).

Eles incham um pouco em água fria (10-20%), devido à difusão e absorção de

água dentro das regiões amorfas, entretanto este inchamento é reversível pela

secagem17.

1.2.2. Amido termoplástico

Para se obter o amido termoplástico é necessário destruir a estrutura

semicristalina original dos grânulos. Para isso, o amido nativo deve ser

aquecido a altas temperaturas (90–180°C) na presença de plastificantes (água,

glicerol, sorbitol, etc.) e sob agitação, de forma que ele rapidamente seja

fundido e adquira características similares a maioria dos termoplásticos

sintéticos convencionais3.

A água adicionada à formulação tem duas funções: agente

desestruturante do grânulo nativo, com rompimento das ligações hidrogenadas

entre as cadeias, e de plastificante. No entanto, é necessária a adição de um

plastificante adicional além da água, tal como um poliol, que será pouco

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10

influenciado pelas condições atmosféricas e permitirá a obtenção de uma fase

fundida em temperatura inferior a da degradação do amido3.

O amido termoplástico (TPS) é um material relativamente novo para

aplicação como plástico biodegradável e é um dos principais polímeros

atualmente estudados nessa área23-29. Apresenta duas desvantagens principais

quando comparado à maioria dos plásticos em uso: é, na maioria das vezes,

solúvel em água e apresenta propriedades mecânicas pobres. Esses

problemas podem ser amenizados adicionando o TPS a alguns polímeros

sintéticos30-37.

1.3. PLASTIFICANTES

Plastificantes são aditivos muito empregados em alguns tipos de

materiais poliméricos para melhorar a processabilidade e aumentar a

flexibilidade. São substâncias com massa molecular menor em relação ao

polímero, geralmente líquidos, que quando adicionados ao polímero formam

um material aparentemente homogêneo, mais macio, mais flexível e mais fácil

de processar do que o respectivo polímero. São, basicamente, solventes não-

voláteis que interagem com as moléculas do polímero da mesma forma que os

solventes orgânicos convencionais, conferindo-lhes maior mobilidade uma vez

que neutralizam as ligações secundárias. Desta forma, o material resultante

apresenta uma temperatura de transição vítrea menor e maior volume livre do

que o polímero sem plastificante38. A temperatura de fusão também é reduzida,

e as propriedades mecânicas e físicas do material são alteradas, entretanto a

natureza química das macromoléculas não sofre nenhum tipo de modificação.

Assim, a plastificação de um polímero consiste em adicionar

plastificantes para alterar a viscosidade do sistema, aumentando a mobilidade

das macromoléculas38. O aumento da mobilidade ocorre em função da redução

das forças intermoleculares das cadeias poliméricas, ou seja, o plastificante

atua como um agente de lubrificação, permitindo que as macromoléculas

deslizem umas sobre as outras livremente39. O plastificante pode atuar também

como agente de gelificação, bloqueando os centros de atração moleculares

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11

polímero-polímero que, geralmente, são de grupos polares. Nesse caso, é

necessária a presença de grupos polares na molécula do plastificante.

Além de miscível no polímero, o plastificante deve ser compatível e

permanecer no sistema. Isso implica em uma similaridade de forças

intermoleculares dos dois componentes. Em polímeros semicristalinos, a

plastificação afeta primeiramente as regiões amorfas e de imperfeições

cristalinas, de forma que quanto maior o grau de cristalinidade menor a

aceitação de plastificantes38.

Quando um polímero é imerso em um plastificante, as suas moléculas

começam a penetrar na fase polimérica, modificando seu arranjo

conformacional. Se o plastificante for compatível com o polímero, toda a

estrutura deste se desintegra gradualmente no decorrer da diluição, com as

moléculas de plastificante se posicionando entre as macromoléculas,

aumentando a mobilidade das cadeias. Tal plastificação é conhecida como

plastificação intraestrutural, caracterizada por uma diminuição contínua na

temperatura de transição vítrea com o aumento da quantidade de

plastificante38,40.

Os plastificantes devem obedecer a três funções básicas39:

i. baixar a temperatura de processamento do polímero abaixo da

temperatura de decomposição;

ii. modificar as propriedades do produto final;

iii. modificar as propriedades de processamento.

Um bom plastificante deve preencher alguns requisitos básicos de

qualidade, avaliados de acordo com os seguintes critérios, sugeridos por

RABELLO (2000)39: pureza; comportamento no processamento (tipo de

processamento, de mistura e faixa de temperatura); permanência (migração,

volatilidade, resistência química e estabilidade); toxicidade; boas propriedades

conferidas ao polímero e aos outros aditivos combinados. Além disso, os

parâmetros de solubilidade do polímero e do plastificante devem ter valores

próximos, indicando uma maior compatibilidade entre as substâncias. O calor

envolvido em uma mistura polímero-solvente ou polímero-plastificante pode ser

descrito pela Equação 1.1:

(1.1) 2122/1

2

22/1

1

1 ])()[( φφV

E

V

EVH mistmist

∆−

∆=∆

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12

onde, ∆E/V = densidade de energia coesiva (DEC);

∆E1 = energia de vaporização do líquido a 25°C;

∆E2 = energia de solubilização do polímero;

V = volume molar;

φ1 e φ2 = frações de volume do solvente ou plastificante e do polímero,

respectivamente

O parâmetro de solubilidade de Hildebrand (δ) é definido pela raiz

quadrada da DEC, que corresponde a uma medida das forças de atração entre

as moléculas. Ou seja,

(1.2)

Em 1916, Hildebrand propôs que a entalpia fosse definida por41:

(1.3)

A miscibilidade entre polímero-solvente ou polímero-plastificante é

possível, portanto, se o valor absoluto de (δ1 - δ2) for igual a zero ou um valor

muito pequeno, sabendo que δ1 e δ2 são, respectivamente, os parâmetros de

solubilidade do solvente ou plastificante e do polímero.

A adição de plastificante ao amido, associada a altas temperaturas (90-

180°C), transforma este polímero em um material microscopicamente

homogêneo, o TPS3. Da mesma forma que as interações intermoleculares

determinam a mobilidade das cadeias poliméricas, as condições de

processamento como temperatura, agitação, composição e quantidade de

plastificante influenciam nas propriedades do produto final27.

No amido é comum acontecer um fenômeno conhecido como

retrogradação. Como definido por ATWELL et al. (1988)42, as moléculas de

amido gelatinizadas começam a se reassociar favorecendo uma estrutura mais

ordenada. O nome retrogradação é dado porque o amido volta à sua condição

de insolubilidade em água fria. Considera-se que a retrogradação ocorre por

causa da tendência das moléculas, ou grupo de moléculas de amido dissolvido,

se unirem umas às outras através de ligações de hidrogênio, formando

partículas de maior tamanho, numa tentativa de cristalização de moléculas

2/1)/( VE∆=δ

( )22121/ δδφφ −=∆ mistmist VH

Page 27: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

13

grandes e pesadas que, por essa razão, precipitam11. É quimicamente aceito

que os plastificantes diminuem o número de ligações cruzadas entre as

cadeias de amido e, conseqüentemente, retardam a taxa de retrogradação43.

Na química de polímeros, um conceito bem aceito diz que um aumento

no conteúdo de plastificante causa uma diminuição na temperatura de

transição vítrea (Tg). Isto pode ser aplicado para o TPS27. Durante o seu

processamento, a estrutura semicristalina do amido é rompida. Se a água é o

único plastificante utilizado, o produto formado é quebradiço40,44.

Plastificantes aumentam a flexibilidade do material devido a sua

habilidade de reduzir as ligações de hidrogênio entre as cadeias poliméricas.

Os plastificantes mais eficientes apresentam, geralmente, estrutura parecida

com a do polímero que eles vão plastificar45. Assim, a maioria dos trabalhos

recentes com o amido termoplástico utiliza sorbitol, etilenoglicol ou,

principalmente, glicerol como plastificante24,26,40,42-44,46-59. O glicerol, em função

da sua estrutura, melhora a processabilidade e confere maior mobilidade às

cadeias do polímero. Em princípio, ocorrerá uma contínua diminuição na Tg

com o aumento da quantidade de glicerol53.

Pesquisas de MYLLARINEN et al. (2002)47 mostraram que amido e

glicerol interagem fortemente e que baixas quantidades de glicerol dão origem

a um material de estrutura quebradiça. Seus estudos concluíram, também, que

a quantidade de glicerol que deve ser utilizado dependerá da proporção

amilose/amilopectina do amido. LOURDIN et al. (1997)26 também investigaram

a influência da concentração de glicerol no TPS e chegaram a conclusão que

materiais com maior proporção do plastificante são mais sensíveis à umidade

do ambiente. Assim, conclui-se que a proporção de plastificante utilizado e a

sua natureza química influenciam fortemente nas propriedades físicas do

amido, tais como a sua Tg e resistência48.

Existem várias similaridades entre materiais a base de amido e os

polímeros sintéticos parcialmente cristalinos. Os princípios e teorias sobre

polímeros sintéticos têm sido aplicados com sucesso para explicar, de maneira

convincente, importantes fenômenos que ocorrem com materiais de origem

alimentar, por exemplo, a Tg e a gelatinização do amido40.

Compostos ou solventes de baixa massa molecular, agindo como

plastificantes externos, são parte integrante do sistema polimérico onde atuam,

Page 28: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

14

aumentado a flexibilidade e a maleabilidade do polímero puro. Entretanto, eles

podem atuar como antiplastificantes quando estiverem presentes em baixas

concentrações, tendo como resultado um polímero mais rígido que o

original40,54-59.

A maioria dos solventes compatíveis com a água, como o glicerol, tem

sido descrita com um efeito plastificante sobre filmes de amido. A aparente

ausência de efeitos antiplastificantes nestes estudos pode ser devido à escala

limitada de concentrações de solventes examinadas, visto que plastificantes

são geralmente aplicados em quantidades suficientes para garantir a formação

de um filme flexível.

LOURDIN et al. (1997a,b)58,59 sugeriram, através de seus experimentos,

que o glicerol pode ter um efeito antiplastificante em filmes de amido de batata

com 57% de umidade relativa. CHANG et al. (2006)40 estudaram o sistema

ternário amido-glicerol-água e chegaram a conclusão que o glicerol age como

antiplastificante apenas em sistemas relativamente secos. Quando a água está

presente em quantidades suficientes, o glicerol se comporta como um típico

plastificante. Este comportamento pode ser devido às diferenças nas

características moleculares da água e do glicerol e suas possíveis interações

com polímeros de amido.

Nos últimos anos, vem se tornando freqüente o uso de óleos vegetais

como aditivos de materiais poliméricos60-62. Estudos recentes mostraram que o

óleo de buriti (Mauritia flexuosa L.), misturado a polímeros petroquímicos,

proporciona a obtenção de materiais fotoprotetores e fotoluminescentes, mais

flexíveis e com excelente estabilidade térmica63,64.

O óleo de buriti é extraído do fruto (Figura 1.5) do buritizeiro, uma

palmeira originária da região Amazônica. Esse óleo é líquido a temperatura

ambiente e apresenta uma coloração vermelho-alaranjada. Seu maior

componente (cerca de 76%) é o ácido oléico. É também rico em Vitamina A

(18.339 ± 389 ppm em 100g) e apresenta grande quantidade de carotenóides

(1.706 ± 54 ppm), sobretudo β-caroteno65-67.

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15

Figura 1.5. Frutos do buriti.

1.4. BLENDAS

Blendas são, por definição, materiais originários de dois ou mais

polímeros com características constitucionais ou configuracionais diferentes, e

que possuem baixo grau de ligação química entre si4. Cerca de 20% de toda

produção de plásticos é referente a misturas poliméricas e um aumento de 10%

nos últimos anos indica que, em um futuro próximo, a maior parte dos produtos

será fabricada a partir de misturas de dois ou mais componentes68.

A preparação de blendas tornou-se uma prática freqüente na década de

80. Entre os seus objetivos, estão: reduzir custos, melhorar a processabilidade,

obter materiais com propriedades físicas superiores e desenvolver novas

técnicas de processamento na área de misturas36, dando origem a materiais

com aplicações em vários segmentos industriais, como o alimentício, de papel,

de adesivos, de embalagens e de petróleo7.

A mistura de polímeros é uma rota economicamente viável para

melhorar as propriedades dos materiais poliméricos já existentes. Os

componentes da blenda são selecionados de tal maneira que a principal

Page 30: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

16

vantagem do primeiro polímero compense as deficiências do segundo, e vice-

versa.

Várias são as maneiras de obtenção de blendas poliméricas, e os

métodos mais comumente usados são por processamento mecânico e solução.

No processamento mecânico há a obtenção de uma mistura no estado fundido

através de extrusão, injeção e misturadores intermitentes. O processo de

obtenção de blenda por solução, ou casting, envolve a dissolução dos

polímeros em um solvente comum, com posterior evaporação do solvente e a

obtenção do filme. Enquanto o primeiro método tende a imitar as condições de

processamento industrial, o último é uma aproximação para laboratório4.

Dessa forma, as blendas são entendidas como materiais onde um

polímero é disperso na fase contínua do outro. O tamanho dos domínios

normalmente está na faixa de 1 a 10µm e qualquer interação entre as partes

ocorre na interface69.

Blendas poliméricas podem ser miscíveis, imiscíveis ou parcialmente

miscíveis. A miscibilidade relaciona-se com a capacidade de dois ou mais

componentes se misturarem em nível molecular, resultando numa mistura

homogênea. Uma forma simples de verificação da miscibilidade pode ser feita

através do número e posição das Tg do material. A Tg de um polímero é a

temperatura na qual a amostra passa de um estado vítreo para uma estrutura

em que as cadeias têm maior mobilidade68. Nas blendas miscíveis, os

polímeros formam uma única fase e estão intimamente misturados em nível

molecular, apresentando somente um valor de Tg, entre os valores das Tg dos

polímeros individuais. Nesse tipo de blenda, os polímeros estão dispersos ao

acaso e, interações intermoleculares favoráveis, provavelmente ocorrem entre

os dois componentes da blenda. Já os componentes das blendas imiscíveis

são essencialmente independentes. Este tipo de blenda apresenta um número

de fases relacionado ao número de seus componentes. Conseqüentemente, se

os componentes individuais da blenda imiscível apresentarem transições

vítreas, espera-se que as blendas apresentem valores de Tg praticamente

iguais às dos polímeros individuais. As blendas parcialmente miscíveis devem

apresentar, então, valores de Tg relativos aos seus componentes, mas situados

entre os valores dos polímeros individuais69.

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17

O estudo e a obtenção de blendas é, assim, uma saída para a

modificação das propriedades de materiais poliméricos. As blendas de

polímeros miscíveis são materiais que podem apresentar propriedades

mecânicas melhores que as de cada um dos polímeros isolados. Entretanto, as

blendas com miscibilidade muito baixa apresentam separação de fases, e

neste caso, as suas propriedades vão depender das propriedades de cada

fase.

Muitos trabalhos realizados até hoje mostram a adição de amido a

polímeros petroquímicos, principalmente na indústria de embalagens30-37. A

produção de blendas desses polímeros tem a intenção de encontrar uma

solução para os problemas causados pelos plásticos convencionais, como

polietileno (PE), polipropileno (PP) e poliestireno (PS), que são derivados do

petróleo e levam séculos para se degradarem na natureza.

1.5. DEGRADAÇÃO

A degradação pode ser descrita como um processo irreversível que leva

a uma alteração significativa na estrutura do material, sendo caracterizada

tipicamente por mudança nas suas propriedades e/ou pela sua fragmentação.

Para que a degradação seja completa, deve haver formação de CO2, H2O e

outros produtos bioassimiláveis, após um determinado período de tempo2

(Figura 1.6).

A degradação polimérica pode ser causada por diversos fatores

ambientais. Os mais comuns são calor, luz solar, oxigênio, água, poluição,

microorganismos (bactérias, fungos, algas, etc.), macroorganismos (insetos,

grilos, caramujos, etc.), ação mecânica, vento, chuva, entre outros.

Dependendo do fator ambiental ativo, a degradação pode ser classificada em

categorias como fotodegradação (por luz), termodegradação (por temperatura),

biodegradação (por microorganismos), hidrólise (presença de água),

degradação oxidativa (presença de oxigênio), entre outras2.

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18

Figura 1.6. Representação esquemática da degradação de uma cadeia polimérica2.

Na ausência de luz, muitos polímeros são estáveis, por longos períodos

à temperatura ambiente. O primeiro passo químico na fotodegradação é,

geralmente, a quebra homolítica da ligação, com formação de radicais livres.

Estes radicais irão reagir rapidamente com qualquer oxigênio presente. Assim,

a radiação UV é, particularmente, um iniciador efetivo da oxidação70.

A biodegradação é um processo que consiste na modificação física ou

química de um material, causada pela ação de microorganismos, sob certas

condições de calor, umidade, luz, oxigênio, nutrientes orgânicos e minerais

adequados71. A biodegradação pode ser facilitada por aplicação de processos

prévios de luz (UV) e/ou calor na matriz polimérica. A presença de ligações

hidrolisáveis ou oxidáveis na cadeia, uma estereoconfiguração correta, um

balanço entre hidrofobicidade e hidrofilicidade e certa flexibilidade

conformacional são fatores que contribuem para a biodegradação do

polímero72. Estudos de biodegradação são importantes, tanto para minimizar os

efeitos de resíduos plásticos sintéticos descartados no meio ambiente, como

para verificar a aplicabilidade de polímeros biodegradáveis no setor de

embalagens73.

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19

Dois tipos de microorganismos são de grande interesse na

biodegradação de polímeros naturais e sintéticos: as bactérias e os fungos,

com suas respectivas enzimas. Tais microorganismos consomem uma

substância como fonte de alimento até que sua forma original desapareça,

sendo assim responsáveis pela deterioração de substâncias poliméricas. Sobre

condições apropriadas de umidade, temperatura e disponibilidade de oxigênio,

a biodegradação é um processo relativamente rápido2,11.

A adição de amido a polímeros petroquímicos é considerada como uma

alternativa viável para acelerar o ataque de microorganismos e garantir, pelo

menos, uma biodegradação parcial. Como os microorganismos consomem o

amido circundante, o plástico perde a sua integridade estrutural. Esse processo

faz com que haja deterioração das propriedades mecânicas, facilitando a

quebra do material por outros mecanismos de degradação31,37. Nesses

sistemas contendo amido, os comportamentos mecânico e reológico e também

a suscetibilidade à degradação dependerão de muitos fatores, como por

exemplo, a quantidade e natureza do amido utilizado, tipo e concentração dos

aditivos e condições de processamento17,31.

Quando são empregados aditivos biodegradáveis, tal como o amido, o

consumo deste pelos microorganismos aumenta a porosidade e a razão

superfície/volume da blenda, o que resulta na perda da integridade da matriz

polimérica, aumentando a sua biodegradabilidade11,74,75. As blendas de

polímeros biodegradáveis e polímeros petroquímicos dão origem a materiais

parcialmente biodegradáveis que podem efetivamente reduzir o volume de lixo

plástico por degradação parcial.

Nos materiais poliméricos não biodegradáveis, como é o caso do PS, o

maior problema é o alto nível de hidrofobicidade e alta massa molecular11.

Tratamentos térmicos ou radiação sobre o PS reduzem o tamanho da cadeia

polimérica e provocam a formação de grupos oxidados (carbonila, carboxila e

hidroxila). Estes tratamentos modificam as propriedades (cristalinidade e

morfologia) do polímero original e facilitam a biodegradação do mesmo72.

Freqüentemente, a diminuição do tamanho da molécula para dimensões

biologicamente aceitáveis requer extensiva destruição da matriz de PS. Esta

destruição pode ser acompanhada, em blendas de PS e polímeros naturais

biodegradáveis, pela ação de microorganismos11.

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20

Existem hoje, descritos na literatura, vários materiais que podem ser

produzidos a partir de matérias primas renováveis e que são biodegradáveis,

ou parcialmente biodegradáveis, em ambientes microbiologicamente ativos.

KIATKAMJORNWONG et al. (1999)31 estudaram filmes de amido de

mandioca com PS e encontraram que as suas propriedades físicas são

rapidamente deterioradas após exposição ao meio ambiente ou à luz UV.

ZUCHOWSKA et al. (1998)37 investigaram as propriedades do amido

gelatinizado adicionado ao PE e ao PP e concluíram que as propriedades

mecânicas das blendas dependem fortemente da sua composição. Foi

observado também um aumento na suscetibilidade à degradação da fase

polimérica e não apenas da porção que continha amido. O efeito da quantidade

de amido nas propriedades físicas do polietileno de baixa densidade (LDPE) foi

pesquisado por THAKORE et al. (2001)36. Suas pesquisas destacaram que a

incorporação de amido conduz a um comportamento amorfo da matriz de

LDPE. NAKAMURA et al. (2005)32 incorporaram diferentes tipos de amido ao

LDPE para verificar a possibilidade de obter um polímero parcialmente

degradável. Seus resultados indicaram que o aumento da quantidade de amido

na matriz olefínica foi responsável pela redução das propriedades mecânicas

do material e formação de buracos em sua estrutura. EL-REHIM et al. (2004)76

avaliaram o comportamento de blendas de LDPE e amido expostas à radiação

UV e posteriormente enterradas no solo. Os resultados obtidos indicaram que o

efeito sinérgico resultante da combinação desses dois fatores provocou um

aumento na taxa de biodegradação das blendas. RAMIS et al. (2004)77

estudaram a biodegradabilidade de blendas de amido e PP. Seus estudos

mostraram que as blendas sofrem algum tipo de transformação que pode ser

comprovada pelo surgimento de um segundo estágio de degradação nas

curvas termogravimétricas.

(b)

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21

1.6. OBJETIVOS DO TRABALHO

1.6.1. Objetivo Geral

Este trabalho tem como objetivo geral a produção e caracterização de

blendas PS/TPS, que sejam parcialmente degradáveis, usando dois diferentes

plastificantes – glicerol e óleo de buriti – na tentativa de diminuir o impacto

ambiental causado pelos plásticos convencionais.

1.6.2. Objetivos Específicos

� Preparar o TPS usando dois diferentes plastificantes – glicerol e óleo de

buriti.

� Preparar blendas com PS e os dois tipos de TPS obtidos, em diferentes

proporções.

� Caracterizar os materiais obtidos por testes de absorção de água,

termogravimetria (TG), termogravimetria derivada (DTG), calorimetria

exploratória diferencial (DSC), análise termomecânica (TMA), difração de raios

X (DRX) e ressonância magnética nuclear (RMN).

� Avaliar a influência dos plastificantes utilizados nas propriedades

térmicas, mecânicas e morfológicas das blendas PS/TPS.

� Avaliar a degradação das blendas PS/TPS, quando submetidas a um

período de 6 meses de aterro.

� Comparar o efeito dos plastificantes utilizados através da avaliação da

degradação das blendas.

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22

CAPÍTULO 2

PARTE EXPERIMENTAL

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23

2.1. MATERIAIS

Nessa pesquisa, foram utilizados poliestireno (PS) (w

M = 280.000; ρ =

1,047 g mL-1), adquirido da Aldrich Chemical Co., e a fécula do amido da

mandioca (Manihot esculenta Crantz) adquirida em um mercado de Brasília-

DF, Brasil. A fécula foi caracterizada por análise colorimétrica segundo

Chrastil78, possuindo (74,70 ± 1,76) % de amilopectina.

Os plastificantes utilizados para o amido foram o glicerol (w

M = 92,090

g mol-1; ρ = 1,260 g mL-1), obtido junto a VETEC, e óleo de buriti, extraído com

CO2 supercrítico65, gentilmente cedido pelo Prof. Dr. Sanclayton G. C. Moreira

do Departamento de Física da Universidade Federal do Pará que foi mantido

sob refrigeração e proteção da luz.

O solvente utilizado para a preparação das blendas foi o acetato de etila

de grau analítico.

2.2. METODOLOGIA

2.2.1. Preparação do Amido Termoplástico (TPS)

Para preparar o amido termoplástico (TPS), a fécula do amido foi

colocada em estufa (Lab Line Duo Vac Oven, modelo 3620ST) por 6 horas, a

120°C, para retirada da umidade. Foram preparados dois diferentes TPS: um

utilizando glicerol e outro óleo de buriti como plastificante. A obtenção do TPS

ocorreu através da mistura da fécula do amido, água e glicerol ou óleo de buriti

na proporção 50:15:35 (m/v/v), respectivamente, de acordo com RAMSAY et al.

(1993)79, com algumas modificações. Os materiais foram misturados por 30

minutos, com agitação mecânica, até a obtenção de uma pasta. Esta pasta foi

então aquecida em banho-maria a 95°C, com agitação constante por 30

minutos, resultando no TPS.

Page 38: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

24

2.2.2. Preparação das Blendas PS/TPS

As blendas foram preparadas por solvent casting, onde PS e TPS foram

misturados em diferentes proporções (0,9:0,1; 0,7:0,3; 0,5:0,5 e 0,3:0,7 m/m) e

então agitados por 3 horas a 50°C, com ocasional adição de acetato de etila

quente (45-50°C). Os produtos obtidos foram depositados em placas de

Teflon por pelo menos 24 horas, a temperatura ambiente e, posteriormente,

submetidos a vácuo (entre 5 e 10 Torr) (Esquema 1). As blendas obtidas, com

espessura entre 200 e 300µm (Micrômetro Mitutoyo n.° 103-137, 0,01 mm),

foram estocadas ao abrigo da luz para evitar a decomposição do óleo.

Esquema 1. Preparação das blendas PS/TPS.

3.3. CARACTERIZAÇÃO DOS MATERIAIS

3.3.1. Absorção de água

Amostras com aproximadamente 3cm2, foram pesadas e submersas em

100mL de água destilada, à temperatura ambiente, para verificar a solubilidade

Agitação (30 min) a 95 °C

Blenda

Agitação (3h) a 50 °C

PS + acetato de etila quente

Amido termoplástico (TPS)

Fécula do amido + plastificante + água

Solvent casting

Page 39: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

25

das blendas. O sistema foi mantido sob agitação constante e as amostras

foram retiradas em intervalos de 1, 3, 5 e 7 horas, secadas e pesadas, para

avaliar o incremento de massa. As medidas foram feitas em triplicata. O

incremento de massa foi expresso pela porcentagem de material, após

imersão, através da Equação 2.1:

(2.1)

onde: %I é o incremento de massa; MI é a massa inicial (antes da imersão) e

MF é a massa final do material (após imersão).

Todas as pesagens foram feitas em balança analítica Shimadzu, modelo

AEL40SM (0,0001 g).

3.3.2. Termogravimetria (TG)

As curvas para investigação da estabilidade térmica dos materiais

obtidos foram adquiridas com um Analisador Termogravimétrico (TGA)

Shimadzu, Modelo TGA-50. Cerca de 5,0 mg de cada amostra foram pesados

em cela de platina e os ensaios foram realizados em atmosfera de hélio (50mL

min-1), com taxa de aquecimento de 10°C min-1, da temperatura ambiente até

600°C. As temperaturas em que a velocidade de decomposição da amostra é

máxima (Td) foram obtidas através das curvas termogravimétricas derivadas

(DTG).

3.3.3. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

As análises calorimétricas foram realizadas em um Calorímetro

Exploratório Diferencial (DSC) Shimadzu, Modelo DSC-50. Cerca de 5,0 mg de

cada amostra foram acondicionadas em celas de alumínio hermeticamente

vedadas e resfriadas com nitrogênio líquido a –100°C. Em seguida, as

amostras foram aquecidas a 10°C min-1 até 300°C, em atmosfera de hélio

(50mL min-1). Das duas varreduras feitas para cada amostra, foi considerada a

100% ×−

=I

IF

M

MMI

Page 40: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

26

segunda para obtenção das transições termodinâmicas. Todas as propriedades

calorimétricas foram calculadas com a ajuda do software TA-50.

3.3.4. Análise Termomecânica (TMA)

As análises foram feitas com um Analisador Termomecânico (TMA)

modelo TMA-50. Foi utilizado o modo penetração com carga de 10mN. Cada

amostra, com espessura entre 200 a 300µm, foi analisada em triplicata, a 10°C

min-1, em atmosfera de ar, a partir da temperatura ambiente até 110°C. A

temperatura de amolecimento (Ta) foi obtida a partir da tangente do primeiro

decaimento da curva.

3.3.5. Ressonância Magnética Nuclear (RMN) no Estado Sólido

Os experimentos de RMN no estado sólido com polarização cruzada

(CP) e rotação no ângulo mágico (MAS) foram conduzidos em um

espectrômetro da Varian, modelo Mercury Plus 300MHz, equipado com um

rotor de zircônio de 7mm de diâmetro, com freqüências de ressonância igual a

75,45 MHz para o 13C e 300 MHz para o 1H. Hexametilbenzeno (HMB) foi

utilizado como padrão interno. Os espectros foram adquiridos com tempo de

contato de 1,5 ms; tempo relaxação de 1s; tempo de aquisição de 0,05 s e

velocidade de 6kHz.

3.3.6. Difração de raios X (DRX)

As amostras foram fixadas em suporte de vidro e analisadas, a

temperatura ambiente, utilizando-se um Difratômetro Rigaku modelo Geiger

Flex D/Max-2/C, com fonte de radiação Cu-Kα, com voltagem de 40kV e

corrente de 20mA. As análises foram feitas com 2θ entre 0 e 50°, sendo a

velocidade de varredura de 1° min-1.

Page 41: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

27

3.4. AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO

3.4.1. Aterro no solo

Amostras de cada blenda foram aterradas, em frascos escuros

perfurados a, aproximadamente, 15cm de profundidade no solo. Após períodos

de 1, 3 e 6 meses, um pedaço do material de cada frasco foi retirado e limpado

cuidadosamente para posterior avaliação da biodegradação por TG, DRX e

CP/MAS RMN 13C no estado sólido.

Page 42: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

28

CAPÍTULO 3

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Page 43: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

29

Visualmente, a superfície das blendas de PS/TPS que ficou em contato

com a placa de Teflon mostrou-se mais lisa do que a superfície em contato

com o ambiente. As blendas compostas por TPS preparado com glicerol

apresentaram cor branca de translúcida a opaca, dependendo do teor de TPS.

As blendas PS/TPS nas proporções (5:5) e (3:7) ficaram aparentemente menos

homogêneas que as blendas nas proporções (9:1) e (7:3) de TPS (Figura 3.1).

Figura 3.1. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com glicerol nas proporções: (a)

(9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7).

As blendas obtidas com TPS preparado com óleo de buriti apresentaram

uma cor amarelada (Figura 3.2). Essa cor pode ser atribuída à grande

concentração de carotenóides, principalmente β-caroteno, no óleo de buriti

(Tabela 3.1). Os carotenóides constituem uma classe de pigmentos naturais

amplamente encontrados em vegetais e gorduras animais. Possuem cor

intensa, variando do amarelo ao vermelho65,67.

Figura 3.2. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com óleo de buriti nas proporções:

(a) (9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7).

(a) (b) (c) (d)

(a) (b) (c) (d)

Page 44: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

30

Tabela 3.1. Composição do óleo extraído da polpa e da casca do buriti, com CO2

supercrítico66.

Substância Concentração

Carotenóides (1043 ± 8).101 ppm

Tocoferóis (19,6 ± 1).103 ppm

Ácido Palmítico 17,34%

Ácido Oléico 78,73%

Ácido Linoléico 3,93%

3.1. ABSORÇÃO DE ÁGUA

A solubilidade ou inchamento de um material em água indica a sua

integridade em ambientes aquosos ou úmidos. Quanto maior a solubilidade do

material, mais baixa é a sua resistência à água.

Para verificar o comportamento das blendas PS/TPS, nas proporções

estudadas, em relação à presença de água, foi feita a imersão em água das

amostras por até 7 horas. Após esse período, as blendas mantiveram a sua

integridade, havendo apenas um inchamento, com exceção das blendas

PS/TPS (3:7), que se fragmentaram. A Tabela 3.2 expressa a porcentagem do

incremento (%I) para cada blenda, calculado pela Equação 3.1.

100% ×−

=I

IF

M

MMI (3.1)

Tabela 3.2. Média do incremento e DP para as blendas com glicerol (G) e óleo de

buriti (OB), após imersão em água.

t = 1h t = 3h t = 5h t = 7h Amostra

Média ±DP Média ±DP Média ±DP Média ±DP

PS/TPS (9:1) G 1,04 0,11 1,04 0,03 0,34 0,14 0,64 0,35

PS/TPS (7:3) G 3,02 1,71 2,77 1,50 2,82 1,36 2,74 1,40

PS/TPS (5:5) G 3,79 0,19 3,50 0,18 3,68 0,08 3,74 0,03

PS/TPS (3:7) G 4,43 1,03 3,84 0,70 3,65 0,61 4,10 1,03

PS/TS (9:1) OB 1,22 0,23 1,27 0,31 1,13 0,09 0,78 0,08

PS/TS (7:3) OB 1,86 0,24 2,02 0,24 1,82 0,32 1,91 0,16

PS/TS (5:5) OB 2,71 0,53 2,09 0,69 1,71 1,04 1,64 0,63

PS/TS (3:7) OB 5,68 2,55 4,89 1,73 4,57 1,70 4,17 1,81

Page 45: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

31

A água atua como um plastificante nos materiais a base de amido,

modificando sua estrutura cristalina. Para o amido, considera-se que os sítios

de ligação com a água sejam os grupos hidroxila e os oxigênios do grupo

acetal das moléculas de glicose.

As Figuras 3.3 e 3.4 apresentam o incremento provocado pela absorção

de água das blendas PS/TPS com glicerol e óleo de buriti, respectivamente.

Figura 3.3. Incremento de massa pela absorção de água para as blendas PS/TPS

com glicerol.

Figura 3.4. Incremento de massa pela absorção de água para as blendas PS/TPS

com óleo de buriti.

Percebeu-se que, de uma maneira geral, houve um aumento na

absorção de água com o aumento da concentração de TPS, para todas as

Page 46: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

32

blendas. Pode-se perceber também que a maior porcentagem de absorção de

água aconteceu na primeira hora de imersão. É válido destacar que o PS não

absorve água.

A blenda PS/TPS (3:7) com óleo de buriti foi a que mais absorveu água

na primeira hora de imersão. Entretanto, as blendas nas outras concentrações

de TPS com óleo de buriti mostraram um incremento bem menor que as

blendas com concentrações similares de TPS com glicerol. Assim, podemos

inferir que o óleo de buriti apresenta-se mais incorporado ao PS que o glicerol

e, consequentemente, as blendas com TPS (óleo de buriti) absorvem uma

quantidade menor de água que as blendas com glicerol80. Além disso, a

estrutura do glicerol favorece uma maior absorção de água pela presença dos

seus grupos –OH.

3.2. ANÁLISE TÉRMICA

A investigação das propriedades térmicas das blendas de PS com TPS

foi realizada por termogravimetria (TG), calorimetria exploratória diferencial

(DSC) e análise termomecânica (TMA). Os resultados obtidos com essas

técnicas são discutidos a seguir.

3.2.1. Termogravimetria (TG) / Termogravimetria derivada (DTG)

A TG é uma técnica de análise térmica na qual a variação da massa da

amostra é determinada em função da temperatura e/ou tempo, enquanto a

amostra é submetida a uma programação controlada de temperatura. Na DTG

as curvas são registradas a partir das curvas TG e correspondem à derivada

primeira da variação de massa em relação ao tempo (dm/dt)81.

Dada a natureza dinâmica da variação de temperatura da amostra para

originar curvas TG/DTG, fatores instrumentais (razão de aquecimento,

atmosfera do forno, tipo de cadinho) e relacionados às características da

Page 47: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

33

amostra (massa da amostra, tamanho das partículas) podem influenciar a

natureza, a precisão e a exatidão dos resultados experimentais81.

A Figura 3.5 apresenta as curvas TG/DTG do amido. Pode-se observar

que ocorreu uma perda de massa muito discreta, em torno de 100°C, atribuída

à saída de água anteriormente absorvida pela fécula do amido, quando exposto

ao ambiente. Foi observado que o amido degradou-se praticamente em apenas

uma etapa, com Td em torno de 308°C, sendo sua perda de massa de 97,32 %

a 600°C.

Figura 3.5. Curvas TG/DTG para o amido.

As Figuras 3.6 e 3.7 mostram as curvas TG/DTG para os plastificantes

utilizados. O glicerol (Figura 3.6) apresentou apenas uma etapa de

decomposição, com Td em torno de 213°C e 96,25 % de perda de massa a

600°C. Percebe-se que a degradação térmica do glicerol se iniciou a

aproximadamente 100°C e, em torno de 250°C, a sua decomposição foi

praticamente atingida. As curvas TG/DTG (Figura 3.7) do óleo de buriti

mostraram que o óleo é mais estável termicamente que o glicerol. Sua

decomposição ocorreu em duas etapas (246 e 411°C). A primeira etapa, mais

sutil, apresentou perda de massa de 12,68 % e pode ser atribuída à

decomposição de ácidos graxos saturados que compõem o óleo e estão

presentes em menor proporção. Na segunda etapa de decomposição térmica

do óleo a perda de massa foi mais significativa, 85,94 %, e essa etapa pode

estar associada à degradação térmica dos ácidos graxos insaturados,

Page 48: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

34

presentes no óleo de buriti em maior proporção, principalmente no ácido oléico.

No processo todo, a perda de massa encontrada foi de 98,62 % a 600°C82.

Figura 3.6. Curvas TG/DTG para o glicerol.

Figura 3.7. Curvas TG/DTG para o óleo de buriti.

As curvas TG e DTG obtidas para as blendas PS/TPS, usando glicerol

(Figuras 3.8 e 3.9, respectivamente) apresentaram de duas a quatro etapas de

decomposição, dependendo do teor de TPS.

Page 49: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

35

Figura 3.8. Curvas TG para o PS, TPS com glicerol e blendas PS/TPS.

Figura 3.9. Curvas DTG para o PS, TPS com glicerol e blendas PS/TPS.

A Tabela 3.3 apresenta os valores das Td para cada etapa de

decomposição e suas respectivas perdas de massa para PS, amido, glicerol,

TPS com glicerol e as blendas PS/TPS. Foi observado que as blendas com

TPS (glicerol) apresentaram uma redução no valor da última Td, indicando uma

diminuição da estabilidade térmica do material com o aumento do teor de TPS.

Page 50: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

36

Tabela 3.3. Valores das Td e perda de massa para o PS, amido, glicerol, TPS (glicerol)

e blendas PS/TPS.

Amostra Td1

(°C)

Perda de

massa (%)

Td2

(°C)

Perda de

massa (%)

Td3

(°C)

Perda de

massa (%)

Td4

(°C)

Perda de

massa (%)

PS - - - - - - 429 94,0

Amido - - - - 309 97,0 - -

Glicerol - - 213 96,0 - - - -

TPS 53 16,8 178 30,5 304 46.0 - -

PS/TPS (9:1) 173 2,7 - - 317 5,0 424 89,0

PS/TPS (7:3) 150 5,9 - - 316 4,6 422 85,3

PS/TPS (5:5) 158 10,7 218 7,9 319 9,9 420 64,5

PS/TPS (3:7) 173 22,7 219 5,5 314 22,4 425 39,8

As Figuras 3.10 e 3.11 referem-se, respectivamente, às curvas TG e DTG

das blendas que utilizaram o óleo de buriti como plastificante. Fica evidente

que, semelhante ao material PS/TPS (glicerol), a adição de TPS com óleo de

buriti conferiu ao PS maior facilidade de degradação térmica, principalmente

para proporções maiores do TPS. Entretanto, as blendas obtidas com glicerol

degradaram em um número maior de etapas e em temperaturas inferiores

comparadas àquelas produzidas com óleo de buriti, sugerindo que o óleo de

buriti, quando usado como plastificante do amido, produz blendas

termicamente mais estáveis do que o glicerol. Blendas com teor de TPS maior

que 50% apresentaram mais estágios de decomposição82,83.

Figura 3.10. Curvas TG para o PS, TPS com óleo de buriti e blendas PS/TPS.

Page 51: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

37

Figura 3.11. Curvas DTG para o PS, TPS com óleo de buriti e blendas PS/TPS.

A Tabela 3.4 apresenta os valores das Td para cada etapa de

decomposição térmica com suas perdas de massa para PS, amido, óleo de

buriti, TPS com óleo de buriti e as respectivas blendas.

Tabela 3.4. Valores das Td e perda de massa para o PS, amido, óleo de buriti, TPS

(óleo de buriti) e blendas PS/TPS.

Amostra Td1

(°C)

Perda de

massa (%)

Td2

(°C)

Perda de

massa (%)

Td3

(°C)

Perda de

massa (%)

Td4

(°C)

Perda de

massa (%)

PS - - - - - - 429 94,0

Amido - - - - 309 97,0 - -

Óleo de buriti - - 246 12,7 - - 411 85,9

TPS 106 26,6 - - 313 35,7 390 26,2

PS/TPS (9:1) 146 2,8 - - - - 424 92,7

PS/TPS (7:3) - - - - 329 6,4 421 87,3

PS/TPS (5:5) - - 255 1,6 318 16,3 428 74,7

PS/TPS (3:7) - - 254 2,0 314 32,2 430 56,1

As blendas PS/TPS (5:5) e (3:7) com óleo de buriti apresentaram a

primeira etapa de decomposição próxima à do TPS (313°C). Isso indica uma

maior estabilidade térmica em relação às blendas com glicerol, que tiveram as

primeiras etapas de degradação em temperaturas inferiores. O TPS com óleo

apresentou maior estabilidade nessa faixa em relação ao próprio óleo de buriti

(246°C). Ao contrário, o TPS com glicerol (178,36 °C) apresentou Td inferior a

Page 52: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

38

do glicerol (212,53 °C). Com isso, pode-se inferir que o óleo de buriti

provavelmente tem uma melhor dispersão no amido para formação do TPS,

atuando como um plastificante mais eficiente que o glicerol, nas condições

estudadas.

Para todas as blendas estudadas a última etapa de degradação refere-

se à despolimerização do PS (429°C)84 e a penúltima refere-se à

decomposição do TPS. A porcentagem de perda de massa tem relação direta

com a quantidade de amido nas blendas83. Produtos da decomposição pirolítica

do amido e suas frações incluem monóxido de carbono, água e compostos

orgânicos voláteis23.

3.2.2. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)

Em um termograma de DSC, picos exotérmicos e endotérmicos

caracterizam transições ou reações que tenham ocorrido durante a análise,

como transição vítrea, gelatinização, fusão, oxidação e decomposição, entre

outras.

No caso do amido, o uso mais freqüente do DSC é na investigação de

sua gelatinização. Geralmente, o amido é misturado com água na proporção de

1:3 e então submetido à análise. Este tipo de termograma exibe somente um

pico de gelatinização (entre 50 e 80°C)85.

Figura 3.12. Curva DSC para o amido.

Page 53: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

39

A curva DSC obtida para o amido (Figura 3.12) apresentou um pico

exotérmico entre -23 e -5°C associado à formação de pequenos cristais de

amido ou à cristalização da água, devido ao resfriamento rápido da amostra e

um pico endotérmico bastante largo, de 15 a 145°C (∆H = 113J g-1),

relacionado à gelatinização do amido86.

A gelatinização do amido é definida como uma transição ordem-

desordem que envolve a ruptura da organização molecular dentro dos grânulos

de amido, sob aquecimento e na presença de plastificantes14,85. Por

comparação com os polímeros sintéticos pôde ser proposto que a dependência

da temperatura nessa perda de cristalinidade varia com o polimorfismo dos

cristais, seu grau de perfeição, o comprimento de cadeia envolvido na unidade

cristalina e a quantidade de plastificante utilizado (com o aumento da

quantidade de plastificante ocorre redução da temperatura de transição)11,14.

O reconhecimento do amido como um polímero parcialmente cristalino

levou os pesquisadores a considerar a gelatinização como um processo similar

a fusão em polímeros sintéticos semi-cristalinos. Nesse caso, a fusão dos

cristais é controlada pela plastificação das regiões amorfas do grânulo de

amido nativo. De acordo com este ponto de vista, a gelatinização é controlada

pela mobilidade molecular da fase amorfa ao redor dos cristalitos51.

Nas blendas com amido, o plastificante atua rompendo as ligações de

hidrogênio amido-amido entre hélices de amilopectina e formando ligações de

hidrogênio amido-plastificante simultaneamente. A difusão e ingresso do

solvente nos grânulos é um importante passo preliminar antes que a clivagem

das ligações de hidrogênio amido-amido aconteça51.

Os plastificantes utilizados nessa pesquisa, glicerol e óleo de buriti,

foram analisados por DSC e as curvas obtidas encontram-se nas Figuras 3.13

e 3.14, respectivamente.

Page 54: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

40

Figura 3.13. Curva DSC para o glicerol.

Figura 3.14. Curva DSC para o óleo de buriti.

Foi observada, na curva DSC obtida para o glicerol (Figura 3.13), uma

redução na capacidade calorífica próxima a –80°C que, de acordo com

AVEROUS et al. (2000)87, pode ser atribuída à transição vítrea do plastificante.

A curva de DSC para o óleo de buriti (Figura 3.14) mostrou um pico

endotérmico bastante intenso, próximo a –7°C, que pode estar associado a

uma transição de fase sólido-sólido, do tipo ordem-desordem (γ→α), referente

ao ácido oléico, que ocorre em –2,2 °C88. Esta transição do ácido oléico é

conseqüência da alta concentração deste ácido graxo no óleo de buriti, e indica

que as propriedades macroscópicas do óleo podem ser dominadas pelas

propriedades do referido ácido66. Observou-se ainda um pequeno pico

endotérmico em torno de 3°C que possivelmente refere-se à fusão do ácido

oléico88.

Page 55: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

41

Outro dado importante retirado das curvas de DSC é a temperatura de

transição vítrea (Tg). A Tg é o valor máximo da faixa de temperatura que,

durante o aquecimento de um material polimérico, permite que as cadeias da

fase amorfa adquiram mobilidade. Abaixo da Tg, o polímero não tem energia

interna suficiente para permitir o deslocamento de uma cadeia em relação à

outra por mudanças conformacionais. Dessa forma ele está no estado vítreo,

onde se apresenta duro, rígido e quebradiço. Acima da Tg as cadeias

poliméricas sofrem rotação e movimentos difusionais, estando o polímero no

estado elastomérico41.

Trata-se de uma transição reversível e caracterizada por uma mudança

na capacidade calorífica (C). Em geral, a Tg depende da história térmica do

material, do peso molecular das cadeias poliméricas, da presença de

plastificantes, do grau de cristalinidade e da composição da amostra3.

Ao contrário da maioria dos polímeros, a transição vítrea do amido ainda

é bastante discutida. Um das razões para isso é que o amido está,

invariavelmente, associado a algum tipo de umidade. Assim, sua Tg é

extremamente dependente da quantidade de água. Até hoje valores

inequívocos para a Tg somente foram publicados para o amido amorfo, mas

não para o amido nativo21.

As Figuras 3.15 e 3.16 mostram as curvas de DSC obtidas para o PS e

para as blendas PS/TPS com glicerol e óleo de buriti, respectivamente, nas

proporções estudadas. Na Tabela 3.5 estão listados os valores das Tg, obtidos

a partir destas curvas.

Figura 3.15. Curvas DSC para o PS e PS/TPS com glicerol.

Page 56: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

42

Figura 3.16. Curvas DSC para o PS e PS/TPS com óleo de buriti.

Na curva do PS foi observada apenas uma transição endotérmica, em

torno de 102°C, correspondente à sua Tg. Este valor apresenta-se bem próximo

da Tg do PS (Aldrich), antes de ser usado na preparação das blendas

(100°C)89.

Tabela 3.5. Valores da Tg para o PS e para as blendas PS/TPS.

TPS com glicerol (%) Tg (°C) TPS com óleo de buriti (%) Tg (°C)

0 102 0 102

10 102 10 95

30 100 30 75

50 101 50 64

70 105 70 54

Pelos dados de DSC percebe-se que todas as blendas PS/TPS

possuem características intermediárias entre o PS puro e o TPS. Nas curvas

de DSC das blendas com glicerol foram observadas transições endotérmicas

em temperaturas inferiores a 0°C, possivelmente associadas à transição de

fase do glicerol na matriz polimérica, ou ainda do próprio amido. Observa-se

que a Tg permaneceu praticamente constante apesar do incremento de TPS.

Este fenômeno é conhecido como antiplastificação e, para materiais à base de

amido, ocorre quando são usados como plastificante glicerol e água em

pequena quantidade40,54,56-59. Quando a água é utilizada em quantidade

suficiente o glicerol volta a se comportar como um plastificante eficiente40.

Page 57: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

43

A plastificação e a antiplastificação são fenômenos bem conhecidos para

polímeros sintéticos. Compostos ou solventes de baixa massa molecular,

agindo como plastificantes externos, são parte integrante do sistema polimérico

onde atuam, aumentando a flexibilidade e a maleabilidade do polímero puro.

Entretanto, eles podem atuar como antiplastificantes quando estiverem

presentes em baixas concentrações, tendo como resultado um polímero mais

rígido que o original40.

As causas desse efeito em materiais a base de amido ainda não foram

claramente elucidadas, mas provavelmente a mobilidade molecular tem um

papel preponderante nos mecanismos envolvidos. GAUDIN et al. (1999)56 e

GAUDIN et al. (2000)57 estudaram sistemas envolvendo amido, água e sorbitol.

Seus estudos revelaram que a mobilidade das cadeias do amido (relaxação β)

é fortemente afetada pela adição de pequenas quantidades de sorbitol. Este

fenômeno pode acontecer devido ao desaparecimento da mobilidade molecular

do amido e aparecimento da mobilidade intrínseca do sorbitol, ou a um

acoplamento entre a relaxação β do amido e a relaxação atribuída ao sorbitol.

Nas curvas de DSC das blendas com óleo de buriti (Figura 3.16),

percebe-se que quando a concentração de TPS na blenda aumentou a Tg

diminuiu em relação à do PS. Além disso, a Tg mostrou-se bastante alargada

na blenda com maior percentual do óleo, indicando uma possível mudança na

estrutura dos materiais83. O óleo de buriti comportou-se como um plastificante

intraestrutural, caracterizado por uma diminuição contínua na temperatura de

transição vítrea com o aumento da quantidade de plastificante38,40.

O efeito depressor do plastificante sobre a Tg deve-se ao aumento das

ligações amido-plastificante e à diminuição do número de ligações de

hidrogênio intra e intermoleculares entre as cadeias de amido. Isto leva ao

aumento das distâncias intermoleculares (volume livre), diminuindo a

viscosidade local e aumentando a mobilidade das cadeias poliméricas90.

Além da diminuição no valor da Tg, observou-se que as blendas PS/TPS

(5:5) e (3:7) com óleo de buriti apresentaram um pico endotérmico, em torno de

–10°C, cuja intensidade aumentou com o aumento da concentração do óleo na

blenda. De acordo com DURÃES et al.63,64, esta transição corresponde à uma

transição característica de uma fase morfológica no estado sólido do ácido

oléico, componente majoritário do óleo de buriti.

Page 58: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

44

Os resultados obtidos por DSC mostraram que, para as blendas PS/TPS

nas proporções estudadas, o óleo de buriti comporta-se como um plastificante

mais eficiente que o glicerol, provocando diminuição da Tg com o aumento da

concentração de TPS.

3.2.3. Análise Termomecânica (TMA)

A técnica de TMA mede as deformações de uma amostra, sob a ação de

uma carga oscilatória, em função da temperatura ou do tempo (T constante),

quando um material é submetido a um programa controlado de temperatura.

Ela avalia as mudanças dimensionais de materiais em função da temperatura,

tempo ou força. Os equipamentos utilizados nessa técnica funcionam com

vários tipos de sonda, que permitem diversas análises mecânicas, tais como

expansão, compressão, penetração, flexão e extensão.

Neste trabalho, o tipo de sonda utilizada foi o de penetração, que

permite a identificação do ponto de amolecimento de um material, ou seja,

fornece a temperatura de amolecimento (Ta), caracterizada pelo início da

penetração da ponta de quartzo da sonda na amostra em função da

temperatura. Foi utilizada uma carga de 10mN, partindo da temperatura

ambiente até 110°C.

A Tabela 3.6 apresenta os valores da temperatura média de Ta obtidos

para as amostras de PS e para as blendas PS/TPS com glicerol, nas

proporções estudadas.

Tabela 3.6. Valores da Ta para o PS e para as blendas PS/TPS com glicerol.

Amostra Ta (°C)

PS 84

PS/TPS (9:1) 84

PS/TPS (7:3) 80

PS/TPS (5:5) 81

PS/TPS (3:7) 83

Page 59: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

45

Os dados mostram que a Ta permaneceu aproximadamente constante

para todas as amostras. Esses dados estão de acordo com os dados de Tg

obtidos por DSC. Algumas blendas apresentaram também uma suave

expansão, antes da Ta, como pode ser observado no exemplo da Figura 3.17.

Figura 3.17. Curvas TMA, modo penetração (triplicata), para a blenda PS/TPS (9:1).

Essas observações sugerem que estas blendas apresentam

propriedades termomecânicas semelhantes ao PS puro, no que se refere à

resistência à penetração (Figura 3.18)91.

Figura 3.18. Dados de TMA para as blendas PS/TPS com glicerol, modo penetração.

Esse comportamento das blendas PS/TPS com glicerol quando

submetidas à ação de uma força sob aquecimento sugere que o glicerol, nas

condições estudadas, não foi um bom plastificante para o amido. Além disso,

os dados indicam que o aumento do teor de TPS não influenciou nas

propriedades relacionadas à estrutura das blendas, confirmando os dados

obtidos por DSC.

Page 60: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

46

Para as blendas preparadas com TPS usando como plastificante o óleo

de buriti, mudanças significativas nas propriedades mecânicas das blendas

foram percebidas, em relação às blendas com TPS (glicerol) (Tabela 3.7).

Tabela 3.7. Valores de Ta para o PS e para as blendas PS/TPS com óleo de buriti.

Amostra Ta (°C)

PS 84

PS/TPS (9:1) 83

PS/TPS (7:3) 77

PS/TPS (5:5) 69

PS/TPS (3:7) 62

Foi observado que o aumento da concentração de TPS causou uma

acentuada e linear redução no valor da Ta, em relação ao PS puro. Sabendo

que a incorporação de um plastificante torna a rede polimérica menos densa e,

consequentemente, mais permeável, esses dados indicam que a ação

plastificante do óleo de buriti para o amido, nas condições estudadas, foi mais

eficiente que a do glicerol (Figura 3.19)91.

Vale salientar que, ao contrário das blendas com TPS (glicerol), todas as

blendas com óleo de buriti apresentaram valor de Ta menor do que o valor da

Ta do PS. Portanto, os resultados indicam que a adição de TPS ao PS modifica

as características termomecânicas do PS de acordo com o tipo e a

concentração de TPS adicionado à matriz polimérica.

Figura 3.19. Dados de TMA para as blendas PS/TPS com óleo de buriti, modo

penetração.

Page 61: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

47

Parâmetros estruturais do polímero afetam diretamente o seu

desempenho sob solicitações térmicas e mecânicas. Assim, características

estruturais do polímero, tais como: cristalinidade, presença de grupos polares,

massa molecular, copolimerização, ligações cruzadas, entre outras, podem

alterar drasticamente o seu comportamento térmico e mecânico. Parâmetros

externos, como presença de plastificante, elastômero, monômero residual,

reforço com fibras, etc, contribuem também no comportamento térmico e

mecânico dos materiais poliméricos41.

Os resultados acima estão em concordância com os dados obtidos por

DSC. Nas curvas de DSC das blendas com glicerol observa-se que a Tg

permaneceu praticamente constante, apesar do incremento de TPS, assim

como a Ta. As curvas de DSC das blendas com óleo de buriti mostraram que,

quando a concentração de TPS incorporado à blenda aumenta, a Tg diminui em

relação à Tg do PS.

Quando um plastificante é adicionado a um polímero, as interações

intermoleculares diminuem e, conseqüentemente, a proximidade entre as

cadeias é menor. Desse modo, sob a ação de forças mecânicas o movimento

das cadeias de um polímero é facilitado, uma vez que houve a diminuição da

sua Tg, melhorando a sua flexibilidade28. Daí, uma associação pode ser feita

entre a Tg e a Ta e assim, pode-se confrontar os dados de DSC e TMA. A partir

dessas análises pode ser sugerido que o óleo de buriti comporta-se como um

plastificante intraestrutural, caracterizado por uma diminuição contínua na Tg e

na Ta com o aumento da quantidade de plastificante.

3.3. DIFRAÇÃO DE RAIOS X (DRX)

A difratometria de raios X é uma técnica muito utilizada na investigação

de estruturas poliméricas. O princípio da difração depende do fenômeno de

interferência que ocorre quando uma onda em movimento é espalhada a partir

de um número de centros. Esses centros, no caso de polímeros, têm relação

com os domínios cristalinos e amorfos presentes em sua estrutura92. A DRX

baseia-se nos princípios da lei de Bragg (Equação 3.2), na qual um cristal é

Page 62: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

48

apresentado como um conjunto de planos refletores, com espaçamento

uniforme, de onde os raios X incidentes a um ângulo θ são refletidos a um

mesmo ângulo θ.

nλ = 2dsenθ, (3.2)

onde, n = número inteiro;

λ = comprimento de onda da radiação utilizada;

d = distância entre os planos cristalinos.

Assim, os estudos da estrutura interna de um material cristalino

dependem da radiação penetrante nesse material e dos efeitos de interferência

resultantes do espalhamento provocado pela sua estrutura. Os raios X têm

poder de penetração e mostram os efeitos de interferência, desde que eles

tenham comprimento de onda da mesma ordem de magnitude do espaçamento

dos planos do cristal92.

Os compostos sólidos são considerados cristalinos, amorfos ou

semicristalinos e difratam facilmente a radiação dos raios X. No caso dos

polímeros, que apresentam um halo amorfo muito acentuado, podem ser

observadas, no difratograma, partes bem definidas que correspondem aos

domínios cristalinos do polímero, ou seja, às regiões ordenadas presentes na

amostra. Em geral, um polímero com elevada cristalinidade tem unidades

estruturais simples e alto grau de ordem molecular81,92.

Os grânulos de amido, por serem parcialmente cristalinos, proporcionam

padrões específicos de difração de raios X. O tipo A é comum para amidos de

cereais e o tipo B para amidos de tubérculos e amidos ricos em amilose. Outro

difratograma de difração, o tipo C, é conhecido como uma mistura dos

diagramas do tipo A e do tipo B e é característico da maior parte dos amidos de

legumes, e também de cereais que cresceram em condições específicas de

temperatura e hidratação14.

Alguns picos de intensidade de refração são característicos do tipo de

cristalinidade. Para o padrão A, estes picos aparecem, predominantemente,

como um dupleto em 2θ igual a 17 e 18º e um único pico ocorrendo em torno

de 2θ igual a 23º, além de um aumento na intensidade relativa da banda em 2θ

igual a 15º. Amidos do padrão B são reconhecidos pela intensidade do pico

correspondente a um dupleto em 2θ igual a 5 e 6º, um pico intenso a 17° e um

Page 63: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

49

dupleto a 22 e 24°. A fécula da mandioca classifica-se em geral no tipo C,

constituída por 90% de cristalinidade do tipo A e 10% do tipo B11,93.

A Figura 3.20 apresenta o difratograma de raios X obtido para o amido

da mandioca.

Figura 3.20. Difratograma de DRX para o amido.

Pode-se notar a presença de cinco picos principais em torno dos

ângulos de difração de 15, 17, 18, 20 e 23°, característicos dos grânulos de

estrutura do tipo A. A presença de um pico de intensidade alta para o padrão A

em 15° e um dupleto intenso em 17 e 18°, permitem a classificação dessa

fécula dentro do tipo A-b, também denominada como CA (C com proximidade

ao A)93. Estes resultados também foram encontrados em trabalhos realizados

por outros autores com a fécula da mandioca94,95.

Apesar de a amilose encontrar-se no estado amorfo no amido granular e

a cristalinidade dos grânulos ser atribuída à amilopectina13,14,16, no amido

termoplástico a amilose cristaliza-se rapidamente. Essa diferença ocorre

porque a amilose possui uma cinética de cristalização maior que a

amilopectina, devido à sua estrutura linear. Portanto, a formação das estruturas

cristalinas no amido termoplástico depende da razão amilose/amilopectina e

das condições de armazenamento como tempo, temperatura e umidade14.

Os difratogramas de raios X das blendas PS/TPS com glicerol (Figura

3.21) mostraram um arredondamento em seus picos, indicando a possibilidade

de maiores domínios amorfos com o aumento do teor de TPS.

Page 64: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

50

Figura 3.21. Difratogramas de DRX para o PS, amido e PS/TPS com glicerol.

Para as blendas PS/TPS com óleo de buriti (Figura 3.22), os picos se

assemelharam mais aos picos do PS, sugerindo que a adição do TPS à matriz

polimérica não provocou mudanças significativas na sua estrutura. Isto pode

indicar uma maior interação da matriz polimérica com o TPS preparado com o

óleo de buriti, confirmando a maior eficiência do óleo como plastificante, em

relação ao glicerol, nas condições estudadas, produzindo blendas mais

uniformes80.

Figura 3.22. Difratogramas de DRX para o PS, amido e PS/TPS com óleo de buriti.

Os picos das blendas PS/TPS com óleo de buriti são menos

arredondados e, conseqüentemente, essas blendas têm uma estrutura mais

Page 65: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

51

organizada, ou seja, são materiais menos amorfos, que as blendas preparadas

com glicerol. Uma vez que não há deslocamento dos picos das blendas e nem

picos diferentes aos das estruturas do PS e amido, supõe-se que não sejam

formadas fortes ligações químicas entre os componentes dos materiais

modificados.

3.4. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA NUCLEAR (RMN) NO ESTADO

SÓLIDO

A espectroscopia de RMN no estado sólido é uma ferramenta muito

utilizada no estudo e caracterização de polímeros. Quando um material é

insolúvel, ou apresenta ligações cruzadas, ou é um compósito ou uma blenda,

o estudo da relação estrutura-propriedade é de grande interesse, pois busca

respostas em relação à compatibilidade, homogeneidade, dispersão de fases e

interação entre os componentes81.

Na técnica de RMN no estado sólido os sinais são mais alargados que

em solução devido à pequena movimentação molecular e ao alto peso

molecular das moléculas que constituem o material. A melhoria da resolução

dos sinais dos espectros necessita de técnicas que permitam eliminar os

fatores que causam este alargamento. A técnica de polarização cruzada (CP)

se baseia na transferência de polarização de um núcleo de spin abundante (1H)

para um núcleo de spin pouco abundante (13C). Os núcleos de 13C e 1H ficam

em contato térmico por um período de tempo estipulado, denominado de tempo

de contato. A técnica de CP combinada com a rotação da amostra segundo o

ângulo mágico e forte desacoplamento de hidrogênio (CP/MAS), gera

espectros de RMN de sólidos com aumento da intensidade dos sinais em um

tempo menor. Assim, a largura e a forma dos sinais passam a retratar o

comportamento da amostra, gerando informações sobre a dinâmica molecular

do material81.

Os espectros RMN de diferentes tipos de amidos podem ser

identificados por uma combinação de características relacionadas a dois tipos

de estruturas de polissacarídeos: cristalino, identificado por duplas hélices, e

Page 66: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

52

amorfo, identificado por cadeia simples. Esta análise nos dá a primeira

descrição molecular da estrutura presente nos grânulos de amido.

O pico referente ao carbono 1 da molécula de amido (Figura 3.23)

contém informações tanto sobre a natureza cristalina quanto não cristalina das

cadeias. A multiplicidade do C-1 corresponde ao tipo de empacotamento dos

grânulos de amido e pode revelar a natureza de sua cristalinidade96,97. Para um

cristal do tipo A, que tem 3 resíduos de açúcar não idênticos, o pico C-1 exibe

um tripleto em aproximadamente 100ppm. Para um cristal do tipo B, que tem

dois resíduos de açúcar não idênticos, o pico C-1 é um dupleto na mesma

região (100ppm)96-100.

Figura 3.23. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, do amido.

O espectro de CP/MAS RMN 13C para o amido da mandioca apresenta

um dupleto em 97 e 98ppm e um “ombro” em 99ppm, que pode ser originário

dos domínios amorfos de C-1, indicando um cristal do tipo A99. Um sinal em

58ppm é atribuído ao carbono 6 da molécula de glicose. O sinal de maior

intensidade em todo o espectro, 68ppm, é associado aos carbonos C-2, C-3 e

C-596,99.

O pico em 68ppm é relacionado aos grupos CH–OH, enquanto os picos

próximos a 100ppm são relacionados ao carbono anomérico dos grupos CH–

(OR)2. O carbono C-1 está ligado a dois átomos de oxigênio e com isso

apresenta um deslocamento químico maior que C-4 que está ligado a somente

um oxigênio.

Page 67: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

53

No espectro do PS (Figura 3.24), os deslocamentos em 147 e 128ppm

são devido aos carbonos aromáticos não-protonados e protonados,

respectivamente. A ressonância do carbono metínico corresponde ao pico em

47ppm, e a ressonância relativa ao carbono metilênico está localizada em

41ppm.

Figura 3.24. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, do PS (os picos

indicados com asteriscos referem-se a bandas laterais).

Tabela 3.8. Deslocamentos químicos para o amido e PS.

Amostra Deslocamento

químico (ppm)a

Deslocamento

químico (ppm)b Tipo de Carbono

Amido

97-98-99

78

68

58

101

81

73

62

C-1 (CH(OR)2)

C-4 (CH-OR)

C-2, C-3 e C-5 (CH-OH)

C-6

PS

147

128

47

41

146

128

46

41

Carbono aromático não-protonado

Carbono aromático protonado

Carbono metínico

Carbono metilênico a. Dados obtidos. b. Dados da literatura73,101

Os espectros de CP/MAS RMN 13C das blendas PS/TPS com glicerol

(Figura 3.25) apresentaram picos de ressonância característicos do amido e do

PS.

Page 68: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

54

Figura 3.25. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das blendas PS/TPS

com glicerol (os picos indicados com asteriscos referem-se a bandas laterais).

O espectro referente à blenda PS/TPS (9:1) assemelha-se bastante ao

do PS. Observa-se que quanto maior o teor de TPS na blenda maior a

intensidade dos deslocamentos referentes às ligações C-O, localizados entre

58 e 78ppm, característicos do amido (Tabela 3.9).

Tabela 3.9. Deslocamentos químicos das blendas PS/TPS com glicerol.

Deslocamento químico (ppm)

Tipo de Carbono PS/TPS

(9:1)

PS/TPS

(7:3)

PS/TPS

(5:5)

PS/TPS

(3:7)

Carbono aromático não-protonado

Carbono aromático protonado

Carbono metínico

Carbono metilênico

C-6 do amido

C-2, C-3 e C-5 do amido

C-1 do amido

146

127

47

41

-

73

-

146

128

46

41

62

72

101

147

128

47

41

62

73

101

147

128

47

41

62

73

101

A Figura 3.26 apresenta os espectros de CP/MAS RMN 13C para as

blendas PS/TPS com óleo de buriti e a Tabela 3.10 os seus valores de

deslocamento químico.

PS/TPS (9:1)

PS/TPS (7:3)

PS/TPS (5:5)

PS/TPS (3:7)

*

*

*

*

Page 69: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

55

Figura 3.26. Espectro de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das blendas PS/TPS

com óleo de buriti (os picos indicados com asteriscos referem-se a bandas laterais).

Tabela 3.10. Deslocamentos químicos das blendas PS/TPS com óleo de buriti.

Deslocamento químico (ppm)

Tipo de Carbono PS/TPS

(9:1)

PS/TPS

(7:3)

PS/TPS

(5:5)

PS/TPS

(3:7)

Carbono aromático não-protonado

Carbono aromático protonado

Carbono metínico

Carbono metilênico

C-6 do amido

C-2, C-3 e C-5 do amido

C-1 do amido

142

124

43

36

59

68

99

142

124

43

36

58

68

99

142

124

43

36

58

68

99

142

124

43

36

58

68

99

Nota-se que, para todas as blendas, os picos referentes às interações da

molécula de amido apresentaram maior intensidade nas blendas com maior

teor de TPS, o que já era esperado. Como não há deslocamento dos picos das

blendas e nem picos diferentes aos das estruturas do PS e amido, pode-se

confirmar as impressões de DRX de que não existem fortes ligações químicas

entre os componentes das blendas.

*

*

*

* PS/TPS (9:1)

PS/TPS (7:3)

PS/TPS (5:5)

PS/TPS (3:7)

Page 70: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

56

Os experimentos de RMN que utilizam polarização cruzada não

fornecem dados quantitativos. Assim, não se pode determinar a quantidade de

TPS incorporado ao PS através da intensidade relativa dos picos.

Materiais cristalinos geralmente mostram ressonâncias estreitas devido

à extrema regularidade de sua estrutura, enquanto em materiais semi-

cristalinos ou amorfos a sua mobilidade molecular dá origem a uma distribuição

mais larga das bandas97.

3.5. AVALIAÇÃO DA DEGRADAÇÃO

A degradação de um polímero é um processo irreversível, ocasionado

por vários fatores responsáveis pela perda de suas propriedades. Nesse

processo, em geral, ocorre a cisão da cadeia polimérica e também a alteração

estrutural causada por outros mecanismos102. A degradação da maioria dos

plásticos sintéticos na natureza é um processo muito lento que envolve fatores

ambientais seguidos da ação de microorganismos. O PS é um polímero

sintético de alto nível de hidrofobicidade e alto peso molecular. Em sua forma

natural ele não é biodegradável38. Tornar o PS biodegradável requer

modificação em seu nível cristalino, peso molecular e propriedades mecânicas,

que são responsáveis pela resistência do PS à degradação31.

Estudos de degradação de blendas de polímeros petroquímicos com

amido31,32,36,37,76,77 indicam que o amido pode acelerar o processo de

degradação do polímero. A adição de amido ou algum outro aditivo

biodegradável aos polímeros sintéticos convencionais aumenta a porosidade e

a razão superfície/volume da blenda e proporciona o consumo deste aditivo

pelos microorganismos. Como os microorganismos consomem o amido

circundante, o plástico perde a sua integridade estrutural. Esse processo faz

com que aja deterioração das propriedades mecânicas, facilitando a quebra do

material por outros mecanismos de degradação e deixando a matriz polimérica

suscetível ao ataque de microorganismos31,37.

O resultado da perda de integridade da matriz polimérica é o aumento de

sua biodegradabilidade. As blendas de polímeros biodegradáveis e polímeros

Page 71: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

57

petroquímicos dão origem a materiais parcialmente biodegradáveis que podem

efetivamente reduzir o volume de lixo plástico por degradação parcial.

Neste trabalho amostras de blendas PS/TPS foram submetidas a um

teste de aterro no solo por 6 meses com o objetivo de avaliar a sua

degradação. Posteriormente, essas blendas foram analisadas por TG, DRX e

RMN no estado sólido.

3.5.1. Teste de Aterro

Caixas perfuradas contendo amostras de cada blenda foram enterradas

em dezembro de 2005 e retiradas em junho de 2006. Os recipientes continham

pequenos furos para permitir que as amostras fossem expostas aos

microorganismos e à umidade.

As Figuras 3.27 e 3.28 mostram as fotos digitais das blendas PS/TPS

com glicerol e óleo de buriti, respectivamente, após permanecerem 6 meses

enterradas no solo.

Figura 3.27. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com glicerol, nas proporções: (a)

(9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7), após 6 meses de aterro.

Figura 3.28. Fotos digitais das blendas de PS/TPS com óleo de buriti, nas proporções:

(a) (9:1); (b) (7:3); (c) (5:5) e (d) (3:7), após 6 meses de aterro.

Page 72: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

58

Comparadas às respectivas amostras das blendas, antes de serem

colocadas no solo (Figuras 3.1 e 3.2), a aparência de todas elas, após o tempo

de aterro, ficou visivelmente modificada. Essas mudanças não são relativas

apenas à cor das amostras, mas também ao aspecto da superfície e sua

fragilidade. Após os 6 meses, foi possível perceber, visualmente, que as

blendas PS/TPS (glicerol e óleo de buriti), nas proporções (5:5) e (3:7)

apresentaram superfície mais escurecida e ficaram mais quebradiças do que

as blendas com menor teor de TPS. Aparentemente, foi percebido também que

as blendas PS/TPS com óleo de buriti apresentaram-se menos resistentes,

fragmentando-se com facilidade em relação às blendas com glicerol.

Após serem delicadamente limpas com o auxílio de uma gaze

umedecida, as blendas foram armazenadas em ambiente seco e ao abrigo da

luz, para posteriores análises de TG/DTG, DRX e RMN.

3.5.1.1. TG

A incidência de radiação e/ou o crescimento de microorganismos em um

plástico causa mudanças em algumas de suas propriedades físicas e químicas

que podem ser detectadas por análise térmica.

A partir das curvas TG para as blendas PS/TPS com glicerol, antes e

após 6 meses de aterro (Figura 3.29), e dos dados apresentados na Tabela

3.11 pode-se verificar que todas as amostras apresentaram um número menor

de etapas de degradação térmica após o período de aterro. As etapas de

degradação térmica referentes ao TPS (item 3.2.1), que ocorrem em

temperaturas mais baixas, não apareceram nas curvas TG, após os 6 meses,

indicando que os materiais responsáveis por essas degradações não existiam

mais nas blendas. Foi observado que, após o tempo de aterro, ainda aparece

nas amostras um passo de degradação próximo a 308°C (Td do amido) (Figura

3.5). Entretanto, os valores medidos para as Td dessa etapa estão deslocados

para faixas de temperaturas maiores, atingindo uma diferença de até 14°C, em

relação às amostras originais. Além disso, houve nesta etapa um aumento da

perda de massa pelas blendas com maior teor de TPS, em relação às amostras

Page 73: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

59

originais. Esses dados indicam que a parte da amostra que não foi degradada

durante o período de aterro teve a estabilidade térmica dessa etapa de

decomposição aumentada, em função, provavelmente, de alguma modificação

estrutural no TPS com a degradação dos seus componentes.

Figura 3.29. Curvas TG para as blendas PS/TPS com glicerol, antes e após 6 meses

de aterro.

Page 74: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

60

Tabela 3.11. Valores das Td e perda de massa para as blendas PS/TPS com glicerol,

antes e após aterro (AT) por 6 meses.

Amostras Td1

(°C)

Perda de

massa (%)

Td2

(°C)

Perda de

massa (%)

Td3

(°C)

Perda de

massa (%)

Td4

(°C)

Perda de

massa (%)

PS/TPS (9:1) 173 2,7 - - 317 5,0 424 89,0

PS/TPS (9:1) AT - - - - 326 5,0 424 92,6

PS/TPS (7:3) 150 5,9 - - 316 4,6 422 85,3

PS/TPS (7:3) AT - - - - 321 3,4 420 94,3

PS/TPS (5:5) 158 10,7 218 7,9 319 9,9 420 64,5

PS/TPS (5:5) AT - - - - 326 14,9 420 79,8

PS/TPS (3:7) 173 22,7 219 5,5 314 22,4 425 39,8

PS/TPS (3:7) AT - - - - 328 28,0 423 65,0

Os valores da Td4, associados à decomposição térmica do PS,

permaneceram praticamente inalterados (420-425°C), antes e após o período

de aterro, indicando que a estrutura do PS foi mantida após os 6 meses no

solo. No entanto, o percentual de perda de massa correspondente a essa

última etapa de degradação foi significativamente maior para essas blendas,

proporcionalmente ao teor de TPS. A análise desses dados revela que a perda

de massa da etapa referente ao PS aumentou em relação ao TPS, em

comparação com as blendas originais, indicando um possível consumo do

amido pelos microorganismos103.

Comparando a perda de massa total das amostras, percebe-se um

pequeno aumento desse valor, para as amostras aterradas, em relação às

originais. Porém, esses valores não foram significativos a ponto de se chegar a

alguma conclusão. É importante esclarecer que 6 meses é um período muito

curto para avaliar a degradação desses materiais através da perda de massa,

considerando que o tempo de degradação do PS é de aproximadamente 500

anos2,5.

As curvas TG das blendas PS/TPS com óleo de buriti, antes e após os 6

meses de aterro (Figura 3.30) apresentaram uma quantidade de etapas de

degradação térmica menor, comparadas às blendas produzidas com glicerol.

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61

Figura 3.30. Curvas TG para as blendas PS/TPS com óleo de buriti, antes e após 6

meses de aterro.

Através da análise dessas curvas e dos dados apresentados na Tabela

3.12, pode-se dizer que o TPS contido na blenda na proporção (9:1) foi

consumido, após o período de aterro, pois a etapa de degradação térmica a ele

associada não aparece na sua curva TG. Os dados de TG relacionados à

blenda PS/TPS (7:3) mostraram poucas mudanças, antes e após os 6 meses

de aterro. Apesar do número de etapas de degradação térmica permanecer

inalterado, observou-se um aumento de 6°C na Td e na perda de massa da

etapa de decomposição associada ao amido, após o tempo de aterro.

Após o período de aterro, a curva TG da blenda PS/TPS (5:5)

apresentou apenas uma etapa de degradação térmica, correspondente ao PS,

com valor de Td próximo ao da amostra original, mas com um significativo

aumento na perda de massa (30%) nesta etapa. Assim, pode-se inferir que

todo o material da blenda relacionado ao TPS foi consumido pelos

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62

microorganismos. A blenda com maior proporção de TPS (3:7) apresentou uma

pequena etapa de degradação térmica em torno de 227°C, característica da

decomposição do TPS com óleo de buriti, e outra etapa mais acentuada

relacionada à decomposição do PS.

Tabela 3.12. Valores das Td e perda de massa para as blendas PS/TPS com óleo de

buriti, antes e após aterro (AT) por 6 meses.

Amostras Td1

(°C)

Perda de

massa (%)

Td2

(°C)

Perda de

massa (%)

Td3

(°C)

Perda de

massa (%)

Td4

(°C)

Perda de

massa (%)

PS/TPS (9:1) 146 2,8 - - - - 424 92,7

PS/TPS (9:1) AT - - - - - - 420 96,8

PS/TPS (7:3) - - - - 329 6,4 421 87,3

PS/TPS (7:3) AT - - - - 335 8,9 420 87,1

PS/TPS (5:5) - - 255 1,6 318 16,3 428 74,7

PS/TPS (5:5) AT - - - - - - 424 97,0

PS/TPS 3:7 - - 254 2,0 314 32,2 430 56,1 PS/TPS 3:7 AT - - 227 5,6 - - 426 86,2

Todas as blendas aterradas apresentaram uma leve diminuição no valor

da última Td, e uma perda de massa total maior em relação às blendas

originais, o que pode ser considerado um indicativo de degradação através de

uma provável redução no comprimento das cadeias moleculares76. Apesar

disso, é muito precipitado chegar a essa conclusão para blendas com PS com

apenas 6 meses de teste. Com essas análises podemos ter somente

indicações sobre o processo de degradação das blendas PS/TPS.

Pode-se inferir, a partir destes resultados preliminares, que o amido foi

consumido, pelo menos em parte, pelos microorganismos. Provavelmente a

sua ausência provocará a perda da integridade estrutural do plástico, com

conseqüente deterioração de suas propriedades mecânicas, o que,

possivelmente, deixará a matriz polimérica mais suscetível à degradação.

Porém, respostas mais conclusivas só poderão ser obtidas após as amostras

serem submetidas a um teste mais longo ou mais específico.

Page 77: UnB – Universidade de Brasília Instituto de Química

63

3.5.1.2. Difração de Raios X (DRX)

A Figura 3.31 apresenta os difratogramas de raios X das blendas

PS/TPS com glicerol, antes e depois de colocadas no solo.

Figura 3.31. Difratogramas de DRX para as blendas PS/TPS com glicerol, antes e

após o aterro.

Os difratogramas das blendas PS/TPS (glicerol) aterradas

apresentaram-se muito semelhantes aos das blendas originais no que se refere

à forma dos picos, mas com uma pequena diminuição nas suas intensidades.

Observa-se que as amostras com maior teor de TPS apresentaram picos mais

arredondados em relação às amostras com menor proporção de TPS, antes e

após o tempo de aterro. Isso sugere que houve, provavelmente, um leve

aumento das regiões amorfas dos materiais com maior teor de TPS103.

A comparação entre os difratogramas de raios X das blendas PS/TPS

com óleo de buriti, antes e depois de colocadas no solo, é feita na Figura 3.32.

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64

Figura 3.32. Difratogramas de DRX para as blendas PS/TPS com óleo de buriti, antes

e após o aterro.

Percebe-se nos difratogramas que a diminuição na intensidade dos

picos das blendas PS/TPS com óleo de buriti após o período de aterro, em

relação às blendas originais, é mais significativo do que nas blendas PS/TPS

com glicerol (Figura 3.31). A diminuição na intensidade dos picos,

principalmente o que ocorre em 2θ próximo a 20° foi mais acentuada para as

blendas com maior o teor de TPS. Além de menos intensos, os picos das

blendas, após os 6 meses, mostraram-se bem mais arrendondados do que os

das bendas originais. Essas observações indicam que pode ter acontecido uma

diminuição no tamanho dos cristais na estrutura das blendas durante o

processo de degradação no solo103.

Vale salientar que a análise morfológica feita por DRX sugere que as

amostras das blendas PS/TPS com óleo de buriti foram mais suscetíveis à

degradação no solo do que as amostras das blendas com glicerol.

Para complementar os estudos morfológicos feitos por DRX, as blendas

aterradas também foram analisadas por RMN e comparadas com as originais.

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65

3.5.1.3. RMN

A Figura 3.33 apresenta os espectros de CP/MAS RMN 13C para as

blendas PS/TPS com glicerol, antes e após o teste de degradação no solo.

Figura 3.33. Espectros de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das blendas PS/TPS

com glicerol, antes e após o aterro.

Pode-se perceber que, com exceção da blenda PS/TPS (7:3), todas as

blendas apresentam espectros de RMN semelhantes, considerando-se os

materiais antes e após terem passado pelo teste de aterro. Ou seja, os

espectros mostraram picos característicos do amido e do PS, antes e após o

período no solo. Esses resultados estão em concordância com os dados

obtidos por TG que mostraram que as blendas com glicerol apresentam etapas

de degradação referentes ao amido, mesmo após o tempo de aterro. Nas

curvas TG, as menores porcentagens de perda de massa na região

PS/TPS (9:1)

PS/TPS (9:1), após 6 meses no solo

PS/TPS (7:3)

PS/TPS (7:3), após 6 meses no solo

PS/TPS (5:5)

PS/TPS (5:5), após 6 meses no solo PS/TPS (3:7), após 6

meses no solo

PS/TPS (3:7)

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66

correspondente ao amido são justamente das blendas com menor proporção

de TPS.

No caso da blenda PS/TPS (7:3), os picos referentes ao amido não

aparecem no espectro após o período de aterro, indicando uma degradação

parcial do amido presente nessa blenda.

Em função desses resultados, pode-se deduzir que o tempo de teste de

degradação não foi suficiente, nem mesmo para que todo o amido fosse

consumido pelos microorganismos. Para uma conclusão mais aprofundada,

talvez fosse necessário manter as condições de teste por um período maior,

acompanhando também se houve variação na massa molecular da amostra

durante esse tempo.

Os espectros de CP/MAS RMN 13C para as blendas PS/TPS com óleo de

buriti, antes e após o aterro estão apresentados na Figura 3.34.

Ao contrário das blendas com glicerol, todas as blendas PS/TPS com

óleo de buriti apresentaram apenas os picos referentes ao PS após o tempo de

aterro. Isto confirma a informação obtida através das curvas TG, de que

praticamente todo o amido das blendas com óleo de buriti foi consumido após o

período de degradação no solo. Essas análises, porém, não são suficientes

para afirmar se também houve consumo do PS pelos microorganismos104.

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67

Figura 3.34. Espectros de CP/MAS RMN 13C, no estado sólido, das blendas PS/TPS

com óleo de buriti, antes e após o aterro.

Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que materiais

produzidos com óleo de buriti apresentam, além de um melhor efeito

plastificante, uma maior suscetibilidade a degradação do que as blendas

produzidas com glicerol104.

É conhecido que cadeias longas de hidrocarbonetos são muito

resistentes à biodegradação porque não existem enzimas capazes de

promover a quebra dessas ligações C-C. Apenas cadeias de até 20 carbonos

são bioassimiláveis105. Os mecanismos envolvidos na biodegradação do PS

são complexos, devido a vários processos oxidativos que podem ser causados

pelo oxigênio do ar, pelos microorganismos, ou por uma combinação dos dois.

De acordo com estudos anteriores31,32,36,37,76,77, o consumo do amido da

blenda é o primeiro passo para iniciar a fragmentação e a conseqüente

degradação do polímero sintético. Contudo, só podemos afirmar com certeza

que, após 6 meses de degradação no solo, apenas o amido das blendas

PS/TPS (3:7)

PS/TPS (3:7), após 6 meses no solo

PS/TPS (9:1), após 6 meses no solo

PS/TPS (7:3), após 6 meses no solo

PS/TPS (5:5), após 6 meses no solo

PS/TPS (7:3)

PS/TPS (5:5)

PS/TPS (9:1)

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68

PS/TPS com óleo de buriti foi consumido. Para concluir que a degradação

também se estende ao PS seria interessante acompanhar o processo através

da avaliação da variação de massa molecular das blendas durante um período

de tempo mais longo.

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69

CAPÍTULO 4

CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS

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70

4.1. CONCLUSÕES

As análises de absorção de água, TG/DTG, DSC, DRX e CP/MAS RMN 13C das blendas PS/TPS com glicerol ou óleo de buriti apontam para algumas

conclusões descritas abaixo.

Os testes de absorção de água revelaram que as blendas com TPS

(óleo de buriti) absorvem uma quantidade menor de água que as blendas com

glicerol em até 7h de imersão e a maior absorção, para todas as blendas,

acontece no decorrer da primeira hora de imersão.

Pela análise dos testes de TG/DTG foi possível concluir que as blendas

PS/TPS com glicerol degradam em um número maior de etapas e em

temperaturas inferiores comparadas àquelas produzidas com óleo de buriti,

sugerindo que o óleo de buriti, quando usado como plastificante do amido,

produz blendas termicamente mais estáveis do que o glicerol. Para todas as

blendas estudadas a porcentagem de perda de massa teve relação direta com

a quantidade de TPS nas blendas.

Os resultados obtidos por DSC mostraram que, para as blendas PS/TPS

nas proporções estudadas, o óleo de buriti comporta-se como um plastificante

mais eficiente que o glicerol, provocando diminuição na Tg com o aumento da

concentração de TPS. Pode-se inferir que o óleo de buriti comportou-se como

um plastificante intraestrutural, provocando por uma diminuição contínua na Tg

do PS com o aumento da quantidade do plastificante.

Em concordância com os dados de DSC, os resultados de TMA

indicaram que a ação plastificante do óleo de buriti para o amido, nas

condições estudadas, foi mais eficiente que a do glicerol. Para as blendas com

glicerol, tanto a Tg, no caso do DSC, como a Ta, no caso do TMA,

permaneceram praticamente constantes, apesar do incremento de TPS. Já as

blendas com óleo de buriti mostraram que, quando a concentração de TPS

incorporado à blenda aumenta, a Tg e a Ta diminuem em relação à Tg e a Ta do

PS puro.

Os difratogramas de DRX mostraram que a adição de TPS com glicerol

ao PS promove um arredondamento em seus picos com o aumento do teor de

TPS, indicando uma provável alteração nos domínios amorfos do polímero,

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71

enquanto a adição de TPS com óleo de buriti ao PS não provoca mudanças

significativas na sua estrutura. Não foi observado nenhum tipo de

deslocamento dos picos das blendas e nem picos diferentes aos das estruturas

do PS e amido, que pode ser um indicativo de ausência de fortes ligações

químicas entre os componentes das blendas.

Através da observação dos espectros de CP/MAS RMN 13C das blendas

PS/TPS percebeu-se que os picos referentes às regiões de interação da

molécula de amido (58-100ppm) apresentam maior intensidade nas blendas

com maior teor de TPS. Os espectros de RMN complementam e confirmam as

impressões de DRX de que não existem fortes interações químicas entre os

componentes dos materiais.

As amostras submetidas à degradação no solo e, posteriormente

analisadas por TG, mostraram que o número de etapas de degradação térmica

diminuiu após o período de aterro. Percebeu-se também, nas blendas PS/TPS

com óleo de Buriti, que a perda de massa da etapa referente ao PS aumentou,

em comparação com as blendas originais, indicando um possível consumo do

amido pelos microorganismos.

Os difratogramas de raios X das blendas aterradas revelaram que houve

uma significativa diminuição na intensidade dos picos das blendas PS/TPS, em

relação às blendas originais. Essa variação foi mais relevante para as blendas

com óleo de buriti do que para as com glicerol. A diminuição na intensidade dos

picos também foi acentuada para as blendas com maior o teor de TPS. Além

de menos intensos, os picos das blendas com óleo de buriti, após os 6 meses,

mostraram-se bem mais arredondados do que os das blendas originais. Essas

observações indicam que pode ter havido uma diminuição no tamanho dos

cristais na estrutura dessas blendas, durante o processo de degradação no

solo.

As análises por CP/MAS RMN 13C das blendas PS/TPS (glicerol)

aterradas mostraram que houve um consumo significativo do amido apenas

para a blenda (7:3). Entretanto, nenhuma das blendas com óleo de buriti

apresenta picos referentes ao amido, após o período de aterro. Esses

resultados indicam que as blendas PS/TPS (óleo de buriti) têm maior facilidade

de degradação em aterro, nas condições estudadas.

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72

Os resultados obtidos neste trabalho mostraram que os materiais

produzidos com óleo de buriti apresentam, além de um melhor efeito

plastificante, uma maior suscetibilidade à degradação no solo do que as

blendas produzidas com glicerol. Apesar disso, não se pode concluir que houve

também degradação do PS das blendas, já que para isso seria necessário

acompanhar se houve diminuição do peso molecular das blendas após o

aterro.

Este estudo sugere que as blendas PS/TPS com óleo de buriti são mais

promissoras no que se refere à futura produção de um material parcialmente

degradável. Dentre estas, a blenda PS/TPS na proporção (5:5) foi a que

apresentou os melhores resultados de degradação mantendo também boas

propriedades térmicas e mecânicas.

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73

4.2. PERSPECTIVAS

Para a seqüência dessa dissertação de mestrado são feitas algumas

sugestões.

� Analisar as blendas PS/TPS, antes e após aterro, por microscopia

eletrônica de varredura (MEV), para avaliar mudanças em sua estrutura.

� Fazer análise de cromatografia por permeação gel (GPC) ou outra

técnica similar, antes e após os testes de degradação, para verificar as

alterações em sua massa molecular.

� Dar continuidade aos estudos de degradação por UV.

� Fazer testes de biodegradação.

� Fazer testes de TMA, modo penetração, com as blendas submetidas ao

aterro, para comparar com as respectivas blendas originais.

� Tomando como base a blenda PS/TPS (5:5) com óleo de buriti, que

apresentou melhor desempenho nesse estudo, melhorar a compatibilidade dos

seus componente e, conseqüentemente, suas propriedades.

� Uma vez obtida a blenda PS/TPS (5:5) com melhores propriedades

mecânicas, fazer um estudo minucioso da sua biodegradação e sugerir uma

aplicação tecnológica para esse material.

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74

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ANEXOS

Testes de Degradação à Radiação UV

Os testes de degradação à radiação UV das blendas PS/TPS, com

glicerol ou óleo de buriti, foram realizados expondo as blendas a uma lâmpada

de radiação ultravioleta (UV) de 115 Volts, 60Hz e 0,20 A (Spectroline, Modelo

ENF-240C). O comprimento de onda utilizado (λ) foi igual a 365nm, para

simular condições ambientais. As amostras foram irradiadas por períodos de 1,

3, 6, 12 e 24 horas, e em seguida armazenadas em ambiente escuro para

serem posteriormente estudadas por TG, DRX e RMN. Entretanto, até o

momento só foram realizadas análises por TG. Os resultados dessa análise

serão apresentados na 30ª Reunião Anual da SBQ, em Águas de Lindóia-SP,

de 31/05 a 03/06/2007, de acordo com o seguinte resumo.

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O uso da termogravimetria no estudo da fotodegradação de blendas poliestireno/amido termoplástico, com diferentes plastificantes.

Robson José Alves1(IC), Edevaldo R. de Oliveira1(IC), Daniela Schlemmer1(PG), Maria José A. Sales*1(PQ). [email protected].

1Laboratório de Pesquisa em Polímeros, Instituto de Química – Universidade de Brasília, Caixa Postal 04478, 70904-

970 – Brasília-DF.

Palavras Chave: Amido, degradação, plastificante. Introdução

Os polímeros sintéticos convencionais e inertes ao ataque de microorganismos apresentam longa vida útil e provocam sérios problemas ambientais. A excelente biodegradabilidade do amido e seu baixo custo de produção fazem dele uma alternativa para obtenção de plásticos biodegradáveis, associado ou não a polímeros convencionais. Estudos anteriores1 mostraram que a estabilidade térmica e a perda de massa de blendas de poliestireno (PS) com amido termoplástico (TPS) têm relação direta com o teor de TPS. Além disso, quando o óleo de Buriti (Mauritia flexuosa) é usado como plastificante no TPS, fornece materiais termicamente mais estáveis, em relação às blendas PS/TPS com glicerol. Neste trabalho, a termogravimetria (TG) foi utilizada para investigar a fotodegradação das blendas PS/TPS, usando glicerol e óleo de Buriti como plastificantes, submetidas por 24h à radiação UV.

Resultados e Discussão

Amostras das blendas PS/TPS (9:1; 7:3; 5:5 e 3:7 p/p), com glicerol e óleo de Buriti como plastificantes, preparadas de acordo com Schlemmer et. al.1, foram submetidas à radiação UV (365nm), lâmpada Spectroline, mod. ENF-240C, 115V, 60Hz, 0,2 A, em diferentes tempos (1, 3, 6, 12 e 24h). O TPS foi obtido da mistura amido, água e glicerol ou óleo de Buriti (50:15:35, p/v/v), respectivamente, sob agitação mecânica, a 100°C, por 30min. Foram usados PS (Aldrich), fécula do amido da mandioca (Manihot esculenta Crantz) e óleo de Buriti extraído com CO2 supercrítico. As curvas TG foram realizadas em cela de platina, a 10°C min-1, atmosfera de He (50mL min-1), em TGA-50-Shimadzu. As temperaturas de decomposição (Td) foram obtidas das curvas termogravimétricas derivadas (DTG).

As curvas TG de PS/TPS (glicerol), após 24h de exposição à radiação UV (Figura 1), apresentaram o mesmo número de etapas de decomposição das blendas, antes da exposição. Entretanto, em algumas etapas, principalmente nas relacionadas ao TPS, a Td foi menor, indicando uma diminuição da

estabilidade térmica dos materiais, após exposição ao UV. Já, as amostras de PS/TPS (óleo de Buriti)(Figura 2) mostraram poucas diferenças na estabilidade térmica, após exposição à radiação UV, com exceção da blenda com 50% de TPS, que apresentou menor Td, em relação à sua amostra correspondente antes da exposição.

Figura 1. Curvas TG de PS/TPS (glicerina).

Figura 2. Curvas TG de PS/TPS (óleo de Buriti).

Conclusões

As blendas PS/TPS com óleo de Buriti como plastificante apresentam uma maior estabilidade térmica, comparadas às blendas feitas com glicerol, mesmo após exposição á radiação UV por 24 horas.

Agradecimentos

PIBIC-UnB/CNPq, FINATEC e IQ-UnB. ____________________

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