UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf ·...

14
Matte a vontade. Matte Leão. Este enunciado faz parte de uma propagan- da afixada em lugares nos quais se vende o chá Matte Leão. Observe as construções abaixo, feitas a partir do enunciado em questão: Matte à vontade. Mate a vontade. Mate à vontade. a) Complete cada uma das construções acima com palavras ou expressões que explicitem as leituras possíveis relacionadas à propaganda. b) Retome a propaganda e explique o seu fun- cionamento, explicitando as relações morfoló- gicas, sintáticas e semânticas envolvidas. Resposta a) Beba Matte à vontade. Mate a vontade de beber chá Matte Leão. Mate sua sede à vontade com Matte Leão. Há outras possibilidades. b) Do ponto de vista semântico, a propaganda ali- cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- güidade. Do ponto de vista morfológico, a palavra Matte funciona ora como verbo (mate), ora como subs- tantivo (Matte, mate – chá). Do ponto de vista sintático, em "Matte a vonta- de", quando "Matte " é entendido como verbo, a vontade é objeto direto. Quando "Matte " é enten- dido como substantivo, a vontade é adjunto ad- verbial. a) O que produz a ironia nessa tira de Hagar? b) Como você interpreta a resposta de Hagar, no segundo quadrinho da tira? Justifique. Resposta a) A ironia consiste em afirmar querendo negar, pois jamais, para Hagar, seria possível ele, um bárbaro, ser convidado para sentar-se à mesa com o rei da Inglaterra. b) A fala de Hagar deixa pressuposta sua opinião de que boas maneiras não são importantes, visão não compartilhada pela esposa (Helga); também fica evidente o seu receio relativo à reação da es- posa e a consciência de ter infringido uma norma social da boa educação dos filhos. O Caderno “Aliás Debate” do Estado de S.Paulo, de 18/08/2006, apresenta uma ma- téria com o título: “Nas frestas e brechas da segurança”. A matéria se inicia com o seguin- te trecho: “Estamos nas frestas, procurando as bre- chas”. Esta boa frase, que circulou em manifesto atribuído ao PCC e ao seu líder (...), Marcola, resume bem o que pretende a organização criminosa que vem atacan- do a maior cidade brasileira”. (p. 2) a) Como você interpreta ‘frestas’ e ‘brechas’ em “Estamos nas frestas, procurando as brechas”? b) Levando em consideração que “Nas frestas e brechas da segurança” é o título da maté- ria, como você interpreta esse enunciado comparando-o à frase atribuída a Marcola? Questão 2 Questão 3 Questão 1

Transcript of UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf ·...

Page 1: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Matte a vontade. Matte Leão.

Este enunciado faz parte de uma propagan-da afixada em lugares nos quais se vende ochá Matte Leão. Observe as construçõesabaixo, feitas a partir do enunciado emquestão:

Matte à vontade.Mate a vontade.Mate à vontade.

a) Complete cada uma das construções acimacom palavras ou expressões que explicitem asleituras possíveis relacionadas à propaganda.b) Retome a propaganda e explique o seu fun-cionamento, explicitando as relações morfoló-gicas, sintáticas e semânticas envolvidas.

Resposta

a) • Beba Matte à vontade.• Mate a vontade de beber chá Matte Leão.• Mate sua sede à vontade com Matte Leão.Há outras possibilidades.b) Do ponto de vista semântico, a propaganda ali-cerça-se na polissemia do termo que gera ambi-güidade.Do ponto de vista morfológico, a palavra Mattefunciona ora como verbo (mate), ora como subs-tantivo (Matte, mate – chá).Do ponto de vista sintático, em "Matte a vonta-de", quando "Matte" é entendido como verbo, avontade é objeto direto. Quando "Matte" é enten-dido como substantivo, a vontade é adjunto ad-verbial.

a) O que produz a ironia nessa tira de Hagar?b) Como você interpreta a resposta de Hagar,no segundo quadrinho da tira? Justifique.

Resposta

a) A ironia consiste em afirmar querendo negar,pois jamais, para Hagar, seria possível ele, umbárbaro, ser convidado para sentar-se à mesacom o rei da Inglaterra.b) A fala de Hagar deixa pressuposta sua opiniãode que boas maneiras não são importantes, visãonão compartilhada pela esposa (Helga); tambémfica evidente o seu receio relativo à reação da es-posa e a consciência de ter infringido uma normasocial da boa educação dos filhos.

O Caderno “Aliás Debate” do Estado deS.Paulo, de 18/08/2006, apresenta uma ma-téria com o título: “Nas frestas e brechas dasegurança”. A matéria se inicia com o seguin-te trecho:

“Estamos nas frestas, procurando as bre-chas”. Esta boa frase, que circulou emmanifesto atribuído ao PCC e ao seu líder(...), Marcola, resume bem o que pretendea organização criminosa que vem atacan-do a maior cidade brasileira”. (p. 2)

a) Como você interpreta ‘frestas’ e ‘brechas’ em“Estamos nas frestas, procurando as brechas”?b) Levando em consideração que “Nas frestase brechas da segurança” é o título da maté-ria, como você interpreta esse enunciadocomparando-o à frase atribuída a Marcola?Questão 2

Questão 3

Questão 1

Page 2: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Resposta

a) • "frestas" tem sentido literal e remete o leitor àimagem das aberturas que há entre grades de pri-são;• "brechas" tem sentido figurado e refere-se a la-cunas/aberturas do sistema que possibilitam aação criminosa.b) "frestas e brechas" são consideradas sinôni-mas e indicam, ambas, problemas e falhas da se-gurança pública.

Em 7 de agosto de 2006, foi publicada, no jor-nal Correio Popular de Campinas, a seguintecarta:

Li reportagem no jornal e me surpreendi,pois moro próximo ao local de infestaçãode carrapatos-estrela no Jardim Eulina, esei que existem muitas capivaras, mesmodentro da área militar. Surpreendi-meainda ao saber que vão esperar o laudodaqui a 15 dias para saber por que ou doque as pessoas morreram. Gente, saúdepública é coisa séria! Não seria o caso deremanejar esses bichos imediatamente,como prevenção, uma vez que estão emzona urbana? (Carrapatos, M., M.).

a) Na carta acima, a que se refere a expres-são “esses bichos”? Justifique.b) A compreensão da carta pode ser dificulta-da porque há nela vários implícitos. Aponteduas passagens do texto em que isso ocorre eexplique.c) Que palavra da carta justifica a referênciaa “saúde pública”?

Resposta

a) A expressão se refere às capivaras. O valor ana-fórico do pronome demonstrativo "esses" remete oleitor a um dos dois bichos referidos no texto, ouseja, aquele que está mais próximo do termo.b) Por exemplo: "... moro próximo ao local de in-festação de carrapatos-estrela (...), e sei que exis-tem muitas capivaras..." – fica pressuposto quecapivaras são hospedeiras de carrapatos-estrela;"... vão esperar o laudo (...) para saber por que oudo que as pessoas morreram" – fica pressupostoque carrapatos-estrela transmitem uma doençaletal; "... remanejar esses bichos (...) uma vez queestão em zona urbana?" – fica implícito que cer-

tos animais, como as capivaras, não devem ficarem zonas urbanas.c) "infestação".

Em 26 de outubro de 2006, um jornal deS.Paulo veiculou a seguinte propaganda:

“Se no Brasil ninguém paga caro pormentir, por que você vai pagar caro pelaverdade? Assine o Jornal X a partir deR$ XX,XX.”

a) A propaganda explora dois sentidos de “pa-gar caro”. Quais?b) A propaganda procura construir certasimagens para o jornal. Quais?c) Para construir essas imagens, a propagan-da torna natural uma imagem estereotipadado Brasil. Comente a importância da constru-ção sintática “se (....), por que (...)” e do prono-me “ninguém” nesse processo.

Resposta

a) Dois sentidos: sofrer conseqüências e dispen-der muito dinheiro.b) As imagens de que o jornal é barato e idôneo.c) A imagem que se constrói do Brasil é a de umpaís no qual grassa a falsidade, a desfaçatez, a"cara-de-pau" e a impunidade nos mais diversossetores da sociedade, referidos pelo pronome in-definido ninguém. A estrutura sintática "se (...),por que (...)" parte desse pressuposto, indicadopela conjunção se, para justificar a opção do leitorpelo jornal X.

O trecho abaixo (texto 1), extraído de um ar-tigo publicado no caderno “VIDA&” do Estadode S.Paulo, de 18 de agosto de 2006, abordauma questão polêmica relacionada à éticamédica. Esse artigo inclui dois excertos: umdo Código de Ética Médica (texto 2) euma Resolução do Conselho Federal deMedicina (texto 3).

Texto 1

“(...) médicos de todo o País distribuem aospacientes cupons que dão descontos nacompra de produtos farmacêuticos. Os cu-pons são feitos pelos próprios laboratórios.

português 2

Questão 5

Questão 4

Questão 6

Page 3: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

A (empresa X), por exemplo, distribui cu-pons que dão 80% de desconto na comprade uma loção cicatrizante. A (empresa Y)criou um cartão de fidelidade que garantedescontos de até 50% na compra de me-dicamentos para doenças crônicas, comodiabete e asma. Os dois laboratórios fir-maram convênios com diversas farmáciasno Brasil. (...)

O cupom da empresa X, por exemplo, nãotem valor sem o carimbo, a assinatura e oregistro do médico no Conselho de Medici-na. No caso da empresa Y, o cartão defini-tivo só é dado depois que o médico forneceao cliente um provisório. (...)

O que dizem as normas

• (Texto 2) Código de Ética Médica: Oartigo 98 afirma que é vedado ao médico“exercer a profissão com interação ou de-pendência de farmácia, laboratório ou qual-quer organização destinada à fabricação,manipulação ou comercialização de produ-tos de prescrição médica de qualquer natu-reza (...)”.• (Texto 3) Resolução 1595 do ConselhoFederal de Medicina: Considerando que “otrabalho do médico não pode ser exploradopor terceiros com objetivo de lucro”, o CFMproíbe “a vinculação da prescrição médicaao recebimento de vantagens materiais ofe-recidas por agentes econômicos interessa-dos na (...) comercialização de produtos far-macêuticos ou equipamentos de uso na áreamédica”.a) As posições expressas nos textos 2 e 3 sãosemelhantes? Responda sim ou não e justifi-que.b) A situação descrita no texto 1 fere as nor-mas apresentadas nos textos 2 e 3? Respondasim ou não e justifique.

Resposta

a) Sim. Nos dois textos expressam-se coibiçõesaos vínculos dos médicos com a indústria farma-cêutica.

b) Sim. Alguns médicos do país desviam-se dasnormas prescritas no Código de Ética Médica eda Resolução 1595 do Conselho Federal de Me-dicina.

O trecho abaixo foi extraído de Iracema. Elereproduz a reação e as últimas palavras deBatuiretê antes de morrer:

“O velho soabriu as pesadas pálpebras, epassou do neto ao estrangeiro um olharbaço. Depois o peito arquejou e os lábiosmurmuraram:– Tupã quis que estes olhos vissem antes dese apagarem, o gavião branco junto da nar-ceja.O abaeté derrubou a fronte aos peitos, enão falou mais, nem mais se moveu.”

(José de Alencar, Iracema: lenda do Ceará. Rio deJaneiro: MEC/INL, 1965, p. 171-172.)

a) Quem é Batuiretê?b) Identifique os personagens a quem ele sedirige e indique os papéis que desempenhamno romance.c) Explique o sentido da metáfora empregadapor Batuiretê em sua fala.

Resposta

a) Batuiretê é avô de Poti e Jacaúna. Foi guerrei-ro valente e chefe dos pitiguaras; depois de velhopassou o poder da tribo para seu filho Jatobá, paide Poti. Viveu sua velhice retirado e solitário nasmatas.b) Batuiretê dirige-se ao neto Poti, nobre guerreiropitiguara, companheiro e amigo de Martim, quemais tarde foi batizado católico com o nome deAntônio Felipe Camarão. O primeiro nome se re-fere a Santo Antônio, pois ganhou o nome cristãono dia do santo. O segundo nome significa o po-der real (domínio espanhol), e o último, a tradu-ção de Poti para o português. Dirige-se tambémao estrangeiro Martim Soares Moreno, guerreiro ecolonizador português aliado dos pitiguaras e ob-jeto da paixão de Iracema, com quem teve um fi-lho, Moacir, símbolo da união das raças.c) Batuiretê chama Martim de gavião branco ePoti de narceja (uma pequena ave), profetizandonesse paralelo a destruição total ou parcial daraça nativa pelos brancos.

português 3

Questão 7

Page 4: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Leia a passagem abaixo de Dom Casmurro:

“Se eu não olhasse para Ezequiel, é prová-vel que não estivesse aqui escrevendo estelivro, porque o meu primeiro ímpeto foicorrer ao café e bebê-lo. Cheguei a pegarna xícara, mas o pequeno beijava-me amão, como de costume, e a vista dele,como o gesto, deu-me outro impulso queme custa dizer aqui; mas vá lá, diga-setudo. Chamem-me embora assassino; nãoserei eu que os desdiga ou contradiga; omeu segundo impulso foi criminoso. Incli-nei-me e perguntei a Ezequiel se já toma-ra café.”

(Machado de Assis, Dom Casmurro, em ObraCompleta. Vol 1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar,

1979, p.936.)

a) Explique o “primeiro ímpeto” mencionadopelo narrador.b) Por que o narrador admite que seu “segun-do impulso” foi criminoso?c) O episódio da xícara de café está direta-mente relacionado com a redação do livro dememórias de Bento Santiago. Por quê?

Resposta

a) Bentinho, narrador de Dom Casmurro, a partirdo instante em que tem certeza da traição de Ca-pitu e de que Ezequiel não é o seu filho, decide,em um primeiro momento, suicidar-se, tomandocafé envenenado.b) O segundo impulso de Bentinho, descartada apossibilidade de suicídio, foi o de matar Ezequiel,envenenando-o.c) A narrativa memorialística somente existe por-que Bentinho, desistindo do suicídio, sobreviveu,e pode agora "reconstituir" a sua vida como narra-dor ("casmurro"). A não-eliminação de Ezequielnão possibilitou ao narrador realizar a sua vingan-ça, o que se efetivará apenas com a redação dolivro.

O poema abaixo pertence ao livro A rosa dopovo (1945):

Cidade prevista

Irmãos, cantai esse mundoque não verei, mas viráum dia, dentro em mil anos,talvez mais... não tenho pressa.Um mundo enfim ordenado,uma pátria sem fronteiras,sem leis e regulamentos,uma terra sem bandeiras,sem igrejas nem quartéis,sem dor, sem febre, sem ouro,um jeito só de viver,mas nesse jeito a variedade,a multiplicidade todaque há dentro de cada um.Uma cidade sem portas,de casas sem armadilha,um país de riso e glóriacomo nunca houve nenhum.Este país não é meunem vosso ainda, poetas.Mas ele será um diao país de todo homem.

(Carlos Drummond de Andrade, A rosa do povo, emPoesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992,

p.158-159.)

a) A quem se dirige o eu lírico e com que fina-lidade?b) A que “cidade” se refere o título do poema ecomo ela é representada?c) Que características centrais de A Rosa doPovo se encontram nesse poema?

Resposta

a) O eu lírico dirige-se a seus "irmãos", ou seja, aoutros poetas, como indicado no antepenúltimoverso, com a finalidade de fazer-lhes um apelo: ode cantar (defender, propagar, difundir, exaltar,etc.) a esperança de um mundo bom e justo.b) A "cidade" a que o eu lírico se refere não é es-pecificamente uma cidade definida ou espaço ter-ritorial específico: trata-se de uma forma de socie-dade que viria possibilitar a efetivação da justiçasocial e a possibilidade de realização do potencialde cada ser humano.c) A poesia marcada por fortes preocupações so-ciais, a busca de realização do indivíduo, o senti-mento do mundo que o leva a irmanar-se com ooutro, a utopia social e política que leva à "poesiaengajada" de que o texto é exemplo.

português 4

Questão 8

Questão 9

Page 5: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Leia a seguinte passagem de “A hora e a vezde Augusto Matraga”:

“O casal de pretos, que moravam juntocom ele, era quem mandava e desmanda-va na casa, não trabalhando um nada evivendo no estadão. Mas, ele, tinham-novisto mourejar até dentro da noite deDeus, quando havia luar claro.Nos domingos, tinha o seu gosto de tomardescanso: batendo mato, o dia inteiro,sem sossego, sem espingarda nenhuma enem nenhuma arma para caçar; e, de tar-dinha, fazendo parte com as velhas coro-cas que rezavam o terço ou os meses dossantos. Mas fugia às léguas de viola ousanfona, ou de qualquer outra qualidadede música que escuma tristezas no cora-ção.”

(João Guimarães Rosa, “A hora e a vez de AugustoMatraga”, em Sagarana. Rio de Janeiro: Ed. Nova

Fronteira, 1984, p.359.)

a) Identifique o casal que vive junto com oprotagonista da narrativa.b) Explique o comportamento do protagonistano trecho acima, confrontando-o com sua tra-jetória de vida.c) O que há de contraditório no descanso do-minical a que o narrador se refere?

Resposta

a) O casal é formado por Quitéria e Serapião.b) Matraga assume uma posição de penitente,como que buscando, no trabalho e na privação,uma forma de remissão de seus atos passadose, assim, alcançar sua almejada salvação. Nessefato, está contida a idéia de punir-se o corpopara salvar-se a alma.c) A contradição está no fato de, no descanso do-minical, Matraga passá-lo "batendo mato, o dia in-teiro, sem sossego", isto é, sem efetivamente des-cansar.Obs.: o título do conto é "A hora e vez de AugustoMatraga".

Leia o diálogo abaixo, de Auto da Barca doInferno:

DIABOCavaleiros, vós passais

e não perguntais onde is?

CAVALEIROVós, Satanás, presumis?Atentai com quem falais!

OUTRO CAVALEIROVós que nos demandais?Siquer conhecê-nos bem.

Morremos nas partes d’além,e não queirais saber mais.

(Gil Vicente, Auto da Barca do Inferno, emAntologia do Teatro de Gil Vicente. Org.

Cleonice Berardinelli, Rio de Janeiro:Nova Fronteira/ Brasília: INL, 1984, p.89.)

a) Por que o cavaleiro chama a atenção doDiabo?b) Onde e como morreram os dois Cavaleiros?c) Por que os dois passam pelo Diabo sem sedirigir a ele?

Resposta

a) Porque a fala do Diabo revela seu desrespeitopara com um Cavaleiro de Cristo, que morre paradefender e propagar a fé cristã. Quem defende acausa cristã não vai na Barca do Inferno.b) Os dois Cavaleiros morreram nas "partesd’além", em um combate contra os mouros na de-fesa da Igreja.c) Porque estão conscientes da salvação e deque vão na Barca da Glória.

Os versos abaixo pertencem a O guardadorde rebanhos:

O que nós vemos das coisas são as coisas.Por que veríamos nós uma coisa se houvesse

[outra?Por que é que ver e ouvir seriam

[iludirmo-nosSe ver e ouvir são ver e ouvir?

O essencial é saber ver,Saber ver sem estar a pensar,Saber ver quando se vê,E nem pensar quando se vêNem ver quando se pensa.

português 5

Questão 10

Questão 11

Questão 12

Page 6: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Mas isso (tristes de nós que trazemos a alma[vestida!),

Isso exige um estudo profundo,Uma aprendizagem de desaprenderE uma seqüestração na liberdade daquele

[conventoDe que os poetas dizem que as estrelas são

[as freiras eternasE as flores as penitentes convictas de um só

[dia,Mas onde afinal as estrelas não são senão

[estrelasNem as flores senão flores,Sendo por isso que lhes chamamos estrelas e

[flores.

(Alberto Caeiro, O guardador de rebanhos, emFernando Pessoa, Obra poética. Rio de Janeiro:

Nova Aguilar, 1983, p.151-152.)

a) Um dos principais recursos retóricos em-pregados na poesia de Alberto Caeiro é a tau-tologia. Identifique um exemplo desse recur-so e explique como se relaciona com a visãode mundo de Alberto Caeiro.

b) Qual o sentido da metáfora empregada en-tre parênteses?c) Explique o sentido do paradoxo presenteno 3º. verso da 3ª. estrofe.

Resposta

a) Chama-se tautologia a repetição das mesmasidéias com a utilização de palavras diferentes; re-dundância, pleonasmo. Tal recurso pode ser veri-ficado em "Saber ver sem estar a pensar / E nempensar quando se vê".Caeiro utiliza-se várias vezes da tautologia parareforçar sua visão de mundo, ou seja, a certezade que as coisas são o que são, não devem per-mitir extrapolações ou interpretações.b) A metáfora refere-se à interferência da culturana visão de mundo das pessoas. O poeta preten-de, com essa metáfora, dizer que nós não nosdespimos do aprendizado que trazemos e cons-truímos durante toda nossa vida.c) Com "Uma aprendizagem de desaprender" opoeta sugere que, para se chegar ao essencial ouao "em si", é necessário estar destituído dos valo-res que a cultura embute em nós.

português 6

Page 7: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Na cantina do colégio, durante o almoço, fo-ram servidos 10 tipos de alimentos e bebidas:1 – arroz, 2 – feijão, 3 – bife, 4 – salada de al-face, 5 – salada de tomate, 6 – purê de bata-ta, 7 – sopa de ervilha, 8 – suco de pês-sego, 9 – pudim de leite e 10 – chá de hortelã.a) Na preparação de quais alimentos acimaforam utilizados frutos ou sementes?b) Dentre os frutos carnosos utilizados napreparação dos alimentos, um é classificadocomo drupa e outro como baga. Quais sãoeles? Que característica morfológica diferen-cia os dois tipos de frutos?c) Indique o prato preparado à base de umaestrutura caulinar. Explique por que essa es-trutura pode ser assim denominada.

Resposta

a) Frutos:5 – salada de tomate8 – suco de pêssegoSementes:1 – arroz (o arroz branco representa apenas o en-dosperma da semente)2 – feijão7 – sopa de ervilhab) O tomate é uma baga, porque possui várias se-mentes envolvidas por um endocarpo carnoso. Opêssego é uma drupa, pois sua única semente éenvolvida por endocarpo pétreo, lignificado (caro-ço), inserido no mesocarpo carnoso.c) O prato formado a partir de estrutura caulinar éo purê de batata, uma vez que na batata encon-tramos gemas laterais, que são estruturas típicasdo caule. A batata é um exemplo de caule subter-râneo do tipo tubérculo.

A figura abaixo mostra uma situação jocosareferente à fragmentação de um invertebradohipotético, em que cada um dos fragmentosdeu origem a um indivíduo. Um exemplo realmuito conhecido é o da fragmentação da es-trela-do-mar, cujos fragmentos dão origem aoutras estrelas-do-mar.

O Estado de S. Paulo - 20/10/2006

a) Tanto a figura quanto o caso da estre-la-do-mar se referem à reprodução assexua-da. Explique em que a reprodução assexuadadifere da sexuada.b) Dê uma vantagem e uma desvantagem dareprodução assexuada em relação à sexuada.Justifique.c) Os invertebrados podem apresentar outrostipos de reprodução assexuada. Indique umdesses tipos e dê um exemplo de um grupo deinvertebrados em que ele ocorre.

Resposta

a) Na reprodução assexuada não ocorre recombi-nação de material genético entre dois indivíduos.Os organismos são gerados num curto intervalode tempo e não apresentam variabilidade genéti-ca. Na reprodução sexuada acontece recombina-ção de material genético de dois indivíduos. Osorganismos são gerados num intervalo de tempomaior, porém, possuem uma grande variabilidadegenética.b) Em relação à reprodução assexuada podemosdestacar:• Vantagem – produz muitos indivíduos idênticosgeneticamente em pouco tempo. Isso é importan-te quando o ambiente é estável e favorável;• Desvantagem – se ocorrer uma alteraçãoambiental (ex.: surgimento de um patógeno), to-dos os organismos serão eliminados.Em relação à reprodução sexuada destacamos:• Vantagem – os organismos apresentam dife-renças genéticas e podem ser selecionados emambientes instáveis e desfavoráveis;• Desvantagem – os indivíduos são produzidosmais lentamente.c) As esponjas (poríferos), os pólipos (formas sés-seis de celenterados) e os tunicados (urocorda-dos) podem se reproduzir por brotamento. As pla-nárias (platelmintos) sofrem uma divisão transver-sal e, posteriormente, geram novos vermes porregeneração.

Questão 13

Questão 14

Page 8: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Após um surto de uma doença misteriosa (iní-cio com febre, coriza, mal-estar, dores abdomi-nais, diarréia, manchas avermelhadas espa-lhadas pelo corpo) que acometeu criançascom até cinco anos de idade em uma creche,os pesquisadores da UNICAMP conseguiramseqüenciar o material genético do agente cau-sador da doença e concluíram que se tratavade um vírus. Um segmento dessa seqüênciaera UACCCGUUAAAG.a) Explique por que os pesquisadores concluí-ram que o agente infeccioso era um vírus.b) Dê duas características que expliquem porque os vírus não são considerados seres vivos.c) Sabendo-se que a seqüência mostrada aci-ma (UACCCGUUAAAG) dará origem a umafita de DNA, escreva a seqüência dessa fitacomplementar.

Resposta

a) Os pesquisadores deduziram que o agente in-feccioso era um vírus devido à presença de uraci-la no material genético. Essa base só ocorre noRNA, que, por sua vez, é o material genético deum certo grupo de vírus (retrovírus).b) Certos pesquisadores não consideram os vírusseres vivos porque estes não possuem estruturacelular e, em decorrência, não possuem metabo-lismo próprio (são parasitas obrigatórios).c) RNA → UACCCGUUAAAGDNA → ATGGGCAATTTC (fita transcrita)DNA → TACCCGTTAAAG (fita complementar)

Os morcegos, únicos mamíferos capazes devoar, têm se adaptado ao espaço urbano epassado a viver em casas e galpões abando-nados. A conseqüência imediata desse proces-so é o aumento do número de ataques de mor-cegos hematófagos ao homem e a outros ani-mais. Esses morcegos podem transmitir a rai-va quando estão contaminados pelo agentecausador dessa doença.a) Indique o agente causador da raiva e expli-que como a doença é transmitida.b) Os morcegos exercem papéis importantesnos ecossistemas. Indique dois desses papéis.

c) As asas são estruturas presentes nos mor-cegos, aves e insetos e são consideradas evi-dências do processo evolutivo. Explique porquê.

Resposta

a) O agente causador da raiva é um vírus. Essadoença é transmitida através da saliva do morce-go, contaminada por esse vírus.b) Os morcegos são agentes dispersores de se-mentes e importantes polinizadores.c) As asas de morcegos e aves são estruturas ho-mólogas, indicando a presença de um ancestralcomum em algum momento de suas históriasevolutivas.As asas desses vertebrados são análogas àsasas dos insetos, mostrando o compartilhamentode um nicho, o ato de voar.

Todos os anos, cerca de 1.500 novos casos decâncer de pele surgem no Brasil. A grandemaioria da população brasileira se expõe aosol sem qualquer proteção. Dessa forma, osdermatologistas recomendam o uso de filtrossolares e pouca exposição ao sol entre 10 e 16horas, período de maior incidência dos raiosultravioleta A e B (UVA e UVB). Os raiosUVB estimulam a produção de vitamina D,entre outros benefícios, mas em doses exces-sivas causam vermelhidão, queimaduras e ocâncer de pele.a) Pessoas com pele clara são mais sujeitas aqueimaduras pelo sol e ao câncer de pele quepessoas com pele mais escura. Explique porquê.b) Raios UVA, ao penetrarem na derme, po-dem danificar as fibras e dessa forma causaro envelhecimento precoce. Indique que fibraspodem ser encontradas na derme e por que oseu dano causa o envelhecimento precoce.c) A deficiência de vitamina D pode provocarproblemas de desenvolvimento em crianças.Explique por quê.

Resposta

a) Pessoas com pele clara apresentam menorprodução de melanina, pigmento que determina acor da pele e que é um protetor natural em rela-ção aos raios solares.

biologia 2

Questão 15

Questão 16

Questão 17

Page 9: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

b) A exposição aos raios solares pode causar da-nos ao DNA, que codifica a produção de proteí-nas como colágeno e elastina, relacionadas àsustentação e à elasticidade da pele; com a dimi-nuição da produção dessas proteínas ou altera-ções nas suas características, a pele envelheceprecocemente.c) A deficiência de vitamina D pode causar proble-mas como o raquitismo em crianças porque estaparticipa de reações do mecanismo de captaçãode sais de cálcio e fósforo, necessários para for-mação e crescimento do esqueleto.

Desde o início do crescimento habitacional de-sordenado às margens de uma represa, suaságuas vêm sendo analisadas periodicamenteem relação aos teores de nitrato, fosfato, cloro-fila e oxigênio dissolvido, em virtude do cres-cente despejo de esgotos sem tratamento.Após a ocorrência da morte de um grande nú-mero de peixes, a comunidade ribeirinha pe-diu às autoridades que fossem instaladastanto a rede de esgotos quanto uma estaçãode tratamento dos resíduos. Os resultados ob-tidos em relação aos fatores citados, antes eapós a instalação da rede e estação de trata-mento de esgotos, estão representados na Fi-gura abaixo. A instalação da estação de trata-mento ocorreu em A.a) Que relação existe entre as análises reali-zadas e a poluição das águas por esgotos do-mésticos? De que forma os fatores analisados(mostrados na figura) estão relacionados coma mortalidade de peixes?b) As autoridades garantiram à população ri-beirinha que a instalação da estação de trata-mento de esgotos permitiria que as águas darepresa voltassem a ser consideradas de boaqualidade. Com base nos resultados mostra-dos na figura, justifique a afirmação das au-toridades.

Resposta

a) Antes da instalação da rede de esgotos e daestação de tratamento de resíduos, e durante ocrescente despejo de esgoto sem tratamento narepresa, a quantidade maior de nitratos e fosfatosfavoreceu o crescimento das algas que apresen-tam clorofila. Após esse crescimento, a competi-ção entre elas provocou um declínio da popula-ção.Ao mesmo tempo, a matéria orgânica do esgoto edas algas mortas favoreceu o crescimento dasbactérias decompositoras aeróbias que consumi-ram o oxigênio dissolvido na água, provocando oaumento da mortalidade dos peixes. Todo esseprocesso é denominado eutrofização.b) A instalação da estação de tratamento de es-gotos reduziu a quantidade de nitratos, fosfatos ematéria orgânica despejada na represa, manten-do a população de algas e bactérias aeróbias aosníveis anteriores ao início do despejo de esgotosem tratamento.

As pessoas são incentivadas a praticar ativi-dades físicas visando a uma vida saudável.Especialistas em fisiologia do exercíciodeterminaram a porcentagem de fibras do tipoI e do tipo II encontradas em músculos es-triados esqueléticos de quatro grupos de pes-soas: atletas maratonistas(∗), atletas velocis-tas(∗∗), pessoas sedentárias, e pessoas comatividade física moderada. Os resultados des-se estudo são mostrados na figura abaixo. Ascaracterísticas funcionais de cada uma das fi-bras estão listadas na Tabela.(∗) corredores de longas distâncias; (∗∗) corre-dores de curtas distâncias (ex. 100m rasos)

biologia 3

Questão 18

Questão 19

Page 10: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

TABELA

Fibra musculartipo I

Fibra musculartipo II

Contração lenta Contração rápida

Metabolismo aeróbicoMetabolismo anae-róbico

Alta densidade de mi-tocôndrias

Baixa densidade demitocôndrias

(Figura e tabela adaptadas de Fox, E.L; Mathews,D.K. Bases Fisiológicas da Educação Física e dos

Desportos. Rio de Janeiro: Editora Guanabara,1986, p. 72-74.)

a) Analise as informações da Tabela e indi-que, entre os quatro grupos de pessoas (A, B,C ou D) mostrados na Figura, qual grupo cor-responde aos maratonistas e qual grupo cor-responde aos velocistas. Justifique.b) Se os dois grupos de atletas não fizeremum treinamento adequado, pode ocorrer nes-ses atletas dor muscular intensa durante ouapós uma competição. A que se deve essa dormuscular? Explique.

Resposta

a) Os maratonistas necessitam, por elevado inter-valo de tempo, de grande quantidade de energia.Devido a este fato, necessitam de alta densidadede mitocôndrias e de metabolismo aeróbico emsuas fibras musculares. O grupo de pessoas Capresenta grande quantidade dessas fibras (fibrastipo I), em relação às fibras tipo II, de contraçãorápida.Os velocistas, por sua vez, necessitam de rápidacontração das fibras musculares para desempe-nho de sua atividade esportiva, por isso, necessi-tam de elevada quantidade de fibras do tipo II(contração rápida), em relação às fibras do tipo I(contração lenta), como as presentes, por exem-plo, nos indivíduos do grupo A.b) Sem um treinamento adequado, em ambos osgrupos de atletas, podem ocorrer dores muscula-res intensas durante ou após a competição, devi-do ao acúmulo de ácido láctico promovido pela in-tensa atividade anaeróbica das fibras (denomina-da fadiga muscular).

A figura abaixo apresenta os resultados obti-dos durante um experimento que visou medir

o nível de glicose no sangue de uma pessoasaudável após uma refeição rica em carboi-dratos. As dosagens de glicose no sangue fo-ram obtidas a intervalos regulares de 30 mi-nutos.

Adaptado de Luz, M. R.M.P and Da Poian, A. T.O ensino classificatório do metabolismo humano.

Cienc. cult., vol. 57, n° 4, p. 43-45, 2005.

a) Explique os resultados obtidos nas etapas Ie II mostradas na figura.b) Sabendo-se que a pessoa só foi se alimen-tar novamente após 7 horas do início do expe-rimento, explique por que na etapa III o nívelde glicose no sangue se manteve constante eem dosagens consideradas normais.

Resposta

a) Na etapa I há um aumento na concentração deglicose no sangue promovido pela absorção intes-tinal dessa molécula proveniente da digestão doscarboidratos no canal alimentar. A etapa II mostraa queda da concentração sangüínea de glicosepromovida pela ação da insulina, hormônio pan-creático que auxilia na captação dessa moléculapor parte das células.b) O nível de glicose se manteve constante em IIIdevido à ação do glucagon, hormônio pancreáticoantagônico à insulina. O glucagon é responsávelpela elevação da glicemia, quando as taxas deglicose começam a se reduzir.

Analise o gráfico abaixo, no qual é mostradaa variação do nível de oxigênio na atmosferaterrestre em função do tempo em bilhões deanos.

biologia 4

Questão 20

Questão 21

Page 11: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

(Figura adaptada de Alberts, B. et al. MolecularBiology of the Cell. 4ª ed., New York: Garland Publ.

Inc., 2002, p. 825.)

a) Em que período (A ou B) devem ter surgidoos primeiros organismos eucariotos capazesde fazer respiração aeróbica? E os primeirosorganismos fotossintetizantes? Justifique asduas respostas.b) Qual organela celular foi imprescindívelpara o aparecimento dos organismos eucario-tos aeróbicos? E para os organismos eucario-tos fotossintetizantes?c) Explique a teoria cientificamente mais aceitasobre a origem dessas organelas. Dê uma ca-racterística comum a essas organelas queapóie a teoria.

Resposta

a) Os eucariotos capazes de fazer respiração ae-róbica surgiram no período B, devido à presençade O2 na atmosfera. Já os organismos fotossinte-tizantes surgiram no período A, período posteriorà presença de água líquida, e que possibilitou a li-beração deO2 na atmosfera.b) Nos eucariotos aeróbicos a mitocôndria consis-te na organela imprescindível para seu metabolis-mo, e o cloroplasto é a organela imprescindívelnos eucariotos fotossintetizantes.c) Ambas organelas apresentam como teoria maisaceita, quanto ao surgimento, a teoria endossim-biótica. Essa teoria defende que os ancestrais demitocôndrias e cloroplastos eram procariontes,semelhantes às bactérias, que foram englobadospelas células eucariontes ancestrais. A caracterís-tica comum a essas organelas consiste na pre-sença de DNA próprio.

Os vertebrados surgiram há cerca de 500 mi-lhões de anos, e os primeiros fósseis não pos-suíam mandíbulas. Posteriormente, ocorre-

ram inovações evolutivas que permitiram aosvertebrados ocuparem o meio terrestre.a) Explique por que a aquisição da mandíbu-la foi importante para os vertebrados. Indi-que em qual número mostrado na figura sur-giu essa novidade evolutiva.b) Indique em que números mostrados na fi-gura abaixo surgiram inovações evolutivasque permitiram aos vertebrados ocuparem omeio terrestre. Quais foram essas inovações?Por que essas inovações foram importantesnessa ocupação?

Resposta

a) A aquisição da mandíbula (gnatos) surgiu apartir do número 3, peixes cartilaginosos. Comessa inovação surgem os animais herbívoros epredadores, aumentando o nicho ecológico quan-to à alimentação.b) As inovações evolutivas para ocupação doambiente terrestre aparecem a partir dos núme-ros 5 e 6, anfíbios e répteis respectivamente.Dentre essas inovações temos:• substituição de brânquias por pulmões, permi-tindo ao animal a retirada de O2 do ar atmosféri-co;• substituição de nadadeiras pares por patas,possibilitando a locomoção dos animais em terrafirme;• presença de queratina na pele, com a funçãode proteção do animal contra desidratação;• fecundação interna e ovo com casca calcáriacom a função de proteção do embrião.

biologia 5

Questão 22

Page 12: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Ao estudar para o vestibular, um candidatopercebeu que ainda tinha dúvidas em relaçãoaos processos de difusão simples, transportepassivo facilitado e transporte ativo atravésda membrana plasmática e pediu ajuda paraoutro vestibulando. Este utilizou a figuraabaixo para explicar os processos. Para testarse o colega havia compreendido, indicou osprocessos como A, B e C e solicitou a ele queos associasse a três exemplos. Os exemplosforam: (1) transporte iônico nas células ner-vosas; (2) passagem de oxigênio pelas brân-quias de um peixe; (3) passagem de glicosepara o interior das células do corpo humano.a) Indique as associações que o candidatodeve ter feito corretamente. Explique em quecada um dos processos difere em relação aosoutros.b) Em seguida, o candidato perguntou porque a alface que sobrou do almoço, e tinhasido temperada com sal, tinha murchado tãorapidamente. Que explicação correta o colegaapresentou?

(Figura adaptada de Alberts, B. et al. MolecularBiology of the Cell. 4ª ed., New York: Garland Publ.

Inc., 2002, p. 618.)

Resposta

a) As associações corretas são:• A → 2 Na difusão ocorre passagem de umasubstância através da membrana, sem consumode energia e sem a presença de proteínas carrea-doras. O exemplo é a passagem de O2 pelasbrânquias do peixe;• B → 3 No transporte passivo facilitado (difusãofacilitada), um soluto atravessa a membrana atra-vés de proteínas carreadoras e sem consumo deenergia, como na passagem da glicose para den-tro das células do corpo humano;

• C → 1 No transporte ativo, há passagem de so-luto através da membrana com consumo de ener-gia e por meio de proteínas carreadoras. O exem-plo em questão é o transporte de íons nos neurô-nios.b) A alface murchou devido à perda de água dascélulas por osmose, conseqüência da hipertonici-dade do tempero em relação à folha de alface.

Um senhor calvo, que apresentava pêlos emsuas orelhas (hipertricose auricular), ca-sou-se com uma mulher não calva, que nãoapresentava hipertricose auricular. Esse ca-sal teve oito filhos (quatro meninos e quatromeninas). Quando adultos, todos os filhos ho-mens apresentavam pêlos em suas orelhas,sendo três deles calvos. Nenhuma das filhasapresentava hipertricose, mas uma era calvae três não eram.a) Qual é o tipo de herança de cada uma dascaracterísticas mencionadas, isto é, hipertri-cose auricular e calvície? Justifique.b) Faça o cruzamento descrito acima e indi-que os genótipos do filho homem não calvocom hipertricose auricular, e da filha calvasem hipertricose auricular.Obs.: deixe claramente diferenciadas as nota-ções maiúsculas e minúsculas.

Resposta

a) A hipertricose auricular é uma herança holân-drica, ou ligada ao cromossomo Y. Portanto, sóocorre em homens.Obs.: embora alguns autores contestem, a maio-ria ainda conserva a opinião de que a hipertricoseauricular é ligada a Y.A calvície é uma herança influenciada pelo sexo,ou seja, o gene se comporta como dominante noshomens e recessivo nas mulheres. Essa diferençade expressão se relaciona à influência hormonal.Veja quadro:

homens mulheres

CC calvos

Cc calvos não calvos

cc não calvos

biologia 6

Questão 23

Questão 24

Page 13: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

b) De acordo com o heredograma, temos:• filho homem não calvo, com hipertricose auricu-lar:

cc XYH

• filha calva, sem hipertricose auricular:

CC XX

biologia 7

Page 14: UNICAMP 2007 - 2ª Fasedownload.uol.com.br/vestibular/gabaritos/etapa_unicamp_14jan.pdf · cerça-se na polissemia do termo que gera ambi- ... Explique o sentido da metáfora empregada

Português – longa e complexa

A prova da UNICAMP 2007 trouxe, como é de costume, 12 questõessubdivididas em 2 ou 3 itens, geralmente baseadas em textos aos quaiso candidato está exposto no seu dia-a-dia, como textos de propaganda,jornalísticos, etc.; exigiu, mais que nos outros anos, conhecimentos maissólidos dos candidatos, como também a capacidade de estabelecer rela-ções. As questões que envolvem leituras obrigatórias, como já é tradi-ção, buscaram referências específicas a personagens ou partes do texto.

Biologia – prova clássica e bem elaborada

Como de hábito, a UNICAMP apresentou uma prova muito bem elabora-da. Enunciados claros e enriquecidos com gráficos, tabelas e figuras.Foi uma prova clássica nos temas e na abordagem e privilegiou o racio-cínio dos candidatos, que como de hábito devem ter tido muito trabalhopara responder as questões, cada uma delas com 2 ou 3 itens.Foi melhor que a do ano passado, pois exigiu raciocínio na maioria dasquestões e não apenas memorização como aquela.