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UNICRUZ – UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA PERSPECTIVA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ATUANTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Sandra Dal Pai Ijuí/RS, Brasil 2018

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UNICRUZ – UNIVERSIDADE DE CRUZ ALTA

UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM

ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE

CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA PERSPECTIVA DA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL ATUANTE

NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Sandra Dal Pai

Ijuí/RS, Brasil 2018

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CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA PERSPECTIVA DA EQUIPE

MULTIPROFISSIONAL ATUANTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Por

Sandra Dal Pai

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Atenção

Integral à Saúde, da Universidade de Cruz Alta

(UNICRUZ, RS), em associação ampla à

Universidade Regional do Noroeste do Estado

do Rio Grande do Sul (UNIJUI, RS), como

requisito parcial na obtenção do grau de Mestre

em Atenção Integral à Saúde.

Orientadora: Dr.ª Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz

Coorientadora: Dr.a Tassiane Ferreira Langendorf

Ijuí/RS, Brasil

2018

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Catalogação na Publicação

Eunice Passos Flores Schwaste CRB10/2276

D136c Dal Pai, Sandra.

Cultura de segurança do paciente na perspectiva da equipe multiprofissional atuante na atenção primária à saúde / Sandra Dal Pai. – Ijuí, 2018.

142 f.: il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade de Cruz Alta / Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Campus Ijuí). Atenção Integral à Saúde.

"Orientadora: Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz." “Coorientadora: Tassiane Ferreira Langendorf.”

1. Atenção Primária à Saúde. 2. Cultura Organizacional. 3 Validação. 4. Equipe multiprofissional. I. Kolankiewicz, Adriane Cristina Bernat. II. Langendorf, Tassiane Ferreira. III. Título.

CDU: 614:658.3

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Agradecimentos

Agradeço a meus pais, Romilda e Irineu, pelo apoio incondicional durante o

mestrado, sempre me incentivando a realizar meus sonhos.

Ao meu namorado Vitor, pela paciência e apoio durante o mestrado.

À minha orientadora, Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz, pela acolhida,

oportunidades, pelo suporte e presença diária, mesmo na distância física. Obrigada pela

paciência e por não ter largado a minha mão durante a nossa caminhada.

À minha coorientadora, Tassiane Langerdorf, pela disponibilidade e dedicação em

construir junto conosco este trabalho.

Aos colegas do mestrado em Atenção Integral à Saúde, pela troca de conhecimento

e vivências durante as aulas, em especial, aos colegas Daiane, Alex, Marcelo, Mariana,

Edinara, os quais tive mais convivência.

Aos profissionais que participaram da pesquisa e ao serviço de Atenção Primária à

Saúde, pela autorização e aceite para realização da pesquisa.

Às professoras da Banca Examinadora, professoras Evelise Berlezi, Marli Loro e

Elisiane Lorenzini, pela disponibilidade em participar deste trabalho e contribuir para que

ficasse ainda mais rico.

À Unijuí, pela concessão da bolsa de estudos.

Às bolsistas de iniciação científica, pela disponibilidade na construção de trabalhos

e troca de conhecimento.

Vocês foram importantes par construção deste trabalho! Muito obrigada!

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CULTURA DE SEGURANÇA DO PACIENTE NA PERSPECTIVA DA EQUIPE

MULTIPROFISSIONAL ATUANTE NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

Mestranda: Sandra Dal Pai

Orientadora: Dr.a Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz

Coorientadora: Dr.a Tassiane Ferreira Langendorf

Resumo

Introdução: Avaliar a cultura de segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde (APS) é estratégia inicial para o processo de transformação institucional com vistas à garantia de cuidados seguros durante a assistência à saúde do paciente. Há necessidade de avaliar a cultura de segurança do paciente no cenário da APS, pois se trata de uma lacuna do conhecimento na realidade brasileira. Objetivos: Analisar a cultura de segurança do paciente na APS, na perspectiva das equipes multiprofissionais e relacionar com características laborais e sociodemográficas; Identificar características sociodemográficas e laborais dos profissionais atuantes na APS; Validar psicometricamente o instrumento Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para APS; Identificar as recomendações dos profissionais, a respeito da segurança e qualidade assistencial no local em que atuam. Método: Estudo transversal, desenvolvido em unidades de saúde da família, com profissionais da equipe multiprofissional, atuantes na APS. A coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2017 a abril de 2018. Utilizou-se dois instrumentos: o primeiro contém questões de caracterização sociodemográfica e laboral dos profissionais, e o segundo é a Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para APS, composto por 12 constructos que avaliam a cultura de segurança do paciente. A análise dos dados foi realizada por meio do PASW Statistics® (Predictive Analytics Software, da SPSS Inc., Chicago, USA) 18.0 for Windows. Para análise dos dados, empregou-se estatística descritiva e inferencial, considerando o nível de significância de 5% para os testes. Para a validação foi usada análise fatorial. Aspectos éticos observados conforme estabelecidos na Resolução 466/2012. Pesquisa aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE 78621917.5.0000.5350. Resultados: O escore geral da cultura de segurança do paciente foi considerado positivo (3,64±0,84). As dimensões que apresentaram percepção claramente positiva foram: Seguimento da atenção ao paciente, Trabalho em equipe, Aspectos relacionados à segurança do paciente e qualidade, Troca de informações entre as instituições e Comunicação aberta. As dimensões de percepções positivas foram: Comunicação sobre o erro, Aprendizagem organizacional, Avaliação geral sobre segurança do paciente e qualidade, Processo de trabalho e padronização, Avaliação geral sobre segurança do paciente, Avaliação global da qualidade, Treinamento da equipe e Apoio dos gestores. Obteve-se percepção negativa para Ritmo e carga de trabalho. As variáveis que tiveram diferença estatística entre os grupos foram: sexo, idade, escolaridade, renda, tempo de trabalho, ser coordenador da unidade, ser residente, ter outro vínculo empregatício, cargo e o tempo de formação. Relacionado às características sociodemográficas e laborais dos trabalhadores, predominaram: o sexo feminino (87,8%), com idade entre 31 e 50 anos (58%), com companheiro (55,3%), escolaridade ensino médio (42,8%), renda maior que três salários mínimos (31,9%), o tempo de formação na área de cinco anos e um dia a 10 anos (30,4%), trabalha no serviço há 11 anos ou mais (27,8%), trabalha de 33 a 40 horas semanais (79,3%), tipo empregatício concursado (79,3%), não havia outro vínculo empregatício (95,7%), e a categoria profissional prevalente foi dos Agentes Comunitários de Saúde (30,3%). Relacionado à validação psicométrica do instrumento, foram encontrados 14 fatores a partir da análise fatorial e foram confiáveis,

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corroborados a partir de sua estrutura pré-estabelecida, viabilidade de aplicação e competência de avaliação para a qual é proposto. Os comentários apontados pelos trabalhadores foram relacionados a: capacitação, qualidade assistencial, condições e sobrecarga de trabalho, materiais/insumos e infraestrutura de trabalho, corresponsabilização do usuário, trabalho em equipe, cultura punitiva, comunicação e falta de incentivo dos gestores. Conclusão: O cenário da APS evidenciou cultura de segurança positiva. Relacionado à validação psicométrica do instrumento, este mostrou-se válido e confiável, dando suporte adicional para sua aplicabilidade em pesquisas que pretendam avaliar a cultura de segurança do paciente na APS. Os comentários feitos pelos trabalhadores apontam para a necessidade de fortalecimento da equipe, a fim de qualificar cada vez mais a segurança e qualidade assistencial para o paciente, e criar estratégias para enfrentar as adversidades surgidas no ambiente de trabalho.

Descritores: Atenção Primária à Saúde, Cultura Organizacional, Validação, Equipe multiprofissional

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PATIENT SAFETY CULTURE IN THE PERSPECTIVE OF THE

MULTIPROFESSIONAL TEAM IN THE PRIMARY HEALTH CARE

Abstract

Introduction: To assess the patient safety culture in Primary Health Care (PHC) is an initial strategy for the institutional transformation process aimed at ensuring safe procedures during patient health care. There is a need to assess the patient safety culture in the PHC setting, since this is a knowledge gap in the Brazilian reality. Objectives: To analyze the patient safety culture in PHC based on the viewpoint of the multidisciplinary teams and to relate it with labor and sociodemographic characteristics; To identify sociodemographic and labor characteristics of professionals working in PHC; To validate psychometrically the Patient Safety Culture Research Tool for PHC; To identify the recommendations of the professionals with regard to safety and quality of care in the place where they work. Method: This is a cross-sectional study, which was developed in family health units with professionals working the multidisciplinary team in PHC. Data collection took place from December 2017 to April 2018. We used two instruments: the first one contains questions on sociodemographic and labor characterization of the professionals; and the second addresses the Patient Safety Culture Research for PHC, consisting of 12 constructs assessing the patient safety culture. Data analysis was held using PASW Statistics® (Predictive Analytics Software, SPSS Inc., Chicago, USA), version 18.0, for Windows. In order to analyze data, we made descriptive and inferential statistics, considering the level of significance of 5% for the tests. In order to validate data, we used factorial analysis. We complied with ethical aspects as established in Resolution 466/2012. This was research approved by the Research Ethics Committee, under CAAE 78621917.5.0000.5350. Results: The overall patient safety culture score was considered positive (3.64±0.84). The dimensions that demonstrated a clear positive perception were: Follow-up of patient care, Teamwork, Aspects related to patient safety and quality, Information exchange between institutions and Open communication. The dimensions related to positive perceptions were: Communication about the error, Organizational learning, Overall assessment on patient safety and quality, Work process and standardization, Overall assessment on patient safety, Overall assessment on quality, Team training and Management support. We obtained a negative perception for Rhythm and Workload. The variables that showed a statistical difference between the groups were: gender, age, schooling, income, working time, being unit coordinator, being a resident, have another job, position and training time. As for the sociodemographic and labor characteristics of the surveyed workers, the predominance were: female (87.8%), aged between 31 and 50 years (58%), engaged (55.3%), high school education (42.8%), income greater than three minimum wages (31.9%), training time ranging from 5 years and 1 day to 10 years (30.4%), service time for 11 years or over (27.8% ), working from 33 to 40 hours per week (79.3%), public servant (79.3%), without other employment bond (95.7%), and the prevalent professional category was Community Health Workers (30.3%). Regarding the psychometric validation of the instrument, we found 14 factors from the factorial analysis, which were reliable and corroborated by means of the pre-established structure, application feasibility and assessment skills for which they were proposed. The comments highlighted by the workers were related to the following items: training, quality of care, conditions and work overload, materials/inputs and work infrastructure, user co-responsibility, teamwork, punitive culture, communication, and lack of incentive for managers. Conclusion: The PHC setting showed a positive safety culture. Regarding the psychometric validation of the

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instrument, it has proved to be valid and reliable, providing additional support for its applicability in research aimed at assessing the patient safety culture in PHC. The comments made by the workers signalized the need to strengthen the team, in order to increasingly enhance the safety and quality of the health care for the patient, besides developing strategies to deal with the adversities arising from the work environment. Descriptors: Primary Health Care, Organizational Culture, Validation, Multiprofessional team

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 � Países que realizaram a validação do instrumento MOSPSC e o valor do Alfa

de Cronbach de cada dimensão............................................................................................26

Quadro 2 � Comentários dos trabalhadores relacionados a qualidade e segurança do

paciente no local em que atuam...........................................................................................90

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LISTA DE ABREVIATURAS

AHRQ- Agency!for!Health!Care!Research!and!Quality ANVISA- Agência Nacional de Vigilância Sanitária APS- Atenção Primária à Saúde CAPES- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CEP- Comitê de Ética em Pesquisa CSP- Cultura de Segurança do Paciente DECS- Descritores de Ciências em Saúde EAs- Eventos Adversos EUA- Estados Unidos da América IOM- Institute!of!Medicine LILACS- Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde MESH- Medical!Subject!Heading!MOSPSC- Medical!Office!Survey!on!Patient!Safety!Culture MS- Ministério da Saúde NSP- Núcleo de Segurança do Paciente OMS- Organização Mundial da Saúde PubMed- National!Library!of!Medicine!National!Institutes!of!Health PCSafeQuest- Primary!Care!Safety!Questionnaire PNSP- Programa Nacional de Segurança do Paciente PPGAIS- Programa de Pós-Graduação Atenção Integral à Saúde RDC- Resolução da Diretoria Colegiada SAQ-AV- Safety!Attitude!Questionary-!Ambulatory!Version!SCOPUS- Sci-Verse!Scopus SMS- Secretaria Municipal da Saúde SP- Segurança do Paciente TCLE- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido UNICRUZ- Universidade de Cruz Alta USF- Unidades de Saúde da Família UNIJUÍ- Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul WOS- Web!of!Science

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LISTA DE APÊNDICES

APÊNDICE A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.......................................108

APÊNDICE B- Solicitação para as autoras para utilização do instrumento....................111!

APÊNDICE C- Questionário Sociodemográfico e Laboral.............................................112

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LISTA DE ANEXOS

ANEXO A � Autorização do Comitê de Ética em Pesquisa para o desenvolvimento do estudo...............................................................................................................................113

ANEXO B- Questionário da coleta de dados..................................................................124

ANEXO C- Autorização das autoras para utilização do instrumento.............................130

ANEXO D- Normas da Revista Saúde em Debate..........................................................132

ANEXO E- Normas da Revista Acta Paulista de Enfermagem.......................................138

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SUMÁRIO

1.Introdução .......................................................................................................................14 2.Objetivos...........................................................................................................................22 2.1. Objetivo geral ................................................................................................................22 2.2 Objetivos específicos .....................................................................................................22 3.Método..............................................................................................................................22 3.1 Tipo de estudo.................................................................................................................23 3.2 Local de estudo...............................................................................................................23 3.3 População de estudo........................................................................................................23 3.4 Critérios de inclusão .......................................................................................................23 3.5 Critérios de exclusão.......................................................................................................23 3.6 Seleção da população......................................................................................................23 3.7 Coleta dos dados ............................................................................................................24 3.8 Procedimentos da coleta de dados .................................................................................24 3.9 Instrumentos utilizados...................................................................................................24 3.9.1 Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde....................................................................................................................................24 3.9.2 Questionário Sociodemográfico e Laboral...................................................................27 4. Organização e análise dos dados ...................................................................................27 4.1Análise estatística das variáveis.......................................................................................27 4.2 Cálculo da frequência das categorias do instrumento.....................................................27 4.3 Consistência interna........................................................................................................28 5. Considerações éticas .......................................................................................................28 6. Resultados .......................................................................................................................29 6.1 Manuscrito1- Fatores intervenientes da cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde....................................................................................................................30 6.2 Manuscrito 2 - Validação psicométrica de instrumento que avalia cultura de segurança na Atenção Primária..............................................................................................................50 6.3 Manuscrito 3 - Cultura de segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde e seus fatores contribuintes.............................................................................................................65 7. Análise dos Comentários sobre segurança e qualidade assistencial............................90 8. Considerações Finais......................................................................................................97 9. Referências......................................................................................................................99

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1. INTRODUÇÃO

A presente pesquisa aborda a temática Segurança do Paciente (SP) e tem como objeto

de estudo a cultura de segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde (APS). Está

vinculada ao Programa de Mestrado Stricto!Sensu em Atenção Integral à Saúde (PPGAIS)

em associação entre a Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul

(UNIJUÍ) e Universidade de Cruz Alta (UNICRUZ), integra à Linha Processos Saúde-

Doença-Cuidado e ao Grupo de Pesquisa Cuidado, Gestão e Educação em Enfermagem e

Saúde, na linha Segurança do Paciente e Educação em Saúde.

A motivação pessoal para o desenvolvimento do trabalho deu-se desde a trajetória

acadêmica, quando foi observado que o tema SP não era foco de discussão na APS, tendo

em vista a alta incidência de Eventos Adversos (EAs), que pode ocorrer neste local e que

prejudicam o paciente. Esta observação foi confirmada durante o exercício profissional em

ambiente hospitalar, quando se notou que uma das práticas que colabora para erros durante

o cuidado ao paciente é a falta de comunicação entre os trabalhadores da APS e do serviço

hospitalar, pela falta de referenciar e contra referenciar corretamente o usuário e repassar

dados do histórico de saúde.

Há poucas décadas, organizações de saúde têm focado em melhorar a segurança do

paciente para tornar o processo de cuidado mais seguro e confiável, com intenção de reduzir

erros e prevenir danos, visto que os erros que ocorrem nos serviços de saúde podem levar a

prejuízos para a saúde (HAGOPIAN et al., 2012). Desde o final dos anos de 1990, tem-se,

em âmbito mundial, um marco que remete à segurança do paciente com a publicação do

relatório To! err! is! Human:! Building! a! Safety! Health! Care, publicado pelo Institute! of!

Medicine (IOM), que avaliou a ocorrência de EA em hospitais e teve repercussão nos EUA,

Canadá, Espanha, Reino Unido, Austrália e em alguns países da América Latina, como

Brasil, Peru, Argentina e Colômbia (CASSIANI, 2010).

Este relatório identificou os erros ocorridos durante a assistência à saúde como fator

que favorece a permanência do tempo de internação dos pacientes pelo dano causado pelo

descuido profissional e não pela doença de base, que pode resultar em incapacidade no

momento da alta. Também enfatiza a cultura de segurança em nível organizacional e

evidencia que, para melhorar a segurança do paciente, é necessária motivação intrínseca dos

prestadores de cuidados de saúde, moldada por ética, normas e expectativas. Da mesma

forma, abarca a melhoria na cultura de segurança do paciente em ambientes hospitalares,

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definindo a segurança como a ausência de lesões acidentais, e reconhece ser a principal meta,

com vistas à segurança no processo de atendimento ao paciente (KOHN et al., 2000).

Após a publicação do relatório, a Organização Mundial da Saúde (OMS), criou em

2004, o programa!World!Alliance!for!Patient!Safety, que posteriormente passou a chamar-se

Patient! Safety!Program!e que teve por objetivo propor medidas para reduzir os riscos e

mitigar os EAs, organizar conceitos e definições sobre segurança do paciente, bem como

reduzir o risco de infecções relacionadas à assistência à saúde (WHO, 2004).

As medidas visadas pelo programa remetem a algumas prioridades, entre elas, a

importância de higienização das mãos, promoção de cirurgia segura, evitar erros

relacionados a medicamentos, evitar troca de pacientes por meio da identificação correta,

garantir uma comunicação efetiva entre os profissionais e pacientes e reduzir o risco de

quedas e lesão por pressão. O compromisso de desenvolver políticas públicas e práticas

voltadas para a segurança do paciente, foi despertado em vários países membros, incluindo-

se o Brasil (WHO, 2004).

No ano de 2005, no Chile, houve discussão entre a Rede Internacional de

Enfermagem e Segurança do Paciente e o Programa de Enfermagem da Unidade de Recursos

Humanos para a Saúde da Organização Pan-Americana de Saúde. Estas discutiram as

prioridades de cooperação técnica, intercâmbio de informações e da necessidade de estudos

que fortaleçam o cuidado de enfermagem, a gestão, investigação, informação e segurança

do paciente (CASSIANI, 2010).

Em 2008, criou-se a Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente

(REBRAENSP), que foi firmada como meio potencializador de conhecimento e esforços

entre atores comprometidos com o desenvolvimento nesta área no Brasil. Esta rede tem como

objetivo compartilhar conhecimentos e informações relacionados à área da enfermagem e

segurança de pacientes, a identificação de interesses, prioridades e problemas relacionados

com a prática, gestão, investigação, educação inicial e continuada da enfermagem, gerando

transformações compartilhadas. A promoção e articulação entre os membros para ampliar e

fortalecer as atividades de cuidado, ensino, pesquisa e cooperação técnica potencializa o

desenvolvimento de investigação multicêntrica entre os membros envolvidos

(REBRAENSP, 2013; CASSIANI, 2010).

A REBRAENSP pode ser definida como modelo de movimento social na

enfermagem brasileira que se caracteriza por seu envolvimento na assistência à saúde e busca

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cooperação, parceria e mudanças. Tem seu trabalho difundido através dos seus polos, com

objetivo de divulgar os conceitos de segurança do paciente da OMS e de outras instituições,

incentivar a participação e atuação de enfermeiros em comitês de segurança do paciente e

formar, nos locais de trabalho, reflexões que transformem as atitudes, no intuito de diminuir

os riscos dos EAs e afirmar a segurança do paciente, apurando os riscos inerentes a qualquer

processo de trabalho (CASSIANI, 2010; CALDANA et al., 2015).

No Brasil, a política que define o Programa Nacional de Segurança do Paciente

(PNSP) ainda é recente. O Ministério da Saúde (MS) instituiu o programa por meio da

Portaria MS/GM nº 529, de 1° de abril de 2013, com o objetivo geral de contribuir para a

qualificação do cuidado em todos os estabelecimentos de saúde do território nacional, tanto

públicos, como privados, de acordo com prioridade dada à segurança do paciente nos

estabelecimentos de saúde dos estados-membros da OMS, por meio da implantação da

gestão de risco e de Núcleos de Segurança do Paciente (NSP) (BRASIL, 2013).

O objetivo do NSP é promover a investigação e comunicação, controlar e mitigar os

incidentes e integrar os setores, realizar a articulação do processo de trabalho e das

informações que impactam os riscos ao paciente, além de ter como premissa a participação

do paciente para sua segurança, assim como o retorno dos resultados das ações estabelecidas

para este público (BRASIL, 2013).

No ano de 2016, foi lançada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA) uma ficha catalográfica sobre implantação do NSP em serviços ambulatoriais de

saúde, que inclui neste espaço os serviços de APS. Conforme a Resolução da Diretoria

Colegiada (RDC) nº. 36/2013, serviços ambulatoriais são aqueles que dispensam a

internação para tratamento ou diagnóstico e a complexidade do processo de trabalho que

favorece a ocorrência de falhas é grande (BRASIL, 2016).

Na perspectiva de que a demanda dos atendimentos de saúde vem aumentando nos

serviços ambulatoriais, incluindo-se a APS (BRASIL, 2012), este local deve ter o tema

segurança do paciente como foco de discussão, bem como estar aberto à realização de

pesquisas nesta temática com objetivo de auxiliar na identificação de falhas e planejar ações

para melhorar a qualidade do cuidado em saúde.

Com o propósito de impulsionar investigações nos serviços da APS, a OMS realizou

uma consulta de especialistas, no intuito de formar o grupo de trabalho em cuidados

primários mais seguros. Estes debateram as evidências disponíveis sobre o ônus dos danos

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resultantes de erros e a compreensão global limitada de como intervir para melhorar a

segurança dos cuidados na APS, pois se sabe muito pouco sobre os possíveis riscos a que os

pacientes frequentemente estão expostos nos cuidados primários e ambulatoriais,

especialmente nos países em desenvolvimento (WHO, 2012), como é o caso brasileiro,

necessitando de pesquisas adicionais que permeiem as ações da prática assistencial (TIMM;

RODRIGUES, 2016).

De acordo com estudo canadense, evidencia-se que cerca de 31% dos EAs ocorre nos

pacientes antes da admissão hospitalar (BAKER et al., 2004), ou seja, ainda no contato com

a APS. Observa-se que os erros ocorridos nos serviços de saúde podem levar a danos aos

pacientes, tornando-se fundamental a realização de pesquisas sobre o tema SP, como forma

de colaborar para a área, reduzir esta lacuna do conhecimento e fortalecer os profissionais

sobre a temática em todos os níveis de atenção à saúde (MESQUITA et al., 2016).

É importante que os profissionais atuantes na APS tenham conhecimento sobre

segurança do paciente, a fim de minimizar a incidência de EAs que possam levar a

deficiências graves para os pacientes e considerar a APS como a primeira linha de defesa

central dos problemas de saúde (KINGSTON-RIECHERS et al., 2010).

Assim, tendo em vista os inúmeros EAs que ocorrem na APS durante a assistência à

saúde, a temática SP tem sido foco de discussão entre líderes e gestores de diferentes países,

principalmente nos países europeus (GEHRING et al., 2013; CRESSWELL et al., 2013;

MENDES; BARROSO, 2014; RODRÍGUEZ-COGOLLO et al., 2014; PARKER et al.,

2015; POHLMAN et al., 2016; MARTINEZ et al., 2017; ROMERO et al., 2017). Estas

discussões refletem o empenho dos diversos setores para adoção de medidas que colaborem

para o enfrentamento da redução do EA, pois este define-se como incidente que resulta em

dano, quando o erro atinge o paciente (WHO, 2009).

Em todas as organizações de saúde, deve-se considerar a possibilidade de erro dos

profissionais, pois o erro é humano. No entanto, cabe ao sistema criar mecanismos para

evitar que o erro atinja o paciente, visto que há mecanismos para evitá-lo e mitigar os EAs.

As barreiras que podem minimizar o risco de ocorrência de EAs podem ser profissionais

atualizados, uso de protocolos clínicos, uso de check!list cirúrgico, protocolos de higiene das

mãos e dose unitária de medicamentos (BRASIL, 2014).

Na contemporaneidade, há alta taxa de condições que envolvem riscos aumentados

de erros, tendo em vista a complexidade dos usuários acometidos por múltiplas patologias

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crônicas, com idade avançada, polimedicados e que vivem em situação de vulnerabilidade

social, aspectos que contribuem para a ocorrência dos EAs na APS, definindo-se como

problema de saúde pública (ORNELAS et al., 2016). Estudo reforça que as complexidades

dos pacientes contribuem para a ocorrência de incidentes e consequentemente de EAs

(MARCHON et al., 2015).

A complexidade dos atendimentos realizados na APS tem se destacado nas últimas

décadas, implicando na melhoria da assistência prestada, pois, cada vez mais, tem-se o

crescimento da mobilidade social, proveniente da globalização e do envelhecimento da

população (SOUSA; MENDES, 2014). Considera-se que a utilização de tecnologias de

cuidado complexas e variadas auxilia no manejo das demandas e necessidades de saúde de

maior frequência e relevância da população (BRASIL, 2012).

Como o principal acesso de contato para os usuários, a APS é identificada como

ponto principal para o planejamento de prevenção e estratégias efetivas na redução nos EA,

pois possibilita cuidar dos problemas de saúde o mais próximo possível de onde as pessoas

habitam e trabalham (ORNELAS et al., 2016). Ainda, se caracteriza por ser a principal porta

de entrada ao serviço de saúde e o centro de comunicação com a rede de atenção à saúde

(Brasil, 2017), devendo ter suas premissas firmadas, no intuito de oferecer cuidados

qualificados e livres de danos, pois a maioria dos EAs que são identificados no ambiente

hospitalar podem originar-se na APS (MAKEHAM et al., 2008; PAESE; DAL SASSO,

2013).

A avaliação da cultura de segurança do paciente na APS ainda é recente em todo o

mundo, mesmo tendo em vista a sua importância para os serviços de saúde, para as equipes

que o compõem e para o usuário que frequenta os serviços. É reconhecido que a maior parte

do acompanhamento da saúde é realizada na APS, ainda que as investigações sobre a

segurança dos pacientes tenham sido centradas em hospitais, por serem ambientes que

realizam cuidados assistenciais em períodos agudos, sendo natural que estes ambientes

sejam o foco de investigações (MARCHON; JUNIOR, 2014).

Estudo realizado na Holanda, mostrou que as causas de hospitalizações agudas foram

por eventos adversos na administração de drogas durante atendimentos domiciliares, e que

quase 50% destas internações eram evitáveis (LEENDERTSE et al., 2008). Mesmo que a

APS tenha sido considerada relativamente segura, estima-se que a ocorrência de incidentes

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seja de cinco a 80 vezes por 100.000 consultas neste ambiente (SANDARS; ESMAIL, 2003;

WETZELS et al., 2008).

Dessa forma, aponta-se a importância de incluir a APS como cenário de investigações

que contemplem a segurança do paciente, com objetivo de contribuir com evidências para

tornar as ações de saúde mais seguras (MARCHON; JUNIOR, 2014), e a falta de consenso

entre profissionais e usuários sobre esta temática pode ser prejudicial nestes serviços

(HICKNER et al., 2015).

Avaliar a cultura de segurança do paciente nos serviços de saúde, em especial na

APS, é a estratégia inicial para melhorar a SP, pois permite conhecer, avaliar e adotar um

contínuo processo de melhoria nos serviços, colaborando com aprimoramento da qualidade

do cuidado dispensados aos usuários. A análise da cultura de segurança do paciente

oportuniza o aprendizado coletivo quando há ocorrência de erros, difunde o conhecimento e

viabiliza a troca de opiniões e ideias (ZOGHBI et al., 2018).

A cultura de segurança do paciente tem sido considerada como o conjunto de valores

individuais e de grupo, como atitudes, percepções, competências e padrões de

comportamento diante de situações que exijam competência e habilidade que gerenciam a

segurança. As organizações com uma cultura de segurança positiva, são mediadas por

comunicações baseadas na confiança mútua, percepções compartilhadas sobre a importância

da segurança e pela confiança na eficácia das medidas preventivas (SORRA et al., 2016).

Quando discute-se sobre a cultura de segurança nos serviços da APS, pretende-se

estabelecer atitudes de cuidados seguros e que não causem danos aos pacientes, para alcançar

um alto nível de qualidade assistencial. Compreende-se que o tema segurança do paciente

não esteja relacionado a uma dificuldade individual ou que remeta a alguma categoria

profissional, mas, sim, ao desenvolvimento de toda a organização, que envolve equipes e

serviços de saúde (TIMM; RODRIGUES, 2016).

Estudos realizados na Espanha, que objetivam avaliar a cultura de segurança do

paciente na APS, evidenciaram fragilidades nas dimensões e percepções de segurança do

paciente, trocas de informações, aprendizagem organizacional e trabalho em equipe

(CASALENGUA et al., 2013; COGOLLO et al., 2014). Na Arábia, os resultados apontam

fragilidade no ritmo de trabalho e acompanhamento do paciente e ainda evidenciaram

pontuação positiva para trabalho em equipe e aprendizagem organizacional (WEBAIR et al.,

2015).

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20

Em Portugal, os resultados denotam necessidade dos gestores investirem no

dimensionamento de pessoal adequado para qualificação do cuidado (ORNELAS et al.,

2016). Nos Estados Unidos da América (EUA), a comunicação aberta deve ser considerada

como elemento essencial para garantir uma cultura de segurança do paciente dentro dos

serviços de saúde (HICKNER et al., 2015).

No Qatar, houve fragilidade na dimensão comunicação sobre erro, comunicação

aberta e pressão e ritmo de trabalho (ZOGHBI et al., 2018). No Kuwait, a pior dimensão da

segurança do paciente é a resposta não punitiva ao erro, o que indica haver uma cultura de

repreensão que desencoraja a equipe em reportar erros, o que impossibilita o aprendizado

conjunto (GHOBASHI et al., 2014).

No Brasil existem poucos instrumentos validados que mensuram a cultura de

segurança na APS. Dentre eles, tem-se o instrumento Primary!Care!Safety!Questionnaire

(PCSafeQuest), desenvolvido em 2010 na Escócia, que foi traduzido, adaptado

culturalmente e validado para o Brasil (BRITO, 2017); o Safety!Attitudes!Questionnaire!

Ambulatory!Version (SAQ-AV), criado em 2006 nos Estados Unidos da América (EUA), e

traduzido e adaptado para uso no Brasil (PAESE, 2010), e o Medical! Office! Survey! on!

Patient! Safety! Culture (MOSPSC), desenvolvido EUA em 2007 (SORRA et al., 2016),

recentemente traduzido como Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção

Primária à Saúde, adaptado e validado semanticamente para avaliar a cultura de segurança

do paciente nas equipes de APS do Brasil (TIMM; RODRIGUES, 2016).

Ainda, identificou-se nas buscas na base de dados de teses e dissertações da

Coordenação de Aperfeiçoamento de pessoal de Nível Superior (CAPES), estudos

desenvolvidos no Brasil na temática SP, que utilizaram o instrumento SAQ-AV, realizado

em Santa Catarina (PAESE; DAL SASSO, 2013), em Santa Maria (SOUZA et al., 2017) e

em Maceió (VIANA et al., 2018). Até o momento encontramos um estudo no Brasil que

utilizou o instrumento �Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção

Primária à Saúde�, realizado em São Carlos, São Paulo, entretanto, este estudo não realizou

a validação psicométrica do instrumento para a versão brasileira (GALHARDI, 2017),

denotando a necessidade da realização da validação.

A partir da pretensão de avaliar a cultura de segurança do paciente na APS, utilizando

a Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para APS, como um questionário

traduzido, adaptado e validado semanticamente, observa-se que estudos realizados no

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exterior, utilizando esta e outras ferramentas, apontam a necessidade de pesquisas adicionais

(HAGOPIAN et al., 2012; GEHRING et al., 2013; CASALENGUA et al., 2013;

GHOBASHI et al., 2014; WEBAIR et al., 2015; HICKNER et al., 2015; PARKER et al.,

2015; BUSTO et al., 2015, ROMERO et al., 2017), apontam que há poucos estudos

realizados, principalmente no Brasil, sendo uma lacuna do conhecimento importante a ser

investigada.

Diante do exposto, justifica-se a relevância deste estudo, pois o tema segurança do

paciente na APS é incipiente, principalmente no Brasil. Isto remete à necessidade e

importância do desenvolvimento de pesquisas neste país, considerando a possibilidade de

contribuir com evidências que colaborem para o aprimoramento de cuidados seguros, isentos

de danos, favorecer a assistência de qualidade e estabelecer uma cultura de segurança que

implique num processo de transformação institucional (TIMM; RODRIGUES, 2016).

Assim, tem-se como questão norteadora deste estudo: Como é a cultura de segurança

do paciente na atenção primária à saúde na perspectiva da equipe multiprofissional?

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2. OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

· Analisar a cultura de segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde, na perspectiva

das equipes multiprofissionais e sua relação com as características laborais e

sociodemográficas.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

· Identificar características sociodemográficas e laborais dos profissionais atuantes na

APS;

· Validar psicometricamente o instrumento Pesquisa sobre Cultura de Segurança do

Paciente para Atenção Primária à Saúde;

· Identificar as recomendações dos profissionais, a respeito da segurança e qualidade

assistencial no local em que atuam.

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3. MÉTODO

3.1 Tipo de estudo

Trata-se de um estudo transversal de caráter quantitativo. O estudo transversal é o

estudo de uma população em um único ponto no tempo (JEKEL et al., 2005). O estudo de

caráter quantitativo segue a corrente de pensamento positivista, tendo sua fonte na lógica,

dando foco ao raciocínio dedutivo, lógico, levando em conta os atributos mensuráveis da

experiência humana (POLIT; BECK, 2011).

3.2 Local do estudo

O estudo foi desenvolvido em 17 Unidades de Saúde da Família (USF) de um

município do Estado do Rio Grande do Sul/Brasil. O município localiza-se na Região

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, possui área territorial de 489,798 Km2 e conta

com população de 72.504 habitantes (IBGE, 2010).

3.3 População de estudo

Profissionais da equipe multiprofissional que fazem parte das USF.

3.4 Critérios de inclusão

Integrar a equipe multiprofissional do referido serviço, estar atuando há 30 dias na

referida unidade e possuir 20 horas semanais, no mínimo. Este critério foi estabelecido

considerando que a partir de um mês e com permanência mínima de 20 horas por semana na

instituição, os profissionais conseguem perceber os valores, atitudes, percepções e

competências individuais e grupais que determinam o compromisso, o estilo e a proficiência

quanto às questões de segurança do paciente na instituição de saúde (SEXTON et al., 2006).

3.5 Critérios de exclusão

Foram excluídos os profissionais que estavam em licença saúde ou outro tipo de

afastamento no período de coleta de dados.

3.6 Seleção da população

Inicialmente foi solicitado autorização da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do

município para que se realizasse a pesquisa, após o aceite o projeto foi aprovado no Comitê

de Ética em Pesquisa (CEP) (Anexo A). Após a aprovação do CEP, foi realizado contato

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com a SMS para solicitar a lista com o nome dos profissionais, a partir do registro do setor

de recursos humanos. Após esta etapa, realizou-se contato com os gestores das unidades para

definir melhor horário e data para aplicação do questionário.

Na lista fornecida pela SMS, havia 228 profissionais da equipe multiprofissional

atuantes. Após aplicar os critérios, foram excluídos 24 profissionais por estarem em licença

maternidade ou saúde e 10 por não atuarem na unidade há 30 dias, o que resultou em 194

profissionais. Destes, seis se recusaram a participar, totalizando 188 profissionais

participantes. A seleção dos mesmos foi por amostragem de conveniência.

3.7 Coleta dos dados

A coleta foi realizada no período de dezembro de 2017 a abril de 2018.

3.8 Procedimento de coleta de dados

A coleta foi realizada na data e horário combinados com os gestores das unidades,

no ambiente de trabalho dos profissionais, conforme a disponibilidade da equipe, sempre

lhes conferindo privacidade.

Ao chegar nas unidades, a mestranda contatou com os participantes, convidando-os

a participar do estudo e explicitando os objetivos do estudo. Após, apresentou e leu

juntamente com os participantes, o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE)

(Apêndice A) que foi entregue em um envelope, em duas vias, juntamente com o instrumento

de pesquisa. Após a ciência e assinatura do TCLE, uma via ficou com o entrevistado e a

outra com a mestranda e foram armazenados uma pasta diferente a fim de manter o sigilo do

entrevistado antes da entrega do instrumento de pesquisa. Após esta etapa, os entrevistados

responderam o instrumento, que foi entregue em envelope fechado e posteriormente

devolvido a mestranda que ficou na unidade aguardando o preenchimento do instrumento.

3.9 Instrumentos utilizados

- Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde

- Questionário Sociodemográfico e Laboral

3.9.1 Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária

à Saúde (Anexo B)

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Para utilização deste instrumento, inicialmente foi realizado o contato por e-mail com

as autoras que realizaram a validação transcultural para o Brasil (TIMM; RODRIGUES,

2016) na oportunidade em que solicitou-se autorização para o uso do instrumento (Apêndice

B). Após a autorização das autoras por escrito (Anexo C), prosseguimos com os passos da

pesquisa.

O questionário MOSPSC tem como tradução do título original �Pesquisa de

Consultório Médico sobre Segurança do Paciente� e foi desenvolvido em 2007 pela Agency!

for! Health! Care! Research! and! Quality (AHRQ), criado nos EUA, com a finalidade de

melhorar a qualidade, a segurança, a eficiência e a efetividade do cuidado à saúde para os

americanos (SORRA et al., 2016).

O instrumento é constituído de 52 perguntas que medem 12 dimensões do constructo

da segurança do paciente, que incluem: comunicação aberta; comunicação sobre o erro; troca

de informações com outros setores; processo de trabalho e padronização; aprendizagem

organizacional; percepção geral da segurança do paciente e qualidade; apoio dos gestores na

segurança do paciente; seguimento da assistência ao paciente; questões relacionadas à

segurança do paciente e qualidade; treinamento da equipe; trabalho em equipe e pressão no

trabalho e ritmo (TIMM; RODRIGUES, 2016).

O instrumento MOSPSC foi traduzido e validado na Espanha (CASALENGUA et

al., 2013), na Arábia (WEBAIR et al., 2015), em Portugal (ORNELAS; PAIS; SOUZA,

2016). No Brasil, o instrumento foi adaptado e validado, com análise semântica e avaliação

da clareza e compreensão dos itens para avaliar a cultura de segurança do paciente na APS

(TIMM; RODRIGUES, 2016).

O instrumento apresentou boa confiabilidade na versão espanhola, com Alfa de

Cronbach 0,96 (CASALENGUA et al., 2013). Na versão Árabe, o instrumento variou o Alfa

de Cronbach entre 0,20 a 0,70 e as dimensões (Troca de informações com outros setores e

Questões de segurança e qualidade do paciente) foram excluídas por causa da alta taxa de

não resposta e não aplicável (WEBAIR et al., 2015). Em Portugal, o alfa de Cronbach variou

entre de 0,52 a 0,88 (ORNELAS; PAIS; SOUZA, 2016).

O quadro abaixo apresenta os países que realizaram a validação questionário e os

valores do Alfa de Cronbach para cada dimensão.

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Quadro 1- Países que realizaram a validação do questionário MOSPSC e os valores do Alfa

de Cronbach de cada dimensão do questionário.

Dimensão Espanha

(� Cronbach)

Arábia

(� Cronbach)

Portugal

(� Cronbach) Questões relacionados com a segurança do paciente e qualidade

(0,81) Foi excluída a dimensão

(0,88)

Troca de informações com outros setores

(0,83) Foi excluída a dimensão

(0,78)

Trabalho em equipe (0,75) (0,46) (0,64)

Pressão e ritmo de trabalho (0,74) (0,40) (0,65)

Treinamento da equipe Formación del personal no

sanitario (0,63)

(0,39) (0,63)

*Formación del personal sanitário

(0,76)

Processo de trabalho e padronização

(0,78) (0,36) (0,65)

Comunicação aberta (0,70) (0,63) (0,76)

Seguimento da assistência ao paciente

(0,66) (0,28) (0,75)

Comunicação sobre o erro (0,80) (0,19) (0,75)

Apoio dos gestores na segurança do paciente

(0,78) (0,69) (0,52)

Aprendizagem organizacional

(0,77) (0,40) (0,58)

Percepção geral sobre segurança do paciente e qualidade

(0,74) (0,25) (0,54)

*Questão acrescentada na versão espanhola. Neste item foi realizado o cálculo do Alfa de Cronbach para os profissionais sanitários e não sanitários.

Fonte: Elaborado pela autora.

Na tradução, adaptação e validação semântica do questionário para o Brasil, o Alfa

de Cronbach foi de 0,95 e substituiu-se em comparação com o questionário original, as

opções de resposta �semanalmente� ou �mensalmente� por �pelo menos uma vez na

semana� e �pelo menos uma vez ao mês�, respectivamente nas seções A e B. Também foi

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incluída na seção A, a questão de número 8, sugerida pelo grupo de população meta,

compreendendo um total de 10 questões para essa seção. O item refere-se ao acesso à

realização de exames, visto que, na realidade brasileira nem sempre os exames necessários

são ofertados aos pacientes gratuitamente e em tempo hábil. Na seção H, realizaram-se

adaptações das categorias profissionais que compõem os serviços da APS no Brasil,

considerando que o tema engloba a estrutura organizacional e a equipe multiprofissional. No

pré-teste, a versão para o português do Brasil apresentou alta confiabilidade e foi considerado

de fácil compreensão pela população investigada (TIMM; RODRIGUES, 2016).

3.9.2 Questionário Sociodemográfico e Laboral (Apêndice C)

O questionário sociodemográfico e laboral dos trabalhadores (Apêndice C), foi

elaborado pelas pesquisadoras e contém questões relativas ao sexo, idade, escolaridade,

tempo de formação na sua área, tipo de vínculo empregatício com a instituição, turno de

trabalho, se possui outro vínculo empregatício, situação conjugal, número de dependentes e

a renda mensal, se é residente e se é coordenador da unidade.

4. Organização e Análise dos dados

A análise foi realizada no programa Epi-Info® 6.04, com dupla digitação independente.

Após correções de erros e inconsistências, a análise estatística foi realizada no programa

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®), versão 18.0 for Windows.

4.1 Análise estatística das variáveis

Inicialmente, foi utilizada a estatística descritiva. As variáveis quantitativas foram

avaliadas pela média e desvio padrão que atenderem a normalidade, mediana e intervalo

interquartil que não atenderam a normalidade. As variáveis qualitativas foram avaliadas

pelas frequências absolutas e percentuais.

4.2 Cálculo da frequência das categorias do instrumento

Para realizar uma análise comparativa de todas as dimensões que compõem o

questionário, a escala de resposta original para as seções A e B ("Aspectos relacionados à

segurança e qualidade do paciente" e "Troca de informações com outros setores"), que tem

seis categorias de resposta, foi transformado em uma escala de classificação 1 a 5, como o

restante das seções, aplicando a fórmula de Pontuação atribuída na Escala Original (PEO) x

(4/5) + 0,2 (ROMERO et al., 2017).

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Neste processo, foi levado em conta que o questionário utilizado contém questões

colocadas positivamente e outras negativamente. As questões reversas do instrumento

referem-se aos itens C3, C6, C8, C10, C12, C14, D4, D7, D10, E1, E2, E4, F3, F4 e F6. Uma

codificação inversa foi realizada para ajustar a análise. Feitas essas transformações, foi

calculada uma pontuação específica de cada dimensão, por meio da média das pontuações

atribuídas às questões que compõem a dimensão correspondente. O Índice de Segurança do

Sintético do Paciente (ISSP) foi definido como a média dos escores de todas as questões que

compõem as 12 dimensões analisadas. Em todos os casos, o intervalo foi de 1 a 5. As

frequências relativas de cada questão foram calculadas e os indicadores compostos de cada

dimensão foram medidos pela seguinte fórmula: (ROMERO et al., 2017)

� respostas (positivas, neutras e negativas) nos itens da dimensão

Número de respostas totais nos itens de uma dimensão

Para conhecer a cultura de segurança do paciente entre os profissionais inquiridos,

foi considerado como �percepção positiva� a dimensão onde o ISSP foi > 3 e �percepção

claramente positiva�, quando o ISSP foi ! 4 (ROMERO et al., 2017).

4.3 Consistência interna

A consistência interna do instrumento foi investigada pelo coeficiente interno alfa de

Cronbach, calculado separadamente para cada domínio. Ainda, os itens reversos foram

ajustados para o cálculo do alfa de Cronbach.

Para validação do instrumento, este foi testado quanto à sua estrutura fatorial e foi

empregada a técnica de análise fatorial exploratória pelo método dos componentes principais

e realizada análise fatorial pelo método de extração dos eixos principais, rotação Varimax.

5. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Os aspectos éticos foram observados conforme preceitos estabelecidos na Resolução

466/2012 do Conselho Nacional da Saúde (BRASIL, 2012), que estabelece parâmetros para

pesquisas que envolvem seres humanos. Projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética

em Pesquisa (CEP) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul,

sob CAAE 78621917.5.0000.5350 e sob parecer consubstanciado número 2.413.567 de 04

de Dezembro de 2017.

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29

6. RESULTADOS

Os resultados da dissertação estão apresentados no formato de três manuscritos e uma

parte descritiva com comentários dos trabalhadores em relação a segurança e qualidade

assistencial no serviço que trabalha.

O manuscrito 1, trata-se de uma revisão integrativa da literatura, que foi elaborada no

decorrer da construção da dissertação sobre os fatores que interferem na cultura de segurança

da APS.

O manuscrito 2, refere-se ao estudo de validação psicométrica do instrumento Pesquisa

sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde.

O manuscrito 3, refere-se a análise da cultura de segurança do paciente na perspectiva

da equipe multiprofissional atuante na Atenção Primária à Saúde e sua relação com as

características sociodemográficas e laborais.

Na sequência, apresentamos análise dos comentários sobre segurança e qualidade

assistencial realizadas pelos trabalhadores.

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6.1 Manuscrito 1

Manuscrito encaminhado à Revista Saúde em Debate, Qualis CAPES na área

interdisciplinar B1. Está apresentado conforme as normas da revista. (Anexo D)

Fatores intervenientes da cultura de segurança do paciente na atenção primária à

saúde

Intervening factors of patient safety culture in primary health care

Resumo

Identificar os fatores que interferem na cultura de segurança do paciente na atenção primária

à saúde. Revisão integrativa, realizada nas bases de dados LILACS, PubMed, WoS e Scopus,

no mês de agosto de 2017. Utilizou-se a classificação do nível de evidência para realizar

avaliação crítica dos estudos primários. Totalizaram-se 16 produções científicas. Os fatores

que interferem na cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde são

condições relacionadas a educação permanente, comunicação, condições de trabalho e

liderança. As evidências científicas revelam que os alguns fatores interferem positivamente,

outros negativamente para a cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde e

devem ser utilizados com intuito de efetivar ações de saúde para os usuários.

Abstract

Identify the factors that interfere in the culture of patient safety in primary health care.

Integrative review was performed in the LILACS, PubMed, WoS and Scopus databases in

August 2017. The level of evidence classification was used to perform a critical evaluation

of the primary studies. There were 16 scientific productions. The factors that interfere in the

culture of patient safety in primary health care are conditions related to permanent education,

communication, working conditions and leadership. The scientific evidence shows that some

factors interfere positively, others negatively affect the culture of patient safety in primary

health care and should be used in order to effect health actions for users.

Palavras-chave: Segurança do paciente. Atenção primária à saúde. Gestão de riscos. Cultura

Organizacional

Keywords: Patient safety. Primary health care. Risk management. Organizational culture

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Introdução

Na contemporaneidade a segurança do paciente (SP), conceitua-se como estar livre

de prejuízos acidentais ou evitáveis resultantes do cuidado. Assim, práticas ou intervenções

que melhoram a SP são aquelas que reduzem a ocorrência de eventos adversos (EA)

evitáveis1. A SP tornou-se um assunto discutido entre trabalhadores e gestores dos serviços

de saúde, tendo em vista o número de eventos adversos que pode ocorrer aos usuários durante

a assistência à saúde2.

Para mitigar os EA, estabelecer assistência segura e prestar cuidados isentos de erros,

é necessário debater sobre a cultura de segurança estabelecida no ambiente de trabalho.

Entende-se que a SP é um conteúdo complexo, pois abarca uma remodelação institucional e

não define-se apenas como um problema centrado em um indivíduo ou estigmatizado a uma

classe profissional3.

Considera-se que a cultura de segurança é o conjunto dos valores individuais e

grupais, das atitudes, percepções, competências e padrões de comportamento diante de

condições de saúde, que determinem a competência e habilidade no gerenciamento da

segurança. Organizações permeadas por uma cultura de segurança positiva, envolvem

comunicações baseadas na confiança mútua, percepções compartilhadas sobre a importância

da segurança e pela confiança na eficácia das medidas preventivas4.

Considera-se assim, que todos os pontos da rede de atenção à saúde devam ter

cuidados assistenciais assegurados, portanto a Atenção Primária à Saúde (APS) que define-

se por ser o centro coordenador deste arranjo organizacional deve ter uma cultura de

segurança sólida, uma vez que este local é o contato preferencial do usuário e que assiste a

maioria de suas demandas5.

Grande parte dos estudos referentes a SP estão direcionados para ambientes

hospitalares, no entanto, a maioria dos eventos adversos que são reconhecidos no hospital,

pode ter se iniciado na APS6-7, pois este serviço é permeado por alta proporção de condições

que envolve risco de erros aos pacientes8.

Neste contexto da APS, há diversos fatores da cultura de segurança do paciente

(CSP), que interferem tanto de forma positiva, quanto negativa no cuidado dispensado aos

usuários. Estes devem ser identificados pelos trabalhadores, no intuito de conseguirem

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agregar às suas práticas de trabalho, aqueles que mostram ser potencialidades para um bom

cuidado e lapidar os fatores que são identificados como pouco contributivos ou

problemáticos, para que se tenha um ambiente de saúde seguro.

Neste contexto, observa-se a partir de publicações científicas, que alguns países

identificam a necessidade de realizar pesquisas sobre SP na APS9-11. No Brasil, esta realidade

ainda é uma lacuna, que aponta a necessidade de investigação sobre o tema, para auxiliar os

profissionais a reconhecer e firmar suas responsabilidades frente à SP, bem como unir

esforços para solidificar a cultura de segurança na APS. Nesse sentido, justifica-se que a

realização deste estudo irá contribuir para tal prática.

Dessa forma, este estudo tem como objetivo identificar os fatores que interferem na

cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde.

Método

Trata-se de uma revisão integrativa. Este estudo permite a busca, avaliação crítica e

a síntese de evidências disponíveis sobre o assunto investigado. Para a construção do estudo,

seguiram-se as seguintes etapas12: 1- elaboração da questão de pesquisa; 2 - definição dos

critérios de inclusão e exclusão dos estudos primários; 3 � definição das informações a serem

extraídas; 4 � avaliação das evidências e análise13; 5 � interpretação dos resultados; 6 �

apresentação da síntese do conhecimento.

Etapa 1 - estabeleceu-se a questão de pesquisa: Quais são os fatores que interferem

na Cultura de Segurança do Paciente na Atenção Primária à Saúde? Para compor a amostra,

realizou-se uma busca nas bases de dados, no mês de agosto de 2017, nas seguintes bases de

dados: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), !National!

Library!of!Medicine!National!Institutes!of!Health!(PubMed),!Web!of!Science!(WoS)!e!Sci-

Verse!Scopus!(Scopus).!!

!Os descritores e palavras chave utilizados para a busca foram aplicados de acordo

com particularidades de cada base e obtidos por consulta nos Descritores de Ciências em

Saúde (DECS) e Medical!Subject!Headings!(Mesh). O quadro abaixo apresenta os termos e

as estratégias de busca utilizados em cada base de dados.

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33

33

Quadro 1. Estratégias de busca utilizadas nas bases de dados LILACS, PubMed, WoS e

Scopus.

Estratégias de busca

Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS)

Atenção Primária de Saúde or serviços de saúde or estratégia saúde da família

[Descritor de assunto] and segurança do paciente [Descritor de assunto]

National Library of Medicine National Institutes of Health (PubMed)

((("primary health care") OR "primary care")) AND "patient safety culture"

Web of Science (WoS)

TOPIC: ("primary health care") OR TOPIC: ("primary care") AND TOPIC: ("patient

safety culture")

Sci-Verse Scopus (Scopus)

( TITLE-ABS-KEY ( "primary!health!care" OR "primary!care" ) ) AND ( TITLE-

ABS-KEY ( "patient!safety!culture" ) )

Fonte: Elaborado pelas autoras.

Etapa 2 � foram definidos os seguintes critérios de inclusão: estudos primários,

disponíveis na íntegra online, nos idiomas português, inglês ou espanhol e que

respondessem a questão de pesquisa.

Quanto ao período de tempo considerado para seleção das produções, optou-se por

não estabelecer recorte temporal. A seleção das produções foi desenvolvida de forma dupla

independente a fim de evitar possível viés nessa etapa. Foram localizadas 106 produções

das quais 16 compuseram o corpus! do presente estudo (Figura 1). Salienta-se que as

produções que se apresentaram repetidas nas bases de dados foram consideradas apenas uma

vez.

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34

Figura 1- Fluxograma do corpus da seleção das publicações. Ijuí, RS/Brasil 2018.

Etapa 3 - após seleção dos estudos primários incluídos, definiram-se as informações

a serem extraídas: referência do artigo, procedência do estudo, ano de publicação, objetivo

e delineamento do estudo e principais resultados. Foram respeitados os aspectos éticos na

avaliação das produções utilizadas como resultados do estudo, com citação fidedigna das

ideias, conceitos e definições empregadas nos artigos.

Etapa 4 � para avaliação das evidências e análise foi utilizado o método de

classificação da força de evidências, que propõe a categorização de forma hierárquica de

acordo com o tipo que questão do estudo primário, a saber: Intervenção ou diagnóstico;

Prognóstico ou etiologia; Significado. Considerando o corpus!da pesquisa em tela, utilizou-

se a classificação da força de evidências com questão clínica direcionada para intervenção

ou diagnóstico, com a seguinte hierarquia: I - revisões sistemáticas ou metanálise de ensaios

clínicos randomizados controlados; II - ensaios clínicos randomizados controlados; III -

ensaios clínicos sem randomização; IV - estudos de coorte e caso- controle; V - revisões

sistemáticas de estudos descritivos e qualitativos; VI - estudos descritivos ou qualitativos;

Estudos identificados através de pesquisas nas bases de

dados (n=106)

Estudos adicionais identificados através de outras fontes (n=0)

Estudos após remoção das duplicações (n=90)

Estudos excluídos por não atenderem aos critérios de inclusão (n=61)

Estudos selecionados

(n=29)

Textos completos acessados para avaliar elegibilidade (n=29)

Textos completos excluídos por não

atenderem ao objetivo (n=13)

Estudos incluídos na síntese qualitativa (n=16)

Incl

usão

E

legi

bili

dade

S

eleç

ão

Iden

tifi

caçã

o

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35

VII - opinião de especialistas13. Etapa 5 e 6 � consistem na interpretados dos dados extraídos

dos estudos primários e síntese do conhecimento para apresentação das evidências.

Resultados

A seguir, será apresentada a caracterização dos estudos primários analisados a partir

do país em que o estudo foi desenvolvido, ano de publicação, abordagem metodológica de

pesquisa e área de conhecimento dos autores. (Tabela 1).

Tabela 1. Caracterização dos estudos analisados sobre fatores intervenientes da cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde. LILACS, PubMed, WoS e Scopus, 2009-2017. N % País em que o estudo foi desenvolvido

Espanha 2

Holanda 2

Brasil 2

Estados Unidos da América 2

Iêmen 1

Países Baixos 1

Noruega 1

Irã 1

Turquia 1

Colômbia 1

Alemanha 1

Kuwait 1

12,5

12,5

12,5

12,5

6,25

6,25

6,25

6,25

6,25

6,25

6,25

6,25

Ano de publicação

2009-2012 3

2013-2017 13

18,75

81,25

Abordagem metodológica de pesquisa

Quantitativo 14

Quanti-qualitativo 2

87,5

12,5

Área de conhecimento dos autores

Medicina 12

Enfermagem 2

Interdisciplinar 2

75

12,5

12,5

Fonte: dados da pesquisa, Ijuí/RS, 2018

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36

Pode-se perceber dentre as publicações, que os estudos são realizados em diferentes

países, no entanto ainda de maneira discreta, indicando que pesquisas que contemplam a

segurança do paciente na APS como objeto de estudo ainda são pouco desenvolvidas. As

publicações concentram-se nos últimos cinco anos, indicando que há um interesse crescente

pela temática em foco.

O desenvolvimento de estudos com predominância da abordagem quantitativa,

evidencia que este método facilita maior adesão dos profissionais a participarem da pesquisa

e a um diagnóstico fidedigno da realidade inquirida. Este achado também indica a relevância

de contemplar pesquisas com abordagem qualitativa, a fim de contemplar aspectos

relacionados aos significados atribuídos a segurança do paciente.

Houve ainda, a predominância de estudos desenvolvidos pela medicina. Isso denota

a importância de expandir um olhar para outras áreas de conhecimento na saúde. Na

realidade brasileira, a enfermagem é a área que mais assume estudos relacionados a SP.

As informações e dados extraídos dos estudos primários analisados são apresentados

no quadro 2.

Quadro 2. Quadro sinóptico das produções incluídas sobre fatores intervenientes da cultura de segurança do paciente na atenção primária à saúde. LILACS, PubMed, WoS e Scopus, 2009-2017

Autores Objetivo Instrumento utilizado para coleta de dados

Fatores intervenientes N.E

Manoel Portela Romero, Rosendo Bugarín González, María Sol Rodríguez Calvo14

Determinar os pontos de vista dos residentes da Família sobre as diferentes dimensões da segurança do paciente, para identificar áreas potenciais para melhoria.

MOSPSC (Medical Office Survey on Patient Safety Culture)

-Aprendizagem organizacional e trabalho em equipe foram considerados áreas fortes. -Problemas de segurança e qualidade do paciente, troca de informações com outras instituições e pressão e ritmo de trabalho foram considerados áreas com potencial significativo de melhoria.

N6

Natasha J.Verbakel, Antoinette A de Bont, Theo JM

Examinar se a administração de um questionário de

SCOPE (Safety Culture Questionnair

-A combinação de um questionário e workshop aumentou a interação dos

N2

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37

Verheij, Cordula Wagner, Dorien LM Zwart15

cultura com ou sem uma oficina complementar poderia ser usada como uma intervenção para melhorar a cultura de segurança.

e for General Practice)

membros da equipe e nutriu sentimentos. -Os workshops ajudaram implementar um procedimento de relatório de incidentes (eventos adversos) e foram abordados temas sobre a educação em segurança do paciente.

Hana H. Webair, Salwa S. Al assani, Reema H. Al-haddad, Wafa H. Al-Shaeeb, Manal A. Bin Selm, Abdulla S. Alyamani16

Fornecer uma avaliação básica da cultura de segurança do paciente em ambientes de atenção primária em Al-Mukala/ Iêmen.

MOSPSC (Medical Office Survey on Patient Safety Culture)

-A cultura da segurança do paciente foi positiva, com exceção das dimensões Abertura da comunicação, Pressão e ritmo do trabalho e Seguimento da assistência do paciente. -O maior percentual de respostas positivas foi para Trabalho em equipe e Aprendizagem organizacional.

N6

Natasha J.Verbakel, Maaike Langelaan, Theo JM Verheij, Cordula Wagner, Dorien LM Zwart17

Estudar o efeito da administração de um questionário de cultura de segurança do paciente (intervenção I), o questionário complementado com uma oficina baseada na prática (intervenção II) e sem intervenção (controle) em 30 práticas gerais nos Países Baixos.

MaPSaF!

(Manchester Patient Safety Framework)

-A administração de um questionário de cultura de segurança unicamente ou integrado em uma oficina aumentou os relatórios de incidente, no entanto, o efeito foi muito maior nas práticas que receberam a oficina. -As oficinas são formas de intervenção educativa.

N2

María Pilar Astier-Peña, María Luisa Torijano-Casalengua, Guadalupe Olivera-

Conhecer a cultura de segurança do paciente em organizações

MOSPSC (Medical Office Survey on

-O trabalho em equipe foi uma das dimensões melhor pontuadas.

Estudo Metodol

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38

Cañadas, Carmen Silvestre-Busto, Yolanda Agra-Varela, José Ángel Maderuelo-Fernández18

de saúde e realizar uma pesquisa para Cultura de segurança entre os profissionais de atenção primária dos centros de saúde da Espanha e analizar as dimensões que influenciam a CSP.

Patient Safety Culture)

-Aprendizagem organizacional teve pontuação postiva. -Setenta por cento dos participantes têm trabalhado no mesmo HC por mais de 6 anos e 84,2% trabalham de 33 a 40 horas / semana. -Pressão e ritmo de trabalho é a dimensão de pontuação mais baixa. -Os profissionais com responsabilidades gerenciais mostraram o ISSP maior do que os outros profissionais

ógico

Gunnar Tschudi Bondevik, Dag Hofoss, Elisabeth Holm Hansen, Ellen Catharina Tveter Deilkås19

Investigar as atitudes de segurança dos pacientes entre os prestadores de cuidados de saúde na atenção primária norueguesa.

SAQ (Safety Attitudes Questionnaire)

-Nas clínicas de OOH, as enfermeiras obtiveram resultados significativamente superiores aos médicos em clima de segurança e satisfação no trabalho.

N6

Natasha j.Verbakel, Marije Van Melle, Maaike Langelaan, Theo J.M. Verheij, Cordula Wagner and Dorien L.M.Zwart20

Explorar percepções de cultura de segurança em nove diferentes tipos de profissões de atenção primária e estudar possíveis diferenças

SCOPE-PC (Safety Culture Questionnaire for General practice-Primary Care)

-A intenção de reportar eventos apresentou dois grandes desvios negativos para terapia ocupacional e dietética.

N6

Narges Tabrizchi and Mojtaba Sedaghat21

Determinar os escores de cultura de segurança do paciente em centros de saúde e comparar os resultados com os dados existentes dos hospitais

HSOPSC (Hospital Survey on Patient Safety Culture)

-O maior percentual de respostas positivas foi em Trabalho em equipe, Suporte gerencial para segurança do paciente e Aprendizagem organizacional. -Não houve relação entre os anos de trabalho em seu centro atual.

Estudo metodologico.

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39

iranianos e o banco de dados 2009 AHRQ

-As dimensões que mostram a maior diferença foram: Pessoal, Resposta não-punitiva ao erro, Feedback e comunicação sobre erro".

Said Bodur and Emel Filiz22

Avaliar a cultura de segurança do paciente em unidades de atenção primária.

HSOPSC (Hospital Survey on Patient Safety Culture)

-A porcentagem de respostas positivas foi maior para Trabalho em equipe dentro das unidades, Percepção geral de segurança e Trabalho em equipe em unidades hospitalares e menor para Freqüência de relatórios de eventos e Resposta não-punitiva ao erro. -O pessoal que trabalhava mais de 10 anos na unidade atual apresentou um escore de cultura de segurança significativamente maior.

N6

María Nelcy Muñoz Astudillo, Liliana Torres Bedoya, Luz Yanet Lenis, Jhonatan Morales Giraldo Yeferson Cano Diaz, Daniela Londoño Arcila23

Identificar a percepção que dos trabalhadores de una Empresa de Saúde, acerca da aplicação na instituição, dos diferentes componentes da Cultura de Segurança do paciente durante o ano de 2015

HSOPSC (Hospital Survey on Patient Safety Culture)

-A porcentagem mais alta foi para: A equipe se trata com respeito, O chefe aceita as sugestões do pessoal para melhorar a segurança do paciente, Se discute formas de prevenir falhas da assistência à saúde para que não voltem a ocorrer novamente, Se fala livremente quando se observa algo que poderia afetar negativamente o cuidado do paciente, Se está fazendo coisas ativamente para melhorar a segurança do paciente. - Os itens que obtiveram porcentagem mais baixa foram Pessoal e Resposta não punitiva ao erro.

N6

Simone Grativol Marchon, Walter Vieira Mendes Junior, Ana Luiza Braz Pavão8

Avaliar a ocorrência de incidentes no cuidado à saúde ao

PCISME (Primary Care International Study of

-Falta de experiência e má formação profissional (falhas no cuidado), Desqualificação profissional (falhas no cuidado), Paciente

N6

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40

40

paciente na atenção primária brasileira.

Medical Errors)

não segue as orientações da equipe. -Falha no acompanhamento da equipe ESF (falha na comunicação com paciente)

John Hickner, Scott A Smith, Naomi Yount, Joann Sorra9

Examinar as diferenças na segurança do paciente, percepções culturais entre os prestadores, gestão e pessoal em uma grande pesquisa nacional Cultura de segurança nas práticas ambulatoriais no EUA.

MOSPSC (Medical Office Survey on Patient Safety Culture)

-O trabalho em equipe foi o composto de cultura de segurança do paciente com os escores mais altos em todas as posições do trabalho, enquanto que a pressão do trabalho e o ritmo foram compostos com os menores índices em todos os cargos. -O gerenciamento sempre teve percepções mais positivas da cultura de segurança do paciente em quase todas as medidas, em comparação com todos os outros cargos.

N6

Barbara Hoffmann, Vera Müller, Justine Rochon, Matthias Gondan, Beate Müller, Zeycan Albay, Katrin Weppler, Mareike Leifermann, Carolin Mießner, Corina Güthlin, Dianne Parker, Gesine Hofinger, Ferdinand Gerlach24

Avaliar os efeitos de FraTrix sobre a cultura de segurança na prática geral.

(FraTrix) Frankfurt Patient Safety Matrix

- A implementação da ação visou entre vários pontos, a educação e treinamento.

N2

Paul N. Gorman, Jean P. O�Malley,

Lyle J. Fagnan25

Investigar a relação entre a segurança geral percebida e a qualidade dos cuidados e características do trabalho: tamanho da prática e grau de implementação do HIT.

(MOSPSC) Medical Of!ce Survey on Patient Safety Culture

-Os clínicos e a gerência tiveram maior porcentagem na pontuação de qualidade geral positiva, comparados a demais membros da equipe.

N6

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41

41

Maha Mohamed Ghobashi, Hanan Abdel Ghani El-ragehy, Hanan Mosleh, Fatma Abdullah Al-Doseri26

Avaliar a conscientização dos membros da equipe de atenção primária sobre cultura de segurança do paciente e explorar as áreas de deficiência e oportunidades de melhoria em relação a esta questão.

HSOPSC (Hospital Survey on Patient Safety Culture)

-O trabalho em equipe dentro das unidades centrais e a melhoria contínua da aprendizagem organizacional foram as duas dimensões mais altas. -A freqüência de relatórios de eventos entre todos os funcionários é a segunda maior dimensão de segurança do paciente entre todas as dimensões investigadas, pois tem maior positividade geral.

N6

Fernanda Paese, Grace Teresinha Marcon Dal Sasso7

Analisar as atitudes que evidenciam a cultura da segurança do paciente pelos profissionais das equipes da Estratégia de Saúde da Família e do Programa de Agentes Comunitários de Saúde

(SAQ) Safety Attitudes Questionnaire

-A atitude Erro se apresentou como a média mais baixa entre a categoria de ACS, Téc. enfermagem e enfermeiros. -Os ACS evidenciam o trabalho em equipe diferente da equipe de enfermagem. -Os enfermeiros e os agentes comunitários de saúde possuem percepções distintas sobre a Gerência do Centro de Saúde.

N6

Fonte: dados da pesquisa, Ijuí/RS, 2018.

A avaliação crítica do estudos mostrou que houve predominância de estudos com

força de evidência IV, 75% (n=12). Da interpretação e síntese do conhecimento emergiu a

categorização de quatro fatores intervenientes da cultura de segurança do pacientes na APS,

sendo eles: educação permanente, comunicação, condições de trabalho e liderança (quadro

3).

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Quadro 3. Fatores intervenientes da cultura de segurança do paciente na atenção primária à

saúde. LILACS, PubMed, WoS e Scopus, 2009-2017.

Fatores intervenientes Fatores relacionados Educação permanente

- Intervenção educativa8,15,17,24

- Aprender com os erros7

Comunicação - Trabalho em equipe 7-9,14-16,18,21-23, 26

- Aprendizagem organizacional14,16,18,21,23,26 - Relatar eventos adversos7,15-17,20-23,26

- A falha causa EA8 Condições de trabalho

- Tempo de atuação18,21-22

- Sobrecarga de trabalho7,9,14,18,23

- Categoria profissional7

- Satisfação19 Liderança - Líderes evidenciam melhor a SP9,18,21,25

- Proatividade16 - Gestores estão abertos às ideias da equipe23

Fonte: dados da pesquisa, Ijuí/RS, 2018.

Discussão

Neste estudo, foi evidenciado que aspectos relacionados à Educação Permanente

contribuem para uma cultura positiva na APS. Intervenções educativas realizadas por meio

de workshops, foram consideradas necessárias para promover mudanças na CSP na APS,

pois permitem o compartilhamento de experiências, o aprender uns com os outros e o

engajamento entre trabalhadores, colabora para a consciência dos problemas, uma vez que

muda opiniões quando discute-se sobre medidas a serem tomadas15.

Para os trabalhadores, reunir-se e dedicar tempo para debater esta temática, por meio

da análise de dados nacionais e internacionais sobre danos iatrogênicos, faz com que

compreendam a necessidade de mudança de cultura15,17,24. Estas reflexões permitirão rever

suas práticas assistenciais8, contribuir na identificação de incidentes e na implementação de

planos de ação institucionais21. Ainda, incentiva a comunicação entre os profissionais e os

pacientes, no intuito de discutir os erros para que ocorra o aprendizado coletivo, evitando a

cultura punitiva nos serviços da APS7.

Ações de educação permanente para profissionais de saúde com certa periodicidade,

contribuem para minimizar a ocorrência dos incidentes e fortalece a prática assistencial do

trabalhador. Ainda, é fundamental incluir o paciente e o familiar nas ações de educação, uma

vez que estes podem atuar como barreira para evitar incidentes na APS8.

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No que se refere às ações educativas no âmbito acadêmico, evidencia-se a

necessidade do desenvolvimento de atividades que contemplem a SP durante a formação de

estudantes da área da saúde, pois aumenta e consolida a cultura, permitindo o fortalecimento

da temática na área23. Estudo que avaliou a CSP com residentes de medicina do primeiro

ano, mostra melhores resultados para estes, e os piores resultados para os residentes do

último ano, podendo indicar que o conhecimento adquirido durante a graduação fica

fragilizado à medida que os residentes adquirem habilidades e responsabilidades clínicas,

sendo altamente prejudicial para SP14.

Outro aspecto que interfere na CSP na APS é a Comunicação, pois destaca-se como

um fator que fortalece o trabalho em equipe e demonstra que as pessoas gostam de trabalhar

em conjunto26. Também colabora para evitar falhas nas trocas de informações entre os pontos

da rede de atenção e de comunicação com o paciente8.

A comunicação é compreendida como a base do trabalho diário dos serviços de saúde

e identificada como ponto forte para melhorar áreas problemáticas da SP9,14. Favorece a

discussão e troca de experiências, o que leva ao compartilhamento de conhecimento e a

aprendizagem organizacional18,21,23,26. Ainda, a reciprocidade comunicativa alimenta os

sentimentos da equipe e fortalece a confiança mútua, avigorando discussões sobre SP

durante as atividades diárias e reuniões da equipe15.

O engajamento mútuo entre os trabalhadores fortalece o diálogo, a discussão/

compartilhamento de saberes entre diferentes categorias profissionais, pois quando

abordados em uma oficina sobre a temática SP, conseguem discutir os termos, criar e

negociar uma compreensão coletiva, visto que inicialmente pode haver divergência entre o

conhecimento das terminologias e definições comuns. Isso denota que a equipe

multiprofissional atuante na APS deve ser inserida e estimulada a discutir sobre a temática,

pois os profissionais podem apresentar limitações sobre este assunto, devido não ter

conhecimento prévio durante sua formação acadêmica15.

No cotidiano laboral, há dificuldade dos profissionais em relatar a ocorrência de EA

nos serviços da APS. A fim de superar esta fragilidade, é importante estabelecer um clima

em que a equipe de saúde possa expor erros possíveis ou presentes, sem medo de ser

punido21. Neste sentido, momentos que permitam o diálogo aberto com a equipe, livres do

sentimento de culpa e vergonha e não aliados a punição, contribuem para o reconhecimento

que os problemas existem22-23.

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44

Em uma cultura punitiva, há o desencorajamento em desvelar EA, devido ao medo

da punição, à ausência de reconhecimento de erros, ao bloqueio da possibilidade de aprender

com erro e ao pensamento de que os erros são provocados por descuido7,26. A dificuldade de

relatar eventos também está relacionada a sobrecarga de trabalho, pois quando trabalhador

considerada esta ação pouco importante, não comunica-se de maneira oportuna23 ou não tem

um bom feedback sobre seus atos21. Trabalhar discutindo a não culpabilização e erro com as

equipes é uma alternativa para oportunizar a discussão, no intuito de desenvolver o pensar

crítico sobre as ações de cuidado e atitudes frente ao próprio erro e o erro do grupo, ou seja,

oportuniza-lo como ocasião de aprendizado para inibir novos eventos oriundos da mesma

causa7.

Outro fator que desfavorece a notificação de EA na APS, é o fato de que o serviço

ainda está em estágio inicial do desenvolvimento de notificação dos incidentes relacionados

a SP20, ou porque alguns serviços de saúde possuem sistema eletrônico precário, ou nem

exista sistemas padronizados de registro ou notificação de incidentes, o que torna o

acompanhamento dos pacientes mais difícil8,16. A tecnologia da informação é uma das áreas

que favorece a troca de informações entre os diferentes serviços, beneficiando-os ao

máximo, pois é compartilhada pelos diferentes níveis e dispositivos de assistência. No

entanto, é desejável que o profissional assistencial se envolva mais no processo

comunicativo e não deixe somente canalizado para os serviços de informática14.

A falha na comunicação entre profissionais é vista como o fator contribuinte mais

comum para ocorrência de incidente na APS, pois aponta como dificuldades para o bom

relacionamento da equipe, as diferenças de opinião, de visão profissional, de escolaridade,

de cultura de segurança do paciente, de comportamento, de hierarquização profissional e de

responsabilização com o paciente, podendo gerar eventos adversos durante a assistência do

mesmo8,18.

Outro fator importante para a SP, é o fato de algumas categorias profissionais

passarem mais tempo ao lado do paciente durante sua jornada de trabalho. Isso faz com que

percebam mais negativamente a comunicação e fatores relacionados ao erro entre pacientes

e outros profissionais, pois conseguem observar seu relacionamento22. No entanto, estudo

com a equipe multiprofissional demonstra que foram encontradas médias positivas para

comunicação e aprendizagem sobre o erro20.

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Outra pesquisa reforça que a comunicação foi evidenciada negativamente tanto pela

equipe de saúde, quanto administrativa. Isso denota atenção, pois a boa comunicação entre

a equipe leva a aprendizagem organizacional26. Em contraponto, outro autor evidencia que

a comunicação foi avaliada mais positivamente pela equipe de enfermagem do que a

categoria de agentes comunitários de saúde (ACS). Este achado, pode dar-se pelo fato de

que o ACS realiza suas atividades laborais majoritariamente na comunidade, sendo menor

seu contato com a equipe e o compartilhamento do mesmo ambiente de trabalho, pois

referencia-se ao local de saúde quando necessita trocar informações com os colegas ou

enfermeiro supervisor, o que explica perceber de forma diferente este achado7.

Quanto a Condição de Trabalho, evidencia- se que o tempo maior de trabalho no

serviço de saúde é um dos fatores que implica negativamente a SP na APS. Isso está

relacionado há um aumento na percepção de erros ao longo do tempo e a uma crescente

conscientização da equipe sobre problemas de segurança. Ainda pode estar relacionado à

maior disposição para admitir problemas de segurança, uma vez que a equipe ganha mais

experiência trabalhando vários anos em uma unidade18,22. No entanto, há evidência que

demonstra não haver relação entre os anos de trabalho e a pontuação de CSP21.

A sobrecarga de trabalho também é um fator relacionado a CSP na APS, pois

mostra que os profissionais de saúde que atendem menos de 1000 pacientes, apresentaram

maior pontuação do índice sintético de segurança do paciente, comparado àqueles

profissionais com responsabilidades sobre uma demanda de 1000 à 1500 pacientes,

destacando que a menor pontuação foi para os profissionais de atendem acima de 1500

pacientes18. A sobrecarga de trabalho, também foi evidenciada como dimensão mais baixa

em outros estudos, demonstrando que exige ações destinadas para articular promoção de

saúde e adaptar o planejamento de recursos humanos para tender a demanda de

usuários9,14,23.

As condições de trabalho também relacionam-se com a satisfação no trabalho, pois

esta última, foi evidenciada negativamente por médicos, comparado com enfermeiros. Isto

pode estar relacionado ao fato de que os médicos atuam em mais de um local de trabalho,

sendo que enfermeiros normalmente são empregados em apenas um local, fazendo com que

haja um maior grau de apego ao seu ambiente de trabalho e entre a equipe, resultando em

uma maior satisfação laboral19.

As circunstâncias relacionada a condições de trabalho, foi uma das atitudes de

segurança destacadas entre a percepção da equipe de enfermagem e ACS, sendo que a média

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46

para ACS foi menor. Este fato justifica-se porque o ACS não compartilha uma longa jornada

de trabalho com a equipe que está alocada em uma unidade de saúde, já que a maioria das

suas atividades são direcionadas na comunidade. No entanto, a equipe de enfermagem sente

intimamente os problemas relacionados com matéria- prima e recursos humanos na unidade

de saúde, sendo os profissionais de enfermagem que compensam a falta de recursos humanos

nos diferentes setores de saúde, colaborando para a sobrecarga de trabalho, comprometendo

a qualidade da assistência7.

O fator liderança demonstra que quando os líderes da APS evidenciam melhor a SP,

há uma cultura de segurança positiva no local e estes trabalham para garantir que os cuidados

sejam prestados de forma segura, pois utilizam diferentes ferramentas para identificar

lacunas e criar sistemas eficazes18,25. Também está relacionado ao treinamento gerencial ou

a experiência profissional21 ou ao fato de os gestores acreditarem que sua CSP é mais forte

do que realmente é9.

Estudo mostra que os gestores que aceitam as sugestões do pessoal para melhorar a

segurança do paciente são vistos de maneira positiva pela equipe23. No entanto, há gestores

da APS em países menos desenvolvidos, que não estão abertos às idéias e os funcionários

não são encorajados a manifestar pontos de vista alternativos ou a expressar discordância.

Este fato ocorre, pois há um cultura em que o desacordo e a crítica contra supervisores ou

membros da equipe, são freqüentemente interpretados como culpa ou ação contra eles, o que

pode levar à perda de relacionamento pessoal ou de carreira, de modo que a maioria dos

funcionários tende a evitá-lo16.

Outra pesquisa, demonstra diferentes percepções sobre o gerenciamento, quando

comparados a equipe de ACS e enfermeiros. Este fato pode ocorrer pela relação entre os

profissionais, porque na maioria das situações é o enfermeiro que exerce cargo de supervisor

em relação ao ACS, e muitas vezes esta relação ocorre de forma hierarquizada7.

Considerações Finais

A análise dos estudos primários que compuseram o corpus da revisão em tela

permitiu concluir que os fatores educação permanente, comunicação, condições de trabalho

e liderança, interferem na CSP na APS, pois intervêm diretamente nas ações de cuidados

diárias. Alguns destes fatores mostram-se como pontos positivos, reforçando as ações que

fortalecem a CSP na APS. Outros fatores mostram-se como negativos, indicando a

necessidades de busca de estratégias para superar os desafios que fragilizam a CSP na APS.

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Observou-se o número discreto e crescente nos últimos anos de produções tendo

como objeto de estudo a SP na APS, demonstrando a necessidade do desenvolvimento de

pesquisas que contemplem essa temática com vistas a contribuição da produção do

conhecimento, implicando também, na tomada de decisão clínica para minimizar a

ocorrência de EA nos ambientes de saúde e fortalecer a integralidade da atenção à saúde

respaldada em evidências com maior grau de recomendação.

Referências

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6.2 Manuscrito 2

Encaminhado a Revista Acta Paulista de Enfermagem, Qualis CAPES B1 na área

interdisciplinar. Apresentado conforme normas da revista (Anexo E).

Validação psicométrica de instrumento que avalia cultura de segurança na Atenção

Primária

Resumo

Objetivo: Analisar a confiabilidade e validade das propriedades psicométricas da versão

brasileira do instrumento para Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para

Atenção Primária à Saúde. Método: Estudo transversal quantitativo, realizado com

profissionais da equipe multiprofissional atuantes na Atenção Primária à Saúde de um

município da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O instrumento

utilizado! foi! �Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à

Saúde�.!Resultados: O Alfa de Cronbach foi considerado satisfatório. A análise fatorial

alcançou cargas satisfatórias no conjunto de seus fatores. O instrumento apresentou

viabilidade de aplicação e potencial de avaliação da estrutura para a qual se propõe.

Conclusão: A versão brasileira do questionário mostrou-se válida e confiável, podendo

contribuir com pesquisas sobre cultura de segurança do paciente na Atenção Primária à

Saúde no país.

Descritores: Segurança do Paciente, Atenção Primária à Saúde, Estudos de Validação.

Introdução

Na contemporaneidade a segurança do paciente é reconhecida como livre de danos

ou prejuízos, tanto para os trabalhadores que realizam cuidados, quanto para os pacientes

que são assistidos(1), considerada como o principal atributo para garantir qualidade aos

cuidados de saúde(2).

Esse tema tem sido foco de discussão entre líderes e gestores de diferentes países,

haja vista os inúmeros Eventos Adversos (EAs) que ocorrem durante a assistência à saúde (3-9). As discussões refletem o empenho das intuições para adoção de medidas que

possibilitem o enfrentamento e redução dos EAs, estes definidos como incidentes que

resultem em dano, quando o erro atinge o paciente(10).

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Nos serviços de saúde há condições que envolvem riscos aumentados de EAs,

principalmente na Atenção Primária à Saúde (APS), pela demanda de usuários acometidos

por múltiplas condições crônicas de saúde, com idade avançada, polimedicados e que vivem

em situação de vulnerabilidade social, representando assim problema de saúde pública(11).

Um estudo pioneiro no Brasil, que mensurou incidentes em 11.233 consultas em 13

Unidades de Saúde da Família (USFs) em uma microrregião do Estado do Rio de Janeiro,

identificou 0,91% EAs, com prevalência de erros administrativos, falhas na comunicação

interprofissional, erros no tratamento, na execução de tarefas clínicas e de diagnóstico(12).

Uma cultura de segurança positiva deve ser expressada em todos os pontos da rede

de atenção à saúde para que se consiga reduzir a ocorrência de EAs, lapidar a assistência ao

paciente e melhorar o clima de segurança em todos os espaços de saúde, especialmente na

APS(13). Esta, por ser compreendida como coordenadora da atenção nos serviços e centro

comunicador entre o arranjo organizacional de saúde, bem como o ponto de contato inicial

dos usuários(14).

A avaliação da cultura de segurança do paciente na APS é fundamental, pois permite

identificar aspectos que interferem diretamente no cuidado dispensado ao usuário. No Brasil,

até o momento, existem dois instrumentos validados que mensuram a cultura de segurança

do paciente na APS. Tem-se o Safety Attitudes Questionnaire Ambulatory Version (SAQ-

AV), criado em 2007 nos Estados Unidos da América (EUA), traduzido e adaptado para uso

no Brasil(15), e o instrumento Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção

Primária à Saúde, adaptado e validado semanticamente para o Brasil(13) a partir da versão

original Medical Office Survey on Patient Safety Culture (MOSPSC), desenvolvida nos

EUA, em 2007(16).

O MOSPSC tem como tradução original inglesa Pesquisa de Consultório Médico

sobre Segurança do Paciente e foi traduzido, validado linguisticamente e psicometricamente

na Espanha(17), no Iêmen(18) e em Portugal(11). No Brasil, o instrumento foi traduzido,

adaptado e validado, com análise semântica e avaliação da clareza e compreensão dos itens

para avaliar a cultura de segurança do paciente na APS(13), fazendo-se, portanto, necessário

realizar a validação psicométrica do instrumento. O que permitirá ter um instrumento válido,

fiável e consistente para a mensuração da cultura de segurança na APS, com capacidade para

realizar comparações nacionais e internacionais.

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A partir deste contexto, o objetivo do estudo foi analisar a confiabilidade e validade

das propriedades psicométricas da versão brasileira do instrumento Pesquisa sobre Cultura

de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde.

Método

Estudo transversal de caráter quantitativo, realizado em 17 Unidades de Saúde da

Família (USFs), localizadas em um município do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. A

coleta de dados ocorreu no período de dezembro de 2017 a abril de 2018. No mês anterior à

coleta, as USFs contavam com 228 profissionais da equipe multiprofissional. A seleção dos

participantes foi por amostragem de conveniência.

Critérios de inclusão: ser profissional da equipe multiprofissional que prestava

assistência direta e indireta ao paciente, atuar na unidade há 30 dias e trabalhar 20 horas

semanais, no mínimo. Este tempo e carga horária estabelecidos permite aos colaboradores

terem maior conhecimento sobre os valores, atitudes, percepções e competências individuais

e grupais que determinam o compromisso e proficiência relacionados à segurança do

paciente na instituição em que atuam(19). Como critério de exclusão estabeleceu-se: estar em

licença saúde ou outro tipo de afastamento no período de coleta de dados.

Após aplicar esses critérios, foram excluídos 24 profissionais por estarem em licença

maternidade ou saúde e 10 por não atuarem na unidade havia pelo menos 30 dias, o que

resultou em 194 profissionais. Destes, seis se recusaram a participar. Participaram 188

profissionais, entre médicos, odontólogos, enfermeiros, auxiliares/técnicos de enfermagem,

agentes comunitários de saúde, nutricionistas, farmacêuticos, psicólogos, fisioterapeutas,

terapeutas ocupacionais, auxiliares de consultório dentário, assistentes sociais, educadores

físicos e atendentes administrativos.

Para realizar a coleta de dados, inicialmente, foi solicitada à instituição pesquisada

uma lista com os nomes dos colaboradores e seus respectivos turnos de trabalho. A seguir,

fez-se contato com os gestores das unidades para definir o melhor horário e data para

aplicação do questionário. A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora no ambiente de

trabalho dos profissionais, durante a reunião de equipe. Todos os participantes receberam

informações no que tange à pesquisa, como objetivo, justificativa, riscos e benefícios, bem

como questões legais e éticas. Após a concordância em participar, receberam um envelope

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contendo o questionário acompanhado do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) em duas vias. Foi garantida a privacidade dos respondentes.

A pesquisadora permaneceu na sala, a fim de esclarecer dúvidas, caso houvesse, e

receber o questionário respondido. O tempo que os profissionais levaram para responder os

questionários variou de 20 a 45 minutos. Foi utilizado como instrumento a versão brasileira

do questionário Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à

Saúde, que avalia a cultura de segurança do paciente na APS(13).

O instrumento original é constituído por 51 perguntas que medem 12 dimensões do

construto da segurança do paciente, que incluem: comunicação aberta, comunicação sobre o

erro, troca de informações com outros setores, processo de trabalho e padronização,

aprendizagem organizacional, percepção geral da segurança do paciente e qualidade, apoio

dos gestores na segurança do paciente, seguimento da assistência ao paciente, questões

relacionadas à segurança do paciente e qualidade, treinamento da equipe, trabalho em equipe

e pressão e ritmo de trabalho(16).

Na tradução, adaptação e validação semântica do questionário MOSPSC para o

Brasil, o instrumento ficou composto por 12 constructos que medem a cultura de segurança

do paciente. Substituíram-se, em comparação com o questionário original, as opções de

resposta �semanalmente� ou �mensalmente� por �pelo menos uma vez na semana� e �pelo

menos uma vez ao mês�, respectivamente, nas seções A e B. Também foi incluída, na seção

A, a questão de número 8, sugerida pelo grupo de população-meta, compreendendo um total

de 10 questões. O item refere-se ao acesso à realização de exames, visto que, na realidade

brasileira, nem sempre os exames necessários são ofertados aos pacientes gratuitamente e

em tempo hábil. Na seção H, realizaram-se adaptações para as categorias profissionais que

compõem os serviços da APS no Brasil, considerando que o tema engloba a estrutura

organizacional e a equipe multiprofissional. No pré-teste, a versão para o português do Brasil

apresentou alta confiabilidade (0,95) e foi considerada de fácil compreensão pela população

investigada(13).

Para conhecer a Cultura de Segurança do Paciente na população em que foi aplicado

o questionário, foi considerada percepção positiva a dimensão onde o Índice de Segurança

do Sintético do Paciente (ISSP) foi > 3 e percepção claramente positiva, quando o ISSP foi

! 4 (9).

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Os dados foram organizados no programa Epi-Info® 6.04, com dupla digitação

independente e posteriormente após correções de erros e inconsistências, a análise estatística

foi realizada no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®), versão 18.0

for Windows. As variáveis categóricas estão expressas em frequências absolutas e

proporções, e as quantitativas, descritas por medidas de tendência central (média ou

mediana) e dispersão (desvio padrão ou intervalo interquartil), de acordo com a distribuição

de normalidade avaliada pelo teste Kolmogorov-Smirnov.

Para realizar uma análise comparativa de todas as dimensões que compõem o

questionário, a escala de resposta original para as seções A (Aspectos relacionados à

segurança e qualidade do paciente) e B (Intercâmbio de informações com outros dispositivos

de saúde), que têm seis categorias de resposta, foi transformada em uma escala de

classificação 1 a 5, como o restante das seções, aplicando a fórmula de Pontuação Atribuída

na Escala Original (PEO) x (4/5) + 0,2. Neste processo, foi levado em conta que o

questionário utilizado contém questões colocadas positivamente e outras negativamente. As

questões reversas do instrumento referem-se aos itens C3, C6, C8, C10, C12, C14, D4, D7,

D10, E1, E2, E4, F3, F4 e F6. Feitas essas transformações, calculou-se uma pontuação

resumida específica de cada dimensão, por meio da média das pontuações atribuídas às

questões que compõem a dimensão correspondente.

O ISSP foi definido como a média dos escores de todas as questões que compõem

as 12 dimensões analisadas. Em todos os casos, o intervalo foi de 1 a 5. As frequências

relativas de cada questão foram calculadas e os indicadores compostos de cada dimensão

foram medidos pela seguinte fórmula(9):

� respostas (positivas, neutras e negativas) nos itens de uma dimensão

Número de respostas totais nos itens de uma dimensão

A consistência interna da escala MOSPSC foi investigada pelo coeficiente interno

alfa de Cronbach, calculado separadamente para cada domínio. Além disso, os itens reversos

foram ajustados para o cálculo do alfa de Cronbach. Para validação do instrumento, este foi

testado quanto à sua estrutura fatorial e foi empregada a técnica de análise fatorial

exploratória pelo método dos componentes principais e realizada análise fatorial pelo

método de extração dos eixos principais, rotação Varimax.

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Projeto de pesquisa aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob o Parecer

consubstanciado número 2.413.567, de 4 de dezembro de 2017, e que respeitou os padrões

éticos preconizados conforme a Resolução 466/2012.

Resultados

A população pesquisada para a validação psicométrica do instrumento para uso em

língua brasileira em sua maioria 87,8% (n=165) eram do sexo feminino, com idade

predominante de 31 a 50 anos (58,2%). Os níveis de escolaridade mais frequentes foram o

ensino médio, 42,8% (n=80), e a pós-graduação, 31,6% (n=59). No que se refere ao tempo

de formação na área, destacaram-se os períodos de 5 a 10 anos, 30,4% (n=52), e de mais de

10 anos até 20 anos, 23,4% (n=40). Em relação ao tempo de trabalho no serviço,

prevaleceram os períodos de mais de 11 anos, 27,8% (n=52), e de 6 a 10,9 anos, 25,1%

(n=47). Quanto às horas trabalhadas por semana, a grande maioria dos profissionais relatou

período acima de 32 horas, 91,0% (n=171).

Pôde-se extrair do presente estudo que a equipe de saúde avaliada em geral tinha

uma percepção positiva em relação à cultura de segurança do paciente (ISSP=3,64). Obteve-

se percepção positiva na maioria dos domínios, entre eles: Segurança do paciente e qualidade

(4,12), Troca de informações com outras instituições (4,11), Treinamento da Equipe (3,40),

Processo de trabalho e padronização (3,64), Comunicação sobre o erro (3,89), Apoio dos

gestores na segurança do paciente (3,19), Aprendizagem organizacional (3,87), Percepção

geral sobre segurança do paciente e qualidade (3,72), Avaliação geral em segurança do

paciente (3,48) e Avaliação Global da qualidade (3,45). (Tabela 1).

Considerando-se a estrutura original da escala MOSPSC, foi investigada a

consistência por meio do alfa de Cronbach (#C). As estimativas apontaram para

confiabilidade satisfatória (#C ! 0,700) nos domínios Lista de questões sobre segurança do

paciente e qualidade (#C = 0,848), Troca de informações com outras instituições (#C =

0,853), Apoio dos gestores na segurança do paciente (#C = 0,703) e Avaliação global sobre

a qualidade e segurança (#C = 0,829). (Tabela 1).

No que se refere à confiabilidade aceitável (0,600 $ #C < 0,700), esta foi observada

nos domínios Trabalho em equipe (#C = 0,603), Pressão e ritmo de trabalho (#C = 0,683),

Treinamento da equipe (#C = 0,603), Comunicação aberta (#C = 0,676), Seguimento da

assistência ao paciente (#C = 0,660) e Percepção geral sobre segurança do paciente e

qualidade (#C = 0,620). No entanto, ocorreram estimativas de confiabilidade abaixo do

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mínimo aceitável nos domínios Processo de trabalho e padronização (#C = 0,477) e

Comunicação sobre o erro (#C = 0,416). (Tabela 1).

Tabela 1: Medidas de tendência central e de variabilidade para os domínios Medical Office Survey on Patient Safety Culture (MOSPSC) - RS, Brasil. 2018

Domínios Média Desvio padrão

Amplitude Quartis �C

Mínimo Máximo 1º 2º

Mediana 3º

Segurança do paciente e qualidade

4,12 0,77 1,00 5,00 3,89 4,28 4,60 0,848

Troca de informações com outros setores

4,11 0,75 1,40 5,00 3,80 4,20 4,80 0,853

Trabalho em equipe 4,31 0,48 2,00 5,00 4,00 4,25 4,75 0,603

Pressão e Ritmo de trabalho 2,38 0,76 1,00 5,00 1,75 2,25 2,75 0,683

Treinamento da equipe 3,40 0,75 1,00 5,00 3,00 3,33 4,00 0,603

Processo de trabalho e padronização

3,64 0,63 1,00 5,00 3,27 3,75 4,00 0,477

Comunicação Aberta 4,07 0,66 1,75 5,00 3,50 4,00 4,54 0,676

Seguimento da assistência ao paciente

4,32 0,58 3,00 5,00 4,00 4,50 4,75 0,660

Comunicação sobre o erro 3,89 0,65 2,00 5,00 3,50 4,00 4,25 0,416

Apoio dos gestores na segurança do paciente

3,19 0,77 1,00 5,00 2,75 3,25 3,75 0,703

Aprendizagem organizacional 3,87 0,70 1,00 5,00 3,67 4,00 4,33 0,568

Percepção geral sobre segurança do paciente e qualidade

3,72

0,61 2,00 5,00 3,50 3,75 4,13 0,620

Avaliação geral em segurança do paciente

3,48 0,73 2,00 5,00 3,00 3,00 4,00 - - -

Avaliação Global da qualidade 3,45 0,66 2,00 5,00 3,00 3,40 4,00 0,829

Índice sintético (ISSP) 3,64 0,84 1,00 5,00 3,77 4,25 4,75 0,941

Para análise da confiabilidade, o instrumento MOSPSC foi testado quanto à estrutura

fatorial, para identificar a distribuição dos itens, em cada um dos domínios, e este mostrou-

se semelhante à estrutura pré-estabelecida para o instrumento. A escala MOSPSC apresentou

significativo ajustamento representado pelo resultado do teste de KMO (Kaiser-Meyer-

Olkin) de 0,835 e pelo teste de esfericidade de Bartlett, significativo [c2(1596) = 1914,773;

p<0,001] atestou a possibilidade de realização da análise fatorial. A matriz anti-imagem

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corrobora a adequação amostral dos itens do instrumento para o uso da análise fatorial,

apresentando todos os valores elevados na sua diagonal, entre 0,885 (na variável �D11�) e

0,977 (na variável �A2�), sugerindo a inclusão de todas as variáveis para a análise fatorial.

O critério da raiz latente ou valor próprio foi respeitado, onde apenas os valores

próprios ! 1 foram considerados significantes. O critério de Guttman-Keiser estimou que

devem ser extraídas 14 variáveis latentes, onde a primeira apresentou um valor próprio de

5,232, carregando cerca de 9,386% da variância, enquanto que no último fator (F14) o valor

próprio foi de 1,235, que conseguiu explicar 2,551% da variância da escala. O modelo

fatorial alcançou uma proporção de variância explicada de 63,444%.

Tabela 2: Extração de fatores matriz rotacionada, autovalores e proporção de variância explicada para escala MOSPSC � RS, Brasil.2018

Componente fatorial

(variável latente)

Autovalores

% Variância explicada

Por fator Acumulada

1 5,232 9,386 9,386 2 4,289 7,695 17,081 3 2,963 5,316 22,397 4 2,880 5,167 27,563 5 2,577 4,624 32,188 6 2,509 4,502 36,690 7 2,386 4,281 40,971 8 2,159 3,874 44,845 9 2,001 3,589 48,434 10 1,800 3,230 51,664 11 1,782 3,197 54,861 12 1,687 3,120 57,981 13 1,427 2,912 60,893 14 1,235 2,551 63,444

Extraction Method: Principal Component Analysis. Rotação varimax

Nas informações referentes aos itens que compuseram cada uma das variáveis

latentes, verificou-se inicialmente que as comunalidades tiveram a menor contribuição para

explicar a estrutura fatorial no item A10 (0,528), enquanto que o item que mais contribui foi

C11 (0,783).

De acordo com os resultados da Tabela 2, o Fator 1, responsável pelo maior poder de

explicação sobre a escala (9,386%), agrupou os itens do Fator �Questões relacionadas com

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a segurança do paciente e qualidade�. Ou seja, estes itens compuseram o fator mais

importante para explicar a escala. Na sequência temos:

Fator 2 (7,695%): Avaliação global sobre qualidade e segurança (G1A, G1B, G1C, G1D,

G1E);

Fator 3 (5,316%): Comunicação aberta (D1, D2, D4, D10);

Fator 4 (5,167%): Processo de trabalho e Padronização (C8, C9, C12, C15);

Fator 5 (4,624%): Trabalho em equipe (C1, C2, C5, C13);

Fator 6 (4,502%): Pressão e ritmo de trabalho (C3, C6, C11, C14);

Fator 7 (4,281%): Troca de informações com outras instituições (B1, B2, B3, B4);

Fator 8 (3,874%): Treinamento da equipe (C4, C7, C10);

Fator 9 (3,589%): Apoio dos gestores na segurança do paciente (E1, E2, E3, E4);

Fator 10 (3,230%): Seguimento da assistência ao paciente (D3, D5, D6, D9);

Fator 11 (3,197%): Avaliação geral em segurança do paciente

Fator 12 (3,120%): Comunicação sobre o erro (D7, D8, D11, D12);

Fator 13 (2,912%): Aprendizagem organizacional (F1, F5, F7);

Fator 14 (2,551%): Percepção global sobre segurança do paciente e qualidade (F2, F3, F4,

F6).

Chama a atenção o fato de que os fatores da escala onde houve comprometimento da

confiabilidade estimada pelo Alfa de Cronbach apresentaram cargas fatoriais satisfatórias no

conjunto de seus fatores. Desta forma, a manutenção destes itens não implicará em

comprometimento sobre os resultados da escala. (Tabela 3).

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Tabela 3: Matriz de análise fatorial com rotação Varimax e normalização de Keiser para 14 fatores para a escala MOSPSC � RS, Brasil. 2018

ITENS F1 F2 F3 F4 F5 F6 F7 F8 F9 F10 F11 F12 F13 F14

A1 0,602

A2 0,518

A3 0,437

A4 0,350

A5 0,578

A6 0,463

A7 0,586

A8 0,476

A9 0,661

A10 0,575

B1 0,704

B2 0,744

B3 0,750

B4 0,630

B5

C1 0,752

C2 0,747

C5 0,555

C13 0,418

C3 0,555

C6 0,751

C11 0,781

C14 0,801

C4 0,431

C7 0,577

C10 0,366

C8 0,511

C9 0,630

C12 0,487

C15 0,655

D1 0,599

D2 0,603

D4 0,464 0,495

D10 0,369 0,333

D3 0,490

D5 0,489

D6 0,480

D9 0,452

D7 0,488

D8 0,419

D11 0,531

D12 0,369

E1 0,552

E2 0,735

E3 0,766

E4 0,591

F1 0,552

F5 0,553

F7 0,403

F2 0,674

F3 0,466

F4 0,594

F6 0,463

G1A 0,689

G1B 0,756

G1C 0,640

G1D 0,703

G1E 0,731

G2 0,686

Nota: Omitidos valores próprios < 0,300 e as variáveis foram agrupadas por cargas em cada fator.

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60

Dessa forma, respeitando-se os resultados obtidos na confiabilidade e validação

fatorial da escala MOSPSC nesta amostra, há evidências de que foi alcançada a estrutura

pré-estabelecida para o referido instrumento. O instrumento apresentou viabilidade de

aplicação e potencial de avaliação da estrutura para a qual se propõe. Os resultados foram

considerados confiáveis devido ao ajuste do modelo da AFE obtido por meio de métodos de

distribuição assimétrica livre adequados à estimação de itens categóricos ordinais com

distribuição não paramétrica.

Discussão

O Instrumento mostrou-se confiável e satisfatório para ser usado na população

brasileira, tendo em vista sua boa semelhança com outros estudos de validação realizados

em outros países(11,17). Cabe salientar que, nas dimensões citadas, a possibilidade de descarte

dos itens com baixas correlações não alteraria de maneira significativa o alpha dos domínios

e da composição da escala, que passaria de 0,974 para 0,943 na composição total da escala,

de 0,477 para 0,498 no domínio �Processo de trabalho e padronização�, e de 0,416 para

0,663 no domínio �Comunicação sobre o erro�. Tais alterações não se justificam, pois não

há como garantir que os itens excluídos não prejudicariam a validade de conteúdo(20).

A adaptação do MOSPSC para a Espanha(17) obteve!�! geral! de! 0,96.!Na! referida!

adaptação,!foram!acrescentadas!questões!e,!ao!avaliar!o!�!por!cada!dimensão, obteve-se valor

insatisfatório para treinamento da equipe e seguimento da assistência ao paciente. Na

validação para a versão árabe(18),! o! �! variou! entre! 0,20 e 0,70, tendo sido excluídas as

dimensões Troca de informações com outras instituições e Lista de questões sobre segurança

do paciente e qualidade por alta taxa de não resposta e não aplicabilidade. Semelhante

resultado foi encontrado na validação da versão portuguesa(11),!onde!o!�!variou!de 0,52 a

0,88, e pelos mesmos motivos citados no estudo anterior as duas dimensões foram excluídas.

De acordo com os resultados da referida investigação, o fator responsável pelo maior

poder de explicação sobre a escala (9,386%) agrupou os itens do fator Questões relacionadas

com a segurança do paciente e qualidade. Em estudos realizados no Iêmen(18) e Portugal(11),

esta dimensão foi excluída pela alta taxa de não resposta e não aplicabilidade.

O segundo maior fator (7,695%) foi a dimensão Avaliação global sobre qualidade e

segurança (G1A, G1B, G1C, G1D, G1E). No estudo de validação árabe(18) este domínio

também manteve cinco questões, igual ao instrumento original. Na versão espanhola(17), esta

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dimensão apresenta seis questões, na qual incluiu-se a pergunta relacionada à Avaliação

geral em segurança do paciente (G2).

Nos estudos espanhol(17) e árabe(18), o fator 3 (5,316%), Comunicação aberta (D1, D2,

D4, D10), se manteve presente e com as mesmas questões do instrumento original. O fator

4 (5,167%), que se refere ao Processo de trabalho e Padronização (C8, C9, C12, C15),

também se manteve com as mesmas questões no estudo árabe18. No entanto, na validação

espanhola(17) foi incorporada uma questão nesta dimensão (C19).

Os resultados para o fator 5 (4,624%), referente ao Trabalho em equipe (C1, C2, C5,

C13), e ao fator 6 (4,502%), Pressão e ritmo de trabalho (C3, C6, C11, C14), não tiveram

questões modificadas nos estudos de validação espanhola(17) e árabe(18).

O domínio Troca de informações com outras instituições (B1, B2, B3, B4) relaciona-

se ao fator 7 (4,281%). Nos estudos de validação do Iêmen(18) e de Portugal(11), esta dimensão

foi excluída pela alta taxa de não resposta e não aplicabilidade. No estudo da Espanha(17),

esta dimensão teve uma questão extraída (B5), que constava no instrumento original

MOSPSC, a qual se refere a uma questão que poderia ser descrita pelo inquirido,

especificando o setor de contato.

O domínio Treinamento da equipe (C4, C7, C10) identifica-se como o fator 8

(3,874%) da escala. Na versão espanhola(17), esta dimensão teve questões duplicadas para

profissionais assistentes e não assistentes e teve questões acrescentadas (C16, C17, C17,

C19). Já, para o estudo árabe(18), este domínio se manteve com as mesmas questões do

instrumento original. Nestes mesmos países(17-18), o nono fator (3,589%), Apoio dos gestores

na segurança do paciente (E1, E2, E3, E4), e o fator 10 (3,230%) Seguimento da assistência

ao paciente (D3, D5, D6, D9) não tiveram questões modificadas. O Fator 11 (3,197%),

relacionado a G2 � Avaliação geral em segurança do paciente, não foi mensurado

separadamente nos outros estudos de validação(11,17-18).

A Comunicação sobre o erro (D7, D8, D11, D12) relaciona-se ao fator 12 (3,120%)

e na versão do estudo espanhol(17) teve questões incorporadas na solução fatorial (D13, D14).

Já, para a versão árabe(18), o instrumento se manteve com as mesmas questões do instrumento

original. Por final, o fator 13 (2,912%), referente a Aprendizagem organizacional (F1, F5,

F7), e o fator 14 (2,551%), Percepção global sobre segurança do paciente e qualidade (F2,

F3, F4, F6), não tiveram questões modificadas nos estudos de validação espanhol(17) e

árabe(18).

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Evidencia-se, neste estudo, que os profissionais inquiridos possuíam uma cultura de

segurança positiva. Nas organizações providas com cultura de segurança positiva, isso se dá

pela comunicação baseada na confiança recíproca, compreensões compartilhadas sobre a

importância da segurança e pela confiança na efetividade das medidas preventivas(16). Uma

cultura de segurança positiva significa que os líderes e gestores do serviço trabalham para

garantir que os cuidados sejam prestados com segurança e qualidade, utilizando diferentes

ferramentas para identificar as lacunas e criar processos de saúde mais seguros(21).

Limitações do estudo: Os dados revelados são pertinentes a uma microrregião

brasileira, com sua conformação cultural, econômica, social e de atendimento do SUS, o

qual não tem as mesmas características e potencialidades em todas as regiões do país.

Este estudo de validação psicométrica mostra-se com caráter inédito no Brasil,

configurando-se como ponto de partida para futuras investigações que podem ser realizadas

em outras regiões do país, pois colabora para profunda análise sobre a cultura segurança do

paciente nas equipes de APS, aumenta a conscientização dos gestores e profissionais de

saúde com relação à segurança do paciente, reconhece áreas positivas e outras que

necessitam melhorias, o qual permite futuras intervenções no intuito de melhorar a

assistência ao usuário, bem como o ambiente de trabalho.

Conclusão

A versão do questionário Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para

Atenção Primária à Saúde mostrou-se válida e confiável para a realidade brasileira, no

contexto da microrregião avaliada. Os resultados em relação à validade e à confiabilidade

dão suporte adicional para a aplicabilidade do instrumento em pesquisas que pretendem

avaliar a cultura de segurança do paciente na APS.

A partir da análise fatorial, os fatores encontrados que mediram a cultura de

segurança do paciente foram confiáveis, corroborados a partir de sua estrutura pré-

estabelecida, viabilidade de aplicação e competência de avaliação para a qual é proposto.

A cultura de segurança do paciente na região avaliada foi positiva na maioria dos

domínios do questionário, exceto para o domínio Pressão e ritmo de trabalho.

Futuros estudos podem ser desenvolvidos para conhecer a presente cultura de

segurança que permeia o trabalho dos profissionais de saúde na APS, realizar sua avaliação

com o passar do tempo e implementar intervenções com vistas à melhoria da assistência

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segura e redução de EAs. Recomenda-se a validação do instrumento com profissionais de

outras regiões brasileiras.

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6.1 Manuscrito 3

Cultura de segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde e seus fatores

contribuintes

Resumo

Objetivo: Avaliar a cultura de segurança do paciente na perspectiva da equipe

multiprofissional atuante na atenção primária à saúde e correlacionar com as características

sociodemográficas e laborais. Método: Estudo transversal quantitativo, realizado com 188

profissionais da equipe multiprofissional atuantes na atenção primária à saúde de um

município da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, no período de

dezembro de 2017 a abril de 2018. A seleção dos participantes foi por amostragem de

conveniência. Utilizou-se o questionário Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente

para Atenção Primária à Saúde. Considerado percepção positiva quando o resultado da

dimensão foi >3 e claramente positiva, quando � 4. Resultados: A dimensão geral da cultura

de segurança do paciente foi considerada positiva (3,64±0,84). As dimensões de percepção

claramente positivas foram: Seguimento da atenção ao paciente, Trabalho em equipe,

Aspectos relacionados à segurança do paciente e qualidade, Troca de informações entre as

instituições e Comunicação aberta. As dimensões de percepção positivas foram:

Comunicação sobre o erro, Aprendizagem organizacional, Avaliação geral sobre segurança

do paciente e qualidade, Processo de trabalho e padronização, Avaliação geral sobre

segurança do paciente, Avaliação global da qualidade, Treinamento da equipe e Apoio dos

gestores. Obteve-se percepção negativa para Ritmo e carga de trabalho. As variáveis que

tiveram diferença estatística foram: sexo, idade, escolaridade, renda, ser residente e cargo.

Conclusão: Os resultados demonstram uma cultura de segurança positiva no serviço

inquirido. No entanto, os trabalhadores e gestores devem direcionar olhares para a dimensão

que apresentou percepção negativa e pensar em estratégias que possam melhorar a rotina e

a carga de trabalho vivenciada diariamente.

Descritores: Segurança do Paciente; Atenção Primária à Saúde; Cultura Organizacional;

Qualidade da assistência à saúde

Introdução

A Segurança do paciente (SP) é um problema de saúde pública, tendo em vista os

inúmeros incidentes envolvidos no contexto social do paciente, bem como os erros durante

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66

a assistência à saúde, que implicam negativamente na qualidade de vida (NPSF, 2015).

Entende-se que os serviços que contemplam a rede de atenção à saúde devam ter ações

seguras relacionadas ao cuidado e estar permeados por cultura de segurança positiva, no

intuito de atender o paciente e suas diferentes demandas enquanto transitar pelo arranjo

organizacional da saúde (BRASIL,2017).

A Atenção Primária à Saúde (APS) define-se por ser centro coordenador do arranjo,

o serviço que atende a maior parte das necessidades dos usuários e o acompanha ao longo

da vida (BRASIL, 2017). Este local deve ter a cultura de segurança do paciente fortalecida,

para conseguir atender às mais complexas exigências sociais e ter uma visão ampliada e

integral das situações de saúde/doença da população adscrita na sua unidade.

Tendo em vista o enfrentamento de Eventos Adversos (EAs) que podem ocorrer

durante a assistência à saúde do usuário, nas últimas décadas discute-se com mais frequência

aspectos relacionados à SP. Este fato vem ocorrendo porque gestores e líderes dos serviços

de saúde estão atentos aos inúmeros erros que podem ser reduzidos e enfrentados durante o

acompanhamento à saúde ou durante o tempo de internação do paciente (GEHRING et al.,

2013).

A qualidade do cuidado dispensado na APS é expressa por meio do conjunto que

envolve os usuários, trabalhadores e gestores de saúde, sendo necessária uma cultura

acordada entre todos, para estabelecer as necessidades e definir os pontos que norteiam a

organização de saúde. Ainda, é relevante estabelecer uma comunicação adequada entre os

níveis hierárquicos, no intuito de construir vínculo e confiança entre os serviços de saúde

(SORRA et al., 2016).

A partir da percepção dos profissionais de saúde, é imprescindível realizar um

diagnóstico do ambiente de trabalho, pois oportuniza identificar as possíveis áreas de

melhorias, com vistas a executar um levantamento dos eventos para adequação e

planejamento de uma assistência segura (MINUZZI et al., 2016).

Existem vários métodos e ferramentas de avaliação da cultura de segurança e a

abordagem quantitativa por meio de questionários ainda é a mais utilizada (NASCIMENTO,

2011). Para este estudo empregou-se o questionário Pesquisa sobre Cultura de Segurança do

Paciente para Atenção Primária à Saúde, que foi traduzido, validado e adaptado para o Brasil

(TIMM, RODRIGUES, 2016). Para tanto, este estudo teve como objetivo avaliar a cultura

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de segurança do paciente na perspectiva da equipe multiprofissional atuante na Atenção

Primária à Saúde e sua relação com as características sociodemográficas e laborais.

Método

Estudo transversal, realizado em 17 Unidades de Saúde da Família (USFs) de um

município do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Salienta-se que o município conta com

programa de residência multiprofissional em saúde da família desde o ano de 2010. A

seleção dos participantes foi por amostragem de conveniência, com coleta de dados entre

dezembro de 2017 a abril de 2018. Constituíram-se como critérios de inclusão: pertencer à

equipe multiprofissional, atuar na unidade há 30 dias e trabalhar 20 horas semanais, no

mínimo. Foram excluídos os profissionais que estavam em licença de saúde ou outro tipo de

afastamento no período de coleta de dados. A seguir, a Figura 1 mostra como ocorreu a etapa

de inclusão da amostra.

Figura 1- Seleção dos profissionais incluídos na pesquisa. Elaborado pelas autoras.

Ijuí/RS, Brasil, 2018

Lista de profissionais atuantes na APS antes da pesquisa (n=228)

Após aplicação dos critérios de exclusão (n= 194)

Recusa em participar do estudo (n=06)

Total de participantes (n=188)

Excluídos 24 por estarem em licença-maternidade ou de saúde e 10 por não atuarem na unidade pelo menos por 30 dias

médicos, enfermeiros, auxiliares/técnicos de enfermagem, agentes comunitários de saúde, odontólogos, nutricionistas, psicólogos, farmacêuticos, terapeuta ocupacional, assistentes sociais, auxiliares de consultório dentário, educadores físicos, fonoaudiólogos e atendentes administrativos

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Após a obtenção da lista nominal dos trabalhadores e seus respectivos turnos de

trabalho, foi realizado contato com os gestores das unidades para definir o horário e data

para aplicação do questionário. A coleta de dados foi realizada pela mestranda no ambiente

de trabalho dos profissionais. Os participantes receberam informações no que tange à

pesquisa, bem como questões legais e éticos. Foi garantida a privacidade dos entrevistados.

A mestranda permaneceu no local, a fim de esclarecer dúvidas, caso houvesse necessidade

e receber o instrumento.

Como instrumento de coleta utilizou-se a versão brasileira do questionário Pesquisa

sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde, traduzido, adaptado

e validado semanticamente para uso no Brasil (TIMM, RODRIGUES, 2016). Para conhecer

a Cultura de Segurança do Paciente na população em que foi aplicado o questionário, se

considerou como �percepção positiva� a dimensão em que o ISSP foi > 3 e �percepção

claramente positiva� quando o ISSP foi � 4 (ROMERO et al., 2017).

As variáveis categóricas foram expressas em frequências absolutas e proporções. As

quantitativas foram descritas por medidas de tendência central (média ou mediana) e

dispersão (desvio padrão ou intervalo interquartil), de acordo com a distribuição de

normalidade avaliada pelo teste Kolmogorov-Smirnov. Para realizar uma análise

comparativa de todas as dimensões que compõem o questionário, a escala de resposta

original para as seções A e B (Aspectos relacionados à segurança e qualidade do paciente e

Troca de informações com outras instituições), que tem seis categorias de resposta, foi

transformada em uma escala de classificação de 1 a 5, como o restante das seções, aplicando

a fórmula de pontuação atribuída na escala original (PEO) x (4/5) + 0,2.

O Índice de Segurança do Sintético do Paciente (ISSP) foi definido como a média

dos escores de todas as questões que compõem as dimensões analisadas. Em todos os casos,

o intervalo foi de 1 a 5. A consistência interna foi investigada pelo coeficiente interno alfa

de Cronbach, calculado separadamente para cada dimensão.

Projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Regional

do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, sob Parecer Consubstanciado número

2.413.567 de 4 de dezembro de 2017.

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Resultados

A maioria dos participantes teve idade entre 31-50 anos (58%), era do sexo feminino

(87,8%), com companheiro(a) (55,3%), escolaridade ensino médio (42,8%), renda maior que

três salários mínimos (31,9%), o tempo de formação na área foi de cinco anos e um dia a 10

anos (30,4%), trabalhava no serviço há 11 anos ou mais (27,8%), com carga horária semanal

de 33 a 40 horas (79,3%), com vínculo concursado (79,3%), não tinha outro emprego

(95,7%), a categoria prevalente foi dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) (30,3%), a

maioria não atuava como residente (89,9%) e a maioria não era coordenador da unidade

(92,0%), conforme a Tabela 1.

Tabela 1- Caracterização sociodemográfica e laboral dos trabalhadores que atuavam

na APS de um município da região noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, 2018

Variáveis Total Amostra (n= 188)*

n % Faixa etária(anos) De 18 a 30 anos 42 24,7 De 31 a 50 anos 99 58,2 51 anos ou mais 29 17,1 Sexo Masculino 23 12,2 Feminino 165 87,8 Situação conjugal Com companheiro(a) 104 55,3 Sem companheiro(a) 84 44,7 Escolaridade Ensino médio 80 42,8 Ensino superior incompleto 22 11,8 Ensino superior completo 26 13,9 Pós-graduação 59 31,6 Renda mensal Até 1 SM** 27 14,4 Mais de 1 a 2 SMs 48 25,5 Mais de 2 a 3 SMs 53 28,2 Mais de 3 SMs 60 31,9 Tempo de formação na área Até 3 anos 33 19,3 De 3 anos e 1 dia a 5 anos 15 8,8 De 5 anos e 1 dia a 10 anos 52 30,4 De 10 anos e 1 dia a 20 anos 40 23,4 21 anos ou mais 31 18,1 Tempo em que atua no serviço Menos de 2 meses 7 3,7 De 2 meses a 1 ano 24 12,8 De 1 ano a menos de 3 anos 28 15,0 De 3 anos a menos de 6 anos 29 15,5 De 6 anos a menos de 11 anos 47 25,1 Há 11 anos ou mais 52 27,8

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Horas trabalhadas por semana 1 a 4 horas 2 1,1 5 a 16 horas 5 2,7 17 a 24 horas 5 2,7 25 a 32 horas 5 2,7 33 a 40 horas 149 79,3 41 horas ou mais 22 11,7 Vínculo empregatício Contratado 38 20,7 Concursado 146 79,3 Outro vínculo empregatício Sim 8 4,3 Não 180 95,7 Cargo agrupado Médico (a) 11 5,9 Enfermeiro (a) 25 13,3 Equipe administrativa /ACS 65 34,6 Técnico de enfermagem 42 22,3 Outros profissionais área assistencialA 26 13,8 Outras funções*** 19 10,1 Atua como residente Sim 19 10,1 Não 169 89,9 Coordenador de unidade Sim 15 8,0 Não 173 92,0

*Percentuais obtidos com base no total da amostra ** SM � Salário Mínimo. Equivalente ao valor de R$ 954,00 no período da coleta de dados. ***Outras funções: Agente comunitário de endemias e estagiários do CIEE. A: Outro pessoal da área assistencial: auxiliar de consultório dentário, odontólogo, fonoaudiólogo, farmacêutico, terapeuta ocupacional, assistente social, nutricionista, psicólogo, educador físico.

Na instituição investigada, o escore geral da cultura de segurança do paciente na APS

foi considerado positivo (3,64±0,84). Ao calcular as médias, obteve-se percepção

claramente positiva, nas dimensões Seguimento da atenção aos pacientes (4,32±0,58);

Trabalho em equipe (4,31±0,48); Aspectos relacionados à segurança do paciente e qualidade

(4,12±0,77); e Troca de informações entre as instituições (4,11±0,75); e Comunicação aberta

(4,07±0,66).

Foram consideradas percepção positiva, as dimensões: Comunicação sobre o erro

(3,89±0,65); Aprendizagem organizacional (3,87±0,70); Avaliação geral sobre segurança do

paciente e qualidade (3,72±0,61); Processo de trabalho e padronização (3,64±0,63);

Avaliação geral sobre segurança do paciente (3,48±0,73); Avaliação global da qualidade

(3,45±0,66); Treinamento da equipe (3,40±0,75); e Apoio dos gestores (3,19±0,77).

A dimensão Ritmo e carga de trabalho (2,38±0,76) teve percepção negativa.

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Na Tabela 2, apresentamos a comparação dos resultados das dimensões com as

características sociodemográficas e laborais. Identificamos, em relação ao sexo, diferença

estatisticamente significativa nas dimensões Aspectos relacionados à segurança do paciente

e qualidade, Troca de informações com outros setores, Trabalho em equipe, Comunicação

Aberta, Pontuação global sobre qualidade!e Avaliação geral em segurança do paciente. Nas

comparações mencionadas observou-se que as médias no sexo masculino se mostraram

significativamente superiores às do sexo feminino.

Em relação à faixa etária, houve diferença significativa na dimensão Seguimento da

atenção ao paciente, indicando que o escore médio no grupo de 18 a 30 anos, mostrou-se

significativamente menor, quando comparado às médias das faixas de idade de 31 a 50 anos

e de 51 anos ou mais. Quanto ao nível de escolaridade, ocorreu diferença significativa na

dimensão Seguimento da atenção ao paciente, onde a média do grupo com ensino superior

incompleto mostrou-se significativamente maior, quando comparada às médias do nível

Superior completo e Pós-graduação.

Outra dimensão em que as médias diferiram de forma representativa foi Pontuação

global sobre qualidade, com média superior nas categorias de ensino Superior incompleto e

Pós-graduação, quando comparadas com a média do grupo com Ensino médio.

No que se refere à comparação na dimensão Aspectos relacionados com a segurança

do paciente e qualidade, a média da faixa de mais de três salários mínimos mostrou-se

significativamente superior à média do grupo com renda de até um salário mínimo. Em

relação ao Trabalho em equipe a diferença significativa apontou que a média das faixas de

dois a três salários mínimos e mais de três salários mínimos, se mostrou significativamente

superior à média da faixa de um a dois salários mínimos. Ainda esta dimensão apresentou

diferença significativa no grupo, com média superior na faixa de mais de três salários

mínimos em comparação ao grupo com renda de até um salário mínimo.

Foi identificada diferença estatisticamente significativa na dimensão Pressão e ritmo

de trabalho, onde as diferenças apontaram para escores médios significativamente mais

elevados nas faixas de até um salário mínimo e de um a dois salários mínimo, em

comparação ao faixa de dois a três salários mínimo.

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Tabela 2. Distribuição da média e desvio padrão (média±desvio padrão) para as dimensões do MOSCPC em comparação às variáveis do perfil sociodemográfico e laboral. RS, Brasil, 2018

Perfil

Dimensões do MOSCPC

Aspectos relacionados

com a segurança

do paciente e qualidade

Troca de informações com

outras instituições

Trab. em

equipe

Pressão e ritmo de trabalho

Treinamento da equipe

Processo de

trabalho e padronizaç

ão

Comunicação aberta

Seguim. da

assistência ao

paciente

Comunicação sobre

o erro

Apoio dos gestores

na segurança

do paciente

Aprend. Organizaci

onal

Percepção global sobre segurança do

paciente e qualidade

G2 Avaliação geral em

segurança do paciente

Avaliação global sobre

qualidade

Sexo (p)§ <0,001 0,024 0,003 0,500 0,091 0,250 0,002 0,305 0,249 0,337 0,230 0,529 0,017 0,001

Masculino 4,7±0,2 4,8±0,4 4,6±0,3 2,3±0,8 3,6±0,6 3,8±0,6 4,5±0,5 4,4±0,5 4,0±0,6 3,1±0,9 4,0±0,5 3,8±0,6 3,8±0,7 3,9±0,6

Feminino 4,4±0,8 4,4±0,8 4,3±0,5 2,4±0,8 3,4±0,8 3,6±0,6 4,0±0,7 4,3±0,6 3,9±0,7 3,2±0,8 3,8±0,7 3,7±0,6 3,4±0,7 3,4±0,6

Idade (p)¶ 0,067 0,442 0,133 0,299 0,321 0,118 0,334 0,036 0,083 0,200 0,752 0,238 0,861 0,689

de 18 a 30 anos 4,3±0,9 4,3±0,9 4,3±0,5 2,4±0,8 3,3±0,8 3,5±0,6 4,0±0,6 4,1±0,7b 3,7±0,7 3,1±0,8 3,8±0,8 3,6±0,7 3,5±0,9 3,4±0,7

de 31 a 50 anos 4,6±0,7 4,5±0,7 4,3±0,5 2,4±0,8 3,4±0,8 3,7±0,7 4,1±0,7 4,4±0,5a 4,0±0,6 3,2±0,8 3,9±0,6 3,8±0,6 3,5±0,7 3,5±0,7

51 anos ou mais 4,6±0,6 4,5±0,6 4,5±0,4 2,2±0,6 3,6±0,7 3,6±0,5 4,2±0,6 4,4±0,6a 3,9±0,5 3,4±0,8 3,8±0,9 3,6±0,7 3,4±0,7 3,4±0,7

Escolaridade (p)¶ 0,384 0,814 0,399 0,253 0,474 0,254 0,064 0,034 0,208 0,119 0,248 0,354 0,147 <0,001

Ensino médio 4,4±0,9 4,6±0,7 4,2±0,5 2,4±0,7 3,4±0,7 3,7±0,6 3,9±0,7 4,4±0,5 3,9±0,6 3,2±0,7 3,9±0,6 3,7±0,6 3,4±0,6 3,2±0,6b

Ensino superior incompleto

4,7±0,4 4,4±0,9 4,4±0,4 2,5±0,9 3,6±0,7 3,9±0,5 4,3±0,7 4,6±0,6a 4,1±0,7 3,5±0,7 4,1±0,5 3,9±0,5 3,6±0,6 3,7±0,6a

Ensino superior completo

4,5±0,7 4,4±0,8 4,3±0,7 2,5±0,8 3,3±0,9 3,5±0,9 4,2±0,7 4,2±0,6b 3,8±0,7 3,3±0,9 3,7±1,2 3,8±0,7 3,5±0,9 3,4±0,9

Pós-graduação 4,6±0,7 4,4±0,7 4,4±0,4 2,2±0,7 3,3±0,8 3,6±0,6 4,1±0,6 4,2±0,6b 3,8±0,7 3,0±0,8 3,9±0,6 3,7±0,6 3,6±0,8 3,7±0,6ª

Renda (p)¶ 0,010 0,506 0,004 0,003 0,181 0,191 0,145 0,039 0,656 0,080 0,723 0,195 0,655 0,014

Até 1 salário mínimo 4,2±1,2b 4,3±0,9 4,2±0,5 2,6±0,6a 3,6±0,6 3,7±0,9 4,1±0,6 4,5±0,5 4,0±0,6 3,5±0,7 3,9±0,9 3,9±0,5 3,5±0,8 3,2±0,6b

De 1 a 2 salários mínimos

4,4±0,7 4,4±0,7 4,1±0,5b 2,6±0,8a 3,3±0,9 3,7±0,5 4,0±0,7 4,4±0,6 3,9±0,6 3,2±0,7 3,8±0,7 3,7±0,6 3,5±0,7 3,3±0,7

De 2 a 3 salários mínimos

4,4±0,8 4,5±0,9 4,4±0,5ª 2,2±0,7b 3,2±0,7 3,5±0,7 4,0±0,7 4,3±0,6 3,9±0,7 3,2±0,8 3,9±0,7 3,6±0,7 3,4±0,8 3,4±0,7

Mais de 3 salários 4,7±0,4a 4,6±0,5 4,4±0,4ª 2,3±0,8 3,5±0,8 3,7±0,5 4,2±0, 5 4,2±0,6 3,9±0,6 3,0±0,8 4,0±0,5 3,8±0,6 3,6±0,7 3,7±0,6ª

§ Teste t-Student para grupos independentes; ¶Teste de Análise de Variância (One way); Pos Hoc Sheffe, onde médias seguidas de letras iguais não diferem a uma diferença significativa de 5%.

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Na Tabela 3, podem ser observados os dados da média e desvio padrão para as

dimensões da escala, em comparação às variáveis do perfil sociolaboral. Observada

diferença estatística significativa entre as médias da dimensão Pressão e ritmo de trabalho,

de forma que a média do tempo de seis anos a menos de 11 anos, mostrou-se

significativamente maior, quando comparada às médias das faixas de 3 anos a menos de seis

anos.

A diferença representativa se mostrou presente na dimensão Comunicação sobre o

erro, os quais os profissionais com menos de dois meses concentraram menor média em

comparação às faixas de dois meses a um ano, de seis anos a menos de 11 meses e de mais

de 11 anos.

Ocorreu diferença significativa na dimensão Percepção geral sobre segurança do

paciente e qualidade, no qual os profissionais com tempo de trabalho de dois meses a um

ano e de seis anos a menos de 11 anos apresentaram médias mais elevadas do que os

profissionais com até dois meses de trabalho.

Na abordagem do cargo na comparação com a escala, houve diferença significativa

na dimensão Seguimento de assistência aos pacientes, em que o cargo outros profissionais

área saúde apresentou média significativamente menor quando comparado aos cargos de

médico e equipe administrativa. Na dimensão Apoio dos gestores sobre a segurança do

paciente,!a diferença detectada foi entre os cargos outros profissionais área saúde e equipe

administrativa. Ainda, na dimensão Pontuação global sobre qualidade,! os resultados

apontaram que os profissionais com outras funções e equipe administrativa apresentaram

médias significativamente menores em comparação aos cargos de Médico, Enfermeiros e

Outros profissionais área saúde.

A escala MOSCPC apresentou o maior número de relações de dependência com a

característica profissional de coordenador de unidade, apontando para médias mais elevadas

entre os profissionais que relataram ser coordenadores de unidade. As diferenças

significativas foram observadas nas dimensões Aspectos relacionados com a segurança do

paciente e qualidade, Trabalho em equipe, Treinamento da equipe, Processo de trabalho e

padronização do trabalho, Comunicação aberta, Aprendizagem organizacional, Percepção

geral sobre segurança do paciente e qualidade e Pontuação global sobre qualidade. A

característica de outro vínculo empregatício mostrou-se representativa na dimensão

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Pontuação global sobre qualidade,!na qual a média dos profissionais com outro vínculo foi

superior ao grupo que relatou não ter outro vínculo.

O tempo de formação mostrou-se representativo em comparação à dimensão

Treinamento da equipe, na qual a média do grupo com tempo de até três anos, foi

significativamente menor quando comparada aos tempos menos de 11 anos, de 5 anos a

menos de 10 anos e mais de 21 anos.

Cabe salientar que as características de situação conjugal, cargo agrupado e vínculo

empregatício, em comparação às dimensões da escala MOSCPC, não apresentaram

diferenças significativas, neste estudo.

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Tabela 3. Distribuição da média e desvio padrão (média±desvio padrão) para as dimensões da escala MOSCPC em comparação às variáveis do perfil laboral. RS, Brasil, 2018

Perfil

Dimensões do MOSCPC

Aspectos relacionados

com a segurança do

paciente e qualidade

Troca de infor. com

outras instituiç

ões

Trabalho em

equipe

Pressão e ritmo de trabalho

Trein. da equipe

Processo de trabalho e

Padronização

Comunicação aberta

Seguimento da

assistência ao

paciente

Comunicação sobre

o erro

Apoio dos gestores

na segurança

do paciente

Aprendizagem

organizacional

Percepção geral sobre segurança

do paciente e qualidade

Avaliação geral em

segurança do

paciente

Avaliação global sobre

qualidade

Tempo de trabalho (p)¶ 0,431 0,069 0,768 0,023 0,376 0,127 0,678 0,197 0,017 0,645 0,113 0,026 0,965 0,326

Menos de 2 meses 3,9±1,3 3,5±1,5 4,4±0,5 2,3±0,7 2,9±1,2 3,6±0,7 4,2±0,5 4,1±0,6 3,4±0,6c 2,9±1,0 3,2±1,5 3,3±0,4b 3,3±1,0 2,9±0,7

De 2 meses a um ano 4,4±0,8 4,3±0,8 4,3±0,6 2,4±0,7 3,4±0,6 3,7±0,4 4,0±0,7 4,2±0,6 4,0±0,8ª 3,3±0,9 3,9±0,9 3,9±0,6a 3,6±0,9 3,6±0,8

De 1 ano a menos de 3 anos

4,5±0,6 4,5±0,7 4,4±0,6 2,3±0,9 3,3±0,7 3,4±0,7 3,9±0,7 4,2±0,6 3,7±0,7 3,1±0,7 3,9±0,6 3,6±0,7 3,5±0,8 3,4±0,6

De 3 anos a menos de 6 anos

4,5±0,9 4,5±0,7 4,3±0,5 2,1±0,5b 3,3±0,8 3,7±0,8 4,0±0,7 4,4±0,6 3,8±0,7 3,3±0,6 3,8±0,5 3,7±0,6 3,5±0,7 3,4±0,6

De 6 anos a menos de 11 anos

4,5±0,8 4,6±0,6 4,2±0,4 2,7±0,8a 3,5±0,7 3,8±0,5 4,1±0,6 4,5±0,6 4,1±0,6ª 3,2±0,7 4,0±0,7 3,9±0,5a 3,5±0,6 3,5±0,7

Há 11 anos ou mais 4,6±0,6 4,6±0,7 4,4±0,4 2,3±0,7 3,4±0,8 3,6±0,7 4,2±0,6 4,3±0,6 4,0±0,5ª 3,2±0,8 3,9±0,5 3,6±0,6 3,5±0,7 3,5±0,6

Residente (p)§ 0,130 0,780 0,232 0,666 0,029 0,253 0,942 0,097 0,118 0,076 0,711 0,793 0,056 0,183

Sim 4,2±1,0 4,4±1,0 4,4±0,5 2,3±0,7 3,1±0,6 3,5±0,7 4,1±0,6 4,1±0,6 3,7±0,7 2,9±0,8 3,8±1,1 3,7±0,7 3,8±0,9 3,6±0,7

Não 4,5±0,7 4,5±0,7 4,3±0,5 2,4±0,8 3,4±0,7 3,7±0,6 4,1±0,7 4,3±0,6 3,9±0,6 3,2±0,7 3,9±0,6 3,7±0,6 3,4±0,7 3,4±0,7

Cargo (p)¶ 0,776 0,390 0,063 0,094 0,323 0,647 0,630 0,007 0,279 0,021 0,251 0,597 0,548 0,009

Médico 4,6±0,4 4,2±0,5 4,5±0,4 2,6±0,9 3,8±0,5 3,7±0,4 4,4±0,5 4,5±0,4a 4,0±0,7 3,2±0,9 4,1±0,4 4,0±0,7 3,5±0,5 3,8±0,6ª

Enfermeiro(a) 4,5±0,8 4,5±0,7 4,4±0,4 2,2±0,8 3,4±0,9 3,5±0,6 4,1±0,7 4,2±0,5 3,8±0,7 3,3±0,7 4,0±0,5 3,7±0,7 3,5±1,0 3,7±0,6ª

Equipe administrativa / ACS

4,4±1,0 4,4±0,9 4,2±0,6 2,6±0,7 3,4±0,8 3,7±0,8 4,0±0,7 4,5±0,5a 4,0±0,7 3,4±0,7ª 3,9±0,7 3,7±0,6 3,4±0,7 3,3±0,7

Técnico de enfermagem

4,5±0,6 4,6±0,7 4,4±0,4 2,2±0,7 3,3±0,7 3,6±0,5 4,1±0,7 4,2±0,6 3,9±0,5 3,0±0,6 4,0±0,4 3,7±0,6 3,4±0,6 3,4±0,6

Outros profissionais área médica

4,6±0,8 4,5±0,9 4,4±0,4 2,3±0,7 3,2±0,9 3,6±0,5 4,1±0,6 4,1±0,7b 3,7±0,7 2,9±0,9b 3,7±1,0 3,6±0,6 3,7±0,8 3,7±0,7ª

Outras funções 4,6±0,5 4,8±0,2 4,3±0,4 2,5±0,9 3,4±0,5 3,8±0,4 4,1±0,6 4,4±0,6 4,0±0,6 3,1±0,9 3,7±1,0 3,7±0,4 3,4±0,6 3,2±0,6b

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76

76

Coord. unidade (p)§

0,041

0,170

0,043

0,535

0,011

0,006

0,001

0,527

0,445

0,066

0,016

0,007

0,171

0,011

Sim 4,9±0,2 4,8±0,4 4,6±0,4 2,5±1,0 3,9±0,7 4,1±0,4 4,6±0,3 4,4±0,5 4,0±0,5 4,3±09 4,3±0,3 4,1±0,4 3,7±0,6 3,9±0,6

Não 4,5±0,8 4,5±0,8 4,3±0,5 2,4±0,7 3,4±0,7 3,6±0,6 4,0±0,7 4,3±0,6 3,9±0,7 3,7±0,7 3,8±0,7 3,7±0,6 3,5±0,7 3,4±0,7

Outro vínculo empregatício (p)§

0,192 0,748 0,087 0,327 0,579 0,284 0,105 0,201 0,454 0,751 0,739 0,275 0,297 0,021

Sim 4,9±0,1 4,6±0,9 4,6±0,3 2,1±0,4 3,5±1,0 3,9±0,4 4,4±0,6 4,6±0,2 4,1±0,5 3,3±0,4 3,8±0,7 3,9±0,3 3,8±0,5 4,0±0,5

Não 4,5±0,8 4,5±0,7 4,3±0,5 2,4±0,8 3,4±0,7 3,6±0,6 4,1±0,7 4,3±0,6 3,9±0,7 3,2±0,8 3,9±0,7 3,7±0,6 3,5±0,7 3,4±0,7

Tempo formação (p)¶ 0,354 0,271 0,380 0,118 0,040 0,234 0,421 0,140 0,094 0,706 0,529 0,385 0,697 0,631

até 3 anos 4,4±0,7 4,6±0,5 4,2±0,6 2,2±0,7 3,1±0,8b 3,5±0,6 3,9±0,7 4,2±0,6 3,6±0,7 3,1±0,8 3,7±1,1 3,6±0,6 3,6±0,8 3,4±0,7

de 3 anos e 1 dia a 5 anos

4,2±1,1 4,1±1,2 4,2±0,5 2,3±0,7 3,5±0,5 3,5±1,1 4,1±0,6 4,3±0,6 3,9±0,7 3,4±0,6 3,9±0,5 3,6±0,8 3,5±0,7 3,4±0,8

de 5 anos e 1 dia a 10 anos

4,4±1,0 4,4±0,8 4,3±0,4 2,5±0,8 3,5±0,7 3,8±0,4 4,1±0,7 4,4±0,6 4,0±0,6 3,2±0,8 3,9±0,7 3,9±0,5 3,4±0,7 3,4±0,7

de 10 anos e 1 dia a 20 anos

4,5±0,7 4,5±0,7 4,4±0,4 2,5±0,9 3,3±0,8 3,6±0,8 4,1±0,7 4,4±0,6 3,9±0,6 3,2±0,9 3,9±0,5 3,7±0,7 3,5±0,7 3,5±0,7

21 anos ou mais 4,7±0,4 4,7±0,5 4,4±0,4 2,1±0,5 3,6±0,7ª 3,7±0,4 4,2±0,5 4,2±0,5 3,9±0,5 3,1±0,7 4,0±0,4 3,8±0,6 3,6±0,6 3,6±0,5

§ Teste t0-Student para grupos independentes; ¶Teste de Análise de Variância (One way); Pos Hoc Sheffe, onde médias seguidas de letras iguais não diferem a uma diferença significativa de 5%.

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77

Discussão

No estudo, obteve-se 97% da taxa de respostas. Estudos que avaliam a cultura de

segurança, recomendam que se obtenha o máximo possível de participação dos

profissionais em avaliações de cultura de segurança, pois, quanto maior a taxa de resposta,

mais adequada é a sua representação (SORRA et al., 2016).

Investigações realizadas em outros países evidenciaram taxa de resposta de 71%

no Iêmen (WEBAIR et al., 2017), 52% em Portugal (ORNELAS et al., 2016), na Espanha

37,4% (COGOLLO et al., 2014), 56,2% (PEÑA et al., 2015), 65% nos EUA (HICKNER

et al., 2015) e 29,5% no Canadá (POHLMAN et al., 2016).

O estudo evidenciou resultados positivos da cultura de segurança do paciente na

APS. O achado denota que a cultura está consolidada entre os trabalhadores dos serviços

de saúde da APS no local de investigação. Organizações de saúde com este perfil,

impulsionam a aprendizagem organizacional a partir da ocorrência de incidentes. O

fortalecimento da cultura se dá a partir do envolvimento dos profissionais, no sentido de

potencializar os momentos de discussões de erros e aprendizado coletivo, com vistas ao

cuidado seguro (CAROLLO et al., 2017).

O Seguimento da assistência ao paciente tem sido uma diretriz na APS, e

conceitua-se como o acompanhamento ao longo do tempo ao paciente, relação de

continuidade da atenção, de construção de vínculo e responsabilização entre profissionais

e usuários, acompanhando os efeitos das intervenções em saúde e de outros elementos na

vida das pessoas, evitando a perda de referências e reduzindo os riscos de iatrogenias

decorrentes do desconhecimento das histórias de vida e da falta de coordenação do

cuidado (BRASIL, 2017).

Na presente investigação, trabalhadores com idade superior a 31 anos avaliaram

melhor esta dimensão. Este aspecto influencia no processo de trabalho e como as pessoas

o percebem, mesmo convivendo nas mesmas organizações ou ambientes de trabalho

(PERUZZO et al., 2017). Ainda, é importante realizar reuniões conjuntas com os

diferentes níveis de escolaridade para compartilhar conhecimentos e melhorar a qualidade

do trabalho, pois esta ação colabora para a troca de informações (TOMAZONI et al.,

2017).

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78

No que tange à renda mensal, os profissionais que recebem menor renda avaliaram

melhor esta dimensão. De acordo à premissa da Política Nacional da Atenção Primária à

Saúde, esta infere que todos os profissionais que compõem a equipe de saúde possuem

responsabilidades no acompanhamento e no atendimento das demandas dos pacientes

adscritos no seu território (BRASIL, 2017).

Na presente investigação, os inquiridos com melhores salários perceberam o

trabalho em equipe mais positivamente. Estudo infere que trabalhadores que atuam em

uma mesma unidade de saúde tendem a perceber mais positivamente o trabalho em

equipe, pois compartilham momentos e desenvolvem apego ao seu local de trabalho

(BONDEVIK et al., 2014). Ainda, o cargo de coordenador da unidade, como profissional

líder, atua como facilitador na incorporação dos profissionais que sentem-se excluídos

nas atividades da equipe, por serem orientadores e conciliadores de informações

(PERUZZO et al., 2018).

A dimensão Aspectos relacionados com a segurança do paciente e qualidade

refere-se aos eventos que podem ocorrer na APS e que afetam a segurança do paciente e

a qualidade do atendimento. Tendo em vista o enfrentamento dos EAs durante a

assistência ao paciente, tem-se a publicação de vários estudos (MARCHON et al., 2015;

MAIA et al., 2018; SOUSA et al., 2018) e normativas (BRASIL, PNSP, 2014), que visam

auxiliar os gestores e profissionais de saúde a assegurar um cuidado à saúde de qualidade.

A dimensão Troca de informações com outros setores é aspecto importante para

a continuidade do cuidado seguro e a forma como o serviço realiza as trocas de

informações completas e precisas com outros serviços de saúde, relacionados à segurança

do paciente (SORRA et al., 2016). O resultado positivo em nosso estudo indica que os

profissionais realizavam a referência e contrarreferência do usuário e havia comunicação

entre os diferentes pontos da rede de atenção à saúde na assistência ao paciente.

Em contraponto a este achado, estudo evidenciou avaliação negativa nessa

dimensão, compreendendo ser uma área que necessita de melhora, pois utiliza a

tecnologia da informação dos diferentes níveis de assistência e deve ter maior

envolvimento dos profissionais assistentes (ROMERO et al., 2017).

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79

Relacionada à variável sexo, que teve diferença estatística, os homens tiveram

escores superiores. Estudo denota que este achado pode relacionar-se ao fato que homens

aceitam diferentes pontos de vista mais facilmente do que as mulheres (BONDEVIK et

al., 2014) e isso colabora para a troca de informações pertinentes ao cuidado do paciente

nos diferentes pontos da rede de atenção à saúde.

Na dimensão Comunicação aberta, houve diferença para as variáveis sexo e ser

coordenador da unidade, onde estas variáveis tiveram médias muito positivas (>4).

Relacionado ao sexo, homens tiveram escores superiores aos das mulheres. Estudo

realizado na Espanha vem de encontro a presente pesquisa, pois evidencia que as

mulheres se envolvem mais na comunicação e fazem visitas mais longas aos seus

pacientes, quando comparadas aos homens (PEÑA et al., 2015).

Relacionado ao cargo de coordenador da unidade, estudo demonstra que uma das

características mais evidentes dos gestores de saúde da APS é a comunicação, além da

liderança, organização, planejamento, agilidade, bom relacionamento, conhecimento,

criatividade e capacidade de motivação. Demonstra, ainda, os benefícios que a formação

direcionada a esta linha de trabalho proporciona para o processo de gestão em saúde

(PEITER et al., 2017).

Estudo que avaliou desafios de trabalhar em equipe na APS, mostra que a equipe

multiprofissional percebe a comunicação aberta como um aspecto facilitador do trabalho,

e necessita ser realizada de forma direta, sincera, respeitosa e colaborativa, mesmo em

divergência de ideias entre os profissionais. A forma de estreitar relações e favorecer a

comunicação aberta no cotidiano de trabalho é por meio das reuniões de equipe, as quais

são vistas como momento de integração e construção para um ambiente de trabalho

harmonioso, ocasião para estreitar as relações entre a equipe e planejamento das ações

(PERUZZO et al., 2018).

A dimensão Comunicação sobre o erro teve diferença significativa nas variáveis

tempo de trabalho. Resultado foi semelhante em estudo árabe e relacionou que pode ser

melhorado se houver inclusão dos profissionais da equipe para relatar incidentes, levantar

questões e preocupações quando algo não parece certo, além de motivar os funcionários

a expressarem suas opiniões direcionadas à melhora da segurança do paciente (ZOGHBI

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80

et al., 2018). Ao se realizarem ações de melhorias através da abordagem sistêmica do erro

e da aprendizagem organizacional, haverá a longo prazo a baixa rotatividade de

profissionais nos setores laborais e autonomia dos profissionais acerca do cuidado seguro,

o que colabora para a segurança do paciente (FERMO et al., 2015).

A dimensão Aprendizagem Organizacional teve diferença estatística para a

variável relacionada ser coordenador da unidade. Entende-se que a aprendizagem da

equipe em nível organizacional ainda é incipiente na área da saúde, em que é necessário

um aprendizado coletivo e efetivo, que consiste em facilitar uma cultura para desenvolver

intervenções educativas com objetivo de mudar opiniões e práticas individuais,

relacionadas às interações ocorridas no ambiente de trabalho (LEBBON et al., 2015).

Ainda, a assistência à saúde do usuário pode fragilizar-se se não houver suporte à

aprendizagem relacionada à assistência e segurança do paciente, que norteie a decisão do

gestor com vistas a aprimorar o trabalho de sua equipe (PARANAGUÁ et al., 2016).

A dimensão Percepção Global sobre Segurança do paciente e qualidade,

relaciona-se a procedimentos do consultório são efetivos para prevenir erros e evitar que

se repitam. Também sobre a qualidade do atendimento ao paciente ser mais importante

do que a quantidade do trabalho (SORRA et al., 2016).

Esta dimensão teve diferença estatística para variáveis relacionadas ao tempo de

trabalho. A melhor percepção dos profissionais que atuavam há mais tempo no serviço

pode estar relacionada a acompanharem o processo de remodelação da estrutura da

organização nos serviços da APS, que vem gradativamente melhorando, com

implementações de novas políticas e processos de trabalho relacionados à atenção à

saúde. Este resultado também foi encontrado em outro estudo (ZOGHBI et al., 2018).

Relacionado ao cargo de coordenador da unidade, estudo mostra que o suporte à

aprendizagem oferecido pelo chefe imediato é percebido como negativo pelos

profissionais, quando os chefes tendem a inibir novas habilidades e ignorar mudanças

propostas a partir do conhecimento adquirido em treinamentos (PARANAGUÁ et al.,

2016).

A dimensão Processo de Trabalho e Padronização refere-se a como se dão o

processo e a padronização das tarefas na unidade de saúde, evidenciando-se médias

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positivas mais altas para a variável ser coordenador da unidade, em comparação aos

demais cargos profissionais. Este achado permite inferir que os demais profissionais

precisam desenvolver estratégias para seguir os processos padronizados para realizar as

atividades diárias, bem como implementar procedimentos para verificar se o trabalho foi

realizado adequadamente.

Para tanto, durante o processo de trabalho e padronização, é indispensável um

bom gerenciamento de conflitos e problemas, disponibilidade de informações para

tomada de decisões e supervisão adequada, pois estes fatores possibilitam maior

desempenho e a produtividade no trabalho (FERMO et al., 2015). Também, a autonomia

profissional pode ser evidenciada a partir da coordenação do cuidado em saúde, na

perspectiva da comunicação entre profissionais e serviços, com vistas a um clima

organizacional mais efetivo (SOUSA et al., 2017).

Estudo evidencia que, muitas vezes, os profissionais da APS não conseguem

atender à demanda espontânea da unidade, fazendo-se necessário direcionar os pacientes

a buscar atendimento em unidades de pronto atendimento, evidenciando a fragilidade no

processo de trabalho e a padronização das tarefas da equipe. Esta ação gera percepções

negativas para o atendimento da APS e aponta necessidade de melhorias na gestão do

serviço, treinamento e planejamento dos profissionais e no acesso às consultas (GOMIDE

et al., 2018). O não atendimento aos usuários que procuram a APS vai contra os princípios

do SUS, que pregam o acolhimento no nível primário como importante estratégia de

reorganização do trabalho em equipe e não se restringe apenas a uma triagem para

atendimento médico (BRASIL, 2013).

Na dimensão Avaliação Geral sobre segurança do paciente, a diferença

estatística para variável sexo. Resultado semelhante foi encontrado em estudo na

Noruega, em que os homens tiveram maiores pontuações de segurança do paciente,

sugerindo que as mulheres possivelmente identificam mais riscos do que os homens

(BONDEVIK et al., 2014).

A dimensão Avaliação global sobre a qualidade teve diferença para as variáveis

relacionadas ao sexo, escolaridade, renda, cargo, ser coordenador da unidade e ter outro

vínculo empregatício. Refere-se à qualidade da atenção à saúde, se o serviço é centrado

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82

no paciente, quando é sensível às preferências, necessidades e valores individuais do

paciente. Ser eficaz, quando é baseado no conhecimento científico. Ser oportuno, quando

minimiza as esperas e os atrasos potencialmente prejudiciais. Ser eficiente, quando

garante um atendimento econômico (evita desperdício, uso excessivo e serviços). Ser

equitativo, quando fornece a mesma qualidade de atendimento a todos os indivíduos,

independentemente do sexo, raça, etnia, nível socioeconômico, idioma (SORRA et al.,

2016).

Especialistas em cultura de segurança enfatizam a importância de uma cultura

compartilhada entre toda equipe envolvida na assistência, pois a falta de consenso entre

todos pode prejudicar a meta comum. Com o esforço de toda equipe para melhorar o

desempenho da qualidade e segurança, promover uma forte cultura de segurança é um

desafio constante (HICKNER et al., 2015).

Relacionado à escolaridade, entre os trabalhadores inquiridos, destaca-se que

profissionais com graduação incompleta e pós-graduação perceberam algumas dimensões

mais positivas do que os trabalhadores de menor escolaridade. Este fato denota que

aqueles que buscam qualificação além da exigência do seu cargo (MINUZZI et al., 2016),

potencializa a segurança do paciente.

Em relação a ter outro vínculo empregatício, achado contrapõe-se com outros

autores, pois estudo realizado com a equipe de enfermagem destaca que os profissionais

que possuem mais de um vínculo empregatício, buscam qualificar-se profissionalmente

e conciliam afazeres domiciliares podem desenvolver o estresse e a Síndrome de Burnout,

em função da elevada carga de trabalho e pelo comprometimento do seu descanso. Além

disso, longas jornadas de trabalho somadas à sobrecarga de trabalho levam à fadiga e

esgotamento físico e psicológico dos profissionais, podendo levar a resultados negativos

no cuidado dispensado ao paciente, comprometendo sua segurança (RODRIGUES,

SANTOS, SOUSA, 2017). Este achado pode ser estendido a todos os profissionais da

equipe que realizam assistência ao paciente.

Na dimensão Treinamento da Equipe as médias foram positivas e relacionam-

se à garantia de treinamento das tarefas. Assim, algumas das variáveis em que houve

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significância estatística foram não ser residente, ser coordenador da unidade e o tempo de

formação.

Estudo realizado com residentes de medicina evidencia que os resultados da

cultura de segurança do paciente são mais baixos nos anos finais de sua formação do que

no início da formação de sua especialidade, indicando que a segurança do paciente deve

ser uma das áreas de conhecimento que os estudantes residentes devem adquirir

(ROMERO et al., 2017).

Esse resultado pode estar relacionado a que os profissionais que possuem menos

tempo de formação dispõem de menos treinamentos e capacitações, comparados aos

trabalhadores com maior tempo de formação e atuação profissional. Estudo afirma que

desenvolver treinamentos, educação permanente, capacitações, cursos, seminários,

pesquisas, haver reuniões periódicas para a equipe discutir e conseguir organizar o

processo de trabalho e ter um feedback das atividades realizadas são maneiras de

aperfeiçoar a cultura de segurança do paciente na APS (SOUZA et al., 2019).

Investigação que avaliou a relação entre educação e segurança do paciente

evidencia que os participantes ainda possuíam uma visão tradicional do que foi ensinado

no passado e relacionam que treinamento e educação continuada são as importantes

estratégias para qualificar a cultura de segurança do paciente. Refere também ser

necessário haver mudanças na formação profissional relacionadas ao tema atual, e que as

qualificações por meio de palestras, cursos e treinamentos durante o período de trabalho

são estratégias eficazes para conhecer a temática segurança do paciente (WEGNER et al.,

2016), o que pode ser facilitado pelo coordenador atuante na equipe.

A dimensão Apoio dos Gestores na Segurança do Paciente teve diferença

estatística para variáveis relacionadas ao cargo de trabalho. É primordial que a gestão

apoie o trabalho diário dos profissionais e motive a comunicação, e a troca de informações

em tempo oportuno relacionadas aos eventos adversos que possam prejudicar as

atividades dos profissionais. Também é importante que gestores ressaltem questões

relacionadas à segurança e recebam críticas e diferentes opiniões de forma positiva,

estimulem o feedback, determinem padrões de segurança e incentivem capacitações para

os trabalhadores (FERMO et al., 2015).

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Neste estudo, a Pressão e ritmo de trabalho alcançou valores mais baixos e

relaciona-se como a carga de trabalho impacta no descuido do paciente. Resultado

semelhante foi encontrado em outros estudos (COGOLLO et al., 2014; PENÃ et al., 2015;

ROMERO et al., 2017; WEBAIR et al., 2015; ZOGHBI et al., 2018).

A sobrecarga de trabalho pode ser decorrente da elevada demanda de

atendimentos dos usuários, exigência de produção pelos gestores, rotatividade ou

ausência de trabalhadores, o que influencia diretamente na oferta de serviço, implicando

no cuidado prestado. Ainda, algumas equipes são permeadas por alta taxa de violência e

vulnerabilidade social, fato que influencia a forma como a equipe organiza sua rotina de

trabalho para conseguir atender à demanda de cuidados, gerando fadiga e desprazer na

equipe de saúde (MENEZES et al., 2018).

Houve diferença estatística relacionada à renda dos profissionais, na qual aqueles

com menor renda obtiveram médias mais altas. Neste estudo, também houve diferença

com a variável tempo de trabalho, elevando as médias os profissionais que atuavam de

seis anos a menos de 11 anos, comparados com os de três anos a menos de seis anos.

Estudo aponta que com o passar dos anos há maior pressão e carga de trabalho, e

este fato deve ser observado e modificado pelo serviço de saúde para haver melhoria

contínua durante o processo de trabalho (ZOHGBI et al., 2018). Quando há satisfação

laboral dos trabalhadores, é provável que haja menor rotatividade profissional (FERMO

et al., 2015).

A baixa média para esta dimensão pode estar relacionada à excessiva demanda de

usuários que buscam atendimento na unidade de saúde, o que colabora para os

profissionais evidenciarem pressão e sobrecarga de trabalho. Conforme estabelece a

PNAB, no que tange às especificidades da saúde da família, cada equipe deve ser

responsável por, no máximo, quatro mil pessoas, sendo a média recomendada de três mil

pessoas, respeitando critérios de equidade para esta definição (BRASIL, 2017).

Outra questão relacionada a Pressão e Ritmo de trabalho pode ser o fato de o

serviço ter aderido ao acolhimento dos usuários, abolindo a antiga cultura da fila de espera

para o acesso às consultas. Este fato favorece o acesso, na medida em que o serviço amplia

a capacidade de escuta das demandas das pessoas (BRASIL, 2013).

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85

Estudo que investigou os fatores que influenciam no acesso ao serviço de saúde,

salienta que a prática do acolhimento na APS, muitas vezes, é identificada como falha na

ótica dos profissionais, pois uma parcela de usuários utiliza o serviço de forma

desnecessária pelo fácil acesso, dificultando a identificação das reais necessidades dos

outros pacientes, e causando o posterior desinteresse do profissional em perguntar qual é

o problema que trouxe o usuário até a unidade (VIEGAS et al., 2015).

Conclusão

Este estudo evidencia que os profissionais inquiridos expressam cultura de

segurança positiva, exceto na dimensão Pressão e ritmo de trabalho. O resultado

demonstra que os trabalhadores e gestores do serviço devem direcionar olhares para esta

dimensão e pensar em estratégias que possam melhorar a rotina e a carga de trabalho

vivenciada diariamente.

Entende-se que o usuário utiliza diariamente as diversas tecnologias disponíveis

da APS e a pressão e a carga de trabalho afetam diretamente a qualidade da assistência

dispensada, sendo necessário o diálogo entre a equipe e acordo de ideias, com vistas ao

enfrentamento de erros no cuidado à saúde.

As variáveis contribuintes que apresentaram diferença estatística foram: sexo,

idade superior a 31 anos, escolaridade, salário superior a três salários mínimos, trabalhar

há mais tempo na unidade e ser gestor.

Os resultados desta pesquisa podem servir de ensejo para gestores e trabalhadores

de saúde observarem e refletirem sobre perfis e maneiras de melhorar o processo de

trabalho dentro da sua unidade de saúde, expressando uma cultura de segurança positiva.

Sugerem-se novos estudos que avaliem a cultura de segurança do paciente e que

façam relação com o número de pessoas cadastradas na unidade, tendo em vista o achado

encontrado neste estudo.

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86

Referências

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7 ANÁLISE DOS COMENTÁRIOS SOBRE SEGURANÇA E QUALIDADE

ASSISTENCIAL DO SERVIÇO DE SAÚDE.

A seguir, estão apresentados os comentários apontados pelos participantes, no

intuito de aperfeiçoar a segurança e a qualidade da assistência no serviço em que atuam.

Estas recomendações foram dispostas como estavam descritas no instrumento de coleta

de dados (Seção I), organizadas por similaridade de ideias e as respostas que se repetiram,

semelhantes ou com mesmo sentido, foram suprimidas. Do total de 188 profissionais

participantes da pesquisa, 56 responderam esta seção (Percentual de 29,6%). Quadro2.

Quadro 2. Comentários sobre segurança e qualidade assistencial do serviço atuante,

realizados pelos trabalhadores inquiridos.

Agrupamento por similaridade de

ideias

Comentários realizado pelos participantes do estudo

Capacitação -Capacitação/atualização nos serviços sobre o tema; -Troca de experiências entre serviços/rodízios de funcionários; -Atualização do conhecimento, aplicação e avaliação das atividades realizadas; -Capacitação técnica/cientifica dos profissionais, criação de protocolos no serviço de saúde; -Viabilizar implementação de linha de cuidado sobre segurança do paciente intersetorial.

Qualidade assistencial

-Pressão em relação a quantidade de atendimento, não se importando com a qualidade do cuidado; - O serviço de saúde precisa atentar para a segurança e qualidade do atendimento. Atualmente há preocupação com números de atendimento.

Condições e sobrecarga de trabalho

-Pacientes não são bem atendidos pela falta de profissionais; -Adequar o número de população atendida para cada unidade; -Acúmulo de atividades, excesso de atribuições, as vezes não relacionado ao cargo exercido; -Ter maior número de profissionais multidisciplinares, mais dias por semana; -A organização dos fluxos de trabalho facilitaria e qualificaria o nosso entendimento (Definir a responsabilidade de cada um); - Ter outro meio para facilitar a demanda burocrática, além da informatização já instalada, pois esta demanda é crescente.

- Falta transporte e motorista para realizar visita domiciliar;

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Materiais/insumos e infraestrutura de trabalho

-Melhorar a quantidade de equipamentos e/ou manutenção de equipamentos com defeito; -Ofertar mais EPI�s para os trabalhadores; -Melhorar a estrutura física da unidade;

Corresponsabilização do usuário

-Pacientes esquecem de fazer exames ou não retornam aos serviços para mostrar resultados de exames, dificultando seu acompanhamento pela equipe.

Trabalho em equipe -A experiência do trabalho em equipe fortalecido através de protocolos técnicos assistenciais e jurídicos de enfermagem trazem muita segurança e qualidade ao acolhimento do usuário; -A gestão da instituição é comprometida com a segurança e a qualidade do serviço que presta; -Excelente trabalho realizado pela equipe multidisciplinar no cuidado do paciente, sempre visando a segurança e qualidade do serviço prestado; -Toda equipe é qualificada e responsável pelo atendimento, prestando um serviço de qualidade; -Equipe é muito empenhada no acolhimento e tratamento do paciente; -Mudanças na equipe geraram uma grande melhoria; -Com a união e motivação da equipe podemos oferecer mais qualidade ao usuário, com um atendimento humanizado; -A presença da residência interdisciplinar é um ponto positivo na qualidade e integralidade do cuidado dos usuários; -Importância de vínculo via concurso público e da dedicação exclusiva na qualidade assistencial e resolutividade no serviço.

Cultura Punitiva -Os gestores deveriam aproveitar os erros para qualificar o processo de trabalho e não para punir.

Comunicação -A equipe tem facilidade de diálogo entre si para promover melhorias no atendimento e torná-lo mais eficiente e seguro; - Liberdade de crítica e auto crítica entre os profissionais.

Falta de incentivo dos gestores

-Falta incentivo dos gestores para qualificação do trabalho; -A segurança e a qualidade assistencial na atenção primária a saúde necessitam de maior credibilidade e apoio em rede de atenção.

Fonte: Dados da pesquisa 2018. Elaborado pela autora.

Conforme o quadro acima, a similaridade dos comentários foi identificada a partir

da análise das respostas e as respostas que prevaleceram permitem identificar:

capacitação, qualidade assistencial, condições e sobrecarga de trabalho,

materiais/insumos e infraestrutura de trabalho, corresponsabilização do usuário, trabalho

em equipe, cultura punitiva, comunicação e falta de incentivo dos gestores. No que se

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refere ao baixo índice das respostas para essa pergunta, muitos questionários foram

entregues com esta seção em branco. Alguns profissionais não compreenderam a

importância de contribuir com sua resposta para melhorar a qualidade e segurança do

paciente na sua unidade de trabalho.

Os comentários relacionados no primeiro item, referem-se a Capacitação, na qual

os trabalhadores identificam carências nos seus serviços. Segundo a literatura, evidencia-

se que as capacitações relacionadas a segurança do paciente para trabalhadores, mostram-

se positivas, pois tendem a promover mudanças significativas na cultura de segurança dos

serviços de saúde, colaborando para ações e competências voltadas a assistência segura

(MIAKE-LYE et al., 2013). Também aponta o interesse do trabalhador em aprimorar sua

formação inicial, para melhorar suas práticas e promover uma assistência sólida e

qualificada (FERMO et al, 2016).

Os trabalhadores também ressaltaram a troca de experiência entre serviços e

rodízio de funcionários. Autores defendem que a troca de experiência em trabalhadores

favorece a discussão e compartilhamento de diferentes saberes, resultando em uma

aprendizagem organizacional (ASTIER-PENA et al., 2015; TABRIZCHI, SEDAGHAT,

2012; HICKNER et al., 2015). Houve também apontamento sobre a criação de protocolos

no serviço de saúde. Esta prática fortalece a assistência, pois define-se como uma barreira

para prevenir riscos e eventos adversos e pode ser feita por meio de ações simples, como

o cumprimento do protocolo específicos, seguidos pelo trabalhador (OLIVEIRA et al.,

2014). A criação de protocolos voltados para APS é feita com a intenção de proporcionar

eficiência e facilidade para a equipe durante o atendimento ao usuário, visando uma

abordagem adequada, permitindo um acolhimento ordenado e qualificado com a

participação de toda equipe (CASALENGUA et al, 2013; PEÑA et al 2015; CAÑADAS

et al, 2016).

A indicação de viabilizar a linha de cuidado sobre segurança do paciente

intersetorial mostra que os trabalhadores percebem a necessidade de articulação dos

pontos da rede de atenção. Esta observação é corroborada com o objetivo do Programa

Nacional de Segurança do Paciente, de contribuir para a qualificação do cuidado em saúde

em todos os estabelecimentos de saúde, por meio da elaboração de planos locais de

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qualidade e segurança do paciente, com ações monitoradas por indicadores, gerido por

uma instância (núcleo) responsável e de uma política de estímulo à utilização rotineira de

protocolos e diretrizes clínicas (BRASIL, 2014).

O item seguinte relaciona-se a Qualidade da assistência, na qual os trabalhadores

apontam que são pressionados pelo serviço gestor, em relação a quantidade de

atendimento, não se importando com a qualidade do cuidado. Estudo realizado em um

país menos desenvolvido, teve resultado baixo para o acompanhamento/seguimento no

cuidado de saúde do paciente, sugerindo que para conseguir êxito nesta área, deve-se

aumentar o número de profissionais por unidade de saúde (WEBAIR et al., 2017), pois

muitas vezes a qualidade da assistência fica comprometida pela sobrecarga de trabalho,

sendo que esta, foi outra opinião apontada pelos trabalhadores desta pesquisa.

Quanto as Condições e Sobrecarga de trabalho, os respondentes afirmar-se que os

pacientes não são bem atendidos pela falta de profissionais. Autores mostram que, quando

os usuários encontram barreiras para a resolutividade de sua demanda na APS, como por

exemplo, a falta de profissionais, acabam buscando tentar resolver seu problema em

outros pontos da rede de atenção, como nas urgências ou em níveis secundários de

atendimento. Além disso, a APS ainda perde seu potencial de possibilitar a formação de

redes no atendimento dos pacientes (CAMPOS et al., 2014).

Quanto aos comentários sobre a adequação do número da população atendida para

cada unidade, reflete que os profissionais sofrem com o excesso de atribuições e tendem

ao acúmulo de atividades, muitas vezes não relacionado ao cargo exercido, denotando

que experimentam situações estressantes durante sua jornada laboral. Magalhães et al.,

2013, diz que relacionado a estes fatos, os trabalhadores em condições nocivas à saúde

tendem a desenvolver uma sobrecarga de trabalho mental e física, o que pode resultar em

uma baixa qualidade assistencial aos usuários. Estudo também reforça a importância de

que um ambiente de trabalho com excessiva demanda e que exige dos trabalhadores uma

adaptação a estes diversos impasses, pode favorecer o desenvolvimento da Síndrome de

Burnout, e em consequência resultar em baixa capacidade de segurança do paciente, em

função da rotina estressante (RODRIGUES; SANTOS; SOUZA, 2017).

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Outro aspecto relatado foi em relação a organização do fluxo de trabalho, pois

facilita e qualifica o atendimento. Segundo o Programa Nacional de Segurança do

Paciente, é importante que se conheça os fatores que propiciam o desenvolvimento de

incidentes nos serviços de saúde, sendo que um destes, pode ser por fatores humanos,

quando relacionado ao profissional de saúde, ou sistêmico, quando relacionado ao

ambiente de trabalho. Nessa perspectiva, reflete-se que organizar o fluxo de trabalho, bem

como definir de responsabilidade de cada profissional, faz com que minimize a ocorrência

de incidentes nos ambientes de saúde, pois a criação de protocolos é uma maneira de

barrar de erros ou reduzir falhas (BRASIL, 2014).

A resolutividade quanto a demanda burocrática, além da informatização já

instalada, também foi pontuada como crescente. Tem-se em vista que a tecnologia da

informação em saúde é um dispositivo importante para melhorar a qualidade e a

segurança da saúde. No entanto, é necessário conhecer em qual ferramenta deve-se

investir para qualificar o serviço, pois evidencia-se, que algumas podem apresentam

limitações para melhorar aspectos relacionados à segurança do paciente, como por

exemplo, filtrar erros de prescrição ou registro médico, dar apoio e suporte na decisão

clínica, filtrar erros no dispensação e administração de medicamentos, falhas no

gerenciamento de prontuário dos pacientes ou detectar relatórios de incidentes

(ALOTAIBI et al., 2017).

No que tange sobre os comentários sobre Materiais/insumos e infraestrutura de

trabalho, os trabalhadores apontaram que há falta de transporte e motorista para realizar

visita domiciliar, deve-se melhorar a quantidade de equipamentos e/ou manutenção de

equipamentos com defeito, ofertar mais EPI�s para os trabalhadores e melhorar a estrutura

física da unidade. Estudo realizado em Portugal, também identificou problemas

semelhantes nos serviços de saúde e recomendou que estas situações precisam ser

atendidas e resolvidas rapidamente, pois interfere na qualidade do atendimento prestado

ao paciente (ORNELAS et al., 2016).

Outro aspecto elencado foi em relação a corresponsabilização do usuário, pois

referem que os pacientes esquecem de fazer exames ou não retornam aos serviços para

mostrar resultados, o que dificulta o acompanhamento pela equipe. O engajamento do

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usuário durante o processo de cuidado deve ser incentivado, pois implica tanto no

comprometimento do paciente, quanto de seus familiares, sendo fundamental para a

segurança do paciente em todos os níveis de atenção (BRASIL, 2014), pois esta ação

pode servir de barreira para mitigar a ocorrência de eventos adversos, bem como ajudar

a identificar e prevenir a ocorrência de erros (LEMOS et al., 2018).

O Trabalho em equipe foi referido pelos trabalhadores de forma positiva de acordo

comentários. Vários autores afirmam que o trabalho em equipe quando realizado de forma

integrada, traz resultados positivos durante a assistência à saúde do usuário. O estímulo

do trabalho em equipe é fundamental em uma cultura positiva, pois relaciona-se com o

apoio que os trabalhadores dão uns aos outros, trabalhando em conjunto e de forma

respeitosa. Apesar de equipes de saúde possuírem processo e rotinas de trabalhos

particulares, ainda são interdependentes (LEMOS et al., 2018).

Ainda foi pontuado acerca da Cultura Punitiva, relacionando que os gestores

deveriam aproveitar os erros para qualificar o processo de trabalho e não para punir.

Estudos mostram que em uma cultura patológica, quando há punição frente ao erro, perde-

se a oportunidade de aprendizagem sobre o ocorrido, pois devido ao medo da penalidade,

encoraja-se o ato de silenciar os erros, desmotivando os trabalhadores a relatar eventos

adversos ocorridos durante a assistência ao paciente (GHOBASHI et al., 2014).

Quanto a Comunicação, os respondentes comentaram pontos positivos sobre a

equipe de sua unidade, pois esta tem facilidade de diálogo entre si para promover

melhorias no atendimento e torná-lo mais eficiente e seguro. Também dizem que

necessário haver maior liberdade de crítica e auto crítica entre os profissionais. Estudo

realizado no Iêmen, mostra que a comunicação entre os integrantes da equipe de saúde

precisa ser mais clara e direta, pois esta ação incentiva críticas construtivas e favorece a

descoberta de erros, bem como a conscientização de como evitá-los no futuro (WEBAIR

et al., 2017).

A comunicação entre os profissionais deve ser uma prática permanente no serviço.

Porém para que isso ocorra, é necessário que se tenha um ambiente favorável, sem medo

de punição, pois ela favorece a troca de diálogo entre diferentes categorias e troca de

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experiências, o que resulta em aprendizagem organizacional e cultura positiva

(TABRIZCHI, SEDAGHAT, 2012).

Estudo afirma que a comunicação entre a equipe interdisciplinar é o ponto chave

para se ter um ambiente inovador no campo da saúde, pois quando ocorre com

efetividade, resulta um cuidado inseguro, com potencial para desfechos negativos.

Evidencia-se que trabalhar com programas de treinamento para habilitar a comunicação,

simular práticas e padronizar maneira de como trocar informação sobre o paciente,

canalizam formas eficientes para uma comunicação eficaz (NOGUEIRA, RODRIGUES,

2015).

Por fim, os aspectos relatados acerca da Falta de incentivo dos gestores,

relacionados tanto para a qualificação do trabalho, como para a falta de apoio e

credibilidade na segurança e a qualidade assistencial nos serviços da APS. Esta categoria

apontada, demonstra- se como preocupante, pois os gestores são elementos fundamentais

para a cultura positiva no local de trabalho, visto que podem desenvolver estratégias para

identificar problemas e criar sistemas eficazes (PEÑA et al., 2015) por possuírem

experiência profissional ou realizarem trabalhos na área gerencial (TABRIZCHI,

SEDAGHAT, 2012). Estudo demonstrou que uma das maiores pontuações a segurança

do paciente, foi para gestores que aceitam as sugestões da equipe (ASTUDILLO et al.,

2015).

Ademais, estudo aponta que os gestores podem ser peças-chave para incentivar

comunicação, pois facilitam a agregação e diálogo entre as equipes, diminuindo as

barreiras de hierárquias entre colaboradores e líderes. Tudo isso alia-se ao fato de produzir

um ambiente de trabalho favorável, com boa convivência entre a equipe, resultando em

uma assistência segura aos usuários (LEMOS et al., 2018).

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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo evidencia que os profissionais inquiridos apresentam cultura de

segurança positiva, exceto na dimensão Pressão e ritmo de trabalho. Este achado denota

que a cultura está consolidada entre os trabalhadores das unidades de saúde investigadas,

e que os serviços de saúde inquiridos possuem processos de trabalhos qualificados e

centrados no paciente, realizam seus trabalhos de forma efetiva e pontual, são eficientes,

e desta maneira ofertam um cuidado de bom custo-benefício e são imparciais, pois

proporcionam a mesma qualidade de cuidados a todos os indivíduos.

Na dimensão Pressão e ritmo de trabalho, que obteve baixa pontuação, o resultado

denota que os profissionais e gestores de saúde devem direcionar olhares para esta

dimensão e pensar em estratégias que possam melhorar a rotina e a carga de trabalho

vivenciada diariamente, no intuito de melhorar o ambiente e o processo de trabalho da

equipe, efetivar ações de saúde com qualidade e segurança assistencial, com vistas ao

enfrentamento de erros durante o cuidado ao paciente.

Pertinente ao perfil dos trabalhadores, destacou-se que a maioria tinha idade maior

que 31 anos, eram do sexo feminino, com companheiros, tinham ensino médio, possuíam

renda maior que três salários mínimos, o tempo de formação na área foi de cinco anos e

um dia a 10 anos, trabalhavam no serviço há 11 anos ou mais, com carga horária de 33 à

40 horas semanais, vínculo empregatício concursado, não possuíam outro emprego, a

categoria prevalente foi dos Agentes Comunitários de Saúde, a maioria não atuava como

residente e a maioria não era coordenador da unidade.

Referente as variáveis que tiveram diferença estatística entre os grupos destacou-

se o sexo, idade, escolaridade, renda, tempo de trabalho, ser coordenador da unidade, ser

residente, ter outro vínculo empregatício, o cargo e o tempo de formação.

Relacionado ao estudo de validação psicométrica do instrumento Pesquisa sobre

Cultura de Segurança para Atenção Primária à Saúde, constata-se a originalidade da

pesquisa, uma vez que não há estudos realizados no Brasil, até o momento. O resultado

contribui para futuras investigações a serem realizadas em outras regiões do país,

possibilitando comparações. Futuros estudos utilizando este instrumento podem ser

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desenvolvidos para conhecer a presente cultura de segurança, que permeia o trabalho

dos profissionais de saúde, realizar sua avaliação com o passar do tempo e implementar

intervenções com vistas à melhoria da assistência segura e redução de EAs. Recomenda-

se ainda, investigações de abordagem qualitativa, para conhecer e aprofundar opinião

dos trabalhadores de saúde em relação a cultura de segurança do paciente na APS.

Os resultados desta pesquisa podem servir de oportunidade para gestores e

trabalhadores de saúde observarem e refletirem sobre perfis e maneiras de melhorar o

processo de trabalho dentro da sua unidade de saúde, expressando uma cultura de

segurança positiva.

Por fim, espera-se que este estudo sirva de ensejo para futuras pesquisas, pois

colabora para superar a lacuna do conhecimento na realidade brasileira, uma vez que o

tema cultura de segurança do paciente no foco da Atenção Primária, ainda é um campo a

ser explorado, tendo em vista a sua importância por contribuir para a segurança e

qualidade assistencial dispensada ao usuário.

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APÊNDICES

Apêndice A

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Prezado(a) Senhor(a)

Estamos desenvolvendo uma pesquisa cujo título é �Segurança do paciente na

perspectiva da equipe multiprofissional atuante na atenção primária à saúde�. Este

trabalho é resultado de dissertação de mestrado em Atenção Integral à Saúde realizada na

Universidade regional do Noroeste do Rio Grande do Sul � UNIJUI. Este é um convite

para o(a) Sr.(a) participar desta pesquisa e cabe ao(a) Sr.(a) decidir se quer participar. Se

estiver interessado(a) em participar, deve ler este termo, rubricar todas as vias e assinar a

última via para mostrar que concorda em participar da pesquisa. Esta pesquisa se justifica

pela importância de realizar pesquisas sobre o tema segurança do paciente na Atenção

Primária à Saúde, uma vez que esta é lacuna do conhecimento no Brasil e tem como

objetivo avaliar a cultura de segurança do paciente na Atenção Primária à Saúde, por meio

da Pesquisa sobre Cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde na

perspectiva da equipe multiprofissional que atua direta ou indiretamente com o paciente.

A metodologia utilizada para a realização da pesquisa é um estudo transversal de caráter

quantitativo. Para a inserção dos dados será utilizado o PASW Statistics® (Predictive

Analytics Software, da SPSS Inc., Chicago - USA) 18.0 for Windows. Após a verificação

de erros e inconsistências, a análise dos dados será realizada no mesmo programa. Na

pesquisa, serão incluídos profissionais da equipe multiprofissional de Equipes de Saúde

Família e Unidades Básicas de Saúde que atuem na unidade há 30 dias e que trabalhem

20 horas semanais, no mínimo. Serão excluídos da pesquisa os profissionais que

estiverem em licença saúde no período de coleta de dados. Os aspectos éticos serão

observados conforme preceitos da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional da Saúde,

que estabelece parâmetros para pesquisas que envolvem seres humanos. Como risco, a

participação no estudo poderá acarretar desconforto ao paciente ao responder o

questionário. Caso isso ocorra, o entrevistado poderá interromper a participação, sem

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quaisquer danos, podendo retomá-la em outra oportunidade ou não, se assim o desejar.

Como benefícios, ressalta-se que esta pesquisa não envolverá nenhum benefício direto

(financeiro) ou brindes ao pesquisado. Entretanto, os resultados encontrados na pesquisa

poderão ser utilizados pelos profissionais e pela instituição pesquisada, na promoção e

implementação de estratégias de ação segura na assistência prestada ao paciente e

melhoria do serviço. Os instrumentos preenchidos permanecerão sob a guarda da

pesquisadora, na sala do Departamento de Ciências da Vida, por um período de cinco

anos, podendo ser utilizados como banco de dados para pesquisas futuras, e após o tempo

pré-estabelecido serão destruídos (incinerados). A pesquisadora terá o compromisso com

a privacidade e a confidencialidade dos dados utilizados, preservando o anonimato dos

profissionais e instituições participantes. Após a análise dos dados, será elaborado um

relatório de pesquisa e os resultados serão apresentados para os trabalhadores que

participarem da pesquisa, com pretenção pontuar itens importantes do serviço e, se

necessário, melhorar a qualidade do serviço em que atuam. Também serão produzidos

artigos para que contribuam para a comunidade científica na reflexão e mudança neste

cenário. Nós, pesquisadores, garantimos que seu anonimato está assegurado e as

informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos vinculados a este projeto

de pesquisa, podendo o Sr.(a) ter acesso às suas informações e realizar qualquer

modificação no seu conteúdo, se julgar necessário. O(A) Sr.(a) tem liberdade para

recusar-se a participar da pesquisa, ou desistir dela a qualquer momento sem que haja

constrangimento, podendo solicitar que as informações sejam desconsideradas no estudo.

Mesmo participando da pesquisa, poderá recusar-se a responder as perguntas ou a

quaisquer outros procedimentos que ocasionem constrangimento de qualquer natureza.

Está garantido que o(a) Sr.(a) não terá nenhum tipo de despesa durante o desenvolvimento

da pesquisa, como, também, não será disponibilizada nenhuma compensação financeira.

Eu, Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz, bem como Sandra Dal Pai, assumimos toda e

qualquer responsabilidade no decorrer da investigação e garantimos que as informações

somente serão utilizadas para esta pesquisa, podendo os resultados virem a ser publicados.

Se houver dúvidas quanto à sua participação, poderá pedir esclarecimento a qualquer uma

de nós, nos endereços e telefones abaixo:

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Orientadora: Profa Dra Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz Endereço: Rua Tiradentes, nº 231 � Centro/Ijuí � RS E-mail: [email protected] Telefone: (55) 99681 6030 Orientanda: Sandra Dal Pai Endereço: Rua Major Santos, n° 590-Bairro Cruzeiro, Santa Rosa/RS. E-mail: [email protected] Telefone: 99695-3553 Ou ao Comitê de Ética em Pesquisa da UNIJUI - Rua do Comércio, 3.000 - Prédio BETA - Sala Beta 02 - 12 Caixa Postal 560 - Bairro Universitário - Ijuí/RS - 98700-000. Fone (55) 3332-0301, e-mail: [email protected]. Todos os documentos ficarão sob a responsabilidade da pesquisadora principal, por um período de cinco anos e após serão deletados e/ou incinerados. O presente documento foi rubricado e assinado em duas vias de igual teor, ficando uma com o entrevistado e a outra, com os pesquisadores. Eu, ____________________________________, CPF____________________, ciente das informações recebidas, concordo em participar da pesquisa, autorizando a utilizarem as informações por mim concedidas e/ou o meu prontuário.

__________________________

Assinatura do entrevistado

___________________________

Prof.ª Dr.ª Adriane Cristina Bernat Kolankiewicz CPF: 774 093 960 91 ________________________

Mestranda Sandra Dal Pai CPF: 01548731013

Local e Data:___________________/RS,__/___/____

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Apêndice B- Solicitação para utilização do instrumento para as autoras

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Apêndice C- Questionário Sociodemográfico e Laboral

Questionário Sociodemógrafico e Laboral

Sexo: ( ) masculino ( ) Feminino Idade: ........

Seu nível de escolaridade é: ( ) ensino médio ( ) ensino superior incompleto ( )

ensino superior completo ( ) Pós-graduação

Seu tempo de formação na área atual é: ............................

Seu vínculo empregatício com este trabalho é: ( ) contratado ( ) concursado

O turno que o(a) Sr.(a)trabalha neste serviço é ( ) diurno ( ) noturno ( ) ambos

O(A) Sr.(a) possui outro vínculo empregatício além deste? ( ) sim ( ) não

Sua situação conjugal atual é: ( ) solteiro ( ) casado ( )separado ( ) viúvo

Número de dependentes que o(a) Sr.(a) possui: .......

Sua renda mensal é: ( ) até 1 salário mínimo ( ) 1 a 2 salários mínimos ( ) 2 a 3

salários mínimos ( ) mais de três salários.

Atua como residente? ( ) sim ( ) não

Atualmente é coordenador da sua unidade? ( ) sim ( ) não

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ANEXOS

Anexo A- Autorização do Comite de Ética em Pesquisa da Unijuí

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ANEXO B- Pesquisa sobre cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde

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ANEXO C- Autorização para utilização do instrumento Pesquisa sobre cultura de Segurança do Paciente para Atenção Primária à Saúde

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ANEXO D- Normas da Revista Saúde em Debate

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ANEXO E- Normas Revista Acta Paulista de Enfermagem

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