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Unidade didática A MINA CONTAMINA O IMPACTO AMBIENTAL DO EXTRATIVISMO ATRAVÉS DO CASO DA MINA DE SANFINS Educação Ambiental e para a Sustentabilidade (para grupos com crianças)

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Unidadedidática

A MINA CONTAMINA

OIMPACTOAMBIENTALDOEXTRATIVISMO ATRAVÉSDOCASODAMINADESANFINS

EducaçãoAmbientaleparaaSustentabilidade

(paragruposcomcrianças)

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AUnidadedidática«Aminacontamina»(6a12anos)épublicadapor

comoapoiode

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ISBN:9781093136302

DepósitoLegal:C-886-2019

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CONTEÚDOS

1.APRESENTAÇÃO ......................................................................................................... 4

2.JUSTIFICAÇÃO ............................................................................................................ 42.1.Desvendandoa(outra)históriadasminas .................................................................... 62.2.AneomitologiamineiraemSanfins ............................................................................... 62.3.AminariaindustrialemSanfins(1883atéopresente).................................................. 72.4.Olegadoenvenenado .................................................................................................. 102.5.Oretornodaminaria:2008-... ................................................................................... 12

3.AQUEMVAIDIRIGIDAESTAUNIDADEDIDÁCTICA?.................................................. 14

4.TEMPORALIZAÇÃOEESTRUTURAÇÃODAUNIDADE ................................................. 144.1.Primeirafase:motivaçãoesensibilização.................................................................... 144.2.Segundafase:investigaçãoeconhecimento ............................................................... 144.3.Terceirafase:reflexãoecrítica .................................................................................... 154.4.Quartafase:açãoecomunicação ................................................................................ 15

5.OBJETIVOS ............................................................................................................... 15

6.CONTEÚDOS............................................................................................................. 156.1.Conceptuais ................................................................................................................. 156.2.Procedimentais ............................................................................................................ 166.3.Atitudes,valoresenormas .......................................................................................... 16

7.MATERIAIS ............................................................................................................... 16

8.ATIVIDADES ............................................................................................................. 178.1.Primeirafase:motivaçãoesensibilização ............................................................................ 17

Atividade1.A-AssistênciaàrepresentaçãodaobraAminacontamina ................................. 17Atividade1.B-ContacontosAminacontamina ....................................................................... 17

8.2.Segundafase:investigaçãoeconhecimento ........................................................................ 18Atividade2-Falamossobreaobra .......................................................................................... 18Atividade3-Cadernodeatividades ......................................................................................... 19

8.3.Terceirafase:reflexãoecrítica............................................................................................. 19Atividade4-Oquêpodemosfazer? ......................................................................................... 19

8.4.Quartafase:açãoecomunicação......................................................................................... 19Atividade5-Preparaçãoerepresentaçãodapeçateatral ...................................................... 19

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1. APRESENTAÇÃO

Estaunidadedidáticaambientalestáenquadradanumainiciativadesensibilizaçãosocialsobreosconflitoseimpactosambientaisesocioeconómicosassociadosaoextrativismomineiro.Comessefim,utiliza-secomoexemploocasodaminadeSanfins(Lousame,Galiza).Anecessidadedesensibilização e divulgação sobre a minaria desde pontos de vista alternativos e assentes nasevidências históricas e científicas torna-se necessária nomomentoatualantea intensaatividadedo lobbymineiroorientada a criar um “estado de opinión favorable”apagandotodanegatividadeassociadaaoextrativismo.

O trabalho é fruto da colaboração desinteressada deeducadoras ambientais, docentes de ensino primário,secundário e universitário, ativistas ambientais ehistoriadoras. O seu objectivo é fomentar uma atitudecríticae reativaemrelaçãoàvisãodaminariaprojectadana Galiza polo lobby mineiro e a própria administração(“Galicia es una mina”) no intuito de empoderar asociedadeparaadefesadasuaterra,saúdeefuturo.

Mesmo que esta unidade se desenvolve por volta dosproblemaseconflitosgeradosporumaminaemparticular,adeSanfins,osmateriaisconcebem-secomoilustrativosdeumarealidademuitomaisamplaeoferecem-secomoadaptáveisaoutroscontextosespecíficos.AescolhadeSanfinsestá ligada,porum lado,àexistênciadeummuseumineiroque,atravésdainformaçãoexpostaenãoexposta,exemplificaapraxedolobbymineiroeservede ferramentadeengenhariasociale,poroutro,àconstânciadeuma longahistóriaderesistênciaseconflitosquedesdeasmesmasinstânciasseprocurousilenciar.

Outroscasosassociadosdeminariametálica(Touro,MonteNeme,Corcoesto,Moeche,…)ounãometálica (As Encobras, Triacastela, Terra Chá, Pico Sacro, as louseiras do Courel,…) ilustram aproblemática geral do extrativismo que esta unidade didática procura abordar. Exemplosmaisdistantes, como o caso do Parque Temático Mineiro de Rio Tinto exemplificam a imagemdistorcidaqueolobbymineiropretendeestabelecernasociedade,bucólicaeidílicafrenteàdurarealidadedadestruiçãoextrativista:osriosTintoeOdielachegam50%detodoocincqueosriosdomundovertem,noseuconjunto,aosoceanosdoplaneta.

2. JUSTIFICAÇÃO As minas de Sanfins representam os inícios da minariaindustrial na Galiza. As primeiras concessões mineiras, comoserverá,datamde1883eadiadehojecontinuamvigorantes.SanfinstambémrepresentaosprojetosdereativaçãonaGalizadeumaminariametálicaaltamenteespeculativa,quecolapsarajunto com as quedas de preços durante a década de 1980. Atentativado lobbymineiroderecuperarestetipodeprojectosextrativosaltamentequestionáveisnofimdadécadade2000,após o fim da bulha imobiliária, precisou dotar-se de umaestratégiadeengenharia socialnaprocuradeumestado

Oextrativismotraduz-senumasériedeatividadeseconómicascentradasnaobtençãode‘recursosnaturais’deumterritórioparaasuacomercializaçãoembrutonosmercadosglobais.Geragrandesbenefíciosparaascorporaçõesdescuidandoasnegatividadesambientaisesociaisassociadas.

Aengenharia socialaplicatécnicaseestratégiassobreumapopulaçãoalvo

parainfluirnosseuspontosdevistaecomportamentoscomointuitodeproduzirresultadosdeterminados.

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de opinião favorável à minaria em geral, e a certos projetos especialmente destrutivos econtaminantes em particular. Este empenho tem vindo, particularmente, da Cámara OficialMineiradeGalicia,criadaduranteaditaduradePrimodeRiverapara“promoverlosinteresesdesussocios”,assimcomodaadministraçãomineiraedeadministraçõeslocaisalinhadas. As comunidades escolares foram desde o início um alvo prioritário, ofertando-lhes um amplolequedepossibilidadesdeexposição,comopodemserasvisitasàslouseirasdoCourel,àminadeTouro,ao‘lago’dasPontesouàfábricadecimentodeOural,nasquaisosverdadeirosimpactossociais e ambientais daminaria são ocultados. Em 2019 a CámaraOficialMineira lança com oapoio da Direção Geral de Energia eMinas amais ambiciosa das ações neste sentido, criandomateriais “educativos” para ensino infantil, primário e secundário sob a chancela Coñece aminaríadeGalicia.Osmateriais,queincluemmanuaisdocentes,unidadesdidácticas,vídeoseolivro infantil O tesouro das estrelas, foram criados para introduzir diretamente nos centroseducativos dentro duma campanha mais ampla de engenharia social (“Minaría Sostible deGalicia”)orientadaaminimizaro impactodas crescentes críticassociaisaosnovosprojectosmineiros.

Especial relevância cobram neste cenário os denominados“museus mineiros”, dos quais o de Sanfins, em Lousame, é umexponente. O projeto de “interpretação” foi criado em 2006 apartirdeumconvénioqueimplicavaoconcelho,aconcessionáriamineira e a Cámara Oficial Mineira, no que se manifestavaexplicitamente“elobjetivodecrearespectativas [sic], ‘inquietud’y estado de opinión favorables”, fruto “del interés manifestadopor la Cámara Oficial Minera de Galicia en dar un impulsodefinitivo al proyecto”. Posteriormente, em 2011, Concelho de Lousame e Conselharia deIndústria assinam um novo convénio no que remarcam a importância da “labor didáctica” dasinstalaçõesparatrasladar“ásociedadeunhaimaxepositivadaindustriamineira”. Estes centros são instrumentais no lavado de cara dos projetos destrutivos e contaminantes(“greenwashing”),procurandolegitimarsocialepoliticamenteatransgressãosistemáticadalegislaçãoambientaleemmatériade restauraçãodosespaçosnaturaisafetadospolaatividademineira. Procura-se assim transformar, conceitualmente, os espaços ambiental e

paisagisticamentedegradadospolaactividademineiraem“paisagensculturais”ou “paisagens mineiras”. Sanfins foiumdos locaisnos que se desenvolveu o projecto europeu “GreenMines” com ointuito de: “desenvolver e partilhar novas ferramentas para ainterpretação do património e das paisagens mineiras, criandosensibilização pública e gerando atividades turísticas e educativas”.NasequênciadoprojetooConcelhodeLousameadotoucomolemaoximorônico“Lousame,naturezamineira”. Após2milhõesdeeurosdeinvestimentopúbliconas instalaçõesdo“museumineiro”deSanfins(quecontrastamvivamentecomoszeroeuros dedicados às urgentes medidas para minimizar a gravecontaminaçãoproduzidapolaprópriamina),hojeestasrecebemcadaano centenas de escolares e público em geral oferecendo uma

imagemadulterada,por idílicaeparcial, doque representaaminaria, semqualquer referênciaaosseusimpactosambientaispassadosepresentes.Em2017oprojetomesmofoiintegradonoprograma de “turismo escolar” e recebe anualmente financiamento regular de outras

Ogreenwashing(banhoverde)éumatécnicademarketingqueprocuracriarumaimagempositivadeumaatividadeocultandooudesviandoaatençãodosseusimpactosambientaisnegativos.

Oconceitopaisagem mineirafoiapropriadopolo

lobbymineirotentandohomologarzonasdegradadas

polaminariaàspaisagensculturaisprotegidasda

UNESCOe,assim,evitarascustosasresponsabilidadesde

restauraçãoambiental.

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administrações para sufragar as guias que recebem as visitas. Como se exprime nosseuspropósitos,asatividadesdoprogramade“turismoescolar”:“forxanrazónsexuízosdevalorqueoestudantadopoderáaplicarnorestodassúasactividadesvitais,servíndollesdeferramentasparaasúafuturaformación(...).”NocasodeSanfins,econformeosseusobjetivosfundacionais,um“estadodeopiniónfavorable”àminariadestrutivaecontaminante.

As campanhas de engenharia social à volta da mina deSanfins cobram especial relevância após os fortesmovimentossociaisdeoposiçãoqueemergemem2016,quando a mineira Valoriza Minería (SACYR) retoma oprojecto extrativo. Esta sinergia entre concessionária,lobbyeadministraçõesmesmose traduznaparticipaçãoemmilhonáriosprojectoseuropeusorientadosaavaliaredefinir “jeitosmodernos de obter a licença social para aminaria”. Mesmo que a licença social não sejajuridicamentevinculanteparaaobtençãodeautorizaçõesadministrativas dos projetos, as empresasmineiras e administrações são conscientes de comoresultapraticamenteimpossíveloperarcomospadrõesdepermisividadehabituaisperanteumasociedadeinformadaemobilizada.

2.1. Desvendando a (outra) história das minas

"Quemcontrolaopresente,controlaopassadoequemcontrolaopassado,controlaofuturo”(GeorgeOrwell,1984)

Museus mineiros como o de Sanfins oferecem uma “interpretação” na que não apenas osimpactos ambientais estão ausentes, mas também os impactos e conflitos com a vizinhança,conflitoslaboraisesindicais,usurpaçãoeespóliodoterritório,violência,torturaseassassinatos,

tudo num pano de fundo político e económico ligado àsprincipais guerras do século XX (alimentadas também com ovolfrâmioextraidonestasminaseenviadoaosbeligerantes)e,portanto, comomilitarismo, imperialismo e fascismo e aindacoma intensa repressão sofridadurante aGuerraCivil e pós-guerra. Esta história não pode ser abordada nos brevesapontamentos que conformam esta unidade, mas deve serconsideradacomocontextonecessárioparaentenderahistóriade degradação ambiental e conflitos associados à mesma.Contrastaaindavivamentecomasuperficialidadeapresentadano museu mineiro, que oferece uma visão idílica deprosperidadesocio-económicaparaazona.

2.2. A neomitologia mineira em Sanfins

Quandonadécadade1880afamíliainglesadosBurburychegaàGalizaparapromoverdiversosnegóciosmineirosnãoduvidaramemapelardejeitosimbólicoaoantigocomérciodoestanhodosfenícios na hora de escolher as designações das suasconcessões mineiras.Mentres asduasprimeirasconcessõesdogrupodeFontao recebemosnomesde“Tiro”e“Sidon” (asduasprincipais cidades comerciais da antiga Fenícia), as de Lousame recebem os de “Phoenicia” e

Alicença socialdeumprojectoconsistenoapoiocontinuadodascomunidadeslocaisafetadas.Alicençasocialédinâmicapoisaspercepçõeseopiniõesvariamemfunçãodainformaçãodisponível.

Concessão mineiraéumdireitoconcedidopolo

Estadoaumaempresaprivadaparaextrairumrecursodosubsolo.Aconcessãotorna

possívelaexpropriaçãoforçosadoterritórioparaocolocara

serviçodaempresaextrativista.

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“Spes” (deusaromanaquepersonificaaesperança)enquantooutra próxima, em Noia, se denomina “Cornucopia”,precisamente um dos atributos da deusa Spes. DificilmentepoderiamimaginarosBurburyqueoseuparticulargostopoloclássico chegaria a criar toda uma neomitologiamineira que,disseminada e replicada em inúmeras ocasiões durante aúltima década, se tem chegado a confundir com a realidadehistórica. Sem qualquer evidência arqueológica, Sanfinsconverteu-se em materialização concreta das legendáriasCassitérides. Esta confusão não é inocente nem inócua e em 2017 foi expressamente utilizada pola atualconcessionária mineira para tentar co-responsabilizar nem mais nem menos que os própriosfeníciospoladegradaçãoambientalqueaminariavemproduzindonovaledeSanfinsdesde1883.Muitoaocontrário,eapesardaproliferaçãodeartigosquecitamestaminascomojazimentopré-industrial e mesmo pré-histórico, não existe referência provada alguma sobre a existência deminaria fenícia, romana, medieval nem anterior à industrialização (1883) na zona. Nunca serealizaram trabalhos arqueológicos em Sanfins ou na sua contorna que pudessem apoiar talsuposição, nem foram achadas ferramentasmineiras atribuíveis a labores da antiguidade. Nãoexistenemumsó trabalhoarqueológicoqueacheguequalquerevidênciaao respeito,demodoquequalquerafirmaçãonesta linhasópodeserconsideradaumameraconjectura.Mesmoquenomuseumineiroseafirmafalsamenteocontrário,nãoexistenemumsódocumentohistóricoquesustenteaexistênciademinariamedievalouanteriora1883emSanfins. Numafãdeescrever-inventarumpassado remotoparaapresençadaminariaemSanfinsenaGaliza como parte duma antiquíssima tradição mineira, quem promove esta interessadaneomitologia mineira não apenas apresenta os nomes de fantasia de concessões como“Phoenicia”comoargumento irrefutável (quandoopróprioMr.Burbury tinha registradooutrascomnomestãovariadoscomo“LaFulana”ou“LaMengana”)masmesmodeturpaatoponímialocal na procura de etimologias imaginárias e impossíveis. Por exemplo, a aldeia contígua deFrojámédeturpadacomo“Forjano”sugerindooimpossívelétimo“forja”(fornodemetais)paraesteconhecidotopónimoprocedentedoétimogermânico“Froila”.Tudo issoparaapresentarojazimento como “Un recursomineral quedesde hace cuatromil años aporta a esta poblaciónriqueza, cultura industrial y posibilidades de desarrollo” e que ademais “está presente en lahistoriauniversaldelamineríadesdelaedaddelbronce”(ÁlvarezCampana,RuizMora,2006).

2.3. A minaria industrial em Sanfins (1883 até o presente)

EmSanfinsnãosóseconstróiumaneomitologiamineiraremontadaàantiguidadeclássica,mastambéma históriamineira que começa efetivamente em1883 se sustenta emdados erróneosqueconstroemumanarrativafavorável.AnarraçãoduranteasvisitasaoMuseuMineirocomeçacomachegadadedousindivíduosbritânicos,identificadoscomoSirHenryBurburyeSirThomasBurbury, “Sir” sendo o tratamento protocolar dos Cavaleiros do Império Britânico. Nada maislonge da realidade, Mr. Gilbert Burbury, que adotara o nome “Thomas” à sua chegada aSantander,eraumantigocurtidordacidadeinglesadeCoventrynaque,sendoconcelheiro,foraincriminadoporumcélebrecasodefraudequeolevaraàprisãoelogoasairdopaís.ChegadoaSantandernadécadade1870reuniuumpequenocapitalcriandoovelhasevendendolâmpadas.Umadécadadepoistraslada-seaNoiacomafamília,incluídoseufilhomaisvelhoHenry.

AsCassitérides (Ilhasdoestanho)eraonomedadonaantiguidadeclássicaaumarquipélagolegendárioque,supostamente,esegundoEstrabão,estariasituadoaoOestedasIlhasBritânicas.

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Asprimeirastentativasdeexploraçãomineiradafamília,defeito,nãoseproduzememSanfins,jazimento na altura desconhecido,mas nomunicípio deNoia. Andados os anos solicitam-se asprimeirasconcessõesemSanfinsetambémemFontao,queseriaooutropólomineirodonegóciofamiliar.EmFontaoareaçãovizinhalé intensa,opondo-seapopulaçãoaoregistodaconcessão“Sidon”em1888anteoGovernadorCivil,queosignora.AmemóriaoficialEstadísticaMinerade1889revelacomo“aunquesusquejas[deMr.Burbury]hansidoatendidasporelGobiernoCiviláque corresponde, es lo cierto que los indígenas consiguen burlar losmandatos de la autoridad,según nos comunica el propietario de dichas minas”. Falecido Burbury pai em 1890, um anodepoisavizinhançadeFontaoprende lumeà casadeBurbury filho,novoproprietário,e jáem1906acasaqueestetinhaemSilhedaseriaatacadacom12cartuchosdedinamiteextraídosdaprópria mina. Também em Sanfins a vizinhança se opõe ao projeto desde os seus inícios,particularmente pola afectação às águas. Numa notícia de 25 de maio de 1901 o jornal LaCorrespondenciaGallega explica como“Lamayorpartede los vecinosde los lugaresdeForjan,Silvarredonda y Vilas, en el distrito de Lousame, se oponen á la concesión á D. EnriqueWinterBurburi[sic]delaprovechamientodeaguasdelosarroyosForjanySilva”. AsminasdeSanfinse Fontaopertenceramentre1897e1914aomagnatedosvinhose licoresRobert Banks Lavery que adquirira as concessões aos Burbury estabelecendo a “The San FinxMinesCompany Limited” (onome “San Finx” reflete a percepção inglesadapronúncia local dafricativapalatoalveolarsurda[ʃ],quedesignavaorioqueatravessavaasconcessõesassimcomoumacapelaaltomedievalcontígua).Entre1900e1908asminasdeSanfinsalcançamumdosseuspicosdeproduçãohistóricoscomercializandonesseprimeiroano185toneladasdeconcentradosdevolfrâmio e estanho que entram nosmercados europeus sem apenas concorrência, porterem sido as primeiras a introduzir um novo sistema de separação eletromagnética destes

elementos. Esta intensa produção traz consigo umaigualmente intensa contaminação do rio e da ria, comoevidencia não apenas o registo histórico de sedimento, mastambémumdosprimeiros conflitosambientaisdaGalizanosque os danos por contaminação chegaram até os própriosjulgados. Em 1911, após um processo de expropriação associado àconcessão“Lavery”,osengenheirosàfrentedasoperaçõesemFontaosolicitamaoGovernadorCivilautorizaçãodedescarga

daságuasprocedentesdaplantadelavadodomineraldiretamentenorioDeça,oqueseautorizano ano seguinte. Em1914, ano no que falece Lavery, inicia-se uma investigação no JulgadodeInstruçãodeLalimanteadenúnciadeque“losresiduosdelmismo[plantadelavado]infeccionanelríoconsustanciasvenenosasdestruyendolapesca”.AempresareagepublicandoumacartaaoGovernador Civil assinada por 127 operários damina na que se nega qualquer contaminação,“porqueesassustanciasnosonvenenosas”,eseameaçacomque“decerrarseestasminascomoproyecta la Empresa visto lo que ocurre, nos quedaremos sin pan cientos de ciudadanos y nosobligaránaimplorarlacaridadpúblicayademásdelostrastornosenelordeneconómico,puedeacarrear otros de ordenpúblico provocados por lamiseria y quenuestro esfuerzonobastaráacontener”.Umdiscursoeestratégiaquenãomudouemabsolutomaisdeumséculodepois. O advento da I GuerraMundial (1914-1918)motiva a intervenção direta do governo britânicoque,atravésdorecentementecriadoMinistériodasMunições,financiaaaquisiçãodasminasdeSanfins quepassama integrar um cartel internacional queprocuramonopolizar o comércio devolfrâmioeestanho.Esteperíodo,queseestenderáaté1940,seráodemaisaltasproduçõesem

Ovolfrâmio,tambémconhecidocomotungsténio,éometalcommaisaltopontodefusão,tornando-orelevante

parausosmilitarescomomísseiseoutrostiposdeprojéteis.

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Sanfins, que chegam a ultrapassar as 400 toneladas deconcentrados em 1928 aumentando de jeito significativo osresíduos acumulados nas escombreiras. Será também umperíodo de intensos conflitos sindicaismarcados polas péssimascondiçõesdetrabalhoqueprovocamnumerososmortoseferidosentreosoperários.Aorientaçãoanarquistadosindicatomineiroderivará na participação massiva dos trabalhadores nadenominada“ColunaSanfins”queem julhode1936seenfrentaao exército sublevado nas ruas de Compostela e Corunha,transformando-se posteriormente em núcleo da guerrilha eresistência clandestina. Um dos seus integrantes, “O Varela”(tambémconhecidocomo“Curujás”)manteria-senaclandestinidadeatéa suamorteem1967,nuncasendocapturadopoloregime.

Asescombreirasdamina“SanFinx”,situadasaopédorio,aumentaramjuntocomosníveisdeprodução.

Durante a II GuerraMundial (1939-1945) asminas de Sanfins ganham importância estratégicaanteademandainternacionaldevolfrâmiodestinadoaoarmamentomilitareaguerraeconómicaque as potências em conflito estabelecempara o seu controlo. Em1940, estrangulada por umlongo processo judicial por dívidas com a sua subministradora elétrica e a anulação de váriasvendassimuladasparatentarevitarasmesmaseconsolidarausurpaçãodeterrenoscomunais,osbritânicosvem-seobrigadosatransferiraminaaBarriédelaMaza,financeirodossublevadosna Galiza e posteriormente nomeado Conde de FENOSA por Franco. A mina entra em crisefinalizadaaGuerraMundialesódecolarábrevementeduranteaGuerradaCoreia (1950-1953),paraentrardefinitivamenteemexpedientedecrisecomaCatástrofede1960(verabaixo).ApósessedesastreambientalasminasseriamadquiridasporGabrielPérezqueasmanteráoperativasaté1990,anonoque fechamnocontextodeuma investigaçãocriminalpordelitosambientais,conflitoscomostrabalhadorese,finalmente,ofalecimentodotitularnesseúltimoano.

Asescombreiras sãodepósitosaoarlivrenosqueseacumulamosrejeitosdosprocessosdeextraçãoelavagemdeminérios,nosquecomfrequênciasóseaproveitaumafraçãomínimadosmateriais.

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Estima-se que a produção total dasminas de Sanfins, desde o início da atividade em1883 até1990 poderia ter alcançado as 10.000 toneladas de concentrados de volfrâmio e estanho, dasquais 5.672 correspondem à produção certificada até 1943. Isto terá implicado a extração deaproximadamente4.000.000detoneladasdematerialdointeriordaminaque,aproveitadauma

mínima parte com fins comerciais, se acumularia em diversasescombreiras e represas de rejeitos, levantadasdiretamente sobre o rio. Atendendo à sua produção, Sanfins foiuma dasmaioresminas de volfrâmio e estanho do Estado o qualimplicou enormes negatividades ambientais, nunca reconhecidaspolassucessivasempresastitulares,eapenasocasionalmentepolasadministrações, mas sem consequências para os responsáveis.Abandonando-seem1990, foi umadasúltimasminasmetálicas apecharduranteacrisegeneralizadadosetorno fimdadécadade1980, e também uma das primeiras a reabrir, em 2008, durante

umanovafasedeminariaespeculativacausadapoloaumentodopreçodosmetaisnosmercadosinternacionais,ofimdabolhaimobiliáriaeaspolíticasdemateriais“críticos”daUE.

2.4. O legado envenenado

Mais de um século de extrativismo implicou que desde Sanfins se enviaram para osmercadosmundiais milhares de toneladas de concentrados minerais, gerando enormes lucros para asempresasconcessionárias.Masessesconcentradosrepresentaramumaparteínfimadosmilhõesde toneladasdemateriaisque foramextraídosda rochaeque incluíamoutras substânciasqueimplicaramecontinuama implicarumaameaçaparaavida.Alémdoestanhoeovolfrâmio,osfilõesescavadosestãoaindacompostosporelementossulfúricos.Aexposiçãodesteselementos,bem nas galerias subterrâneas abertas artificialmente, bem nas escombreiras de rejeitos, aooxigênio e à água, facilita a dissolução de metais pesados que se encontravam previamenteimobilizados nas rochas. Este fenómeno denomina-se “drenagens ácidas de mina” sendo umproblema recorrente naminaria metálica, particularmente quando a exploração se realiza pordebaixo do nível freático (implicando, como em Sanfins, o bombeio ou a abertura de galeriastransversaisdedrenagemparaextrairestaságuascontaminadasdointeriordamina)ouquandose geram escombreiras derejeitosexpostasaoselementos.

Em Sanfins, as transformaçõesfísicas,químicasebiológicasqueformam drenagens ácidas demina causam a dissolução demetais pesados, e com especialincidênciadecádmio(Cd),cobre(Cu) e zinco (Zn), provocandoconcentrações 160, 31 e 17vezes, respectivamente,superiores aos limites legisladosnas “Normas de QualidadeAmbiental”. Istosupõeumaaltacontaminação das águas do rio,dasmargensdomesmoedaria

Asrepresas de rejeitos,sãobarragens

construídasparareterresíduossólidoseágua

contaminadaresultantesdaextraçãoelavagem.

LaboresmineirosacéuabertonazonadomontePiom(aofundo,Frojám).

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deMuroseNoia,ondeoriodeitaassuaságuasequepresentaaltosvaloresdecontaminaçãoporcobreezinconasuaparteinterna.OcaudaldestasdrenagensdeminaquesedescarregamsemtratamentoalgumnorioSanfinsédeaproximadamente50.000litrosporhora,segundomediçõesda empresa concessionária. Na ponte de Trava, a 7 quilômetros rio abaixo e pouco antes dadesembocadurado riona ria, apesardadiluição,os valoresdealgunsmetaispesados comoocádmiomedidosem2017superavamaindaoslimitesdasNormasdeQualidadeAmbiental.

Osmetais pesados são substâncias tóxicas bioacumuláveis que afetam seriamente a saúde daspessoas e dos organismos em contato com estas águas assim como a sua cadeia trófica. Ocádmio,porserumasubstânciaxenobiótica(daquequalquerconcentraçãoétóxica),estáaindadefinido legalmentecomoumasubstânciaperigosaprioritária.O impactosobreavidaaquáticaficou evidenciado no “Estudo dos macroinvertebrados no rio Sanfins” realizado em 2017, quecomparou a presença de distintas famílias destes organismos águas arriba e águas abaixo damina.Oestudoevidenciao graveestadoecológicoque sofreo rio amontante e a justantedaminaemcontrastecomobomestadodaságuasrioarribadosefluentesdamina,observando-seumadrásticadiminuiçãodemacroinvertebradosnaságuasafetadasaoseupassopolamina.

As concentrações demetais pesados somam-se á presença de arrastamentos procedentes dasescombreiras que turvam o curso fluvial e impactam a vida aquática. Estes arrastamentoscolmataramasduasrepresasmineirassituadasnorioSanfins.Oimpactoambientalcausadopolaminaviu-seagravadopoloabandonodestasduas represasdedecantaçãode resíduos, situadassobreoprópriocursodorioeconstruídasem1928e1939respectivamente.Durantedécadasas

presas acumularam boaparte dos lodos da plantade processamento dosminérios assim como ossólidosarrastadosdesdeasescombreiras, decantandoem parte os metaispesados procedentes dasdrenagens do interior damina.Apesardodilatadoebem documentadohistórico das presas, naatualidadetantoaempresaconcessionária como aadministração de minastentar eximir-se nas suasresponsabilidades sobreestas instalações deresíduos, que ameaçam,polo seu estado deabandono, com umacidente que provocariaum importante desastreambiental. A sua rupturaimplicaria o vertido de

centos demiles de toneladas de resíduosmineiros que colapsariam as ribeiras e dos que, boaparte,iriampararàriadeMuroseNoiacausandoumacatástrofeambientalirreparável.

Evoluçãodaspresasmineirasdamina“SanFinx”desde1945a2009.

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Noano1960acomportadapresamaiorrompeu,sucessoqueoAlcaldeToméFuentes,emescritode8deOutubrode1966,descrevecomo“verdaderodesastrede1960"e"catástrofede1960": “Talocurrióenelaño1.960que,conmotivodeunascrecidasserompióuntablónde la

compuerta del cerramiento antesmencionado y por alli salieronmiles de toneladas dearenaquearrastradasporlasaguascubrieronunaextensazonadelaferazvegareferidaydejaronestérilesmuchastierras,algunadelascualescontinuatodavíasinvegetacióndeningunaclase.”

Daquela catástrofe ainda dão conta a dia de hoje gentes dos lugares afetados, bem por te-lavividooupoloquelhecontarampessoasachegadas.Algunsdessestestemunhosforamrecolhidosnodocumentário“SanFinx1960”queacompanhaestaunidadedidáticaecujovisionadoformapartedasatividadesadesenvolver.Naaltura,oimpactovisívelforaexplicadoprincipalmenteemtermos dos resíduos que se acumularam nos terrenos das ribeiras, não se conhecendo osprocessosdecontaminaçãoquímica,sebemavicinhançaeracientequeamina“matara”orioetodaavidaqueestelevava.

OsimpactosambientaiscausadospolaatividademineiraemSanfinseoutrasminasficaramatéhápouco tempo silenciados polas empresas concessionárias em conivência com diferentesadministraçõespúblicas.OsdiversosconflitossociaiseambientaiscontextualizadosnoséculoXX(comooda catástrofede1960) forame seguema serocultadosnaopacaedistorcidahistóriarelatadapeloprogramadeengenhariasocialdesenvolvidoatravésde,entreoutrasformas,polaanálise interpretativa do museu mineiro, atividades associadas e campanhas mais amplasdirigidaspoloprópriolobbymineiro.

2.5. O retorno da minaria: 2008 - ...

A mina de Sanfins pechou em 1990 por uma confluência de fatores: queda de preçosinternacionais do estanho e volfrâmio durante os anos 1980, greves continuadas dostrabalhadores da mina, o início de um procedimento de investigação criminal por delitosambientais e, finalmente, o falecimento do titular da concessão mineira. A pesar do seuabandono, os titulares mineiros mantêm durante alguns anos, até 2000, uma ficçãoadministrativaparaevitaracaducidadedas licenças.ComoconsequênciadodesastreambientalcausadopolosdepósitosderejeitosmineirosdeAznalcóllar,aprova-seumalegislaçãomaisestritaemrelaçãoaestetipodeinstalaçõesderesíduosquefazcomqueostitularesdaminacessemnaapresentaçãodosplanosanuaisde labores,nosqueconstavamasduas represasde rejeitosdamina. Durante quase uma década a mina não atende nenhuma das suas obrigrações legais eadministrativas,situaçãoqueadministraçãoignora,nãoobrigandoostitularesàrestauraçãonemdeterminandoacaducidadedasconcessõesmineiras.

Após a queda da bolha imobiliária em 2008 diversos empresários com interesses em canteirasprodutoras de áridos para a construção aliam-se para tentar ressuscitar váriasminasmetálicasque levavam abandonadas desde os anos 80. Isto acontece ainda no contexto de recuperaçãointernacional dos preços de certos metais e das novas políticas da União Européia queestabeleciamdiversasmatériasprimasdeinteresseestratégico,dentreelasovolfrâmio.Em2009aprovam-seosprojetosdeoperaçãodaminaederestauraçãoemSanfins,semsetersubmetidoa avaliação de impacto ambiental ou a participação pública, mesmo que a resolução detransmissãodatitularidadedosdireitosde2008estabeleciaessacondição.OórgãoambientaleoutrasadministraçõescomoAugasdaGalizanãosãoinformadasdatramitaçãodosprojetos,como qual, em nenhummomento se avalia formalmente o modo em que o reinício da atividade

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mineirapoderiaafetarosecossistemasfluviais.Osprojetosaprovadosnãosónãocontemplavamqualquerformadetratamentoparaasdrenagensácidasdeminaprocedentesdaescombreiraedasgaleriasdedrenagemdointeriornaminamas,surpreendentemente,asrepresasderejeitosdesaparecem por completo dos projetos, sem qualquer previsão para a sua clausura,desmantelamentoerestauraçãodosespaçosafectados,omitindo-seassimaresponsabilidadedoconcessionáriomineiro.

Mesmocomestasfacilidadesàhoradeevitarospassivosambientaisassociadosàmina,anovaempresamineiravaiparaafalênciaquatroanosdepois,em2013,edepoisdeterrecebidoquasedousmilhõesdeeurosemsubsídiospúblicosparao financiamentodo reiníciodaatividadeeoacondicionamentodasinstalações.AempresarecebeuestessubsídiosmesmoqueoConselhodeContas,noseiinformedefiscalização,alertaquesetratavade“projetosdequalidademarginal”que os próprios avaliadores qualificaram como “questionáveis” e de “formulação duvidosa”.Finalmente, parte destas ajudas nunca seriamjustificadase,comosoperáriosdaminaemgreve,oprocessodefalênciafazquesejaoutraempresa,Sacyr, através da sua recentemente criada filialmineira Valoriza Minería, a que se faz com apropriedadedaminaem2015.

Determinadas empresas que durante a bolhaimobiliária se lucraram na construção e obrapública, pretenderam abrir novas vias de negócio,entre outras as de acesso a importantes subsídiospúblicos ligadosàminaria.Emdezembrode2014,mesesantesdeadquiriremleilãopúblicoaminadeSanfins, ValorizaMineria indicava num projeto deI+DapresentadoanteoMinistériodeIndústriaquetinha a propriedade da mina, para assim fazer-secom uma ajuda de mais de meio milhão de euros. Poucos meses depois a mesma empresasolicitaria uma outra ajuda de mais de 2 milhões de euros para outro projecto de I+D dedesenvolvimentodeumsimuladordemaquinariamineira.Em2019ValorizaMineriaconseguiriaaindaapoiodoInstitutoEuropeudaInovaçãoeaTecnologia(EIT)paraumprojetointernacionalquetementreosseusobjetivosadefiniçãoeavaliaçãode“aproximaçõesmodernasparaobteralicença social na minaria”, isto é, o desenvolvimento de estratégias de fabricação de opiniãofavoráveleengenhariasocial.

A nova tentativa de pôr em andamento a mina encontra-se desta volta com uma oposiçãoinformada,queporprimeiravez,em2016,temconhecimentodosaltosníveisdemetaispesadosqueaempresapretendialiberaraomeiosemqualquertratamento.Acontestaçãosocialfazquenãosejapossívelumaautorizaçãosumáriadedescargadeáguascontaminadasouarepetiçãodadescarga ilegal que se produzira na anterior etapa. Nestas circunstâncias, a empresa paralisanovamenteaatividadeemdezembrode2017àesperadeobterasautorizaçãodedescargadeáguascontaminadas.Nesseimpasseofococentra-senasrepresasderejeitos,cujatitularidadeeresponsabilidadeaempresarechaça,comoapoiodaadministraçãodeminas.Aempresaprocuraaindafabricarnovosargumentos,comoaexistênciadeumfundonaturaldemetaispesadosoumíticas labores realizadaspor feníciose romanos,queadesresponsabilizempolacontaminaçãocausadaeminimizemasobrigaseinvestimentosemtratamentodasdrenagensdemina.

OrioSanfinstingidodelaranjaabaixodaspresas.

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Estaúltimaetapaprovocouumaamplamobilizaçãotraduzidaemplataformassociaiscomo“VidaeRiaouMinaria?”,resoluçõesaprovadasdeformaunânimenoconcelhodeNoiaenaDeputaçãoProvincial,numerosasperguntasnosparlamentosgalego,espanholeeuropeu,umacomissãodeinvestigação no comité de petições do parlamento europeu, um procedimento no Comité deCumprimentodaConvençãodeAarhusnasNaçõesUnidaseaindaumprocessode investigaçãocriminalqueno iníciode2019mesmoimplicouadeclaraçãocomoacusadodoDiretorGeraldeEnergiaeMinasresponsávelpolaaprovaçãodoprojetomineirode2009semtrâmiteambiental.

3. A QUEM VAI DIRIGIDA ESTA UNIDADE DIDÁTICA?

Dejeitoorientativoaunidadedidáticavaidirigidaàsociedadeemgeraleemparticularafamíliasegrupossociaisdosqueformempartecriançasdentre6e12anosdeidadeaproximadamente.

4. TEMPORALIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DA UNIDADE

Dada a magnitude da problemática sobre a que versa esta unidade didática centraremos otrabalhoadesenvolveremumaquestãofundamental:aevidênciadequeaminacontamina.Estefeito tem sido sistematicamentenegadonãoapenasno casode Sanfinsmasemmuitosoutrosprojetosmineiros, servindoportantoapautadeatividadesparaoescrutíniodoutras realidadessimilares.NocasodeSanfinsasevidênciasforamnegadasouminimizadasutilizandoinfinidadedeargumentos: desde os mitológicos e legendários (fenícios, romanos e picheleiros) até ospseudocientíficos(fundonaturaldemetaisougeogénico).

Cientes de que o tempo é um bem escaso e que a disponibilidade do mesmo pode ser umproblema, estruturaram-se as atividades de jeito que as pessoas que asumam o papel dedinaminizadoras da unidade didática, disponham da flexibilidade necessária para as podertrabalharem funçãodas suaspossibilidadesde tempoe recursos.Épor issoquenãopodemosestablecerumatemporalizaçãoestritaemtermosdehoras,poisestadependerádiretamentedasdecisõesdaequipadinaminizadorarelativasàsatividadesquepodemdesenvolver.

Odesenvolvimentodasatividades,desdeumaperspectivademáximos (istoé: seguindo todaaplanificaçãodaunidadedidática),organiza-seemquatrofases:

4.1. Primeira fase: motivação e sensibilização

Asatividadespropostasparaestafasetêmcomofinalidadeaaproximaçãoaocontextocomoqueservaitrabalhar,procurandogerarumimpactonointeressedasparticipantesquerevertaemumgraudeimplicaçãoótimoparaodesenvolvimentodoprograma.

4.2. Segunda fase: investigação e conhecimento

Asatividadesestãodirecionadasparaaprocuradeconhecimentosrelacionadoscomoproblemaambientalevidenciado.

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4.3. Terceira fase: reflexão e crítica

Nãodeveserentendidacomoumafaseisolada.Mesmoquenestemomentododesenvolvimentodaprogramaçãoseapresentaumaatividadeespecíficadereflexãoeanálisecrítica,estasdevemestarpresentestambém,emmaioroumenormedida,durantetodooprogramanoseuconjuntodado o carácter construtivista. Os debates e as perguntas que levam a debate podem serintencionaisdentrodoprópriodesenvolvimentodoprograma,mas tambémpodemgerar-sedejeitoespontâneo,circunstânciaquedeveseraproveitadaparaenriqueceroprocessoeducativo.

4.4. Quarta fase: ação e comunicação

Nestafaseculminaotrabalhorealizadonasfasespréviasesupõe levarparaa frenteaçõesquecontribuamasolucionaroproblemaestudado.Se,nestaalturadoprograma,seconseguequeasparticipantesestejamencorajadasaseremsujeitosativosdasociedadeanteproblemascomooaquitratado,poderemosconsiderarqueoprogramaformuladoteveumgrandesucesso.

5. OBJETIVOS

Osobjetivosqueaseguirseenumeramseguemumaordemcronológicaparelhaàsequenciaçãodasfasesantesdescritas:

• Fomentaracriaçãodeumvínculoafetivocomaszonasafetadaspolaatividademineira,reconhecendoestecontextocomopartedoentornocomsignificadoerelevâncianassuasvidas.

• Contribuiràidentificaçãodacontaminaçãoderivadadaatividademineirairresponsávelefacilitarocontrasteentreoestadodaszonasnãoafetadaseaszonasafetadas.

• Refletirsobreascausasdesseimpacto,asconsequênciasanívellocaleoseucontributoaproblemasmaisglobais.

• Favorecer o debate construtivo como via de procura de soluções à problemáticadetetada, procurando o equilíbrio entre as intervenções antrópicas e o respeito aoambiente.

• Fomentarodesenvolvimentodeaçõesparaagirfrenteoproblemaambientalestudado.• Favorecer o desenvolvimento da atitude crítica frente à ocultação e manipulação da

informaçãoassimcomofrenteàinaçãodaAdministração.

6. CONTEÚDOS

6.1. Conceptuais

• Oriocomoecossistemaefontedevidaearelaçãodoserhumanocomomesmo.• Oimpactoambientaldaminariairresponsável:acontaminação.• Drenagens ácidas de mina, metais pesados e a sua introdução na cadeia trófica:

implicaçõesparaasaúdeeoambiente.• Ociclodaágua.• Métodosdeestudodacontaminação:analíticasdeágua,estudodemacroinvertebrados.

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6.2. Procedimentais

• Representaçãoteatralencadeada.• Leituraouapresentaçãodolivroajeitodecontacontosporpartedasdinamizadoras.• Trabalhossobrearepresentaçãoteatrale/ouolivroAminacontamina.• Visionado e análise do documentário San Finx1960 (Irene Pin, 2019) que se apresenta

comoatividadecomplementáriaparaosgruposcomcriançasmaioresde9anos.• Procuradesoluções.• Trabalhoemequipasedebates.

6.3. Atitudes, valores e normas

• Sensibilizaçãocomaproblemáticaambiental.• Atitude crítica frente às ações irresponsáveis que danam o ambiente e à inação das

Administraçõespúblicasqueopermitem.• Atitudes de respeito e tolerância para o debate construtivo: dialogantes, de

argumentaçãoeescutaativa.• Compromissocomaparticipaçãoativanaresoluçãodeproblemasambientais.• Valoraçãodotrabalhodeequipa.Colaboração.

7. MATERIAIS

Todos os materiais desenhados para ser utilizados com esta unidade didáctica foramdisponibilizados sob uma LicençaCreativeCommons CC BY-NC-ND 3.0 que permite o seu uso ereprodução gratuita sem fins comerciais e com atribuição de fonte. Encoraja-se a cópia ereproduçãodosmateriais.Paraacriaçãodenovosmateriaisderivadosagradece-secontatarcomas entidades promotoras. Esta unidade didáctica está concebida para trabalhar os seguintesmateriais:

! LivroAminacontamina.Osgruposquenãodisponhamdeexemplaresimpressospoderãodescarregá-lodegraçaemPDFnapáginawebwww.saberes.eu

! Cadernodeatividades.IncluidonoprópriolivroAminacontamina.! PeçateatralAminacontaminaouoquenãovosqueremcontar,incluidatambémnolivro.! Material audiovisual para acompanahar a representação ou o trabalho com o livro:

apresentaçãoPowerPointepeçasmusicais,tambémdisponíveisemwww.saberes.euSobreasmúsicas:1. CantodasminasdeFrojám.RecolhidonaaldeiadeFrojám,Lousame.Arranjo:J.L.do

PicoOrjais.Voz:HelenadeAfonso.Piano:Orjais.Técnicodesom:JoseLaraGruñeiro.2. Sinosparaunpoetadefunto.VariaçõesdeAidaSacosobreumamelodiade J. L.do

PicoOrjais.Intérprete:AidaSaco.Técnicodesom:Jose.3. CantodasminasdeFrojám.RecolhidonaaldeiadeFrojám,Lousame.Arranjo:J.L.do

PicoOrjais.Vozeadufe:Orjais.Técnicodesom:JoseLaraGruñeiro.! SanFinx1960..DocumentáriosobreodesastreambientalquetevelugaremLousamee

Noia a partir da falha crítica da represa de lodos mineiros de Sanfins em 1960 e acontinuidade dos impactos ambientais causados polas diferentes empresasconcessionáriasdestamina,econsentidospolasdiversasadministrações. Inclui-secomo

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atividadeopcionalecomplementáriaparaosgruposnosqueparticipemcriançasmaioresde 9 anos. Em qualquer caso, consideramos o seu visionado um ponto de partidafundamentalparaaequipadinamizadora,poispermiteabordaraproblemáticacomumavisãomuitomais ampla do que oferece a simples leitura da justificação desta unidadedidática. O documentário pode ser visionado na seguinte ligação:https://youtu.be/zv_z2EEn_V8

8. ATIVIDADES

Omaterial que acompanha esta unidade didática oferece diferentes posibilidades de trabalho.Desenvolvemosaquiváriasalternativas,desdeasmaisintegrais(eeficazes)atéaspossibilidadesdemínimosparacircunstânciasnasquenãosejapossívelodesenvolvimentopleno.

Na sua conceção plena, as atividades vão fiadas a través de uma representação teatralencadeada (veja-seAtvidade 5). Este procedimento conleva a necessidade de relacionamentoentrediferentesgrupos,oquesupõeemsimesmo,umfatordeenriquecementoeducativo,queademaisfavoreceemgrandemedidaoaspetomotivacional.

Aatividadedesenvolve-seemquatrotemposquesecorrespondemcomasfasesanteriormentedescritas.

8.1. Primeira fase: motivação e sensibilização

Atividade 1.A- Assistência à representação da peça A mina contamina ou o que não vos querem contar

Nesteprimeiromomentoogrupoassisteà representaçãodapeça teatralorganizadaporoutrogrupo(paraogrupoencarregadoderepresentaraobra,estaatividadefazpartedaúltimafasedoseudesenvolvimentodaunidadedidática:fasedeaçãoecomunicação).

Será requisito fundamentaloprévio relacionamentoentreequipasdinamizadorasdediferentesgrupos. O contato inicial pode dar-se em dous sentidos: que um grupo que já trabalhara aunidade didática ofereça a outro grupo a possibilidade da representação da peça; ou que umgrupointeressadoprocurealgumgrupoquejátenhatrabalhadoaunidadedidáticaelhesolicitema sua representação. Idealmente o grupo que assiste à representação deveria assumir ocompromissodecontinuaracadeia.

Atividade 1.B- Contacontos A mina contamina

Nãosendopossívelaanteriorhipótese,étambémpossíveliniciarodesenvolvimentocomolivroAminacontamina.Paraestasegundaopçãorecomendamosapresentarestelivronãoatravésdasuasimples leiturapolascriançasoudinamizadoras, senãoa jeitodecontacontos.Osmateriaisaudiovisuais (apresentação de diapositivos e peças musicais) incluídas como parte da peça deteatro podem servir para enriquecer este tipo de atividade. As habilidades e imaginação daequipa dinamizadora para organizar esta sessão de contacontos farão com que a sua eficáciaestejaàpardaprópriarepresentaçãoteatral.

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8.2. Segunda fase: investigação e conhecimento

Atividade 2- Falamos sobre a peça

Logodeassistiràrepresentaçãoteatralousessãodecontacontos,oumesmodepoisdasimplesleitura deAmina contamina se as anteriores atividades não são possíveis, organizar-se-á umasessão de reflexão sobre a obra. A dinamizadora ou equipa dinamizadora guiará esta sessãoatravés de uma série de perguntas tratando de implicar a todo o grupo. Devem-se tomarapontamentosdasideiasprincipaisqueemerjamdasessãodereflexãoparaservircomoguianorestodeatividadesadesenvolver.

Seformassempartedogrupocriançasdepoucaidade(de5a6anos,porexemplo),asperguntaspodem ir acompanhadas de várias opções de resposta entre as quais escolher, para dar-lhe àsmaispequenasapossibilidadedeparticipar.

Convémqueadinamizadoratenhaconsigooguiãodaobraparapoderreproduzirliteralmenteaspartesqueconsidereoportunas.

Ajeitodeexemplo,sugerem-seasperguntasaseguir:

- Porquea(s)pinga(s)lhedisseramà(s)lavandeira(s)quenãobebamáguadorio?1- Achaisqueasprotagonistasdaobraestãoafalardumproblemaqueexistenarealidade

ou que é tudo uma invenção? Lembrais as fotografias que se mostravam narepresentação?Eramreais?

- AlguémescutoufalardasminasdeSanfins?2- Arepresaquehánorioestámuitodeteriorada.Oqueachaisquepodepassarserompe?- Oquesepodeverasimplesvistanofundodorio,decorlaranja,éóxidodeferro.Éesse

overdadeiroproblema?- Osmetaispesadossãosubstânciastóxicasmuitoperigosas.Podem-severnaágua?- Deondesaitodaacontaminação?- Lembraisociclodaágua?Quetemaverociclodaáguacomaviagemquea(s)pinga(s)

descreve(m)?- Quesepassariacoma(s)lavandeira(s)secomesse(m)vermesquesealimentamdefolhas

deárvoresqueabsorvemáguadorio?- Estãoobrigadasasempresasproprietáriasdaminaaevitaracontaminaçãoerestauraros

desastresambientaisquecausam?Porquenãoofazem?- Ovolfrâmioéoprincipalmineralqueseextraidessasminas.Paraquefoiempregadoa

boapartedestemineralnahistória?- As administrações públicas e a empresa proprietária da mina promoveram ummuseu

mineiro no que nada se diz sobre a contaminação. Porque achais que aos grupos quevisitamomuseunãoselhesmencionamestesgravesproblemasambientais?

- Para que a gente possa fazer algo para que este problema se solucione é preciso queesteja informada do que realmente acontece. Achais que, em geral, a população estáinformadasobreestetipodeproblemas?

- Oquedecidemfazera(s)pinga(s)ea(s)lavandeira(s)paraajudar?Parece-vosumaboaideia?

1 No itinerário da Atividade 1.A, fundamentadas na peça de teatro, há várias pingas e lavandeiras,enquantonolivroutilizadonaAtividade1.Bapenasumapingaeumalavandeira.2Utilizarummapaparasituarolugar,observandoporondediscorreoriocontaminadoecomoacabapordeitarassuaságuasnariadeMuroseNoia.Alternativamente,pode-secontextualizaraatividadeemoutraminamaispróximaàrealidadedogrupoequetenhasimilaresproblemáticasambientais.

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Atividade 3- Caderno de atividades Trata-se de um conjunto de atividades desenhadas com a finalidade aprofundar nas questõestratadasnolivroenapeçadeteatroeestãoincluídasnoprópriolivroAminacontamina.Lembraquesepodedescarregaremwww.saberes.euefazercópiasdaspáginasdocaderno.

8.3. Terceira fase: reflexão e crítica

Atividade 4- O quê podemos fazer?

Estaatividadeconsisteemfavorecerareflexãoconjuntaatravésdodiálogo,exposiçãodeideiasemesmodebatesobre:Oquepodemosfazerparacontribuirasolucionaroproblema?Pode ser recuperada aqui a pergunta da atividade 2 “o que decidem fazer a(s) pinga(s) e a(s)lavandeira(s)paraajudar?Parece-vosumaboaideia?”.

De uma atividade como esta podem surgir ideias diferentes à que se formula nesta unidadedidáticaparadesenvolvernaquartafasedeaçãoecomunicação.Aequipadinamizadoradeverávalorarapossibilidadedelevá-lasparaafrente,jásejaconjuntamentecomaqueépropostanafasefinal,oucomoalternativaàmesma.

8.4. Quarta fase: ação e comunicação

Nesta fase desenvolvem-se as propostas de ação acordadas na anterior atividade, culminandoassim o processo na consecução do objetivo fundamental da unidade didática: reagir ante umproblemaambientalprocurandoserpartenasuasolução.

A atividade que se propõe faz parte dametodologia da representação teatral encadeada,masqualqueroutraaçãoconcebidaeacordadanaanteriorfasepodeserdesenvolvida(elaboraçãodemurais informativos organizando exposições itinerantes, elaboração de trabalhos que sepubliquemnosmeiosdosquedisponhaogrupo,organizaçãodeumaapresentaçãoedebatecomodocumentárioSanFinx1960,etc).

Atividade 5- Preparação e representação da peça teatral

Não se deve esquecer que a finalidade desta atividade é a difusão da informação. Portanto, apreparação desta representação deve ir parelha aos preparativos para achegar a obra a umpúblico desconhecedor da temática tratada. O número de funções a realizar poderá variarsegundo as possibilidades do grupo, mas como mínimo o grupo deveria assumir como metarepresentaraobraparaumoutrogrupoalheio.

Aequipadinamizadoradeveocupar-sederealizarasgestõesnecessáriasparaorganizarafunçãoouas funções,comtemposuficiente,assinalandodatasquepermitamestruturaro trabalhonotempodoquesedispõe.Alémdisso,aprópriaagendaconfirmada influirámuitopositivamentenoaspectomotivacionalrelacionadocomaatividade.

Sobreoguiãodapeçateatralincluídanolivro,vertebrar-se-áodesenvolvimentodestaatividade.