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Unidade IV Ética e Responsabilidade Profissional Síntese da Unidade Veremos nesta unidade, uma breve história social do trabalho, noções básicas sobre a ética no trabalho e nas organizações, princípios de virtudes que se referem à ética profissional e a relação entre ética, trabalho e responsabilidade social. Objetivos da Unidade Identificar e analisar o processo histórico- social do trabalho; Refletir sobre a relação homem-trabalho; Compreender noções básicas sobre ética no trabalho e nas organizações; Identificar e compreender a importância dos códigos de ética profissional; Sensibilizar o aluno para a importância do desenvolvimento de políticas de responsabilidade social em seu local de trabalho. Como estudar a Unidade

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Unidade IV

Ética e Responsabilidade Profissional

Síntese da Unidade

Veremos nesta unidade, uma breve história social do

trabalho, noções básicas sobre a ética no trabalho e nas

organizações, princípios de virtudes que se referem à ética

profissional e a relação entre ética, trabalho e responsabilidade

social.

Objetivos da Unidade

Identificar e analisar o processo histórico-social do trabalho;

Refletir sobre a relação homem-trabalho;

Compreender noções básicas sobre ética no trabalho e nas

organizações;

Identificar e compreender a importância dos códigos de ética

profissional;

Sensibilizar o aluno para a importância do desenvolvimento de

políticas de responsabilidade social em seu local de trabalho.

Como estudar a Unidade

Você deverá estudar a unidade, lendo o texto, “Ética, trabalho e

cidadania”, buscar leituras complementares indicadas nos links,

ao longo do texto, fazer os exercícios propostos nas Atividades da

Unidade, participar do Fórum de Discussões e se interagir com o

professor e com os colegas.

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Introdução

Veremos nesta unidade sobre ética e trabalho. A ética na profissão do cidadão.

Como já vimos na unidade I, saber técnico e saber teórico se distinguem. Assim, em

uma empresa, seus gestores podem atingir os objetivos no que diz respeito aos ganhos,

devido a atitudes antiéticas, mas pode ser vista no mercado, como aquela empresa que

tem a filosofia máxima de que os fins justificam os meios. Isto mais cedo ou mais tarde

pode trazer resultados negativos para uma organização.

A Revista Brasileira de Administração, publicada pelo Conselho Federal de

Administração, informa que

A multa pela falta de ética na conduta de uma empresa nos Estados Unidos pode chegar a US$ 72,5 milhões, com a possibilidade de ser elevada em 400% ou reduzida em 95%, conforme fatores considerados agravantes ou atenuantes durante o processo. A legislação norte-americana para o controle de crimes corporativos – as chamadas Federal Sentencing Guidelines for Organizations (FSGO) -, aprovada em 1991, possui um sistema de sanções pecuniárias para punir adequadamente as organizações e seus agentes e incentivá-los a manter mecanismos de prevenção, detecção e informação de condutas criminosas. O julgamento das organizações é feito com base numa tabela chamada culpability score. Cada tipo de comportamento antiético ou offense possui um valor numérico diferenciado (Revista Brasileira de Administração, 39, 2005).

Esta é uma informação que nos dá a dimensão ética e cidadã, que ultrapassa os

limites das relações interpessoais, das relações do indivíduo com o Estado e ganha

também o terreno da economia. Tem a ver com o regimento interno de uma empresa,

com as leis de mercado em níveis nacionais e internacionais. Um país pode sofrer

sanções econômicas internacionais por transgredir uma determinada lei de mercado, por

agredir os direitos humanos ou ferir os direitos políticos de seus cidadãos.

Na tentativa de reduzir conflitos entre empresas e entre os valores morais,

sociais e a prática de algumas empresas, se criou nos Estados Unidos um movimento de

ética empresarial. Nesse sentido, em função de uma sustentabilidade das relações entre a

sociedade e as organizações, a ética adquiriu um “caráter de ferramenta gerencial de

controle disciplinar” (Revista Brasileira de Administração, 40, 2005) e abriu caminho

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para novos campos de atuação profissional nos setores jurídicos das empresas,

escritórios de consultoria, cargos de supervisão e criação de departamentos de ética no

meio organizacional. A Revista Brasileira de Administração ressalta que as

preocupações com as questões éticas das empresas têm se voltado para problemas

relativos a fraudes e crimes corporativos em geral, deixando a desejar ainda no que diz

respeito à questão ambiental e ao problema do desemprego (Revista Brasileira de

Administração, 2005). Estas são questões que também medem o nível de

sustentabilidade das organizações e revelam seu grau de responsabilidade social e

ambiental.

Antes de explorarmos com maior profundidade a questão da ética na sua relação

com o trabalho e a cidadania, vamos recorrer mais uma vez à história e entender como

se desenvolveu o que podemos chamar de uma breve história social do trabalho.

Conheçamos um pouco mais o que representa essa atividade que Karl Marx

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Karl_Marx) dizia ser a própria expressão da

humanidade do homem e que, assim como a ética, a moral e a cidadania, também variou

de tempo histórico para tempo histórico.

Uma breve história social do trabalho

O trabalho é, sem dúvida, uma expressão da nossa humanidade. Gradualmente

ele revela nosso descolamento da natureza, com o trabalho de domesticação dos

animais, de plantio e de manutenção dos espaços sobre os quais o homem se

sedentarizou, no caso, as cidades.

Originalmente o trabalho era comunal e continua sendo em algumas sociedades

tradicionais, como sociedades indígenas, por exemplo. Porém, com a produção de

excedentes e o surgimento da propriedade privada, algumas sociedades na antiguidade

passaram a instituir o trabalho escravo, o que significava dizer, que uns passariam a

trabalhar para os outros.

Na Idade Média, é instituído o trabalho servil, no qual, o servo não é um

escravo, mas ao mesmo tempo, não é um homem livre. Como já vimos, ele está preso à

terra. Na sociedade feudal, as classes sociais são definidas por Hubermann (1981),

dentre outros, como a sociedade dos sacerdotes, dos guerreiros e dos trabalhadores.

Estes eram os únicos vistos como os que trabalhavam. As atividades dos sacerdotes

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(clero) e dos guerreiros (senhores feudais), não eram vistas como trabalho, pois o

trabalho era visto como algo indigno.

Na sua origem, a palavra trabalho vem do latim tripalium, tripaliare, que quer

dizer tortura. Associado a castigo e penalização, o trabalho era compreendido no

imaginário social, como a expressão da ira divina pelo pecado humano. “Comerás o teu

pão, com o suor do teu rosto” (Gênesis, 3, 19). Porém, a partir da época moderna,

especialmente por volta do século XV, na Europa, é que o trabalho começa a adquirir

uma conotação diferente da original. Nessa transição o trabalho passa a adquirir uma

conotação valorativa.

Na Unidade II, nos referimos a John Locke e a Adam Smith. Locke no século

XVII e Smith no século XVIII, foram dois pensadores da sociedade do livre mercado,

cujas idéias muito contribuíram para a formação e desenvolvimento da sociedade

burguesa. Para ambos, respectivamente, o trabalho era fonte de propriedade e de

riqueza, o que nos dá a idéia do quanto o trabalho se eleva a uma atividade humana das

mais importantes. Tal construção em torno do trabalho não ocorreu por acaso. Ele era (e

continua sendo) o pilar mais importante da economia capitalista, principalmente com o

processo de industrialização, a partir de meados do século XVIII.

Sobre o mundo do trabalho, a classe patronal passou a dedicar uma atenção

especial. A menina dos olhos da burguesia era a classe trabalhadora e sobre esta, recai

um olhar vigilante e disciplinador. Não bastaria, portanto, somente elevar o trabalho a

uma das mais dignas atividades do homem. Mais do que isto, era importante fazer com

que as pessoas acreditassem moralmente nisso. De que maneira: através de estratégias

disciplinarizadoras e de vigilância.

Para termos idéia de como isso se deu, em meados do século XIX, nas cidades

de Londres e Paris, ocorreu um crescimento populacional espantoso, devido à

industrialização. Em apenas seis anos, Londres teve um crescimento demográfico de

mais de 1 milhão de habitantes e Paris, na mesma época, de mais de 600.000 habitantes

(BRESCIANI, 1982). Eram pessoas em busca de trabalho, nas indústrias emergentes,

originárias de diferentes regiões da Inglaterra e da França, com hábitos e costumes

diversos. Haveria a necessidade, por parte da classe patronal de uniformizar as

diferenças, eliminando a diversidade assustadora, representada pelo proletariado que se

formava.

Adentrar a porta da fábrica significava adentrar o mundo burguês, com suas

estratégias de controle do processo de produção. Significava domesticar os corpos,

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reduzir gestos, economizar movimentos, administrar o tempo e otimizar a produção. O

trabalho, portanto, ganhava um significado técnico-científico, com o método racional de

produção, conhecido como taylorismo ou fordismo

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Taylorismo), desenvolvido por Frederick Taylor, com a

sua máxima de maior produtividade em menor espaço de tempo.

Linha de montagem inspirada no taylorismo, criada por Henry Ford ((1863-1947), pioneiro da indústria automobilística

Fonte: www.mundoeducacao.com.br/geografia/taylorismo...

Charles Chaplin, um dos cineastas mais geniais da história do cinema, em seu

filme Tempos modernos (http://pt.wikipedia.org/wiki/Modern_Times), nos anos de

1930, representou de modo genial, o mundo do trabalho e a realidade vivenciada pelo

trabalhador operário, no interior de uma fábrica. Chaplin desfaz o mito de que a

industrialização viria trazer benefícios para toda a humanidade. Nessa imagem

idealizada da sociedade industrial, com a mecanização da produção, o homem teria mais

tempo para se dedicar a atividades mais importantes, como o desenvolvimento do

intelecto e o lazer.

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Charles Chaplin (Carlitos). Tempos Modernos Fonte: www.planetaeducacao.com.br/novo/impressao.asp...

O que se viu, ao contrário foi uma submissão do homem ao trabalho e ao tempo.

Ou no dizer de Marx, o homem tornou-se um mero apêndice da máquina. Movimentos

cansativos e repetitivos, alienação no processo de produção, vigilância e controle,

jornadas de trabalho de 12, 14 horas diárias, sem descanso semanal remunerado,

ausência de regulamentação do trabalho de crianças, de mulheres e de idosos, revelavam

as péssimas condições em que encontravam aqueles que se dedicavam ao trabalho, na

esperança da melhoria das suas condições materiais de existência.

Um conjunto de estratégias visava, minuciosamente, penetrar o coração e a

mente de cada trabalhador, os valores morais do trabalho, da obediência, da disciplina e

da docilidade. A família deveria cumprir um papel fundamental nessa sociedade

idealizada do trabalho. Cada célula familiar deveria reproduzir esses valores, sendo

estes uma referência de boa educação. As vilas operárias não foram criadas com o

simples objetivo de garantir moradia aos trabalhadores fabris. Constituíram-se numa

estratégia de controle sobre o trabalhador tanto dentro como fora das fábricas. Havia

toque de recolher e vigilância sobre o comportamento de cada trabalhador; este não

necessitaria ganhar o pernicioso mundo da rua, pois de tudo que necessitasse, a vila

poderia lhe oferecer, da mercearia à capela, passando pelo campo de futebol.

Com sua arquitetura panóptica, as vilas operárias foram projetadas para que

todos pudessem vigiar todos. Não havia muros que fizessem divisão entre as casas, que

ficavam de frente umas para as outras. Como já foi dito, nada disso foi por acaso. Havia

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objetivos claros de moldar toda uma sociedade aos valores do trabalho e obter o

máximo de produtividade dos trabalhadores.

Nada disso se deu sem resistência. Se a sociedade do trabalho construída no

imaginário burguês era idealizada, a realidade era bem diferente. As condições de

trabalho eram péssimas, o trabalho era aviltante, as estruturas das cidades industriais

eram bastante precárias, as epidemias vitimavam muitos trabalhadores, a criminalidade

e as resistências operárias, através de greves, por exemplo, revelavam uma profunda

contradição social e uma profunda contradição entre o capital e o trabalho.

Marcha de trabalhadores na Itália - gravura do século XIX

Fonte: www.vermelho.org.br/museu/principios/anterior...

O movimento ludita

(http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/2006/03/13/001.htm), na primeira

metade do século XIX na Inglaterra se constituiu em uma das primeiras e mais

expressivas formas de resistência dos trabalhadores às suas péssimas condições de vida

e de trabalho. Os movimentos operários passaram a ganhar contornos mais definidos,

com a organização dos trabalhadores em sindicatos, tendo nas greves, a principal arma

de luta.

O fato é que, com as lutas operárias, a classe patronal e os próprios Estados

europeus perceberam que haveria a necessidade de serem revistas as relações entre

capital e trabalho. Percebeu-se a necessidade de uma política de reorganização do

espaço urbano e de uma política sanitarista, pois a multidão que se aglomerava nas

cidades, sofria com o rápido crescimento demográfico e com a falta de infra-estrutura

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das mesmas; percebeu-se também que se tornava urgente o combate às epidemias que se

proliferavam rapidamente nas cidades; percebeu-se ainda, que a pressão dos

trabalhadores exigia políticas sociais voltadas para o mundo do trabalho e, portanto,

haveria que se pensar na regulamentação da jornada de trabalho, na regulamentação do

trabalho da mulher e da criança, na lei de aposentadoria, no descanso semanal

remunerado, etc.

Orientados pelas idéias socialistas, os trabalhadores organizados em sindicatos,

faziam valer seus direitos, ao lembrarem que também eram cidadãos e que deveriam ser

contemplados no texto da Declaração dos Direitos do Homem. A luta operária passava a

representar uma ameaça à ordem burguesa e ao progresso capitalista. As paralizações

comprometiam a produtividade e o lucro patronal. Isto fez com que, no século XX,

políticas sociais mais efetivas viessem amenizar o conflito capital X trabalho e garantir

a continuidade do trabalho aos moldes da produção capitalista.

Um momento marcante nesse processo conflituoso das relações entre capital e

trabalho, foi o da crise da Bolsa de Valores de Nova York, em 1929, mais conhecida

como a Grande Depressão (http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress

%C3%A3o). A crise de superprodução

A fotografia Migrant Mother, uma das fotos americanas mais famosas da década de 1930, mostrando Florence Owens Thompson, mãe de sete crianças, de 32 anos de idade, em Nipono, Califórnia, março de 1936, em busca de um emprego ou de ajuda social para sustentar sua família. Seu marido havia perdido

seu emprego em 1931, e morrera no mesmo ano.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o

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nos EUA, pouco mais de 10 anos depois do término da 1ª Guerra Mundial

(http://www.suapesquisa.com/primeiraguerra/) (1914-1918) e da Revolução Russa

(http://www.suapesquisa.com/russa/) (1917), desencadeou uma crise mundial do

capitalismo, gerando desemprego, fome, desespero e revolta. Essa crise revelava a

necessidade do Estado capitalista intervir na economia e

Greve geral em São Paulo. 1917 Fonte: www.assis.unesp.br/~folquito/bras.htm

nas relações entre patrões e empregados. Um economista britânico, John Maynard

Keynes (1883-1946)

(http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/crise_economia6.htm), contrariou o

modelo econômico vigente até então, baseado no liberalismo, já visto na Unidade II.

Para Keynes, o Estado deveria cumprir o papel de regulador da economia e das relações

de trabalho, fazendo os ajustes necessários, incentivando investimentos através de obras

públicas, por exemplo, como forma de garantia de reprodução do capital e, ao mesmo

tempo, de redução das tensões sociais.

Na década de 1930, Franklin Delano Roosevelt (1882-1945)

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Franklin_Delano_Roosevelt), implantou o plano

conhecido como New Deal (http://www.brasilescola.com/historiag/new-deal.htm)

(“Novo acordo”), que promoveu melhores condições de trabalho; extensão de energia

elétrica e modernidade às regiões mais pobres do país; política de empregos através de

parcerias entre o governo, empresas e consumidores; programas de ajuda social,

construção de aeroportos, escolas, hospitais, pontes e represas; estabelecimento do

salários mínimos e de limites na carga horária de trabalho; reformas trabalhistas;

regulamentação dos sindicatos, maiores garantias de proteção dos trabalhadores e dos

seus direitos; pensões mensais para aposentados; ajuda financeira regular por um certo

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período de tempo, para pessoas desempregadas, etc

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o).

A Grande Depressão causou pobreza geral nos Estados Unidos e em diversos países do mundo. Aqui, família desempregada, vivendo em condições miseráveis, em Elm Grove, Califórnia, Estados Unidos.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o

Podemos dizer que a política do New Deal foi o antídoto para a crise capitalista.

Nasce com essa política, um novo modelo de Estado, o Welfare State Social

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado-provid%C3%AAncia) ou Estado do Bem-Estar

Social. Foi a forma encontrada pelos principais Estados capitalistas para fazer frente à

ameaça socialista, que ganhava força com a Revolução Russa. Passou-se a ter um novo

entendimento das relações entre o capital e o trabalho e o Estado e os trabalhadores.

Podemos dizer que o Estado do Bem Estar Social foi um Estado bastante

vigoroso até a crise do petróleo em 1973

(http://br.geocities.com/vinicrashbr/historia/geral/crisedopetroleo.htm). Esta crise

representou um enfraquecimento das políticas sociais, dando início a uma gradual

redução da participação do Estado nas relações de trabalho e na economia.

Especialmente a partir de 1979, com Margaret Tatcher

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Margaret_Thatcher), na Inglaterra, de 1981, com

Ronald Reagan (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ronald_Reagan), nos EUA e de 1982,

com Helmut Khol (http://pt.wikipedia.org/wiki/Helmut_Kohl), na Alemanha. Eram

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os ventos do neoliberalismo

(http://www.suapesquisa.com/geografia/neoliberalismo.htm). Os governos de

Tatcher, por exemplo, na prática, contraíram emissão monetária, elevaram taxas de

juros, elevaram níveis de desemprego e impuseram uma legislação anti-sindical,

reduziram impostos sobre rendimentos mais altos e promoveram um amplo programa de

privatização (ANDERSON, 1995).

Na década de 1990, sob os efeitos da implantação do programa neoliberal e da

derrocada do socialismo, com a queda do Muro de Berlim

(http://educaterra.terra.com.br/voltaire/mundo/muro4.htm), em 1989, as relações

entre capital e trabalho ganham novos contornos, despojadas das ideologias mais

radicalizadas. Os trabalhadores, outrora classificados como “classes perigosas”, passam

a ganhar status de colaboradores e grandes empresas passam a adotar estratégias

motivacionais que dessem maior sustentabilidade às relações de trabalho.

Responsabilidade social

(http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n9/01_rs.pdf), passou a

representar palavra chave no mundo organizacional, sendo responsável pela melhoria da

imagem das grandes corporações e, até mesmo, das pequenas e médias empresas que

passaram a adotar essa política. Para o desenvolvimento de uma política de

responsabilidade social em uma organização, é imprescindível a ética empresarial.

Da Revolução Industrial até a década de 1990, praticamente não se falou em

ética empresarial. Por isso percorremos esse longo caminho na história social do

trabalho, passando pelas relações de escravidão, nas quais nem o corpo do trabalhador

lhe pertencia, pelas relações de servidão nas quais o trabalhador estava preso ao seu

local de trabalho, ou seja, à terra e pelo sistema de assalariamento, no qual, os

trabalhadores, apesar de livres, não tinham garantias mínimas,. A sociedade industrial,

que nascera no século XVIII, se desenvolveu alavancada fundamentalmente pelo

trabalho, sem oferecer amparo à infância, à mulher e à velhice, sem salários

minimamente dignos, sem férias e sem descanso semanal remunerado.

Aos poucos percebia-se que as reivindicações dos trabalhadores deveriam ser

atendidas e incorporadas às políticas dos Estados Nacionais ou a miséria social se

apresentaria como um grande obstáculo ao desenvolvimento econômico.

Infelizmente notamos ainda hoje, péssimos exemplos de desrespeito à ética e à

cidadania no trabalho, como os casos de exploração do trabalho e condições de

escravidão, não raros no Brasil. Os chamados “gatos”, prestam serviços para

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fazendeiros em época de derrubada de matas nativas para criação de pastos ou de

produção de carvão para a indústria siderúrgica, aliciando desempregados que se situam

em áreas distantes daquelas em que vão trabalhar, com promessas de bons salários e

boas condições de trabalho. Nas fazendas, se vêm completamente endividados com

transporte, moradia e alimentação (precários) e não têm como se livrarem dessa

condição, sob a alegação de que estão endividados.

Em março de 2004, o Brasil reconheceu na Organização das Nações Unidas a existência de pelo menos 25 mil pessoas reduzidas à condição de escravos no país - e esse é um índice considerado otimista. Os números servem de alerta para o tamanho do problema. Porém, mesmo que houvesse um único caso de trabalhador reduzido à escravidão no Brasil, esse caso deveria ser combatido e eliminado (http://www.comciencia.br/200405/reportagens/11.shtml).

Além do mais, o tráfico de pessoas é uma forma contemporânea de escravidão,

envolvendo mulheres, crianças e adolescentes, com fins de exploração sexual e do

trabalho escravo. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 2 milhões

de pessoas são vítimas do tráfico humano por ano, informa a Iniciativa Global de

Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas (http://www.ungift.org/brazil/).

Esta é uma dura realidade com a qual nos deparamos também em países como o

Brasil, o que contribui para manchar ainda mais a imagem do Brasil no exterior, como

um país que pouco respeita os Direitos Humanos e que tem um baixo Indice de

Desenvolvimento Humano

(http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%8Dndice_de_Desenvolvimento_Humano).

Indicam também que deixamos a desejar no quesito ética e cidadania.

Há que se considerar, porém, que uma mudança de mentalidade está em curso,

acompanhada da necessidade de se definir códigos de ética empresarial no que diz

respeito às relações de trabalho, bem como também, às relações das corporações com o

meio ambiente e com os problemas sociais em geral.

Vejam a opinião de Miguel Krigsner, presidente do Boticário

Os governos de forma geral em todo o mundo já não conseguem mais atender às demandas econômicas, sociais, políticas e ambientais, cabendo às empresas dividir essa responsabilidade, pois formamos uma grande força alavancadora da sociedade (MENDONÇA, disponível em

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http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n9/01_rs.pdf)

Seguindo mais ou menos o mesmo discurso, vejam também a opinião de

Emerson Kapaz, presidente do Instituto Ethos (http://www.ethos.com.br/)

O primeiro passo para qualquer ação de responsabilidade social em empresas, passa pela conscientização dos empreendedores e, principalmente dos acionistas majoritários de que o consumidor valoriza a diferença entre empresas que são socialmente responsáveis e outras que não têm essa preocupação...Passamos hoje por uma saudável evolução na conscientização de que não podemos mais fingir ser possível ao Brasil continuar como está. Esse é o primeiro passo para se reduzirem os níveis de pobreza no país.(MENDONÇA, disponível em http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n9/01_rs.pdf)

Técnicas de relaxamento para funcionários, planos de saúde, cestas

básicas, criação de espaços recreativos nas empresas e fora delas, ganhos de

participação nos lucros da empresa, projetos de ajuda comunitária, projetos de

sustentabilidade ambiental, constituem hoje, estratégias motivacionais importantes para

criar no funcionário uma relação mais afetiva com o trabalho e o sentimento de pertença

em relação à empresa. Com essa relação afetiva e com esse sentimento, o que se espera

é que sejam atingidas as metas de produtividade desejadas.

Ética no Trabalho, Ética nas Organizações

Já vimos em outras palavras, que a ética é a ciência da conduta do homem

perante seus semelhantes. Assim, “Coisa alguma é Ética se é produzida com o prejuízo

de alguém, com a intenção de um subjetivismo acentuado e pernicioso” (SÁ, 1998: 55).

Para Antônio Lopes de Sá, “A história do mundo está plena de atos lesivos à

Ética praticados pelo fanatismo religioso, pelos preconceitos, em suma, por emoções

que empanam a razão, mas que dominam o ego e que contaminam as sociedades” (SÁ,

1998: 62).

Contra esse legado histórico bastante desfavorável, a educação deve cumprir um

papel fundamental para a criação de uma cultura ética e cidadã. Educação para a ética

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que deve transpor os muros das escolas e ser cultivada também nas organizações. Para

isso, lembra Elizete Passos, que as

Organizações éticas buscam, na prática, serem honestas, justas, verdadeiras e democráticas por uma questão de princípio e não de conveniência. Não é ético o modelo de empresa que apenas usa os seres humanos como recursos, um tipo de objeto sem vontade nem direito de participar. A empresa precisa ser sólida, produtiva e lucrativa; precisa desenvolver-se desde que promova, ao mesmo tempo, o desenvolvimento dos seres humanos” (PASSOS in Revista Brasileira de Administração, 43, 2005).

Há muitos entraves para a efetivação da ética nas organizações e dentre eles

podemos citar a alienação do trabalhador no processo de produção, a ausência de

identificação do trabalhador em relação à profissão que exerce e a expansão exagerada

que o trabalho passou a ocupar na vida de todos os cidadãos. A construção de relações

humanas mais éticas nas organizações passa, necessariamente, pela revisão das relações

homem-trabalho. Há mais de 100 anos, Nietzche já alertava para a relação doentia que

passamos a ter com o trabalho e a produção, nos esquecendo que a ética e a cidadania

não se sustentam somente sob a lógica do produzir, produzir, produzir, trabalhar,

trabalhar, trabalhar. Nietzche dizia na sua obra Gaia Ciência,

Já hoje as pessoas têm vergonha do ócio e quando elas se dedicam a um longo período de reflexão e contemplação elas já estão com a consciência suja. Pensamos com o relógio na mão, e comemos no almoço com o relógio na mão, olhando para a seção de economia e o relatório da bolsa de valores no jornal, amamos como pessoas que poderiam perder alguma coisa (NIETZCHE apud ALVES, 2002: 124).

Alertar para a exploração inescrupulosa do trabalho alheio, para a alienação do

trabalho, para a ausência do sentimento de pertença do trabalhador em relação ao seu

local de trabalho e para o tempo excessivo que o trabalho ocupa em nossas vidas, nos

faz perceber que aos estudarmos sobre o tema ética no trabalho e nas organizações,

estamos tratando de uma questão bastante abrangente, que envolve muitos problemas

que devem ser enfrentados pelas empresas, porém, de forma ética e levando-se em conta

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que todos aqueles que atuam nela, direta ou indiretamente, são cidadãos, dos acionistas

aos funcionários, passando pelos seus consumidores e fornecedores, conjunto este,

denominado na Administração de stakeholders

(http://webinsider.uol.com.br/index.php/2003/09/23/gc-e-a-administracao-para-os-

stakeholders/).

As relações no trabalho pautadas pela ética contribuem para cultivar o princípio

de que as organizações são “organismos vivos”, pois o que as faz mover são as pessoas

e o tratamento que se dá às relações interpessoais tem um peso bastante representativo

no alcance das metas e resultados de uma empresa.

Deve-se ter em mente também que não adianta muito uma empresa ter seu

código de conduta ética se este fica arquivado. A ética deve ser entendida

Como algo que se forma a partir de valores morais construídos ao longo da vida de um indivíduo, inseridos numa certa cultura e momento histórico, em harmonia com os interesses da organização da qual faz parte. Nesse ponto de vista, ficam evidentes os prejuízos de se limitar o exercício da ética à simples aplicação de códigos de conduta, uma vez que a realidade é modificada a cada segundo pelos acontecimentos e que os principais conflitos éticos surgem em situações inesperadas, vividas pelo indivíduo, que optará pela ética ou não conforme seus próprios interesses e a importância que ele dá à empresa da qual faz parte (Revista Brasileira de Administração, 2005: 43-44).

Esse entendimento nos permite perceber que a ética, como ciência de nossos

valores morais, não deve ser regulada por estratégias de vigilância, ameaças e punição

nos locais de trabalho. Somos educados com os valores morais que temos. Portanto, o

que o conhecimento sobre a ética faz é nos orientar para seguirmos esses valores. Por

isso não adianta muito termos consciência desses valores e conhecimento dos códigos

de conduta de uma profissão, se não os respeitamos, se os negligenciamos, se os

ignoramos.

Ignorá-los significa dar continuidade aos principais problemas éticos vividos nos

locais de trabalho de muitos brasileiros, tais como os listados por Elizete Passos:

Favoritismo, sacrifício dos mais fracos, obediência inquestionável às regras impostas, tráfico de influências, abandono das obrigações familiares pelos empregados, subornos, sonegação fiscal, pirataria, espionagem industrial,

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propinas, falta de investimento em segurança...danos ao meio ambiente, exploração do trabalho feminino e infantil... (PASSOS in Revista Brasileira de Administração, 2005, 44-45).

Apesar desses problemas éticos, não pode ser descartada a importância dos

códigos de ética nos locais de trabalho, pois eles são necessários para nortear tanto as

estratégias a serem desenvolvidas em uma empresa, quanto as ações individuais e

grupais de seus integrantes, segundo Osmar Bertero. Para ele, “Os códigos não podem

se contradizer e nenhuma empresa terá um código de ética que se afaste de padrões

éticos socialmente aceitos e legitimados” (BERTERO in Revista Brasileira de

Administração, 2005: 45).

Nos códigos de ética profissional (PINHO e NASCIMENTO, 2006) podemos

identificar pontos comuns que dizem respeito à preservação de valores morais,

independentemente da profissão. No Código de Ética Profissional do Administrador

(http://www.cfa.org.br/download/RN01253.pdf), no Código de Ética Profissional

do Advogado (http://www.oab.org.br/CodEticaDisciplina.pdf) e no Código de Ética

Profissional do Contabilista

(http://www.portaldecontabilidade.com.br/nbc/res803.htm), para citarmos esses

exemplos, podemos perceber o coletivo se sobrepondo ao individualismo, a

cidadania se sobrepondo ao desrespeito ao cidadão, o zelo pela profissão e pela

informação se sobrepondo às ambições pessoais. Além disso, o sigilo, a

honestidade, o coleguismo, a mútua cooperação, a fidelidade e o respeito ao meio

ambiente, estão baseados no respeito ao cliente-cidadão e a toda coletividade.

Pelos seus conteúdos, é inegável a importância dos códigos de ética profissional

e neles estão inscritas as virtudes básicas profissionais. Para Lopes de Sá, são muitas as

virtudes que um profissional precisa ter para desenvolver com eficácia seu trabalho. Sá

destaca quatro delas como as mais importantes: a virtude do zelo, a virtude da

honestidade, a virtude do sigilo e a virtude da competência (SÁ, 1998).

No que se refere ao zelo, Sá observa que profissionais como médicos, advogados

e contabilistas, por exemplo, se deparam com casos de difícil solução. O médico que

recebe um paciente em estado terminal, o advogado que se incumbe de uma causa de

difícil amparo da lei, o contador que se encarrega da difícil missão de tentar a

recuperação patrimonial de uma empresa em processo de falência. Para o autor, a

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virtude não está necessariamente no êxito do profissional, mas no zelo para alcançá-lo,

pois “Mesmo diante de uma situação aparentemente sem solução, o profissional pode

aplicar de tal forma o zelo que venha a modificar o prognóstico negativo” (SÁ, 1998:

163).

Lopes de Sá chama a atenção para o fato de que o zelo é indispensável à ética

profissional porque quem procura um advogado, um médico, um contador, um

profissional da informática, deposita nesses profissionais um bem precioso que é a

confiança. A ausência do zelo é, pois, traição à confiança depositada pelo cliente (SÁ,

1998).

Pela confiança depositada pelo cliente, o profissional deve pautar o exercício da

sua profissão também pela virtude da honestidade. Virtude de difícil compreensão em

um país como o Brasil, devido aos péssimos exemplos que partem do Congresso

Nacional, dos governos, das Assembléias Legislativas e das Câmaras Municipais,

noticiados na mídia de modo tão corriqueiro que a impressão que dá é que a virtude está

na desonestidade. Essa inversão de valores é altamente nociva à sociedade, pois se

dissemina por todo o corpo social, corrompendo as profissões.

Para Lopes de Sá

O profissional tem dever ético de ser honesto integralmente. Não existe meia-confiança, como não existe meia-honestidade; ou confiamos, ou desconfiamos; o ser é honesto ou desonesto, ao transgredir os princípios da honestidade, não prejudica só seu cliente, mas também aquele de sua classe.(SÁ, 1998: 173).

Acrescenta-se às virtudes do zelo e da honestidade, a virtude do sigilo. O

exercício da profissão exige discrição, pois é ético ser discreto, preservar o quanto

possível, a vida privada do cliente e fazer valer a confiança do segredo das informações

sigilosas a quem lhe confiou. O senso ético não exige necessariamente o pedido de

sigilo, cabe ao profissional ter em mente a necessidade da discrição quanto a tudo que se

refere ao trabalho e à empresa em que trabalha. O ato de ferir a ética do sigilo revela,

mais cedo ou mais tarde, a qualidade do profissional.

A competência também não pode se esquivar da conduta ética de um

profissional. Os erros médicos, a causa certa perdida devido à incompetência do

advogado, multas aplicadas à empresa devido à incompetência do contabilista, são

exemplos de agressão aos códigos de conduta profissional desses segmentos

vocacionais.

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Como lembra Lopes de Sá, tais agressões aos códigos de conduta profissional

são graves deficiências cometidas por quem exerce determinada função, ciente de que

não é capaz de exercê-la. O autor de Ética profissional afirma que

Tais lesões são infrações à Ética, conscientemente praticadas. Um profissional precisa saber reconhecer suas limitações. A evolução vertiginosa pela qual passam todos os conhecimentos requer ainda uma permanente reciclagem, uma constante atualização. Conforme o ramo profissional, as técnicas comportam evoluções em apenas poucos meses (SÁ, 1998: 177).

Fonte: 100-stress.blogspot.com/2005/03/tica-profissi...

Ética, Cidadania e Responsabilidade Social

Aliar os princípios éticos aos valores morais é um objetivo que deveríamos ter

em mente o tempo todo, se queremos alcançar nossas metas a médio e longo prazo. As

atitudes anti-éticas podem até trazer resultados positivos e a curto prazo, mas são

resultados transitórios, passageiros e que colocam em risco nossa imagem pessoal ou a

imagem da empresa no mercado. Em função de imagem, muitas empresas têm se

ocupado em desenvolver seu marketing social, através de políticas de responsabilidade

social e ambiental.

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Por essas políticas, empresas brasileiras investem anualmente, 2,5 bilhões de

dólares. As ações corporativas ocorrem geralmente na região na qual, as empresas

atuam, para reduzir impactos sociais e ambientais decorrentes da atividade econômica

que realiza (CARELLI, 2003).

Importante que se tenha em mente, porém, é que o volume em dinheiro investido

deve ser acompanhado por um senso de responsabilidade cidadã. O que a empresa

espera é retorno financeiro, mas não deve encarar seu investimento como uma atividade

econômica a mais. O retorno não é imediato e muitas empresas desistem no meio do

caminho, por não terem um programa de avaliação do seu próprio projeto de

responsabilidade social em uma determinada comunidade.

Gabriela Carelli cita o exemplo da Petrobrás. Uma das empresas brasileiras que

já causou bastantes estragos ambientais. Com um orçamento anual de 700 milhões de

reais investidos em projetos sociais, não se deu conta, durante muito tempo de que

estava gastando demais, sem obter os resultados sociais desejados. É o caso do Projeto

Chafariz. Ao invés de encontrar petróleo no semi-árido nordestino, a companhia

encontrava água. O Chafariz foi criado para se criar um melhor aproveitamento desse

bem da natureza para a comunidade carente. Porém, sem o apoio das prefeituras locais,

o projeto não alcançou os resultados esperados. Em 40 anos de existência do projeto, 48

poços de água foram abertos, mas muitos foram fechados. O projeto foi reestruturado

com a ajuda de consultores e de Projeto Chafariz passou a se chamar Projeto Molhar a

Terra. A meta desse novo projeto era a de atingir 200 poços de água para atender

27.000 pessoas, que passaram a ser capacitadas para o plantio de milho, mamona e

feijão (CARELLI, 2003).

Exemplos como este, revelam que não basta a uma empresa, seja ela grande,

média ou pequena, destinar verbas para fins sociais ou ambientais e se apresentar como

uma empresa ética e preocupada com a questão da cidadania no país, melhorando sua

imagem. Empresas que são modelo de ética e cidadania, não são aquelas que mais

investem em responsabilidade social ou ambiental, mas aquelas que se preocupam em

colocar ética em suas decisões.

A revista Exame, em edição especial, realizou uma pesquisa para identificação

de empresas que mais se preocupam com a ética e a cidadania em suas ações. A

pesquisa foi realizada em parceria com o Instituto Ethos de Empresas de

Responsabilidade Social e abordou sete temas no questionário dirigido a 245

companhias, de diferentes regiões do Brasil. Abaixo, estão dispostos em uma tabela, os

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temas abordados. Eles são muito importantes, pois servem de parâmetro para

avaliarmos como estão se comportando as empresas em que atuamos, na sua relação

com os compromissos éticos, com o aperfeiçoamento dos seus funcionários e a

educação dos mesmos, com os impactos ambientais que ela provoca, com o

relacionamento com seus parceiros, com os seus clientes, a comunidade na qual ela

atua, com o governo e a sociedade. Confira:

1 - Valores de transparência Adoção e abrangência de práticas como divulgação de crenças, valores e compromissos éticos, transparência e discussão com os stakeholders sobre os indicadores usados para avaliar o sucesso do negócio.

2 – Funcionários e público interno Gestão participativa, benefícios, posicionamento em relação ao trabalho infantil, tratamento dado ao tema diversidade e investimento em desenvolvimento profissional e educação.

3 – Meio ambiente Gerenciamento do impacto, melhoria dos processos de gestão ambiental e desenvolvimento de programas de conscientização e educação.

4 – Fornecedores Trata do relacionamento da empresa com sua cadeia produtiva e de seu empenho em disseminar conceitos ligados à responsabilidade social entre fornecedores e parceiros.

5 – Consumidores/Clientes A valia o tratamento dado aos que compram produtos e serviços da empresa e seu compromisso com o atendimento.

6 – Comunidade Inclui questões como o cuidado com os possíveis impactos da atuação da empresa na comunidade, o relacionamento com lideranças locais, voluntariado e investimento social.

7 – Governo e sociedade Trata da ética no relacionamento com governos e autoridades, da parceria com órgãos públicos e da preocupação da empresa em ser uma formadora de opinião em seu setor.

Fonte: Guia da Boa Cidadania Corporativa. Exame. Edição especial, 2003, 31

Fazer com que a prática siga o discurso é o grande desafio de muitas empresas.

Assim como qualquer outro investimento, investir em responsabilidade social e

ambiental também exige planejamento e acompanhamento dos resultados. É preciso

portanto de competência e vontade para se investir em ética e cidadania.

Conclusão

Bem amigos, estamos chegamos ao final de uma longa jornada, cujo maior

resultado, espero, tenha sido um maior crescimento pessoal e intelectual de todos nós.

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Os temas ética e cidadania não se esgotam aqui e devemos tê-los em mente, todos os

momentos de nossas vidas, nas relações que estabelecemos no ambiente de trabalho,

com o namorado, com a namorada, com a esposa, com o marido, com os filhos, com os

pais, com os professores, com o alunos, etc.

A ética se estende às diferentes atividades realizadas pelo homem, quando ele se

envolve com as questões genéticas, com as questões relativas à fome, à pobreza, à

miséria, à falta de água, à política, à ecologia, à publicidade, à religião, à vida (NALINI,

2001).

Precisamos muito que a ética e a cidadania sejam colocadas como temas para

debate constante, em um país que tem péssimos exemplos da anti-ética e do desrespeito

à vida cidadã. São exemplos que contaminam todo o corpo social, criando a cultura do

“levar vantagem em tudo”, que se multiplica rapidamente. A maioria dos brasileiros é

gente boa e honesta. Mas não é de se temer que casos de corrupção que vemos

noticiados todos os dias, nos telejornais, no rádio, na mídia impressa e na internet

passem a ser a regra? Mensalões, mensalinhos, fraudes na previdência, rombos

financeiros, cartões corporativos, sonegações fiscais, lavagem de dinheiro, dinheiro na

cueca, notas frias de campanhas eleitorais e superfaturamentos; convivem com a falta de

água no semi-árido nordestino, com equipamentos hospitalares se enferrujando em

hospitais modernos, mas que não são colocados em funcionamento para atender a uma

população carente de atendimento à saúde, com transportes escolares bastante precários

para crianças da zona rural e que ferem direitos constitucionais.

Não dá para citar todas as agressões aos princípios éticos e à cidadania que

vivenciamos cotidianamente. Elas dariam um livro à parte. Mas tenho certeza que este

estudo contribuiu para termos um pouco mais de clareza sobre o que deve e o que não

deve ser feito. Pautarmos nossa vida pela ética na família, no trabalho, na religião, no

lazer, significa pautarmos nossa vida pelo respeito ao outro e pelo respeito a nós

mesmos. Esta é uma condição elementar para o exercício pleno da cidadania. Sigamos,

portanto, os bons exemplos.

Glossário

Alienação – Conceito utilizado por Karl Marx para referir-se à estranheza do

trabalhador em relação ao trabalho e ao produto do trabalho. Refere-se ao trabalhador

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que só executa ordens no processo de produção, em uma linha de montagem, sem

identificação alguma com o trabalho e o produto do trabalho.

Arquitetura panóptica – Projetada para instituições sociais como prisões, escolas,

manicômios, conventos, vilas operárias, a arquitetura panóptica é uma arquitetura da

vigilância, através da qual, todos podem vigiar todos, todos se sentem vigiados, mesmo

que não esteja alguém na vigília. Se caracterizam por desenhos arquitetônicos circulares

ou quadrados, voltados para dentro, geralmente com pátios centrais.

Aviltante – detestável, desprezível, abominável.

Pecuniárias – Relativo a dinheiro; no caso, o sentido da palavra na primeira página do

texto está relacionado com multa, ou seja, as empresas que não têm conduta ética,

podem sofrer sanções pecuniárias, podem sofrer penas na forma de multas.

Política sanitarista – A política sanitarista acompanhou a política de reorganização do

espaço urbano (ver texto abaixo). Além do sistema de água tratada e da infra-estrutura

da rede de esgoto e pluvial, desenvolveu-se uma política de combate às epidemias, com

políticas de vacinação contra a varíola, por exemplo.

Pernicioso – danoso, nocivo, doentio.

Reorganização do espaço urbano – Londres e Paris passaram por um processo de

reorganização do espaço urbano na segunda metade do século XIX, que resultou na

modernização dessas cidades e no seu embelezamento; ruas e avenidas foram alargadas,

árvores foram plantadas, foi implantado um sistema moderno de distribuição de água e

uma infra-estrutura do sistema de esgoto e pluvial, foi implantado também um sistema

de transporte coletivo, para levar os trabalhadores ao seu local de trabalho, com a

instalação de linhas de bonde.

Comunal – Está associado ao coletivo, o trabalho comunal se dá no espaço coletivo, no

qual todos podem usufruir igualmente dos frutos da terra que esse espaço pode oferecer.

Instituído – Estabelecido.

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Referências

Livros:1 - ALVES, Julia Favilene. Ética, cidadania e trabalho. São Paulo: Copidart, 2002.

2 - BRESCIANI, Maria Stella Martins. Londres e Paris no século XIX, o espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 1982.

3 - CARELLI, Gabriela. Seu projeto social dá resultado. In: Guia de Boa Cidadania Corporativa. Exame. Edição especial, 2003, 8-12.

4 - Guia da Boa Cidadania Corporativa. Exame, 30-33.

5 - NALINI, José Renato. Ética geral e profissional. 3ª ed. São Paulo: Editora Revista

dos Tribunais, 2001.

6 – PINHO, Ruy Rebello e NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Instituições de direito público e privado. Introdução ao estudo do direito e noções de ética profissional. 24ª ed. São Paulo: Atlas, 2006.

7 - Revista Brasileira de Administração. Ano XVI, n. 51, dezembro de 2005.

8 - SA, Antonio Lopes de. Ética profissional. 2a ed. São Paulo: Atlas, 1998.

Internet:MENDONÇA, Fernando. O que é responsabilidade social? disponível em http://www.fae.edu/publicacoes/pdf/revista_fae_business/n9/01_rs.pdf

http://www.ungift.org/brazil/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Depress%C3%A3o