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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO ANA CRISTINA ALBUQUERQUE OLIVEIRA DA SILVA EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO E MOBILIDADE URBANA MACEIÓ - AL 2014

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

ANA CRISTINA ALBUQUERQUE OLIVEIRA DA SILVA

EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO E MOBILIDADE URBANA

MACEIÓ - AL

2014

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ANA CRISTINA ALBUQUERQUE OLIVEIRA DA SILVA

EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO E MOBILIDADE URBANA

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Dr. Manoel Ferreira do Nascimento Filho

MACEIÓ - AL

2014

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ANA CRISTINA ALBUQUERQUE OLIVEIRA DA SILVA

EDUCAÇÃO NO TRÂNSITO E MOBILIDADE URBANA

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

______________________________________________________

PROF.DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

ORIENTADOR:

______________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

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DEDICATÓRIA

Dedico primeiramente a Deus pela força e inspiração que vem me guiando; à

minha família pelo amor e apoio incondicionais; e aos professores pelos

conhecimentos compartilhados.

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AGRADECIMENTOS

Em especial, Deus! Pela grande contribuição em minha vida, pois sem ele

nada teria fluido e acontecido. Muitíssimo obrigada!

A todas as pessoas que, de uma forma ou de outra, contribuíram para a

realização desta Monografia.

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Mais do que um ser social o ser humano é um

ser ambiental, ligado tão intimamente com

seu ambiente que cinco minutos fora dele,

cinco minutos sem ar, ele morre.

Lévy Leboyer

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RESUMO

A educação para o trânsito vai além da aplicação de procedimentos a fim de que o cidadão conheça, compreenda e respeite as normas de circulação e se comporte como um cidadão responsável, ela insere-se num âmbito mais amplo que é a educação ético-social. A escola é uma instituição de fundamental importância na formação educacional do cidadão. É necessário que ela utilize fundamentos teóricos e estratégias com seus alunos que facilitem sua compreensão, e respeito às normas e leis relacionadas ao trânsito. O objetivo dessa pesquisa é divulgar através de dados fornecidos pela Unidade de Emergência do Agreste o número de atropelamentos de pedestres na cidade de Arapiraca no período de janeiro a março do ano de 2012 e através de revisão bibliográfica relacionada à mobilidade humana. Será utilizado como método de abordagem o exploratório, quanto ao método de procedimento serão adotados o bibliográfico e o qualitativo. O suporte teórico também enfatizará a temática da Psicologia do Trânsito e seus principais conceitos, bem como, a Educação para o Trânsito nas escolas como processo significativo na formação adequada e satisfatória para os futuros condutores. Conclui-se que a porcentagem de atropelamentos por carros de grande porte é pequena, enquanto os atropelamentos por carros que não são de grande porte é alta; quanto aos atropelamentos por motocicletas é muito alto. Percebe-se que o comportamento dos condutores de veículos e motocicletas varia, sendo necessário avaliar vários aspectos cognitivos e comportamentais visando o alcance do objetivo maior que é a segurança no trânsito. Constatou-se que a educação para o trânsito é de suma importância. Admitindo, portanto, que o assunto trânsito é um problema social em que todos, inclusive pais e professores, devem participar para que haja melhorias. Os resultados comprovam estudos anteriores, que associam acidentes de trânsito à falta de preparo do condutor, portanto, conclui-se que além de contribuir com ações que visam à diminuição de acidentes, contribui para a formação do condutor. Palavra Chave: Trânsito, Pedestres, Motocicletas.

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ABSTRACT

The traffic education goes beyond the implementation of procedures to ensure that the citizen knows, understands and respects the rules of movement and to behave as a responsible citizen, it is part of a broader framework that is ethical and social education. The school is an institution of fundamental importance in the educational training of citizens. Is it necessary to use theoretical foundations and strategies with their students to facilitate their understanding, and respect the rules and laws related to traffic? The purpose of this research is to promote through data provided by the Emergency Unit of the Wasteland number of pedestrians hit in the city of Arapiraca in the period from January to March of 2012 and through literature review related to human mobility. Will be used as a method of exploratory approach, the method of procedure to be adopted and the qualitative literature. The theoretical support also emphasize the theme of Traffic Psychology and its key concepts , as well as the Traffic Education in schools as a significant process in the proper and satisfactory training for future drivers . It is concluded that the percentage of pedestrians for large cars is small, while the roadkill by cars that are not large is high, about trampling by motorcycles is very high. It is noticed that the behavior of drivers of vehicles and motorcycles varies; being necessary to assess various cognitive and behavioral aspects aiming to reach the highest goal is safety in transit. Constantia is that traffic education is of paramount importance. Assuming, therefore, that the transit issue is a social problem that everyone, including parents and teachers, should participate so that there is improvement. The results confirm previous studies that associate traffic accidents to lack of preparation of the conductor, so it is concluded that besides contributing to actions aimed at reducing accidents, contributes to driver training. Keywords: Transit, Pedestrian, Motorcycles.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 01 - Distribuição, em porcentagem, quanto ao sexo dos pedestres que

foram atropelados em 2012.................................................................... 42

Gráfico 02 - Distribuição, em porcentagem, quanto à escolaridade dos pedestres

que sofreram atropelamento. ................................................................. 43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01: Quantidade de atropelamentos na Cidade de Arapiraca, no período

de janeiro a março do ano de 2012. ....................................................... 42

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 15

2.1 Conceitos de Educação para o Trânsito no Brasil ......................................... 15

2.2 Mobilidade Humana .......................................................................................... 25

2.3 Legislação no Trânsito: Conceitos .................................................................. 33

2.4 Legislação de Trânsito no Brasil ..................................................................... 36

3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 40

3.1 Ética .................................................................................................................... 40

3.2 Tipo de Pesquisa ............................................................................................... 40

3.3 Universo ............................................................................................................. 40

3.4 Sujeitos e Amostra ............................................................................................ 41

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados ................................................................... 41

3.6 Plano para Coleta de Dados ............................................................................. 41

3.7 Plano para a Análise dos Dados ...................................................................... 41

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 42

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 47

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 50

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade relatar o conteúdo teórico colhido durante a

pesquisa bibliográfica como também apresentar o resultado das informações

colhidas no hospital do agreste em relação ao número de vítimas fatais por

atropelamentos na cidade de Arapiraca no período de janeiro à março do ano de

2012.

O problema da circulação humana na cidade de Arapiraca está cada vez mais

perigosa e caótica causando transtorno para todos aqueles que se locomovem pelas

suas ruas e calçadas, em especial, crianças e idosos; por isso, o trânsito é assunto

sério e merece uma maior atenção de toda a sociedade. Todavia, a abordagem feita

para enfrentar esse problema nem sempre é a mais adequada para provocar uma

mudança na mentalidade e no comportamento dos cidadãos, talvez seja pela falta

de incentivo na educação para o trânsito, que as pessoas desenvolveram a

percepção distorcida de que as leis e resoluções que regem o trânsito existam com

o propósito punitivo ou de apenas beneficiar financeiramente os órgãos públicos

envolvidos na sua administração.

Com frequência se lê sobre trânsito nas primeiras páginas dos jornais, nos

noticiários da televisão e rádio. De maneira especial, o centro das atenções se volta

para as tragédias, com mortos e feridos, mas raramente são notícias de trabalhos

que estão voltados para a segurança e a educação no trânsito.

Com o crescimento e o desenvolvimento da cidade de Arapiraca, sem

infraestrutura para atender as necessidades da população. Dessa forma, adveio a

expansão dessa cidade, com a concepção de bairros cada vez mais longínquos do

centro. Juntamente com o crescimento da cidade, as pessoas encontraram

facilidades financeiras, que lhes possibilitaram a aquisição de veículos. Deste modo

conseguiam atender às necessidades quanto ao cumprimento do horário

estabelecido por seus empregadores e, também, como forma de satisfação íntima,

proporcionando maior conforto. Essas mudanças fizeram com que o número de

veículos majorasse e, consequentemente, aumentaram os congestionamentos e os

desastres no trânsito.

Como se pode contribuir para a formação de cidadãos conscientes e em

consequência motoristas educados, reduzindo as estatísticas de acidentes,

principalmente no município de Arapiraca. Enquanto isso, os incidentes continuam

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fazendo novas vítimas a cada dia, a toda hora e as pessoas envolvidas pertencem

às diversas classes sociais, culturais e de variadas idades.

Acredita-se que, introduzindo a educação para o trânsito em todos os níveis

escolares, desde Educação Infantil até o Ensino Superior, respeitando os limites

necessários para a aprendizagem, de acordo com cada faixa etária,

consequentemente modificaremos as atitudes dos motoristas.

Educar para o trânsito não se limita apenas a ensinar regras de circulação,

mas também deve contribuir para formar cidadãos responsáveis, autônomos e

comprometidos com a preservação da vida. Diante do quadro de violência que vem

se apresentando no trânsito e também em outras esferas sociais, torna-se

necessário o envolvimento de toda a sociedade nessa tarefa de educar, na qual a

família e a escola são a base formadora e não podem se eximir de tal

responsabilidade.

A ideia principal é de defender a necessidade da educação do futuro

motorista, desde sua entrada na Educação Infantil até a saída do Ensino Médio,

tendo sequência no Ensino Superior, fase esta aonde os adolescentes chegam à

idade da obtenção da habilitação provisória. O ensinamento de maneiras adequadas

de agir nas diferentes situações do trânsito, transforma o motorista em uma pessoa

mais segura e pronta para reagir de acordo com a legislação de trânsito.

Percebe-se então que a educação para o trânsito, no Brasil, atualmente é

uma realidade a ser considerada, sendo importante a adoção desde o ensino

fundamental até o momento que o indivíduo candidata-se à habilitação inscrevendo-

se no processo necessário à sua obtenção. Mas, infelizmente, os conceitos e

conhecimentos relativos ao trânsito são priorizados apenas no momento que o

indivíduo necessita da Carteira Nacional de Habilitação, momento no qual se

inscreve em um Centro de Formação de Condutores que irá lhe proporcionar

conhecimentos acerca do Código de Trânsito Brasileiro e legislações relacionadas,

sendo este tempo insuficiente para que possa adquirir noções que se encontram

agregadas às exigências do trânsito, como: o respeito à vida, noções de cidadania,

primeiros socorros, dentre várias outras. Esses conceitos devem ser adquiridos

pelos futuros condutores desde a sua infância, e no momento certo, tornem-se

condutores e pedestres conscientes dos seus papéis como cidadãos.

A partir desta concepção, em que se apresenta ainda um índice elevado de

crianças e adultos com comportamentos inadequados no trânsito, ocasionando

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muitos acidentes e mortes. Fato esse que se propaga por encarar a educação para

trânsito necessária para adultos com idade para obtenção da Carteira Nacional de

Habilitação, o que obriga os Centros de Formação de Condutores a reeducar pessoas

que já estão inseridas no trânsito há anos, como pedestres, ciclistas e até como

condutores inabilitados. Isso é, se tanto crianças como adultos estivessem sendo

educadas para o trânsito desde a educação infantil a realidade seria de maneira geral

completamente diferente. Com essa justificativa o presente trabalho teve como objetivo

geral buscar compreender como essa educação para o trânsito poderá ser ensinada nas

escolas de Educação Básica.

A hipótese que norteia esse trabalho relaciona-se com a inserção da disciplina

educação para o trânsito, a ser desenvolvida desde a educação infantil, entendendo que

as crianças ao receberem orientações de trânsito já nesse período por pessoas

capacitadas desenvolvem maior conscientização através das informações recebidas,

facilitando a compreensão e a consciência das mesmas em relação à realidade do

trânsito.

Nesse sentido, observa-se uma urgente necessidade de se implantar nos

currículos da educação infantil, ensino fundamental e ensino médio disciplinas

acerca da educação para o trânsito, devendo estas ser trabalhadas

transversalmente e de forma interdisciplinar, para que os seus conceitos sejam

adquiridos pelos alunos desde a sua infância, e no momento oportuno, tornem-se

condutores e pedestres conscientes dos seus papéis como cidadãos.

Através de pesquisas bibliográficas e dados colhidos da instituição de saúde

local, constatamos a necessidade atual de reavaliarmos a problemática do trânsito

nas cidades. Uma nova postura deve ser adotada, não seremos meros

expectadores, mas parte integrante do problema, instigando-nos a pensar e agir

como solucionar tais problemas; o que passa necessariamente pela formação ética

do cidadão que conduzirá para um trânsito mais harmônico e seguro.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conceitos de Educação para o Trânsito no Brasil

Este capítulo tem por finalidade relatar o conteúdo teórico da pesquisa

bibliográfica, relacionada à educação para o trânsito. A educação para o trânsito no

Brasil é um direito de todos e deve ser promovida desde a pré-escola ao ensino

superior, por meio de planejamento e ações integradas entre os diversos órgãos do

Sistema Nacional de Trânsito e do Sistema Nacional de Educação. De acordo com o

Código de Trânsito Brasileiro, cabe ao Ministério da Educação, promover a adoção,

em todos os níveis de ensino, de um currículo interdisciplinar sobre segurança de

trânsito, além de conteúdos sobre o trânsito nas escolas de formação para o

magistério e na capacitação de professores e multiplicadores.

De acordo com Cury (2005), na Declaração Universal dos Direitos do Homem

consta entre os direitos inalienáveis de todos, que todo indivíduo tem direito à

instrução esta será orientada para garantir o pleno desenvolvimento da

personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos do homem e

pelas liberdades fundamentais. Políticas inclusivas devem articular-se com políticas

duradouras considerando a democratização dos bens sociais, dentre esses, a

educação escolar.

A educação deve começar cedo. A impressão que temos é que o indivíduo só

começa a se preocupar com as informações sobre o trânsito quando está na época

de tirar a carteira de motorista. Realmente, o trânsito faz parte de nossas vidas. Mas,

infelizmente, a importância dada a este assunto não parece tão grande. Todos os

dias assistimos reportagens na televisão sobre acidentes no trânsito. Fala-se que

aumenta a cada dia a quantidade de mortos, mas, tudo continua na mesma.

Muito tem se falado na segurança para as crianças, mas hoje em dia, até as

calçadas estão representando perigo. Não é raro ouvir nos noticiários: “atropelada

criança na calçada” ou “atropelado no acostamento”. É uma verdadeira guerra

urbana, onde os carros, para alguns, representam liberdade e status e, de vez em

quando, são usados de forma irresponsável, por motoristas bêbados ou com muito

sono ao saírem das baladas.

Não basta sinalizar as vias públicas, ou colocar radares nas avenidas, é

preciso educar para o trânsito. Os pais, ao saírem de casa com seus filhos no carro,

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devem agir com responsabilidade, respeitando as leis do trânsito e passando isso

aos seus filhos. Sem dúvida, nosso comportamento influência as crianças e, todos

nós, em dado momento, somos pedestres também e, algum dia, mais cedo ou mais

tarde, nossos filhos serão condutores de algum veículo e estarão sujeitos a vários

perigos.

Sabemos que o exemplo vindo do adulto vale mais que muitas palavras e as

crianças têm facilidade em aprender o que veem. Portanto, temos que deixá-las ver

apenas o que é correto. Nossas atitudes são copiadas pelos nossos filhos, então,

não é difícil educar para o trânsito, basta nós mesmos pararmos de infringir as leis.

É necessário por um fim a esses acidentes diários, pois com isso, muitas

vezes, perdemos futuros médicos, cientistas, atletas, ou futuros presidentes, de

forma estúpida, em situações que, de modo geral, poderiam ser evitadas.

A educação para o trânsito ultrapassa a mera transmissão de informações,

ela deve ter como foco o ser humano, e trabalhar a possibilidade de mudanças de

valores, comportamentos e atitudes. Não deve limitar-se a eventos esporádicos e

não permitir ações descoordenadas. Ela é um processo de aprendizagem

continuada e deve utilizar metodologias diversas para atingir diferentes faixas etárias

e demanda diferenciada. Ela tem como objetivo disseminar informações e atrair a

participação da população na resolução de problemas, principalmente quando da

implantação de mudanças.

Quando uma comunidade está mal informada, a mesma não reage

positivamente a ações educativas. Um requisito imprescindível para realizar um

trabalho socialmente significativo em educação para o trânsito é a formação do

professor sobre os fundamentos da socialização da criança e do adolescente,

dominando os procedimentos ativos de intervenção para fomentar a convivência

harmônica e os valores que os protegem. A educação para o trânsito é de

fundamental importância sua inclusão dentro do currículo integral nas escolas

brasileiras, onde passa envolver os conhecimentos da vida social do aluno e a

criação e prática de hábitos, atitudes e comportamentos coerentes por parte dos

mesmos.

A ação educacional dos estados brasileiros no trânsito é dividida em dois

tipos básicos, onde o primeiro diz respeito ao processo mais comum da habilitação

dos condutores de veículos através dos centros formadores de condutores, com

aulas teóricas sobre o trânsito e aulas práticas, enquanto a segunda refere-se ao

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ensinamento permanente das regras de comportamento do trânsito, feito por meio

do sistema escolar ou dos meios de comunicação.

“No Brasil, constatou-se que cerca de 50% de mortes fatais nos acidentes de

trânsito são resultados de atropelamento de pedestre.” O trânsito é uma atividade

que está profundamente articulada ao sistema socioeconômico de uma cidade. No

Brasil, o trânsito expressa uma profunda desigualdade na apropriação do espaço

urbano, refletindo o conflito entre pedestres e condutores de veículos. Nesse

conflito, o pedestre costuma ser o grande prejudicado, pois o tráfego de veículos é

privilegiado em detrimento do trafego dos pedestres.

A sociedade brasileira vem se mostrando a cada dia mais sensível e atenta

ao investimento e a participação em ações educativas de trânsito. É preciso

fomentar e executar programas educativos contínuos, junto às escolas regulares de

ensino e junto à comunidade organizada, centrados em resultados e integrados aos

outros aspectos da gestão do trânsito, principalmente com relação à segurança, à

engenharia de tráfego e a fiscalização.

Conforme FRANCO é uma questão cultural urgente: a escola como

instrumento de apropriação do saber, assume mais um papel representativo na

sociedade: a Educação para o Trânsito, que não pode ser isolada do contexto da

cidade em que tem lugar, mas sim, estar ligada ao contexto social e cultural mais

amplo. Trânsito é pedestre, passageiro, ciclista, catador de papel e demais

condutores. Preparar culturalmente a sociedade para o Trânsito Viário é transformar

a história em favor da preservação da vida.

As normas e condutas no trânsito devem ser compreendidas e assimiladas

por todos. E a escola pode contribuir nesse processo. É na infância e na

adolescência que se verifica a maior aceitação de ensinamentos e de condutas.

Segundo Pedrosa (2007) para alcançar a solução dos problemas da grande

violência do trânsito brasileiro, inclui-se a educação, pois, para apresentar um

comportamento civilizado no trânsito depende do motorista ser consciente

responsável e bem educado. Quanto a Justo (2006) a escola é a principal chave da

formação do sujeito, da construção da cidadania, do desenvolvimento tecnológico e

da expansão da economia.

É preciso conceber a educação ao longo da vida como uma construção

contínua da pessoa humana, dos seus saberes, aptidões e da sua capacidade de

discernir e agir. Portanto, educação engloba o ensinar e o aprender e constitui-se

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num processo de desenvolvimento da capacidade física, intelectual e moral do ser

humano visando a sua melhor integração individual e social. Ou seja, consiste em

transmitir normas de comportamento técnico-científico (instrução) e moral (formação

do caráter que podem ser compartilhadas por todos os membros da sociedade).

Neste sentido, Brandão (1993, p.7) afirma que "Ninguém escapa da

educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos

nós envolvemos pedaços da vida com ela [...]".

A Educação é, antes de qualquer coisa, um ato de amor e coragem, que está

ligada ao diálogo, à discussão e ao debate. Os homens enquanto seres humanos

vivem em constante aprendizado, pois a cada dia adquirem novos conhecimentos,

novos saberes.

O processo educativo configura-se sempre que surgem formas sociais de

condução e controle da aventura de ensinar e de aprender e quando sujeita-se a

pedagogia, torna-se ensino formal, cria situações próprias para seu exercício e

constitui executores especializados.

Para Niskier (2001), a escola é considerada como agência educativa, no

sentido que ela coloca em ação os principais meios para que sejam atingidos os

parâmetros considerados ideais pela sociedade. Ela reproduz os modelos, as

normas, as ideias da sociedade e da humanidade em geral.

Já para Martins (2004, p.33), "a educação se processa por meio de razões e

motivos. Um motivo é o efeito da descoberta de um valor. Há, pois uma estreita

relação entre motivos e valores e entre valores e educação".

A escola, portanto, é concebida como um lugar de aprendizagem e não como

um espaço onde professor se limita a transmitir o saber ao aluno; deve tornar-se o

local onde são elaborados os meios para desenvolver atitudes e valores e adquirir

competências.

Assim sendo, a escola desempenha um papel fundamental no processo de

formação de cidadãos aptos para viverem em uma sociedade. E nesse contexto

entendemos a educação para o trânsito.

A educação por se tratar de um processo de construção social permanente e

sistemático, que se concretiza com as relações entre os seres humanos e natureza,

acaba por refletir a problemática da sociedade em que está inserida. Logo, a escola

inserida numa sociedade violenta não pode cumprir a tarefa de educar para a

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cidadania se as unidades de ensino e as pessoas que as frequentam refletem essa

violência.

Portanto, uma educação voltada para o trânsito nos currículos escolares,

principalmente no nível básico, se faz necessária e muito importante, mas não

surtirá efeito para essas crianças, se as pessoas que fazem a escola demonstrem

irresponsabilidades no trânsito. “Elas, crianças são muito mais vitimas do que

causadoras de acidentes!” (CORRÊA, 2009) Todavia, uma educação voltada às

questões sobre o trânsito, instituída por professores capacitadas e conscientes de

seu papel como agentes de mudança social, juntamente com o exemplo de

condutas corretas no trânsito, dos familiares, parentes, vizinhos, amigos mais

próximos, servirá como alicerces para uma pré-conscientização dos pequeninos

sobre a realidade do trânsito, preparando-os para futuros cidadãos mais

compromissados com a situação dessa via.

Então, além de uma educação advinda das instituições de educação infantil,

ensino fundamental e médio deverá se ter também uma consciência coletiva entre

os adultos, que para os pequeninos por em prática no futuro as aulas aprendidas no

âmbito educacional, necessitam de exemplos vivos, principalmente, vindo daqueles

que eles admiram, respeitam e tentam imitá-los ao longo de suas vidas.

Os acidentes de trânsito não são uma fatalidade. Diversos fatores intervêm

para a sua ocorrência (MACEDO, 2005; SCIELSLESKI, 1982 apud SCALASSARA

SOUZA; SOARES, 1998; TAPIA GRANADOS, 1998). Profissionais das mais

diversas áreas de atuação e do conhecimento como psicólogos, engenheiros,

educadores, médicos e agentes de trânsito tem-se empenhado para determinar o

fator causal dos acidentes, de maneira a inferir a maneira de evitá-los (MACEDO,

2005). São consideradas como fatores de risco para a ocorrência dos acidentes de

trânsito as falhas humanas; as falhas mecânicas; as condições ambientais; as

condições físicas das vias; e as sinalizações inadequadas, entre outros.

Analisando-se os fatores que concorrem para os acidentes de trânsito, têm-se

como possíveis ações para a sua redução: a regulamentação específica; as

intervenções no meio físico, no âmbito da engenharia de tráfego e transportes; o

desenvolvimento tecnológico dos veículos; e as ações educativas.

Dentre os diversos acontecimentos que causam intranquilidade à sociedade,

os acidentes de trânsito com vítimas, envolvendo não só os motoristas, mas

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também, os pedestres, vêm destacando-se. Trata-se de um problema preocupante,

cuja solução é desafiadora, por envolver muitos fatores de ordem social e jurídica.

O trânsito caracteriza-se pela relação homem-necessidade de circulação,

num contexto determinado. O trânsito é a utilização das vias por pessoas, veículos e

animais. Transitar é uma necessidade de todo ser humano. Todos, portanto, são

usuários do trânsito, independente do papel que estejam desempenhando.

O trânsito é o mais importante ponto de junção dos diversos grupos,

segmentos e indivíduos de uma sociedade. É um sistema extraordinariamente

complexo, do qual todos dependem diariamente: para deslocarmo-nos, como

condutores, passageiros ou pedestres; para despacharmos as mercadorias que

produzimos; para recebermos as mercadorias e produtos que consumimos.

Nosso comportamento no trânsito é regido por um conjunto de leis que

preveem comportamentos e ações corretas, bem como infrações, multas

penalidades e a responsabilização civil e criminal por nossos atos no trânsito,

principalmente quando colocamos em risco a segurança e a vida, nossa e das

demais pessoas.

O atual Código de Trânsito Brasileiro, que entrou em vigor em janeiro de

1998, é muito mais rigoroso que o anterior, pois a nova lei prima pelo rigor na

aplicação de punições. Se a gravidade da infração ultrapassar os limites da

periculosidade normal, o autor do fato responderá por crime culposo. As violações

individuais dos direitos das demais pessoas, como o de ter um trânsito seguro,

estavam tomando proporções alarmantes, refletidas em índices estatísticos de

acidentes e mortes no trânsito brasileiro. O que se percebe, infelizmente, é que é no

trânsito que as pessoas descarregam suas frustrações e problemas pessoais.

O Código de Trânsito Brasileiro é um código de Paz, um código ao cidadão,

traz um capítulo inteiro destinado ao cidadão, um à condução de escolares, sobre os

crimes de trânsito e um exclusivo para pedestres e veículos não motorizados.

Diretamente o Código de Trânsito atinge toda a população com o intuito de proteger

e proporcionar maior segurança, fluidez, eficiência e conforto. Prevê que o cidadão

tem o direito de solicitar, por escrito, aos órgãos, alterações/sugestões à sinalização,

fiscalização, implantação de equipamentos (ex. fiscalização eletrônica de

velocidade) ou alterações em normas.

Seu foco principal é nos elementos do trânsito – o homem, o veículo, a via -

que oferecem maior risco do trânsito procurando produzir o equilíbrio entre eles e

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proporcionar o desenvolvimento das três áreas: engenharia, esforço legal e

educação, formando o trinômio do trânsito.

Segundo Vasconcelos (1985), “o trânsito é uma disputa pelo espaço físico, o

que reflete uma disputa pelo tempo e o acesso aos equipamentos urbanos, - é uma

negociação permanente do espaço, coletiva e conflituosa. E essa negociação, dadas

as características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: disputa pelo

espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as se veem na

sociedade e de seu acesso real ao poder”.

Desta forma podemos ver que da definição de trânsito favorece uma

abordagem multidisciplinar, em diversas áreas como a psicologia, engenharia,

políticas etc. É de suma importância compreender como o trânsito funciona e como

podemos interagir melhor no dia-a-dia, respeitando dessa forma as regras e as

normas, e consequentemente a população e com isso gerar um trânsito mais

pacífico.

Conforme Honorato (2009, p.3) “A Engenharia de Tráfego, como

representante das ciências exatas, é responsável pela segurança, fluidez do tráfego

e evolução tecnológica dos veículos.”. É na engenharia que colocamos toda a nossa

confiança ao dirigir prevendo que a via estará em boas condições de conservação

acompanhando a evolução tecnológica dos veículos. Outra área é a educação do

ponto de vista de Honorato (2009, p.5), “Educação para o Trânsito, com seus

aspectos pedagógicos e psicológicos, cuja finalidade é criar uma geração de

usuários conscientes da necessidade de adotar comportamentos mais seguros nas

vias terrestres.”, a educação para o trânsito exige reflexão diária para não passar

despercebido. E por fim o esforço legal que pelas palavras de Honorato (2009, p.6),

“é o conjunto de esforços direcionados à realização do trânsito em condições

seguras.”, é o esforço de todos nós, usuários do trânsito, para fazermos a nossa

parte, responsabilizando pelas nossas atitudes no trânsito e colaborando para a

igualdade.

O homem, procurando encurtar distâncias tem negligenciado os limites

impostos pelos padrões estabelecidos pela legislação e, ainda, demonstrado ser

deseducado no trânsito, através do desrespeito, provocações, demonstrações de

superioridade, agressividade e violência. Isto decorre da "particularidade de o ser

humano possuir vários tipos de comportamento, ou seja, maneira de agir adquirida

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na vida social, que o distingue das outras espécies animais." (MARTINS, 2007,

p.18).

Entretanto, é necessário conhecer e obedecer às leis de trânsito, exercendo a

cidadania e respeitando uns aos outros, o que se pode conseguir por meio da

educação, pois conforme Ferreira (1995, p. 22): o estado define a formação do

cidadão como um dos fins da educação, atribuindo às instituições de ensino,

públicas e privadas, o dever de dotar os jovens de condições básicas para o

exercício consciente da cidadania. Em nossa sociedade, o trânsito vem se tornando

um ambiente de hostilidade, agressividade, que culmina no índice significativo de

mortalidade, e as principais vítimas do trânsito são os jovens. No ano de 2000 de 15

a 29 anos representaram 32,7% das vítimas fatais. (ALDÈ, 2007). Ou seja, deixa a

cargo dessas instituições a tarefa de transmitir conhecimentos aos jovens e

desenvolver neles hábitos e atitudes, de forma a viabilizar a meta da cidadania.

No que diz respeito às causas de acidentes de trânsito no meio urbano,

Rozestraten (1988) define os eventos materiais ou psíquicos como principais: falhas

no ambiente, (conservação das vias e sinalizações e tráfegos); defeitos mecânicos e

inúmeros fatores humanos. De acordo com Rozestraten (2003), a via funciona como

um importante indicador ao condutor do veículo, mas a circulação nela não flui

tranquilamente, mesmo com uma sinalização que seja eficiente, a segurança não

pode ser garantida, já que depende também do conjunto de comportamentos que

compõe a atividade de dirigir.

Segundo Lemes (2003), apesar do Novo Código de Trânsito, o Brasil ainda

continua sendo mundialmente conhecido pelas estatísticas em acidentes de trânsito,

feridos e mortos.

O mais intrigante é que quase todos os jovens que estão morrendo no trânsito

passaram pela escola nos últimos dez anos (ou ainda são estudantes), mas sua

formação não incorporou noções de segurança, respeito e cuidados com a própria

saúde e a do próximo.

Para Martins (2007, p.19), "é preciso humanizar a realidade do trânsito,

corrigindo os erros com campanhas educativas bem conduzidas e direcionadas

pelos diversos meios de comunicação, valendo-se de estratégias diversificadas."

Mas, o que se percebe é que as iniciativas na área de educação para o

trânsito ainda são limitadas, pontuais. As campanhas vinculadas à área são

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veiculadas timidamente, com pouco impacto atingindo uma pequena parcela da

população.

Segundo enfatizam Hoffmann (2005) a educação para o trânsito não

necessita limitar-se ao conhecimento, concepção e respeito às normas de

circulação, com vistas à formação do cidadão responsável; porém, como parte da

educação ético-social, precisa facilitar a compreensão e respeito ativo às normas e

aos princípios que as regem, de modo a favorecer atitudes que impliquem na

convivência harmônica das pessoas e grupos.

A educação para o trânsito precisa ser um instrumento de socialização do

indivíduo e de construção de valores sociais. Para isso, o aluno tem de aprender a

construir uma visão de mundo que lhe consinta orientar-se teórica e praticamente no

seu contexto cultural e na sociedade.

Considerando-se o contexto cultural e social em que se põe o comportamento

humano no trânsito, Faria e Costa (2005) em estudo, destacam a defesa

imprescindível da inclusão desta matéria no ensino fundamental, para que assim, o

sistema educacional não se limite a conhecimentos enciclopédicos ou que as

questões de vida fiquem ao livre arbítrio de grupos ou interesses determinados.

Nesse sentido, Rozestraten (1988) deriva elaborando textos de educação

para o trânsito para ser trabalhado por outras disciplinas escolares, fazendo-se

entender a necessidade da implementação de estratégias de educação para o

trânsito como um mecanismo de prevenção contra os acidentes de trânsito. A partir

dos estudos desempenhados a respeito de os fatores determinantes do

comportamento humano no trânsito, pode-se constatar a probabilidade de sua

alteração a partir de estratégias educacionais.

Educar para o trânsito é preservar a vida, evitar acidentes, exercer a

cidadania, no qual respeito, cortesia, cooperação, solidariedade e responsabilidade

constituem os eixos determinantes da transformação do comportamento do homem

no trânsito.

Sabe-se que esta não é uma tarefa simples e fácil. Pois, para transformar

uma sociedade, é importante a participação, conscientização e o desejo de cada

criança, adolescente, adulto ou idoso. É necessário que os pais, professores,

empresários e as próprias autoridades percebam que atitudes corretas no trânsito

podem salvar vidas. Neste sentido Martins (2007, p.83) ressalta que: é necessário

conscientizar o cidadão que a reeducação, a se iniciar nos bancos escolares, já nas

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primeiras séries, não pode se limitar à situação escolar. Mas para Moreira (2008) a

educação é de extrema importância no trânsito, os programas de segurança e as

campanhas educativas devem ser realizados cotidianamente visando à construção

de uma nova realidade no país.

A partir disso, o que pode ser desenvolvido são atividades educativas de

trânsito através de situações reais, significativas e contextualizadas, que ativam a

capacidade do aluno, dando ao professor a oportunidade de perceber o quanto ele

já sabe e o quanto aprendeu sobre o tema.

Vasconcellos (2005) afirma que 70% a 80% dos deslocamentos das pessoas

são referentes a questões pertinentes ao trabalho e à educação. O espaço da rua é

o local onde acontece a reprodução de comportamentos conflitantes, e, por

conseguinte, comportamentos conflituosos no trânsito, geradores de acidentes ou

infrações. Salienta-se aqui o enfoque na responsabilidade do condutor por sua

própria segurança, bem como, pela segurança dos outros envolvidos no sistema.

Autores como Hoffmann e González (2003), entendem que o fator humano está

intimamente relacionado com a atenção e as distrações, as quais são provocadas

por uma série de distintos fatores. Segundo os autores, estados psicológicos

transitórios oriundos da fadiga, dos estados depressivos, estresse, ansiedade ou

sono são considerados agentes internos que originam as distrações, que por sua

vez, podem favorecer o aparecimento dos acidentes de trânsito. Além do mais,

algumas características de personalidade como a extroversão, por exemplo, podem

contribuir para a manifestação dessas distrações. Contudo, no que se refere à

personalidade do condutor, não se pode afirmar que o tipo específico de

personalidade ou temperamento seja considerado perigoso ou não, porém a

associação de outros elementos às características comportamentais pode

apresentar resultados negativos e significativos perante o trânsito.

De acordo com Martins, falar sobre trânsito é, antes de tudo, falar sobre

caminhos abertos á locomoção humana, caminhos que conduzem as pessoas, que

traçam histórias dos lugares, que interligam espaços e que transportam riquezas.

Isso sugere que falar sobre trânsito é falar sobre a vida e o progresso.

O trânsito, porém, mostra-se cada vez mais complexo, apresentando novas e

desafiantes problemáticas para aqueles que têm a tarefa de administrá-lo ou

entendê-lo com o objetivo de propor soluções. Tarefa esta que se torna um desafio,

conforme Martins (2006, p.54), "uma vez que, da mesma forma que a educação, o

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trânsito caminha da superespecialização para a busca da generalização." Para

entender o trânsito, é necessário compreender fenômenos de ordem social,

psicológica, educacional, e até mesmo política e econômica.

Um dos meios de educar para o trânsito e para a vida, de forma a construir

gerações de futuros condutores de veículos e pedestres mais concisos de sua

cidadania e do valor do ser humano, é através da educação, que poderá iniciar nas

escolas em níveis pré-escolar, fundamental e médio. No entanto, é necessário um

trabalho coletivo, com a participação de toda a sociedade, em prol da construção de

um trânsito mais seguro, humano e solidário.

A educação para o trânsito é de fundamental importância no lar e na escola,

mais ainda para os condutores de veículos. Concorda-se com o pensamento de

Monte (2003, p. 32) quando manifesta sua preocupante visão dizendo que: “em

termos de Educação de Trânsito o nosso país ainda se encontra engatinhando”.

Entende-se que sua preocupação se revela na medida em que o homem

comum, o condutor brasileiro, ainda desconhece o Código de Trânsito Brasileiro e

isso tem trazido consequências muito sérias para os governantes, autoridades,

familiares e, principalmente, ele mesmo. Cada cidadão tem sua parcela de

responsabilidade nesse processo de construção de um trânsito seguro. Não adianta

tentar eximir-se da responsabilidade.

Sobre isso já se sinalizou acima. Agora, como cumprir uma lei, sem o devido

conhecimento de seus fundamentos? Entende-se que ninguém jamais cumprirá uma

lei sem que primeiro seja orientado a respeito de seus direitos, deveres e

responsabilidades que advirão de sua inobservância. Ë preciso educar, construir,

traduzir em nossas ações efetivamente.

Para que não se puna o homem amanhã, é necessário orientar hoje as

crianças a respeito de Educação no Trânsito, no lar – seio familiar –, onde tudo

começa, nas escolas, em campanhas educativas, nos órgãos do sistema de trânsito.

2.2 Mobilidade Humana

O trânsito está presente na vida do ser humano desde os primórdios. A

necessidade do ser humano em se deslocar por áreas extensas, e de transportar

outros bens existe há séculos e faz com que o homem venha aprimorando cada vez

mais esta organização.

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A mobilidade humana é o resultado da interação dos deslocamentos de

pessoas e bens entre si com a própria cidade. Isso significa que o conceito de

mobilidade vai além do deslocamento. Pensar em mobilidade humana é mais que

tratar apenas transporte e trânsito.

Segundo Aueret al (2009, p. 77):a mobilidade humana existe desde as

origens, na pré-história, quando os indivíduos deslocavam de um território a outro

para suprir suas necessidades básicas; é uma questão tão antiga quanto à

existência humana. O trânsito é composto por homens. Assim, não podemos deixar

de lembrar que no meio do trânsito existem seres humanos e com isso, às vezes

fazem parte do cotidiano de uma cidade que se movimenta dia e noite, ou seja,

homens e mulheres que buscam no meio de transporte uma fonte de renda para se

manter e sustentar suas necessidades humanas. Porém, precisamos de uma

preparação de qualidade na aquisição do documento permitindo a conduzir um

veiculo.

Entretanto, no trânsito existem vários elementos que fazem parte no dia a dia,

ora, conforme dispõe o artigo 1º do CTB, é considerado como: “(...) a utilização das

vias por pessoas, veículos, animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não para

fins de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga.” (CTB,

1988)

Por meio dos anos, o trânsito acabou se transformando em um elemento

necessário para o cotidiano das pessoas, e o transporte de pessoas e bens é

atualmente considerado fundamental no cotidiano das pessoas. Com isso, qualquer

meio de locomoção é importante para os indivíduos, sem eles, elas não conseguem

se locomover de um lugar ao outro, por outro lado, observa-se que as pessoas usam

o veículo mais como uma arma, do que um meio de transportar-se.

Para Machado (2003), citando os ensinamentos de Vasconcellos, a visão

conceitual de trânsito reside em: (...) uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma

disputa pelo tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos – é uma negociação

permanente do espaço, coletiva e conflituosa. E essa negociação, dadas às

características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo

espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as pessoas se veem

na sociedade e de seu acesso real ao poder.

Neste sentido, a partir deste conflito do convívio humano entre interesses

públicos e privados, surge a necessidade de criação das leis e regras que organizam

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o trânsito, as quais compõem o Código de Trânsito Brasileiro (CTB, 1988).

Rozestraten concebe o trânsito como o “deslocamento pelas vias de veículos e

pedestres que seguem a normas e procedimentos a fim de manter a integridade dos

mesmos.”

Com isso, as definições apresentadas demonstram que o trânsito pode ser

compreendido de forma diferente a partir do momento em que a cultura, a política e

as regras sociais se distinguem.

A direção de veículos e a circulação humana não podem ser entendidas como

um fenômeno isolado. A influência do ambiente social em que se dão as locomoções

é decisiva na configuração de estilos de condução segura entre os usuários dos

veículos e das vias. O grau de conscientização a respeito dos acidentes de trânsito

aumentou, mas ainda existe uma grande parcela de usuários do sistema viário que

tem se mantida alheia à ideia do acidente, considerando-o algo distante de sua vida,

logicamente trágico, mas altamente improvável.

A mobilidade do cidadão no espaço social, centrada nas pessoas que

transitam e não na maneira como transitam, é ponto principal a ser considerado,

quando se abordam as questões do trânsito, de forma a considerar a liberdade de ir

e vir, de atingir-se o destino que se deseja, de satisfazer as necessidades de

trabalho, de lazer, de saúde, de educação entre outros.

O cidadão deve buscar uma melhor qualidade de vida e o seu bem estar

social, o trânsito toma nova dimensão. Deixa de estar associado, de forma

preponderante, à ideia de fluidez, de ser relacionado apenas aos condutores de

veículos automotores e de ser considerado como um fenômeno exclusivo dos

grandes centros urbanos, para incorporar as demandas de mobilidade peculiares

aos usuários mais frágeis do sistema, como as crianças, os portadores de

necessidades especiais, crianças e os idosos. O direito de todos os cidadãos de ir e

vir, de ocupar o espaço público e de conviver socialmente nesse espaço, são

princípios fundamentais para compreender a dimensão do significado expresso na

palavra trânsito, tal abordagem, ampliando a visão sobre o trânsito, considerando-o

como um processo histórico-social que envolve, principalmente, as relações

estabelecidas entre as pessoas e o espaço, assim como as relações das pessoas

entre si.

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No Brasil encontramos um mercado capitalista, tudo gira em torno do lucro e

com isso, observa-se uma desigualdade social no meio urbano, levando com que

aconteçam vários conflitos. Santos e Silveira (2005), afirmam que:

O Brasil possui características marcadamente capitalistas e representa isto

por meio de suas prioridades no trânsito, aumentando e facilitando a circulação dos

homens e seus produtos, o que acaba por gerar um trânsito seletivo e desigual. Isto

contribui para as complicações no trânsito urbano como os congestionamentos, os

conflitos entre seus usuários, etc. (SANTOS e SILVEIRA, 2000, p. 261)

A violência no trânsito e a drástica redução da qualidade de vida no meio

urbano, consequência direta dos problemas de mobilidade e ordenamento, leva à

necessidade de adoção de novos modelos de desenvolvimento urbano e de

transporte, e da introdução, nas políticas públicas, dos preceitos de sustentabilidade

e desenvolvimento. E longe dos grandes centros, também vivem pessoas que se

locomovem, muitas vezes em condições precárias, sobre lombos de animais, em

carrocerias de pequenos veículos, a pé em vias inadequadas, muitas vezes sem

condições mínimas de segurança.

O trânsito é um grande sistema que possibilita, dentre outras coisas, o

encontro e o convívio social, entre as pessoas. Entretanto, esse convívio nem

sempre ocorre de forma satisfatória ou harmônica, o que não raro gera irritação,

estresse, conflitos e confusões. Muitos aspectos influenciam para que isso tudo

aconteça, contribuindo para que não tenhamos um deslocamento seguro pelos

centros urbanos e, desse modo, para que tenhamos uma visão negativa do trânsito.

São fatores econômicos, sociais, culturais e ambientais de atualidade que se

expressam de diferentes formas, por meio das vias mal planejadas e mal

conservadas, da sinalização precária ou de sua falta, da grande quantidade de

atividades e da exigência de rapidez na execução de nossas tarefas, das enchentes

constantes e dos índices elevados de poluição.

Entretanto, vem crescendo o número de automóveis e motocicletas nas

grandes cidades, pois segundo Vasconcelos (2005, p. 11), o aumento nos meios

motorizados, principalmente automóveis e motocicletas, têm sido promovidos

intensamente pela maioria dos países em desenvolvimento, de forma irresponsável

e socialmente inaceitável.

Assim, esta situação corrobora para o quadro atual do trânsito brasileiro. Pois

as cidades crescem e se desenvolvem, por outro lado, elas não se preocupam em

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organizar o trânsito de suas cidades, porém, precisamos de politicas públicas tanto

preventivas quanto punitivas, somente assim, teremos mais responsabilidades e

respeitos dos condutores de veículos pela vida dos cidadãos.

As pesquisas demonstram que o trânsito vem se tornando cada vez mais

violento e causa de muitas mortes no mundo inteiro. Estes chegam a classificar os

acidentes de trânsito hoje como uma das maiores causas de mortes violentas no

mundo. Atualmente, o trânsito pode ser considerado um problema de saúde pública.

Por focarmos demasiadamente nesses fatores externos a nós, tendemos a

nos excluir do compromisso de cidadãos por um trânsito harmônico, pois, além

desses elementos exteriores, existe outro do qual não se pode esquecer; o fator

individual ou humano, que representa a nossa parcela, a nossa contribuição para o

bom ou o mau convívio com as pessoas no trânsito.

Compreender o trânsito como um espaço de convivência social pode ser algo

importante para nos ajudar a minimizar ou a desfazer muitos conflitos que

experiências no cotidiano. Cada indivíduo que está na rua, assim como nós, tem a

sua necessidade, o seu próprio objetivo ao trafegar, poderemos compreender mais

amplamente o ato de se deslocar. Pois, o trânsito é um espaço de convivência social

significa dizer que ele não pertence só a nós, mas a todos na mesma medida; pois

os interesses individuais, no momento em que se entrecruzam, devem ser

negociados visando ao bem coletivo.

O conceito de mobilidade pode ser interpretado como “a capacidade dos

indivíduos se moverem de um lugar para outro” (TAGORE & SKIDAR, 1995, apud

CARDOSO, 2008, p. 42). A mobilidade está relacionada com os deslocamentos

diários (viagens) ou a possibilidade ou facilidade destes no espaço urbano

(CARDOSO, 2008).

Não há como considerar determinada região habitacional como de alto nível

se a mobilidade não estiver presente. Há de se por em destaque que a mobilidade

cresce acentuadamente com a renda numa maior diversidade de atividades feita

pelas pessoas, ou seja, as pessoas de maior renda dispõem de modos de transporte

mais rápido e percorrem mais espaços que as populações de menor renda. Já

Cardoso afirma que para sobreviver na cidade, à população urbana, especialmente

a de baixa renda, é obrigada a fazer uma infinidade de deslocamentos penosos para

garantir os destinos desejados.

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No entanto, para garantir que o trânsito aconteça satisfatoriamente, não basta

apenas atender às demandas por mobilidade dos transeuntes; sua acessibilidade

também é de vital importância. Vasconcelos (1985, p.26) considera a acessibilidade

“a facilidade (ou dificuldade) com que os locais da cidade são atingidos pelas

pessoas e mercadorias, medida pelo tempo e pelo custo envolvido”. Seria a

facilidade, em distância, tempo e custo, de se alcançar fisicamente, a partir de um

ponto específico na cidade, os destinos desejados (GOMIDE, 2006).

A acessibilidade ao sistema de transporte público está relacionada com as

distâncias que os usuários caminham quando utilizam o transporte coletivo, desde a

origem da viagem até o ponto de embarque e do ponto de desembarque até o

destino final. Quanto menos o passageiro caminha, melhor é a acessibilidade ao

sistema de transporte público. Mas não somente considerando as distâncias

percorridas, a acessibilidade de um sistema de transporte público de passageiros

pode ser caracterizada pela maior ou menor facilidade de acesso ao sistema, sendo

proporcional ao tempo decorrido até o ponto de parada e o tempo de espera pelo

veículo.

A circulação, como processo social, precisa então ser inicialmente dividida

conforme a metodologia, ou seja, entre a sua base física, a sua operação e a sua

apropriação. A base física, que pode ser chamada aqui de infraestrutura, composta

pelas vias, nas quais se distingue o leito carroçável, para circulação dos veículos, e

as calçadas, para circulação dos pedestres. São esses elementos que permitem

fisicamente o processo do trânsito. São estes elementos que permitem fisicamente o

processamento do trânsito. As vias, no entanto, constituem um caso especial de

equipamento coletivo, pois podem servir tanto ao transporte de mercadorias (nelas

incluídas a própria força do trabalho) quanto ao deslocamento individual, para

atendimento de necessidades individuais. O transporte de mercadorias feito nas vias

apresenta também uma especificidade importante. “Logkine, citando Marx em O

Capital, lembra que para este autor o transporte em si não cria um produto distinto

do processo de produção, mas cria valores, já que o trabalho dispêndio no

transporte”. “Acrescentar valor de uso ao produto que passa de mercadoria em

potencial para mercadoria real, efetivamente colocada no mercado consumidor.”

Desta forma, o transporte pode ser visto como um “prolongamento do processo de

produção no processo de circulação’ (LOGKINE,1979), feito através do sistema

viário.

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Os impactos da política da circulação na segurança do trânsito são difíceis de

avaliar. Isto se deve tanto ao caráter subjetivo do próprio conceito de segurança,

quanto à dificuldade de isolar causas e efeitos quando avaliados casos concretos,

uma vez que o que está por trás do fenômeno é o comportamento humano e sua

relação com o ambiente próximo. Os métodos de avaliação de programas de

segurança do trânsito, frente a estes condicionantes, têm percorrido os meios

técnicos há décadas, e às vezes produz a impressão de estar girando em torno do

problema, em um processo infindável. Uma das maneiras de escapar a esta

indeterminação tem sido a tentativa de quantificar o fenômeno, por meio do cálculo

de índices, que procuram relacionar o número de eventos registrados com as

variáveis que podem estar ligadas à sua causação, principalmente o número de

pedestres ou de veículos.

Atualmente, as cidades brasileiras vivenciam graves problemas que

demandam políticas públicas articuladas nacionalmente, para evitar o agravamento

de tensões sociais e diminuir os riscos de prejuízos à sustentabilidade ambiental e

de entraves ao crescimento econômico. Pesquisas recentes indicaram que as

populações de baixa renda, principalmente das metrópoles brasileiras, por falta de

condições de deslocamento, enfrentam sérias dificuldades para acesso a escolas,

hospitais e demais serviços que as cidades oferecem, bem como a oportunidade de

trabalho e lazer.

Hoje o transporte coletivo é um serviço público essencial, conforme define a

Constituição Federal, não atende adequadamente a população, contribuindo para a

perpetuação da pobreza urbana, da segregação residencial e da exclusão social.

Paralelo a isso, os congestionamentos, a poluição ambiental e os acidentes de

trânsito nas grandes cidades acarretam significativos custos para toda a sociedade.

Em 1998 foi divulgada uma pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica

Aplicada-IPEA, indicaram que em apenas dez capitais se perdeu mais de 240

milhões de horas de trabalho produtivo devido aos congestionamentos de trânsito, o

que impacta negativamente na eficiência da economia e na competitividade dessas

cidades.

Quando observamos o trânsito, devemos supor que ele se caracteriza no

deslocamento de pessoas e veículos, tais deslocamentos se realizam através de

comportamentos. O comportamento para o Behaviorismo é considerado como aquilo

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que o organismo faz, ou seja, refere-se à atividade do organismo em interação com

o seu ambiente.

No Brasil, o interesse pela psicologia do trânsito começou na perspectiva de

uma possível seleção de motoristas para empresas, na esperança de poder eliminar

candidatos à Carteira Nacional de Habilitação (CNH) que poderiam ser uma ameaça

à própria segurança e a dos outros usuários. Segundo Hoffmann e Cruz (2003) a

psicologia do trânsito surgiu como área aplicada com a criação de instituições de

seleção e treinamento industrial de trânsito.

A Psicologia do Trânsito pode, portanto, ser definida como uma área da

Psicologia que estuda, através de métodos científicos válidos, os comportamentos

humanos no trânsito e os fatores e processos externos e internos, conscientes e

inconscientes que os provocam ou os alteram (ROZESTRATEN, 1988). Apoiando-se

nesse conceito, Hoffman (2005, p.3) em seu estudo sobre o comportamento do

condutor no trânsito acrescenta que a Psicologia do Trânsito pode ser conceituada

como o estudo do comportamento do usuário das vias e dos fenômenos/processos

psicossociais subjacentes ao comportamento. O conceito é amplo, pois o

comportamento do condutor tem sido estudado em relação a uma diversidade de

questões, tais como: procura visual, dependência de campo; estilo de percepção;

atitudes; percepção de risco; procura de emoções, atribuição, estilo de vida, e carga

de trabalho/trabalho penoso; estresse e representação social. Estas questões

indicam a pluralidade de abordagens que constituem a fundamentação teórica para

a pesquisa em psicologia do trânsito.

As consequências decorrentes de acidentes automobilísticos são bastante

conhecidas em nosso meio, entre elas podemos destacar a grande quantidade de

vítimas fatais ou não, que na maioria das vezes sofrem sequelas em virtude do

acidente sofrido, a alteração substancial da mobilidade e circulação nas cidades e a

sobrecarga nos serviços e gastos públicos em saúde. Estas e outras consequências

expõem o acidente de trânsito como um problema de saúde pública, e por envolver

o comportamento humano, os acidentes de trânsito acabam sendo um dos pontos

cruciais de estudo da psicologia do trânsito.

Andrade & Mello Jorge (2000) afirmaram que na atualidade, os acidentes de

transporte terrestre, em especial os de veículo a motor, representam, em vários

locais do mundo, a principal causa de morte não natural. Nesse sentido, o acidente é

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uma consequência durável e desagradável, pautando-se em um erro de

comportamento de usuários no trânsito (ROZESTRATEN, 1983).

É importante também falar que os acidentes de trânsito fatais são apenas a

ponta do iceberg; para melhor compreender a dramaticidade da temática devem ser

considerados os acidentes com sequelas e os acidentes que evoluem para

recuperação total, mas apresentam longo tempo de internação precisando, às

vezes, de cirurgias. Pesa, ainda, o afastamento das atividades acadêmicas e

laborais. Vale ressaltar que não apenas os jovens são gravemente feridos ou mortos

nos acidentes, eles geralmente envolvem outras pessoas, familiares e amigos, que

têm suas vidas marcadas por um prejuízo muitas vezes irreversível. (MARÍN-LEÓN

& VIZZOTO, 2003). Outra consequência marcante dos acidentes de trânsito são as

deficiências físicas, que trazem tanto prejuízos financeiros quanto familiares, de

locomoção e profissionais, entre outros. No Brasil, 5,5% dos casos de deficiências

físicas atendidos pelo Hospital das Clínicas de São Paulo são vítimas de acidentes

de trânsito. (MARÍN-LEÓN & VIZZOTO, 2003).

Segundo MACEDO (2005, p. 6), “[...] não se tem certeza, no Brasil, das reais

causas dos acidentes de trânsito. Há suposições, hipóteses e indícios técnicos que

levam a identificar o „fator humano‟ como o principal responsável pela maioria dos

acidentes”.

Para MACEDO (2005, p. 6), “[...] também não é clara a delimitação do que

vem a ser o „fator humano‟ e qual a extensão dos seus efeitos nos incidentes de

trânsito”. Algumas atitudes inadequadas, por parte de alguns condutores, prejudicam

o bom desempenho do trânsito, colocando em risco as pessoas que estão na via

pública e eles próprios. Algumas dessas atitudes são tomadas exclusivamente por

desconhecimento dos procedimentos corretos, outras, por falta de informação.

Podem ser ainda devido às condições físicas e/ou psicológicas dos condutores, que

podem ser permanentes ou temporárias. Além disso, alguns condutores colocam os

seus interesses próprios acima da coletividade, fazendo manobras irregulares e

arriscadas.

2.3 Legislação no Trânsito: Conceitos

A primeira legislação de trânsito que se conhece no Brasil é de 1853, período

monárquico de D. Pedro II. Em 1900, o então prefeito da cidade de São Paulo,

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Antônio Prado, instituiu leis regulamentando o uso do automóvel na cidade, criando

uma taxa para o uso da via pública. Em 1903, a prefeitura paulistana tornou

obrigatória a inspeção de veículos para o fornecimento de uma placa de

identificação, que seria afixada na parte traseira. Naquela época a velocidade

máxima permitida nos lugares onde havia acúmulo de pessoas era de um homem a

passo. Além disso, em nenhum local a velocidade poderia ser superior a 30 km/h.

A palavra trânsito, apesar de ser conhecida de todos, tem várias conceituações,

entre elas podemos destacar algumas a seguir. Trânsito é o movimento e

imobilização de veículos, pessoas e animais nas vias terrestres (Código de trânsito

Brasileiro, Lei nº 9.503-23.09.97). É o movimento de veículos, pessoas e animais

nas vias terrestres (conceito universal). É o deslocamento de pessoas, coisas pelas

vias de circulação (MEIRELLE e ARRUDÃO-1966). É a circulação de pessoas ou

veículos (Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda).

Em 27 de outubro de 1910, dezessete anos após a chegada ao Brasil do

primeiro automóvel, foi publicado o Decreto n.º 8.324, que aprovou o regulamento

para o serviço subvencionado de transporte por automóveis. Nesse decreto, os

condutores eram ainda chamados de “motorneiros”, e se exigia que mantivessem

constantemente senhores da velocidade do veículo, devendo diminuir a marcha do

veículo ou mesmo parar, toda vez que o veículo pudesse causar acidente.

O Decreto Legislativo n.º 4.460, de 11 de janeiro de 1922, apesar de referir-se

às estradas de rodagem, proibiu a circulação dos chamados carros de boi e cuidou

da carga máxima dos veículos.

Em 1927, o Decreto Legislativo n.º 5.141, de 5 de janeiro, criou o Fundo

Especial para Construção e Conservação de Estradas de Rodagem Federais.

O Decreto nº 18.323, de 24 de julho de 1928, aprovou o regulamento para

circulação internacional de automóveis no território brasileiro e para a sinalização,

segurança no trânsito e polícia nas estradas de rodagem.

Em 1929, o governo brasileiro ratificou a Convenção de Paris de 1.909,

através do decreto nº 19.038, de 17 de dezembro de 1.929, disciplinando a

circulação internacional de automóveis e a sinalização de trânsito.

Contudo, o primeiro código de trânsito do Brasil só foi aprovado em 1941,

através do Decreto-lei nº 2.994, de 28 de janeiro de 1941, quase duas décadas após

a implantação da indústria automobilística no Brasil. Entretanto, essa norma foi

revogada oito meses depois pelo Decreto-lei n.º 3.651, de 25 de setembro de 1941,

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que deu nova redação ao Código, criando o Conselho Nacional de Trânsito

(CONTRAN), subordinado diretamente ao Ministério da Justiça e Negócios

Interiores, e os Conselhos Regionais de Trânsito (CRT), nas capitais dos Estados,

subordinados aos respectivos governos estaduais.

Nessa época, o Brasil vivia um período de urbanização, marcado pela

industrialização e pela expansão econômica, ocorrendo um grande crescimento da

frota de veículos em circulação no país. Esse fato exigiu uma revisão das leis em

vigor, culminando com a aprovação da lei n° 5.108, de 21 de setembro de 1966,

instituidora do Código Nacional de Trânsito (CNT), que vigorou durante 31 anos.

Nas décadas de 70, 80 e 90, o número de acidentes no trânsito cresceu

assustadoramente, ceifando muitas vidas, e fazendo com que a sociedade exigisse

mais rigor nas penas impostas aos infratores das leis de trânsito. Num contrassenso,

o CNT não previa nenhum crime de trânsito, fazendo que, sempre que necessário,

fosse utilizado o Código Penal Brasileiro (CPB) para qualificar os crimes mais graves

cometidos no trânsito, tais como homicídio e lesão corporal.

O grande número de acidentes de trânsito, a evolução da sociedade e da

tecnologia dos automóveis e a crescente frota de veículos tornaram o CNT

ultrapassado, levando o legislador a formular um novo Código de Trânsito.

Foi nesse contexto, visando, sobretudo a preservação da vida humana, que

foi aprovado em 23 de setembro de 1997, o “novo” Código de Trânsito Brasileiro

(CTB), a lei n° 9.503, de 23 de setembro de 199710, o qual asseverou por meio dos

seus 341 artigos, instrumentos e condições para assegurar a circulação de bens e

pessoas com segurança, eficiência, fluidez e conforto, trazendo consigo a previsão

legal dos crimes de trânsito e a aplicação de penalidades mais rigorosas aos

infratores. Assim, o CTB buscou adequar a legislação específica à nova realidade do

trânsito brasileiro, criou novas infrações de trânsito e tornando mais rigoroso o

tratamento aos condutores embriagados surpreendidos dirigindo veículos

automotores, tipificando a sua conduta como infração administrativa e também como

crime de trânsito.

A Constituição Federal de 1988 em seu art. 22, inciso XI, conferiu à União a

competência privativa para legislar sobre trânsito e transportes no Brasil, motivo pelo

qual somente se admite uma legislação de trânsito que seja válida para todo o país.

Cabe ressaltar que a legislação de trânsito não se baseia somente no CTB,

mas compreende as normas em sentido amplo, representadas pelos atos

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normativos emanados pelos órgãos de trânsito, em especial as Resoluções do

CONTRAN, que complementam o Código de Trânsito.

Trânsito é o conjunto de deslocamento de pessoas e veículos nas vias públicas,

dentro de um sistema convencional de normas, que tem por fim assegurar a

integridade de seus participantes.

Percebe-se que os conceitos citados anteriormente estão sempre presente “o

homem o veículo e a via”. Mas o homem e a via juntos ou isolados não oferecem

perigo. Pois o perigo começa com a presença do veículo em circulação. “Sem o

veículo não ocorrem acidentes”. Para orientar, ordenar, organizar, educar e fazer

cumprir as normas estabelecidas na legislação de trânsito existe a fiscalização

exercida pelos agentes de trânsito, policiais militares e policiais rodoviários federal

com o poder de policia administrativa de trânsito. Delegada pela autoridade de

trânsito. A autoridade de trânsito é o dirigente máximo de órgão ou entidade

executiva integrante do Sistema Nacional de trânsito ou pessoa por ele

expressamente credenciada. E o agente da autoridade de trânsito é aquela pessoa

civil ou policial militar, credenciado pela autoridade de trânsito para o exercício das

atividades de fiscalização, operação, policiamento ostensivo de trânsito ou

patrulhamento como os agentes de trânsito dos Detrans, das Prefeituras municipais,

os policiais Rodoviários Federais e os policiais militares, quando conveniados.

Segundo a lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997 no art.1º inciso 3º, os

órgãos e entidades componentes do Sistema nacional de Trânsito respondem no

âmbito das respectivas competências, objetivamente, por danos causados aos

cidadãos em virtude de ação, omissão ou erro na execução e manutenção de

programas, projetos e serviços que garantam o exercício do direito do trânsito

seguro.

2.4 Legislação de Trânsito no Brasil

O trânsito no Brasil é regido pelo Código Nacional de Trânsito de 1998. E em

suas disposições preliminares da lei 9.503 de 23 de setembro de 1997 em seu artigo

1º o trânsito de qualquer natureza nas vias terrestres do território nacional referente

à circulação, rege-se por este código.

O Sistema Nacional de Trânsito é o conjunto de órgãos e entidades da União,

dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios que tem por finalidade o exercício

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das atividades de planejamento, administração, normatização, pesquisa, registro e

licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores,

educação, engenharia, operação do sistema viário, policiamento, fiscalização,

julgamento de infrações e de recursos e aplicação de penalidades. Os objetivos

básicos do Sistema Nacional de trânsito é estabelecer diretrizes da Política Nacional

de Trânsito, com vistas à segurança, à fluidez, ao conforto, à defesa ambiental e a

educação para o trânsito, e fiscalizar seu cumprimento, fixar mediante normas e

procedimentos, a padronização de critérios técnicos, financeiros e administrativos

para a execução das atividades de trânsito; estabelecer a sistemática de fluxos

permanentes de informações entre os seus diversos órgãos e entidades, a fim de

facilitar o processo decisório e a integração do sistema.

O Sistema Nacional de Trânsito é composto pelos seguintes órgãos e

entidades: Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, Coordenador do sistema e

órgãos máximo normativo e consultivo, os conselhos estaduais de trânsito-Cetran e

o conselho de trânsito do distrito federal- Contrandife, órgãos normativos,

consultivos e coordenadores; os órgãos e entidades executivas rodoviários da

União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios, a polícia Rodoviária

Federal, os policiais militares dos estados e do Distrito Federal e as juntas

administrativas de recursos de infrações – Jari.

Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão os respectivos

órgãos e entidades executivas de trânsito e executivas rodoviárias, estabelecendo

os limites circunscricionais de suas atuações. O Presidente da República designará

o ministro ou órgão da presidência responsável pela coordenação máxima do

Sistema Nacional de Trânsito, ao qual estará vinculada ao Contran e subordinada ao

órgão máximo executivo de trânsito da União. O Conselho Nacional de Trânsito é

composto da seguinte maneira: Conselho Nacional de Trânsito – Contran, com sede

no Distrito Federal e presidido pelo dirigente do órgão máximo executivo de trânsito

da União, e tem a seguinte composição; um representante do ministério da ciência e

tecnologia, um representante do ministério da educação e do Distrito Federal, um

representante do ministério do exercito, um do ministério do meio ambiente e da

Amazônia legal, um representante do ministério dos transportes, um do ministério ou

órgão coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito e um do ministério da

saúde.

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Compete ao Conselho Nacional de Trânsito estabelecer normas

regulamentares do CTB (Código de Trânsito Brasileiro), traçar diretrizes gerais da

política nacional de trânsito, criar câmaras temáticas, coordenar todos os órgãos do

SNT (Sistema Nacional de Trânsito), responder consultas, regulamentar as normas

de aprendizagem, permissão da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), e registro e

licenciamento de veículos, aprovar a sinalização e equipamentos de trânsito,

apreciar recursos, dirimir conflitos sobre competências de trânsito. As câmaras

temáticas, órgãos técnicos vinculados ao Contran, são integrados por especialistas e

têm como objetivo estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico sobre

assuntos específicos para decisões daquele colegiado.

Ao Conselho Estadual de Trânsito compete cumprir e fazer cumprir a

legislação de trânsito, elaborar normas dentro das respectivas competências,

responder a consultas sobre a legislação de trânsito, estimular campanhas

educativas de trânsito, julgar recursos interpostos contra decisões da JARI, órgãos e

entidades executivas estaduais, acompanhar e coordenar as atividades dos órgãos

do sistema no Estado, dirimir conflitos sobre a competência dos municípios.

O Departamento Nacional de Trânsito compete cumprir e fazer cumprir a

legislação de trânsito e toda execução das normas e diretrizes estabelecidas pelo

CONTRAN em todo território nacional (atualmente esse órgão é o Denatran). E a

polícia rodoviária federal compete, no âmbito das rodovias e estradas cumprir a

legislação e as normas de trânsito, realizar o patrulhamento ostensivo, aplicar e

arrecadar as multas, efetuar levantamentos dos locais de acidentes de trânsito,

assegurar a livre circulação nas rodovias federais, coletar dados estatísticos,

promover ou participar de projetos de educação para o trânsito e fiscalizar níveis de

poluentes e ruído.

Ao Departamento de Trânsito (DETRAN), compete cumprir e fazer cumprir a

legislação e as normas de trânsito, realizar, fiscalizar e controlar o processo de

formação de condutores, reciclagem e suspensão de condutores, expedição e

cassação de licença de aprendizagem, permissão para dirigir e CNH, vistoriar,

registrar, emplacar, e licenciar veículos, estabelecer com a PM (policia militar),

policiamento ostensivo, executar a fiscalização de trânsito, autuar, e aplicar e

arrecadar as multas dentro de suas competências, promover e participar dos

projetos educativos. A policia Militar dos Estados e Distrito Federal compete executar

a fiscalização de trânsito, conforme convenio firmado, como agente do órgão ou

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entidade executivas de trânsito ou executivas rodoviárias concomitantemente com

os demais agentes credenciados.

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3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

A presente pesquisa segue as exigências éticas e científicas fundamentais

conforme determina o Conselho Nacional de Saúde-CNS nº 196/96 do Decreto nº

93933 de 14 de janeiro de 1987 – a qual determina as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos.

A identidade dos sujeitos da pesquisa segue preservada, conforme apregoa

a Resolução 196/96 do CNS-MS, visto que, não foi necessário identificar-se ao

responder o questionário. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE). Foram coletados dados a respeito do trânsito, para que se

possam obter maiores informações sobre a população pesquisada.

3.2 Tipo de Pesquisa

Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, com dupla, combinação de

abordagens, a saber, quanti-qualitativa.

3.3 Universo

A Pesquisa foi realizada no Município de Arapiraca/AL, cuja proposta foi

averiguar as principais causas dos acidentes de trânsito ocorridos no local. Trata-se

de uma cidade de grande porte localizada no Agreste doestado de Alagoas. Possui

uma população aproximada a 200 mil habitantes, conforme pesquisa do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE (2010). Em função da característica do

município, a população foi se formando ao longo do tempo por uma maioria de

adultos jovens, principalmente por busca de melhores condições de trabalho e de

desenvolvimento social e econômico. Embora Arapiraca seja considerado uma

cidade pequena em desenvolvimento, acidentes de trânsito acontecem com

frequência, tendo as mais diversas consequências para os envolvidos, tanto de

forma direta quanto indiretamente.

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3.4 Sujeitos e Amostra

A amostra se compõe de relatos de acidentes de trânsito, pela população do

Município de Arapiraca/AL, serão utilizadas informações colhidas no hospital do

agreste os dados referentes aos números de acidentes relacionados ao trânsito com

atropelamentos de pedestres com vítimas fatais na cidade de Arapiraca no período

de janeiro a março do ano de 2012.

3.5 Instrumentos de Coleta de Dados

Os dados foram colhidos através do próprio relatório emitido pela Unidade de

Emergência do Agreste, o qual informou dados estatísticos sobre o tema proposto

contendo os registos dos acidentes de trânsito.

3.6 Plano para Coleta de Dados

A coleta indireta dos dados foi realizada considerando o período pesquisado,

junto ao diretor responsável pelo controle de entrada de pessoas atropeladas e

vitimadas pelo trânsito na Unidade de Emergência do Agreste.

3.7 Plano para a Análise dos Dados

Os resultados obtidos foram agrupados empiricamente e percentualmente

tratados em Planilha Excel para visualização através de gráficos.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos dados fornecidos pela Unidade de Emergência do Agreste, 162 pessoas

foram atropeladas (pedestres), no período de janeiro a março de 2012, conforme

dados apresentados na Tabela 01.

Tabela 01: Quantidade de atropelamentos na Cidade de Arapiraca, no período de janeiro a

março do ano de 2012.

E deste total, verifica-se que 98 eram do sexo masculino e 64 do sexo

feminino. No gráfico 01 demonstra que o gênero masculino prevalece sobre o

feminino, o que provavelmente se deve ao fato de que os homens têm uma

participação maior no trafego na cidade de Arapiraca.

Gráfico 01 - Distribuição, em porcentagem, quanto ao sexo dos pedestres que foram

atropelados em 2012.

Fonte: Unidade de Emergência do Agreste: 2012

QUANTIDADE DE ATROPELAMENTOS

TRANSPORTE QUANTIDADE

MOTOCICLETAS 113

CARROS PEQUENO PORTE 48

CARROS DE GRANDE PORTE 01

TOTAL 162

Fonte: Unidade de Emergência do Agreste: 2012

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Quanto ao grau de escolaridade dos pedestres, gráfico 02, constata-se, que

dos 162 pedestres atropelados 75% tinham instrução do Ensino Fundamental 1º ao

5º ano, 57% tinham o Ensino Fundamental de 6º a 9º ano, e 25% tinham o Ensino

Médio e apenas 5% tinham o Ensino Superior. Percebe-se que os pedestres que

sofreram um menor número de atropelamentos foi o de nível superior, já os que

mais sofreram atropelamentos foram os de 1º ao 6º ano.

Gráfico 02 - Distribuição, em porcentagem, quanto à escolaridade dos pedestres que sofreram

atropelamento.

Fonte: Unidade de Emergência do Agreste: 2012

Contudo, a educação para o trânsito é fundamental que seja incluída no

currículo integral nas escolas, onde o aluno possa adquirir hábitos, atitudes e

comportamentos coerentes em relação ao trânsito. O nosso modelo de educação

atual parece estar muito mais centrado nos aspectos de descrição e de

memorização das normas de circulação do que na reflexão e na compreensão das

prováveis consequências, para si e para os outros.

Assim sendo, não só devemos nos preocupar com a Educação para o

Trânsito por meio de diversas instituições sociais básicas, como a família, a escola,

o Estado, a Igreja, os meios de comunicação, mas sim, em todas as situações

concretas que se vive nas vias públicas. Isto porque não podemos esquecer que o

trânsito está presente em todo o momento de nossas vidas, tanto como pedestres,

condutor ou passageiro.

Essencialmente a educação tem o desígnio de levar o homem a atingir um

estado de maturidade que o capacite a se encontrar com a realidade de maneira

consciente e assim agir de modo responsável. Além disso, o fato do homem ser um

ser social e viver em constante relacionamento com as pessoas, é que faz pensar

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que a educação que cada indivíduo recebe pode ser a chave para os sentimentos e

decisões na mudança e amadurecimento constante do comportamento humano.

Essa vivência em sociedade é altamente complexa no mundo moderno onde as

relações são mediadas por inúmeros objetos provenientes do trabalho humano para

melhorar sua existência. O transporte e, por consequência, o trânsito fazem parte

dessas relações, como nos aponta o pesquisador VASCONCELLOS:

O trânsito é uma disputa pelo espaço físico, que reflete uma altercação pelo tempo e pelo acesso aos equipamentos urbanos, é uma negociação, dadas às características de nossa sociedade, não se dá entre pessoas iguais: a disputa pelo espaço tem uma base ideológica e política; depende de como as pessoas se veem na sociedade e de seu acesso real ao poder (1988).

Quando se aborda educação, se reflete sobre quem é responsável para que a

mesma ocorra, sejam os pais, familiares, professores, ou aonde se adquire esta

educação, seja no trânsito, no clube, na escola ou no trabalho. Acredita-se que estas

aprendizagens equivalem a uma extensão das aprendizagens que ocorrem no lar,

com a mediação dos primeiros educadores - os pais ou familiares mais próximos,

mas todos os lugares e/ou pessoas com quem se convive educam constantemente;

logo, existe um contínuo aprendizado. Com exemplos de bons comportamentos, boa

índole e de personalidade equilibrada e socialmente adequada, ter-se-á conseguido

demonstrar às crianças que a educação no trânsito faz parte do conceito de respeito

ao próximo. O respeito gera inevitavelmente educação.

O fator educacional se estende por meio do comportamento do indivíduo nas

vias públicas, pois se participa do trânsito desde o ventre materno até a morte.

Convém lembrar que quando se dirige, passeia, se caminha também se está no

trânsito e, nesse momento, se repete o que foi aprendido na educação familiar e no

convívio social. Se forem bons exemplos, formar-se-ão bons motoristas participantes

do sistema de trânsito, educados e conscientes.

Partindo deste paradigma educacional e frente aos constantes óbitos no

trânsito de crianças no Brasil e no mundo, é que se percebe quão fundamental são

as bases educacionais, ou seja, os valores, responsabilidades e exemplos

adquiridos na família, que determinam junto à escola, o cidadão do futuro.

A educação no trânsito, fornecida pelas escolas, desde a Educação Infantil

até o Ensino Médio, é fundamental para a mudança constante de comportamento

humano e formação de futuros cidadãos e motoristas contribuindo para um trânsito

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seguro. A continuidade deve ser ofertada sempre que possível no Ensino Superior

seja através de programas ou projetos.

Trata-se de uma aprendizagem cujas bases são práticas, existem a partir das

vivências e, por isso mesmo, são tão difíceis de mudança quando já arraigadas,

conforme nos orientam os estudos de JEAN PIAGET:

Só podemos olhar o outro e sua história, se temos conosco uma abertura de aprendiz que se observa em sua própria história. Nesse sentido, a ação de olhar é um ato de estudar a si próprio, a realidade, o grupo, à luz que nos inspira, pois sempre só vejo o que sei. (PIAGET apud ARANHA, 1996).

A carência de bons exemplos dos pais para os filhos, quanto à educação para

o trânsito, apenas afasta a efetividade de um trânsito possível de melhorias,

segurança e mudanças reais no comportamento dos participantes.

Todo ser humano participa do trânsito mesmo antes de nascer, ainda no

ventre materno, estabelecendo formas de interação social. A educação é a porta de

entrada para o convívio em sociedade e a possibilidade de prevenção de acidentes,

como mostra a frase: a educação vem do berço. Os pais ou responsáveis tem

importância fundamental na educação de seus filhos, ao final de processos

identificatórios as crianças demonstram maior possibilidade de aprender e de serem

futuros responsáveis por um trânsito mais consciente e seguro.

Segundo o CTB no Art.1 em seu §1° se define trânsito como “a utilização das

vias por pessoas, veículos e animais, isolados ou em grupos, conduzidos ou não,

para fim de circulação, parada, estacionamento e operação de carga ou descarga”.

(1997, p. 2) Além da questão técnica, o trânsito é uma questão social e política.

Assim sendo, quando se pensa no trânsito, se devem descrever as características

da sociedade na qual se insere. Por essas características, o trânsito traz um tema,

uma problemática socioeconômica, psicossocial e nestes aspectos, o gerenciamento

do trânsito tem sido uma aglomeração de conflitos. Logo, se faz necessário refletir

sobre o comportamento de cada integrante que faz uso deste sistema de circulação,

para que permita ou assegure o direito a todos de sua utilização.

Do mesmo modo como a aprendizagem da leitura facilita e amplia o

entendimento do mundo possibilitando sua transformação, passar por um processo

de alfabetização no trânsito para aprender a ler as cidades, as ruas, as estradas e

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outros elementos que norteia o ir e vir organizado poderá facilitar o trânsito sem

perigos.

Em 1994, o então Presidente da República, Itamar Franco, institucionalizou o

Ano Nacional da Educação para o Trânsito, mesmo assim, a não ser pela iniciativa

de empresas privadas e ações isoladas de escolas e professores, pouco se fez para

concretizar a lei.

Na prática, se sabe que existe uma escassez de atividades realizadas sobre

este tema nas escolas e colégios. Os currículos escolares são formados por

disciplinas que se encontram fechadas em si mesmas e incomunicáveis com as

outras áreas do saber. Depende do educador para fazer a interdisciplinaridade.

Faz-se confusão entre educar e informar. Em grande parte, as campanhas

institucionais, mais informam do que educam, pois são desenvolvidas com fins

publicitários. Os sinais de trânsito e os pontos para cada infração cometida são

fatores comuns nas campanhas institucionais e se entende que não é o

desconhecimento da legislação que causa a maioria dos acidentes e sim o

comportamento reinante do não respeitar a lei. Para cada propaganda de

conscientização, existem dezenas incitando a velocidade. O primeiro passo para

desenvolver ação eficiente de educação para o trânsito é fazer cumprir o código de

trânsito brasileiro.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A educação para o trânsito, vai além da aplicação de procedimentos a fim de

que o aluno conheça, compreenda e respeite as normas de circulação e se

comporte como um cidadão responsável, ela insere-se num âmbito mais amplo que

é a educação ético-social. Ambas se ocupam de procedimentos para promover e

desenvolver estratégias e habilidades com os alunos que facilitem sua compreensão

e respeito ativo às normas e aos princípios que as regem. Sua missão é favorecer a

criação de atitudes, comportamentos e pautas de conduta para possibilitar a

convivência harmônica das pessoas e dos grupos.

A educação para o trânsito está inserida na educação social e dela obtém os

seus fundamentos teóricos e metodológicos. As ciências sociais e humanas

contribuem com suas descobertas para a educação da pessoa como ser social; a

educação para o trânsito necessita contar com essa interdisciplinaridade para poder

formular um currículo integral, no qual o professor revise constantemente suas

próprias convicções sociais e a coerência de sua prática, colocando seu preparo

cientifico e pedagógico a serviço do empenho de formar cidadãos conscientes e

responsáveis.

A falta de educação para trânsito, desde a infância à fase adulta, existe e que

se supõem, segundo experiências realizadas em países desenvolvidos, que a

preparação para o trânsito seguro desde a educação infantil faria com que o número

de acidentes viesse a diminuir.

Como resultado, se pode observar que ignorar as normas de trânsito em

função de açodamentos, na qual todos vivem, representa um valor equivocado, um

lapso na formação do indivíduo adulto que é o transmissor de conhecimento para os

menores com quem convive.

É de fundamental importância que todos os participantes deste trânsito

respeitem as regras de circulação e reflitam sobre o seu comportamento. Entende-

se que independentemente do que rege a lei, é papel da família preservar a vida e a

integridade física das pessoas, bem como formar cidadãos responsáveis tendo a

sua base na educação proporcionada desde a infância.

É possível perceber que a educação para o trânsito é uma realidade social

que esta sujeita às interferências positivas e negativas próprias do ser humano.

Desta forma, se deve pensar que ser transmissor de conteúdos e exemplos positivos

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no trânsito é dever, tanto dos pais, mestres ou de simples participantes da

sociedade onde se vive e que o primeiro passo para desenvolver ação eficiente de

educação para o trânsito é fazer cumprir o Código de Trânsito Brasileiro.

Em relação à Educação para o Trânsito na Educação Formal Escolar a

investigação comprova que faltam estratégias permanentes nas escolas para a

efetivação da Educação para o Trânsito. A temática é trabalhada de forma isolada,

(focado principalmente nas normas), bem como durante um período muito curto,

exemplo a Semana do Trânsito. Não existe um trabalho contínuo e sistemático.

Portanto, ao trazer para seu interior um tema com enorme relevância social, a

escola não apenas estreitará seu vínculo com a comunidade, como também abrirá

espaço para a qualificação da vida. Além disso, falar sobre o modo como

locomovemo-nos pode estimular o debate a respeito da convivência social, das

condutas sociais frente às diferenças, das formas de inclusão e exclusão

construídas diariamente, enfim, pode tornar o ambiente escolar cada vez mais

aberto ao trabalho com temáticas que mobilizem a sociedade.

Neste sentido, é relevante investir em projetos e ações educativas que levem

as pessoas a buscar melhores condições de vida, mudando o seu comportamento

no trânsito, mudança esta que significa salvarmos vidas e ajudarmos que tantos

outros possam aproveitá-la sem limitações impostas pelo mau comportamento do

cidadão.

Para determinar os procedimentos que facilitam à educação para o trânsito é

preciso conhecer os fundamentos teóricos que explicam a origem e a função da

educação social; por um lado, a socialização da pessoa e, por outro, a construção

de valores próprios da nossa sociedade. As teorias a este respeito determinam um

tipo de estratégias metodológicas e habilidades técnicas que exigem coerência

interna entre seu objeto, conteúdo e método.

A educação para o trânsito é, em seu conjunto, uma tarefa de todos, posto

que a criança esta imersa numa família desde que nasce. Seu primeiro modelo são

seus pais, passando posteriormente a um sistema educativo, no qual a unidade

mínima é a sala de aula, sendo o professor seu principal modelo de comportamento,

e logo seus pares, colegas e demais professores. No mesmo processo inserem-se

os adolescentes.

Assim sendo, não só devemos nos preocupar com a educação para o trânsito

por meio de diversas instituições sociais básicas, como a família, a escola, o estado,

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os meios de comunicação, mas, sim, em todas as situações concretas que se vive

nas vias. Isto por que não podemos esquecer que o trânsito esta presente em todo o

momento de nossas vidas, tanto como pedestre, condutor ou passageiro.

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