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0 UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Terapia Ocupacional MAYARA MOREIRA SILVA MAYLA FERREIRA PAVEZZI A TERAPIA OCUPACIONAL OPORTUNIZANDO A EXPRESSÃO DE NECESSIDADES, DESEJOS E ECOLHAS DE UM MORADOR INTITUCIONALIZADO NO CAIS CLEMENTE FERREIRA EM LINS COM SEQUELA DE PARALSIA CEREBRAL, ATRAVÉS DO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA LINS SP 2008

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Terapia Ocupacional

MAYARA MOREIRA SILVA MAYLA FERREIRA PAVEZZI

A TERAPIA OCUPACIONAL OPORTUNIZANDO A EXPRESSÃO DE NECESSIDADES, DESEJOS E ECOLHAS DE UM MORADOR

INTITUCIONALIZADO NO CAIS CLEMENTE FERREIRA EM LINS COM SEQUELA DE PARALSIA CEREBRAL, ATRAVÉS DO SISTEMA DE

COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA

LINS SP 2008

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MAYARA MOREIRA SILVA

MAYLA FERREIRA PAVEZZI

A Terapia Ocupacional oportunizando a expressão de necessidades, desejos

e escolhas, de um morador institucionalizado no CAIS - Clemente Ferreira em

Lins com seqüela de paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação

Alternativa e Ampliada

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora da Faculdade do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Terapia Ocupacional sob orientação da Profº. Esp. Renata Tunes Antoneli e orientação técnica da Profª. Esp. Jovira Maria Sarraceni.

LINS SP

2008

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Silva, Mayara Moreira ; Pavezzi, Mayla Ferreira

A terapia ocupacional oportunizando a expressão de desejos, necessidades e escolhas, de um morador institucionalizado no CAIS- Clemente Ferreira em Lins com seqüela de Paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação alternativa e ampliada / Mayara Moreira Silva; Mayla Ferreira Pavezzi.

Lins, 2008. 108p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Terapia Ocupacional, 2008

Orientadores: Renata Tunes Antoneli; Jovira Maria Sarraceni

1. Paralisia Cerebral. 2.Comunicação alternativa. 3. Picture communication symbols ( PCS). 4. Terapia Ocupacional. I Título.

CDU 615.851.3

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MAYARA MOREIRA SILVA

MAYLA FERREIRA PAVEZZI

A Terapia Ocupacional oportunizando a expressão de necessidades, desejos

e escolhas, de um morador institucionalizado no CAIS - Clemente Ferreira em

Lins com seqüela de paralisia cerebral, através do sistema de Comunicação

Alternativa e Ampliada

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para obtenção do título de Terapeuta Ocupacional.

Aprovado em: ___ /___ / 2008.

Banca Examinadora:

Prof. Orientador : Renata Tunes Antoneli

Titulação: Terapeuta Ocupacional e especialização Lato Sensu em Terapia

Ocupacional Uma visão dinâmica em neurologia

Assinatura: ______________________________________

Prof. (a) :

_______________________________________________________

Titulação:

_______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ______________________________________

Prof. (a) : _______________________________________________________

Titulação:

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_______________________________________________________

_______________________________________________________________

Assinatura: ______________________________________

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AGRADECIMENTOS

A Deus

Por ter nos dado forças para vencer obstáculos, por ter nos feito forte, não permitindo que o cansaço nos dominasse, e se conseguimos chegar a este ideal, mais do que a todo mundo, devemos ao Senhor... Que a luz divina continue a iluminar nossos caminhos! Conceda-nos, Senhor,

a serenidade necessária para acertar as coisas que não pudemos mudar, coragem para mudar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras.

Mayara e Mayla

A Orientadora Renata

O sentido de ensinar ultrapassa a simples transferência da técnica, da informação. Ensinar também é transmitir o sentimento,

criar o intuito, integrar, enfim, na sua totalidade, o conhecimento as alunas. Agradecemos pela atenção, paciência e pelo incentivo para realização deste gratificante trabalho.

Um abraço e sucesso!

Mayara e Mayla

A Jovira

Há pessoas que, quando deveriam ser simplesmente professores, foram mestres. Quando deveriam ser mestres, foram amigos e em sua amizade, nos compreendeu e incentivou.

Obrigada pela atenção, para que nós conseguíssemos está vitória.

Mayara e Mayla

A fonoaudióloga Débora

Sem o seu apoio este trabalho não seria realizado, obrigada pela paciência, dedicação e sabedoria.

Obrigada!!! Mayara e Mayla

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DEDICATÓRIAS

Aos meus pais

Dedico este trabalho a vocês , por ter me dado força e incentivo durante todo esse tempo. Me apoiando e depositando toda a confiança em mim, por ter acreditado no meu sonho e na minha luta. Obrigada por existirem, por terem me ensinado a crescer e enfrentar as dificuldades.

Amo vocês

Mayara

Ao meu namorado Fábio

Dedico este trabalho a você, obrigada por ser essa pessoa tão especial, por estar sempre ao

meu lado me dando forças para trilhar esse caminho, pela compreensão e pelo carinho, por muitas vezes ter renunciado a você para que assim concretizasse mais uma etapa de minha vida.

Amo Você

Mayara

A minha parceira Mayla

Espero que deus ilumine sua vida, que tenha muito sucesso, pois você merece. Obrigada por ser essa pessoa amiga e companheira. Passamos por uma longa batalha mas hoje, sabemos que nosso esforço não foi em vão, mas recompensado através desse trabalho que realizamos juntas sempre com esforço e dedicação.

Te adoro

Mayara A minha amiga Ana Paula

Por ter feito parte da minha vida. Obrigada pela sua

amizade e carinho, foram tanto os momentos felizes que passamos juntas e concerteza serão inesquecíveis. Que nossa amizade dure para sempre. Que deus te ilumine , e que tenha muito

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sucesso. Conte sempre comigo

TE ADORO Mayara

A minha Mãe Jane

Mãe apesar das dificuldades que passamos juntas durante esta caminhada, você foi uma mulher guerreira, correu sempre atrás da vitória,

isso me ensinou

muito, pois

pode ter certeza que todos

seus

exemplos vou carregar por toda a minha vida!!!

Beijos

Eu te amo! Você mora no meu coração

Mayla

Ao meu namorado Júlio

Obrigada, pela compreensão e carinho durante a realização deste trabalho, você me ensinou a ser forte e não desistir nunca dos meus sonhos.

Eu te amo!

Você Mora no meu coração

Mayla

Ao meu irmão Thiago

Obrigada pelo incentivo e ensinamentos nesta caminhada da vida , juntos conseguimos nos tornar seres maduros e fortes para superar qualquer que seja o obstáculo.

Mayla

A minha parceira e amiga Mayara

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Ma, ao longo desta caminhada quantos obstáculos se fizeram presente, mas hoje chegamos ao fim desta jornada, da nossa conquista; mas tenha certeza de uma coisa, o segredo está no amor e no entusiasmo que colocamos em cada obra que realizamos e a alegria da vitória final é a recompensa para aqueles que perseveram até o fim.

Um grande Sucesso

! Mayla

A Dona Isabel

Foram 16 anos de muita dedicação, obrigado por ter cuidado de mim com tanto carinho; tenha certeza que nunca esquecerei!

Beijos! Mayla

Aos meus familiares e amigos

Que torceram e ajudaram com atos ou pensamentos para que eu alcançasse esse objetivo.

Obrigada!

Mayla

As minhas amigas T.O

Amigas da T.O foram quatro anos que passamos muito tempo juntas, aprendendo, chorando, sorrindo, brincando, estudando e desejo à todas vocês um grande sucesso, pois juntas traçamos mais uma etapa de nossas vidas com uma coisa que só T.O tem, muita garra e dedicação.

Obrigada por tudo !!!

Saudades Mayla

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Divisão da parte central do sistema nervoso corte mediano,

esquemático.......................................................................................................19

Figura 2: Lobos do cérebro, vista lateral ........................................................... 19

Figura 3: Monoplegia ou Monoparesia .............................................................. 25

Figura 4: Diplegia ou Diparesia.......................................................................... 25

Figura 5: Hemiplegia ou Hemiparesia

............................................................................................................................

26

Figura 6: Tetraplegia ou Tetraparesia ............................................................... 26

Figura 7: Gráfico quanto a qualidade do tônus ................................................. 29

Figura 8: Resposta através do apontar para a prancha.................................... 49

Figura 9: Resposta através do olhar para a prancha ........................................ 49

Figura 10: Sinalizando com a cabeça sim ou não ........................................ 50

Figura 11: Fazendo um som para o sim ou para o não ............................... 50

Figura 12: Outras formas de sinalização ........................................................... 50

Figura 13: Prancha construída com símbolos PCS........................................... 51

Figura 14: Combinação de símbolos no sistema Bliss...................................... 52

Figura 15: Símbolos do Pictogram Ideogram Communication.......................... 53

Figura 16: PCS tipo prancha.............................................................................. 99

Figura 17: Capa PCS tipo prancha.................................................................... 99

Figura 18: Ponteira Adaptada.......................................................................... 100

Figura 19: PCS tipo Fichário............................................................................ 100

Figura 20: PCS de vestuário............................................................................ 100

Figura 21: PCS de higiene............................................................................... 101

Figura 22: PCS de objetos............................................................................... 101

Figura 23: PCS de comidas e bebidas ............................................................ 101

Figura 24: PCS de doces................................................................................. 102

Figura 25: PCS de frutas ................................................................................. 102

Figura 26: PCS de lugares............................................................................... 102

Figura 27: PCS de advérbios........................................................................... 103

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Figura 28: PCS de opostos.............................................................................. 103

Figura 29: PCS de verbos................................................................................ 103

Figura 30: PCS partes do corpo ...................................................................... 104

Figura 31: PCS de animais .............................................................................. 104

Figura 32: PCS de meses do ano.................................................................... 104

Figura 33: PCS de pessoa............................................................................... 105

Figura 34: PCS de cores.................................................................................. 105

Figura 35: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 105

Figura 36: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 106

Figura 37: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 106

Figura 38: R.F, utilizando a prancha de comunicação alternativa e ampliada 106

LISTA DE QUADRO

Quadro 1: Funções e déficits das áreas cerebrais ............................................ 20

Quadro 2 Classificação do nível de Comunicação............................................ 31

Quadro 3: Principais etapas do desenvolvimento fonológico............................ 39

Quadro 4: Dados referentes às terapias............................................................ 63

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ASHA American Speech Language - Hearing Association

AVC Acidente Vascular Cerebral

CAA Comunicação alternativa e ampliada

CAIS Centro de Atenção Integral à Saúde

PC Paralisia Cerebral

PCS

Picture Communication Symbols

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PIC Pictogram Ideogram Communication Symbols

SNC Sistema nervoso central

TCE traumatismo cranioencefâlico

T.O Terapia Ocupacional

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................... 15

CAPÍTULO I PARALISIA CEREBRAL

1 CONCEITUAÇÃO........................................................................................... 17

1.1.1 Etiologia .................................................................................................... 22

1.1.2 Período pré-natal ...................................................................................... 23

1.1.3 Período perinatal e neonatal..................................................................... 23

1.1.4 Período pós-natal...................................................................................... 24

1.2 Incidência ..................................................................................................... 24

1.3 Classificação................................................................................................ 24

1.3.1 Quanto à distribuição topográfica ............................................................. 24

1.3.2 Quanto à qualidade ou tipo de tônus........................................................ 27

1.4 Distúrbios associados .................................................................................. 29

1.4.1 Distúrbios visuais ...................................................................................... 29

1.4.2 Distúrbios auditivos................................................................................... 30

1.4.3 Distúrbios de linguagem ........................................................................... 30

1.4.4 Distúrbio de integração sensorial ............................................................. 32

1.4.5 Epilepsia.................................................................................................... 32

1.4.6 Distúrbios cognitivos ................................................................................. 32

1.4.7 Distúrbios ortopédicos .............................................................................. 33

1.4.8 Distúrbio de Comportamento.................................................................... 33

1.4.9 Outros problemas ..................................................................................... 33

CAPÍTULO II LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E

AMPLIADA

E A ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL

2 LINGUAGEM

2.1 Conceituação ............................................................................................... 35

2.2 Desenvolvimento da linguagem................................................................... 36

2.3 Tipos de linguagem...................................................................................... 38

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2.4 Comunicação alternativa e ampliada........................................................... 39

2.4.1 Terminologia, conceituação, clientela e objetivos ................................... 39

2.4.2 Recursos utilizados................................................................................... 42

2.4.2.1 Recursos de baixa tecnologia................................................................ 42

2.4.2.2 Recursos de alta tecnologia ................................................................. 43

2.4.3 Técnicas de seleção ................................................................................. 44

2.4.4 Sistemas de comunicação alternativa ...................................................... 45

2.4.4.1 Principais sistemas utilizados ................................................................ 47

2.4.4.1.1 Picture Communication Symbols (PCS)............................................. 47

2.4.4.1.2 Sistema Bliss. ..................................................................................... 51

2.4.4.1.3 Pictogram Ideogram Communication (PIC)........................................ 53

2.4.5 Atuação da Terapia Ocupacional na Comunicação alternativa e

ampliada................................................................................................... 54

CAPÍTULO III - A PESQUISA

3 INTRODUÇÂO................................................................................................ 56

3.1 Relato da rotina institucional do morador assistido..................................... 57

3.2 O trabalho realizado no CAIS Clemente ferreira em Lins ........................ 58

3.3 Caso em destaque....................................................................................... 58

3.3.1 Historia clinica Anamnese ........................................................................ 58

3.3.2 Avaliação da Terapia Ocupacional ........................................................... 59

3.4 A intervenção da T.O utilizando o sistema de CAA..................................... 60

3.4.1 Dados referentes ás terapias.................................................................... 62

3.5 Orientação a equipe da instituição, responsável pelo caso, quanto ao uso

do sistema de CAA com o morador................................................................... 71

3.6 A palavra dos profissionais .......................................................................... 72

3.7 Discussão..................................................................................................... 78

3.8 Conclusão sobre o caso .............................................................................. 79

PROPOSTA DE INTERVENÇAO ..................................................................... 81

CONCLUSÃO .................................................................................................... 83

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REFERÊNCIAS ................................................................................................. 84

APÊNDICES ...................................................................................................... 89

GLOSSÁRIO.................................................................................................... 107

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RESUMO

A paralisia cerebral é uma lesão do sistema nervoso central definida como não progressiva, mas frequentemente mutável, que trás alteração de tônus e motricidade, podendo associar alterações visuais, auditivas, cognitivas, na fala e entre outras. A Comunicação alternativa e ampliada é toda forma que substitui ou complementa a fala, auxiliando as pessoas que não utilizam a comunicação verbal para se expressarem; a utilização desta destina-se a compensar os déficits de expressão, que muito comumente ocorre em casos de paralisia cerebral. O presente estudo teve como objetivo demonstrar que a Terapia Ocupacional ao utilizar o sistema de comunicação alternativa e ampliada, pode intervir de forma a favorecer e oportunizar a expressão de necessidades, desejos e escolhas de um morador do Cais Clemente Ferreira em Lins propiciando-lhe a possibilidade de atribuir qualitativamente maiores interações com o ambiente no qual convive. Para demonstrar que a Terapia Ocupacional ao utilizar a comunicação alternativa e ampliada favorece a expressão de necessidades, desejos e escolhas de um morador com paralisia cerebral, foi realizado o estudo de caso no Cais Clemente Ferreira em Lins, de junho a setembro deste ano. O sistema utilizado foi o PCS (Picture Communication Symbols), sendo confeccionado um álbum e uma prancha compostos por diversas categorias, cada qual representada por símbolos gráficos, entre as categorias, encontram-se: lugares, cores, animais, comidas, bebidas, doces, frutas, partes do corpo, vestuário, higiene, advérbios, opostos, verbos e pessoas. Foi utilizado sistema de baixa tecnologia, com técnica de seleção com ajuda, através do uso dos símbolos gráficos e da ponteira manual. Após ter realizado a Confecção das pranchas foi realizada orientação à equipe da unidade C2 par, para demonstrar como o indivíduo irá se comunicar através da prancha, a fim de proporcionar melhor interação com os funcionários e maximizar seu potencial de expressão e escolhas no seu dia a dia. O sistema utilizado criou condições para que o morador assistido expresse seus desejos e necessidades, além de favorecer maior interação com toda a equipe da instituição, desenvolvendo relações interpessoais e contribuindo para uma melhor sociabilização e qualidade de vida.

Palavras-chaves: Paralisia Cerebral. Comunicação Alternativa e Ampliada. Picture Communication Symbols. Terapia

Ocupacional

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ABSTRACT

Cerebral palsy is a central nervous system injury defined as non-progressive, but often changeable, as it brings change in tone and drive and may involve changes vision, hearing, cognitive, speech and in among others. The communication and alternative picture is anyway they replace or complement the speech, helping people who do not use verbal communication to express themselves, the use of this is intended to offset the deficits of expression, which commonly occurs in most cases of cerebral palsy. This study aimed to demonstrate that the Occupational Therapy by using alternative communication system and expanded, can intervene in order to encourage and nurture the expression of needs, wishes and choices of a resident of Pier Clemente Ferreira in providing you the Lins possibility of assigning qualitatively greater interactions with the environment in which to live. To demonstrate that the Occupational Therapy to use the alternative communication and extended favors the expression of needs, wishes and choices of a neighbor with cerebral palsy, the study was conducted in the case of Pier Clemente Ferreira in Lins, from June to September this year. The system was used PCS (Picture Communication Symbols), and made an album and a board composed of various categories, each represented by graphic symbols, between the categories are: seats, colors, animals, food, drinks, sweets , Fruits, body parts, clothing, hygiene, adverbs, opposites, verbs and people. We used low-tech system, with technical help with the selection, through the use of graphic symbols and the tip guide. Having done the Manufacture of the boards was made to the team orientation of the unit C2 pair, to demonstrate how the individual will to communicate through the board in order to provide better interaction with employees and maximize their potential for expression and choices in their day to day. The system has created conditions for the assisted living express their wishes and needs, and encourage greater interaction with the whole staff of the institution, developing interpersonal relationships and contributing to a better quality of life and socializing.

Key words: Cerebral Palsy. Alternative Communication and zoom. Picture Communication Symbols. Occupational Therapy

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INTRODUÇÃO

A comunicação alternativa (CAA) é um recurso que vem sendo utilizado

para indivíduos que não possuem a comunicação-verbal , com objetivos de

potencializar sua expressão e interação com o meio em que vive.

O indivíduo com paralisia cerebral (PC) apresentará uma alteração

tônica e de movimento, que afetará a deambulação, o equilíbrio e a postura,

podendo levar a prejuízos de ordem intelectual, atraso na linguagem,

alterações auditivas, visuais, táteis-cinestésicas, transtornos de

comportamento, entre outros.

Considera-se a Comunicação Alternativa e Ampliada um meio eficaz na

prática da Terapia Ocupacional, sendo enfocada na intervenção de um

morador institucionalizado no Cais Clemente Ferreira em Lins, com seqüela de

Paralisia Cerebral, oportunizando a expressão de necessidades, desejos e

escolhas, proporcionando uma melhoria em sua qualidade de vida.

O trabalho procura responder o seguinte questionamento: É possível

que a Terapia Ocupacional ao utilizar-se do sistema de comunicação

alternativa e ampliada, viabilize a oportunidade de expressão não verbal de

necessidades, desejos e escolhas de um morador institucionalizado no Cais

Clemente Ferreira em Lins, com seqüela de Paralisia Cerebral, e

consequentemente, propicie uma melhoria na qualidade de vida do sujeito em

questão?

Portanto, baseado no fato de que a CAA é um recurso que quando

disponibilizado contribui significativamente no processo de reabilitação de

pacientes que apresentam déficits em sua comunicação, o trabalho é

direcionado pelo pressuposto de que a Terapia Ocupacional, ao utilizar-se da

Comunicação alternativa e ampliada, facilita a comunicação não-verbal de um

morador do Cais Clemente Ferreira em Lins com seqüela de paralisia cerebral,

melhorando a sua qualidade de vida e promovendo oportunidades de

escolhas, e expressão de necessidades e desejos, no ambiente em que

convive, meio interno-instituição e meio externo quando são promovidos

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passeios e saídas externas.

Para demonstrar a veracidade desse pressuposto, utilizou-se como

método de pesquisa, o estudo de um caso ilustrativo, no Cais Clemente

Ferreira em Lins, com análise dos resultados da intervenção terapêutica e

levantamento bibliográfico para referencial teórico.

O trabalho está assim estruturado:

Capítulo I Descreve a paralisia cerebral

Capítulo II

Descreve a Comunicação Alternativa e Ampliada e a

atuação da Terapia Ocupacional

Capítulo III

Descrição da pesquisa, com análise dos dados obtidos e

apresentação dos resultados.

Para finalizar, segue-se a proposta de intervenção e as considerações

finais.

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CAPÍTULO I

PARALISIA CEREBRAL

1 CONCEITUAÇÃO

O termo paralisia cerebral (PC) designa uma seqüela que resulta de

uma lesão ou mau desenvolvimento do cérebro, de caráter não progressivo,

podendo ser caracterizada por um distúrbio que afeta os movimentos em

função da distribuição anormal do tônus, ocasionando inabilidade postural e

alteração no desenvolvimento sensório-motor.

Segundo Lorenzini (2002) PC é uma desordem do cérebro imaturo, que

ocorre no período de gestação, durante o parto ou após o nascimento, antes

de estar completo o desenvolvimento motor.

Um indivíduo com PC apresentará uma alteração tônica e de

movimento, que afetará a deambulação, o equilíbrio e a postura, podendo

levar a prejuízos de ordem intelectual, atraso na linguagem, alterações

auditivas, visuais, táteis-cinestésicas, transtornos de comportamento, entre

outros.

Portanto quando o indivíduo apresentar lesão no cérebro ainda

imaturo, terá afetado seu desenvolvimento neuropsicomotor com possíveis

seqüelas que irão interferir em sua vida adulta, ocorrendo muitas vezes outros

transtornos associados.

Segundo Finnie (2000) a limitação motora presente na PC também

ocasiona dificuldades na qualidade do desenvolvimento da comunicação e

interação com o meio, bem como dificuldades na construção do espaço e

suas relações, o que por sua vez, reflete em suas funções cognitivo-

intelectuais.

A falta de estímulos externos pode provocar dificuldades no

desenvolvimento motor, sensorial, intelectual e cognitivo, por isso é

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necessário que o tratamento seja feito por uma equipe multidisciplinar,

composta por terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogas, fisioterapeutas,

médicos, entre outros, para que esses profissionais possam potencializar suas

competências em seu cotidiano, no meio social, familiar e escolar.

A PC pode ser descrita como não progressiva, mas apresenta

mudanças quanto aos distúrbios motores como tônus e postura.

Para Gianni (apud FREUD 1987), o termo cerebral sugere o

acometimento dos hemisférios cerebrais, mas as lesões responsáveis podem

acometer também a região mesodiencefálica, o tronco cerebral e/ou cerebelo.

Segundo Ferraretto e Souza (1997) PC designa um grupo de

desordens motoras, não progressivas, porém mutável, resultante de uma

lesão cerebral na primeira infância.

Embora a lesão seja estacionária, ela sofre modificações

principalmente na ausência de tratamento, assim, os movimentos e funções

podem se tornar mais desajustados e de forma irreversível.

É importante também ressaltar que a maioria das crianças com PC

desenvolve espasticidade, ataxia ou hipotonia generalizada.

O grau de comprometimento vai depender do grau e da extensão da

área cerebral que foi afetada, que corresponderá às funções motoras e a

qualidade do tônus, ocorrendo na grande maioria à forma espástica.

Portanto, os sinais e sintomas da PC vão depender da extensão e da

área afetada, e se expressam em padrões de postura e movimentos anormais.

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Fonte: Sobotta, p.285

Figura 1: Divisão da parte central do sistema nervoso; Corte mediano,

esquemático.

As partes do encéfalo marcadas com *, em conjunto, tronco do encéfalo

Fonte: Sobotta, p. 288

Figura 2: Lobos do cérebro; vista superior Lobos do cérebro; vista lateral

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Edmans et al (2004) sugere uma classificação de acordo com as funções e déficits das áreas cerebrais:

Lobo frontal Funções

Concentração

Pensamento Abstrato

Memória

Raciocínio

Ética

Compreensão

Emotividade

Tato

Inibição

Pensamentos seqüenciais

Capacidade de avaliar a conseqüência dos atos

Solução dos problemas intelectuais

Moralidade

Função motora

Déficits

De memória

No pensamento abstrato

De raciocínio

De comportamento ético

Emocionais

De compreensão

Em relação ao ato

De inibição

Área de Broca Funções

Expressão da linguagem

Formação da palavra

Articulação

Pronúncia

Produção da voz e da fala

Déficits

Na movimentação de tronco e olhos

Afasia não fluente

Apraxia verbal Lobo temporal Funções

Áreas auditivas

Áreas de wernicke:

Recepção e discriminação dos sons

Interpretação dos sons

Área olfativa

Memórias detalhadas, especialmente memórias que envolvem mais de uma modalidade sensorial (hemisfério dominante)

Déficits

Afasia de Wernicke

Compreensão

Repetição de fala

Jargonofasia

Compreensão para a leitura

Lobo occipital Funções

Recepção visual

Associações visuais

Detecção da organização espacial da visão, de formas, de cores e contraste

Interpretação secundária de imagens visuais complexas

Percepção de forma e significado

Fixação do olhar visual

Déficits

Distúrbios visuais e de interpretação

Distúrbios do campo visual contralateral

Perda parcial do campo

Alterações de percepção

Tálamo Funções

As vias sensitivas e motoras em contato com o tálamo, à exceção das vias olfativas

Déficits

Hemiplegia contralateral

Falhas sensitivas no dimídio contralateral

Olhar em direção lateral e vertical

Continua

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23

Hipotálamo Funções

Sistema nervoso autônomo

Pressão arterial

Freqüência cardíaca

Freqüência respiratória

Temperatura corporal

Metabolismo hídrico

Osmoralidade dos líquidos orgânicos

Reposta à alimentação

Expressão física das emoções

Comportamento sexual

Síntese dos hormônios

Regulação de salivação, peristaltismo, sudorese e glicemia.

Continuação

Déficits

Alterações da regulação térmica

Alteração do volume hídrico

diabetes insípido

Alteração da pressão arterial, da freqüência cardíaca e da respiração

Modificação de hábitos alimentares

Alteração da regulagem da glicemia

Alteração da motilidade gástrica

Hipófise Funções

Sistema endócrino

Liberação de oxitocina e vasopressina

Déficits

Alterações funcionais do córtex das suprarrenais

Alterações do crescimento corporal

Distúrbio da tireóide

Distúrbio no desenvolvimento dos caracteres sexuais primários e secundários

Problemas renais diabetes insípido

Gânglio da base Funções

Produção de dopamina

Coordenação dos movimentos dos músculos

Déficits

Distúrbios de movimento

Tremores

Rigidez muscular

Coréia

Atetóse

Distonia

Hemibalismo Mesencéfalo Funções

Síntese da dopamina

Proteção dos gânglios basais

Déficits

Problemas visuais motores

Parkinsonismo

Interrupção dos reflexos auditivos e visuais

Ponte Funções

Transmissão de informação do córtex cerebral ao tronco e de um hemisfério para o outro

As vias de transmissão da sensibilidade atravessam a ponte

Regulação do aparelho respiratório

Déficits

Sensitivos e motores

Alteração da mastigação e da sensibilidade da face

Alterações dos movimentos oculares e do fechamento das pálpebras

Alterações da sensibilidade gustativa, da expressão mímica, da salivação, do equilíbrio e da audição

Insuficiência respiratória

Continua

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24

Medula oblonga Funções

Regulação da pressão arterial e da respiração

Manutenção do estado de vigília

Indução do sono

Continuação

Déficits

Estado vegetativo persistente

Deficiência sensitivo-motora contralateral

Alterações da sensibilidade postural, proprioceptiva e vibratória

Insuficiência respiratória

Disfunção cardíaca / vasomotora

Nos movimentos da língua

De salivação e função da faringe

Cerebelo Funções

Recebe os estímulos proprioceptivos

Mantém o equilíbrio

Coordena os movimentos automáticos

Regula o tônus da musculatura

Déficits

Diminuição ipsolateral do tônus muscular

Coordenação precária e movimentos delicados prejudicados

Marcha atáxica

Tremor cinestésico

Disdiadococinesia

Dismetria

Hipotonia

Astenia

Fonte: Edmans et al, 2004, p.9-12

Quadro 1: Funções e déficits das áreas cerebrais

1.1 Etiologia

Na PC existem muitas causas passíveis de provocarem a lesão

cerebral, incluindo fatores relacionados a características da mãe antes da

gravidez, características familiares, até os fatores que ocorrem durante o

nascimento e nos dois primeiros anos de vida. Portanto as causas estão

relacionadas com os períodos pré-natal, peri-natal e pós- natal.

Relatos de Teixeira (apud GIANNI, 2003, p.93) apontam que no Brasil

a principal causa de PC são fatores perinatais, sendo a encefalopatia hipóxico

isquêmico a mais freqüente associada a encefalopatia neonatal e seqüelas

neurológicas subseqüentes, incluindo PC .

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25

1.1.2 Período pré-natal

Segundo Ferraretto e Souza (apud KUBAN e LEVITON, 1994) antes da

gestação as causas da PC são: história materna de abortos; ciclos menstruais

longos e irregulares, história familiar de PC, doença genética ou malformação

congênita.

Este período atua desde a concepção até o início de trabalho de parto,

tendo como causas eventuais problemas relacionados ao sangue e

metabolismo materno, doenças infecciosas adquiridas durante a gestação, RX

efetuado na gravidez ou por falta de circulação sanguínea no feto.

Segundo Gianni (2003) as causas de origem pré-natal são as infecções

congênitas entre elas: toxoplasmose, citomegalovírus, herpes, rubéola, tífo,

lues e Human Immunodeficiency Vírus (HIV), entre outras. É necessário que a

gestante acompanhe regularmente o período pré-natal, alimente-se

adequadamente e tome somente medicamentos com prescrição médica.

1.1.3 Período perinatal e neonatal

Este período compreende desde o início do trabalho de parto até o

momento do nascimento, sendo o fator mais freqüente a anóxia ou hipóxia

cerebral. Outros fatores compreendem placenta prévia, hematomas subdurais,

prematuros de baixo peso e circular de cordão.

Segundo Gianni (2003) a encefalopatia hipóxico - isquêmica é a

agressão mais freqüentemente associada à encefalopatia neonatal e seqüelas

neurológicas, no entanto outros fatores sejam eles tóxicos, metabólicos ou

traumáticos também podem ocasionar PC.

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26

1.1.4 Período pós- natal

Segundo Ferraretto e Souza (1998) uma das causas da PC são as

lesões adquiridas do sistema nervoso central (SNC) até os dois anos de

idade. As seqüelas mais graves ocorrem no caso das meningoencefalites

adquiridas, traumas crânioencefálicos (TCE), acidentes vasculares cerebrais

(AVC), entre outros.

1.2 Incidência

Segundo Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho

(2007), existem variações na incidência entre os tipos de PC; no caso da PC

espástica a incidência é de 70 % dos casos, já na atetóide a média é de 20%

à 30% dos casos, e 10% corresponde a PC atáxica. Em média mundialmente

atinge de 1.5 a 2.5 por 1.000 nascidos vivos.

1.3 Classificação

De acordo com a localização e extensão da área lesada no cérebro, a

PC é classificada quanto à qualidade ou tipo de tônus e quanto à distribuição

topográfica - região do corpo afetada, resultando em quadros neurológicos

distintos e superpostos. Os principais são:

1.3.1 Quanto a distribuição topográfica

a) Monoplegia ou monoparesia: Acomete apenas um braço e com

menos freqüência acomete uma perna.

De acordo com Blakiston (1982) a monoplegia refere-se a paralisia

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27

de um único membro, músculo ou grupo muscular; enquanto

monoparesia refere-se a paralisia parcial de uma parte do corpo,

como a de um membro.

Fonte: conteúdo. imasters. com.br/4698/boneca.jpg Figura 3: Monoplegia ou Monoparesia

b) Diplegia ou diparesia: os membros inferiores são mais acometidos

nesses casos, tendo um comprometimento de moderado a leve dos

membros superiores.

Segundo Gianni (2003) a diplegia se deve a lesões isquêmicas do

SNC. Os membros superiores geralmente apresentam boa

funcionalidade e a possibilidade de deambulação é maior.

Fonte: conteúdo. imasters. com. br/4698/boneca.jpg

Figura 4 : Diplegia ou Diparesia

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28

c) Hemiplegia ou hemiparesia: comprometimento motor de um lado do

corpo, sendo contralateral ao lado do cérebro lesionado.

Ferraretto e Souza (1998) explicam de forma anatômica que um lado

somente é acometido, podendo ser o lado direito ou o esquerdo.

Fonte: conteúdo. imasters. com. br/4698/boneca.jpg

Figura 5: Hemiplegia ou Hemiparesia

d) Tetraplegia ou Tetraparesia: Todo o corpo é afetado.

Segundo Gianni (2003) esses casos são os mais graves. A função

dos membros superiores assim como a aquisição de deambulação é

pouco freqüente.

Fonte: conteúdo. imasters.com. br/4698/boneca.jpg

Figura 6: Tetraplegia ou Tetraparesia

Para melhor elucidar o descrito, torna-se importante esclarecer a

diferença entre os termos plegia e paresia:

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29

De acordo com Blakiston (1982) plegia é uma expressão que indica

paralisia, enquanto paresia é a expressão que indica uma paralisia moderada

ou perda incompleta da força muscular e também fraqueza de um membro.

1.3.2 Quanto a qualidade ou tipo de tônus

a) Espástica ou piramidal: o tônus muscular se encontra com o grau de

tensão aumentado, apresentando resistência aos movimentos

passivos, este aumento do tônus é denominado espasticidade.

Segundo Ferrareto e Souza (1998) é o tipo mais comum de PC, é

quando o músculo mostra uma resistência maior no movimento

passivo e com isso há um aumento no tônus muscular. A

espasticidade atua em alguns grupos musculares e o aparecimento

de deformidades na PC espástica é mais comum.

b) Flácido: O tônus muscular encontra-se com grau de tensão

diminuída.

"Diminuição da tonicidade ou tensão normal; especialmente,

diminuição de pressão intraocular ou de tônus muscular".

(BLAKISTON, 1988, p. 538).

Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho

(2007) é a forma mais grave, com comprometimento motor intenso,

hipotonia severa e inteligência bastante rebaixada; é pouco

freqüente.

Quando a lesão atinge o sistema extrapiramidal e situa-se nos núcleos

da base, leva ao aparecimento de movimentos involuntários.

Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007)

há lesão dos núcleos da base caracterizando-se pela presença de

movimentos involuntários, o tônus muscular é variável com movimentos

anormais que aumentam durante a movimentação voluntária, com estímulos

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30

sensoriais e emocionais; e desaparecem durante o sono; as deformidades não

ocorrem ou são mais raras.

Nestas lesões, são citadas as seguintes alterações tônicas:

a) Atetóide: Os movimentos são involuntários, lentos, serpenteados, e

estão presentes nas extremidades.

O atetóide, segundo Levitt (2001), apresenta o sistema muscular

instável e flutuante, em qualquer ação apresenta movimentos

involuntários de pequena amplitude. O controle da cabeça e as

respostas a estímulos são instáveis e imprevisíveis, tem

personalidades extrovertidas, dificuldade da articulação da fala e

problemas de reprodução.

Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho

(2007) os movimentos apresentados são lentos e serpenteformes,

presentes nas extremidades mais distais que parasitam os

movimentos voluntários.

b)Coréico: Movimentos involuntários presentes nas raízes dos

membros, rápidos, ocasionalmente impossibilita que o movimento

voluntário ocorra. Presença de um tônus flutuante, com variações de

hipo para normal, e de hipo para hiper.

Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho

(2007) os movimentos estão presentes nas partes proximais dos

membros, rápidos, prejudicando o movimento voluntário.

c) Distônico: Presença de um tônus flutuante, com variações de hipo

para hiper. Há presença de movimentos involuntários que levam a

distúrbios da postura.

Segundo Ferraretto e Souza (1987) são movimentos atetóides

mantidos, com posturas fixas, que podem se modificar após algum

tempo.

d) Atáxica: É um tipo raro na PC, trata-se de uma incoordenação dos

movimentos, por lesão de origem cerebelar.

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31

Segundo Gianni (2003) esse tipo clínico é caracterizado por

alterações da coordenação e equilíbrio. A deficiência mental nesses

casos é freqüente.

HIPER

1

N

4 5 62 3

HIPO

Fonte: autoria própria

Figura 7: Classificação do tônus quanto à qualidade

LEGENDA: 1-Espástico, 2- Atetóide, 3- Distônico, 4- Coréico, 5- Atáxico, 6- Flácido

1.4 Distúrbios associados

Apesar da PC ser caracterizada por uma disfunção motora, é

comum que esteja associada a outros distúrbios como: deficiência visual,

auditiva, cognitiva, lingüísticas, distúrbios ortopédicos, de integração

sensorial, epilepsia, de comportamento e outros.

1.4.1 Distúrbios visuais

Segundo Finnie (2000) nos distúrbios visuais os indivíduos apresentam

um comprometimento nas vias e córtex visual, dificultando a interpretação das

informações que chegam do globo ocular. O controle desordenado dos

movimentos muitas vezes afeta o músculo dos olhos, com risco de apresentar

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32

principalmente estrabismo, podendo estar associado a outros déficits visuais

como miopia, astigmatismo, atrofia óptica, ametropias, entre outras alterações.

Segundo Shepherd (1996) a pouca acuidade visual pode ser responsável

pelas alterações ligadas ao espaço, e ao esquema corporal.

1.4.2 Distúrbios auditivos

A criança também pode apresentar alterações auditivas, que

prejudicará a linguagem de forma verbal, sendo que a linguagem é a

simbolização interna do pensamento e a fala é um meio de transmitir seus

desejos, anseios, sentimentos.

Finnie (2000) as pessoas com PC podem ter danos nos nervos

auditivos e nas partes do cérebro que interpretam os sinais sonoros.

Para as pessoas com PC deve haver outros meios de comunicação por

apresentarem dificuldade para mover os músculos que controlam a formação

do som, comum nos sujeitos com PC atetóide, sendo necessário que utilize

um meio de comunicação alternativa e ampliada (CAA), para que não perca o

contato com o meio, mesmo que seu meio social seja restrito.

Portanto, devido a essas alterações o comportamento do paciente

pode ser irritável, a falta de linguagem verbal é um fator comportamental onde

ela mesma pode se excluir do meio externo o que prejudica a relação com

colegas, membros da família e meio social. Os aspectos como atenção,

concentração, hiperatividade, também estão relacionados com casos de

seqüela de PC.

1.4.3 Disfunsão de linguagem

As anomalias associadas a fala podem ser desde uma simples

disartria até uma afasia.

Segundo Ferraretto; Souza in Pinto (1997) nos casos de retardo mental

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33

ou de linguagem, pode ser utilizado o método Hanen, criado por uma

fonoaudióloga Ayala Manolson do Canadá. Refere-se a um método dirigido

aos pais de crianças de zero a cinco anos com distúrbios na fala, baseado na

interação da criança com o ambiente familiar que resulta de uma estimulação

natural e constante. A comunicação é classificada de acordo com o método

Hanen, levando os pais a terem um conhecimento profundo do estágio de

desenvolvimento de seu filho, assumindo determinadas atitudes durante a

interação com seu filho.

Ferraretto; Souza in Pinto (1997) classificou o desenvolvimento em

níveis como segue a tabela: Nível Função Características Nível: 0 Não comunicativo Não fixa o olhar. Não

procura a fonte sonora. Não chora com fim de demonstrar fome e/ou desconforto.

Nível: I Comunicação reflexa Segue objetos com os olhos. Procura a fonte sonora. Chora ou resmunga para demonstrar fome ou desconforto.

Nível: II Comunicação não intencional

Interessa-se pelo ambiente. Começa a imitar gestos simples e sons. Balbucia.

Nível: III Comunicação intencional Cumpre alguns comandos simples. Aponta para algumas partes do corpo. Aponta para o que quer. Inicia jogo simbólico. Emite de 1 a 5 vocábulos.

Nível: IV Comunicação verbal

Já tem simbólico. Emite várias palavras, cerca de 50. Combina palavras formando frases. Responde e faz perguntas simples. Já compreende futuro e passado e alguns conceitos espaciais (em cima, ao lado, atrás, etc.).

Fonte: Ferraretto; Souza in Pinto, 1997, p. 81 Quadro nº2: Classificação do nível de comunicação

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34

1.4.4 Distúrbio de integração sensorial

Shepherd (1996) destaca os distúrbios ligados a agnosia, que é a não

interpretação do estímulo tátil, visual e espacial e a apraxia, que é a

dificuldade em realizar um movimento, ainda que compreendido. As

alterações apresentadas se expressam em processamento e resposta

inadequada aos estímulos sensoriais com base no comportamento motor e

que pode chegar a interferir no processo cognitivo.

Para Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho (2007)

o sujeito apresenta dificuldade de interpretar e responder a estímulos

sensoriais, dificultando as ações motoras, a aprendizagem e a formação de

conceitos.

1.4.5 Epilepsia

Segundo Finnie (2000) crianças com PC têm maior probabilidade de

sofrer convulsão, isso ocorre aproximadamente com a metade da população

com PC. E também há muitas crianças que podem ter um ou mais ataques

nos primeiros anos de vida não agravantes. Há vários tipos de ataque que

podem ser divididos em ataques generalizados, nesse tipo de ataque o corpo

treme e há perda de consciência, e ataque menores, em que há perda de

consciência associado com o revirar dos olhos.

1.4.6 Distúrbios cognitivos

Segundo Finnie (2000) metade das crianças com PC apresentam

distúrbios de aprendizado desde os mais leves até os mais severos. As

crianças com PC podem ter dificuldades de aprendizagem inesperadas, como

por exemplo, uma criança que demonstra habilidade em diversas áreas, pode

ter problemas com a leitura ou ter dificuldade com a matemática, outras

podem ser muito boas na leitura e matemática mas ter problemas na

percepção de formas e dificuldade em desenhar. Em todos os aspectos a

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35

criança com PC pode ter um desenvolvimento lento.

1.4.7 Distúrbios Ortopédicos

Segundo Casalis; Fernandes; Hebert; Ramos in Baladi; Castro; Filho

(2007) as deformidades são decorrentes da alteração do tônus muscular,

diminuição da força muscular, e pelo mau posicionamento do corpo podendo

ocorrer em nível de pés até membros superiores. A coluna vertebral muitas

vezes apresenta escoliose, cifose ou lordose.

1.4.8 Distúrbio de Comportamento

Segundo Finnie (2000) muitas crianças com PC não conseguem ter

um sono tranqüilo a noite, algumas permanecem irritadas nos primeiros anos

de vida, sofrem de ataques de temperamento, são muito ativas, e as que não

podem se mover são atentas, mantendo essa atenção por muito tempo. Em

crianças que estão aprendendo a se locomover a atenção é pequena, mas

durante a fase de aprendizado ela amplia a sua concentração e passa o

tempo explorando os brinquedos. Problemas de hiperatividade são comuns

nessas crianças, portanto é importante ficar atento para a diminuição de sua

atividade e para o desenvolvimento de sua atenção.

1.4.9 Outros problemas

a) Salivação

Segundo Finnie (2000) outro problema das crianças com PC é a

dificuldade em controlar a saliva. Ela pode ter dificuldade em atingir

o fechamento dos lábios e a deglutição regular da saliva

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36

b) Dentição

Segundo Finnie (2000) há dificuldade da criança com PC em

movimentar a língua, principalmente as que não ultrapassam o

padrão primitivo de sucção e deglutição, sendo assim a comida

pode ficar presa ao redor dos dentes, com isso a probabilidade dos

dentes se deteriorarem é grande. Portanto, é importante a

escovação dos dentes após as refeições.

c) Alimentação

Segundo Finnie (2000) o problema na alimentação ocorre no

período de lactância, ou seja, quando a criança apresenta

dificuldade em sugar o leite, e ao longo do crescimento dificuldade

para mastigar. Pode haver problemas também com a deglutição.

Nessas crianças a organização rítmica entre o fechamento da

laringe e o procedimento de deglutição não ocorre e a comida ou

líquido podem ser aspirados, ou seja, chegar aos pulmões, e

agravar o problema e com isso há o risco dos germes penetrarem

nos pulmões, um dos motivos da criança estar sujeita a infecções

pulmonares. Quando a comida está no estômago é muitas vezes

regurgitada, isso acontece quando o estômago se contrai, em vez

de empurrar a comida para baixo leva-a novamente para o esôfago

e forma-se um pequeno vômito. Quando há regurgitação freqüente,

o esôfago fica sensível e dolorido, dificultando assim a deglutição.

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37

CAPÍTULO II

LINGUAGEM, COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA E AMPLIADA E A

ATUAÇÃO DA TERAPIA OCUPACIONAL

2 LINGUAGEM

2.1 Conceituação

Segundo Molcho (2007) a linguagem representa uma forma de

aprendizado adquirido progressivamente pelo contato com o meio, desde o

início da vida intra-uterina a criança inicia a sua linguagem corporal por meio

de sons do meio externo.

Segundo Blakstone (apud PELOSI, 2000) as pessoas recebem

informações através do olhar, do ouvir, do cheirar, do experimentar e do sentir;

transmitem as informações diante das ações de tocar, falar, escrever, mover e

olhar. Há uma constante troca de informações mesmo quando não existe

intenção de fazê-lo.

Portanto a linguagem se desenvolve progressivamente de acordo com

o contato com o meio, ocorre de forma espontânea em relação ao

pensamento e a fala.

Para Gill (1997), a comunicação é o processo pelo qual toda informação

é passada e/ou trocada entre indivíduos, é através deste processo que nos

relacionamos e aprendemos.

A comunicação é essencial para a interação do sujeito à sociedade. A

fala associada a gestos, expressões faciais e corporais caracterizam a

condição humana . (PELOSI, 2000, p. 35)

Portanto, o desenvolvimento da linguagem depende do

desenvolvimento do sistema sensorial, motor e cognitivo.

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Segundo Edmans (2004) as regiões do cérebro associadas ao

funcionamento da linguagem são as do hemisfério esquerdo, já o hemisfério

direito tem como função a compreensão de frases simples e dos aspectos

emocionais, ambos os hemisférios contribuem para a comunicação humana

normal.

Quando esses sistemas estão íntegros, os indivíduos se tornam aptos

a desenvolver a linguagem falada, quando há alterações nos sistemas

biológicos podem causar distúrbios na comunicação e adotam uma

comunicação por meio de gestos, expressões faciais, entre outros.

Para Valmaseda (2004), a linguagem é uma representação interna da

realidade que utiliza um meio de comunicação compartilhado socialmente.

Uma pessoa que desenvolveu a linguagem trouxe para dentro de si

uma variedade de aspectos da realidade para que assim possa representar

para os outros, informações sobre ações, pessoas, objetos e qualidades.

Sendo assim, a linguagem é um meio de transmitir ao meio externo as

emoções internas e idéias, exprimindo aspectos emocionais e afetivos.

2.2 Desenvolvimento da linguagem

Segundo Molcho (2007) durante a vida uterina o bebê começa

apresentar uma forma de comunicação através de uma linguagem corporal,

onde sente as sensações agradáveis e desagradáveis do meio externo, isso

quer dizer que ainda dentro da barriga da mãe já demonstra seus sentimentos

e suas necessidades. A partir do momento que nasce os bebês ainda não

estão aptos a atenderem suas sensações sozinhos e começam a chorar e

fazem expressões faciais quando sentem alguma necessidade; a

comunicação do bebê com o mundo externo vai começando a se

desenvolver, diante das situações que serão apresentadas em cada período

de sua vida:

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39

a) No período de 2 e 3 meses a criança começa a produzir diálogos

muito primitivos, por contato ocular, sorrisos, balbucios e alternância

das expressões. É durante esse período que aparecem os ruídos

vocais denominados lalação e fazem imitação de sons emitidos

pelos adultos, essa lalação refere-se aos períodos de bem-estar,

quando a criança está em seu berço, depois da refeição, e quando

está sozinha.

b) Aos 5 e 6 meses inicia-se uma espécie de diálogo, onde a criança

repete através de um som como a e are o que o adulto acabou

de falar e espera um retorno ou um reconhecimento do adulto, ou

seja a criança aguarda uma resposta do adulto.

c) A partir dos 8 meses a criança começa a compreender as relações

causais, sabe que o adulto é o agente e sabe que se pode por em

prática meios para alcançar certos fins. Até os 9 meses começa a

comunicar por meio de vocalizações seus desejos para que o adulto

os realize.

d) Dos 10 aos 12 meses a criança começa a mostrar objetos para o

adulto, para que assim possam compartilhá-los com ele. Ela confere

ao adulto o status de interlocutor, alguém que deseja compartilhar

certas informações.

Nesse momento a criança estabelece uma comunicação maior com

o meio iniciando a exploração do ambiente, pois começam a utilizar

suas habilidades motoras, sensoriais e cognitivas essenciais para o

desenvolvimento da linguagem auditivo-oral.

Ainda para Molcho (2007), entre o fim do primeiro ano e o fim do

segundo, a criança amplia rapidamente sua compreensão de linguagem falada

a seu redor, a qual está ligada a vivências do seu dia-a dia.

É durante essa fase que a criança aprende o significado do não e sim

representado por movimentos de cabeça, ou palavras, ou seja, ela começa a

expressar seus desejos e obedecer ao que pode e o que não pode. A criança

começa representar e chamar seus pais através das palavras como memê

mamãe e pa-pa papai , no entanto a criança continua tendo sua

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comunicação corporal através de gestos, mímicas, expressões e atitudes,

muitas vezes para enfatizar a sua existência para os adultos.

Segundo Coll, Marchesi, Palacios in Valsameda (2004), as principais

etapas do desenvolvimento fonológico; são:

0 6 meses Vocalizações não - lingüísticas relacionadas com a fome, a dor e o prazer.

Vocalizações não - lingüísticas (gorjeios) que fazem parte das protoconversas com o adulto.

6 9 meses Balbucios constantes, curvas de entonação, ritmo e tom de voz variado e lingüístico.

9 18 meses Segmentos de vocalização que parecem corresponder a palavras.

18 meses 6 anos Construção do sistema fonológico: assimilação, substituição e simplificação da estrutura silábica

Fonte: Coll et al, 2004, p.75

Quadro nº3: Principais etapas do desenvolvimento fonológico

2.3 Tipos de linguagem

a) Linguagem Corporal: é a forma de comunicação não-verbal onde

inicia-se na vida intra-uterina até o primeiro ano de vida da criança.

De acordo com Molcho (2007), a criança que ainda não sabe

expressar-se pela linguagem verbal se vale inconscientemente da

linguagem corporal para revelar seus sentimentos e necessidades.

b) Linguagem oral: A criança adquire a linguagem oral de forma natural.

Segundo Kress (1982), a criança adquire a linguagem oral quando

esta é envolvida em contextos comunicativos, nos quais a linguagem

é sempre significativa para ela.

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c) Linguagem escrita: Segundo Kress (1982), na linguagem escrita a

criança, ao longo de seu desenvolvimento, incorpora elementos do

seu ambiente sociocultural e aprende características da escrita.

Assim a aprendizagem da linguagem tem sido vinculada a

escolarização da criança.

Portanto, a linguagem escrita não é uma herança biológica, mas

cultural. A criança que vive em uma sociedade letrada terá chances

de obter a linguagem escrita. A linguagem escrita adquire o caráter

de simbolismo direto quando é compreendida como a linguagem

falada.

2.4 Comunicação alternativa e ampliada (CAA)

Para Moreira (2001), a fala é a forma de comunicação mais valorizada e

utilizada pelo ser humano. Falar nos permite relacionar com o outro e com o

mundo à nossa volta. Por meio dela, o indivíduo cria e transforma o meio em

que vive, se constitui e produz história.

Todavia, muitos indivíduos têm suas possibilidades orais restritas a emissões de uns poucos sons e, às vezes alguns vocábulos, ou ainda, a fala pode estar tão prejudicada que o outro não consegue entender o que se pretende comunicar. Dessa forma, geralmente estabelecem uma comunicação insuficiente através de gestos idiossincrásicos, olhares, movimentação do corpo e muitas adivinhações por parte do outro. (CHUN; MOREIRA apud MOREIRA, 2001, p. 73)

Com isso surge a necessidade de criar-se meios e dispositivos

alternativos que possibilitem a comunicação do sujeito e interação com o

meio, sendo então desenvolvidos sistemas de CAA.

2.4.1 Terminologia, conceituação, clientela e objetivos

Em alguns estudos foram achados diversas formas de terminologia:

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Comunicação Alternativa e Aumentativa; Comunicação Suplementar e

Alternativa; Meios Suplementares e Alternativos de Comunicação; Sistemas

Alternativos e Aumentativos para Comunicação; Comunicação Remanescente.

De acordo com Chun (apud MOREIRA, 2001), a comunicação

suplementar e /ou alternativa refere-se a todas as formas de comunicação que

complementem, suplementem, substituam ou apóiem a fala. Dirige-se a cobrir

as necessidades expressivas e a aumentar a interação comunicativa tanto dos

indivíduos que apresentam elevado nível de compreensão da linguagem oral,

mas não possuem um meio adequado de expressão, como aqueles outros

cujas alterações impeçam de adquirir a fala como veículo de expressão e ao

mesmo tempo interfiram na compreensão da linguagem, incluso requisitos

cognitivos e sociais.

Portanto, pode-se dizer que a CAA é toda forma que substitui ou

complementa a fala, auxiliando as pessoas que não utilizam a comunicação

oral para se expressarem, a utilização desta destina-se a compensar os

déficits, proporcionando a capacidade de atingir objetivos equivalentes aos da

maioria das pessoas, embora de uma maneira diferente, no que envolve o uso

dos gestos manuais, expressões faciais e corporais, símbolos gráficos

(bidimensionais como fotografias, gravuras, desenhos e a linguagem

alfabética e tridimensionais como objetos).

Segundo American Speech-Language-Hearing Association (Asha,

1989) a CAA é uma área da prática clínica que se destina a compensar

temporariamente ou permanentemente as alterações de comunicação

expressiva, os distúrbios severos na fala, linguagem e na escrita.

Inúmeras pesquisas tem sido desenvolvidas para elaborar programas

que atendam as necessidades de portadores de alterações neuromotoras e

sensoriais, que tenham agravadas ou impossibilitadas suas condições de

manter uma comunicação eficaz no meio em que vivem.

Segundo Almeida e Criado (2001), a CAA procura potencializar todas

as possibilidades comunicativas do indivíduo. No entanto é necessário que o

indivíduo seja orientado quanto a uma nova forma de comunicação.

Segundo Gonçalves (1996), alguns autores afirmam que esta área

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surgiu no final dos anos 50 e início dos anos 60, como resposta às

necessidades de indivíduos que apesar de expostos a terapia tradicional, não

desenvolviam habilidades de comunicação oral. Assim, os primeiros passos

nessa área foram dados por terapeutas que, ao trabalhar com esses

pacientes, tinham que desenvolver estratégias e materiais criativos e

alternativos.

A CAA tem o objetivo de potencializar as capacidades de comunicação,

tendo em vista um trabalho centralizado na qualidade de vida, favorecendo

uma interação com o meio externo. Atingindo uma clientela de indivíduos com

alterações e incapacidades de comunicação expressiva entre distúrbios

severos de comunicação como indivíduos com seqüela de paralisia cerebral,

deficiência auditiva, deficiência múltipla, afasia, problemas emocionais,

autismo, disartria, apraxia verbal, entre outros. No entanto, a comunicação

alternativa se propõe a complementar, suplementar ou apoiar a comunicação

existente no indivíduo para que ele atinja seu potencial de comunicação.

Segundo Deliberato; Manzini (1997) é um recurso utilizado por pessoas

acometidas por algum tipo de deficiência que impede o uso da fala nas

situações do cotidiano, sendo eles deficientes físicos, sensoriais (como

deficientes auditivos) e não sensoriais (como paralisia cerebral).

A CAA faz com que o indivíduo fique mais ativo, onde oportuniza

escolhas no assunto a ser discutido e dirige o diálogo. Para isso é importante

despertar no mesmo o interesse e a capacidade de explorar uma nova forma

de comunicação auxiliando no desempenho da compreensão e promovendo

uma melhor participação do indivíduo no meio externo e permitindo que ele

seja capaz de adquirir autonomia nas escolhas do cotidiano.

Segundo Johnson apud Pelosi (2000) a CAA refere-se aos recursos,

estratégias e técnicas de seleção que visam complementar algumas

comunicações ou substituir as habilidades de comunicação.

Por isso, para o Ministério da Educação; Secretaria de Educação

Especial (2003), a comunicação alternativa é uma estratégia que pode ser

criada de acordo com as necessidades do paciente, devendo ser planejada

com os pais e especialistas, considerando-se os contextos em que o mesmo

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está envolvido, tendo em vista a elaboração e organização do pensamento e a

construção do conhecimento de forma significativa.

2.4.2 Recursos utilizados

Segundo Pelosi (2007), a comunicação alternativa envolve a

necessidade do uso de recursos, sejam eles de baixa ou alta tecnologia, de

um simples cartaz ao mais sofisticado computador. Os recursos são

equipamentos utilizados para transmitir as mensagens. Sendo os mais

utilizados: as pranchas de comunicação, (livros, fichários), aventais e eye-

gaze.

a) Pranchas de comunicação: Consistem em superfícies sobre as quais

são colocados os símbolos gráficos. São personalizadas, podem

estar soltas ou agrupadas em cadernos ou álbuns. Dependendo de

sua condição motora o indivíduo vai olhar, apontar ou ter a opção

apontada por alguém, para que possa sinalizar a opção desejada.

b) Eye

Gaze: São pranchas onde o indivíduo aponta com os olhos.

Pode também apontar com o auxílio de uma lanterna, fixada na

cabeça, iluminando assim a resposta desejada.

c) Avental: O usuário responde por meio do olhar. É confeccionado em

tecido que facilita a fixação dos símbolos no velcro e é utilizado pelo

parceiro de comunicação.

2.4.2.1 Recursos de baixa tecnologia

Os recursos de baixa tecnologia referem-se a todos aqueles que

possam ser utilizados, e que não possuem um alto custo, sendo mais

acessível sua aquisição. Entre eles, destacamos:

a) Objetos: os objetos podem ser reais, em miniatura ou objetos

parciais. Os objetos reais são os idênticos ou semelhantes ao objeto

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que representa. Em miniatura são aqueles em tamanho menor e os

parciais, são partes que representam um objeto.

b) Fotografias: encontra-se o uso de fotografias entre símbolos

representacionais que podem ser produzidas por uma câmera

fotográfica, recorte de revistas, rótulos de produtos ou folhetos de

propaganda. São utilizadas para representar objetos, pessoas,

ações, lugares ou atividades.

c) Símbolos Gráficos: existem inúmeros grupos gráficos, cada qual

desenvolvido com objetivos de complementar a comunicação de

uma ou várias pessoas.

2.4.2.2 Recursos de alta tecnologia

Segundo Almirall (2003) inclui todos aqueles recursos que permitem o

uso do computador a pessoas que, em razão de suas dificuldades motoras,

não podem ter acesso ao teclado e/ou mouse convencional. Estes sistemas

incluem periféricos de entrada, programas especiais, sistemas de emulação

na tela do teclado e do mouse, e possibilitam o uso de todos os programas

standart disponíveis, embora manejando o computador de maneira diferente

do habitual.

São exemplos:

a) Comunicadores em forma de relógio: O usuário comanda o

movimento do ponteiro com um acionador e indicando sua opção.

No lugar dos números que aparecem no relógio são fixados letras,

palavras, frases, símbolos ou fotografias.

b) Comunicadores com voz sintetizada: Neste tipo de recurso o texto é

transformado eletronicamente em voz. Possuem várias formas de

acesso: direta, por varredura, linear e colunas.

c) Computadores: São utilizados nos trabalhos de comunicação orais e

escritos. Se precisar o usuário utilizará órtese, mouse adaptado,

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teclados em tamanhos grandes ou pequenos. Acionadores externos

e softwares especiais.

d) Gravador: A mensagem é gravada em uma fita e acionada pelo

usuário com o auxílio de um acionador. O gravador pode ser

adaptado artesanalmente.

2.4.3 Técnicas de seleção

As técnicas de seleção referem-se à forma que o usuário escolhe

símbolos numa prancha de comunicação.

As técnicas de seleção podem ser classificadas em:

a) Seleção direta: é a técnica que consome menos tempo e requer

menos do ouvinte, é o método preferencial.

Segundo Suárez et al.(1998) a seleção direta é realizada através do

apontar o dedo ou alguma outra parte do corpo, com uma ponteira

de cabeça ou até mesmo com uma luz fixada à cabeça.

b) Técnica de seleção pelo olhar: é mais eficiente em indivíduos com

problemas físicos.

Segundo Smith e Ryndak (1999), o indivíduo seleciona os itens

apontando com os olhos. Caso ele não consiga realizar, pode

necessitar que alguém aponte as opções para que assim ele possa

sinalizar com alguma parte do corpo.

c) Técnica de varredura: exige somente que a pessoa tenha uma

resposta controlável. É necessário que o facilitador aponte para os

símbolos enquanto o usuário sinalizará quando o símbolo desejado

for apontado.

Segundo Smith e Ryndak (1999), na técnica de varredura é

necessário que o indivíduo tenha uma resposta voluntária como

piscar os olhos, balançar a cabeça, sorrir ou emitir sons para

sinalizar alguma resposta.

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2.4.4 Sistemas de comunicação alternativa

Os sistemas consistem em um conjunto organizado de elementos para

favorecer o suporte da comunicação expressiva, tais elementos se estendem

desde elementos concretos aos mais abstratos.

Um sistema de comunicação alternativa é o uso integrado de componentes incluindo símbolos, recursos, estratégias e técnicas utilizadas pelos indivíduos a fim de complementar a comunicação. O termo símbolos refere

se aos métodos utilizados para a representação visual, auditiva e /ou de tato; gestos, fotografias, linguagem de sinais, gráficos, escrita, objetos. (ASHA apud GILL, 1997; p.34)

Segundo Vanderheiden e Lloyd (1986) esses sistemas de comunicação

alternativa podem ser divididos em:

a) Sistema com ajuda: quando requer algum elemento exterior ao corpo

para transmitir uma mensagem, sendo eles os objetos, retratos,

sistemas gráficos, braille, prancha de letras, lista de palavras,

gravador, máquina de escrever, computador e entre outros;

b) Sistema sem ajuda: quando as mensagens são produzidas através

de algum membro do próprio corpo, sendo eles, os sinais, o piscar

de olhos, vocalizações, o apontar, a escrita, os gestos e entre

outros.

Dentro desses sistemas, o sistema gráfico é o mais convencional,

representado por pranchas de comunicação que são formadas por símbolos.

Para Crispin (1997) os sistemas gráficos podem ou não estar

relacionados com o significado, esses sistemas podem ser pictográficos,

ideográficos ou arbitrários.

a) Pictográficos: são os que apresentam algum tipo de semelhança

física com o que representam.

b) Ideográficos: são aqueles que representam uma relação conceitual

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com aquilo que representa.

c) Arbitrário: Seu significado obedece a convenções pré-estabelecidas.

Esse sistema permitirá que o usuário direcione uma conversa,

possibilitando a sua independência.

Crispin (1997) ressalta que ao decidir sobre o uso do recurso de

comunicação devem ser considerados alguns aspectos como:

a) Habilidades físicas e cognitivas do usuário;

b) A oportunidade em que o recurso será usado;

c) Onde será usado, verificar a necessidade ou não de ser portátil;

d) Com quem será usado;

e) O objetivo, para determinar o vocabulário de acordo com as

necessidades do indivíduo.

Portanto, ainda segundo Crispin (1997) tal sistema deve possuir alguns

requisitos:

a) Permitir uma vasta gama de formas de comunicação;

b) Ser adaptável para as outras necessidades da pessoa (normalmente

as pessoas portadoras de deficiência têm problemas de postura e

outros).

c) Permitir um amplo uso social;

d) Ser utilizado em ambientes diferentes

e) Ser capaz de dar acesso a um léxico adequado e poder exprimir

um número elevado de mensagens;

f) Ter um bom padrão ergonômico: poder expressar a dimensão

emocional, ser rápido e outros;

g) Ser personalizado;

h) Possuir características que faça ser acessível aos interlocutores;

i) Ser mantido facilmente em funcionamento, e se possível, não ter um

custo muito elevado.

Todos esses aspectos facilitarão a interação homem-instrumento, tanto

individual como social.

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2.4.4.1 Principais sistemas utilizados

Há uma série de símbolos gráficos que foram desenvolvidos para

facilitar a comunicação de pessoas que por algum motivo encontram-se

impossibilitadas ou apresentam limitações no estabelecimento da

comunicação convencional.

Dentre os mais utilizados, alguns deles são: o Picture Communication

Symbols (PCS), o Pictogram Ideogram Communication Symbols (PIC), o

Blissymbolics (COMUNICAÇÃO, 2004, p.1).

2.4.4.1.1 Picture Communication Symbols (PCS)

O sistema foi desenvolvido por Roxana Mayer Johnson nos Estados

Unidos (EUA) em 1981, é utilizado no tratamento de pessoas portadoras de

PC, autismo, deficiência mental entre outras patologias.

Devem ser considerados alguns fatores para a utilização do PCS. Entre

eles: a percepção e habilidades cognitivas, a acuidade visual, o nível de

sofisticação da linguagem e o interesse de se comunicar.

Segundo Gill (1997), o PCS é encontrado em forma de fichários e

programa para computador, que permite a criação de pranchas de

comunicação. É um código pictográfico construído por mais de 3000 símbolos

que representam os elementos principais do cotidiano.

Para Johnson (1989), os símbolos do PCS são compostos de desenhos

onde a palavra que os simbolizam encontra - se acima do desenho.

Foi subdividido em categorias baseadas na função de cada palavra:

a) Pessoas - incluindo pronomes pessoais

b) Verbos

c) Descritivos - adjetivos e advérbios

d) Substantivos - que não incluem em outras categorias

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e) Miscelânea artigo, preposições, conjunções, cores, alfabeto, número

e palavras abstratas.

Ainda de acordo com Johnson (1989), os símbolos vêm impressos em

dois tamanhos: 2,5 cm e 5,1 cm. É possível obter símbolos maiores, amplia

se de acordo com a necessidade de cada paciente. Símbolos maiores podem

facilitar o tratamento de pessoas que estão começando o processo de

comunicação alternativa com o PCS.

É indicado codificar cores para diferentes grupos de palavras nas

pranchas de comunicação que ajudará na localização dos símbolos. Essa

codificação está relacionada às categorias de palavras, sendo elas:

a) Social: rosa

b) Pessoas: amarelo

c) Verbos: verde

d) Descritivo: azul

e) Substantivos: laranja

f) Miscelânea: branco

Para Pelosi (2000) os pacientes podem se comunicar de várias

maneiras:

a) Olhando;

b) Apontando;

c) Fazendo gestos;

d) Emitindo sons;

e) Respondendo afirmativamente ou negativamente as perguntas.

Precisa-se descobrir junto com o paciente qual a maneira mais fácil

para ele. Como exemplo, podemos citar:

O que você gostaria de fazer agora?

a) O indivíduo pode responder apontando o símbolo em uma prancha

de comunicação que deverá ser preparada especialmente para ela

e que traga vocabulário do cotidiano.

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Figura 8: resposta através do apontar para a prancha

Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc

b) O indivíduo pode responder olhando para a resposta e as

alternativas de atividades que poderão ser apresentadas em cartões

com símbolos, objetos ou figuras.

Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc

Figura 9: resposta através do olhar para a prancha

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c) O indivíduo pode responder sinalizando com a cabeça o sim e o

não ou fazendo um som como resposta afirmativa, enquanto você

ou um colega passa o dedo sobre os símbolos da prancha de

comunicação.

Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc

Figura 10: sinalizando com a cabeça o sim e o não

Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc

Figura 11: fazendo um som para o sim ou para o não

d) O indivíduo pode responder quando perguntada oralmente

sinalizando o sim e o não da forma que ela já sabe fazer

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Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc

Figura 12: Outras formas de sinalização

As pranchas podem estar localizadas sobre a mesa da criança, na

porta dos armários de tinta ou brinquedos ou na porta de saída da sala de

aula ou em algum outro local de acordo com as necessidades e possibilidades

apresentadas.

Fonte: www.comunicacaoalternativa.com.br/adca/apostila/texto1.doc

Figura 13: Prancha construída com os símbolos PCS

2.4.4.1.2 Sistema Bliss

Criado por Charles Bliss em 1965.

Segundo Almirall; Camats; Bultó (2003), o sistema Bliss é indicado para

pessoas que não utilizam linguagem oral e escrita e que precisam de uma

linguagem extensa e complexa. Consiste na capacidade de gerar significados

na recombinação de seus próprios símbolos.

O sistema Bliss consiste em desenhos lineares esquemáticos,

pictográficos, ideográficos e arbitrários que exijam do interlocutor e do usuário

a criatividade de se comunicar.

Segundo Tetzchner; Matinsen (2000), o sistema Bliss é composto por

100 signos gráficos, podendo haver ou não a combinação de qualquer letra.

No sistema Bliss pode haver ou não, a combinação de significados ou

palavras que não apresentam signos. O significado dos símbolos irá depender

do país onde está sendo utilizado, assim como a tradução da língua falada.

Ainda segundo os autores citado acima, os símbolos do sistema Bliss

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são gráficos visuais e são divididos em categorias, com representação em

cores. O aspecto do sistema Bliss é um quadrado e as linhas de referência.

Esse sistema consiste em gerar novos significados na recombinação

de seus próprios símbolos.

+ =

Mulher Proteção Mãe

Fonte: http://www.clik.com.br/caa_01.html Figura 14: combinação de símbolos no sistema Bliss

Segundo Guanella Charles K. Bliss (1999), criador dos símbolos,

baseou

se em coisas químicas que podemos ver, cheirar, pesar, explorar.

Esses símbolos constituem a estrutura de apoio da linguagem, são eles:

a) caracteres lineares;

b) vinte e quatro símbolos internacionais, entre eles: os números, os

símbolos das operações matemáticas, a pontuação, o símbolo da

flecha, de medicina, de dinheiro, negócios, de música enfim, a linha

oblíqua que é o traço utilizado para apagar as palavras escritas;

c) seis símbolos arbitrários: significado contrário, coisa química, ação

física, tempo: passado, presente, futuro, criação e avaliação humana;

d) oito símbolos gráficos: mente, emoção, olho, nariz, boca, orelha,

mão, macho, fêmea, humanos.

Assim os símbolos Bliss podem representar quase todos os significados

e são subdivididos em cores:

a) Branco: símbolos de espaço, tempo, cor, números, letras do

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alfabeto, expressões de gentileza, pronomes demonstrativos;

b) Amarelo: pessoas e pronomes pessoais;

c) Verde: ações;

d) Laranja: nomes relativos a substantivos concretos e abstratos;

e) Azul: adjetivos e advérbios;

f) Rosa: símbolos que representam estratégias, metas referenciais ou

comunicativas.

2.4.4.1.3 Pictogram Ideogram Communication (PIC)

Segundo Gill (1997), no sistema PIC as figuras são apresentadas com o

fundo preto e branco que facilitam para a criança com comprometimento

visual. É uma prancha única para todas as crianças.

O sistema PIC minimiza as dificuldades na discriminação figura-fundo,

consiste de 400 símbolos. Pode ser utilizado como recurso de CAA e estímulo

visual.

Segundo Tetzchner; Matinsen (2000), o sistema PIC é caracterizado

por figuras em cores brancas sobre um fundo preto, e em cima dos desenhos

a palavra referente ao desenho. As pranchas são organizadas

semanticamente, pois é um sistema mais limitado e os símbolos não são

combináveis.

Nunes (2004) afirmam que esse sistema pode vir acompanhado de

figuras atendendo a necessidade do usuário.

O sistema PIC é baseado em imagens, ocorrendo uma relação entre o

símbolo e aquilo que representa.

Mãe Comer Caminhão

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Fonte:- http://www.clik.com.br/caa_01.html

Figura 15: símbolos do Pictogram Ideogram Communication

2.4.5 Atuação da Terapia Ocupacional na Comunicação alternativa e

ampliada

O terapeuta ocupacional utilizando-se da CAA como recurso

terapêutico, cria alternativas para aumentar e enriquecer a comunicação do

paciente, proporcionando oportunidades para expressão de sentimentos,

desejos e necessidades visando autonomia no seu contexto social, familiar e

escolar.

A Terapia Ocupacional (T.O) utiliza-se de diversos recursos e

adaptações para a melhoria na comunicação de pessoas com deficiência,

tanto visual, quanto auditiva e motora; melhorando a funcionalidade de cada

um em diferentes aspectos, para conseguir maior funcionalidade de seus

pacientes em atividades como cuidado pessoal, trabalho e lazer.

Para Moreira (2001), a natureza complexa das dificuldades de

comunicação experimentadas por estes indivíduos, faz com que sejam

necessárias adaptações para que eles possam comunicar-se eficientemente

em todos os espaços sociais.

É necessário verificar todas as dificuldades que o paciente apresenta

para se comunicar, em termos de movimentos e de padrões posturais, por

meio de constante posicionamento e adequação dos utensílios (cadeiras,

pranchas e outros), sendo o terapeuta ocupacional um dos responsáveis por

este trabalho.

Ainda de acordo com Moreira (2001), os progressos na tecnologia de

apoio na comunicação alternativa e suplementar aumentaram a qualidade e a

quantidade de opções disponíveis para maximizar a comunicação entre o

sujeito com deficiência e as demais pessoas.

Este avanço tecnológico torna-se um importante aliado nos programas

de reabilitação, pois muitas vezes a capacidade limitada de comunicação

resulta no desenvolvimento insatisfatório de seu potencial, conhecimento ou

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habilidades.

Os terapeutas ocupacionais tem como um dos objetivos integrar as

funções motoras, sensoriais, cognitivas e sociais do indivíduo através de maior

independência nas atividades de vida diária, para isso, é necessário

oportunizar e permitir um maior grau de comunicação entre o sujeito e o seu

meio.

Portanto, cabe ao terapeuta ocupacional observar as habilidades e

necessidades, focando assim, um tratamento que viabilize maior

independência e autonomia na vida do paciente, com intuito de promover

melhores interações sociais, fazendo com que o indivíduo responda com

maior sucesso às demandas de seu cotidiano.

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CAPÍTULO III

A PESQUISA

3 INTRODUÇÃO

Para demonstrar que a Terapia ocupacional ao utilizar a comunicação

alternativa e ampliada com um morador institucionalizado, com seqüela de

paralisia cerebral, possibilita a expressão de sentimentos, desejos e

necessidades, no seu dia- a- dia e após a aprovação pelo Comitê de Ética e

Pesquisa (CEP) do Unisalesiano em 10/06/08, foi realizada pesquisa de

campo no Centro de Atenção Integral à Saúde CAIS Clemente Ferreira em

Lins, localizado na estrada Lins

Guaiçara, Km 4 no período de 10 de junho a

25 de setembro deste ano.

O método utilizado foi o estudo de um caso ilustrativo, com um morador

institucionalizado no referido local, 22 anos, com seqüela de paralisia cerebral.

Este trabalho só veio a enriquecer os conhecimentos sobre a CAA,

mostrando a sua importância na rotina do morador assistido e considerando

também a colaboração dos profissionais que nos acolheram e receberam

atenciosamente. Deve-se destacar principalmente a colaboração dos

auxiliares de enfermagem que nos forneceram espaço e auxílio quando eram

solicitados e a fonoaudióloga da unidade C2 Par que colaborou com a

pesquisa.

O estudo foi complementado com entrevistas aos seguintes

profissionais que acompanham a rotina do morador, sendo eles: um médico

pediatra, um enfermeiro, um auxiliar de enfermagem, uma fonoaudióloga, uma

fisioterapeuta, uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional.

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As técnicas utilizadas na pesquisa foram:

Roteiro de estudo de caso (APÊNDICE A)

Roteiro de Avaliação de Comunicação Alternativa, pré-intervenção,

baseado nas potencialidades e necessidades do paciente (APÊNDICE

B)

Roteiro de Avaliação de comunicação Alternativa e Ampliada, pós-

intervenção de Terapia Ocupacional (APÊNDICE C)

Roteiro de entrevista para o médico pediatra (APÊNDICE D)

Roteiro de entrevista para a psicóloga (APÊNDICE E)

Roteiro de entrevista para a fisioterapeuta (APÊNDICE F)

Roteiro de entrevista para a fonoaudióloga (APÊNDICE G)

Roteiro de entrevista para o auxiliar de enfermagem (APÊNDICE H)

Roteiro de entrevista para a terapeuta ocupacional (APÊNDICE I)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a instituição

(APÊNDICE J)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para usuário (APÊNDICE

K)

3.1 Relato da rotina institucional do morador assistido

O morador acorda aproximadamente às 7:00 horas da manhã, toma

banho e café aproximadamente às 8:30 horas, das 8:30 as 11:00 horas

assiste televisão, ouve música e participa dos atendimentos de terapia

ocupacional nas quartas e sextas - feiras de manhã, fonoaudiologia nas

segundas e sextas - feiras à tarde, classe hospitalar de segunda a sexta -

feira de manhã e fisioterapia de segunda - feira à tarde .

Almoça aproximadamente às 11:00 da manhã. Após o almoço, troca de

roupa e assiste televisão ou passeia com os jovens acolhedores, às 16:00

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60

horas toma banho, janta às 17:00 horas. Após a janta assiste televisão, e a

noite, por volta das 20:00 horas, vai dormir.

3.2 O trabalho realizado no CAIS Clemente Ferreira em Lins

A pesquisa foi realizada no Centro de Atenção Integral à Saúde CAIS

Clemente Ferreira, localizado na estrada Lins-Guaiçara, km 4; na cidade de

Lins SP.

O morador assistido foi primeiramente avaliado, em seguida foi

selecionada a técnica mais eficaz da CAA, para o caso o Picture

Communication Symbols (PCS), que permite a criação de pranchas de

comunicação, representadas por símbolos gráficos

figuras e nomeação

palavra, acima do símbolo.

Foi subdividida em categorias, cada qual representada por uma cor,

sendo estas padronizadas pelo próprio sistema.

a) Social: Rosa

b) Pessoas: amarelo

c) Verbos: verde

d) Descritivos: azul

e) Substantivos: laranja

f) Miscelânea: branco

Devido a limitação motora do morador assistido, foi necessária a

confecção de uma ponteira adaptada que foi acoplada a sua mão com velcro

para possibilitar a sua comunicação através do apontar. A prancha

confeccionada ficará preferencialmente posicionada na mesa inclinável de sua

cadeira de rodas, para que possa ter ampliada sua comunicação no meio em

que vive.

3.3 Caso em destaque

3.3.1 História Clínica Anamnese

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61

O caso refere-se a R.F.S.B, nascido em 18/02/1986, em São Paulo,

segundo informações colhidas em seu prontuário, a mãe relata ter sido fruto

de uma gestação planejada, fez pré-natal, a criança nasceu de parto normal

em casa, sofrendo anóxia cerebral. O pai era alcoolista e toxicômino. R.F.S.B

começou a apresentar atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Atualmente o paciente está com 22 anos, é dependente em suas atividades

diárias e possui um vínculo familiar.

Segundo dados fornecidos pela mãe ao serviço social na época da

internação referiu ser uma criança que dorme e alimenta-se bem, gosta de

ouvir músicas, brincar e assistir televisão, foi deixado pelo pai quando tinha 5

anos de idade, sendo assim a mãe procurou uma internação para ele, pois

precisa trabalhar e no momento não tem condições de oferecer

acompanhamento, mas mesmo internado existe um vínculo e afetividade entre

os familiares e o morador.

Ainda com dados médicos disponíveis em seu prontuário, o seu

diagnóstico é de Paralisia cerebral espástica

CID 682.4 e Retardo Mental

moderado F71.0.

3.3.2 Avaliação de Terapia Ocupacional

No dia 10/06/08, foi realizada a avaliação do paciente R.F para colher

dados relativos ao seu desempenho motor e sua forma de comunicação,

baseada nas suas potencialidades e necessidades.

O paciente apresenta PC tetraplégica, de predomínio crural, com

movimentos ativos de flexo- extensão de cotovelo, em pequena amplitude.

Não realiza mudanças posturais ativas, necessitando de auxílio para

transferência e adoção de outras posturas. Não apresenta controle cervical,

nem de tronco. Faz uso de cadeira de rodas, sendo dependente em sua

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62

locomoção.

O paciente comunica-se através de alguns sons, sendo a maioria

ininteligível e utiliza-se também de movimentos afirmativos e negativos de

cabeça, no plano horizontal e vertical. Apresenta um bom desempenho

cognitivo, com compreensão de ordens simples, possui boa recepção e

percepção visual e auditiva, associando e identificando figuras e sons.

Apresenta estrabismo, mas ainda assim, apresenta satisfatória coordenação

monocular com localização, fixação, seguimento e alternância aos estímulos

visuais.

Devido à adaptação na cadeira de rodas, apoio cervical, é permitida ao

paciente a movimentação de cabeça nos planos citados acima. Através da

avaliação, verifica-se que sua comunicação pode ser efetuada através do

sistema visual e do movimento de cabeça preferencialmente. Pode-se utilizar

de uma ponteira adaptada com cabo alongado e engrossado para apontar os

símbolos, se estes estiverem dispostos a sua frente, porém, nesta forma,

apresenta um grau maior de dificuldade, pela grave limitação motora, mas

ainda assim, o faz de forma bimanual.

Verifica-se após a avaliação que através do sistema PCS, terá a

possibilidade de expressar sentimentos, desejos e necessidades, associados

a sua rotina.

Será construída uma prancha de comunicação alternativa, baseada no

sistema PCS, onde através das figuras representativas poderá ter ampliada

sua forma de comunicação.

Devido a sua limitação motora e dificuldade de manuseio e preensão,

será necessária a confecção de uma adaptação, ponteira manual, em EVA,

com cabo engrossado e alongado, que será acoplado à sua mão através de

velcro, favorecendo a preensão manual.

A prancha deverá permanecer à sua frente preferencialmente, em uma

mesa inclinável acoplada à cadeira, para favorecer a visualização dos

símbolos gráficos.

3.4 A intervenção da terapia ocupacional utilizando o sistema de comunicação

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Alternativa e Ampliada.

O presente estudo teve por objetivo demonstrar que a T.O ao utilizar o

sistema de CAA, pode intervir de forma a favorecer e oportunizar a expressão

de necessidade, desejos e escolhas do morador, propiciando-lhe a

possibilidade de atribuir qualitativamente maiores interações com o ambiente

no qual convive.

Foi realizada a intervenção de T.O utilizando-se da abordagem de CAA,

no período de 10/06 à 25/09, contendo dados colhidos do prontuário,

avaliação, descrição das terapias e coleta de depoimentos.Os atendimentos

foram realizados 2 vezes por semana, sendo de 1 hora cada sessão.

Durante as atividades realizadas o morador expressava seus desejos e

necessidades através do olhar, através da movimentação da cabeça

afirmativamente e negativamente e através do apontar.

O sistema utilizado foi o PCS, sendo confeccionado um álbum e uma

prancha compostos por diversas categorias, cada qual representada por

símbolos gráficos, entre as categorias, encontram-se: lugares, cores, animais,

comidas, bebidas, doces, frutas, partes do corpo, vestuário, higiene,

advérbios, opostos, verbos e pessoas. Foi confeccionada uma ponteira

manual de EVA com velcro que foi acoplada a sua mão para que o mesmo

apontasse nas respectivas figuras, além de utilizar também a sinalização com

a cabeça, quando a figura for apontada por outra pessoa. Foram selecionados

para a composição do álbum e da prancha, símbolos gráficos / figuras,

compatíveis e pertinentes ao dia- a- dia do morador. A intervenção, através

deste sistema, preconizou como objetivo a percepção e assimilação dos

símbolos às situações reais do dia- a- dia, para que fosse possível estabelecer

e desenvolver uma relação funcional entre o desejo e a manifestação/

expressão das necessidades de R.F, despertando a motivação intrínseca para

ampliar a qualidade de sua comunicação e interação. O sistema utilizado cria

condições para que o morador assistido expresse seus desejos e

necessidades, além de favorecer maior interação com toda a equipe da

instituição, contribuir para uma melhor sociabilização e criar feixes de relações

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no meio em que vive.

3.4.1 Dados referentes às terapias

Data Instrumento Terapêutico/ Atividade

Objetivos Conduta

10/06/08 Avaliação Avaliar aspectos motores, visuais, cognitivos, e sua forma de comunicação.

O morador foi posicionado em decúbito dorsal e sentado para avaliar aspectos quanto a motricidade, coordenação visual, controle de tronco e cabeça.

11/06/08 Jogos da memória com diversas figuras de opostos e livros de estórias

Associação de comidas com seus respectivos animais e opostos como triste/feliz, frio/quente e entre outros.

Foi mostrado no concreto para que ele visualizasse e memorizasse; ele se comunicou a principio com o balanceio de cabeça, alguns sons e pelo sorriso.

12/06/08 Quebra-cabeça de quatro peças, livros com figuras de frutas e animais, fantoches de animais diversos

Reconhecimento de animais e frutas, através do lúdico

O morador interagiu bem com as estagiárias e reconheceu o gato, vaca, elefante e cachorro, o mesmo manteve-se atento e compreendeu e memorizou alguns novos animais.

Continua

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65

17/06/08 Passeio no pátio externo do hospital

Mostrar os animais e lugares do seu cotidiano, estimular a recepção e percepção visual e auditiva para favorecer seus próprios desejos e escolhas através da comunicação alternativa

Continuação

Durante o passeio o morador reconheceu bem os animais e os lugares do hospital, as estagiárias falavam e mostravam para ele e sua comunicação foi através do balanceio de cabeça, expressava sorrisos e emitiu alguns sons ininteligíveis.

19/06/08 Lince, livros e prancha com luzes.

Reconhecimento de objetos, animais, frutas e noção de cores.

Durante o atendimento o morador utilizou uma ponteira adaptada para apontar a figura ou na cor correspondente com a que a estagiária solicitava, apresentou conhecimento sobre as cores azul, amarelo, verde e vermelho (cores primárias) e laranja; os animais

reconheceu o gato, cachorro, pássaro, coelho, tartaruga, cavalo, jacaré, tigre, baleia e objetos como telefone, televisão, rádio, cadeira, CD, cama e entre outros.

Continua

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66

24/06/08 Objetos como: ursos, bolas, lápis de cor, caleidoscópio, seus objetos pessoais, seus trabalhos manuais, suas fotos, bandeirinhas de festa junina, e símbolos do corinthians e palmeiras

Estimular a noção de cores como: vermelha, amarela, azul, rosa, marrom, verde, preto e branco, estimular a percepção e recepção visual e associar com os seus objetos pessoais e de seu convívio.

Continuação

O atendimento foi iniciado em sala de terapia e depois o morador foi levado para seu quarto para que pudéssemos explorar as cores em seus objetos, foi montado o PCS de cores e o mesmo foi utilizado para que houvesse a expressão e interação com as estagiarias, utilizou a ponteira adaptada

26/06/08 Prancha de formas e cores, bola, dado, peças do jogo entre outros

Estimular a noção de formas e cores

O morador não sabia identificar as formas, então as estagiárias mostravam em objetos as formas, nomeava e pedia para o morador apontar no PCS, as cores e formas.

Continua

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01/07/08 Fantoches de animais, livros de contos de estória e quebra-cabeça de duas peças de animais

Estimular o lúdico, e estimular o reconhecimento de animais

Continuação

Foi montada o PCS de animais, durante o atendimento as estagiárias mostraram primeiramente os animais do ar, depois da água e por último os animais terrestres, o paciente teve bom entendimento e soube falar quase todos os animais, tendo dificuldade no urso panda, coelho pois não é do seu cotidiano.

03/07/08 Passeio pelo setor C2 par

Utilizar o PCS de pessoas de seu convívio para se comunicar e reconhecê-las

No atendimento realizado foi levado no quarto de seus amigos P. P e A.C, na sala de fisioterapia e terapia ocupacional e sala de fonoaudiologia.

08/07/08 Bexigas e objetos coloridos e carimbos de frutas

Estimular o lúdico, estimular a percepção e recepção visual, estimular o reconhecimento de cores, animais e frutas.

Durante o atendimento as estagiárias utilizaram carimbos das frutas que ele gosta de comer; foi utilizado o PCS de cor ,para que o mesmo apontasse a cor das frutas.

Continua

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10/07/08 Dominó de animais e opostos

Estimular a comunicação alternativa durante o jogo, com reconhecimento de animais e opostos.

Continuação

O morador realizou a atividade sem a ponteira manual, e utilizou com um pouco de dificuldade a sua mão, pois o mesmo queria tocar os objetos, foi colocado então as peças até o seu limite e com as peças que estavam a distância maior ele comunicava através do olhar.

15/07/08 PCS dos opostos Estimular a comunicação alternativa, estimular a percepção e recepção visual, para o reconhecimento dos opostos.

As estagiárias foram mostrando ao morador as figuras e os seus opostos, em seguida pegou alguns objetos e brinquedos e diferenciou de acordo com seu tamanho, formas e cores.

17/07/08 PCS com os meses do ano

Estimular a comunicação alternativa e reconhecimento dos meses do ano

As estagiárias mostraram os meses do ano e suas datas comemorativas como: Natal, Páscoa, Carnaval, seu mês de aniversário entre outros.

22/07/08 PCS de cores Escolha da cor para confecção de uma ponteira adaptada, específica para o morador.

As estagiárias pediam para que o morador apontasse com a ponteira provisória a cor que o mesmo queria que fosse a sua ponteira adaptada, o morador escolheu a cor azul.

Continua

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24/07/08 Passeio no setor C2 par

Estimular a comunicação alternativa com o PCS de lugares do seu cotidiano

Continuação

Durante o percurso as estagiárias foram mostrando os locais da unidade e com o PCS o morador apontava os locais que gostaria de ir.

29/07/08 PCS partes do corpo humano, boneco e desenho do corpo humano.

Percepção e recepção visual e estimular o esquema corporal, com identificação das partes do corpo através do lúdico.

Durante o atendimento as estagiárias mostraram um boneco e o desenho do corpo humano na folha de sulfite, para que o morador reconhecesse as partes do corpo e depois foi utilizado o PCS para que o morador apontasse as figuras de acordo com o que as estagiárias solicitavam

31/07/08 PCS de Frutas e doces

Estimular a comunicação alternativa, estimular a percepção visual e auditiva, para identificação de frutas e doces

As estagiárias mostraram as frutas, depois de identificar as frutas e doces pediu para que o morador apontasse as frutas e doces que mais gostava.

07/08/08 PCS de verbos

Estimular a percepção visual e auditiva, estimular a comunicação alternativa, associação dos verbos às situações diárias.

Durante o atendimento foi perguntado para o morador o que ele gostaria de fazer após a terapia, o mesmo com a ponteira adaptada apontou a figura comer , ele

interagiu bem com as estagiárias.

Continua

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70

12/08/08 PCS de adjetivos Estimular a percepção e recepção auditiva, estimular a noção de adjetivos.

Continuação

Durante o atendimento o paciente apresentou dificuldade em identificar as figuras ou as confundiu-se como, por exemplo: confuso e deprimido ; alegre e aborrecido , pois

as figuras-caricaturas, são parecidas.

14/08/08 PCS de roupas

Estimular a comunicação alternativa e ampliada, estimular a percepção e recepção visual para identificação e noção de peças de roupas.

Durante o atendimento as estagiárias mostraram as figuras ao morador e foi correlacionando as roupas que o mesmo estava vestindo. Em seguida as estagiárias pediam para que o morador apontasse nas figuras da prancha, o morador apontou as figuras corretamente.

19/08/08 PCS objetos

Estimular a percepção e recepção auditiva e visual, estimular a comunicação alternativa e ampliada, estimular o reconhecimento de objetos

As

estagiárias mostraram ao morador as figuras e foi correlacionado com os objetos da sala, e mostraram para que serviam os objetos, o mesmo apontou corretamente as figuras, sendo necessário às vezes a ajuda da estagiária.

Continua

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21/08/08 PCS higiene Estimular a percepção e recepção auditiva e visual, estimular a comunicação alternativa e ampliada, para identificação de produtos e situações relacionadas a higiene

Continuação

Foi mostrado ao morador as figuras em seguida alguns objetos relacionados ao tema como pasta de dente, escova e toalha. Em seguida explicou para que servia cada objeto , foi utilizado também o PCS verbos onde as

estagiárias perguntavam ao morador quando ele utilizava cada peça, por exemplo: escova de dente, depois de comer e acordar, toalha após tomar banho e com a ponteira o morador foi apontando as figuras.

26/08/08 Jogo de encaixe frutas e PCS de

frutas

Estimular a comunicação alternativa e ampliada, estimular a noção e reconhecimento das frutas, estimular o lúdico.

O morador foi encaixando as peças do jogo no espaço correspondente a cada figura

04/09/08 Prancha de comunicação alternativa acoplada em sua cadeira de rodas, na mesa inclinável

Estimular a comunicação na cozinha, escolhendo o que gostaria de comer

As estagiárias mostraram ao morador as figuras de comida e bebidas e

solicitaram para que o mesmo apontasse o que gostaria de comer e beber, o morador apontou as figuras de acordo com o que desejava.

Continua

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72

09/09/08 (período da manhã)

Saída externa cinema

Estimular a sociabilização, contato com o meio externo e o uso da prancha no cinema

Continuação

Durante o passeio o morador demonstrou afirmativamente com a cabeça ter gostado do filme. As estagiárias perguntaram e apontaram na figura refrigerante para saber se ele gostaria de tomar, o mesmo afirmou com a cabeça

09/09/08 (período da tarde)

Prancha de comunicação alternativa, jogo da memória.

Estimular a comunicação alternativa, estimular o lúdico, percepção e recepção visual e auditiva

Foi solicitado ao morador para que o mesmo apontasse o que gostaria de fazer, o mesmo apontou a figura do brincar. O morador associou as figuras do jogo com as figuras da prancha.

11/09/08 Prancha de Comunicação alternativa acoplada em sua cadeira de rodas, papel sulfite e tintas

Estimular a comunicação alternativa, estimular o lúdico, estimular a percepção e recepção visual, estimular o reconhecimento de cores.

Primeiramente o morador preferiu ir a sala de TV da unidade apontando a figura da mesma, em seguida foi questionado se o mesmo queria ir para a sala de terapia, afirmando (sim), onde foi realizado a atividade pintura dedo .

16/09/08 Jogo da memória e prancha de comunicação alternativa

Estimular a comunicação alternativa percepção e recepção visual e memória

O morador escolheu jogar apontando para a respectiva figura na prancha de comunicação. Foi realizado jogo da memória, na qual apontava as peças que gostaria que as estagiárias virassem.

Continua

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19/09/08 Saída na área externa da instituição

Estimular a interação e a comunicação com o meio

Continuação

As estagiárias mostravam as figuras na prancha e o mesmo escolheu afirmando com a cabeça que gostaria de passear.

23/09/08 Pintura em papel manilha e prancha de comunicação alterantiva

Estimular a noção de cores, e a comunicação alternativa

O morador apontava na prancha as cores que gostaria de pintar .

25/09/08 Dominó (frutas) e prancha de comunicação alternativa. Encerramento

Estimular a comunicação alterantiva e noção de frutas

O morador associava as peças com a ajuda com seu membro superior direito. Foi explicado ao morador, que os atendimentos no período da tarde seriam encerrados.

Fonte: Elaborado pelas autoras

Quadro nº4: Dados referentes às terapias

3.5 Orientação a equipe da instituição, responsável pelo caso, quanto ao

uso do sistema de comunicação Alternativa com o morador.

Após ter realizado a confecção das pranchas, foi realizada orientação a

equipe da Unidade C2 Par no período da manhã e tarde, onde estavam

presentes membros da equipe, entre eles: enfermeira chefe, os auxiliares de

enfermagem, pedagoga, fisioterapeuta, fonoaudióloga e Terapeuta

Ocupacional. Foram mostradas as pranchas de CAA confeccionadas durante

o período da pesquisa, compostas por diversas categorias, cada qual

representada por símbolos gráficos, entre as categorias encontram-se:

comidas, bebidas, doces, frutas, pessoas, animais, cores, advérbios, verbos,

opostos, higiene, partes do corpo e lugares, cada qual em suas respectivas

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cores, também foi mostrada a ponteira adaptada e foram orientados quanto

ao uso da prancha e ponteira no dia-a dia do morador enfatizando como

objetivo a promoção de uma melhor interação do morador com os funcionários

e maximização de seu potencial de expressão e escolhas.

3.6 A palavra dos profissionais

A palavra do médico pediatra

É do sexo masculino, 43 anos, residente na cidade de Penápolis, SP,

formado à 15 anos , com especialização em Pediatria e Terapia intensiva

pediátrica. Atuante em Lins e região.

Eis o depoimento:

O mesmo relatou a importância da Terapia

Ocupacional na melhora das funcionalidades

nas atividades de vida diária e prevenção de

deformidades. Conhece o método de CAA com

um paciente na qual acompanha em home-

care. Acredita que a utilização do método CAA

trará benefícios aos indivíduos com PC, pois

melhora sua auto-estima e proporciona sua

integração social. (PEDIATRA, 43 anos)

A palavra da fisioterapeuta

É do sexo feminino, 35 anos, residente na cidade de Lins, SP, formada

à 10 anos.

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Eis o depoimento:

Relatou conhecer o método CAA em uma

instituição que trabalhava anteriormente.

Acredita que a Terapia Ocupacional utilizando

o método CAA pode trazer benefícios a

clientela com PC, pois o paciente com

seqüela de PC que não desenvolveu a fala

consegue se comunicar, se fazer entender,

expressando suas vontades e necessidades,

sendo assim podemos compreendê - los e

respeitar suas vontades. A CAA trará maior

oportunidade de escolha e expressão de

necessidades ao morador assistido em todos

os aspectos, uma vez que o morador aprenda

e entenda o método ele conseguirá expressar

seus sentimentos. (FISIOTERAPEUTA, 35

anos)

A palavra da fonoaudióloga

É do sexo feminino, 31 anos, residente na cidade de Lins, SP, formada

à 9 anos. Atualmente atua em consultório, no CAIS- Clemente Ferreira em

Lins e Hospital clínico.

Eis o depoimento:

Relatou ser importante o método CAA, pois

proporciona auxílio na efetividade da interação

e comunicação do indivíduo que não se utiliza

da linguagem oral. Diz utilizar o método

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através de figuras e do PCS com pranchas e

álbuns. Acredita que a T.O utilizando o método

CAA trará benefícios aos indivíduos com PC,

no desenvolvimento global, biopsicossocial,

pois favorece a aquisição de conhecimentos,

ampliando a linguagem como um todo, trará

maior oportunidade ao morador assistido no

sentido de se fazer entender de forma mais

clara e poder se utilizar da linguagem

expressiva efetivamente.(FONOAUDIÓLOGA,

31 anos)

A palavra da pedagoga

É do sexo feminino, 37 anos, residente na cidade de Lins, SP, formada

à 10 anos, em pedagogia com licenciatura plena e habilitação em deficiência

mental. Atualmente atua na classe hospitalar do Cais Clemente Ferreira.

Eis o depoimento:

Diz conhecer o método CAA quando

começou a trabalhar no CAIS- Clemente

Ferreira em Lins e em contato com a

fonoaudióloga, conheceu o programa CAA e

a partir deste momento, passou a trabalhar

com o método. Relatou que a grande

dificuldade no tratamento das pessoas com

seqüela de PC é saber das suas

necessidades e com este método elas

conseguem expressar seus sentimentos,

vontades e anseios. O método permite que o

paciente informe aquilo que está

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necessitando, em vários aspectos tais como:

higiene, vestuário, alimentação, sentimentos

entre outros, facilitando assim o atendimento

de suas necessidades. (PEDAGOGA, 37

anos)

Palavra do auxiliar de enfermagem

É do sexo masculino, 41 anos, residente em Lins, SP, formado à 6 anos

, técnico em enfermagem- intensivista- UTI adulta. Atua no CAIS

Clemente

Ferreira em Lins.

Eis o depoimento:

Relatou ser de grande importância o trabalho

da T.O em indivíduos com PC, pois tem o papel

de proporcionar um meio de vida melhor e a

T.O é indispensável. Conheceu o método CAA

através da orientação feita aos profissionais da

unidade C2 par e troca de informações com

profissionais. Acredita que o método utilizado

pela T.O pode abrir mais uma janela em uma

vida tão limitada, e criando alternativas como

esta com certeza o cliente será beneficiado,

pois a comunicação é essencial para o cliente

se expressar. (AUXILIAR DE ENFERMAGEM,

41 anos)

Palavra da Psicóloga

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É do sexo feminino, 49 anos, residente em Lins, SP, formada à 9 anos

em Psicologia pela Universidade de São Marcos

SP, atualmente atua no

Cais - Clemente Ferreira em Lins

Eis o depoimento:

Diz conhecer o método pois alguns moradores

já utilizam que inicialmente foi efetivado pela

fonoaudióloga, acredita que com a utilização

deste método o morador pode se comunicar de

uma maneira adequada e através desta todas

as pessoas envolvidas com o mesmo podem

colaborar e ajudá-lo e acredita que este

método trará ao morador condições de se fazer

entender por todos que lidam com ele e vice e

versa.(PSICÓLOGO, 49 anos)

Palavra da Terapeuta Ocupacional:

É do sexo feminino, 40 anos, residente em Lins, SP, possui

formação, Conceito Bobath, especialista em Administração Hospitalar e

Saúde mental e Ceto

Centro de especialidades em Terapia

Ocupacional, atualmente atua no Cais Clemente Ferreira em Lins e

Supervisora de estágio Neuro-infantil.

Eis o depoimento:

Diz conhecer o método, e o utiliza

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79

parcialmente através de objetos concretos,

fotos e miniaturas, não faz uso de prancha

devido as características da clientela, ou seja,

crianças e adolescentes com transtornos

mentais. Acredita ser uma comunicação

alternativa e ampliada fracionada somente

durante as terapias, tendo com o princípio a

realização de algumas atividades dentro das

limitações existentes. A importância da

Comunicação alternativa para a população

alvo em questão requer que o profissional se

ajuste as suas necessidades e recorra ao

setting terapêutico e ao manejo, ou seja,

atividades com objetivos de promover

adaptação ambiental, ou seja, a inclusão que

faltou em seu processo de desenvolvimento,

buscando o reconhecimento do ser humano

em sua totalidade. Acredita que a utilização

da mesma pode trazer benefícios para

indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral

e diz usar a fala de uma amiga profissional

para sintetizar tal questionamento. Ocupar-se

da Terapia Ocupacional é poder

experimentar, vivenciar a chegada e a partida

de sujeitos que, com o nosso investimento

pessoal e a nossa prática clínica, conseguem

seguir o caminho ocupando-se de suas

próprias vidas . (TERAPEUTA

OCUPACIONAL, 40 anos)

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80

3.7 Discussão

Este trabalho procurou ampliar os conhecimentos sobre os sistemas de

CAA e através da avaliação das potencialidades e necessidades do morador

em questão, identificar e desenvolver um sistema alternativo que vá de

encontro às suas necessidades e amplie sua comunicação, promovendo maior

qualidade interacional no ambiente em que vive.

Segundo Pfeifer (1997), a limitação motora presente na PC também

ocasiona dificuldades na qualidade do desenvolvimento da comunicação e

interação com o meio, bem como dificuldades na construção do espaço e suas

relações, o que por sua vez, reflete em suas funções cognitivo-intelectuais.

De acordo com Chun (apud MOREIRA, (2001) a comunicação

suplementar e /ou alternativa refere-se a todas as formas de comunicação que

complementem, suplementem, substituam ou apóiem a fala. Dirige-se a cobrir

as necessidades expressivas e a aumentar a interação comunicativa tanto dos

indivíduos que apresentam elevado nível de compreensão da linguagem oral,

mas não possuem um meio adequado de expressão, como aqueles outros

cujas alterações impeçam de adquirir a fala como veículo de expressão e ao

mesmo tempo interfiram na compreensão da linguagem, incluso requisitos

cognitivos e sociais.

Com o intuito de favorecer e ampliar a interação e comunicação do

morador, foi confeccionado um álbum e uma prancha, compostos por

símbolos gráficos, pertencentes a diversas categorias, através do sistema

PCS, para viabilizar uma forma alternativa de comunicação ao mesmo.

A pesquisa realizada demonstrou que com o uso da CAA o morador

pôde potencializar e melhorar a sua qualidade interacional com o meio em que

vive.

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81

3.8 Conclusão sobre o caso

Após avaliação, intervenção terapêutica, reavaliação e coleta de

depoimentos foi possível verificar que o uso da CAA com o morador R.F.,

promoveu uma maior e melhor qualidade interacional na comunicação do

sujeito assistido, oportunizando e favorecendo escolhas e expressão de

necessidades, desejos e sentimentos.

Os resultados obtidos comprovam que após a confecção e

incorporação do uso da prancha e do álbum, com figuras representativas, o

morador pode ter potencializada a manifestação de seus desejos, sentimentos

e necessidades.

O paciente utiliza-se de movimentos afirmativos e negativos de cabeça

para se comunicar ou do uso do apontar com a ponteira adaptada, porém com

maior grau de dificuldade devido sua limitação motora, dificultando o

direcionamento do apontar, porém, o velcro acoplado à ponteira, favorece a

preensão e facilita a comunicação, pois assim a ponteira não escorrega ou sai

de sua mão. Em alguns momentos há necessidade de ajuda de outra pessoa,

nestes momentos responde com movimentos afirmativos e negativos de

cabeça.

O morador apresentou boa percepção e assimilação dos símbolos

gráficos, com compreensão e memorização, atribuindo os significados

corretamente e fazendo uso funcional dos mesmos no seu dia a dia.

Por conta da similaridade entre alguns símbolos de algumas categorias,

entre elas os advérbios pela semelhança entre as expressões faciais, há risco

do morador apontá-las erroneamente, o que pode ser corrigido com o

interlocutor proferindo em voz alta o seu significado, o que será interpretado

pelo morador e confirmado ou negado pelo mesmo, caso tenha feito uma

opção equivocada.

Portanto, conclui-se após a análise dos resultados, que a T.O,

utilizando-se da CAA, facilita a comunicação não-verbal de um morador do

Cais Clemente Ferreira em Lins com seqüela de paralisia cerebral,

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82

melhorando a sua qualidade de vida e promovendo oportunidades de

escolhas, expressão de necessidades e desejos, no ambiente em que

convive, meio interno-instituição e meio externo quando são promovidos

passeios e saídas externas.

Deve-se, porém, visar a continuidade da intervenção realizada e

utilização do sistema por toda a equipe em contato com o mesmo, para que

esta forma alternativa de comunicação se faça cada vez mais presente e

eficaz na rotina do morador.

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83

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

A PC é uma lesão do sistema nervoso central que provoca déficits,

interferindo na manutenção de posturas e realização de movimentos, e

freqüentemente está associada a problemas de fala, visão e audição,

alterações cognitivas, perceptivas entre outros.

Em casos no qual o paciente com seqüela de PC apresenta

dificuldades na fala, os profissionais podem recorrer ao método de CAA, que

se refere a toda forma que substitui ou complementa a fala, auxiliando as

pessoas que não utilizam a comunicação verbal para se expressarem; a

utilização desta destina-se a compensar os déficits e proporcionar

capacidades equivalentes aos da maioria das pessoas, envolvendo o uso de

gestos manuais, expressões faciais e corporais e símbolos gráficos, como

fotografias, gravuras, desenhos, objetos, entre outros.

A intervenção da T.O, utilizando a CAA, influencia diretamente na

capacidade de expressão do paciente, uma vez que amplia e oportuniza a

possibilidade de escolhas e oferece ainda, uma maneira mais eficaz e diretiva

na expressão de necessidades e desejos, que em sua maioria, na ausência da

comunicação verbal, precisam ser codificadas através de adivinhações, com

uma grande chance de serem percebidas equivocadamente. Ressalta-se a

importância e necessidade do terapeuta ocupacional em estudar e identificar o

melhor sistema a ser utilizado pelo paciente, com base em suas necessidades

e potencialidades, aquele que melhor se destina alternativamente a ampliar

sua capacidade funcional de comunicação.

O presente estudo buscou associação entre bases teóricas da CAA, e a

prática, através da aplicabilidade deste embasamento teórico à rotina do

morador assistido, promovendo uma forma alternativa de compensar os

déficits apresentados em sua capacidade de expressão.

A partir dos resultados obtidos, acredita-se na utilização da CAA como

mediadora e potencializadora no estabelecimento de uma maior e melhor

comunicação, aos que apresentam disfunções relacionadas à linguagem oral.

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84

Sugere-se que os sistemas de CAA, sejam utilizados com maior

freqüência nas intervenções realizadas, em especial com esta população

neurológica, por serem estes mesmos sistemas promotores e facilitadores no

estabelecimento de formas alternativas de comunicação e por apresentarem

relevância significativa na promoção de uma melhor qualidade de vida ao

permitirem que o sujeito conduza por si só a expressão do que deseja ou

necessita.

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85

CONCLUSÃO

Como foi descrito anteriormente a PC é uma seqüela do SNC que

provoca alterações neuropsicomotoras como: alterações no movimento, tônus,

cognitivas, fala e entre outros. E quando a fala está prejudicada, é necessário

recorrer a outros tipos de sistemas como o de CAA que possibilita ao indivíduo

expressar-se com maior eficiência no meio em que vive.

A pesquisa demonstrou que a T.O, utilizando-se da CAA, facilita a

comunicação não-verbal de um morador do Cais Clemente Ferreira em Lins

com seqüela de paralisia cerebral, melhorando a sua qualidade de vida e

promovendo oportunidades de escolhas, expressão de necessidades e

desejos, no ambiente em que convive, meio interno-instituição e meio externo

quando são promovidos passeios e saídas externas.

Por ser a CAA, uma abordagem de intervenção rica e embutida de

saberes que conduzem à ampliação das formas de comunicação dos

pacientes com déficits nesta área, enfatiza-se a necessidade de se dar

continuidade a novas pesquisas utilizando-se desta abordagem e recursos

oferecidos por ela em busca de maior funcionalidade e qualidade interacional,

em benefício da população assistida. Espera-se que a contribuição deixada

neste trabalho, some-se a futuras pesquisas, enfocando assuntos, tais como:

a utilização de sistemas alternativos de comunicação em contextos escolares,

para viabilizar o processo de aprendizagem de pacientes com seqüelas de

distúrbios neuromotores.

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86

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90

APÊNDICES

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91

APÊNDICE A - Roteiro de estudo de caso

1- INTRODUÇÃO

Roteiro de Anamnese e história clínica

Avaliação do morador, baseado no roteiro de Comunicação alternativa,

para identificação dos déficits do sistema de comunicação compatível às

necessidades do sujeito

2- O TRATAMENTO REALIZADO

Materiais

Métodos terapêuticos empregados

Técnicas utilizadas

Depoimentos sobre o caso

3- DISCUSSÃO

Será realizada a análise entre os fundamentos teóricos e procedimentos

práticos utilizados no caso.

4- RESULTADOS E SUGESTÕES

Será descrita a evolução e os resultados obtidos diante da intervenção

realizada com sugestões sobre manutenção e modificações de

procedimentos.

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APÊNDICE B - Roteiro de Avaliação de Comunicação Alternativa e

Ampliada, pré intervenção, baseado nas potencialidades e necessidades

do paciente

FONTE: Adaptado de Comunicação Alternativa - Recursos de Baixa e

Alta Tecnologia - Miryam Pelosi - T.O Mestre em Educação - UERJ

1- Como o indivíduo se comunica?

2- O que o indivíduo comunica?

3- Quais são as habilidades visuais, auditivas e perceptivas?

4- Qual é sua atitude frente a comunicação?

5- Quais são as habilidades motoras?Apresenta movimento ativo de

cabeça?

6- Qual habilidade (sistema sensorial, perceptivo ou motor) pode

ser utilizado para se estabelecer uma comunicação?

7- O que ele precisa comunicar (alimentação, higiene, vestuário,

mudanças posturais, sentimentos, desejos e necessidades em geral) ?

8- O que ele não consegue comunicar (alimentação, higiene,

vestuário, mudanças posturais, sentimentos, desejos e necessidades

em geral)?

9- Qual sua rotina?

10- Qual o sistema indicado de comunicação alternativa e ampliada

para o indivíduo? Descreva?

11- Adaptações necessárias.

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APÊNDICE C - Roteiro de avaliação de Comunicação Alternativa e

ampliada, pós - intervenção de Terapia Ocupacional

FONTE: Adaptado de Comunicação Alternativa - Recursos de Baixa e

Alta Tecnologia - Miryam Pelosi - T.O Mestre em Educação UERJ

1- Como o indivíduo se comunica atualmente?

2- O que o indivíduo passou a comunicar, após a introdução da

comunicação alternativa e ampliada?

3- Qual é sua atitude, frente à utilização da comunicação alternativa

e ampliada?

4- Quais componentes (sensoriais, perceptivos e motores) tem

utilizado para estabelecer a expressão de desejos e necessidades,

através da comunicação alternativa e ampliada?

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APÊNDICE D - Roteiro de entrevista para o Médico Pediatra

I - Dados de identificação

Sexo: _____________________ Idade:______

Formação:______________________________________________________

Tempo de experiência: ____________________________________________

Experiências profissionais atuais:____________________________________

Cidade: _______________________________________Estado:___

II- Perguntas específicas

Você conhece a atuação da Terapia Ocupacional no tratamento de um

paciente com seqüela de paralisia cerebral?

Qual a importância da terapia ocupacional no tratamento desses pacientes?

Você conhece o método de Comunicação alternativa e ampliada no

tratamento de um paciente com seqüela de paralisia cerebral? Como?

Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a Comunicação alternativa

e ampliada com esta clientela, pode trazer-lhes benefícios? Por quê?

_______________________________________________________________

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95

APÊNDICE E - Roteiro de entrevista para Psicóloga

I- Dados de identificação

Sexo: _____________________ Idade:______

Formação:______________________________________________________

Tempo de experiência: ____________________________________________

Experiências profissionais atuais:____________________________________

Cidade: _______________________________________Estado:___________

II- Perguntas específicas

Você conhece o método de comunicação alternativa e ampliada no tratamento

de pacientes com seqüela de Paralisia cerebral? Como?

Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a comunicação alternativa

e ampliada com esta clientela pode trazer-lhes benefícios? Por quê?

Você acredita que a Terapia Ocupacional ao utilizar a Comunicação

Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral,

pode trazer-lhes benefícios? Quais?

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APÊNDICE F - Roteiro de entrevista para a Fisioterapeuta

I- Dados de identificação:

Sexo: _____________________ Idade:______

Formação:______________________________________________________

Tempo de experiência: ____________________________________________

Experiências profissionais atuais:____________________________________

Cidade: _______________________________________Estado:___________

II- Perguntas específicas

Você conhece o método de comunicação alternativa e ampliada no tratamento

de pacientes com seqüela de Paralisia cerebral? Como?

Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a comunicação alternativa

e ampliada com esta clientela pode trazer-lhes benefícios? Por quê?

Você acredita que a Terapia Ocupacional ao utilizar a Comunicação

Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral,

pode trazer-lhes benefícios? Quais?

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APÊNDICE G - Roteiro de entrevista para a Fonoaudióloga

I- Dados de identificação

Sexo: _____________________ Idade:______

Formação:______________________________________________________

Tempo de experiência: ____________________________________________

Experiências profissionais atuais:____________________________________

Cidade: _______________________________________Estado:___

II- Perguntas específicas

Qual a importância da comunicação alternativa e ampliada no cotidiano de um

paciente com paralisia cerebral?

Você utiliza a comunicação alternativa e ampliada com esta clientela? Como?

Você acredita que a terapia ocupacional ao utilizar a Comunicação Alternativa

e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral, pode trazer-

lhes benefícios? Quais?

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APÊNDICE H - Roteiro de entrevista para o Auxiliar de Enfermagem

I- Dados de identificação

Sexo: _____________________ Idade:______

Formação:______________________________________________________

Tempo de experiência: ____________________________________________

Experiências profissionais

atuais:_____________________________________

Cidade: _______________________________________Estado:___

II- Perguntas específicas

Você conhece o trabalho da Terapia Ocupacional dentro do CAIS Clemente

Ferreira?

Qual sua opinião a respeito da Terapia Ocupacional no tratamento dos

moradores com seqüela de paralisia cerebral, institucionalizados no CAIS

Clemente Ferreira ?

Você conhece o método de Comunicação alternativa e ampliada junto a

população com seqüela de paralisia cerebral? Como?

Você acredita que a Terapia Ocupacional ao utilizar a Comunicação

Alternativa e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral,

pode trazer-lhes benefícios? Quais

_____________________________________________________________

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APÊNDICE I - Roteiro de entrevista para a Terapeuta Ocupacional

I- Dados de identificação

Sexo: _____________________ Idade:______

Formação:______________________________________________________

Tempo de experiência: ____________________________________________

Experiências profissionais atuais:

____________________________________

Cidade: _______________________________________Estado:___

II- Perguntas específicas

Você tem conhecimento da Comunicação alternativa e ampliada? Você a

utiliza ? Como?

Qual a importância da Comunicação alternativa e ampliada no tratamento de

um paciente com paralisia cerebral?

Você acredita que a Terapia ocupacional ao utilizar a Comunicação Alternativa

e Ampliada com indivíduos com seqüelas de paralisia cerebral, pode trazer-

lhes benefícios? Quais?

_______________________________________________________________

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APÊNDICE J - Termo de consentimento livre e esclarecido para instituição

Pelo presente instrumento que atende as exigências legais, o (a) responsável

legal pela instituição___________________________________ tomou

ciência, da pesquisa intitulada A Terapia Ocupacional oportunizando a

expressão de necessidades, desejos e escolhas, de um morador

institucionalizado no Cais Clemente Ferreira com seqüela de paralisia

cerebral, através do sistema de Comunicação Alternativa e Ampliada . Através

da apresentação do projeto feito pelas pesquisadoras, cuja a finalidade é:

promover uma melhora nas capacidades de escolhas, expressão de

necessidades e desejos deste morador através do sistema de Comunicação

Alternativa. Frente a esses esclarecimentos e devidamente explicado e não

restando nenhuma dúvida a respeito, firma sua autorização para a realização

da pesquisa proposta. Fica claro que o responsável pode a qualquer momento

retirar sua autorização e ciente de que todas as informações prestadas se

tornarão confidenciais e guardadas por força e sigilo profissional. Tenho

conhecimento dos procedimentos para coleta de dados e que estes dados

serão posteriormente divulgados. Por estarem de acordo assinam o presente

termo.

Lins, ______de _________________de 2008

Assinatura do responsável legal da Instituição

RG:

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APÊNDICE K - Termo de consentimento livre e esclarecido para instituição

Pelo presente instrumento que atende as exigências legais, o (a) morador e/ou

seu responsável legal ___________________________________ tomou

ciência, da pesquisa intitulada A Terapia Ocupacional oportunizando a

expressão de necessidades, desejos e escolhas, de um morador

institucionalizado no Cais Clemente Ferreira com seqüela de paralisia

cerebral, através do sistema de Comunicação Alternativa e Ampliada . Através

da apresentação do projeto feito pelas pesquisadoras, cuja a finalidade é:

promover uma melhora nas capacidades de escolhas, expressão de

necessidades e desejos deste morador através do sistema de Comunicação

Alternativa. Frente a esses esclarecimentos e devidamente explicado e não

restando nenhuma dúvida a respeito, firma sua autorização para a realização

da pesquisa proposta. Fica claro que o responsável pode a qualquer momento

retirar sua autorização e ciente de que todas as informações prestadas se

tornarão confidenciais e guardadas por força e sigilo profissional. Tenho

conhecimento dos procedimentos para coleta de dados e que estes dados

serão posteriormente divulgados. Por estarem de acordo assinam o presente

termo.

Lins, ______de _________________de 2008

Assinatura do morador e/ou responsável legal

RG:

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102

APÊNDICE L - Fotos referentes ao caso

Fonte: autoria própria

Figura 16: PCS tipo Prancha

Fonte: autoria própria

Figura 17: Capa PCS tipo Prancha

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Fonte: autoria própria

Figura 18: Ponteira adaptada

Fonte: autoria própria

Figura 19: PCS tipo fichário

Fonte: autoria própria

Figura 20: PCS de vestuários

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Fonte: autoria própria

Figura 21: PCS de higiene

Fonte: autoria própria

Figura 22: PCS de objetos

Fonte: autoria própria

Figura 23: PCS de comidas e bebidas

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105

Fonte: autoria própria

Figura 24: PCS de doces

Fonte: autoria própria

Figura 25: PCS de frutas

Fonte: autoria própria

Figura 26: PCS de Lugares

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Fonte: autoria própria

Figura 27: PCS de advérbios

Fonte: autoria própria

Figura 28: PCS de opostos

Fonte: autoria própria

Figura 29: PCS de verbos

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Fonte: autoria própria

Figura 30: PCS de partes do corpo

Fonte: autoria própria

Figura 31: PCS de animais

Fonte: autoria própria

Figura 32: PCS meses do ano

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Fonte: autoria própria

Figura 33: PCS de pessoas

Fonte: autoria própria

Figura 34: PCS de cores

Fonte: autoria própria

Figura 35: R.F, utilizando a prancha de CAA

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Fonte: autoria própria

Figura 36: R.F, utilizando a prancha de CAA

Fonte: autoria própria

Figura 37: R.F, utilizando a prancha de CAA

Fonte: autoria própria

Figura 38: R.F, utilizando a prancha de CAA

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GLOSSÁRIO

Afasia: Comprometimento ou perda quase total da captação, manipulação e

as vezes, da expressão de palavras como símbolos de pensamentos, é

produzida por lesões do córtex cerebral e vias de associação no hemisfério

dominante (BLAKISTON, 1972, p.49)

Ametropia: Vício de refração devido as alterações dos meios ou estruturas

oculares, fazendo com que as imagens deixem de se focalizar diretamente

sobre a retina . (BLAKISTON, 1972, p.69)

Astenia: Ausência ou perda de força . (BLAKISTON, 1972, p.122)

Astigmatismo: Defeito visual, congênito ou adquirido, resultante da curvatura

irregular de uma ou várias superfícies de refração . (BLAKISTON, 1972,

p.123)

Atrofia óptica: Atrofia do nervo óptico . (BLAKISTON, 1972, p.130)

Cerebelo: Parte inferior do encéfalo situada abaixo do cérebro e acima da

protuberância e do bulbo raquídeo, consistindo de dois lobos laterais e de um

lobo médio . (BLAKISTON, 1972, p.208)

Disartria: Dificuldade da fala devido a distúrbios motores dos órgãos da

fonação: língua, lábio, véu, palatino, e outros, por ocasião de acometimentos

bulbares, cerebelares e etc .(ANDREI, 1997, p.225)

Disdiadocinesia: Comprometimento da capacidade de efetuar movimentos

alternantes e a sucessão rápida . (BLAKISTON, 1972, p.327)

Dismetria: Incapacidade de governar exatamente a amplitude dos

movimentos musculares observada em lesões cerebelares . (BLAKISTON,

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1972, p.328)

Hemibalismo: Movimentos espasmóticos, súbitos e violentos, causado por

uma lesão destrutiva dos núcleos subtâlamicos contralaterais ou das

estruturas subjacentes ou de suas vias de condução . (BLAKISTON, 1972,

p.503)

Ipsolateral: Situado do mesmo lado com sintomas paralíticos, que ocorrem do

mesmo lado que o da lesão que os causa . (BLAKISTON, 1972, p.583)

Jargonofasia: Forma de afasia caracterizada por uma transposição de sílabas

e de palavras tornando a linguagem incompreensível. (ANDREI, 1997, p.417)

Miopia: Vista curta, defeito óptico devido, geralmente, ao grande comprimento

do diâmetro ântero-posterior do globo ocular, pelo que a imagem focal, se

forma a frente da retina . (BLAKISTON, 1972, p.684)

Oxitocina: Octapeptídeo obtido de extratos do lobo posterior da hipófise e

também por síntese, é o principal hormônio que contrai o útero e estimula a

lactação . (BLAKISTON, 1972, p.769)

Tronco cerebral: Conjunto formado pelo bulbo, protuberância e o

mesencéfalo . (BLAKISTON, 1972, p.756)

Vasopressina: Princípio pressor, um hormônio peptídico do lobo posterior da

hipófise emprega-se em medicina primariamente pelo seu efeito antidiurético .

(BLAKISTON, 1972, p.1083)

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