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2015 Universidade de Coimbra - UNIV-FAC-AUTOR Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação Estudos de validação de duas Escalas de Avaliação das Representações Sociais em torno da Violência Filioparental numa amostra de adolescentes DISSERT UC/FPCE Mariana Sofia Ferreira Simões (e-mail:[email protected]) - UNIV-FAC-AUTOR Dissertação de Mestrado em Psicologia, área de especialização em Psicologia Clínica e Saúde (subárea de especialização em Psicologia Forense) sob a orientação da Professora Doutora Isabel Maria Marques Alberto - U

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Universidade de Coimbra - UNIV-FAC-AUTOR Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação

Estudos de validação de duas Escalas de Avaliação

das Representações Sociais em torno da Violência

Filioparental numa amostra de adolescentes DISSERT

UC

/FP

CE

Mariana Sofia Ferreira Simões

(e-mail:[email protected]) - UNIV-FAC-AUTOR

Dissertação de Mestrado em Psicologia, área de especialização em Psicologia Clínica e Saúde (subárea de especialização em Psicologia Forense) sob a orientação da Professora Doutora Isabel Maria Marques Alberto - U

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Estudos de validação de duas Escalas de Avaliação das

Representações Sociais em torno da Violência Filioparental numa

amostra de adolescentes

Resumo

A violência filioparental, ou violência de filhos contra os pais, é,

ainda, uma problemática pouco abordada na literatura. Aquilo que é

considerado um comportamento abusivo nas relações entre pais e filhos é

pouco claro, tornando-a num fenómeno complexo e de difícil definição. Nos

últimos anos tem-se registado um aumento gradual, continuando, no entanto,

a ser uma forma de violência familiar pouco estudada. Por ser cada vez mais

frequente, torna-se fulcral o seu estudo e análise aprofundada. É essencial

fazer o estudo das representações sociais que permita identificar e

compreender as narrativas subjacentes ao processo de reconhecimento e

atitudes face à problemática.

O presente estudo teve como objetivo principal validar dois

instrumentos de avaliação das representações sociais sobre a violência

filioparental, assim como identificar o grau de legitimação e as

representações sociais de adolescentes relativamente aos fatores

facilitadores, de manutenção e de resolução da violência dos filhos menores

de idade (até aos 18 anos) contra os seus pais.

Recorrendo a uma amostra de adolescentes da população geral (N =

152), procurou-se avaliar as qualidades psicométricas (consistência interna)

do Questionário de Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-HIS)

(Patuleia, N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014) e do

Questionário sobre Violência dos filhos contra os pais – Fatores

Facilitadores, de Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR) (Patuleia, N.,

Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014). Visou-se, ainda, analisar a

influência de variáveis sociodemográficas (sexo, idade e escolaridade) no

grau de legitimação da violência por parte dos adolescentes.

De um modo geral, os resultados obtidos indicam uma consistência

interna razoável para o QRVFP-HIS e boa para o QVFP-FMR. São

identificadas diferenças em função do sexo no grau de legitimação com os

adolescentes do sexo masculino a toleraram mais a VFP que os do sexo

feminino. Não foi evidenciada tendência de resposta socialmente desejável,

pelo que os adolescentes parecem responder honestamente aos instrumentos.

Palavras-chave: Violência Filioparental, Representações Sociais,

Adolescentes, Validação.

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Validation study of two Scales of Social Representations about the

Violence from children against their parents in a sample of adolescents

Abstract

The child-to-parent violence, or violence of children against their

parents, is a problematic rarely discussed in the literature. What is

considered an abusive behavior in the relationship between parents and

children is still uncleared, and has become a complex phenomenon due to

the difficulty in defining this type of violence. In past years, a gradual

increase in filioparental violence has been verified, but it still lacks study

and investigation. To understand the social representations regarding

filioparental violence, it’s essential to identify and understand the narrative

underlying the recognition process and attitudes towards the issue.

The present study aimed to validate two questionnaires of evaluation

of the social representations about child-to-parent violence, and identify the

degree of legitimacy and social representations of teenagers in relation to

facilitating, maintenance and resolution factors of the violence of minor

children (up to 18 years) against their parents.

Using a sample of adolescents in the general population (N = 152) the

psychometric properties (internal consistency) of the Questionário de

Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-HIS) (Patuleia, N., Alberto

I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014) and Questionário sobre Violência dos

filhos contra os pais - Fatores Facilitadores, de Manutenção e de Resolução

(QVFP-FMR) (Patuleia, N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014)

were evaluated. We also aimed at analyzing the influence of

sociodemographic variables (sex, age and education) in the legitimization of

violence by adolescents.

Overall, the results obtained show a reasonable internal consistence

for the QRVFP-HIS and good for QVFP-FMR. Were also identified

significant differences between genders when it comes to the legitimacy's

degree with male teenagers, who's tolerate VFP more than female teenagers.

The lack of tendency to social desirability response indicates that teenagers

seem to answer honestly to the instruments.

Key Words: Child-to-parent violence, Social Representations, adolescents,

validation study

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Agradecimentos

Em primeiro lugar um agradecimento especial à Professora Doutora Isabel

Alberto, pela excelente pessoa e profissional, por todos os conhecimentos

transmitidos, pelo carinho e incentivo, pela sua disponibilidade e apoio

constantes que foram fundamentais no meu percurso e que contribuíram para

a concretização do presente trabalho.

A todos os que se disponibilizaram a colaborar e participar na presente

investigação que, ao possibilitarem o seu consentimento de participação no

estudo, o tornaram possível.

Aos meus pais e ao meu irmão por acreditarem sempre nas minhas

capacidades e por me fazerem acreditar que tudo isto seria possível, sem

nunca desistir.

Aos meus amigos que me acompanharam ao longo destes 5 anos e que, sem

dúvida, foram o meu grande pilar, por estarem sempre presentes e por me

encorajarem a todo o momento. Obrigada por todos os momentos de partilha

e companheirismo proporcionados nesta minha passagem por Coimbra. Sem

dúvida, tornaram-na especial. Estarão sempre no meu coração.

Às minhas colegas de Psicologia Forense que partilharam comigo estes dois

anos intensos de mestrado e a quem desejo as maiores felicidades no futuro.

Aprendi muito com cada uma de vós.

A todas as pessoas importantes que marcaram e ainda marcam presença na

minha vida e que, de alguma forma, contribuem para o meu bem-estar e

felicidade e para a pessoa em que me tornei. Agradeço-vos pelas palavras de

incentivo e de esperança.

Um sincero agradecimento a todos!

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Índice

Introdução......................................................................................................1

I – Enquadramento conceptual....................................................................2

1.1 Definição e concetualização da violência filioparental........................2

1.1.1 Fatores de risco.......................................................................................3

1.1.2 Características dos agressores.........................................................6

1.1.3 Características das vítimas..............................................................7

1.2 As Representações sociais e a Violência..............................................8

II – Objectivos................................................................................................9

III - Metodologia..........................................................................................10

3.1 Amostra..............................................................................................10

3.2 Instrumentos.......................................................................................11

3.2.1 Questionário sociodemográfico....................................................12

3.2.2 Questionário de Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-

HIS) (Patuleia, N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M.,

2014)................................................................................................................12

3.2.3 Questionário sobre Violência dos filhos contra os pais – Fatores

Facilitadores, de Manutenção e de Resolução (QVFP – FMR) (Patuleia,

N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014)........................................12

3.2.4 Marlowe-Crowne Social Desirability Scale (MCSDS; Crowne &

Marlowe, 1960; Simões, Almiro, & Sousa, 2010)………………………12

3.3 Procedimentos.............................................................................................13

IV - Apresentação de Resultados......................................................................13

4.1 Estudos de Precisão............................................................................13

4.1.1 Análise da consistência interna do QRVFP-HIS....................................13

4.1.2 Análise da consistência interna do QVFP-FMR.................................15

4.1.3 Análise descritiva dos itens do QVFP-FMR.................................16

4.2 Associação da desejabilidade social com as respostas ao QRVFP-

HIS......................................................................................................................17

4.3 Análise da influência das respostas ao QRVFP-HIS e ao QVFP-FMR

em função do sexo, idade e nível de escolaridade..........................................17

4.4 Análise das respostas às questões abertas..............................................18

V - Discussão ............................................................................................... 19

VI - Conclusões ........................................................................................... 22

Bibliografia ................................................................................................. 24

Anexos ......................................................................................................... 30

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Lista de Anexos

Anexo A – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos itens

do QRVFP-HIS: História 1...........................................................................31

Anexo B – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos itens

do QRVFP-HIS: História 2...........................................................................32

Anexo C – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos itens

do QRVFP-HIS: História 3...........................................................................33

Anexo D – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos itens

do QVFP– FMR: Fatores Facilitadores.......................................................34

Anexo E – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos itens

do QVFP– FMR: Fatores de Manutenção...................................................38

Anexo F – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos itens

do QVFP– FMR: Fatores de Resolução......................................................41

Anexo G – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos itens

da MCSDS...................................................................................................45

Anexo H – Resultados dos testes t de student, pearson, spearman’s e Mann

Whitney na resposta ao QRVFP-HIS e ao QVFP-FMR em função do sexo,

idade e nível de escolaridade.......................................................................47

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Introdução

Durante largos anos, a violência filioparental (VFP) permaneceu

disfarçada na sociedade, sendo socialmente explicada pela presença de

problemas de saúde mental, nomeadamente psicopatologias (Gómez, 2012).

Por sua vez, as constantes mudanças nos valores e normas sociais dos

últimos anos originaram uma maior consciência a respeito da violência no

seio das famílias (Redondo, Pimentel, & Correia, 2012).

A violência de filhos contra os pais é um fenómeno que, apesar de

pouco estudado pela comunidade científica (Coogan, 2011), está em

crescimento, observando-se, ao mesmo tempo, um aumento do interesse em

estudá-lo com maior detalhe (Boxer et al, 2009; Gámez-Guadix & Calvete,

2012; Pagani et al, 2009; Stewart et al, 2007). Porém, estabelecer a sua

definição tem sido um desafio, pela dificuldade em se considerar o que é ou

não um comportamento aceitável dos filhos para com os pais.

É uma forma de violência tradicionalmente definida como qualquer

ato perpetrado por um adolescente com vista a exercer controlo ou poder

sobre os progenitores (Cottrell, 2001). Contudo, é um fenómeno complexo e

multidimensional, em que é fundamental compreendê-lo de acordo com um

modelo ecológico que analise variáveis intrapessoais, familiares, culturais e

comunitárias, alicerçando-se numa abordagem sistémica que trabalhe com

todos os elementos da relação (Cottrell & Monk, 2004; Estévez & Góngora,

2009; Ibabe & Jaureguizar, 2010; Patuleia, Alberto, & Pereira, 2013).

As representações sociais que cada indivíduo tem da realidade

constituem-se elementos importantes de estudo, pois influenciam a leitura e

a construção da realidade e permitem compreender o fenómeno da violência

filioparental, gerindo a resposta a dar face ao reconhecimento da

problemática (Estévez & Góngora, 2009; Moscovici, 2003; Porto, 2006).

O presente estudo pretende contribuir para a validação de dois

instrumentos de avaliação das representações sociais em torno da violência

filioparental numa amostra de adolescentes da população geral: o

Questionário de Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-HIS)

(Patuleia, N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014) e o Questionário

sobre Violência dos filhos contra os pais – Fatores Facilitadores, de

Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR) (Patuleia, N., Alberto, I., Pereira,

R., & Alarcão, M., 2014). A sua construção baseou-se numa revisão

bibliográfica e na experiência clínica com famílias sinalizadas com o

problema (Patuleia & Alberto, 2014).

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I – Enquadramento conceptual

1.1 Definição e conceptualização da Violência Filioparental

A complexidade em definir violência prende-se com a necessidade de

incluir uma variedade de fatores que permitem tornar a sua conceptualização

mais completa e adequada. Devemos considerar que não existe uma causa

única para o seu aparecimento (Cottrell, 2001), existindo, por isso, um

conjunto de fatores que poderão influenciar o seu significado nas interações

sociais, como os fatores sociais, culturais, familiares e individuais (Redondo,

Pimentel, & Correia, 2012).

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define violência como o

“uso intencional da força física ou do poder, sob a forma de ato ou de

ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou

comunidade, que cause ou tenha muitas probabilidades de causar lesões,

morte, danos psicológicos, perturbações do desenvolvimento ou privação”

(Krug, Dahlberg, Mercy, Zwi, & Lozano, 2002, p. 5).

A violência pode expressar-se através de vários tipos de

comportamentos, diretos ou indiretos, sendo entendida como a expressão de

um determinado conflito (Agustina & Romero, 2013). É um fenómeno que

supõe uma relação entre a vítima e o agressor em que este último estabelece

uma posição de dominância e de superioridade em relação à vítima, pelo uso

da força física ou de outras estratégias, independentemente dos danos que

possa originar na mesma (Krug et al., 2002). Em interação social, e

dependendo do contexto em que se encontrem, é esperado que os diferentes

indivíduos façam julgamentos acerca de um determinado comportamento,

considerando-o adequando ou não e se houve a intenção de ferir e causar

dano no outro (Agustina & Romero, 2013; Porto, 2006). As fronteiras entre

os diferentes tipos de violência nem sempre são claras, uma vez que podem

coexistir num mesmo contexto, originando várias manifestações (física,

psicológica, negligência, sexual, económico) (Pereira & Bertino, 2009;

Redondo et al., 2012). A violência que ocorre no contexto familiar ou nas

relações de intimidade é um fenómeno complexo, heterogéneo,

multidimensional e transversal a todo o ciclo evolutivo individual e familiar

(Redondo et al., 2012).

A violência familiar ocorre entre os membros da família ou entre

parceiros íntimos e, usualmente, dentro do contexto casa. Estão incluídos os

maus-tratos a crianças, a violência entre parceiros íntimos e os maus-tratos a

idosos. De acordo com a definição da OMS, é igualmente incluída a

violência entre casais homossexuais e a violência no namoro (Krug et al.,

2002).

A investigação sobre o comportamento violento nas relações

familiares tem dado especial destaque à violência perpetrada pelo adulto,

como a violência nos relacionamentos íntimos e a violência por parte dos

pais para com os filhos, negligenciando a violência perpetrada pelos filhos,

menores de 18 anos, contra os pais, designada por Violência Filioparental

(Agnew & Huguley, 1989; Bobic, 2004; Coogan 2011; Cottrell & Monk,

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2004; Eckstein, 2004).

As primeiras referências na literatura sobre a VFP denominam-na

como Síndrome dos pais maltratados (Harbin & Madden, 1979; Patuleia et

al, 2013), considerada um novo tipo de violência familiar (Agustina &

Romero, 2013; Gómez, 2012). Nos últimos anos, a VFP tem permanecido

disfarçada como um dos conflitos associado a famílias disfuncionais. No

entanto, ela tem sido identificada em famílias aparentemente funcionais,

onde as crianças/adolescentes não apresentam distúrbios psicológicos

identificados (Gómez, 2012), mas cujo exercício da parentalidade se pauta

pela ausência de limites bem estabelecidos face ao comportamento dos filhos

(Bertino & Pereira, 2010). A Violência Filioparental caracteriza as relações

entre pais e filhos como relações que ultrapassam os limites de uma "relação

conflituosa" tornando-se "relações abusivas" (Gámez-Guadix, Jaureguizar,

Almendros, & Carrobles, 2012).

Cottrell (2001) definiu a VFP como qualquer ato violento de um filho

adolescente com a intenção de ganhar poder e controlo sobre um dos seus

progenitores, podendo resultar em dano físico, psicológico ou financeiro nos

pais. Pereira (2006) engloba nesta violência os comportamentos repetidos de

agressão física (bater, empurrar, atirar objetos), verbal (insultos repetidos,

ameaças, chantagem) ou não-verbal (gestos ameaçadores, quebrar objetos

valiosos, roubo) dirigidos aos seus pais. Pereira (2010) considera, ainda, a

existência de duas eras da VFP: a “tradicional”, associada a problemas

mentais dos filhos e a “nova”, denominada como Síndrome de Imperador,

associada ao exercício de “poder” e “controlo” por parte dos filhos para com

os seus progenitores/cuidadores de modo a atingirem determinados objetivos

(Garrido, 2011).

É considerado um fenómeno social em expansão devido ao seu

aumento exponencial nos últimos anos, mas ainda assim continua a ser uma

das formas de violência familiar menos investigada (Gámez-Guadix &

Calvete, 2012). Recentemente tem sido visível a preocupação da

comunidade científica em estudar este fenómeno (Boxer et al., 2009; Pagani

et al., 2009; Stewart et al., 2007).

1.1.1 Fatores de Risco

A investigação mostra que a VFP é um fenómeno complexo e

multidimensional que deve ser compreendido tendo como base o modelo

ecológico, que inclui variáveis intrapessoais, familiares, comunitárias e

culturais que vão permitir estudar e entender este fenómeno no seu todo

(Cottrell & Monk, 2004; Estévez & Góngora, 2009; Ibabe & Jaureguizar,

2010; Patuleia et al, 2013).

As características da família, os meios de comunicação social e o

grupo de pares são frequentemente destacados na literatura como fatores de

risco da VFP (Agustina & Romero, 2013; Calvete et al., 2014; Estévez &

Góngora, 2009).

A família é considerada como o principal agente de socialização do

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indivíduo, uma vez que é neste espaço de interação que a criança ou

adolescente encontra segurança, proteção e estabelecimento de regras e

limites que o ajudam a desenvolver-se adequadamente (Alarcão, 2000;

Agustina & Romero, 2013; Batista, Oliveira, & Pires, 2011; Portugal &

Alberto, 2012). No entanto, o sistema familiar pode ser palco de estilos de

comunicação inadequados, de fracas habilidades para resolução de conflitos

e o recurso à violência, influenciando o desenvolvimento de

comportamentos agressivos nos filhos (crianças/adolescentes) (Agustina &

Romero, 2013). A exposição à violência familiar é considerada uma

condição de risco para o aparecimento da violência filioparental (Boxer,

Gullan, & Mahoney, 2009; Calvete et al, 2011; Gámez-Guadix & Calvete,

2012). Associado a este fator, segundo vários autores, encontra-se o

fenómeno de transmissão intergeracional da violência, uma vez que se

considera que a exposição das crianças à violência familiar poderia explicar

o comportamento agressivo dos filhos em relação aos pais (Gámez-Guadix

& Calvete, 2012; Ibabe & Jaureguizar, 2011). Kennedy, Edmonds, Dann, e

Burnett (2010) constataram que os adolescentes que exerciam violência

contra os seus pais apresentavam uma associação elevada de exposição à

violência familiar. Boxer et al. (2009) encontraram um valor elevado de

associação entre VFP, a violência de pais para filhos e a violência conjugal.

De acordo com Coogan (2011) este fenómeno também pode estar

relacionado com a "violência defensiva", em que as crianças/adolescentes

respondem com violência às agressões dos seus pais.

Tem sido, igualmente, sugerido que as relações entre pais e filhos

caracterizadas por VFP estão relacionadas com padrões de vinculação

insegura e privação emocional (Agnew & Huguley, 1989; Paulson, Coombs,

& Landsverk, 1990). Paulson et al. (1990) constataram que os adolescentes

agressores em VFP apresentam fracas interações emocionais com os seus

pais.

Os estilos educativos parentais surgem, igualmente, na literatura como

condições de risco da VFP (Agnew & Huguley, 1989; Calvete et al., 2011;

Paganietal, 2004). Os estudos desenvolvidos (Gámez-Guadix et al., 2012)

mostram que os jovens mais propensos a exercer violência contra os seus

pais foram educados segundo um estilo educativo negligente ou, pelo

contrário, autoritário. Em comum, estes dois estilos apresentam uma

reduzida expressão de afeto e de envolvimento dos pais nas relações com os

seus filhos. A sua combinação com a falta de controlo e supervisão própria

do estilo negligente está associada ao aumento da vulnerabilidade para o

desenvolvimento de um comportamento abusivo. Por outro lado, um

controlo excessivo do comportamento dos filhos pelos pais autoritários

ilustra um desequilíbrio de poder na relação, o que impede o

desenvolvimento de uma boa auto-estima e autonomia (Gámez-Guadix et

al., 2012).

O estilo permissivo ou liberal terá também alguma influência, visto

que é caracterizado pela falta de regras claras e pela ausência de uma

autoridade consistente. Esta arbitrariedade na imposição de regras e

autoridade e a satisfação imediata dos desejos das crianças, pode ser devido

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à existência de uma interação fusional com um ou ambos os progenitores

(Agnew & Huguley, 1989; Cottrell & Monk, 2004; Eckstein, 2004; Ibabe et

al., 2009). O estilo parental permissivo (Howard et al., 2010) e a perda de

poder dos pais (Coogan, 2011) podem contribuir para o uso instrumental da

agressão dos filhos contra os pais, com a finalidade de obter ganhos (por

exemplo, dinheiro) ou de evitar tarefas indesejáveis (Gámez-Guadix et al,

2012).

É demonstrado em vários estudos que mudanças significativas na

estrutura familiar, como a separação ou divórcio dos pais, implicam a

reorganização dos papéis parentais e uma maior disposição para problemas

disciplinares (Cortés Arboleda & Canton Duarte, 2010; Moreira, 2014).

Pagani et al. (2009), num estudo longitudinal, verificaram que as mudanças

no sistema conjugal (separação, divórcio, novo casamento, etc.)

representavam condição de risco para a VFP contra as mães. Uma

explicação para isso seria que as variáveis associadas à monoparentalidade

ou separação/divórcio, tais como conflitos de custódia, dificuldades

financeiras ou falta de suporte social, criariam deterioração da relação entre

pais e filhos (Agustina & Romero, 2013; Ibabe & Jaureguizar, 2010).

A falta de uma comunicação clara nas relações entre pais e filhos é

outro factor associado à VFP (Moreira, 2014). Sendo a comunicação um

processo interacional que integra diferentes modos de comportamentos

(Alarcão, 2006), é importante estudar esse processo nas relações familiares,

uma vez que irá permitir compreender as dinâmicas relacionais existentes

entre os diferentes elementos do sistema (Alarcão, 2006; Portugal & Alberto,

2010; Relvas, 1996). No caso específico da VFP, é essencial estudar a

comunicação ao nível do exercício da parentalidade (Portugal & Alberto,

2010). Pode-se encontrar uma comunicação funcional, em que os elementos

se compreendem e relacionam de forma desejada e esperável, ou uma

comunicação patológica, em que existe incompreensão entre os elementos da

relação, o que gera sentimentos negativos e o progressivo afastamento entre

os elementos (Alarcão, 2006; Dias, 2011).

Os meios de comunicação social e outras instituições culturais

desempenham um papel importante na aceitação ou rejeição dos

comportamentos violentos. A exposição contínua a imagens e linguagem

violenta pode ter um efeito desinibidor em adolescentes (Cottrell, 2001). Os

adolescentes que têm experiências pessoais de violência em casa ou com os

pares são mais suscetíveis a essas mensagens violentas e podem reforçar a

perceção de que a violência é um meio legítimo para a resolução de conflitos

(Levine, 1996 como citado em Routt & Anderson, 2011) e uma forma

aceitável de controlo social (Cottrell, 2001; Machado, 2010).

O grupo de pares pode exercer a sua influência de diversas formas,

constituindo um fator de risco para o agravamento das relações pais-filhos,

ao colocar à prova a imagem que a família transmite ao exterior (Alarcão,

2006; Relvas, 1996). Os adolescentes que agridem e intimidam os seus pais

interagem, frequentemente, com outros adolescentes que apresentam

problemas de comportamento (Agnew & Huguley, 1989; Calvete et al.,

2011; Cottrell & Monk, 2004; Ibabe, Jaureguizar, & Bentler, 2013).

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Segundo um estudo realizado por Cottrell & Monk (2004) os jovens que

foram vítimas do grupo de pares usariam o comportamento abusivo contra

os pais como forma de compensar os sentimentos de impotência e para

expressar sua raiva dentro de um contexto seguro. Os jovens integrados em

grupos de pares que usam a violência como estratégia para ganhar poder e

controlo tendem a utilizar esse comportamento aprendido nas relações com

os pais (Cottrell & Monk, 2004).

1.1.2 Características dos agressores

A adolescência é, geralmente, considerada como uma fase de tensão

entre a autoridade dos pais e a crescente necessidade de conquista da

autonomia por parte dos filhos (Edenborough et al., 2008; Pagani et al.,

2009). É uma etapa do desenvolvimento em que os jovens já não são

considerados crianças, mas ainda não são aceites como adultos, podendo

tornar complexa a tentativa de distinguir entre o que é um comportamento

"típico" e o que é um comportamento "abusivo/desafiador" (Bobic, 2004).

Com a crescente necessidade de autonomia e independência, muitos

adolescentes tendem a questionar as mensagens transmitidas pelos pais

quando estes expressam as suas opiniões, valores e/ou regras em relação ao

comportamento dos filhos (Pagani et al., 2009).

Os adolescentes agressores tendem a manifestar um baixo controlo de

impulso, uma afetividade negativa, baixa empatia e fraca tolerância à

frustração, que dificultam as suas relações interpessoais e os tornam mais

sensíveis à quebra de regras, irritabilidade e agressividade (Crichton-Hill,

Evans, & Meadows, 2006). No entanto, podem, também, apresentar um

controlo emocional excessivo, levando ao isolamento social, à procura de

atenção, a sentimentos de inutilidade, inferioridade e/ou dependência (Ibabe,

Arnoso, & Elgorriaga, 2014). Além disto, acreditam que têm direitos e

privilégios que os pais devem respeitar (Crichton-Hill, Evans, & Meadows,

2006).

A literatura identifica o consumo de substâncias, o baixo rendimento

escolar, problemas de dinheiro, o ficar fora de casa até tarde (Ibabe, Arnoso,

& Elgorriaga, 2014), a sintomatologia depressiva (Calvete et al, 2014;

Paulson et al, 1990), a baixa auto-estima (Ibabe & Jaureguizar, 2010), os

distúrbios de comportamento (Kennedy et al., 2010) e emocionais (Ibabe,

Arnoso, & Elgorriaga, 2014; Martínez, Estévez, & Carballo, 2013), as fracas

habilidades sociais e emocionais e a dificuldade na regulação dos seus

comportamentos e emoções (Agustina & Romero, 2013; Ibabe, Arnoso, &

Elgorriaga, 2014) como condições de risco individuais. No que diz respeito à

inclinação individual para o crime, Garrido (2011) defende que a

personalidade ou temperamento do jovem agressor costuma estar associado

a um baixo nível de autocontrolo e consciência moral deficiente.

Os estudos consideram que os filhos do sexo masculino apresentam

uma maior tendência para serem agressivos fisicamente com os pais,

enquanto as filhas recorrem ao abuso emocional e verbal (Ibabe, Jaureguizar,

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& Bentler, 2013; Ibabe, Arnoso & Elgorriaga, 2014). As estatísticas indicam

que os agressores são, na sua maioria, do sexo masculino e com idades

compreendidas entre os 10 e os 18 anos (Agnew & Huguley, 1989; Ibabe &

Jaureguizar, 2011). Consideram, também, que os filhos, à medida que

crescem, tendem a diminuir a agressividade em relação às suas mães e a

aumentar a violência contra os seus pais, enquanto as filhas, à medida que

crescem, tendem a agredir ambos os progenitores (Agnew & Huguley,

1989). Contudo, outros autores não encontram qualquer relação entre a taxa

de agressões aos pais e a idade dos filhos (Ibabe & Jaureguizar, 2011).

A APAV, de acordo com as estatísticas obtidas entre 2004 e 2012,

indica-nos que os filhos agressores são, na sua maioria, do sexo masculino.

1.1.3 Características das vítimas

Os pais deveriam representar a autoridade e proporcionar bem-estar,

proteção e segurança física e psicológica aos seus filhos, sendo-lhes, por

isso, reconhecido maior poder do que aos filhos dependentes (Agnew &

Huguley, 1989; Coogan, 2011; Ibabe & Jaureguizar, 2011). Todavia, na VFP

esse poder é exercido pelos filhos.

AVFP pode ocorrer em qualquer família, não estando especificamente

associada a uma classe socioeconómica, origem étnica ou orientação sexual

(Cottrell, 2001). No entanto, embora os pais também sejam suscetíveis a essa

violência, as mães são as vítimas mais frequentes (Agnew & Huguley, 1989;

Cottrell, 2001; Evans & Warren-Sohlberg, 1988; Ibabe, Jaureguizar, &

Bentler, 2013). Uma das razões para uma maior incidência de mães como

vítimas parece estar relacionada com o facto de estas serem as principais

cuidadoras, que passam mais tempo com os filhos e com os quais mantêm

ligações emocionais mais fortes (Coogan, 2011). Além disso, a sociedade

ainda mantém uma imagem das mães como mais fracas, mais vulneráveis e

com menos energia do que os seus pais e, portanto, mais suscetíveis à

agressividade dos filhos (Agnew & Huguley, 1989; Cottrell, 2001; Cottrell

& Monk, 2004). Enquanto os pais se defendem fisicamente contra as

agressões dos seus filhos, as mães não o fazem, tornando-as, assim, mais

frágeis (Coogan, 2011; Eckstein, 2004; Ibabe & Jaureguizar, 2011).

As estatísticas da APAV, efetuadas entre 2004 e 2012, vão ao

encontro desses estudos, indicando que as vítimas de VFP são

maioritariamente do sexo feminino, apresentando uma percentagem de 59%

(APAV, 2012).

Estudos mostram que pais idosos ou com deficiência podem ser

especialmente vulneráveis à VFP (Cottrell, 2001;Cottrell & Monk, 2004;

Harbin & Madden, 1979). Os pais de adolescentes violentos, muitas vezes,

têm medo de se impor na expetativa de retaliação do filho. Os incidentes

violentos são, frequentemente, resultantes da tentativa dos pais de corrigirem

o mau comportamento dos filhos (Crichton-Hill, Evans, & Meadows, 2006).

As vítimas de VFP tendem a desenvolver sintomatologia depressiva,

ansiedade e vergonha por não terem sido capazes de "construir" uma família

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"feliz", acabando por interferir com a sua capacidade de recuperar a

liderança na família e nas relações com os filhos (Cottrell, 2001).

Normalmente, acreditam que elas próprias são as responsáveis pelo abuso

por considerarem que a sua parentalidade foi ou é inadequada (Cottrell &

Monk, 2004).

A maioria dos pais tem dificuldade em aceitar que o seu filho

adolescente é abusivo, o que facilita a negação do problema (Gómez, 2012).

Associado a isso estão os fatores internos, como a vergonha, o medo e a

culpa, e os fatores externos, como o julgamento da sociedade em relação à

sua capacidade para a parentalidade (Bobic, 2004), que podem contribuir

para que os pais neguem ou minimizem as suas experiências de vitimação e,

consequentemente, mantenham segredo (Agnew & Huguley, 1989; Cottrell,

2001; Harbin & Madden, 1979). A falta de apoio dos serviços e do sistema

de justiça juvenil, que não estão preparados para responder eficazmente às

queixas de violência filioparental, contribuem para reforçar a negação da

violência (Cottrell, 2001; Evans & Warren-Sohlberg, 1988).

1.2 As Representações Sociais e a Violência

Moscovici (1978) define representação social como o conjunto de

explicações, crenças e ideias que permitem ao indivíduo interpretar, pensar e

agir sobre a realidade. São partilhadas e construídas socialmente e, por isso,

permitem a comunicação entre os diferentes indivíduos e grupos sociais

(Almeida et al., 2006; Bonfim & Almeida, 1992; Galinkin & Almeida, 2012;

Moscovici, 1978).

As representações sociais criadas sobre o fenómeno de violência

remetem-nos para um relativismo do conceito, uma vez que a construção das

representações é dependente do contexto social em que o indivíduo se insere

(Porto, 2006). Por outras palavras, as representações sociais permitem aos

protagonistas ou vítimas de violência atribuírem um significado às suas

práticas, considerando o contexto em que atuam e onde as ações violentas se

concretizam (Porto, 2006).

A adolescência, caracterizada como um período de mudanças a vários

níveis (cognitivo, moral, pessoal, interpessoal e formação da identidade)

(Machado, 2010; Sprinthall & Collins, 2008), é sensível à internalização de

narrativas transmitidas pela família e pela comunidade onde o jovem se

insere. Estas podem, por sua vez, incluir diferenças de género que definem o

homem como um ser dominante e a mulher como um ser submisso, bem

como a aceitação de determinados comportamentos, contribuindo,

fortemente, para o recurso à violência nas relações familiares (Crichton-Hill,

Evans, & Meadows, 2006; Machado, 2010; Pereira & Bertino, 2009; Routt

& Anderson, 2011). A escolha dos pares, por exemplo, é muito influenciada

pelo sistema de crenças do próprio adolescente. Se o adolescente conviver

num ambiente familiar agressivo tende a seleccionar os pares que aceitem ou

aprovem o uso da violência nas relações sociais (Machado, 2010).

As narrativas sociais que regulam a relação de pais e filhos têm

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sofrido alterações nos últimos anos. A utilização do castigo físico na

educação das crianças já foi um comportamento culturalmente aceite, mas é

atualmente criticado e proibido pelos direitos constitucionais (Cecconello,

De Antoni, & Koller, 2003). Ao mesmo tempo, observa-se cada vez mais a

perda de autoridade dos pais em casa e uma postura de menor

reconhecimento da autoridade do adulto por parte dos jovens. Assim,

segundo Patuleia et al. (2013), torna-se difícil delimitar o que é ou não

aceitável no comportamento dos filhos para com os pais.

As transformações sociais e históricas que ocorrem numa determinada

sociedade, e o modo como esta controla, aceita ou rejeita o recurso à

violência, modificam as representações da violência e as suas formas de

manifestação (Machado, 2010). O julgamento da sociedade em relação à

progressiva fragilidade da autoridade dos pais, e a crença de que a sua

função como pais é proteger os seus filhos, contribui para que os pais

neguem ou minimizem as atitudes violentas dos filhos e não tenham

coragem de revelar que são vítimas (Agnew & Huguley, 1989; Cottrell,

2001; Harbin & Madden, 1979).

A resistência da sociedade em atribuir a responsabilidade do

comportamento violento às crianças aparece como outra explicação para a

dificuldade em detetar e responder adequadamente à VFP (Agnew &

Huguley, 1989; Coogan, 2011). O comportamento violento das crianças

desafia as crenças convencionais construídas sobre a infância, uma vez que

ainda é difícil para a sociedade considerá-lo como um comportamento

abusivo, dada a idade e o estádio de desenvolvimento em que se encontra,

sendo, por isso, definido como um comportamento normalizado e transitório

(Agnew & Huguley, 1989; Coogan, 2011).

Ou seja, a complexidade das relações humanas explica a dificuldade

em definir e explicar a violência, da mesma forma que dificulta a definição

de um padrão de aceitação ou não-aceitação em relação ao fenómeno

considerado violento (Silva, Lopes & Carvalho, 2008 como citado por

Machado 2010).

II - Objectivos

A problemática da VFP é, ainda, pouco abordada na literatura sobre o

comportamento violento nas relações familiares (Boxer et al, 2009; Coogan,

2011; Pagani et al, 2009), mas é consensual a necessidade de considerar no

estudo deste fenómeno os fatores individuais, sociais e culturais (Cottrell &

Monk, 2004; Estévez & Góngora, 2009; Ibabe & Jaureguizar, 2010; Patuleia

et al., 2013).

As representações sociais assumem um papel importante na violência,

uma vez que definem as normas sociais que regem a sociedade, influenciam

o significado dado à realidade e a forma de lidar com esta, identificando se

um determinado comportamento é adequado ou correto ou é inadequado e

incorreto (Machado, 2010; Porto, 2006). Nesse sentido, torna-se essencial

identificar quais as representações sociais que a comunidade tem a respeito

da VFP.

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A presente investigação pretende validar dois instrumentos de

avaliação das representações sociais sobre a Violência Filioparental, assim

como identificar as representações sociais de adolescentes relativamente aos

fatores facilitadores, de manutenção e de resolução da VFP.

Assim, e como objetivos específicos, estabeleceram-se:

a) Avaliar a consistência interna dos dois instrumentos de avaliação

das representações sociais em torno da VFP: Questionário de

Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-HIS) (Patuleia,

N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014); e o Questionário

sobre Violência dos filhos contra os pais – Fatores Facilitadores,

de Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR) (Patuleia, N.,

Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014);

b) Identificar o grau de legitimação de adolescentes da população

geral relativamente à VFP nas respostas às histórias;

c) Identificar os fatores facilitadores, de manutenção e de resolução

mais referenciados pelos adolescentes;

d) Analisar a influência das variáveis sociodemográficas, como a

idade, sexo, habilitações literárias e formação, sobre a legitimação

e as representações sociais associadas às causas, condições de

manutenção e de resolução da VFP;

e) Identificar a associação entre a desejabilidade social e as respostas

aos restantes instrumentos.

III - Metodologia

3.1 Amostra

Para a concretização dos objetivos desta investigação foi realizado um

estudo transversal numa amostra de adolescentes da população geral, com

idades compreendidas entre os 14 e os 18 anos. A recolha da amostra foi

efetuada através do método de amostragem não probabilística, amostragem

de conveniência, pedindo a cada participante a sugestão de outras pessoas

que aceitassem colaborar na investigação. Assim, a amostra final integra 152

adolescentes, sendo 78 do sexo feminino (51,3%) e 74 do sexo masculino

(48,7%). As idades mais prevalentes são os 15 (n= 46; 30,3%) e os 18 anos

(n= 42; 27,6%). Os participantes com 16 (n = 18; 11,8%) e 17 anos (n= 17;

11,2%) surgem com menor percentagem (Tabela 1).

No que respeita ao nível de escolaridade, a amostra é distribuída entre

7 e 12 anos de escolaridade, sendo que 29,9% (n= 44) dos participantes

frequentam o 10º ano de escolaridade contrastando com os 2% (n=3) do 3º

ciclo (7ºano). Relativamente à existência de irmãos, grande parte da amostra

refere ter irmãos (n= 124; 83,8%) (Tabela 1). Quanto ao número de irmãos,

80 adolescentes referem ter 1 irmão (61,5%) e 29 (22,3%) têm 2 irmãos. No

que respeita à posição na fratria, 60 adolescentes referem ser os filhos mais

novos (48,8%), seguindo-se a categoria dos filhos mais velhos (n=46;

36,8%) e os filhos do meio (n=19; 15,2%) (Tabela 1).

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Tabela 1 - Características sociodemográficas da amostra

Variáveis

n %

Sexo Feminino

Masculino

78

74

51,3

48,7

Idade 14

15

16

17

18

29

46

18

17

42

19,1

30,3

11,8

11,2

27,6

Nível de escolaridade

7

8

9

10

11

12

3

8

36

44

16

40

2,0

5,4

24,5

29,9

10,9

27,2

Irmãos

Sim

Não

124

24

83,8

16,2

Número de irmãos

0

1

2

3

4

5

6

80

29

12

2

1

4,6

61,5

22,3

9,2

1,5

0,8

Fratria

Mais velho

Mais novo

Do meio

46

60

19

36,8

48,8

15,2

3.2 Instrumentos

Os participantes deste estudo preencheram um protocolo de

investigação que inclui: um questionário de dados sociodemográficos, o

Questionário de Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-HIS)

(Patuleia, N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M., 2014), o Questionário

sobre Violência dos filhos contra os pais – Fatores Facilitadores, de

Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR) (Patuleia, N., Alberto, I., Pereira,

R., & Alarcão, M. 2014) e uma escala de avaliação da Desejabilidade Social

de Marlowe-Crowne (MCSDS; Crowne & Marlowe, 1960; Simões, Almiro,

& Sousa, 2010). De seguida proceder-se-á a uma breve descrição de cada um

desses instrumentos, que foram aplicados pela ordem pela qual são

apresentados.

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3.2.1. Questionário de Dados Sociodemográficos

O questionário de dados sociodemográficos inclui questões que

pretendem recolher informação sobre a idade, sexo, escolaridade, indicação

de ter ou não irmãos e posição na fratria dos participantes do estudo.

3.2.2 Questionário de Representações sobre VFP – Histórias

(QRVFP-HIS) (Patuleia, N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M.,

2014)

O Questionário de Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-

HIS) é um questionário de autorelato construído por Patuleia, Alberto,

Pereira e Alarcão, em 2014. Integra três histórias diferentes de Violência

Filioparental, sendo apresentadas para cada uma dessas histórias dez

afirmações (30 itens no total), onde é pedido ao indivíduo que indique o seu

grau de concordância, usando a seguinte escala de Likert: 1 “discordo

totalmente”; 2 “discordo”; 3 “concordo” e 4 “concordo totalmente”. Os itens

foram construídos de acordo com uma revisão da literatura.

3.2.3 Questionário sobre Violência dos filhos contra os pais –

Fatores Facilitadores, de Manutenção e de Resolução (QVFP – FMR)

(Patuleia, N., Alberto, I., Pereira, R., & Alarcão, M. 2014)

O Questionário sobre a violência dos filhos contra os pais – Fatores

facilitadores, de Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR) é um

questionário de autorelato no qual são apresentados três conjuntos de

afirmações (itens) relativas aos fatores que podem: a) facilitar (ou ser a

causa) a violência filioparental; b) manter esse tipo de violência, e c)

interromper/resolveras situações de violência filioparental. É pedido ao

respondente que, para cada item, indique o seu grau de concordância, usando

a seguinte escala de Likert: 1 “discordo totalmente”, 2 “discordo”, 3

“concordo” e 4 “concordo totalmente”. Os itens de cada fator refletem as

condições de risco e de proteção identificadas na literatura.

3.2.4 Marlowe-Crowne Social Desirability Scale (MCSDS;

Crowne & Marlowe, 1960; Simões, Almiro, & Sousa, 2010)

A Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne (Marlowe-

Crowne Social Desirability Scale – MCSDS; Crowne & Marlowe, 1960;

Simões, Almiro, & Sousa, 2010) é um instrumento de autorelato destinado a

avaliar a desejabilidade social (Crowne & Marlowe, 1960). É constituído por

33 afirmações que descrevem comportamentos do nosso quotidiano e

permitem avaliar a tendência do sujeito para responder de forma socialmente

desejável (Crowne & Marlowe, 1960; Scagliusi et al., 2004; Silvestre, 2010).

Para responder a esta escala, o indivíduo deverá assinalar

“Verdadeiro” ou “Falso” em cada uma das afirmações. As pontuações

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obtidas podem variar entre 0 e 33 pontos, sendo que os resultados superiores

a 17 são indicadores de um "forte desejo de aceitação social" (Scagliusi et

al., 2004).

É considerado um instrumento robusto por apresentar boas

propriedades psicométricas (Crowne & Marlowe, 1960). Apresenta uma boa

consistência interna (medida pelo coeficiente Alfa de Cronbach e que varia

entre .72 a .96) (Crowne & Marlowe, 1960; Loo & Loewen, 2004; Loo &

Thorpe, 2000) e uma boa estabilidade temporal (r= .89) (Crowne &

Marlowe, 1960). No presente estudo, o valor de consistência interna

encontrado para a MCSDS foi razoável, segundo Pestana e Gageiro (2008),

com um α= .758.

3.3 Procedimentos

Num primeiro momento, procedeu-se à apresentação da investigação e

do seu protocolo, sendo referidos os objetivos e esclarecidos os

procedimentos. Posteriormente, foi solicitada a colaboração a cada um dos

participantes, informando-os que se tratava de uma investigação científica,

cuja participação seria voluntária, confidencial e anónima. Foi pedido o

consentimento informado aos participantes e o preenchimento de uma

declaração pelos encarregados de educação dando autorização para a

participação dos filhos menores de 18 anos, tendo sido, de seguida,

solicitado o preenchimento do protocolo de investigação. A análise

estatística dos dados recolhidos foi realizada com o recurso ao programa

Statistical Package for the Social Sciences – SPSS, versão 20.0.

IV – Resultados

4.1 Estudos de Precisão

4.1.1 Análise da consistência interna do QRVFP-HIS

O questionário de Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-

HIS), para o total dos 30 itens, apresenta uma boa consistência interna

(Pestana & Gageiro, 2008), determinada pelo coeficiente alfa de Cronbach

(α = .852; N = 152).

Contudo, com a retirada de dois itens da História 2, nomeadamente o

item 5“A adolescência é uma fase complicada para pais e filhos e estes

comportamentos da Bia são formas de desafiar os pais” e o item 7 “Se os

pais sempre habituaram Bia a ter tudo o que queria, é esperado que ela não

perceba e nem aceite que não pode ter o que quer”, o coeficiente de alfa de

Cronbach para o total de 28 itens é α = .858, observando-se um aumento de

fiabilidade do instrumento pouco significativo. Estes dois itens registaram

coeficientes de correlação muito baixos com o total da História 2, o que

determinou a sua retirada.

A consistência interna para cada uma das três histórias é razoável,

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pois encontram-se no limiar do .70 (Pestana & Gageiro, 2008). Na História 1

registou-se um α= .726, na História 2 o valor obtido foi de α= .695, após a

retirada dos 2 itens, e na História 3 foi de α= .731.

Ao avaliar-se a correlação de cada item com o total na História 1

verificou-se que o item 10 “A mãe não deve permitir estes comportamentos

agressivos do Dário em relação a si e tem de procurar ajuda” apresentava

um valor negativo (r= -.254) o que indicou a necessidade de ter uma cotação

invertida, através da qual o coeficiente de alfa aumentou. Os coeficientes de

correlação entre cada item e o total da História 1 variam entre r= .099 (item

5“O comportamento do Dário para com a D. Ana é o resultado da mãe e o

padrasto não imporem e exercerem a sua autoridade como figuras

parentais”) e r= .561 (item 9 “Não é aceitável que os pais apresentem

queixa dos filhos. Devem ser eles em casa a resolver os comportamentos

mais conflituosos e agressivos dos seus filhos”). Na análise descritiva dos

itens, no que respeita à média e ao desvio padrão, constatou-se que o item 5

pontuou mais (m= 2,99; dp= 0,737) e o item 10 pontuou menos (m= 1,48;

dp= 0,619) (Ver anexo A1 e A2).

Na História 2, numa primeira análise, verificou-se a necessidade de

inversão da cotação dos itens 4 “Independentemente das razões da Bia, o

seu comportamento é inaceitável”(r= -0,080) e 8“A mãe da Bia fez bem em

contar à psicóloga o que se passa em casa com a filha e deve mesmo pedir

ajuda especializada, pois o comportamento da Bia é grave” (r = -0,249) por

causa das correlações negativas com o total da História. De seguida,

analisando as correlações entre cada item e o total da História 2, observou-se

que a retirada dos itens 5 “A adolescência é uma fase complicada para pais

e filhos e estes comportamentos da Bia são formas de desafiar os pais” e 7

“Se os pais sempre habituaram Bia a ter tudo o que queria, é esperado que

ela não perceba e nem aceite que não pode ter o que quer” gerava um

aumento substancial da valor de alfa, para α= .695. Com os 8 itens,

verificaram-se coeficientes de correlação entre cada item e o total da

História 2 que variavam entre r= .257 (item 10 “O comportamento da Bia

contra os pais deve ser resultado de alguma doença mental ou de consumos

de drogas/álcool que os pais desconhecem”) e r= .510 (item 1 ”Se a Bia foi

sempre uma boa filha, este seu comportamento atual vai passar”). Ao

analisar-se a média e o desvio padrão de cada item verificou-se que o item

com um valor de média mais alto é o 6 “O comportamento da Bia é normal

na sociedade atual, quer entre os jovens, quer com os professores na

escola”(m=2,31; dp=0,739) e o item com valor de média mais baixo é o

4“Independentemente das razões da Bia, o seu comportamento é

inaceitável” (m= 1,54; dp= 0,699), significando que a maioria dos sujeitos

respondeu “discordo” ao item 6 e “discordo totalmente” ao item 4 (Ver

anexo B1 e B2).

No que respeita à História 3, depois de se proceder à inversão da

cotação dos itens 8 “Estes comportamentos do Ângelo são inaceitáveis, por

isso esta família devia pedir ajuda a algum serviço especializado” e 10“A

mãe e pai do Ângelo deviam levar o filho a consultas de

psicologia/pedopsiquiatria para ele alterar o seu comportamento, porque

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pode ser algum problema grave” obteu-se um coeficiente de alfa de .731.

Apesar disso, é visível a correlação negativa do item 5 “Na sociedade atual

as crianças estão habituadas a ser o centro das atenções e perdem o

respeito pelos mais velhos, como acontece com o Ângelo”(r= -.024) que, ao

ser retirado da história, permite aumentar o coeficiente de alfa para .764. Os

coeficientes de correlação entre cada item e o total da História 3 variam

entre r= -.024 (item 5) e r= .581 (item 9 “O Ângelo só tem 9 anos, é uma

criança, os pais não devem falar sobre estes comportamentos com pessoas

estranhas à família, pois isso pode traumatizá-lo e levá-lo a sentir que os

pais não gostam dele”). Ao analisar-se os valores da média e do desvio

padrão, é possível constatar que os itens 5 (m= 3,09; dp= 0,650) e 6 “Os pais

devem pedir à irmã que se envolva, apesar de longe, e os ajude a lidar com

Ângelo. Por exemplo, ligar com mais frequência e falar com o irmão sobre

os seus comportamentos” (m= 3,09; dp= 0,703) apresentam um valor de

média superior, significando que a maioria dos respondentes assinalou

“Concordo” nas respetivas afirmações. Por sua vez, o item 10 (m= 1,86; dp=

0,691) apresentou uma média mais baixa em comparação com os restantes

itens, indicando-nos que a maioria dos sujeitos assinalou “discordo

totalmente” na afirmação (Ver Anexo C1 e C2).

4.1.2 Análise da consistência interna do QVFP-FMR

O Questionário sobre Violência dos filhos contra os pais – Fatores

Facilitadores, de Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR) apresenta uma

boa consistência interna para cada um dos três fatores. No que respeita aos

fatores facilitadores da VFP verificou-se um α= .678, no limiar do razoável.

Avaliando a correlação de cada item com a escala total, podemos observar

que o item 3 “Pais muito autoritários e rígidos que não deixam espaço aos

filhos e os tornam revoltados” apresenta um valor baixo (r= .135) e que,

sendo retirado, o coeficiente de Cronbach aumentaria para .767, indicando

uma consistência interna razoável (Pestana e Gageiro, 2008). O item 8 “Há

pais que são emocionalmente muito dependentes dos filhos, levando a um

relacionamento entre pais e filhos tão próximo que se esquecem dos papéis,

direitos e deveres diferentes que pais e filhos têm na família” foi o mais

pontuado (m= 3,28; dp= 0,688) e o item 10 “Baixa escolaridade dos pais e

maior escolaridade dos filhos, o que dá maior poder aos filhos em relação

aos pais” o menos pontuado (m= 1,98; dp= 0,804), permitindo afirmar que a

maior parte dos sujeitos respondeu ao item 8 com “Concordo” e ao item 10

com “discordo totalmente” (Ver Anexos D1 e D2).

O conjunto dos itens relativo aos fatores de manutenção da VFP

apresenta um coeficiente de Cronbach de α= .838 indicador de uma boa

consistência interna (Pestana & Gageiro, 2008). Analisando a média e o

desvio padrão correspondente a cada item verifica-se que o valor de média

mais alto corresponde ao item 1” Não se reconhecer os comportamentos

violentos dos filhos contra os pais como um problema grave” (m= 3,35; dp=

0,569), significando que a maioria dos respondentes optou por concordar

com a afirmação (3- “Concordo”), e o mais baixo ao item 18 (m= 2,42; dp=

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0,709), que nos dá a informação de que a maior parte dos participantes

discordou com a afirmação (2- “discordo”) (Ver Anexos E1 e E2).

Os fatores de resolução da VFP apresentam um α= .917, revelando

uma consistência interna muito boa (Pestana e Gageiro, 2008). O item 6

“Desvalorização da situação por parte dos pais” foi o mais pontuado (m=

3,39; dp= 0,644) e o item 10 “Falta de confiança na eficácia dos serviços

sociais” apresenta a cotação mais baixa (m= 2,75; dp= 0,746), significando

que a maioria dos participantes respondeu ao item 6 com “Concordo” e ao

item 10 com “Discordo” (Ver Anexos F1 e F2).

4.1.3 Análise descritiva dos itens do QVFP-FMR

Ao nível das respostas aos itens de cada fator, relativamente aos

facilitadores da VPF, a maioria dos participantes assinala “discordo

totalmente” ao item 10 (n=44; 28,9%) “Baixa escolaridade dos pais e maior

escolaridade dos filhos, o que dá maior poder aos filhos em relação aos

pais”, sendo que 56 (36,8%) adolescentes indicam “concordo totalmente” ao

item 8 “Consumos de álcool ou drogas por parte dos filhos”. Relativamente

às opiniões menos extremas (“Discordo” e “Concordo”), o item que

apresenta maior número de respostas “Discordo” (n=74; 48,7%) é o 10

“Baixa escolaridade dos pais e maior escolaridade dos filhos, o que dá

maior poder aos filhos em relação aos pais”, e o item em que assinalam

com maior frequência “Concordo” (n= 107; 70,9%) é o item 1 “Exposição

dos filhos a situações de violência e conflito familiar”.

No que respeita aos fatores de manutenção, verifica-se que o item 18

(n=13; 8,6%) “Falta de confiança na eficácia dos serviços de saúde mental”

apresenta maior número de respostas “discordo totalmente”, e o item 1“Não

se reconhecer os comportamentos violentos dos filhos contra os pais como

um problema grave” (n= 60; 39,5%) maior número de adolescentes a

concordar totalmente com a afirmação, seguindo-se o item 18 “Falta de

confiança na eficácia dos serviços de saúde mental” com 67 adolescentes

(44,1%) a discordar com o mesmo e o item 19 “Os pais ficam submissos aos

comportamentos agressivos dos filhos como forma de acalmarem a

situação” com 97 (63,8%) a assinalar “concordo”.

Por último, nos fatores de resolução é possível constatar que existe um

maior número de adolescentes a “discordar totalmente” com o item 19 (n=4;

2,6%) “Trabalhar logo na escola a sensibilização para a não tolerância da

violência de filhos, mesmo crianças, contra os seus pais”, comparativamente

às respostas dadas aos restantes itens. Em relação à opção “Discordo”, o

item 10 “Melhorar as condições socioeconómicas das famílias” apresenta

maior frequência de respostas (n= 57; 37,5%). O item 18 “Criar respostas

sociais de apoio para estas situações que sejam percebidas como eficazes”

regista o maior número de participantes a assumir concordância com a

afirmação (n=110; 72,4%) e o item 6 “Sensibilizar a comunidade em geral,

e os pais em particular, para que as crianças têm o direito de ser

respeitadas e valorizadas, mas também têm o dever de respeitar e valorizar

os adultos, nomeadamente os seus pais” apresenta maior número de

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participantes a assinalar a opção “concordo totalmente” (n=71; 46,7%) (Ver

Anexos D3, E3 e F3).

4.2 Associação da desejabilidade social com as respostas ao

QRVFP-HIS

A Escala de Desejabilidade Social de Marlowe-Crowne (MCSDS;

Crowne & Marlowe, 1960; Simões, Almiro, & Sousa, 2010) obteve um

valor do coeficiente de alfa de Cronbach de 0,758 (Pestana & Gageiro, 2008)

que traduz uma consistência interna razoável. Os coeficientes de correlação

de Pearson registados entre a MCSDS e o QRVFP-HIS são de r= .057 para a

História 1, r= .037 para a História 2, r= .027 para a História 2 e r= .049 para

o total do QRVFP-HIS (Ver Anexo H2). Estes valores indicam uma

associação quase nula entre cada um dos resultados, mostrando que são

independentes e levando a considerar que os participantes não responderam

ao protocolo no sentido da desejabilidade social.

4.3 Análise da influência das respostas ao QRVFP-HIS e ao

QVFP-FMR em função do sexo, idade e nível de escolaridade

Para avaliar se existiam diferenças significativas nas respostas ao

questionário de Representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-HIS) em

função do sexo, recorreu-se ao teste t de student para amostras

independentes. Os resultados obtidos evidenciam diferenças significativas

com os adolescentes do sexo masculino a registarem resultados superiores

em relação às adolescentes nas 3 histórias e no total do QRVFP-HIS (ver

Tabela 2).

Tabela 2. Resultados do teste t para as Histórias e total do QRVFP-HIS em função do

Sexo

M (DP) t df p

Totalhistória 1 Feminino

Masculino

18,74 (3,726)

20,92 (3,856)

- 3,534 148,864 .001

Totalhistória 2 Feminino

Masculino

15,21 (2,951)

16,61 (3,576)

- 2,630 141,720 .009

Totalhistória 3 Feminino

Masculino

22,92 (3,894)

24,36 (3,805)

- 2,308 149,865 .022

TotalHistórias Feminino

Masculino

56,87 (8,597)

61,89 (9,383)

- 3,434 147,114 .001

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Com o intuito de avaliar a relação entre a idade dos adolescentes e as

respostas ao QRVFP-HIS recorreu-se ao cálculo do coeficiente de Pearson.

Verificaram-se correlações baixas negativas entre a variável idade com cada

história (História 1: r= -.193; N= 152; p= .017; História 2: r= -.147; N= 152;

p = .070; História 3: r= - .081; N = 152; p= .323) e o total de histórias (r= -

.168; N = 152; p= .038) (Ver Anexo H2).

Para avaliar a associação entre a variável nível de escolaridade,

variável ordinal, e as respostas ao QRVFP-HIS recorreu-se ao cálculo do

coeficiente de Spearman, registando-se correlações baixas negativas entre a

variável escolaridade e a História 1 (r= -.281; N = 152; p= .001),História 2

(r= -.242; N= 147; p= .003), História 3 (r= -.073; N= 147; p= .380) e entre a

escolaridade e o total do QRVFP-HIS (r= -.217; N = 147; p= .008) (Ver

Anexo H3).

Para avaliar influência da variável sexo na resposta ao questionário

sobre violência dos filhos contra os pais – Fatores Facilitadores, de

Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR) recorreu-se ao teste não

paramétrico U de Mann-Whitney para amostras independentes, uma vez que

os itens apresentam uma cotação ordinal.

Assim, verificou-se que a média de respostas das adolescentes é

estatisticamente superior à dos adolescentes do sexo masculino no item 1

“Exposição dos filhos a situações de violência e conflito familiar” (U=

2289; W= 5064; p= .009) e 12 “Sentimentos de culpa dos pais/mães por

terem pouco tempo para estar com os filhos” (U= 2149,5; W= 4924,5; p=

.003) dos fatores facilitadores e ao item 13”Manifestação de carinho e

arrependimento por parte dos filhos agressores, fora dos momentos de

violência.” (U= 2379; W= 5154; p= .035) dos fatores de manutenção da VFP

(Ver Anexo H4, H5, H6).

4.4 Análise das respostas às questões abertas

Procedendo a uma análise das respostas dos 152 adolescentes,

verificou-se que 124 (81,6%) consideraram haver VFP nas histórias,

enquanto 28 (18,4%) adolescentes referem não existir VFP em nenhuma das

histórias.

Dos que consideraram existir VFP, 72 (47,4%) adolescentes

identificaram-na em todas as histórias. A História 1 foi apontada por 39

adolescentes (25,7%), a História 2 por 8 adolescentes (5,3%) e a História 3

por 30 adolescentes (19,9%). Contudo, 29 adolescentes (18,5%) indicaram a

existência de VFP em mais do que uma história. É de referir que 32

adolescentes não responderam à questão, totalizando uma percentagem de

cerca 21,1%.

Ao ser pedido para identificar a história com VFP mais grave, 35

(23%) dos 152 adolescentes não responderam à questão. A História 1 foi

indicada por 62 adolescentes (40.8%), a História 2 por 9 (5,9%) e a História

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3 por 37 (24,4%). Por outro lado, 7 adolescentes (4,6%) referiram que todas

as histórias são graves.

Relativamente à questão “porquê?”, o abuso físico foi apontado por

34 adolescentes (23,8%), o abuso não verbal e psicológico foi destacado por

6 (4,2%) e o abuso verbal e/ou psicológico é referido por 2 adolescentes

(1,4%). Ainda como resposta a esta questão, 31 participantes (21,6%)

identificaram o fator idade como critério para a gravidade da VFP, ao

afirmarem que os protagonistas são demasiado novos para adotarem

comportamentos violentos em relação aos pais. A esta questão não

responderam 42 adolescentes (27,6%).

À questão “já ouviu falar em VFP?”, 46 adolescentes (30,3%)

responderam negativamente, enquanto que 106 adolescentes (69,7%)

responderam positivamente.

Quando questionados sobre “Onde é que ouviu falar em VFP?”, 74

adolescentes referiram ter ouvido falar na comunidade (39,4%). Dentro

desses, 46 identificaram a escola (32,7%), 21 referiram os amigos (14,4%) e

apenas 7 indicaram a família (4,9%). A comunicação social ou os media foi

referenciada por 77 adolescentes (52%). Quarenta e sete adolescentes não

responderam a esta questão (30,9%).

Quanto à possibilidade de conhecerem alguma situação de VFP, a

maioria dos respondentes assinalou “não” (n= 135; 88,8%), pelo que apenas

17 adolescentes (11,2%) responderam positivamente. Dentro destes, 6

adolescentes descrevem situações de abuso verbal e/ou psicológico (4,2%), 4

adolescentes identificam abuso não-verbal e psicológico (2,8%) e 3

adolescentes descrevem abuso financeiro (2,1%) assim como abuso físico

(2,1%), havendo 134 adolescentes que não responderam à questão (88,2%).

É de referir que 2 adolescentes, embora tivessem conhecimento de situações

de VFP, não as descreveram (1,4%).

V - Discussão

No presente capítulo será apresentada uma reflexão crítica dos

resultados obtidos, procurando interpretá-los de acordo com os

conhecimentos teóricos sobre a problemática em estudo.

O estudo das representações sociais sobre a violência filioparental

numa amostra de adolescentes da população geral tornou-se relevante por

permitir identificar as narrativas dominantes dos adolescentes sobre este

fenómeno. Assim, a presente investigação pretendeu avaliar as qualidades

psicométricas de dois instrumentos de avaliação das representações sociais

sobre a violência filioparental (QRVFP-HIS e QVFP-FMR), avaliar a

influência de variáveis sociodemográficas (sexo, idade e escolaridade) sobre

o grau de legitimação da violência por parte dos adolescentes e identificar os

fatores facilitadores, de manutenção e de resolução da VFP mais

referenciados pelos adolescentes.

Os resultados obtidos no Questionário de Representações sobre VFP –

Histórias (QRVFP-HIS) indicaram, segundo Pestana e Gageiro (2008), uma

boa consistência interna para a escala total. No entanto, analisando o

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conjunto de afirmações para cada história separadamente (10 itens),

deparamo-nos com coeficientes de alfa bastante baixos devido à existência

de itens com uma correlação com a escala total negativa, nomeadamente o

item 10 “A mãe não deve permitir estes comportamentos agressivos do

Dário em relação a si e tem de procurar ajuda.”, na História 1, os itens 4

“Independentemente das razões da Bia, o seu comportamento é

inaceitável.” e 8 “A mãe da Bia fez bem em contar à psicóloga o que se

passa em casa com a filha e deve mesmo pedir ajuda especializada, pois o

comportamento da Bia é grave”, na História 2, e, por último, os itens 8

“Estes comportamentos do Ângelo são inaceitáveis, por isso esta família

devia pedir ajuda a algum serviço especializado” e 10 “A mãe e pai do

Ângelo deviam levar o filho a consultas de psicologia/pedopsiquiatria para

ele alterar o seu comportamento, porque pode ser algum problema grave”,

na História 3. Procedeu-se à inversão dos itens com correlação negativa e na

História 2 retiraram-se dois itens, de forma a melhorar a consistência interna

de cada história, tendo-se verificado posteriormente que esse procedimento

melhorou a fiabilidade das escalas. Uma vez que a construção deste

instrumento é recente e este é o seu primeiro estudo, será importante realizar,

futuramente, mais pesquisas sobre as qualidades psicométricas do QRVFP-

HIS.

A História 1 foi a mais referenciada como traduzindo VFP e sendo

grave, pelo que a presença de abuso físico foi a justificação mais utilizada

pelos participantes. Alguns estudos realizados com adolescentes no âmbito

da perceção da violência evidenciaram uma maior tendência para a

identificação da mesma apenas em situações em que ocorriam agressões

físicas (cf. Campos & Guimarães, 2003, como citados em Guimarães &

Campos, 2007).

Relativamente ao Questionário sobre Violência dos filhos contra os

pais – Fatores Facilitadores, de Manutenção e de Resolução (QVFP-FMR)

foi possível constatar que o primeiro conjunto de afirmações, respeitante aos

fatores facilitadores da VFP, apresenta uma consistência interna no limiar do

satisfatório (Pestana & Gageiro, 2008). Ao item “Baixa escolaridade dos

pais e maior escolaridade dos filhos, o que dá maior poder aos filhos em

relação aos pais”, 118 adolescentes consideraram que a diferença de

escolaridade entre pais e filhos não deve ser considerada uma causa para a

ocorrência da violência, não existindo na literatura nenhum estudo que

reflita sobre a influência dessa variável na violência dos filhos contra os

pais. Por outro lado, os itens “Consumos de álcool ou drogas por parte dos

filhos” e “Exposição dos filhos a situações de violência e conflito familiar”

são os mais referenciados pelos participantes como fatores facilitadores da

violência. De acordo com alguns autores, o consumo de álcool ou drogas por

parte dos jovens adolescentes parece ser uma das características associadas

ao comportamento violento, embora não esteja claro até que ponto essa

relação seja diretamente associada à VFP (Cottrell & Monk, 2004; Ibabe,

Arnoso, & Elgorriaga, 2014). Por outro lado, a exposição à violência

familiar é também referenciada por diferentes autores como uma condição

de risco (Boxer, Gullan, & Mahoney, 2009; Calvete et al, 2011; Gámez-

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Guadix, & Calvete, 2012), estando associada ao processo de transmissão

intergeracional da violência, em que a exposição à violência interparental

pode explicar o comportamento agressivo dos filhos em relação aos pais

(Gámez-Guadix & Calvete, 2012; Ibabe & Jaureguizar, 2011), ao

aprenderem que a agressão pode ser usada com o propósito de atingir

determinados fins (Machado, 2010).

No que respeita aos fatores de manutenção da VFP, 80 adolescentes

discordam quanto à “Falta de confiança na eficácia dos serviços de saúde

mental”. No entanto, 60 adolescentes não têm dúvidas de que o item “Não

se reconhecer os comportamentos violentos dos filhos contra os pais como

um problema grave” é uma condição de manutenção da VFP. Uma

explicação para a dificuldade em detetar e responder adequadamente à VFP

deve-se à resistência da sociedade em atribuir a responsabilidade do

comportamento violento aos filhos menores de idade, dado o estádio de

desenvolvimento em que se encontram e, por isso, os comportamentos serem

desvalorizados e considerados transitórios (Agnew & Huguley, 1989;

Coogan, 2011). Já 97 adolescentes concordam com “Os pais ficam

submissos aos comportamentos agressivos dos filhos como forma de

acalmarem a situação”. Associado a este comportamento, está a dificuldade

que os pais apresentam em aceitar ou admitir o comportamento abusivo do

filho, por vergonha, medo ou culpa, não estando preparados para o

julgamento da sociedade quanto à sua capacidade para a parentalidade,

facilitando, por isso, a negação da presença de um problema grave na família

(Bobic, 2004; Gómez, 2012).

Nos fatores de resolução da VFP constatou-se que 57 adolescentes

discordam com o item “Melhorar as condições socioeconómicas das

famílias”. Em relação a isso, Cottrell (2001) considera que esta forma de

violência pode ocorrer em qualquer família, não estando associada a

nenhuma classe económica e origem étnica das famílias ou orientação sexual

do indivíduo. Por outro lado, 181 adolescentes concordam que “Criar

respostas sociais de apoio para estas situações que sejam percebidas como

eficazes” e “Sensibilizar a comunidade em geral, e os pais em particular,

para que as crianças tenham o direito de ser respeitadas e valorizadas, mas

também tenham o dever de respeitar e valorizar os adultos, nomeadamente

os seus pais” são condições de resolução da VFP. Atualmente, são visíveis

várias campanhas de sensibilização contra outras formas de violência

familiar (violência entre parceiros íntimos ou violência contra o idoso), mas

não para a violência filioparental, em particular. Em Portugal, desenvolveu-

se um único projeto, o projeto Daphne: Menores que agridem os pais, no

âmbito do qual foram realizadas diversas atividades de sensibilização da

população e, principalmente, de formação dos pais e técnicos que trabalham

com crianças e jovens (Alves, Froes, & Cravo, 2009).

Com a aplicação da escala de desejabilidade social de Marlowe-

Crowne, de forma a controlar o efeito da desejabilidade social nas respostas

ao protocolo, e considerando os valores de correlação com os 2 instrumentos

sobre VFP, pode-se assumir que os adolescentes não responderam ao

protocolo de acordo com o que consideram socialmente desejável, ou seja,

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terão sido honestos nas suas respostas.

Recorrendo ao teste t de student para amostras independentes

verificaram-se diferenças significativas em função do sexo dos adolescentes

na resposta ao QRVFP-HIS, tendo os rapazes pontuado resultados superiores

em relação às raparigas nas três histórias. Ou seja, estes resultados indicam

que os rapazes tendem a legitimar mais a violência nas histórias do que as

raparigas. Segundo um estudo realizado por Machado (2010), acerca das

crenças e representações sociais dos adolescentes sobre a violência

interpessoal, foi, também, possível constatar que os rapazes apresentam mais

ideias distorcidas relativamente ao fenómeno da violência interpessoal, no

sentido de maior aceitação e tolerância (Machado, 2010).

Ao avaliar-se a relação negativa e fraca entre a idade dos respondentes

e as respostas dadas ao QRVFP-HIS, esta parece indicar que não existe uma

associação entre idade e a legitimação e tolerância dos adolescentes à VFP.

Através do cálculo do coeficiente de Spearman procurou-se avaliar a

intensidade da relação entre a variável escolaridade com as respostas ao

QRVFP-HIS. Registaram-se correlações negativas e baixas entre a

escolaridade e os totais obtidos nas 3 histórias. No geral, os resultados

indicaram que um maior grau de escolaridade estará associado a uma menor

legitimação da violência, mas a expressão da relação entre ambas é baixa.

Para analisar as diferenças em função do sexo na resposta ao QVFP-

FMR recorreu-se ao teste não paramétrico U de Mann-Whitney para

amostras independentes. Verificou-se que a média de respostas das

adolescentes é significativamente mais elevada no item 1 “Exposição dos

filhos a situações de violência e conflito familiar” e 12 “Sentimentos de

culpa dos pais/mães por terem pouco tempo para estar com os filhos” dos

fatores facilitadores e no item 13 ”Manifestação de carinho e

arrependimento por parte dos filhos agressores, fora dos momentos de

violência.” dos fatores de manutenção da VFP. Assim, os resultados indicam

que as adolescentes identificam condições de risco de VFP associadas à

história de violência familiar, a caraterísticas dos pais e a caraterísticas dos

filhos.

VI - Conclusões

A presente investigação teve como objetivo principal a validação de

duas escalas de avaliação das representações sociais sobre a violência

filioparental (QRVFP-HIS e QVFP – FMR), de modo a poder-se identificar

as narrativas dominantes sobre este fenómeno numa amostra de adolescentes

da população geral.

A violência filioparental é um fenómeno complexo, multidimensional

e, tal como outras formas de violência familiar, é transversal a todo o ciclo

vital (Redondo et al, 2012). É uma problemática que carece de investigação

em Portugal, mas que atualmente tem despertado interesse pelo aumento dos

pedidos de ajuda (Estatísticas APAV, 2012) e pela mudança dos valores e

normas sociais que legitimam a violência nas relações sociais (Machado,

2010). As representações que cada indivíduo constrói para compreender e

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gerir as suas interações sociais são um importante objeto de estudo por

permitirem identificar e apreender o grau de legitimação atribuído a esta

forma particular de violência familiar (Estévez & Góngora, 2009;

Moscovici, 2003; Porto, 2006).

Os resultados do presente estudo indicam para o QRVFP-HIS total

uma boa consistência interna (Pestana & Gageiro, 2008). No entanto,

procedendo à análise das respostas para cada história em particular, observa-

se uma consistência interna apenas razoável, que implica uma posterior

revisão da escala. No QVFP-FMR a consistência interna dos fatores

facilitadores da VFP é satisfatório, mas nos restantes fatores, de manutenção

e de resolução, registou-se uma boa consistência interna.

Ao nível das diferenças individuais, os dados obtidos apontam para

diferenças em função do sexo no grau de legitimação da violência nas duas

escalas. Em relação à escolaridade e à idade, as correlações obtidas com as

respostas ao QRVFP-HIS são baixas, indicando que não há uma associação

forte destas com a legitimação da violência.

Como potencialidades da investigação destaca-se a sua contribuição

para a informação e consciencialização da problemática em estudo, ao

permitir a identificação das representações sociais e crenças dominantes que

dificultam o seu reconhecimento, compreensão e resolução, e pelo facto de

ainda ser uma problemática pouco compreendida e estudada pela

comunidade científica em Portugal. Para além disso, possibilitará uma

melhor intervenção com famílias sinalizadas com o problema e na formação

dos profissionais que lidam com estas problemáticas (Alves, Froes, & Cravo,

2009; Cottrell & Monk, 2004; Patuleia & Alberto, 2014).

No entanto, são observáveis algumas limitações. No questionário de

representações sobre VFP – Histórias (QRVFP-HIS) foram detetados alguns

itens pouco correlacionados com a escala total, pelo que tal situação pode

levantar a necessidade de proceder à reformulação dos mesmos. Para além

disso, foi referido por vários participantes, aquando do seu preenchimento,

que se tratava de um instrumento longo e exigente no que respeita à atenção,

pela apresentação de três histórias e respetivas afirmações. Outra limitação

apontada pelos respondentes é a existência de apenas quatro opções de

resposta aos itens, considerando que seria importante incluir uma opção

intermédia (por exemplo: “não concordo, nem discordo”), pela ambiguidade

sentida em alguns itens e que dificultavam a sua decisão por determinada

resposta.

Assim, tornam-se necessários novos estudos, nomeadamente ao nível

da estrutura da escala e da propriedade dos itens e no sentido de clarificar a

natureza e o papel dos questionários de VFP, enquanto área que carece de

clarificação e porque, como acontece com outras formas de violência

familiar, é provável que a violência filioparental seja mais difundida do que

aquilo que a literatura e os estudos disponíveis sugerem (Patuleia & Alberto,

2014).

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Anexos

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Anexo A – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos

itens do QRVFP-HIS: História 1

Tabela 1. Estatísticas descritivas dos itens da história 1 do QRVFP-HIS

Itens

M

DP

QRVFP-HIS11 2,06 .816

QRVFP-HIS12 2,06 .693

QRVFP-HIS13 1,68 .751

QRVFP-HIS14 2,54 .762

QRVFP-HIS15 2,99 .737

QRVFP-HIS16 1,49 .641

QRVFP-HIS17 1,72 .750

QRVFP-HIS18 1,52 .709

QRVFP-HIS19 2,28 .815

QRVFP-HIS110 1,48 .619

Tabela 2. Consistência interna da história 1 do QRVFP-HIS (análise dos itens)

Itens

rb

αa

QRVFPHIS11 .288 .722

QRVFPHIS12 .342 .711

QRVFPHIS13 .555 .676

QRVFPHIS14 .336 .713

QRVFPHIS15 .099 .748

QRVFPHIS16 .522 .686

QRVFPHIS17 .546 .677

QRVFPHIS18 .385 .704

QRVFPHIS19 .561 .673

QRVFPHIS110 .254 .723

Nota: a = se item eliminado; b = correlação item/ total

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Anexo B – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos

itens do QRVFP-HIS: História 2

Tabela 1. Estatísticas descritivas dos itens da história 2 do QRVFP-HIS

Itens

M

DP

QRVFP-HIS21 2,13 .674

QRVFP-HIS22 2,20 .800

QRVFP-HIS23 2,24 .772

QRVFP-HIS24 1,54 .699

QRVFP-HIS26 2,31 .739

QRVFP-HIS28 1,56 .678

QRVFP-HIS29 1,86 .758

QRVFP-HIS210 2,05 .770

Tabela 2. Consistência interna da história 2 do QRVFP-HIS (análise dos 8

itens)

Itens

rb

αa

QRVFPHIS21 .510 .641

QRVFPHIS22 .305 .686

QRVFPHIS23 .484 .642

QRVFPHIS24 .359 .672

QRVFPHIS26 .352 .674

QRVFPHIS28 .501 .642

QRVFPHIS29 .353 .674

QRVFPHIS210 .257 .696

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Anexo C – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos

itens do QRVFP-HIS: História 3

Tabela 1. Estatísticas descritivas dos itens da história 3 do QRVFP-HIS

Itens

M

DP

QRVFP-HIS31 2,34 .738

QRVFP-HIS32 2,43 .786

QRVFP-HIS33 2,36 .704

QRVFP-HIS34 2,38 .735

QRVFP-HIS35 3,09 .650

QRVFP-HIS36 3,09 .703

QRVFP-HIS37 1,97 .690

QRVFP-HIS38 1,99 .681

QRVFP-HIS39 2,13 .832

QRVFP-HIS310 1,86 .691

Tabela 2. Consistência interna da história 3 do QRVFP-HIS (análise dos itens)

Itens

rb

αa

QRVFPHIS31 .475 .695

QRVFPHIS32 .477 .694

QRVFPHIS33 .533 .687

QRVFPHIS34 .489 .693

QRVFPHIS35 -.024 .764

QRVFPHIS36 .122 .748

QRVFPHIS37 .413 .706

QRVFPHIS38 .510 .691

QRVFPHIS39 .581 .674

QRVFPHIS310 .325 .719

Nota. a = se item eliminado; b = correlação item/ total

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Anexo D – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos

itens do QVFP-FMR: Fatores facilitadores

Tabela 1. Estatísticas descritivas dos itens dos fatores facilitadores

Itens

M

DP

QVFP-FMR11 3,05 .626

QVFP-FMR12 3,00 .680

QVFP-FMR13 3,12 2.561

QVFP-FMR14 3,04 .605

QVFP-FMR15 2,66 .705

QVFP-FMR16 2,78 .668

QVFP-FMR17 2,90 .636

QVFP-FMR18 3,28 .688

QVFP-FMR19 2,76 .753

QVFP-FMR110 1,98 .804

QVFP-FMR111 2,92 .837

QVFP-FMR112 2,74 .757

QVFP-FMR113 3,00 .700

QVFP-FMR114 2,72 .736

QVFP-FMR115 3,10 .806

QVFP-FMR116 2,99 .747

QVFP-FMR117 2,82 .618

QVFP-FMR118 2,68 .818

QVFP-FMR119 2,95 .683

Tabela 2. Consistência interna dos fatores facilitadores (análise dos itens)

Itens

rb

αa

QVFP-FMR11 .265 .667

QVFP-FMR12 .272 .666

QVFP-FMR13 .135 .767

QVFP-FMR14 .313 .664

QVFP-FMR15 .326 .661

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QVFP-FMR16 .245 .668

QVFP-FMR17 .354 .660

QVFP-FMR18 .306 .663

QVFP-FMR19 .213 .671

QVFP-FMR110 .319 .661

QVFP-FMR111 .211 .671

QVFP-FMR112 .298 .663

QVFP-FMR113 .352 .659

QVFP-FMR114 .331 .660

QVFP-FMR115 .365 .656

QVFP-FMR116 .377 .656

QVFP-FMR117 .451 .653

QVFP-FMR118 .392 .653

QVFP-FMR119 .430 .653

Nota. a = se item eliminado; b = correlação item/ total

Tabela 3. Estatísticas descritivas dos fatores facilitadores

Discordo

totalmente

Discordo

Concordo

Concordo

totalmente

N

1. Exposição dos

filhos a situações

de violência e

conflito familiar.

n= 5

(3,3%)

n= 11

(7,3%)

n= 107

(70,9%)

n= 28

(18,5%)

151

2. Pais que são muito

permissivos e

fazem tudo para

agradar aos filhos.

n= 3

(2,0%)

n= 26

(17,1%)

n= 92

(60,5%)

n= 31

(20,4%)

152

3. Pais muito

autoritários e

rígidos que não

deixam espaço aos

filhos e os tornam

revoltados.

n= 1

(0,7%)

n= 37

(24,3%)

n= 86

(56,6%)

n= 27

(17,8%)

152

4. Pais que não

conseguem

estabelecer e exigir

rotinas e regras

bem claras na

organização

familiar.

n= 1

(0,7%)

n= 22

(14,7%)

n= 98

(65,3%)

n= 29

(19,3%)

152

5. Isolamento social

das famílias, sem

rede social de

suporte e

envolvimento na

comunidade.

n= 6

(3,9%)

n= 53

(34,9%)

n= 78

(51,3%)

n= 15

(9,9%)

152

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6. Situações de

stresse e

dificuldades

económicas das

famílias.

n= 3

(2,0%)

n= 46

(30,3%)

n= 85

(55,9%)

n= 18

(11,8%)

152

7. Atual

permissividade

social relativamente

ao que as crianças

e adolescentes

podem fazer.

n= 0 n= 40

(26,3%)

n= 89

(58,6%)

n= 23

(15,1%)

152

8. Consumos de

álcool ou drogas

por parte dos filhos.

n= 5

(3,3%)

n= 6

(3,9%)

n= 85

(55,9%)

n= 56

(36,8%)

152

9. Diferentes formas

de famílias, em que

há mães, pais,

madrastas,

padrastos,

tornando-se difícil

para os filhos saber

quem tem

autoridade sobre

eles.

n= 7

(4,6%)

n= 43

(28,5%)

n= 80

(53%)

n= 21

(13,9%)

151

10. Baixa escolaridade

dos pais e maior

escolaridade dos

filhos, o que dá

maior poder aos

filhos em relação

aos pais.

n= 44

(28,9%)

n= 74

(48,7%)

n= 28

(18,4%)

n= 6

(3,9%)

152

11. Os filhos

perceberem que

têm poder e

controlo sobre os

pais.

n= 12

(7,9%)

n= 24

(15,8%)

n= 82

(53,9%)

n= 34

(22,4%)

152

12. Sentimentos de

culpa dos

pais/mães por

terem pouco tempo

para estar com os

filhos.

n= 9

(5,9%)

n= 40

(26,3%)

n= 84

(55,3%)

n= 19

(12,5%)

152

13. Inconsistência entre

pai e mãe em

matéria de

disciplina e

supervisão: um tem

uma atitude e

exigência para com

o filho e o outro faz

exatamente o

contrário.

n= 5

(3,3%)

n= 22

(14,5%)

n= 94

(61,8%)

n= 31

(20,4%)

152

14. Baixa autoestima

por parte dos pais. n= 7

(4,6%)

n= 45

(29,8%)

n= 80

(53%)

n= 19

(12,6%)

151

15. Aceitar-se como

normal as birras e o

“mau feitio” das

crianças, sem se

travar logo quando

estes

comportamentos

aparecem na

infância.

n= 8

(5,3%)

n= 17

(11,2%)

n= 79

(52%)

n= 48

(31,6%)

152

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16. Os pais não

controlam o mau

comportamento dos

filhos com medo de

que estes deixem

de gostar deles.

n= 6

(3,9%)

n= 25

(16,4%)

n= 87

(57,2%)

n= 34

(22,4%)

152

17. Existe confusão

sobre a maneira

correta de educar

que resulta da má

interpretação da

“educação

democrática".

n= 1

(0,7%)

n= 42

(27,6%)

n= 93

(61,2%)

n= 16

(10,5%)

152

18. Há pais que são

emocionalmente

muito dependentes

dos filhos, levando

a um

relacionamento

entre pais e filhos

tão próximo que se

esquecem dos

papéis, direitos e

deveres diferentes

que pais e filhos

têm na família.

n= 10

(6,6%)

n= 52

(34,4%)

n= 65

(43%)

n= 24

(15,9%)

151

19. Busca de satisfação

imediata dos pais,

pois "educar"os

filhos implica

estabelecer limites,

e essa é uma tarefa

por vezes difícil e

desagradável.

n= 4

(2,6%)

n= 26

(17,2%)

n= 94

(62,3%)

n= 27

(17,9%)

151

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Anexo E – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos

itens do QVFP-FMR: Fatores de Manutenção

Tabela 1. Estatísticas descritivas dos itens dos fatores de Manutenção

Itens

M

DP

QVFP-FMR2 1 3,35 .569

QVFP-FMR2 2 3,28 .646

QVFP-FMR23 3,13 .629

QVFP-FMR2 4 2,66 .794

QVFP-FMR2 5 3,28 .646

QVFP-FMR2 6 3,11 .638

QVFP-FMR2 7 3,13 .611

QVFP-FMR2 8 2,81 .786

QVFP-FMR2 9 3,05 .681

QVFP-FMR2 10 2,74 .701

QVFP-FMR2 11 2,64 .782

QVFP-FMR2 12 2,85 .695

QVFP-FMR2 13 3,05 .655

QVFP-FMR2 14 2,80 .735

QVFP-FMR2 15 2,88 .770

QVFP-FMR2 16 2,83 .748

QVFP-FMR2 17 2,73 .732

QVFP-FMR2 18 2,42 .709

QVFP-FMR2 19 3,07 .644

Tabela 2. Consistência interna dos fatores de Manutenção (análise dos itens)

Itens

rb

αa

QVFP-FMR2 1 .321 .834

QVFP-FMR2 2 .483 .827

QVFP-FMR2 3 .481 .828

QVFP-FMR2 4 .344 .834

QVFP-FMR2 5 .437 .829

QVFP-FMR2 6 .488 .827

QVFP-FMR2 7 .497 .827

QVFP-FMR2 8 .421 .830

QVFP-FMR2 9 .524 .825

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QVFP-FMR2 10 .382 .832

QVFP-FMR2 11 .506 .826

QVFP-FMR2 12 .477 .827

QVFP-FMR2 13 .355 .833

QVFP-FMR2 14 .482 .827

QVFP-FMR2 15 .298 .837

QVFP-FMR2 16 .503 .826

QVFP-FMR2 17 .333 .834

QVFP-FMR2 18 .313 .835

QVFP-FMR2 19 .416 .830

Nota. a = se item eliminado; b = correlação item/ total

Tabela 3. Estatísticas descritivas dos fatores de manutenção

Discordo

totalmente

Discordo

Concordo

Concordo

totalmente

N

1. Não se reconhecer os

comportamentos

violentos dos filhos

contra os pais como

um problema grave

n= 0

n= 8

(5,3%)

n= 84

(55,3%)

n= 60

(39,5%)

152

2. Os pais terem

vergonha em relação

à situação e por isso

manterem-na em

segredo.

n= 1

(0,7%)

n= 14

(9,2%)

n= 79

(52%)

n= 58

(38,2%)

152

3. Os pais sentirem-se

incompetentes por não

conseguirem resolver

a situação.

n= 1

(0,7%)

n= 19

(12,5%)

n= 92

(60,5%)

n=40

(26,3%)

152

4. Ausência de

respostas/serviços que

possam dar resposta

aos pedidos de ajuda.

n= 10

(6,6%)

n= 51

(33,8%)

n= 70

(46,4%)

n= 20

(13,2%)

151

5. Os filhos perceberem o

domínio que têm sobre

os pais e aumentarem

as ameaças e

agressões para

manterem esse poder

e conseguirem o que

querem.

n= 2

(1,3%)

n= 13

(8,6%)

n= 79

(52%)

n=58

(38,2%)

152

6. Desvalorização da

situação por parte dos

pais.

n= 1

(0,7%)

n= 21

(13,8%)

n= 91

(59,9%)

n= 39

(25,7%)

152

7. Os pais não

denunciarem a

situação por medo do

que possa acontecer

aos filhos, por

exemplo, serem

institucionalizados.

n= 1

(0,7%)

n= 16

(10,5%)

n= 95

(62,5%)

n= 40

(26,3%)

152

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8. A comunidade ainda

não reconhecer e não

valorizar este tipo de

violência.

n= 8

(5,3%)

n= 40

(26,3%)

n= 78

(51,3%)

n= 26

(17,1%)

152

9. Falta de

conhecimentos dos

pais sobre como e a

quem pedir ajuda.

n= 2

(1,3%)

n= 25

(16,4%)

n= 88

(57,9%)

n= 37

(24,3%)

152

10. Falta de confiança na

eficácia dos serviços

sociais.

n= 5

(3,3%)

n= 47

(30,9%)

n= 83

(54,6%)

n= 17

(11,2%)

152

11. Medo, por parte dos

pais, de que os

profissionais e

comunidade não

acreditem neles e

desvalorizem a sua

situação.

n= 10

(6,6%)

n= 53

(35,1%)

n= 70

(46,4%)

n= 18

(11,9%)

151

12. Desconhecimento dos

pais, enquanto vítimas

de violência por parte

dos filhos,

relativamente aos seus

direitos.

n= 4

(2,6%)

n= 37

(24,5%)

n= 87

(57,6%)

n= 23

(15,2%)

151

13. Manifestação de

carinho e

arrependimento por

parte dos filhos

agressores, fora dos

momentos de

violência.

n= 1

(0,7%)

n= 27

(17,8%)

n= 89

(58,6%)

n= 35

(23,0%)

152

14. Falta de confiança na

eficácia da justiça. n= 5

(3,3%)

n= 43

(28,3%)

n= 81

(53,3%)

n= 23

(15,1%)

152

15. Medo por parte dos

pais de que a restante

família os culpe e

rejeite por terem feito

denúncia.

n= 8

(5,3%)

n= 31

(20,4%)

n= 84

(55,3%)

n= 29

(19,1%)

152

16. Doença mental e/ou

física do pai/mãe

vítima da violência por

parte do filho.

n= 5

(3,3%)

n= 43

(28,3%)

n= 78

(51,3%)

n= 26

(17,1%)

152

17. Os pais implicam com

os filhos ou falam com

eles de forma

agressiva, originando

os comportamentos

violentos nos filhos.

n= 7

(4,6%)

n= 44

(28,9%)

n= 83

(54,6%)

n= 18

(11,8%)

152

18. Falta de confiança na

eficácia dos serviços

de saúde mental.

n= 13

(8,6%)

n= 67

(44,1%)

n= 66

(43,4%)

n= 6

(3,9%)

152

19. Os pais ficam

submissos aos

comportamentos

agressivos dos filhos

como forma de

acalmarem a situação.

n= 3

(2,0%)

n= 18

(11,8%)

n= 97

(63,8%)

n= 34

(22,4%)

152

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Anexo F – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos

itens do QVFP-FMR: Fatores de Resolução

Tabela 1. Estatísticas descritivas dos itens dos fatores de Resolução

Itens

M

DP

QVFP-FMR3 1 3,26 .585

QVFP-FMR3 2 3,29 .609

QVFP-FMR3 3 3,30 .602

QVFP-FMR3 4 3,01 .675

QVFP-FMR3 5 3,33 .621

QVFP-FMR3 6 3,39 .644

QVFP-FMR3 7 3,16 .625

QVFP-FMR3 8 3,16 .660

QVFP-FMR3 9 3,04 .659

QVFP-FMR3 10 2,75 .746

QVFP-FMR3 11 3,32 .630

QVFP-FMR3 12 3,06 .597

QVFP-FMR3 13 3,18 .667

QVFP-FMR3 14 3,03 .617

QVFP-FMR3 15 3,18 .719

QVFP-FMR3 16 3,21 .598

QVFP-FMR3 17 3,20 .547

QVFP-FMR3 18 3,16 .496

QVFP-FMR3 19 3,23 .720

Tabela 2. Consistência interna dos fatores de resolução (análise dos itens)

Itens

rb

αa

QVFP-FMR3 1 .629 .912

QVFP-FMR3 2 .597 .913

QVFP-FMR3 3 .611 .912

QVFP-FMR3 4 .517 .915

QVFP-FMR3 5 .655 .911

QVFP-FMR3 6 .647 .911

QVFP-FMR3 7 .687 .911

QVFP-FMR3 8 .632 .912

QVFP-FMR3 9 .487 .915

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QVFP-FMR3 10 .376 .919

QVFP-FMR3 11 .598 .913

QVFP-FMR3 12 .595 .913

QVFP-FMR3 13 .590 .913

QVFP-FMR3 14 .568 .913

QVFP-FMR3 15 .486 .916

QVFP-FMR3 16 .585 .913

QVFP-FMR3 17 .662 .912

QVFP-FMR3 18 .584 .913

QVFP-FMR319 .638 .912

Nota. a = se item eliminado; b = correlação item/ total

Tabela 3. Estatísticas descritivas dos fatores de resolução

Discordo

totalmente

Discordo

Concordo

Concordo

totalmente

N

1. Consciencializar e

sensibilizar a

comunidade para a

existência de

violência

filioparental e para

a sua gravidade e

imoralidade.

n= 0

n= 13

(8,6%)

n= 89

(58,6%) n= 50

(32,9%)

152

2. Maior divulgação

sobre esta

problemática para

que os pais vítimas

de violência

filioparental não se

considerem caso

único e procurem

ajuda.

n= 1

(0,7%)

n= 9

(5,9%)

n= 86

(56,6%) n= 56

(36,8%)

152

3. Dar formação aos

profissionais da

educação, saúde,

serviço social,

justiça e forças

policiais para

identificarem as

situações de

violência

filioparental e

saberem orientar

para as entidades

competentes na

temática.

n= 1

(0,7%)

n= 8

(5,4%)

n= 85

(57,0%) n= 55

(36,9%)

149

4. Reduzir o stresse a

que as pessoas

estão cada vez

mais expostas.

n= 1

(0,7%)

n= 32

(21,1%)

n= 86

(56,6%) n= 33

(21,7%)

152

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5. Criar programas de

apoio aos pais, com

o objetivo de

desenvolver

competências e

estratégias para

lidar com as

situações de

violência por parte

dos filhos.

n= 1

(0,7%)

n= 10

(6,6%)

n= 80

(52,6%) n= 61

(40,1%)

152

6. Sensibilizar a

comunidade em

geral, e os pais em

particular, para que

as crianças têm o

direito de ser

respeitadas e

valorizadas, mas

também têm o

dever de respeitar e

valorizar os adultos,

nomeadamente os

seus pais.

n= 2

(1,3%)

n= 8

(5,3%)

n= 71

(46,7%) n= 71

(46,7%)

152

7. Proporcionar uma

intervenção social e

terapêutica

especializada em

violência

filioparental com

filhos e pais.

n= 1

(0,7%)

n= 17

(11,3%)

n= 91

(60,7%) n= 41

(27,3%)

150

8. Estimular a

denúncia das

situações de

violência

filioparental.

n= 2

(1,3%)

n= 16

(10,6%)

n= 88

(58,3%) n= 45

(29,8%)

151

9. Restabelecer, ao

nível das

referências

culturais, uma

hierarquia que

defina a autoridade

dos pais na

definição das

regras, limites, dos

comportamentos

aceitáveis, da

supervisão,

articulando esta

função “educativa”

com o papel de

suporte e afeto

positivo.

n= 1

(0,7%)

n= 26

(17,2%)

n= 90

(59,6%) n= 34

(22,5%)

151

10. Melhorar as

condições

socioeconómicas

das famílias.

n= 3

(2,0%)

n= 57

(37,5%)

n= 68

(44,7%) n= 24

(15,8%)

152

11. Sensibilizar a

comunidade em

geral, e os pais em

particular, para que

as crianças não

ficam traumatizadas

quando

contrariadas e que

desde pequeninos

n= 1

(0,7%)

n= 11

(7,2%)

n= 78

(51,3%) n= 62

(40,8%)

152

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Violência Filioparental numa amostra de adolescentes Mariana Sofia Ferreira Simões (e-mail: [email protected]) 2014-2015

os filhos devem

saber que há limites

e regras

fundamentais

12. Ter estratégias

concertadas de

intervenção entre

os serviços de

intervenção social,

clínica e os

tribunais.

n= 0

n= 23

(15,1%)

n= 98

(64,5%) n= 31

(20,4%)

152

13. Tratar

psiquiatricamente

os filhos

agressores.

n= 2

(1,3%)

n= 17

(11,2%)

n= 87

(57,2%) n= 46

(30,3%)

152

14. Dar um

enquadramento

legal específico

para as situações

de VFP.

n= 2

(1,3%)

n= 20

(13,2%)

n= 100

(66,2%) n= 29

(19,2%)

151

15. Quando necessário,

proteger os pais,

institucionalizando

os filhos

agressores.

n= 2

(1,3%)

n= 21

(13,8%)

n= 76

(50,0%) n= 53

(34,9%)

152

16. Tornar os

procedimentos e as

respostas de apoio

em situações de

violência

filioparental mais

rápidos e menos

dolorosos para

filhos/agressores e

pais/vítimas.

n= 1

(0,7%)

n= 12

(7,9%)

n= 95

(62,5%) n= 44

(28,9%)

152

17. A justiça adotar

respostas rápidas e

articuladas com a

intervenção social e

clínica.

n=0 n= 10

(6,6%)

n= 101

(66,9%) n= 40

(26,5%)

151

18. Criar respostas

sociais de apoio

para estas

situações que

sejam percebidas

como eficazes.

n= 0

n= 9

(5,9%)

n= 110

(72,4%) n= 33

(21,7%)

152

19. Trabalhar logo na

escola a

sensibilização para

a não tolerância da

violência de filhos,

mesmo crianças,

contra os seus pais.

n= 4

(2,6%)

n= 14

(9,3%)

n= 78

(51,7%)

n= 55 (36,4%)

151

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Anexo G – Características psicométricas e Estatísticas descritivas dos

itens da MCSDS

Tabela 1. Estatísticas descritivas dos itens da MCSDS

Itens

M

DP

1 .78 .412

2 .76 .426

3 .35 .480

4 .26 .438

5 .24 .430

6 .19 .397

7 .81 .397

8 .75 .435

9 .72 .449

10 .40 .491

11 .51 .502

12 .55 .499

13 .63 .486

14 .67 .471

15 .73 .446

16 .65 .478

17 .72 .449

18 .43 .497

19 .59 .493

20 .79 .408

21 .37 .484

22 .33 .473

23 .24 .430

24 .93 .255

25 .89 .315

26 .63 .484

27 .35 .478

28 .47 .501

29 .42 .496

30 .71 .456

31 .42 .495

32 .61 .489

33 .57 .497

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Tabela 2. Consistência interna da MCSDS (análise dos itens)

Itens

rb

αa

1 .185 .756

2 .293 .751

3 .240 .753

4 .162 .757

5 .185 .756

6 .223 .754

7 .059 .761

8 .337 .748

9 .385 .746

10 .222 .754

11 .380 .745

12 .395 .745

13 .350 .747

14 .163 .757

15 .412 .744

16 .428 .743

17 .233 .753

18 .064 .763

19 .274 .751

20 .265 .752

21 .282 .751

22 .419 .744

23 .346 .748

24 .177 .756

25 .028 .761

26 .311 .749

27 .115 .760

28 .310 .749

29 .268 .752

30 .217 .754

31 .139 .759

32 .162 .757

33 .343 .747

Nota. a = se item eliminado; b = correlação item/total

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Anexo H – Resultados dos testes t de student, pearson, spearman’s e Mann

Whitney na resposta ao QRVFP-HIS e ao QVFP-FMR em função do sexo,

idade e nível de escolaridade

Tabela 1. Resultados do teste t para as Histórias e total do QRVFP-HIS em

função do Sexo

Tabela 2. Resultados do teste de Pearson para as Histórias e total do QRVFP-

HIS em função da idade e desejabilidade social

Idade Total

desejabilidade Total

história 1 Total

história 2 Total

história 3 Total

histórias

Idade Pearson p (sig.) N

1

152

-.087 .299 144

-.193*

.017 152

-.147 .070 152

-.081 .323 152

-.168*

.038 152

Total desejabilidade

Pearson p (sig.) N

-.087 .299 144

1

144

.057

.498 144

.037

.659 144

.027

.744 144

.049

.561 144

Total história 1 Pearson p (sig.) N

-.193*

.017 152

.057

.498 144

1

152

.668**

.000 152

.441**

.000 152

.847**

.000 152

Total história 2 Pearson p (sig.) N

-.147 .070 152

.037

.659 144

.668**

.000 152

1

152

.526**

.000 152

.861**

.000 152

Total história 3 Pearson p (sig.) N

-.081 .323 152

.027

.744 144

.441**

.000 152

.526**

.000 152

1

152

.795**

.000 152

Total histórias Pearson p (sig.) N

-.168*

.038 152

.049

.561 144

.847**

.000 152

.861**

.000 152

.795**

.000 152

1

152

*correlação é significativa ao nível 0,05 **correlação é significativa ao nível 0.01

M (DP) t df p

Totalhistória 1 Feminino

Masculino

18,74 (3,726)

20,92 (3,856)

- 3,534 148,864 .001

Totalhistória 2 Feminino

Masculino

15,21 (2,951)

16,61 (3,576)

- 2,630 141,720 .009

Totalhistória 3 Feminino

Masculino

22,92 (3,894)

24,36 (3,805)

- 2,308 149,865 .022

TotalHistórias Feminino

Masculino

56,87 (8,597)

61,89 (9,383)

- 3,434 147,114 .001

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Tabela 3. Resultados do teste de Spearman’s para as Histórias e total do

QRVFP-HIS em função da escolaridade

Total

história 1 Total

história 2

Total história 3

Total histórias

Escolaridade

Total história 1 Spearman’s rho p (sig.) N

1,000

152

-.614**

.000 152

.459**

.000 152

.825**

.000 152

-.281**

.001 152

Total história 2

Spearman’s rho p (sig.) N

-.614**

.000 152

1,000

152

.535**

.000 152

.830**

.000 152

-.242**

.003 147

Total história 3 Spearman’s rho p (sig.) N

.459**

.000 152

.535**

.000 152

1,000

152

.806**

.000 152

-.073 .380 147

Total histórias Spearman’s rho p (sig.) N

.825**

.000 152

.830**

.000 152

.806**

.000 152

1,000

152

-.217**

.008 147

Escolaridade Spearman’s rho p (sig.) N

-.281**

.001 152

-.242**

.003 147

-.073 .380 147

-.217**

.008 147

1

147

**correlação é significativa ao nível 0.01

Tabela 4. Resultados do teste de Mann Whitney e Wilcoxon para o QVFP-FMR:

fatores facilitadores em função do sexo

M

Mann-Whitney

U

Wilcoxon

W

p

QVFP-FMR11 Feminino

Masculino

83,27

68,43

2289,000 5064,000 .009

QVFP-FMR12 Feminino

Masculino

78,88

73,99

2700,000

5475,000 .433

QVFP-FMR13 Feminino

Masculino

76,66

76,33

2873,500 5648,500 .959

QVFP-FMR14 Feminino

Masculino

73,92

77,17

2691,500 5691,500 .586

QVFP-FMR15 Feminino

Masculino

75,26

77,80

2789,500 5870,500 .695

QVFP-FMR16 Feminino

Masculino

76,63

76,36

2875,500 5650,500 .965

QVFP-FMR17 Feminino

Masculino

77,79

75,14

2785,000 5560,000 .673

QVFP-FMR18 Feminino

Masculino

77,17

75,80

2834,000 5609,000 .828

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QVFP-FMR19 Feminino

Masculino

74,71

77,34

2749,500 5752,500 .684

QVFP-FMR110 Feminino

Masculino

73,14

80,04

2624,000 5705,000 .296

QVFP-FMR111 Feminino

Masculino

79,54

73,30

2649,000 5424,000 .337

QVFP-FMR112 Feminino

Masculino

85,94

66,55

2149,500 4924,500 .003

QVFP-FMR113 Feminino

Masculino

75,76

77,28

2828,500 5909,500 .807

QVFP-FMR114 Feminino

Masculino

77,35

74,56

2742,000 5443,000 .666

QVFP-FMR115 Feminino

Masculino

80,31

72,49

2589,000 5364,000 .229

QVFP-FMR116 Feminino

Masculino

77,40

75,55

2816,000 5591,000 .773

QVFP-FMR117 Feminino

Masculino

76,61

76,39

2877,500 5652,500 .971

QVFP-FMR118 Feminino

Masculino

76,72

75,25

2793,500 5568,500 .825

QVFP-FMR119 Feminino

Masculino

74,71

77,38

2746,500 5827,500 .665

Tabela 5. Resultados do teste de Mann Whitney e Wilcoxon para o QVFP-FMR:

fatores de manutenção em função do sexo

M

Mann-Whitney

U

Wilcoxon

W

p

QVFP-FMR21 Feminino

Masculino

77,60

75,34

2800,000 5575,000 .718

QVFP-FMR22 Feminino

Masculino

77,77

75,16

2787,000 5562,000 .684

QVFP-FMR23 Feminino

Masculino

78,13

74,78

2758,500 5533,500 .589

QVFP-FMR24 Feminino

Masculino

75,12

76,95

2778,000 5859,000 .782

QVFP-FMR25 Feminino

Masculino

74,87

78,22

2759,000 5840,000 .601

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QVFP-FMR26 Feminino

Masculino

78,92

73,95

2697,000 5472,000 .796

QVFP-FMR27 Feminino

Masculino

78,90

73,97

2698,500 5473,500 .421

QVFP-FMR28 Feminino

Masculino

77,63

75,31

2798,000 5573,000 .724

QVFP-FMR29 Feminino

Masculino

77,21

75,75

2830,500 5605,500 .818

QVFP-FMR210 Feminino

Masculino

77,88

75,04

2778,000 5553,000 .657

QVFP-FMR211 Feminino

Masculino

79,46

72,31

2577,500 5278,500 .278

QVFP-FMR212 Feminino

Masculino

77,20

74,75

2756,500 5531,500 .699

QVFP-FMR213 Feminino

Masculino

83,00

69,65

2379,000 5154,000 .035

QVFP-FMR214 Feminino

Masculino

79,69

73,14

2637,000 5412,000 .312

QVFP-FMR215 Feminino

Masculino

80,06

72,75

2608,500 5383,500 .257

QVFP-FMR216 Feminino

Masculino

78,99

73,87

2691,500 5466,500 .433

QVFP-FMR217 Feminino

Masculino

74,56

78,54

2735,000 5816,000 .537

QVFP-FMR218 Feminino

Masculino

79,07

73,79

2685,500 5460,500 .418

QVFP-FMR219 Feminino

Masculino

75,83

77,21

2833,500 5914,500 .820

Tabela 6. Resultados do teste de Mann Whitney e Wilcoxon para o QVFP-FMR:

fatores de resolução em função do sexo

M

Mann-Whitney

U

Wilcoxon

W

P

QVFP-FMR31 Feminino

Masculino

78,31

74,59

2744,500 5519,500 -.597

QVFP-FMR32 Feminino

Masculino

75,27

77,80

2790,000 5871,000 .686

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QVFP-FMR33 Feminino

Masculino

74,97

75,03

2772,000 5698,000 .993

QVFP-FMR34 Feminino

Masculino

74,33

78,79

2716,500 5797,500 .485

QVFP-FMR35 Feminino

Masculino

76,89

76,09

2855,500 5630,000 .899

QVFP-FMR36 Feminino

Masculino

76,28

76,74

2868,500 5949,500 .942

QVFP-FMR37 Feminino

Masculino

79,87

71,01

2480,000 5255,000 .151

QVFP-FMR38 Feminino

Masculino

75,51

76,53

2808,500 5889,500 .871

QVFP-FMR39 Feminino

Masculino

77,78

74,15

2712,000 5487,000 .562

QVFP-FMR310 Feminino

Masculino

72,35

80,87

2562,500 5643,500 .197

QVFP-FMR311 Feminino

Masculino

77,62

75,32

2799,000 5574,000 .719

QVFP-FMR312 Feminino

Masculino

78,75

74,13

2710,500 5485,500 .446

QVFP-FMR313 Feminino

Masculino

80,19

72,61

2598,000 5373,000 .230

QVFP-FMR314 Feminino

Masculino

76,29

75,50

2826,500 5601,500 .920

QVFP-FMR315 Feminino

Masculino

74,77

78,32

2751,000 5832,000 .585

QVFP-FMR316 Feminino

Masculino

81,63

71,09

2486,000 5261,000 .085

QVFP-FMR317 Feminino

Masculino

79,13

72,65

2602,500 5303,500 .270

QVFP-FMR318 Feminino

Masculino

79,63

73,20

2642,000 5417,000 .250

QVFP-FMR319 Feminino

Masculino

80,01

71,83

2540,500 5315,500 .203