UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP SARAH DOURADO … · Resumo ... vegetação nativa, e valorizando...

61
UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP SARAH DOURADO GOMES LOPES ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ENTORNO DO PARQUE DAS NAÇÕES INDÍGENAS EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL. CAMPO GRANDE – MS 2016

Transcript of UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP SARAH DOURADO … · Resumo ... vegetação nativa, e valorizando...

UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

SARAH DOURADO GOMES LOPES

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ENTORNO DO PARQUE

DAS NAÇÕES INDÍGENAS EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL.

CAMPO GRANDE – MS

2016

2

SARAH DOURADO GOMES LOPES

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NO ENTORNO DO PARQUE

DAS NAÇÕES INDÍGENAS EM CAMPO GRANDE, MATO GROSSO DO SUL.

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-graduação em Meio Ambiente e

Desenvolvimento Regional da

Universidade Anhanguera - Uniderp,

como parte dos requisitos para a

obtenção do título de Mestre em Meio

Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Orientação ou Comitê de Orientação:

Profa. Dra. Rosemary Matias

Prof. Dr. Sandino Hoff

CAMPO GRANDE – MS

2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera-Uniderp

Lopes, Sarah Dourado Gomes.

Análise do uso e ocupação do solo no entorno do Parque das

Nações Indígenas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul / Sarah

Dourado Gomes Lopes. -- Campo Grande, 2016.

60f. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera-Uniderp,

2016.

“Orientação: Profa. Dra. Rosemary Matias. ”

1. Planejamento do ambiente urbano. 2. Parques urbanos. 3. Uso e

ocupação do solo. 4. Análise multitemporal – Parque das Nações

Indígenas, Campo Grande, MS. 5. Expansão urbana. I. Título.

CDD 21.ed. 711.40981

712.5

L855a

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus por ter me concedido esta

oportunidade.

Agradeço ao meu esposo Fábio Benites Lopes, por ter sido meu

companheiro em todos os momentos, sempre me apoiando e incentivando em

tudo.

Aos meus filhos Gabriel e Daniel por terem sido compreensivos nos

momentos em que tive que ser ausente e ocupada.

À minha mãe, Sulamita Ajala Dourado, pelos momentos em que apoiou

e ajudou ficando com meus filhos para que eu pudesse estudar.

Ao meu pai, Antônio Machado Gomes por ter me incentivado a crescer

profissionalmente e por ter me dado uma boa base nos estudos, com muito

suor e sacrifício.

À minha orientadora, professora Rosemary Matias, por ter sido sempre

muito gentil, prestativa e amiga, ela foi muito mais que uma orientadora.

Ao meu co-orientador, professor Sandino Hoff, por ter sido quem me

ajudou, com meu primeiro projeto, ao passar pelo processo seletivo.

Ao Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento

Regional.

Aos professores do programa, por terem contribuído para meu

crescimento profissional e pessoal.

Ao Coordenador do curso, professor Silvio Favero.

Aos meus colegas de curso, pela companhia e amizade, tanto as da

minha turma quanto aos demais com os quais tive oportunidade de conviver.

À Aline, secretária do curso, sempre muito gentil e prestativa.

Agradeço especialmente a CAPES pela bolsa de estudos e pela

oportunidade de obter título de Mestre.

Dedico este trabalho à minha família.

5

SUMÁRIO

1. Resumo Geral ....................................................................................... 6

2. General Summary ................................................................................. 7

3. Introdução Geral ................................................................................... 8

4. Revisão de Literatura ......................................................................... 10

4.1. Parques Urbanos .......................................................................... 10

4.2. O Parque das Nações Indígenas em Campo Grande - MS ........... 14

4.3. Gestão Ambiental no Plano Urbano ................................................ 19

4.4. Bacias Hidrográficas no Ambiente Urbano ..................................... 24

4.5. Análises das Mudanças na Paisagem Urbana ............................. 27

5. Referências Bibliográficas ................................................................ 30

6. Artigos .............................................................................................. 38

Artigo I - A urbanização no entorno do Parque das Nações Indígenas

em Campo Grande, Mato Grosso do Sul: Uma análise multitemporal

dos períodos de 1995, 2005 e 2015 ...................................................... 38

Resumo ................................................................................................ 38

Abstract .................................................................................................. 39

Introdução .............................................................................................. 39

Material e Métodos ............................................................................... 41

Resultados e Discussão ......................................................................... 45

Conclusão .............................................................................................. 55

7. Referências Bibliográficas ................................................................ 56

8. Conclusão Geral ............................................................................... 60

6

1. Resumo Geral

Os parques urbanos cumprem um papel fundamental no ambiente

urbano, pois implicam em melhoria na qualidade de vida da população,

minimizam a degradação ambiental, favorecem ao conforto térmico, além de

oferecer um local para lazer, recreação, práticas de esporte e de exercícios

físicos, contemplação, contato com a natureza e de ser utilizado como espaços

culturais e educacionais. O objeto deste estudo é o Parque das Nações

Indígenas (PNI), localizado no município de Campo Grande – Mato Grosso do

Sul, e está inserido na linha de pesquisa Sociedade, Ambiente e

Desenvolvimento Regional Sustentável. O Objetivo desta pesquisa é realizar a

análise do uso e ocupação do solo no entorno do Parque das Nações

Indígenas, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, nos anos de 1995, 2005 e

2015. Os objetivos específicos são: realizar um levantamento de dados sobre

parques urbanos, descrevendo a estrutura e o contexto destes na paisagem

urbana; compreender a evolução da paisagem no entorno do Parque das

Nações Indígenas, em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, nos anos de 1995,

2005 e 2015 mediante análise multitemporal e avaliar os impactos sociais,

econômicos e ambientais relacionados à ocupação e uso do solo no entorno do

PNI. Para a análise multitemporal da dinâmica do crescimento da região do

Parque das Nações Indígenas (PNI) nos anos de 1995, 2005 e 2015, utilizou-

se os SIG’s ArcGis 10 e Spring 5.2.6 para o geoprocessamento e as imagens

de satélite LandsatTM8 em ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica).

As imagens foram analisadas comparativamente nas diferentes épocas com a

finalidade de levantar e apontar as alterações ocorridas no uso e ocupação do

solo no entorno do PNI. Com esta pesquisa foi possível verificar que houve

alteração da paisagem nos bairros circunvizinhos ao PNI ao longo de duas

décadas, com aumento da área urbanizada e diminuição da cobertura vegetal.

Outro ponto destacado na pesquisa foi a valorização imobiliária que ocorreu

nos bairros pesquisados ao longo do período estudado.

Palavras-chave: Parques Urbanos, Paisagem e Expansão Urbana, Análise

Multitemporal.

7

2. General Summary

Urban parks take fundamental purpose in the metropolitan environment

because they imply improvement in the population's quality of life, minimize

environmental degradation, promote thermal comfort, and provides a place for

leisure, recreation, sports practices and physical exercises, contemplation,

contact with nature and cultural and educational activities. The object of this

study is the Parque das Nações Indígenas (PNI), located in Campo Grande -

Mato Grosso do Sul, and it is inserted in the line of research Society,

Environment and Sustainable Regional Development. The objective of this

research is to perform the analysis of the use and occupation of land in the

surrounding of Parque das Nações Indígenas, in Campo Grande, Mato Grosso

do Sul, in 1995, 2005 and 2015. The specific objectives are: to perform a data

collection on urban parks, describing the structure and context of these in the

urban landscape; understand the evolution of the landscape surrounding the

Parque das Nações Indígenas, in Campo Grande, Mato Grosso do Sul, in 1995,

2005 and 2015 by multi-temporal analysis and assess the social, economic and

environmental impacts related to the occupation and land use in surrounding of

PNI. For multi-temporal analysis of the dynamics of growth of the Indigenous

Nations Park region (PNI) in 1995, 2005 and 2015, we used the GIS ArcGIS 10

and Spring 5.2.6 for GIS and satellite images LandsatTM8 environment GIS

(Geographic Information System). The images were analyzed comparatively in

different times in order to survey and point out the changes in the land use and

occupation around the PNI. With this research we found that there was a

change of scenery in the surrounding neighborhoods PNI over two decades,

with increasing urbanized area and decreased vegetation cover. Another point

highlighted in the research was the real estate appreciation that occurred in the

districts surveyed during the studied period.

Keywords: Urban Parks, Urban Landscape, Urban Expansion and Multi-

temporal Analysis.

8

3. Introdução Geral

A população urbana no Brasil tem crescido de forma acelerada nas

últimas décadas. Dados do IBGE apontam que na década de 1970 a população

urbana no país representava um total de 55,9%, e que em 2013 este

percentual foi para 84,8% (IBGE, 2007; 2014). Em decorrência do aumento da

malha urbana, e devido às ações antrópicas, os recursos hídricos urbanos têm

se tornado cada vez mais assoreados, poluídos e contaminados, acarretando

impacto ambiental (BASEGGIO et al., 2006).

A urbanização vem gerando modificações na paisagem das cidades,

devido ao processo de uso e ocupação do solo, e substituição das áreas de

cobertura vegetal (COELHO et al., 2014). Por paisagem urbana tem-se um

conceito amplo, que se refere principalmente aos aspectos morfológicos de

qualquer cidade. É formada por vias, limites, bairros, cruzamentos, área verde,

relevo, clima, a presença de imobiliário urbano (casas, prédios, shopping

centers, igrejas, indústrias), parques, praças, rios, árvores, lixo, pontes, enfim,

da sociedade (BARBOSA e JÚNIOR, 2009; AMADEI et al., 2011).

Dentro do conceito de paisagem urbana, os parques urbanos exercem

papel fundamental, integrando os elementos ambientais necessários ao

aumento da qualidade de vida dos citadinos, e à busca da diminuição da

degradação ambiental (COSTA e COLESANTI, 2011). Parques urbanos são

espaços públicos com função predominante de recreação, em geral

apresentando componentes da paisagem natural, vegetação, elemento

aquático, como também edificações destinadas a atividades recreativas e

culturais (BOVO e AMORIM, 2011).

No Brasil os parques urbanos foram criados para suprir os anseios das

elites emergentes que procuravam construir um cenário semelhante aos

modelos ingleses e franceses. Tiveram início no Rio de Janeiro, primeiramente

com a fundação do Jardim Botânico, em 1808, pelo príncipe-regente dom João

de Bragança e, posteriormente, foi transformado em um parque público,

mantendo em sua estrutura as características dos jardins (BOVO e CONRADO,

2012).

Tanto a estrutura, quanto as funções dos parques no Brasil sofreram

mudanças e foram adequando-se à sociedade de cada época. No decorrer dos

anos de 1980, sofreram grandes transformações em seus projetos

9

paisagísticos, baseados em conceitos ecológicos, priorizando a preservação da

vegetação nativa, e valorizando paisagens naturais e espaços de

contemplação, integrando os espaços verdes no contexto das cidades,

principalmente nas capitais (SCALIZE, 2002; MACEDO e SAKATA, 2003).

Campo Grande, capital do Estado de Mato Grosso do Sul, destaca-se

por sua extensa área verde (SILVA e NUNES, 2009), distribuída em parques,

praças e jardins. Dos parques existentes na cidade destaca-se o Parque das

Nações Indígenas (PNI), por sua extensão, beleza e por apresentar-se como

um local de contemplação, lazer e prática de exercícios físicos. É um parque

público, administrado pelo Governo do Estado de MS, e é considerado um dos

pontos turísticos da capital.

Antes da implantação do PNI (1993), na mesma região, surgiu o primeiro

shopping da cidade (1989), que configurou-se em um fator decisivo para o

crescimento do setor leste (MASSON et al., 2014) que abriga o Parque dos

Poderes, Centro político-administrativo do Governo de Mato Grosso do Sul

onde reúne as sedes do Poder Executivo, Legislativo e Judiciário, e está

integrado ao Parque Estadual do Prosa, uma Unidade de Conservação, na qual

se podem encontrar plantas e animais silvestres da região.

Se por um lado o PNI proporcionou uma área de lazer, recreação e

contemplação, por outro lado impulsionou o crescimento urbano em sua volta,

resultando em mudanças na paisagem, e tem sido alvo de especulação

imobiliária. A construção de parques gera valorização dos loteamentos e

empreendimentos no entorno, onde a natureza torna-se grande atrativo

transformando-se em valor monetário por diversas razões, dentre elas de

proporcionar o bem estar às pessoas, e por razões de preservação ambiental

(WENDEL, 2006) no contexto degradado das cidades.

Com intuito de verificar o processo de urbanização nesta região, este

estudo tem como objetivo realizar uma análise do uso e ocupação do solo no

entorno do Parque das Nações Indígenas, Campo Grande, Mato Grosso do

Sul, nos anos de 1995, 2005 e 2015, e avaliar as consequências ao ambiente.

Os objetivos específicos da pesquisa configuraram-se em: realizar um

levantamento de dados sobre parques urbanos, descrevendo a importância

destes para o ambiente das cidades; compreender a evolução da urbanização

10

em quatro bairros no entorno do PNI; e relacionar a expansão urbana com a

especulação imobiliária.

A compreensão do processo de uso e ocupação do solo no entorno do

Parque das Nações Indígenas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul e a

avaliação dos impactos ambientais, estão inseridas na linha de pesquisa

Sociedade, Ambiente e Desenvolvimento Regional Sustentável.

4. Revisão de Literatura

4.1 Parques Urbanos

Parque urbano é todo espaço de uso público destinado à recreação de

massa, qualquer que seja seu tipo, capaz de incorporar intenções de

conservação (MACEDO e SAKATA, 2003).

Os parques urbanos surgiram na Inglaterra, no final do século XVIII,

expandindo-se no século XIX para as cidades europeias em função da

Revolução Industrial e crescimento populacional. Nos séculos XIX e XX, os

parques se desenvolveram e se estruturaram na Europa para atender uma

demanda social por novos espaços como jardins, e locais adequados para o

lazer, ocupando uma função de destaque no ambiente urbano, promovendo a

melhoria na qualidade de vida das pessoas (MACEDO e SAKATA, 2003).

No decorrer do século XX, além das funções de estética e lazer, novas

funções foram incorporadas aos parques, como as esportivas, as culturais, e as

de conservação de recursos naturais em função de grupos de defesa

ambiental, preocupados com os limites do desenvolvimento e os riscos da

degradação do meio ambiente.

De acordo com SCALIZE (2002), pesquisas sobre o desenvolvimento

dos parques urbanos, tanto europeus como americanos, demonstram que as

concepções de parques modificaram-se com o passar dos anos, adequando-se

às épocas, características socioeconômicas e culturais da população. Este

autor afirma também que, como variam os projetos paisagísticos de parques,

variam também as funções e o uso pela população, atendendo às

necessidades específicas, refletindo o modo de vida das pessoas de

determinada época.

Segundo MACEDO e SAKATA (2003), a evolução dos parques urbanos,

nesses dois séculos, tem acompanhado as mudanças urbanísticas das

11

cidades, o que, na visão dos autores, aponta para as mudanças nos valores

sociais e culturais das populações.

No Brasil, segundo BOVO e CONRADO (2012), os parques foram

criados como figura complementar no cenário das elites emergentes, que

controlavam a Nação e procuravam construir uma configuração urbana

semelhante aos modelos ingleses e franceses.

A história dos parques urbanos no país tem início no Rio de Janeiro,

primeiramente com a fundação do Jardim Botânico, em 1808, pelo príncipe-

regente dom João de Bragança. Este parque foi criado pela família real

portuguesa e, posteriormente foi transformado em um parque público,

mantendo, em sua estrutura, as características dos jardins ingleses (BOVO e

CONRADO, 2012). MACEDO e SAKATA (2003) afirmam que o Jardim

Botânico era um lugar de passeio para "ver e ser visto", onde aristocratas

costumavam passear, exibindo seus melhores trajes. Para os autores, esses

jardins eram locais públicos quanto a sua localização, porém quanto ao seu

uso, eram espaços considerados reservados, uma vez que a maior parte da

população não tinha acesso a esses espaços, nem trajavam roupas adequadas

para os frequentarem.

Mas tanto a estrutura, quanto as funções dos parques urbanos sofreram

mudanças e foram adequando-se à sociedade de cada época. No decorrer dos

anos de 1980, no Brasil, os parques urbanos sofreram grandes transformações

em seus projetos paisagísticos, baseados em conceitos ecológicos, priorizando

a preservação da vegetação nativa, e valorizando paisagens naturais e

espaços de contemplação.

Para MELAZO e COLEZANTI (2003), os parques urbanos atuais

representam um "espaço verde" que se torna fundamental no contexto das

cidades, capazes de proporcionar aos habitantes um espaço destinado ao lazer

e ao contato com a natureza, no qual o homem se encontra totalmente inserido

e que a qualidade de vida está intimamente relacionada à questão ambiental.

A vegetação, por sua vez, pode contribuir para melhorar a ambiência

urbana sob diferentes aspectos, dos quais se pode destacar o controle

microclimático, a minimização da poluição e do barulho excessivo que

configura poluição sonora atuando como barreira acústica (COSTA e

COLESANTI, 2011).

12

Além dos aspectos citados acima, os parques urbanos tem como função

oferecer um local para lazer, recreação, práticas de esporte, contemplação,

contato com a natureza, espaços culturais e atividades educativas, assim como

proporcionam um local para brincadeiras, danças, teatro, dentre outros

(COSTA e COLESANTI, 2011; SANTOS et al., 2007).

Fica clara a importância tanto da preservação, quanto da implantação de

novos parques urbanos nas cidades, adequando as áreas verdes e os espaços

públicos existentes, com a finalidade de aperfeiçoar esses espaços para o

atendimento das suas funções sociais e ecológicas e melhorarem a qualidade

de vida da população, redefinindo a estrutura paisagística e ambiental das

cidades.

Área verde pode ser definida como um tipo de espaço livre onde o

elemento fundamental de composição é a vegetação, que deve satisfazer três

objetivos principais: ecológico-ambiental, estético e de lazer e devem servir à

população, proporcionando condições para recreação (LODOBA e ANGELIS,

2005; NUCCI, 2001), assim como os parques, e deve estar integrada à

paisagem urbana.

MASCARÓ (2002) traz o conceito de “vegetação urbana”, ou seja,

vegetação que permite a integração dos espaços construídos com o jardim ou

o parque, ressaltando sua importância na composição da paisagem das

cidades, com espaços livres, permeáveis, onde predomina a vegetação,

independentemente de seu porte.

Enquanto espaço recreacional, COSTA e COLESANTI (2011) ressaltam

que estas áreas devem proporcionar recreação física e psicológica ao ser

humano, contato com a natureza, interação social e relaxamento para amenizar

o estresse da vida moderna. FIEBER (2004) reforça esta ideia quando aponta

que as atividades urbanas, pela sua dinâmica e intensidade, geram altos

índices de estresse e irritabilidade. Ao contrário, o contato com a natureza

proporciona uma sensação de paz e tranquilidade que nos remete à nossa

origem, ou seja, o homem em comunhão com a natureza.

Áreas verdes urbanas, além dos benefícios ao ambiente, são

extremamente importantes para a qualidade de vida da população, agindo

sobre o lado físico e psicológico do homem, ao passo que diminuem as

13

tensões e o sentimento de opressão em relação às grandes edificações e à

rotina estressante (LODOBA e ANGELIS, 2005).

Por outro lado, a revitalização de áreas urbanas com a implantação de

áreas verdes bem como a criação parques, de acordo com WENDEL (2006),

tornam-se objetos de especulação imobiliária, e a natureza, que deveria ter um

valor de uso, é transformada em valor de troca no mercado imobiliário.

No século XIX iniciou-se um movimento de associação entre a natureza

da cidade e a especulação imobiliária, com a construção de jardins e parques

pelos agentes imobiliários, com o objetivo de valorização dos loteamentos

construídos no entorno (WENDEL, 2006), onde a natureza da cidade torna-se

um grande atrativo, seja por motivos estéticos ou por razões ambientais ou de

bem estar.

Para o mercado imobiliário, a natureza na cidade se torna apenas um

atrativo financeiro e acaba por se transformar em um objeto ou mesmo em uma

ideia de ser transformada em valor monetário (WENDEL, 2006). O autor aponta

que na atualidade constata-se uma nova valorização da natureza na cidade,

sendo-lhe atribuído um simbolismo estético, que foi construído pelo urbanismo

e arquitetura e também pelo mercado imobiliário.

Alguns exemplos internacionais em que se observa o processo de

valorização imobiliária a partir de uma associação com uma ideia de natureza

podem ser citados. WENDEL (2006) apontou que o primeiro processo de

valorização relacionada à natureza ocorreu em Londres, no início do século

XIX, onde um parque urbano, o Royal Park, teve sua estruturação financiada

por empresas imobiliárias da cidade, com intuito de construir casas no entorno

deste novo parque, casas, segundo o autor, com vistas, terraços e vilas para

pessoas ricas.

Em relação às cidades brasileiras, o exemplo que o autor cita é o de

Porto Alegre, com a criação do Campo da Redenção, parque criado no final do

século XIX e início do século XX, onde terrenos outrora sem valor, após

intervenções patrocinadas pelo poder público, transformaram-se em áreas e

vizinhanças valorizadas. Em outro exemplo de cidades brasileiras destaca-se o

Rio de Janeiro, cuja pressão do mercado imobiliário por áreas de beleza cênica

exerceu grande influência na expansão urbana. O autor aponta que nesta

cidade, nas décadas de 1970 e 1980, os empreendimentos imobiliários da

14

região da Barra da Tijuca e Jacarepaguá marcaram a “febre em viver em um

novo estilo”, onde os futuros moradores teriam a possibilidade de viver

próximos às áreas verdes (WENDEL, 2006).

Através dos exemplos acima percebe-se que há a apropriação da

natureza, onde existe uma agregação de valor a uma propriedade privada

localizada próxima às áreas verdes. Neste contexto, o Parque das Nações

Indígenas, em Campo Grande – MS é considerado um elemento que integra

área verde à cidade, e, consequentemente, agrega valor aos imóveis e

loteamentos localizados em sua proximidade.

4.2 O Parque das Nações Indígenas em Campo Grande - MS

O Parque das Nações Indígenas (PNI) encontra-se localizado no setor

leste da cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, e está inserido na

Bacia Hidrográfica do Prosa. Foi criado com uma estrutura funcional e espacial

integrada urbanística e paisagisticamente para atender a população de Campo

Grande como área de lazer contemplativo, educacional e recreacional,

compatíveis com a perspectiva de melhoria das condições ambientais.

Recebeu o nome de Parque das Nações Indígenas para homenagear as

populações indígenas que fazem parte do Estado, as quais são: Guarani,

subdivididas em Kaiowá e Nandeva; Terena, Kadiwéu, Guató e Ofaié-Xavante

(PLANURB, 1993).

Criado pelo Decreto Estadual n.7.082, de 26 de fevereiro de 1993, está

localizado na Região Urbana do Prosa, a poucos minutos do centro de Capital,

e é o maior parque urbano de lazer da cidade. Possui uma área de 119 ha e

encontra-se instalado entre os limites da Avenida Antônio Maria Coelho, a

Avenida Prof. Luis Alexandre de Oliveira, Avenida Ivan Fernandes Pereira, a

Avenida Afonso Pena e o Parque Estadual do Prosa (IMASUL, 2011).

A implantação do Parque se deu pela desapropriação pelo Governo do

Estado de várias chácaras e terrenos, em 26 de fevereiro de 1993, com a

finalidade de atender à necessidade de se resgatar áreas verdes urbanas e

suas funções à melhoria da qualidade de vida no processo de estruturação da

cidade moderna (PEDROSSIAN, 2006). Assim as chácaras remanescentes

entre as avenidas Afonso Pena e Mato Grosso deram lugar ao Parque das

Nações Indígenas (PLANURB, 1993), que cumpre sua vocação de lazer, bem

15

como as demais atividades que se desenvolvem em seu interior, voltadas à

recreação, práticas de atividades físicas e contemplação.

O PNI é cortado pelo Córrego Prosa, logo após sua nascente. O Prosa

corta toda a extensão do parque, que recebe também as águas dos Córregos

Reveillieu e Sóter. Cerca de setenta por cento de sua vegetação é formada por

cobertura em gramas e árvores nativas e ornamentais que fazem parte do seu

projeto de paisagismo (PEDROSSIAN, 2006).

Vários equipamentos foram instalados no local destacando-se o

Monumento ao Índio, o Museu de Arte Contemporânea, uma praça de grandes

eventos, dentre outros equipamentos, além das extensas pistas de circulação

utilizadas como pistas de caminhadas e ciclismo (PLANURB, 1993).

Desta forma configurou-se em um Parque Misto, desempenhando uma

função demasiadamente importante para a cidade de Campo Grande e sua

população (PLANURB, 1993). Está sob a administração da Gerência de

Unidades de Conservação (GUC/IMASUL) desde 2010 (IMASUL, 2011).

Ainda segundo o Plano Diretor do Parque, a fraca densidade

habitacional e populacional da zona leste da cidade se deu por ser uma área

de ocupação recente, e de elevado padrão, com um parcelamento do solo

caracterizado por lotes amplos, e que não favorecia adensamentos. Este perfil,

ao passo que não permitiu a ampla ocupação do local, foi fator decisivo para a

implantação de alguns empreendimentos, como o Shopping Center Campo

Grande, criado em 1989, outro elemento definitivo para a consolidação desta

área da cidade.

MASSON et al. (2014) afirmam que houve grande expansão imobiliária

nesta região da cidade desde a décadas 1990, tanto pela inserção do

Shopping, quanto do PNI. Mas anterior a isto, a implantação do Parque dos

Poderes também foi fator decisivo para o crescimento urbano desta região. Seu

projeto foi iniciado em 1977, quando da divisão do Estado, e suas instalações

concluídas em 1979, quando o governo se instalou definitivamente, formando o

centro político-administrativo do Poder Estadual (IMASUL, 2011). O Parque dos

Poderes encontra-se no entorno imediato do Parque Estadual do Prosa.

O Parque Estadual do Prosa (PEP), Unidade de Conservação Estadual

de Proteção Integral, foi criado primeiramente como Reserva Ecológica do

Parque dos Poderes em 1981, e foi elevado à categoria de Parque Estadual do

16

Prosa por meio do Decreto Estadual nº 10.783/2002 publicado em 21 de maio

de 2002, atendendo às recomendações da Lei Federal nº 9.985, de 18 de

junho de 2000 (que instituiu o SNUC – Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza). Possui 135 ha e está situado dentro do perímetro

urbano do município de Campo Grande, e abriga duas nascentes, o

Desbarrancado e o Joaquim Português, formadores do córrego Prosa

(MACEDO et al., 2015).

Esta Unidade de Conservação tem como objetivo principal preservar

amostras de ecossistemas do cerrado, espécies da flora e fauna nele

associadas, as nascentes do Córrego Prosa, a valorização do patrimônio

paisagístico e cultural da região, objetivando sua utilização para fins de

pesquisa científica, educação ambiental, recreação e turismo em contato com a

natureza, e representa um dos últimos remanescente de cerrado dentro do

perímetro urbano. Abrange espécies regionais da fauna e da flora ameaçadas

de extinção (IMASUL, 2011).

Para BEIROZ (2015), as Unidades de Conservação (UCs) estão entre os

principais instrumentos de proteção ambiental que compõem a agenda do

poder público e da sociedade civil no Brasil, e influenciam diretamente sobre a

gestão e o planejamento do território. Ainda segundo o autor, estas áreas

correspondem a recortes espaciais onde o acesso, a ocupação, o

aproveitamento econômico de recursos e qualquer outro tipo de alteração por

parte de ações antrópicas estão limitados por normas específicas com o

objetivo de garantir a conservação da qualidade ambiental dessas áreas.

Vale ressaltar que o PNI está localizado na zona de amortecimento do

Parque Estadual do Prosa. O art. 2º, inciso XVIII do SNUC define a zona de

amortecimento como a área de entorno de uma Unidade de Conservação,

restringindo nela as atividades humanas, as quais ficam sujeitas a normas e

restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos

sobre a Unidade (MACEDO et al., 2015).

Faz-se necessária a recomendação de critérios de urbanização de modo

a compatibilizar o desenvolvimento socioeconômico do município com a gestão

ambiental destas áreas. O SNUC, em seu Capítulo IV, art. 27, prevê que todas

as Unidades de Conservação devem dispor de um Plano de Manejo, e que o

mesmo deve “abranger a área da Unidade de Conservação, sua zona de

17

amortecimento (neste caso, denominada também Área Influência) e os

corredores ecológicos, incluindo medidas com o fim de promover sua

integração à vida econômica e social das comunidades vizinhas” (IMASUL,

2011).

Abaixo, seguem as recomendações do Plano de Manejo a serem

observadas no uso e ocupação do solo na área de entorno do PEP:

Criação de uma Área de Influência no entorno do PEP, a qual tem como

objetivo funcionar como uma zona tampão, com disposições de usos

específicos diferenciados, constituindo-se em uma transição de usos

intermediários entre as ZEIAs e as Macrozona de Adensamento Prioritário

(MZ1) e Macrozona de Adensamento Secundário (MZ2).

Sinalização das vias de acesso, através de placas colocadas em pontos

críticos de ameaça ao PEP;

Redução do limite de velocidade nas vias de acesso no entorno do PEP

de 60 para 40 km/h;

Instalação de redutores de velocidade (quebra-molas) em pontos críticos

de ameaça ao PEP;

Estabelecimento de padrões de ocupação como intensidade

populacional, espaçamento e revestimento, de modo que permitam a formação

de corredores ecológicos, a manutenção das rotas migratórias da avifauna

presente na UC, adequados níveis de iluminação e insolação, corredores de

ventilação, tratamento de efluentes, drenagem e esgotamento sanitário;

Garantia de manutenção de índices adequados de permeabilidade do

solo para infiltração das águas pluviais na área da bacia hidrográfica do

Córrego Prosa cuja drenagem possa afetar a área do PEP;

Restrições de empreendimentos e atividades com potenciais de

comprometimento aos objetivos de conservação do PEP;

Observância ao estabelecido na Resolução CONAMA 428/2010 e

legislação ambiental vigente.

A resolução CONAMA nº 428/2010, estabelece como área de

amortecimento as faixas de 3 km para empreendimentos de impacto relevante

e de 2 km para empreendimentos sem impacto ambiental relevante.

18

Figura 1: Área de Influência do Parque Estadual do Prosa. Fonte:

GUC/IMASUL.

Diante do exposto, destaca-se a importância destas recomendações,

passíveis de implantação, uma vez que se reforça a necessidade de

conservação dos recursos ambientais ainda existentes na área urbana de

Campo Grande, não só pelos recursos em si, mas também pela relevância em

se assegurar as relações funcionais que estas áreas mantêm com a cidade,

garantindo qualidade de vida à população, e a sustentabilidade de todo o

sistema urbano.

Boa parte dos conflitos legais relativos ao licenciamento de atividades no

entorno de Unidades de Conservação, refletem a dinâmica dos interesses da

sociedade. Se antes as questões relacionadas ao desenvolvimento econômico

e ocupação de territórios eram prioritárias; hoje, dado o grau de devastação

dos ecossistemas naturais e a dependência das populações humanas dos

bens diretos e indiretos advindos desses ecossistemas, faz-se necessário

considerar os aspectos ambientais envolvidos com as diferentes possibilidades

de aproveitamento econômico dos recursos naturais (IMASUL, 2011).

PNI PEP

19

O Parque das Nações Indígenas, juntamente com a área do Parque

Estadual do Prosa e o Parque dos Poderes compõem a maior área verde

urbana de Campo Grande, com mais de 300 ha, boa parte dos quais

destinados ao lazer, à recreação, à educação ambiental e ao turismo em

contato com a natureza na área na Capital de Mato Grosso do Sul (IMASUL,

2011).

É importante salientar quanto à localização do Parque das Nações

Indígenas que, além de situar-se na zona de amortecimento do Parque

Estadual do Prosa, o mesmo encontra-se na Zona Especial de Interesse

Ambiental – ZEIA, no zoneamento Z-4, de acordo com a Lei Complementar nº

107/2007 de Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo no Município de

Campo Grande, e a Lei Complementar nº 264/2015 que dispõe sobre o

Zoneamento Urbano (PLANURB, 1993), o que reforça a necessidade de

estudos voltados à análise do processo de uso e ocupação do solo no entorno

em seu entorno, com vistas a assegurar que o desenvolvimento da cidade

ocorra de maneira sustentável.

4.3 Gestão Ambiental no Plano Urbano

Ao abordar a gestão ambiental no plano urbano, torna-se fundamental

trazer à discussão o Desenvolvimento Sustentável, tema este que vem sendo

amplamente discutido em fóruns mundiais relacionados a meio ambiente.

O termo desenvolvimento sustentável foi utilizado pela primeira vez em

1983, por ocasião da Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento

(CMMAD), criada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Os trabalhos

foram concluídos em 1987, com a apresentação de um diagnóstico dos

problemas globais ambientais, conhecido como "Relatório Brundtland". Este

relatório define que desenvolvimento sustentável é aquele que atende as

necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade de atender

as necessidades das gerações futuras (CMMAD, 1988).

No Brasil, na Eco-92 (Rio-92), essa nova forma de desenvolvimento foi

amplamente difundida e aceita, resultando na Agenda 21, documento onde

cada país se compromete a refletir global e localmente sobre a forma pela qual

governos, empresas, ONGs e todos os setores da sociedade poderiam

cooperar no estudo de soluções para os problemas socioambientais

20

(CNUMAD, 1996). Neste documento ressalta-se que a sustentabilidade

ambiental está relacionada a padrões de consumo e de produção sustentáveis,

bem como maior eficiência no uso de energia para reduzir, ao mínimo, as

pressões ambientais, o esgotamento dos recursos naturais e a poluição e

contaminação dos solos.

Desde então houve grande avanço no que diz respeito ao aumento de

discussões relativas ao meio ambiente e à sustentabilidade dos recursos

naturais. De acordo com TENÓRIO (2004) o desenvolvimento sustentável é

composto pelas dimensões econômica, social e ambiental. Segundo o autor o

objetivo é obter crescimento econômico por meio da preservação do meio

ambiente e pelo respeito aos anseios dos diversos agentes sociais contribuindo

assim para a melhoria da qualidade de vida da sociedade. Este é o "tripé da

sustentabilidade”, ou seja, garantir o crescimento econômico, atender aos

anseios da sociedade e preservar o meio ambiente de modo a garantir os

recursos naturais também às futuras gerações.

A sustentabilidade, de acordo com SACHS (2002), constitui-se num

conceito dinâmico que leva como base cinco dimensões principais, que são a

sustentabilidade social, a econômica, a ecológica, a geográfica e a cultural.

Para alcançarmos o desenvolvimento sustentável, a proteção do

ambiente tem que ser entendida como parte integrante do processo de

desenvolvimento (MENDES, 2008), e não pode ser considerada isoladamente.

A implantação do conceito de desenvolvimento sustentável pressupõe a

convergência de objetivos das políticas de desenvolvimento econômico, social

e de proteção ambiental.

Vale ressaltar que o deterioramento ambiental é um processo que se

manifesta com diversas consequências, e que ocorre em todos os países em

desenvolvimento. É uma característica de certos modelos de crescimento

econômico que são intrinsecamente insustentáveis em termos ecológicos, bem

como são desiguais e injustos em termos sociais (MENDES, 2008).

Em uma visão moderna de mundo e de gestão de território, toda ação

referente a planejamento, ordenação ou monitoramento do espaço deve conter

em suas atividades a análise dos mais variados componentes do meio,

incluindo o ambiente físico-biótico, a ocupação humana e as inter-relações

entre eles (SEBUSIANI e BETTINE, 2011). Para as autoras, o conceito atual de

21

desenvolvimento sustentável estabelece a necessidade de realizar uma análise

abrangente dos impactos no ambiente que esteja associada a ações de

ocupação do território.

A urbanização tem transformado a sociedade em função das

aglomerações urbanas, causando impactos ao ambiente os quais são produto

e processo dessa relação sociedade e natureza (COELHO, 2001). De acordo

com MOTA (2003), no processo de urbanização, a ocupação de um ambiente

natural geralmente ocorre com a remoção da cobertura vegetal, o que resulta

em vários impactos ambientais dentre eles a erosão; o assoreamento dos rios;

o aumento do escoamento superficial da água que reduz a infiltração; e as

enchentes. Afirma ainda que a construção de edificações, a pavimentação de

ruas, e outros processos de ocupação nas cidades, resultam na

impermeabilização do solo, o que causa as inundações, com prejuízos sociais

e econômicos. CARVALHO e BRAGA (2001) apontam que o avanço da

urbanização sobre o meio natural, de maneira desordenada, tem causado a

degradação progressiva de áreas de mananciais, com a implantação de

loteamentos irregulares e a instalação de usos e índices de ocupação

incompatíveis com a capacidade de suporte do meio.

A ordenação do processo de uso e ocupação do solo urbano é uma

atividade de competência municipal e que deve ser questão prioritária em uma

política de gestão ambiental. Esta ocupação não deve ser de forma

desordenada e sim seguindo algumas diretrizes estabelecidas em um Plano

Diretor, um instrumento de ordenação territorial extremamente relevante para a

gestão pública, incluindo a gestão ambiental urbana.

Os Planos Diretores, instituídos após a promulgação do Estatuto da

Cidade, Lei Federal nº 10.257/2001, tornaram-se o instrumento básico da

política de desenvolvimento e de expansão urbana, de implementação das

políticas municipais de meio ambiente e de patrimônio cultural, e também se

constituíram no documento principal de orientação à elaboração das diretrizes

orçamentárias, conforme as ações por ele definidas. Define as diretrizes de

planejamento e gestão territorial urbana como o controle do uso, ocupação,

parcelamento e expansão do solo urbano e auxilia na gestão ambiental urbana

(CARVALHO e BRAGA, 2001), devendo ser aprovado pela Câmara Municipal e

obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes.

22

O Artigo 225 da Constituição Federal trata de maneira específica sobre o

meio ambiente, e postula que todos têm direito ao ambiente ecologicamente

equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida,

impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Sendo assim, o poder

público utiliza-se de instrumentos para auxiliar a gestão ambiental e garantir o

equilíbrio no ambiente urbano, sendo o principal deles o Plano Diretor (EDLER

e RODRIGUES, 2004).

A Lei Federal de nº 6.766/79, alterada pela Lei nº 9.785/99 que

regulamenta o parcelamento do solo urbano no registro imobiliário, em seu

artigo 3º traçou a proibição de parcelamento do solo urbano nas seguintes

condições, dentre outras: em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações,

antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas;

(...) e a vedação em áreas de preservação ecológica ou naqueles onde a

poluição impeça condições sanitárias suportáveis (IMASUL, 2011). As

condições impostas por esta Lei visam assegurar a delimitação da zona de

expansão urbana, evitando que áreas impróprias e áreas de proteção

ambiental sejam ocupadas de maneira desordenada.

A Lei Federal nº 10.257/01, conhecida como Estatuto da Cidade,

estabelece as diretrizes gerais da política urbana. Em seu Artigo 2º, Inciso I,

aponta como primeira diretriz a “garantia do direito a cidades sustentáveis,

entendido como o direito à terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental,

à infraestrutura urbana, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao

lazer, para as presentes e futuras gerações”. Outra diretriz desta Lei trata da

ordenação e controle do uso do solo de forma a evitar, inclusive, a poluição

ambiental e garantir a proteção, preservação e recuperação do ambiente

natural e construído (...). Em seu Artigo 4º que trata dos instrumentos da

política urbana, no inciso referente ao planejamento municipal, elenca: o plano

diretor; a disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo; o

zoneamento ambiental, dentre outros instrumentos (BRASIL, 2001).

A partir da instituição do Estatuto da Cidade, o município, por meio de

seu Plano Diretor, passa a ter a obrigatoriedade de implementar as políticas

públicas setoriais, em especial as ambientais, e deve abranger o território

municipal como um todo, considerando as áreas urbanas e as rurais. Com a

23

implementação dessas novas obrigações, percebe-se o início de um importante

movimento municipal de articulação das políticas setoriais e de suas

regulamentações específicas, especialmente as que tratam do

desenvolvimento urbano e do saneamento e da proteção ambiental,

ressalvando a obrigatoriedade do atendimento e da suplementação das

legislações federal e estadual (EDLER e RODRIGUES, 2004). Os autores

apontam que o Plano Diretor é, portanto, uma ferramenta indispensável para o

desenvolvimento urbano e torna-se um instrumento de desenvolvimento urbano

sustentável, que deve ser perseguido por todos aqueles responsáveis pela

organização das cidades, inclusive seus habitantes.

Diante das limitações administrativas passíveis de serem implementadas

pelo poder público o “zoneamento ambiental”, resultante do planejamento, com

vistas a direcionar o uso da propriedade às finalidades coletivas, é um

instrumento bastante adequado. Ocorre quando as normas que disciplinam a

alocação do espaço territorial o fazem levando em consideração a proteção

ambiental. Ele pode ser visualizado tanto no âmbito das leis municipais como

estaduais e federais (IMASUL, 2011).

O zoneamento ambiental ocorre quando as normas que disciplinam a

alocação do espaço territorial o fazem levando em consideração a proteção

ambiental. Ele pode ser visualizado tanto no âmbito das leis municipais como

estaduais e federais. Neste sentido a lei que institui o SNUC ao determinar a

existência de uma zona de amortecimento para as Unidades de Conservação

(art. 2º, XVIII) situada na área envoltória das mesmas, bem como a

possibilidade de implantação de corredores ecológicos entre unidades (art. 2º,

XIX), indica, portanto, formas de zoneamento ambiental que extrapolam os

limitem das unidades. Os art. 25 e 27 também fazem referências acerca das

zonas de amortecimento, corredores ecológicos e aos Planos de Manejo

enquanto instrumentos de planejamento para as áreas externas às unidades.

EDLER e RODRIGUES (2004) apontam que o zoneamento ambiental

pode ser dividido em zoneamento para pesquisas ecológicas; parques

públicos; área de proteção ambiental; e área industrial. Estas áreas e

zoneamentos influenciam diretamente sobre o planejamento urbano, e devem

fazer parte de seu desenvolvimento para que as cidades tenham crescimento

de modo a garantir a sustentabilidade e a preservação do ambiente.

24

Ainda em relação à localização do Parque das Nações Indígenas, é

importante ressaltar que o mesmo está inserido na Bacia Hidrográfica do

Prosa. Ressalta-se a importância do zoneamento ao qual pertencem as bacias

hidrográficas.

Dadas às especificidades do Parque das Nações Indígenas, pode-se

concluir que a área na qual está inserido é de extrema importância para a

preservação ambiental, tanto por pertencer à Bacia do Prosa, como por estar

localizado em uma Zona Especial de Interesse Ambiental – ZEIA, e por estar

situado à zona de amortecimento do Parque Estadual do Prosa, o que implica

que estudos voltados à urbanização em seu entorno são demasiadamente

relevantes.

Em relação planejamento ambiental de bacias hidrográficas, OLIVEIRA

e RODRIGUES (2009), sobretudo no meio urbano, pode ser realizado com o

auxílio de propostas como a análise da fragilidade ambiental, os cenários

ambientais e o zoneamento, em consonância com a legislação ambiental, o

que reforça a importância do zoneamento das bacias urbanas.

4.4 Bacias Hidrográficas no Ambiente Urbano

Uma bacia hidrográfica pode ser definida pela presença de um conjunto

de terras drenadas por um rio e seus afluentes, formada nas regiões mais altas

do relevo por divisores de água, onde as águas das chuvas escoam para as

partes mais baixas do terreno, também conhecido como exutório, ou de modo

superficial formando os riachos e rios, ou infiltram no solo para a formação de

nascentes e do lençol freático (BRAGA et al., 2005).

O rio principal de uma bacia é, por convenção, a maior linha de fluxo de

água que liga uma nascente ao exutório. Os drenos secundários que

conduzem a água diretamente ao rio principal são denominados seus afluentes

e, da mesma forma, os rios que confluem pra os afluentes são subafluentes do

rio principal (CRUZ e TAVARES, 2009).

A bacia hidrográfica possui características essenciais, que permitem a

integração multidisciplinar entre diferentes sistemas de gerenciamento, estudo

e atividade ambiental, especialmente por ser um processo descentralizado de

conservação e proteção do ambiente (BERNARDI et al., 2012). Para os

autores, a gestão das bacias hidrográficas vem se aprofundando, pois ela é

25

considerada uma unidade para o planejamento e conservação do ambiente

natural urbano.

Segundo OLIVEIRA (1999), todas as bacias hidrográficas que compõem

a área urbana apresentam danos ambientais resultantes ou dependentes dos

sistemas de planejamento urbano e de gestão ambiental, produzidas a partir de

diversos tipos de graus de intervenções humanas no meio. Dentre os

acelerados processos de degradação ambiental, o autor cita a erosão, o

assoreamento, o solapamento de margens e pontos de estrangulamentos,

provocando enchentes, inundações e insuficiência no sistema de captação de

águas pluviais.

A utilização diversificada e contínua dos recursos hídricos afeta a

qualidade da água na bacia hidrográfica, cujos indicadores de suas condições

ficam abaixo dos padrões estipulados pela legislação. Em virtude desse uso

variado, a gestão das águas passou a ser integrada englobando águas

atmosféricas, superficiais, subterrâneas e, assim, incluindo a bacia hidrográfica

como suporte para planejamento (TUNDISI e TUNDISI, 2005).

A adoção da Bacia Hidrográfica como unidade de planejamento e gestão

é de aceitação universal, pois ela é um sistema natural, bem delimitado no

espaço e de fácil caracterização (SANTOS, 2004), e pode ser subdividida em

unidades menores ou microbacias, o que facilita, por razões técnicas e

estratégicas, o seu planejamento. De acordo com CALIJURI e BUBEL (2006),

micro bacias são áreas frágeis e frequentemente ameaçadas por perturbações,

nas quais as escalas espacial e temporal são fundamentais.

O município de Campo Grande possui dez Bacias Hidrográficas, as

quais são: Bandeira, Prosa, Anhanduí, Lageado, Gameleira, Bálsamo,

Imbirussu, Coqueiro, Segredo e Lagoa (CAMPO GRANDE, 2015). A figura a

seguir demonstra as todas as Bacias de Campo Grande (Figura 2) e a Figura 3

contém o recorte da Bacia do Prosa.

26

Figura 2. Bacias Hidrográficas do Município de Campo Grande - MS. Fonte:

Campo Grande (2015).

A Bacia Hidrográfica do Prosa está localizada a nordeste da região

urbana de Campo Grande, possui uma área de 324.300 ha, de acordo com a

Carta de Drenagem do Município de Campo Grande referente ao ano de 2008

(Figura 3).

Figura 2. Recorte da Bacia Hidrográfica do Prosa. Fonte: Campo Grande

(2015).

27

Nela estão inseridos o Parque das Nações Indígenas, o Parque dos

Poderes e o Parque Estadual do Prosa.

De acordo com VILHAÇA et al. (2009), uma bacia hidrográfica pode ser

considerada uma excelente unidade de gestão, tanto de elementos naturais,

quanto sociais, devido ao seu aspecto integrador. Devem-se, portanto,

considerar as relações que a sociedade e suas atividades têm com o meio em

que se encontram, para que a gestão e o planejamento possam ser entendidos

de forma integrada.

Neste contexto a Bacia do Prosa pode ser considerada uma excelente

unidade de gestão, e o estudo do uso e ocupação do solo é fundamental para

auxiliar quanto à gestão ambiental. Para a análise e o monitoramento do uso e

ocupação do solo, incluindo em bacias hidrográficas, podemos destacar as

geotecnologias, que são ferramentas que auxiliam na análise e elaboração de

diagnósticos de determinada área. Com esta ferramenta é possível

compreender as principais alterações ocorridas na paisagem ao longo de

determinado período.

4.5 Análises das Mudanças na Paisagem Urbana

A paisagem urbana é um conceito amplo que se refere principalmente

aos aspectos morfológicos de qualquer cidade. Assim, a paisagem é formada

por vias, limites, bairros, cruzamentos, área verde, relevo, assim como a

presença de imobiliário urbano (AMADEI et al., 2011). BARBOSA e JÚNIOR

(2009) afirmam que o ambiente urbano é composto por casas, prédios, ruas,

shopping centers, igrejas, indústrias, rios, árvores, lixo, pontes, enfim, da

sociedade.

A geografia da cidade revela uma profunda desigualdade no ambiente

urbano, graves problemas sociais e ambientais, consequência dos fatores

econômicos, políticos e culturais. As marcas dessa desigualdade estão na

própria paisagem. (BARBOSA e JÚNIOR, 2009). Dentre os problemas

observados nas cidades podemos elencar o impacto ambiental que, de acordo

com COELHO (2001), é o processo de mudanças sociais e ecológicas que

causam perturbações ao meio ambiente.

Existem inúmeras definições para impacto ambiental. De acordo com a

Resolução CONAMA 001/86, considera-se impacto ambiental qualquer

28

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente.

Estes impactos perturbam e descaracterizam o ambiente natural, e, em se

tratando de cidades, causam modificações no uso do solo. MUCELIM e

BELLINI (2008) ressaltam que alterações ambientais físicas e biológicas ao

longo do tempo modificam as paisagens. As alterações ambientais e as mudanças na paisagem podem ocorrer

por diversas causas, algumas naturais e outras devido a ações antrópicas

(FERNANDEZ, 2004). Para o autor, o desenvolvimento tecnológico e as

culturas das comunidades têm contribuído para que estas alterações se

intensifiquem especialmente no ambiente urbano. A ação antrópica contribui,

por exemplo, para a diminuição da vegetação em detrimento da expansão

urbana, e a ocupação e parcelamento do solo contribuem para a fragmentação

da paisagem.

Faz-se necessário a busca pelo ideal de sustentabilidade. Uma cidade é

considerada sustentável na medida em que é capaz de evitar a degradação e

manter a saúde de seu sistema ambiental, reduzir a desigualdade social e

prover seus habitantes de um ambiente construído saudável (BRAGA, 2005).

Neste cenário de degradação ambiental, faz-se necessária a análise e o

monitoramento do uso e ocupação do solo, bem como do crescimento urbano.

Atualmente, um dos principais recursos utilizados para a análise e

monitoramento do crescimento urbano consiste na utilização da tecnologia do

Sensoriamento Remoto em conjunto com os Sistemas de Informações

Geográficas (SIGs) (MARATO et al., 2011). Os Sistemas de Informação

Geográfica (SIG) correspondem às ferramentas computacionais de

Geoprocessamento, que permitem a realização de análises complexas, ao

integrar dados de diversas fontes e ao criar bancos de dados

georreferenciados (CÂMARA et al., 2001).

O geoprocessamento - tecnologia que abrange o conjunto de

procedimentos de entrada, manipulação armazenamento e análise de dados

espacialmente referenciados - é uma ferramenta muito poderosa, sendo capaz,

não só de armazenar, quantificar e manipular dados georreferenciados, como

também comparar esses dados e tratá-los estatisticamente (FUJACO et al.,

2010).

29

A utilização de técnicas de geoprocessamento, conjuntamente com o

sensoriamento remoto e de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) tem

permitido a realização de numerosos trabalhos nos vários campos da ciência,

nomeadamente na área ambiental. As fotografias aéreas além de fornecer alta

resolução espacial, constituem instrumentos valiosos que possibilitam

reconstituir o processo de ocupação do ambiente urbano em séries temporais

médias e longas (MARATO et al., 2011). Através da utilização de um SIG é

possível elaborar um diagnóstico socioambiental de uma determinada área de

estudo, através da criação e monitoramento de um banco de dados

(SEBUSIANI e BETTINE, 2011).

Com o uso de geotecnologias torna-se possível também a realização de

análises multitemporais, o que possibilita uma maior compreensão das

alterações que vem ocorrendo em determinada área. Para CARVALHO

JÚNIOR et al. (2005), os trabalhos que abordam a análise multitemporal se

intensificam cada vez mais. Esses procedimentos permitem auxiliar a análise

do crescimento urbano.

De acordo com ALVES et al. (2009), estudos e monitoramento do

crescimento das áreas urbanas tornam-se difíceis e onerosos se realizados

com técnicas convencionais de obtenção de dados, como levantamento à

campo e levantamentos aerofotogramétricos tradicionais embora este último

tenha tentado ajustar-se para tornar-se competitivo.

A partir do lançamento dos satélites da série Landsat, os estudos

urbanos contaram com uma nova ferramenta para obtenção de dados que

permitem auxiliar na análise de áreas extensas. Com o avanço tecnológico no

desenvolvimento de novos sensores como, por exemplo, TM-Landsat,

resultando na melhoria da resolução espacial, radiométrica e espectral dos

dados surgem novas possibilidades de uso de imagens orbitais para estudo

urbano (ALVES et al., 2009). Ocorre também um avanço na melhoria da

precisão das informações geradas. A melhoria na resolução espacial é

importante para o estudo das áreas urbanizadas e do uso do solo urbano, pois

além da sua complexidade os alvos urbanos têm pequena dimensão.

As informações retiradas das imagens, a um baixo custo e em curto

espaço de tempo, poderão ser integradas, utilizando um Sistema de

Informações Geográficas, com informações obtidas por meio dos censos

30

demográficos, de pesquisas Institucionais e outros dados levantados por

prefeituras e demais órgãos (ALVES et al., 2009). Ainda segundo os autores,

todas as informações geradas podem, além de subsidiar o planejamento

racional do uso de solo, servir para acompanhar a implantação das medidas

estabelecidas pelos Planos Diretores.

Pode-se concluir que o uso de geotecnologias, contribui sobremaneira

para análise das modificações da paisagem (SILVA et al., 2014). Analisar as

alterações ocorridas na paisagem urbana é extremamente importante uma vez

que fornece subsídios para análises dos impactos ambientais gerados em

decorrência do crescimento urbano desordenado e do mau uso e ocupação do

solo.

5. Referências Bibliográficas

ALVES, C D.; PEREIRA, M. N.; FLRENZANO, T. G.; SOUZA, I. M. E. Análise

orientada a objeto no mapeamento de áreas urbanas com imagens Landsat.

Bol. Ciênc. Geod., sec. Artigos, Curitiba, v. 15, no 1, p.120-141, jan-mar, 2009.

Disponível em

http://plutao.sid.inpe.br/col/dpi.inpe.br/plutao@80/2009/07.13.14.09.50/doc/139

04-46698-1-PB.pdf Acesso: out de 2016.

AMADEI, D. I. B.; MASSULO, R.; SOUZA, R. A. DE; SIMÕES, F. A. Paisagem

Urbana do Eixo Monumental Maringaense: uma abordagem a partir da

metodologia de Gordon Cullen. Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 3, n. 4,

2011.

BARBOSA, V. L.; JÚNIOR, A. F. N. Paisagem, ecologia urbana e planejamento

ambiental. Revista Geografia, Londrina, v.18, n.2, p. 21-36, 2009.

BASEGGIO, J.; CARAMORI, T. B. A.; SORIANI, R. R. SIG para mapeamento

do uso e ocupação do solo, com ênfase nas áreas de cobertura vegetal nativa

e recursos hídricos, alto Coxim, MS. In: Simpósio de Geotecnologias do

Pantanal, 1, 2006, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Embrapa

Informática Agropecuária/INPE, 2006, p. 312-320.

31

BEIROZ, H. Zonas de amortecimento de Unidades de Conservação em

ambientes urbanos sob a ótica territorial: reflexões, demandas e desafios.

Desenvolvimento e Meio Ambiente, UFPR, Paraná, v. 35, p. 275-286, dez.

2015.

BERNARDI, E. C. S.; PANZIERA, A. G.; BURIOL, G. A.; SWAROWSKY, A.

Bacia hidrográfica como unidade de gestão ambiental. Disciplinarum Scientia.

Série: Ciências Naturais e Tecnológicas, Santa Maria, v. 13, n. 2, p. 159-168,

2012.

BOVO, M. C.; AMORIM, C. DE C. T. Análise dos aspectos paisagísticos e de

infraestrutura de áreas verdes urbanas: o caso de algumas praças de Maringá

(PR) Brasil. Revista GEOMAE, Campo Mourão, v. 2, n. 1, p. 83-95, 2011.

BOVO, M. C; CONRADO, DENNER. O parque urbano no contexto da

organização do espaço da cidade de Campo Mourão (PR), Brasil. Caderno

Prudentino de Geografia, Presidente Prudente, n. 34, v. 1, p. 50-71, 2012.

BRAGA, B. Introdução à Engenharia Ambiental. 2ed. São Paulo: Pearson

Prentice Hall, 2005. 318p.

BRASIL. Lei Federal de nº 6.766/79. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo

Urbano e dá outras Providências. Disponível em:

<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6766.htm>. Acesso: maio, 2016.

BRASIL. Lei Federal no 9.985/00. Institui o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação da Natureza (SINUC) e dá outras providências. Disponível

em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9985.htm>. Acesso: jun. 2016.

BRASIL. Lei Federal nº 10.257/01. Estatuto da Cidade. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10257.htm>. Acesso:

mai. 2016.

32

CALIJURI, M. C.; BUBEL, A. P. M. Conceituação de Microbacias. In: LIMA, W

de P.; ZAKIA, M. J. B. (Org.). As florestas plantadas e a água:

Implementando o conceito da microbacia hidrográfica como unidade de

planejamento. São Carlos: Ed. RIMA, 2006. 226p.

CÂMARA, G.; DAVIS, C.; MONTEIRO, A. M. V. Introdução à Ciência da

Geoinformação. INPE, São José dos Campos – SP, 2001. 345p. Disponível

em: <http://mtc-

m12.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/sergio/2004/04.22.07.43/doc/publicacao.pdf>

Acesso em: março de 2016.

CAMPO GRANDE. Lei Complementar nº 107/2007, que dispõe sobre o

Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo no Município de Campo

Grande – MS. Disponível em: <http://www.pmcg.ms.gov.br/> Acesso: 05 jun.

2016.

CAMPO GRANDE. Decreto nº 12.680 de 09 de julho de 2015. Aprova o Plano

Diretor de Drenagem Urbana no Município de Campo Grande – MS.

DIOGRANDE nº 4.313, de 10 de julho de 2015.

CARVALHO, P. F.; BRAGA, R. (Org.) Perspectivas de Gestão Ambiental em

Cidades Médias. Rio Claro: LPM-UNESP, 2001. p. 95-109.

CARVALHO JÚNIOR, O. A.; GUIMARÃES, R. F.; CARVALHO, A. P. F.;

GOMES, R. A.; MELO, A. F.; SILVA, P. A. Processamento e análise de

imagens multitemporais para o perímetro de irrigação de Gorutuba (MG). In:

Simpósio brasileiro de sensoriamento remoto, 12, 2005, Goiânia. Anais...

Goiânia: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2005. 1 CD ROM.

CARVALHO, R. C.; KAVISKI, E. Modelo de Auxílio a Tomada de Decisões em

Processos de Despoluição de Bacias Hidrográficas. Revista Brasileira de

Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 14, n. 4, p. 17-27, 2009.

33

CMMAD. Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso

futuro comum. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988. 430p.

CNUMAD. Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento. Agenda 21. Brasília: Senado Federal, 1996. 585p.

COELHO, M. C. N. Impactos ambientais em áreas urbanas – teorias, conceitos

e métodos de pesquisa. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.). Impactos

ambientais urbanos no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2001. 416p.

COELHO, V. H. R.; MONTENEGRO, S. M. G. L.; ALMEIDA, C. DAS N.; LIMA,

E. R. V.; NETO, A. R.; MOURA, G. S. S. Dinâmica do uso e ocupação do solo

em uma bacia hidrográfica do semiárido brasileiro. Revista Brasileira de

Engenharia Agrícola e Ambiental, Uberlândia, v. 18, n. 1, p. 64-72, 2014.

COSTA, R. G. S.; COLESANTI, R. G. S. A contribuição da percepção

ambiental nos estudos das áreas verdes. Revista RA´E GA, Curitiba, v. 22, p.

238-251, 2011.

CRUZ, R. C.; TAVARES, I. S. Bacia hidrográfica: aspectos conceituais e

práticos. In: RIGHES, A. A.; BURIOL, G. A.; BOER, N. (Org.). Água e

educação: princípios e estratégias de uso e conservação. Cap. 3. Santa

Maria: Centro Universitário Franciscano, v.13, n. 2, p. 159-168, 2009.

FERNANDEZ, F. A. S. O poema imperfeito: crônicas de Biologia, conservação

da natureza, e seus heróis. 2ed. Curitiba: UFPR, 2004. In: MUCELIN, C. A.;

FIEBER, S. D. Áreas verdes urbanas imagem e uso – o caso do Passeio

Público de Curitiba-PR. RA’EGA, Curitiba, n. 8, p. 93-105, 2004.

FUJACO, M. A. G.; LEITE, M. G. P.; MESSIAS, M; C. T. B. Análise

multitemporal das mudanças no uso e ocupação do Parque Estadual Itacolomi

(MG) através de técnicas de geoprocessamento. REM - Revista Escola de

Minas, Ouro Preto, v. 63, n. 4, p. 695-701, 2010.

34

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudos e Pesquisas:

Censo Demográfico 1940 a 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2007. Disponível em

<http://seriesestatisticas.ibge.gov.br/series.aspx?vcodigo=POP122> Acesso:

Agosto de 2016.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estudos e Pesquisas:

Informação Demográfica e Socioeconômica número 34. Síntese de

Indicadores Sociais. Uma análise das condições de vida da população

brasileira 2014. Rio de Janeiro 2014. Disponível em

http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv91983.pdf. Acesso: Agosto de

2016.

IMASUL, Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul. Plano de Manejo

do Parque Estadual do Prosa. Campo Grande: IMASUL, 2011. Disponível em

<http://www.imasul.ms.gov.br/wp-content/uploads/sites/74/2015/06/Plano-de-

Manejo-Parque-Estadual-do-Prosa.pdf> Acesso: março de 2016.

LOBODA, C. R.; ANGELIS, B. L. D. Áreas verdes públicas urbanas: conceitos,

usos e funções. Ambiência, Guarapuava, v. 1, n. 1, p. 125-139, 2005.

MACEDO, G. Z.; DE SOUZA MASSON, D.; PEREIRA, J. G. Caracterização do

diagnóstico ambiental do Parque Estadual do Prosa. In: Anais XVII Simpósio

Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, 04, 2015. Anais... João Pessoa:

INPE, 2015. p. 7537-7544.

MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques urbanos no Brasil. 2ed. São Paulo:

Editora da USP, São Paulo, v.3, n. 23, p. 20-33, 2003.

MASCARÓ, L. J.; MASCARÓ, J. Vegetação Urbana. Porto Alegre: UFRGS,

2002. In: FIEBER, S. D. Áreas verdes urbanas imagem e uso – o caso do

Passeio Público de Curitiba-PR. RA’EGA, Curitiba, n. 8, p. 93-105, 2004,

Editora UFPR.

35

MASSON, D. S.; MACEDO, G. Z.; PEREIRA, J. G. Pressões no uso e

ocupação do entorno e os desafios à gestão do Parque Estadual do Prosa,

Campo Grande-MS. Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, 5, 2014, Belo

Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2014.

MELAZO, G. C.; COLESANTI, M. T. M. Parques Urbanos: Importantes

"Espaços Verdes" na Dinâmica Ambiental das Cidades. In: Simpósio Regional

de Geografia "Perspectivas para o Cerrado no Século XXI", 2. 2003,

Uberlândia. Anais... Uberlândia, 2003.

MARATO, R. G.; KAWAKUBO, F. S.; HAYAKAWA, E. H.; MACHADO, R. P. P.

Análise da Expansão Urbana por meio de composições coloridas

multitemporais. Mercator, Fortaleza, v. 10, n. 22, p. 221-231, 2011.

MOTA, S. Urbanização e Meio Ambiente. 3ed. Rio de Janeiro: ABES, 2003.

MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no

ecossistema urbano. Sociedade & Natureza, Uberlândia, v. 20, n. 1, p. 111-

124, jun. 2008.

NUCCI, J. C. Qualidade ambiental e adensamento urbano. São Paulo: Fapesp,

2001. In: FIEBER, S. D. (Org.) Áreas verdes urbanas imagem e uso – o caso

do Passeio Público de Curitiba-PR. RA’EGA, Curitiba, n. 8, p. 93-105, 2004.

OLIVEIRA, P. C. A. de; RODRIGUES, S. C. Utilização de cenários ambientais

como alternativa para o zoneamento de bacias hidrográficas: estudo da Bacia

Hidrográfica do Córrego Guaribas, Uberlândia – MG. Sociedade & Natureza,

Uberlândia, v 21, n. 3, p. 305-314, 2009.

PEDROSSIAN, P. O pescador de sonhos – memórias. Campo Grande:

Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, 2006.

PLANURB, Instituto Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente.

Plano Diretor do Parque das Nações Indígenas. Campo Grande: 1993.

36

SANTOS, C. A.; BLATT, C. R.; COSTA, P. M. Espaços públicos de lazer;

história e espaços urbanos de lazer. In: Congresso de pesquisa e inovação da

rede norte nordeste de educação tecnológica, 2, 2007, João Pessoa. Anais...

João Pessoa: Centro Federal de Educação Tecnológica do Maranhão, v. 12, n.

2, p. 26-38, 2007.

PLANURB. Instituto Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente.

Características Gerais de Campo Grande. Campo Grande, PMCG, 2008. [s.

n. p.].

SACHS, I. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 2ed. Rio de

Janeiro: Garamond, 2002. 96p.

SANTOS, R. F. Planejamento Ambiental: teoria e prática. São Paulo: Oficina

de Textos, 2004. 184p.

SCALISE, W. Parques urbanos: evolução, projeto, funções e uso. Revista

Assentamentos Humanos, Marília, v. 4, n. 1, p. 17–24, 2002.

SEBUSIANI, H. R.; BETTINE, S. DO C. Metodologia de análise do uso e

ocupação do solo em micro bacia urbana. Revista Brasileira de Gestão e

Desenvolvimento Regional, G&DR, Taubaté, v. 7, n. 1, p. 256-285, 2011.

SILVA, J. V. P. DA; NUNES, P. R. M. Parques públicos de lazer e interesse

físico/esportivo, animação sociocultural e população atendida. Licere, Belo

Horizonte, v. 12, n. 2, p. 1–18, 2009.

SILVA, S. C. B.; LEONEL, W.; SILVA, M. H. S.; MERCANTE, M. A. Dinâmicas

de evolução do uso e ocupação da Região do Prosa, Campo Grande, MS: uma

análise multitemporal. In: Simpósio de Geotecnologias do Pantanal, 5,

novembro, 2014, Campo Grande. Anais... Campo Grande: Embrapa

Informática Agropecuária: 2014. p. 661-670.

TUNDISI, J. G.; TUNDISI, T. M. A água. São Paulo: Publifolha, 2005. 120p.

37

VILAÇA, M. F.; GOMES, I.; MACHADO, M. L.; VIEIRA, E. M.; SIMÃO, M. L. R.

Bacia hidrográfica como unidade de planejamento e gestão: o estudo de caso

do ribeirão Conquista no município de Itaguara – MG. In: Simpósio brasileiro de

geografia física aplicada, 13, 2009, Viçosa. Anais... Viçosa, MG, 2009, p.159-

168. Disponível

em<http://www.geo.ufgv.br/simposio/simposio/trabalhos/trabalhos_completos/ei

xo3/070.pdf>. Acesso em> set. 2015.

WENDEL, H. A cidade e a natureza: a apropriação, a valorização e a

sofisticação da natureza nos empreendimentos imobiliários de alto padrão em

São Paulo. GEOUSP – Espaço e Tempo. São Paulo, n. 20, p. 65-77, 2006.

38

6. Artigo

Análise do uso e ocupação do solo no entorno do Parque das Nações

Indígenas em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, nos períodos de 1995,

2005 e 2015.

Resumo

Este estudo tem como objetivo realizar uma análise multitemporal do

crescimento urbano do entorno do Parque das Nações Indígenas (PNI), Campo

Grande, Mato Grosso do Sul, nos anos de 1995, 2005 e 2015, assim como

realizar uma análise da mudança da paisagem no decorrer deste período e

verificar os impactos ambientais ocorridos em decorrência do aumento da

urbanização, bem como relacionar a expansão urbana com a especulação

imobiliária. Este trabalho foi desenvolvido com revisões bibliográficas, coletas

de dados, visitas a campo e utilizou-se imagens do satélite Landsat 8, no

recorte da bacia do Prosa, dos anos de 1995, 2005 e 2015. O PNI localiza-se

na Bacia Hidrográfica do Prosa, e cumpre papel tanto social quanto ambiental,

proporcionando às pessoas um local para lazer, contato com a natureza,

recreação e contemplação. É considerado um dos elementos que proporciona

valorização, e é alvo da especulação imobiliária. Em visitas a campo verificou-

se que o córrego Prosa encontra-se em acelerado processo de assoreamento,

em um ponto localizado no interior do PNI. Verificou-se que houve

fragmentação da paisagem, com aumento de áreas urbanas e diminuição da

cobertura vegetal o que não atende o Plano Diretor da Cidade. Um dos fatores

contribuintes para o crescimento urbano é a valorização da região do Prosa,

onde estão inseridos o Parque Estadual do Prosa e Parque das Nações

Indígenas. A pesquisa demonstrou também que há um trecho crítico próximo

ao Parque, que sofre com constantes alagamentos devido às chuvas e à

impermeabilização do solo. A expansão urbana ocorrida no entorno do PNI no

período avaliado produziu alterações no uso do solo, bem como gerou

impactos ambientais e econômicos no local.

Palavras-Chave: Expansão urbana, fragmentação da paisagem, parque

urbano, bacia hidrográfica, análise multitemporal.

39

Abstract

This study aims to conduct a multi-temporal analysis of urban growth around

the Parque das Nações Indígenas, Campo Grande, Mato Grosso do Sul, in

1995, 2005 and 2015, and conduct a comparative analysis of landscape change

during this period and relate to urban expansion and land speculation. This

work was carried out literature reviews, data collection, outside visits and used

images of the satellite Landsat 8, in alienation of the Bacia do Prosa, in the

years 1995, 2005 and 2015. Parque das Nações Indígenas is located in Bacia

do Prosa, and meets both social and environmental role, providing people with

a place for leisure, contact with nature, recreation and contemplation. It is

considered one of the elements that provides value, and it is the subject of

speculation. In outside visits we found that the Prose stream is fast-silting

process, at a point located inside the Parque das Nações Indígenas (PNI). It

was found that there was landscape fragmentation, increasing in urban areas

and decreased vegetation cover which does not meet the Master Plan of the

City. One of the factors contributing to urban growth is the appreciation of the

Prosa region where are Parque Estadual do Prosa and PNI. The survey also

showed that there is a critical stretch near the park, which suffers from constant

flooding due to rainfall and soil sealing. Urban expansion in surrounding of PNI

in the assessed period produced changes in land use, and it generated social,

economic and environmental impacts on site.

Keywords: Urban sprawl; landscape fragmentation; urban park; hydrographic

basin, multitemporal analysis.

Introdução

Parque urbano é todo espaço de uso público destinado à recreação de

massa, capaz de proporcionar aos habitantes um local destinado ao lazer e ao

contato com a natureza, no qual o homem se encontra totalmente inserido

(MACEDO e SAKATA, 2003). Para os autores, a qualidade de vida está

intimamente relacionada à questão ambiental, representando assim o chamado

"espaço verde", capaz de incorporar intenções de conservação. Estes parques

se tornam elementos fundamentais no contexto degradado das cidades e

compõem a paisagem urbana.

40

Paisagem urbana é um conceito amplo que se refere principalmente aos

aspectos morfológicos de qualquer cidade. É formada por vias, limites, bairros,

cruzamentos, área verde, relevo, assim como a presença de imobiliário urbano

(AMADEI et al., 2011). Complementando o conceito de paisagem urbana, os

parques urbanos exercem papel fundamental, integrando os elementos

ambientais necessários ao aumento da qualidade de vida da população.

Entre as capitais brasileiras que se destacam por seus belos parques

urbanos está Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, cuja população é

de aproximadamente de 840.000 habitantes, com área de unidade territorial de

8.092,951 km² (IBGE, 2014). Localizada na região central do Estado, a cidade

tem mais de 500 hectares de área verde, distribuídos em parques urbanos,

Parques Estaduais, horto florestal, praças, jardins e ruas arborizadas (SILVA e

NUNES, 2009).

Dentre os parques da cidade, destaca-se o Parque das Nações

Indígenas (PNI), por ser o maior parque urbano de Campo Grande, e por

apresentar-se como um local de contemplação, lazer e prática de exercícios

físicos, sendo considerado um dos principais pontos turísticos da cidade. Este

parque foi criado em 1993 com uma estrutura funcional e espacial integrada

urbanisticamente e paisagisticamente para atender a população do município e

região como área de lazer contemplativo, educacional e recreacional, com a

finalidade de atender à necessidade de se resgatar áreas verdes urbanas e

suas funções à melhoria da qualidade de vida no processo de estruturação da

cidade moderna (PEDROSSIAN, 2006).

O aumento da urbanização vem gerando modificações na paisagem das

cidades, devido ao processo de uso e ocupação do solo e substituição das

áreas de cobertura vegetal (COELHO et. al., 2014). Para mitigar os principais

problemas que ocorrem no ambiente urbano, sobretudo os relacionados à

ocupação do solo, faz-se necessário o uso de ferramentas que proporcionem

informações necessárias à implementação de projetos que auxiliem na gestão

dos recursos naturais, de maneira a buscar o desenvolvimento sustentável em

áreas urbanas.

Atualmente, um dos principais recursos utilizados para a análise e

monitoramento do crescimento urbano consiste na utilização da tecnologia do

Sensoriamento Remoto em conjunto com os Sistemas de Informações

41

Geográficas (SIGs) (MARATO et al., 2011). O geoprocessamento é uma

ferramenta que é capaz não só de armazenar, quantificar e manipular dados

georreferenciados, como também comparar esses dados e tratá-los

estatisticamente (FUJACO et al., 2010).

Considerando que os parques urbanos são fundamentais para o

ambiente urbano e que essas áreas verdes constituem cenários de

contemplação, turismo e lazer, gerando bem estar e qualidade de vida à

população, a implantação dos mesmos impulsiona mudanças na paisagem em

seu entorno. Por outro lado, de acordo com WENDEL (2006), a revitalização de

áreas urbanas com a implantação de áreas verdes bem como a criação

parques, tornam-se objetos de especulação imobiliária, e a natureza, que

deveria ter um valor de uso, é transformada em valor de troca no mercado

imobiliário.

Este estudo tem como objetivo realizar uma análise multitemporal do

crescimento urbano do entorno do PNI, Campo Grande, Mato Grosso do Sul,

nos anos de 1995, 2005 e 2015; verificar os impactos ambientais gerados em

decorrência do aumento da urbanização, levando-se em conta o fato de o PNI

estar inserido na Bacia do Prosa e estar localizado na Zona de Amortecimento

do Parque Estadual do Prosa; e relacionar a expansão urbana com a

especulação imobiliária.

Material e Métodos

O Parque das Nações Indígenas (PNI) foi criado com uma estrutura

funcional e espacial integrada urbanística e paisagisticamente para atender a

população de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, como área de

lazer contemplativo, educacional e recreacional. Está inserido na Bacia

Hidrográfica do Prosa (Figura 1), e possui uma área de 324.300 ha (PLANURB,

2008). Os principais recursos hídricos da Bacia do Prosa são o córrego Prosa,

e seus formadores, Desbarrancado e Joaquim Português, e afluentes, o

Revellieu e o Sóter (PLANURB, 1993).

42

Figura 1. Mapa contendo a localização do PNI, no interior da Bacia do Prosa,

Campo Grande - MS. Fonte: Landsat 8/OLI – Earth Explorer (2014).

Localizado próximo ao PNI e no interior da Bacia do Prosa está o Parque

Estadual do Prosa (PEP), criado em 1981, em princípio como uma Reserva

Ecológica do Parque dos Poderes, sede administrativa do Governo Estadual, e

transformado em Parque Estadual em 2002, sendo a primeira área protegida

de Mato Grosso do Sul, tornando-se uma Unidade de Conservação, nos

moldes definidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC,

Lei Federal nº 9.985, de 18 de junho de 2000.

Vale ressaltar que o PNI encontra-se na zona de amortecimento do

Parque Estadual do Prosa. O art. 2º, inciso XVIII do SNUC define a zona de

amortecimento como a área de entorno de uma Unidade de Conservação,

restringindo nela as atividades humanas, as quais ficam sujeitas a normas e

restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos

sobre a Unidade (MACEDO et al., 2015).

Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram selecionados os quatro

bairros circunvizinhos ao PNI, para realizar uma análise multitemporal do

crescimento urbano entre os períodos de 1995, 2005 e 2015. Selecionou-se,

PEP

43

portanto, os bairros Carandá, Veraneio, Santa Fé e Chácara Cachoeira, pois

são os bairros circunvizinhos ao PNI (Figura 2).

Figura 2. Mapa contendo a localização dos Bairros próximos ao PNI, no interior

da Bacia do Prosa, Campo Grande - MS. Fonte: Landsat 8/OLI – Earth Explorer

(2014).

A pesquisa foi realizada em quatro momentos. Primeiramente realizou-

se a coleta de dados junto ao Instituto Municipal de Planejamento Urbano -

PLANURB, junto à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Urbano - SEMADUR, e junto ao Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do

SUL - IMASUL, por meio de documentos, registros e legislação referente ao

uso e ocupação do solo no município de Campo Grande.

Em segundo momento foram feitas visitas in loco a fim de verificar a

estrutura atual do PNI, e se haviam danos ambientais visíveis em seu interior,

como assoreamentos, erosões ou poluição dos córregos que cortam o Parque.

No terceiro momento, foi feito o mapeamento do entorno do PNI para

análise do processo de uso e ocupação do solo nestes bairros nos períodos de

1995, 2005 e 2015, para verificar processo de urbanização ocorrido ao longo

PEP

44

destas duas décadas. Na verificação de uso e ocupação do solo, possíveis

através da utilização dos SIG’s ArcGis 10 e Spring 5.2.6, foi realizada a análise

multitemporal de imagens de satélite Landsat 5, do sensor TM, datadas de 03

de abril de 1995 e 03 de julho de 2005 (bandas 3, 4 e 5) e para uma análise

mais recente, utilizou-se das imagens do satélite Landsat 8, do sensor OLI,

datada de 11 de junho de 2015, (bandas 4, 5, 6 e 8, esta última, devido a

resolução ser de 15 metros, representou uma análise mais detalhada do

terreno).

Após a aquisição destas imagens de satélite realizou-se a organização

de um banco de dados geográfico, para a inserção de todos os dados que

foram trabalhados, sempre em projeção SIRGAS 2000, delimitando as áreas

de estudo, bem como, os bairros que foram analisados (Carandá, Santa Fé,

Veraneio e Chácara Cachoeira).

Realizado o recorte das áreas de estudo, foi feita a composição de

bandas RGB em todas as imagens adquiridas. Todos estes procedimentos

iniciais foram realizados com o software ArcGis 10, porém os métodos

elaborados para a segmentação, classificação e mapeamento, foram

realizados com o software Spring 5.2.6.

No mapeamento foram identificadas cinco classes: Vegetação Rasteira,

Área Urbanizada, Área Florestal, Solo Exposto e Água, levando-se em

consideração as tonalidades de cores para cada classe existente nas imagens

de satélite. Por fim, aplicaram-se as cores temáticas para a finalização do

mapeamento, buscando utilizar as cores que melhor identificam as classes nos

mapas elaborados. Os dados foram obtidos em quilômetros quadrados (Km2)

de cada classe temática de cada ano, que serviram de base para a elaboração

do mapa temático no sistema de processamento e análise de imagens, com

uso de software específico foi elaborada uma chave de interpretação dos

objetos e formas de uso e ocupação, resultando em uma legenda de cinco

classes temáticas.

Na quarta e última etapa da pesquisa, foram realizadas visitas a campo

para analisar alguns pontos da área de estudo, a fim de compreender o

processo de uso e ocupação do solo, bem como verificar possíveis danos ao

ambiente.

45

Resultados e Discussão

Análise Multitemporal do Entorno do Parque das Nações Indígenas (PNI)

A análise das imagens de satélite do entorno do PNI, ao longo de duas

décadas (1995-2015), revelou a ocorrência de mudanças na paisagem da

região, causadas pelo processo de expansão urbana (Figura 3).

Figura 3. Mapa com o recorte dos bairros circunvizinhos ao PNI, no interior da

Bacia do Prosa. Sistema de Coordenadas Geográficas Universal Transversa de

A

B

C

46

Mercator (UTM) e Datum-ITRF (WGS84), zona 21 sul. Fonte: SRTM - Earth

Explorer (2014); (A) Landsat 5/TM – INPE, 03 de abril de 1995; (B) Landsat

5/TM – INPE, 03 de julho de 2005; (C) Landsat 8/OLI – INPE, 11 de junho de

2015.

Em 1995 verificou-se a predominância de áreas de Vegetação Rasteira

e pequenos fragmentos de área urbanizada, principalmente no bairro Veraneio,

que abriga o Parque Estadual do Prosa em 1995 (Figura 3A).

No ano de 2005 (Figura 3B) na mesma área pôde-se constatar o avanço

da Área Urbanizada e diminuição da área de Vegetação Rasteira bem como

diminuição da área florestal em relação ao período de 1995.

Em 2015, observou-se aumento considerável da área urbanizada em

relação à área de Vegetação Rasteira, demonstrando que a área de estudo

vem sofrendo alterações significativas em sua paisagem, principalmente, no

que se refere ao crescimento urbano (Figura 3C).

Fazendo um comparativo em cada um dos bairros, entre os períodos

analisados, é possível verificar que houve uma substituição das áreas de

Vegetação Rasteira pelas áreas urbanizadas nos bairros no entorno do PNI

entre os anos de 1995, 2005 e 2015. Os resultados foram dispostos nas

Tabelas 1 a 4.

Tabela 1. Alteração da paisagem do Bairro Carandá, de acordo com as

classificações obtidas em 1995, 2005 e 2015.

Bairro Carandá

Classes Temáticas

1995 2005 2015

(km²) (%) (km²) (%) (km²) (%)

Vegetação Rasteira 2,51 60,19 1,55 37,17 0,93 22,30

Área Urbanizada 1,42 34,05 2,39 57,31 3,02 72,42

Área Florestal 0,23 5,52 0,22 5,28 0,21 5,04

Água 0,01 0,24 0,01 0,24 0,01 0,24

TOTAL 4,17 100,00 4,17 100,00 4,17 100,00

A área de Vegetação Rasteira no barro Carandá reduziu

significativamente, ao passo que as áreas urbanizadas aumentaram de 34,5%

em 1995 para 72,42% em 2015.

47

Tabela 2. Alteração da paisagem do Bairro Chácara Cachoeira, de acordo com

as classificações obtidas em 1995, 2005 e 2015.

Bairro Chácara Cachoeira

Classes

Temáticas

1995 2005 2015

(km²) (%) (km²) (%) (km²) (%)

Vegetação Rasteira 1,97 57,94 1,01 29,71 0,88 25,88

Área Urbanizada 1,32 38,82 2,33 68,53 2,47 72,65

Área Florestal 0,08 2,35 0,06 1,76 0,05 1,47

Solo exposto 0,03 0,88 0,00 0,00 0,00 0,00

TOTAL 3,40 100,00 3,40 100,00 3,40 100,00

Na Chácara Cachoeira também ocorreu redução da área de Vegetação

Rasteira em comparação às Áreas Urbanizadas no decorrer das duas décadas

em estudo. O mesmo ocorreu no bairro Santa Fé, conforme consta na tabela

abaixo.

Tabela 3. Alteração da paisagem do Bairro Santa Fé, de acordo com as

classificações obtidas em 1995, 2005 e 2015.

Bairro Santa Fé

Classes Temáticas

1995 2005 2015

(km²) (%) (km²) (%) (km²) (%)

Vegetação Rasteira 0,53 33,76 0,18 11,46 0,12 7,64

Área Urbanizada 1,00 63,69 1,37 87,26 1,44 91,72

Área Florestal 0,04 2,55 0,02 1,27 0,01 0,64

TOTAL 1,57 100,00 1,57 100,00 1,57 100,00

Já no bairro Veraneio (Tabela 4) o avanço da área urbanizada sobre a

vegetação se deu de modo menos significativo. Este bairro abriga o Parque

Estadual do Prosa, o Parque das Nações Indígenas e o Parque dos Poderes

(sede administrativa do estado). O Parque Estadual do Prosa possui reservas

de vegetação e corpos hídricos abrigando duas nascentes, o Desbarrancado e

o Joaquim Português, o que impede que essas formações florestais sejam

suprimidas (IMASUL, 2011).

48

Tabela 4. Alteração da paisagem do Bairro Veraneio, de acordo com as

classificações obtidas em 1995, 2005 e 2015.

Bairro Veraneio

Classes Temáticas

1995 2005 2015

(km²) (%) (km²) (%) (km²) (%)

Vegetação Rasteira 6,29 67,93 5,32 57,45 4,34 46,87

Área Urbanizada 0,32 3,46 1,33 14,36 2,38 25,70

Área Florestal 2,58 27,86 2,55 27,54 2,50 27,00

Água 0,06 0,65 0,06 0,65 0,04 0,43

Solo Exposto 0,01 0,11 0,00 0,00 0,00 0,00

TOTAL 9,26 100,00 9,26 100,00 9,26 100,00

Abaixo seguem os percentuais das principais alterações ocorridas em

toda área de estudo (nos quatro bairros), sendo as que mais apresentaram

mudanças as Classes Vegetação Rasteira, Área Urbanizada e Área Florestal.

Tabela 5. Principais alterações ocorridas de acordo com análise dos anos de

1995, 2005 e 2015 no entorno do PNI, Campo Grande, MS.

Quadrante da Imagem Classificada (total dos quatro bairros)

Classes

Temáticas

1995 2005 2015

(km²) (%) (km²) (%) (km²) (%)

Pastagens 24,44 50,71 18,51 38,40 14,27 29,61

Áreas Urbanizadas 18,91 39,23 25,10 52,07 29,40 61,00

Área Florestal 4,56 9,46 4,49 9,32 4,45 9,23

Água 0,13 0,27 0,10 0,21 0,08 0,17

Solo Exposto 0,16 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00

TOTAL 48,20 100,00 48,20 100,00 48,20 100,00

Partindo-se da classificação Áreas Urbanizadas dos bairros

circunvizinhos ao Parque das Nações Indígenas, ocorreu aumento significativo,

passando de 39,23% em 1995, para 61% em 2015, o que implica em 10,49 km²

de crescimento urbano no período. Ao mesmo tempo, o período de 1995 a

2015 refletiu em diminuição da vegetação rasteira que se encontrava com

24,44 km² (50,71%) em 1995, diminuindo para 29,61%, ou seja, 10,17 km² a

menos de vegetação em 2015.

49

No decorrer do período de 1995 a 2015, houve aumento de mais de 55%

de Área Urbanizada para os quatro bairros pesquisados. Este aumento

justifica-se por ter havido grandes loteamentos para construção de casas e

prédios residenciais, novos empreendimentos comerciais e, também, a

abertura de vias terrestres como avenidas e logradouros.

O local conservou sua Área Florestal, uma vez que a diminuição ao

longo do período foi de menos de 2,5%. A menor pressão sobre a Área

Florestal pode ser explicada levando em consideração o fato de a área de

estudo abrigar o PEP (Unidade de Conservação), o PNI e o Parque dos

Poderes.

A diminuição dos recursos hídricos, apesar de não aparecer em

números significativos, pode ser justificada pelas inúmeras obras de

canalização e construção de vias sobre os principais córregos da hidrografia da

bacia, bem como devido ao assoreamento do Córrego Prosa, conforme

verificado em visitas a campo.

Urbanização e Impactos Ambientais Ocorridos na Área de Estudo

Segundo MASSON et al. (2014) um planejamento ambiental que leve

em consideração a fragilidade do meio e a necessidade de proteção da

Unidade de Conservação e de sua zona de amortecimento, bem como de suas

nascentes e cursos d’água seria uma solução plausível. Os autores ressaltam

ainda, que a expansão imobiliária na região promove degradação das

nascentes, processos erosivos e assoreamento dos córregos, impactando

diretamente na unidade de conservação.

Verificou-se que dentro do PNI, o Córrego Prosa está assoreado e,

mesmo com a barragem construída para contenção de areia, o Prosa está

recebendo um aporte de sedimento decorrente do processo erosivo na região

do entorno do parque.

Para minimizar tais efeitos, é necessário estabelecer um projeto de

conservação do solo, que preserve o curso da água dentro e no entorno do

PNI. Abaixo podemos verificar o acelerado processo de assoreamento do

Córrego Prosa (Figura 4).

50

Figura 4. Assoreamento e barragem de contenção no Córrego Prosa, no

interior do PNI, 23 de março de 2016.

O grau de assoreamento do Córrego Prosa é bastante avançado, uma

vez que toda esta extensão há poucos anos atrás, era completamente

preenchida pelas águas do córrego, sendo possível hoje até mesmo atravessá-

lo caminhando. De acordo com SANTOS et al. (2007) o assoreamento está

relacionado a vários fatores, como a declividade do terreno, a falta de

vegetação que deixa o solo exposto às intempéries. Além do assoreamento,

foram constatados resíduos em trecho do córrego Prosa no interior do PNI,

provavelmente, gerados pelos próprios usuários do parque.

Constatou-se que a diminuição da cobertura vegetal, em decorrência do

aumento da malha urbana, não atende à lei de uso e ocupação do solo urbano,

uma vez que o PNI está inserido na Zona Especial de Interesse Ambiental

(ZEIA), e que esta área é destinada à preservação do ambiente. A Lei

Complementar nº 94/2006, que institui a Política de Desenvolvimento e o Plano

Diretor de Campo Grande, em seu Artigo 35, define que as ZEIAs têm a

finalidade de garantir as áreas de permeabilidade e qualidade ambiental, uma

vez que, dadas as suas características geoambientais, são consideradas

impróprias à urbanização, embora seja preservado o seu potencial construtivo,

dentro das condições estabelecidas, como taxa de permeabilidade mínima de

60%. A Lei estabelece ainda que nestes locais a altura total das edificações

seja de 15 m de altura, o que não foi constatado em visitas a campo.

De acordo com MASSON et al. (2014), o uso e ocupação do solo da

micro bacia do Córrego Prosa é composto por edificações e avenidas. O

aumento da pavimentação da quantidade de empreendimentos e acarretou

dificuldades na infiltração das águas pluviais, devido à impermeabilização do

51

solo, contribuindo para grandes alagamentos próximos à vazão do PNI, local

este considerado um dos pontos mais críticos da cidade de Campo Grande,

segundo a Carta de Drenagem do município. Segundo dados da Prefeitura

Municipal (PLANURB, 1997), foram identificados, basicamente, sete trechos

críticos (Figura 5), sendo três junto aos dois reservatórios do córrego Sóter e

um após o ingresso das vazões do Parque das Nações Indígenas.

Figura 5. Trechos críticos destacados em vermelho para o cenário atual de uso

de solo: diagnóstico. Fonte: PLANURB (2008), adaptado.

O trecho mais problemático localiza-se próximo à vazão do Parque, na

Avenida Via Parque, localizada no Bairro Santa Fé. Por estar em um trecho em

52

declive, esta avenida recebe as águas dos córregos Sóter e Prosa (MACEDO

et al., 2015), que juntamente com as águas da chuva formam intensos

alagamentos. Para BLANCH et al. (2001) estes trechos que sofrem com

alagamentos e enchentes possuem, ainda, um sistema de micro drenagem

insuficiente em vários pontos, como também a existência de bocas de lobo

assoreadas com localização e distribuição irregular.

Vale realçar que o Plano de Manejo do Parque Estadual do Prosa

previne a garantia de manutenção de índices adequados de permeabilidade do

solo para infiltração das águas pluviais na área da bacia hidrográfica do

Córrego Prosa cuja drenagem possa afetar a área do PEP (IMASUL, 2011).

Já os parques urbanos, que são áreas verdes com função ecológica,

estética e de lazer, também atuam incrementando a permeabilidade do solo,

pois neste espaço recomenda-se pelo menos 70% de áreas vegetadas com

solo permeável (CAMPANHÃO et al., 2014).

A mídia local registrou alguns dos piores alagamentos nesta região

(Figura 6). A Via Parque, avenida localizada na parte inferior do PNI, é um dos

pontos mais críticos da cidade, e é bastante comum ocorrerem estes

problemas em períodos de grandes precipitações pluviométricas.

Figura 6. Fotos aéreas do alagamento na Via Parque, próximo ao PNI. Fonte:

Campo Grande News (2015).

Diante do crescimento horizontal rápido e desordenado, o poder público

não conseguiu acompanhar com infraestruturas necessárias às novas

demandas, e a rede hidrográfica urbana que atravessa a cidade no sentido

nordeste/sudeste apresenta sistema deficitário de drenagem de córregos e

canais. SANTOS (2000) aponta que apesar de 60% das áreas pavimentadas

53

serem atendidas por galerias, estas ainda são insuficientes à captação das

águas pluviais. GOMES et al. (2011) afirmam que a vegetação atua

paralelamente na proteção do solo, pela capacidade de interceptar as chuvas,

atenuando a incidência direta sobre os solos e interrompendo o carreamento

mais expressivo de sedimentos, minimizando assim os efeito tanto do

alagamento quanto o da erosão.

Levando-se em consideração o fato de o PNI estar situado à zona de

amortecimento da Unidade de Conservação (UC) do Parque Estadual do

Prosa, faz-se necessário estudos que possam mitigar os impactos ambientais

na região. Para BEIROZ (2015) a maior parte das pressões antrópicas sofridas

por UCs é oriunda dos seus entornos, desde o avanço de usos inadequados do

solo e recursos naturais, até o avanço de franja urbana. O autor aponta que há

de se considerar as transformações que ocorreram sobre tais áreas, o

processo de ocupação, as mudanças na configuração do uso do solo e as

tendências atuais para que se possam mitigar as atuais pressões e impactos e

prevenir os futuros.

Considerando o fato de o PNI estar inserido na Bacia Hidrográfica do

Prosa, vale realçar que o estudo da bacia hidrográfica permite observar em

detalhes a variação dos diferentes processos que ocorrem nela. Isso porque

ela possui características essenciais, que permitem a integração

multidisciplinar entre diferentes sistemas de gerenciamento, estudo e atividade

ambiental, especialmente por ser um processo descentralizado de conservação

e proteção do ambiente (BERNARDI et al., 2012).

Urbanização e Impactos Econômicos Ocorridos no entorno do PNI

Houve grande crescimento urbano durante o período de 1995, 2005 e

2015. Com o aumento da urbanização, o mercado imobiliário apropria-se da

natureza que, integrada ao contexto degradado das cidades, torna-se objeto de

valor econômico.

A vegetação, quando planejada, pode promover diferentes benefícios ao

ambiente e à população urbana, oferecendo grande valor e status. Este valor é

tanto econômico, entendido enquanto valorização dos espaços urbanos, alvo

de especulação imobiliária, quanto subjetivo, ligado ao prazer, à beleza, e à

sensação de tranquilidade (WENDEL, 2006). Sendo assim, qualquer objeto

54

associado a uma ideia de natureza torna-se sinônimo de qualidade de vida e

transforma-se em valor econômico, fazendo com que aumente os preços dos

loteamentos, apartamentos, casas, condomínios e edifícios.

A criação dos parques urbanos se constitui um produto da era industrial

e em conjunto com processo de urbanização, onde ocorreu uma aglomeração

demográfica nos centros urbanos, fazendo com que surgisse a demanda por

espaços naturais voltados para o lazer e para a recreação (COSTA e

COLESANTI, 2011; WENDEL, 2006; CARDOSO et al., 2015).

Levantamentos feitos na Divisão de Fiscalização e Avaliação Imobiliária

do Departamento de Cadastro Imobiliário e de Cartografia da SEMADUR

demonstraram que houve aumento no valor dos imóveis no período de 1995,

2005 e 2015, nos bairros Santa Fé, Veraneio, Chácara Cachoeira e Carandá

Bosque, bairros que circundam o Parque.

Vale ressaltar que cada bairro possui um tamanho de lote padrão, ou

seja, tamanho específico de terreno. O Bairro Santa Fé possui lote padrão de

12 x 30 m; já o Jardim Veraneio os lotes são de 50 x 50 m, enquanto no bairro

Chácara Cachoeira os lotes medem 15 x 35 m, e o bairro Carandá Bosque

possui lotes que medem 12 x 30 m.

A pesquisa apontou que houve aumento no valor de mercado dos

imóveis da região, no ano de 2015 em comparação ao ano de 1995 (Figura 7).

Figura 7. Levantamento do Valor de Mercado dos imóveis dos bairros Santa

Fé, Veraneio, Chácara Cachoeira e Carandá Bosque, nos anos de 1995, 2005

e 2015. Fonte: Elaborado com as informações cedidas pela SEMADUR (2016).

55

No bairro Santa Fé, onde o imóvel valia R$ 13.320,00 em 1995, passou

a valer R$ 50.400,00 em 2005 (o que implica em um aumento de 278,3%),

subindo para R$ 270.000,00 em 2015, alcançando aumento de 1.927% no

valor de mercado ao longo dos vinte anos. Já no bairro Veraneio o valor de

mercado dos imóveis que era de R$ 2.750,00 em 1995, passou a valer R$

20.000,00 em 2005 e em 2015 os imóveis já estavam sendo avaliados em R$

200.000,00, com aumento de 7.172,72% ao longo do período pesquisado. O

bairro Chácara Cachoeira, cujos imóveis eram avaliados em R$ 28.875,00 em

1995, passaram a valer R$ 73.500,00 em 2005, e no ano de 2015 foram

avaliados em R$ 399.000,00. Neste bairro o valor de mercado dos imóveis

aumentou em 1.281,81% entre os períodos de 1995 e 2015. O bairro Carandá

Bosque, cujo valor de mercado era de R$ 7.225,00 em 1995, passou a ser de

R$ 32.400,00 (com valorização de 309%) em 2005, e em 2015 os imóveis

passaram a valer, em média, R$ 180.000,00, com aumento de 2.172,72% ao

longo dos vinte anos estudados.

As informações apresentadas denotam que a área no entorno do PNI

sofreu com a especulação imobiliária, que contribuiu para o aumento

exorbitante no valor dos imóveis. Os dados apontam, também, que esta é uma

região habitada por pessoas das classes média a alta, o que implica em

segregação socioespacial, um fenômeno facilmente perceptível na paisagem

urbana, onde pessoas com menor recurso financeiro são impulsionadas a se

mudarem para lugares cada vez mais longínquos dos centros urbanos mais

valorizados. Neste contexto, o Parque das Nações Indígenas é considerado

um elemento que agrega valor aos empreendimentos construídos em seu

entorno, sejam casas, apartamentos, imóveis comerciais ou terrenos de

loteamentos.

Conclusão

A área do entorno do Parque das Nações Indígenas vem sofrendo

alterações em sua paisagem devido ao aumento das Áreas Urbanizadas e

diminuição da Vegetação ao longo do período de 1995, 2005 e 2015. Esta

análise multitemporal pôde ser realizada com a utilização de técnicas de

geoprocessamento, somadas ao uso de Sistemas de Informações Geográficas,

e ao Sensoriamento Remoto.

56

Verificou-se que o crescimento urbano na área estudada não atende ao

Plano Diretor da cidade, uma vez que o PNI está inserido à Zona Interesse

Ambiental, e faz parte da Zona de Amortecimento do Parque Estadual do

Prosa, cujo plano de manejo estabelece padrões de ocupação populacional,

bem como a garantia de manutenção de índices adequados de permeabilidade

do solo para infiltração das águas pluviais na área da bacia hidrográfica do

Córrego Prosa. A pesquisa apontou que a ocupação no perímetro urbano do

PNI e a supressão da vegetação acarretou o aumento da impermeabilização do

solo, favorecendo os alagamentos na região.

Em visitas a campo verificou-se que o córrego Prosa encontra-se em

acelerado processo de assoreamento, em um ponto localizado no interior do

PNI. Através do estudo obteve-se que o aumento da malha urbana ao longo de

vinte anos é caraterizada por um crescimento predominantemente horizontal e

fragmentado, e que a especulação imobiliária é evidente nos quatro bairros

circunvizinhos ao PNI.

Os resultados da pesquisa apontam para a necessidade de uma melhor

gestão dos recursos naturais e planejamento urbano, sobretudo, nas áreas

circundantes ao PNI, de modo a garantir que o crescimento urbano ocorra de

maneira sustentável diminuindo, assim, os impactos ao ambiente para garantir

a conservação destes recursos às próximas gerações.

7. Referências Bibliográficas

AMADEI, D. I. B.; MASSULO, R.; SOUZA, R. A. DE; SIMÕES, F. A. Paisagem

Urbana do Eixo Monumental Maringaense: uma abordagem a partir da

metodologia de Gordon Cullen. Revista NUPEM, Campo Mourão, v. 3, n. 4, p.

36-48, 2011.

BEIROZ, H. Zonas de amortecimento de Unidades de Conservação em

ambientes urbanos sob a ótica territorial: reflexões, demandas e desafios.

Desenvolvimento e Meio Ambiente, UFPR, Paraná, v. 35, p. 275-286, dez.

2015.

BERNARDI, E. C. S.; PANZIERA, A. G.; BURIOL, G. A.; SWAROWSKY, A.

Bacia hidrográfica como unidade de gestão ambiental. Série: Ciências Naturais

57

e Tecnológicas. Disciplinarum Scientia, Santa Maria, v. 13, n. 2, p. 159-168,

2012.

BLANCH, R. M. A.; MATIAS, R.; CUNHA, M. J. P.; JARDIM, M. I. DE A.;

FIGUEIRAS, C. T.; COSTA, C. A. COSTACURTA, M.; SOUZA, D. N. DE.

Avaliação física, química e microbiológica da bacia dos córregos Prosa e

Revellieu dentro do Parque das Nações Indígenas, Campo Grande - MS.

Ensaios e ciência, Campo Grande, v. 1, n. 1, p. 15-45, 2001.

CAMPANHÃO, L. M. B.; FONTES, A. T.; SOUZA, M. P. DE. Proposta de

criação de espaços territoriais a serem especialmente protegidos em uma zona

de recarga do Sistema Aquífero Guarani no município de Ribeirão Preto, SP.

Desenvolvimento e Meio Ambiente, UFPR, Paraná, v. 29, p. 93-112, abr.

2014.

CAMPO GRANDE. Lei Complementar nº 107/2007, que dispõe sobre o

Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo no Município de Campo

Grande – MS. Disponível em: <http://www.pmcg.ms.gov.br/>. Acesso em 05

jun. 2016.

CARDOSO, S. L. C.; VASCONCELLOS SOBRINHO, M.; VASCONCELLOS, A.

M. A. Gestão ambiental de parques urbanos: o caso do Parque Ecológico do

Município de Belém Gunnar Vingren. urbe. Revista Brasileira de Gestão

Urbana, Curitiba, v. 7, n. 1, p. 74-90, 2015.

COELHO, V. H. R.; MONTENEGRO, S. M. G. L.; ALMEIDA, C. DAS N.; LIMA,

E. R. V.; NETO, A. R.; MOURA, G. S. S. Dinâmica do uso e ocupação do solo

em uma bacia hidrográfica do semiárido brasileiro. Revista Brasileira de

Engenharia Agrícola e Ambiental, Uberlândia, v. 18, n. 1, p. 64-72, 2014.

COSTA, R. G. S.; COLESANTI, R. G. S. A contribuição da percepção

ambiental nos estudos das áreas verdes. Revista RA´E GA, Curitiba, v. 22, p.

238-251, 2011.

58

FUJACO, M. A. G.; LEITE, M. G. P.; MESSIAS, M; C. T. B. Análise

multitemporal das mudanças no uso e ocupação do Parque Estadual Itacolomi

(MG) através de técnicas de geoprocessamento. REM - Revista Escola de

Minas, Ouro Preto, v. 63, n. 4, p. 695-701, 2010.

GOMES, D. D.; MENDES, L. M. S.; MEDEIROS, C. N. DE.; VERÍSSIMO, C. U.

V. Análise multitemporal do processo de degradação da vegetação da bacia

hidrográfica do Rio Jaibaras no Estado do Ceará. Geografia Ensino &

Pesquisa, Ceará, v. 15, n. 2, maio/ago., 2011.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico,

População Campo Grande, de Mato Grosso do Sul. Disponível em

<http://www.ibge.gov.br>. Acesso em 08 dez. 2014.

IMASUL, Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul. Plano de Manejo

do Parque Estadual do Prosa. Campo Grande: IMASUL, 2011. Disponível em

<http://www.imasul.ms.gov.br/wp-content/uploads/sites/74/2015/06/Plano-de-

Manejo-Parque-Estadual-do-Prosa.pdf> Acesso: março de 2016.

MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques urbanos no Brasil. 2ed. São Paulo:

Editora da USP, 2003.

MARATO, R. G.; KAWAKUBO, F. S.; HAYAKAWA, E. H.; MACHADO, R. P. P.

Análise da Expansão Urbana por meio de composições coloridas

multitemporais. Mercator, Fortaleza, v. 10, n. 22, p. 221-231, 2011.

MASSON, D. S.; MACEDO, G. Z.; PEREIRA, J. G. Pressões no uso e

ocupação do entorno e os desafios à gestão do Parque Estadual do Prosa,

Campo Grande-MS. Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, 5, 2014, Belo

Horizonte. Anais... Belo Horizonte, 2014.

PEDROSSIAN, P. O pescador de sonhos – memórias. Campo Grande:

Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, 2006.

59

PLANURB. Carta de Drenagem do Município de Campo Grande-MS. Campo

Grande: PMCG, 2007.

PLANURB. Instituto Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente.

Região Urbana do Prosa: características do espaço regional e

potencialidades de desenvolvimento – documento base para o

levantamento local. Relatório Técnico, Campo Grande, 1998.

PLANURB. Plano Diretor do Parque das Nações Indígenas. Campo

Grande: PMCG, 1993. [s. n. p.].

PLANURB. Instituto Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente.

Região Urbana do Prosa: características do espaço regional e

potencialidades de desenvolvimento – documento base para o

levantamento local. Campo Grande, PMCG, 1998. Relatório Técnico. [s. n.

p.].

PLANURB. Instituto Municipal de Planejamento Urbano e Meio Ambiente.

Características Gerais de Campo Grande. Campo Grande, PMCG, 2008. [s.

n. p.].

SANTOS, J. Os caminhos do lixo em Campo Grande: disposição dos

resíduos sólidos na organização do espaço urbano. Campo Grande:

UCDB, 2000. 109p.

SILVA, J. V. P. DA; NUNES, P. R. M. Parques públicos de lazer e interesse

físico/esportivo, animação sociocultural e população atendida. Licere, Belo

Horizonte, v. 12, n. 2, p. 1–18, 2009.

WENDEL, H. A cidade e a natureza: a apropriação, a valorização e a

sofisticação da natureza nos empreendimentos imobiliários de alto padrão em

São Paulo. GEOUSP – Espaço e Tempo, São Paulo, n. 20, p. 65-77, 2006.

60

8. Conclusão Geral

Dada a importância dos parques urbanos como elementos que

proporcionam bem estar social e preservação ambiental, os mesmos cumprem

papel fundamental no contexto degradado das cidades.

Porém, os parques urbanos contribuem também para o aumento da

urbanização em seu entorno e são alvos de especulação imobiliária. Esta

pesquisa visou analisar a alteração na paisagem no entorno do Parque das

Nações Indígenas (PNI), em Campo Grande - Mato Grosso do Sul, Brasil. Este

Parque está inserido na Zona de Interesse Ambiental do município, e pertence

à Zona de Amortecimento da Unidade de Conservação do Parque Estadual do

Prosa, e está inserido na Bacia Hidrográfica do Prosa.

A ação antrópica através do uso e ocupação do solo contribuiu para a

fragmentação da paisagem e redução da cobertura vegetal nos bairros

circunvizinhos ao PNI. A análise multitemporal feita com imagens de satélites

demonstrou que houve crescimento urbano no entorno do PNI no período de

1995, 2005 e 2015, bem como diminuição da vegetação ao longo das duas

décadas.

Foram verificados através de visitas a campo que o córrego Prosa

encontra-se em processo acelerado de assoreamento, em um ponto localizado

no interior do PNI. A pesquisa abordou também a questão dos alagamentos

que ocorrem na região estudada, alagamentos estes agravados pelo aumento

da urbanização e diminuição da cobertura vegetal, que contribui para a

impermeabilização do solo, dificultando o escoamento das águas pluviais.

O estudo apontou ainda, mediante dados fornecidos pelo Departamento

de Cadastro Imobiliário e de Cartografia da SEMADUR, que houve uma

valorização dos imóveis localizados nos bairros no entorno do PNI.

Pode-se concluir que o uso de geotecnologias configura uma importante

ferramenta para auxiliar na avaliação da qualidade ambiental, pois

proporcionam maior visualização da área de estudo, permitindo que sejam

feitas análises comparativas da evolução da paisagem, bem como permite

tratar estes dados estatisticamente.