UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - AVM - Pós-Graduação - MBA Presencial e … · 2010-03-03 · AS...
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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO
O OLHAR DO DOCENTE NO APRENDIZADO DA LEITURA E
ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO
Sonia Maria Negreiros da Matta
Niterói
2010
RESUMO
Sendo o aluno o centro do processo educativo, precisamos estimulá-lo a
aprender, ser e fazer, dentro de seus limites, atividades propostas em sala de
aula.
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de contribuir para a reflexão
sobre as dificuldades da leitura e da escrita. Não pretende apresentar
soluções, mas auxiliar nas reflexões para que sejam mais humanas,
respeitando o ritmo do aluno.
A teoria do conhecimento construída por Jean Piaget afirma que “o
comportamento dos seres vivos não é inato, nem resultado de
condicionamentos. Mas é construído numa interação entre o meio e o
indivíduo”.
De acordo com os estudos de Piaget, a sua teoria procura respeitar o
nível de desenvolvimento das crianças e também não os deixam agir sozinhos,
pois a relação com o meio em que vivem é que irá proporcionar o seu
desenvolvimento cognitivo, sendo capaz de construir conhecimento através da
interação com a realidade física.
Vigotsky ressalta que o conhecimento da criança possibilita interações
sociais e que a sua aprendizagem acontece por meio de treino, repetição e
momorização.
A psicogênese da língua escrita de Ferreiro e Teberosky tem como
preceito básico saber o que a criança já sabe para depois iniciar o processo de
alfabetização, sabendo que estratégia irá utilizar pois toda criança chega a
escola com um conhecimento de mundo, portanto, cabe ao professor organizar
atividades que favoreçam o desenvolvimento da criança.
A prática pedagógica nos dá elementos para afirmar que há necessidade
de ser trabalhada em sala de aula, com intervenção do professor, a integração
do aluno com dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita.
De acordo com a teoria de Ferreiro e Teberosky, a criança passa por
quatro fases até que esteja alfabetizada, sendo elas: pré-silábica, silábica,
silábica alfabética e alfabética.
Emília Ferreiro e Ana Teberosky em seus estudos destacam hipóteses
em relação a escrita. Primeiro, acham que podemos “ler” desenhos, depois,
percebem que as letras existem para esse fim e por último, compreendem
como usar para escrever.
O que se percebe no ensino fundamental são alunos que apesar de
estarem alfabetizados, ainda têm dificuldades de ortografia, mas esses erros
devem ser encarados como parte do processo de leitura e escrita, tansferindo
para a grafia as características da fala.
Os Paramêtros Curriculares nacionais, além de se preocupar com a
leitura e escrita da criança, assume o papel da escola formar sujeitos críticos
capazes de investigar, articular, descobrir de forma ativa os objetos do mundo
a que são expostos.
METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado na cidade de São gonçalo, estado do rio
de Janeiro, no CIEP Marlucy Salles de Almeida, situado na Rua Dr. March,
s/nº, em Tenente Jardim.
Sendo uma escola da rede pública, recebe crianças da periferia e de
bairros adjacentes. A maioria dessas crianças são filhos de pais separados,
desempregados ou subempregados, carentes de saúde pública, sócio-
econômica e principalmente carência afetiva.
O objetivo principal da pesquisa é motivar essas crianças para
aprenderem a ler e escrever, apesar das suas realidades e para que isso
venha a acontecer, o primeiro passo a ser seguido é respeitar o ritmo de cada
aluno, procurando aplicar atividades diferenciadas, preparando estratégias de
ensino que motivem esses alunos, formando grupos com exercícios diferentes
ou iguais, conteúdos diversos, contribuindo na interação, no desenvolvimento
psiquico motor e de acordo com seu desempenho, poderemos fazer uma
avaliação de aprendizagem de cada criança.
O segundo passo para que o aluno aprenda a ler e escrever é encontrar
para incentivá-lo um professor comprometido e mediador do ensino. Portanto,
ensinar crianças com dificuldades de aprendizagem requer do professor uma
investigação de como o aluno aprende. O professor deve conhecer as
dificuldades de seus alunos, digo, habilidades de aprendizado como
percepção, audição, visão e memória.
Uma vez entendendo como cada criança aprende, todos os tipos de
atividades podem ser trabalhadas de forma a ajudar o aluno com dificuldades
de aprendizagem na leitura e escrita.
Finalmente, o terceiro passo será o respeito às diferenças, as
individualidades de cada criança e tudo “regado” todos os dias, com muito
amor, carinho e dedicação, pois é desta maneira que construímos a educação
do futuro.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO 10
CAPÍTULO II
AS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA 35
CAPÍTULO III
OS PARÂMETROS CURRICULARES 54
CONCLUSÃO 57
BIBLIOGRAFIA 59
INTRODUÇÃO
Como o supervisor pode orientar os professores alfabetizadores no
ensino dos alunos com dificuldades de leitura e escrita?
Sabemos que a alfabetização é importante na construção do saber para
as séries iniciais do ensino fundamental e que a sua base está construída no
desenvolvimento do aluno, quando aprende nos seus limites, a ler e escrever.
Pensando nessas dificuldades é que o supervisor atuante na escola irá
trabalhar com o professor alfabetizador, apontando caminhos, propondo
práticas, dando direcionamentos a serem seguidos, possibilitando com estas
práticas que crianças de 6 anos acompanhem processos e métodos no ensino
da leitura e escrita.
Ao alfabetizar crianças, a maioria dos educadores acreditam ter a sua
frente “um livro em branco” ou “uma gaveta vazia” onde eles ajudarão a
escrever as primeiras páginas ou armazenar os primeiros arquivos.
Mas estas crianças, que ainda não sabem ler nem escrever, trazem um
conhecimento de mundo que influenciará em todo o processo de alfabetização.
Esta bagagem que o aluno traz também influencia nas dificuldades que
ele encontrará no processo de aprendizagem da leitura e escrita. Fatores
sociais, emocionais e culturais devem ser observados.
Durante muito tempo, a escola priorizou a cópia e a decoreba como
estratégias de apredizagem. A situação começou a mudar no final de 1970,
com a colaboração de pesquisadoras envolvidas no processo de leitura e
escrita. De acordo com os seus estudos, os alunos estabelecem muito cedo
hipóteses em relação à escrita (primeiro acha que podemos “ler” desenhos,
depois percebem que as letras existem para esse fim e por último,
compreendem como usar para escrever).
Por isso, é necessários compreender que as idéias do aluno evoluem e
assim, dar espaço para que ele produza e mostre o que sabe. Portanto, o
caminho para transformar copistas em leitores eficientes exige descobrir o
estágio da alfabetização em que eles se encontam e ter consciência de que
todos podem aprender.
Ensinar essas crianças requer um conhecimento prévio do educador. O
ensino deve ter como base a realidade do aluno e fatos ocorridos no seu
cotidiano. Uma vez conhecendo cada uma, as tividades serão ensinadas
atendendo as necessidades individuais, abordando que no
ensino/aprendizagem as crianças são diferentes, tanto em suas capacidades,
quanto em suas motivações, interesses, ritmos evolutivos, estilos de
aprendizagem.
As dificuldades que enfrentamos no presente persistem em nosso país a
muitos e muitos anos, pois a “elite” tinha o privilégio de ler e escrever.
Enquanto os menos favorecidos não tinham acesso à escola para aprender a
ler e escrever sequer o próprio nome. O analfabetismo na escola e fora dela é
parte de um problema de desigualdade social, de injustiça social, de exclusão
social.
No momento em que a criança é inserida na sociedade letrada, ela
adquire o letramento, contudo, trata-se de um processo histórico-social e que
até mesmo influencia culturas e pessoas que não dominam a escrita, , por ser
mais amplo que a alfabetização, embora esteja relacionado com o código
escrito. Considerar no processo de ensino de leitura e escrita experiências
adquiridas pelas crianças, antes de frequentarem determinada escola,
contribuem na sua aprendizagem.
A família na construção dos conhecimentos dos alunos terá papel
importante no processo de aquisição da leitura e escrita, porque o rendimento
escolar dependerá da participação dos pais.
Este estudo está organizado em três capítulos. No primeiro capítulo,
estudamos a aprendizagem da leitura e escrita na alfabetização; no segundo
capítulo, apresentamos as dificuldades de leitura e escrita; no terceiro capítulo,
os Parâmetros Curriculares Nacionais (P.C.N.)
I. APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA NA
ALFABETIZAÇÃO
1.1. História da escrita
O homem pré-histórico já lia os sinais da natureza e os interpretava,
assim como tentava reproduzir mensagens nas pedras e rochas. Isso deu
origem aos primeiros pictogramas com intenção expressa de se comunicar,
embora esses desenhos primitivos não assegurassem uma mensagem precisa
para seus semelhantes.
Houve, então, a representação das palavras por meio de desenhos,
numa determinada ordem, isto é, havia um significado para cada
desenho.essa tentativa de representar o mundo foi utilizada por diferentes
povos, em diferentes povos, em diferentes lugares, em diferentes épocas.
Ocorreu com os súmerios, com os chineses e com os egípcios – que
chegaram a construir uma escrita com seiscentos pictogramas.
Aos poucos, os sinais desenhados foram perdendo a analogia com o
objeto que representavam e evoluíram para outras formas. Foi assim que os
súmerios chegaram a escrita cuneiforme, totalmente convencional, em que o
significante não se assemelha à coisa representada.
Mas os homens encontravam uma dificuldade: um pictograma não era
suficiente para representar toda a riqueza e possibilidade de conceitos. Iniciou-
se um processo de junção de duas unidades de escrita para representar uma
terceira. O mesmo ocorreu com a representação de gestos e outros tipos de
analogias, todos com a finalidade de especificar a mensagem.
Ainda assim, havia a dificuldade de representar palavras abstratas e
nomes de pessoas. Essas dificuldades só foram superadas quando surgiu a
possibilidade de representação escrita da fala. O mesmo pictograma passava
a representar o som da palavra a que se referia, por meio de analogia. Assim,
o leitor não dispunha mais de uma escrita diretamente ligada ao significado,
mas havia um som que, este sim, poderia ter determinado significado.
A escrita pictográfica agora representava os sons da fala e isso abria
caminho para a representação de nomes próprios e coisas abstratas. Nessa
passagem do sistema pictográfico para o sistema fonográfico, registrou-se
também o uso da sílaba, ainda representada por um pictograma.
Por volta de 800 a.C., os gregos introduziram o uso de vogais e
conseguiram representar separadamente os elementos componentes de uma
sílaba. Surgiu a construção de escrita alfabética, que se mantém até hoje,
exceto pela evolução para caracteres latinos.
O homem percorreu um caminho: do desenho inicial das cavernas,
passou pela sofisticação da cobinação de gestos e sinais nos pictogramas, até
desenvolver os símbolos arbitrários, totalmente convenciionais, que passm
como herança cultural de geração a geração. Os sistemas de escrita podem
ser basicamente ideográficos ou fonográficos.
Um sistema ideográfico se baseia nos significos que deseja transmitir,
por isso geralmente e pictográfico. As idéias são representadas por sinais, que
não dependem da língua falada, mas sim dos conhecimentos culturais do
contexto. Por exemplo: uma placa de trânsito, um logotipo, etc.
Um sistema fonográfico se baseia nos significantes e depende
diretamente dos elementos sonoros de uma língua. As idéias são
representadas graficamente por sinais convencionais (letras) que reproduzem
os sons dos vocábulos correspondentes na língua falada.
1.2. Desenhando se escreve
Uma criança começa a usar o desenho quando a linguagem falada já
progrediu.
No início, a criança desenha de memória, mesmo que o objeto esteja
diante dela; ela não desenha o que vê, mas o que conhece.
Durante o seu desenvolvimento, há um momento em que ela percebe
que alguns traços podem representar ou significar algo, embora ainda não os
perceba como um símbolo, mas como algo que contém elementos que
lembram o objeto. Depois, os desenhos vão se tornando linguagem escrita
real, em que a representação de relações e significados individuais vai se
convertendo em sinais simbólicos abstratos. O desenho acompanha a frase e
a fala permeia o desenho, o que é essencial e dcisivo para o desenvolvimento
da escrita.
Uma pesuisa clássica consiste em falar várias frases à criança, pedindo
que preste atenção para não esquecê-las. Quando ela percebe que será
impossível realizar tal tarefa, oexaminador oferece-lhe um recurso: estende-lhe
um papel e sugere que grafe algo para ajudar na reconstituição.
Observa-se de uma maneira geral que, nos grupos de crianças de 3 e 4
anos, as notações escritas não ajudam em nada na reconstrução das frases.
Às vezes, contudo, algumas crianças rabiscam traços que conseguem
recosntituir, isto é, os rabiscos tornam-se símbolos mnemotécnicos. Talvez
seja essa a primeira ação precursora da escrita.
Crianças maiores substituem esses sinais indicativos por figuras e
desenhos e, finalmente, por signos.
Parece que a criança redescobre aquilo que a humanidade descobriu: a
fala pode ser escrita por letras, palavras e frases. Fica difícil especificar como
ocorre o deslocamento de “desenhar objetos” para o ato de “desenhar a fala”,
mas sabe-se que a aquisição da linguagem escrita ocorre por meio desse
deslocamento. O segredo do “ensino” da linguagem escrita está,
comprovadamente, em mediar e organizar essa transição natural.
Em outras palavras:
• A criança percorre, no seu desenvolvimento, dentro de seu ambiente
cultural, o mesmo caminho percorrido pela humanidade na organização
de seu conhecimento: o ser humano partiu do pictórico e construiu uma
simbologia (alfabeto); de maneira similar, a criança inicia a
representação do mundo por meio do gesto ou do desenho e chega ao
símbolo e às regras sistemáticas reconstruindo o código linguístico
utilizado na sua comunidade. A criança descobre muito cedo a função
simbólica da escrita e percorre um caminho progressivo até que, por
volta dos 6 ou 7 anos, domina uma combinação arbitrária de sinais e
significados.
• A alfabetização trabalhada no chamado “método tradicional” tem como
ponto de sustentação uma sistematização a priori e um material – a
cartilha – que desenvolve um método (global, silábico, fonético, etc.). O
processo é organizado pelo professor, pelo adulto. O que geralmente
ocorre então é o uso de uma linguagem padronizada e irreal. Esse fato,
associado a uma ênfase excessiva no treino da ortografia e da
gramática nas séries iniciais do Ensino Fundamental, leva a criança a
acreditar que a linguagem da escola é deferente da linguagem
cotidiana, viva e real.
• O processo de ensino-aprendizagem para alfabetização deve ser
organizado de modo que a leitura e a escrita sejam desenvolvidas por
intermédio de uma linguagem real, natural, significativa e vivenciada. A
criança precisa sentir a necessidade da linguagem e o seu uso no dia-a-
dia. Assim, a asssimilação do código linguístico não será uma
atgividade de mãos e dedos mas sim uma atividade de pensamento,
uma forma complexa de construção de relações. A preocupação em
desenvolver a linguagem escrita e não a escrita de letras deve ser uma
constante.
1.3. Concepção linguística: A contribuição de Emília
Ferreiro e Ana Teberosky
Os estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky possibilitaram desviar o
centro de trabalho, que era tradicionalmente o professor, para o ser que
aprende – a criança – e sua relação com o objeto de aprendizagem – a língua.
Quando o professor conhece as concepções que a criança desenvolve a
respeito da língua escrita, pode tornar-se um mediador, propondo atividades e
questionamentos que levem a criança a “desestruturar o pensamento”, isto é, a
duvidar de suas idéias, colocar em conflito suas certezas sobre os símbolos
escritos e, comparando e refletindo, elaborar uma nova hipótese linguística.
Assim, através de conflito, assimilação e acomodação, o educando chega
à hipótese alfabética e depois, passo a passo, busca a convencinalidade
ortográfica e gramatical.
Diversas pesquisas têm demonstrado que, antes da criança aprender e
escrever de maneira convencional, levanta várias hipóteses ao pensar a língua
escrita.
Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1985) peocuparam-se em mostrar que
uma criança na alfabetização ao tentar descobrir o que está escrito abaixo de
uma figura procura estabelecer uma relação entre os elementos significativos
da figura e as palavras.
Segundo as educadoras, a criança acredita que os desenhos
representam palavras. Assim, se algu´me lhe pede para escrever “casa”, ela
esboça paredes, janelas, porta e telhado. Em seguida, percebe que existe
“outra forma”, com letras.
Foi observado por Emília Ferreiro (1989) que, em diferentes lugares e
grupos sociais, os alunos passam por três grandes momentos até chegarem à
alfabetização propriamente dita:
a) Diferenciam o desenho das letras;
b) Pensam em algumas características que um texto escrito deve ter para
ter significado, mas ainda não relacionam o som da fala com a palavra escrita;
c) Descobrem que existe uma trelação entre o som e a escrita.
Inicialmente, essa relação é silábica, posteriormente, descobrem que a
sílaba é constituída por letras, ora escrevendo uma letra em lugar de uma
sílaba, ora já escrevendo a sílaba toda e, por último, ingressam no período
alfabético, reconhecendo a correspondência de uma letra para cada som.
Assim, escrever “qriãsa” ao invés de “criança” pode ser uma grande
descoberta e não um simples erro ortográfico.
É importante ressaltar que as hipóteses levantadas poderão não
corresponder às identificadas por Ferreiro, mesmo porque os conhecimentos
são muitas vezes construídos em rede e não de forma linear e homogênea.
Tomou-se como referência a pesquisa de Ferreiro, porém não se pode deixar
de considerar que as diferenças no processo de construção e elaboração de
conhecimento devem-se em parte as diferenças socioculturais e a
heterogeneidade no qual promove aprendizagens diversas de alunos.
“O conhecimento se constrói a partir do sujeito cognoscente e
do objeto a conhecer, no qual o objeto serve de ocasião para que o
conhecimento se desenvolva”. (Ferreiro, 1999, p.40)
Emília Ferreiro não está preocupada em analisar a escola ou a
aprendizagem formal, embora em uma de suas pesuisas, a autora conclua que
não existiriam diferenças marcantes nos resultados obtidos em relação da
escrita entre crianças escolarizadas e não-escolarizadas.
Cada uma das abordagens levantadas acima também pode dar margem
a diferentes interpretações. Não se pode, no entanto, perder de vista a questão
da aprendizagem formal. Ora, apesar de todos os problemas, carências e
desacertos da educação do Brasil, é apenas na escola que a maioria das
crianças tem acesso a algum tipo de conteúdo e informação. A falta de escolas
e as altas taxas de evasão escolar significam que permanecer na escola é
apesar de tudo um privilégio. A prática pedagógica nos dá elementos para
afirmar a existência de uma mudança no nível de conceitualização através da
intervenção do professor, desde que este leve em conta os esquemas de
assimilação do sujeito. A área de atuação do professor tem ao meu ver maior
abrangência do que a teoria de Emília Ferreiro nos permite alcançar.
Piaget ao falar sobre a natureza da inteligência, assim define:
“Se cada ação implica assimilação e se assimilar é definido
como a incorporação de objetos ou de ligações externas em
esquemas de ação, cada ação para com esse objeto transforma
este em suas propriedades e relações.” (IN – Goodman, 1995,
p.52).
Contudo, o professor é o interventor desse processo. Ele intervém não
apenas no nível da criança mas em toda sua aprendizagem quando transmite
ensinamentos acima do nível da turma. Diante dessas atividades, as crianças
utilizam diferentes recursos para realizá-las. O aluno não prende-se a
determinado modelo de ensino, por ser um transformador da aprendizagem,
tornando possível as mudanças no aprender e fazer na escola.
1.3.1. A linguística na Alfabetização
O ensino e aprendizagem da linguística, seja na modalidade falada ou
escrita, reflete em boa medida a organização da sociedade, revelando a
comunicação e a criação de enunciados por meio dos diversos gêneros,
assimilando as tradições de um grupo social e evidenciando traços de sua
cultura.
A linguística na comunicação da criança
É por meio da fala das pessoas que é possível conhecê-las. Assim, para
realizar um trabalho com os alunos partindo de suas realidades, é necessário
criar oportunidades de interação em que eles falem e que também sejam
ouvidos. Trata-se de um processo conjunto de conhecer e de deixar conhecer.
Esta observação é feita pela educadora Cecília Maria Aldigueri Goulart e seu
texto “Escola, leitura e vida”, reforçando a idéia de que a escola deve promover
momentos de conversa em que haja discussão de temas, apresentação de
novas questões e também organização de espaços em que diversos materiais
escritos estejam presentes ou disponíveis para consulta, independente do fato
de se dominar a escrita.
Contudo, através de observações diárias, a criança fica bastante
estimulada a relacionar a leitura que acabou de fazer no livro didático com um
fato ocorrido na vizinhança, com a história que leu em outro livro.
Portanto, este trabalho bem encamknhado levará o aluno a desenvolver a
leitura, estimulando o seu pensamento e possibilitando o uso de diversas
linguagens. Desta maneira, considerando que a criança ao chegar a escola já
traz em maior ou menor grau de seu mundo (do próprio lar e da comunidade
de que faz parte) muitos conheccimentos adquiridos, principalmente
experiências de linguagem oral. No entanto, a escola deve respeitar as
diferenças linguísticas e as diversidades regionais e sociais, de modo que
possamos acolher e interagir com essas no cotidiano escolar.
1.3.2. Conhecimento do sistema linguistico
As palavras estão presentes em todo tempo na vida da criança. Ao
nascer, recebe de presente o seu noe, o qual faz parte da história de sua vida.
Portanto, é por meio das palavras que ela pensa, conversa com as
pessoas, canta, brinca, escuta e conta histórias. Considerando também que a
escrita de palavras estão expressas nas ruas, nas placas, sinais, nos anúncios
publicitários, no letreiro dos ônibus, nos seus livros escolares, por toda parte.
Por este motivo, saber ler e escrever é um desafio importante. Entrar em
contato com as palavras escritas é descobrir um mundo “diferente” e mágico.
Segundo Vigotsky, existe “uma interação entre fala e raciocínio prático ao
longo do desenvolvimento”. À medida que a criança fala, gesticula e muda a
expressão facial está interagindo com o meio social e com seu prórpio
desenvolvimento cognitivo, possibilitando a troca de experiências e vivências
pessoais.
Ao ensinar a leitura e a escrita devemos realizar com situações
concretas e reais para que o ensino e a aprendizagem estejam relacionados,
sendo o professor mediador e interventor deste processo de ensino. Devemos
compartilhar com os alunos o prazer de ensinar e aprender.
Deste modo, é importante que haja na sala de aula um ambiente propício
à alfabetização. Mediante processo de ensino, o letramento, a alfabetização, a
leitura e escrita somente ocorrerão quando os alunos estiverem motivados
para aprender, quando despertamos as suas curiosidades, quando traçamos
estratégias e métodos para ensiná-los e planejamentos ao n´vel da turma,
utilizando para prepará-los as experiências e os conhecimentos prévios de
cada criança, de acordo com a realidade em que vive.
Desenvolvendo estes objetivos, possibilitaremos nossos alunos a
interação com o universo da língua escrita.
1.3.3. Como trabalhar a leitura e a escrita em sala de aula
Abecedário
Há muitos anos, o abecedário é uma forma de ensino para alfabetizar
crianças e o princípio de todos os métodos.
O abecedário é um dos componentes básicos que deve aparelhar a sala
de aula. Devemos apresentá-lo sempre em letra de forma, afixá-lo em local
privilegiado da sala, de preferência sobre o quadro negro.
Contudo, o professor poderá também afixar nas paredes outras letras
grafadas de forma cursiva para que sejam diferenciadas pelos alunos.
Jogo do alfabeto
É um abecedário móvel que deve ser recortado e acondicionado em uma
caixa ou saquinho e mantido à mão das crianças para ser usado sempre que
necessário. Todas as vezes que solicitado, o aluno fará uso dele para compor
palavras.
Diário de classe
Será feito pelos alunos. Nele estarão registradas todas as palavrinhas
ensinadas durante o período da alfabetização. Não sendo um dicionário
ortográfico, portanto não traz significado das palavras. A sua utilização terá
como caráter somente tirar dúvidas de grafia.
Lista de chamada
Deverá ficar exposta num local fixo da sala de aula e ser trocada todos os
dias. Os alunos deverão escrever seus nomes diariamente para registrar sua
presença. Dessa forma, além de executar a grafia de seus nomes, eles
entenderão o processo de registro de presença.
Lista de aniversariantes
Poderá ficar permanentemente afixada na sala de aula tratando-se de
data de aniversário. Além do nome, pode constar na lista o dia de nascimento
dos alunos.
Se as crianças ainda não dominam a leitura dos números, esta lista é um
bom recurso para trabalhar essa habilidade.
Segundo Jean Piaget, convém propiciar a riança um ambiente físico da
melhor qualidade, estimulando a interação da criança com o meio em que vive.
1.4. A aprendizagem da escrita e letramento
Segundo Paulo Freire, a leitura de mundo antecede a leitura da palavra.
Ele constata que ao nascer, a criança entra em contato com um mundo repleto
de representações simbólicas. Contudo, conduzir crianças ao domínio de
escrever é um processo da alfabetização e letramento, requerendo uma
habilidade motora e perceptiva e cognitiva no traçado das letras.
Saber escrever inclui também a capacidade de usar a variedade
linguistica adquirida que conduz o aluno a formar seus conceitos baseando-se
em suas experiências e no seu cotidiano. Portanto, devemos ensinar as
crianças a produzirem textos em situação real.
Vigotsky (1991) diz que “a relação do homem com o mundo não é uma
relação direta, mas uma relação mediada por instrumentos e signos”. Constata
Vigotsky (1993,p.109) que existe uma relação indissociável entre pensamento
e linguagem.
A relação pensamento e linguagem é um processo, um
movimento contínuo da palavra e vice-versa, passando
transformações até transformá-la em fala. Considerando que a
linguagem escrita, como qualquer outra linguagem, faz parte do
cotidiano das crianças, servindo como meios de informação,
comunicação e expressão, entre outras coisas, traduz suas idéias e
pensamentos, levando os alunos que não sabem ler e escrever,
conviverem com uma série de situações nas quais a leitura e a
escrita estão presentes”.
Como já vimos, de acordo com Vigotsky, diferentes linguagens mobilizam
o aprender da leitura e escrita e diferentes formas de pensar.
Contudo, a linguagem exige uma interação do aluno para que ele possa
desenvolver diferentes habilidades, competências, ações. Desta forma, a
linguagem escrita pode ser vista: pirmeiro, a fala em pensamentos e em
imagens, pois ao escrever a criança substitui as palavras por imagens de
palavras, ou seja, deve simbolizar a imagem sonora da palavra em signos
escritos.
Segundo, porque ela é uma fala sem interlocutor direto, dirigida a uma
pessoa ausente ou imaginária.
Terceiro, porque quando a criança começa a aprender a escrever, por
volta dos seis ou sete anos, geralmente não sente essa necessidade, os
motivos de escrever são mais distantes das suas necessidades imediatas.
Quarto, porque a escrita exige um trabalho consciente em relação as
palavras e à sua sequência, implicando numa tradução da fala interior, que é
condensada, abreviada e compactada para a fala oral, que é extremamente
detalhada.
Por tudo isso, a apropriação da linguagem escrita, com suas amplas
possibilidades, não é simples. Ela é um processo gradual que exige motivos e
incentivos para que o aluno aprenda a escrever e dedicação do professor, que
deve tornar a escrita atraente para torná-la eficiente.
1.5. A competência oral e escrita
1.5.1. Como relacionar e organizar as palavras
Para que aconteça realmente uma escolha significante, é necessário que
se realize um diagnóstico da turma com a qual vai trabalhar, observando as
características sócio-econômicas, linguagem, faixa etária, alunos novos ou
repetentes, carências, interesses, etc.
Tendo em mão esse diagnóstico, teremos uma série de elementos que
deverão ser selecionados e organizados de maneira que atendam as
necessidades da criança em termos de interesse e ainda, que atinjam todas as
dificuldades surgidas. Magda Soares alerta para o fato de que esta seleção e
organização das palavras é que dinamizarão ou limitarão o processo. Palavras
que só exercem função em si, isto é, dadas para ensinar uma letra ou um som,
limitarão o processo. Palavras que oportunizam extrapolação, experimentação
e permitem a continuidade do processo, dinamizarão o trabalho.
Para operacionalizar uma segunda alternativa, sugere-se que as palavras
sejam integradas em projetos ou centros de interesses e que sejam
distribuídas numa sequência lógica quanto ao significado existente entre elas e
nunca na sequência de letras semelhante ou pela suposta graduação de
dificuldades nos sons. Como é sabido, no uso da linguagem oral, a criança
atende ao sentido e não à forma das palavras. E, por outro lado, já foi provado
que a dificuldade não está nesta ou naquela letra, mas na má escolha das
palavras para ensinar as mesmas, sem falar na metodologia inadequada.
“Não basta deixar que as crianças falem; apenas o falar cotidiano e a
exposição ao falar alheio não garantem a aprendizagem necessária”. (PCN _
Língua Portuguesa, 1997, p.50)
Na escolha das palavras, o professor deve ter sempre presente que o
reconhecimento visual da palavra é absolutamente necessário, sempre num
processo lógico, ver o real, a gravura e a sua representação gráfica.
Experiências já realizadas comprovam que utilizando-se desta
metodologia o professor não só consegue desenvolver todo o conteúdo
previsto na série, como ir além.
Antes de colocar os passos sobre como introduzir uma palavra, é
conveniente lembrar alguns elementos que devem ser considerados:
• Os movimentos de uma sala de aula não são estanques;
• o processo de uma sala de aula deve seguir ou obedecer as fases de
conhecimento: síncrese – análise – síntese.
Vale ressaltar que os passos sugeridos para introduzir uma palavra não
devem necessariamente ser desenvolvidos num mesmo dia.
1.5.2. Como desenvolver a oralidade
Expressar-se oralmente é algo que requer confiança em si mesmo. Isso
se conquista em ambiente favorável à manifestação do que se pensa, do que
se sente, do que se é. Assim, o desenvolvimento da capacidade de expressão
oral do alunodepende consideravelmente de a escola constituir-se num
ambiente que respeite e acolha a vez e a voz, a diferençã e a diversidade.
Mas, sobretudo, depende de a escola ensinar-lhe os usos da língua
adequados a diferentes situações comunicativas. De nada adianta aceitar o
aluno como ele é mas não lhe oferecer instrumentos para enfrentar4 situações
em que não será aceito se reproduzir as formas de expressão própria de sua
comunidade. É preciso, portanto, ensinar-lhe a utilizar adequadamente a
linguagem em instâncias públicas, a fazer uso da língua oral de forma cada
vez mais competente.
A capacidade de uso da língua oral que as crianças possuem ao
ingressar na escola foi adquirida no espaço privado: contextos comunicativos
informais, coloquiais, familiares. Ainda que, de certa forma, boa parte dessas
situações também tenha lugar no espaço escolar, não se trata de reproduzí-las
para ensinar aos alunos o que já sabem.
Considerar objeto de ensino escolar a língua que elas já falam requer,
portanto, a explicação do que se deve ensinar e de como fazê-lo.
Eleger a língua oral como conteúdo escolar exige o planejamento da
ação pedagógica de forma a garantir, na sala de aula, atividades sistemáticas
de fala, escrita e reflexão sobre a língua. São essas situações de
aprendizagem sobre os usos e as formas da língua oral: atividades de
produção e interpretação de uma ampla variedade de textos orais, de
observação de diferentes usos, de reflexão sobre os recursos que a língua
oferece para alcançar diferentes finalidades comunicativas.
É fundamental que essa tarefa didática se organize de tal maneira que os
alunos transitem das situações mais informais e coloquiais que já dominam ao
entrar na escola a outras mais estruturadas e formais, para que possam
conhecer seus modos de funcionamento e aprender a utilizá-las.
A linguagem tem um importante papel no processo de ensino, pois
atravessa todas as áreas do conhecimento, mas o contrário também vale: as
atividades relacionadas às diferentes áreas são, por sua vez, fundamentais
para a realização de aprendizagem de natureza linguística.
Em geral, o procedimento de expor oralmente em público não costuma
ser ensinado. Possivelmente por se imaginar que a boa exposição oral decorra
de outros procedimentos já dominados (como falar e estudar). No entanto, o
texto expositivo – tanto oral como escrito – é um dos que maiores dificuldades
apresenta, tanto ao produtor como ao destinatário. Assim, é importante que as
situações de exposição oral frequentem os projetos de estudo e sejam
ensinadas desde as séries iniciais, intensificando-se posteriormente.
O trabalho com linguagem oral deve acontecer no interior das atividades
significativas: seminários, dramatização de textos teatrais, simulação de
programas de rádio e televisão, de discurso político e de outros usos públicos
da língua oral.
Além das atividades de produção, é preciso organizar situações
contextualizadas de escrita em que se tenha que realizar ou simplesmente
porque o conteúdo valha a pena. Mais do que isso, é preciso, às vezes, criar
um ambiente que convideà escrita atenta, mobilize a expectativa: é o caso, por
exemplo, dos momentos de contar histórias ou relato (o professor ou os
próprios alunos). A escuta e demais regras do intercâmbio comunicativo
devem ser aprendidas em contextos significativos, nos quais ficar quieto,
esperar a vez de falar e respeitar a fala do outro tenham função e sentido, e
não sejam apenas solicitação ou exigências do professor.
1.5.3. Os níveis de produção escrita e comunicação oral
Um dos objetivos mais importantes da alfabetização é ensinar a escrever.
Para Cagliari (1995) o grande problema nesse caso é que “ a escola ensina a
escrever sem ensinar o que escrever”, a escrita de forma e a cursiva, por
exemplo, diferentes e alguns alfabetizadores ensinam a escrever pela escrita
cursiva. A escrita de forma é uma forma mais fácil de aprender e reproduzir
pois é ela que aparece nos livros.
A escrita cursiva ou de forma tem por objetivo permitir a leitura,
traduzindo símbolos escritos em fala.
“Para começar a escrever, as crianças não presicam estudar
gramática, pois já dominam a língua portuguesa na sua modalidade
oral. A dificuldade está simplesmente no fato de as crianças não
conhecerem as forma ortográfica das palavras após seus primeiros
contatos com o alfabeto”. (Cagliari, 1995, p.122)
Quando a criança tem o seu primero contato com seu aderno e lápis,
devemos levar em consideração a sua relação e vivências esclarecendo sobre
as distinções entre fala, escrita e desenho.
De acordo com O desenvolvimento da alfabetização: Psicogênese da
escrita (Ferreiro & Teberosky, 1982), podemos distinguir cinco níveis de
desenvolvimento:
Nível 1 – Neste nível, escrever é reproduzir os traços típicos da escrita
que a criança identifica como a forma básica da mesma. Se esta forma básica
é a escrita de imprensa, teremos grafismos separados entre si, compostos de
linhas curvas e opostas ou de combinação entre ambas. Se a forma básica é a
cursiva, teremos grafismos ligados entre si com uma ondulada como forma de
base, na qual se inserem curvas fechadas ou semifechadas.
Quanto à interpretação da escrita, neste nível a intenção subjetiva do
escritor conta mais que as diferenças objetivas no resultado: as escritas se
assemelham entre si, o que não impede que a criança as considere como
diferentes, visto que a intenção que presidiu a sua realização era diferente.
Neste mesmo nível podem aparecer tentativas de correspondência
figurativa entre a escrita e o objeto referido.
Um ponto muito interessante é que a criança espera que a escrita dos
nomes de pessoas seja proportcional ao tamanho (ou idade) dessa pessoa e
não ao comprimento do nome correspondente.
As crianças deste nível parecem trabalhar sobre a hipótese de que faz
falta um certo número de caracteres pouco importa. Uma variação na
quantidade de grafias não surge pela oposição palavra/ oração, mas sim pela
oposição nome de um objeto pequeno/ nome de um obejeto grande, a que
previamente aludimos.
Está claro que neste nível a leitura do escritor é sempre global e as
relações entre as partes e o todo estão muito longe de serem analisáveis:a
ssim, cada letra vale pelo todo.
Nível 2 – A hipótese central deste nível é a seguinte Para poder ler coisas
diferentes, deve haver uma diferença objetiva. A forma dos grafismos é mais
definida, mais próxima à das letras.
No curso de desenvolvimento deste nível, a criança pode ter tido a
oportunidade de adquirir certos modelos estáveis de escrita, certas formas
fixas, que é capaz de reproduzir na ausência do modelo.
Destas formas fixas, o nome próprio é uma das mais importantes (se não
for a mais importante). A criança deste nível tende a rejeitar outras possíveis
escritas de seu nome que apresentem as mesmas letras, mas em outra ordem.
É importante ressaltar que a aquisição de certas formas fixas está sujeita
a contingências culturais impessoais: culturais, porque uma família de classe
média pode oferecer, com maior frequência, contextos para essa
aprendizagem (ainda que seja pelo simples fato de escrever o nome da
criança em seus desenhos, para identificá-los); e pessoais porque, às vezes,
apresença de um irmão maior, que começa a escola de ensino fundamental,
costuma ser um fato de incitação compensador de outras incitações culturais
ausentes.
É importante ressaltar que a aquisição de certas formas fixas e estáveis
que podem servir de modelos de outras escritas é mais frequente na classe
média do que na classe baixa, em função de influências culturais exteriores à
propria criança.
Nível 3 – Este nível está caracterizado pela tentativa de dar um valor
sonoro a cada uma das letras que compõem a escrita. Nesta tentativa, a
criança passa por um período da maior importância evolutiva: cada letra vale
por uma sílaba. É o surgimento da hipótese silábica.
A hipótese silábica pode aparecer tanto com grafias ainda distante das
formas das letras como com grafias bem diferenciadas. Neste último caso, as
letras podem ou não ser utilizadas com um valor sonoro estável.
Quando a criança começa a trabalhar com a hipótese silábica, duas das
características importantes da escrita podem desaparecer momentaneamente:
as exigências de variedade e de quantidade mínima de caracteres. Assim, é
possível ver aparecer novamente caracteres idênticos no momento em que a
criança demasiado ocupa em efetuar um recorte silábico da palavra, não
consegue entender simultaneamente a ambas as exigências. Porém uma vez
já bem instalada a hipótese silábica, a exigência de variedades reaparece.
Nivel 4 – passagem da hipótese silábica para a alfabética. A criança
abandona a hipótese silábica e descobre a necessidade de fazer uma análise
que vá mais além da sílaba, pelo conflito entre a hipótese e a exigência de
quantidade mínima de letras e o conflito entre as grafias que o meio lhe propõe
a leitura dessas formas em termos de hipótese silábica.
Nesta fase, a criança elabora duas idéias muito importantes, que resiste
– e com razão – em bandonar: que faz falta uma certa quantidade de letras
para que algo possa ser lido e que cada letra representa uma das sílabas que
compõem o nome.
Nível 5 – A escrita alfabética constitui o final desta evolução. Ao chegar a
este nível, acriança já compreendeu que cada um dos caracteres da escrita
corresponde a valores sonoros menores que a sílaba e realiza
sistematicamente uma análise sonora dos fonemas das palavras que vai
escrever. A partir desse momento, a criança se defrontará com as dificuldades
próprias da ortografia, mas não tera problemas de escrita, no sentido restrito.
A criança criará uma hipótese generalizante que cada letra representa
um som, o que é em parte correta num sistema alfabético. Inadequado será
permanecer nessa hipótese e, pior, não encontrar no professor o auxílio
necessário para superá-la.
Em qualquer situação, o que o professor não deve esquecer é que ele é
um construtor de andaimes que criam condições para que os alunos
internalizem o novo saber. É preciso, portanto, trabalhar na alfabetização
sempre com elementos verbais plenos de significado para a criança e em meio
a atividades significativas com a leitura e a escrita.
Os “erros” são perfeitamente previsíveis e decorrem, me boa parte, das
próprias características do sistema gráfico. Cabe ao professor criar situações,
utilizar diferentes estratégias para que os alunos possam superar
progressivamente essasdificuldades.
Diante do exposto, a principal tarefa do professor é aprender a observar,
ver entender a evolução da criança, para que possa trabalhar a partir do nível
de conceitualização da mesma.
A criança caminha em seu processo quando ela possui uma teoria, uma
hipótese que pode ser aplicada, verificada ou contestada. Caso contrário, ela
se mobilizará em função de resultados, em função de cumprir tarefas, não se
esforçando para compreender o sistema de representação da escrita. Essa
atitude traz como consequência um avanço mais lento, ou mesmo uma
estagnação. Pesquisas avaliam essa afirmação, que pode ser constatada no
dia-a-dia da sala de aula. Esse é outro ponto fundamental na atuação do
professor, pois seu foco pode se limitar ao resultado final. A ênfase no certo
errado traz como contrapartida a mobilização da criança apenas em função do
cumprimento da tarefa. Ao professor cabe saber entender a evolução do
processo da criança, abrindo-lhe espaço para que ela possa aplicar suas
hipóteses e avançar em seu conhecimento.
1.6. Intervenção pedagógica
Um dos problemas cognitivos que permeiam o processo de
desenvolvimento da leitura e escrita é a relação entre o todo e as partes que o
constituem. A criança pderá fazer diferentes tipos de correspondência: uma
letra para cada parte de uma oração, uma letra para cada sílaba, como no
nível da hipótese silábica. Emília ferreiro destaca quantro níveis de variação da
compreensão da sílaba, do ponto de vista linguístico:
1. No primeiro nível, a sílaba é utilizada sem que o sujeito saiba como.
2. A sílaba começa a atuar como um indicador útil para descobrir o nome
completo, mas sem coordenar outras sílabas. Dadas duas sílabas do
mesmo nome, cada sílaba é um indicador para um nome e não há
coordenação de ambas para recosntrução do nome que as origina.
3. A sílaba se converte em uma parte do nome, mas em uma parte não-
coordenada.
4. Compreensão de que uma sílaba de um nome é somente uma parte do
nome, é composto por partes dispostas numa certa ordem fixa. Esnte
momento, a criança leva em consideração ao mesmo tempo a relação,
assim como é capaz de generalizar essa informação para a escrita de
todas as palavras.
A criança poderá evoluir para a escrita alfabetica sem uma conceituação
clara sobre essa relação entre as sílabas e a palavra.
Os trabalhos e Emília Ferreiro não esclarecem quais os passos a serem
dados para a criança trabalhar com essa relação, o que muitas vezes leva o
professor a grandes dúvidas e inquietações. A prática cotidiana irá variar de
acordo com a experiência de cada professor. No entanto, a fundamentação
básica está em entender que a língua escrita se constitui num objeto de
conhecimento constituido pela criança. Nesse sentido, é preciso entender
como esse objeto evolui, qual é o processo de sua construção e não apenas o
seu resultado final.
É possível diagnosticar o nível das crianças através de brincadeiras
informais na lousa, pois dá para perceber que as crianças constroem palavras
novas a pertir de sílabas conhecidas. Atyravés também de recortes de
palavras, pois assim, se tem um diagnóstico mais concreto, embora se saiba
da grande diferenciação que existe entre as crianças.
É importante desde o início do ano o professor se depare com uma
realidade concfeta, ou seja, a diversidade de seus alunos, e conforme essa
diferença entre grupos tende a aumentar no decorrer do ano. Essse fato
sempre acontece em qualquer classe e com todos os professores, porém
quando o professor assume os pressupostos levantados pela linha
construtivistas, sua maior preocupação deve ser saber ver, observar cada
aluno, para de um lado entender a sua produção e evolução e, de outro, saber
como trabalhar seu processo psicopegagogicamente. Nesse sentido, quanto
mais o professor percebe os diferente estágios das crianças, mais difícil se
torna o trabalho coletivo, pois ele tem elementos concretos para perceber a
evolução de cada uma e saber quando a criança está ou não interiorizando o
conhecimento.
Contudo, o professor sabe que é impossível trabalhar no nível direto de
cada criança, uma vez que seu trabalho é com a classe e não com crianças
individuais. Por outro lado, é preciso lembrar que a construção do
conhecimento implica não apenas conflitos mas também acomodação e
equilíbrio.
Piaget, ao falar sobre a natureza da inteligência, assim define esse
processo:
“Se cada ação implica assimilação, e se assimilar é definido
como a incorporação de objetos ou de ligações externas em
esquemas de ação, cada ação para com esse objeto transforma
este em suas propriedades e relações”. (In Goodman, 1995,p.52).
II – AS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA
2.1. Leitura: definição e proposta
Existem inúmeras tentativas de definir ou explicar o processo de ler. As
caracteristicas mais comuns encontradas são de que ler é um processo de
reconhecimento de palavras em termos de identificar o som correspondente e
estabelecer relações entre o significado e o significante; de dominar o alfabeto
para saber distribuí-lo de modo a formar palavras, frases, textos. Segundo
M.H.Martins, a escola, sendo a entidade que tem a incumbência de ensinar a
ler, ainda vem definindo a leitura de um modo bastante estático ou mecânico.
Confunde o processo de ler em um simples reconhecimento de palavras em
páginas impressas. Existe uma nítida separação entre o mecanismo da leitura
e o pensamento, reduzindo a leitura a um ato mecânico de decifrar letras.
É comum uma criança ler um texto, podendo dizer até que de maneira
correta (pronúncia, pontuação...). Mas se for solicitada para contar ou falar
sobre o texto, não sabe. Na verdade, esta criança não leu, pois ler não é
decifrar, como num jogo de adivinhações, o sentido de um texto.
A verdadeira leitura consiste na captação de significados, numa
crescente comunicação entre o leitor e o texto. Implica em aprender a
descobrir reconhecer e utilizar os sinais de liguagem.
“A leitura é uma atividade estritamente linguística e a
linguagem se monta com a fusão de significados com significantes”.
(Cagliari, 1995, p.150)
Para tornar viável a leitura como um processo de relação entre o domínio
da mecânica e o pensamento, é absolutamente necessário que o professor
traga a vida do aluno para dentro da escola. É preciso repensar o que se está
oferecendo para a criança selecionando palavras, textos, histórias que
permitam a ela inúmeras experiências como falar, observar, experimentar,
registrar e, principalmente, viver com intensidade e satisfação.
É importante lembrar que os primeiros contatos com a leitura são
fundamentais para a formação de um bom leitor.
Se a leitura for apresentada sob uma forma lúdica, agradável e
significativa, certamente se estará aí proporcionando o nascimento de um bom
e verdadeiro leitor. Por outro lad, a leitura que for apresentada sob uma forma
estática, mecânica, opressora, fragmentada e isolada da realidade, não criará
hábito de ler. Pelo contrário, afasta a criança da leitura, pois todo livro lhe trará
recordação das experiências negativas que os livros didáticos (estes
principalmente) lhe forneceram, isto com a ajuda do professor.
Raramente se encontra crianças e adolescentes numa biblioteca por
vontade própria. Se aí os encontramos é para executar tarefas exigidas pelos
professores e que em nada contribuirão no despertar do gosto pela leitura.
Pois é sabido que as “pesquisas” não passam de cópias de trechos de algum
livro. A criança, a partir de suas “pesquisas” não é capaz de atribuir-lhe uma
significação, não consegue se entregar à leitura e rebela-se contra ela, sem
que consiga posicionar-se diante do problema.
Para modificar essa situação, é urgente que a escola redefina o conceito
de leitura. O passo inicial talvez seja o de retirar as cartilhas pré-fabricadas das
salas de aula e colocar a criança em contato com bons livros, mesmo ainda
não sabendo ler. A criança deve descobrir o prazer pela leitura antes de
aprender a ler. Ela precisa querer sentir a necessidade de decifrar o meio
através da leitura. Só então é que se pode iniciar o processo de sua
aprendizagem.
“Ao contrário da escrita que é uma atividade de exteriorizar o
pensamento, a leitura é uma atividade de assimilação de
conhecimento, de interiorização, de reflexão. Por isso, a escola que
não lê muito para seus alunos e não lhes dá a chance de ler muito
está fadada ao insucesso”. (Cagliari, 1995, p.151)
A leitura e a escrita devem ser encaradas como uma segunda etapa da
aquisição da linguagem e devem dar oportunidade à criança de manifestar a
necessidade de mais uma via de compreensão e expressão de suas idéias,
pelo desenvolvimento do pensamento, do vocabulário e da sociabilidade.
Muitos educadores, e principalmente Piaget, alertam sobre a importância da
observação na evolução do pensamento infantil. A criança passa por etapas
bastante definidas, fazendo-se refletir sobre todas as atitudes e atividades.
“Além de ter um valor técnico para a alfabetização, a leitura é
ainda uma fonte de prazer, de satisfação pessoal, de conquista, de
realização, que serve de grande estímulo e motivação para que a
criança goste da escola e de estudar”. (Cagliari, 1995, p.169)
A leitura também, como não poderia ser diferente, passa por fases que
devem ser observadas antes de pretendermos exigir da criança uma leitura
que esteja além ou aquém de suas capacidades.
Citaremos a seguir as três primeiras fases da leitura que mais
diretamente atingem a alfabetização propriamente dita:
1 – Primeira infância: movimento e emotividade (15/18 meses aos 3
anos).
Suas reações se caracterizam pelo movimento. Início de seu
reconhecimento da realidade pelo tato. Descoberta de si mesma e dos outros
pela necessidade de contato afetivo. Descoberta das formas concretas do
mundo. Início da conquista da linguagem.
Literatura indicada: livros de imagens. Muitas gravuras, pouco texto ou
mesmo ausência deste. É importante que a criança “leia” as gravuras. Que
estas sejam significativas, claras e favoreçam o jogo, aclassificação, a
sequência e o desenvolvimento da linguagem.
2 – Segunda infância: fantasia e imaginação (3 a 6 anos – pré-leitura).
Esta fase se caracteriza pelo pensamento mágico – a criança faz
discriminação entre a realidade externa e os produtos de sua fantasia. Sua
vida é o momento presente. Piaget chama esta etapa de animista. Ocorre aqui
a consolidação da linguagem.
Literatura indicada: livros com muitas imagens complementadas com
textos educativos – aspalavras devem corresponder às figuras. Os livros
devem abordar situações familiares, contos de animais, contos de um mundo
aminado de poderes fora do comum, contos de faz-de-conta, etc.
3 – Terceira infância: pensamento racional e socialização (dos 6 aos 8
anos).
O processo de alfabetização já se encontra em franco desenvolvimento.
A criança é dotada de pensamento intuitivo, mantendo a mentalidade mágica e
adquirindo ao mesmo tempo, conceitos de espaço, tempo e causa. Ela
começa a pensar antes de agir e estabelece novas relações entre si mesma e
os outros.
Literatura indicada: na literatura adequada a essa fase, a imaginação e a
realidade devem se fundir. Os livros devem abordar ações e atos que
desenvolvam situações de aventura, onde a inteligência e a afetividade sejam
os fatores dinamizadores. E ainda, além de narrativas populares, muitas
histórias alegres que realcem astúcia e questionamento de valores
ultrapassados.
2.2. Conceituação da escrita
O pressuposto de considerar a escrita como um sitema de representação
da língua, cuja aprendizagem significa a apropriação de um novo objeto de
conhecimento, é a questão fundamental no processo de alfabetização. É a
compreensão da estrutura do sistema alfabético enquanto representação da
língua, ou seja, não se trata de consderar a cesirta alfabética como uma
representação gráfica dos sons da língua.
Esse enfoque privilegia a escrita como um objeto substituto, que é
diferente da linguagem oral, portanto, a escrita não é a simples trandposição
gráfica da linguagem.
“A palavra é o signo dos conceitos, que se desenvolvem na
medida em que a criança, em contato com a cultura, vai construindo
um universo de significados que permitem cada vez mais a
ordenação e a generalização do real”. (Vigotsky, 1991, p.79)
A linguagem escrita não se desenvolve de forma única, que pssa ser
descrita como uma sucessão de eventos. Ocorrem transformações
imprevistas, com a criança passando de uma estratégia de escrita a outra sem
que isso seja completamente compreensível aos olhos do adulto letrado.
A mais de 50 anos atrás, Vigotsky perguntava: “por que razão a escrita é
tão difícil para as crianças que, em certos períodos, há uma defasagem de seis
ou oito anos entre as suas idades linguísticas escrita e falada?”. A falta de
sonoridade e entonação, a necessidade de substituir palavras por imagens de
palavras, a necessidade de recriação e representação da situação, o
interlocutor ausente, imaginário, constituem circunstâncias que tornam a
escrita mais difícil. (Vigotsky, 1975, p.98)
Essa defasagem a que Vigotsky se refere considera a escrita como
simbolismo de segunda ordem que de a mediação da fala e apresenta
difucldades óbvias para as crianças, como uma forma de representação
convencional. Aos poucos, o elo intermediário, que é a linguagem falada, vai
desaparecendo, até que se torna possível a apreensão simbólica direta
imediatamente através dos signos e escritos.
Considera-se como pressupostos da alfabetização que a criança no seu
processo em dreção à compreensão da escrita alfabética percorre etapas.
Emília Ferreiro demonstra que a criança no início de seu processo na espera
encontrar transcrta todas as palavras do texto oral. Para ela, o texto escrito
serve para provar ou sugerir a emissão oral, mas não a determina totalmente.
Assim, num primeiro nível, acriança espera que somente os substantivos
estejam escritos: nomes ou objetos, embora se leia um texto completo.
A leitura é uma interpretação a partir dos substantivos que estão escritos.
No segundo nível, a criança admite que estejam escritos os substantivos e os
verbos. Nesse nível, não há necessidade (para a criança) de se escreverem os
artigos e as preposições, pois eles são dedutíveis apartir dos substantivos. De
outro lado, para a criança nesse nível, os artigos e as preposições não são
palavras, na medida em que possuem menos do que três letras.
A criança parte da hipótese de que para se escrever uma palavra é
preciso no mínimo três letras, senão não é palavra. Finalmente, a criança
evolui para considerar que todos os elementos da linguagem estão escritos. A
partir daí ela chega à conceitualização do adulto, superando as outras etapas
e abandonando suas hipóteses anteriores.
Dentro dessa perspectiva, considera-se que, no início do processo de
alfabetização, as palavras consideradas pelas crianças como um protótipo da
escrita são os substantivos que devem er no mínimo três letras e também uma
variedade delas. Para crianças, as palavras são escritas com diferentes letras,
sem repetição. De outro lado, a evolução da escrita passa necessariamnete
pelas etapas descritas por Emília Ferreiro:
A) Nível pré-silábico, que se caracteriza por uma busca de diferenciação
entre as escritas produzidas, sem uma preocupação com as propriedades
sonoras da escrita. Nesse nível, a criança explora tanto critérios quantitativos
(variar a quantidade de letras de uma palavra para outra para obter escritas
diferentes) ou critérios qualitativos (variar o repertório das letras e a posição
das mesmas sem alterar a quantidade). Exemplo: cavalo pode ser
ALTOZNXED e tomate pode ser LOZTNXADE (mesmas letras em outra
ordem) ou MITIOTOA (outras letras). Existe uma relação entre fonema /
grafema. A correspondência entre a escrita e o nome é global, as partes da
escrita não correspondem ainda às partes do nome. Cada letra pode valer pelo
todo e não tem valor em si mesma.
B) Nível silábico, que se caracteriza pela correspondência entre a
representação escrita das palavras e suas propriedades sonoras. É a
descoberta de que a quantidade de letras com que se vai escrever uma
palavra pode ter correspondência com a quantidade de partes que se conhece
na emissão oral. Essas partes são as sílabas e em geral a criança faz
corresponder uma grafia a cada sílaba. Pode servir qualquer letra ou existir
uma associação do som à letra convencional. Por exemplo, a palavra
TOMATE pode ser escrita OAE ou LXO. Esse nível representa um salto
qualitativo da criança que supera a etapa da correspondência global entre a
forma escrita e a expressão oral atribuida. A hipótese silábica é uma
construção da criança, que não é transmitida pelos adultos e pode coexistir
com formas estáveis, isto é, palavra que a criança aprendeu a escrever
globalmente.
C) Nível Silábico-alfabético. A evolução do nível silábico leva a criança a
estabelecer que as partes sonoras semelhantes entre as palavras se
esprimem por letras semelhantes. Neste nível, existem duas formas de
correspondência entre sons e grafias: silábica (sílaba é o som produzido por
uma só emissão de voz) e alfabética (análise fonética e/ou análise dos
fonemas, que são os elementos sonoros da linguagem e tem nas letras o seu
correspondente. O conjunto de letras é o alfabeto). Ou seja, a criança escreve
parte da palavra aplicando a hipótese silábica, de que para se escrever uma
sílaba é necessário apenas uma letra; e parte da palavra analisando todos os
fonemas da sílaba.
D) Nível alfabético, que se caracteriza pela correspondência entre
fonemas e grafias. Existe a compreensão da escrita alfabética, onde todos os
fonemas devem estar representados. A análise se aprimora e é possível a
compreensão de que uma sílaba pode ter uma, duas ou três letras.
Trabalhar a escrita como um sistema de representação da língua significa
descolar o eixo de compreensão para os aspectos levantados acima e não
para os figurativos, como orientação da escrita, linearidade, perfeição da cópia,
etc. Esses últimos são facilmente superáveis pelas crianças.
A passagem da criança de um nível de conceitualização a outro está
diretamente relacionado a uma conhecimento anterior. O tempo que ela
permanece num mesmmo nível é muito variável; por outro lado, essa evolução
não é linear, pois a criança passa por avanços e recuos durante todo o seu
processo de construção da escrita, ainda que se desenvolvimento esteja
diretamente relacionado com seu inicial de conceitualização. É nessa
passagem que a intervenção do professor pode ser observada.
O professor deve respeitar o nível de desenvolvimento das crianças. Não
se pode ir além de suas capacidades e nem deixá-las sozinhas.
2.3. Linguagem e Pensamento
A linguagem é uma característica inata no ser humano e está presente
desde muito cedo. A criança antes de dominar a linguagem é capaz de
resolver problemas práticos, de utilizar objetos e meios indiretos para alcançar
seu objetio. Sua aquisição inicia-se no momento em que a criança começa a
usar sons diferenciados. Estes sons vão progredindo na medida em que surge
a necessidade de se comunicar através da fala.
Muitos pais ficam preocupados quando seu filho demora um pouco em
formar sons ou sílabas mais elaboradas. Porém, muitas vezes, a criança ainda
não está sentindo necessidade de usar esta forma de comunicação, ou seja, a
fala, pois consegue se comunicar sob outras formas. Isto é, entende e faz-se
entender através de gestos, movimentos, sons, atitudes. Estas formas não-
verbais devem ser repetidas e motivadas, pois quanto mais exploradas, mais
rica será a comunicação.
Cabe ao adulto conversar bastante com a criança, sem pressioná-la a
repetir sons, pois cada criança tem seu tempo. Ela só usará a linguagem oral
quando sentir necessidade: quando sentir que as formas que está usando já
não são mais suficientes. Antes disto, de nada adiantarão invenções
pedagógicas, apesar da aparente eficiência das mesmas.
O ambeinte, a convivência com as pessoas, animais e objetos, expande
o universo físico, intelectual e afetivo. Quanto mais estímulo houver, tanto
maior e mais significativa será a tendência de investigação, que é essencial
para o desenvolvimento de sua linguagem e, consequentemente de sua
inteligência. A linguagem e o pensamento nascem da vida, por isso é
absolutamente necessário que a criança viva intensamente sua realidade.
Criança pobre em vivências é atrasada no desenvolvimento da linguagem e
sua inteligência é limitada.
Se a linguagem é desenvolvida através da vivência e esta é a base para
o desenvolvimento da inteligência, cabe à escola explirar esta capacidade
inata da criança de maneira natural, através da observação, tentativa,
repetição, experimentação, associação de idéias, generalizando a criação de
regras próprias, onde ela vai dominando gradativamente a linguagem verbal
como meio e processo, ou seja, como comportamento de lidar com idéias.
A criança na idade escolar, por volta dos seis ou sete anos, passa por
momentos significativos do desenvolvimento do pensamento e da linguagem.
A partir de uma fala puramente nominativa, em que a palavra é vista como
parte integrante ou característica do objeto a que se refere, os nomes das
coisas equivalem aos seus atributos, à fala com significados, em que as
palavras passam a ser pensadas e não pronunciadas, a criança vai se
embrenhando no desafio de conhecer o mundo.
“Esse desafio envolve o entrecruzamento do pensamento com
a linguagem, em que ambos se transformam em torno de uma
tarefa específica, que é a constituição dos significados das
palavras”. (Vigotsky, 1991, p.79)
2.4. Alfabetizar em contextos de letramento
2.4.1.Alfabetização e Ensino da Língua
“É habitual pensar a área de Língua Portuguesa como se ela
fosse um foguete em dois estágios. O primeiro para se soltar da
terra e o segundo para navegar no espaço. O primeiro seria o que já
se chamou de “primeiras letras”, hoje alfabetização e o segundo, aí
sim, o estudo da língua propriamente dita”. (Paramêtros Curriculares
de Língua Portuguesa).
Esta analogia talvez nos ajude a refletir sobre os conhecimentos que a
escola supõe como necessária para que os alunos se alfabetizem e aprendam
a língua escrita.
Contudo, através das vinte e seis letras podemos formar todas as sílabas
e palavras necessárias para que se escrevam textos ou atribuir sentido às
diferentes funções da escrita.
As práticas pedagógicas tem evidenciado duas questões da maior
importância para os educadores. Uma delas é que não basta ensinar aos
alunos as características e funcionamento da escrita, pois esse tipo de
conhecimento não os habilita para o uso da linguagem em diferentes situações
comunicativas. E a outra, é que não basta colocar os alunos na condição de
protagonistas das mais variadas situações de uso da linguagem, pois o
conhecimento sobre as características e o funcionamento da escrita não
decorre naturalmente desse processo.
Portanto, o trabalho pedagógico de alfabetização deve ser planejado,
articulando as atividades de uso da linguagem com as atividades de reflexão
sobre a escrita, não podendo se dar fora de contextos de letramento que
potencializem o domínio da linguagem.
Para formar usuários da língua, é preciso planejar situações em que a
leitura e a escrita entrem no cotidiano de cada aluno, façam parte de sua vida.
O aluno deve tornar-se um leitor e escritor para praticar, para construir o
hábito, para se sentir embalado pelo prazer de construir os seus
conhecimentos com suas vivêncas. Devemos criar um contexto de letramento
na Educação Infantil, pois possibilitará uma abertura para iniciar o processo de
ensino de alunos que serão formalmente alfabetizados.
2.4.2. O letramento na educação escolar: desfazendo alguns
mitos
“Como podem as crianças desenvolver a idéia de que a
linguagem falada e escrita não são a mesma coisa? Só pode haver
uma resposta: escutando linguagem escrita lida em voz alta”. (Frank
Smith)
A escola artificializou a escrita na intenção de “facilitar” a prendizagem ao
aluno e com isso restringir a prendizagem da língua ao domínio do código
escrito. Dessa perspectiva, não é papel do professor favorecer o aceso do
aluno ao conhecimento letrado e ao desenvolvimento de sua condição de
produtor de saberes. Seu papel é simplesmente ensinar o bê-a-bá.
A medida que o professor significa a leitura e a escrita dentro da escola,
seus alunos podem aprender sobre essas práticas ao mesmo tempo em que
aprendem sobre as características e o funcionamento da escrita. O texto passa
a ser a unidade por meio da qual a alfabetização acontece, não mais as letras
e as sílabas. Isso permite, conforme sugere Ana Teberosky, um “zoom” - como
o das máquinas fotográficas e filmadoras – que permite focar um fragmento
que, entretanto, é parte de uma cena completa. No caso da alfabetização, a
cena completa é o texto e o “zoom” ocorre pela ação do professor que põe o
foco na análise dos alunos em aspectos que precisam se tornar objeto de
reflexão.
Assim, tudo o que se pode aprender sobre letras e sílabas aprende-se de
forma contextualizada, em textos apropriados para a alfabetização.
2.4.3. Formas de organização do trabalho de alfabetização e
letramento
A organização do trabalho em classes de alfabetização deve respeitar o
processo de construção de conhecimentos, os conteúdos e os interesses de
cada aluno.
O ensino da leitura e escrita em classes de alfabetização precisa estar
em sintonia com o que é próprio da idade da criança, considerando a
experiência prévia das crianças com o mundo da escrita em seus espaços
familiares, sociais e escolares e também o tempo anterior d frequencia na
escola.
2.4.4. Preocupações e eixos gerais que auxiliam na
organização
a) Criação de contextos significativos
O professor deve criar situações que sejam significantes para os alunos,
construindo a leitura através de seus conhecimentos prévios e de suas
necessidades de ouvir o que os alunos tem a dizer e observar em que
situações eles se mobilizam para realizam com entusiasmo as atividades.
Desta forma, procurar criar estratégias específicas como roda de casos
ou de tomada de decisões coletivas sobre a organização do trabalho ou
mesmo discussão sobre programas vistos na TV, livros brincadeiras, viagens,
etc.
b) Favorecer o contato com textos na escola
A leitura e a escrita devem ser apresentadas de forma significativa para a
criança. Assim, é fundamental aproveitar todos os momentos possíveis, dando
oportunidades que os mesmos tenham contato com textos e utilizem no seu
dia-a-dia.
2.4.5. Alguns modos de organização das atividades
a) Atividades específicas que podem ser desenvolvidas durante o
período:
• Atividades sobre as relações entre língua oral e língua escrita;
• Atividades para o aprendizado do sistema alfabético;
• Atividades de produção de textos;
• Atividades de interpretação e compreensão de textos.
b) Jogos e desafios
c) Trabalho com temas
d) Trabalho a partir da necessidade de ler ou escrever determinado tipo
de texto.
e) Organização dos espaços de leitura e escrita na sala de aula e na
escola.
f) Organização em torno do cotidiano da sala de aula e da escola.
g) Organização por projetos de trabalho.
2.4.6. Conclusão da elaboração das atividades
Exixtem múltiplas formas ou estratégias de organização que podem ser
escolhidas pelo professor e é bem produtivo que o mesmo varie suas formas
de contextualização e de organização, porque algumas delas podem cansar
pela repetição além do que, determinada estrategia, sozinha, pode não ser a
melhor para abordar com maior sistematização as questões e os conteúdos da
alfabetização, como é o caso do trabalho com projetos, por exemplo. Para se
sentir mais seguro, o professor poderá escolher uma forma de trabalho que
atenda as necessidades dos alunos durante todo o ano, acrescentando e
avaliando sempre o alcance de cada uma delas.
Em todas as estratégias, vale ressaltar o papel fundamental do professor
como mediador e direcionador das atividades de planejamento e
sistematização e observar o que se quer alcançar como resultado específico
da alfabetização.
2.4.7. A Literatura como modalidade de ensino
Nas últimas décadas, a literatura tem apresentado diversidades temáticas
quanto as variedades de gêneros literários. Os livros didáticos com propostas
e modalidades textuaisprocuram incentivar os alunos a lerem obras de autores
conhecidos e desconhecidos, integrando-os ativamente com fatos ocorrdos no
passado e no presente, despertando o prazer pela leitura.
Portanto, no trabalho pedagógico com a leitura pensamos que se deve
levar em conta o conceito de literatura em seu sentido lato: literatura, então é
“tudo o que é impresso (ou mesmo manuscrito), são todos os livros que a
biblioteca contém (incluindo-se o que chamamos de literatura oral) (...)”.
Compagnom, 1999, p.31, não se restringe às obras de ficção ou às que
fazem uso estético da linguagem escrita. No entanto, na vida real usamos uma
biblioteca para satisfazer nosso prazer e nossos desejos, na qual buscamos
informações sem que ningúem nos imponha o que fazer, o que ler, o que
escrever.
Todavia, é para a criança andar entre os livros, ler os títulos em
destaque, correr as mãos em um ou outro, procurar ler aquele que o colega o
indicou e que não foi encontrado na livraria ou parece ter terminado ou
encontrar aquele que queríamos há tempos ler.
Segundo Paulo Freire, “toda leitura da palavra implica a volta sobre a
leitura do mundo, de tal maneira que “ler mundo” e “ler palavra” se constituam
num movomento em que não há ruptura, em que você vai e volta”.
E “ler mundo” e “ler palavra” implicam reescrever o mundo, ou seja,
transformá-lo.
2.4.8. Contribuição da sala de leitura e escrita na escola
Leitura: fonte de identificação simbólica e espaço mágico de prazer.
Para a escritora Ana Maria Machado, em seu interessante livro “Como e
por que ler os clássicos universais desde cedo” (2002), no qual dedica um
capítulo aos contos da tradição oral, o homem conta histórias para tentar
entender a vida, sua passagem pelo mundo, para ver na existência uma
espécie de lógica.
Segundo ela, cada texto e cada autor lidam com elementos diferentes
nessa busca e vão adequando formas de expressão e conteudo, de modo a
que se mantenha o sentido e uma coerência interna profunda. Mexer neles é
alterar esse sentido.
Por isso, cabe aqui compreender, ainda que de forma breve, alguns
desses gêneros, principalmente a fábula, o conto de fadas, o conto
maravilhoso e os contos populares, uma vez que são essas as narrativas
comumente contadas às crianças, ainda hoje.
O trabalho com leitura tem como finalidade à formação de escritores
(pessoas capazes de escrever com coerência e raciocínio lógico). Formar um
leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê, que possa
aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos
implícitos, que estabeleça relações entre o texto que lê e outros já lidos.
a) Condições para tornar produtivo o ensino da leitura:
• ampliar a visão de mundo e inserir o leitor na cultura letrada;
• estimular o desejo de outras leituras;
• possibilitar a vivência de emoções, o exercício da fantasia e da
imaginação;
• permitir a compreensão do funcionamentocomunicativo da escrita:
escreve-se para ser lido;
• expandir o conhecimento a respeito da própria leitura;
• aproximar o leitor dos textos e os tornar familiares – condição para a
leitura fluente e para produção de textos;
• possibilitar produções orais, escritas e em outras linguagens;
• informar como escrever e sugerir sobre o que escrever;
• ensinar a estudar;
• possibilitar ao leitor compreender a relação que existe entre a fala e a
escrita;
• favorecer a aquisição de velocidade na leitura;
• conhecer formas ortográficas que contribuirão na construção da escrita.
b) Procedimentos ao ensinar a escrita:
• escrita de textos lidos pelo professor;
• uso de acervo da biblioteca;
• busca de informações e consulta a fontes de diferentes tipos (jornais,
revistas, enciclopédias, etc);
• manuseio e leitura de livros na classe, na biblioteca e quando possível
empréstimo de materiais para leitura em casa (com intervenção do
professor, sendo o mesmo o mediador das atividades).
III – OS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN)
No ensino fundamental, o eixo da discussão, no que se refere ao
fracasso escolar tem sido a questão da leitura e da escrita. Os maiores índices
brasileiros de repetência nas séries iniciais estão diretamente ligados à
dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e escrever. A maior parte da
repetência se concentra no fim da primeira série (ou mesmo das duas
primeiras) e na quinta série.
Nos anos 60, buscava-se no aluno a causa do fracasso escolar, pois para
uma parte dos alunos parecia funcionar e para os alunos que fracassavam
devia faltar algo para que pudessem aprender.
Já nos anos 80, circulava entre os educadores livros e artigos que
indicavam a forma de compreender a ênfase habitualmente posta em “como se
ensinou” e descrever “como se aprende”.
O que causou grande impacto nesta década foi a pesquisa sobre
psicogênese da língua escrita, que revolucionou o ensino da língua nas séries
iniciais, mostrando a presença importante dos conhecimentos específicos
sobre a escrita que a criança já tem e que tem sentido para ela.
“Para aprender a escrever, é fundamental que o aluno tenha
muitas oportunidades de fazê-lo, mesmo antes de saber grafar
corretamente as palavras: quanto mais fizer isso mais aprenderá
sobre o funcionamento da escrita”. (Rosângela Veliago. In Caderno
TV Escola, 1999, p.05)
A metodologia utilizada nessas pesquisas foi muitas vezes apresentada
como uma proposta de pedagogia construtivista para alfabetização que trouxe
sérios problemas ao processo de ensino e aprendizagem, pois desconsidera a
função primordial da escola que é ensinar, intervindo para que os alunos
aprendam o que, sozinhos, não têm condições de aprender.
A orientação propostas nos Parâmetros Curriculares Nacionais
reconhece a importância da participação construtiva do aluno e a intervenção
do professor para a aprendizagem de conteúdos específicos necessários à
formação do indivíduo.
“No contexto da proposta dos Parâmetros Curriculares
Nacionais se concebe a educação escolar como prática que tem a
possibilidade de criar condições para que todos os alunos
desenvolvam suas capacidades e aprendam os conteúdos
necessários para construir instrumentos de compreensão da
realidade e de participação em relações sociais, políticas e culturais
para o exercício da cidadania na construção de uma sociedade
democrática e não excludente”. (PCN – introdução, 1997, p.45).
Os Paramêtros Curriculares Nacionais assumem como papel da escola
formar sujeitos críticos, capazes de investigar, articular, descobrir de forma
ativa os objetos do mundo a que eles estão expostos.
“Uma prática intensa de leitura na escola é, sobretudo,
necessária porque ler ensina a ler e escrever”. (PCN – Língua
Portuguesa, 1997, p. 45)
As práticas de leitura, de escrita e de oralidade são fortemente
relacionadas e que se modificam mutuamente. À medida que a escrita
transforma a fala e a fala influencia a escrita, escreve-se para ser lido, ouve-se
o que é lido. São práticas que permitem ao aluno construir seu conhecimento.
A proposta dos PCNs é que nós enquanto professores e profissionais da
educação tenhamos uma participação conjunta nas tomadas de decisões
sobre a nossa prática pedagógica.
Com profissionais comprometidos e com condições e recursos, as metas
propostas pelos PCNs se efetivarão mesmo que a médio ou longo prazo, mas
favorecendo o respeito e a participação de todos – alunos e professores – e a
igauldade de direitos entre os cidadãos.
“A busca da qualidade impõe a necessidade de investimentos
em diferentes frentes, como a formação inicial e contunuada de
professores, uma política de sálarios dignos, um plano de carreira, a
qualidade do livro didático, de recursos televisivos e de multimídia, a
disponibilidade de materiais didáticos”. (PCN – Introdução, 1997,
p.13)
CONCLUSÃO
Através dos estudos realizados no cotidiano da criança na sala de
alfabetização, conclui-se que paa haver aprendizagem é necessário que haja
muito esforço por parte do professor. Esforço esse que vai desde seus
conhecimentos, concepções teóricas a respeito do assunto como também
muita dedicação e compromisso.
Acompanhar o desenvolvimento da criança na escrita e na leitura é muito
bonito, desafiante e gratificante para quem ensina pois o professor é o
mediador e interventor dos conhecimentos transmitidos aos seus alunos.
A ele cabe dominar a teoria e acreditar nela e em seu trabalho. A teoria é
fundamental, fornece diretrizes, mas não resolve todos os problemas. Nesse
sentido, é importante que o professor tenha consciência que, mesmo
embasado numa teoria adequada, ele encontrará crianças que enfrentarão
grandes dificuldades, evoluirão devagar e terão necessidade de entender o
processo de alfabetização por mais de um ano.
O professor precisa levar em consideração que a alfabetização envolve
um grande esforço da criança e que, portanto, ela precisa de muito apoio. Não
são apenas os aspectos cognitivos que estão em questão, mas também os
aspectos emocionais, que podem retardar ou bloquear o desenvolvimento.
Ao alfabetizar crianças, a maioria dos educadores acreditam ter a sua
frente “um livro em branco” ou “uma gaveta vazia” onde eles ajudarão a
escrever as primeiras linhas ou colocar os primeiros arquivos. Mas estas
crianças que ainda não sabem ler nem escrever trazem um conhecimento de
mundo que influenciará em todo o processo de alfabetização.
Esta bagagem que o aluno traz também contribuirá nas dificuldades que
o mesmo encontrará no processo de aprendizagem da leitura e escrita.
Portanto, fatores sociais, emocionais e culturais devem ser observados no
decorrer do processo.
Procurando ajudar as pessoas que convivem e relacionam-se com alunos
com dificuldades de aprendizado, apresentando recursos que auxiliam no
desenvolvimento psíquico e motor da criança.
Levar em consideração os aspectos socioculturais de nossos alunos é
reconhecer o repertório de conhecimento que têm construído durante toda a
vida. Esse acervo de conhecimento vai permitir a compreensão de cada novo
objeto de conhecimento.
Cabe ao professor observar como cada uma resolve a proposta.
Atividades muito estruturadas não permitem esse tipo de observação, uma vez
que a criança pode aprender técnica sem compreender o processo.
Durante muito tempo, a escola vem enfrentando o desafio de ensinar em
sala de aula. Vivenciamos dificuldades no aprender das crianças com
observações no seu cotidiano. Percebemos que as crianças apresentam um
quadro de desinteresse nas atividades propostas pelos professores, mas
sabemos que todos devem ter as mesmas oportunidades de ensino.
Precisamos repensar todos os fatos mencionados e tentar fazer uma
mudança nos conceitos de ensinar e transmitir conhecimentos, pois ensinar
crianças com dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita na
alfabetização requer do professor uma investigação de como o aluno aprende.
Espero com os dados trazidos e pela reflexão feita estar dando uma
contribuição para uma educação comprometida com a construção de uma
cidadania plena por parte de todos.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Paramêtros Curriculares
Nacionais. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: 144p
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Linguística. Pensamento e Ação
no Magistério. 8ª ed. Scipione, São Paulo, 1995
FERREIRO, Emília. Psicogênese da Língua Escrita. Emília Ferreiro e
Ana Teberosky, trd. Diana Myrian Lichtenstein, Liana di Marco e Márcio Corso.
Porto Alegre. Artes médicas. Sul, 1999.
FREIRE DE CARVALHO, Maria Angélica; MENDONÇA, Maria Helena.
Práticas de leitura e escrita. Brasília: Ministério da Educação. 2006
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO. Cadernos da TV Escola. Brasília:
Ministério da educação. Secretaria de Educação a Distância. 1999, 2v
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA NA ALFABETIZAÇÃO 10
1.1. História da escrita 10
1.2. Desenhando se escreve 12
1.3. Concepção linguística: A contribuição de Emília Ferreiro e Ana Teberosky 14
1.3.1. A linguística na alfabetização17
1.3.2. Conhecimento do sistema linguístico
18
1.3.3. Como trabalhar a leitura e a escrita em sala de aula
19
1.4. A aprendizagem da escrita e letramento 21
1.5. A competência oral e escrita 23
1.5.1. Como relacionar e organizar as palavras 23
1.5.2. Como desenvolver a oralidade 24
1.5.3. Os níveis de produção escrita e comunicação oral 27
1.6. Intervenção pedagógica 32
CAPÍTULO II
AS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA 35
2.1. Leitura: definição e proposta 35
2.2. Conceituação da escrita 39
2.3. Linguagem e pensamento 43
2.4. Alfabetizar em contextos de letramento 45
2.4.1. Alfabetização e ensino da língua 45
2.4.2. O letramento na educação escolar: desfazendo alguns mitos 47
2.4.3. Formas de organização do trabalho de alfabetização e letramento 48
2.4.4. Preocupações e eixos gerais que auxiliam na organização 48
2.4.5. Alguns modos de organização das atividades 49
2.4.6. Conclusão da elaboração das atividades 49
2.4.7. Aliteratura como modalidade de ensino 50
2.4.8. Contrubuição da sala de leitura na escola 51
CAPÍTULO III
OS PARÂMETROS CURRICULARES 54
CONCLUSÃO 57
BIBLIOGRAFIA 59