UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO … · acompanhamento das inovações tecnológicas que, ......
Transcript of UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO … · acompanhamento das inovações tecnológicas que, ......
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Possibilidades do Uso do Computador e das Tecnologias da
Informação e da Comunicação na Educação Escolar
Por: Abel Arantes da Silveira
Orientador
Professora Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2014
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
Possibilidades do Uso do Computador e das Tecnologias da
Informação e da Comunicação na Educação Escolar
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Tecnologia
Educacional
Por: Abel Arantes da Silveira
3
AGRADECIMENTOS
Ao dom da vida, aos professores do
Curso de Pós-Graduação em
Tecnologia Educacional da AVM
FACULDADE INTEGRADA, em
especial à Professora Mary Sue
Pereira, Orientadora desta monografia,
e ao amigo de trabalho Gilberto Prucoli
Adriano Junior pelo incentivo para que
eu cursasse uma especialização.
4
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Antônio e Thereza (in
memorian), a minha esposa Jurema
Nascimento da Silveira, sempre ao meu
lado, as minhas filhas, a minha neta e aos
meus netos com todo o meu carinho.
5
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................ 06
CAPÍTULO I - Breve histórico da trajetória da informática na educação no
Brasil ............................................................................................................... 08
CAPÍTULO II - Principais descompassos na introdução do Computador e das
Tecnologias da Informação e Comunicação nos Sistemas Públicos de
Educação Brasileiros ...................................................................................... 16
CAPÍTULO III – As possibilidades de transformação da educação no contexto
da sociedade tecnológica com a utilização das novas tecnologias da
informação e da Comunicação ........................................................................
25
CONCLUSÃO .................................................................................................
44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ..................................................................... 46
ÍNDICE ................................................................................................................... 48
FOLHA DE AVALIAÇÃO ...................................................................................... 50
6
INTRODUÇÃO
A realização deste trabalho de monografia visa discorrer sobre os
principais descompassos existentes no uso do computador e das tecnologias
da informação e da comunicação na educação escolar, como fatores
impeditivos do aperfeiçoamento do trabalho de docentes e discentes nas
formas de ensinar, de aprender e de aprender a aprender; mostrar as
possibilidades de transformação da educação no contexto da sociedade
tecnológica com a utilização das novas tecnologias da informação e da
comunicação por docentes, discentes, equipe pedagógica e de gestão escolar,
como instrumentos que podem oportunizar o repensar das práticas
pedagógicas, buscando outras formas de aprender e construir conhecimentos,
ouvidos os apelos incessantes de alunos e professores comprometidos com
uma educação transformadora; Insistir na importância da sensibilização, da
capacitação e da conscientização dos usuários do computador e das
tecnologias, primordialmente os docentes e discentes, objetivando superar as
severas dificuldades que se interpõem nas relações entre professor-aluno-
professor quando ambos não estão igualmente preparados e conectados ao
desenvolvimento cultural, à evolução científica e ao avanço tecnológico na
velocidade do avanço das tecnologias e assinalar a relevância da atualização
permanente dos recursos tecnológicos indispensáveis à execução da proposta
pedagógica da escola, dando destaque às atividades de aprendizagem, e
afirmar que é viável viabilizar e manter atualizados tais equipamentos, assim
como é possível dotar os atores do trabalho escolar de capacidades e
condições para usarem o computador e as tecnologias da informação e da
comunicação no meio escolar e fora dele.
Assim, na história do processo de introdução do uso do computador e
das tecnologias da informação e da comunicação na educação escolar no
Brasil, alguns registros evidenciam que a escola precisa ser revitalizada pelo
atual em tudo que a constitui e pela atualização de todos os seus atores para
que os meios informáticos e humanos sejam capazes de garantir eficiência ao
acesso e ao processamento das informações e eficácia ao conhecimento
construído.
7
Para tanto, inferem ser imprescindível remodelar a infraestrutura física
da escola; equipar a escola com ferramentas de Informática atualizadas;
incentivar o uso responsável do computador e das tecnologias informáticas no
meio escolar, seja as de propriedade dos usuários, sejam os da Instituição;
capacitar os atores do trabalho escolar e redefinir as formas de atuar de
docentes, discentes e equipe pedagógica na arte de ensinar, de aprender e de
aprender a aprender através da Informática educativa, pois se as mudanças
experimentadas pelo aluno fora da escola podem modificar a sua forma de
aprender, há que se mudar a forma de ensinar, caminhando por essa
ambiência propícia ao exercício da educação personalizada, em que as formas
de ensinar e de orientar a aprendizagem poderão ser diferenciadas, conforme
as formas de aprender e de aprender a aprender de cada indivíduo ou grupo
de indivíduos, já que apoiadas por recursos da informática educativa e pelo
acompanhamento das inovações tecnológicas que, certamente, aniquilarão a
ainda predominante aula expositiva de tipo único de ensino para múltiplas
formas de aprender.
CAPÍTULO I
8
BREVE HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DA INFORMÁTICA
NA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Segundo Valente (1977) o uso do computador e das tecnologias na
educação no Brasil teve início no princípio da década de setenta com a
realização das primeiras experiências em algumas Universidades Federais.
Em 1971 houve um seminário na Universidade Federal de São Carlos
"sobre o uso de computadores no ensino de Física, ministrado por E. Huggins,
especialista da Universidade de Dartmouth, E. U. A." (Souza, 1983);
Também em 1971 foi promovida a Primeira Conferência Nacional de
Tecnologia em Educação Aplicada ao Ensino Superior (I CONTECE) pelo
Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras no Rio de Janeiro.
"Durante essa conferência, um grupo de pesquisadores da Universidade de
São Paulo (USP), acoplou, via modem, um terminal no Rio de Janeiro a um
computador localizado no campus da USP (Souza, 1983);
Em 1973, o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde e o Centro
Latino-Americano de Tecnologia Educacional (NUTES/CLATES) usou software
de simulação no ensino de Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ);
Ainda em 1973 foram realizadas algumas experiências, usando
simulação de fenômenos de Física com alunos de graduação na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Nesse mesmo ano foi
criado o Laboratório de Estudos Cognitivos (LEC) da UFRGS, com o objetivo
de investigar como o computador pode contribuir no processo de
aprendizagem e realizar pesquisas sobre a utilização desses recursos na
educação de crianças deficientes. O LEC foi criado em 1973 por
pesquisadores preocupados com as dificuldades da aprendizagem de
matemática apresentadas por crianças e adolescentes da escola pública. A
propósito, foram realizados estudos calcados em forte base piagetiana, sob a
coordenação do Dr. António Battro, discípulo de Piaget. A linguagem Logo,
também desenvolvida com bases piagetianas e algumas idéias da Inteligência
9
Artificial (Papert, 1980), passou a ser uma importante ferramenta de
investigação de processos mentais de crianças de 7 a 15 anos que faziam
parte dos estudos do LEC.
Em 1974, na UNICAMP, o Professor Valente desenvolveu com um
aluno de iniciação científica, Marcelo Martelini, um software tipo CAI (instrução
apoiada de computador)1, implementado em linguagem BASIC, para o ensino
de fundamentos de programação BASIC. De acordo com Valente, esse CAI foi
usado por alunos do Mestrado em Ensino de Ciência e Matemática,
coordenado pelo Prof. Ubiratan D’Ambrósio, realizado no Instituto de
Matemática, Estatística e Ciência da Computação e financiado pela
Organização dos Estados Americanos (OEA) e Ministério da Educação (MEC).
Em 1975, aconteceu a primeira visita de Seymour Papert e de Marvin Minsky
(pesquisadores do M.I.T. – Instituto de Tecnologia de Massachussets) ao
Brasil, os quais lançaram as primeiras sementes de utilização do Logo, uma
linguagem de programação que foi desenvolvida no Massachusetts Institute of
Technology (MIT), Boston E.U.A., pelo Professor Seymour Papert (Papert,
1980); Também em 1975 foi elaborado por um grupo de professores do
Departamento de Ciência da Computação o documento "Introdução de
Computadores no Ensino do 2° Grau". (Takahashi et al.,1976), financiado
pelo MEC, e foram iniciados os primeiros trabalhos com o uso do Logo com
crianças, com a realização de experiências e estudos que fora objeto de
dissertação de Mestrado e repercutiram na consolidação do grupo de pesquisa
com a criação do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (NIED), em
maio de 1983. 1) software preparado para fornecer informações sobre determinado assunto curricular e avaliar a aprendizagem deste
conteúdo através de testes de múltipla escolha.
De acordo com os relatos históricos até o início dos anos 80, embora
existissem diversas iniciativas sobre o uso da informática na educação, no
Brasil, as mesmas "eram desenvolvidas apenas em escolas particulares e em
pouquíssimas universidades". No entanto, segundo Valente "esses esforços,
aliados ao que se realizava em outros países, especialmente na França e nos
U. E. A., e ao interesse do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT) na
disseminação da informática na sociedade, despertaram o interesse do
10
governo e de pesquisadores das universidades na implantação de programas
educacionais baseados no uso da informática".
A Secretaria Especial de Informática (SEI), órgão complementar do
Conselho de Segurança Nacional, recebe a atribuição de coordenar e executar
a Política Nacional de Informática, e fazer realizar uma capacitação científica e
tecnológica capaz de promover uma autonomia nacional balizada por
princípios e diretrizes fundados na realidade brasileira, a partir de atividades de
pesquisas e da consolidação da indústria brasileira, no sentido de fomentar e
estimular a informatização da nossa sociedade.
Em 1981 a SEI, o MEC e o CNPq promoveram o I Seminário Nacional
de Informática na Educação em Brasília, envolvendo especialistas nacionais e
internacionais nas discussões sobre informática na educação. Segundo
Oliveira (1997:29), desse Seminário resultou a tomada de posição sobre o uso
do computador como ferramenta auxiliar do processo ensino-aprendizagem, e
também, de acordo com Oliveira (1997:30-31), as recomendações indicadas
foram norteadoras e ainda hoje influenciam a política governamental, quais
sejam: que as atividades de informática na educação fossem balizadas por
valores culturais, sociopolíticos e pedagógicos da realidade brasileira; que os
aspectos técnico-econômicos não fossem definidos em função das pressões
do mercado, mas em função dos benefícios sócio-educacionais que pudessem
gerar; que o governo viabilizasse recursos para desenvolver atividades de
pesquisa e experimento sobre o uso de computadores na educação; que o uso
de recursos computacionais não fossem considerados como nova panaceia
para enfrentar problemas da educação básica ou como substituto da carência
de docentes e de recursos instrucionais elementares; que fossem criados
projetos-piloto, de caráter experimental, em universidades, objetivando a
realização de pesquisa sobre a utilização da informática no processo
educacional.
Em 1982 foi realizado o II Seminário Nacional de Informática Educativa
em Salvador, que teve como tema central “O impacto do computador na
escola: subsídios para uma experiência piloto do uso do computador no
11
processo educacional brasileiro, em nível de 2º grau”. Esse Seminário contou
com a participação de pesquisadores da área de educação, informática,
psicologia e sociologia, que apresentaram recomendações, objetivando a
coleta de subsídios para a criação dos centros-piloto dentre as quais se
destacam: encarar a presença de computadores na escola como um meio
auxiliar no processo educacional, e não como um fim em si mesmo, devendo
submeter-se aos fins da educação e não determiná-los; dar ênfase a ideia de
que o computador deveria auxiliar o desenvolvimento da inteligência do aluno,
e contribuir para desenvolver habilidades intelectuais específicas requeridas
pelos diferentes conteúdos e ampliar as aplicações da informática a todos os
graus de ensino, não se restringindo apenas ao 2º grau, de acordo com a
proposta inicial, acentuando a necessidade de que a equipe dos centros-piloto
tivesse caráter interdisciplinar, como condição importante para garantir a
abordagem adequada e o sucesso da pesquisa. (Moraes, 1993:20). Também,
em 1982, o Centro de Processamento de Dados da UFRGS desenvolveu um
um software (SISCAI) para avaliação de alunos de pós-graduação em
Educação que foi traduzido para os microcomputadores de 8 bits como CAIMI
(CAI para Microcomputadores), funcionando como um sistema CAI e foi
utilizado no ensino do 2o grau pelo grupo de pesquisa da Faculdade de
Educação (FACED);
O programa de atuação estabelecido nesses seminários deu origem ao
Projeto Brasileiro de Informática na Educação, EDUCOM, que foi elaborado
por uma comissão criada pela SEI, em 1983, e implantado por essa Secretaria
Especial de Informática (SEI) e pelo MEC, com suporte do CNPq e FINEP,
órgãos do MCT, e consistia na implantação de centros-piloto em universidades
públicas, voltados à pesquisa no uso de informática educacional, à capacitação
de recursos humanos e à criação de subsídios para a elaboração de políticas
no setor.
Em 1984 o MEC assume a atribuição de liderar o processo de
informatização da educação no Brasil.
12
De vinte e seis Instituições Públicas de Ensino Superior Brasileiras, que
submeteram projetos de Centro-piloto, cinco foram escolhidas por
apresentarem existência prévia e adequada de infraestrutura e atenderem aos
seguintes critérios: relevância dos problemas a serem pesquisados;
especificidade das atividades propostas e dos meios para desenvolvê-las e
possibilidades reais de execução dos projetos. Assim os cinco centros piloto
foram oficializados em julho de 1984 e instalados nas Universidades Federais
de Pernambuco, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul e na
Estadual de Campinas.
O Centro piloto EDUCOM na UFMG incumbe-se de desenvolver suas
pesquisas nas áreas de: Informatização de escolas, desenvolvimento e
avaliação de Programas Educativos pelo computador(PECs), capacitação de
recursos humanos e utilização da informática na educação especial, primando
sempre pela interdisciplinaridade, pela visão construtivista e pelo estudo das
implicações sociopolítico-culturais da inserção dos computadores na educação;
O Centro piloto EDUCOM na UFPE direciona a realização das suas
atividades em três áreas: formação de recursos humanos, informática na
educação especial e atividades de educação musical com uso de
computadores, atendendo a professores das redes municipal e estadual de
ensino, ministrando cursos de extensão para alunos do curso de pedagogia e
licenciatura, e buscou pesquisar e desenvolver uma metodologia de ensino
apropriado para surdos, utilizando a linguagem LOGO;
O Centro piloto EDUCOM na UFRGS utiliza o Laboratório de Estudos
Cognitivos (LEC para investigar como o computador pode contribuir no
processo de aprendizagem e pesquisar sobre a utilização desses recursos na
educação de crianças deficientes;
O Centro piloto EDUCOM na Unicamp investiu na formação de
recursos humanos, avaliando programas educativos e desenvolvendo uma
metodologia de ensino com uso de computadores. Utilizou a linguagem LOGO;
13
O Centro piloto EDUCOM na UFRJ foi transformado na Coordenação
de Informática da Educação Superior, e teve suas pesquisas direcionadas para
três áreas: tecnologia educacional, tecnologia de software educacional e
investigações sobre os efeitos sociais, culturais, éticos e cognitivos provocados
pelo uso do computador no processo educacional, além de atuar nos cursos de
graduação e pós-graduação, desenvolvendo a informática educacional,
principalmente nos cursos de licenciatura;
Para Valente o projeto EDUCOM permitiu a formação de
pesquisadores das universidades e de profissionais das escolas públicas que
possibilitaram a realização de diversas ações iniciadas pelo MEC, como
realização de Concursos Nacional de Software Educacional (em 1986, 1987 e
1988). Curso de Especialização em Informática na Educação (realizados em
1987 e 1989), e implantação nos estados do CIEd . Centros de Informática em
Educação (iniciado em 1987). Em 1989, foi implantado na Secretaria Geral do
MEC o Plano Nacional de Informática Educativa, PRONINFE.
Enquanto o desenvolvimento da internet no Brasil se limitava ao meio
acadêmico e científico, com acesso restrito a professores e funcionários
de universidades e instituições de pesquisa, todas as iniciativas já enunciadas,
além de outras e todos os esforços envidados até 1995 não viabilizaram mais
do que a utilização de um pacote de softwares educacionais em situação de
aula e/ou pesquisa.
Em 1997 o MEC apresentou um novo Programa Nacional de Informática
na Educação (Brasil, 1997a) vinculado à Secretaria de Educação à Distância
(SEED) e patrocinado pelo BIRD. Tal programa tem por objetivos explícitos
melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, possibilitar a
criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambientes escolares mediante
incorporação adequada das novas tecnologias da informação pelas
escolas, propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e
tecnológico e educar para uma cidadania global numa sociedade
14
tecnologicamente desenvolvida, onde a informação desempenhará um papel
cada vez mais estratégico. É objetivo ainda, assegurar à educação pública um
alto padrão de qualidade, eficiência e equidade, e modernizar a gestão escolar,
dentro dos moldes do modelo econômico brasileiro (Brasil, 1997a).
Em 1998 a internet se torna de acesso público, oportunizando o
aumento da quantidade de provedores que oferecem o serviço e propiciando a
criação de novos sistemas de comunicação e informação como o e-mail, o
chat, os foruns, comunidades virtuais, entre outros. Assim, a comunicação on-
line provocou uma verdadeira revolução nos relacionamentos humanos e
potencializou o uso das Tecnologias da Informação e da Comunicação na
Educação escolar.
Nos anos 90 no Brasil, mesmo num cenário de alto índice de
analfabetismo e graves problemas de qualificação continua, através complexa
organização dos Órgãos governamentais incumbidos da missão de tornarem
efetivo o uso do computador e das tecnologias da informação e da
Comunicação na educação escolar, cuja articulação e negociação passa a
envolver a Secretaria de Educação à Distância (SEED/MEC), o Conselho
Nacional de Secretarias Estaduais da Educação (CONSED) e também
comissões estaduais de informática na educação, composta por
representantes dos diversos municípios, das universidades e da comunidade
em geral, ficam estabelecidas as seguintes estratégias: subordinar a
introdução da informática nas escolas aos objetivos e metas educacionais
definidos pelos conjuntos de leis governamentais; instalar recursos
tecnológicos nas escolas que mostrassem capacidade física de recebê-los e
recursos humanos para gerenciá-los; propiciar suporte técnico às escolas; a
interligação de computadores nas escolas públicas para possibilitar a formação
de uma rede de comunicações vinculada à educação; fomentar a mudança de
cultura no sistema público de ensino, de forma a preparar o educando para
interagir numa sociedade tecnologicamente desenvolvida; articular
pesquisadores e especialistas em informática educacional; avaliar o PROINFO
através de um sistema adequado de acompanhamento.
15
CAPÍTULO II
PRINCIPAIS DESCOMPASSOS NA INTRODOÇÃO DO
COMPUTADOR E DAS TECNOLOGIAS DA
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS SISTEMAS
PÚBLICOS DE EDUCAÇÃO BRASILEIROS
O principal descompasso no ideal da implantação das TICs na
Educação Escolar no Brasil ocorreu no campo filosófico, ao se estabelecer os
16
critérios de uso do Computador numa perspectiva crítica de mudanças na
concepção de educação, de ensino, de aprendizagem, da formação de
professores, implicando necessariamente o redimensionamento das práticas
pedagógicas, sem considerar o engajamento dos Professores e o envolvimento
dos gestores escolares. "Mas o caminho do computador para a sala de aula
passa pela familiarização do professor com ele (com os alunos, que nessa
questão, o mais das vezes, tomam conta de si mesmos)." (CHAVES, 1998), e
mais “qualquer programa que venha a ser executado na área da informática na
educação, deverá envolver uma atividade sistemática de sensibilização dos
professores” (Peixoto, 1984, p.25).
Outro passo destoante se dá no plano administrativo ao se desenvolver
Programas de capacitação de Professores e Técnicos em Informática sem o
correspondente investimento no equipamento tecnológico, e na adequação de
instalações e infraestrutura física das escolas. Reafirma-se que a grande
maioria das escolas não se encontram devidamente ou nada equipadas com
computadores e internet, e tampouco elegeram a informática educativa como
proposta pedagógica, pois existem escolas e até sistemas públicos de ensino
minimamente aparelhados com recursos tecnológicos como computadores e
sinal de internet em desuso ou em utilização que exclui parte do alunado por
deficiências de infraestrutura física e/ou falta de capacidade docente para
explorá-los. E, segundo o professor Carlos Cerne-Lima, a dificuldade é
financeira. "O problema da ligação entre Educação e alta tecnologia é
extremamente fácil de resolver na teoria e muito difícil de resolver na prática,
porque é caro", afirma. Carlos Cerne-Lima, autor do livro "Dialética para
Principiantes" e do CD-Rom "Dialética para Todos"
Impactada pela mudança na forma de viver por parte da população de
alto poder aquisitivo pela apropriação dos recursos tecnológicos que tornou o
mundo mais próximo, através das notícias mundiais em tempo real,
revelações atualizadas do mundo da moda, descobertas da ciência e mesmo
as novas invenções tecnológicas para uma camada privilegiada da sociedade,
já acostumada a ter suas regalias, impôs-se a necessidade de se expandir
17
esse mundo globalizado às camadas menos favorecidas que já ansiava
fortemente por usufruir dessa experiência libertadora e alçar esse voo capaz
de levá-los a todos os lugares e acessar, visualizar e vivenciar o encantamento
dos fatos surpreendentes e a experiência das novas informações geradoras
de conhecimento que faria grande diferença em suas vidas. Para atender aos
anseios dessa comunidade sem poder de compra e sem chances de acesso
aos recursos da TICs, os excluídos digitais, elegeu-se também como papel da
escola combater essa desigualdade digital através da implantação e uso da
informática pelos Sistemas Escolares. A utilização do computador mesmo em
salas de computação, laboratórios de informática, seria um meio importante de
contribuir para o desenvolvimento da juventude em processo de escolarização,
dentro e fora da escola. Numa época em que, na esfera pública, apenas as
escolas envolvidas em projetos governamentais dispunham de alguns
laboratórios de informática, com máquinas já ultrapassadas, e o sinal de
internet absolutamente precário e restrito aos centros urbanos mais
desenvolvidos. Acrescendo-se a tanto, a forte resistência da maior parte dos
docentes, ocasião em que ensinar noções básicas de informática era o limite
da ação escolar, nem sempre realizada por docentes, embora professores
tenham sido capacitados para explorarem as TICs no ensino e na
aprendizagem e serem multiplicadores dessas competências e habilidades
pelas redes públicas de ensino. O professor é o responsável pela condução do
processo educativo, mas como garantir a participação dos alunos nas
atividades escolares, se os próprios educadores não estavam comprometidos
com os princípios e objetivos da proposta pedagógica? Esse desencontro tem
origem no apego às formas tradicionais de fazer educação. “Numa sociedade
em que as inovações são processadas muito rapidamente é necessário formar
pessoas flexíveis, críticas, criativas, atentas às transformações da sociedade e
capazes de estar sempre aprendendo e revendo suas ideias e ações.”2
Outro obstáculo é a velocidade do avanço das tecnologias da
informação e da comunicação penalizando a área educacional,
desconsiderada enquanto setor de investimento e relegada a operar
usualmente com recursos tecnológicos ultrapassados. É histórica a contradição
18
dos repetidos projetos governamentais que não se completam por alegadas
faltas de recursos financeiros e principalmente pela habitual descontinuidade
administrativa vivenciada no plano das políticas públicas que estabelecem,
mas não executam a implantação do uso do computador e das tecnologias da
Informação e da Comunicação na Escola pública. E assim, nas idas e vindas
dos projetos públicos, se perpetua o atraso tecnológico nas salas de aulas.
“Entretanto, a população brasileira, de um modo geral, ainda não tem se
apropriado do uso dessas tecnologias no mesmo ritmo de difusão delas. O
problema é que a educação tradicional está se mostrando insuficiente para o
tipo de mão de obra que se requer no suposto novo mundo do trabalho: não
mais trabalhadores autômatos e repetitivos, mas ambiciosos e multifuncionais
(BLIKSTEIN; ZUFFO, 2008, p. 50).”
Mais um entrave é o grande domínio das técnicas de utilização das
mídias pela juventude na idade escolar e a falta de condições e de critérios
coerentes com os princípios projetados para exploração das mesmas em sala
de aula, inclusive pela falta de capacitação de docentes, destacando que
apenas a presença de Professores capacitados não é suficiente para garantir
a utilização das novas tecnologias. A escola ainda é um ambiente de alto
índice de resistência de Professores ao uso das tecnologias da informação e
comunicação na educação escolar por suposta ameaça de serem substituídos
pela máquina e pela hipótese de se verem superados pelos alunos em relação
ao domínio das novas ferramentas tecnológicas. Muitos educadores ainda se
encontram arredios, temerosos, com o mundo tecnológico. Persistem na
maneira tradicional de ministrar aulas, e alheios à realidade, não percebem
que os alunos fora da escola estão sendo bombardeados com jogos
eletrônicos, celulares com mecanismos avançados, onde interagem em trocas
de músicas, vídeos, fotos, mensagens, utilizam os bate-papos, e diversos
grupos sociais; fazem amigos, acompanham as notícias etc. Se há ausência
de um trabalho efetivo de sensibilização, capacitação e comprometimento do
professor é porque os sistemas de ensino admitem a coexistência desse
quadro de ideias ultrapassadas, sem viço, sem criatividade. Quando a escola
optar por integrar-se cada vez mais à sociedade e persistir envidando esforços
19
na luta pelo domínio e utilização dos inovações tecnológicas, empregando-as
na formação intelectual e na maturação emocional de todos os seus atores,
certamente varrerá seus velhos hábitos e transformará até mesmo os que se
mantêm alheios a esse novo estilo de exercitar a arte de viver e conviver em
todos os setores da vida no atual cenário tecnológico. “...Os educadores não
sabem o que é tecnologia, não sabem o que é uma filosofia tecnológica....nós
educadores, estamos muito afastados desse universo, não por culpa nossa,
mas por culpa de toda uma estrutura de formação que temos vivido. Quando
precisamos discutir a relação entre educação e trabalho, ficamos discutindo
abstrações, porque não sabemos exatamente o que é esse mundo do trabalho,
da técnica e da tecnologia.” Afirma (Gatti,1992:156). Ainda em relação ao
descompasso na relação professor-aluno no que concerne ao domínio das
tecnologias para vencer o elevado nível de insegurança de docentes frente a
ousadia e a experiência dos estudantes na utilização das novas mídias, o
presidente da Associação Brasileira de Tecnologia Educacional (ABT), João
Roberto Moreira Alves, sugere três medidas: a modificação do sistema de
formação de novos docentes, fazendo dos professores orientadores de
aprendizagem; a requalificação dos atuais professores; e a instituição de
políticas públicas para fornecer, a custo reduzido, equipamentos para os
educadores. E de acordo com Martinez (2004, p. 105) “a maioria dos
professores em serviço não tem conhecimento sobre como se utilizam essas
ferramentas ou quais são suas possibilidades na sala de aula”, e em outra
leitura “qualquer programa que venha a ser executado na área da informática
na educação, deverá envolver uma atividade sistemática de sensibilização dos
professores” (Peixoto, 1984, p.25). Todavia, "Os professores estão se
esforçando ao máximo mas existem as dificuldades técnicas e operacionais",
afirma Alves.
Nos tempos modernos observamos mudanças localizadas em relação à
utilização do computador na educação pela força da geração web e de
docentes, alguns capacitados, outros movidos pelo interesse nas
possibilidades de auxílio dos recursos tecnológicos em experimentar o uso da
curiosidade, da perspicácia e da criticidade na exploração da infinidade de
20
informações dessa avalanche tecnológica no planejamento e na proposição de
aulas dinâmicas, objetivas, numa ambiência envolvente, de acesso ativo a
informações, imagens, sons, mistura de cores na realização de uma
aprendizagem efetiva para a construção do próprio conhecimento. São os
artistas pioneiros das mudanças nas práticas pedagógicas pelo uso do
Computador e das tecnologias da informação e comunicação que pouco a
pouco se multiplicam, agregando mais atores na ação de transformar a
educação pública do Brasil pela inclusão tecnológica de todos. Segundo
Toffler (1990) “A sociedade emergente é caracterizada como a sociedade do
conhecimento, na qual as informações e as inovações serão processadas
muito rapidamente.”
Ter uma escola amplamente equipada com recursos de informática
razoavelmente atualizados e uma infraestrutura adequada para atender os
setores da administração escolar é absolutamente louvável, porém nunca em
detrimento da parte educacional. Aprendemos que todo o aparato tecnológico
é útil, porém, por si só, não garante as mudanças no plano pedagógico. Não
resolveria privilegiar a área educacional sem investir na sensibilização e na
capacitação de docentes, tendo consciência que a proposta de mudança no
campo pedagógico não tem na prática a mesma dimensão que tem na teoria, e
também que a escola não dispõe sequer das condições básicas para aplicação
dos recursos tecnológicos nas atividades de ensino e de aprendizagem. No
entanto, para fazer diferença no uso do computador e da tecnologias da
informação e comunicação nos procedimentos do ensino e na orientação da
aprendizagem é preciso maturidade emocional, competência e capacidade de
interagir para eliminar as barreiras que se interpõem na relação professor-
aluno e superar a resistência da cultura escolar e fazer a ultrapassagem da
forma tradicional de realizar educação, fazer ensino, pelo incremento do uso
das inovações tecnológicas nas novas formas de ensinar, de realizar a
pesquisa, o estudo e a aprendizagem, sabendo aprender a aprender. “As
tecnologias chegaram na escola, mas estas sempre privilegiaram mais o
controle a modernização da infraestrutura e a gestão do que a mudança. Os
programas de gestão administrativa estão mais desenvolvidos do que os
voltados à aprendizagem. Há avanços na virtualização da aprendizagem, mas
21
só conseguem arranhar superficialmente a estrutura pesada em que estão
estruturados os vários níveis de ensino.” José Moran (5ª Ed. Campinas:
Papirus, 2013, p. 89-90).
Algumas características do mundo do trabalho indicam que a escola
acertou na definição da proposta de uso dos meios tecnológicos como
auxiliares na missão de imprimir mudança nas práticas de ensino e nos
procedimentos de aprendizagem para formar o cidadão capaz de aprender e
de aprender a aprender, de construir o conhecimento aplicável às diferentes
situações ocasionadas pelas aceleradas inovações tecnológicas.. "O nível de
desemprego que enfrentamos no Brasil não está diretamente relacionado com
as novas tecnologias. Em nosso país, o desemprego está, acima de tudo,
vinculado com a falta de crescimento econômico. No entanto, em alguns
setores, a adoção de novas tecnologias reforça esse desemprego", afirma
Waldir Quadros, professor do Instituto de Economia da Unicamp e pesquisador
do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit). "Em
alguns países centrais, o desenvolvimento de novas tecnologias pode até gerar
empregos. O Brasil, porém, não gera essas tecnologias, mas se apropria de
inovações desenvolvidas por outros países. A importação desses
equipamentos contribui para criar novos empregos apenas nos países
fornecedores." Site: Sociedade da Informação- reportagens.
Percebe-se o alcance limitado das iniciativas realizadas através dos
projetos públicos, bem como na opção pelo ensino de informática feita por
muitas escolas não envolvidas nos projetos oficiais e que o ensino de
informática realizado por escolas dentro ou fora dos projetos governamentais
não resolveu o problema da qualificação demandada pelas inovações
tecnológicas na sociedade e no mundo do trabalho.
“Apesar da necessidade do profissional buscar atualização e
treinamento, a qualificação dos trabalhadores não garante a inserção das
pessoas no mercado de trabalho ou mesmo a queda no nível de desemprego.
"A qualificação não gera emprego, apesar de ela ser essencial a todo
22
profissional.” “Esse processo de mudança encontra-se em curso principalmente
nos países desenvolvidos, mas já vem trazendo diversas consequências ao
mercado de trabalho no Brasil. As novas máquinas exigem treinamento e
dependem de poucos funcionários. Além da redução de postos de trabalho, as
exigências com atualização e treinamento excluem milhares de trabalhadores
da possibilidade de preencherem as vagas ainda disponíveis, o que contribui,
de certo modo, para o aumento do desemprego.” Site: Sociedade da
Informação- reportagens.
“Em alguns setores, porém, o uso de ferramentas de informação e
comunicação possibilitam o surgimento de algumas novas ocupações, em
detrimento de inúmeras outras que são eliminadas. É o caso de profissionais
que trabalham com a Internet, como programadores, web-designers,
administradores de redes, jornalistas e outros profissionais que lidam com
conteúdos na web e especialistas em marketing.” Site: Sociedade da
Informação- reportagens.
Além de ampliar o conhecimento dos recursos midiáticos e aperfeiçoar a
competência e as habilidades de explorá-los em casa, na escola, nas
organizações sociais e no mundo do trabalho, o homem tem que se preparar
para usufruir de toda a sorte de benefícios advindos do uso das inovações
tecnológicas e saber prevenir a apropriação inadequada de algumas
vantagens, malgrado não seja possível eliminar alguns riscos inerentes à
exploração das possibilidades do avanço tecnológico. À correria do dia a dia
alia-se a velocidade e a multiplicidade de informações. A comodidade é uma
situação possível que pode produzir efeitos nocivos para a saúde humana; a
celeridade é um requisito que se impõe. O acesso fácil, a rapidez da
comunicação e o acúmulo de informações propiciam afinidade ao recurso
tecnológico e induzem a convivência prolongada, que reclamam sempre maior
agilidade das funções cerebrais no processamento das informações. Decorre
que muitos usuários de ferramentas tecnológicas, ao mesmo tempo que
avançam, podem travar na aceleração do pensamento e na urgência de
tomada de decisão. Além de inspirar cuidados com a vida, também sugere zelo
pela espécie humana. O mecanicismo é um risco. O homem não deve
23
assemelhar-se à máquina. “Os avanços tecnológicos, independente da época
que são gerados, sempre trarão preocupações, porém, hoje existe uma
preocupação maior em relação às tecnologias contemporâneas do que
aquelas descobertas anteriormente. Com o uso da internet, do computador,
passamos a viver num mundo veloz, que tem pressa de pensamento e ações
nunca antes vistos. Somos andarilhos, nômades em processo de
territorialização e desterritorialização. O corpo físico, não tem conseguido mais
acompanhar todo o ritmo e aceleração dos pensamentos e nos trás a angústia
do “não conseguir” executar tudo que nos é ofertado a tempo e a hora.
Abraçamos múltiplas funções, porém não somos multifuncionais. As dores do
corpo e da alma chegam, e nos sinalizam que o tempo é de parar e começar a
“fazer escolhas”. Os Avanços Tecnológicos e suas Consequências - Cláudia
Regina Major.
“Hoje, estacionar é morte e esta é a nova lei geral do mundo” (Virilio, 1977, p.
73 apud Couto, 1998, p. 3).
É um caminho sem volta. Impossível imaginar o mundo sem se os benefícios
das inovações tecnológicas. Na modernidade, programas de informática
estão presentes também na máquina de lavar, no lava louça, na televisão, no
ar condicionado, no celular, ..., e mais no computador. Vieram para ficar, pois
facilitam o exercício da arte de viver e conviver.
“A qualidade de vida das pessoas melhorou bastante. Pode fazer-se muito
mais coisas do que antigamente. O acesso ao conhecimento é muito mais fácil
– está na ponta dos dedos, sobre as tecladas de um pc, tablet ou telemóvel.
Contudo, a intimidade e privacidade das pessoas sofreu um grande abalo.
Com todas estas formas de comunicação, é difícil manter o mesmo grau de
privacidade. Já não falando nos perigos que acarreta o fato de ser-se
demasiado amigo das novas tecnologias, sem ponderar alguns cuidados
informáticos e tecnológicos.” Site: Eletricidade e Eletrônica
“Será que o homem está, hoje, disponível para dispensar todas as modalida
des trazidas pela Tecnologia?” Site: Eletricidade e Eletrônica
24
CAPÍTULO III
AS POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO DA
EDUCAÇÃO NO CONTEXTO DA SOCIEDADE
TECNOLÓGICA COM A UTILIZAÇÃO DAS NOVAS
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA
COMUNICAÇÃO
Um dos princípios norteadores do trabalho pedagógico é que a escola
deve atuar de forma articulada com a comunidade. Nesse mister as
fragilidades de ambas contribuem para a manutenção (e reprodução) das
próprias carências. Nem a comunidade evolui e se capacita para tomar
decisões a partir de escolhas conscientes, tampouco a escola assume o seu
fracasso nessa ralação. Em calmaria coexistem aparentemente próximas,
porém em vias paralelas, não se incomodam. A escola alheia ao seu
compromisso com a cidadania, segue seu curso, e o indivíduo sem cidadania,
a esmo, como se a vida humana tivesse um curso natural a seguir, fica à
margem dos seus direitos. A educação é de qualidade discutível; e a
25
cidadania sem capacidade de fazer opção, de escolher, de saber preferir. A
escola oferece uma vaga e isso é o bastante para a comunidade.
Na lentidão dos processos e procedimentos oficiais (de governos) para
estabelecer e implantar políticas públicas (governamentais), os indivíduos
foram se apropriando dos recursos tecnológicos e aprendendo a explorá-los.
Esse acesso livre a um novo mundo de informações e de múltiplas formas de
estabelecer comunicação propiciam adquirir e acumular experiências e
saberes que se refletem na escola e interferem na sua rotina.
Para atender a essa cidadania que se constrói por outras vias, e que
está aprendendo a escolher, e exercer as suas preferências, a manifestar o
que pensa, a escola pública precisa se repensar.
A escola precisa se autoavaliar, conhecer a sua realidade, ter
consciência das suas fragilidades, analisar os seus possíveis erros e aprender
com eles a acertar.
Então, aparece o computador. E vão surgindo as novidades
tecnológicas.
Nesse novo caminhar para as mudanças nas suas práticas, se evidencia a
necessidade de realizar uma ampla revisão do projeto pedagógico, dando
relevo a: inserir uma proposta de suporte ao uso do Computador e das
tecnologias da informação e comunicação e de apoio à realização de
inovações pedagógicas e educacionais; flexibilizar currículos e reestruturar
objetivos de ensino, de aprendizagem, e também os objetivos dos demais
setores da escola no sentido de torná-los colaborativos em vez de fomentarem
dificuldades para a realização da nova proposta de trabalho com as inovações
pedagógicas e tecnológicas.
Melhoradas as questões relativas à universalização do acesso à
educação, afirma-se que a inadequação do currículo escolar à realidade
26
contemporânea, e à própria vida dos estudantes é o problema mais grave da
educação brasileira, ao qual se acrescenta necessidade de ampliar as
oportunidades de formação profissional de nível médio. “A reforma no ensino
visa uma educação mais eficaz e para isso é necessária uma profunda
mudança de conteúdos e métodos. Nesta perspectiva a proposta deve
apresentar uma nova visão do saber e do aprender oferecendo assim novas
possibilidades dos processos educacionais ” (MINGUET, 1998, p. 129)
Tem-se a considerar que a implementação efetiva de teses e estratégias
de mudanças transformadoras da educação básica não pode prescindir do
princípio de que educação é investimento e que os critérios de disponibilização
de recursos econômicos, institucionais, técnicos e políticos sejam estritamente
técnicos.
Nesse engajamento pela transformação das práticas educacionais pelo
uso do computador e da internet, especialmente professores e alunos
precisam estar mobilizados e envolvidos no trabalho escolar, tendo por base
que as ferramentas tecnológicas por si só não garantem o dinamismo na
construção do conhecimento. “Mudanças na educação é importante para
mudar a sociedade. As tecnologias estão cada vez mais em evidência e os
investimentos visam ter cada classe conectada à Internet e cada aluno com um
notebook; investe-se também em educação a distância, educação contínua,
cursos de curta duração. Mas só tecnologia não basta. “Ensinar é um desafio
constante”. Valente (1999)
A evolução da tecnologia cria uma nova geração superligada em leituras
de fácil aquisição, utiliza-se as formas de informação multimídia ou
hipertextuais que são no momento o cume das informações atuais. Um clique,
outro clique e lá estão imagens, textos, novidades, o outro lado do mundo em
segundos. Tudo isso torna a vida mais interessante, encurta distâncias, amplia
horizontes, diversos leques se abrem sem que para tal se precise sair de casa
ou mover-se da cadeira; são as tecnologias facilitando o acesso à informação,
o acompanhamento dos saberes e a atualização do conhecimento. Esse
27
avanço, aos poucos, está ocupando espaços cada vez maiores e não há
como se imaginar a vida sem a tecnologia, realmente é um caminho sem volta,
é um percurso onde o que se deseja é seguir adiante e encontrar em cada
novo horizonte algo mais evoluído que possa trazer melhores alternativas à
existência humana.
O livro, no primeiro momento, parece perder a graça, mas quando a
euforia do desenvolvimento tecnológico se aquieta, eis que o livro ressurge
com sua importância, beleza, sagacidade e acima de tudo algo que se possa
palpar, guardar, investigar, ser companhia fiel. Muitos não abandonam o livro
por nada, mesmo seguindo os novos modelos de leitura digital, é sabido que a
leitura de um livro de papel ainda é interessante, é tarefa que suscita a
imaginação a cada página virada, o prazer de utilizar o marcador, escolhê-lo a
dedo, contar as páginas que faltam, dá uma olhada na página seguinte,
segurá-la, enfim há os que certamente não se privarão desse ritual e de ver
sua estante repleta de leituras dos mais variados estilos. Realmente o livro tem
seu papel na vida de quem aprecia as diversas formas de literatura e deve
conviver lado a lado com as novas formas tecnológicas de se ler o mundo e
deixar-se ir a cada história contada. “Em síntese, as formas de informação
multimídia ou hipertextual são mais difundidas. As crianças, os jovens
sintonizados com esta forma de informação quando lidam com textos, fazem-
no de forma mais fácil com o texto conectado através de links, o hipertexto.O
livro então se torna uma opção menos atraente. Não podemos, nos limitar em
uma ou outra forma de lidar com a informação, devemos utilizar todas em
diversos momentos”. Valente (1999)
A tecnologia digital dá oportunidade ao aluno de vivenciar a ideia ou o
fato pela forma com que a informação é apresentada, pelo dinamismo da sua
narrativa nos recursos midiáticos, que o levam a participar da aula de forma
agradável e criativa pelos momentos lúdicos, que tornam a aprendizagem
significativa pela explicitação da forma de aprender de cada participante, pela
manifestação da dúvida, pelo enunciado de cada questionamento, pela
explanação do novo conhecimento, oportunizando a integração de todos da
28
classe entre si e com o professor, considerando que a orientação do professor
é fundamental na forma de realizar o trabalho escolar e de realizar a
aprendizagem e a construção do conhecimento, tendo ainda que cuidar das
formas de avaliar o resultado do trabalho realizado, valorizando a defasagem
detectada (o famigerado erro) e orientando a complementação da
aprendizagem. “A tecnologia digital rompe com a narrativa contínua e
sequenciada dos textos e se apresenta como um fenômeno descontínuo. Sua
temporalidade e sua espacialidade, expressas em imagens e textos nas telas,
estão diretamente relacionadas ao momento de sua apresentação.” Kenski
(2005)
Assinala-se a importância de aproveitar todas as formas de realizar a
aprendizagem e de cultivar a integração entre os participantes da ação,
porque o que interessa é o resultado desse intercâmbio, professor-aluno-
professor envolvidos na obtenção de mudanças para melhor na maneira de
estar na escola, de ver a educação e de ler o mundo, encarando-o sempre
com novas perspectivas, sabendo que as novas tecnologias chegaram para
somar. O conhecimento acontece de modo rápido e devido a natureza do
veículo, ele pode sofrer transformações. Isso requer do aprendente, professor
ou aluno, no caso ambos na situação de realizar uma aprendizagem, esteja
sempre atento, aberto e capaz de avaliar tais mutações, sempre tendo em
mente a imensidão e grandiosidade do universo em que está imerso e do
elevado nível de discernimento imprescindível para compreender as
informações na sua infinitude e na velocidade como ocorrem e por elas
processar o conhecimento útil, ao menos por um momento. “A nova sociedade
digital não se caracteriza pela exclusão ou oposição aos modelos anteriores
de aquisição e utilização dos conhecimentos armazenados na memória,
humana ou cibernética. Sua característica é o envolvimento; sua prática, a
mixagem. Mesclam-se nas redes informáticas – na própria situação de
produção - aquisição de conhecimentos - autores e leitores, em tempo real. A
velocidade das alterações na esfera de produção de conhecimentos e
informações ocasiona a duração efêmera das múltiplas mensagens e
desobriga os sujeitos do exercício de retê-las, como verdades.” Kenski (2005)
29
A escola precisa ampliar seu horizonte e perceber que a maneira como
ela faz educação, mesmo que utilizando as Novas Tecnologias, é diferente do
que, por exemplo, um filme que é apresentado na TV. Pensar que um
determinado filme não pode ser relacionado com a aprendizagem escolar,
não procede. Um pouco de reflexão e percebemos que o tal filme pode,
mesmo que não seja organizado nos padrões escolares, estimular o interesse
do estudante para o exercício da aprendizagem, quaisquer que seja o tema
abordado ou a mensagem transmitida, e gerar companheirismo, imprimindo
algum teor de racionalidade ao sentido de competição que prepondera nos
relacionamentos entre os indivíduos humanos. O currículo precisa ser
flexibilizado e abrir campo para o uso do computador e das tecnologias da
informação e comunicação, e seus objetivos adequados à exploração com o
auxílio dos recursos das tecnologias poderiam ser mais facilmente alcançados.
Ratificam-se as razões de mudanças no projeto pedagógico da escola. “As
tecnologias de comunicação e informação são utilizadas em educação de uma
forma bem diferente do seu uso costumeiro, como mídias,voltadas para a
informação e entretenimento de um público amplo. As pessoas envolvidas no
processo educativo – professores e alunos - são determinadas e formam um
grupo específico; os fins a que se destinam são pré-definidos e estão
diretamente articulados com os objetivos do ensino e da aprendizagem.”
Kenski (2005)
O uso pedagógico do computador e das tecnologias da informação e
comunicação por professores, equipe pedagógica e gestores escolares,
requer, além da formação de cada ator na sua área de atuação, especialmente
do professor, uma capacitação específica em relação ao domínio das
possibilidades de funcionamento das ferramentas tecnológicas e a
aplicabilidade dessas funcionalidades nas atividades escolares, sem prescindir
dos fatores relacionados à garantia de condições minimamente razoáveis para
se manterem estimulados, interessados e comprometidos com a
responsabilidade que lhes cabe, destacando que baixos salários e pouco
reconhecimento repercutem em alta resistência à implantação de projetos
30
inovadores capazes de operar transformações nos sistemas educacionais.
Reafirma-se que a capacitação do professor, inclui o conhecimento técnico da
ferramenta e visão pedagógica para explorá-la na área educacional.
Adequadamente capacitado o professor terá as competências e habilidades
para indicar e orientar a realização de atividades, analisar e desenvolver
projetos e programas, adequando-os ao nível de desenvolvimento dos alunos,
e conferindo eficiência ao seu papel no andamento da implantação das novas
tecnologias em sua escola. “O domínio das novas tecnologias educativas pelos
professores pode lhes garantir a segurança para, com o conhecimento de
causa, sobreporem-se às imposições de programas e de projetos tecnológicos
que não tenham a necessária qualidade educativa. Criticamente, os
professores vão poder aceitá-las ou rejeitá-las em suas práticas docentes,
tirando o melhor proveito dessas ferramentas para auxiliar o ensino no
momento adequado." Valente (1999)
Cada cultura tem suas particularidades. Guarda inserida em suas
nuances a história de uma região, revela segredos de seus antepassados que
sobrevivem nas lembranças e emprestam seus cantos, danças, pinturas,
gestos, modo de ser a seus descendentes, que têm como honra compartilhar
divulgando suas normas, tradições e leis e o encantamento de seus rituais. É
importante preservar os traços culturais de uma civilização e saber
dimensionar a importância desses valores, que certamente contribuem na
formação de uma cidadania mais forte e plena. Os alunos precisam ter
consciência da importância de querer aprender e da relevância da sua
maturidade emocional, para explorarem as próprias experiências, apreendidas
no seu meio cultural, na aquisição das novas informações e no processamento
permanente do novo conhecimento que traduza a solidez de uma formação
capaz de produzir, sob a égide da auto-orientação pedagógica, competências
e habilidades adequadas a cada circunstância apresentada pelas inovações
tecnológicas. A aprendizagem significativa acontece quando o aluno encontra
estímulo e se motiva pela descoberta de elementos renovadores e que
edificam a arte de viver. Pessoas que vivem suas histórias com profundidade
são mais capazes de enfrentar os obstáculos, uma vez que experimentam
31
diversas situações através das artes manifestadas. “Ensinar é um processo
social de cada cultura com suas normas, tradições e leis, mas não deixa de ser
pessoal, pois cada um desenvolve seu estilo, aprendem e ensinam. O aluno
precisa querer aprender e para isso, precisa de maturidade, motivação e de
competência adquirida.” Valente (1999)
O educador deve passar para seus alunos a postura de alguém sempre
disposto à nova aprendizagem. O ato de aprender na vida e na escola deve ser
contínuo. Quantas vezes o professor entra na sala com um propósito e no
desenrolar da aula os alunos modificam o planejamento, enriquecendo-o e o
professor autêntico sabe que esta hora é a mais importante para o
aprendizado de todos. Alunos trazem experiências que muitas vezes criam
situações de aprendizagem e suscitam novas abordagens sobre o tema,
proporcionando o desenvolvimento do grupo, e, por vezes, aprendizagem
para o professor. O fato é que ninguém deve se considerar detentor do saber
absoluto, se o conhecimento está em permanente construção e o saber de
hoje, inclusive a verdade científica, pode ser a dúvida de amanhã. Diante do
novo, decorrente das inovações tecnológicas, o indivíduo precisa ser capaz de
aprender a aprender para adequar-se e ficar bem na nova realidade. Também,
os pais precisam de capacitação para exercerem a sua coparticipação no
trabalho escolar, valendo-se da sua maturidade emocional, e da sua estatura
confiável no plano da ética para contribuírem na mobilização no sentido de
despertar a vontade de seus filhos de se engajarem nessa construção do ser
pelo saber ser. “O educador autêntico é humilde e confiante, mostra o que
sabe, porém está sempre atento ao novo, ensina aprendendo a valorizar a
diferença, a improvisar. Aprender por sua vez, é passar da incerteza a uma
certeza provisória, pois dará lugar as novas descobertas, não há estagnação
no sistema de aprendizagem e descobertas. O novo deve ser questionado,
indagado e não aceito sem análise prévia. Por isso é importante termos
educadores/pais, com amadurecimento intelectual, emocional, ético que facilite
todo o processo de aprendizagem.” Moran (2009)
32
É importante realizar atividades que facilitem a vida de quem aprende.
Um exemplo é encontrar soluções para situações-problemas que tenham
significado no cotidiano do aluno na família, na comunidade, no trabalho e na
sociedade em geral, onde o aluno e qualquer indivíduo das suas relações
possam visualizar a aplicação do novo conhecimento. O aluno para aprender
necessita de refletir o seu dia-a-dia na escola, associando a compreensão do
que já conhece aos questionamentos afastados de seu mundo. Quando o que
se quer ensinar não faz parte da realidade de vida do aluno, torna-se maior a
necessidade de dinamizar a sua apresentação, através de filmes, imagens,
leituras, slides, ou mesmo visitas para mover o aluno ao interesse pelo
proposta de estudo. “Aprendemos quando percebemos o objetivo, a utilidade
de algo, que nos traz vantagens perceptíveis.” Valente (1999)
O aluno na abordagem construtivista é agente da própria aprendizagem,
ele não dispõe de fórmulas prontas, e sim constrói o seu conhecimento a
partir das informações obtidas, inclusive com o auxílio das novas tecnologias.
No mundo globalizado e competitivo em que vivemos é importante que o
aluno tenha independência para se expressar, agir, fazer descobertas, e no
mundo tecnológico isso ficou mais envolvente. O aluno pode propor, através
do computador e da internet, a resolução de problemas, a verificação do
resultado, e no caso de não ser o esperado, refletir sobre a complementação
da aprendizagem. Nessa forma de trabalhar, docentes e alunos exercitam a
capacidade de formulação do tema a ser pesquisado, a observação e análise
do resultado da pesquisa, o indicação do tratamento a ser ministrado a
defasagem na realização da aprendizagem, aprimorando as formas de uso do
computador e das tecnologias da informação e da comunicação no seu
desenvolvimento intelectual. “A abordagem construcionista significa o uso do
computador como meio para propiciar a construção do conhecimento pelo
aluno ou seja, o aluno, interagindo com o computador na resolução de
problemas, tem a chance de construir o seu conhecimento. O conhecimento
não é passado para o aluno; o aluno não é mais instruído, ensinado, mas é o
construtor do seu próprio conhecimento. Esse é o paradigma construcionista
33
que enfatiza a aprendizagem ao invés de destacar o ensino; a construção do
conhecimento e não a instrução.” Valente (1999)
O que se deseja são alunos independentes, construtores de sua própria
aprendizagem. Pessoas que saibam opinar e que tenham convicção. A
mudança deve ocorrer nos comportamentos, onde a escola forme cidadãos
capazes de se integrar aos diversos setores da sociedade e nela identificar e
bem desempenhar o seu papel. “A preocupação da educação deve ir além. É
preciso que os alunos ganhem autonomia em relação as suas próprias
aprendizagens, que consigam administrar os seus tempos de estudo, que
saibam selecionar os conteúdos que mais lhe interessam, que participem das
atividades, independente do horário ou local em que estejam. A grande
revolução no ensino não se dá apenas pelo uso mais intensivo do computador
e da internet em sala de aula ou em atividades a distância. É preciso que se
organizem novas experiências educacionais em que as tecnologias possam
ser usadas em processos cooperativos de aprendizagem, em que se valoriza o
diálogo e a participação permanente de todos os envolvidos no processo.”
Valente (1999)
Ao redimensionar os papéis de todos os atores envolvidos nos seus
programas e projetos educacionais, a escola deverá impregnar a realização
das funções da educação escolar do sentido e da força do trabalho
colaborativo e na construção do conhecimento primar pela aprendizagem
cooperativa.
A escola precisa deixar de se repetir, e tornar-se aberta ao novo. Sair à
busca de informações, de inovações, assumir com consciência o seu papel na
comunidade para contar com alunos interessados e mobilizados a se
integrarem nas suas ações, junto aos profissionais incumbidos de alcançar
seus objetivos que repercutem numa escola renovada, afeita aos modos de
viver na evolução da sociedade do seu tempo. “Segundo, Lévy (1993, 1999),
novas maneiras de pensar e conviver estão sendo elaboradas no mundo das
34
telecomunicações e da informática, e a escola está sendo influenciada por
essas perspectivas.”
O estudante na atualidade está usufruindo intensamente dessa
modernidade em seu cotidiano, aprendendo a pensar e a se pronunciar. Para
esse aluno, individualmente ou com a sua turma, a escola que não oferece ao
menos o instrumental básico, um sinal razoável de internet e alguma
orientação pedagógica, mais que dificultar a realização do trabalho escolar, a
escola estará passando o seu desvalor e reforçando a ideia que educação
efetivamente não é importante, visto que como indivíduo, na família e na
sociedade é possível contar com as mais variadas ferramentas tecnológicas,
as quais utilizam na busca de respostas para o "dever de casa", muitas vezes
recorrendo apenas ao modo tradicional da "busca", dirigido pelo pensamento
de que aquilo é o bastante para a escola que nada oferece, malgrado às vezes
exija, também de forma equivocada. A escola precisa rever seus conceitos, e
até preconceitos, aniquilar sua resistência, reconhecendo a importância do
auxílio das novas tecnologias para integrá-las às suas ações e atuar com
criticidade na formação da cidadania, para poder contar com o apoio desse
cidadão crítico, capaz de escolher e de uma comunidade pronta para se
atribuir responsabilidade e reivindicar, exigir dos gestores das políticas e dos
recursos públicos que dediquem às questões da educação pública a atenção
e os recursos que garantam o pleno cumprimento do seu papel por sua
importância estratégica na formação do cidadão e do profissional-cidadão para
a sociedade e para a nação. “Masetto (2009) indica que a educação escolar
não valorizou o uso das tecnologias como possibilidade de se buscar novas
práticas pedagógicas que fomentem avanços nos processos de aprendizagem
e desenvolvimento.” E mais, “O desenvolvimento de uma consciência crítica
que permite ao homem transformar a realidade se faz cada vez mais urgente.
Na medida em que os homens, dentro de sua sociedade, vão temporalizando
os espaços geográficos e vão fazendo história pela sua própria atividade
criadora”. Paulo Freire
35
Com a chegada do computador e das tecnologias da informação e
comunicação na escola, as aulas ficam mais interessantes, pois o computador
oferece uma gama de jogos, cores, sons, animações que na aula tradicional
não poderiam ser reproduzidos. Cabe à escola programar essas novas
tecnologias, mas cuidando para que o aluno faça a sua parte, pensando,
tomando decisões e não esperando tão somente que o computador ou o
professor “pensem” por ele. O estudante precisa se conscientizar que o
computador é uma ferramenta facilitadora, mas que não pode substituir o ser
humano. De acordo com Pereira (2000,p.178): "A tecnologia do mundo atual e
futuro, por mais que seja englobante, é e será, sempre, meio, instrumento,
estratégia, decorrência. Cabe à educação a função de posicionar os indivíduos
como sujeitos diante dela, submetendo a ciência e a tecnologia às
determinações objetivas do ser humano."
Para além da busca de recursos estimuladores que rompessem as
dificuldades da relação professor-aluno-professor chegamos à possibilidade de
se promover a integração professor-aluno-professor na utilização do
computador e dos recursos tecnológicos na realização das atividades
escolares e no exercício das capacidades criativas de professores e alunos,
especialmente no desenvolvimento da aprendizagem. Atacar os fatores que
interferem na construção dessa integração pode influir decisivamente no
andamento das mudanças na escola. Para oferecer condições favoráveis a
essa integração, a escola terá que dispor de computadores e outros recursos
midiáticos, sinal de internet e infraestrutura física adequada à instalação das
ferramentas para uso pedagógico por professores devidamente capacitados e
engajados nesse papel. Resolvidas essas questões, os professores poderão
criar as oportunidades de trabalho integrado e colaborativo e nessa
aproximação, passo a passo, professores e a alunos poderão construir a forma
integrada de atuar no uso do computador e das tecnologias da informação e
comunicação. A integração nos procedimentos de aprendizagem e no exercício
das capacidades criativas de professores e alunos, aos poucos, impregnará o
relacionamento desses atores, minimizando e até dissipando as dificuldades
(da relação professor-aluno-professor) anteriormente vivenciadas. Também,
ao reconhecer a importância do auxílio das novas tecnologias e viabilizar as
36
oportunidades de integrá-las às suas ações, mais facilmente a escola evoluirá
na construção das mudanças nas suas práticas pedagógicas por uma
educação, cuja qualidade traduza a mensagem da sua própria transformação
pela inclusão tecnológica da própria escola e da sua comunidade . “A prática
docente deve responder às questões reais dos estudantes, que chegam até
ela com todas as suas experiências vitais, e deve utilizar-se dos mesmos
recursos que contribuíram para transformar suas mentes fora dali.
Desconhecer a interferência da tecnologia, dos diferentes instrumentos
tecnológicos, na vida cotidiana dos alunos é retroceder a um ensino baseado
na ficção” (SANCHO, 1998, p.40).
As novas tecnologias veem proporcionar aos alunos, professores e
sociedade em geral uma possibilidade de estarem aprendendo a todo
momento, seja onde e em que tempo for. É a busca da qualidade e não a
quantidade. Uma imensidão de assuntos, conteúdos são acessados, porém é
necessária uma análise mais profunda para que seja selecionado o que é mais
adequado. Quando se pesquisa na internet, as informações globais veem às
nossas mãos, através dela pode-se acessar diversos assuntos, notícias em
tempo real, o conhecimento está ali, disponível. É só processá-lo. Por exemplo,
são abertas diversas possibilidades, surge uma gama de informações
plausíveis e outras descartáveis; o prévio conhecimento do assunto se faz
necessário para que o objeto principal da pesquisa seja captado integralmente
e com qualidade, por isso é importante que se faça um estudo do conteúdo
para que não haja desvinculação do tema principal. Mais uma vez vem à tona
a importância de se ter, as escolas, as salas de aula equipadas com essas
novas tecnologias a fim de viabilizar a formação de cidadãos aptos a
exercerem funções que exijam o pleno uso dessas ferramentas. É o mundo
espetacular das novas tecnologias que veio transformar para melhor a vida de
todos. “Ensinar e aprender exige hoje muito mais flexibilidade espaço-
temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais
abertos de pesquisa e de comunicação (Moran, 2009, p. 29).” “A tecnologia
empregada funciona como força impulsionadora da criatividade humana, da
37
imaginação, devido à visibilidade de material que circula na rede, permitindo
que a comunicação se intensifique, ou seja, as ferramentas promovem o
convívio, o contato, enfim. Uma maior aproximação ente as pessoas”
(CORRÊA, 2004, p. 3).
Segundo Alexandre Crispi “a capacidade de aprender por meio de jogos
é mais interessante”. O lúdico sempre encantou a todos. Nos games, esse
encantamento permite aprender basicamente brincando. O participantes
encontram em diversos games situações de motivação e engajamento, nas
quais precisa tomar decisões que não impliquem perda real, fantasiar,
imaginar, enfim vivenciar o inusitado, que neste faz de conta ensina e ao
mesmo conduz o jogador a sensações que talvez nunca fosse desfrutar. Ser,
de repente, um médico e logo após um engenheiro, um lutador, um fazendeiro,
tudo isso sem contar com as múltiplas possibilidades que o game oferece.
Pode-se também ser auxiliado, em games onde acontecem as interações
sociais, imitação de situações da vida real, tornando o momento agradável e
cheio de expectativas. Os games vieram para instigar, mobilizar as pessoas,
tirando-as da zona de conforto, fazê-las descobrir o empreendedor que há
nelas, ou mesmo o líder e outras características que por medo, timidez ou falta
de oportunidade não foram despertadas. À procura de felicidade o homem
busca diversas alternativas e dentre elas destaca-se o uso de games,
entretenimento que o leva a esquecer-se dos problemas, diminui as aflições,
uma vez que mergulhado no mundo dos games, vivenciando a experiência do
poder, da coragem, despertando em cada clique um ser diferente daquele que
é ou reforçando o que já se instalou em sua personalidade. E o participante de
games na educação escolar, ao atuar no ensino e na aprendizagem, também
poderá ousar, sem medo de errar e assim em tentativas audaciosas ele
poderá descobrir-se um herói, réplica do vencedor que cada um almeja ser. A
escola necessita urgentemente de aderir a essa nova forma de promover
motivação e engajamento, utilizando-se desse instrumento para estimular a
capacidade criativa de docentes e discentes, e lhes propiciar espaço para
fomentar ideias e impulsionar ações transformadoras na educação da escola
pública.
38
Na utilização de mídias no dia a dia da sala de aula pela leitura de
jornais, revistas ou dos veículos eletrônicos, o estudante ao observar a leitura
do mundo pelos olhares de outras pessoas, aprende a ler o seu próprio
mundo, a sua realidade de vida e ao construir a sua própria narrativa, alcançar
o conhecimento e tornar-se capaz de ler o mundo, transformando-se em
sujeito da sua própria história.
É o espetáculo dos tempos modernos apresentando sempre novas
possibilidades. O celular, por exemplo, a cada dia que passa se renova, e seus
aficionados correm às lojas para obter o novo modelo. São as inovações
que aumentam os recursos da tecnologia e expande o seu domínio no mundo
atual. Mensagens, músicas, imagens em tempo real, fotos em alta resolução,
vídeos exibindo palestras, filmes, tutoriais e toda sorte de informações. O ato
de ler pode ser realizado num e-book em qualquer momento e a qualquer
hora. Em meio a tanta evolução, muitas escolas públicas estão limitadas ao
uso de aparelho de som, de televisor e computador, mesmo sem sinal de
internet. Ainda bem que o rádio também tem a sua evolução, comunica, orienta
e faz o entretenimento de muita gente. Na escola, a TV exerce um papel
importante, através de vídeos utilizados no ensino, e no lazer orientado ao
bem estar do estudante.
Hoje em dia se pode assistir a um programa, ouvir música de forma
individual ou mesmo coletiva, utilizando-se fone, preservando o ambiente
externo, agendar a gravação de um programa e vê-lo em outro horário; e, com
a internet, é possível ver, ler ou ouvir matérias já ocorridas, assim como
interagir em tempo real, "A mídia representa um campo autônomo do
conhecimento que deve ser estudado e ensinado às crianças da mesma forma
que estudamos e ensinamos a literatura, por exemplo. A integração da mídia à
escola tem necessariamente de ser realizada nestes dois níveis: enquanto
objeto de estudo, fornecendo às crianças e aos adolescentes os meios de
dominar esta nova linguagem; e enquanto instrumento pedagógico, fornecendo
39
aos professores suportes altamente eficazes para a melhoria da qualidade do
ensino, porque adaptados ao universo infantil." (Belloni, 1991, p. 41)
Quando se pensa em internet vem logo no pensamento pesquisa de
trabalhos, buscas de infinitas informações, visitas a sites estrangeiros, leituras
de jornais e por aí vai... No entanto a internet nos oferece muitas formas de
comunicação, temos as redes sociais que estão em moda atualmente entre as
quais se destaca o face book, ambiente onde as pessoas publicam fotos,
inclusive em tempo real, põem noticias de fatos que estão em evidência, falam
in box através de mensagens, visualização e audição exclusiva aos que estão
estas dialogando, neste in box podem ser convidadas pessoas para entrarem
na conversa, fazendo assim uma grande integração entre elas. O face book
também propicia a possibilidade de se fazer parte de grupos com assuntos de
interesses comuns. Basta fazer a opção e coloca-se um perfil e afim de se
apresentar a quem deseja fazer parte do grupo de amigos. Pra entrar nessa
listagem é preciso enviar um pedido de amizade. Tem também as cutucadas
que chamam a atenção do participante, sem contar com os games que podem
ser jogados sozinhos ou com a colaboração de outros participantes. As
pessoas têm oportunidade de comentar as noticias, enviarem textos, poesia,
músicas e trocas de conhecimentos em geral. O Iinstagran, o Twitter,
WhatsApp seguem a mesma linha, mas cada um com suas características. O
Google é o buscador mais conhecido pelos internautas, nele são encontrados
desde receitas de bolo, como as dúvidas mais inusitadas. Existe o You Tube
onde se pode gravar vídeos mostrando seus talentos, tutoriais, aulas,
palestras, músicas, filmes, comerciais e uma gama de informações ao dispor
de quem quiser. É a comunicação através das redes sociais, incrementando a
construção do conhecimento ao possibilitar a formação de grupos de estudos,
postar trabalhos, enfim é a internet a favor da evolução do homem e da
sociedade.
É interessante lembrar que a história da evolução humana é
demarcada por avanços tecnológicos. Diversas civilizações, pelos milênios que
já se foram, conviveram, se adaptaram e evoluíram à medida que avançava a
40
tecnologia da sua época. Na segunda metade do século XX, a encenação
começa a acelerar o seu ritmo. Após o computador, chega a internet e começa
a revolução no pensamento e no comportamento das pessoas. Os avanços
implicam mudanças profundas na sociedade. A velocidade dos avanços amplia
os horizontes ao mesmo tempo em que fragiliza as convicções, a verdade de
ontem, nem se fez duvidosa, e já é descartável. O conhecimento construído
hoje, nem envelheceu, e pode ser mutável num imediatismo jamais
experimentado. Segundo (BATANERO, 2001, p. 8) “A rapidez do avanço
tecnológico permite a extensão das novas formas de ensino e aprendizagem
num intervalo de tempo não muito distante.”
Também, é notória a evolução de vários setores da vida humana. O
desempenho de muitos humanos no acompanhamento das inovações
tecnológicas se faz velozmente. Tamanha rapidez no mundo da tecnologia,
certamente, impactou, mas não destronou a inteligência humana do seu
potencial de aprendizagem.
E nessa conjuntura, muitas escolas nos Sistemas públicos de ensino no
Brasil, permanecem destoando e complicando a sua articulação com a
comunidade, o relacionamento com o seu aluno, porque não dispõe de
recursos para investir e criar as condições básicas em termos de infraestrutura
física, de equipamentos tecnológicos e de capacitação para realizar as
mudanças nas suas práticas pedagógicas, assumindo nesse ato uma nova
concepção de educação, de ensino e de aprendizagem, um novo modelo de
educação apoiado na utilização da tecnologia por um processo interativo
centrado no aluno como sujeito ativo e na atuação do professor como
orientador e facilitador na realização do ensino e da aprendizagem.
Ao servirem como facilitadores das atividades humanas, promovendo a
redução de trabalho, tempo e espaço, como, por exemplo, o uso de pen-drive,
muito comum em sala de aula, e um HD externo, mais presente no trabalho,
são utilizados no arquivamento e na apresentação de documentos, poupando
a memória humana e liberando o cérebro para o exercício da dúvida, dos
41
questionamentos, do discernimento e das capacidades de aprender e explicitar
o conhecimento construído. São ferramentas indispensáveis no mundo
moderno e de simples manuseio. Diante de tanta tecnologia o indivíduo pode
acusar um déficit emocional pela carência de relacionamento humano,
oportunizando que escola, atue, através de outras programações como
eventos literários, musicais, teatros, competições, palestras, debates, que
explorem a criatividade humana, e ao mesmo tempo em que encaminha a
solução para problemas socioafetivos, cumpre o seu papel de orientar a
comunidade escolar quanto ao uso inteligentes das tecnologias da informação
e comunicação. O estudante precisa, antes de tudo, de se socializar, pois
chafurdado no mundo virtual não dará conta de por em prática os
conhecimentos que adquiriu usando a tecnologia. Muitas pessoas não estão
sabendo se comportar adequadamente, frente a tantas novidades
tecnológicas. Fora da escola, há o risco do sedentarismo e suas
consequências nocivas; no ambiente escolar, as interferências que dificultam
os relacionamentos em prejuízo do papel docente de orientar o uso
tecnologias e de contribuir na criação de competências e habilidades para a
seleção de informações, que acarretam no fracasso do trabalho de docente e
discente e da educação escolar. Escola e comunidade devem observar que o
humano precisa exercitar a mente e o corpo, valorizando tanto o cognitivo
como o emocional e cuidando para não cortar o elo com o mundo real. A
tecnologia ajuda na criação de novos modelos de educação quando é
empregada de forma adequada na criação de cenários para uma
aprendizagem dialógica e lúdica, aproximando a escola da sua missão de criar
ambientes de aprendizagem.
Temos que enfrentar a dura realidade de que fora da escola
pública o acesso à comunicação e a informação é bem mais fácil e atrativo do
que em sala de aula.
A escola despreparada bloqueia a conexão desse estudante que
chegou estimulado a se comunicar, se informar, cultivar relacionamentos,
manter a sua felicidade e aumentar a sua autoestima. A nova geração não se
42
contenta com apenas quadro e giz. Ela quer mais porque já está vivendo fora
da escola toda a euforia, beleza e importância das novas tecnologias. O
professor, por sua vez, não vê vantagem em adquirir esses conhecimentos,
uma vez que seu desempenho não será reconhecido economicamente. Muitos
estão desiludidos, embora alguns aceitem o desafio. Sem estímulo para se
capacitar, reagem com indiferença aos cursos que objetivam construir
competências e habilidades para a realização de um trabalho renovado.
Preferem repetir o que já fazem há muito tempo.
O aluno fica alheio às razoes do professor. E são muitos os professores
que nem sequer acenam com a possibilidade de levar o uso das ferramentas à
sala de aula.
Aí está o resultado dos desencontros na esfera do poder. Não é mais
tempo de se pensar projetos parciais. Há de se estabelecer uma diretriz
política de investimento em infraestrutura física, equipamentos de informática,
sinal de internet e recursos midiáticos para realização da educação pública dos
sistemas de ensino dos três níveis de governo, reconhecendo o empenho dos
professores e aumentando a sua remuneração por assumirem as novas
atribuições e a responsabilidade pela implantação e uso das tecnologias.
Segundo o professor, educador e filósofo Mario Sergio Cortella “A tarefa da
educação é a construção da autonomia dos indivíduos. Buscar respostas é
uma tarefa do próprio jovem”.
CONCLUSÃO
43
Nos estudos para a realização desta monografia, evidenciam-se as
marcas do atraso de uma educação pública precarisada pela repetição de atos
e atitudes condicionados por circunstâncias do poder mantenedor, que
permanecem arraigadas na Escola pública Brasileira e impregnam grande
parte dos atores incumbidos das suas práticas pedagógicas.
Verifica-se que a insistência nessa forma de estruturação dos sistemas
de ensino tem o objetivo de preservar as características do homem tradicional
presentes nas ações de gestores e docentes, que as reproduzem nos métodos
e nas técnicas de pensar a Escola e realizar o ensino.
No entanto, vislumbra-se um caminho. Firmada na premissa de que a
educação é direito de todos , a escola deve fortalecer a sua parceria com a
família e a comunidade e ganhar a mobilização da sociedade para a luta por
deslocar as propostas de melhoria da educação pública do discurso eleitoreiro
para a prática política das três instâncias de Governo no Brasil.
Vê-se também, que a atual conjuntura mostra uma escola mal
estruturada fisicamente e defasada no plano pedagógico. A vaga que essa
escola oferece não cumpre o que preceitua a lei no que se refere à formação
humana e profissional do cidadão.
Percebe-se ainda, que a melhoria na criação de ambientes de
aprendizagem e na construção de conhecimento poderá ser melhor viabilizada
pelo professor engajado, reconhecido e devidamente valorizado.
Evidencia-se que é fundamental o empenho de docentes e alunos no
enfrentamento das dificuldades de implantação do uso do computador e da
tecnologias da informação e comunicação para que num breve espaço de
tempo todos estejam conscientes da importância dessas ferramentas,
sabedores que serão que não se pode mais pensar em uma escola moderna
sem a apropriação das mesmas na vida escolar e na vida social, pois esse
mundo que permanece mudando, tem ainda uma camada significativa da
44
sociedade que encontra dificuldades de acompanhar essa transformação, até
porque a escola tem falhado com essa população.
São muitas as perspectivas, tantas que sugerem um mutirão
comprometido com as ações de mudanças, nas quais não se deixe espaço
para a dúvida e a procrastinação. Há de se respeitar a inteligência do homem e
a praticidade da tecnologia. Professores e alunos unidos vivenciarão esta nova
fase facilitadora da aprendizagem e do ensino. Cada vez mais a sociedade
estará apta a aceitar essas mudanças e consequentemente terão habilidades e
isso só trará beneficio, pois saberão escolher que caminho seguir, sem
importar o lugar, nem a situação.
Para tanto, a educação escolar tem que ser valorizada pela própria
escola, pela família e pela comunidade imbuídas do ideal de criar um modelo
de educação que estimule a capacidade criativa e dê espaço ao professor para
fomentar ideias e impulsionar suas ações no ensino e na aprendizagem,
acreditando que a utilização das Tecnologias da Informação e da
Comunicação pode ser decisiva na transformação da escola.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BELLONI, Maria Luiza. Educação a Distância - 5ª Ed- Campinas SP: Autores Associados, 2009. BLIKSTEIN, P.; ZUFFO, M. K. As sereias do ensino eletrônico. In: SALGADO, M.; AMARAL, A. Tecnologias na educação: ensinando e aprendendo com as TIC. Brasília: Ministério da Educação, 2008.
45
CHAVES, Eduardo O. C; SETZER, Valdemar W. O uso de computadores em Escolas: fundamento e críticas, 1998. CORRÊA, C.H.W. Comunidades Virtuais gerando identidades na sociedade em rede. Ciberlegenda, Rio de Janeiro, v. 1, n. 4, 2004. Gatti, B. A Informatização e Tecnologia. In: Serbino, R.V. & Bernardo, M.V.C. (org.) Educadores Rumo ao Século XXI: Uma Visão Multidisciplinar. São Paulo, UNESP, 1992. KENSKI, Vani. Tecnologias e ensino presencial e a distancia. Campinas, SP: Papirus, 2003. MARTÍNEZ, Jorge H. Gutiérrez. Novas tecnologias e o desafio da educação. In: TEDESCO, Juan Carlos (org). Educação e novas tecnologias: esperança ou incerteza? Trad. de Claudia Berliner, Silvana Cobucci Leite. São Paulo: Cortez; Buenos Aires: Instituto Internacional de Planejamento de la Educacion; Brasília: UNESCO, 2004. p.105.
MORAN, José Manuel; MASETTO, Marcos T.; BEHRENS, Marilda Aparecida. Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas, SP: Papirus, 2000. OLIVEIRA, R. Informática Educativa. São Paulo. Papirus. 1997. PEIXOTO, Maria do Carmo de Lacerda. O computador no ensino de 2º grau no Brasil. In: Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro: ABT (Associação Brasileira de Tecnologia Educacional), Ano XIII, nº 60, Set/Out 1984. O Futuro da Escola (1996). Seymour Papert e Paulo Freire: uma conversa sobre informática, ensino e aprendizagem. Vídeo tape produzido pela TV PUC, São Paulo. SANCHO, Juana María, HERNÁNDEZ, Fernando. Tecnologias para transformar a Educação. São Paulo: Artmed, 2006. Souza, H.G. (1983). Informática na educação e ensino de informática: algumas questões. Em Aberto, ano II, no 17, jun. pp.1-8. Toffler, A. (1990). Power Shift: knowledge, wealth and violence at the edge of the 21st century. New York: Bantam Books. Traduzido para o Português como Powershift: as mudanças do poder, Editora Record. Valente, J.A. (1993). Formação de Profissionais na Área de Informática em Educação. Em J.A. Valente, (org.). Valente, J. A. (org.) Computadores na Sociedade do Conhecimento. Campinas: Nied – Unicamp, 1999.
46
VALENTE, José Armando. O Computador na Sociedade do Conhecimento. São Paulo. Nied. 2002. VALENTE, J. A., ALMEIDA, F. (1997). Visão Analítica da Informática na Educação no Brasil: A Questão da Formação do Professor. Revista Brasileira de Informática na Educação.(SBC-IE, UFSC), n. 01, setembro 1997. VIRILIO, Paul. As perspectivas do tempo real. In: VIRILIO, P. O espaço crítico. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. p. 101-119. Alexandre Crispi- http://cloud-ead.programmers.com.br/blog/tag/escola/ Batanero 2001- http://marianadifioribusin.blogspot.com.br/ João Roberto Moreira Alves-http://www.marcosmeier.com.br/reportagens.php?id=11 KENSKI, Vani. "Das Salas de Aula aos Ambientes Virtuais de Aprendizagem" FE/USP - SITE Educacional - 05/2005, [email protected]
.
INDICE
FOLHA DE ROSTO ................................................................................................. 2 AGRADECIMENTO ................................................................................................. 3 DEDICATÓRIA ................................................................................................. 4
47
SUMÁRIO ......................................................................................................... 5 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 6 CAPÍTULO I BREVE HISTÓRICO DA TRAJETÓRIA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO
NO BRASIL ....................................................................................................... 8
CAPÍTULO II
PRINCIPAIS DESCOMPASSOS NA INTRODOÇÃO DO COMPUTADOR E
DAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NOS SISTEMAS
PÚBLICOS DE EDUCAÇÃO BRASILEIROS .................................................. 16
CAPÍTULO III
AS POSSIBILIDADES DE TRANSFORMAÇÃO DA EDUCAÇÃO NO
CONTEXTO DA SOCIEDADE TECNOLÓGICA COM A UTILIZAÇÃO DAS
NOVAS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO ............ 25
CONCLUSÃO
...................................................................................................44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA .......................................................................46
ÍNDICE .............................................................................................................48
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: Possibilidades do Uso do Computador e das
Tecnologias da Informação e da Comunicação na Educação
Escolar
Autor: Abel Arantes da Silveira
Data da entrega:
Avaliado por: Professora Mary Sue Pereira Conceito: