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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU A EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO ANA AMÉLIA DA COSTA WENDHAUSEN ORIENTADOR: Prof. Marcelo Saldanha Rio de janeiro 2017 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU

A EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE

TRABALHO

ANA AMÉLIA DA COSTA WENDHAUSEN

ORIENTADOR:

Prof. Marcelo Saldanha

Rio de janeiro

2017

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU

A EVOLUÇÃO DA MULHER NO MERCADO DE

TRABALHO

ANA AMÉLIA DA COSTA WENDHAUSEN

ORIENTADOR:

Prof. Marcelo Saldanha

Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Pedagogia Empresarial. Por: Ana Amélia da Costa Wendhausen

Rio de janeiro

2017

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AGRADECIMENTOS

A minha família que tanto incentivou os meus estudos. Especialmente ao meu marido e minha filha, pela paciência e por compreender minha ausência enquanto desenvolvia o presente trabalho.

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DEDICATÓRIA

"Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor, é a dose mais forte e lenta, de uma gente que ri, quando deve chora, e não liga, vive apenas a vida."

Milton Nascimento

Á todas as mulheres brasileiras

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RESUMO

O objetivo do presente trabalho é promover um apanhado histórico

contemplando a trajetória da mulher e sua evolução no mercado de trabalho

desde os primórdios da civilização até a atualidade.

Entender como foi esse processo no Brasil, visto o modelo de

colonização que sofremos no passado. Como se dá a luta diária feminina para

se ver livre de todo tipo de preconceito e discriminação. Explorar as mudanças

ocorridas na sociedade, principalmente, no que diz respeito à mulher. Analisando

o modelo patriarcal, baseado no chefe, na autoridade familiar.

Discutir as concepções de gênero, as relações de poder que as

envolvem e o quanto a figura feminina tem alcançado o mundo dos negócios.

Palavras-chaves: Pedagogia Empresarial; mulher no trabalho;

gênero; mercado de trabalho.

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METODOLOGIA

Estudo teórico baseado na pesquisa bibliográfica e documental

realizada através da leitura de livros, revistas eletrônicas, entrevistas de

conteúdo técnico ou reflexivo.

Análise do contexto histórico com a finalidade de situar e tecer

informações acerca da problemática apresentada. Buscando contribuir para as

mais diferentes áreas de estudo, ampliando as discussões sobre gênero e o

papel da mulher na sociedade.

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SUMÁRIO

INTRODU.ÇÃO................................................................................................ 07

CAPÍTULO I

A TRAJETÓRIA DA MULHER E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE

TRABALHO

CAPITALISTA................................................................................................. 09

CAPÍTULO II

O TRABALHO DA MULHER NO BRASIL........................................................ 16

CAPÍTULO III

A ANÁLISE DE GÊNERO, AS RELAÇÕES DE PODER E AS DISCUSSÔES

QUE NOS NORTEIAM................................................................................... 27

CONCLUSÃO.................................................................................................. 34

BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 37

ÍNDICE............................................................................................................ 41

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INTRODUÇÃO

Muitas são as transformações que vem ocorrendo no mundo do

trabalho nos últimos tempos. Uma das principais foi a inserção feminina neste

ofício. Em razão do avanço e crescimento da industrialização, a transformação

da estrutura produtiva, o contínuo processo de urbanização e a redução das

taxas de fecundidade, proporciona a inclusão das mulheres cada vez mais no

mercado de trabalho.

No início do século o marido era provedor do lar e a mulher não

poderia prestar serviços e muito menos ser remunerada. A igreja a serviço do

Estado impôs as normas de conduta que estabelecia a divisão de tarefas no

casamento dentro do sistema patriarcal.

Com as transformações dos papéis masculinos e femininos na

década de 70 e as mudanças de comportamentos femininos na última década

contribuíram para que as mulheres brasileiras assumissem novos espaços no

mundo público, tanto socialmente como politicamente.

Mudanças na composição da família tradicionalmente chefiada pelo

homem contribuíram para esse movimento. A mulher deixou de ser parte da

família para se tornar chefe dela.

A necessidade de analisar essa evolução da inserção da mulher

decorre da sua participação no meio corporativo, sua importância para o

crescimento econômico e para a formação de renda familiar.

Apesar de muitos estudos na área, ainda se faz necessário discutir

acerca do assunto, pois diversas são as desigualdades existentes nas esferas

sociais. Bem evidente estão as relações de gênero, marcada por preconceito e

discriminação:

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Muitos acreditavam [...] que o trabalho da mulher fora de casa

destruiria a família, tornaria os laços familiares mais frouxos e

debilitaria a raça, pois as crianças cresceriam mais soltas, sem

a constante vigilância das mães. As mulheres deixavam de ser

mães dedicadas e esposas carinhosas, se trabalhassem fora do

lar; além de que um bom número delas deixaria de se interessar

pelo casamento e pela maternidade. (RAGO, 1997, p. 585)

Fica a pergunta: teria a mulher conquistado seu espaço no mercado

de trabalho? Responder a esta questão será crucial para o entendimento dos

processos aqui apresentados neste presente trabalho que poderá também

contribuir no futuro para toda essa dialética.

É fundamental entender como se deu esse movimento no passado,

marcado por pelejas, melhores condições de trabalho, jornadas justas e salários

iguais. A forma que ocorreu no Brasil, como o desenvolvimento de leis para

proteger e garantir a assistência devida. Perpassar questões que envolvem

gênero e poder. E compreender quais são as maiores dificuldades encontradas

pelas mulheres no desenvolvimento de suas carreiras como salários, cargos,

especializações curriculares e a dupla jornada.

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CAPÍTULO I

A TRAJETÓRIA DA MULHER E SUA INSERÇÃO NO

MERCADO DE TRABALHO CAPITALISTA

Nas comunidades primitivas a mulher se dedicava às coletas de frutos

e raízes comestíveis, de onde teria se originado a agricultura. A caça já era tarefa

dos homens tendo, portanto, uma divisão natural de trabalho. As pessoas viviam

em habitações coletivas, o que produziam era de todos.

A descoberta da agricultura e da domesticação de animais foi uma

conquista realizada pela mulher. A grande Revolução Agrícola, do período

Neolítico, que proporcionou alimento aos homens e aos animais, também foi

fruto do trabalho produtivo feminino. Sendo elas responsáveis pela coleta de

frutos e raízes, observaram que as sementes que caiam brotavam.

Controlar a provisão de alimentos expressou muito mais que confiar

simplesmente na fertilidade da natureza. Para a mulher, significou

principalmente entregar-se a seu trabalho, à experiência, às suas capacidades

de criar e inovar. Descoberta de métodos de cultivo. Aprenderam as técnicas da

colheita, da limpeza do grão, da moenda etc., e inventaram utensílios para

cultivar terreno, recolher e guardar a colheita, e, a transformação em comida.

A primeira atividade industrial da mulher estava centrada na busca de

todo tipo de alimentos, conservação da comida e invenção de equipamentos

como vasilhas, utensílios, fornos e armazéns. A necessidade de proteger os

alimentos dos répteis e outros pequenos animais foi resolvida com a

domesticação do gato.

Com o uso do fogo, transformava os alimentos, que em seu estado

natural não eram comestíveis, em um alimento novo.

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Segundo Rubim Aquino, o trabalho era realizado coletivamente. As

mulheres trabalhavam juntas, homens saiam em bandos para caçar. Homens e

mulheres tinham a mesma importância perante o grupo. A linha de parentesco

era dada pela mãe, a descendência se contava em linha feminina (matriarcado).

Com o aparecimento da propriedade privada dos rebanhos e da terra,

a linha de descendência passou a ser feita pelo pai, garantindo aos filhos o direto

à herança (patriarcado). Exigindo da mulher a virgindade e a fidelidade depois

do casamento, garantindo a certeza da maternidade e à herança.

Com o desaparecimento da sociedade primitiva e o surgimento da

instituição da sociedade de classes, traz a inferioridade da mulher como produto

de um sistema social que causou e proporcionou inúmeras desigualdade,

inferioridades, discriminações e degradações.

Na Idade Média, palco de muitas disputas de poder, a sociedade era

patriarcal, buscava a santidade através de uma vida dedicada a Deus. A

inquisição controlava o pensamento e a cultura. A mulher era criada com a

finalidade de ser boa mãe, boa filha, de acordo com os ensinamentos da Igreja.

Era considerada como invisível, um ser sem importância, a grande maioria era

analfabeta e subordinada juridicamente ao homem.

O casamento era pacto entre duas famílias, seu objetivo era procriar.

O corpo da mulher pertencia ao marido, mas a alma deveria sempre conservar -

se na posse de Deus. Sempre submissa, obediente, oprimida. A mulher só

aprendia a ler e escrever se entrasse para a vida religiosa caso contrário apenas

cumpriria seus afazeres do lar.

Se fosse pobre deveria trabalhar para sobreviver. Algumas se

tornavam prostitutas, um problema que levava a marginalização da mulher mas

era visto como “mal necessário”, sanava as necessidades masculinas mas eram

segregadas perante a sociedade.

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Se rica, deveria conhecer o trabalho para administrar e supervisionar

os serviços de seus domésticos e dependentes. As camponesas

acompanhavam os maridos em todas as atividades desempenhadas. Já as

aristocratas, cabia a tarefa de ser dona de casa.

Na história da evolução da sociedade humana, clara é a observação

de que os historiadores do sexo masculino ignoraram a metade feminina da raça

humana, trazendo apenas homens como importantes na construção social e do

trabalho.

A sociedade de classes se caracteriza essencialmente pela

dominação masculina, e esta dominação foi difundida e perpetuada pelo sistema

da propriedade privada, pelo estado, pela igreja e pelas instituições familiares

que serviam aos interesses dos homens.

O Historiador José Rivair Macedo (1992) em seu livro “A Mulher na

Idade Média” nos fala que a história sempre foi escrita por uma ótica masculina,

privilegiando os homens enquanto as mulheres ficam à sombra do passado, em

um segundo plano. Além disso boa parte do que foi escrito deve-se a religiosos,

impregnados pela ideia de culpa e pecados:

O interesse pela história das mulheres é bastante novo, de modo

que outros estudos a respeito dos problemas abordados

certamente poderão matizá-los, completa-los, e enriquecê-

los(...).

Nunca será demais dizer que a história das mulheres é um

recorte temático em franco desenvolvimento. Nas últimas

décadas, o interesse pelas realidades históricas e

representações que se fizeram do feminino tem mobilizado

especialistas de diferentes domínios do conhecimento

(Literatura, Antropologia, Sociologia, Arqueologia, Psicologia) e

produzido uma literatura histórica bastante diferente das

abordagens tradicionais – quese contentavam com o retrato de

algumas mulheres notáveis. (MACEDO, 1992, pag. 103).

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Ainda de acordo com o autor, o papel da mulher estava relacionado a

sua posição social, atividade que desempenhavam, faixas etárias, instrução,

opções e ideais de vida. Porém, independentemente da sua posição social, as

mulheres eram subordinadas aos homens e tinham suas funções mais comuns:

a lida, a casa e a educação dos filhos.

Com a crise Feudal, e o surgimento da burguesia, começava a

desenvolver as bases de um novo sistema; o Capitalismo: sistema econômico

com fins lucrativos. Os burgueses inovaram e revolucionaram a Europa, dando

ao mundo ocidental uma cara nova, dominada pelo modo de produção

capitalista. Tendo como ideologia: a liberdade individual, a proteção da

propriedade privada, o livre comércio e os direitos civis.

Ao mesmo passo também se desenvolve o proletariado, classe social

também advinda da modernidade. Essa classe vende sua força de trabalho para

a burguesia que se aproveita de sua condição de assalariado. Se configura

assim a luta de classes.

Karl Marx (1988), crítico radical do capitalismo, pregou a emancipação

da sociedade, livre da divisão por classes. O proletariado era visto com potencial

revolucionário, sendo a classe que produzia para a sociedade, mas era

explorada e não recebia o capital de acordo com o resultado de seu trabalho.

Marx criou a expressão “mais-valia” partindo do princípio que o

trabalhador recebia do empregador uma quantidade muito menor do que era

devido, dessa forma, era gerado o lucro. Resultando na relação explorador -

explorado. Proporcionando a eclosão da Revolução Industrial, marcada pela

substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e uso de maquinários.

No século XIX, com o endurecimento do Capitalismo, com o

desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento da maquinaria, muitas

mulheres foram ganhar a vida nas fábricas, em sua grande maioria nas fábricas

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de tecidos. Porém para muitas foram oferecidos salários menores e jornadas

mais intensas de trabalho:

No decorrer da Revolução industrial (século XIX), o trabalho da

mulher foi muito utilizado, principalmente para a operação de

máquinas. Os empresários preferiam as mulheres nas indústrias

porque elas aceitavam salários inferiores aos dos homens,

porém faziam os mesmos serviços que estes. Em razão disso,

as mulheres sujeitavam-se a jornadas de trabalho de 14 a 16

horas por dia, salários baixos, trabalhando muitas vezes em

condições prejudiciais à saúde e cumprindo obrigações além

das que lhes eram possíveis, só para não perder o emprego.

Além de tudo, a mulher deveria, ainda, cuidar dos afazeres

domésticos e dos filhos. Não se observava uma proteção na fase

de gestação da mulher, ou de amamentação ( MARTINS, 2008,

pag. 588).

No século XIX, apesar de vigorar o princípio da liberdade que os

patrões exerciam nos empregados, a Europa Ocidental e os EUA cederam às

diversas manifestações de diversos setores da opinião pública e criaram leis

trabalhistas que falavam a respeito das condições de trabalhos principalmente

de mulheres e crianças. Porém, como somente as operárias se beneficiaram

dessas leis, as mulheres que trabalhavam em casa, no comércio varejista, nas

lojas familiares, no serviço doméstico ou no campo permaneceram sem

regulamentações e sujeitas a explorações.

De acordo com Perrot (1988 pag. 171), uma das pesquisadoras mais

elevadas na esfera da História das Mulheres na França, a divisão sexual do

trabalho acaba sendo de equilíbrio no século XIX. Cada qual com sua função,

papel, tarefa e espaço: “[...] Ao homem, a madeira e os metais. À mulher, a

família e os tecidos”.

Vendo que as mulheres estavam conquistando cada vez mais seu

espaço de trabalho, os homens europeus dessa época tentaram reprimir o

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crescente poder feminino. Alguns as fechava em casa, outros excluía-as de

certos domínios e concentravam suas energias para o doméstico revalorizado.

Na Primeira e Segunda Guerra os homens foram retirados do seu

convívio familiar, e colocados à frente das batalhas. Neste contexto e sem outra

alternativa, as mulheres passaram a assumir os negócios da família e a posição

dos homens no mercado de trabalho.

Na Inglaterra, surge o “Coal Mining Act” (1842), proibindo o trabalho

das mulheres no subterrâneo. O “ Factory Act” (1844) limitou a jornada de

trabalho feminino a 12 horas de trabalho, proibindo-a no período noturno. O

“Factory and Workshop Act” (1878) vedou o emprego da mulher em trabalhos

perigosos e insalubres.

Em Nova Iorque 129 tecelãs da Fábrica de Tecidos Cotton

aproveitaram as manifestações pela jornada e trabalho e paralisaram as

atividades pelo direito na primeira greve norte-americana conduzida unicamente

por mulheres. Violentamente reprimida pela polícia, as operárias refugiaram-se

na fábrica. No dia 8 de março de 1857, os patrões e a polícia trancaram os

portões da fábrica e atearam fogo. Asfixiadas, dentro do local em chamas e sem

ter para onde sair, morreram carbonizadas. Essas mulheres queriam o fim da

discriminação e da violência e que seus direitos fossem respeitados.

As comemorações de 8 de março estão mundialmente vinculadas as

reivindicações femininas por melhores condições de trabalho. O Dia

Internacional da Mulher busca divulgar essa luta, o papel e a dignidade da

mulher.

Na França a lei de 19 de maio de 1874 proibiu o trabalho da mulher

em minas e pedreiras e o trabalho noturno para menores de 21 anos. A lei de 28

de dezembro de 1909 outorgou o direito às mulheres grávidas do repouso não

remunerado de oito semanas, vedando o carregamento de objetos pesados.

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Na Alemanha o código industrial de 1891 fixou algumas normas

mínimas quanto ao trabalho da mulher.

O tratado de Versalhes estabeleceu o princípio da igualdade salarial

entre homens e mulheres, que foi acolhido por muitos países, entre os quais o

Brasil. Possibilitou a conscientização sobre o trabalho da mulher e na

necessidade de regulamentar os critérios de duração, condições de

insalubridade ou periculosidade do serviço, condições fisiológicas (como o

período maternal).

Diante do engrandecimento da mulher na sua busca pelo trabalho, de

toda problemática envolvida, começou a surgir uma legislação protecionista em

favor da mulher. Daí a necessidade de reivindicar contra todas as formas de

opressão exercidas sobre as mulheres e pela igualdade entre os gêneros. Assim

nasceu a luta das mulheres por melhores condições de trabalho e direitos

igualitários.

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CAPÍTULO II

O TRABALHO DA MULHER NO BRASIL

Quando os portugueses chegaram ao Brasil encontraram terras

férteis, de muitos frutos, madeira de boa qualidade, água abundante e subsolo

rico. Ignoraram a população indígena já existente. Trouxeram com eles negros

acorrentados, feitos de escravos.

Uma breve análise das mulheres que aqui se encontravam: as índias,

criadas livres na natureza e parte de uma comunidade; as negras, ausentes de

liberdade, pertencentes a seus senhores e as mulheres portuguesas que vieram

acompanhando suas famílias. Nesse contexto nasce uma nova sociedade

resultante da miscigenação de negros, índios e europeus.

No Brasil Colonial, tendo como base os centros urbanos que foram se

formando, herda-se o modelo europeu de família patriarcal. A historiadora Mary

Del Priore, em sua obra “Mulheres no Brasil Colonial”, tece algumas

considerações atinentes ao regime patriarcal:

O sistema patriarcal instalado no Brasil colonial sistema que

encontrou grande reforço na Igreja Católica que via as mulheres

como indivíduos submissos e inferiores, acabou por deixar-lhes,

aparentemente, pouco espaço de ação explicita. Mas insisto:

isso era apenas mera aparência, pois, tanto na sua vida familiar,

quanto no mundo do trabalho, as mulheres souberam

estabelecer formas de sociabilidade e de solidariedade que

funcionavam, em diversas situações, como uma rede de

conexões capazes de reforçar seu poder individual ou de grupo,

pessoal ou comunitário. (PRIORE; 2000, p. 9).

Grande parte das mulheres estava subordinada aos mandos de seus

pais e maridos, sendo responsável pelos afazeres domésticos e por cuidar dos

filhos.

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As que ficavam viúvas ou eram de uma elite empobrecida precisavam

se virar. Faziam doces por encomendas, arranjo de flores, davam aulas de piano,

mas eram pouco valorizadas e mal vistas pela sociedade.

Também existia uma outra parte das mulheres que se encontravam

envolvidas na administração de estabelecimentos comerciários, apesar de

marginalizadas impressionavam por sua sobrevivência em um mundo dominado

pela figura masculina.

Mais tarde houve a necessidade de ajudar o marido, ou ainda, zelar

de seu próprio lar. A mulher começa a buscar seu próprio sustento, fruto de seu

trabalho. Nessas circunstâncias vieram leis garantindo direitos civis, políticos e

sociais na luta pela igualdade de gênero.

A mulher começou a participar de lutas políticas e rebeliões tendo

como ponto de partida a Lei do Ventre Livre, promulgada em 28 de setembro de

1871, que considerava livre todos os filhos de mulheres escravas nascidos a

partir da data da lei no Império do Brasil. Em 1888 a Lei Áurea é assinada pela

princesa Isabel, extinguindo a escravidão no Brasil.

De acordo com José Fábio Rodrigues Maciel, autor de “A História do

Direito”, o sistema jurídico que vigorou durante todo o período do Brasil-Colônia

foi o mesmo que existia em Portugal, ou seja, as Ordenações Reais, compostas

pelas Ordenações Afonsinas (1446), Ordenações Manuelinas (1521) e, por

último, fruto da união das Ordenações Manuelinas com as leis extravagantes em

vigência, as Ordenações Filipinas, que surgiram como resultado do domínio

castelhano.

A Ordenações Filipinas que estiveram em vigor no Brasil até 1916

tem-se como sendo a primeira forma de legislação brasileira e constatava que o

homem podia aplicar castigos físicos à sua mulher.

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De acordo com o Código Civil brasileiro de 1916, dizia que as

mulheres casadas “são incapazes, relativamente, a certos atos ou à maneira de

o exercer”. Em seu artigo 233: “O marido é o chefe da sociedade conjugal, função

que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos

filhos”.

Cabia ao marido não apenas representar a família e administrar os

bens, mas de escolher e autorizar a profissão da mulher. A mulher continuou

subordinada ao homem. Ele, chefe legítimo da família e a ela cabia a

responsabilidade de cuidar da família, da educação dos filhos e dos afazeres

domésticos.

Em 1918, através de um Decreto-Lei, as mulheres puderam exercer

a profissão de advogadas.

O Brasil foi se desenvolvendo a partir de novas tecnologias e da

introdução de capitais estrangeiros. Houve modernização das cidades, e

mudanças na forma de pensar e agir da sociedade. Com as inovações, surge o

progresso.

Segundo o historiador Boris Fausto, o “progresso significava a

modernização da sociedade através da ampliação dos conhecimentos técnicos,

do industrialismo, da expansão das comunicações”. (FAUSTO, 2002, p. 140). No

entanto, como seria possível pensar nesse progresso se a mulher não tinha seu

lugar, não respondia por si só juridicamente?

Em 1931, as mulheres conquistaram o direito ao voto, mas somente

aquelas que tinham nível universitário ou secundário. Já aos homens bastavam

saber ler e escrever.

Em maio de 1932 o decreto n° 21417 regularizou o trabalho da mulher

no comércio e na indústria. Houve um avanço reconhecendo o trabalho feminino.

Ficando estabelecida que:

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Art. 1º Sem distinção do sexo, a todo trabalho de igual valor

correspondente salário igual.

Art. 2º O trabalho da mulher nos estabelecimentos industriais e

comerciais, públicos ou particulares, é vedado desde 22 horas

até 5 horas.

Art. 3º Não estão compreendidas na proibição estabelecida pelo

art. 2º:

a) as mulheres empregadas em estabelecimentos onde só

trabalhem pessoas da família a que pertencerem;

b) as mulheres cujo trabalho for indispensável para evitar a

interrupção do funcionamento normal do estabelecimento, em

caso de força maior imprevisível que não apresente caráter

periódico, ou para evitar a perda de matérias primas ou

substâncias perecíveis;

c) as mulheres que pertencerem ao serviço dos hospitais,

clínicas, sanatórios e manicômios e estiverem diretamente

incumbidas de tratamento de enfermos;

d) as mulheres, maiores de 18 anos, empregadas em

serviços de telefonia e radiofonia;

e) as mulheres que, não participando de trabalho normal e

contínuo, ocupam posto de direção responsável.

Art. 4º As mulheres empregadas em estabelecimentos

industriais e comerciais é vedado remover materiais de peso

superior ao estabelecido nos regulamentos elaborados pela

autoridade pública.

Art. 5º É proibido o trabalho da mulher:

a) nos subterrâneos, nas minerações, em sub-solo, nas

pedreiras, e obras de construção pública ou particular;

b) nos serviços perigosos e insalubres, constantes do quadro

anexo.

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Art. 6º O ministro do Trabalho, Indústria e Comércio poderá

estabelecer derrogações totais ou parciais às proibições

constantes do quadro anexo, quando comprovado que,

mediante aplicação de novos métodos de trabalho ou sistema

de fabricação, ou pela adoção de medidas de prevenção,

desaparece o carater perigoso determinante da proibição.

Art. 7º Em todos os estabelecimentos industriais e comerciais,

públicos ou particulares, é proibido o trabalho à mulher grávida,

durante um período de quatro semanas, antes do parto, e quatro

semanas depois.

§ 1º A época das quatro semanas, anteriores ao parto será

notificada, com a necessária antecedência, ao empregador, pela

empregada, sob pena de perder esta o direito ao auxilio previsto

no art. 9º.

§ 2º No caso do empregador impugnar a notificação

estabelecida no parágrafo anterior, deverá a empregada

comprovar o seu estado mediante atestado médico.

§ 3º A falta de notificação determinada no § 1º ou a sua

inexatidão isenta o empregador de responsabilidade no que

concerne ao disposto neste artigo.

§ 4º Os períodos de quatro semanas antes e depois do parto

poderão ser aumentados até ao limite de duas semanas cada

um, em casos excepcionais, comprovados por atestado médico.

Art. 8º A mulher grávida é facultado romper o compromisso

resultante de qualquer contrato de trabalho, desde que,

mediante certificado médico, prove que o trabalho que lhe

compete executar é prejudicial à sua gestação.

Art. 9º Enquanto afastada do trabalho por força do disposto no

art. 7º e respectivos parágrafos, terá a mulher direito a um auxílio

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correspondente à metade dos seus salários, de acordo com a

média dos seis últimos meses, e, bem assim, a reverter ao lugar

que ocupava.

Art. 10. Em caso de aborto, que deverá ser comprovado,

beneficiará a mulher de um repouso de duas semanas e terá

direito a receber durante esse tempo um auxílio na forma

estabelecida no artigo anterior, bem como a reverter ao lugar

que ocupava.

Parágrafo único. Verificado que o aborto foi criminosamente

provado, perderá a mulher o direito ao auxílio outorgado neste

artigo.

Art. 11. A mulher que amamentar o próprio filho terá direito dois

descansos diários especiais, de meia hora cada um, durante os

primeiros seis meses que se seguirem ao parto.

Art. 12. Os estabelecimentos em que trabalharem, pelo menos,

trinta mulheres com mais de 16 anos de idade terão local

apropriado onde seja permitido às empregadas guardar sob

vigilância e assistência os seus filhos em período de

amamentação.

Art. 13. Aos empregadores não é permitido despedir a mulher

grávida pelo simples fato da gravidez e sem outro motivo que

justifique a dispensa.

Em 1935 três mulheres conquistaram assento na Assembleia

Nacional.

No golpe provocado por Getúlio Vargas, entra em vigor a Constituição

1937, que retrocede quanto a garantia das trabalhadoras, excluindo a isonomia

salarial entre homens e mulheres e a garantia de emprego à gestante mesmo

tendo o princípio de igualdade entre todos. O que implica numa desigualdade

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salarial. Em 1940 o Decreto Lei n° 2548 estabelece que as mulheres recebessem

sua remuneração com 10% a menos que os homens.

A queda pelo regime militar, a conquista pelo poder da esquerda e as

variações econômicas mundiais traz um aumento da inserção feminina no

trabalho e a busca por maiores níveis de escolaridade e melhores cargos e

salários.

Em 1962 (Lei 4121) o Estatuto da Mulher casada, contribuiu para a

emancipação da mulher, mas mantendo uma ideologia conservadora, embora

abolisse a incapacidade feminina. Concedendo-lhes o livre acesso ao mercado

de trabalho.

Com a industrialização do país surgem as leis trabalhistas. De acordo

com Costa Nascimento (1996) houve redução da procura por mão de obra

feminina devido ao custo de manutenção das trabalhadoras por serem geradoras

de filhos, ficando com tarefas de menor remuneração.

Somente nas últimas décadas é que a história das mulheres se

definiu. De acordo com Margareth Rago os anos 60 e a política feminista foi o

ponto de partida. Para ela, o movimento feminista, anunciando suas

reivindicações à sociedade, foi o princípio da inclusão das mulheres no espaço

público do mercado de trabalho. Margareth Rago (1995) defende que:

Todo discurso sobre temas clássicos como a abolição da

escravatura, a imigração europeia, para o Brasil, a

industrialização ou o movimento operário, evocava imagens da

participação de homens robustos, brancos ou negros, e jamais

de mulheres capazes de merecerem uma maior atenção

(RAGO, 1995, pag. 81).

Com o surgimento do feminismo na década de 70, movimento social

que reivindicava acesso a métodos contraceptivos, saúde preventiva, igualdade

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entre homens e mulheres, proteção à mulher contra à violência doméstica,

equiparação salarial, apoio em caso de assédio, retrata uma discussão entre

esses e tantos outros temas envolvendo a mulher.

Em 1977 com a Lei do divórcio foi dada aos cônjuges a dar fim a um

casamento e poder constituir outra família que poderia utilizar ou não o

sobrenome do marido. A lei também presume que ambos, marido e mulher, são

responsáveis pelo sustento dos filhos, podendo o cônjuge responsável pela

separação pensionar o outro.

A Constituição de 1988 deu a mulher os mesmos direitos e deveres

na família. Alterando várias práticas discriminatórias e servindo de inspiração

para outras legislações que foram desenvolvidas depois em prol dos ideais

femininos:

Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de

nenhuma natureza

(...)

I – Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações nos

termos dessa constituição.

(...)

Artigo 7º - São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além

de outros que visem à melhoria de sua condição social;

(...)

XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do salário,

com a duração de cento e vinte dias;

(...)

XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, mediante

incentivos específicos, nos termos da lei;

(...)

XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de funções

e de critério de admissão por motivo de sexo, idade, cor ou

estado civil;

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A Constituição Federal de 1988 estabeleceu deveres e

responsabilidades na sociedade conjugal igualmente aos cônjuges, marcando

mudança no Direito do Trabalho que, antes, a protegia no lar e agora asseguraria

sua inserção no mercado de trabalho. Pôde possibilitar avanços quanto à sua

condição jurídica e social.

Essa constituição reconhece definitivamente a igualdade de diretos

entre homens e mulheres. Mesmo assim, ainda existem pensamentos

conservadores com resquícios de preconceito resultando em comportamentos

retrógrados.

Mesmo com todos esses direitos garantidos por leis, muitas mulheres

ao ingressar no meio do trabalho sofrem assédio moral e/ou sexual de seu

empregador.

O assédio moral, sofrido por muitas mulheres é tão antigo quanto o

trabalho. Se caracteriza por atitudes que evidenciam violência psicológica.

Assim, expor o trabalhador a situações que o humilhem, agir com excesso de

rigidez, apelidá-lo, são ocorrências que configuram assédio moral.

Para ser caracterizado como assédio moral, não se leva em

consideração apenas um fato isolado, é preciso que aconteça de forma

constante e repetitiva. O que pode ocasionar danos psíquicos no assediado.

Contudo ainda não há uma lei especifica para punir essa prática. O

assediador poderá ser responsabilizado em diferentes esferas: penal, cível ou

trabalhista.

Por medo de perder seus empregos, sofrer represálias ou ainda

serem condenadas a pagar indenização a seus empregadores muitas

mulheres não denunciam o abuso sofrido no ambiente de trabalho. Preferem

se calar diante do ocorrido.

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O Ministério Público e algumas Organizações Não Governamentais

vem desempenhando um trabalho de conscientização e de prevenção para dar

fim às práticas de assédio no Brasil.

Uma grande vitória das mulheres no Brasil também, foi a Lei 11340/06

conhecida como Lei Maria da Penha. Criada com o objetivo de prevenir, punir, e

erradicar a violência doméstica e familiar sofrida pelas mulheres. Altera o Código

de processo Penal, o Código Penal e a Lei de execução Penal.

Esta lei foi uma luta de 29 anos de Maria da Penha Maia,

biofarmacêutica, que queria ver seu agressor condenado. Seu marido tentou

matá-la duas vezes. A pena para esse tipo de agressão triplicou, aumentando

os meios de proteção dessas vítimas.

Não se pode deixar de citar uma das maiores conquistas no campo

de liderança, como maior autoridade do Brasil: Dilma Roussef. Em 2003 ocupou

o cargo de Ministra de Minas e Energias e em 2010 venceu as eleições sendo a

primeira mulher a ocupar o cargo de Presidente da República no Brasil.

Assim como ela, temos senadoras, ministras, deputadas e

vereadoras, lutando para um futuro de igualdades. Mulheres essas que vêm

superando muitas discriminações e adaptações com relação às tarefas até então

exclusivas do sexo masculino.

Outra grande figura feminina brasileira que não podemos deixar de

fora é Zilda Arns Neumann. Formada em medicina pela Universidade Federal do

Paraná em Curitiba, iniciou na pediatria. Viúva e mãe de cinco filhos, conciliava

a família, o serviço público e seu consultório particular.

Foi fundadora e coordenadora da Pastoral da Criança, um organismo

de ação social de atuação nacional responsável pelo trabalho contra a

mortalidade infantil. Faleceu no Haiti em uma missão comandada pelo exército

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brasileiro em 2010, em um terremoto. No seu último dia de via estava emissão

humanitária para introduzir a Pastoral da Criança no Brasil.

Essas três protagonistas, citadas anteriormente, foram de suma

importância para a compreensão da evolução da mulher perante nossa

sociedade.

Hoje o retrato das mulheres é muito diferente daquele do começo do

século passado. Gradualmente a figura feminina tem ampliado seu espaço na

economia nacional. Um processo ainda lento, mas contínuo e progressivo.

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CAPÍTULO III

A ANÁLISE DE GÊNERO, AS RELAÇÕES DE PODER E

AS DISCUSSÔES QUE NOS NORTEIAM

As transformações de gênero ocorridas na sociedade brasileira

contribuíram para que as mulheres ocupassem novos espaços no mundo

público.

Quando falamos em gênero buscamos compreender as relações

estabelecidas entre os gêneros feminino e masculino, suas funções na

sociedade e a correlação estabelecida entre eles.

De acordo com o dicionário Aurélio (2009) o significado de gênero é

“Agrupamento de indivíduos que tenham características comuns” ou também

antropologicamente falando “A forma como se manifesta social e culturalmente

a identidade sexual dos indivíduos”.

No entanto, a partir do ponto de vista das ciências sociais e da

psicologia, o gênero é entendido como aquilo que diferencia socialmente as

pessoas, levando em consideração os padrões histórico-culturais atribuídos para

homens e mulheres.

É evidente a diferença comportamental entre meninos e meninas

desde os primeiros anos de vida. É feita a distinção de gênero e usado de

preconceito quando se fala que determinada brincadeira é de menino ou que

determinada cor é de menina. Que ele tem que ser forte e ela delicada. São

criados de maneira opostas e depois a sociedade critica, atribuindo a mulher por

exemplo, fama de má motorista, ou ao homem por não desempenhar bem o

papel de pai. Esses conceitos perpassam por toda a existência de uma pessoa,

trazendo um discurso de desigualdade.

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Esse conceito de gênero objeto de nosso estudo é uma construção

sociológica um tanto recente, que veio da necessidade de diferenciar o sexo

masculino do feminino e com isso se atribui papéis e funções diferenciadas a

partir dessa identidade, colocando os sujeitos em extremidades opostas e

desiguais. Dessa forma, a categoria gênero surge com uma grande discussão

acerca da subordinação da mulher diante da superioridade masculina.

Atualmente muito tem se falado sobre o empoderamento feminino e

as relações de poder existentes. Empoderamento vem do verbo empoderar, “é

o ato de tomar o poder para si”. O empoderamento feminino é a consciência

coletiva, expressada por ações para fortalecer as mulheres e desenvolver a

equidade de gênero. É um meio de diminuir as desigualdades. Empoderar é

igualar-se socialmente. É retomar o poder, se libertar.

O conceito de empoderamento surgiu com os movimentos de direitos

civis nos Estados Unidos na década de 70. Para as feministas o empoderamento

compreende a alteração dos processos e estruturas que reduzem a posição de

subordinada das mulheres como gênero. As mulheres tornam-se empoderadas

através da tomada de decisões coletivas e das mudanças individuais.

O empoderamento das mulheres representa um desafio às relações

patriarcais, em especial dentro da família, ao poder dominante do homem e a

manutenção dos seus privilégios de gênero. Significa uma mudança na

dominação tradicional dos homens sobre as mulheres, garantindo-lhes a

autonomia.

A Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e

Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres) com a colaboração do Pacto

Global das Nações Unidas criaram os Princípios de Empoderamento (WEPs),

um grupo de princípios para o meio empresarial que oferecem orientação sobre

como delegar poder às mulheres no ambiente de trabalho, no mercado de

trabalho e na comunidade.

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Os Princípios de Empoderamento das Mulheres fornecem um

conjunto de considerações que auxiliam o setor privado a objetivar a promoção

da igualdade entre homens e mulheres no mercado e na comunidade.

Incluindo a concepção de gênero em políticas e operações existentes,

assim como criar novas políticas e estratégias para a igualdade de gênero.

Os princípios também consideram interesses dos governos e da

sociedade civil e apoiam as interações com as partes interessadas. São eles:

1- Estabelecer liderança corporativa de alto nível para a

igualdade de gênero.

2- Tratar todos os homens e mulheres de forma justa no

trabalho – respeitar e apoiar os diretos humanos e a não

discriminação.

3- Garantir a saúde, a segurança e o bem estar de todos os

trabalhadores as trabalhadoras.

4- Promover a educação, a formação e o desenvolvimento

profissional das mulheres.

5- Implementar o desenvolvimento empresarial e as práticas

da cadeia de suprimentos e de marketing que empoderem as

mulheres.

6- Promover a igualdade através de iniciativas e defesa

comunitária.

7- Mediar e publicar os progressos para alcanças a igualdade

de gênero.

(ONU, 2016)

É importante entender a questão de poder e a relação de gênero para

uma maior percepção da dinâmica do trabalho, bem como a incorporação da

mulher no mesmo. Marcela Lagarde (1993) define o poder como:

(...) a capacidade de decidir sobre a própria vida: como tal, é um

fato que transcende o indivíduo e se plasma nos sujeitos e nos

espaços sociais: aí se materializa como afirmação, como

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satisfação de objetivos (...). Mas o poder consiste também na

capacidade de decidir sobre a vida do outro, na intervenção com

fatos que obrigam, circunscrevem ou impedem. Quem exerce o

poder se arroga o direito ao castigo e a postergar bens materiais

e simbólicos. Dessa posição domina, julga, sentencia e perdoa.

Ao fazê-lo, acumula e reproduz o poder (LAGARD, 1993, pag.

154).

Para Michel Foucault não existe o poder, mas sim relações de poder,

que através de seus mecanismos atua como uma força coagindo, disciplinando

e controlando os indivíduos. Atualmente com as mudanças ocorridas nas

relações sócio políticas e econômicas, também foram sendo produzidas novas

relações de poder. Assim, o poder parece simplesmente funcionar independente

dos indivíduos.

Foucault tentou investigar a forma como o poder é exercido, ou seja,

o como do poder. Em síntese: “o indivíduo é o efeito do poder e,

simultaneamente, ou pelo próprio fato de ser um efeito, é seu centro de

transmissão. O poder passa através do indivíduo que ele constituiu”. Assim,

segundo Foucault:

não tomar o poder como um fenômeno de dominação maciço e

homogêneo de um indivíduo sobre os outros, de um grupo sobre

os outros, de uma classe sobre as outras, mas ter bem presente

que o poder – desde que não seja considerado de muito longe –

não é algo que se possa dividir entre aqueles que o possuem e

o detêm exclusivamente e aqueles que não o possuem e lhe são

submetidos. O poder deve ser analisado como algo que circula,

ou melhor, como algo que só funciona em cadeia. Nunca está

localizado aqui e ali, nunca está em mãos de alguns, nunca é

apropriado como uma riqueza ou um bem. O poder funciona e

se exerce em rede. Nas suas malhas, os indivíduos não só

circulam, mas estão sempre em posição de exercer este poder,

e de sofrer sua ação; nunca são alvo inerte ou consentido do

poder, são sempre centros de transmissão. Em outros termos, o

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poder não se aplica aos indivíduos, passa por eles (FOUCAULT,

1989, p. 183).

Para o autor: “o poder está em toda parte; não porque englobe tudo,

e sim, porque provém de todos os lugares”. O poder não é, pois, uma instituição

nem uma estrutura e, também, não é uma certa potência de que alguns sejam

dotados, mas “o nome dado a uma situação estratégica complexa numa

sociedade determinada”.

Quando falamos relações de Gênero, estamos falando de poder. Na

medida em que as relações existentes entre masculino e feminino são relações

desiguais, assimétricas, mantém a mulher subjugada ao homem e ao domínio

patriarcal.

Embora a nossa Constituição Federal afirmar em seu artigo 5º: "Todos

são iguais perante a Lei sem distinção" e ainda no mesmo artigo em seu inciso

I: "Homens e Mulheres são iguais em Direitos e Obrigações", sabemos que

muitas são consideradas inferiores em relação aos homens.

Sabemos que esse quadro vem se revertendo. Temos novas

representações de papéis masculino e feminino. O perfil da mulher mudou.

Pesquisas recentes comprovam que cresce rapidamente o número de mulheres

em postos diretivos nas empresas. Estão conquistando maior destaque no

mundo dos negócios. Além de trabalhar, conquistaram diversos setores e

ocupam cargos de responsabilidade assim como os homens.

E ainda cumulam a tarefa de ser mãe, esposa, dona de casa. Muitas

mulheres que trabalham fora de seu lar, além de executar sua jornada de

trabalho diária, ao chegar em casa devem realizar uma segunda jornada, aquela

destinada a desenvolver as tarefas domésticas além do cuidado de filhos e

familiares.

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As mulheres seguem sendo as principais responsáveis pelas

atividades domésticas e cuidados com os filhos e demais

familiares, o que representa uma sobrecarga para aquelas que

realizam atividades econômicas. Estando ou não no mercado,

todas as mulheres são donas-de-casa e realizam tarefas que

mesmo sendo responsáveis para a sobrevivência e o bem-estar

de todos os indivíduos, são desvalorizadas e desconsideradas

nas estatísticas, que as classificam como “inativas”. (Bruschini,

1998, pag.2).

As transformações de gênero ocorridas na sociedade brasileira

contribuíram para que as mulheres assumissem novos espaços no mundo. As

lutas que as mulheres enfrentam cotidianamente para superar as desigualdades

de gênero desenvolvem em diferentes momentos da história e contextos sociais.

Apesar das dificuldades encontradas no acesso a cargos de chefias

e equiparação salarial com homens que ocupam os mesmos cargos e salários

menores para mulheres que ocupam a mesma função as mulheres estão

mostrando a cada dia que não são o sexo frágil, e que podem sim e com muita

eficiência, executar as mesmas tarefas que os homens, que possuem

capacidade e estão desde já aptas para enfrentar o mercado de trabalho.

A participação das mulheres no mercado de trabalho aumentou

bastante nas últimas décadas, embora esse aumento seja maior no setor de

serviços. Hoje vemos que elas já conquistaram muitos espaços e apesar de

ainda enfrentarem algum preconceito, estão se capacitando para ficarem melhor

preparadas e mais seguras. É crescente a presença das mulheres em todos os

níveis de escolaridade.

Para assentar seu papel no trabalho a mulher tem adiado cada vez

mais projetos como a maternidade. A redução do número de filhos ,

consequentemente, da taxa de fecundidade, é um dos fatores que tem

contribuído para facilitar a presença da mão de obra feminina.

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A globalização fez com que as fronteiras nacionais se tornassem

invisíveis. A concorrência cada vez mais acirrada entre as empresas objetiva

uma busca muito grande pela redução de custos e aumento da produtividade o

que faz que um número grande de mulheres se encaixem nesses padrões.

As mulheres são alvos de discriminações no mercado e também na

sociedade a qual estão inseridas. Com o passar do tempo elas foram

conquistando espaços, rompendo barreiras e enfrentando desafios. Se

encontram cada vez mais em cargos de liderança.

A emancipação da mulher trouxe aos homens o desenvolvimento de

características tipicamente femininas como intuição, espontaneidade e emoções

enquanto as mulheres estão cada vez mais para o racional. Há uma certa troca

de papeis no mundo corporativo. A contribuição da mulher nesse espaço foi

importante nesse processo que permitiu atrair talentos, melhorar as satisfações

das equipes, a produtividade e a competitividade.

Hoje estão presentes em praticamente todos os setores. Começam a

ocupar espaços que até então eram ocupados exclusivamente por homens. Já

conquistaram muitos ideais, através da luta, da busca por melhores condições

de vida e reconhecimento de suas capacidades. Porém, ainda há muito o que

conquistar, principalmente no que tange a igualdade dos sexos, ao final das

diferenças salariais, das ocupações precárias e da falta de oportunidades.

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CONCLUSÃO

Em resposta a nossa pergunta feita anteriormente, sim, a mulher teria

alcançado um patamar importante no mercado de trabalho. Apesar de tanta

dificuldade conquistou um espaço de respeito dentro da sociedade.

Hoje, além de cuidar da casa e dos filhos, a mulher tem alcançado

altos cargos em grandes empresas e se tornou responsável por uma parcela

significativa do mercado de trabalho, porém, longa e árdua foi a caminhada para

chegar a essa conquista. A luta feminina busca construir novos valores sociais,

democracia plena e uma evolução na igualdade de gêneros.

Neste presente estudo sobre a Evolução da Mulher no Mercado de

Trabalho foi possível analisar os avanços atingidos em relação ao papel da

mulher em diversos períodos da história, a forma pela qual era vista. Conhecer

e entender melhor essas circunstâncias levou a pesquisa mais aprofundada

sobre a trajetória da mulher e sua evolução na história da humanidade.

Verificamos que desde o início dos tempos a mulher sempre esteve

presente no sustento e manutenção de seu lar. E até hoje luta incansavelmente

por uma ocupação empregatícia.

Alguns elementos como a escravidão, o modelo colonizador, a

influência da igreja; permitem compreender as particularidades desse

movimento.

O aparecimento dos anticoncepcionais provocou uma verdadeira

revolução nos costumes sociais que a mulher vinha ocupando, alavancando

decisivamente o processo de emancipação feminina, contribuindo para a

inovação do mercado. A mulher assume novos papéis, rompe com alguns

padrões tradicionais que se refletem sobre a família, adquire direitos e deveres,

coloca em xeque toda a desigualdade e preconceito que recai sobre ela.

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Contemplar a evolução histórica da trajetória pessoal e profissional

feminina é importante quando se pensa em igualdades de direitos na sociedade.

Os hábitos dos séculos anteriores davam o direito ao homem de ser

o responsável pelas necessidades da casa; para as mulheres a obrigação dos

cuidados do lar. Elas não contavam com o direito de participar das decisões

sociais.

Nesse sentido, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial foram de

suma importância. Muitos homens não voltavam da Guerra e os que voltavam

não tinham condições de voltar às suas atividades. As mulheres vão em busca

de postos de trabalho, porém, se sujeitavam a receber salários inferiores aos dos

homens e a trabalhar por uma jornada ainda mais longa.

A inclusão da mulher no mercado de trabalho foi um movimento

significativo para o Brasil. Esse avanço veio aumentando nas últimas décadas.

Mas ainda existem diferenças e desigualdade entre homens e mulheres. Esse

contraste acontece em determinados segmentos de mercado de trabalho e em

algumas profissões.

Ainda há um longo caminho a ser percorrido. É necessário pensar em

aumentar o número de mulheres em determinados locais de trabalho, melhorar

a qualidade dos serviços e da remuneração para as que recebem valores

inferiores aos homens, mas se encontram nos mesmos cargos.

Apesar das grandes conquistas das mulheres no trabalho, a

condição da mulher ainda é transpassada por cicatrizes oriundas de uma

sociedade fundamentada no patriarcado.

As tarefas domésticas continuam sendo vistas como obrigação da

mulher, já o trabalho do homem como produtivo e criador de valor. Essas tarefas

atribuídas à mulher na esfera privada acabam sobrecarregando sua vida,

limitando sua participação e o seu desenvolvimento.

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Observa-se que a igualdade entre sexos ainda não é respeitada em

sua totalidade. É preciso um novo olhar no âmbito profissional feminino. A mulher

deve ser vista como alguém que veio a acrescentar no espaço mercadológico.

Contudo, temos que considerar os grandes avanços que ocorreram

ao longo do tempo e confiar que ainda haverá grandes transformações no

mercado de trabalho.

Mesmo com tantas diferenças, a mulher já é de grande influência na

sociedade e no mercado de trabalho. Todo esse preconceito se findará,

demonstrando o seu valor e a sua capacidade laborativa.

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RAGO, Margareth. Cultura Histórica em Debate –As Mulheres na Historiografia

Brasileira. São Paulo: UNESP, 1995

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES DOCUMENTO … · contemplando a trajetória da mulher e sua evolução no mercado de trabalho ... cabia a tarefa de ser dona de casa. Na ... na construção

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO ........................................................................................ 02

AGRADECIMENTOS ........................................................ ............................ 03

RESUMO ....................................................................................................... 04

METODOLOGIA ............................................................................................ 05

SUMÁRIO ...................................................................................................... 06

INTRODUÇÃO ............................................................................................... 07

CAPÍTULO I

A TRAJETÓRIA DA MULHER E SUA INSERÇÃO NO MERCADO DE

TRABALHO

CAPITALISTA................................................................................................. 09

CAPÍTULO II

O TRABALHO DA MULHER NO BRASIL........................................................ 16

CAPÍTULO III

A ANÁLISE DE GÊNERO, AS RELAÇÕES DE PODER E AS DISCUSSÔES

QUE NOS NORTEIAM................................................................................... 27

CONCLUSÃO.................................................................................................. 34

BIBLIOGRAFIA............................................................................................... 37

ÍNDICE............................................................................................................ 41