UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE INTEGRADA … · 1.6.3 - As Bandas de Bollinger 41 1.6.3.1 -...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EM FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA.
Análise Técnica: Garantia de Rentabilidade Futura
Baseada em Oscilações de Precificação do Passado.
Por: Rodrigo de Almeida Torres
Orientador
Prof. Ana Cláudia Morrissy
Rio de Janeiro
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
EM FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA.
Análise Técnica: Garantia de Rentabilidade Futura
Baseada em Oscilações de Precificação do Passado.
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Finanças e
Gestão Corporativa.
Por: Rodrigo de Almeida Torres
iii
AGRADECIMENTOS
A Carol por toda atenção,
inspiração e incentivo durante este
período. O cansaço passa, mas o
conhecimento é para sempre! Você me
faz acreditar que a dedicação vale a
pena!
iv
v
DEDICATÓRIA
A memória do querido amigão
Gilmar, sua missão conosco foi muito bem
cumprida e seguiu seu caminho.
Saudades!
vi
vii
“As ações são o maior mecanismo de
transferência de riqueza dos
apressados para os tranquilos."
(Warren Buffett)
“A diferença entre 'RISCO' e 'RICO' é
apenas uma letra 'S'...
de SEGURANÇA. Aprenda a viver
sem segurança, ela não é essencial. ”
(Allan Arantes)
viii
RESUMO
Esta dissertação aborda a aplicabilidade de Ferramentas da Escola de
Análise Técnica no auxílio à tomada de decisão de investimentos. Com base
no questionamento “Pode uma movimentação passada nos preços de ações
nos indicar como será este preço no futuro?”, este trabalho objetiva apresentar
um breve histórico da origem desta técnica, vinda do Japão, onde este tipo de
análise já era utilizada no século XVIII, a qual baseia-se na tomada de
decisões após formações de variadas figuras gráficas, que proporcionam
diversas interpretações no mercado de ações.
Como modelo de estudo, o presente trabalho tem-se por objetivo
analisar a eficácia das indicações geradas por essas figuras gráficas na bolsa
de valores de São Paulo. Neste contexto, aplica-se a coleta de dados gráficos
em períodos distintos com a comprovação, ou não, do indicativo previamente
estabelecido.
O presente trabalho constitui-se de uma pesquisa descritiva e
experimental, com fonte de dados secundária. As cotações da série histórica
são com fechamentos diários. Na análise dos resultados evidencia-se a
facilidade da aplicação da Análise Técnica numa avaliação para tomada de
decisão e mostra-se que, para que se tenha o timing, o momento certo da
decisão, é necessário o complemento de outros indicadores ou estudos.
Palavras-chave: Análise Técnica, Rentabilidade, Candlestick.
ix
METODOLOGIA
A execução da pesquisa passou necessariamente pela coleta de
informações sobre o mercado financeiro na ótica da Análise Técnica. Foram
selecionados períodos onde ocorreram formações de figuras gráficas e a
posterior verificação da confirmação da tendência, conferindo caráter
experimental ao estudo. A técnica de amostragem neste trabalho é não-
probabilista por acessibilidade e tipicidade, ou seja, a escolha da amostra foi
feita pela facilidade de acesso e pela representatividade dos dados.
A amostra selecionada é formada pelas cotações de fechamento diárias
de ações preferenciais e ordinárias compreendida entre o período de setembro
de 2001 e julho de 2011 das seguintes empresas listadas no Índice Bovespa:
Vale, ItaúUnibanco, Banco do Brasil, Petrobrás, Ambev, além de ações da
própria BM&F Bovespa e também do índice Dow Jones DJI, a bolsa de valores
da cidade de Nova York, EUA. Os dados foram disponibilizadas pela empresa
inglesa ADVFN, que fornece histórico e informações de bolsas de valores de
várias partes do mundo.
O período foi escolhido pela relativa estabilidade econômica em vigor
no Brasil. Este fato minimiza as distorções inflacionárias e facilita a
comparação de valores entre datas, frente à manipulação de dados da
amostra. A representatividade é proporcionada pelo fato de que, do período de
estabilidade pós-Real, é possível colher cotações há mais de 15 anos.
O que é tratado neste estudo como massa de investidores é a média
das opiniões de todos os investidores participantes do mercado (players), são
as decisões dessas pessoas, ponderada em função do poder financeiro de
cada uma. Neste estudo o ato de compra é entendido como a efetiva
negociação, no qual uma parte entrega moeda em favor do recebimento de
uma quantia acertada de ativo financeiro, denominado de trade de compra. O
ato de venda, entendido como a efetiva negociação, na qual se entrega uma
determinada quantia de ações e recebe moeda corrente é denominada de
trade de venda.
x
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1: Estrutura dos Candlesticks 8
Figura 2: Figura ilustrativa de um gráfico de Candlestick x
Figura 3: Estrutura dos Candlesticks indicativos de alta e baixa. 10
Figura 4: Figura indicando a formação de um martelo. 11
Figura 5: Figura indicando a formação de um martelo invertido. 12
Figura 6: Figura indicando a formação de um engolfo de alta. 12
Figura 7: Figura indicando a formação de um harami de fundo. 13
Figura 8: Figura indicando a formação de uma linha de perfuração. 14
Figura 9: Figura indicando a formação de uma estrela cadente. 14
Figura 10: Figura indicando a formação de um enforcado. 15
Figura 11: Figura indicando a formação de um engolfo de baixa. 15
Figura 12: Figura indicando a formação de um harami de topo. 16
Figura 13: Figura indicando a formação de uma nuvem negra. 16
Figura 14: Figura indicando a formação de Marobozu. 17
Figura 15: Figura indicando a formação de Doji. 17
Figura 16: Figura indicando a formação de um gap de alta Tasuki. 18
Figura 17: Figura indicando a formação de um gap de baixa Tasuki. 18
Figura 18: Figura indicando a formação de linhas brancas side-by-side. 1x
Figura 1x: Figura indicando a formação de linhas brancas side-by-side de baixa.
1x
Figura 20: Figura indicando a formação de linha separatória de baixa. 20
Figura 21: Figura indicando a formação de linha separatória de alta. 20
Figura 22: Figura indicando a formação de pescoço de baixa. 21
Figura 23: Figura indicando a formação de strike de baixa. 21
Figura 24: Figura indicando a formação de strike de baixa. 22
Figura 25: Indicação gráfica dos conceitos de Resistência, Suporte e Rompimento.
24
Figura 26 – Ciclo completo. 28
Figura 27: Doji em PETR4 – Petrobras, com posterior confirmação 30
Figura 28: Enforcado em AMBV4 – Ambev, com posterior confirmação 30
Figura 2x: Engolfo de Alta em VALE5 – Vale, com posterior confirmação 30
Figura 30: Harami de Fundo em BBAS3 – Banco do Brasil, com posterior confirmação
31
Figura 31: Nuvem Negra em BVMF3 – BM&FBOVESPA com posterior confirmação
31
xi
Figura 32: Marobozu em ITUB4 – ItauUnibanco 31
Figura 33: Martelo em DJI – Índice Dow Jones, com posterior confirmação 32
Figura 34: Gráfico do índice da Bolsa de Valores de Nova York, no período de Junho a Setembro de 2001
32
Figura 35: Gráfico do índice da Bolsa de Valores de Nova York, no período de Junho a Setembro de 2001, incluindo o período pós-atentado
33
Figura 36: Gráfico demonstrativo do cruzamento de médias móveis 35
Figura 37: Identificação de tendência através da análise de média móvel 36
Figura 38: Identificação de suporte e resistência através da análise de média móvel
37
Figura 3xi: Comparação de médias móveis 38
Figura 40: Demonstração gráfica do IFR 40
Figura 41: Estreitamento das Bandas de Bollinger 42
Figura 42: Fechamento fora das Bandas de Bollinger 43
Figura 43: Análise Técnica mostrando a combinação de indicadores 44
Figura 44: Análise Técnica mostrando a combinação de indicadores 45
Figura 45: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5 48
Figura 46: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5 48
Figura 47: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5 4xi
Figura 48: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5 50
Figura 4xi: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5 51
xii
SUMÁRIO
Página
I.INTRODUÇÃO 1
1.1 - A História da Análise Técnica 4
1.2 - Conhecendo os Gráficos de Candlestick xii
1.3 - Interpretando as Figuras Formadas pelos Gráficos 11
1.3.1 - Padrões de Alta 11
1.3.1.1 - Martelo / Hammer – Takuri 11
1.3.1.2 - Martelo Invertido / Inverted Hammer 12
1.3.1.3 - Engolfo de Alta / Bullish Engulfing 12
1.3.1.4 - Harami de Fundo / Bullish Harami 13
1.3.1.5 - Linha de Perfuração / Piercing Line Patern 14
1.3.2 - Padrões de Baixa 14
1.3.2.1 - Estrela Cadente / Shooting Star 14
1.3.2.2 - Enforcado / Hanging Man 15
1.3.2.3 - Engolfo de Baixa / Bearish Engulfing 15
1.3.2.4 - Harami de Topo / Bearish Harami 16
1.3.2.5 - Nuvem Negra / Dark Cloud Cover 16
1.3.3 - Padrões Ambivalentes 16
1.3.3.1 - Marobozu 17
1.3.3.2 - Doji 17
1.3.4 - Padrões de Continuação 17
1.3.4.1 - Gap de Alta Tasuki / Bullish Upside Tasuki Gap 18
1.3.4.2 - Gap de Baixa Tasuki / Bearish Downside Tasuki Gap 18
1.3.4.3 - Linhas Brancas Side-by-Side / Bullish Side-by-Side White Lines
1xii
1.3.4.4 - Linhas Brancas Side-by-Side de Baixa / Bearish Side-by-Side White Lines
1xii
1.3.4.5 - Linha Separatória de Baixa / Bearish Separating Lines 20
1.3.4.6 - Linha Separatória de Alta / Bullish Separating Lines 20
1.3.4.7 - Pescoço de Baixa / Bearish On-Neck 21
1.3.4.8 - Strike de Baixa / Bearish Three-Lines Strike 21
1.3.4.9 - Strike de Alta / Bullish Three-Lines Strike 22
1.4 - Analisando Tecnicamente 23
1.4.1 - O Cerne da Análise Técnica 23
1.4.2 - Retas e Canais de tendência 24
xiii
1.4.3 - A Teoria de Dow 26
1.4.4 - A Teoria das Ondas de Elliot 26
1.5 - Demonstrações Práticas das Oscilações de Preços 30
1.5.1 - Uma informação antecipada que desperta atenção. 32
1.6 - Indicadores 34
1.6.1 - Médias Móveis 34
1.6.1.1 - Média Móvel Aritimética 34
1.6.1.2 - Média Móvel Exponencial 35
1.6.1.3 - Cruzamento de Médias 35
1.6.1.4 - Identificar e Confirmar uma Tendência 36
1.6.1.5 - Médias móveis como indicativo de suporte e resistência 37
1.6.2 - IFR - Índice de Força Relativa 3xiii
1.6.3 - As Bandas de Bollinger 41
1.6.3.1 - Aplicações Clássicas das Bandas de Bollinger 42
1.6.3.1.1 - Estreitamento das Bandas 42
1.6.3.1.2 - Fechamento Fora das Bandas 43
1.6.4 - Combinando Indicadores 44
II. CONCLUSÃO 47
III. ANEXOS 52
IV. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 60
ÍNDICE 61
1
I. INTRODUÇÃO
Desde o surgimento das bolsas de valores, inúmeros estudos foram
realizados a fim de tentar encontrar explicações para a variação dos preços
dos ativos financeiros e com isso, tentar obter lucro com a compra e venda
desses ativos. A princípio, aceitava-se que esse comportamento era apenas
reflexo de acontecimentos referentes a uma empresa ou segmento da
economia, como por exemplo, a notícia de descoberta de petróleo Petrobrás,
que provavelmente elevaria o preço do seu papel. Porém, a menos que o
investidor tivesse acesso a informações privilegiadas, ele conseguiria comprar
estas ações ao preço destas antes de já estarem valorizadas. Como é muito
difícil acompanhar e prever notícias como essas, de que forma uma massa de
investidores decidem comprar esta ação a ponto de sobreporem-se aos
vendedores e fazerem seu preço subir?
No Mundo atual, globalizado e interligado cada vez mais, onde
podemos contar com diferentes fontes de informações, e maneiras e modelos
de análises que, dependendo do objetivo do investidor, podem ser adotadas
para tomadas de decisões, abrangendo desde a escolha do melhor ativo,
podendo chegar até quanto ao melhor momento para investir, com os mais
variados critérios possíveis a serem adotados.
A Análise Técnica, também conhecida como Análise Gráfica, é uma
dessas ferramentas, utilizada por investidores profissionais, também
conhecidos como traders, ou utilizada também por investidores amadores em
todo o mundo, para o estudo de ativos financeiros individualmente, e também
do mercado de renda variável de maneira geral, também conhecido como
mercado de risco por ser um mercado de grandes incertezas e oscilações de
preços. É baseado no equilíbrio entre a oferta e a demanda pelas ações ou
ativos. Baseia-se na idéia de que os preços dos ativos se movem de acordo
com padrões repetitivos e por este motivo identificáveis. A Análise Técnica
registra em gráficos as variações de preços, volumes e deduzem de sua
história gráfica as prováveis tendências futuras dos preços de ativos. Por meio
de ferramentas estatísticas, denominadas indicadores técnicos, é possível
identificar pontos de possíveis reversões nessas tendências estabelecidas,
facultando aos investidores a anteciparem-se aos movimentos do mercado.
2
A Análise Técnica foi fundamentada com a Teoria de Dow, que diz que
os preços dos ativos refletem a reação do mercado em relação a todas as
informações relevantes. Segundo a escola da Análise Técnica, o preço reflete
as opiniões de todos os participantes do mercado e os gráficos facilitam a
compreensão do comportamento dos preços.
A Análise Técnica estuda os gráficos de preço, totalmente focada nos
efeitos práticos e não nos motivos que levaram a determinado movimento.
Duas forças opostas são observadas: compradores versus vendedores.
Algumas premissas são adotadas pelos analistas técnicos, considerando que
os gráficos descontam todo tipo de informação relevante que está sendo ou
possa vir a ser divulgada, os mercados se movimentam seguindo padrões,
padrões estes que se repetem ao longo do tempo e os gráficos refletem o
comportamento do mercado, das pessoas que o operam, com seus medos,
euforia e incertezas.
Por que os Preços Oscilam? Os preços oscilam por diversas razões:
(BOTELHO, 2004).
- Porque o conjunto de fatores fundamentais que influenciam o
comportamento dos indivíduos que atuam no mercado muda constantemente.
- Porque esses mesmos indivíduos podem simplesmente passar a
interpretar o mesmo conjunto de fatores fundamentais, de forma diferente.
- Porque surgiu um novo fator fundamental.
Os preços oscilam para cima porque existe um maior volume de
ordens de compras chegando ao pregão do que ordens de vendas. Oscilam
para baixo pelo motivo inverso, e para o lado porque existe uma quantidade
equivalente de ordens de compra e venda chegando ao pregão. Partindo deste
princípio, a Análise Técnica tenta prever quais tipos de ordem estão chegando
ao pregão em maior número, qual estará maior, a oferta ou a procura.
Não apenas fatores fundamentais influenciam os participantes do
mercado, mas também os fatores psicológicos e aqueles fatores que só são do
conhecimento dos insiders, pessoas com informações privilegiadas devido ao
seu posicionamento nas corporações. De fato, são as opiniões dos
participantes do mercado que comandam as oscilações de preços.
3
A Anbima, Associação Brasileira das Entidades dos Mercados
Financeiros e de Capitais, entidade que é a principal representante das
instituições financeiras que operam no mercado de capitais brasileiro, que tem
por objetivo buscar seu fortalecimento como instrumento fomentador do
desenvolvimento do país, tem criado e instituído Códigos de Regulação e
Melhores Práticas em que os próprios participantes deste mercado
estabelecem normas para regular suas atividades. Segundo a Anbima, a
Regulação e Melhores Práticas contribui para a elevação do padrão das
práticas operacionais do mercado e proporciona maior transparência e
proteção ao pequeno investidor. Ela é responsável pela divulgação e controle
das Diretrizes para Publicidade e Divulgação de Material Técnico de
Investimentos, regulando a relação entre instituições financeiras e
investidores, com detalhes técnicos do conteúdo que deve estar presente em
todo material de publicidade e divulgação de investimentos, as melhores
préticas entre todas as instituições participantes do mercado, como
objetividade, relevância, transparência e clareza. Dentre os avisos
obrigatórios, está um que desperta atenção, pois trata exatamente das
informações passadas.
Rentabilidade Passada Não Representa Garantia de Rentabilidade
Futura.
Se os analistas técnicos trabalham com as informações passadas, e
delas consegue extrair as informações que norteiam suas posições, como a
instituição que é a principal reguladora do mercado de capitais afirma
obrigatoriamente que o passado não garante o futuro?
4
1.1 - A História da Análise Técnica
A técnica de análise de candles, também conhecida como análise
gráfica de Candlestick, foi assim denominada por Steve Nisson, um americano
que operava no mercado de ações de Nova York, no início da década de 80.
Nisson descobriu a técnica ao observar uma colega de trabalho, de origem
oriental, que atendia clientes japoneses da corretora onde trabalhava. Ela
manuseava um gráfico estranho, que ele nunca tinha visto. Ele aproximou-se
dela e começou a perguntar sobre aquele gráfico e como ela o utilizava.
Depois de algum tempo ele se apaixonou pelo método e começou a estudá-lo
com afinco. Buscou literatura no Japão e mandou traduzir diversos livros.
Passou a utilizar a técnica do mercado de ações e obteve grande sucesso em
sua utilização. Por suas mãos a técnica deixou de ser um "segredo" da cultura
japonesa e ganhou o mundo.
Esse método, no entanto, é muito antigo e suas referências históricas
mais remotas apontam para o Japão feudal do século XVIII, tendo sido mantido
em segredo por mais de 200 anos. Nessa época o Japão vivia em clima de
guerra, com frequentes confrontos entre os príncipes que dominavam as
províncias que ainda não eram unificadas sob um império. A tradição japonesa
refere-se a esse período da história como Sengoku Jidai (tempo do país em
guerra).
Durante esse período conturbado, transportar cargas de arroz pelas
estradas era perigoso, demorado e tinha custo elevado. Por essa razão, os
fazendeiros preferiam guardar sua produção em armazéns, que forneciam
certificados de propriedade que podiam ser negociados em todo o Japão. Aos
poucos, o arroz foi se tornando a base da economia japonesa e uma espécie
de moeda paralela. O centro comercial do arroz logo se estabeleceu em
Osaka, que era uma cidade portuária e favorecia em muito o comércio e o
transporte embarcado.
Nesse cenário surgem os mercadores de arroz, que se tornaram
extremamente ricos. Um deles era Yodoya Keian, reconhecido por sua notável
5
capacidade de transportar e distribuir o arroz. Sua influência fez surgir a
primeira bolsa de negociação e comércio de arroz, por volta de 1730: No
próprio jardim de sua casa.
O domínio de Yodoya Keian sobre o mercado de arroz só terminou
quando o governo militar, conhecido como Bakufu, preocupado com a riqueza
e o poder dos mercadores, decidiu confiscar seus bens por considerar que ele
vivia um "estilo de vida" acima de sua condição social, pois o país adotava
uma cultura segmentada em castas.
As negociações em seu jardim terminaram, mas a idéia sobre a
existência de uma bolsa de arroz não morreu. Mais tarde essa bolsa se
estabeleceu oficialmente na cidade de Dojima, onde operavam cerca de 1300
traders de arroz, número de negócios do ativo arroz ao dia.
Uma rica família de fazendeiros de arroz, de sobrenome Homma tinha
sua base de negociação na cidade de Sakata, onde o comércio de arroz
também era forte. Por volta de 1750 o patriarca da família Homma faleceu e o
controle dos negócios passou para Munehisa Homma, que era seu filho mais
novo. Na tradição hierárquica japonesa quem deveria assumir os negócios era
o filho mais velho, mas a família já conhecia o talento de Munehisa para o
comércio e resolveu entregar-lhe essa responsabilidade.
Munehisa Homma, nascido em 1724, foi um estudioso do mercado e
desenvolveu elaborada teoria sobre seu comportamento. Registrava
informações históricas detalhadas sobre as condições do clima e sua
influência sobre os preços do arroz. Guardava também o histórico de suas
próprias negociações. Dotado de grande capacidade de observação, percebeu
que o mercado se comportava de forma repetitiva e que era possível identificar
padrões para esse comportamento.
Para compreender tal comportamento, analisou os movimentos de
preços do arroz desde a época em que os negócios eram realizados no jardim
de Yodoya.
A forma que escolheu para ilustrar os preços era gráfica, através do
desenho de barras brancas e negras semelhantes à velas, que eram o
instrumento artificial de iluminação, na época. Com essa representação,
6
Munehisa lançava "luz" sobre o mercado para tentar entendê-lo. O uso das
cores branco e preto também tem significado. Na cultura oriental, o branco
representa o elemento Yin, equivalente ao conceito ocidental do bem,
enquanto o preto representa o elemento Yang, equivalente ao conceito
ocidental do mal. Dessa forma, em um dia de alta o mercado estaria envolto
em otimismo, energia positiva, enquanto em um dia de baixa estaria
impregnado de pessimismo, energia negativa. Além disso, o contraste
completo entre essas cores proporciona boa visibilidade para distinguir os dias
de alta dos de baixa.
Conta a história que ele conseguiu realizar mais de 100 trades
vitoriosos consecutivos, e que não havia sequer a necessidade de permanecer
em Osaka para realizar as negociações. Utilizando-se de mensageiros
colocados sobre telhados das casas que existiam ao longo do caminho entre
Sakata e Osaka, ele transmitia as ordens de compra e venda do arroz por meio
de um sistema de sinais feitos com flâmulas de diversas cores.
Em pouco tempo Munehisa passou a atuar na grande bolsa de Dojima,
época em que acumulou grande fortuna. A precisão de suas análises era
tamanha que o governo o contratou como consultor financeiro e lhe concedeu
o título de Samurai.
A partir de 1755, Munehisa decide registrar oficialmente seu
conhecimento e escreve a obra "San-en Kinsen Hiroku", o primeiro livro
conhecido sobre psicologia de mercado. Também são atribuídos a ele os livros
"Sakata Senho" e "Soba Sai No Den". Dessa forma, Munehisa deixa ao mundo
seu legado de conhecimento antes de morrer em 1803.
Das teorias que Munehisa Homma criou sobre o comportamento dos
negociadores do mercado de arroz, surgiram as técnicas de análise de
gráficos de Candlestick, que hoje são utilizadas em todo o mundo.
Candlestick é o nome em inglês ocidentalizado, pelo qual esta técnica
se tornou conhecida no mundo inteiro, foi trazida ao ocidente pelo americano
Steve Nison, um investidor de Wall Street. O termo, que significa candelabro
em inglês, se deve ao fato dos elementos gráficos utilizados na representação
dos preços praticados pelo mercado lembrarem velas, distribuídas sobre a
7
área do gráfico. A análise se faz através da identificação de figuras formadas
pelos candles, velas, em certo ponto determinando a tendência do mercado.
Conforme citado por Fausto Botelho, em Análise Técnica e Estratégia
Operacional (2004), os padrões de candles são úteis para um alarme
antecipado de futuros movimentos dos preços, além de sevirem também como
sinalizadores de suportes e resistências. Também são úteis para sinalizar
mercado sobrevendido, também conhecido pelo sinônimo em língua inglesa
oversold, quando o valor de cotação de um ativo está considerado baixo após
movimento de desvalorização, ou sobrecomprado, também conhecido pelo
sinônimo em língua inglesa overbought, que se refere ao valor da cotação de
determinada ação após o rompimento de determinada zona de resistência
durante um forte movimento de valorização do título.
Existem operadores que utilizam somente estes padrões para seus
trades, porém recomenda-se seu uso em complemento a outros indicadores
técnicos. O principal objetivo da Análise Técnica por meio de candlesticks é
prever mudanças nos movimentos de preços de um ativo, de modo a identificar
o melhor momento para comprá-lo ou vendê-lo.
Segundo a teoria dos Candlesticks as mudanças nos movimentos dos
preços, ou reversões de tendências, podem ser previstas por meio da
disposição dos candles, quando estes formam certos padrões conhecidos. A
formação dos padrões, ou sinais, de reversão ocorre devido a fatores
psicológicos e emocionais dos operadores do mercado. O candlestick
representa graficamente a variação de preços de um determinado ativo em
uma unidade de tempo, nele estão representados:
Preço de abertura - é o preço pelo qual foi fechado o primeiro negócio
do intervalo.
Preço de fechamento - é o preço pelo qual foi fechado o último negócio
do intervalo.
Preço máximo - é o maior preço negociado no intervalo.
Preço mínimo - é o menor preço negociado no intervalo.
8
Figura 1: Estrutura dos Candlesticks
O intervalo de tempo depende da análise que se deseja efetuar,
podendo ser minutos, diário, semanal, mensal, etc. Por exemplo, operadores
que efetuam operações intraday, compra e venda, ou venda e compra de um
mesmo papel no mesmo dia, utilizam gráficos em que cada candle representa
intervalos de 5min ou 15min, já aqueles que efetuam operações que levam
dias, os swing traders, utilizam gráficos de candles diários ou semanais em
busca das melhores oportunidades de negócios.
9
1.2 - Conhecendo os Gráficos de Candlestick
Como todos os demais gráficos, um gráfico de Candlestick é montado
sobre uma matriz bidimensional com eixos X e Y. A escala vertical demarca a
evolução dos valores, enquanto a escala horizontal representa a linha do
tempo, que irá marcar os intervalos. Esses intervalos, como dito anteriormente,
podem ser de qualquer duração que se queira: um dia, uma semana ou
intraday. Cada um desses intervalos definidos irá compor um elemento gráfico,
um candle.
Figura 2: Figura ilustrativa de um gráfico de Candlestick
A distância existente entre o preço de abertura e o de fechamento do
período é desenhado no gráfico como uma barra vertical mais larga e recebe o
nome de corpo.
As distâncias entre o preço máximo ou mínimo e a abertura ou
fechamento são desenhados como linhas verticais mais finas e recebem o
nome de sombras.
10
A linha que demarca a distância até o preço mínimo é chamada de
sombra inferior, pois fica abaixo do corpo. A linha que demarca a distância até
o preço máximo é chamada de sombra superior, pois fica acima do corpo.
Quando ocorre a coincidência entre o preço máximo e o de abertura ou
fechamento, essa linha não existe, então dizemos que o candle não tem
sombra superior. Da mesma forma, quando ocorre a coincidência entre o preço
mínimo e o de abertura ou fechamento, dizemos que o candle não tem sombra
inferior.
Figura 3: Estrutura dos Candlesticks indicativos de alta e baixa.
A cor do candle é definida pela evolução dos preços durante o período
escolhido. Se a evolução for positiva, os preços subirem, e o fechamento ficar
acima da abertura, o corpo do candle será branco. Esse candle é denominado
candle de alta.
Se, ao contrário, os preços caírem e a posição de fechamento ficar
abaixo do preço de abertura, o corpo do candle será preto. Esse candle é
denominado candle de baixa.
Depois que essa técnica foi ocidentalizada, alguns grafistas passaram a
utilizar outras cores para representar a alta e a baixa. Hoje é possível
encontrar gráficos que representam os dias de baixa em vermelho e os de alta
em verde ou azul.
A análise dos gráficos de candles é visual, ou seja, o analista observa
no gráfico uma tendência estabelecida e tenta encontrar formações ou figuras,
11
que iremos chamamar de padrões, que tenham certa relevância ao indicarem a
possibilidade de reversão daquela tendência.
1.3 - Interpretando as Figuras Formadas pelos Gráficos
Os Candlesticks poderão ser classificados por diferentes tipos de
padrões, que poderão ser Padrão de Alta de Preços, Padrão de Baixa de
Preços, Padrão Ambivalentes ou Padrões de Continuação de Tendência.
1.3.1 - Padrões de Alta
Algumas figuras que representam uma tendência de alta nos preços:
1.3.1.1 – Martelo / Hammer – Takuri
Figura 4: Figura indicando a formação de um martelo.
Um candle com corpo pequeno, sem sombra superior e uma grande
sombra inferior com pelo menos 2 vezes e meia o tamanho do corpo. Esta
figura é muito boa se ela ocorre no final de um movimento de baixa, ela indica
ainda forte pressão de vendas, mas não suficiente para sobrepor a força de
compra, a cor do candle é irrelevante, mas para estar corretamente
configurado o Martelo, deve ter uma sombra inferior pelo menos duas vezes o
12
corpo da vela. Qualquer confirmação de uma possível mudança de tendência
será dada apenas pela vela seguinte.
1.3.1.2 - Martelo Invertido / Inverted Hammer
Figura 5: Figura indicando a formação de um martelo invertido.
Um candle com corpo pequeno, sem sombra inferior e uma grande
sombra superior com pelo menos duas vezes e meio o tamanho do corpo.
indica que as iniciativas dos compradores começam a ser bem sucedidas, mas
não o suficiente para que o mercado se estabeleça em níveis mais elevados
de preços. Uma eventual confirmação se dará na vela seguinte e poderá gerar
um sinal de compra, a cor da vela aqui também é irrelevante.
1.3.1.3 - Engolfo de Alta / Bullish Engulfing
Figura 6: Figura indicando a formação de um engolfo de alta.
O primeiro candle tem um pequeno corpo negro e o segundo candle tem
13
um corpo branco bem maior que o primeiro. O segundo candle "engolfa" o
primeiro num movimento contrário. Este é um dos padrões mais confiáveis de
toda a teoria de candles, e um dos sinais com representação mais fortes.
Neste caso, o controle do mercado passa abruptamente de vendedores para
compradores. Isto significa que não se deve esperar novos sinais de
confirmação e a decisão já poderá ser tomada. As extensões não são de todo
importante, o principal fator é gerado a partir do corpo do candle. O segundo
corpo deve superar todo o corpo do primeiro e terá a cor branca. É importante
também checar se houve um movimento de aumento no volume de
negociações.
1.3.1.4 - Harami de Fundo / Bullish Harami
Figura 7: Figura indicando a formação de um harami de fundo.
O primeiro dia é um longo candle de baixa, o segundo dia é um pequeno
candle de alta com pouca sombra, cujos preços de abertura e fechamento, e
preferencialmente o máximo e o mínimo, ficam entre os preços de abertura e
fechamento do primeiro dia.
A tradução do japonês é "mulher grávida" que vem de sua
representação gráficaO corpo do primeir candle contém completamente o
segundo candle As extensões não são importantes e cor são normalmente
opostosA partir desta imagem pode-se deduzir uma estabilização do mercado,
14
uma pausa que pode ser interpretado como uma tendência de
enfraquecimento de tendência.
1.3.1.5 - Linha de Perfuração / Piercing Line Patern
Figura 8: Figura indicando a formação de uma linha de perfuração.
O primeiro candle é um corpo razoavelmente longo de baixa. O segundo
candle é de alta, abrindo abaixo da mínima do dia anterior e avançando mais
de 50% sobre o corpo do candle anterior. Válido especialmente dentro de uma
tendência de baixa, esta formação necessita de confirmação no candle
seguinte, indica a possibilidade de reversão.
1.3.2 - Padrões de Baixa
Algumas figuras que representam uma tendência de baixa nos preços:
1.3.2.1 - Estrela Cadente / Shooting Star
15
Figura 9: Figura indicando a formação de uma estrela cadente.
Um candle com corpo pequeno, sem sombra inferior e uma grande
sombra superior com pelo menos 2 vezes o tamanho do corpo, a cor do candle
é indiferente. Forte indicação de fim de tendência.
1.3.2.2 – Enforcado / Hanging Man
Figura 10: Figura indicando a formação de um enforcado.
Um candle com corpo pequeno, sem sombra superior e uma grande
sombra inferior com pelo menos 2 vezes o tamanho do corpo. Mercado pronto
para níveis baixos, identificação de fim de uma tendência de alta.
1.3.2.3 – Engolfo de Baixa / Bearish Engulfing
Figura 11: Figura indicando a formação de um engolfo de baixa.
16
O primeiro candle é de alta e tem um corpo pequeno. O segundo candle
é de baixa e tem um corpo mais alongado, abre com preço acima e fecha com
prteço abaixo do dia anterior, cobrindo (engolfando) o primeiro, em sentido
contrário. É a representação exatamente inversa da formada no engolfo de
alta.
1.3.2.4 - Harami de Topo / Bearish Harami
Figura 12: Figura indicando a formação de um harami de topo.
O primeiro dia é um longo candle de alta, o segundo dia é um pequeno
candle de baixa com pouca sombra, que fica totalmente contido dentro do
corpo do candle anterior. Demonstra enfraquecimento da força compradora,
indicando o início de uma tendência de queda.
1.3.2.5 - Nuvem Negra / Dark Cloud Cover
Figura 13: Figura indicando a formação de uma nuvem negra.
17
O primeiro candle é um corpo razoavelmente longo de alta. O segundo
candle é de baixa, com o preço de abertura acima da máxima do dia anterior e
preço de fechamento avançando sobre o corpo do candle anterior, atingindo
mais de 50 por cento de cobertura, indicando mudança de tendência.
1.3.3 - Padrões Ambivalentes
Algumas figuras que representam padrões ambivalentes:
1.3.3.1 - Marobozu
Figura 14: Figura indicando a formação de Marobozu.
É um candle com corpo muito longo, com nenhuma sombra, ou caso
estas estejam presentes, devem ser muito pequenas, insignificantes.
1.3.3.2 - Doji
Figura 15: Figura indicando a formação de Doji.
18
É um candle onde o preço de abertura e de fechamento são idênticos,
ou seja, mesmo tendo ocorrido variações nos preços durante o pregão (tanto
acima como abaixo do preço de abertura), este retrocedeu ao valor inicial no
final do pregão.
1.3.4 - Padrões de Continuação
Algumas figuras que representam manutenção de tendência:
1.3.4.1 - Gap de Alta Tasuki / Bullish Upside Tasuki Gap
Figura 16: Figura indicando a formação de um gap de alta Tasuki.
O primeiro e o segundo candle são brancos e entre eles deve existir um
gap de alta. O terceiro candle é de baixa, abre dentro do candle anterior e
avança para baixo sem fechar o gap aberto.
1.3.4.2 - Gap de Baixa Tasuki / Bearish Downside Tasuki Gap
19
Figura 17: Figura indicando a formação de um gap de baixa Tasuki.
O primeiro e o segundo candle são negros e entre eles deve existir um
gap de baixa. O terceiro candle é de alta, abre dentro do candle anterior e
avança para cima sem fechar o gap aberto.
1.3.4.3 - Linhas Brancas Side-by-Side / Bullish Side-by-Side White Lines
Figura 18: Figura indicando a formação de linhas brancas side-by-side.
O primeiro candle é branco, levemente alongado e pode ter pequenas
sombras. O segundo dia também é um candle branco e abre num gap de alta.
O terceiro dia é semelhante ao segundo, tendo sua abertura e fechamento
alinhado com os do segundo candle, formando dois corpos de alta alinhados.
20
1.3.4.4 - Linhas Brancas Side-by-Side de Baixa / Bearish Side-by-Side White
Lines
Figura 120: Figura indicando a formação de linhas brancas side-by-side de baixa.
O primeiro candle é de baixa com corpo alongado e pode conter
pequenas sombras. O segundo dia é de alta, mas abre em gap de baixa não
conseguindo atingir o fechamento do dia anterior. O terceiro dia é um candle
de alta semelhante ao segundo, tendo sua abertura e fechamento alinhados
aos preços de abertura e fechamento do segundo candle, formando dois
corpos de alta alinhados.
1.3.4.5 - Linha Separatória de Baixa / Bearish Separating Lines
Figura 20: Figura indicando a formação de linha separatória de baixa.
21
O primeiro candle é de alta com pequenas sombras e corpo levemente
alongado. O segundo candle é de baixa e seu preço de abertura coincide com
a abertura do dia anterior, porém ele forma uma nova mínima.
1.3.4.6 - Linha Separatória de Alta / Bullish Separating Lines
Figura 21: Figura indicando a formação de linha separatória de alta.
O primeiro candle é de baixa com pequenas sombras e corpo levemente
alongado. O segundo candle é de alta e seu preço de abertura coincide com o
do dia anterior, porém ele forma uma nova máxima.
1.3.4.7 - Pescoço de Baixa / Bearish On-Neck
Figura 22: Figura indicando a formação de pescoço de baixa.
22
É formado por dois candles. O primeiro é negro, no sentido da
tendência. O segundo é um candle branco que abre com um grande gap de
baixa, porém, avança para cima até chegar próximo do preço de fechamento
do dia anterior sem, contudo, conseguir alcança-lo.
1.3.4.8 - Strike de Baixa / Bearish Three-Lines Strike
Figura 23: Figura indicando a formação de strike de baixa.
É formado por quatro candles. Os três primeiros são candles de baixa
quase idênticos, formando máximas e mínimas mais baixas a cada pregão. O
quarto dia é um longo candle de alta cuja abertura fica abaixo do fechamento
do terceiro dia e o fechamento acima da abertura do primeiro dia, "engolfando"
os três primeiros juntos, se sobrepondo a todos eles.
1.3.4.9 - Strike de Alta / Bullish Three-Lines Strike
23
Figura 24: Figura indicando a formação de strike de baixa.
É formado por quatro candles. Os três primeiros são candles de alta
quase idênticos, formando máximas e mínimas mais altas a cada pregão. O
quarto dia é um longo candle de baixa cuja abertura fica acima do fechamento
do terceiro dia e o fechamento abaixo da abertura do primeiro dia,
"engolfando" os três primeiros juntos, se sobrepondo a todos eles.
24
1.4 – Analisando Tecnicamente
1.4.1 – O Cerne da Análise Técnica
Segundo Fausto de Arruda Botelho na sua obra “Análise Técnica e
Estratégia Operacional do ano de 2004, o Cerne da Análise Técnica (p.25)
está nos seguintes conceitos básicos:
Tendências
Os preços são comandados pela massa de investidores de forma a se
moverem em tendências, os preços não oscilam simplesmente ao acaso, mas
sim em movimentos coordenados tanto para cima, para baixo, quanto para o
lado. Uma tendência de alta é uma sucessão de picos e fundos mais altos,
enquanto que uma tendência de baixa é uma sucessão de picos e fundos mais
baixos. O mercado estará numa tendência de alta quando os máximos e
mínimos vão ficando progressivamente mais altos.
Suporte e Resistência
A massa de investidores fixa os níveis de preço que exerceram
importância psicológica no passado e costumam reagir efetuando compra ou
venda quando o mercado atinge novamente esses níveis. Dependendo do
preço do momento e da tendência, a reação pode ser a mesma ou contrária.
Esse fenômeno de ação e reação a determinados níveis de preço é o que
conhemos como suporte e resistência. No suporte, a pressão da massa
compradora supera a massa vendedora a ponto de interromper um movimento
de baixa ou revertê-lo. Por sua vez a resistência é a região de preços onde a
pressão vendedora supera a compradora gerando interrupção no movimento
de alta dos preços ou uma reversão. São regiões gráficas onde observamos
inflexões no movimento dos preços.
25
Figura 25: Indicação gráfica dos conceitos de Resistência, Suporte e Rompimento.
Formações Gráficas
A massa de investidores possui características e peculiaridades de
comportamentos nos momentos de topos ou fundos de mercado e no meio das
tendências. Desta forma, os movimentos de preços tendem a construir
formações gráficas que refletem um equilíbrio momentâneo entre oferda e
demanda e que tanto podem das continuidade a tendência em curso, como
podem revertê-la.
1.4.2 - Retas e Canais de tendência
Para identificar o rumo e poder determinar que o mercado está em uma
determinada tendência é necessário traçar uma reta de tendência. Para
desenhar esta reta que demonstra a inclinação da direção dos preços, é
necessário unir com uma reta os fundos das reações, no caso de uma
tendência de alta, ou os picos, no caso de uma tendência de baixa. Quanto
maior o número de pontos de que se dispõe para traçar a reta e quanto mais
distantes forem esses pontos entre si, maior será a confiabilidade da reta. Na
análise técnica podemos identificar uma tendência de reversão quando um
26
detrminado topo não consegue ultrapassar o topo anterior, ou quando a linha
de tendência é penetrada ocorrendo seu rompimento. A linha de tendência de
alta pode ser considerada uma linha de suporte de preços de determinada
cotação durante uma tendência de alta e a linha de tendência de baixa pode
ser considerada uma linha de resistência de preços de determinada cotação
durante uma tendência de baixa.
Os princípios apresentados pela Teoria de Dow são descritos por
Botelho (2004, p. 93) e Noronha (1995, p. 03):
Os índices descontam tudo: para Dow, os índices de ações descontam
ou precificam tudo, ou seja, fatos e previsões ou ocorrências que podem fazer
alterar o preço dos ativos; O mercado apresenta três tendências: A mais
importante é a tendência primária que tem duração de um ano ou mais, em
uma direção. As tendências secundárias são correções das tendências
primárias e operam do lado inverso da tendência primária, tem duração de três
semanas a alguns meses. E por fim, a tendência terciária que são as
flutuações diárias, durando aproximadamente de seis dias a três semanas.
As tendências primárias são divididas em três fases: No mercado com
tendência de alta, a primeira fase recebe o nome de fase de acumulação, em
geral na qual os bem informados (insiders) entram no mercado, seguida pela
fase de alta sensível, onde os seguidores entram no mercado, e finalmente
termina na fase de euforia, quando os bem informados saem do mercado,
indicando o término da ultima fase de subida. Quando a fase de euforia perde
força, segue-se a reversão de mercado. A tendência primária declinante é
composta de três fases de baixa, em primeiro começa pela distribuição quando
os bem informados vendem, seguidos pela fase de pânico, quando os
seguidores começam a vender e termina com a fase de baixa lenta, indicando
que o movimento de baixa esta perdendo força.
27
1.4.3 - A Teoria de Dow
O volume acompanha a tendência: com este princípio, a Teoria de Dow
afirma que, o volume dos títulos negociados deve seguir a tendência em curso,
ou seja, numa tendência de alta os volumes crescem quando os preços
aumentam e diminui quando os preços caem. Na tendência de baixa ocorre o
inverso.
A tendência perdura até a confirmação contrária: neste princípio, a
tendência de alta só poderá ser considerada extinta, se após uma sucessão de
topos e fundos superiores, apresentar uma falha, na tendência de baixa ocorre
de modo inverso. De acordo com Noronha (1995, p. 14),“...os preços refletem
o julgamento agregado e a emoção dos participantes do mercado acionário,
ambos sobre preços correntes e potenciais”. A decisão dos investidores
reflete a interação dada pela oferta e procura de ativos, esta determina a linha
de preços, que por sua vez, ao longo do tempo forma cada fase exposta pela
teoria.
1.4.4 – A Teoria das Ondas de Elliot
A Teoria das Ondas de Elliot complementa a Teoria de Dow. Enquanto
Dow descreve a formação de tendências, Elliot observa, com base nos estudos
de Dow, a formação de ondas no mercado. Para Elliot, a aparente
desorganização da movimentação dos preços no mercado não existe, mas sim
um padrão contínuo e repetitivo. Fundamenta ainda que a Teoria das Ondas
possui duas bases distintas, uma filosófica e outra matemática. (NORONHA
1995, p. 253).
A base filosófica da Teoria é representada pela busca de mais
explicações para a Teoria das Ondas. Com a idéia de ondas formada, Elliot
28
começou a pesquisar, em outras ciências, explicações para fundamentar a
natureza e a ocorrência dos padrões de ondas identificados.
No último trabalho publicado, Natures Law – The Secret of Universe,
Elliot fundamentou as conclusões a respeito da formação de ondas no
mercado acionário. As conclusões geradas foram fundamentadas, em parte,
por uma constatação de que a natureza apresenta ciclos. Frost e Robert
(2001, p. 95) descrevem os ciclos Lunares, os ciclos do Sol, o movimento de
rotação da Terra, o ciclo de vida de um ser vivo, o ciclo das marés, enfim, tudo
na natureza parecia obedecer a um ciclo pré-determinado e recorrente para
Elliot.
Nenhuma verdade encontra mais aceitação geral do que
a de que o universo é regido por leis. Sem leis haveria o
caos, e onde existe o caos, nada existe. Navegação,
química, aeronáutica, arquitetura, rádio transmissão,
cirurgia, musica – a variedade de arte e ciência – tudo
funciona, em consonância com as coisas animadas e
inanimadas, sob a lei porque a própria natureza funciona
desse modo.Desde que o próprio caráter da lei é ordem,
ou constância, segue-se que tudo o que aconteceu se
repetirá e pode ser previsto se conhecermos a
lei.(ELLIOT, apud NORONHA, 1995,p. 253).
Se o homem é quem movimenta o mercado, por meio de decisões de
compra e venda de ativos, o movimento do mercado é o reflexo das ações
tomadas por eles. Por outro lado, se o homem é um animal racional, pertence
ao conjunto de seres da natureza. Uma vez o homem pertencendo à natureza
e se a natureza é regida por leis, pode-se admitir que o homem é regido pelas
leis existentes na natureza. Logo, o mercado que é movimentado por seres
humanos, está sujeito às leis da natureza.
Para Elliot (ELLIOT, apud NORONHA, 1995, p. 254), o argumento
exposto acima, referente à idéia de que as leis da natureza influenciam as
29
atitudes dos homens é aceita. Se a natureza é formada por ciclos, pode-se
inferir que forças naturais agem ciclicamente nos homens. O movimento de
mercado, que é criado pela interação de agentes investidores (homens)
atuando na compra e venda de ativos, gera a oferta e demanda por títulos, que
por sua vez determinam o preço dos ativos financeiros. O conjunto dos preços
de fechamento, em determinadas datas, forma, ao longo do tempo, uma linha
representativa da evolução dos preços. Esta linha, na teoria da onda de Elliot,
forma um conjunto de ondas que agrupadas determinam um ciclo. O ciclo é
formado por oito ondas, sendo que cinco compõem o desenvolvimento de alta
e três o desenvolvimento de baixa. Tanto no ciclo de alta quanto no ciclo de
baixa aparecem as ondas propulsoras e as ondas corretivas. (FROST;
PRECHTER, 2001, p. 22)
De acordo com Frost e Prechter (2001, p. 21), o desenvolvimento das
ondas, são divididas em ondas propulsoras (de alta) e ondas corretivas (de
baixa). As ondas propulsoras caracterizam-se por impulsionar o mercado e as
ondas corretivas por corrigir ou ajustar os movimentos de alta, ou seja,
representam um movimento de queda.
Figura 26: Ciclo completo. Após cinco ondas (1, 2, 3, 4 e 5) no sentido da tendência
principal ocorreram três ondas (a, b e c) no sentido contrário. Fonte: Botelho (2004, p.78)
30
O ciclo de alta é constituído de três ondas propulsoras e duas
corretivas, enquanto o ciclo de baixa é formado por duas ondas corretivas e
uma propulsora, conforme demonstrado na Figura y. Foi este o principal
padrão encontrado, ou seja, a formação de um ciclo completo da onda pela
Teoria das Ondas de Elliot.
A Teoria das Ondas de Elliot tem a explicação matemática,
fundamentada nas descobertas realizadas por um matemático do século XI
chamado Leornardo Fibonacci, responsável, entre outras coisas, por dar início
a substituição do uso dos algarismos romanos pela numeração utilizada nos
dias de hoje.
Elliot buscou dar exatidão ao padrão de Ondas identificado durante
suas pesquisas. Acreditava que, em virtude dos movimentos recorrentes na
natureza, tratando-se de ciclos, uma explicação matemática para a ocorrência
das ondas deveria existir.
31
1.5– Demonstrações Práticas das Oscilações de Preços
A cada período em seu fechamento, candles estarão sendo formados e
diferentes figuras poderão nos indicar variadas situações como demonstrado
anteriormente na unidade 3 – Interpretando as Figuras dos Gráficos. Algumas
amostras foram pesquisadas e demonstraram confiabilidade no proposto pela
Análise Técnica, pois tiveram suas confirmações, conforme apresentado nas
figuras a seguir:
Figura 27: Doji em PETR4 – Petrobras, com posterior confirmação
Figura 28: Enforcado em AMBV4 – Ambev, com posterior confirmação
32
Figura 232: Engolfo de Alta em VALE5 – Vale, com posterior confirmação
Figura 30: Harami de Fundo em BBAS3 – Banco do Brasil, com posterior confirmação
Figura 31: Nuvem Negra em BVMF3 – BM&FBOVESPA com posterior confirmação
33
Figura 32: Marobozu em ITUB4 – ItauUnibanco
Figura 33: Martelo em DJI – Índice Dow Jones, com posterior confirmação
1.5.1 – Uma informação antecipada que desperta atenção.
Este é o gráfico do índice da Bolsa de Valores de Nova York, Dow Jones,
no período que antecedeu ao atentado terrorista que ocorreu em 11 de setembro de
2001.
34
Figura 34: Gráfico do índice da Bolsa de Valores de Nova York, no período de Junho a
Setembro de 2001
É levantado por alguns participantes do mercado que as consecutivas
quedas e a figura Doji formada na véspera do que viria a ser o maior atentado
terrorista da História tenha sido causado por uma maciça retirada de capital por
grandes investidores do mundo árabe.
35
Figura 35: Gráfico do índice da Bolsa de Valores de Nova York, no período de Junho a
Setembro de 2001, incluindo o período pós-atentado
Independente do que veio a acontecer no dia 11 de setembro de 2001, o
investidor atento simplesmente ao que o gráfico já havia informado, não iria passar
pela desvalorização que se deu a partir do dia 17 de setembro, dia em que a Bolsa
de Nova York retornou as suas negociações.
36
1.6 - INDICADORES
Existem dois tipos de indicadores, são eles os rastreadores de
tendências, que são usados para identificar reversões de tendências
principais, de longo prazo e costumam funcionar muito bem, desde que o
mercado esteja com numa tendência definida. E os osciladores, que são
utilizados para identificar mudanças na direção dos movimentos secundários,
aqueles que ocorrem durante o período de acumulação, correção ou reação
das tendências principais.
O analista que utiliza os indicadores precisa inicialmente saber se o
mercado em que opera está ou não em tendência. Segundo Botelho (2004,
p.145) para identificar se o mercado está ou não com uma tendência definida,
foi elaborado por J. Welles Wilder e descrito no livro “New Concepts in
Technical Trading Systems” uma técnica que através do DMI (Indicador de
Movimento Direcional) pode-se saber qual indicador a ser utilizado.
1.6.1 – Médias Móveis
As médias móveis são utlizadas como ferramentas de acompanhamento
de tendências e tem como principal objetivo a indicação da mudança ou
reversão das mesmas, proporcionando a possibilidade de capturar os grandes
movimentos.
1.6.1.1 Média Móvel Aritimética
Por definição, média é o quociente de qualquer soma dividida pelo
número de seus itens. Portanto, a média de dez dias do preço de fechamento
de uma determinada mercadoria ou ação, é a somatória do fechamento dos
últimos dez dias divididas por dez. Para que esta média se torne móvel, a cada
dia acrescenta-se à somatória o valor de fechamento do novo dia e exclui-se
da somatória o valor do fechamento mais antigo, mantendo a nova divisão por
dez.
37
1.6.1.2 Média Móvel Exponencial
A principal característica da média exponencial é que ela é uma média
mais rápida, ou mais sensível a variação dos preços mais recentes. De
maneira análoga, podemos concluir que a média aritmética é uma média mais
“lenta”.
Isso não significa que uma seja melhor que a outra, são apenas
características distintas e cabe ao operador escolher qual melhor se adéqua
de acordo com seu perfil, o perfil do ativo escolhido ou ainda o prazo da
operação.
Para identificar-se qual das médias móveis utilizar, podemos adotados
os seguintes conceitos básicos:
1.6.1.3 - Cruzamento de médias
Sinais de compra e venda podem ser configurados através do
cruzamento de uma ou mais médias móveis.
Figura 36: Gráfico demonstrativo do cruzamento de médias móveis
38
No gráfico temos uma média móvel aritmética (MMA) de 50 períodos em
verde e uma média móvel exponencial (MME) de 21 períodos em azul. Quando
a média 21 (azul) cruza a média 50 (verde) de cima para baixo temos um sinal
de venda (seta vermelha), e quando a média 21 cruza a média 50 de baixo
para cima temos um sinal de compra (seta verde).
Podemos combinar e testar vários períodos e tipos de médias. E por
que utilizar uma média aritmética combinada com uma média exponencial?
Essa é uma metodologia para compensar uma deficiência comum nas médias
móveis. Temos uma MMA de 50 períodos, que como já vimos é uma média
menos sensível as variações de preço do ativo, e uma MME de 21 períodos
mais sensível, isto é, com resposta mais rápida. A idéia é compensar o atraso
da MMA50 com a rapidez da MME21. Vale lembrar que isso pode funcionar
muito bem para determinado ativo, como vimos no exemplo, mas nem tanto
para outro ativo. Testes e estudos mais aprofundados são necessários.
Além do cruzamento entre as médias, o cruzamento das barras de preço
com as médias também pode indicar sinais de possíveis reversões.
1.6.1.4 - Identificar e Confirmar uma Tendência
Utilizando as médias móveis mais longas é possível identificar ou
confirmar uma tendência, bastando saber se os preços estão acima ou abaixo
da média móvel.
39
Figura 37: Identificação de tendência através da análise de média móvel
No gráfico temos uma MME de 200 períodos. Notamos que enquanto os
preços estão acima da média, a tendência é de alta, e enquanto estão abaixo
da média, a tendência é de baixa.
Como médias mais longas possuem a característica de serem mais
“atrasadas”,uma alternativa é combinar mais de uma média longa a fim de
tentar captar momentos de entrada e saída com maior antecedência, ou ainda
para servirem de alerta. Médias entre 100 e 200 períodos são consideradas
excelentes opções. Noronha (1995, p. 03).
Essa característica mais lenta das médias mais longas pouco importa
para o investidor de longo prazo. Comprar ou vender o ativo com algumas
semanas de antecedência não faz a menor diferença para quem pretende
investir por longos anos.
1.6.1.5 – Médias móveis como indicativo de suporte e resistência
Outra função clássica das médias móveis é servir de suporte e
resistência. Quando os preços se aproximam de uma média móvel inferior em
uma tendência de alta, os compradores tendem a ganhar força. Da mesma
maneira, quando os preços se aproximam de uma média móvel superior em
uma tendência de baixa, os vendedores tendem a ganhar força.
40
Figura 38: Identificação de suporte e resistência através da análise de média móvel
Repare como no gráfico a MME21 serve de suporte nos pontos
representados pelas setas verdes e de resistência nos pontos representados
pelas setas vermelhas.
A escolha de qual média móvel utilizar vai depender das características
da operação e de cada investidor, do prazo da operação, da volatilidade do
ativo, entre outros fatores.
Para um ativo muito volátil, é mais recomendável escolher uma média
móvel um pouco mais longa, para tentar evitar falsos rompimentos, pois
geralmente com médias mais curtas os preços rompem a média, e logo
retornam para “dentro” dela, gerando sinais falsos.
Da mesma maneira, para ativos menos voláteis e com tendência melhor
definida, faz mais sentido usar médias mais curtas, que acompanhem os
preços mais de perto. Conheça alguns períodos bastante utilizados:
Curto prazo: de 3 a 21 períodos, geralmente 3, 5, 8, 9, 14, 20 e 21.
Médio prazo: de 50 a 100 períodos, geralmente 26, 50, 70 e 100.
Longo prazo: de 100 a 252 períodos, geralmente 100, 126, 150, 200 e 233.
Outra questão importante é saber as diferentes características de cada
média ao escolhê-las. Vejamos um exemplo com três médias com períodos
diferentes:
41
Figura 341: Comparação de médias móveis
Em vermelho temos uma MME20, em azul uma MMA50 e em verde uma
MME233. Repare como os preços ultrapassam a MME233 (verde) bem depois
de terem ultrapassado as MME20 (vermelha) e MMA50 (azul). Como já vimos,
para um investidor de longo prazo tal tempo pode não fazer muita diferença,
mas para um investidor de médio prazo pode significar uma diferença bastante
grande.
O sinal de compra dado pelo cruzamento das médias vermelha e azul
poderia ter sido aproveitado por qualquer tipo de operador. Um investidor
atento teria percebido que logo após esse sinal o ativo começou a formar
topos e fundos ascendentes, indicando o início de uma nova tendência de alta,
bem antes dos preços chegarem a cruzar a média verde (MME233).
É recomendado sempre utilizar mais de um parâmetro ou indicador para
balizar as operações, nunca deve-se prender a apenas um deles. Por outro
lado, não é interessante utilizar indicadores em excesso, pois os sinais de uns
podem anular os sinais de outros. Saber balancear essa relação é uma das
características que diferem um bom analista gráfico.
1.6.2 – IFR - Índice de Força Relativa
42
O IFR, Índice de Força Relativa, é um dos mais populares indicadores
osciladores utilizados na análise gráfica. Seu criador, John Welles Wilder, o
apresentou pela primeira vez em 1978 na Commodities Magazine, atualmente
conhecida como Futures Magazine, e posteriormente veio a detalhar o seu
cálculo no livro “New Concepts in Technical Trading Systems”. O IFR compara
a média dos recentes ganhos com a média das recentes perdas de um ativo, e
seu resultado varia de 0 a 100. O autor sugere 14 períodos para sua análise,
porém, atualmente, os períodos 9 e 25 são muito utilizados no mercado. O
nome em inglês do indicador também é bastante conhecido; RSI – Relative
Strength Index.
Dentro do intervalo de 0 a 100 o autor propõe que acima de 70 o
mercado apresenta níveis sobrecomprados (overbought), e abaixo de 30 níveis
sobrevendidos (oversold). Acima de 70 o mercado está “exausto” para
continuar subindo, com preços mais caros, indicando que uma possível queda
está por vir, e abaixo de 30 está “exausto” para continuar caindo, preços mais
baratos, indicando que uma possível alta está por vir. Alguns analistas
substituem o intervalo de 30-70 pelo intervalo de 20-80, assumindo uma
postura mais conservadora e buscando um maior índice de acertos, em
detrimento de menos setups de entrada para trades. Por ser um indicador
oscilador, esses níveis de IFR funcionam melhor em mercados laterais. Não é
indicado utilizar essa mesma analise para mercados com fortes tendências
definidas.
43
Figura 40: Demonstração gráfica do IFR
Na imagem temos o gráfico da ação trabalhando dentro de um intervalo
lateral definido pelas retas azuis tracejadas, e o gráfico do IFR com as retas de
30 e 70 plotadas.
Nota-se claramente que toda vez que o valor do IFR se aproximou da
zona de sobrecomprado 70, círculos vermelhos do IFR, o mercado fez topos,
círculos vermelhos do gráfico da ação, e toda vez que se aproximou da zona
de sobrevendido 30, círculos verdes do IFR, o mercado fez fundos, círculos
verdes do gráfico da ação.
O gráfico do IFR, assim como o gráfico dos preços das ações, aceita
muito bem as ferramentas e figuras básicas da análise técnica, como retas de
suporte e resistência e figuras de reversão.
É recomendado identificar suportes, resistências, linhas de tendência,
figuras de reversão no gráfico do IFR. É comum que essas figuras apareçam
claramente no gráfico do IFR, mas não sejam notadas no gráfico das ações,
passando despercebidas. Nesses casos, o operador que consegue identificá-
44
las no IFR leva vantagem perante os demais, e pode se posicionar com
antecedência e tirar proveito de possíveis movimentos de reversão
Alguns analistas consideram que o principal uso do IFR seja identificar
possíveis divergências no gráfico de preços das ações. Uma divergência
acontece quando, por exemplo, temos topos ascendentes no gráfico de preços
que não são confirmados pelo gráfico do IFR. É como se o IFR discordasse do
gráfico de preços e nos emitisse um alerta de que aquele movimento pode ser
um movimento fraco, prestes a reverter sua tendência anterior. O contrário
também é válido, ou seja, se o gráfico de preços apresentar fundos mais
baixos, mas o gráfico do IFR apresentar fundos mais altos, pode ser um indício
de uma possível reversão nos preços. Para uma tendência ser revertida é
necessário que haja uma clara tendência em andamento, além de também ser
necessário um sinal definitivo de reversão, como explicado na Teoria de Dow.
1.6.3 – As Bandas de Bollinger
As bandas de bollinger foram criadas por John Bollinger durante os
anos 80 e são importantes indicadores da volatilidade de um ativo. São
apresentadas em três linhas distintas. A linha central representa uma média
móvel, que por padrão é uma média simples de 20 períodos, e as outras duas
linhas (superior e inferior) representam dois desvios padrão, para mais e para
menos em relação à média. Essa é a configuração padrão do indicador, mas o
operador pode alterar a periodicidade da média, e também a quantidade de
desvios padrão, de acordo com o que julgar mais adequado para seus trades.
É interessante aprofundar num próximo trabalho o que é desvio padrão para
detalhar melhor como as bandas de bollinger funcionam e o que elas têm para
oferecer em termos de análise e probabilidades.
45
1.6.3.1 – Aplicações Clássicas das Bandas de Bollinger
1.6.3.1.1 – Estreitamento das Bandas
Um dos usos básicos das bandas de bollinger diz respeito ao
estreitamento das bandas e indica que, quando isso acontece, a volatilidade
do ativo em questão diminui bastante. Isso representa que uma forte reversão,
para cima ou para baixo, está por vir e que, conseqüentemente, a volatilidade
deverá aumentar após esse rompimento. Abaixo um exemplo:
Figura 41: Estreitamento das Bandas de Bollinger
Note as setas azuis mostrando um período de estreitamento bastante
acentuado, representando que um forte aumento da volatilidade está por vir,
fato que foi confirmado logo em seguida quando os preços dispararam para
cima. Essa imagem também nos mostra outro conceito sobre as bandas de
bollinger chamado de “walking”, que nada mais é que uma “caminhada” dos
preços junto a uma das bandas. No caso do exemplo, um walking de alta
(banda superior).
46
1.6.3.1.2 – Fechamento Fora das Bandas
Outra aplicação clássica das bandas de bollinger é quando os preços
fecham fora das bandas.
Quando um preço fecha fora da banda e no dia imediatamente seguinte
volta a fechar dentro da mesma é gerado um sinal de compra em caso de
banda inferior, e de venda em caso de banda superior. Os objetivos de
realização de lucros são:
Primeiro objetivo: no retorno à média. Segundo objetivo: na banda oposta.
Veja um exemplo:
Figura 42: Fechamento fora das Bandas de Bollinger
A seta azul indica um fechamento fora da banda de bollinger inferior e o
fechamento imediatamente seguinte dentro da banda. Essa configuração gera
uma entrada com primeiro objetivo na média (seta vermelha).
1.6.4 – Combinando Indicadores
47
Saber combinar indicadores no mercado financeiro é considerado um
grande diferencial segundo Brock (1992). Uma das combinações mais
poderosas em análise técnica é a união das bandas de bollinger com o uso do
IFR (Índice de força relativa). Em seus estudos, John Bollinger notou que
quando os preços fechavam acima da banda superior e o IFR estava abaixo de
70, a tendência era forte e novas máximas estariam por vir. De maneira
análoga, quando os preços fechavam abaixo da banda inferior e o IFR estava
acima de 30, então a tendência era forte, só que dessa vez para baixo, e
novas mínimas estariam por vir. O momento de saída do trade também era
determinado através do IFR.
Figura 43: Análise Técnica mostrando a combinação de indicadores
Repare que a seta azul superior indica um fechamento fora da banda
superior após um período de estreitamento das bandas com IFR abaixo de 70
(seta azul inferior). Logo após essa formação os preços iniciam uma forte
tendência de alta, que gera um walking na banda superior.
A saída do trade é dada pelo IFR, quando este rompe a linha de 70 para
baixo, indicando fraqueza da tendência de alta (seta vermelha inferior) e os
preços começam a se distanciar da banda superior (seta vermelha superior).
48
Neste caso, no momento da indicação de saída, os preços estavam distantes
da média móvel de 20 períodos, o que reforçava ainda mais a possível queda
em direção à média.
Figura 44: Análise Técnica mostrando a combinação de indicadores
A entrada no trade se dá quando os preços fecham acima da banda
superior (seta azul superior) com IFR abaixo de 70 (seta azul inferior) após um
período de estreitamento bastante acentuado. Dessa vez o IFR ficou acima da
zona de 70 por um longo período, explicitando a força da nova tendência que
se iniciava (retângulo tracejado vermelho). Diferentemente do exemplo
anterior, quando o IFR rompe a reta de 70 para baixo (seta vermelha inferior),
o que poderia indicar perda de força da tendência de alta, os preços não estão
mais muito distantes de sua média de 20 períodos, ou seja, a partir desse
ponto a média móvel de 20 períodos serviu como suporte.
Uma vez estando dentro do trade, fatores como emoção, disciplina e
controle de risco fazem muita diferença e podem desestabilizar qualquer
operação. Por estes motivos, é importante traçar uma estratégia bem definida,
49
com pontos de entrada, realização total ou parcial de lucro e ponto de saída,
antes de assumir uma posição.
50
II. CONCLUSÃO
Quando o analista técnico visualiza um gráfico, está considerando a
maneira segundo a qual a massa de investidores foi influenciada e interpretou
todos os fatores fundamentais, inclusive aqueles que só são do conhecimento
dos insiders e também aqueles piscicológicos. Assim sendo, se o analista
técnico considerar algum fator que está influenciando os preços, estará na
verdade considerando novamente esse fator, ou seja, considerando-o
duplamente, o que invalida sua análise técnica.
Se podemos definir análise técnica com uma palavra, esta palavra será
tendência. Todos os invetidores que entram em commodities ou ações
esperam ganhar oprando de acordo com a tendência, seja ela de algumas
horas, dias, meses ou anos. O propósito da análise técnica é o de identificar e
avaliar tendências com o objetivo de obter lucro com o movimento futuro dos
preços, identificar a direção de uma tendência e constatar sua reversão no
momento em que ocorrer.
Mas somente com a análise dos gráficos, sem o complemento de uma
ferramenta estatística ou estudos que indiquem, além das linhas de tendência
e os traçados de canais com suportes e resistências, o volume de negociação
e momento mudança de tendência, fica pouco confiável encontrar o momento
mais adequado para se assumir uma posição.
Podemos constatar este problema observando o gráfico da Vale num
intervalo de 15 meses entre 2008 e 2009. A decisão do momento certo para
entrar no mercado fica bem difícil, principalmente num período de crise
internacinal como este, sem o apoio de um estudo indicativo.
51
Figura 45: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5
Nesta figura observamos uma Doji formada no dia 19 de maio de 2008,
com o preço de fechamento de R$58,70 por ação. Esta é uma indicação nitida
de que este é o momento de saída do mercado.
Figura 46: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5
52
Confirmando a Doji de 19 de maio, tivemos uma sequência de vários
pregões de queda, com o preço chegando a R$46,99 e uma figura que poderia
ser de enfraquecimento da força vendedora. Seria este o melhor momento
para compra?
Figura 47: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5
A decisão anterior se fosse tomada sem a confirmação de um outro
indicador teria sido precipitada, com o investidor tendo perdas por 2 meses
consecutivos, com o papel agora desvalorizado, valendo R$34,60.
Mais uma vez observamos uma figura que poderia atrair a atenção de
alguns investidores no dia 12 de agosto. Para uma ação que custava em maio
R$58,00 poder comprá-la em agosto por R$34,60 não parecia ser mau
negócio.
53
Figura 48: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5
Após 12 de agosto ocorreram 2 pregões de alta, possível para ganhos
com uma operação de swing trade. Mas com a tendência ainda de queda, mas
com inclinação menos acentuada. Seria a figura formada no dia 6 de outubro o
indício do fim do período de queda? Entrando abaixo dos R$27 já seria
razoavel ou este martelo vindo após um considerável gap estaria errado e o
preço continuaria a cair?
54
Figura 454: Estudo de caso - Análise Técnica VALE5
Esta ação teve uma valorização de mais de 50% um ano após o
martelo da imagem anterior, porém o momento melhor para entrar no mercado
poderia ter sido mais facilmente identificado.
Podemos ver que em algumas oportunidades a figura gráfica dava a
entender que o momento seria propício para compra, mas que com o
demonstrado na imagem posterior constatamos que o momento ainda não era
aquele.
A análise técnica pode nos indicar com o movimento passado de
preços, oportunidades de ganho no futuro. Mas nunca se deve basear uma
decisão com apenas um indicador isolado.
Em negociações com os mercados de risco não existem garantias para
lucro. Prejuizos podem acontecer e algumas vezes acontecem. Por este motivo
todo investidor é advertido de que a rentabilidade passada não é garantia de
rentabilidade futura, mas formações de preços do passado podem sim fornecer
informações para um possível futuro com lucro.
55
56
III. ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> Entrevista com Fausto de Arruda Botelho
Anexo 2 >> Entrevista com Márcio Noronha;
57
ANEXO 1
ENTREVISTA
Com o Analista Técnico Fausto de Arruda Botelho ao Site Papo de Bolsa
www.papodebolsa.com.br em JUN/2010
Nas mais de três décadas dedicadas ao mercado de renda variável
Botelho é reconhecidamente um dos profissionais bem conceituados do país.
Regularmente ministra cursos sobre Análise Técnica e participa
frequentemente da Expo Money (exposição de produtos e serviços do mercado
financeiro), seja como palestrante ou expositor. Na entrevista abaixo, aborda
vários temas como tendência do mercado, a preferência pela compra nas
proximidades dos suportes e análise técnica.
As notícias respondem aos gráficos, ou os gráficos seguem as
notícias?
As notícias estão embutidas nos gráficos! Um gráfico nada mais é do
que o espelho do comportamento do que eu chamo de Massa. A Massa é a
média das opiniões de todos os participantes do mercado, ponderada em
função do poder de fogo de cada participante. É a Massa que comanda os
preços de qualquer ativo e os gráficos espelham o comportamento da Massa.
Quando eu olho um gráfico entendo que estou interagindo com o
comportamento da Massa. Essa interação visual que faço como analista
técnico muitas vezes me dá indicações absolutamente lógicas sobre o
comportamento futuro da Massa (ou dos preços).
Posso afirmar com muita certeza que os gráficos comandam o
processo, pois as noticias assim como nós as conhecemos, via, rádio e
televisão e até as agências de notícias em tempo real, são muito atrasadas em
relação ao mercado. Há um dito popular nos mercados que diz que se deve
“Comprar no boato e vender no fato”, isso porque quando a notícia vem os
mercados geralmente já haviam descontado seus efeitos em função da
expectativa da notícia e quando ela chega, muitas vezes a influência sobre os
mercados é inversa.
58
Em seus mais de 30 anos de mercado havia presenciado crise
similar a esta de 2008?
Sim, sendo que pelo menos até agora a atual crise ainda foi bem
menor do que as duas anteriores. Com base no gráfico do Ibovespa indexado
em Dólar, a crise atual resultou em uma queda de 72% e até agora está
durando pouco menos de 2 anos, nada comparado com as duas últimas.
Em 1986 a Bovespa (indexada em dólares) caiu 89% em um ano e
meio, recuperou a partir de início de 1988 e até junho de 1989 quando ocorreu
o caso Naji Nahas mas não conseguiu fazer um novo topo e depois caiu de
novo até início de 1991 quando um novo fundo foi atingido, perfazendo uma
queda de 1986 a 1991 de 91%. A queda a partir do topo de 1986 foi, portanto
de quase cinco anos, de abril de 1986 a janeiro de 1991 e a bolsa brasileira
demorou quase oito anos para chegar novamente no topo de 1986, o que
ocorreu somente no início de 1994.
Em 1997 após a crise da Ásia, o Ibovespa caiu inicialmente 75% até
início de 1999 quando “pegou carona” com a alta das ações “ponto com” tendo
subido até o estouro da bolha do Nasdaq em 2000, onde ocorreu um topo
inferior ao de 1997. A seguir os preços caíram de novo, desta vez 80% até um
fundo ocorrido em outubro de 2002, bem inferior ao de 1990. O resultado é
que a queda de 1997 a 2002 foi de 83% e os preços demoraram novamente
oito anos para voltar ao topo de 1997.
Como se vê essa crise foi pelo menos por enquanto bem menor do que
as últimas duas. Eu falo por enquanto porque acredito que a crise ainda não
acabou e que como ocorreu nas duas últimas, teremos o Ibovespa fazendo
novas mínimas antes de romper o topo de maio de 2008 que, aliás, está bem
perto dos níveis atuais de preço.
Qual período gráfico considera mais importante para as
operações?
Em meus cursos costumo dizer que o investidor será tão mais escravo
de um terminal de cotações, quanto menor for o tempo gráfico que
acompanha. Em meu entender, é péssimo para o estado emocional de
qualquer Trader acompanhar os mercados o dia todo, olhando para um
59
terminal de cotações. Considere que eu posso falar isso com muita
propriedade, pois minha empresa tem como produto principal um terminal de
cotações.
Existem coisas que a vida proporciona que reputo como muito
melhores do que passar o dia inteiro (são 8 horas de pregão todo dia) com os
olhos “pregados” em um terminal de cotações. Fazer esporte para citar uma
dentre várias.
A recomendação que faço para meus alunos é a de que operem no
gráfico diário, no qual os “ruídos” são menores e pode-se ter uma boa idéia
das tendências de médio e longo prazo. Os stops ficarão mais longe de seus
preços de entrada, mas usando-se um bom método para controle de risco tal
como o “Método ComStop” (antigo Método Enfoque), o resultado do eventual
sucesso pode ser o mesmo ou até maior do que operando muito mais vezes
com gráficos Intraday.
As melhores compras são realizadas nos suportes ou após os
preços venceram resistências?
Sempre prefiro comprar perto de um suporte contra comprar após o
rompimento de resistências, pois no primeiro caso o stop certamente fica mais
próximo e posso comprar uma quantidade maior do ativo com o mesmo risco.
Isso significa que meu potencial de lucro na operação em questão sobe e
minha estatística trabalha com mais folga para garantir o meu sucesso no
longo prazo.
Eis as minhas regras para comprar perto de um suporte:
1) Espere o mercado lhe dizer que está encontrando suporte. Essa
reta horizontal traçada no seu gráfico por você, que coincide com topos e ou
fundos históricos é onde você “acha” que o mercado deve encontrar suporte.
Contenha a sua ansiedade e espere que ele, o Mercado lhe diga onde
exatamente (em que nível exato de preço) está encontrando o suporte em
questão.
2) Espere mais um pouco (que significa conter ainda mais a
ansiedade) para que o mercado lhe diga ainda que não vai romper o suporte.
Ele lhe dará essa informação com uma boa formação de candlestick.
60
3) Só então compre e tenha a satisfação, a seguir, de perceber que o
seu stop poderá ser colocado logo abaixo do suporte em questão, ou seja,
muito próximo do seu preço de compra.
Que conselhos o senhor daria para investidores recém
ingressados no mercado?
Qualquer profissão requer anos de estudo. Não espere que irá ter
sucesso no mercado sem a devida instrução. É claro que existe um “know how”
que tem que ser dominado para se ter sucesso. Nos mercados entretanto a
grande maioria dos principiantes tendem a achar, por diversos motivos, que é
simples operar e ter sucesso. Ledo engano eu posso afirmar!
Se você vai mesmo se aventurar sem ter uma instrução bem maior do
que a que pode lhe trazer um curso de um final de semana, então pelo menos
faça um seguro contra perder uma parcela muito grande do seu capital ou até
mesmo o seu capital todo (e muitas vezes até mais do que o capital inicial
como já vi acontecer diversas vezes). Para esse caso, aqui vão as minhas
recomendações:
• Aprenda a gerenciar o seu capital, o que os americanos chamam de
“Money management”
• Aprenda a controlar o risco de cada posição que fizer de maneira que
os eventuais prejuízos sejam apenas uma parcela muito pequena do seu
capital total.
. Tenha em conta que se perder 20% do seu capital, precisará ganhar
¼ do novo capital (25%) somente para voltar a ter o capital inicial e isso é o
que os profissionais ganham no período de um ano!
61
ANEXO 2
ENTREVISTA
Com o Analista Técnico Márcio Noronha ao Site Papo de Bolsa
www.papodebolsa.com.br em JUN/2010
Noronha iniciou no mercado de renda variável em 1967, tornando-se
dos mais conceituados analistas gráficos do Brasil. Consultor e gestor de
recursos financeiros, desde 2008 atua como Home Broker da Link
Investimentos. Formado em economia é também autor da “Timing“, a primeira
revista eletrônica do país, e do livro “Análise Técnica: Teorias, Ferramentas e
Estratégias“.
O que o levou a escolher a análise técnica para conduzir suas
operações?
Uma sequência de perdas com opções no início de 1984 coincidindo
com o conhecimento de Peter Gillinghan, um analista técnico inglês que tinha
vindo para o Brasil tentar a sorte e passava os dias assistindo o pregão na
sala de clientes da minha corretora. Ele sugeriu que eu lesse o seu livro de
cabeceira “Timing – Uma Nova Estratégia Diária de Maximização dos Lucros
no Mercado de Ações” de Joseph Granville. Foi amor à primeira vista.
Qual o tipo de operação o senhor realiza com mais freqüência em
seus negócios e como costuma definir a estratégia para entrada, saída e
controle de risco?
Faço dois tipos de operações. No dia-a-dia, concentro 90% do meu
capital bursátil, fazendo “operações de posição”, nas quais busco permanecer
o maior tempo possível surfando uma tendência. No outro tipo, em vez de
operar opções prefiro colecionar ações com simetrias potencialmente altistas.
No primeiro caso, utilizo a simetria e as distâncias entre os suportes e as
resistências para definir a estratégia operacional. Normalmente utilizo o fundo
anterior como estope para as compras e o topo anterior para estopar as
vendas. Em nenhum momento tenho uma exposição de risco superior a 3% do
62
meu patrimônio bursátil. No segundo, não uso estope, apenas guardo na
gaveta.
Quais as lições mais relevantes aprendidas em sua vida como
operador?
Primeiro e mais importante: Sem disciplina e estope não se vai longe.
Segundo: Evitar tomar decisões operacionais influenciado pela mídia.
Terceiro: Não depender do dinheiro utilizado nas operações para pagar as
contas no final do mês. Caso contrário, pressionado emocionalmente,
dificilmente conseguirá ser disciplinado.
O senhor diz admirar os trabalhos dos analistas Joseph Granville
e Jim Sloman. Qual a contribuição marcante desses profissionais?
O Granville me mostrou como fazer uma leitura correta dos
fundamentos técnicos do mercado e, sobretudo, a vê-lo como um Jogo. O
Sloman me fez ver o Tabuleiro onde o jogo é jogado e como movimentar-me
de forma mais eficiente sobre ele.
Quais os erros mais comuns daqueles que operam mercados?
Operar por conta própria sem nenhum conhecimento.
Ficar congelado quando a operação não está evoluindo de acordo com o
esperado.
Alavancar no mercado a termo e de opções.
A análise técnica se mostra eficiente para operar prazos menores
que vão do curtíssimo ao curto prazo, e até mesmo o MP. É possível
obter sucesso construindo uma carteira de longo prazo utilizando-se
apenas deste método?
A análise técnica funciona em qualquer periodicidade. Tanto serve
para operar gráficos tic-a-tic como gráficos mensais ou anuais. O que vai
mudar são os parâmetros de estope. Numa visão de curtíssimo prazo o estope
deve ficar o mais próximo possível do preço corrente enquanto numa visão de
longo prazo deve ficar suficientemente afastado do preço corrente para
permitir que o mercado trabalhe sem que seja atingido pelas correções de
curto prazo ou pelos ruídos externos.
63
Como vê o desempenho dos índices Ibovespa e Dow Jones no
médio e longo prazo?
No momento estou em descompasso com as condições atuais do
mercado. Vejo números conflitantes que me impedem fazer uma avaliação com
convicção. Creio que só mesmo com mais algum tempo de desdobramento
poderei fazer uma leitura que faça sentido, mas não sei dizer quanto tempo
mais será necessário para que tudo entre em harmonia.
64
IV. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Murphy, John J.: Technical Analysis of the Financial Markets. A
Comprehensive Guide to Trading Methods and Applications. New York Institute
of Finance. Januar, 1999.
Matsura, E. Comprar ou Vender? Como Investir na Bolsa Utilizando Análise Gráfica,6a. ed., Saraiva, 1997.
ANBIMA. Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais.Disponível em http://www.anbima.com.br ADVFN – Aplicativos e gráficos. Disponível em http://www.advfn.com BENOIT,M. HUDSON, R.L. Mercados financeiros fora de controle. a teoria dos fractais explicando o comportamento dos mercados. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. BERNSTEIN, P. L.; DAMODARAN, A.. Administração de investimentos. Porto Alegre:Bookman, 2000. BODIE, Z., KANE, A., MARCUS, A.J. Fundamentos de Investimentos. Porto Alegre:Bookman, 2002. BOVESPA Bolsa de Valores de São Paulo Disponível em http://www.bovespa.com.br BOTELHO, F. A. Análise técnica e estratégia operacional. São Paulo: Enfoque Gráfico,2004. BROCK, W.; LAKONISHOCK, J.; LE BARON, B. Simple technical trading rules and the stochastic properties of stock returns. The Journal of Finance, v. XLVII, n. 5, p.1731-1764, dez. 1992. NORONHA, M. Análise Técnica Teorias Ferramentas Estratégias. Editec. São Paulo. 1995. BRUNI, A. FAMÁ, R. Eficiência, previsibilidade dos retornos dos preços e anomalias em mercados de capitais: teoria e evidencias.São Paulo. USP. Caderno de pesquisas em administração, v. 1, n- 7, 2- Trim./98. CAMARGOS, M.A. BARBOSA F.V.Teoria e evidencia da eficiência informacional do mercado de capitais brasileiro.São Paulo.USP.Caderno de pesquisas em administração, v.10, n- 1, jan/mar 2003.
65
ÍNDICE
Página
FOLHA DE ROSTO ii
AGRADECIMENTO iii
DEDICATÓRIA iv
EPÍGRAFE v
RESUMO vi
METODOLOGIA vii
LISTA DE FIGURAS viii
SUMÁRIO x
I.INTRODUÇÃO 1
1.1 - A História da Análise Técnica 4
1.2 - Conhecendo os Gráficos de Candlestick 65
1.4 - Interpretando as Figuras Formadas pelos Gráficos 11
1.3.1 - Padrões de Alta 11
1.3.1.1 - Martelo / Hammer – Takuri 11
1.3.1.2 - Martelo Invertido / Inverted Hammer 12
1.3.1.3 - Engolfo de Alta / Bullish Engulfing 12
1.3.1.4 - Harami de Fundo / Bullish Harami 13
1.3.1.5 - Linha de Perfuração / Piercing Line Patern 14
1.3.2 - Padrões de Baixa 14
1.3.2.1 - Estrela Cadente / Shooting Star 14
1.3.2.2 - Enforcado / Hanging Man 15
1.3.2.3 - Engolfo de Baixa / Bearish Engulfing 15
1.3.2.4 - Harami de Topo / Bearish Harami 16
1.3.2.5 - Nuvem Negra / Dark Cloud Cover 16
1.3.3 - Padrões Ambivalentes 16
1.3.3.1 - Marobozu 17
1.3.3.2 - Doji 17
1.3.4 - Padrões de Continuação 17
1.3.4.1 - Gap de Alta Tasuki / Bullish Upside Tasuki Gap 18
1.3.4.2 - Gap de Baixa Tasuki / Bearish Downside Tasuki Gap 18
1.3.4.3 - Linhas Brancas Side-by-Side / Bullish Side-by-Side White 165
66
Lines
1.3.4.4 - Linhas Brancas Side-by-Side de Baixa / Bearish Side-by-Side White Lines
166
1.3.4.5 - Linha Separatória de Baixa / Bearish Separating Lines 20
1.3.4.6 - Linha Separatória de Alta / Bullish Separating Lines 20
1.3.4.7 - Pescoço de Baixa / Bearish On-Neck 21
1.3.4.8 - Strike de Baixa / Bearish Three-Lines Strike 21
1.3.4.9 - Strike de Alta / Bullish Three-Lines Strike 22
1.4 - Analisando Tecnicamente 23
1.4.1 - O Cerne da Análise Técnica 23
1.4.2 - Retas e Canais de tendência 24
1.4.3 - A Teoria de Dow 26
1.4.4 - A Teoria das Ondas de Elliot 26
1.5 - Demonstrações Práticas das Oscilações de Preços 30
1.5.1 - Uma informação antecipada que desperta atenção. 32
1.6 - Indicadores 34
1.6.1 - Médias Móveis 34
1.6.1.1 - Média Móvel Aritimética 34
1.6.1.2 - Média Móvel Exponencial 35
1.6.1.3 - Cruzamento de Médias 35
1.6.1.4 - Identificar e Confirmar uma Tendência 36
1.6.1.5 - Médias móveis como indicativo de suporte e resistência 37
1.6.2 - IFR - Índice de Força Relativa 366
1.6.3 - As Bandas de Bollinger 41
1.6.3.1 - Aplicações Clássicas das Bandas de Bollinger 42
1.6.3.1.1 - Estreitamento das Bandas 42
1.6.3.1.2 - Fechamento Fora das Bandas 43
1.6.4 - Combinando Indicadores 44
II. CONCLUSÃO 47
III. ANEXOS 52
IV. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 60
ÍNDICE 61